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De acordo com Aury Lopes Jr. existem diversas teorias que tentam explicar a
natureza jurídica do processo penal, sendo que as três principais são as
seguintes: a) processo como relação jurídica (Bülow); b) processo como
situação jurídica (Goldschmidt) e processo como procedimento em
contraditório (Fazzalari).
a) Processo como relação jurídica – Büllow: criada em 1868, ela foi um marco
para o processo ao passo em que o dissociou do direito material, de forma a
estabelecer a independência das relações jurídicas nestas dimensões.
Para Büllow o processo era visto como uma relação jurídica de natureza
pública estabelecida entre as partes e o juiz, dando origem a uma
reciprocidade de direitos e obrigações processuais. (Fazer desenho do triangulo
(juiz, polo ativo e passivo))
O processo teria natureza pública ao passo em que existia um vínculo entre as
partes e um órgão público da administração da justiça em uma atividade
essencialmente pública. Assim, o processo é concebido como uma relação
jurídica de direito público, autônoma e independente da relação jurídica de
direito material, passando o réu a ser visto como um sujeito de direitos e
deveres processuais.
Afirma-se que o processual seria uma relação jurídica pública, autônoma e
complexa onde existem três partes com direitos e obrigações recíprocas.
Ademais, também é possível se notar que o acusado já não é mais um mero
objeto do processo, nem mesmo o processo é um simples instrumento para a
aplicação do jus puniendi.
Aduz, ainda, que acusação e acusado são partes iguais no processo, devendo
existir a paridade de armas, bem como que ao acusado são garantidos direitos
subjetivos dotados de eficácia em relação ao juiz e a acusação.
Nesta teoria é discutida acerca da existência dos pressupostos processuais de
validade ou existência, onde seriam aqueles pressupostos necessários para
que o processo se origine ou tenha continuidade de forma válida.
A presente teoria é bastante criticada, porém é adotada pela maior parte da
doutrina processualista tanto para o processo civil como para o processo
penal.
SISTEMAS PROCESSUAIS
Vê-se que o sistema se caracteriza, então, pela clara separação entre juiz e
partes, devendo esta separação se manter durante todo o processo, pois de
nada adianta garantir a separação se no decorrer do processo se permite que o
juiz atue de ofício na produção de provas, determinação de prisão etc, já que o
juiz que atua na produção de provas já está contaminado.
No Brasil, até a reforma advinda pelo pacote anticrime, era possível que o juiz
decretasse a prisão preventiva de ofício, condenasse o réu sem pedido do
Ministério Público neste sentido, bem como produzisse de ofício a produção de
provas, porém tais possibilidades vão de encontro com o sistema acusatório
insculpido no artigo 3-A, do Código de Processo Penal, de maneira que na
visão de Aury Lopes Jr tais disposições estão tacitamente revogadas.
ATENÇÃO: O artigo 3-A, do Código de Processo Penal atualmente está
suspenso por força da concessão de liminar nas ADIn’s 6298, 6299, 6300 e
6305.
Neste caso se tem uma fase investigatória preliminar conduzida por um juiz
seguida de uma fase acusatória onde se asseguram os direitos do acusado,
além da independência entre acusação, defesa e juiz.
4. Sistema brasileiro
De acordo com o artigo 1º, do Código de Processo Penal o processo penal será
regido em todo o território brasileiro pela referida legislação. Todavia, no
próprio artigo são trazidas as exceções, sendo as seguintes:
I – Os tratados, as convenções e regras de direito internacional: ainda que o
fato tenha ocorrido no território nacional, se há tratado, convenção ou regra de
direito internacional firmada pelo Brasil, aprovado por decreto legislativo e
promulgado por decreto presidencial, a jurisdição será afastada, sendo o
infrator julgado pelo seu país de origem.
Existem duas convenções internacionais bem importantes sobre o tema:
a) Convenção de Viena sobre relações diplomáticas (Decreto Legislativo nº
103/64 e Decreto nº 56.435/65): dispõe no artigo 31, § 1º, que os agentes
diplomáticos gozam de imunidade de jurisdição penal no Estado acreditado
(onde exercem suas atividades), sem, contudo, os isentar da jurisdição do
Estado acreditante (país que representa).
Os chefes da Missão (embaixadores) e os membros que tenham a qualidade de
Diplomata, bem como seus familiares possuem imunidade de jurisdição plena,
não sendo necessário que estejam no exercício de suas funções. Enquanto o
pessoal técnico e o administrativo também possuem imunidade, porém
somente se o fato ocorrer no desempenho das funções, bem como que não
sejam brasileiros e nem tenham residência permanente no Brasil.
b) Convenção de Viena sobre Relações Consulares (Decreto Legislativo nº
106/67 e Decreto nº 61.078/67): neste caso os funcionários e empregados
consulares possuem imunidade de jurisdição, desde que referente a atos
criminosos cometidos no exercício das funções consulares.
Há ainda o caso do Tribunal Penal Internacional que o Brasil se sujeita por
força do artigo 5º, § 4º, da Constituição da República Federativa do Brasil c/c
o Decreto Legislativo nº 112/2002 e Decreto nº 4.388/2002.
O Tribunal Penal Internacional sediado em Haia é um órgão permanente com
competência para processar e julgar os seguintes crimes: genocídio, crimes
contra a humanidade, crimes de guerra e crime de agressão.
