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MATERIAL DE APOIO
5º SEMESTRE
FORMAÇÃO DO PROCESSO
O processo se forma através de uma relação jurídica material estabelecida por um vínculo
entre pessoas, provocado por um fato que induz à modificação da situação material.
A relação jurídica processual se estabelece entre os sujeitos do processo: juiz, autor e réu.
São três as teorias que estabelece a relação jurídica processual, qual seja: a linear, a triangular
e a angular.
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Autor Réu
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Teoria triangular: o vínculo das partes para o exercício dos direitos e deveres é estabelecido
juntamente com os poderes do juiz.
Juiz
Autor Réu
Teoria angular: nesta relação processual, os direitos e deveres das partes estão voltados para
o juiz, ou seja, vinculados diretamente às decisões deste.
Juiz
Autor Réu
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O processo tem início com o requerimento da parte, mas se desenvolve mediante impulso
oficial. (art. 2º do CPC)
Considera-se proposta a ação quando a petição inicial for protocolada, contudo a produção
dos efeitos do art. 240 só serão produzidos com a citação válida. (art. 312 do CPC)
SUSPENSÃO DO PROCESSO
Ocorre a suspensão do processo por acontecimento voluntário ou alheio a vontade das partes,
que, temporariamente, causa a paralisação da marcha processual.
Depois de superada a crise, os prazos iniciados antes da suspensão reiniciam pelo restante do
tempo, mediante nova intimação.
Além disso, o NCPC disciplinou o procedimento da “ação de habilitação” (art. 687/692 CPC) a
fim de promover a substituição das partes (autor e réu) em razão de seu falecimento por seus
sucessores ou interessados, conforme prevê o §2º do art. 313 do CPC, quando então o
processo também deverá ser SUSPENSO até que se decida sobre a habilitação dos sujeitos
interessados.
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EXTINÇÃO DO PROCESSO
A relação processual sempre será resolvida através de uma sentença judicial, mediante o
exercício da atividade jurisdicional do magistrado, situações que serão vistas ao final do
procedimento comum.
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DA TUTELA PROVISÓRIA
Conceito
A técnica antecipatória tem justamente por função distribuir de forma isonômica o ÔNUS DO
TEMPO no processo. (MARINONI, 2015, p. 198)
A decisão judicial tem caráter provisório de cognição superficial, portanto, não exauriente.
FUMUS BONI IURIS – fumaça do bom direito – elemento para demonstrar a probabilidade do
direito que autoriza a antecipação da tutela ou a cautelaridade do direito.
O legislador preferiu dividir a tutela provisória em URGÊNCIA e EVIDÊNCIA. (art. 294 CPC)
A tutela provisória pode ser revogada ou modificada a qualquer tempo. (art. 296 CPC)
O juiz está investido de poder geral de cautela para determinar quaisquer medidas que
considerar adequada para a efetivação de tutela provisória. (art. 297 e 301 CPC)
A decisão judicial que antecipa ou acautela a tutela de direitos deve ser sempre
fundamentada. (art. 298 CPC)
TUTELA DE URGÊNCIA
Pode ser concedida liminarmente (inaudita altera parte), sem ouvir a parte contrária, ou, após
justificação prévia (audiência para demonstrar os elementos para antecipação). (§2º do art. 300
CPC)
O juiz não deve conceder a tutela provisória de urgência quanto houver perigo de
irreversibilidade do provimento antecipado; (§3º do art. 300 CPC)
A tutela provisória de urgência pode ter natureza cautelar específica, nos termos do art. 301 do
CPC, ressaltando o poder geral de cautela do juiz.
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É possível o autor requerer a antecipação da tutela antes de elaborar a petição inicial principal,
quando então, a petição requerendo a antecipação pode se limitar e se concentrar somente no
pedido antecipatório. (art. 303 CPC)
1) Concedida a tutela antecipada, o autor irá ADITAR A PETIÇÃO INICIAL para complementar
a peça exordial, nos mesmos autos, prosseguindo-se o feito pelo procedimento comum,
conforme § 1º do art. 303 do CPC.
Não atendida a ordem de aditamento da petição inicial, o processo será extinto sem resolução
do mérito.
Trata-se de ação que tem procedimento próprio, com citação do réu, contestação, instrução,
sentença e demais atos processuais específicos disciplinados pelos art. 305 a 310 do CPC.
Ver os artigos
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TUTELA DE EVIDÊNCIA
Essa espécie de tutela provisória está diretamente ligada à ideia de defesa inconsistente do
réu, porquanto ela será concedida independentemente de demonstração de perigo de dano,
em razão de que resta evidente o direito em favor do autor.
