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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

DIREITO

GABRIELE MORAES CARDOSO

A Admissibilidade Probatória das Cartas Psicografadas no


Tribunal do Júri

CURITIBA,
2023.
2

A ADMISSIBILIDADE PROBATÓRIA DAS CARTAS PSICOGRAFADAS NO


TRIBUNAL DO JÚRI

Gabriele Moraes Cardoso

RESUMO. Este trabalho tem por finalidade a busca da adminissibilidade probatória das
cartas psicografadas como meio de prova no Tribunal do Júri, com base nos principíos penais
e processuais. Ainda, sendo necessário uma análise com cunho cientifico acerca da
espiritualidade, do espiritismo, dos médiuns, da psicografica e seu histórico. Destacando-se
reflexões sobre a teoria geral das provas lícitas, ilicitas, ilegitimas e atípicas, abordando
principios de produção probatória. Advindo como tese central do presente trabalho a
admissibilidade da carta psicografada como meio de prova, buscando mostrar que é possivel
considerar que a psicografica é um meio de prova atipica e documental, podendo essa se
dispor a ser realizada exame grafotécnico, bem como os fenômenos mediúnicos devem ser
considerados ciêntificos da parapsicologia, uma vez que, o espiritismo é uma doutrina que
possui o embasamento da religião, filosofia e ciência.

Palavras-chave: Direito Processual Penal, Provas Periciais, Direito Penal, Princípios,


Espiritismo, Parapsicologia.

SUMÁRIO. Introdução. 1. Da prova no Direito Penal Processual. 1.1 Devido Processo


Legal. 1.2 1.2 Principíos do Sistema Probatório. 1.3 Procedimento probatório, objeto e
ônus da prova. 1.4 Classificação da prova. 1.6 Fontes da prova. 2. Do tribunal do júri. 2.1
Princípios Tribunal do Júri. 3. Da laicidade do Estado. 4. Doutrina Espírita. 4.1 O
espiritismo como ciência. 4.2 A psicografia. 4.3 Mediunidade. 4.3.1 Médium intuitivo.
4.3.2 Médium Mecânico. 4.3.3 Médium semimecânico. 4.4 Da credibilidade do médium.
5. Da perícia e exame grafotécnico. 5.1 O uso das cartas psicografadas em plenário. 6.
Abordagem de casos de utilização das cartas psicografadas como meio probatório no
Tribunal do Júri. 6.1 Caso Mauricio Garcez Henrique. 7. Conclusão. 8. Referências.
3

INTRODUÇÃO

O presente trabalho científico irá discorrer acerca do direito processual penal no


tribunal do júri e a admissibilidade probatória das cartas psicografadas em plenário.
Visando o exposto, é preciso entender quais os meios probatórios que podem ser
utilizados no processo, a partir do Código Processunal Penal e seus principios
constitucionais e as leis infraconstitucionais.
Dado isso, as provas ganham maior relevância em plenário, a partir do pressuposto
contido na plenitude de defesa, na qual embarca a questão da ausência de necessidade da
defesa ser apenas técnica, podendo trazer no processo provas a partir das cartas
psicografadas, vindo essas a contribuir com o restante das outras provas a fim de inocentar
o réu.
Dessa forma, irá ser apresentado a doutrina espírita como uma ciência, filosofia e
religião, os tipos de mediunidades e quais seriam possíveis para trazer no processo, ainda
explicar o motivo pelo qual não é possível se ter a psicografia em qualquer julgamento em
plenário, tanto pelo motivo da existência de poucos médiuns mecânicos, quanto pela parte
que não é todo caso que um Espírito se manifesta acerca do caso.
Nesse passo, irei demonstrar casos pertinentes que houve a inocência do réu a partir
das cartas psicografadas e pelas provas pré-existentes que corrobolaram para a inocência
dos réus.
Portanto, será apresentado a admissibilidades probatória das provas, pelos artigos
que serão dispostos neste trabalho científico onde mostra a possibilidade de sua admissão
sem interferir com outras provas, bem como pelo motivo de não haver nada que impeça seu
uso, uma vez que é um objeto de prova licito, podendo este ser utilizado em plenário.

A admissibilidade probatória do uso das cartas psicografadas em Tribunal do Júri.. TCC. - Bacharelando em
Direito pela Estácio de Sá, email: Gabimoraesk@gmail.com.
4

1. 1DA PROVA NO DIREITO PENAL PROCESSUAL

A prova no ordenamento jurídico, nada mais é do que a apuração da verdade real


com vistas ao convencimento do juiz, uma vez que possui o sentido de reconduzir o juiz ao
momento dos fatos.
Segundo Guilherme Nucci:2

O termo prova origina-se do latim – probatio –, que significa ensaio,


verificação, inspeção, exame, argumento, razão, aprovação ou
confirmação. Dele deriva o verbo provar – probare –, significando
ensaiar, verificar, examinar, reconhecer por experiência, aprovar,
estar satisfeito com algo, persuadir alguém a alguma coisa ou
demonstrar.

A utilização da prova, não é despida de valorações, porém, deve obediência aos


princípios e garantias constitucionais, em especial à garantia do contraditório e a ampla defesa,
que não tem vistas apenas como oposição, mas em dimencionar o entendimento da verdade
real dos fatos como direito, podendo incidir ativamente sobre o desenvolvimento e o resultado
do processo.
Nesse sentido, o Código de Processo Penal, art 155 regulamenta a prova do seguinte
modo:

3
“Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da
prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar
sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na
investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e
antecipadas.”

