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Das provas em espécie

Apresentação
Seja bem-vindo!

As provas servem para estabelecer se os fatos relevantes para a decisão judicial se produziram
realmente, ou seja, servem para fundamentar e controlar a verdade das afirmações trazidas ao
processo – tem-se, portanto, uma vinculação funcional entre prova e verdade.

Para que o processo possa concretizar seu objetivo – que é a justiça –, é necessário que tenha
sempre o escopo de perseguir a verdade dos fatos relevantes para o desfecho da causa. Sendo
assim, prova nada mais é que meio, ou melhor, instrumento para averiguar a verdade dos fatos.

A jurisprudência recepciona de forma tranquila os tipos de provas existentes no ordenamento


jurídico, apresentando debate relevante quanto ao momento da sua apresentação e aos limites e
forma de apresentar ao longo do processo.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer as provas em espécie e compreender a


diferença entre os tipos de provas possíveis de serem apresentadas no processo. Ainda, você vai
conhecer a jurisprudência sobre esse tema.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Reconhecer a importância do conhecimento das provas em espécie.


• Explicar as características das provas em espécie.
• Analisar a jurisprudência dos tribunais superiores acerca das provas em espécie.
Infográfico
Sobre o estudo das provas, é importante analisar as modificações apresentadas no novo CPC.
Conheça essas mudanças no Infográfico a seguir.
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Conteúdo do livro
A prova possui um papel fundamental no processo civil brasileiro, seja por ratificar um direito
alegado, seja por acelerar a prestação jurisdicional de acordo com a qualidade da prova produzida,
já que, por meio dela, pode-se emitir um juízo de certeza ou um juízo de probabilidade.

No capítulo Das provas em espécie, da obra Instituições do processo civil, você vai estudar a
importância das provas em espécie, suas características e, ainda, analisar a jurisprudência sobre
esse tema.

Boa leitura.
INSTITUIÇÕES DO
PROCESSO CIVIL

Fernanda Prati
Maschio
Revisão técnica:

Miguel do Nascimento Costa


Advogado
Mestre em Direito Público
Especialista em Processo Civil
Graduado em Ciências Sociais e Jurídicas

I59 Instituições do processo civil / Rafael Ribeiro Albuquerque


Adrião... et al.; [revisão técnica: Miguel do Nascimento
Costa]. – Porto Alegre: SAGAH, 2018.
374 p. : il. ; 22,5 cm.

ISBN 978-85-9502-451-9

1. Direito processual civil. I. Adrião, Rafael Ribeiro


Albuquerque.

CDU 347.9

Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB – 10/2147


Das provas em espécie
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Reconhecer a importância do conhecimento das provas em espécie.


 Explicar as características das provas em espécie.
 Analisar a jurisprudência dos tribunais superiores acerca das provas
em espécie.

Introdução
As provas servem para estabelecer se os fatos relevantes para a decisão
judicial realmente se produziram, isto é, servem para fundamentar e
controlar a verdade das afirmações trazidas ao processo. Tem-se, portanto,
uma vinculação funcional entre prova e verdade. Veja que, para que o
processo possa concretizar seu objetivo, isto é, sua finalidade, que é a
justiça, é necessário que tenha sempre o escopo de perseguir a verdade
dos fatos relevantes para o desfecho da causa. Assim, prova nada mais é
que um meio, ou seja, um instrumento para averiguar a verdade dos fatos.
A jurisprudência recepciona de forma tranquila os tipos de provas
existentes no ordenamento jurídico, apresentando debate relevante
quanto ao momento de sua apresentação e aos limites e formas de
apresentar ao longo do processo.
Neste capítulo, você conhecerá sobre as provas em espécie, compreen-
derá a diferença entre os tipos de provas possíveis de serem apresentadas
no processo. Conhecerá, ainda, a jurisprudência sobre esse tema.