Um ponto interessante trazido por Alexandre Cebrian e Victor Gonçalves é que
“O art. 5º, LI, da Constituição Federal veda a extradição de brasileiro nato e
tal dispositivo conflita com o teor do Decreto, promulgado em 2002, em que o
Brasil adere ao Tribunal Internacional, permitindo a entrega de brasileiros
natos ou naturalizados para julgamento em Haia. Exatamente por isso foi
promulgada a Emenda Constitucional n. 45/2004, a fim de conferir caráter
Constitucional ao Decreto. Agora, não há mais conflito entre uma regra
constitucional e um Decreto, e sim entre duas regras da própria Carta Magna. A
doutrina, contudo, harmonizou o conflito entre a permissão de ‘entrega’ de
brasileiros natos, justificando que o instituto da Entrega é diferente da
Extradição. A Entrega é o envio de um indivíduo para um Organismo
Internacional não vinculado a nenhum Estado específico, diferentemente da
Extradição, que é sempre para um determinado Estado estrangeiro.”
INQUÉRITO POLICIAL
1. Características
O inquérito deve ser instaurado e tramitar no mesmo local onde deve ser
proposta a ação penal, seguindo as mesmas regras de competência
insculpidas nos artigos 69 e seguintes do Código de Processo Penal.
A autoridade policial não exerce jurisdição, de forma que o limite de suas
atividades se dá nas respectivas circunscrições. Circunscrição é o território
dentro do qual a autoridade policial e seus agentes desempenham suas
atividades.
3. Suspeição
4. Formas de instauração
4.1. De ofício (art. 5º, I, do Código de Processo Penal)
Nos casos de tráfico, o artigo 51, da Lei nº 11.343/2006 estipula que o prazo
vai ser de 30 dias se o indiciado estiver preso e de 90 dias caso esteja solto,
podendo estes prazos serem duplicados pelo juiz.
6. Diligências
IV - ouvir o ofendido;
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no
Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado
por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura: esse artigo é referente
ao interrogatório que deve seguir os mesmos moldes do interrogatório judicial.
É vedada a condução coercitiva para o interrogatório, uma vez que o STF na
ADPF 444 entendeu que esta conduta iria de encontro com os princípios da
vedação a autoincriminação, da presunção de não culpabilidade e da
dignidade da pessoa humana.
8. Incomunicabilidade
9. Indiciamento
De acordo com a forma com que foi concebido o juiz de garantias, este
deverá atuar até o momento procedimental previsto no artigo 399, do
Código de Processo Penal.
Sendo assim, este deverá não somente analisar os pedidos existentes na fase
pré-processual, como também analisar a denúncia e, caso a receba,
determinar a citação do réu, bem como analisar a sua resposta escrita,
devendo decidir ao final se o absolve sumariamente ou não. Caso o juiz de
garantias decida pela continuidade do processo, deverá remeter o processo
para o juiz do processo que então designará audiência conforme prevê o artigo
400, do Código de Processo Penal.
De acordo com Aury Lopes Jr. “provas irrepetíveis ou não renováveis são
aquelas que, por sua própria natureza, têm que ser realizadas no momento do
seu descobrimento, sob pena de perecimento ou impossibilidade de posterior
análise. Na grande maioria dos casos, trata-se de provas técnicas que devem
ser praticadas no curso do inquérito policial e cuja realização não pode ser
deixada para momento ulterior”.
a) Provas irrepetíveis por sua natureza: estas são as que precisam ser
coletadas e documentadas no momento específico da sua ocorrência e
que não podem ser repetidas, como é o caso das perícias no local do crime;
Previsto no artigo 28-A, do Código de Processo Penal, ele poderá ser proposto
pelo Ministério Público quando não sendo caso de arquivamento e tendo
o investigado confessado formal e circunstancialmente a prática de
infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima
inferior a 4 anos, desde que necessário e suficiente para reprovação e
prevenção do crime, mediante condições ajustadas cumulativa e
alternativamente.
c) O crime praticado ter pena mínimo inferior a 4 anos e ter sido praticado sem
violência ou grave ameaça. Para a aferição dessa pena devem ser observadas
as causas de aumento e de diminuição da pena;
AÇÃO PENAL
Via de regra somente pessoa física comete crimes, porém como já estudado no
penal 1, existe uma teoria que tenta conciliar a teoria da ficção (pessoa
jurídica não pode ser autor de crimes) com a teoria da personalidade (pessoa
jurídica pode praticar crimes, artigo 225, § 3º, da Constituição da República
Federativa do Brasil), onde indica que é necessário modernizar o direito penal
de forma que a pessoa jurídica poderá ser responsabilizada nas hipóteses dos
artigos 225, § 3º (crimes ambientais) e 173, § 5º (crimes contra a ordem
econômica e financeira), ambos da Constituição Federal. Neste sentido, o STJ
por meio do REsp 86.586/PR entendeu que para responsabilizar a pessoa
jurídica é necessária a imputação simultânea da pessoa física, enquanto o STF
no julgamento do RE 548.181 entendeu que é possível a responsabilização
unicamente da pessoa jurídica.
2. Princípios
Deste princípio também decorre o chamado de favor rei ou in dubio pro reo,
onde dispõe que o juízo sempre deve optar pela solução mais favorável ao
acusado.
Além disso, em razão dos princípios em análise que a regra do processo penal
que a defesa se manifeste por último.
Por fim, mesmo que alguns doutrinadores digam que a ampla defesa
encontre restrições na vedação de provas ilícitas em favor do réu,
conforme veremos mais para frente na matéria tal restrição não prospera,
uma vez que é possível sim a utilização de tais provas em favor do réu, já
que no conflito de interesses entre a liberdade de um inocente e o direito
a ser sacrificado para a obtenção da prova, o direito de liberdade deverá
prevalecer.
