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OS EFEITOS DA QUEBRA DA CADEIA DE CUSTÓDIA DAS PROVAS


NO PROCESSO PENAL: NECESSIDADE DE
DESENTRANHAMENTO?

Isabella dos SANTOS1

RESUMO: Este artigo pretende analisar a cadeia de custódia da prova no processo


penal, abordando uma visão geral sobre a prova, seus princípios correlatos, a
definição da cadeia de custódia e sua relevância para resguardar a prova penal, a
regulamentação da cadeia de custódia realizada pelo pacote anticrime, além de
apresentar os efeitos da ausência da cadeia de custódia.

Palavras-chave: Provas; Cadeia de Custódia; Processo Penal.

INTRODUÇÃO

A cadeia de custódia gera muita discussão hodiernamente, posto que este


instituto foi positivado recentemente no Código de Processo Penal, por intermédio
da Lei nº 13.964/2019, denominada Pacote “Anticrime”.
O objetivo do presente trabalho é responder qual a importância da cadeia de
custódia das provas e, os efeitos da sua ausência no ordenamento jurídico
brasileiro. Para isso, o artigo científico tem como objetivos específicos explicar o que
é a prova, apresentar os princípios correlatos com o tema, definir o que é a cadeia
de custódia e a sua relevância para resguardar a prova penal, elucidar a
regulamentação da cadeia de custódia das provas no processo penal, e por fim,
apresentar os efeitos da quebra da cadeia de custódia, trazendo estudos de caso.
No caminho a ser percorrido faz-se necessário entender que a prova serve
para demonstrar a veracidade dos fatos, a fim de promover o convencimento do juiz,
sendo a este incumbido o controle epistêmico.

1
Discente do 10º período do curso de Direito do Centro Universitário Santa Cruz, de Curitiba-PR. E-
mail: isabernardinis@hotmail.com – Artigo protocolado no dia 19/11/2020, como Trabalho de
Conclusão de Curso para o Curso de Direito do Centro Universitário Santa Cruz, de Curitiba-PR, sob
a orientação do Professor Me. Israel Rutte.
2

Cabe salientar, ainda, que serão abordados neste trabalho alguns princípios
do processo penal, sendo eles: o do devido processo legal; o do contraditório; o da
ampla defesa; o da presunção de inocência; e o da inadmissibilidade das provas
ilícitas, inclusive tratando da prova ilícita por derivação, tal como registrando a
diferença doutrinária entre a prova ilícita e a prova ilegítima.
Assim, pode-se compreender que a cadeia de custódia das provas representa
a cautela que se tem que ter com todos os elementos que possam vir a ser prova no
processo, uma vez que estes poderão amparar o juiz a determinar os fatos que são
importantes para o caso concreto. Isto é, a cadeia de custódia garante que o
conjunto probatório será formado apenas por elementos confiáveis.
Pontuar-se-á, ainda, sobre a regulamentação da cadeia de custódia, pois é
necessário que as autoridades resguardem os elementos sensíveis (vestígios)
deixados pela infração, promovendo o rastreamento de todas as etapas:
reconhecimento, isolamento, fixação, coleta, acondicionamento, transporte,
recebimento, processamento, armazenamento e descarte. Deste modo, se assim
procederem, as provas carreadas aos autos não incidirão em possíveis ilicitudes,
podendo o magistrado fundamentar sua decisão em fatos verossímeis atestados por
provas idôneas.
Posto isto, a inobservância no manuseio das provas configurará na quebra da
cadeia de custódia, denominada também como “break on the chain of custody”,
havendo posicionamentos diversos acerca do desentranhamento do elemento
probatório obtido por métodos ocultos.
O trabalho, ainda, apresentará dois processos em que ocorreu a quebra da
cadeia de custódia. Nesta esteira, o primeiro trata-se do caso em que o delator
Joesley Batista entregou à Procuradoria Geral da República um pen drive contendo
a gravação ambiental de uma conversa entre ele e o ex-presidente Michel Temer, e
o segundo é o caso da Operação Negócio da China.
Por fim, importante destacar que o presente trabalho foi iniciado no ano de
2018, antes mesmo de ser realizada a regulamentação da cadeia de custódia das
provas no processo penal, ou seja, quando existia uma discussão voltada aos
efeitos da teoria, sendo finalizado no ano de 2020.
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1 CONSIDERAÇÕES ACERCA DA PROVA NO PROCESSO PENAL

Este capítulo abordará algumas considerações a respeito da prova, isto para


que em momento oportuno seja possível compreender a relevância da
regulamentação do instituto da cadeia de custódia no ordenamento jurídico
brasileiro, e a pertinência da sua aplicação para resguardar a prova, tais como os
efeitos da sua ausência no contexto processual penal.

1.1 CONCEITO DE PROVA

O tema provas é o cerne do processo penal, visto que tudo circula na


adjacência delas. Entretanto, equivocadamente, acredita-se que o que é perceptível
exonera as provas pelo simples fato de ser óbvio, e é neste ponto que mora o risco
do “desamor do contraditório”, conforme leciona Rui Cunha Martins (2010, p. 49).
Nos ensinamentos de Nucci (2014, p.338) o termo prova significa:

Ensaio, verificação, inspeção, exame, argumento, razão, aprovação ou


confirmação. Dele deriva o verbo provar – probare –, significando ensaiar,
verificar, examinar, reconhecer por experiência, aprovar, estar satisfeito com
algo, persuadir alguém a alguma coisa ou demonstrar.

Nessa linha, Aury Lopes Junior (2020, p. 558) acrescenta que “as provas são
os materiais que permitem a reconstrução histórica e sobre os quais recai a tarefa
de verificação das hipóteses, com a finalidade de convencer o juiz (função
persuasiva)”.
De outra maneira, as provas são instrumentos utilizados para que se possa
atingir o fim de restaurar, tanto quanto possível, o fato delitivo, possuindo, desta
forma, a função de estruturar a captura psíquica do juiz e de representar a
reconstrução histórica de uma ocorrência anterior.
É relevante salientar o dever do processo penal na reconstrução histórica dos
fatos em cada ação judicial, com a finalidade de dirigir o conhecimento indispensável
sobre o acontecido perante o magistrado.
Para tal, é fundamental realizar uma reformulação fática por intermédio das
provas juntadas nos autos. De acordo com Antônio Magalhães (2001, p. 53):
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Os mecanismos probatórios servem à formação do convencimento do juiz e,


concomitantemente, cumprem função não menos relevante de justificar
perante o corpo social a decisão adotada; assim, considerar a prova como a
alma do processo tanto pode significar a exaltação do seu valor interno – de
instrumento pelo qual o juiz se esclarece sobre os fatos –, como a
identificação de um elemento vivificador através do qual a atividade
processual assimila valores e símbolos vigentes na sociedade, propiciando
em contrapartida, a adesão do grupo ao pronunciamento resultante.

