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Esse material foi desenvolvido com o intuito de auxiliar o estudo da matéria criminalística para o
concurso de Delegado de Polícia do RN.
O edital, basicamente repete um capítulo do Livro Medicina Legal e Noções de Criminalística, Neusa
Bittar, Editora Juspdivm. No entanto, a intenção foi deixar o material mais enxuto, sendo utilizado de
forma complementar diversas doutrinas (Hygino de C. Hércules, Genival Veloso de França, Roberto
Blanco, Wilson Palermo, Neusa Bittar, Malthus, etc.) e cursos (Roberto Blanco, André Uchoa, Luciana
Gazzola, Renato Brasileiro, etc.).
Esse material passará a integrar o e-book MEDICINA LEGAL EDITAL SISTEMATIZADO DELEGADO DE
POLÍCIA, em sua próxima edição.
Gostou? Criticas? Sugestões? Quer adquirir o e-book? Me chame no Instagram: @frediimelo.
Por fim, estude para ser o primeiro colocado, acredite em você. Crenças limitam o potencial.
Seja disciplinado.
A disciplina é o medidor do seu comprometimento com os seus projetos.
Se você anda indisciplinado, é porque não tem dado importância suficiente para o que você quer.
Bons estudos e boa prova.
Frederico Alves Melo
Perito Papiloscopista da PCERJ
Aprovado para Delegado de Polícia Federal (Fase objetiva, subjetiva e oral) e Delegado do Estado de
São Paulo.

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Sumário
CRIMINALÍSTICA ............................................................................................................................................ 4
HISTÓRICO ......................................................................................................................................................... 4
DEFINIÇÕES E OBJETIVOS .......................................................................................................................... 4
ÁREAS DE ATUAÇÃO DA CRIMINALÍSTICA ................................................................................... 4
PROVA................................................................................................................................................................... 4
CADEIA DE CUSTÓDIA DA PROVA ....................................................................................................... 7
TIPOS DE PROVA: PROVA PERICIAL ................................................................................................. 14
TIPOS DE PROVA: PROVA CONFESSIONAL ..................................................................................... 14
TIPOS DE PROVA: PROVA TESTEMUNHAL ..................................................................................... 14
TIPOS DE PROVA: PROVA DOCUMENTAL ...................................................................................... 14
PERÍCIA ................................................................................................................................................................ 14
CORPO DE DELITO ........................................................................................................................................ 17
MODALIDADES DE PERÍCIAS CRIMINAIS ........................................................................................ 21
LOCAIS DE CRIME: DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO ................................................................... 23
PRESERVAÇÃO DE LOCAIS DE CRIME ............................................................................................... 23
VESTÍGIOS E INDÍCIOS ENCONTRADOS NOS LOCAIS DE CRIME ...................................... 23

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CRIMINALÍSTICA

HISTÓRICO
Hans Gross, juiz criminal e professor de Direito Penal foi o primeiro a utilizar a expressão no ano de
1893.

DEFINIÇÕES E OBJETIVOS
A criminalística que é uma disciplina autônoma, possui:
 Leis;
 Métodos;
 Princípios próprios;

A criminalística tem por objetivo:


 Entender os indícios materiais extrínsecos do delito, ou;
 Identificar o criminoso.

 Diferente da Medicina Legal, que estuda os vestígios intrínsecos do crime.

ÁREAS DE ATUAÇÃO DA CRIMINALÍSTICA


Além de estar interligada a outras ciências, como química, física, biologia, toxicologia, etc.

 Por isso os peritos criminais possuem formações específicas.

PROVA
Prova é todo meio de se demonstrar evidenciar uma verdade.

 No processo penal está ligada ao princípio da verdade real dos fatos ocorridos.
Em regra, são produzidas na fase judicial, excepcionalmente, existe a possibilidade de
produção de provas na fase investigatória: provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.
Na produção de provas, é obrigatória a observância da ampla defesa e do contraditório, ainda
que diferido.
O destinatário da prova é o juiz, pois visa formar o seu convencimento.

FONTE DE PROVA
Refere-se às pessoas ou coisas das quais se consegue a prova. Em outras palavras, cometido o fato
delituoso, tudo aquilo que possa servir para esclarecê-lo pode ser conceituado como fonte de
prova. Deriva do fato delituoso e sua existência independe do processo. A introdução no processo
se dá através dos meios de prova.

MEIO DE PROVA
São instrumentos através dos quais as fontes de prova são introduzidas no processo
(endoprocessuais).
Também chamado de meio de prova de 1º grau, na medida que se destinam a produção da prova
de maneira imediata e em sentido estrito.

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Enquanto a fonte de prova ocorre antes do processo, o meio de prova é uma atividade
endoprocessual. É por isso que deve ser observado o contraditório quanto aos meios de prova.
Por conta do princípio da liberdade probatória, é possível a utilização de quaisquer meios de prova,
estejam eles previstos ou não na legislação, ressalvada a vedação da utilização das provas ilícitas.

MEIO DE OBTENÇÃO DE PROVA


São procedimentos investigatórios extraprocessuais, que tem por objetivo a identificação da
fonte de prova.
Os meios de obtenção da prova referem-se a certos procedimentos, em regra extraprocessuais,
cujo objetivo é a identificação de fontes de prova, geralmente realizados por outros funcionários
que não o juiz. Não é obrigatória a observância do contraditório, tendo como elemento
fundamental a surpresa.
São procedimentos geralmente realizados fora do processo, que visam a identificar fontes de
prova.

 Também é chamado de meio de prova de 2º grau.

OBJETO DA PROVA
É a veracidade ou não acerca dos fatos que interessam a solução do processo.
Havendo revelia no processo penal, os fatos não se presumem verdadeiros, devendo a acusação
provar a autoria.

PROVA TÍPICA E PROVA ATÍPICA


PROVA TÍPICA
Aquela cujo procedimento probatório está previsto em lei.

PROVA ATÍPICA
Aquela que o procedimento não está previsto em lei.

PROVA NOMINADA E PROVA INOMINADA


PROVA NOMINADA
Aquela prova que é prevista em lei (com ou sem procedimento probatório).
Ex.: Reprodução simulada dos fatos é uma prova nominada e atípica, pois embora tenha
previsão no CPP, não existe previsão de seu procedimento de produção..

PROVA INOMINADA
É a prova que não possui previsão em Lei.
Como visto, em processo penal vigora o princípio da busca da verdade pelo juiz, em virtude do
qual, ainda que não haja previsão legal, a prova inominada pode ser utilizada, desde que não seja
ilícita ou imoral.

PROVA ANÔMOLA
É a utilizada para fins diversos daqueles que lhe são próprios, com características de outra prova
típica, ou seja, existe meio de prova legalmente previsto, porém ele é deixado de lado, valendo-se
a parte de outro.

PROVA IRRITUAL
É a prova típica colhida sem a observância do procedimento probatório previsto em lei.

 Se trata de prova ilegítima, sujeita a declaração de nulidade.

