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1. CONCEITO.....................................................................................................................................................3
2. NATUREZA JURÍDICA.....................................................................................................................................3
3. OBJETO..........................................................................................................................................................4
4. CLASSIFICAÇÃO PROBATÓRIA.......................................................................................................................5
5. MEIOS DE PROVA..........................................................................................................................................6
6. PRINCÍPIO DA LIBERDADE NA PRODUÇÃO PROBATÓRIA...............................................................................7
7. PRINCÍPIO DA VERDADE REAL OU MATERIAL................................................................................................8
8. LIMITAÇÕES NA LIBERDADE DE PRODUZIR PROVAS......................................................................................8
9. PROVA EMPRESTADA..................................................................................................................................18
9.1. Conceito...................................................................................................................................................18
9.2. Requisitos.................................................................................................................................................19
9.3. Empréstimo da Interceptação Telefônica.................................................................................................19
9.4. Empréstimo do incidente de insanidade mental - NÃO............................................................................20
9.5. Júri...........................................................................................................................................................20
10. ÔNUS DA PROVA.....................................................................................................................................22
10.1. Espécies – Classificação..........................................................................................................................22
10.2. Sistemas de valoração probatória..........................................................................................................24
11. PROCEDIMENTO PROBATÓRIO................................................................................................................26
12. PRINCÍPIOS PROBATÓRIOS......................................................................................................................26
1. CONCEITO
Prova é tudo aquilo que é levado ao conhecimento do magistrado na expectativa de convencê-lo acerca da
realidade dos fatos ou de um ato processual (Nicolas Malatesta). O destinatário imediato da prova é o
magistrado. As partes são destinatários mediatos, afinal com o convencimento dos litigantes, a possibilidade de
vingança privada é diminuída.
Segundo Guilherme Nucci, a palavra prova, na análise conceitual, admite três acepções, quais sejam:
a) Ato de provar: envolve o próprio procedimento probatório, onde se verifica a exatidão e a verdade do fato
que se pretende provar;
b) Meio probatório: instrumento utilizado para demonstração do que foi alegado; testemunha, perícia. Etc.
c) Resultado da ação de provar: a prova representa a própria finalidade almejada, qual seja o convencimento
do julgador; é o resultado da atividade probatória. Resultado do contraditório e da ampla defesa.
2. NATUREZA JURÍDICA
A prova, segundo Denilson Feitosa, é um verdadeiro direito subjetivo, umbilicalmente ligado ao direito de ação
(atividade acusatória) ou ao exercício da defesa. Não significa apenas do direito de propor ou ver produzidos
meios de prova, mas, efetivamente, na possibilidade de influir no convencimento do juiz. Esse direito não é
absoluto, devendo obedecer aos limites da licitude da prova e do devido processo legal.
Prova x elementos de informação. Prova é aquilo que é levado ao processo judicial, passa pelo crivo do
contraditório e da ampla defesa. Elemento de informação – inquérito. Podem fundamentar medidas cautelares.
3. OBJETO
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As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de
diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura
identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o
número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca
do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos
anteriormente citados.
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Para Paulo Rangel devemos promover a seguinte distinção:
i. Objeto da prova: está vinculada à ideia de relevância (o que é relevante provar). São os fatos que
pautam a imputação acusatória. Fatos que interessam à solução do conflito. CASO CONCRETO – DA
prova. Artigo A individualiza.
ii. Objeto de prova: está vinculado à ideia de pertinência (o que é necessário provar). Logo, a dispensa
probatória é formada pelo direito federal, os fatos notórios (verdades sabidas), os fatos axiomáticos
ou intuitivos, as presunções legais, os fatos inúteis. “não precisa ser objeto de prova”. ABSTRATO –
sempre é assim.
Obs. Processo penal x processo civil. No Processo penal os fatos incontroversos ou não contestados devem ser
objeto de prova. Presunção de inocência. Ainda que seja réu confesso ou revel. Não se aplicam os efeitos
materiais da revelia. Ao contrário do processo civil, no processo penal os fatos incontroversos devem ser provados,
afinal os interesses em jogo são indisponíveis.
(b) Fatos axiomáticos são aqueles fatos evidentes, óbvios, que tem força probatória própria, não precisando de
uma demonstração externa. Para Fernando Capez, fato axiomático é aquele que se autodemonstra, em razão da
sua obviedade.
4. CLASSIFICAÇÃO PROBATÓRIA
1. Prova direta: é aquela que incide diretamente no fato probando (exemplo: uma testemunha que presenciou
o crime, uma perícia realizada). Não exige necessidade de concatenação lógica.
2. Prova indireta: é aquela que se refere a outro fato e que, por raciocínio lógico, nos permitirá ratificar ou ilidir
o fato principal. Testemunha que viu o acusado em outro lugar na hora do crime.
1. Prova plena: é aquela que imprime no julgador a certeza quanto ao fato discutido. Para condenação é
sempre necessária a plenitude da prova.
2. Prova não plena ou indiciária ou circunstancial: é aquela limitada quanto à profundidade e não imprime no
julgador um juízo de certeza. Essa prova é suficiente para decretação de medidas cautelares, para imprimir
justa causa à inicial acusatória e para embasar eventual absolvição.
1. Prova real: é aquela que emerge do próprio fato, caracterizando a sua evidência ou materialidade (exemplo:
uma fotografia, uma filmagem, uma pegada).
2. Prova pessoal: é aquela que depende do conhecimento e apreciação sensorial de alguém (exemplo:
testemunha).
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A prova do TRF4/2016 considerou correta a seguinte alternativa: “A prova indiciária, também chamada de circunstancial,
tem o mesmo valor das provas diretas, como se atesta na Exposição de Motivos do Código de Processo Penal, em que se
afirma não haver hierarquia de provas por não existir necessariamente maior ou menor prestígio de uma com relação a
qualquer outra.”
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1. Testemunhal: é aquela que depende da declaração de alguém, independente desta pessoa ser tecnicamente
uma testemunha (exemplo: declaração do ofendido).
2. Documental: documento é o elemento que representa graficamente o pensamento de alguém (exemplo:
carta, desenho, pintura).
3. Material: é o elemento que corporifica o próprio fato, como ocorre com a perícia no instrumento do crime.
Obs.: Técnicas especiais de investigação – tráfico de drogas, organizações criminosas. Ex. interceptações e
ações controladas, agentes disfarçados. Contraditório diferido
Obs.3: O Prof. RENATO BRASILEIRO DE LIMA traz os seguintes ensinamentos sobre as provas atípicas, irrituais e
anômalas (Manual de processo penal: volume único. 4. ed. Salvador: JusPodivm, 2016. p. 786-ss):
“[…] De acordo com a doutrina, há duas posições acerca do conceito de provas atípicas: a) posição restritiva: a
ideia da atipicidade probatória é vista de maneira intimamente ligada à ausência de previsão legal da fonte de
prova que se quer utilizada no processo. Assim, a atipicidade probatória guarda estreita ligação com a ausência de
previsão legal da fonte de prova, confundindo-se os conceitos de prova atípica e de prova inominada; b) posição
ampliativa: uma prova é atípica em duas situações: b.1) quando ela estiver prevista no ordenamento, mas não
haja procedimento probatório; b.2) quando nem ela nem seu procedimento probatório estiverem previstos em
lei.
[…] Prova anômala é aquela utilizada para fins diversos daqueles que lhe são próprios, com características de
outra prova nominada. Em outras palavras, existe meio de prova legalmente previsto para a colheita da prova.
Todavia, deixa-se de lado esse meio de prova nominado, valendo-se de outro meio de prova.
[…] Por sua vez, tem-se como prova irritual a prova típica colhida sem a observância do modelo previsto em lei.
Como essa prova irritual é produzida sem obediência ao modelo legal previsto em lei, trata-se de prova ilegítima,
passível de declaração de nulidade.
A prova irritual não se confunde com a prova anômala. Como aponta GUILHERME MADEIRA DEZEM, a prova
anômala é produzida segundo o modelo legal. Seu problema consiste em que o modelo legal utilizado não é o
adequado para o caso, não é o que o caso requer. Já a prova irritual não é produzida segundo o modelo legal. Em
verdade, utiliza-se o meio adequado, mas sem a observância dos elementos típicos previstos em lei […]”.
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Já caiu em prova! https://concursosestaduais.wordpress.com/2017/01/02/questao-discursiva-mpdft-2016-banca-propria-
provas-constituenda-irritual-critica-e-de-fora-da-terra/
5. MEIOS DE PROVA
1. Provas nominadas: são aquelas cujos meios de produção estão previstos em lei (arts. 158 a 250, CPP).
2. Provas inominadas: são aquelas cujos meios de produção não estão previstos em lei (exemplo:
reconhecimento de voz).
No Brasil, ambas as provas podem ser usadas devido a uma justificação principiológica da utilização probatória.
Consignado no item VII da exposição de motivos do CPP, reconhecido no art. 155, CPP e art. 93, IX, CF.
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não
podendo fundamentar sua decisão exclusivamente – lei 11.690/08. Agora o juiz pode utilizar os elementos
informativos de forma subsidiária - nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas
cautelares, não repetíveis e antecipadas.
