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Disciplina: Direito Processual Civil

Professor: Eduardo Francisco


Aula: 21| Data: 02/04/2019

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

FORMAÇÃO, SUSPENSÃO E EXTINÇÃO DOS PROCESSOS


1. Formação do Processo
2. Suspensão do Processo
3. Extinção do Processo

NULIDADES

FORMAÇÃO, SUSPENSÃO E EXTINÇÃO DOS PROCESSOS


(Arts. 312 a 317, CPC)

1. Formação do Processo (Art. 312, CPC)

Sobre este tema, vale relembrar que temos o Sistema Misto, porque envolve o Princípio Dispositivo, na medida em
que, no começo, o processo depende da iniciativa da parte. Por outro lado, temos também o Princípio Inquisitivo,
no qual o processo se desenvolve por Impulso Oficial (uma vez iniciado ele se desenvolve até o fim).

A relação jurídica processual se forma progressivamente (ela é paulatina), porque:

A) Com o Protocolo da Inicial, forma-se a relação jurídica processual entre Autor e Juiz;
B) Só com a citação válida se forma a relação jurídica processual em relação ao Réu (é uma questão técnica – ou
seja, só com a citação válida o réu é integrado/vinculado à relação jurídica processual).

É isto o que diz o art. 312, do CPC.

Art. 312. Considera-se proposta a ação quando a petição inicial for


protocolada, todavia, a propositura da ação só produz quanto ao réu
os efeitos mencionados no art. 240 depois que for validamente citado.

2. Suspensão do Processo (arts. 313 a 315, CPC)

Devemos lembrar que a suspensão do processo é excepcional e só ocorre quando a lei prevê.

O Art. 313, Inciso I, CPC - morte ou incapacidade: essa situação pode ser quanto à parte, ao representante e ao
advogado.

Art. 313. Suspende-se o processo:


I - pela morte ou pela perda da capacidade processual de qualquer das
partes, de seu representante legal ou de seu procurador;

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Assim, quanto à morte/incapacidade do Representante e quanto à Incapacidade da Parte: suspende-se o processo,
para a nomeação de um representante, em regra, legítimo (vinculado à parte). Ex.: o pai, a mãe, o neto, etc.

Na falta de um representante ou se houver conflito de interesses, nomeia-se um curador especial.

No caso de morte da Parte, se a ação for intransmissível, será extinta, do contrário, suspende-se pelo prazo de 2 a
6 meses, para habilitação dos sucessores, por iniciativa deles ou do adversário.

Em caso de morte/incapacidade do Advogado suspende-se por 15 dias, para a nomeação de outro, sob pena de:
Se for o autor, extinção; Se for o réu, revelia; Se for um terceiro (CUIDADO), no polo ativo, será excluído, no polo
passivo será revel.

Obs: Revelia, aqui, trata-se de uma revelia diferente. Aqui é o “réu conteste revel” e tem efeito único -> ele não
será intimado dos demais atos do processo enquanto não tiver nomeado advogado. Não tem os efeitos da revelia,
como a presunção de veracidade dos fatos narrados na inicial, por exemplo.

O Art. 313, Inciso II, do CPC: pela Convenção das partes – no máximo por 6 meses.

Art. 313. (...)


II - pela convenção das partes;

O Art. 313, Inciso III, do CPC: Arguição de Impedimento / Suspeição (é a petição que suspende), em regra até a
decisão do Tribunal, salvo se o Relator retirar o efeito suspensivo.

Art. 313. (...)


III - pela arguição de impedimento ou de suspeição;

O Art. 313, Inciso IV, do CPC: pela admissão do IRDR (é novidade!) – Incidente de Resolução de Demandas
Repetitivas -, até o julgamento do IRDR, que deve ocorrer em até um ano, mas que é prorrogável por decisão
fundamentada.

Art. 313. (...)


IV- pela admissão de incidente de resolução de demandas repetitivas;

O Art. 313, Inciso V, do CPC: quando a decisão de mérito depender: A) de questão prejudicial externa, ou seja,
questão objeto de outro processo, ou; B) de fato ou prova solicitado a outro juízo (Cartas precatória ou rogatória –
aqui, vale lembrar que a carta só suspende o processo se requerida antes do saneador e a prova solicitada for
imprescindível – são, portanto, dois requisitos, um temporal e um sobre a importância da prova). – Ambas pelo
prazo de um ano.

Art. 313. (...)


V - quando a sentença de mérito:
a) depender do julgamento de outra causa ou da declaração de
existência ou de inexistência de relação jurídica que constitua o objeto
principal de outro processo pendente;
b) tiver de ser proferida somente após a verificação de determinado
fato ou a produção de certa prova, requisitada a outro juízo;

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O Art. 313, Inciso VI, do CPC: por força maior, enquanto durar a força maior.