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PROVA DIRETA E INDIRETA
PROVA DIRETA
Segundo Neusa Bittar, ocorre quando recai diretamente sobre o fato, que permite uma conclusão
direta e objetiva.

PROVA INDIRETA
Segundo Neusa Bittar, ocorre quando se afirma um outro fato para que, por raciocínio indutivo se
chegue a uma conclusão
A prova indireta envolve indícios e presunções.

PRESUNÇÕES
Segundo Neusa Bittar, é a convicção na consciência sobre a existência real de um fato ou
circunstancias desconhecidas, que por sua natureza permitem relação com um fato conhecido.

 Este fato conhecido e provado é chamado de indício.

INDÍCIOS
Indícios são circunstâncias conhecidas, as quais estão provadas, mas a partir delas deduzir-se-á
outras. A partir dessa circunstâncias é possível chegar à conclusão sobre fato determinado.
Segundo Neusa Bittar, a relação entre o indício (fato conhecido) e a presunção (fato
desconhecido), pode ser:
 CAUSAL
Quando o fato desconhecido é a causa do fato conhecido (“onde há fumaça há fogo” –
efeito e causa).

 DE IDENTIDADE
Quando o fato conhecido é atributo próprio do desconhecido, permitindo a identificação.
Ex.: Raiamento no projétil oriundos dos cheios do cano da arma de fogo.

 Segundo Neusa Bittar, as relações de causa e efeito ou de identidade forem necessárias


e constantes, o indício dá origem a uma prova certa ou prova indiciária. Mas se essa
relação for relativa, há apenas uma probabilidade, que ainda sim, pode auxiliar na
formação da convicção.
 Toda presunção se origina a partir de um indício ou circunstância.
 Indício não se confunde com vestígio, sendo este qualquer elemento detectado no local
de crime. Aquele, é resultado do vestígio analisado, que se verifica associado com o fato
criminoso.

INDÍCIOS E PROCESSO PENAL


Indícios pode possuir dois significados:

PROVA INDIRETA
Segundo o Art. 239, CPP, considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo
relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras
circunstâncias. Pode ser valorada com as demais provas para formar a convicção do julgador.

PROVA SEMIPLENA
É a prova de menor valor persuasivo. É uma prova que não consegue formar um juízo de certeza,
mas que consegue formar um juízo de probabilidade.
Ex.: Autoriza o oferecimento da denúncia, medidas cautelares, etc.

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INDÍCIO POSITIVO E NEGATIVO
 POSITIVO
Indicam presença do fato ou elemento que se pretenda provar.

 NEGATIVO OU CONTRA INDÍCIO


Contra indícios são as circunstâncias indiretas que, uma vez provadas, invalidam os indícios.

 É possível o uso de indícios para condenação?


O indício quando tem valor de prova indireta, é equivalente a qualquer outro meio de prova,
pois a certeza pode deles provir.

CADEIA DE CUSTÓDIA DA PROVA


Essa sistemática é nova no Código de Processo Penal, inserido pela Lei 13.964/19 (“pacote anticrime”),
tratando da documentação de uma evidência.
A preocupação com o legislador foi tecer todo um procedimento para garantir a integridade da prova,
para que essa prova, quando submetida ao contraditório, chegue absolutamente integra.
 A cadeia de custódia da prova pode responder a um binômio, que é a autenticidade e integridade.

Ex.: Ao se fazer um exame de sangue, existe todo um procedimento a ser seguido pelo atendente,
como lavar as mãos, usar luva, mostrar a seringa, agulha e que estão lacradas, mostra a etiqueta
com seus dados e faz a coleta do sangue. Todo esse procedimento visa dar segurança.
Por isso, deve haver a documentação da evidência, com fim de dar segurança.

CONCEITO DE CADEIA DE CUSTÓDIA


É o conjunto de todos os procedimentos utilizados para manter e documentar a história cronológica
do vestígio, coletado em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir
de seu reconhecimento até o descarte.

Art. 158-A. Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os procedimentos utilizados para
manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de
crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte.

IMPORTÂNCIA MÉDICO LEGAL DA CADEIA DE CUSTÓDIA


Segundo o Professor Wilson Palermo, reside na preservação dos vestígios que futuramente poderão
se transformar em verdadeiras provas no curso do processo penal, garantindo-se assim a idoneidade
e integridade.

INÍCIO DA CADEIA DE CUSTÓDIA


O início da cadeia de custódia se dá
 Com a preservação do local de crime, ou
 Com procedimentos policiais, ou
 Com procedimentos periciais
 Nos quais seja detectada a existência de vestígio.

 Note que o inicio da cadeia de custódia pode ser dar por qualquer agente público envolvido nas
diligências.
 Segundo o Professor Wilson Palermo, não necessariamente um objeto reconhecido como
vestígio estará na cena do delito, e por esse motivo, abriu-se a possibilidade de se iniciar uma

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cadeia de custódia com procedimentos policiais ou periciais nos quais seja detectada a existência
de vestígio.

§ 1º O início da cadeia de custódia dá-se com a preservação do local de crime ou com


procedimentos policiais ou periciais nos quais seja detectada a existência de vestígio.

CONCEITO DE VESTÍGIO
Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado ou recolhido, relacionado com
a infração penal.
 São matéria-prima na produção da prova pericial.

 Vestígio visível:
 É aquele detectável a olho nu.

 Vestígio latente
 É aquele que precisa ser revelado por técnicas especiais para que possa ser coletado.
§ 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado ou recolhido,
que se relaciona à infração penal.
 Segundo o Professor Wilson Palermo, a existência de um vestígio pressupõe a existência de:
 Um agente provocador, que causou ou contribui para causar; e
 Um suporte adequado, que é o local em que o vestígio se materializa.

VESTÍGIO E INDÍCIO
Segundo o Professor Wilson Palermo, vestígio, não se confunde com indício.
 Vestígio é a matéria, indicio é a circunstância, conforme o art. 239 do Código de Processo Penal.
Art. 239. Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação
com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras
circunstâncias.

PRESERVAÇÃO DE EVENTUAL VESTÍGIO NA CADEIA DE CUSTÓDIA


A responsabilidade pela preservação do eventual vestígio é do agente público que:
 Reconhecer um elemento como de potencial interesse para a produção da prova pericial.
 Ficando este responsável por sua preservação.
§ 2º O agente público que reconhecer um elemento como de potencial interesse para a
produção da prova pericial fica responsável por sua preservação.

FASES DA CADEIA DE CUSTÓDIA


Segundo o Professor Wilson Palermo, no que diz respeito as fases da cadeia de custódia, ela pode ser
externa ou interna.
 FASE EXTERNA
É a fase que abrange o local de crime e eventual áreas relacionadas.

 FASE INTERNA
Diz respeito ao tratamento do vestígio e sua perícia, englobando o armazenamento ou descarte
do material.