Bem como, define oart. 157 do CPP, define que:

1
JARDIM, Afrânio Silva. Direito processual penal: 11. ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2007.
2
NUCCI, Guilherme de Souza. Provas no Processo Penal. 4 ed. Rio de Janeiro: Forense,
2015.
3
BRASIL. Código Criminal do Império do Brazil (1830). Lei de 16 de dezembro de 1830:
publicada em 8 de janeiro de 1831. Secretaria de Estado dos Negocios da Justiça
5

Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do


processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação
a normas constitucionais ou legais.

Desse modo, a prova no Direito Processual Penal, é essecial para a formação da


convicção do juiz acerca da existência ou não do delito e sobre a autoria do fato.

1.1. DEVIDO PROCESSO LEGAL

O devido processo legal é um principio fundamental do direito que garante que todas
os individuos têm o direito de passar por processos justos e imparciais. Desse modo, ninguém
pode ser privado de seus direitos ou propriedades sem um processo legal adequado, que inclui
a oportunidade de se defender.
Além disso, o devido processo legal inclui a ideia de que todos os indivíduos têm
direitos iguais e proteção da lei. Isso significa que todos somos tratados igualmente perante
a lei, independente de sua raça, gênero, regilião ou qualquer outra característica pessoal.

4
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade.

Assim sendo, esse principio é um conceito essencial para garantir a justiça e a proteção
dos direitos individuais em um sistema democrático.

1.2. PRINCÍPIOS DO SISTEMA PROBATÓRIO

O principio do sistema probatório, nada mais é do que senão a necessidade de provas,


podendo ser encontrado junto ao 5art. 155 do do CPP, conforme já mencionada no item 1.

4
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil:
promulgada em 5 de outubro de 1988. Organização do texto: Juarez de Oliveira. 4. ed. São
Paulo: Saraiva, 1990. 168 p. (Série Legislação Brasileira).
5
BRASIL. Código Criminal do Império do Brazil (1830). Lei de 16 de dezembro de 1830:
6

Nesse sentido, de acordo com o magistério de Carlos Henrique Bezerra Leite, o


conceito de prova estabelece os seguintes pontos:

a) estabelece a idéia de atuação dos litigantes no escopo de demonstrar os fatos


deduzidos em juiz;
b) encontra sentido instrumental, ou seja, como meio pelo qual são os fatos
evidenciados em juízo, tal como através de elementos documentais e testemunhais e,
por fim, ainda;
c) repousa na acepção do “convencimento do juiz”

Tendo como entendimento o elemento legitimador da existência ou não do fato


aduzido, de acordo com o que constar nos autos.

1.3. PROCEDIMENTO PROBATÓRIO, OBJETO E ÔNUS DA PROVA

6
O procedimento probatório é o conjunto de medidas e atividades que visam produzir
e analisar as provas necessárias para a solução de um conflito judicial ou administrativo.
O objeto da prova é o fato que precisa ser comprovado no processo, ou seja, é o que
está em discussão entre as partes.
Já o ônus da prova é a responsabilidade que cada parte tem de produzir determinadas
provas em relação aos fatos que alega. Geralmente, quem alega um fato tem o ônus de prová-
lo. No entanto, há exceções em que o ônus da prova pode ser invertido, como em casos de
responsabilidade civil objetiva ou em situações em que a parte que tem maior facilidade de
produzir a prova é a que não alega o fato.
Cabe ao juiz ou à autoridade competente decidir quais provas serão admitidas no
processo e quais serão consideradas válidas para a solução do caso. O objetivo do
procedimento probatório é permitir que as partes possam produzir as provas necessárias para
comprovar suas alegações e garantir um julgamento justo e imparcial.

publicada em 8 de janeiro de 1831. Secretaria de Estado dos Negocios da Justiça


6
Câmara dos Deputados, Código Penal e de Processual Penal, Editora Câmara, Brasília,
2022.
7

1.4 CLASSIFICAÇÃO DA PROVA

7
Segundo a lei, os meios de provas se encontram-se nos artigos 158 à 250, do Código
Processual Penal. Sendo eles:

• Reconhecimento de pessoas e coisas:determinado individuo indica a


identificação do outro.
• Confissão: segundo Mirabete, a conceituação da confissão no CPP é a
“expressão designativa da aceitação, pelo autor da prática criminosa, da realidade da
imputação que lhe é feita.”
• Interrogatório: é quando se é qustionado acerca da imputação dirigida, sendo
o interrogatório um meio de prova por levar elementos de convicção ao julgador.
• Acareação: quando duas pessoas se contradizem pelo mesmo fato.
• Testemunho: quando qualquer outro indivíduo que esteve presente narra os
fatos.
• Exame de corpo de delito: são elementos materiais que constituem o crime.
• Prova documental: é o documento constituido especificamente para provar o
ato representado.

Além dessas classificações, a prova no processo penal também podem ser classificadas
conforme sua relevância e peso ou força probatória quanto ao momento em que é produzida.

2. 8DO TRIBUBAL NO JÚRI

O Tribunal do Júri, julga exclusivamente, crimes praticados ou tentados contra a vida,


conforme dispõe o art. 5°, inciso XXXVIII, da Constituição Federal.