Importância do conhecimento das


provas em espécie
Prova, no conceito comum, significa a ação (experiência ou operação) e o
efeito de provar, ou seja, de demonstrar de algum modo a certeza de um fato
ou a veracidade de uma afirmação. A palavra prova deriva do latim probatio,
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que, por sua vez, deriva do verbo probare (verificar, examinar, demonstrar).
Provar é, portanto, conduzir o destinatário do ato a se convencer da veracidade
acerca de um fato.
O Novo Código de Processo Civil apresentou algumas espécies de provas
que podem ser produzidas no processo, no entanto, existem outras provas
que não estão nessa lista, que uma vez não transgredindo o ordenamento
jurídico brasileiro, poderão com tranquilidade serem aceitas no processo
(OLIVEIRA, 2017).
É importante analisarmos a finalidade da prova, para que possamos
compreender a importância de conhecermos as provas em espécie. Temos
basicamente três grandes finalidades para a prova:

1. convencer o juiz da verdade dos fatos;


2. levar a conhecimento do juiz os fatos que fundamentam determinada
pretensão;
3. entregar ao processo elementos necessários para seu esclarecimento.

Quanto a primeira finalidade (convencer o juiz da verdade dos fatos),


seria essa a sua principal função, sendo a prova serventia de argumentação
no diálogo judicial e a verdade uma construção através da argumentação
desenvolvida pelos sujeitos do processo. Também servirá a prova no processo
para levar ao juiz o conhecimento que fundamenta a pretensão, visando
assim dar concreção ao pedido, formando a causa de pedir. Assim, o que
convencerá o juiz é o conjunto das alegações trazidas pelas partes aliadas
às provas produzidas. Ainda, o terceiro elemento é a finalidade da prova, o
esclarecimento do processo, isto é, levar ao processo elementos necessários
a elucidação da lide. Conseguimos, com isso, compreender que seria, então,
o juiz o destinatário da prova, pois está atribuída a ele a responsabilidade de
apreciar aquilo que é provado a respeito dos fatos alegados pelas partes e, a
partir disso, aplicar a regra, acolhendo ou não a pretensão formulada pelas
partes.
Dentre todas as provas utilizadas no dia a dia forense, confira, a seguir, um
rol de exemplos dos meios de provas empregados no processo civil brasileiro.
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Depoimento pessoal
O depoimento pessoal é o meio de prova que serve para realizar o interrogatório
da parte no curso do processo. Como o autor e o réu submetem-se ao ônus de
comparecer em juízo e responder ao interrogatório do juiz, aplica-se tanto ao
autor como ao réu. A iniciativa pode ser tanto da parte contrária quanto do
próprio juiz. A finalidade desse meio de prova é dupla: provocar a confissão
da parte e esclarecer fatos discutidos na causa.
À parte intimada incumbe, em primeiro lugar, comparecer em juízo e, sendo
assim, prestar o depoimento pessoal, respondendo ao que lhe for perguntado
pelo juiz. Se a parte não comparecer ou se recusar a depor, o juiz lhe aplicará
a pena de confissão. Além de depor, a partes está obrigada a responder todas
as perguntas formuladas pelo juiz com clareza e lealdade.

Prova pericial
A prova pericial consiste no exame, vistoria ou avaliação de algo. O objeto da
perícia serão os fatos trazidos, seja na petição inicial ou na defesa (contestação),
que precisam de perícia para serem demonstrados. O pedido de perícia ocor-
rerá na petição inicial, por parte do autor, e na defesa, por parte do réu, pois,
caso surja no meio do processo, essa não impõe a necessidade de produção
de prova, podendo a perícia ser indeferida. A nomeação do perito ocorre pelo
juiz, que deve nomear aquele perito que tenha, além da capacidade jurídica,
capacidade técnica, ou seja, deve ter conhecimentos suficientes para exercer
a função pericial.
As respostas que o perito trará no seu laudo são compostas pelos quesitos,
que são as perguntas que se fazem ao perito e às quais, por ordem do juiz, esse
deve responder. O laudo da perícia deve ser fundamentado e deve mostrar os
métodos utilizados para a solução da questão. O perito deverá agir com rigor,
meticulosamente em seu encargo, seu dever.