Não
“Não é possível majorar a reprimenda básica do paciente em
decorrência do conteúdo do seu interrogatório judicial, pois a
sua tentativa de se defender das acusações contra ele
formuladas não pode ser levada em consideração para elevar
sua pena, procedimento que ofende o direito à não
autoincriminação.” (STJ, HC 334643)
Alexandre Cebrian e Victor Gonçalves resumem que o réu “tem o direito de:
Tal princípio do direito penal aplica-se ao processo penal, pois se a pena não
pode passar da pessoa do condenado, o mesmo pode ser entendido com
relação ao processo penal, de maneira que este não pode passar da pessoa
do acusado.
Este princípio diz que o processo penal não pode admitir ficções e
presunções processuais, de forma que deve desvendar os fatos
efetivamente como se passaram.
Sua aplicabilidade é pacífica nas ações privadas, porém na ação penal pública
a aplicação é relativizada.
De acordo com Aury Lopes Jr, além dos requisitos do artigo 41, do Código de
Processo Penal, a queixa também deverá conter os seguintes:
b) Perdão: Se trata de ato bilateral, de forma que deve ser oferecido pelo
querelante no decorrer do processo e aceito pelo querelado. Somente é
possível após o recebimento da queixa e até o trânsito em julgado da
sentença. Porém só tem validade se o querelado aceitar. Ademais, o perdão
oferecido a um agente se estenderá para todos, contudo somente
produzirá efeitos em relação aqueles que aceitarem.
O pedido mais teratológico e comum nas alegações finais é para que seja
realizada a “mais lídima e costumeira justiça”, esse pedido além de equivocado,
leva a perempção, pois nas alegações finais em ações penais privadas deve ser
feito o pedido de condenação sob pena de ocorrência da perempção.
4. Recebimento e rejeição da denúncia
Por se tratar de uma decisão, a regra seria que o juízo fizesse constar na
decisão os elementos que o levaram a admitir a acusação, bem como se a
denúncia preenche os requisitos do artigo 41, do Código de Processo
Penal. Entretanto, a jurisprudência do STJ já se firmou no sentido de que
basta somente o magistrado despachar falando “recebo a denúncia” ou
determinando a citação do denunciado para que se considere como válido
o recebimento.
A última hipótese é quando faltar a justa causa. Neste caso a justa causa
é entendida como:
a) atipicidade da conduta;
c) extinção da punibilidade.
Contra a decisão que recebe não cabe recurso, sendo que, caso seja de
interesse da defesa, esta poderá impetrar habeas corpus. Enquanto contra a
que rejeita, será cabível recurso em sentido estrito.
Omissões na queixa podem ser supridas a todo tempo, desde que antes da
sentença, conforme dispõe o artigo 569, do Código de Processo Penal.
Todavia, estas falhas são somente em relação a correta descrição do fato
ou da tipificação legal, sem maior relevância e que não conduzam a uma
inovação na tese acusatória.
O aditamento para a inclusão de fato novo não pode acontecer, já que não
existe previsão legal neste caso. Já o aditamento para a inclusão de
coautor ou participe tem que ser analisado com cuidado, pois caso seja
demonstrado que haviam elementos capazes de indicar a presença destes e
eles não foram incluídos propositalmente na queixa, estar-se-á diante do caso
de extinção da punibilidade por renúncia tácita. Lado outro, caso demonstre
que não era possível ter conhecimento acerca de tais pessoas antes da
instrução, o querelante deverá formular nova queixa com todos os requisitos
dentro do prazo de 6 meses, podendo esta nova queixa ser reunida com o
processo já em tramite para julgamento simultâneo.
Mesmo as esferas civil e penal sejam distintas, existem situações em que uma
mesma ação ou omissão gere efeito nas duas esferas, sendo o caso dos efeitos
civis da sentença penal condenatória, já que as esferas de ilicitude são
relativamente independentes.
Isso ocorre em muitos casos, pois o delito também vai gerar uma pretensão de
natureza indenizatória, já que também é um ato ilícito para o direito civil como
prevê o artigo 186, do Código Civil.
Todavia, existem crimes que não geram nenhum efeito na esfera cível, como
por exemplo tráfico de drogas, já que não há uma vítima determinada.
Para que possa ser fixado o mínimo indenizatório, Aury Lopes Jr pontua serem
necessários os seguintes requisitos:
2. portanto, não poderá o juiz fixar um valor indenizatório se não houve pedido,
sob pena de nulidade por incongruência da sentença;
3. a questão da reparação dos danos deve ser submetida ao contraditório e
assegurada a ampla defesa do réu;
Caso a vítima entenda que o valor fixado em sentença é suficiente, ela ajuizará
uma execução por quantia certa. Já se entender que o valor mínimo é
insuficiente, deverá postular pela liquidação da sentença, onde não se poderá
mais discutir a causa de pedir, mas tão somente o valor a mais da
indenização, sendo tal pedido assegurado pelo artigo 63, parágrafo único, do
Código de Processo Penal.
Ainda será possível que a vítima ajuíze antes, durante ou até mesmo depois de
findado o processo penal, uma ação indenizatória na esfera cível, conforme
autoriza o artigo 64, do Código de Processo Penal.
Importante pontuar que nem toda sentença absolutória gera o direito de ação
para o interessado, de maneira que deve, obrigatoriamente, ser analisado o
fundamento da absolvição.