Deste modo, entende-se que é por meio do direito processual penal que o
Estado oferece ferramentas essenciais para a reconstrução de um fato passado,
tendo como objetivo futuro o exercício ou não do jus puniendi, correspondendo à
prova como meio selecionado para tanto.
É cediço que a prova exerce uma função indispensável no processo penal,
tendo em vista que é o instrumento primordial para reorganizar fato anterior, a fim de
que o magistrado construa sua convicção.
Nos ensinamentos de Gascón Abellán (2013, p. 192):

No puede desconocerse la gran capacidad de persuasión e influencia que


una prueba científica puede tener sobre la convicción judicial, con lo que si
se admite su entrada en el proceso sin ningún control se corre el riesgo de
que, al final, la decisión venga determinada por pura y simple junk science.
Por eso, parece más apropriada la opción alternativa, esto es, la que aboga
por establecer un estándar objetivo de admisibilidad científica de las
pruebas junto al examen de su admisibilidad procesal.

Em suma, é fundamental que a sentença proferida pelo magistrado esteja


embasada na veracidade dos fatos, tornando-se exequível por meio da produção de
provas devidamente custodiadas.

1.2 OBJETO DA PROVA

O objeto é o conhecimento necessário adquirido pelo magistrado para a


resolução da causa. Segundo Nestor Távora (2012, [s/p]) objeto “é o que de
fundamental deve estar conhecido e demonstrado para viabilizar o julgamento”.
Cabe destacar, didaticamente, a distinção entre objeto de prova e objeto da
prova.
Fernando Capez define objeto de prova como (2011, p. 344) “toda
circunstância, fato ou alegação referente ao litígio sobre os quais pesa incerteza, e
que precisam ser demonstrados perante o juiz para o deslinde da causa”.
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Em outras palavras, objeto de prova são fatos, circunstâncias ou alegações


que precisam de comprovação. Nada obstante, existem fatos que dispensam prova,
como, por exemplo: os fatos notórios, intuitivos e inúteis; o direito federal; e, as
presunções legais (TÁVORA, 2012, [s/p]).
Por sua vez, objeto da prova, de acordo com Paulo Rangel (2006, p. 381) se
conceitua como:

O fato, o acontecimento que deve ser conhecido pelo juiz, a fim de que
possa emitir um juízo de valor. São os fatos sobre os quais versa o caso
penal. Ou seja, é o thema probandum que serve de base à imputação penal
feita pelo Ministério Público. É a verdade dos fatos imputados ao réu com
todas as suas circunstâncias.

Destarte, objeto da prova diz respeito aos importantes acontecimentos, isto é,


fatos ou alegações necessárias para a resolução da causa.
Portanto, nota-se que a principal diferença entre esses conceitos versa a
questão da comprovação, isto porque o objeto de prova é o fato que
necessariamente precisa ser comprovado, salvo exceções, enquanto o objeto da
prova deve estar obrigatoriamente elencado na veracidade dos fatos, pois emite um
juízo de valor, justificando, assim, sua importância para a cadeia de custódia.

2 PRINCÍPIOS CORRELATOS COM A CADEIA DE CUSTÓDIA DA


PROVA

Neste capítulo serão abordados os princípios primordiais relacionados com a


cadeia de custódia da prova penal, sendo eles: o princípio do devido processo legal;
o princípio do contraditório; o princípio da ampla defesa; o princípio da presunção de
inocência; e, por fim, o da inadmissibilidade das provas ilícitas.

2.1 PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL

O devido processo legal é um princípio correlato às provas no processo penal,


deste modo, cabe ressaltar que qualquer interpretação legal-normativa tem a
obrigação de cumprir com essa garantia fundamental. Assim o é porque, segundo
leciona André Nicolitt (2012, [s/p]):
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O devido processo legal é um conjunto de princípios, como o contraditório, a


ampla defesa, a presunção de inocência, a motivação etc. Aqui isto fica
muito evidente, pois temos que trabalhar também com o princípio da
presunção de inocência, o que impõe à acusação o ônus da prova e ainda
como regra de julgamento o in dubio pro reo. Destarte, se a prova produzida
sob o crivo do contraditório, por si só, é incapaz de possibilitar a formação
de um juízo condenatório, está evidenciada insuficiência de prova, impondo-
se a absolvição do réu.

O referido direito possui previsão no artigo 5º, inciso LIV da Constituição da


República Federativa do Brasil, garantindo que “ninguém será privado da liberdade
ou de seus bens sem o devido processo legal”.
De acordo com Barroso (2008, p. 66), o princípio do devido processo legal
assegura

a todos o direito a um processo com todas as etapas previstas em lei e


todas as garantias constitucionais. Se no processo não forem observadas
as regras básicas, ele se tornará nulo. É considerado o mais importante dos
princípios constitucionais, pois dele derivam todos os demais. Ele reflete em
uma dupla proteção ao sujeito, no âmbito material e formal, de forma que o
indivíduo receba instrumentos para atuar com paridade de condições com o
Estado-persecutor.

À vista disso, entende-se que o referido princípio é o mais relevante do


processo penal, porque assegura todas as garantias constitucionais e etapas
processuais com previsão legal.
Logo, se houver inobservância a este princípio, o processo se tornará nulo,
considerando a ausência de paridade de condições entre as partes que o referido
princípio proporciona.
Por último, cabe ressalvar que é do princípio do devido processo legal que
decorre os demais princípios que serão tratados adiante.

2.2 PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO

O princípio do contraditório é uma garantia fundamental, e assim como o


princípio da ampla defesa, possui previsão no artigo 5º, inciso LV da Constituição da
República Federativa do Brasil, com a seguinte redação: “aos litigantes, em
processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”.
Para Aury Lopes Junior (2020, p. 145) o contraditório é conceituado como:
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Um método de confrontação da prova e comprovação da verdade,


fundando-se não mais sobre um juízo potestativo, mas sobre o conflito,
disciplinado e ritualizado, entre partes contrapostas: a acusação (expressão
do interesse punitivo do Estado) e a defesa (expressão do interesse do
acusado [e da sociedade] em ficar livre de acusações infundadas e imunes
a penas arbitrárias e desproporcionadas). É imprescindível para a própria
existência da estrutura dialética do processo.

