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LINGUAGEM JURIDICA

REQUERIMENTO JUDICIAL
SIMPLES
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REQUERIMENTO JUDICIAL SIMPLES

1. REQUERIMENTO JUDICIAL SIMPLES

O requerimento judicial é aquele feito ao magistrado por uma das partes,

solicitando algo. Alguns requerimentos são complexos, excedem à órbita de mera

petição, e para sua realização demanda-se vasto desenvolvimento argumentativo e

rigor às exigências do momento processual. As peças inaugurais, ou seja, aquelas

que dão início ao processo, são exemplos de requerimentos complexos, os quais

recebem designações específicas: petição inicial, reclamação trabalhista, denúncia,

queixa-crime.

Naturalmente, além das peças principais inerentes a cada procedimento, amiúde

surge a necessidade de as partes se comunicarem com o magistrado, conforme o

andamento do processo. Assim, a parte, para cumprir determinada ordem judicial, ou

para informar o magistrado de algo, ou ainda para realizar determinado pedido, utiliza-

se de requerimentos judiciais simples. Exemplos: petição para juntada de documento,

para apresentação do rol de testemunhas, para vista dos autos fora do cartório, para

informar que as partes entraram em acordo, para requerer penhora on line, para

juntar guia comprobatória de pagamento de custas etc. Enfim, é por meio de

requerimentos judiciais que as partes se comunicam com o juiz, e este se comunica

com as partes por meio de intimações,as quais são publicadas no Diário Ofícial.

1.1ESTRUTURA DO REQUERIMENTO JUDICIAL SIMPLES

a) Endereçamento

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O requerimento judicial se inicia com o endereçamento, isto é, a indicação da

autoridade judicial competente para receber e apreciar o teor da peça. A indicação,

entretanto, não se faz na pessoa do magistrado, faz-se para o cargo, por meio de

formas já cristalizadas na prática forense, conforme exemplos abaixo:

Justiça Estadual:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA CÍVEL DO

FORO REGIONAL DE PINHEIROS DA COMARCA DE SÃO PAULO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CRIMINAL

DA COMARCA DE RIBEIRÃO PRETO.

Justiça Federal:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA 4ª VARA CÍVEL

DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE GUARULHOS, SEÇÃO DE SÃO PAULO.

Justiça do Trabalho:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA 9ª VARA

DO TRABALHO DE SÃO PAULO – SP.

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Cumpre alertar que a designação por "doutor" faz parte da praxe forense, tanto

para magistrados quanto para advogados e promotores. Essa tradição tem respaldo

no Decreto Imperial de 1° de agosto de 1825, de Dom Pedro I, que deu origem à Lei

do Império de 11 de agosto de 1827, que dispôs sobre o título de Doutor para o

advogado. Dessa forma, o título deve ser referenciado no endereçamento da peça

judicial, independentemente de o magistrado possuir título acadêmico de

doutoramento.

b) Espaço regulamentar e identificação da numeração do processo

Entre o endereçamento e a qualificação do requerente é necessário que haja

um espaço de pelo menos oito centímetros, a fim de que sejam lançados, nesse local,

os protocolos e eventuais despachos. Nesse espaço, à esquerda, deve ser

identificado o processo a que diz respeito o requerimento, por meio da mençao

expressa do número dos autos.

Quanto às margens, aplicam-se as mesmas regras já estudadas: quatro

centimetros de margem esquerda, três centímetros de margem superior e dois

centímetros de margens inferior e direita.

c) Nome do requerente

O parágrafo deve iniciar com a qualificação do requerente, e não de seu

advogado. Aliás, não é necessário que a qualificação contenha todos os dados do

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requerente, visto que já estão indicados no processo, nas primeiras peças. Assim, é

costume mencionar apenas o seu nome (prenome e sobrenome), acrescido da frase

"melhor qualificado nos autos em epigrafe", ou "já qualificado nos autos em epigrafe",

A expressão "em epigrafe" refere-se ao número dos autos que deve ser alocado no

espaço regulamentar, conforme explicado acima.

d) Menção da parte contrária

O requerimento, obviamente, pode e deve ser manejado por autor e réu,

conforme pratiquem os atos que lhes dizem respeito. Assim, o autor do requerimento

judicial simples pode ser tanto o autor como o réu do processo.

Se for o autor do processo quem requer, deve-se mencionar a parte

contrária(réu ) por meio da frase "que move em face de [nome do réu]". Se for o réu

do processo quem requer, deve-se mencionar a parte contrária (autor) por meio da

frase "que lhe move [nome do autor]".

Não é necessário qualificar por completo a parte contrária, visto que já está

integralmente qualificada nas peças antecedentes. Assim, usa-se a expressão

"igualmente qualificada", isto é, do mesmo modo que o requerente: nos autos do

processo em epigrafe.

e) Intermediação do advogado

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Por tratar-se de requerimento judicial, não é possível de ser realizado

diretamente pela parte. O advogado é indispensável. Essa é a razão pela qual deve

figurar, no requerimento, a indicação de que o pleito é feito por meio de advogado

devidamente constituído, isto é, munido de poderes para a representação judicial do

requerente, conforme procuração ad judicia juntada aos autos. A pardo termo

"advogado", utilizam-se as designações "patrono", "procurador judicial', "mandatário

judicial", "defensor" Vejamos o exemplo:

"[...] vem, por meio de seu patrono devidamente constituido, à ilustre presença

de Vossa Excelência [...]"

f) Referência à determinação judicial que se está cumprindo

No mais das vezes, o requerimento é realizado visando ao cumprimento de

determinada ordem judicial, ou então para demonstrar ao magisirado que preferida

ordem foi cumprida, ou, ainda, para expor razoes que modifiquem a ordem exarada.