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ETAPAS DO RASTREAMENTO DO VESTÍGIO NA CADEIA DE CUSTÓDIA
Segundo o Art. 158-B. do Código de Processo Penal, a cadeia de custódia compreende o rastreamento
do vestígio nas seguintes etapas cronológicas:

1) RECONHECIMENTO 2) ISOLAMENTO 3) FIXAÇÃO 4) COLETA


FIXAÇÃOHECIMENT
5) ACONDICIONAMENTO 6) TRANSPORTE 7) RECEBIMENTO 8) PROCESSAMENTO
O
FIXAÇÃOHECIMENT
9) ARMAZENAMENTO 10) DESCARTE O

 RECONHECIMENTO:
 É o ato de distinguir um elemento como de potencial interesse para a produção da prova
pericial;
 Ou seja, verifica-se que algo interessa para produção da prova pericial.

 ISOLAMENTO:
 É o ato de evitar que se altere o estado das coisas, devendo isolar e preservar o ambiente
imediato, mediato e relacionado aos vestígios e local de crime;
 AMBIENTE IMEDIATO:
É a área abrangida pelo corpo de delito e seu entorno. É o local que se encontra a
maioria dos vestígios materiais.
Ex.: quarto da casa em que ocorreu o homicídio.

 AMBIENTE MEDIATO:
É adjacente ao local imediato. Há um vínculo físico/geográfico com o local do delito.
Ex.: Criminoso deixou uma blusa no quintal da casa.

 AMBIENTE RELACIONADO:
Não tem conexão física/geográfica com a cena do crime, mas guarda relação com a
prática delituosa.
Ex.: Arma do homicídio que pode estar na casa do criminoso.

 Segundo o Professor Wilson Palermo, embora a lei tenha previsto sequencialidade, deve-se
se ater a critérios lógicos, entendendo que é possível que as etapas de reconhecimento e
isolamento possam ocorrer de maneira cíclica, ou seja,, podem ser invertidas.

 FIXAÇÃO:
 É a descrição detalhada do vestígio conforme se encontra no local de crime ou no corpo de
delito, e a sua posição na área de exames, podendo ser ilustrada por fotografias, filmagens
ou croqui, sendo indispensável a sua descrição no laudo pericial produzido pelo perito
responsável (um) pelo atendimento.

 COLETA:
 É o ato de recolher o vestígio que será submetido à análise pericial, respeitando suas
características e natureza.
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 ACONDICIONAMENTO:
 É o procedimento por meio do qual cada vestígio coletado é embalado de forma
individualizada, de acordo com suas características físicas, químicas e biológicas, para
posterior análise, com anotação da data, hora e nome de quem realizou a coleta e o
acondicionamento.

 TRANSPORTE:
 É o ato de transferir o vestígio de um local para o outro, utilizando as condições adequadas
(embalagens, veículos, temperatura, entre outras), de modo a garantir a manutenção de suas
características originais, bem como o controle de sua posse.

 RECEBIMENTO:
 É o ato formal de transferência da posse do vestígio, que deve ser documentado com, no
mínimo, informações referentes ao número de procedimento e unidade de polícia judiciária
relacionada, local de origem, nome de quem transportou o vestígio, código de
rastreamento, natureza do exame, tipo do vestígio, protocolo, assinatura e identificação de
quem o recebeu.
 Segundo o Professor Wilson Palermo, este ato de transferência da posse do vestígio
pode não estar presente em todas as situações, já que o próprio perito que coletou,
pode efetuar o transporte e submete-lo ao exame pertinente.

 PROCESSAMENTO:
 É o EXAME PERICIAL EM SI, ou seja, a manipulação do vestígio de acordo com a metodologia
adequada às suas características biológicas, físicas e químicas, a fim de se obter o resultado
desejado, que deverá ser formalizado em LAUDO produzido por perito.

 ARMAZENAMENTO:
 É o procedimento referente à guarda, em condições adequadas, do material a ser
processado, guardado para realização de contraperícia, descartado ou transportado, com
vinculação ao número do laudo correspondente;

 Contraperícia é uma nova perícia realizada em material depositado em local segura e isento,
que já teve a parte anteriormente analisada, originando prova que está sendo contestada
(SENASP, Anexo II da Portaria 82/2014).
 Contraprova é o resultado da Contraperícia.

 DESCARTE:
 É o procedimento referente à liberação do vestígio, respeitando a legislação vigente e,
quando pertinente, mediante autorização judicial.

 Segundo o Professor Wilson Palermo, embora a lei tenha previsto sequencialidade, deve-se
se ater a critérios lógicos, entende que é possível pequenas inversões, desde que não
comprometa a integridade, nem se percam a história do vestígio, atendendo assim o
princípio da eficiência.

CADEIA DE CUSTÓDIA E CORPO DE DELITO


Segundo o Professor Wilson Palermo, cadeia de custódia e corpo de delito não se confundem, pois:
 A cadeia de custódia representa todos os procedimentos que são utilizados para manter,
preservar, rastrear a posse e manuseio dos vestígios desde o seu reconhecimento até o descarte.
 A corpo de delito é a base residual do crime, sem o que ele não existe (Genival França).

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 Vale lembrar que se a infração penal deixar vestígio, é indispensável o corpo de delito,
conforme o Art. 158 do Código de Processo Penal.

CONSEQUÊNCIAS DA QUEBRA DA CADEIA DE CUSTÓDIA


A doutrina, assim como o STJ, oscila entre a ilicitude e nulidade, não havendo, hoje, um
posicionamento majoritário. Veja:

STJ - HC 160.662: ILICITUDE DA PROVA


Caso Concreto: Parte do conteúdo da interceptação telefônica desapareceu. O fato de
desaparecer gera dúvida a autenticidade. Diante da dúvida, o STJ reconheceu a ilicitude da prova.

STJ – RESP 1.795.341: NULIDADE DA PROVA


STJ reconheceu nulidade da prova. Em sendo nulidade, é necessário que se comprove o prejuízo,
sob pena dessa nulidade não ser reconhecida.
“Esta Corte Superior possui entendimento de que a prova produzida durante a interceptação não
pode servir apenas aos interesses do órgão acusador, sendo imprescindível a preservação da sua
integralidade, sem a qual se mostra inviabilizado o exercício da ampla defesa, tendo em vista a
impossibilidade da efetiva refutação da tese acusatória.”

 Segundo o Professor Wilson Palermo, a cadeia de custódia é um verdadeiro meio de obtenção de


provas, já que viabiliza eventuais exames nos vestígios que, por si só, já constitui corpo de delito.
Assim, entende que eventual violação a cadeia de custódia será uma violação de natureza
processual, portanto, será tratada como prova ilegítima, merecendo tutela da teoria das
nulidades, na forma do Art. 564, IV do Código de Processo Penal. Diz ainda que se trata de
nulidade é relativa (deve demonstrar prejuízo e alegada em momento oportuno, sob pena de
preclusão) e que pode ser sanada, conforme Art. 572 do Código de Processo Penal.
Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:
IV - por omissão de formalidade que constitua elemento essencial do ato.
Art. 572. As nulidades previstas no art. 564, Ill, d e e, segunda parte, g e h, e IV,
considerar-se-ão sanadas:
I - se não forem argüidas, em tempo oportuno, de acordo com o disposto no artigo
anterior;
II - se, praticado por outra forma, o ato tiver atingido o seu fim;
III - se a parte, ainda que tacitamente, tiver aceito os seus efeitos.