9
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer

7
BRASIL. Código Criminal do Império do Brazil (1830). Lei de 16 de dezembro de 1830:
publicada em 8 de janeiro de 1831. Secretaria de Estado dos Negocios da Justiça
8
FRANCO, Alberto Silva. Crimes hediondos. – 6 ed. rev., atual. e ampl. – São
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007b.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada
8

natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no


País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que


lhe der a lei, assegurados :
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;

Dessa forma, o julgamento será apenas em casos quando há a intenção de matar,


devendo estar disposto no art. 121 ao 129 do Código Processual Penal:

10Art. 121. Matar alguém:


Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

11
Nesse sentido, esse órgão julga os seguintes tipificações:

• Homícidio simples (§ 1, do art. 121, CPP);


Quando não há agravantes.
• Homícidio qualificado (§ 2°, do art. 121, CPP);
Quando há agravantes, como motivo fútil, meio cruel, recurso que dificulte a defesa
da vítima, dentre outros.
• Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015);
Quando o crime é cometido em razão do gênero feminino.
• Infantícídio (art. 123, CPP);
Quando o crime é cometido contra o próprio filho, durante o parte ou logo após, sob a

em 5 de outubro de 1988. Organização do texto: Juarez de Oliveira. 4. ed. São Paulo:


Saraiva, 1990. 168 p. (Série Legislação Brasileira).
10 10
BRASIL. Código Criminal do Império do Brazil (1830). Lei de 16 de dezembro de
1830: publicada em 8 de janeiro de 1831. Secretaria de Estado dos Negocios da Justiça
11
BRASIL. Decreto-Lei 2.848, de 07 de dezembro de 1940. Código Penal. Diário Oficial da
União, Rio de Janeiro, 31 dez.
9

influência do estado puerperal.


• Aborto (art. 127, CPP)
Quando sobrevem a morte da gestante.
• Induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio (art. 122 CPP);
Quando leva a vítima a morte.
• Lesão corporal seguida de morte (art. 129, §3, CPP);
Quando a lesão corporal é intencional e causa a morte da vítima.

O julgamento é composto pelo Ministério Público, atuante como a acusação com


provas e argumentações com base nas atribuições nos autos.
Dessa 12forma, os advogados que atuam no Tribunal do Júri devem ter tal garantia em
mente: a plenitude de defesa. Com isso, desenvolver suas teses diante dos jurados exige
preparo, talento e vocação.
13
Nesse passo, todos as tipificações delineadas acima são julgadas em plenário por
cidadões comuns do povo, chamados de jurados, onde possuem a capacidade de decidir de
maneira imparcial a culpa ou inôcencia do acusado.
Ainda14, no Tribunal do Júri, onde os jurados decidem sem fundamentar e são leigos,
é essencial que a defesa se valha de todos os instrumentos que puder. Não se defende, em
hipótese nenhuma, o uso de métodos antiéticos ou ilegais.

2.1 PRINCIPÍOS TRIBUNAL DO JÚRI

15
Os principios são fundamentais para gaarantir que o ordenamento juridico um
julgamento justo e imparcial.

1. Soberania dos vereditos: é a capacidde dos jurados decidirem a culpabilidade


ou inocência do acusado.

121212
NUCCI, Guilherme de Souza, Tribunal do júri, 2015(6a. ed.), pg 27, Editora Forense,
São Paulo.
13
ACS, 2015, Tribunal do Júri. Disponível em
<https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-produtos/direito-facil/edicao-
semanal/tribunal-do-juri>
NUCCI, Guilherme de Souza, Tribunal do júri (6a. ed.), pg. 38 2015;
15
FAUCZ, Rodrigo, 2022. Principios do Tribunal do Júri. Disponível em
<https://www.conjur.com.br/2022-jun-04/tribunal-juri-principios-gerais-processo-penal-
juri>
10

2. Imparcialidade dos jurados: Não devem comunicar-se entre si, em relação ao


julgamento. A análise de provas e argumentos são individuais.
3. Sigilo das votações: As votações devem ser realizadas de maneira sigilosa e
individual por cada jurado.
4. Adversalidade: o processo no Tribunal do Júri é conduzido pela acusação e
pela defesa, com o objetivo da busca real pela verdade.
5. Oralidade: o julgamento é predominantemente oral, podendo as partes arguir
suas teses, provas, argumentações, convencimentos, sustentações orais, pré-
questionamentos de testemunhas e pronunciamento final.
6. Plenitude de defesa: o acusado possui o direito da ampla defesa irrestrita.
Incluindo o direito da representação por um advogado, apresentação de provas,
argumentações e interrogar testemunhas, além de exercer todos os meios de defesa
previstos em lei.

Portanto, o Tribunal do júri, tem como objetivo assegurar a justiça com o julgamento
justo e equitativo.

2.2 FASES DO TRIBUNAL DO JÚRI16

O procedimento do Tribunal do Júri – Código de Processo Penal, artigos 406 a 497,


de acordo com as alterações introduzidas pela Lei nº 11.689, de 09 de junho de 2008.
O sistema do ordenamento jurídico do tribunal do júri é composto por duas fases
distintas: a fase de pronúncia e a fase de julgamento.
A fase da pronúncia (“judicium accusationis” ou juízo de acusação), segundo
informações disponibilizadas pelo Tribunal do Júri do Distrito Federal e Territórios – TJDFT,
essa fase tem por objetivo a produção de provas para apurar a verdade real dos fatos. Dando
inicio ao oferecimento da denúncia ou queixa, tendo sua finalização com a sentença de
pronúncia ou impronúncia, desclassificação ou absolvição sumária.