Por conseguinte, o princípio do contraditório é um procedimento de debate


oportunizado para ambas as partes, no tocante a aceitar, modificar ou discordar dos
fatos e direitos alegados, garantindo a imparcialidade do juiz na valoração do que foi
trazido pelas partes ao processo.
Este princípio é fundamental quando tratamos da cadeia de custódia da prova
penal, isso porque quaisquer provas trazidas ao processo fazem jus à contraprova.
Desta forma, se a prova não for sujeita a análise do contraditório, não poderá ser
conhecida pelo juiz.
Diante disto, e de acordo com Geraldo Prado (2014, p. 45):

Em um processo acusatório, este controle vertical dos elementos


probatórios, que incide sobre as informações aportadas pelas partes, torna-
se indispensável não apenas para assegurar a eficácia do contraditório
como também para garantir que o processo, como entidade epistêmica,
esteja eticamente fundamentado.

Destarte, a dialética entre as partes não é fundamental apenas na garantia do


contraditório, mas também como garantia da fundamentação do processo para
adequado controle epistêmico promovido pelo juiz, para que não incorra em decisão
arbitrária.

2.3 PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA

Como dito no tópico anterior, o princípio da ampla defesa e do contraditório


possuem previsão no mesmo dispositivo, qual seja o artigo 5º, inciso LV da
Constituição da República Federativa do Brasil. Isto posto, cabe destacar que
embora distintos de certa forma, esses dois princípios se complementam.
Nesse viés, Pellegrini Grinover (1992, p. 63), elucida que:

Defesa e contraditório estão indissoluvelmente ligados, porquanto é do


contraditório (visto em seu primeiro momento, da informação) que brota o
exercício da defesa; mas é esta – como poder correlato ao de ação – que
garante o contraditório. A defesa, assim, garante o contraditório, mas
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também por este se manifesta e é garantida. Eis a íntima relação e


interação da defesa e do contraditório.

Aury Lopes Junior (2020, p. 147) explica que a ampla defesa possui dois
aspectos, sendo eles a autodefesa e a defesa técnica. A autodefesa é aquela
exercida por meio do próprio acusado, enquanto a defesa técnica é aquela exercida
por meio de profissional habilitado.
Como complemento, Igor Luis (2012, p. 270) expõe que o princípio da ampla
defesa traz “a possibilidade de utilização de todos os meios de prova passíveis de
demonstrar a inocência do acusado”.
Em relação ao dispositivo probatório, cabe destacar o entendimento de
Geraldo Prado (2014, p. 41): “a defesa, por sua vez, tem o direito de conhecer a
totalidade dos citados elementos informativos para rastrear a legalidade da atividade
persecutória, pois de outra maneira não haveria como identificar provas ilícitas”.
Precisamente, nota-se que é um dever do Estado proporcionar a mais vasta
defesa ao acusado em relação à imputação feita, em especial quando tratar das
provas.

2.4 PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA

O princípio da presunção de inocência possui previsão no artigo 5º, inciso LVII


da Constituição da República Federativa do Brasil, com a seguinte redação:
“ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória”.
Cabe salientar ainda que, na dúvida, a interpretação deverá ser feita em favor
do réu (in dubio pro reo).
No entendimento de Geraldo Prado (2019, p. 12):

O processo penal regido pela presunção de inocência deve tutelar com


muito cuidado a atividade probatória, por meio da adoção de um rigoroso
sistema de controles epistêmicos que seja capaz de dominar o
decisionismo, que é identificado no texto como a “possiblidade de decisão
arbitrária, dependendo unicamente da possibilidade de decidir”, algo que é
quase da genealogia da inquisitiva verdade real.

Nesse sentido, Aury Lopes Junior (2020, p. 590) preleciona que:


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A presunção de inocência deve conduzir a uma pré-ocupação dos espaços


mentais decisórios do juiz, gerando uma respectiva preocupação, por parte
do juiz, em assim tratar o acusado até que a acusação derrube a
presunção, comprovando a autoria e a materialidade do crime.

Assim, quando o processo penal é carreado unicamente com provas ilícitas,


deve ser consagrado “a presunção de inocência do imputado é a garantia de seus
direitos fundamentais frente ao poder punitivo”, segundo Francisco Muñoz Conde
(2008, p. 17, apud PRADO, 2014, p. 17).
Nesse viés, Geraldo Prado (2014, p. 17) pondera que:

O papel que a presunção de inocência joga nos dias atuais consiste, pois,
em fundar o estado original de incerteza que marcará a persecução penal,
da notícia crime ao momento imediatamente anterior ao trânsito em julgado
da sentença penal condenatória.

Assim sendo, nota-se que a presunção de inocência norteia o processo penal


no ordenamento jurídico, e que incumbe ao magistrado o papel de tutor jurídico
constitucional da presunção de inocência e não a de “buscador” da verdade real
(PRADO, 2019, p. 13), tornando, dessa forma, fundamental para a cadeia de
custódia da prova, o referido princípio.

2.5 PRINCÍPIO DA INADMISSIBILIDADE DE PROVAS ILÍCITAS

O princípio da inadmissibilidade de provas ilícitas está previsto no artigo 5º,


inciso LVI da Constituição da República Federativa do Brasil, com a seguinte
redação: “são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos”.
Ainda, cabe destacar que o artigo 157 do Código de Processo Penal, dispõe
que: “são inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas
ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais”.

2.5.1 Prova ilícita X Prova ilegítima

De acordo com Aury Lopes Junior (2020, p. 630) existe diferença entre prova
ilícita e prova ilegítima.

Prova ilegítima: quando ocorre a violação de uma regra de direito


processual penal no momento da sua produção em juízo, no processo. A
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proibição tem natureza exclusivamente processual, quando for imposta em


função de interesses atinentes à lógica e à finalidade do processo.
(...)
Prova ilícita: é aquela que viola regra de direito material ou a Constituição
no momento da sua coleta, anterior ou concomitante ao processo, mas
sempre exterior a este (fora do processo).

Na cadeia de custódia a prova ilegítima não detém relevância, entretanto, o


conceito de prova ilícita é utilizado e compreendido como uma evidência (originária
ou derivada) obtida por intermédio de inobservância a princípios ou normas de
direito material.

2.5.2 Prova ilícita por derivação

A prova ilícita por derivação possui origem na teoria dos frutos da árvore
envenena (fruits of poisonuous tree), do direito estadunidense.
Essa teoria explica que, se a prova originária produzida for considerada ilícita,
todas as provas obtidas a partir dela serão consideradas ilícitas por derivação. Ou
seja, se a árvore está contaminada, os frutos que dela derivam estão contaminados
também.
Nas palavras de Aury Lopes Junior (2020, p. 639):

Voltando ao princípio da contaminação, entendemos que o vício se


transmite a todos os elementos probatórios obtidos a partir do ato
maculado, literalmente contaminando-os com a mesma intensidade. Dessa
forma, devem ser desentranhados o ato originariamente viciado e todos os
que dele derivem ou decorram, pois igualmente ilícita é a prova que deles
se obteve.