Se o réu for absolvido com esteio no artigo 386, I, do Código de Processo Penal
(estar provada a inexistência do fato), não poderá ser ajuizada ação cível,
conforme prevê o artigo 66, do Código de Processo Penal. O fundamento para
tanto é bem simples, se for comprovado que o fato não existe, logo ele também
não existirá na esfera cível também.
No caso de absolvição com fundamento no artigo 386, II, do Código de
Processo Penal (não haver prova da existência do fato) não impede a
propositura de ação cível, já que a exigência probatória no processo penal é
maior do que no processo civil.
A absolvição com fulcro no artigo 386, III, do Código de Processo Penal (fato
não constitui crime) também não impede que seja ajuizada ação indenizatória,
já que nem todo danoso será um crime, de maneira que uma conduta atípica
para o direito penal pode ser ilícito para o direito civil.
Lado outro, a hipótese do artigo 386, IV, do Código de Processo Penal (estar
provado que o réu não concorreu para infração penal) também impede a
propositura de ação civil, já que ficou demonstrado que o réu não praticou o
fato.
Caso a absolvição seja realizada com base no artigo 386, VI, do Código de
Processo Penal (existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o
réu de pena, ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência), nesta
hipótese por regra também não poderá ser intentada ação cível por força do
que dispõe o artigo 65, do Código de Processo Penal. Excepcionalmente são
aceitas as seguintes hipóteses: a) estado de necessidade agressivo (artigos 929
e 930, ambos do Código Civil); b) legítima defesa real e aberratio ictus (artigo
73, do Código Penal) (a agride injustamente b, que para se defender atira e
vem a ferir c).
Nas absolvições com fundamento no artigo 386, VII (não existir prova
suficiente para a condenação), nada impede a propositura de ação
indenizatória, já que o rigor probatório é diferente nas demandas.
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
Como no processo penal não existe lide, para Aury Lopes Jr deve ser evitada a
discussão sobre o que é jurisdição voluntária e contenciosa. Por tal razão,
aduz que a “jurisdição penal deve ser concebida como poder-dever de
realização de Justiça Estatal, por órgãos especializados do Estado”.
1. Princípios
Para Aury Lopes Jr este princípio é contrário ao prorrogatio fori, já que nesta a
jurisdição é ampliada e transforma o juízo incompetente em competente.
2. Competência
Caso não exista juiz prevento, deverá ser realizada a distribuição por meio de
sorteio.
I – o lugar da infração;
IV – a distribuição;
V – a conexão ou continência;
VI – a prevenção;
De acordo com o artigo 70, caput, 1ª parte, do Código de Processo Penal será
competente o local onde o crime se consumou.
De acordo com o artigo 72, caput, do Código Penal, se não foi conhecido o local
da infração, a competência será fixada pelo local do domicílio ou residência do
réu.
Domicílio = local onde a pessoa mora com ânimo definitivo (art. 70, CC);
Residência = local em que mora com ânimo transitório (art. 70, CC).
Caso o réu possua duas ou mais residências, a ação poderá ser proposta em
qualquer um dos locais, devendo ser firmada em uma delas por prevenção.
Caso exista conexão entre crime eleitoral e crime comum, a competência ainda
será da justiça eleitoral para julgamento.
Algumas hipóteses:
c) Tribunal do Júri;
d) Varas Criminais Comuns: será a última hipótese caso o crime não exista
alguma divisão própria para o crime;
Se existir algum vínculo entre dois delitos, estaremos diante da conexão, agora
se uma conduta está contida na outra teremos a continência. Em ambos os
casos deverá existir somente um processo para apuração, já que facilita a
coleta das provas e a apreciação do caso como um todo.
Aqui as infrações são praticadas por duas ou mais pessoas, sendo que a
ligação existente entre os delitos reside exatamente neste ponto.
a) Conexão objetiva teleológica: ocorre quando uma infração penal visa facilitar
a prática de outra: o vínculo está na motivação do primeiro crime em relação
ao segundo. Ex: matar o segurança para sequestrar o empresário. Para o seu
reconhecimento não pode ocorrer a consunção, já que na consunção há um
único crime;
III – Quando uma infração for realizada para assegurar a vantagem de outra:
Aqui o agente possui a intenção de garantir o proveito auferido com a prática
delituosa anterior. Ex: o autor do furto de um carro deixa ele estacionado em
local proibido. Quando alguém vem guinchar o carro, ele mata quem está
guinchando para conseguir recuperar o veículo.
2.4.4. Avocação
Caso o outro juízo não concorde com a avocação, este poderá suscitar conflito
positivo de competência.
Pode ocorrer também do juiz que não tem a competência prevalente tomar a
iniciativa e remeter o processo para aquele que ele entenda ser o competente.
Neste caso, se o juízo que receber o processo não concordar, ele poderá
suscitar o conflito negativo de competência.