Provas cautelares – risco de desaparecimento do objeto. Autorização judicial, em regra. Interceptação telefônica.
Contraditório diferido.
Provas não repetíveis – uma vez produzida não tem como ser novamente. Não dependem, em regra, de
autorização judicial. Ex. exame de corpo de delito. Contraditório diferido.
Provas antecipadas – em juízo. Autorização judiciária. A qualquer tempo. Testemunha enferma, de idade
avançada. Art. 366 – suspensão do processo quando acusado é citado por edital autoriza esse tipo de prova, mas
tem ser por motivo relevante, não bastando a alegação de que a testemunha irá esquecer os detalhes do ocorrido
ou que possa mudar de endereço. Súmula 455 STJ.
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Conclusão: podemos usar tanto provas nominadas como prova provas inominadas. No Brasil, não há hierarquia
entre elas, não existindo um sistema de métrica, com eleição de provas mais importantes do que outras. O
sistema é horizontal e paritário.
Liberdade probatória quanto ao momento: exceções – o rol de testemunhas deve ser apresentado na exordial
acusatória e na defesa. Nada impede que o magistrado determine a oitiva. – exibição de documento ou objeto no
júri apenas se tiver comunicação três dias antes de sua realização. Abarca qualquer tipo de documento ou objeto.
Liberdade probatória quanto ao tema da prova – quaisquer fatos. Juiz pode indeferir as perguntas irrelevantes.
Liberdade probatória quanto aos meios de prova – nominadas e inominadas. Lícitas, éticas e morais. Exceções –
estado de pessoas. – proibidas de depor aqueles que devem guardar segredo, salvo quando desobrigadas pela
parte interessada e SE quiserem. – não será permitida a apreensão de documento em poder do defensor do
acusado, salvo quando constituir elemento do corpo de delito.
1º. No processo penal é reconstruída a realidade dos fatos. Para Ada Pellegrini, o processo penal almeja
reconstruir o que de fato ocorreu quando da prática do crime, e o juiz criminal não se conforma com meras
especulações de verdade. Essa é a posição majoritária.
2º. Princípio da verdade processual ou verdade humanamente possível: Luigi Ferrajoli defende que o princípio da
verdade real é inalcançável, é uma farsa, pois se discute um fato passado, em uma audiência presente,
idealizando uma sanção futura. Para ele, a verdade real é dogma que só acredita quem tem fé. Assim, o processo
constrói a verdade dele, uma verdade processual, dentro da dialética entre as partes, em que se respeita a
paridade das armas e é presidido por um juiz imparcial. Constrói-se apenas uma verdade aproximada, dentro das
nossas expectativas. “A doutrina mais moderna entende que a verdade real é um dogma inalcançável e o processo
constrói uma verdade pautada nas limitações dos protagonistas processuais, respeitando-se a paridade de armas,
a imparcialidade do juiz e as garantias funcionais.” Contudo, o entendimento majoritário é pautado na verdade
real.
3º. Para Aury Lopes Jr, a finalidade do processo é resolver a demanda e não se deve ter mais no discurso que o
objetivo do manancial probatório é alcançar a verdade. Se no provimento final há verdade ou não, não interessa,
pois o processo é uma ferramenta de contenção de conflitos. “O processo é uma ferramenta de resolução de
demandas e as provas contribuem no convencimento do julgador quanto a esta solução, e a ‘verdade’ não deve
ser trazida com o objetivo primário do processo e da produção probatória.”
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O nosso legislador, por um critério estratégico, poderá imprimir limitações à liberdade de produzir prova.
Principais hipóteses:
8.1. Demonstração do estado civil das pessoas: a demonstração vai seguir as limitações e exigências da lei
civil (art. 155, parágrafo único, CPP). Para o STJ, ratificando o raciocínio na Súmula 74, a demonstração da
menoridade pressupõe documentação hábil – não necessariamente certidão de nascimento. Parágrafo
único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil.
*OUSESABER: O que são limites extrapenais da prova no processo penal? Segundo Aury Lopes, O art. 155, p.u.,
do CPP estatui os limites extrapenais da prova. Isto é, determina que: “somente quanto ao estado das pessoas
serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil”. Ou seja, por exemplo, para que incida a agravante do art.
61, II, “e”, do CP, deve haver a prova – nos termos da lei civil – de que o crime foi praticado contra ascendente,
descendente, irmão ou cônjuge. Tais circunstâncias de parentesco ou matrimônio devem ser provadas através da
respectiva certidão de nascimento ou casamento, conforme o caso. Na mesma linha, a extinção da punibilidade
por morte do agente somente pode ser declarada quando houver a prova civilmente prevista, ou seja, a certidão
de óbito, como prevê o art. 62 do CPP.
8.2. Provas ilícitas: art. 5º, LVI, CF e art. 157, CPP. LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por
meios ilícitos; Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas,
assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais.
a) Conceito
Segundo Ada Pellegrini (baseada na doutrina francesa), há um gênero chamado de prova vedada ou
proibida que édividido em provas ilícitas e provas ilegítimas. As provas ilícitas são aquelas que ofendem o
direito material, ou seja, o Código Penal, a legislação penal especial e os princípios constitucionais penais.
Prova ilegítima é a que ofende o direito processual, ou seja, o Código de Processo Penal, a legislação
processual especial ou os princípios constitucionais processuais. Para Paulo Rangel (Desembargador RJ),
ainda há uma terceira categoria que seria a das provas irregulares. Prova irregular é aquela legalmente
autorizada, mas produzida com desrespeito às regras procedimentais.
Conceito legal: Atualmente, o art. 157, CPP, trata do tema, não adotando a diferenciação doutrinária e
enquadrando como ilícita a prova que viola a norma constitucional ou infraconstitucional, pouco importa
se de direito material ou processual. Ada, Brasileiro entendem que o art. 157, quando trata de provas
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ilícitas, ao falar em normas legais se restringe apenas àquelas de direito material. Se a transgressão for de
norma processual, devem-se aplicar as regras da nulidade e não o desentranhamento da prova.
Não tem espaço no nosso ordenamento para a fórmula autoritária – male captum, bene retentum – mal
colhida, mas bem conservada.
#OUSESABER #CONCEITOSIMPORTANTES
O QUE É DESCONTAMINAÇÃO DO JULGADO? A descontaminação do julgado visa evitar que o Juiz que teve
contato com a prova ilícita venha a julgar o caso, uma vez que não teria isenção suficiente para apreciar o caso
concreto, ante a influência, ainda que reflexa, que a prova ilícita poderá ter ocasionado. Referida possibilidade
foi vetada no ordenamento brasileiro, vez que o art.157, parágrafo 4, do CPP iria prever tal possibilidade, mas foi
objeto de veto pelo Presidente da República.
* Sem consentimento do réu ou prévia autorização judicial, é ilícita a prova, colhida de forma coercitiva pela
polícia, de conversa travada pelo investigado com terceira pessoa em telefone celular, por meio do recurso "viva-
voz", que conduziu ao flagrante do crime de tráfico ilícito de entorpecentes. STJ. 5ª Turma. REsp 1.630.097-RJ,
Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 18/4/2017 (Info 603)
A utilização pelo Ministério Público de documentos enviados por outros países para fins de investigação por meio
de cooperação jurídica internacional é legítima mesmo não havendo ainda legislação específica no Brasil
regulamentando o tema. Isso porque a transferência de procedimento criminal encontra abrigo em convenções
internacionais sobre cooperação jurídica, cujas normas, quando ratificadas, assumem status de lei federal.
Dessa forma, é legítima a providência da autoridade brasileira de, com base em material probatório obtido da
Confederação Suíça, por sistema de cooperação jurídica internacional, investigar e processar o congressista em
questão pelo delito de evasão de divisas, já que se trata de fato delituoso diretamente vinculado à persecução
penal objeto da cooperação, que tem como foco central delitos de corrupção e lavagem de capitais. STF.
Plenário. Inq 4146/DF, Rel. Min. Teori Zavaski, julgado em 22/06/2016 (Info 831).
Obs.: Inutilização da prova ilícita. Se o magistrado determinar a destruição antes do trânsito em julgado da
decisão, a parte interessada pode impetrar mandado de segurança com pedido liminar - Destruição – salvo na
hipótese em que a prova pertencer licitamente a alguém ou constituir corpo de delito de outro crime.
Reconhece ilicitude antes da audiência – cabe RESE.
Na audiência – Apelação.
Não reconhece a ilicitude – HC ou MS.
Obs.: Inutilização da prova ilícita no Júri. Até a pronúncia ocorre o desentranhamento e vai normalmente a Júri.
Se após o Júri, fruto de apelação ou HC, o julgamento é anulado.
Obs.: Prova ilícita beneficiou a defesa que recorreu da sentença. Tribunal não pode analisar a ilicitude da prova
que beneficiou o réu diante de recurso da defesa, apenas da acusação, para evitar a reformatio in pejus.
Obs.: Prova ilícita beneficiou acusação. Sentença condenatória. Apelação. Tribunal suprime a prova ilícita e
absolve o réu, se for o caso ou não sendo caso de absolver ANULA sentença a quo para que outra seja proferida.
