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Noções Introdutórias.........................................................................................................................................................................3
Investigação Preliminar....................................................................................................................................................................11
Ação Penal .......................................................................................................................................................................................30
Competência Criminal .....................................................................................................................................................................46
Provas ..............................................................................................................................................................................................74
Medidas Cautelares no Processo Penal ..........................................................................................................................................101
Questões e Processos Incidentes ...................................................................................................................................................133
Comunicação dos Atos Processuais ................................................................................................................................................149
Procedimento .................................................................................................................................................................................155
Ação Civil Ex Delicto ........................................................................................................................................................................178
Tribunal do Júri ...............................................................................................................................................................................181
Sentença .........................................................................................................................................................................................206
Nulidades ........................................................................................................................................................................................215
Recursos .........................................................................................................................................................................................225
Ações Autônomas de Impugnação .................................................................................................................................................247
Este material foi elaborado a partir da apostila de aula do curso de Renato Brasileiro de 2014,
quando este ainda dava aula no CERS, da leitura integra do Manual de Processo Penal do mesmo autor
(edição 2017) e jurisprudência do Dizer o Direito.
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NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
1. INTRODUÇÃO
Eis o grande dilema do processo penal: de um lado, o necessário e indispensável respeito aos direitos e garantias
fundamentais; do outro, o atingimento de um sistema criminal mais operante e eficiente. Há de se buscar, portanto, um ponto
de equilíbrio entre a exigência de se assegurar ao investigado e ao acusado a aplicação das garantias fundamentais do devido
processo legal e a necessidade de maior efetividade do sistema persecutório penal para a segurança da coletividade.
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b) É no âmbito das instâncias ordinárias que se exaure a possibilidade de exame de fatos e provas e, sob esse aspecto, a
própria fixação da responsabilidade criminal do acusado. É dizer, os recursos de natureza extraordinária não
configuram desdobramentos do duplo grau de jurisdição, porquanto não são recursos de ampla devolutividade, já que
não se prestam ao debate da matéria fática probatória;
c) Se houve, em 2º grau, um juízo de incriminação do acusado, fundado em fatos e provas insuscetíveis de reexame pela
instância extraordinária, parece inteiramente justificável a relativização e até mesmo a própria inversão, para o caso
concreto, do princípio da presunção de inocência até então observado;
d) A lei da Ficha Limpa expressamente consagra como causa de inelegibilidade a existência de sentença condenatória por
crimes nela relacionados quando proferidas por órgão colegiado;
e) Não se pode afirmar que, à exceção das prisões em flagrante, temporária, preventiva e decorrente de sentença
condenatória transitada em julgado, todas as demais formas de prisão foram revogadas pelo art.283 do CPP;
f) Em nenhum país do mundo, depois de observado o duplo grau de jurisdição, a execução de uma condenação fica
suspensa, aguardando referendo da Suprema Corte;
g) A jurisprudência que assegurava a presunção de inocência até o trânsito em julgado de sentença condenatória vinha
permitindo a indevida e sucessiva interposição de recursos da mais variada espécie, com indisfarçados propósitos
protelatórios;
h) Quanto a eventuais equívocos das instâncias ordinárias, não se pode esquecer que há instrumentos aptos a inibir
consequências danosas para o condenado, suspendendo, se necessário, a execução provisória da pena, como, por
exemplo, medidas cautelares de outorga de efeito suspensivo ao RExt e REsp e o HC.
Renato Brasileiro: com a devida vênia à maioria dos Ministros do STF que admitiram a execução provisória da pena,
parece-nos que esse novo entendimento contraria flagrantemente a CF, que assegura a presunção de inocência (ou de não
culpabilidade) até o trânsito em julgado de sentença condenatória (art.5º, LVII), assim como o art.283 do CPP, que só admite, no
curso da investigação ou do processo – é dizer, antes do trânsito em julgado de sentença condenatória -, a decretação da prisão
temporária ou preventiva por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente.
Por mais que a CADH estenda o princípio da presunção de inocência até a comprovação legal da culpa, o que ocorre
com a prolação de acórdão condenatório no julgamento de um recurso, não se pode perder de vista que a CF é categórica ao
afirmar que somente o trânsito em julgado de uma sentença penal condenatória poderá afastar o estado inicial de não
culpabilidade de que todos gozam. Seu caráter mais amplo deve prevalecer, portanto, sobre o teor da CADH. De fato, a própria
Convenção prevê que os direitos nela estabelecidos não poderão ser interpretados no sentido de restringir ou limitar a aplicação
de normas mais amplas que existam no direito interno dos países signatários. Em consequência, deverá sempre prevalecer a
disposição mais favorável (princípio pro homine).