Roteiro da 1° fase:

16
Tribunl de Justiça do Distrito Federal e territórios. Acesso em 14 de maio de 2023.
Disponível em <https://www.tjdft.jus.br/informacoes/tribunal-do-
juri/tribunaldojuri_antes.pdf>
11

1. Oferecimento da denúncia ou queixa;


2. Recebimento da denúncia ou queixa;
3. Citação do acusado e apresentação de resposta escrita;
4. Réplica da acusação;
5. Audiência de instrução e alegações finais;
6. Decisão;

Em caso de pronúncia, o acusado é submetido ao julgamento no júri popular, com


previsão legal no art. 413 do Código de Processo Penal.

17
Art. 413. O juiz, fundamentadamente, pronunciará o acusado, se
convencido da materialidade do fato e da existência de indícios
suficientes de autoria ou de participação.

A fase do julgamento, trata-se do pronunciamento do acusado, dessa forma, é realizado


o julgamento em plenário se admitido os requisitos da primeira fase. Dando inicio ao trânsito
em julgado com a sentença e finalizando com o Juiz Presidente do Júri Popular.
18
Todavia, se observado a inocencia do réu, pode ser sumariamente absolvido quando:
1) for provado que o fato não ocorreu; 2) houver prova de que o acusado não praticou o
crime; 3) o fato não constituií infração penal; 4) for demonstrada causa de isenção de pena
ou de exclusão do crime.
Importante destacar que o Tribunal do Júri possui características próprias, sendo a
participação popular durante o julgamento, a ênfase na oralidade, a soberania dos vereditos
e a plenitude de defesa, aspectos fundamentais para a garantia do julgamento justo e
imparcial.

3. DA LACIDADE DO ESTADO

O Tribunal do Júri, é regido pelo princípio do Estado laico. Tendo o significado que

17
BRASIL. Decreto-Lei 2.848, de 07 de dezembro de 1940. Código Penal. Diário Oficial da
União, Rio de Janeiro, 31 dez.
18
ACS, Pronúncia, 2015 disponível em <
https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-produtos/direito-facil/edicao-
semanal/pronuncia>
12

o Estado né neutro nas questões religiosaas, não adotando religião oficial e garantindo a
liberdade eligiosa e de consciência.
A laicidade do Estado, se encontra no artigo 5º, VI da CRFB/88 que dispõe ser
“inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos
cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e suas liturgias”.
(BRASIL, 1988).19
Dessa forma, é entendido que toda e qualquer visão religiosa de mundo deve ser
respeitada e que a liberdade de culto e de crença deve ser garantida.20

4. DA DOUTRINA ESPÍRITA

A doutrina espírita, conhecida popularmente como espiritismo, é uma doutrina com a


tríade da filosofia, religião e ciência, no qual teve como fundador Allan Kardec, professor
francês, no século XIX. É uma crença baseada na existência da vida após a morte,
comunicação com os espíritos e a reencarnação.
Nesse sentido, o Espiritismo, simboliza um triângulo de forças espirituais: A Ciência
e a Filosofia vinculam à Terra essa figura simbólica, porém, a Religião é o ângulo divino que
a liga ao céu.21
22
O Espiritismo, entende que toda ação sobrenatural, ditadas por pessoas fora da
crença, não se passam de eventos naturais, visto que, por se tratar de uma ciência, tudo aquilo
que é possível estar explicando seus motivos, perdem o termo “sobrenatural”.
23
Os principíos da doutrina espírita são:

1. Existência de Deus; Recohece Deus como um princípio criador e inteligente


do universo.
2. Comunicação com os espíritos: A possibilidade da comunicação entre os vivos

19
Brasil, Constituição Federal, 1988, disponível em
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>
20
PORFíRIO, Francisco. "Estado laico"; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/estado-laico.htm.
21
Xavier , Francisco Cândido, Emmanuel (Espírito), 1941 O Consolador. Definição, p. 19-
20 São Paulo, Editora FEB.
22
Kardec, Allan, , Livro dos Médiuns 1868, , tradução Guillon Ribeiro, Brasilia, Editora
FEB , 2013, pg.150.
23
Kardec, Allan, Livro dos Espíritos 1868,, tradução Guillon Ribeiro, 2013, Brasilia,
Editora FEB, 2013, pg. 216.
13

e os espíritos desencarnados por meio de um médium.


3. Reencarnação: A alma é imortal. Sendo a reencarnação considerada uma
oportunidade de aprendizado e evolução espiritual.
4. Lei de Causa e Efeito: Toda ação gera uma reação, cada ato gera uma
consequência positiva ou negativa. Podendo se manifestar ao longo das encarnações.
5. Caridade e amor ao próximo: É preconizado o amor ao próximo como princípio
fundamental para o desenvolvimento espiritual e moral.
6. Estudo e progresso intelectual: O estudo é a base fundamental para o
desenvolvimento do intectual como meio de compreender as leis espirituais e
promover o progresso moral e social.