Nessas hipóteses, pois, o requerimento se refère a uma determinação judicial

especitica, exarada no processo. Em razão disso, para que fique claro e coerente,

coloca-se no requerimento o número da folha dos autos em que se encontra a

determinação judicial que está sendo cumprida.

g) Objeto do requerimento

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Passadas as etapas anteriores, chega-se ao núcleo do requerimento, ou seja,

seu objeto, o pedido propriamente dito, a informação que se pretende passar ao

magistrado. Para tal, utiliza-se o verbo "requerer", conjugado na terceira pessoa.

Embora o termo "requer" já esteja cristalizado, nada impede que sinônimos sejam

utilizados: "solicita", "pede", "roga". Não se utiliza mais o verbo "suplicar", tampouco

seus cognatos "suplicante" e "suplicado", em razão da carga pejorativa que trazem.

Conforme o caso, pode ser necessário prolongar-se na argumentação e na

exposição dos fatos, mesmo que ocupe outros parágrafos. De qualquer modo, o

pedido deve ser claro, coerente e conciso. Lembre-se de que concisão não é

taciturnidade; o discurso conciso expressa o necessário, com precisão e objetividade,

sem floreios ou rodeios.

h) Menção dos documentos anexos

Por vezes há documentos que acompanham o requerimento, e devem ser

juntados aos autos. Tais documentos devem ser numerados (Doc. 1, Doc. 2, Doc.

3…) e devidamente referenciados no corpo do requerimento.

i) Desfecho

O desfecho de um requerimento judicial é realizado por meio da expressão:

Nesses termos,

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Pede deferimento.

Frequente é encontrarmos a expressão:

Termos em que

Pede deferimento.

Há aqueles, ainda, que por questão de estilística abreviam o "Pede" para "P”.,

propiciando a harmonia gráfica abaixo:

Termos em que

P. deferimento.

Outras modalidades vão surgindo, como a expressão reduzida Pede

deferimento", ou então "Pede e aguarda deferimento", ou ainda "Espera receber

mercê".

j) Local e data

O local é a cidade em que foi escrito o documento. Há aqueles que após a cidade

colocam o estado (Borba - AM, Japeri - RJ, Alagoinhas - BA), a fim de facilitar a

identificação. Ainda que seja outra a comarca em que tramite o processo, deve-se

indicar o local no qual foi redigido.

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Após o local, coloca-se a data em que se terminou o requerimento, mesmo que

não seja essa a data do seu protocolo. Cumpre esclarecer que a data registrada, para

fim de contagem de prazos, é a do protocolo, e não a que consta no requerimento

k) Assinatura do advogado

E o advogado quem assina o requerimento, não havendo qualquer necessidade

de firma reconhecida. Se forem vários os advogados constituídos, basta a assinatura

de um deles, embora o requerimento possa trazer mais de uma assinatura. Abaixo da

assinatura, deve vir por extenso o nome completo do advogado, bem como o número

de inscrição e seção da Ordem dos Advogados do Brasil.

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EXEMPLO DE REQUERIMENTO JUDICIAL SIMPLES

Segue, abaixo, exemplo de ordem judicial publicada no Diário Oficial e mais


abaixo, do requerimento pertinente.

Exemplo de intimação:

NNNNNNN-DD.AAAA.ITR.O000 - Ação de despejo - LÚCIA MARIA DE


CARVALHO X JOSE ALBERTO NUNES - Fl.210 - 1 - Providencie o autor o
recolhimento de 01 diligência para expedição do mandado. -Int.-ADV. LUIZ DE
ALMEIDA PRADO, OAB/SP 123456, ADV. PAULO DE CASTRO,
OAB/SP234567.

Exemplo do requerimento pertinente:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 3a VARA CÍVEL DO


FORO CENTRAL DA COMARCA DA CAPITAL, SÃO PAULO

Proc.NNNNNNN-DD.AAAA.JTR.0000

LÚCIA MARIA DE CARVALHO, já qualificada nos autos do


processo em epígrafe, que move em face de JOSÉ ALBERTO NUNES, igualmente
qualificado, vem, por meio de seu advogado devidamente constituído, à ilustre
presença de Vossa Excelência, cumprindo com a determinação constante da fl.210,
requerer a juntada da guia comprobatória (Doc.1) do recolhimento do valor referente a
01 diligência para expedição do mandado.

Nesses termos,

P. deferimento.

São Paulo, 29 de maio de 2017.

______________________________

Luiz de Almeida Prado

OAB-SP123.456

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EXEMPLO DE REQUERIMENTO JUDICIAL SIMPLES PARA JUNTADA DE


SUBSTABELECIMENTO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 5a VARA


CÍVEL DO FORO REGIONAL DO TATUAPÉ DA COMARCA DA CAPITAL,
SÃO PAULO

Proc.NNNNNNN-DD.AAAA.JTR.0000

MARIA DAS DORES, melhor qualificada nos autos do


processo em epígrafe, que lhe move JOÃO LIMA, igualmente qualificado, vem, por
meio de sua advogada devidamente constituída, à ilustre presença de Vossa
Excelência requerer a juntada de substabelecimento com reserva de iquais poderes
(DOc. 1).

Termos em que

Pede deferimento.

São Paulo, 29 de maio de 2017.

___________________________

Beatriz Camargo de Assis

OAB-SP123456

FINALIZAMOS ESSA AULA, QUERIDO(A) ALUNO(A)!

ESPERO QUE TENHA APRENDIDO BASTANTE. MUITA FORÇA NESSA


JORNADA E CONTE SEMPRE COMIGO!

UM FORTE ABRAÇO E ATÉ A PRÓXIMA AULA.

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