Obs.: Houve trânsito em julgado de sentença condenatória ou absolutória imprópria baseada em prova ilícita –
HC (se houver ameaça à liberdade e não necessitar de dilação probatória acerca da ilicitude da prova) ou revisão
criminal.
* #STF. As peças processuais que fazem referência à prova declarada ilícita não devem ser desentranhadas do
processo. Se determinada prova é considerada ilícita, ela deverá ser desentranhada do processo. Por outro lado,
as peças do processo que fazem referência a essa prova (ex.: denúncia, pronúncia etc.) não devem ser
Essa teoria surgiu na Alemanha na década de 1940, foi levada aos EUA, e enfim importada ao Brasil pelo STF.
Por ela, na ponderação entre bens jurídicos relevantes, deve o intérprete dar prevalência ao de maior
importância, mesmo que o outro bem seja sacrificado. Logo, entre o status libertatis do réu e a legalidade da
prova, o primeiro deve prevalecer e a prova ilícita será utilizada em favor da defesa - teoria da
proporcionalidade pro réu (posição majoritária). O direito de defesa e o princípio da presunção de inocência
devem preponderar no confronto com a o direito de punir.
Fernando Capez defende a utilização de prova ilícita de maneira excepcional para condenar, notadamente no
combate às facções criminosas, ressalvando-se apenas a tortura (teoria da proporcionalidade pro sociedade).
Crítica: essa posição é minoritária, não se pode destacar os membros da facção criminosa do contexto social, sob
pena de privilegiar o direito penal do inimigo.
Observação: o STF já reconheceu que a administração penitenciária pode violar a correspondência do preso, pois
o princípio da intimidade não é o escudo protetivo para a prática de infração e, segundo o STF, essa atuação é
proporcional.
Afrânio Silva Jardim e Paulo Rangel (inovação brasileira. Minoritária): por ela, deveremos aplicar as excludentes
de ilicitude catalogadas no art. 23 do CP, para justificar a conduta de quem produz a prova. Logo, o que a teoria
da proporcionalidade considera como prova ilícita excepcionalmente valorável em favor do réu, esta teoria
considera o resultado da conduta como prova válida, podendo ser utilizada para absolver. Aquele que transgride
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A prova do TRF4/2016 considerou correta a seguinte alternativa a respeito de prova ilícita: “Se o órgão da persecução
penal demonstrar que obteve, legitimamente, novos elementos de informação a partir de uma fonte autônoma de prova –
que não guarde qualquer relação de dependência nem decorra da prova originariamente ilícita, com esta não mantendo
vinculação causal –, tais dados probatórios revelar-se-ão plenamente admissíveis, porque não contaminados pela mácula
da ilicitude originária.”
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a lei para produzir prova, demonstrando a inocência, está em estado de necessidade e o estado desta colheita
será considerado como prova lícita. Quando acusado produz prova ilícita está acobertado pela legítima defesa.
Obs. Se o meio ilícito for a tortura, não pode ser utilizado pelo juiz, ainda mais porque não se poderia atestar a
veracidade dos fatos nessa condição.
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - em estado de necessidade; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - em legítima defesa; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. (Incluído pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
III. Teoria dos frutos da árvore envenenada (fruits of the poisonous tree) ou Teoria da prova ilícita por
derivação:
Tem origem na jurisprudência americana. Foi importada pelo STF (HC 73351/96): hoje está expressa no art. 157,
§1º do CPP, fruto da lei 1.690/08. Por esta teoria, as provas que derivam de uma ilícita também serão
consideradas ilícitas por derivação, afinal o vício é material, já que a sua fonte é imprestável. Ex. exclusão de
impressões digitais decorrentes de prisão ilegal, mesmo sendo compatíveis com aquelas encontradas na cena do
crime. O ápice da Teoria ocorreu no caso Miranda v.s. Arizona – nenhuma declaração dada à polícia pode ser
válida sem que seja dado o aviso de Miranda/Miranda Rights/Miranda-warnings (direito ao silêncio, a um
advogado, que tudo que disser pode ser utilizado contra ele).
ADVERTÊNCIA: Esta teoria não está expressa no art. 5º, LVI, da CF, e sim na lei ordinária.
Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as
obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
§ 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de
causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das
primeiras. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
§ 2o Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da
investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova. (Incluído pela Lei nº 11.690,
de 2008)
Obs.: As teorias da descoberta inevitável e da fonte independente não podem ser aplicadas com base em dados
meramente especulativos. Deve haver prova inequívoca da sua aplicação.
Obs.: Alguns doutrinadores questionam a sua constitucionalidade. Seria possível que o legislador
infraconstitucional instituísse essa limitação à prova ilícita por derivação?
Obs.: STF – eventuais vícios do inquérito não maculam a ação penal. A sentença deve ser embasada em provas
autônomas produzidas em juízo.
USA (Wong Sun v. US). Por esta teoria, o vínculo entre a prova derivada e a prova ilícita pode ser rompido pelo
juiz desde que ele o considere tênue, superficial, raso. O nexo causal é atenuado em virtude do decurso do tempo,
de circunstâncias supervenientes, colaboração voluntária de um dos envolvidos. Ex. entram ilegalmente na casa de
A, prendem drogas com B que comprou de C. C é solto e alertado do silêncio, mas mesmo assim resolve confessar
o crime. Não está no CPP. Parte da doutrina diz que está no CPP - São também inadmissíveis as provas derivadas
das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras.
VIII. Teoria do encontro fortuito de provas. Serendipidade (LFG) ou Teoria do descubrimentos casuales:
Se durante a diligência probatória, for acidentalmente descoberta outra prova, em regra, ela será aproveitada,
desde que não exista desvio de finalidade na diligência. Não pode ser após ter encontrado os objetos próprios da
busca e apreensão. Não pode estar procurando em local em que seria impossível encontrar o objeto real da busca
e apreensão. Ex. animais em gavetas – houve desvio – ilícita.
Obs.: Escritório de advocacia – apreensão de documentos de clientes – não será admissível, em observância ao
sigilo profissional, salvo no caso em que o cliente é coautor ou partícipe do advogado no crime que deu causa ao
mandado de busca e apreensão no escritório.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA
As comunicações telefônicas do investigado legalmente interceptadas podem ser utilizadas para formação de
prova em desfavor do outro interlocutor, ainda que este seja advogado do investigado. STJ. 5ª Turma. RMS
33.677-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 27/05/2014 (Info 541).
- Sem prévia autorização judicial, são nulas as provas obtidas pela polícia por meio da extração de dados e de
conversas registradas no whatsapp presentes no celular do suposto autor de fato delituoso, ainda que o aparelho
tenha sido apreendido no momento da prisão em flagrante. STJ. 6ª Turma. RHC 51.531-RO, Rel. Min. Nefi
Cordeiro, julgado em 19/4/2016 (Info 583).
* #IMPORTANTE: Não há ilegalidade na perícia de aparelho de telefonia celular pela polícia, sem prévia
autorização judicial, na hipótese em que seu proprietário - a vítima - foi morto, tendo o referido telefone sido
entregue à autoridade policial por sua esposa. STJ. 6ª Turma. RHC 86.076-MT, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel.
Acd. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 19/10/2017 (Info 617).
#AJUDAMARCINHO: Acesso ao celular do investigado X acesso ao celular da vítima: Os precedentes do STJ que
reconheceram a ilegalidade da prova envolviam acesso às conversas do Whatsapp no celular do investigado. Aqui,
a leitura das conversas ocorreu no celular da vítima, tendo o aparelho sido entregue voluntariamente pela esposa
do falecido. Assim, no segundo caso, não há prova ilícita, considerando que não houve uma violação à intimidade
do investigado, titular de garantias no processo penal. Na segunda situação, o detentor do direito ao sigilo estava
morto. Não havia mais sigilo algum a proteger o titular daquele direito e a sua esposa, totalmente interessada no
esclarecimento dos fatos, entregou o celular à Polícia com o objetivo de elucidar os fatos. Logo, neste segundo
caso, não havia necessidade de uma ordem judicial porque, no processo penal, o que se protege são os interesses
do acusado. Seria irrazoável e impróprio proteger-se a intimidade de quem foi vítima do homicídio, sendo que a
finalidade da investigação é esclarecer o homicídio e punir aquele que, teoricamente, foi o responsável pela
morte.
- Na ocorrência de autuação de crime em flagrante, ainda que seja dispensável ordem judicial para a apreensão
de telefone celular, as mensagens armazenadas no aparelho estão protegidas pelo sigilo telefônico, que
compreende igualmente a transmissão, recepção ou emissão de símbolos, caracteres, sinais, escritos, imagens,
sons ou informações de qualquer natureza, por meio de telefonia fixa ou móvel ou, ainda, por meio de sistemas
de informática e telemática. STJ. 5ª Turma. RHC 67.379-RN, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 20/10/2016 (Info
593).
* Se o telefone celular foi apreendido em busca e apreensão determinada por decisão judicial, não há óbice para
que a autoridade policial acesse o conteúdo armazenado no aparelho, inclusive as conversas do Whatsapp. Para a
análise e a utilização desses dados armazenados no celular não é necessária nova autorização judicial. A ordem
de busca e apreensão determinada já é suficiente para permitir o acesso aos dados dos aparelhos celulares
apreendidos. STJ. 5ª Turma. RHC 77.232/SC, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 03/10/2017.