4.1 24O ESPIRITISMO COMO CIÊNCIA

O Espiritismo e a ciência não são antagônicos entre si, mas si complementam um ao


outro, pois apenas com vistas a ciência que o espiritismo pode comprovar a sua veracidade.
25
Desse modo, segundo o pensamento de Kardec, descrito em A Gênese discorre o
seguinte: Assim como a Ciência propriamente dita tem por objeto o estudo das leis do
princípio material, o objeto especial do Espiritismo é o conhecimento das leis do princípio
espiritual. Ora, como este último princípio é uma das forças da Natureza, a reagir
incessantemente sobre o princípio material e reciprocamente, segue-se que o conhecimento
de um não pode estar completo sem o conhecimento do outro. O Espiritismo e a Ciência se
completam reciprocamente; a Ciência, sem o Espiritismo, se acha na impossibilidade de
explicar certos fenômenos só pelas leis da matéria; ao Espiritismo, sem a Ciência, faltariam
apoio e comprovação, O estudo das leis da matéria tinha que preceder o da espiritualidade,
porque a matéria é que primeiro fere os sentidos. Se o Espiritismo tivesse vindo antes das
descobertas científicas, teria abortado, como tudo quanto surge antes do tempo.
Nesse sentido, entende o Espiritismo que tudo que é possível estar comprovando se
torna uma ciência, sendo realizada com observações e experimentos.
Conclui o Espiritismo a existência dos Espíritos, pela evidente observação dos fatos,
procedendo igualmente aos príncipios da doutrina. Dessa forma, não foram os fatos que
vieram a posterir confirmações da teoria: a teoria é que veio subsequentemente explicar e

24
Galvão, leonardo medeiros,. A prova Psicografada e o Tribunal do Juri, 2010 pg. 27.
25
Kardec, Allan; de 1868. – 2. ed. 1. imp. – , tradução Guillon Ribeiro, Brasilia, Editora
FEB, 2013.
14

resumir fatos. Assim, é rigorosamente exato dizer-se-à que o Espiritismo é uma ciência de
observações e não produto da imaginação. As ciências só fizeram progressos importantes
depois que seus estudos se basearam sobre o método experimental; até então, acreditou-se que
esse método também só era aplicável à matéria, ao passo que o é também às coisas
metafísicas.26
Importante destacar, método adotado por Kardec na investigação e comprovação do
fato mediúnico é o experimental, aplicado às ciências positivas, fundamentado na observação,
comparação, análise sistemática e conclusão. 27
Nesse sentido, tais foram seus métodos:

a) Aplicação do método experimental;


b) Observação cuidadosa;
c) Comparação, dedução de consequências;
d) Efeitos remontar às causas, por dedução e pelo encadeamento lógico dos fatos;
e) Validação do resultado somente quando resolve todas as dificuldades da questão;

Conclui Kardec que, esse tipo de lógica exige observações repetidas de uma
experiência ou de um acontecimento. Da observação de muitos exemplos diferentes os
cientistas podem tirar uma conclusão geral. 28

4.2 MEDIUNIDADE

29
Ensina Kardec que: “A mediunidade é inerente a uma condição orgânica, de que
todos podem ser dotados, como a de ver, ouvir e falar. Não há nenhuma de que o homem, em
consequência do seu livre-arbítrio, não possa abusar. Deus outorgou as faculdades ao homem,
dando-lhes a liberdade de usá-las como quiser, mas pune sempre aqueles que delas abusam. 30”
Sendo assim, a mediunidade é uma faculdade que permite o intercâmbio com os

26
Kardec, Allan., Obras Póstumas. 1890, 38. ed. Rio de Janeiro: tradução Guillon Ribeiro,
FEB, 2005. Segunda parte. p. 268.
27
ROCHA, Cecilia, Estudo sistematizado da Doutrina Espirita Brasília. FEB, São Paulo,
2014.
28
ENCICLOPÉDIA DELTA UNIVERSAL. Ria de Janeiro: Editora Delta S.A., 1980, vol.
4, p. 2043.
29
https://www.feesp.com.br/mediunidade-segunda-a-doutrina-espirita/-0
30
Kardec, Allan, 1804-1896. O Evangelho Segundo o Espiritismo – cap. XXIV – item 12, ,
tradução Guillon Ribeiro, Brasilia, Editora FEB, 2013, pg. 305.
15

Espíritos. Sendo inerente e natural em todas os indíviduos humanos, independente da sua


condição moral, física e intelectual. Podendo a vir se menifestar através de sonhos, intuições
premonições, psicografia, psicofonia, efeitos físicos, etc. No entanto, determinada tipos de
pessoas possuem a mediunidade ostensiva, assim, facilitando a comunicação com os Espíritos
sem necessitar propriamente dito de um estudo no assunto.
Nesse contexto, a mediunidade estabelece comunicação com o plano espiritual,
permmitindo a recepção, transmissão ou influência de informações, energias ou espíritos
desencarnados.