COLETA DOS VESTÍGIOS


Segundo o Art. 158-C, a coleta dos vestígios deverá ser realizada PREFERENCIALMENTE por perito
oficial (um perito), que dará o encaminhamento necessário para a central de custódia, mesmo
quando for necessária a realização de exames complementares.
 Segundo o Professor Wilson Palermo, a coleta deve ser feita necessariamente por perito oficial
ou por peritos ad hoc.
Admite uma única exceção, que seria aquela justificada por questões de segurança, determinadas
no próprio local, diante de eventual comprometimento da integridade física dos componentes da
equipe que participa das diligências, devendo ter autorização do Delegado de Polícia e liberação
do perito, com a sua supervisão, para ter ciência da forma como o material foi coletado.

EXAMES PERICIAS NO LOCAL DE CRIME


Segundo o Professor Wilson Palermo, o perito criminal irá eleger o melhor método para busca de
vestígios. Cita que os métodos existentes podem ser:
 EM LINHA;
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 EM LINHA CRUZADA;
 EM QUADRANTE; ou
 EM ESPIRAL.

DETALHAMENTO DO CUMPRIMENTO DO TRATAMENTO DOS VESTÍGIOS


O ÓRGÃO CENTRAL DE PERÍCIA OFICIAL DE NATUREZA CRIMINAL:
 É responsável por detalhar a forma do cumprimento do tratamento dos vestígios coletados no
curso do inquérito ou processo.

 A disciplina da cadeia de custódia deve ser observada tanto na fase pré-processual, como na fase
processual penal.

Art. 158-C, § 1º Todos vestígios coletados no decurso do inquérito ou processo devem ser
tratados como descrito nesta Lei, ficando órgão central de perícia oficial de natureza
criminal responsável por detalhar a forma do seu cumprimento.

ENTRADA EM LOCAIS ISOLADOS OU REMOÇÃO DE VESTÍGIOS ANTES DE LIBERADOS PELO PERITO


RESPONSÁVEL
 É PROIBIDA a entrada em locais isolados
 É PROIBIDA a remoção de qualquer vestígio do local de crime
 Salvo, se o local for liberado pelo perito responsável
 Sob pena de responder pelo crime de FRAUDE PROCESSUAL.

 Deve o Delegado de Polícia analisar o dolo do agente que promove a retirada de vestígios do local
do crime, pois pode haver remoção justamente para uma preservação do vestígio.
§ 2º É proibida a entrada em locais isolados bem como a remoção de quaisquer vestígios
de locais de crime antes da liberação por parte do perito responsável, sendo tipificada
como fraude processual a sua realização.
FRAUDE PROCESSUAL
Art. 347 CP - Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o
estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito:
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir efeito em processo penal, ainda que
não iniciado, as penas aplicam-se em dobro.

ACONDICIONAMENTO DE VESTÍGIOS
Os recipientes deverão ser selados com lacres, com numeração individualizada, de forma a garantir a
inviolabilidade e a idoneidade do vestígio durante o transporte.

O recipiente ainda deverá


 Individualizar o vestígio,
 Preservar suas características,
 Impedir contaminação e vazamento,
 Ter grau de resistência adequado e
 Espaço para registro de informações sobre seu conteúdo.

O recipiente só poderá ser aberto,


 Pelo PERITO QUE VAI PROCEDER À ANÁLISE e,
 Motivadamente, POR PESSOA AUTORIZADA.
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Art. 158-D. O recipiente para acondicionamento do vestígio será determinado pela natureza
do material.
§ 1º Todos os recipientes deverão ser selados com lacres, com numeração individualizada, de
forma a garantir a inviolabilidade e a idoneidade do vestígio durante o transporte.
§ 2º O recipiente deverá individualizar o vestígio, preservar suas características, impedir
contaminação e vazamento, ter grau de resistência adequado e espaço para registro de
informações sobre seu conteúdo.
§ 3º O recipiente só poderá ser aberto pelo perito que vai proceder à análise e,
motivadamente, por pessoa autorizada.

ROMPIMENTO DO LACRE DO RECIPIENTE QUE CONTÉM OS VESTÍGIOS


Cada vez que houver rompimento do lacre
 Deve se fazer constar na ficha de acompanhamento de vestígio
 O nome e a matrícula do responsável,
 A data,
 O local,
 A finalidade,
 bem como as informações referentes ao novo lacre utilizado.
§ 4º Após cada rompimento de lacre, deve se fazer constar na ficha de acompanhamento
de vestígio o nome e a matrícula do responsável, a data, o local, a finalidade, bem como
as informações referentes ao novo lacre utilizado.

 SE HOUVER ROMPIMENTO DO LACRE ESTE DEVERÁ ESTAR PRESENTE NO NOVO RECIPIENTE.


§ 5º O lacre rompido deverá ser acondicionado no interior do novo recipiente.

CENTRAL DE CUSTÓDIA
Todos os Institutos de Criminalística
 Deverão ter uma central de custódia
 Destinada à guarda e controle dos vestígios.
Art. 158-E. Todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma central de custódia
destinada à guarda e controle dos vestígios, e sua gestão deve ser vinculada diretamente
ao órgão central de perícia oficial de natureza criminal.
§ 1º Toda central de custódia deve possuir os serviços de protocolo, com local para
conferência, recepção, devolução de materiais e documentos, possibilitando a seleção, a
classificação e a distribuição de materiais, devendo ser um espaço seguro e apresentar
condições ambientais que não interfiram nas características do vestígio.
§ 2º Na central de custódia, a entrada e a saída de vestígio deverão ser protocoladas,
consignando-se informações sobre a ocorrência no inquérito que a eles se relacionam.
§ 3º Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio armazenado deverão ser
identificadas e deverão ser registradas a data e a hora do acesso.
§ 4º Por ocasião da tramitação do vestígio armazenado, todas as ações deverão ser
registradas, consignando-se a identificação do responsável pela tramitação, a destinação,
a data e horário da ação.

MATERIAL PERICIADO SERÁ ENCAMINHADO PARA CENTRAL DE CUSTÓDIA APÓS A REALIZAÇÃO DA


PERÍCIA
No período entre a realização da perícia e o armazenamento:
 O material é devolvido à CENTRAL DE CUSTÓDIA.