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: É nula decisão judicial que autoriza o espelhamento do WhatsApp via
Código QR para acesso no WhatsApp Web. Também são nulas todas as provas e atos que dela diretamente
dependam ou sejam consequência, ressalvadas eventuais fontes independentes. Não é possível aplicar a
analogia entre o instituto da interceptação telefônica e o espelhamento, por meio do WhatsApp Web, das
*#DEOLHONAJURIS#DIZERODIREITO#STF: Determinado policial militar foi designado para participar, nas ruas, à
paisana, de passeatas e manifestações, a fim de coletar dados para subsidiar a Força Nacional de Segurança em
atuação estratégica diante dos movimentos sociais e dos protestos ocorridos no Brasil em 2014. Para essa
atividade, não se exigia prévia autorização judicial. No curso de sua atividade originária, o referido policial,
percebendo que algumas pessoas estavam se reunindo para planejar a prática de crimes, aproximou-se desses
suspeitos, ganhou a sua confiança e infiltrou-se no grupo participando das conversas virtuais e das reuniões
presenciais dos envolvidos. Assim, o policial ultrapassou os limites da sua atribuição original e passou a agir como
agente infiltrado. Ocorre que a infiltração de agentes somente pode acontecer após prévia autorização judicial, o
que não havia no caso. Diante disso, o STF declarou a ilicitude e determinou o desentranhamento da infiltração
realizada pelo policial militar e dos depoimentos por ele prestados em sede policial e em juízo, nos termos do art.
157, § 3º, do CPP. STF. 2ª Turma. HC 147837/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 26/2/2019 (Info 932).
#IMPORTANTE
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ #IMPORTANTE Não tendo a autoridade policial permissão do titular da
linha telefônica, ou mesmo da Justiça, para ler mensagens nem para atender ao telefone móvel da pessoa sob
investigação e travar conversa por meio do aparelho com qualquer interlocutor que seja se passando por seu
dono, a prova obtida dessa maneira arbitrária é ilícita. No caso concreto, o policial atendeu ao telefone do
condutor, sem autorização para tanto, e passou-se por ele para fazer a negociação de drogas e provocar o
flagrante. Esse policial também obteve acesso, sem autorização pessoal nem judicial, aos dados do aparelho de
a) descoberta fortuita de novos infratores (serendipidade subjetiva) – neste caso, segundo o entendimento
prevalente, a interceptação valerá contra todos; desde que haja conexão.
b) descoberta fortuita de novas infrações (serendipidade objetiva – inclusive se o crime for apenado com
detenção5) – em que:
Serendipidade objetiva de primeiro grau – Se as infrações são conexas, a interceptação vale como
prova para todos os delitos, mesmo quando o delito conexo seja apenado com detenção;
Serendipidade objetiva de segundo grau – Se as infrações não são conexas, a interceptação
funcionará como mera notícia crime, permitindo a instauração de inquérito policial.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA
O fato de elementos indiciários acerca da prática de crime surgirem no decorrer da execução de medida de
quebra de sigilo bancário e fiscal determinada para apuração de outros crimes não impede, por si só, que os
dados colhidos sejam utilizados para a averiguação da suposta prática daquele delito. Com efeito, pode ocorrer o
que se chama de fenômeno da serendipidade, que consiste na descoberta fortuita de delitos que não são objeto
da investigação. STJ. 6ª Turma. HC 282.096-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 24/04/2014.
Não é necessária a transcrição integral das conversas interceptadas, desde que possibilitado ao investigado o
pleno acesso a todas as conversas captadas, assim como disponibilizada a totalidade do material que, direta ou
indiretamente, àquele se refira, sem prejuízo do poder do magistrado em determinar a transcrição da
integralidade ou de partes do áudio. STF. Plenário. Inq 3693/PA, Rel. Min. Cámen Lúcia, julgado em 10/04/2014.
*Em regra, é desnecessária a juntada do conteúdo integral das degravações das escutas telefônicas realizadas,
pois basta que se tenham degravados os trechos necessários ao embasamento da denúncia oferecida. Assim, o
fato de não ter sido realizada a transcrição integral das interceptações NÃO ofende o princípio do devido processo
legal (art. 5º, LV, da CF/88).
Desse modo, de acordo com a jurisprudência do STF e do STJ, não há nulidade caso não seja realizada a
transcrição integral das conversas telefônicas interceptadas, sendo necessário apenas que sejam transcritos os
5
A prova do TRF4/2016 considerou correta a seguinte alternativa a respeito desse detalhe: “Uma vez realizada a
interceptação telefônica de forma fundamentada, legal e legítima, as informações e as provas coletadas dessa
diligência podem subsidiar denúncia com base em crimes puníveis com pena de detenção , desde que conexos com crimes
punidos com reclusão e cujos fatos sob investigação fundamentaram a medida.”
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
19
trechos necessários ao embasamento da denúncia oferecida e que seja disponibilizada à defesa a mídia (CD, DVD,
arquivo digital etc.) para que esta possa ter acesso a todos os diálogos captados.
EXCEÇÃO:
A degravação integral será obrigatória se o magistrado entenda que essa providência é necessária para que ele
possa, no caso concreto, julgar a ação penal. Em outras palavras, se o magistrado indeferir a transcrição integral
das conversas, a defesa não pode alegar nulidade. Por outro lado, se o magistrado entender que, naquele caso
concreto, essa medida é necessária, o Ministério Público também não pode invocar nulidade (Notícia do site Dizer
o Direito).
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF: Se uma pessoa sem foro por prerrogativa está sendo interceptada por
decisão do juiz de 1ª instância e ela liga para uma autoridade com foro (ex: Promotor de Justiça), a gravação desta
conversa não é ilícita. Isso porque se trata de encontro fortuito de provas (encontro fortuito de crimes), também
chamado de serendipidade ou crime achado. Se após essa ligação, o Delegado ainda demora três dias para
comunicar o fato às autoridades competentes para apurara a conduta do Promotor, este tempo não é
considerado excessivo, tendo em vista a dinâmica que envolve as interceptações telefônicas. Assim, o STF decidiu
que a prerrogativa de foro de membro do Ministério Público é preservada quando a possível participação deste
em conduta criminosa é comunicada com celeridade ao Procurador-Geral de Justiça. Tais gravações, por serem
lícitas, podem servir como fundamento para que o CNMP aplique sanção de aposentadoria compulsória a este
Promotor. STF. 1ª Turma. MS 34751/CE, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 14/8/2018 (Info 911).
* #VAMOSALÉM
A divisão das gerações de direito probatório, encontra seu nascedouro nos precedentes Olmstead (1928), Katz
(1967) e Kyllo (2001), nos quais a Suprema Corte Norte-Americana decidiu em quais casos incidiria a proteção
conferida pela 4ª Emenda à Constituição dos Estados Unidos da América, tornando-se assim necessária a
expedição prévia de ordem judicial de busca e apreensão para a obtenção lícita das provas.
A trilogia dos precedentes Olmstead (1928), Katz (1967) e Kyllo (2001), representa a mutação constitucional
quanto aos objetos que poderiam ser objetos de apreensão pelos agentes do Estado, sem ordem judicial
previamente expedida.
Em apertada síntese, quanto às limitações da atuação estatal em razão da proteção à intimidade, as gerações
probatórias, à luz dos precedentes da Suprema Corte dos Estados Unidos, estabelecemos a seguinte
classificação:
Olha o gancho: Falando sobre expectativa de privacidade, é interessante relembrar que na gravação clandestina,
as provas obtidas são, em regra, válidas, salvo quando as conversas forem amparadas por sigilo, conforme o
posicionamento do STF. (RE 583.937-QO-RG, Rel. Min. Cezar Peluso, com repercussão geral). Já no caso da
interceptação ambiental (aquela realizada “ao vivo”), aplica-se a mesma regra, somando-se ainda a proibição da
captação nas conversas onde haja expectativa de privacidade.
Assim, com base na célebre Jurisprudência da Suprema Corte Estadunidense, o STJ fixou a tese sobre a
impossibilidade de extração de dados e conversas do whatsapp sem prévia autorização judicial, fundamentando-
se de maneira expressa no Direito Probatório de Terceira Geração, vejamos:
Daí a constatação de que existem dois tipos de dados protegidos na situação dos autos: os dados gravados no
aparelho acessados pela polícia ao manusear o aparelho e os dados eventualmente interceptados pela polícia no
momento em que ela acessa aplicativos de comunicação instantânea.
A partir desse panorama, a doutrina nomeia o chamado direito probatório de terceira geração, que trata de
"provas invasivas, altamente tecnológicas, que permitem alcançar conhecimentos e resultados inatingíveis pelos
sentidos e pelas técnicas tradicionais", in verbis
[...]
Enfim, o conceito de coisa, enquanto res tangível e sujeita a uma relação de pertencimento, persiste como
referencial constitucionalmente ainda aplicável à tutela dos direitos fundamentais ou, caso concreto, deveria ser
substituído por outro paradigma?