O Art. 313, Inciso VII, do CPC: quando se discute questão decorrente de Acidente ou Fato da Navegação objeto da
competência do Tribunal Marítimo. A Lei não prevê prazo, mas, por analogia ao Inciso V, alínea a, (art. 313, CPC),
será de um ano.

O Art. 313, Inciso VIII, CPC: é norma de encerramento -> pelos “demais casos previstos em lei”.

Exs.: Incidente de Desconsideração da Pessoa Jurídica; Afetação para Análise de Repercussão Geral ou, Resp/Rext
Repetitivo (o relator que vai decidir se casos idênticos serão suspensos ou não).

O Art. 313, Incisos IX e X, do CPC (Novidade): 30 dias no caso de maternidade e de 8 dias no caso de paternidade,
desde que comunicado o cliente.

Art. 313. (...)


IX - pelo parto ou pela concessão de adoção, quando a advogada
responsável pelo processo constituir a única patrona da causa;
X - quando o advogado responsável pelo processo constituir o único
patrono da causa e tornar-se pai.

A suspensão é excepcional e sempre temporária.

Durante o período de suspensão é vedada a prática de atos processuais, mas o juiz pode determinar a prática de
atos urgentes para evitar dano irreparável, salvo se arguido impedimento ou suspeição.

Quando a questão prejudicial externa for penal (ex.: se for condenado pelo homicídio do pai no criminal, será
indigno no cível), suspenso o processo, a ação penal deve ser iniciada em três meses e/ou concluída em um ano,
sob pena de revogação da suspensão.

3. Extinção do Processo (Arts. 316 e 317, do CPC)

A extinção se dá por sentença.

O Art. 317, do CPC: Princípio da Primazia do Mérito que está intrinsecamente ligado à Instrumentalidade -> antes
de extinguir o processo sem mérito, se possível, o juiz dará oportunidade para corrigir o vício.

Art. 317. Antes de proferir decisão sem resolução de mérito, o juiz


deverá conceder à parte oportunidade para, se possível, corrigir o
vício.

Obs.: “se possível”, isto é, se o vício for sanável, se der para corrigir.

A Lei prioriza o julgamento do mérito, permitindo sanar as nulidades.

Quando se fala em extinção, exige-se sempre uma sentença. Ela será terminativa quando extinguir sem mérito (art.
485, do CPC), ou será definitiva quando extingue o processo com mérito (art. 487, do CPC), porque ela vai gerar
coisa julgada material (este tema será abordado em tópico próprio).

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NULIDADES

Já mencionado em aulas anteriores, quando falamos dos pressupostos processuais, mas os art. 276 a 283, do CPC,
tratam delas em específico. Vejamos:

 Toda nulidade decorre da violação de pressuposto de validade.

Para tratar do tema, vamos relembrar as premissas: O ato processual, em regra, tem forma livre, salvo, se houver
previsão expressa exigindo formalidades. Porém, mesmo neste caso, temos a Instrumentalidade das Formas (que,
neste contexto, significa que as formalidades exigidas pela lei visam garantir que o ato atingirá sua finalidade e,
ainda, que, se apesar de não obedecer a forma exigida pela Lei, o ato atingir sua finalidade, ele é válido). Por isso,
se fala em Instrumentalidade das Formas, ou seja, as formalidades exigidas pela Lei não valem por si só, elas estão
vinculadas a uma finalidade.

 Princípios:

A) Princípio do Prejuízo: não há nulidade sem prejuízo, ou seja, não haverá prejuízo se o ato atingiu sua finalidade
(arts. 279, §2º; 282, §1º e 283, §único, do CPC).

B) Princípio do Interesse: ele tem dois aspectos:

(i) A nulidade não pode ser alegada por quem deu causa;
(ii) Só a parte prejudicada tem interesse em alegar a nulidade.

Obs.: Preclusão: a nulidade relativa deve ser alegada pelo prejudicado na primeira oportunidade, sob pena de
preclusão. Isso não se aplica às nulidades absolutas que o juiz pode e deve reconhecer de ofício.

Obs.2: Mesmo as nulidades absolutas ficam sanadas com o decurso do tempo, mas não com a preclusão e, sim,
com o trânsito em julgado ou com o decurso do prazo de ação rescisória (as previstas no art. 966, CPC).

C) Princípio da Instrumentalidade: que está relacionado ao Princípio do Aproveitamento, que decorre do Princípio
da Economia Processual. Se o vício formal não impede o ato de atingir a finalidade, não há prejuízo e, por isso,
ele é aproveitado, evitando a sua repetição ou correção.

D) Princípio da Primazia do Mérito (art. 282, §2º, do CPC): veremos na próxima aula.

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