Em síntese, as provas ilícitas originárias e/ou derivadas devem ser extraídas


do processo, tendo em vista a inadmissibilidade delas.

3 CADEIA DE CUSTÓDIA E SUA RELEVÂNCIA PARA


RESGUARDAR A PROVA PENAL

Este capítulo tem como escopo conceituar a cadeia de custódia da prova


penal e explicar a finalidade desse dispositivo, para que se possa demonstrar a
importância da conservação da prova penal para o ordenamento jurídico brasileiro.
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3.1 DEFINIÇÃO DE CADEIA DE CUSTÓDIA

Alberi Espindula (2009, p. 163) define a cadeia de custódia como:

Garantia de total proteção aos elementos encontrados e que terão um


caminho a percorrer, passando por manuseio de pessoas, análises,
estudos, experimentações e demonstração – apresentação, até o ato final
do processo criminal.

Como complemento deste conceito, cabe também salientar a definição de


Margarida Helena (2009, p.18):

Cadeia de custódia é procedimento preponderante e de suma importância


para a garantia e transparência na apuração criminal quanto à prova
material, sendo relato fiel de todas as ocorrências da evidência, vinculando
os fatos e criando um lastro de autenticidade jurídica entre o tipo criminal,
autor e vítima.

Já para Geraldo Prado (2014, p. 80), a cadeia de custódia pode ser definida
como um “dispositivo que pretende assegurar a integridade dos elementos
probatórios, não obstante o seu significado em termos de redução de complexidade
de garantia constitucional contra a prova ilícita”.
Nesse mesmo viés, Aury Lopes Junior (2020, p. 658) aduz que:

A cadeia de custódia exige o estabelecimento de um procedimento regrado


e formalizado, documentando toda a cronologia existencial daquela prova,
para permitir a posterior validação em juízo e exercício do controle
epistêmico.

Ainda, o artigo 158-A, caput, do Código de Processo Penal conceitua a cadeia


de custódia da prova da seguinte maneira:

Art. 158-A. Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os


procedimentos utilizados para manter e documentar a história cronológica
do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua
posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte.

Portanto, a cadeia de custódia pode ser delineada como um sistema que visa
garantir a conservação, integridade e a idoneidade dos componentes usados
ocasionalmente como provas.
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Isto posto, a cadeia de custódia pode ser considerada como um sistema de


controle epistêmico que garante e impõe veracidade de certos elementos
probatórios.

3.2 OBJETIVO E FINALIDADE DA CADEIA DE CUSTÓDIA

É imprescindível que as fontes de provas sejam resguardadas ao longo da


investigação penal, neste ponto, entra a cadeia de custódia.
De acordo com Geraldo Prado (2019, p.11), “os dispositivos que conformam o
sistema de controles epistêmicos asseguram fiabilidade às provas produzidas pelas
partes em um processo criminal concreto”.
No entanto, a preservação das fontes de prova não tem relação somente com
a idoneidade da cadeia de custódia, mas também com o impedimento do uso da
prova pelas partes (acusação e defesa), conforme será explicado no decorrer do
artigo.
Não pode o magistrado ajustar sua convicção com base em uma prova a qual
a fonte se desconhece. Nos dizeres de Geraldo Prado (2014, p. 55), é
imprescindível para o processo penal averiguar:

A estrita legalidade da obtenção e preservação dos meios de prova – isto é,


da escrupulosa legalidade do acesso às fontes de prova e da manutenção
destas fontes em condição de serem consultadas, oportunamente, pelas
partes.

Porém, não basta saber a fonte preliminar da prova, é indispensável conhecer


a íntegra da cadeia de custódia.
O apreço pela total conservação da cadeia de custódia alcança a estrutura
penal por completo em que a prova está posta, a considerar que se tornarão
responsáveis pela integridade da cadeia de custódia todos os agentes do Estado.
Girlei Veloso Marinho (2011, p. 12) leciona que:

O Estado também não tem apenas o dever de preservar a integridade e


idoneidade da prova, mas, também de mostrar a história da prova, ou seja,
a sua origem, sua natureza, como foi coletada, hora e data de cada ato,
como foi acondicionada, transportada, armazenada e analisada com registro
de todos os atos integrante da cadeia de custódia. Desse modo, podemos
dizer que a prova fora produzida de forma transparente e com qualidade,
permitindo assegurar a memória de todas as fases.
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Deste modo, a cadeia de custódia é composta por uma sequência de


metodologias científicas e técnicas que providenciam o conhecimento fundamental
da prova, na íntegra, a contar de seu início, vez que de acordo com William Twining
(2015, p. 121):

Las reglas que gobiernan los procedimientos penales ‘tienen por objeto
proporcionar una decisión justa de cada proceso criminal’ y están
‘construidas para asegurar la simplicidad en el procedimiento, la
imparcialidad en la administración, y la eliminación de gastos y retrasos
injustificados.

Além disto, é fundamental à defesa a ciência sobre a fonte da prova,


cumprindo, desta forma, com as garantias fundamentais previstas na Constituição
da República Federativa do Brasil. De acordo com Geraldo Prado (2014, p. 79):

O rastreamento das fontes de prova será uma tarefa impossível se parcela


dos elementos probatórios colhidos de forma encadeada vier a ser
destruída. Sem esse rastreamento, a identificação do vínculo eventualmente
existente entre uma prova aparentemente lícita e outra, anterior, ilícita, de
que a primeira é derivada, dificilmente será revelado. Os suportes técnicos,
pois, têm uma importância para o processo penal que transcende a simples
condição de ferramentas de apoio à polícia para execução de ordens
judiciais.

Nesse contexto, cabe ainda enfatizar o entendimento de Aury Lopes Junior e


Alexandre Moraes da Rosa (2015, [s/p]) acerca da cadeia de custódia:

O cuidado é necessário e justificado: quer-se impedir a manipulação


indevida da prova com o propósito de incriminar (ou isentar) alguém de
responsabilidade, com vistas a obter a melhor qualidade da decisão judicial
e impedir uma decisão injusta. Mas o fundamento vai além: não se limita a
perquirir a boa ou má-fé dos agentes policiais/estatais que manusearam a
prova. Não se trata nem de presumir a boa-fé, nem a má-fé, mas sim de
objetivamente definir um procedimento que garanta e acredite a prova
independente da problemática em torno do elemento subjetivo do agente. A
discussão acerca da subjetividade deve dar lugar a critérios objetivos,
empiricamente comprováveis, que independam da prova de má-fé ou
‘bondade e lisura’ do agente estatal.