Esse é um dos questionamentos básicos da aqui denominada de prova de terceira geração: "chega-se ao
problema com o qual as Cortes interminavelmente se deparam, quando consideram os novos avanços
tecnológicos: como aplicar a regra baseada em tecnologias passadas às presentes e aos futuros avanços
tecnológicos".
"Trata-se, pois, de um questionamento bem mais amplo, que convém, todavia, melhor examinar. [...] (KNIJNIK,
Danilo. Temas de direito penal, criminologia e processo processo penal. A trilogia Olmstead-Katz-Kyllo: o art. 5º
da Constituição Federal do Século XXI. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2014, p. 179)”.
Por fim, vale ressaltar ainda, que no referido precedente o STJ considerou o precedente fixado no HC n. 91.867⁄PA
do STF como superado, tendo em vista que naquele caso os fatos narrados eram de 2004, época em que os
telefones celulares possuíam funções muito diferentes das atuais.
Limitação ao direito à intimidade. É lícita a prova fruto de revelações espontâneas de um delito a outrem que não
tenha dever legal de não contar o segredo. Praticar crimes em locais públicos com câmeras. A pessoa assume o
USA (Walder v. US). Embora a prova ilícita não possa ser usada para condenar o acusado, poderia ser para
desmascarar sua mentira em depoimento. Exemplo: Busca e apreensão de uma arma que foi realizada de forma
ilegal, o autor afirma que nunca teve qualquer arma. A busca e apreensão, embora ilícita, pode servir para
demonstrar que o autor está mentindo, fragilizando o seu depoimento. Sem aplicação no Brasil.
Plainviewdoctrine. Nos EUA, mesmo em flagrante delito precisa de autorização judicial para violar o domicílio,
diferentemente do que ocorre no Brasil. Caso de busca e apreensão devidamente autorizada, em que autoridade
policial encontra elementos relativos a crime diverso do objeto da diligência, em tese, estaríamos, no direito
norte-americano, diante de prova ilícita. A doutrina da visão aberta prega que seria legítima essa apreensão caso
o objeto da apreensão fosse encontrado à plena vista do agente policial. Deve ser de maneira casual – não pode
ser após ter encontrado os objetos próprios da busca e apreensão. Não pode estar procurando em local em que
seria impossível encontrar o objeto real da busca e apreensão. Ex. animais em gavetas. Não tem aplicação no
Brasil, por ser possível a apreensão de objetos em flagrante delito sem autorização judicial. Ex. crimes
permanentes – drogas.
*#OUSESABER: A teoria da visão aberta é uma das teorias mitigadoras da vedação das provas ilícitas por
derivação, ou seja, ela apresenta regra que permite o aproveitamento de uma prova que a priori seria ilícita, por
derivar de outra prova ilícita. Ela é uma teoria que cria exceção à fruits of the poisonous tree. Ela, no entanto, é
típica do cenário norte-americano, em que buscas domiciliares só são possíveis com mandado judicial (no Brasil,
também é possível em caso de flagrante delito). Assim, essa teoria permite que, por exemplo, no cumprimento de
um mandado de busca domiciliar para investigar um dado delito, possa-se apreender provas de outro delito para
o qual não havia previsão no mandado, desde que essa prova esteja à plena vista dos investigadores. No Brasil,
não há precedentes registrados da utilização dessa tese até em razão de se assemelhar muito com a chamada
teoria do encontro fortuito de provas.
EUA. Criada com o objetivo de legitimar a busca e apreensão quando o morador possibilita a entrada dos policiais,
pois no direito americano mesmo em flagrante delito é necessária a autorização judicial. Nos EUA essa tese tem
Só o prejudicado pela ilicitude da prova poderia arguí-la. No Brasil não tem aplicação.
XV. Limitação da infração constitucional por pessoas que não fazem parte do órgão policial
Nos EUA, o objetivo da exclusão de provas ilícitas é o de intimidar a violação de direitos por parte das autoridades
policiais, por isso não haveria que se falar me prova ilícita, caso a violação fosse fruto de atuação de particulares
ou agentes, que não policiais. No Brasil, lado outro, o objetivo é a proteção de direitos e garantias fundamentais,
independentemente de quem seja o autor da violação, de forma que, na teoria, não teria aplicação no
ordenamento pátrio. O STF disse serem ilícitas provas entregues à polícia resultantes de furto.
Obs. Verificando-se que a diligência realizada em um país, fruto do pedido de cooperação internacional, foi feita
de acordo com o ordenamento jurídico do Estado estrangeiro (ex. busca e apreensão sem autorização judicial),
não há que se falar em ilicitude da prova quando esta for introduzida no processo em curso no território nacional.
*Obs.: STF – apesar de os artigos 240, §2º e 244 falarem em fundada suspeita para realizar a busca pessoal, não
basta a existência de elementos subjetivo. Os elementos objetivos são necessários. Não só porque vestia roupas
folgadas posso fazer a revista.
Importante!!! Não são nulas as provas obtidas por meio de requisição do Ministério Público de informações
bancárias de titularidade de prefeitura municipal para fins de apurar supostos crimes praticados por agentes
públicos contra a Administração Pública. É lícita a requisição pelo Ministério Público de informações bancárias de
contas de titularidade da Prefeitura Municipal, com o fim de proteger o patrimônio público, não se podendo falar
em quebra ilegal de sigilo bancário. STJ. 5ª Turma. HC 308.493-CE, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado
em 20/10/2015 (Info 572).
9. PROVA EMPRESTADA
9.1. Conceito
9.2. Requisitos
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA
A prova pode ser emprestada mesmo que a parte contra a qual será utilizada não tenha participado do processo
originário onde foi produzida? Ex: no processo 1, foi produzida determinada prova. Em ação de "A" contra "B"
(processo 2), "A" deseja trazer essa prova emprestada. Ocorre que "B" não participou do processo
SIM. É admissível, assegurado o contraditório, a prova emprestada vinda de processo do qual não participaram as
partes do processo para o qual a prova será trasladada.
A prova emprestada não pode se restringir a processo em que figurem partes idênticas, sob pena de se reduzir
excessivamente sua aplicabilidade sem justificativa razoável para isso. Quando se diz que deve assegurar o
contraditório, significa que a parte deve ter o direito de se insurgir contra a prova trazida e de impugná-la. STJ.
Corte Especial. EREsp 617.428-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 04/06/2014 (Info 543).
Desde que observado o devido processo legal, é possível a utilização de provas colhidas em processo criminal
como fundamento para reconhecer, no âmbito de ação de conhecimento no juízo cível, a obrigação de reparação
dos danos causados, ainda que a sentença penal condenatória não tenha transitado em julgado.
Não viola o art. 935 do CC a utilização de provas colhidas no processo criminal como fundamentação para
condenar o réu à reparação do dano no juízo cível. STJ. 1ª Turma. AgRg no AREsp 24.940-RJ, Rel. Min. Napoleão
Nunes Maia Filho, julgado em 18/02/2014.
#NOVIDADE: A título de prova emprestada, a interceptação telefônica pode ser usada em processo civil e
administrativo (STF, Pet. 3683 QO-MG).
O fato de a interceptação telefônica ter visado elucidar outra prática delituosa não impede a sua utilização em
persecução criminal diversa por meio do compartilhamento da prova. STF. 1ª Turma. HC 128102/SP, Rel. Min.
Marco Aurélio, julgado em 9/12/2015 (Info 811).
Não é nula a condenação criminal lastreada em prova produzida no âmbito da Receita Federal do Brasil por meio
da obtenção de informações de instituições financeiras sem prévia autorização judicial de quebra do sigilo
bancário. Isso porque o STF decidiu que são constitucionais os arts. 5º e 6º da LC 105/2001, que permitem o
acesso direto da Receita Federal à movimentação financeira dos contribuintes. STF. 2ª Turma. RHC 121429/SP,
Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 19/4/2016 (Info 822)
*#DEOLHONAJURIS #STJ #DIZERODIREITO: Os dados do contribuinte que a Receita Federal obteve das
instituições bancárias mediante requisição direta (sem intervenção do Poder Judiciário, com base nos arts. 5º e 6º
da LC 105/2001), podem ser compartilhados, também sem autorização judicial, com o Ministério Público, para
serem utilizados como prova emprestada no processo penal. Isso porque o STF decidiu que são constitucionais os
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: Situação concreta: durante uma investigação para apurar tráfico de
drogas, o juiz da vara criminal decretou a interceptação telefônica dos suspeitos. Durante os diálogos, constatou-
se a participação de um militar. O militar foi, então, denunciado na Justiça Militar. Os diálogos interceptados
foram juntados aos autos do processo penal militar como prova emprestada, oriundos da vara criminal. Ocorre
que o juiz da vara criminal não remeteu à Justiça Militar a integralidade dos áudios, mas apenas os trechos em
que se entendia que havia a participação do militar. O STJ entendeu que esse procedimento não foi correto. Isso
porque houve “quebra da cadeia de custódia da prova”. A cadeia de custódia da prova consiste no caminho que
deve ser percorrido pela prova até a sua análise pelo magistrado, sendo certo que qualquer interferência indevida
durante esse trâmite processual pode resultar na sua imprestabilidade (RHC 77.836/PA, Rel. Min. Ribeiro Dantas,
julgado em 05/02/2019). A defesa deve ter acesso à integralidade das conversas advindas nos autos de forma
emprestada, sendo inadmissível que as autoridades de persecução façam a seleção dos trechos que ficarão no
processo e daqueles que serão extraídos. A apresentação de somente parcela dos áudios, cuja filtragem foi feita
sem a presença do defensor, acarreta ofensa ao princípio da paridade de armas e ao direito à prova, porquanto a
pertinência do acervo probatório não pode ser realizada apenas pela acusação, na medida em que gera vantagem
desarrazoada em detrimento da defesa. STJ. 6ª Turma. REsp 1.795.341-RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em
07/05/2019 (Info 648). Obs: vale ressaltar que o caso acima explicado trata sobre falta de acesso à integralidade
da interceptação telefônica e não sobre falta de transcrição ou degravação integral das conversas obtidas. O
entendimento da jurisprudência do STF e do STJ é o de que não é obrigatória a transcrição integral do conteúdo
das interceptações telefônicas. Isso não foi alterado pelo julgado acima, que trata sobre hipótese diferente.