Ademais, o art.637 do CPP foi tacitamente revogado pela Lei 12.403/11, que conferiu nova redação ao art.283 do CPP.
A solução para o caos do sistema punitivo brasileiro deve passar por uma mudança legislativa, e não jurisprudencial,
como feita pelo STF.
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Sob a ótica que privilegia o interesse do acusado, a ampla defesa pode ser vista como um direito; todavia, sob o
enfoque publicístico, no qual prepondera o interesse geral de um processo justo, é vista como uma garantia.
Quando a CF assegura aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral a ampla defesa,
entende-se que a proteção deve abranger o direito à defesa técnica (processual ou específica) e à autodefesa (material ou
genérica).
Por força da ampla defesa, admite-se que o acusado seja formalmente tratado de maneira desigual em relação à
acusação, delineando o viés material do princípio da igualdade. Por consequência, ao acusado são outorgados diversos
privilégios em detrimento da acusação, como a existência de recursos privativos da defesa, a proibição da reformatio in pejus, a
regra do in dubio pro reo, a previsão de revisão criminal exclusivamente pro reo, etc., privilégios estes que são reunidos no
princípio do favor rei.
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caso necessário, por exemplo, para audiência de reconhecimento, ato este que não está protegido pelo direito à não
autoincriminação. Nem mesmo ao interrogatório estará o acusado obrigado a comparecer, até mesmo porque a CF lhe assegura
o direito ao silêncio.
Não se trata, todavia, de um direito de natureza absoluta. Dentre os direitos fundamentais que podem colidir com o
direito de presença, legitimando sua restrição, encontram-se os direitos das testemunhas e das vítimas à vida, à segurança, à
intimidade e à liberdade declarar, os quais se revestem de inequívoco interesse público, e cuja proteção é indiscutível dever do
Estado.
CPP, Art. 217. Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar humilhação, temor, ou sério constrangimento à
testemunha ou ao ofendido, de modo que prejudique a verdade do depoimento, fará a inquirição por videoconferência e,
somente na impossibilidade dessa forma, determinará a retirada do réu, prosseguindo na inquirição, com a presença do seu
defensor.
DE OLHO NA JURIS! Em julgados recentes, as Turmas do Supremo têm entendido que a alegação de necessidade da presença do
réu em audiências deprecadas, estando ele preso, configura nulidade relativa, devendo-se comprovar a oportuna requisição e
também a presença de efetivo prejuízo à defesa.
CUIDADO! A Súmula Vinculante 5 (“A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a
Constituição) é aplicável apenas em procedimentos de natureza cível, e não em procedimento administrativo disciplinar no
âmbito da execução penal. A propósito, eis o teor da Súmula 533 do STJ, aprovada em 10/06/2015: “Para o reconhecimento da
prática de falta disciplinar no âmbito da execução penal, é imprescindível a instauração de procedimento administrativo pelo
diretor do estabelecimento prisional, assegurado o direito de defesa, a ser realizado por advogado constituído ou defensor
público nomeado”.
CPP, Art. 792. As audiências, sessões e os atos processuais serão, em regra, públicos e se realizarão nas sedes dos juízos e
tribunais, com assistência dos escrivães, do secretário, do oficial de justiça que servir de porteiro, em dia e hora certos, ou
previamente designados.
§1o Se da publicidade da audiência, da sessão ou do ato processual, puder resultar escândalo, inconveniente grave ou perigo de
perturbação da ordem, o juiz, ou o tribunal, câmara, ou turma, poderá, de ofício ou a requerimento da parte ou do Ministério
Público, determinar que o ato seja realizado a portas fechadas, limitando o número de pessoas que possam estar presentes.
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3.5. Princípio da busca da verdade: superando o dogma da verdade real
Durante muitos anos, foi dito que, no processo penal, vigorava o princípio da verdade material - também conhecido
como princípio da verdade substancial ou real -, onde a descoberta da verdade, obtida a qualquer preço, era a premissa
indispensável para a realização da pretensão punitiva do Estado.
