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Alegações finais no  Search

Novo CPC: mudanças


que você precisa saber
Tiago Fachini / 11 de novembro de 2021 /

As alegações finais podem parecer uma formalidade


pouco relevante para o resultado do processo, mas elas
fazem toda a diferença se feitas de forma correta,
objetiva e persuasiva.

Embora seja uma parte geralmente subestimada pelos


profissionais do direito, as alegações finais são o último
momento para que o advogado tente convencer o juiz da sua
demanda.

Por isso, as razões finais não podem ser levadas de forma


leviana. Afinal, se o objetivo do advogado é representar seu
cliente da melhor forma possível e conforme a lei, deve estar
apto a utilizar todas as ferramentas ao seu alcance para
convencer o juiz dos seus pedidos.

Você verá, neste artigo, o que são as alegações finais,


quando elas acontecem, quais são os seus tipos e seus
regramentos no Novo CPC, no CPP e na CLT. Tenha uma
boa leitura!

Navegue pelo conteúdo:

O que são alegações finais


A importância das alegações finais
Tipos de alegações finais
Alegações finais orais
Alegações finais por memoriais
Alegações finais remissivas
Alegações finais no Novo CPC: o que diz o artigo 364?
Elementos das razões finais
Ausência de oportunidade para apresentação
Alegações finais em outras áreas do direito
Alegações finais no direito penal
Alegações finais no direito trabalhista
Dicas para as alegações finais
Dúvidas frequentes sobre alegações finais
Conclusão

O que são alegações


finais
Como o nome já apresenta, as alegações finais, também
conhecidas como razões finais, dentro da área processual do
direito, são as exposições que ambas as partes de um
processo realizam após o momento da instrução e, portanto,
antes do juiz proferir sua sentença a respeito da lide.

Como é uma etapa que antecede a fase decisória de um


processo, quando o juiz dá a sua sentença, o objetivo das
razões finais é possibilitar que as partes revisitem o
processo, trazendo os pontos fortes para as suas causas e, é
claro, tentem convencer o juiz dos pedidos realizados.

A partir disso, é notável que esse instrumento possui um


papel importante dentro do processo, tão importante quanto
as demais movimentações das partes, como a petição inicial,
a contestação e as demais peças necessárias para o trâmite
processual. Mas por que ela é tão importante?
A importância das
alegações finais
Como expomos acima, as alegações finais tem como
principal objetivo convencer o juiz, antes que o mesmo
profira a sua sentença sobre a lide, de que os pedidos da
parte em questão são legítimos e devem ser levados em
consideração em sua plenitude no momento da sentença.

Isso quer dizer que as razões finais podem ter um papel


fundamental na decisão proferida, pois esse é o último
momento que o advogado tem para revisitar provas, apontar
pedidos e direitos e tecer a narrativa dos fatos de forma com
que o juiz fique mais propenso a concordar com os pedidos
realizados.

Assim sendo, não é difícil de concluir que fazer as alegações


de forma clara, objetiva, contemplativa, coerente e
persuasiva é fundamental para que a possibilidade de uma
sentença favorável aumente.

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Tipos de alegações finais
Tanto no Código de Processo Civil (CPC) quanto no Código
de Processo Penal (CPP), há previsão legal para que as
alegações ocorram de duas formas: elas podem acontecer
de forma oral ou por escrito, o que também é chamado de
alegações finais por memoriais.

Alegações finais orais


A forma mais comum de apresentar as razões finais dentro
de um processo é oralmente, logo após o momento da
instrução.

Para as manifestações orais, o juiz apresentará para cada


parte uma porção de tempo para que apresente as suas
conclusões e suas manifestações antes que o juiz tenha
tempo para proferir sua sentença sobre a lide.

Alegações finais por memoriais


As alegações finais por memoriais, também chamadas de
alegações finais por escrito, são menos comuns, mas
também possuem previsão legal no processo civil e no penal.

Diferente das alegações finais orais, que ocorrem


presencialmente, após a instrução, a versão escrita é
entregue após a instrução, com um específico, fixado pela
lei, para ser anexada aos autos do processo. O juiz,
posteriormente, lerá as razões.

Alegações finais remissivas


As alegações finais remissivas não são um tipo de razões
finais, mas sim uma denominação que apresenta o teor do
que a parte em questão aponta no momento.
As razões finais remissivas são aquelas que não apresentam
nenhum ponto novo, não discutem apontamentos distintos e
nem tentam tecer uma linha argumentativa para convencer o
juiz. Elas simplesmente reproduzem o que foi alegado pela
parte nas petições anteriores.

Em casos de processos menores ou de causas mais


simples, é comum ver uma das partes simplesmente falar
para o juiz que “as alegações finais são remissivas”. Isso já é
o suficiente para que o juiz entenda que a parte não quer
falar nada que não esteja já nos autos.

