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Apresentação
Seja bem-vindo!
As provas servem para estabelecer se os fatos relevantes para a decisão judicial se produziram
realmente, ou seja, servem para fundamentar e controlar a verdade das afirmações trazidas ao
processo – tem-se, portanto, uma vinculação funcional entre prova e verdade.
Para que o processo possa concretizar seu objetivo – que é a justiça –, é necessário que tenha
sempre o escopo de perseguir a verdade dos fatos relevantes para o desfecho da causa. Sendo
assim, prova nada mais é que meio, ou melhor, instrumento para averiguar a verdade dos fatos.
Bons estudos.
No capítulo Das provas em espécie, da obra Instituições do processo civil, você vai estudar a
importância das provas em espécie, suas características e, ainda, analisar a jurisprudência sobre
esse tema.
Boa leitura.
INSTITUIÇÕES DO
PROCESSO CIVIL
Fernanda Prati
Maschio
Revisão técnica:
ISBN 978-85-9502-451-9
CDU 347.9
Introdução
As provas servem para estabelecer se os fatos relevantes para a decisão
judicial realmente se produziram, isto é, servem para fundamentar e
controlar a verdade das afirmações trazidas ao processo. Tem-se, portanto,
uma vinculação funcional entre prova e verdade. Veja que, para que o
processo possa concretizar seu objetivo, isto é, sua finalidade, que é a
justiça, é necessário que tenha sempre o escopo de perseguir a verdade
dos fatos relevantes para o desfecho da causa. Assim, prova nada mais é
que um meio, ou seja, um instrumento para averiguar a verdade dos fatos.
A jurisprudência recepciona de forma tranquila os tipos de provas
existentes no ordenamento jurídico, apresentando debate relevante
quanto ao momento de sua apresentação e aos limites e formas de
apresentar ao longo do processo.
Neste capítulo, você conhecerá sobre as provas em espécie, compreen-
derá a diferença entre os tipos de provas possíveis de serem apresentadas
no processo. Conhecerá, ainda, a jurisprudência sobre esse tema.
que, por sua vez, deriva do verbo probare (verificar, examinar, demonstrar).
Provar é, portanto, conduzir o destinatário do ato a se convencer da veracidade
acerca de um fato.
O Novo Código de Processo Civil apresentou algumas espécies de provas
que podem ser produzidas no processo, no entanto, existem outras provas
que não estão nessa lista, que uma vez não transgredindo o ordenamento
jurídico brasileiro, poderão com tranquilidade serem aceitas no processo
(OLIVEIRA, 2017).
É importante analisarmos a finalidade da prova, para que possamos
compreender a importância de conhecermos as provas em espécie. Temos
basicamente três grandes finalidades para a prova:
Depoimento pessoal
O depoimento pessoal é o meio de prova que serve para realizar o interrogatório
da parte no curso do processo. Como o autor e o réu submetem-se ao ônus de
comparecer em juízo e responder ao interrogatório do juiz, aplica-se tanto ao
autor como ao réu. A iniciativa pode ser tanto da parte contrária quanto do
próprio juiz. A finalidade desse meio de prova é dupla: provocar a confissão
da parte e esclarecer fatos discutidos na causa.
À parte intimada incumbe, em primeiro lugar, comparecer em juízo e, sendo
assim, prestar o depoimento pessoal, respondendo ao que lhe for perguntado
pelo juiz. Se a parte não comparecer ou se recusar a depor, o juiz lhe aplicará
a pena de confissão. Além de depor, a partes está obrigada a responder todas
as perguntas formuladas pelo juiz com clareza e lealdade.
Prova pericial
A prova pericial consiste no exame, vistoria ou avaliação de algo. O objeto da
perícia serão os fatos trazidos, seja na petição inicial ou na defesa (contestação),
que precisam de perícia para serem demonstrados. O pedido de perícia ocor-
rerá na petição inicial, por parte do autor, e na defesa, por parte do réu, pois,
caso surja no meio do processo, essa não impõe a necessidade de produção
de prova, podendo a perícia ser indeferida. A nomeação do perito ocorre pelo
juiz, que deve nomear aquele perito que tenha, além da capacidade jurídica,
capacidade técnica, ou seja, deve ter conhecimentos suficientes para exercer
a função pericial.
As respostas que o perito trará no seu laudo são compostas pelos quesitos,
que são as perguntas que se fazem ao perito e às quais, por ordem do juiz, esse
deve responder. O laudo da perícia deve ser fundamentado e deve mostrar os
métodos utilizados para a solução da questão. O perito deverá agir com rigor,
meticulosamente em seu encargo, seu dever.
Prova documental
De todas as espécies de prova, ou meios de prova, a prova documental é, por
natureza de produção, a mais simples. O juiz defere a juntada, os documentos
são trazidos ao processo, e a prova documental está realizada.
4 Das provas em espécie
Prova testemunhal
A prova testemunhal consiste na declaração em juízo de uma pessoa, não
envolvida no processo, que tenha presenciado (por meio da visão ou audição)
algum fato relevante sobre a questão tratada no processo do qual participa.