Diante disto, entende-se que a cadeia de custódia possui o objetivo de


impossibilitar o manejo impróprio da prova logo após o confisco dos elementos
desta, com a finalidade principal de tutelar a integridade e idoneidade destes
elementos, que servirão para a precaução a uma possível sentença errônea
proferida pelo juiz, quiçá enganado pela inautêntica convicção formada por
elementos que não tiveram suas fontes conservadas.
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4 A REGULAMENTAÇÃO DA CADEIA DE CUSTÓDIA DAS


PROVAS NO PROCESSO PENAL

Este capítulo abordará a regulamentação da cadeia de custódia, vez que a


Lei nº 13.964/2019 traz relevantes modificações no Código de Processo Penal,
principalmente quando trata da cadeia de custódia da prova penal, isto porque não
era positivada anteriormente. Nesse sentido, a referida lei inseriu, no Código de
Processo Penal, os artigos 158-A, B, C, D, E e F.
Como tratado anteriormente, no capítulo 3 deste trabalho, o artigo 158-A, do
Código de Processo Penal, conceitua a cadeia de custódia da prova da seguinte
maneira, repise-se:

Art. 158-A. Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os


procedimentos utilizados para manter e documentar a história cronológica
do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua
posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte.
§ 1º O início da cadeia de custódia dá-se com a preservação do local de
crime ou com procedimentos policiais ou periciais nos quais seja detectada
a existência de vestígio.
§ 2º O agente público que reconhecer um elemento como de potencial
interesse para a produção da prova pericial fica responsável por sua
preservação.
§ 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado
ou recolhido, que se relaciona à infração penal.

Entretanto, embora haja previsão no dispositivo, a cadeia de custódia não


está limitada apenas a objetos materiais, mas também elementos imateriais, como,
por exemplo: arquivos registrados de interceptações telefônicas ou telemáticas
(GOMES, 2017, p. 605-632).
Sendo assim, a cadeia de custódia não pode determinar-se apenas nas
provas periciais, devendo ser aplicada de maneira ampla, englobando todas as
fontes de prova.
De acordo Leonardo Machado (2019, [s/p]), o artigo 158-A, § 1º do Código de
Processo Penal, dispõe que a cadeia de custódia se inicia com a preservação do
local do crime, sendo estabelecida por meio de procedimentos policiais ou periciais
que identificam a existência de vestígio. Além disso, o artigo 158-A, § 2º do Código
de Processo Penal, dispõe que “o agente público que reconhecer um elemento
como de potencial interesse para a produção da prova pericial fica responsável por
sua preservação”.
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Nessa perspectiva, ainda em concordância com o que diz Leonardo Machado


(2019, [s/p]), a cadeia de custódia compete ao sistema da Justiça Criminal por
completo, alcançando todos os sujeitos “responsáveis pela sua preservação”, que
inicializa “na fase de investigação preliminar, porém se estende até o processo
criminal, na medida em que alcança todo o caminho percorrido pela prova”.
De acordo com Aury Lopes Junior (2020, p. 658), quanto à cautela dos
agentes na preservação da cadeia de custódia, é válido destacar que:

A preservação da cadeia de custódia exige grande cautela por parte dos


agentes do estado, da coleta à análise, de modo que se exige o menor
número de custódios possível e a menor manipulação do material. O menor
número de pessoas manipulando o material faz com que seja menos
manipulado e a menor manipulação conduz a menor exposição. Expor
menos é proteção e defesa da credibilidade do material probatório.

Nessa linha, Alberi Espindula (2009, p. 165) defende que é importante


esclarecer que:

A cadeia de custódia não está restrita só ao âmbito da perícia criminal, mas


envolve desde a delegacia policial, quando apreende algum objeto e já deve
observar com rigor tais procedimentos da cadeia de custódia. Podemos
voltar mais ainda: qualquer policial, seja ele civil ou militar, que for receptor
de algum objeto material que possa estar relacionado a alguma ocorrência,
deve também – já no seu recebimento ou achado – proceder com os
cuidados da cadeia de custódia. E essas preocupações vão além da polícia
e da perícia, estendendo-se aos momentos de trâmites desses objetos da
fase do processo criminal, tanto no ministério público quanto na própria
justiça. Os procedimentos da cadeia de custódia devem continuar até o
processo ter transitado em julgado.

Ademais, Aury Lopes Junior (2020, p. 651) traz que “para essa preservação
das fontes de prova, através da manutenção da cadeia de custódia, exige a prática
de uma série de atos, um verdadeiro protocolo de custódia, cujo passo a passo vem
dado pelo art. 158-B e s.”.2

2
Art. 158-B. A cadeia de custódia compreende o rastreamento do vestígio nas seguintes etapas:
I – reconhecimento: ato de distinguir um elemento como de potencial interesse para a produção da
prova pericial;
II – isolamento: ato de evitar que se altere o estado das coisas, devendo isolar e preservar o
ambiente imediato, mediato e relacionado aos vestígios e local de crime;
III – fixação: descrição detalhada do vestígio conforme se encontra no local de crime ou no corpo de
delito, e a sua posição na área de exames, podendo ser ilustrada por fotografias, filmagens ou croqui,
sendo indispensável a sua descrição no laudo pericial produzido pelo perito responsável pelo
atendimento;
IV – coleta: ato de recolher o vestígio que será́ submetido à análise pericial, respeitando suas
características e natureza;
16

O referido artigo compreende o rastreamento das provas nas etapas de


reconhecimento, isolamento, fixação, coleta, acondicionamento, transporte,
recebimento, processamento, armazenamento até o descarte.
Já, o artigo 158-C, caput, do Código de Processo Penal determina que “a
coleta dos vestígios deverá ser realizada preferencialmente por perito oficial, que
dará o encaminhamento necessário para a central de custódia, mesmo quando for
necessária a realização de exames complementares”.
Ademais, o parágrafo primeiro do aludido artigo acrescenta que a íntegra dos
vestígios coletados no inquérito policial ou no processo penal “deverão
obrigatoriamente ser remetidos à central de custódia” (MACHADO, 2019, [s/p]).
Nesse viés, o artigo 158-E, caput, do Código de Processo Penal, acrescenta
que “todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma central de custódia
destinada à guarda e controle dos vestígios, e sua gestão deve ser vinculada
diretamente ao órgão central de perícia oficial de natureza criminal”.
Todavia, o artigo 158-F, parágrafo único, do Código de Processo Penal,
dispõe que, na ausência de espaço para o armazenamento de materiais, a
autoridade policial ou judiciária determinará “as condições de depósito do referido
material em local diverso, mediante requerimento do diretor do órgão central de
perícia oficial de natureza criminal” (MACHADO, 2019, [s/p]).
Não diferentemente, o artigo 158-D, do Código de Processo Penal, evidencia
que as regras técnicas devem ser obedecidas em todas as fases da cadeia de
custódia, a saber:

V – acondicionamento: procedimento por meio do qual cada vestígio coletado é embalado de forma
individualizada, de acordo com suas características físicas, químicas e biológicas, para posterior
análise, com anotação da data, hora e nome de quem realizou a coleta e o acondicionamento;
VI – transporte: ato de transferir o vestígio de um local para o outro, utilizando as condições
adequadas (embalagens, veículos, temperatura, entre outras), de modo a garantir a manutenção de
suas características originais, bem como o controle de sua posse;
VII – recebimento: ato formal de transferência da posse do vestígio, que deve ser documentado com,
no mínimo, informações referentes ao número de procedimento e unidade de polícia judiciária
relacionada, local de origem, nome de quem transportou o vestígio, código de rastreamento, natureza
do exame, tipo do vestígio, protocolo, assinatura e identificação de quem o recebeu;
VIII – processamento: exame pericial em si, manipulação do vestígio de acordo com a metodologia
adequada às suas características biológicas, físicas e químicas, a fim de se obter o resultado
desejado, que deverá ser formalizado em laudo produzido por perito;
IX – armazenamento: procedimento referente à guarda, em condições adequadas, do material a ser
processado, guardado para realização de contraperícia, descartado ou transportado, com vinculação
ao número do laudo correspondente;
X - descarte: procedimento referente à liberação do vestígio, respeitando a legislação vigente e,
quando pertinente, mediante autorização judicial.
17

Art. 158-D. O recipiente para acondicionamento do vestígio será


determinado pela natureza do material.
§ 1º Todos os recipientes deverão ser selados com lacres, com numeração
individualizada, de forma a garantir a inviolabilidade e a idoneidade do
vestígio durante o transporte.
§ 2º O recipiente deverá individualizar o vestígio, preservar suas
características, impedir contaminação e vazamento, ter grau de resistência
adequado e espaço para registro de informações sobre seu conteúdo.
§ 3º O recipiente só poderá ser aberto pelo perito que vai proceder à análise
e, motivadamente, por pessoa autorizada.
§ 4º Após cada rompimento de lacre, deve se fazer constar na ficha de
acompanhamento de vestígio o nome e a matrícula do responsável, a data,
o local, a finalidade, bem como as informações referentes ao novo lacre
utilizado.
§ 5º O lacre rompido deverá ser acondicionado no interior do novo
recipiente.

Diante disso, é possível notar, de acordo com Leonardo Machado (2019,


[s/p]), que o artigo expõe alguns cuidados que devem ser adotados com o vestígio,
como, por exemplo, a observação da regra quanto à escolha do recipiente e a
observação de todos os ritos específicos de segurança.
Com isso, Aury Lopes Junior (2020, p. 660) tem o seguinte posicionamento:

Concluindo, a proibição de valoração probatória e o princípio da


contaminação podem conduzir a um questionamento final sobre o “preço a
ser pago”. A resposta, para além de tudo o que já se disse sobre o valor e a
imprescindibilidade de estrito respeito às “regras do jogo”, está na
necessidade de “incorporar um ‘efeito dissuasório’ – deterrent effect – que
serve de desestímulo às agências repressivas quanto à tentação de
recorrerem a práticas ilegais para obter a punição”.

Por fim, a regulamentação da cadeia de custódia das provas limitou inúmeros


comportamentos frequentes advindos de uma liberdade histórica aplicada em
investigações, estabelecendo as “regras do jogo”, sob pena de nulidade.

5 EFEITOS DA AUSÊNCIA DA CADEIA DE CUSTÓDIA NO


PROCESSO PENAL

Este capítulo visa apresentar as consequências da ausência da cadeia de


custódia da prova, explicando o que é de fato a quebra da cadeia de custódia e os
seus efeitos na prática, abordando dois estudos de caso para melhor exemplificar.
18

Vale ressaltar, que há duas teorias que conflitam sobre a questão do


desentranhamento das provas colacionadas ao processo penal e, que, a mais
assertiva é a majoritária, ou seja, a que possibilita tal hipótese.

5.1 QUEBRA DA CADEIA DE CUSTÓDIA

A cadeia de custódia visa conservar a idoneidade das provas de todo um


processo. Entretanto, se houver violação à cadeia de custódia, ocorrerá à chamada
quebra da cadeia de custódia, conhecida também como (break on the chain of
custody), de acordo com Aury Lopes Junior e Alexandre Morais da Rosa (2015,
[s/p]).
Cabe inclusive a quebra de cadeia de custódia quando a integralidade da
prova não for disponibilizada à defesa, podendo ser alegada à medida que tiver
alguma espécie de interrupção na cadeia de custódia. Nos ensinamentos de Geraldo
Prado (2014, p. 88):

Além de escavar lacunas nos elementos probatórios e torná-los porosos e


carentes de dados capazes de orientar em outra direção a conclusão
judicial acerca dos fatos penalmente relevantes, a quebra da cadeia de
custódia indica a perversão dos fins da cautelar: no lugar da “aquisição” e
“preservação” de elementos informativos, a medida tende a instrumentalizar
ações abusivas de supressão de alguns destes elementos, esgrimindo os
remanescentes com apoio no efeito alucinatório das evidências.

Todavia, existe discordância doutrinária em relação aos efeitos dessa


quebra da cadeia de custódia. Geraldo Prado (2014, p. 92) e Aury Lopes Junior
(2020, p. 660) defendem a ilicitude da prova quando houver violação da cadeia de
custódia, sendo assim, tudo que derivar da prova será prejudicado e extraído do
processo, devendo o juiz identificar a ilicitude.
Entretanto, Gustavo Badaró (2017, p. 535) defende que “as irregularidades da
cadeia de custódia não são aptas a causar a ilicitude da prova, devendo o problema
ser resolvido, com redobrado cuidado e muito maior esforço justificativo, no
momento da valoração”, isto é, o vício deve ser sanado. O citado autor segue a linha
ponteada no sentido de que “o ato com defeito deve ser refeito”.
Em suma, se aplicado o posicionamento de Geraldo Prado e Aury Lopes
Junior à quebra da cadeia de custódia, a prova se torna ilícita e deve ser repelida,
sendo capaz de gerar uma nulidade completa do processo, tendo em vista a
19

finalidade de assegurar que a prova respeite as garantias fundamentais do devido


processo legal. Por outro lado, se aplicado o posicionamento de Badaró, o ato deve
ser corrigido com uma maior cautela, não devendo ser considerado ilícito e muito
menos repelido do processo como um todo.