1) Será concedida a tutela provisória quando ficar caracterizado abuso de defesa ou defesa
protelatória, verificada pelos argumentos da contestação ou outra manifestação qualquer;
Quadro exemplificativo
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PROCESSO DE CONHECIMENTO
PROCEDIMENTO COMUM
Conceito
Fase instrutória = essa fase ocorre por ocasião do momento em que as partes podem
produzir as provas postuladas na inicial e deferidas pelo juiz em saneamento;
Fase decisória = ocorre quando o juiz exerce a função jurisdicional de decidir acerca da
provocação do jurisdicionado.
PETIÇÃO INICIAL
É o instrumento pelo qual o autor propõe a ação. É o ato processual que dá início ao processo,
cuja forma, no procedimento comum, deve ser escrita, datada e assinada por quem detenha
capacidade postulatória.
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V - o valor da causa;
Ver as regras próprias da seção (art. 291 a 293 do CPC)
Pode influenciar na competência (juizado especial), no procedimento, no preparo da ação ou
nos ônus de sucumbência, dentre outras questões;
O valor da causa deve corresponder ao conteúdo econômico da pretensão;
Pode ser declinado por sugestão (ex: danos morais)
Admite-se atribuição do valor de alçada;
A ausência de impugnação pelo réu induz a preclusão da matéria;
Pode ser modificado de ofício pelo magistrado quando o autor tentar desviar a competência ou
o rito processual adequado;
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;
Tolera-se pedido generalizado das provas, já que o autor não tem como saber quais os fatos
que serão controvertidos antes da contestação;
Do silêncio do autor, o juiz deve considerar como indicativo da vontade de que haja audiência
de conciliação ou mediação. (DIDIIER JR, 2015, p. 555)
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Prescreve o art. 320 do CPC que a petição inicial deverá ser instruída com os documentos
indispensáveis à propositura da ação.
Credenciais do autor pessoa física ou jurídica (ex: CPF, RG, declaração de empresário
individual ou contrato social, procuração, declarações de hipossuficiência financeira)
EMENDA À INICIAL
DO PEDIDO
Diz-se pedido mediato o que visa alcançar o resultado prático = o bem da vida pretendido;
O pedido dever ser “certo e determinado”, possibilitando a sua perfeita identificação, sendo
lícito ao autor, em exceção, formular pedido genérico: (§1º do art. 324 do CPC)
I - nas ações universais, se não puder o autor individuar na petição os bens demandados;
II - quando não for possível determinar, de modo definitivo, as consequências do ato ou do fato
ilícito;
Ex: indenização por DANO MORAL; danos materiais por lesão corporal;
III - quando a determinação do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado
pelo réu.
Pedido implícito
Cumulação de pedidos
Cumulação simples = possibilita o pedido de dois ou mais pedidos contra o mesmo réu, ainda
que não haja conexão entre eles, observados os requisitos de admissibilidade do art. 327 do
CPC; (ex: cobrança de um cheque e uma nota promissória; dano moral, material e estético)
O autor pretende o êxito de todos os pedidos, no entanto, o acolhimento de apenas um, induz
em procedência parcial. Haverá sucumbência recíproca;
Cumulação alternativa = ocorre quando o autor formula dois ou mais pedidos, postulando o
acolhimento de apenas um deles, sem estabelecer uma ordem de preferência. (ex:
cumprimento específico da obrigação ou o pagamento do equivalente)
Como se trata de liberalidade do autor caberá ao juiz a escolha de uma das pretensões, salvo
nas hipóteses em que a escolha caiba ao devedor. (art. 325 do CPC)
Cumulação subsidiária = ocorre quando o autor formula dos ou mais pedidos, esperando que
apenas um deles seja acolhido, estabelecendo uma ordem de preferência; (art. 326 do CPC)
(ex: ações previdenciárias de aposentadoria por invalidez ou auxílio-acidente ou auxílio-
doença)
O juiz é obrigado a apreciar o pedido formulado como preferencial, na ordem estabelecida pelo
autor;
Qualquer um dos credores de obrigação indivisível poderá postular a obrigação por inteira,
preservando a quota dos demais credores. (art. 328 do CPC)
Aditamento do pedido
É possível o autor solicitar o aditamento ou alteração do pedido e da causa de pedir; (art. 329
CPC)
INDEFERIMENTO DA INICIAL
O juiz deve proceder a um exame de admissibilidade da petição inicial, a fim de verificar vícios
existentes prejudiciais ao regular andamento e análise do processo.