Prova documental
De todas as espécies de prova, ou meios de prova, a prova documental é, por
natureza de produção, a mais simples. O juiz defere a juntada, os documentos
são trazidos ao processo, e a prova documental está realizada.
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Mas o que são documentos? Tecnicamente falando, são registros de declarações de


vontade, elaborados com o objetivo de perpetuá-las no tempo de modo idôneo e
vincular os declarantes. Sendo assim, é a forma, prescrita ou não defesa, em lei exigida
para validade do negócio jurídico.

Podem haver casos de instrumento público como forma solene indispen-


sável e, quando a forma é livre, o negócio jurídico expressa-se por escritos
particulares. Esses assumem condição de documento desde o momento que
se tornam relevantes para a demonstração da existência ou teor do contrato,
por exemplo.

Prova testemunhal
A prova testemunhal consiste na declaração em juízo de uma pessoa, não
envolvida no processo, que tenha presenciado (por meio da visão ou audição)
algum fato relevante sobre a questão tratada no processo do qual participa.
Caso o depoimento da testemunha diga respeito a algo que já tenha sido
provado no processo, por confissão da parte ou por meio de documentos, ou
não possa comprovar o fato em si, o juiz poderá indeferir a oitiva da testemu-
nha (OLIVEIRA, 2017). Regra geral afirma que qualquer pessoa poderá ser
testemunha, com exceção das pessoas incapazes, impedidas ou suspeitas. São
consideradas incapazes: o interditado, o acometido por enfermidade a ponto
de não conseguir discernir os fatos ocorridos, o cego, o surdo, e o menor de
dezesseis anos. Conforme Oliveira (2017, documento on-line):

São considerados impedidos pela lei: o cônjuge, o companheiro, o ascendente


e o descendente em qualquer grau e o colateral, até o terceiro grau, de alguma
das partes, por consanguinidade ou afinidade, o que é parte na causa, e os
sujeitos que intervém em nome de uma parte (tutor, representante legal da
pessoa jurídica, o juiz, o advogado, etc).
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Prova emprestada
A prova emprestada tornou-se tipificada em nosso ordenamento jurídico após a
vigência da lei 13.105 de 2015 (BRASIL, 2015), sendo aquela que, não obstante
ter sido produzida em outro processo, é transferida para demanda distinta, a
fim de produzir os efeitos de onde não é originária. Muito autores criticavam
esse meio de prova, por alegarem não ser um meio compatível com o princípio
do contraditório, ao buscar em outro processo uma prova produzida por outras
partes, diversas do caso concreto. Contudo, o CPC de 2015 condiciona a prova
emprestada ao direito do contraditório (OLIVEIRA, 2017).
Segundo o entendimento do STJ, as partes de ambos os processos, tanto o
da origem como o de destino da prova emprestada, não precisam ser necessa-
riamente as mesmas para a sua utilização. Porém, alguns tribunais estendiam
tal ponto de forma diversa, razão pela qual foi editado o Enunciado nº 30 da
CJF da 1ª Jornada de direito processual civil, que dispõe: “Enunciado nº 30
CJF – ‘É admissível a prova emprestada, ainda que não haja identidade de
partes, nos termos do art. 372 do CPC’” (OLIVEIRA, 2017, documento on-
-line). Sendo assim, podemos afirmar que o ordenamento jurídico brasileiro foi
prestigiado com mais uma espécie de prova a ser utilizada no processo civil.