É um procedimento incidental e não tem natureza jurídica de prova, portanto, não cabe empréstimo. O incidente
de insanidade mental tem natureza jurídica de procedimento incidental e será realizado em cada procedimento
criminal em que seja invocada a inimputabilidade, não se admitindo o empréstimo. Do mesmo modo, não se
empresta o resultado da ação civil de interdição.
Segundo o STJ, os jurados têm a legitimidade de aferir a validade da prova emprestada. Criticado.
Este “empréstimo” da prova é permitido mesmo que o processo penal ainda não tenha transitado em
julgado? SIM. É possível a utilização, em processo administrativo disciplinar, de prova emprestada
validamente produzida em processo criminal, independentemente do trânsito em julgado da sentença
penal condenatória. Isso porque, em regra, o resultado da sentença proferida no processo criminal não
repercute na instância administrativa, tendo em vista a independência existente entre as instâncias (STJ.
2ª Turma. RMS 33.628-PE, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 2/4/2013. Info 521).
O STF também decidiu no mesmo sentido afirmando que: A prova colhida mediante autorização judicial e
para fins de investigação ou processo criminal pode ser utilizada para instruir procedimento
administrativo punitivo. Assim, é possível que as provas provenientes de interceptações telefônicas
autorizadas judicialmente em processo criminal sejam emprestadas para o processo administrativo
disciplinar. STF. 1ª Turma. RMS 28774/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto
Barroso, julgado em 9/8/2016 (Info 834).
Mesmo em matéria penal, a jurisprudência do STF e do STJ é no sentido de que não é necessária a
degravação integral das escutas, sendo bastante que dos autos constem excertos suficientes a embasar o
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
28
oferecimento da denúncia. O servidor processado, que também é réu no processo criminal, tem acesso à
integralidade das interceptações e, se entender necessário, pode juntar no processo administrativo os
eventuais trechos que considera pertinentes ao deslinde da controvérsia. O acusado em processo
administrativo disciplinar não possui direito subjetivo ao deferimento de todas as provas requeridas nos
autos, ainda mais quando consideradas impertinentes ou meramente protelatórias pela comissão
processante (art. 156, §1º, Lei nº 8.112/90). STF. 1ª Turma. RMS 28774/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio,
red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 9/8/2016 (Info 834).
Ônus probatório é a responsabilidade entregue às partes para demonstrar aquilo que foi alegado. Se não
demonstrar o que alegou, arcará com as consequências das eventuais omissões. Pode haver inversão do ônus da
prova? Para uma condenação criminal, não, mas para os efeitos secundários, civis, sim. Exemplo de sequestro de
bens ilícitos na posse do acusado. Para o MP pedir a medida assecuratória basta a existência de indícios,
enquanto para a defesa pedir a restituição dos bens precisa provar (prova plena) a sua licitude. Atenção: essa
regra só vale para o pedido de liberação formulado antes da sentença. Se for decidido em sentença, recai sobre o
MP provar a ilicitude dos bens.
Acusação Defesa
Autoria, materialidade, dolo ou eventualmente Excludentes de ilicitude, excludentes de
a culpa e a relação de causalidade. culpabilidade e eventuais, causas obstativas ou
extintivas da punibilidade.
Obs.: Só prova o fato típico que se presume ilícito e culpável, cabendo à defesa afastar essa presunção
através das excludentes.
Obs.: Mirabete diz que o dolo é presumido. Brasileiro critica, sob pena de recair em responsabilidade penal
objetiva. Presunção de inocência.
Obs.: O ônus da defesa é uma analogia com o processo civil. Fatos impeditivos (a ausência deles é necessária
para a eficácia da relação jurídica dos fatos constitutivos) – excludentes de ilicitude e culpabilidade. Fatos
extintivos (se operam em um momento posterior à constituição da relação jurídica, tendo força para extinguir
a sua eficácia) – excludente de punibilidade. Modificativo (se operam em um momento posterior à
constituição da relação jurídica, tendo força para modificar a sua eficácia)– ex.: comutação de pena, remição.
Não se exige da defesa uma prova cabal de tais teses. Apenas que se produza um estado de dúvida quanto a
sua existência.
Obs.: o ônus da prova subjetivo é atenuado pelo princípio da comunhão da prova e o poder instrutório do
juiz. Daí se poder concluir que o ônus subjetivo da prova é, no máximo, um ônus menos perfeito.
ADVERTÊNCIA: Iniciativa probatória do juiz: em que pese não haver ônus atribuído ao magistrado, ele poderá de
ofício determinar a produção probatória, amparado no princípio da verdade real (art. 156, CPP). Hipóteses:
I. Para dirimir dúvida sobre algum ponto relevante do processo. Algumas regras: deve ocorrer de modo
subsidiário. Deve assegurar as partes o poder de participar da produção da prova – contraditório para
a prova –, ou, em não sendo possível, o direito de se manifestar acerca da prova produzida –
contraditório sobre a prova. Deve ainda franquear a possibilidade de produzir contraprova. Deve o
juiz motivar a decisão, expondo a necessidade e relevância da prova. (CRÍTICA – a CF diz que na
dúvida absolve o réu e não produz prova).
II. Até mesmo durante a investigação, o magistrado poderá, de ofício, determinar a produção
antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes. Para Aury Lopes Júnior, o art. 156, CPP,
ofende o sistema acusatório, trazendo para o juiz uma atividade que originariamente é típica das
partes (posição para provas de Defensoria Pública). O juiz só poderia atuar na fase pré-processual
quando provocado (atua como garante das regras do jogo), em respeito ao sistema acusatório. O STF
já sinalizou essa tese quando declarou a inconstitucionalidade do juiz inquisidor previsto na Lei das
Organizações Criminosas.
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício:
1. Sistema da íntima convicção ou da certeza moral do juiz: o juiz tem ampla liberdade para decidir e está
dispensado a motivar. Por ele, o juiz tem absoluta liberdade na deliberação, estando dispensado de motivar
a decisão e podendo utilizar até mesmo o que não está nos autos. O único tribunal que adota esse sistema é
o Tribunal do Júri que decide de forma intelectiva (art. 5º, XXXVIII, CF). Esse sistema acabou sendo refreado
pelo segundo sistema. Secunda conscientia.
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;
2. Sistema da prova tarifada ou da certeza moral do legislador: a lei preestabelece a quantidade de valor de
cada prova e o juiz vai aplicar a lei sem liberdade. Há uma hierarquização do valor das provas. Por ele, o
legislador estabelece o peso de cada prova e o tipo de prova aplicável a cada caso, firmando verdadeira
hierarquização. Como regra, o sistema da prova tarifada está afastado, mas há resquícios. Exemplo: art. 158,
CPP, exigindo exame de corpo de delito quando o crime deixar vestígios. REGRA: corpo de delito. Não sendo
possível – testemunha. Somente confissão nunca; art. 155, CPP, exigindo para a demonstração do estado civil
que as regras do Código Civil sejam aplicadas. Avena fala em tarifação absoluta, quando o juiz não possui
nenhuma liberdade na formação da sua convicção, e relativa, quando a própria lei dá certa
discricionariedade ao magistrado.
3. Sistema do livre convencimento motivado ou persuasão racional: por esse sistema, o juiz é livre para decidir,
desde que motive, não havendo, por consequência, hierarquia entre as provas. (art. 93, IX, da CF c/c art. 155,
caput, do CPP). RESUMO: discricionariedade na avaliação das provas e obrigatoriedade na fundamentação. A
prova tem que estar nos autos – id quod non est in actir non est in mundus – o que não está nos autos não
existe. A prova, porém, não pode ser ilícita ou ilegítima. Pode ser prova direta ou indireta (indício).
ADVERTÊNCIA:
1º SENTIDO. O indício pode ser considerado como um meio de prova, disciplinado no artigo 239, CPP
(prova indiciária – sinônimo de prova indireta – Fato conhecido, devidamente provado suscetível a
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
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conduzir ao conhecimento de um fato desconhecido, por meio do raciocínio indutivo-dedutivo. Ex.
testemunha viu o acusado cheio de sangue com a arma na mão), e o juiz diante da sua liberdade
motivada poderá condenar o réu com base nesse meio de prova. INDÍCIO é uma palavra polissêmica
(prova indireta e prova não plena).