5.2 QUEBRA DA CADEIA DE CUSTÓDIA NA PRÁTICA: ANÁLISE DE CASO

Um caso prático deste tema é a gravação ambiental feita pelo delator Joesley
Batista e o ex-presidente Michel Temer.
O delator apresentou à Procuradoria Geral da República um pen drive
contendo o áudio da gravação entre ele e o ex-presidente Michel Temer, e tão
somente com base neste conteúdo da gravação a Procuradoria Geral da República
requereu a abertura de Inquérito.
Diante disto, a defesa do ex-presidente requereu que o gravador fosse
remetido para análise pericial, indagando a idoneidade e a integridade da gravação.
Os peritos da Polícia Federal requereram à Procuradoria Geral da República
que o gravador original utilizado para captação do áudio fosse enviado ao Instituto
Nacional de Criminalística, e não apenas a gravação em si, considerando que o
exame de multimídia forense preconiza que as análises sejam feitas em conjunto.
Entretanto, a defesa do delator alegou que o gravador original que captou o
áudio da gravação estava no exterior juntamente de Joesley, mas que tomaria
providências para trazê-lo novamente ao país e entregá-lo no Instituto Nacional de
Criminalística. No ponto, Alexandre Breu (2017, [s/p]) indaga:

Então, sobre o aparelho gravador que será remetido pelo delator do exterior
para a Polícia Federal perguntamos: Esse aparelho gravador permanece
intacto? Está funcionando nas mesmas condições quando da captação
ambiental realizada? Por quem foi manuseado desde então? Foi lacrado?
Onde e sob quais condições foi guardado? Foi submetido a algum tipo de
intervenção? Teve seu funcionamento e programação alterados? Teve
algum componente substituído? Foi acessado por algum técnico
especializado? É o mesmo aparelho gravador utilizado na captação
ambiental da conversa com o presidente Michel Temer? Contém o áudio
original intacto? Foram realizadas outras gravações neste aparelho? Estas
respostas não poderão ser obtidas porque houve quebra da cadeia de
custódia da prova que será periciada.

Diante desta situação, o gravador necessitaria ser entregue à Procuradoria


Geral da República por Joesley Batista, acompanhado do áudio de gravação, este
20

ato impossibilitaria qualquer indagação acerca da idoneidade e da integridade da


prova, tendo em vista a inexequibilidade de desmembrar o gravador do áudio, já que
a prova é o conjunto de ambos, considerando que a gravação foi retirada do
gravador.
Aury Lopes Junior (2020, p. 660), como já dito, possui a seguinte posição:

Questão final é: qual a consequência da quebra da cadeia de custódia


(break on the chain of custody)? Sem dúvida deve ser a proibição de
valoração probatória com a consequente exclusão física dela e de toda a
derivada. É a “pena de inutilizzabilità” consagrada pelo direito italiano.

Consequentemente, tem-se o entendimento da nulidade da gravação, pela


quebra da cadeia de custódia da prova, em que esta só seria considerada válida
quando apresentada em conjunto com o gravador.
Outro caso prático da quebra da cadeia de custódia remete à decisão da
Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça, que anulou as provas obtidas por meio
de interceptações telemáticas e telefônicas da Operação Negócio da China.
Essa operação investigava as suspeitas de lavagem de dinheiro, contrabando
e sonegação de impostos feitos pelo Grupo Casa & Vídeo.
Veja-se o referido julgado:

PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE


RECURSO ORDINÁRIO. UTILIZAÇÃO DO REMÉDIO CONSTITUCIONAL
COMO SUCEDÂNEO DE RECURSO. NÃO CONHECIMENTO DO WRIT.
PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E DO SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA. QUEBRA DE SIGILO TELEFÔNICO E
TELEMÁTICO AUTORIZADA JUDICIALMENTE. SUPRESSÃO DE
INSTÂNCIA COM RELAÇÃO A UM DOS PACIENTES. PRESENÇA DE
INDÍCIOS RAZOÁVEIS DA PRÁTICA DELITUOSA. INDISPENSABILIDADE
DO MONITORAMENTO DEMONSTRADA PELO MODUS OPERANDI DOS
DELITOS. CRIMES PUNIDOS COM RECLUSÃO. ATENDIMENTO DOS
PRESSUPOSTOS DO ART. 2º, I A III, DA LEI 9.296/96. LEGALIDADE DA
MEDIDA. AUSÊNCIA DE PRESERVAÇÃO DA INTEGRALIDADE DA
PROVA PRODUZIDA NA INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA E
TELEMÁTICA. VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO, DA
AMPLA DEFESA E DA PARIDADE DE ARMAS. CONSTRANGIMENTO
ILEGAL EVIDENCIADO. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. ORDEM
CONCEDIDA, DE OFÍCIO.
(...)
X. Apesar de ter sido franqueado o acesso aos autos, parte das provas
obtidas a partir da interceptação telemática foi extraviada, ainda na Polícia,
e o conteúdo dos áudios telefônicos não foi disponibilizado da forma como
captado, havendo descontinuidade nas conversas e na sua ordem, com
omissão de alguns áudios.
XI. A prova produzida durante a interceptação não pode servir apenas aos
interesses do órgão acusador, sendo imprescindível a preservação da sua
integralidade, sem a qual se mostra inviabilizado o exercício da ampla
21