4.3 A PSICOGRAFIA

A Psicografia deriva do grego psykhé que significa “alma”. Grafia, por sua vez,
representa escrita. Desse modo, é uma prática da doutrina espírita, sendo uma faculdade que
permite que alguns médiuns escrevam sob a ação dos Espíritos. Sendo chamado de médium
psicógrafo ou escrevente.
Se trata de uma faculdade mediúnica que é desenvolvida pelo exercício de estudos
para o desenvolvimento moral e intelectual, uma vez que o médium psicógrafo é o
intermediário da comunicação com os Espíritos, que permite a transmissão de mensagens de
entes queridos que desencarnaram, ou possuindo um caráter mais geral, transmitindo
ensinamentos e orientações espirituais.
As cartas psicografadas permitem que seja realizadas estudos criteriosos, analisando o
conteúdo que é transmitido, o estilo e ideias, podendo ser identificado a letra ou assinatura, a
depender do tipo do médium que passa a mensagem.

4.3.1 MÉDIUM INTUITIVO

A psicografia nesse caso, ocorre de modo intuitivo, tendo o médium a habilidade de


captar informações sutis ou energéticas do plano espiritual por meio de sua intuição. Essas
informações podem se manifestar como sensações, sentimentos, imagens mentais,
pensamentos ou simplesmente um conhecimento intuitivo.
Desse modo, aponta Kardec que: 31A transmissão do pensamento também se dá por
meio do Espírito do médium, ou melhor, de sua alma, pois que por este nome designamos o
Espírito encarnado. O Espírito livre, neste caso, não atua sobre a mão para fazê-la escrever;

31
Kardec, Allan, Livro dos Médiuns, 1868, tradução Guillon Ribeiro, Brasilia, Editora FEB,
2013, pg 186.
16

não a toma, não a guia. Atua sobre a alma, com a qual se identifica. A alma, sob esse impulso,
dirige a mão e esta dirige o lápis. Notemos aqui uma coisa importante: é que o Espírito livre
não se substitui à alma, visto que não a pode deslocar. Domina-a, mau grado seu, e lhe imprime
a sua vontade. Em tal circunstância, o papel da alma não é o de inteira passividade; ela recebe
o pensamento do Espírito livre e o transmite. Nessa situação, o médium tem consciência do
que escreve, embora não exprima o seu próprio pensamento. É o que se chama médium
intuitivo.

4.3.2 MÉDIUM MÊCANICO

A psicografia do médium mêcanico, acontece de modo que o médium está em estado


alterado de consciência ou em transe, permitindo que o Espírito se comunique assumindo o
controle temporário de sua mãe e escreva de forma direta no papel, sem a intervenção
consciente do médium.
É importante salientar que a psicografia mecânica é a menos comum de ser encontrada
nos médiuns, uma vez que nem todos são capazes de praticá-las. Requerendo um nível
avançado de desenvolvimento mediúnico com a capacidade de permitir que o espírito controle
fisicamente a escrita.
Ensina Kardec que, é preciosa esta faculdade, por não permitir dúvida alguma sobre a
independência do pensamento daquele que escreve. 32

4.3.3 MÉDIUM SEMIMECÂNICO

O médium semimecânico, é visto como uma combinação entre a influência mediúnica


com a participação consciente do médium. Portanto, o médium pode estar em estado de transe
leve, permitindo que a influência espiritual guie ou direcione o processo da escrita, mantendo
algum nível de consciência daquilo que está sendo transmitido.
Destaca Kardec que, o médium puramente mecânico, o movimento da mão independe
da vontade; no médium intuitivo, o movimento é voluntário e facultativo. O médium
semimecânico participa de ambos esses gêneros. Sente que à sua mão uma impulsão é dada,
mau grado seu, mas, ao mesmo tempo, tem consciência do que escreve, à medida que as
palavras se formam. No primeiro, o pensamento vem depois do ato da escrita; no segundo,

32 32
Kardec, Allan, Livro dos Médiuns, 1868, tradução Guillon Ribeiro, Brasilia, Editora
FEB, 2013, pg 186.
17

precede-o; no terceiro, acompanha-o. Estes últimos médiuns são os mais numerosos.33

4.4 DA CREDIBILIDADE DO MÉDIUM

Conforme dito, no item 4, um dos princípios da doutrina espírita é a prática do amor e


da caridade, ou seja, ensina a doutrina que não deve ser realizado nenhuma cobrança
monetária, visto que é uma obra de caridade, ainda, o médium é apenas um intercessor do
Espírito comunicante, sendo assim é apenas um instrumento da Espiritualidade.
Ainda, por se tratar de uma tríade no qual tem o príncipio da existência de Deus, os
médiuns devem seguir a seguinte reflexão disposta no evangelho:34“De graça recebestes, de
graça deveis dar!”, assim, é possível verificar a integridade e moral do médium comunicante.
Outra maneira de verificar a credibilidade é por se tratar de mensagens escritas, a
psicografia traz diversos detalhes sem nenhum conhecimento prévio por parte do médium.
Desse modo, existem algumas observações que podem ser relevadas para a
credibilidade do médium:

1. Observação e testemunho pessoal;


2. Reputação e referências;
3. Ética e conduta moral;
4. Consistência e coerência das mensagens;
5. Experiência e formação;

5. DA PERÍCIA, EXAME GRAFOTÉCNICO E GRAFOSCÓPICO.

A perícia e o exame grafotécnica são meios utilizados a fim de análisar e comprar


escrita em documentos, com o objetivo de identificar a autoria da escrita no documento,
podendo detectar possíveis fraudes e falsificações.
A análise é feita a partir da grafoscópia para se verificar os pro menores, no qual se diz
apenas ao núcleo familiar da vítima que faleceu, devendo ter toda uma análise detalhada, não

33 33
Kardec, Allan, Livro dos Médiuns, 1868, tradução Guillon Ribeiro, 2013, Brasilia,
Editora FEB, 2013, pg 187.
34 Kardec, Allan, Evangelho Segundo Espiritismo, 1864, Tradução de Guillon

Ribeiro, Capítulo XXVI, Editora FEB, São Paulo, 2013, pg. 263.
18

apenas da letra mas todos os fatos, acontecimento e pessoas.