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 Se a central de custódia não possuir espaço ou condições de armazenar determinado material,
 Deverá a autoridade policial ou judiciária determinar as condições de depósito do
referido material em local diverso,
 Mediante requerimento do diretor do órgão central de perícia oficial de natureza
criminal.
Art. 158-F. Após a realização da perícia, o material deverá ser devolvido à central de
custódia, devendo nela permanecer.
Parágrafo único. Caso a central de custódia não possua espaço ou condições de
armazenar determinado material, deverá a autoridade policial ou judiciária determinar as
condições de depósito do referido material em local diverso, mediante requerimento do
diretor do órgão central de perícia oficial de natureza criminal.

TIPOS DE PROVA: PROVA PERICIAL


 Sobre a prova pericial, sugere-se a leitura do Art. 158 a 184 CPP.

TIPOS DE PROVA: PROVA CONFESSIONAL


 Sobre a prova confessional, sugere-se a leitura do Art. 197 a 200 CPP.

TIPOS DE PROVA: PROVA TESTEMUNHAL


 Sobre a prova testemunhal, sugere-se a leitura do Art. 202 a 225 CPP.

TIPOS DE PROVA: PROVA DOCUMENTAL


 Sobre a prova documental, sugere-se a leitura do Art. 231 a 238 CPP.

PERÍCIA
A perícia médico legal é definida como sendo “um conjunto de procedimentos médicos e técnicos
que tem como finalidade o esclarecimento de um fato de interesse da justiça”.
A perícia é o exame dos elementos materiais de interesse de um processo, e é realizado por perito,
possuindo uma face objetiva e outra subjetiva, veja:
 FACE OBJETIVA
Trata-se de alterações visíveis verificadas pelo perito objetivamente.
 É encontrado no laudo pericial na parte chamada de descrição.

 FACE SUBJETIVA
Nesta face, faz a análise da parte objetiva.
 É encontrado no laudo pericial na parte chamada de discussão.

Segundo o Art. 6º do Código de Processo Penal, ao ocorrer um delito, deve a autoridade policial
comparecer ao local, e preservar o mesmo até a chegada dos peritos criminais.
Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial
deverá:
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das
coisas, até a chegada dos peritos criminais;
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O local em que será realizada a perícia poder ser classificado como:
 LOCAL IDÔNEO
É o local que se encontra preservado.

 LOCAL INIDÔNEO
É o local que não se encontra preservado.

 Embora o artigo 6º do Código de Processo Penal trate apenas das perícias em local de
crime, elas podem ocorrer em qualquer coisa que esteja relacionado ao delito, como em
seres humanos, cadáveres, coisas, animais, etc.

PERÍCIA

A perícia é uma diligência com a finalidade de estabelecer a veracidade ou falsidade de situações, fatos
ou acontecimentos, por meio de prova, análise de toda a matéria colhida como vestígio de uma
infração, ou seja, exame de corpo de delito.
Assim, a perícia tem como finalidade provar atos de interesse da justiça.
Quando os fatos alegados em um processo deixam vestígios materiais e esses se perdem no mesmo
instante em que ocorre, ou logo após, sua comprovação em juízo só pode ser feita pela prova
testemunhal. E o relato dessas testemunhas pode, por diversas razões, não corresponder fielmente à
realidade.
No entanto, se resultam vestígios duradouros, com a possibilidade de serem detectados, o seu exame
e registro devem ser feitos obrigatoriamente. O exame desses elementos materiais, quando feito por
técnico, é chamado de perícia.
Para o processo penal, a perícia é um meio de prova, pois é a forma que as fontes de prova são
introduzidas no Processo Penal.
Conforme art. 159 do Código de Processo Penal, as pericias serão realizadas por PERITO OFICIAL.
Perito oficial é o perito concursado, que no ato de sua posse, presta compromisso de realizar o mister
com ética e relatar com veracidade o que aprecia, não sendo necessário prestar este compromisso a
cada perícia. Vale ressaltar que, sendo perito oficial, a regra é que a perícia seja realizada por apenas
um perito.
Excepcionalmente, caso não tenha perito oficial na localidade, permite-se a realização da perícia por
duas pessoas idôneas, chamados de peritos não oficiais, devendo estas serem portadoras de diploma
em curso superior, não necessariamente na área de especialidade da perícia (preferencialmente) e
devem prestar compromisso.
 Portanto, sendo perito oficial, basta 01 (um) perito para realização da perícia.
 Caso não tenha perito oficial na localidade, a perícia pode ser realizada por 02 (duas) pessoas
idôneas portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica.
 O perito não oficial é conhecido como perito ad hoc ou gracioso.

Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial,
portador de diploma de curso superior.
§ 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas,
portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as
que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame.
15
§ 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente desempenhar
o encargo.

REQUISIÇÃO DA PERÍCIA
A requisição da perícia pode ocorrer em dois momentos: fase pré processual e fase processual.
 FASE DE INQUÉRITO
 AUTORIDADE POLICIAL
Salvo no tocando ao exame de constatação de sanidade mental do indiciado, pois
mesmo em sede de fase pré processual, caberá apenas a aturidade judiciária
determinar.

 FASE PROCESSUAL
 AUTORIDADE JUDICIÁRIA
Não cabendo as partes intervirem na nomeação do perito.

Art. 276. As partes não intervirão na nomeação do perito.

O PERITO NOMEADO PELA AUTORIDADE SERÁ OBRIGADO A ACEITAR O ENCARGO


Segundo o Art. 277 do Código de Processo Penal, o perito nomeado pela autoridade será obrigado a
aceitar o encargo, sob pena de multa, salvo se apresentar justo motivo para a escusa.
Art. 277. O perito nomeado pela autoridade será obrigado a aceitar o encargo, sob pena de
multa de cem a quinhentos mil-réis, salvo escusa atendível.
Parágrafo único. Incorrerá na mesma multa o perito que, sem justa causa, provada
imediatamente:
a) deixar de acudir à intimação ou ao chamado da autoridade;
b) não comparecer no dia e local designados para o exame;
c) não der o laudo, ou concorrer para que a perícia não seja feita, nos prazos estabelecidos.

IMPEDIMENTO PARA SER PERITO


Segundo o Art. 279 do Código de Processo Penal, não poderão ser peritos:
 Os que estiverem sujeitos à interdição de direito mencionada nos ns. I e IV do art. 69 do
Código Penal;
 Os que tiverem prestado depoimento no processo ou opinado anteriormente sobre o
objeto da perícia;
 Os analfabetos e os menores de 21 anos.

PERINESCROSCOPIA
É o exame corpo de delito que é feito em volta do cadáver.

LOCAL RELACIONADO
É o local que não tem ligação direta com o local objeto da perícia imediata, mas indiretamente pode
conter, ou ser útil para análise de prova.

VESTÍGIOS: DELICTA FACTIS PERMANENTIS E DELICTA FACTIS TRANSEUNTES


Os VESTÍGIOS podem ter caráter permanente ou passageiro:

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 DELITO NÃO TRANSEUNTE
Ocorre quando a infração penal deixa vestígios.
São vestígios duradouros, chamados de DELICTA FACTIS PERMANENTIS.
Como exemplos de crimes não transeuntes, podem-se citar o homicídio (CP, art. 121), o estupro
(CP, art. 213), as lesões corporais (CP, art. 129).