defesa, tendo em vista a impossibilidade da efetiva refutação da tese


acusatória, dada a perda da unidade da prova.
XII. Mostra-se lesiva ao direito à prova, corolário da ampla defesa e do
contraditório - constitucionalmente garantidos -, a ausência da salvaguarda
da integralidade do material colhido na investigação, repercutindo no próprio
dever de garantia da paridade de armas das partes adversas.
XIII. É certo que todo o material obtido por meio da interceptação telefônica
deve ser dirigido à autoridade judiciária, a qual, juntamente com a acusação
e a defesa, deve selecionar tudo o que interesse à prova, descartando-se,
mediante o procedimento previsto no art. 9º, parágrafo único, da Lei
9.296/96, o que se mostrar impertinente ao objeto da interceptação, pelo
que constitui constrangimento ilegal a seleção do material produzido nas
interceptações autorizadas, realizada pela Polícia Judiciária, tal como
ocorreu, subtraindo-se, do Juízo e das partes, o exame da pertinência das
provas colhidas. Precedente do STF.
XIV. Decorre da garantia da ampla defesa o direito do acusado à
disponibilização da integralidade de mídia, contendo o inteiro teor dos
áudios e diálogos interceptados.
(...)
XVII. Ordem concedida, de ofício, para anular as provas produzidas nas
interceptações telefônica e telemática, determinando, ao Juízo de 1º Grau, o
desentranhamento integral do material colhido, bem como o exame da
existência de prova ilícita por derivação, nos termos do art. 157, §§ 1º e 2º,
do CPP, procedendo-se ao seu desentranhamento da Ação Penal
2006.51.01.523722-9.
(HC 160.662/RJ, Rel. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, SEXTA TURMA,
julgado em 18/02/2014, DJe 17/03/2014)

A defesa alegou que o material obtido pela interceptação telemática e


telefônica foi apagado parcialmente pela Polícia Federal, antes mesmo da defesa,
da acusação (Ministério Público) e do próprio Judiciário terem acesso à integralidade
das provas, ocorrendo, neste caso, um descumprimento ao procedimento que trata
do incidente de inutilização das provas, previsto no artigo 9º, parágrafo único, da Lei
nº 9.296/96 (Lei da Interceptação Telefônica).
A defesa conseguiu constatar a ausência da integralidade dos áudios e dos e-
mails quando procurou na mídia entregue a defesa as citações presentes nos
relatórios da Polícia Federal, não encontrando os arquivos correspondentes na
mídia.
A Polícia Federal explicou que o material colhido na interceptação telemática
foi perdido, vez que o computador utilizado por eles fora formatado.
Acrescentou ainda que a Polícia Federal (2014, p. 56) “ao contrário do que
ocorre com a interceptação telefônica realizada por meio do programa Guardião, não
dispõe de equipamento ou programas computacionais voltados à interceptação de e-
mails”, razão pela qual essas informações seriam disponibilizadas e armazenadas
pela Embratel.
22

Contudo, a Embratel comunicou que todas as mensagens interceptadas


durante o período de interceptação foram encaminhadas às contas espelho da
Polícia Federal para que fossem visualizadas. Informou ainda que não possuem
cópias das mensagens, vez que foi determinado tão somente o desvio dos dados
telemáticos para o e-mail determinado pela autoridade policial.
Sendo assim, a Ministra Assusete Magalhães, em seu voto, explica que
(2014, p. 60):

Apesar de lhes ter sido franqueado o acesso aos autos, parte das provas
obtidas, a partir da interceptação telemática, foi extraviada, ainda na Polícia
Federal, e o conteúdo dos áudios telefônicos não foi disponibilizado da
forma como captado, havendo descontinuidade nas conversas e na sua
ordem.

Posto isto, a Ministra Assusete Magalhães determinou a ilegalidade quanto à


destruição das referidas provas, considerando que houve violação ao princípio do
devido processo legal. Tendo em vista que a defesa não teve acesso à integralidade
da mídia, restou configurado a ausência de preservação da integralidade das provas
produzidas, impossibilitando, assim, o exercício da ampla defesa.
Finalmente, a Sexta Turma estabeleceu a retirada integral das provas
originárias anuladas do processo, alcançando as provas ilícitas por derivação, sendo
tudo eliminado da Ação Penal.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em virtude dos fatos mencionados, constata-se que o presente trabalho


conseguiu responder ao problema de pesquisa, a considerar que a cadeia de
custódia é fundamental para resguardar a prova penal e que a sua inobservância
gera efeitos, sendo o principal deles a quebra da cadeia de custódia e a
necessidade de desentranhamento das provas ilícitas dos autos.
Destarte, foi possível observar que a prova é extremamente essencial para o
processo penal, tendo em vista que ela tem o objetivo de formar a convicção do juiz
sobre determinado fato.
Por essa razão, foram analisados os princípios centrais correlatos à prova,
sendo eles: o princípio do devido processo legal, do contraditório, da ampla defesa,
23

da presunção de inocência e da inadmissibilidade de provas ilícitas, sejam elas


originárias ou derivadas.
Não se deve esquecer também que é fundamental o Estado apurar infrações
penais e sancionar os agentes causadores, devendo combinar com as normas do
Estado, cumprindo com as garantias fundamentais do devido processo legal (que
abrange todos os princípios mencionados).
Corroborou-se que a cadeia de custódia tem a finalidade de impossibilitar o
manejo impróprio da prova, objetivando defender a integridade e a idoneidade dos
elementos constituídos no processo, para evitar uma sentença equivocada, ficando,
assim, evidente a relevância da conservação dos meios para assegurar a validade
da prova, desde o início até o fim do processo.
Além disso, segundo Geraldo Prado, Aury Lopes Junior e o entendimento do
Superior Tribunal de Justiça, a quebra da cadeia de custódia invalida a prova e
todas as outras provas que derivam dela, sendo estas, extintas e inutilizadas do
processo.
Em outros termos, a quebra da cadeia de custódia tem como finalidade
desestimular o Estado de recorrer a práticas ilícitas visando à punição, visto que não
se está mais no sistema inquisitorial, no qual se visava à punição a qualquer custo,
sendo o rito da cadeia de custódia uma garantia de limitação do poder público
estatal.
Nas circunstâncias atuais, a regulamentação da cadeia de custódia das
provas criou os meios de prova específicos à investigação, bem como, assegurou
um maior cuidado no manejo e armazenamento das fontes de prova, e, de modo
consequente, possibilitou um domínio maior dos sujeitos processuais.
Neste momento, indaga-se se a cadeia de custódia tem como finalidade
anular processos e acobertar atos criminosos, estimulando a falta de punição,
embasada tal indagação no ditado popular de que “os fins justificam os meios”.
Mas não, pois, nos dizeres de Alexandre Morais da Rosa, essas são apenas
as “regras do jogo”, até porque os fins não justificam os meios, pois em matéria
penal, o fim é o mais drástico possível, razão pela qual, nas palavras de Aury Lopes
Junior “é possível garantir para punir e punir garantindo”, sendo nesse caso a cadeia
de custódia uma garantia do devido processo legal.
24

Cabe destacar, por fim, que existe a possibilidade de estudos futuros, vez que
acompanhar-se-á, na prática, a aplicação da Lei 13.964/2019, analisando sua
adaptação em divergentes interpretações.

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