Ata notarial
A prova notarial, apesar de já ser utilizada no processo civil há algum tempo,
também é, em termos de legitimidade legal, uma novidade trazida pela lei
13.105, de 2015 (BRASIL, 2015). Trata-se de uma prova que certifica uma
circunstância, um fato, através de um tabelião, sendo lavrada em um cartório
notarial (OLIVEIRA, 2017). A título de exemplo, podemos citar uma ofensa
realizada pela internet. Como sabemos, essa ofensa pode ter seu registro
apagado. Portanto, a ata notarial é um meio de autenticar a veracidade da
existência daquela ofensa em data específica, enquanto houver seu registro.
Oliveira (2017, documento on-line) afirma que:

[…] se constata a importância das provas no processo civil, um dos funda-


mentos que norteia uma decisão judicial. A valoração da prova é um elemento
indispensável para o esclarecimento dos fatos alegados no processo, sendo
sua finalidade evidenciar a controvérsia das circunstâncias ou reafirmar um
direito em conflito entre as partes.
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O Código de Processo Civil de 2015 (BRASIL, 2015) cumpriu seu papel


ao trazer novos elementos para enriquecer o campo probatório do direito
brasileiro, o qual caminha rumo a constante evolução, sempre com o objetivo
de trazer ainda mais acesso a ajustiça aqueles que procuram o Poder Judiciário.

Características das provas em espécie


Conforme Oliveira (2017, documento on-line):

A prova possui um papel fundamental no processo civil brasileiro, seja por


ratificar um direito alegado, ou, até mesmo, por acelerar a prestação jurisdi-
cional de acordo com a qualidade da prova produzida, já que, por meio dela,
pode-se emitir um juízo de certeza ou um “juízo de probabilidade”.
Nas palavras do mestre Carnelutti, a prova, em seu sentido jurídico, consiste
na demonstração da verdade formal dos fatos discutidos, mediante procedi-
mentos determinados, ou seja, de meios legítimos.

Quando qualificamos a prova como meio, estamos nos referindo ao modo


a ser utilizado para formar a convicção de certeza, isto é, prova seria, então,
o meio pelo qual é possível demonstrar o fato perante o juiz. Sendo assim,
quando uma parte junta aos autos algum documento, temos não só a ação de
produzir uma determinada prova, mas também o meio (espécie) de prova,
representada nesse exemplo pelo próprio documento.
Quando falamos em prova, nos referimos ao que pretendemos com ela, ao
que pretendemos provar com determinada documentação ou oitiva de alguma
testemunha. Diferentemente, quando falamos em meio, nos referimos ao
meio que está sendo utilizado, como, no exemplo anterior, o documento, as
testemunhas. Esses são os meios que se pode usar para produzir uma prova.
Os meios legais de prova são definidos em lei: são os meios de prova típicos.
O Código de Processo Civil enumera como meios de prova: o depoimento
pessoal, a exibição de documentos ou coisa, a prova documental, a confissão,
a prova testemunhal, a inspeção judicial e a prova pericial.
Meios de prova moralmente legítimos são aqueles que não estão previstos
em lei. Podem ser utilizados no processo por não violarem a moral e os bons
costumes. O ordenamento jurídico brasileiro prevê a utilização dos meios
juridicamente idôneos, ou seja, dos meios legais de prova e dos meios mo-
ralmente legítimos.
Das provas em espécie 7

Os meios de provas devem estar revestidos dos princípios da moralidade e lealdade,


além de existir a necessidade de serem obtidos de forma legal. Pois, caso não possuam
os requisitos expostos, as provas serão consideradas ilegítimas e, consequentemente,
não serão aproveitadas no julgamento do mérito da ação, ou seja, não poderão ser
objeto de fundamentação na sentença proferida pelo juiz.

A Constituição Federal da República (BRASIL, 1988), em seu artigo 5°,


inciso LVI, veda a utilização de provas obtidas por meios ilícitos, e, caso
seja produzida, esta será considerada inexistente. Sendo assim, para o bom
andamento processual e, por assim dizer, para que consiga a parte interessada
provar aquilo que está dizendo no processo, é de suma importância conhecer
os meios de prova, ou seja, conhecer quais formas poderá trazer aos autos a
demonstração daquilo que acredita ser a verdade dos fatos.
Conhecer as provas, isto é, conhecer as espécies de prova, é condição
indispensável para o bom andamento processual, pois, sabendo as maneiras
que são admitidas para produção de prova, você consegue selecionar, dentre
os materiais que possui para serem juntados ao processo, aqueles que poderão
lhe ajudar no convencimento do Juiz.