35
Há estudos científicos que destacam a autenticidade das cartas psicografadas, como
por exemplo, o estudo realizado na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), realizado
pelo Núcleo de Pesquisas em Espiritualidade e Saúde (NUPES-UFJF), com as cartas
psicografadas de Chico Xavier.
36
No presente estudo, foram analisadas 13 cartas com atribuições a Jair Presente,
desencarnado em 1974, em americanas/SP.
Nas cartas foi realizado estudos que comprovaram a veracidade, não apenas a partir da
grafotécnica, mas pelos fatos, acontecimentos, nomes de outras pessoas que já haviam
desencarnado, verificando após a existência do desencarnado, como também familiares e
segredos íntimos que foram revelados.
Toda a base do estudo foram realizadas com documentos existentes e entrevista com
familiares confirmando toda a mensagem escrita como médium.
37
Entre os anos de 1977 a 1991, Carlos Perandréa, advogado, pós graduado em
criminologista e professor de grafotécnica e Perito Judiciário em Documentoscopia, iniciou
uma investigação em face das cartas Psicografadas por Chico Xavier, com o objetivo de
análise da autenticidade das cartas, o que ao final resultou na autenticidade das cartas
análisadas por 14 anos.
Desse modo, em questão de veracidade das cartas psicografadas, estudos mostram que
é possível verificar para trazer conclusões com embasamento científico.

5.1 O USO DAS CARTAS PSICOGRAFADAS EM PLENÁRIO.

O tribunal do júri vige a plenitude de defesa, dessa forma, mesmo que as cartas
psicografadas não sejam epistemiologicamente uma prova, pode ser utilizado pela banca de
defesa do Réu.
Os principios constitucionais, descritos no item 2., o advogado pode-se utilizar, uma
vez que conforme relatado se trata de uma prova lícita e documental.

35Pesquisa da UFJF atesta veracidade de cartas psicografadas por Chico Xavier,


2016, Disponível em <https://www2.ufjf.br/medicina/2015/01/14/pesquisa-da-
ufjf-atesta-veracidade-de-cartas-psicografadas-por-chico-xavier/>
37
Carlos Augusto Perandréa, Pesquisador de cartas de Chico Xavier, 2014.
<https://www.bonde.com.br/bondenews/londrina/pesquisador-de-cartas-de-chico-xavier-
sera-homenageado-em-londrina-350890.html>
19

Podendo as cartas serem utilizadas como meio para atingir o meio emocional dos
jurados que são indivídus do povo com ou sem conhecimento da legislação brasileira, podendo
a defesa se utilizar do contradiório e da plenitude de defesa.
Dessa forma, em razão da plenitude de defesa, pode o advogado do Réu trazer meios
de convencimentos não tecnicos.

6. ABORDAGEM DE CASOS DE UTILIZAÇÃO DAS CARTAS PSICOGRAFADAS


COMO MEIO PROBATÓRIO NO TRIBUNAL DO JÚRI.

O livro ‘A Psicografia no Tribunal’ de Vladimir Polízio, 38 traz a tona 9 casos que


ocorreram o uso das cartas psicografadas no tribunal do júri, podendo, dessa forma, ser
admissível.
Discorre a obra literária de Vladimir Polizio, se tem referências da existencia de
diversos casos penais, em grande parte que foram julgados entre os anos de 1970 e 1980, em
que a carta psicografada foi aceita como meio de prova, a fim de absolver ou atenuar o réu em
plenário.
Portanto, em razão de não ser considerada uma prova que advem de meio ilicito, seu
meio pôde ser utilizado, e, até mesmo absolvendo o réu.

6.1 CASO MAURICIO GARCEZ HENRIQUE

O presente caso, se trata de Mauricioo Garcez Henrique, 15 anos, José Divino, 18 anos,
Nunes, o episódio que envolveu esses dois amigos, foi em razão da tragédia no domicilio do
casal José Henrique e Djanira, na cidade de Goiânia, na data de 8 de maio de 1976. Consta
nos depoimentos dos autos processuais que amos estavam na residência de José Divino,
segundo os autos, o jovem Mauricio abriu uma pasta que pertencia ao pai do seu amigo, dessa
forma, encontrou um revólver de calibre desconhecido. Nesse sentido, Mauricio foi preso
preventivamente por 2 anos aguardando sua audiência.
Assim, algum tempo depois do ocorrido os pais de José divino souberam da
possibilidade de se comunicar com o desencarnado, através de documentos de cartas
psicografadas.
Embora seus pais fossem católicos foram até a cidade de Uberaba com o objetivo de

38
Polízio, Vladimir A Psicografia no Tribunal’, Editora Butterfly, São Paulo, 2009.
20

receber uma carta psicografada pelo médium Francisco Xavier, onde o falecido discorreu em
carta que: “Sem que o momento fosse para qualquer movimento meu, o tiro me alcançou, sem
que a culpa fosse do meu amigo ou mesmo minha.”
Por fim, em decisão, o juiz Orimar de Bastos deu seu veridicto final a favor do réu,
inocentando-o e tomando como base o documento psicografado.