 DELITO TRASEUNTE
Ocorre quando a infração penal não deixa vestígios.
Chamado de DELICTA FACTIS TRANSEUNTES.
São crimes transeuntes, por exemplo, a calúnia (CP, art. 138), a difamação (CP, art. 139), a injúria
(CP, art. 140), todos estes se praticados por meio verbal.

PERITO
É um auxiliar da justiça, devidamente compromissado, estranho às partes, portador de conhecimento
técnico altamente especializado e sem impedimentos para atuar no processo.

FUNÇÃO DO PERITO
A função do perito limita-se a verificar o fato, indicando a causa que o motivou.
Qualquer que seja a posição em que esteja o perito, oficial ou não, seu compromisso com a verdade
constitui-se em dever ético e obrigação legal.
A declaração falsa ou a ocultação da verdade constitui o delito de falsa perícia, previsto no Art. 342 do
Código Penal:
Art. 342 - Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, PERITO,
contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em
juízo arbitral:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

CORPO DE DELITO
Quando o fato delituoso produz alterações materiais no ambiente, dá-se o nome de corpo de delito
ao conjunto de elementos sensíveis denunciadores do fato criminoso, assim pode-se definir corpo de
delito como sendo:
 Os elementos materiais, perceptíveis pelos nossos sentidos, resultantes da infração penal.
 “corpus criminis”:
É toda coisa ou pessoa sobre o qual incide a conduta delitiva nos crimes contra a pessoa.

 “corpus intrumentorium”:
São meios, instrumentos utilizados pelo agressor para produzir o delito.

Esses elementos sensíveis, objetivos, devem ser alvo de prova, obtida por meios que o direito fornece.
Os peritos dirão da sua natureza e estabelecerão o nexo entre eles e o ato ou omissão do acusado e
assim, tem-se o EXAME DE CORPO DE DELITO.
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 NÃO SE DEVE CONFUNDIR CORPO DE DELITO COM EXAME DE CORPO DE DELITO
O primeiro é o elemento objetivo que o crime deixou, o segundo, é o exame realizado sobre este
elemento.
Ex.:
Suponha que tenha ocorrido um homicídio, e que no local foi encontrado um projetil de arma
de fogo e ainda uma arma de fogo.
Assim neste caso, o CORPO DE DELITO, o projetil de arma de fogo e a arma de fogo coletados
no local do delito, e EXAME DE CORPO DE DELITO, é o trabalho realizado pelo perito para
comparar se o projetil foi disparado por uma determinada arma de fogo.

EXAME DE CORPO DE DELITO DIRETO E INDIRETO


O exame de corpo de delito é aquele que é feito com base no corpo de delito.
 EXAME DE CORPO DE DELITO DIRETO
O corpo de delito é OBJETO da atividade pericial.
Ex.: Perito que tem contato direto com um cadáver em um delito de homicídio.

 EXAME DE CORPO DE DELITO INDIRETO


Há duas correntes:
1ª Corrente
Seria a substituição do exame objetivo pela prova testemunhal, subjetiva. Diz que é chamado
indevidamente de exame corpo de delito indireto, pois não há corpo, embora exista o delito,
porque faltam os sinais, os vestígios, os elementos materiais (art. 158 CPP).
 Segundo o Professor Wilson Palermo, o exame de corpo de delito indireto é equivalente a
prova testemunhal.
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de
delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os
vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
2ª Corrente
Entende que o exame de corpo de delito indireto é aquele em que não é mais possível a perícia
direta no corpo de delito, por este ter desaparecido, porém, o médico legista terá acesso aos
prontuários médicos do paciente, que à sua vista, elaborará o documento médico legal.

OBRIGATORIEDADE AO EXAME DE CORPO DE DELITO


Sempre que o delito deixar vestígios, é obrigatório que se faça o exame de corpo de delito, seja ele
direito ou indireto.
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito,
direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial negará a perícia
requerida pelas partes, quando não for necessária ao esclarecimento da verdade.

ATENÇÃO
 DELITO TRASEUNTE

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Aquele que não deixa vestígios (Ex.: Injúria).

 DELITO NÃO TRASEUNTE


Aquele que deixa vestígios.

EXCEÇÃO A OBRIGATORIEDADE AO EXAME DE CORPO DE DELITO


Lei 9.099/95
Nas infrações penais de menor potencial ofensivo, é dispensado o exame corpo de delito quando a
materialidade do crime estiver aferida por boletim médico ou prova equivalente.
Art. 77, § 1º Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no termo de
ocorrência referido no art. 69 desta Lei, com dispensa do inquérito policial, prescindir-se-á do
exame do corpo de delito quando a materialidade do crime estiver aferida por boletim médico
ou prova equivalente.

PRIORIDADE NA REALIZAÇÃO DO EXAME DE CORPO DE DELITO (Lei nº 13.721, de 2018)


Quando o delito envolver violência doméstica e familiar contra mulher, violência contra criança,
adolescente, idoso ou pessoa com deficiência, deve ser dada prioridade na realização do exame de
corpo de delito.
Art. 158, Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de delito quando
se tratar de crime que envolva:
I - violência doméstica e familiar contra mulher;
II - violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência.

MOMENTO DO EXAME DE CORPO DE DELITO


 REGRA
 A QUALQUER DIA E HORA
Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer hora.

 EXCEÇÃO
 A AUTOPSIA deve ser feita pelo menos SEIS horas após a morte, pois é o tempo que aparecem
os sinais de certeza de morte.
 Salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, tiverem certeza do óbito.

Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os peritos, pela
evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que
declararão no auto.
Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo do cadáver,
quando não houver infração penal que apurar, ou quando as lesões externas permitirem
precisar a causa da morte e não houver necessidade de exame interno para a verificação de
alguma circunstância relevante.

ASSISTENTE TÉCNICO NA PERÍCIA


É possível a indicação de assistente técnico, que só será admitido pelo juiz após a conclusão dos
exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais.
§ 3o Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante
e ao acusado a formulação de quesitos e indicação de assistente técnico.
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§ 4o O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames
e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão.

OITIVA DOS PERITOS E PARECER TÉCNICO


Segundo o § 5o do Art. 159 do Código de Processo Penal, durante o curso do processo judicial, é
permitido às partes, quanto à perícia:
I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responderem a quesitos,
desde que o mandado de intimação e os quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam
encaminhados com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as respostas em
laudo complementar;
II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz
ou ser inquiridos em audiência.
§ 6o Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de base à perícia será
disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na presença
de perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impossível a sua conservação.