Embora existam casos onde as alegações finais remissivas


possam ser utilizadas sem remorso, como em processos
onde a resolução está clara ou a questão dos fatos e dos
direitos é praticamente incontestável. Entretanto, não é um
tipo de alegação final a ser utilizada sempre.

Como falamos anteriormente, são nas razões finais que a


parte tem a oportunidade de revisitar pontos importantes do
processo, que possam sustentar e reafirmar a justeza dos
seus pedidos, com o intuito de convencer o juiz de que seus
pedidos são justos e devem ser considerados na sentença.

Dessa forma, apresentar uma razão final remissiva não traz


nada de novo para o debate, muito menos convence o juiz
de um ponto que precise de algum tipo de reforço. Portanto,
em processos onde o desfecho não é cristalino, é
interessante procurar realizar as alegações finais com outro
enfoque.
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Alegações finais no
Novo CPC: o que diz o
artigo 364?
Dentro do Código de Processo Civil de 2015 (Novo CPC), as
alegações finais são regradas no artigo 364, que determina:
Art. 364. Finda a instrução, o juiz dará a palavra ao
advogado do autor e do réu, bem como ao membro do
Ministério Público, se for o caso de sua intervenção,
sucessivamente, pelo prazo de 20 (vinte) minutos para
cada um, prorrogável por 10 (dez) minutos, a critério do
juiz.

§ 1º Havendo litisconsorte ou terceiro interveniente, o


prazo, que formará com o da prorrogação um só todo,
dividir-se-á entre os do mesmo grupo, se não
convencionarem de modo diverso.

§ 2º Quando a causa apresentar questões complexas de


fato ou de direito, o debate oral poderá ser substituído
por razões finais escritas, que serão apresentadas pelo
autor e pelo réu, bem como pelo Ministério Público, se
for o caso de sua intervenção, em prazos sucessivos de
15 (quinze) dias, assegurada vista dos autos.

Como é possível analisar a partir da legislação vigente sobre


o tema, as alegações são, na maioria das vezes, realizadas
de forma oral, após a instrução.

Isso se dá, principalmente, pela celeridade do processo, uma


vez que dar entre quarenta minutos e uma hora para as
partes se manifestarem antes da sentença é mais dinâmico
do que dar um prazo de 15 dias úteis para as razões finais.

De qualquer forma, como prevê o parágrafo 2º do artigo 364,


as alegações finais podem ocorrer de forma escrita, ou por
memoriais, caso a causa seja complexa.

Essa definição teoricamente será dada pelo juiz, mas isso


não impede que a parte que deseje fazer as alegações finais
por escrito realize o pedido após a instrução.

É importante destacar que elas devem ser feitas da mesma


forma por ambas as partes. Isso quer dizer que se uma parte
a faz oralmente, a outra também deverá fazer oralmente. O
mesmo vale para as razões finais por memoriais.
Elementos das razões finais
Ainda que não haja previsão legal do que deve conter as
alegações finais, existem alguns elementos importantes.
Assim, o advogado deve atentar-se a apresentar:

As motivações da ação. Ou seja, abordar as causas que


culminaram na lide;
Resumo dos procedimentos anteriores. Deve relatar,
então, as etapas anteriores do processo, como audiências e
peças apresentadas;
Detalhes das alegações já realizadas. Sugere-se apontar,
assim, os principais argumentos já alegados em curso do
processo;
Detalhes da audiência de instrução. Resume-se, portanto, o
transcurso da audiência, com referência às oitivas
testemunhais e periciais;
Exposição dos fatos e fundamentos. Expõem-se, então, os
principais fatos a favor ou contra o deferimento do pedido,
com referência aos institutos legais, em última argumentação
propriamente dita.

Ausência de oportunidade
para apresentação
Vimos que existe previsão expressa de alegações finais no
Novo CPC. Ademais, nenhum dispositivo da lei dispõe sobre
situações em que esse procedimento poderia ser suprimido.
Por isso, há uma corrente doutrinária que entende que a
ausência de oportunidade para apresentação desse
instrumento corresponde a violação do princípio do devido
processo legal, e ensejaria nulidade processual.

Por outro lado, uma segunda corrente relativiza essa


questão, afirmando que o vício deve ser arguido na primeira
oportunidade pelo interessado, sob pena de preclusão. Essa
corrente também afirma que só haverá nulidade do processo
se restar comprovado que a falta das alegações finais
resultou em prejuízo.
Leia mais:

Contestação: o que é, para que serve e como fazer uma


Reconvenção no Novo CPC: o que é, prazo e modelo
Cumprimento de sentença no Novo CPC: o que é e o que
mudou
Audiências Online: como funciona e principais
orientações

Alegações finais em
outras áreas do direito
Sendo uma parte comum do direito processual, as razões
finais também podem ser visualizadas em códigos
processuais de outras áreas do direito, como o penal e o
trabalhista.