Um exemplo prático, que ajuda entender a importância de conhecer sobre as espécies


de prova, seria o seguinte: imaginemos que um vizinho sabe dar as informações sobre
um determinado caso, mas não pode ir até a audiência para dar depoimento. Se você
não conhece os meios de prova, você pode pensar que está perdida a possibilidade
de esse indivíduo auxiliar você no processo. Porém, conhecendo a possibilidade de
ele escrever o que sabe e lhe dar uma declaração por escrito, você poderá utilizar o
conhecimento desse indivíduo a seu favor para o convencimento do juiz.
8 Das provas em espécie

Jurisprudência dos tribunais superiores


acerca das provas em espécie
Sabemos que o juiz é o verdadeiro destinatário das provas, cabendo a ele
deferir sua produção ou rejeitá-las quando se tratar de produção probatória
inútil, protelatória ou desnecessária ao deslinde do feito. Portanto, havendo
algum fato controvertido, o qual depende da constatação de profissional espe-
cializado, cabe ao magistrado utilizar a prova pericial para dirimir qualquer
dúvida. Segue abaixo decisão proferida pelo Tribunal de Justiça do Estado do
Rio de Janeiro, onde se aplicou esse entendimento:

Agravo de Instrumento em face de decisão que determinou a realização da


prova pericial contábil na fase de cumprimento de sentença. Nos termos do
art. 370 do CPC, o juiz é o verdadeiro receptor das provas, cabendo a ele re-
jeitar a produção probatória inútil, protelatória ou desnecessária ao deslinde
do feito, e pelo fato da necessidade da produção da prova pericial. Diante do
fato de haver divergência de cálculos apresentado pelas partes, nada impede
ao Juiz de buscar o real valor devido através do deferimento da prova pericial.
Com efeito, a complexidade da apuração dos valores não demonstra permitir
solução mediante simples análise de documentos. Recurso que se conhece
e se nega provimento.
Agravo de Instrumento nº 0048199-58.2017.8.19.0000 - RELATORA: DES.
NATACHA NASCIMENTO GOMES TOSTES GONÇALVES DE OLIVEI-
RA - 26ª C MARA CÍVEL DO CONSUMIDOR TJ.RJ - DJ-e: 21/09/2017
(OLIVEIRA, 2017, documento on-line).

Podemos ainda analisar o indeferimento de oitiva de testemunhas, o que


também é possível a depender do caso concreto:

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO


MONITÓRIA. PROVA TESTEMUNHAL INDEFERIDA. ACÓRDÃO QUE
RECONHECE A DESNECESSIDADE DE DILAÇÃO PROBATÓRIA. IN-
VERSÃO DO DECIDIDO. SÚMULA 7/STJ. COAÇÃO. MATÉRIA NÃO
APRECIADA. SÚMULAS 282/STF E 211/STJ. AGRAVO REGIMENTAL
IMPROVIDO. 1. O tribunal de origem asseverou que a matéria debatida não
dependia de dilação probatória, porquanto, para o julgador singular, o pedido
de oitiva das testemunhas merecia ser indeferido em razão da suficiência dos
elementos coligidos para o deslinde do feito. Incidência da Súmula 7/STJ.
2. O tema da coação somente foi suscitado nos declaratórios, motivo pelo
qual o Tribunal local dele não conheceu. Aplicação das Súmulas 211/STJ e
282/STF. 3. Agravo regimental a que se nega provimento (BRASIL, 2016,
documento on-line).
Das provas em espécie 9