2º SENTIDO – aquela que não traz um juízo de certeza. Nesse sentido, é usado pelo CPP nos casos de
prisão preventiva e de pronúncia, em que se exige a existência de indícios de autoria. Indício como
meio de prova, o que na verdade é o resultado da prova após o contraditório, justifica sim a
condenação. Seu uso, no entanto, segundo o STF, exige cautela e que o nexo com o fato a ser
provado seja lógico e próximo. Art. 239. Considera-se indício a circunstância conhecida e provada,
que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras
circunstâncias.
*#OUSESABER: Lembrando que indícios são fatos provados que levam a inferir a ocorrência de outros fatos.
Diferem, portanto, das provas, que são fatos que demonstram a veracidade (processual) do objeto direto do
processo. Muito se discute a possibilidade de haver condenação apenas com base em indícios. Segundo Renato
Brasileiro, isso é possível dada a adoção do sistema da persuasão racional em nosso processo penal. No entanto,
o autor elenca um rol de requisitos para isso:
A) Pluralidade de indícios;
B) Correlação entre os indícios;
C) Concomitância dos indícios;
D) existência de razões dedutivas dos indícios em relação ao objeto do processo.
Um caso emblemático de condenação com base em uma multiplicidade de indícios foi o caso Samudio, em que
não houve prova direta da autoria do homicídio pelo Goleiro Bruno e demais acusados de participação, mas a
sequência de indícios levou à condenação de todos.
Obs.: efeitos do sistema do livre convencimento motivado: I. Não há prova com valor absoluto. II. Deve o
magistrado valorar todas as provas, mesmo que para refutá-las. III. Somente são consideradas válidas as
provas constantes no processo, desde que lícitas, legítimas e moralmente válidas.
Não há direito absoluto à produção de prova. Em casos complexos, há que se confiar no prudente arbítrio do juiz
da causa, mais próximo dos fatos, quanto à avaliação da pertinência e relevância das provas requeridas pelas
partes. Assim, não há nulidade se o juiz indefere, de modo fundamentado, a oitiva das vítimas do crime. Em regra,
o ofendido deverá ser ouvido na audiência de instrução. No entanto, a obrigatoriedade de oitiva da vítima deve ser
compreendida à luz da razoabilidade e da utilidade prática da colheita da referida prova. STF. 1ª Turma. HC
131158/RS, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 26/4/2016 (Info 823).
o Proposição da prova: é feita pelas partes. A acusação vai propor a prova na inicial acusatória (art. 41, CPP) e
a defesa vai propor a prova na resposta escrita à acusação (art. 396, 396-A, CPP). Como regra, não haverá
preclusão se as partes desatenderem a esse momento, salvo quanto à prova testemunhal. Todavia, nada
impede que de acordo com o art. 156, CPP, que o juiz ouça a testemunha de ofício, como testemunha do
juízo.
o Admissão da prova: é feita por decisão do juiz, autorizando que a prova seja produzida ou que ingresse no
processo. Como regra, a decisão de admissão ou não da prova é irrecorrível, todavia, subsistem as seguintes
ferramentas: se a deliberação traz tumulto ao procedimento, caberá correição parcial; desafia habeas corpus
ou mandado de segurança; essa deliberação pode caracterizar fato gerador de nulidade, sendo possível
invocar como preliminar de futura apelação.
o Produção da prova e submissão ao contraditório (arts. 158 a 250 do CPP);
o Valoração da prova na sentença (arts. 386 e 387 do CPP).
a) Princípio da autorresponsabilidade das partes: por ele, as partes nutrem o ônus da demonstração probatória e
se submetem às consequências da sua omissão.
b) Princípio da audiência contraditória: por ele, toda prova admite contraprova e, antes da valoração, as provas
necessariamente se submetem à dialética das partes.
d) Princípio da oralidade: prevalece na instrução probatória utilização da palavra falada. A oralidade ganhou fluxo
com a Lei nº 11.690/08. Houve repaginação do princípio da oralidade, pois as interpelações passaram a ser
predominantemente orais. São decorrentes do princípio da oralidade:
Princípio da concentração: os atos de prova serão concentrados em audiência única que poderá até ser
desmembrada em razão do excesso de trabalho. Contudo, em um contexto lógico a audiência é uma. Por ele,
os atos instrutórios serão reunidos em audiência única.
Princípio da imediatidade: as provas são produzidas imediatamente para aumentar o fato cognitivo na
produção probatória. Por ele, as provas serão produzidas imediatamente perante o magistrado. Não impede
a videoconferência.
Princípio da identidade física do juiz: existia no processo civil (sem correspondência no NOVO CPC) há
décadas e no processo penal há cinco anos (já era aplicável ao Júri e ao Juizado Especial). Atualmente, e por
disposição expressa do CPP (art. 399, §2º), o juiz que preside a instrução, em regra, vai proferir a sentença,
ressalvadas as hipóteses de caso fortuito, força maior e as exceções conjugadas no Código de Processo Civil
(aposentadoria, promoção, férias). Aplicam-se as ressalvas ao processo penal. Não impede a realização de
atos por carta precatória ou videoconferência quando o caso concreto exigir tais medidas – posição dos
Tribunais Superiores. CRITICAR. § 2o O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença
Obs.: Magistrados instrutores – convocados pelos Ministros do STF e STJ por 6 meses a 2 anos. Realizam a
instrução dos processos criminais nos feitos de competência original daqueles tribunais. Antes vigorava a
carta de ordem. STF entende que eles possam atuar também nas extradições. A identidade física do juiz é
introduzida no meio processual por lei ordinária, não havendo óbice à existência de mitigações em leis de
mesmo patamar, como a lei 12.019/09 que criou a figura do magistrado instrutor.
e) Princípio da publicidade: como regra, a prospecção probatória é feita com respeito à publicidade do ato e com
o consectário lógico do contraditório e da ampla defesa. Existem mitigações como desdobramentos do princípio
da publicidade:
- Na intercepção telefônica (Lei nº 9.296/96) é intuitivo concluir que a publicidade ganha outro contorno, afinal a
captação do teor da conversa é feita de maneira sigilosa e eventual publicidade fora do permissivo legal
caracteriza crime.
- Provas cautelares e provas irrepetíveis: as provas cautelares são aquelas prospectadas com base no binômio
necessidade e urgência e as provas irrepetíveis são as de fácil perecimento. A prova cautelar ou irrepetível é
colhida durante a fase inquisitorial, sendo a publicidade e o contraditório postergados. Em regra, elas são
prospectadas sob a égide da inquisitoriedade do inquérito policial (art. 155, CPP). O contraditório, a ampla defesa
e a publicidade normalmente acontecem na fase processual.
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não
podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação,
ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.
- Risco de intimidação da vítima e testemunhas: nesse caso, a regra trazida pelo Código é a manutenção do réu no
estabelecimento prisional para que ele assista à audiência e seja interrogado por videoconferência (art. 185, §2º,
III, CPP). Não sendo possível, por ausência de aparato tecnológico, o réu será retirado da sala, mas o seu
advogado permanece.
- Regra geral de mitigação da publicidade: o §1º do art. 792 do CPP estabelece uma regra geral de mitigação
balizada pelo juiz quando houver risco de escândalo, inconveniente grave ou perigo de perturbação da ordem.
Art. 792. As audiências, sessões e os atos processuais serão, em regra, públicos e se realizarão nas sedes dos
juízos e tribunais, com assistência dos escrivães, do secretário, do oficial de justiça que servir de porteiro, em dia
e hora certos, ou previamente designados.
§ 1o Se da publicidade da audiência, da sessão ou do ato processual, puder resultar escândalo, inconveniente
grave ou perigo de perturbação da ordem, o juiz, ou o tribunal, câmara, ou turma, poderá, de ofício ou a
requerimento da parte ou do Ministério Público, determinar que o ato seja realizado a portas fechadas, limitando
o número de pessoas que possam estar presentes.
a. No Brasil, as expressões são usadas sem distinção ontológica; Prepondera o entendimento de que
essas expressões são sinônimas, sendo utilizadas equitativamente, em regra.
b. Há quem entenda no Brasil que devemos promover uma dissociação interpretativa e, por
consequência, surgiram duas correntes:
1ª corrente – há quem entenda que a presunção de não - culpabilidade é mais ampla do que a
mera presunção de inocência, devendo aquela prevalecer, pois estabelece uma regra de
tratamento com vários desdobramentos, pautados no princípio pro homine (Eugênio Pacelli);
2ª corrente– uma parcela da doutrina italiana considera que, após a sentença condenatória,
somos meramente não culpáveis e não mais presumidos inocentes e, como regra de tratamento,
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
36
o réu já poderia ser considerado como se já estivesse definitivamente condenado, antecipando-se
o cárcere durante a fase recursal.O juiz determinava a prisão na prolação da sentença, mesmo
com a ausência dos requisitos da prisão cautelar, gerando a banalização do cárcere, que durou até
2009, quando o STF afirmava que esse princípio perdurava até o trânsito em julgado. Influenciou
muito o Brasil por algum tempo. *No entanto, atualmente (2016), houve mudança de
entendimento: o STF e o STJ entendem que o princípio pode ser mitigado, podendo ser
executada a sentença condenatória antes mesmo do trânsito em julgado.