2.4.5. Rito
d) Por qualquer outro motivo relevante: a legislação não nos dá quais seriam
esses motivos.
c) Crime único – rito do júri – julgamento pelo plenário: quando o júri não
condena o réu pela prática de crime doloso contra a vida, mas também não o
absolve do fato em análise e realiza a desclassificação para crime de
competência do juízo singular, o magistrado deverá suspender a votação e ele
mesmo proferir a sentença. Exceção: caso a desclassificação seja para crime
de menor potencial ofensivo, não poderá o magistrado proferir sentença de
imediato, pois deverá observar a ritualística da Lei nº 9.099/95 com relação a
possibilidade de composição civil, coleta de representação, sursis processual,
transação da pena. Após tudo isso que poderá proferir sentença;
Outro ponto que também é preciso ficar atento, é que o STF já decidiu que as
Constituições Estaduais podem aumentar as hipóteses de foro por
prerrogativa de função de competência dos Tribunais de Justiça, desde que
exista simetria com as regras da Constituição Federal. A simetria vai existir
quando a previsão de foro especial existente na Constituição Estadual possuir
correspondência com autoridade federal em relação à qual a CF estabeleça
prerrogativa de foro. Ex: prerrogativa para o Vice-Governador e Deputado
Estadual, já que na Carta Magna tem previsão para Vice-Presidente e
membros do Congresso Nacional.
a) Quanto ao caráter:
c) Quanto ao efeito:
Previstas no artigo 92, do Código de Processo Penal serão aquelas que tem
como pressuposto a existência de controvérsia séria e fundada sobre o estado
civil das pessoas.
Quando ocorrer deverá o processo criminal ser suspenso por prazo
indeterminado, somente retomando sua tramitação após o trânsito em julgado
da sentença que vier a solucionar a questão.
b) a questão não pode versar sobre direito cuja prova a lei civil limite;
O juiz não será obrigado a suspender o processo criminal, porém caso o faça
deverá a suspensão ser por prazo determinado, podendo ser prorrogado se a
demora não for imputável à parte.
Nos casos relativos ao estado das pessoas a decisão do juízo cível será
vinculante, não podendo o juízo penal apreciar estas controvérsias.
1.5. Prescrição
2. Exceções
E exceção se trata de um mecanismo processual onde o acusado exerce a
defesa indireta (não se volta contra a pretensão, mas contra o processo),
provocando a apreciação de matéria que pode levar à extinção da ação ou ao
retardamento de seu exercício.
Ela também pode ser manejada pelo autor da ação, bem como ser apreciada
de ofício pelo magistrado, ocasião em que se chamará de objeção.
Possui caráter dilatório e visa afastar o juiz que a parte entende como parcial.
Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por
qualquer das partes:
III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consangüíneo, ou afim, até o terceiro grau,
inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado
por qualquer das partes;
Ela é uma exceção prioritária, de forma que deve preceder a qualquer outra,
salvo quando fundada em motivo superveniente.
O artigo 97, do Código de Processo Penal diz que o juiz pode se declarar
suspeito espontaneamente, devendo indicar o motivo legal e determinar a
remessa dos autos ao seu substituto legal.
A exceção deverá ser ajuizada pelo excipiente perante o juízo de primeiro grau,
mencionando o nome do juiz (excepto), bem como expondo as razões nas quais
se funda a recusa, trazendo rol de testemunhas e documentos.
Possui como finalidade permitir que prevaleçam as regras que definem qual
órgão jurisdicional deve julgar determinada causa.
Ainda que haja classificações jurídicas distintas para a conduta em cada uma
das ações, a litispendência ainda estará configurada, pois o que importa é a
identidade do fato.
O juiz pode reconhecer ex officio a existência da coisa julgada, porém caso não
o reconheça as partes poderão opor a exceção.
Art. 253. Nos juízos coletivos, não poderão servir no mesmo processo os juízes
que forem entre si parentes, consangüíneos ou afins, em linha reta ou colateral
até o terceiro grau, inclusive.
3. Conflito de jurisdição
a) Parte interessada;
Quando for arguido pela parte ou pelo Ministério Público o conflito será feito
por meio de requerimento, enquanto por juiz ou tribunal será por
representação.
O conflito negativo poderá ser suscitado nos próprios autos, já que o processo
não vai ter prosseguimento até a resolução da questão.
1. Conceito e finalidade
2. Objeto da prova
3. Fonte de prova
Considera-se como fonte de prova tudo aquilo que possa ministrar indicações
úteis cujas comprovações sejam necessárias.
A denúncia, queixa, resposta à acusação, interrogatório e afins são fontes de
prova.
5. Ônus da prova
6. Princípios.
7. Meios de prova
8. Provas ilícitas
O Estado, sob o pretexto de distribuir justiça, não pode permitir que seus
agentes ou que particulares violem normas jurídicas para garantirem o
sucesso do esforço probatório, já que estaria incentivando
comportamentos contrários à ordem jurídica que pretende tutelar com a
atividade jurisdicional.
Por tal motivo o artigo 5º, LVI, da Constituição da República Federativa do
Brasil veda a utilização de provas ilícitas no processo, bem como o
Código de Processo Penal em seu artigo 157 também versou sobre o tema.
A doutrina divide as provas ilícitas da seguinte maneira:
a) prova ilícita em sentido estrito – denominação empregada para designar
a prova obtida por meio de violação de norma, legal ou constitucional, de
direito material. Ex: confissão extraída mediante coação;
b) prova ilegítima: é a prova obtida ou introduzida na ação por meio de
violação de norma de natureza processual. Ex: exibição, em plenário do
Tribunal de Júri, de prova relativa ao fato de que a parte contrária não tenha
sido certificada com a antecedência necessária (art. 479, CPP).
A prova ilícita não é causa de nulidade de toda a ação penal, mas tão
somente do acervo probatório ilícito, bem como dos atos dele decorrentes.
TEORIA GERAL DA PROVA
Quanto ao valor:
a) plena (perfeita ou completa): se trata da prova que, por si só, consegue
conduzir o julgador a um juízo de certeza;
b) não plena (imperfeita ou incompleta): apenas cria um juízo de
probabilidade quanto a ocorrência de um fato, ou seja, ela demonstra algo,
mas não garante a certeza para que possa ser proferida sentença.