Caso o depoimento da testemunha diga respeito a algo que já tenha sido
provado no processo, por confissão da parte ou por meio de documentos, ou
não possa comprovar o fato em si, o juiz poderá indeferir a oitiva da testemu-
nha (OLIVEIRA, 2017). Regra geral afirma que qualquer pessoa poderá ser
testemunha, com exceção das pessoas incapazes, impedidas ou suspeitas. São
consideradas incapazes: o interditado, o acometido por enfermidade a ponto
de não conseguir discernir os fatos ocorridos, o cego, o surdo, e o menor de
dezesseis anos. Conforme Oliveira (2017, documento on-line):
Prova emprestada
A prova emprestada tornou-se tipificada em nosso ordenamento jurídico após a
vigência da lei 13.105 de 2015 (BRASIL, 2015), sendo aquela que, não obstante
ter sido produzida em outro processo, é transferida para demanda distinta, a
fim de produzir os efeitos de onde não é originária. Muito autores criticavam
esse meio de prova, por alegarem não ser um meio compatível com o princípio
do contraditório, ao buscar em outro processo uma prova produzida por outras
partes, diversas do caso concreto. Contudo, o CPC de 2015 condiciona a prova
emprestada ao direito do contraditório (OLIVEIRA, 2017).
Segundo o entendimento do STJ, as partes de ambos os processos, tanto o
da origem como o de destino da prova emprestada, não precisam ser necessa-
riamente as mesmas para a sua utilização. Porém, alguns tribunais estendiam
tal ponto de forma diversa, razão pela qual foi editado o Enunciado nº 30 da
CJF da 1ª Jornada de direito processual civil, que dispõe: “Enunciado nº 30
CJF – ‘É admissível a prova emprestada, ainda que não haja identidade de
partes, nos termos do art. 372 do CPC’” (OLIVEIRA, 2017, documento on-
-line). Sendo assim, podemos afirmar que o ordenamento jurídico brasileiro foi
prestigiado com mais uma espécie de prova a ser utilizada no processo civil.
Ata notarial
A prova notarial, apesar de já ser utilizada no processo civil há algum tempo,
também é, em termos de legitimidade legal, uma novidade trazida pela lei
13.105, de 2015 (BRASIL, 2015). Trata-se de uma prova que certifica uma
circunstância, um fato, através de um tabelião, sendo lavrada em um cartório
notarial (OLIVEIRA, 2017). A título de exemplo, podemos citar uma ofensa
realizada pela internet. Como sabemos, essa ofensa pode ter seu registro
apagado. Portanto, a ata notarial é um meio de autenticar a veracidade da
existência daquela ofensa em data específica, enquanto houver seu registro.
Oliveira (2017, documento on-line) afirma que:
Assim, o poder punitivo do Estado não pode se pautar por elementos pro-
batórios ilicitamente obtidos, pois isso é grave ofensa ao princípio do devido
processo legal. Isso decorre da necessidade de uma sociedade fundada em
bases democráticas.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988). Brasília, DF, 1988. Disponível
em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso
em: 23 maio 2018.
BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 março de 2015. Código de Processo Civil. Brasília, DF, 2015.
Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.
htm>. Acesso em: 23 maio 2018.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Agravo em Recurso Especial nº 808.107 - DF
(2015/02813355-9). Agravante: Nelma Regina Ferreira dos Santos, Rodolfo Francisco
dos Santos. Agravado: Hospital Santa Lúcia S/A. Relator: Ministro Marco Aurélio Bellizze.
Brasília, 08 março de 2016. Diário Oficial, Brasília, DF, p. 2577, 14 mar. 2016. Disponível
em: <https://www.jusbrasil.com.br/diarios/111032781/stj-14-03-2016-pg-2577>. Acesso
em: 23 maio 2018.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Plenário virtual. Brasília, DF, 31 out. 2017. Disponível
em:<http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/verPronunciamento.
asp?pronunciamento=7156165>. Acesso em: 23 maio 2018.
OLIVEIRA, T. M. M. de. As espécies de provas sob a ótica do novo Código de Processo Ci-
vil. Âmbito Jurídico, Rio Grande, n. 166, nov. 2017. Disponível em:<http://ambitojuridico.
com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=19765&revista_caderno=21>.
Acesso em: 23 maio 2018.
Leituras recomendadas
BUENO, C. S. Manual do Direito Processual Civil. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
CABRAL, E. P. Inversão do ônus da prova no processo civil do consumidor. São Paulo:
Método, 2008.
PARIZATTO, J. R. Manual prático do novo Código de Processo Civil. São Paulo: Edipa, 2015.
MARINONI, L. G.; ARENHART, S. C.; MITIDIERO, D. Novo Código de Processo Civil comen-
tado. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
SILVA, E. C. Da prova: jurisprudência do STF e STJ em relação às provas ilícitas. Brasília:
[s.n.], 2013. Disponível em: <http://vallisneyoliveira.com/arquivos/Trab2%20ESTER%20
CARDOSO%20Jurisprud%C3%AAncia%20STJ-STF%20provas%20il%C3%ADcitas%20
TGP2%20UnB%201-2013.doc.pdf>. Acesso em: 23 maio 2018.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
Dica do professor
O juiz é considerado o destinatário da prova, já que está atribuída a ele a responsabilidade de
apreciar aquilo que é provado a respeito dos fatos alegados pelas partes e, a partir disso, aplicar a
regra, acolhendo ou não a pretensão formulada pelas partes. Existem diversas espécies de provas
que podem ser empregadas no processo civil brasileiro. Dentre elas, está o depoimento pessoal.
Nesta Dica do Professor, você vai entender como ocorre o depoimento pessoal das partes no
momento da audiência e como funciona a dinâmica dos depoimentos.
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Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:
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