Veremos, abaixo, como as alegações finais funcionam


nessas outras áreas e quais são seus regramentos
específicos.

Alegações finais no direito


penal
Dentro do direito processual penal, as alegações finais estão
previstas no artigo 403 do CPP. O artigo foi instituído ao
Código através da lei nº 11.719/2008.
Art. 403. Não havendo requerimento de diligências, ou
sendo indeferido, serão oferecidas alegações finais orais
por 20 (vinte) minutos, respectivamente, pela acusação
e pela defesa, prorrogáveis por mais 10 (dez), proferindo
o juiz, a seguir, sentença.

§ 1º Havendo mais de um acusado, o tempo previsto


para a defesa de cada um será individual.

§ 2º Ao assistente do Ministério Público, após a


manifestação desse, serão concedidos 10 (dez) minutos,
prorrogando-se por igual período o tempo de
manifestação da defesa.

§ 3º O juiz poderá, considerada a complexidade do caso


ou o número de acusados, conceder às partes o prazo
de 5 (cinco) dias sucessivamente para a apresentação
de memoriais. Nesse caso, terá o prazo de 10 (dez) dias
para proferir a sentença.

Pode-se perceber que os regramentos para as alegações


finais do processo penal possuem similaridades com as do
processo civil, embora tenham diferenças bastante distintas.

Em primeiro lugar, os réus de um processo penal não


dividem o tempo das alegações finais, diferente do processo
civil, onde as partes litisconsortes dividem o tempo.

Outro ponto, mais relevante, é que o prazo para as razões


finais por memoriais é muito menor no direito penal do que
no direito civil, tendo as partes apenas 5 dias para a
apresentação das mesmas.

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Alegações finais no direito


trabalhista
No direito trabalhista, as alegações finais estão regradas no
artigo 850 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) da
seguinte forma:

Art. 850 – Terminada a instrução, poderão as partes


aduzir razões finais, em prazo não excedente de 10
(dez) minutos para cada uma. Em seguida, o juiz ou
presidente renovará a proposta de conciliação, e não se
realizando esta, será proferida a decisão.

Parágrafo único – O Presidente da Junta, após propor a


solução do dissídio, tomará os votos dos vogais e,
havendo divergência entre estes, poderá desempatar ou
proferir decisão que melhor atenda ao cumprimento da
lei e ao justo equilíbrio entre os votos divergentes e ao
interesse social.

O direito trabalhista, por conta da alta demanda processual e


pela velocidade com que são dadas as instruções, funciona,
na prática, de forma distinta.

Geralmente, o juiz perguntará se as alegações finais das


partes são remissivas ou não, para poupar tempo.

Isso não quer dizer que a parte não pode apresentar suas
razões finais orais ou que não possa fazê-las por memoriais,
mas geralmente terá que pedir para o juiz para que possa
fazê-las dessa forma.

Assim, caso as alegações finais sejam feitas por memoriais,


o juiz estipulará um prazo para que as mesmas sejam
entregues, uma vez que a CLT não prevê um prazo
específico para isso.
Dicas para as
alegações finais
Como já apontamos anteriormente, as alegações finais são
uma parte breve, mas muito importante dentro do processo.
Afinal, é a última oportunidade do advogado de tentar
convencer o juiz de que seus pedidos são justos antes que o
mesmo profira sua sentença sobre a lide.

Portanto, compreender os elementos que compõem as


alegações finais e conseguir “ler o espaço” da instrução para
apresentar as melhores razões finais possíveis é muito
importante para uma boa representação legal do cliente.

As alegações finais, teoricamente, devem apresentar os


motivos pelos quais a ação existe, um breve resumo das
etapas processuais, a explanação das argumentações feitas,
uma breve compreensão da audiência de instrução e, por
último, os apontamentos de direitos e de fatos que compõem
a peça processual.

Assim sendo, é imprescindível que o advogado prepare essa


peça anteriormente, além de sempre se preparar para fazê-
las oralmente, uma vez que a regra é que elas ocorram
dessa forma.

A melhor dica que um advogado pode receber a respeito


desse tema e de como ser convincente é conseguir ler a
audiência de instrução, compreendendo se houveram partes
das alegações da parte que não ficaram claras ou que não
causaram o impacto necessário.

Dessa forma, é importante ressaltar as partes cruciais da


representação da parte, tanto de direito quanto de fatos,
lembrando que o objetivo das alegações finais não é ser
moroso e repetir todo o processo, mas enfatizar pontos
importantes para o interesse do cliente, tentando levantar a
atenção do juiz para esses pontos.

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