Atualmente, a dicotomia entre verdade formal e material deixou de existir. Já não há mais espaço para a dicotomia
ente verdade formal (típica do processo civil) e verdade material (própria do processo penal).
No âmbito do processo penal, hodiernamente, admite-se que é impossível que se atinja a uma verdade absoluta. Por
esse motivo, tem prevalecido na doutrina mais moderna que o princípio que vigora no processo penal não é o da verdade
material ou real, mas sim o da busca da verdade. Seu fundamento legal consta do art.156 do CPP. Por força dele, admite-se que
o magistrado produza provas de ofício, porém apenas na fase processual, devendo sua atuação ser sempre complementar,
subsidiária. Na fase preliminar de investigações, não é dado ao magistrado produzir provas de ofício, sob pena de evidente
violação ao princípio do devido processo legal e à garantia da imparcialidade do magistrado.
ATENÇÃO! No âmbito dos Juizados, adota-se o princípio da busca da verdade consensual.
3.6. Princípio da inadmissibilidade das provas obtidas por meios ilícitos à abordado no material referente às provas.
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d) O direito de não praticar qualquer comportamento ativo que possa incriminar o indivíduo: não se pode exigir um
comportamento ativo do indivíduo de que possa resultar a autoincriminação. No entanto, em relação às provas que
demandam apenas que o acusado tolere a sua realização, ou seja, aquelas que exijam uma cooperação meramente
passiva (ex: reconhecimento pessoal), não há se falar em violação ao nemo tenetur se detegere.
e) O direito de não produzir nenhuma prova incriminadora invasiva. As intervenções corporais podem ser de duas
espécies: i. provas invasivas: são as intervenções corporais que pressupõem penetração no organismo humano; e ii.
provas não invasivas: consistem numa inspeção ou verificação corporal, são aquelas em que não há penetração no
corpo humano. Em se tratando de prova não invasiva (inspeções ou verificações corporais), mesmo que o agente não
concorde com a produção da prova, esta poderá ser realizada normalmente, desde que não implique colaboração ativa
por parte do acusado. Por outro lado, cuidando-se de provas invasivas, por conta do princípio do nemo tenetur se
detegere, a jurisprudência tem considerado que o suspeito, indiciado, preso ou acusado, não é obrigado a se
autoincriminar, podendo validamente recusar-se a colaborar com a produção da prova, não podendo sofrer qualquer
gravame em virtude dessa recusa.
CF, Art.5º, §4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão.
O CPP adota o princípio da territorialidade (lex fori), ou seja, todo e qualquer processo penal que surgir no território
nacional deve ser solucionado consoante as regras do CPP. Há, todavia, exceções.
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de ser revogada, continua a regular os fatos ocorridos durante a sua vigência; por sua vez, retroatividade seria a possibilidade
conferida à lei penal de retroagir no tempo, a fim de regular os fatos ocorridos anteriormente à sua entrada em vigor.
CPP, Art 2o A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei
anterior. à Incide no processo penal o princípio da aplicabilidade imediata, no sentido de que a norma processual aplica-se tão
logo entre em vigor, sem prejuízo da validade dos atos já praticados anteriormente. Portanto, ao contrário da lei penal, que leva
em conta o momento da prática delituosa (tempus delicti), a aplicação imediata da lei processual leva em consideração o
momento da prática do ato processual (tempus regit actum).
ATENÇÃO! Às normas processuais mistas/híbridas/materiais (abrigam normas de natureza penal e processual penal) se aplica o
mesmo critério do direito penal, ou seja, tratando-se de norma benéfica ao agente, mesmo depois de sua revogação, referida lei
continuará a regular os fatos ocorridos durante a sua vigência (ultratividade da lei processual mista mais benéfica); na hipótese
de novatio legis in mellius, referida norma será dotada de caráter retroativo.
CUIDADO! Normas processuais heterotópicas não se confundem com as normas processuais materiais. Enquanto a heterotópica
possui uma determinada natureza (material ou processual), em que pese estar incorporada a diploma de caráter distinto, a
norma processual mista ou híbrida apresenta dupla natureza, vale dizer, material em uma determinada parte e processual em
outra.
6.2. Analogia
Consiste em aplicar a uma hipótese não prevista em lei a disposição legal relativa a um caso semelhante. Não se trata a
analogia de um método de interpretação, mas sim de integração. No direito penal (ou em se tratando de norma processual
mista), não se admite a analogia in malam partem.
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