Quanto à origem:
a) originária: quando não existem intermediários entre o fato e o meio de
prova. Ex: testemunha presencial;
b) derivada: quando existe intermediação entre o fato e o meio de prova. Ex:
testemunha de ouvi dizer.
Quanto à fonte:
a) pessoal: tem como fonte alguma manifestação humana. Ex: testemunho,
confissão, conclusões do perito etc;
b) real: tem como fonte a apreciação de elementos físicos distintos da pessoa
dotada de personalidade. Ex: o cadáver, a arma do crime etc.
PROVAS EM ESPÉCIE
1. Exame do corpo de delito e das perícias em geral
O exame de corpo de delito pode ser juntado aos autos a qualquer momento
antes do julgamento da ação nos casos de infrações que deixam vestígios, com
exceção dos casos de crime contra a propriedade imaterial onde o exame é
requisito essencial para o recebimento da denúncia.
A realização da perícia costuma ser durante o inquérito, uma vez que é bem
comum que a autoridade policial o determine em razão da urgência decorrente
do risco do desaparecimento dos vestígios ou da impossibilidade de
conservação do objeto da perícia.
Nestes casos a prova pericial vai ser submetida a um contraditório diferido, já
que as partes podem indicar assistente técnico para apresentação de parecer,
contestar o laudo apresentado, requerer fundamentadamente a
complementação ou realização de novo exame e, ainda, requer a oitiva do
perito em audiência.
Caso a perícia seja realizada na fase processual, a sua realização deverá
observar o contraditório prévio e a possibilidade de as partes e o juiz
formularem quesitos até a realização da diligência como dispõe o artigo 176,
do Código de Processo Penal.
Com exceção do exame de corpo de delito, as demais pericias podem ser
indeferidas pelo juiz caso não se revelem necessárias para esclarecimento do
fato.
2. Interrogatório
A regra é que o interrogatório seja realizado no local onde está sediado o órgão
julgador, porém também é admitido que o interrogatório seja realizado no
presídio, desde que assegurada a presença de um advogado e a publicidade do
ato.
O interrogatório também pode ser realizado por meio de carta precatória.
E, desde a vigência da Lei nº 11.900/2009 restou assegurada a
possibilidade de realização do interrogatório por meio de
videoconferência, devendo assim ser realizado nas seguintes hipóteses:
a) Necessidade de prevenir risco à segurança pública, quando exista
fundada suspeita de que o preso integre organização criminosa ou de que,
por outra razão, possa fugir durante o deslocamento;
b) Quando haja relevante dificuldade para comparecimento do réu em
juízo, por enfermidade ou outra circunstância pessoal;
c) Necessidade de impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou
da vítima, desde que não seja possível colher o depoimento destas por
videoconferência;
d) Necessidade de resposta à gravíssima questão de ordem pública.
Mesmo sendo por videoconferência, ao réu ainda é assegurado se
comunicar com seu defensor antes e durante a audiência.
3. Confissão
4. Oitiva do ofendido
O depoimento terá valor relativo, de forma que deve ser confrontado com o
restante da prova.
Não obstante a narrativa da vítima seja aceita com reservas, quando o
crime for praticado na clandestinidade e, em especial, nos crimes
sexuais, as palavras da vítima terão valor elevado.
5. Das testemunhas
O número máximo de testemunhas varia de rito para rito, sendo que nos
previstos no Código de Processo Penal a quantidade é a seguinte:
a) Procedimento comum ordinário: até 8 testemunhas, conforme dispõe o
artigo 401, do Código de Processo Penal;
b) Primeira fase do rito do Júri: até 8 testemunhas;
c) Procedimento comum sumário: até 5 testemunhas, conforme dispõe o
artigo 532, do Código de Processo Penal;
d) Segunda fase do procedimento do Júri: até 5 testemunhas, conforme
dispõe o artigo 422, do Código de Processo Penal.
Caso a testemunha resida fora do país, ela será inquirida por meio de
carta rogatória, desde que a parte interessada demonstre a sua
imprescindibilidade e que suporte com o pagamento das despesas de
envio, conforme dispõe o artigo 222-A, do Código de Processo Penal.
Caso existam razões para temer que uma ou mais testemunhas não possam
depor no futuro, pode o juiz, de ofício, durante a instrução ou a pedido das
partes ou representação da autoridade policial, na fase de investigação ou
durante a instrução, ouvi-las antecipadamente.
7. Acareação
8. Documentos
9. Indícios
A diligência deverá ser efetuada pessoalmente pelo juiz ou por sua ordem, a
qual se corporificará em um mandado que deve indicar, o mais precisamente
possível, a casa em que será realizada a diligência e o nome do respectivo
proprietário ou morador; o mandado, que deve ser assinado pelo escrivão e
pelo juiz que o expedir, indicará o motivo e os fins da diligência.
Antes de adentrarem a casa, os executores exibirão o mandado e o lerão,
intimando o morador a abrir a porta. Se a diligência for realizada diretamente
pelo juiz, este declarará previamente sua qualidade e o objeto da diligência.
Na hipótese de se negar o morador a cumprir a ordem, será arrombada a porta
e forçada a entrada. Se for determinada a pessoa ou coisa que se vai procurar,
o morador será intimado a mostra-la. Descoberta a coisa ou pessoa que se
procura, será imediatamente apreendida e posta sob custódia da autoridade
ou de seus agentes. Recalcitrando o morador, será permitido o emprego de
força contra coisas existentes no interior da casa, para o descobrimento do
que se procura.