O princípio da livre persuasão racional estabelece que cabe ao magistrado


avaliar as provas requeridas e rejeitar aquelas que protelariam o andamento
do processo, em desrespeito ao princípio da celeridade processual.
Neste outro exemplo, temos a questão da ilegalidade da prova, pois obtida
sem autorização judicial, contrariando a norma constitucional:

EMENTA CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL PENAL. PERÍCIA REA-


LIZADA PELA AUTORIDADE POLICIAL EM APARELHO CELULAR
ENCONTRADO FORTUITAMENTE NO LOCAL DO CRIME. ACES-
SO À AGENDA TELEFÔNICA E AO REGISTRO DE CHAMADAS SEM
AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. ACÓRDÃO RECORRIDO EM QUE SE
RECONHECEU A ILICITUDE DA PROVA (CF, ART. 5º, INCISO LVII)
POR VIOLAÇÃO DO SIGILO DAS COMUNICAÇÕES (CF, ART. 5º, IN-
CISOS XII). QUESTÃO EMINENTEMENTE CONSTITUCIONAL. MA-
TÉRIA PASSÍVEL DE REPETIÇÃO EM INÚMEROS PROCESSOS, A
REPERCUTIR NA ESFERA DO INTERESSE PÚBLICO. TEMA COM
REPERCUSSÃO GERAL. ARE 1042075 RG / RJ - RIO DE JANEIRO
R EPERC USSÃO GER A L NO R EC U R SO EX T R AOR DI-
NÁR IO COM AGR AVO Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI
Julgamento: 23/11/2017 Órgão Julgador: Tribunal Pleno - meio eletrônico
(BRASIL, 2017, documento on-line).

Assim, o poder punitivo do Estado não pode se pautar por elementos pro-
batórios ilicitamente obtidos, pois isso é grave ofensa ao princípio do devido
processo legal. Isso decorre da necessidade de uma sociedade fundada em
bases democráticas.

1. Sobre a finalidade das provas, público aquilo que está


aponte a alternativa correta. sendo dito no processo.
a) Uma das finalidades das provas d) Uma das finalidades da
é convencer a outra parte a prova é entregar ao processo
respeito das suas alegações. elementos necessários para
b) Uma das finalidades das provas é seu esclarecimento.
convencer a outra parte daquilo e) Uma das finalidades da
que está sendo dito no processo. prova é apenas juntar os
c) Uma das finalidades das provas documentos, sem a intenção
é levar ao conhecimento de convencimento.
10 Das provas em espécie

2. Sobre a prova denominada a) A prova testemunhal


depoimento pessoal, consiste na declaração em
marque a opção correta. juízo de uma pessoa que
a) Somente a parte contrária não é parte no processo.
poderá solicitar o depoimento b) O juiz não poderá indeferir
da outra parte. qualquer prova testemunhal,
b) À parte intimada incumbe em devendo ouvir todas
primeiro lugar comparecer em as testemunhas.
juízo e, sendo assim, prestar c) Mesmo que a pessoa
o depoimento pessoal. tenha relação de amizade,
c) Comete crime de falso ela poderá ser ouvida
testemunho a parte que mentir como testemunha, sem
no seu depoimento pessoal. compromisso com a verdade.
d) A parte não está obrigada a d) O cônjuge poderá ser
responder todas as perguntas ouvido como testemunha,
com lealdade ou clareza, independentemente da situação.
perguntadas pelo juiz. e) A depender da situação,
e) Se a parte não comparecer, os incapazes poderão
ou, comparecendo, se recusar ser testemunhas.
a depor, o juiz constará em 5. Sobre a prova pericial, marque
ata, nada podendo fazer a alternativa correta.
com relação a isso. a) A nomeação do perito ocorre
3. A respeito da prova emprestada, pelo juiz, que deve nomear
marque a alternativa correta. aquele perito que tenha,
a) A prova emprestada além da capacidade jurídica,
sempre teve previsão legal, capacidade técnica, ou seja, deve
desde o CPC de 1973. ter conhecimentos suficientes
b) Para utilização da prova para exercer a função pericial.
emprestada, as partes devem ser b) As perguntas respondidas
necessariamente as mesmas. no laudo do perito dizem
c) A prova emprestada, ao chegar respeito aquelas que ele
no processo de destino, deverá entender necessárias.
sofrer o contraditório, sob pena c) O laudo do perito não precisa ser
de cerceamento de defesa. necessariamente fundamentado,
d) A prova emprestada tem bastando que ele explique
limitações de uso no o caso analisado com as
processo de destino. informações colhidas na perícia.
e) A prova emprestada tem d) Sempre que houver questões
como finalidade a celeridade médicas no processo, será
processual e a possibilidade necessária a realização de perícia.
de não ser mais possível a e) No momento da perícia, as partes
produção de alguma prova. não ficam presentes no ato.
4. Sobre a prova testemunhal,
aponte a opção correta.
Das provas em espécie 11