PERÍCIA COMPLEXA
Se a perícia for tida como complexa, ou seja, se abranger mais de uma área de conhecimento
especializado, poder-se-á designar a atuação de mais de um perito oficial.
Se houver divergência entre os peritos, e a autoridade nomeará um terceiro; se este divergir de
ambos, a autoridade poderá mandar proceder a novo exame por outros peritos.
§ 7o Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de conhecimento
especializado, poder-se-á designar a atuação de mais de um perito oficial, e a parte indicar mais
de um assistente técnico.
Art. 180. Se houver divergência entre os peritos, serão consignadas no auto do exame as
declarações e respostas de um e de outro, ou cada um redigirá separadamente o seu laudo, e a
autoridade nomeará um terceiro; se este divergir de ambos, a autoridade poderá mandar
proceder a novo exame por outros peritos.

PRAZO DO LAUDO PERICIAL


Será elaborado no prazo máximo de 10 dias, podendo este prazo ser prorrogado, em casos
excepcionais, a requerimento dos peritos.
Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão minuciosamente o que
examinarem, e responderão aos quesitos formulados.
Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 dias, podendo este
prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos.

PROVA TESTEMUNHAL SUPLETIVA


No caso de desaparecimento dos vestígios, é possível a produção de prova testemunhal.
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios,
a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.

PRINCÍPIO DO LIVRE CONVENCIMENTO MOTIVADO DO JUIZ


O juiz não está vinculado ao laudo apresentado pelo perito, e em caso de não o acatar no todo ou
parte, deverá motivar objetivamente.

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Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte.

AUSÊNCIA DO EXAME DE CORPO DE DELITO


A ausência do exame de corpo de delito, pode levar a nulidade do processo:
Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:
III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:
b) o exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvado o disposto no Art. 167;

MODALIDADES DE PERÍCIAS CRIMINAIS


Segundo Neusa Bittar, são as modalidades de perícias criminais:
 CORPO DE DELITO
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito,
direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.

 AUTÓPSIA
Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os peritos, pela
evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que
declararão no auto.
Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo do cadáver,
quando não houver infração penal que apurar, ou quando as lesões externas permitirem
precisar a causa da morte e não houver necessidade de exame interno para a verificação de
alguma circunstância relevante.

 EXUMAÇÃO
Art. 163. Em caso de exumação para exame cadavérico, a autoridade providenciará para que,
em dia e hora previamente marcados, se realize a diligência, da qual se lavrará auto
circunstanciado.
Parágrafo único. O administrador de cemitério público ou particular indicará o lugar da
sepultura, sob pena de desobediência. No caso de recusa ou de falta de quem indique a
sepultura, ou de encontrar-se o cadáver em lugar não destinado a inumações, a autoridade
procederá às pesquisas necessárias, o que tudo constará do auto.

 IDENTIFICAÇÃO DE CADÁVER
Art. 166. Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exumado, proceder-se-á ao
reconhecimento pelo Instituto de Identificação e Estatística ou repartição congênere ou pela
inquirição de testemunhas, lavrando-se auto de reconhecimento e de identidade, no qual se
descreverá o cadáver, com todos os sinais e indicações.
Parágrafo único. Em qualquer caso, serão arrecadados e autenticados todos os objetos
encontrados, que possam ser úteis para a identificação do cadáver.

 LOCAL DE CRIME
Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a autoridade
providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos

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peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou esquemas
elucidativos.
Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das coisas e
discutirão, no relatório, as conseqüências dessas alterações na dinâmica dos fatos.

 LABORATÓRIO
Art. 170. Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material suficiente para a
eventualidade de nova perícia. Sempre que conveniente, os laudos serão ilustrados com provas
fotográficas, ou microfotográficas, desenhos ou esquemas.

 OBJETOS E INSTRUMENTOS
Art. 171. Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de obstáculo a subtração da
coisa, ou por meio de escalada, os peritos, além de descrever os vestígios, indicarão com que
instrumentos, por que meios e em que época presumem ter sido o fato praticado.
Art. 175. Serão sujeitos a exame os instrumentos empregados para a prática da infração, a fim
de se Ihes verificar a natureza e a eficiência.

 AVALIAÇÃO ECONÔMICA DE DANOS


Art. 172. Proceder-se-á, quando necessário, à avaliação de coisas destruídas, deterioradas ou
que constituam produto do crime.
Parágrafo único. Se impossível a avaliação direta, os peritos procederão à avaliação por meio
dos elementos existentes nos autos e dos que resultarem de diligências.

 INCÊNDIOS
Art. 173. No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar em que houver começado,
o perigo que dele tiver resultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a extensão do dano e
o seu valor e as demais circunstâncias que interessarem à elucidação do fato.

 DOCUMENTOS
Art. 174. No exame para o reconhecimento de escritos, por comparação de letra, observar-se-á
o seguinte:
I - a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito será intimada para o ato, se for
encontrada;
II - para a comparação, poderão servir quaisquer documentos que a dita pessoa reconhecer ou
já tiverem sido judicialmente reconhecidos como de seu punho, ou sobre cuja autenticidade não
houver dúvida;
III - a autoridade, quando necessário, requisitará, para o exame, os documentos que existirem
em arquivos ou estabelecimentos públicos, ou nestes realizará a diligência, se daí não puderem
ser retirados;
IV - quando não houver escritos para a comparação ou forem insuficientes os exibidos, a
autoridade mandará que a pessoa escreva o que Ihe for ditado. Se estiver ausente a pessoa, mas
em lugar certo, esta última diligência poderá ser feita por precatória, em que se consignarão as
palavras que a pessoa será intimada a escrever.

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 PERÍCIAS NO NOVO CPC
Faça a leitura dos artigos: 156 a 158, 422, 371 e 464 a 480,

LOCAIS DE CRIME: DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO


Segundo Neusa Bittar, são os locais em que ocorrem fatos que levam ao interesse policial ou judiciário,
e nesses locais será feita a análise de vestígios, para buscar saber se se trata de crime, suicídio ou
acidente.
 Nesses locais, é feita a classificação do local quanto a área interna e externa e observação de
indícios, é feito um levantamento do local, por meio de descrição, desenhos, fotografias e
cinegrafias.

PRESERVAÇÃO DE LOCAIS DE CRIME


Ao ocorrer um delito, cabe a autoridade policial a preservação imediata do local, para que não se altere
o estado das coisas, até a chegada dos peritos.
 Salvo no caso de existir vítima a ser sorrida em acidente de transito, com a possibilidade,
inclusive, de remoção de veículos envolvidos (Art. 1º da Lei 5.970/73).
Art. 6º Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial
deverá:
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das
coisas, até a chegada dos peritos criminais;

Os locais de crime, em relação aos vestígios e indícios, podem ser classificados como:
 LOCAL PRESERVADO
Quando os indícios no local da infração penal foram preservados da ocorrência dos fatos,
até o completo registro.
 LOCAL CONTAMINADO
Quando houve, no local da adulteração por adição, subtração ou substituição de algum
elemento incriminador.
 LOCAL REFERIDO
Quando, na infração penal, duas áreas se associam ou se completam.