O mesmo procedimento será observado se ausente o morador, caso em que
será intimado para assistir a diligência qualquer vizinho, se houver e estiver
presente.
Terminada a diligência, será lavrado termo ou auto de apreensão.
A busca pessoal ocorre quando houver fundada suspeita de que alguém oculta
consigo arma proibida ou objetos relacionados a infração penal. A diligência
pode abranger, conforme o caso, a revista do corpo da pessoa, de suas vestes,
de bolsas, de pastas ou de veículos.
A busca em mulher será feita por outra mulher, se não importar retardamento
ou prejuízo da diligência.
A busca pessoal pressupõe a existência de mandado expedido pelo juiz ou pela
autoridade policial, do qual deve constar o nome da pessoa na qual será
realizada a busca ou os sinais que se identifiquem, bem como menção ao
motivo e fins de diligência. O mandado será desnecessário no caso de prisão
ou quando houver fundada suspeita de que a pessoa esteja em posse de arma
proibida ou de objetos ou papéis que constituam corpo de delito de alguma
infração penal, ou quando a medida for determinada no curso de busca
domiciliar.
De acordo com o STJ somente as autoridades judiciais, policiais ou seus
agentes, estão autorizados a realizarem a busca domiciliar ou pessoal.
SUJEITOS PROCESSUAIS
1. Juiz
Além das hipóteses de suspeição que já estudamos (art. 254, CPP), também
existem as hipóteses de impedimentos e incompatibilidades, onde o
afastamento é necessário para que a isenção não seja objeto de suspeita por
parte dos jurisdicionados.
Impedimentos são os motivos previstos em lei que ensejam o afastamento
compulsório do juiz, já que lhe retiram a imparcialidade objetiva. As hipóteses
de impedimento estão previstas em rol taxativo, uma vez que decorrem de
presunção absoluta, de forma que não é admitida prova em sentido contrário.
As hipóteses de impedimento estão no artigo 252, do Código de Processo
Penal, bem como nos artigos 3º-D e 157, § 5º, caso a liminar do STF seja
revogada.
2. Ministério Público
Ao Ministério Público é previsto constitucionalmente a titularidade exclusiva
da ação penal pública, ressalvadas as hipóteses de ação penal privada
subsidiária da pública.
No artigo 257, do CPP, ao Ministério Público cabe:
a) promover, privativamente, a ação penal pública;
b) fiscalizar a execução da lei.
Essa regra veda tão somente a designação de promotor para apreciar o mérito
de determinado delito, de forma que ainda é possível a cheia da Instituição
designar promotor para acompanhar as investigações, desde que,
posteriormente, o inquérito seja remetido ao promotor natural ou que a ação
penal seja promovida em conjunto por este e pelo designado, desde que com a
anuência do primeiro.
Por força do contido no artigo 41, IV, da Lei nº 8.625/93 (LONMP) a intimação
do Ministério Público será por meio de intimação pessoal, por meio da entrega
dos autos com vista.
De acordo como STF, se não houver coincidência entre a data de ingresso dos
autos no MP e a data em que o membro do MP apôs seu ciente na decisão,
deverá ser levado em conta, para fins de contagem da fluência do prazo
recursal, aquele primeiro (ingresso dos autos).
Mesmo os atos praticados em audiência já serem considerados publicados no
ato, a 2ª Turma do STF tem decidido que o prazo do MP somente terá início
após o recebimento dos autos na instituição, pouco importando a presença do
representante na audiência. Em igual sentido o Tema 959 da 3ª Seção do STJ.
3. Acusado
Acusado é a pessoa em face de quem se deduz a pretensão punitiva.
Tem capacidade para figurar no polo passivo:
a) pessoas físicas maiores de 18 anos;
b) pessoas jurídicas nos casos previstos em lei.
4. Defensor
O defensor dativo é aquele nomeado pelo juízo para representar o acusado que
não constituiu um advogado particular.
Enquanto o defensor público só pode exercer a defesa dos necessitados, o
dativo pode ser nomeado para qualquer acusado, independente de sua
condição financeira. O réu que não for pobre fica obrigado a pagar os
honorários do dativo que serão arbitrados pelo juiz.
Ele será nomeado assim que for notado que o acusado não constituir
advogado, ou até mesmo quando ele ficar sem advogado no curso da ação.
Havendo dativo, nada impede que o acusado contrate um advogado de sua
confiança a qualquer momento.
O advogado que for nomeado pelo juiz para exercer o múnus de defensor
dativo não poderá recusar-se de fazê-lo, salvo por justo motivo. Os motivos
estão no artigo 15, da Lei nº 1.060/50.
A intimação do defensor dativo sempre deve ser feita de forma pessoal
conforme determina o artigo 370, § 4º, do Código de Processo Penal.
O defensor ad hoc (substituto) será aquele nomeado pelo juiz para realizar um
determinado ato processual.
Ele serve para garantir que determinados atos processuais não sejam adiados
em decorrência da ausência de defensor.
4.7. Impedimento
4.8. Curador
5. Assistente de acusação
O ofendido, ainda que não habilitado como assistente, pode interpor recurso
em situações específicas, desde que o Ministério Público não tenha recorrido.
As hipóteses de recursos são as seguintes:
a) Apelação contra a decisão de impronúncia;
b) Recurso em sentido estrito contra decisão que declara extinta a
punibilidade do acusado;
d) Apelação contra sentença relativa a crimes de competência do Tribunal do
Júri ou do juiz Singular.