- Desdobramentos do princípio
Regra probatória: cabe à acusação demonstrar a culpabilidade do réu, pois caso contrário ele será absolvido,
afinal o convencimento em grau de certeza quanto à culpabilidade é pressuposto do exercício punitivo.
Regra de tratamento do princípio da inocência:
i. Ausência de efeito suspensivo no recurso extraordinário e no recurso especial (art. 27, §2º, da Lei nº 8.038/90):
ii. Mesmo não possuindo efeito suspensivo, não haverá o automático encarceramento, afinal, como a presunção
de inocência perdura, a prisão só se justifica se presente os requisitos do cárcere cautelar (STF HC 84078/09).
ADVERTÊNCIA – recursos nitidamente protelatórios caracterizam abuso do direito de defesa e, por consequência,
o cárcere se justifica. Segundo o STF, eles não impedem a imediata prisão, pois caracterizam abuso do direito de
defesa (STF AO 1046).
g) Princípio da não autoincriminação (princípio do nemotenetur se detegere): é o direito de não produzir prova
contra sim mesmo. Fonte normativa - A Constituição Federal prevê o direito ao silêncio que é uma das expressões
do direito amplo da não autoincriminação (art. 5º, LXIII, CF). - O art. 8º, §2º, g, da Convenção Americana dos
Direitos Humanos expressamente reconhece o direito a não autoincriminação. O titular do direito é qualquer
pessoa que possa se auto incriminar. ADVERTÊNCIA - Quanto à testemunha, em regra, subsiste o dever para com
a verdade (art. 343, CP). Todavia, na parte do depoimento que puder auto incriminá-la, o dever não subsiste,
afastando-se a responsabilidade criminal.
Determinada pessoa foi convocada a depor na condição de testemunha. Antes de iniciar o depoimento, ela
assinou termo no qual assumiu o compromisso de dizer a verdade. O termo dizia que "a depoente compromete-
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF: É nula a “entrevista” realizada pela autoridade policial com o
investigado, durante a busca e apreensão em sua residência, sem que tenha sido assegurado ao investigado o
direito à prévia consulta a seu advogado e sem que ele tenha sido comunicado sobre seu direito ao silêncio e de
não produzir provas contra si mesmo.
Trata-se de um “interrogatório travestido de entrevista”, havendo violação do direito ao silêncio e à não
autoincriminação.
STF. 2ª Turma. Rcl 33711/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 11/6/2019 (Info 944).
Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem à testemunha, perito, contador,
tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, perícia, cálculos,
tradução ou interpretação:
Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é cometido com o fim de obter prova
destinada a produzir efeito em processo penal ou em processo civil em que for parte entidade da administração
pública direta ou indireta.
- Desdobramentos
I. Advertência quanto ao direito de não produzir prova contra si mesmo: para o STF e o STJ, a autoridade deverá
advertir o agente deste direito, sob pena de ilicitude da prova produzida. CONCLUSÃO: Esse direito é semelhante
ao aviso de Miranda (advertência feita pelas autoridades norte-americanas) que contempla 1) o direito de não
responder; 2) tudo que disser pode ser usado contra e 3) o direito à assistência por advogado.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA:
Obs.: Dever de informar o direito ao silêncio e a imprensa: segundo entendimento prevalente, esse dever de
informar o direito ao silêncio só se aplica ao poder público (STF HC 99558). Dessa forma, o indivíduo que fala na
imprensa que cometeu o crime produz prova lícita – Teoria do risco.
Direito de não produzir prova invasiva: prova invasiva é aquela que demanda intromissão no corpo ou em
orifícios do corpo (exemplo: exame de reto, exame de sangue). A prova não invasiva é a mera inspeção
externa do corpo ou por meio de aparelhos não invasivos (exemplo: raio X, STF HC 149.146). ADVERTÊNCIA:
A lei nº 12.654/12 autoriza a colheita de material biológico para realização do exame de DNA, sendo que a
interpretação constitucional nos permite concluir que não pode ser invasivo. Elementos de descarte não
caracterizam invasão – cigarro, lixo.
PROVAS
Não há ilegalidade na utilização, em processo penal em curso no Brasil, de informações compartilhadas por
força de acordo internacional de cooperação em matéria penal e oriundas de quebra de sigilo bancário
determinada por autoridade estrangeira, com respaldo no ordenamento jurídico de seu país, para apuração de
outros fatos criminosos lá ocorridos, ainda que não haja prévia decisão da justiça brasileira autorizando a quebra
do sigilo.
Em outras palavras, o STJ julgou válida a utilização, em processo penal no Brasil, de informações bancárias
sigilosas obtidas pela Justiça dos EUA para o processo aqui por força do Acordo de Assistência Judiciária em
Matéria Penal . STJ. 5ª Turma. HC 231.633-PR, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 25/11/2014 (Info 553).
PROVAS
A tradução dos documentos em idioma estrangeiro só será realizada quando for necessário
A tradução para o vernáculo de documentos em idioma estrangeiro juntados nos autos só deverá ser realizada se
tal providência for absolutamente “necessária”.
É o que prevê o CPP: “Art. 236. Os documentos em língua estrangeira, sem prejuízo de sua juntada imediata,
serão, se necessário, traduzidos por tradutor público, ou, na falta, por pessoa idônea nomeada pela autoridade”.
A decisão sobre a necessidade ou não de tradução dos documentos cabe ao juiz da causa.
STJ. Corte Especial. AgRg na APn 675/GO, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 17/06/2015.
STF. Plenário. Inq 4146/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 22/06/2016 (Info 831).
*#JURISPRUDÊNCIAEMTESES6 #STJ:
6
Edição nº 105.
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
41
4) A propositura da ação penal exige tão somente a presença de indícios mínimos de materialidade e de
autoria, de modo que a certeza deverá ser comprovada durante a instrução probatória, prevalecendo o
princípio do in dubio pro societate na fase de oferecimento da denúncia
5) A incidência da qualificadora rompimento de obstáculo, prevista no art. 155, § 4º, i, do código penal, está
condicionada à comprovação por laudo pericial, salvo em caso de desaparecimento dos vestígios, quando a
prova testemunhal, a confissão do acusado ou o exame indireto poderão lhe suprir a falta.
6) É válido e revestido de eficácia probatória o testemunho prestado por policiais envolvidos em ação
investigativa ou responsáveis por prisão em flagrante, quando estiver em harmonia com as demais provas
dos autos e for colhido sob o crivo do contraditório e da ampla defesa.
7) O reconhecimento fotográfico do réu, quando ratificado em juízo, sob a garantia do contraditório e ampla
defesa, pode servir como meio idôneo de prova para fundamentar a condenação.
8) A folha de antecedentes criminais é documento hábil e suficiente a comprovar os maus antecedentes e a
reincidência, dispensando-se a apresentação de certidão cartorária.
9) Para efeitos penais, o reconhecimento da menoridade do réu requer prova por documento hábil. (súmula n.
74/STJ)
10) O registro audiovisual de depoimentos colhidos no âmbito do processo penal dispensa sua degravação ou
transcrição, em prol dos princípios da razoável duração do processo e da celeridade processual, salvo
comprovada demonstração de necessidade.
1) A alteração da competência não torna inválida a decisão acerca da interceptação telefônica determinada por
juízo inicialmente competente para o processamento do feito.
2) É admissível a utilização da técnica de fundamentação per relationem para a prorrogação de interceptação
telefônica quando mantidos os pressupostos que autorizaram a decretação da medida originária
3) O art. 6º da Lei n. 9.296/1996 não restringe à polícia civil a atribuição para a execução de interceptação
telefônica ordenada judicialmente.
4) É possível a determinação de interceptações telefônicas com base em denúncia anônima, desde que
corroborada por outros elementos que confirmem a necessidade da medida excepcional.
5) A interceptação telefônica só será deferida quando não houver outros meios de prova disponíveis à época na
qual a medida invasiva foi requerida, sendo ônus da defesa demonstrar violação ao disposto no art. 2º, inciso II,
da Lei n. 9. 296/1996.
6) É legítima a prova obtida por meio de interceptação telefônica para apuração de delito punido com
detenção, se conexo com outro crime apenado com reclusão.
7
Edição nº 117.
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
42
7) A garantia do sigilo das comunicações entre advogado e cliente não confere imunidade para a prática de
crimes no exercício da advocacia, sendo lícita a colheita de provas em interceptação telefônica devidamente
autorizada e motivada pela autoridade judicial.
8) É desnecessária a realização de perícia para a identificação de voz captada nas interceptações telefônicas,
salvo quando houver dúvida plausível que justifique a medida.
9) Não há necessidade de degravação dos diálogos objeto de interceptação telefônica, em sua integralidade,
visto que a Lei n. 9.296/1996 não faz qualquer exigência nesse sentido.
10) Em razão da ausência de previsão na Lei n. 9.296/1996, é desnecessário que as degravações das escutas
sejam feitas por peritos oficiais.
DIPLOMA DISPOSITIVOS
Código de Processo Penal Art. 155 a 157
8. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA
Anotações de aula