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988). Brasília, DF, 1988. Disponível
em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso
em: 23 maio 2018.
BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 março de 2015. Código de Processo Civil. Brasília, DF, 2015.
Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.
htm>. Acesso em: 23 maio 2018.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Agravo em Recurso Especial nº 808.107 - DF
(2015/02813355-9). Agravante: Nelma Regina Ferreira dos Santos, Rodolfo Francisco
dos Santos. Agravado: Hospital Santa Lúcia S/A. Relator: Ministro Marco Aurélio Bellizze.
Brasília, 08 março de 2016. Diário Oficial, Brasília, DF, p. 2577, 14 mar. 2016. Disponível
em: <https://www.jusbrasil.com.br/diarios/111032781/stj-14-03-2016-pg-2577>. Acesso
em: 23 maio 2018.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Plenário virtual. Brasília, DF, 31 out. 2017. Disponível
em:<http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/verPronunciamento.
asp?pronunciamento=7156165>. Acesso em: 23 maio 2018.
OLIVEIRA, T. M. M. de. As espécies de provas sob a ótica do novo Código de Processo Ci-
vil. Âmbito Jurídico, Rio Grande, n. 166, nov. 2017. Disponível em:<http://ambitojuridico.
com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=19765&revista_caderno=21>.
Acesso em: 23 maio 2018.

Leituras recomendadas
BUENO, C. S. Manual do Direito Processual Civil. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
CABRAL, E. P. Inversão do ônus da prova no processo civil do consumidor. São Paulo:
Método, 2008.
PARIZATTO, J. R. Manual prático do novo Código de Processo Civil. São Paulo: Edipa, 2015.
MARINONI, L. G.; ARENHART, S. C.; MITIDIERO, D. Novo Código de Processo Civil comen-
tado. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
SILVA, E. C. Da prova: jurisprudência do STF e STJ em relação às provas ilícitas. Brasília:
[s.n.], 2013. Disponível em: <http://vallisneyoliveira.com/arquivos/Trab2%20ESTER%20
CARDOSO%20Jurisprud%C3%AAncia%20STJ-STF%20provas%20il%C3%ADcitas%20
TGP2%20UnB%201-2013.doc.pdf>. Acesso em: 23 maio 2018.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
Dica do professor
O juiz é considerado o destinatário da prova, já que está atribuída a ele a responsabilidade de
apreciar aquilo que é provado a respeito dos fatos alegados pelas partes e, a partir disso, aplicar a
regra, acolhendo ou não a pretensão formulada pelas partes. Existem diversas espécies de provas
que podem ser empregadas no processo civil brasileiro. Dentre elas, está o depoimento pessoal.

Nesta Dica do Professor, você vai entender como ocorre o depoimento pessoal das partes no
momento da audiência e como funciona a dinâmica dos depoimentos.

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Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

As espécies de provas sob a ótica do Novo CPC


Elucida alguns aspectos referentes as provas no processo civil brasileiro, de acordo com a nova
regulamentação da lei 13.105 de 2015, com comentários sobre algumas espécies de provas
existentes no nosso ordenamento jurídico pátrio.

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