O STF e STJ possuem entendimento que também pode ser interposto recurso
visando agravar a pena.
6. Auxiliares da justiça
PRISÃO PROVISÓRIA
Existem dois tipos de prisão quando falamos do direito penal e processo penal,
sendo a prisão pena e a prisão processual.
Prisão pena é aquela aplicada a pessoa que foi condenada definitivamente
a uma pena privativa de liberdade.
Prisão processual, cautelar ou provisória é aquela decretada quando
existe a necessidade de segregação cautelar do autor do crime durante as
investigações ou o tramitar da ação penal por razões que a própria
legislação processual elenca.
As hipóteses de prisão cautelar estão nos artigos 282 a 318, do Código de
Processo Penal e também pela Lei nº 7.960/89.
A presunção de inocência não impede a decretação da prisão cautelar,
porém tal medida ela é excepcional e somente deve ser decretada ou
mantida quando existir uma efetiva necessidade.
Pelo Código de Processo Penal nós teremos a prisão em flagrante e a
preventiva, sendo que a flagrante atualmente tem uma duração brevíssima, já
que dura somente entre o flagrante e a realização da audiência de custódia,
lembrando que a audiência tem que ser realizada em até 24h.
Já na Lei nº 7.960/89 temos a previsão da prisão temporária que somente
será cabível em casos específicos.
Antigamente o CPP previa a prisão por sentença condenatória recorrível e a
prisão por pronúncia, porém desde 2008 estas foram retiradas do
ordenamento jurídico.
Frisa-se que de acordo com o artigo 283, do Código de Processo Penal
ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de prisão
cautelar ou em virtude de condenação criminal transitada em julgado.
1. Prisão em flagrante
b) Flagrante esperado
Se trata de uma forma válida do flagrante, onde os agentes, cientes, por
qualquer razão, de que um crime poderá ser cometido em determinado local e
horário, sem que haja preparação ou induzimento, deixam que o sujeito aja,
ficando à espreita para prendê-lo em flagrante no momento da execução do
crime.
c) Flagrante forjado
É uma hipótese de flagrante nulo, uma vez que foram criadas provas acerca de
um crime inexistente somente com o intuito de viabilizar a prisão.
O autor do flagrante forjado deve responder por denunciação caluniosa ou
abuso de autoridade, a depender do caso concreto.
O exemplo mais comum é dos policiais que colocam droga em um lugar e
falam que é da pessoa que abordaram.
Após ser dada a voz de prisão para o agente, deve a pessoa presa, assim como
as testemunhas, ser levada à presença da autoridade policial. Ali chegando o
condutor do flagrante apresenta o preso à autoridade e narra verbalmente a
ela o ocorrido.
Caso a autoridade entenda que o fato não constitui ilícito penal, ou que não se
encaixa nas hipóteses de flagrante, deverá relaxar a prisão e liberar a pessoa.
Todavia, neste caso de não se encaixar nas hipóteses de flagrante ele ainda
deve instaurar o inquérito, já que o fato constitui crime, mas só não tem a
situação de flagrante.
Agora caso a autoridade considerar que a situação é de flagrante, ele deverá
determinar a lavratura do auto de prisão, onde serão observadas as fases do
artigo 304, do Código de Processo Penal que são as seguintes:
a) Oitiva do condutor: pode ser policial ou qualquer outra pessoa. O condutor
é a pessoa que levou o preso até o distrito policial e o apresentou a autoridade.
Ele não necessita ter presenciado o crime ou ter sido o responsável pela
prisão.
Após a oitiva do condutor, a autoridade vai colher a sua assinatura no termo
de declarações e lhe entregar cópia do depoimento e recibo de entrega do
preso. Depois disso o condutor não necessita mais permanecer no local.
b) Oitiva das testemunhas: de acordo com o entendimento pacífico devem ser
ouvidas no mínimo duas. Se o condutor tiver presenciado o delito, ele será
considerado como uma testemunha.
Se não tiverem testemunhas do crime, a autoridade pode lavrar o auto, porém
terá que providenciar para que duas testemunhas de apresentação o assinem.
Sempre que possível a vítima também deverá ser ouvida.
c) Interrogatório: aqui as formalidades são as mesmas do interrogatório
perante o juízo, de forma que o preso tem que ser cientificado de seus direitos
de Miranda.
A impossibilidade de interrogatório do preso não impede a confecção do auto
de prisão em flagrante. Isso costuma acontecer quando o preso é ferido na
fuga e fica internado em hospital.
d) Lavratura do auto: este seria o termo final elaborado pela autoridade
policial onde se declara de forma resumida a razão da prisão, as
circunstâncias da apresentação do preso e as providências tomadas.
O flagranteado tem que assinar este documento. Se ele não puder, não quiser
ou não souber assinar, a autoridade fará com que duas pessoas tenham
presenciado a leitura do auto ao preso o assinem.
1.6. Providências que devem ser tomadas pelo juiz ao receber o auto de
prisão em flagrante
Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas
observando-se a:
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem
pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para
assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do
crime e indício suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de
liberdade do imputado.
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem
pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para
assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do
crime e indício suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de
liberdade do imputado.
§ 1º A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de
descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras
medidas cautelares (art. 282, § 4o).
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da
prisão preventiva:
Novamente, a prisão não poderá ser decretada de ofício e nem mesmo como
consequência automática de algum ato.
Art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a prisão
preventiva se, no correr da investigação ou do processo, verificar a falta de
motivo para que ela subsista, bem como novamente decretá-la, se sobrevierem
razões que a justifiquem.