7. CONCLUSÃO

No sistema júridico Brasileiro, não há limitações em relação aos meios de provas, sua
limitação é quanto a prova ilicita quando é colhida mediante a violação de direito.
No Brasil, o art. 155 do Código Processual Penal – CPP, regulamenta que a prova é “a
soma dos motivos geradores de certeza”, portanto, pode se dizer que ela atinge os âmbitos
objetivos, subjetivos e conceitos.
A psicografia, é uma prova lícita e subjetiva, a sua base é a alegação da comunicação
com seres espirituais utilizando o médium como o intercessor que rege a comunicação que
poderá ser realizado exame pericial para comprovar a sua veracidade a letra do desencarnado,
assim como os fatos e acontecimentos conditos.
Desse modo, a apreciação que regulamenta as provas no CPP, se discorre que a prova
é constituida de fatos, acontecimentos, coisas, pessoas e circunstâncias úteis para a convicção
do julgador.
Assim sendo, é possível a admissibilidade das cartas psicografadas, visto se tratar de
uma prova que advém do meio lícito, bem como respeita e não fere os príncipios da ampla
defesa, contraditório e da imparcialidade.
Os artigos de 158 a 250, do CPP, revelam quais os tipos de provas, conforme
demonstrado no item 1.4 sobre a classificação de provas, a psicografia é tido pelo
ordenamento júridico como uma prova documental e lícita.
39
Destaca Nucci, que qualquer escrito pode ser considerado um documento.
Em casos de que a carta foi escrita por um médium mecânico ou semimecânico,
conforme item 4.3.2 e 4.3.3, poderá ser realizado exame pericial de grafotécnico acerca da
verificadade da letra redigida no documento, bem como sobre os detalhes na carta que
pertence somente a família da vítima.

39
Guilherme de Souza. Provas no Processo Penal. 4 ed. Rio de Janeiro: Forense, São Paulo;
Editora Forense, 2015.
21

O julgador do acusado são os jurados sorteados no plenário, indíviduos comuns, do


povo, com ou sem conhecimento da legislação júridica brasileira.
Dessa forma, seu critério julgador é formado a partir daquilo que acredita ser “certo
ou errado” e pelo convencimento da defesa, podendo a própria defesa arguir o lado emocional
dos jurados, afim que possam se compadecer e entender de outro modo.
Importante destacar, que quando a psicografia no tribunal do júri, é necessária que faça
nexo e lógica aos acontecimentos junto com as outras provas trazidos ao júri
Portanto, a psicografia é um meio de prova lícito, subjetivo e documental que pode ser
utilizado no plenário como meio de convencimento dos jurados.

8. REFERÊNCIAS

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Pimenta Cultural, 2021.

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Câmara dos Deputados, Código Penal e de Processual Penal, Editora Câmara, Brasília, 2022.

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Revista dos Tribunais, 2007.

JARDIM, Afrânio Silva. Direito processual penal: 11. ed. – Rio de Janeiro,:Editora Forense,
2007.

NUCCI, Guilherme de Souza. Provas no Processo Penal. 4 ed. Rio de Janeiro: Forense, São
Paulo; Editora Forense, 2015.

NUCCI, Guilherme de Souza, Tribunal do júri (6a. ed.), São Paulo; Editora Forense, 2015.

NUCCI, Guilherme de Souza, Tribunal do júri (6a. ed.), São Paulo; Editora Forense, 2015,
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22

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Baraúna, 2010.

Kardec, Allan, Livro dos Médiuns 1868; tradução Guillon Ribeiro, Brasilia, Editora FEB,
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Kardec, Allan, Livro dos Médiuns 1868, tradução Guillon Ribeiro, Brasilia, Editora FEB,
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Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo – cap. XXIV – item 12) 1804-1896,
Evandro Noleto Bezerra, São Paulo, Editora Boanova, 2013, pg 225.

Vieira, Waldo / André Luiz (Espírito)., Conduta Espírita – São Paulo, Editora FEB, 1960.

Kardec,Allan, Obras Póstumas. 1890. tradução Guillon Ribeiro, Rio de Janeiro: Editora
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ROCHA, Cecilia, Estudo sistematizado da Doutrina Espirita Brasília., São Paulo, Editora
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REFERÊNCIAS LEGISLATIVAS

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em 5 de outubro de 1988. Organização do texto: Juarez de Oliveira. 4. ed. São Paulo: Saraiva,
1990. 168 p. (Série Legislação Brasileira).

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24

BRASIL. Código Criminal do Império do Brazil (1830). Lei de 16 de dezembro de 1830:


publicada em 8 de janeiro de 1831. Secretaria de Estado dos Negocios da Justiça.

BRASIL. Lei nº 2.848, de 07 de dezembro de 1940. Institui o Código Penal. Diário Oficial da
União. Rio de Janeiro, ano 119º da Independência e 52º da República.

BRASIL. Lei nº 2.848, de 07 de dezembro de 1940. Institui o Código Penal. Diário Oficial da
União. Rio de Janeiro, ano 119º da Independência e 52º da República. Edição atualizada,
Senado Federal. Secretaria de Editoração e Publicações Coordenação de Edições Técnicas.

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