VESTÍGIOS E INDÍCIOS ENCONTRADOS NOS LOCAIS DE CRIME


Segunda Neusa Bittar, são os vestígios e indícios encontrados em locais de crime:
 IMPRESSÕES DIGITAIS
A doutrina aponta as impressões digitais podem ser imperfeitas, com pouca nitidez,
fragmentada, no entanto, podem resultar no sucesso da investigação.
As impressões digitais podem ser:
 COLORIDAS
Quando as impressões digitais são fruto de mão “sujas”.

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Ex.: sangue, graxa, tinta, etc.

 MOLDADAS
Ocorrem quando a impressão é deixada em material depressível.
Ex.: Gordura.

 LATENTES
São as deixadas por descuido pelas mãos desprotegidas, em decorrência da água e ácidos
graxos presentes no suor.

 O uso de luvas impede que objetos tocados tenham impressão digital?


A depender do material da luva, espessura, do objeto tocado, é possível que se
encontre impressão digital. Assim, ao se verificar que foi utilizado luva, ou se a mesma
foi encontrada, deve-se seguir a seguinte ordem:
1. Verificar se há impressões digitais nos objetos tocados;
2. Verificar impressões deixadas nos objetos pelo material empregado na
confecção de luvas;
3. Verificar se há impressões visíveis ou latentes no interior das luvas;
4. Verificar se há impressões na parte externa das luvas.

 MANCHAS DE ESPERMA
Os espermas, são fruto de secreção de várias glândulas masculinas (uretra, próstata e vesícula
seminal). O eventual encontro de espermatozoides na substância coletada, dá a certeza de se
tratar de esperma.
 Esperma é fluido orgânico responsável por transportar os espermatozoides.
 Não estando presente espermatozoides, é possível verificar se tratar de esperma pela
dosagem da fosfatase ácida prostática.
 A presença de fosfatase acida em alta quantidade no canal vaginal, é indicativo de
certeza de conjunção carnal.
É necessário que esteja presente em alta quantidade, pois as mulheres também
possuem fosfatase ácida, só que em baixa quantidade. Assim, a fosfatase ácida que
em altos índices (acima de 300 unidades) é indicativo a presença de semên.

 MANCHAS DE SANGUE
A dinâmica de um delito, pode ser avaliada pela presença de manchas de sangue. Essas
manchas podem ser:
 MANCHAS DE PROJEÇÃO
 MANCHAS DE ESCORRIMENTO

 MANCHAS DE PROJEÇÃO
Ocorrem em função apenas da gravidade. Assim podem ser em:
 GOTAS

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Seu formato irá varias de acordo com a altura do gotejamento. Assim, é indicativo
de ser:
 PEQUENA ALTURA (5 A 10 CM)
Possui formato circular.
 ALTURA DE CERCA DE 40 CM
Possui forma estrelada com bordos irregulares.
 ALTURA SUPERIOR A 125 CM
Possui forma estrelada com bordos denteados e com gotas
satélite (gotas menores em volta da principal).
 GRANDE ALTURA (superior a 2 metros)

 SALPICOS
Há atuação de outra força anterior seguida da força posterior da gravidade, sendo
causadas por exemplo, pela movimentação de uma arma, do indivíduo, ou ambos,
que resultam em salpicos com forma alongada no final.

 MANCHAS DE ESCORRIMENTO
São vistas como filetes ou poças devido à maior intensidade do sangramento, estando a
vítima parada.

Ainda segundo Neusa Bittar, as machas podem ser ainda classificadas como:
 MANCHAS DE CONTATO
Ocorrem quando mãos, pés, calçados ensanguentados da vítima ou do agressor, deixam
impressões onde tocam.
 Neste caso, o sangue deve estar na forma líquida. Caso esteja coagulado, poderá
deixar impressões moldadas.

 MANCHAS POR IMPREGNAÇÃO


Ocorrem diante de grande sangramento, que se fixa em vestes, toalhas, etc.

 MANCHAS POR LIMPEZA


São as manchas presentes em tecidos utilizados pelo agressor para limpeza do local, da
arma, etc.

Para saber se se trata de sangue verdadeiro, são utilizadas algumas reações, que podem ser de
probabilidade ou de certeza, veja:
 REAÇÕES DE PROBABILIDADE OU ORIENTAÇÃO
As reações de probabilidade (provas de orientação), devem ser interpretadas da seguinte
forma:
 NEGATIVAS
Tem-se a certeza que não se trata de sangue.
 POSITIVAS

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Pode ser sangue ou não.

São as reações de probabilidade:


 REAÇÃO DE KASTLE-MEYER
Utiliza-se uma substância chamada fenolftaleína, e indica probabilidade de ser
sangue se a mesma tomar uma cor rósea.

 REAÇÃO DE ADLER-ASCARELLI
Utiliza-se uma substância chamada benzidina, e indica probabilidade de ser
sangue se a mesma tomar uma cor azulada.

 LUMINOL
Trata-se da emissão de luz, tomando a cor azul, se a substância tiver a presença de
ferro (Fe). Como o sangue possui ferro, será indicativo de ser sangue se tomar a
cor azulada.
 É possível a utilização do produto até mesmo com anos passados. Possui
eficácia ainda que o local seja lavado, ou até mesmo após uso de substâncias
químicas.
 O material que teve contato com luminol, não é servível para testes de certeza,
pois a intensidade para resultados fica diminuída.
 Ainda que diminuída, é possível verificar a cadeia de DNA através do uso da
técnica PCR.

 REAÇÕES DE CERTEZA
As reações de certeza devem ser interpretadas da seguinte forma:
 NEGATIVAS
Tem-se a certeza que não se trata de sangue.
 POSITIVAS
É sangue, não afirmando se tratar de sangue humano ou não humano.

São as reações de probabilidade:


 TESTE DE TEICHMANN
Detecta a formação de cristais de hemina nos glóbulos vermelhos, sendo utilizado
no material concentrado ou em crostas.

 TESTE DE TAKAYAMA
Detecta a formação de cristais de hemocromogênio nos glóbulos vermelhos,
sendo utilizado em mancha de tecido ou um raspado de crosta.

 PROVAS ESPECÍFICAS
São utilizados antissoros específicos para identificar a origem do sangue, os quais reagem
com sangue específico do ser humano ou não humano.

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REAÇÃO DE CERTEZA DE SER SANGUE HUMANO
A reação que indica certeza de ser sangue humano é a chamada REAÇÃO DE UHLENHUTH
ou ALBUMINORREAÇÃO.
 REAÇÃO DE UHLENHUTH ou ALBUMINORREAÇÃO
Faz-se mistura desse sangue com soro de animais de várias espécies, e se houver reação
antígeno-anticorpo, o resultado será positivo para o soro do ser humano, indica ser
sangue humano.
Indica certeza de sangue humano ainda, pela a forma e tamanho das células sanguíneas
(anucleação das hemácias).

 PROVAS INDIVIDUAIS
São utilizadas para identificação de grupo sanguíneo após já ter certeza de se tratar de
sangue humano.

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