Sendo sanáveis os vícios, deverá o juiz oportunizar a correção mediante emenda da inicial;
O indeferimento da inicial é uma sentença sem resolução de mérito (art. 485, I do CPC), salvo
quando ocorrer a decadência ou a prescrição;
O indeferimento da petição inicial somente ocorre no início do processo, antes de citado o réu;
após a citação do réu, o processo deverá ser extinto por outro motivo;
Essa distinção acarretará inúmeras consequências, como por exemplo, a não condenação do
autor ao pagamento de honorários advocatícios e o procedimento recursal adequado;
Juízo de retratação
Mantendo-se a decisão de indeferimento, o réu será “citado” para responder ao recurso. (§1º
do art. 331 do CPC)
Transitada em julgada a decisão de indeferimento, o réu deverá ser cientificado pelo escrivão,
a fim de que possa sustentar, se for o caso, a coisa julgada material. (§ 3º do art. 331 do CPC)
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c) também terá cabimento quando o juiz verificar, desde logo, a prescrição ou a decadência.
Para que ele possa se valer do instituto, não basta que o juiz replique o caso paradigma;
deverá ele demonstrar que as razões de decidir (ratio decidendi) da decisão paradigma se
amoldam ao caso apresentado.
Juízo de retratação
Havendo juízo de retratação, o processo terá andamento com a citação do réu, ou, mantendo-
se a decisão de improcedência, o réu será “citado” para responder o recurso, e em seguida, os
autos serão remetidos ao tribunal competente; (§ 4º do art. 332 do CPC)
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É uma audiência preliminar que tem por objetivo a pacificação da controvérsia e a solução
imediata da lide.
Sua designação deverá ocorrer com o despacho inicial que recebe a petição inicial, não sendo
caso de indeferimento ou julgamento liminar de improcedência. (art. 334 CPC)
A audiência preliminar será de CONCILIAÇÃO, nos casos em que não houver vínculo anterior
entre as partes (§2º do art. 165 CPC), ou de MEDIAÇÃO, nos casos em que houver vínculo
anterior entre as partes (§3º do art. 165 CPC)
A citação do réu será feita com o objetivo de cientificá-lo da existência da demanda e chamá-
lo a comparecer à audiência preliminar de conciliação ou mediação.
O autor deverá ser intimado da data da audiência através de seu advogado. (§3º do art. 334
CPC)
São duas as hipóteses de não realização da audiência preliminar. (§4º do art. 334 CPC)
O autor na petição inicial e o réu através de petição apresentada até 10 dias antes da
audiência.
O acordo obtido na audiência preliminar será reduzido a termo e homologada por sentença,
com resolução de mérito.
RESPOSTA DO RÉU
Disposições gerais
CONTESTAÇÃO
É o ato processual que veicula a defesa do réu em contraposição ao pedido do autor, devendo
concentrar todas as manifestações à pretensão do autor, salvo aquelas para as quais haja
previsão de incidentes próprios.
O réu deve trazer na contestação todas as matérias que possa invocar de sua defesa, mesmo
que elas não sejam compatíveis entre si, sob pena de preclusão;
Essa parte do dispositivo do art. 336 do CPC consagra o princípio da eventualidade, pelo
qual se permite ao réu valer-se de teses contraditórias em sua defesa, as quais deverão ser
apresentadas em ordem sucessiva e sempre ressalvadas;
O réu deverá expor na contestação as razões de fato e os fundamentos jurídicos com que
pretende repelir a pretensão do autor, especificando as provas que pretende produzir.
O NCPC facultou ao autor a substituição do réu no prazo de 15 dias, quando for sustentado
em contestação a ilegitimidade do primeiro citado, arcando o autor com o pagamento das
custas processuais e honorários advocatícios reduzidos ao procurador da parte excluída do
polo.
Preliminares de mérito
Compete ao réu alegar antes de discutir o mérito, as matérias enumeradas no art. 337 do CPC.
O rol do art. 337 do CPC não é taxativo, porquanto se admite outras matérias que podem ser
arguidas em preliminar de mérito.
As preliminares de mérito podem levar à extinção do processo sem resolução de mérito (salvo
prescrição e decadência), como também, podem apenas promover a dilação do processo,
conforme cada hipótese.
Defesa de mérito
Defesa direta é aquela em que o réu nega os fatos narrados na petição inicial;
Ex: em ação de cobrança o réu diz que não deve porque não contraiu a obrigação;
Defesa indireta é aquela em que o réu contrapõe aos fatos constitutivos do direito do autor.
Ex: em ação de cobrança o réu admite que deve, no entanto, argui o pagamento, a novação, a
transação ou até mesmo a prescrição do débito.
Cabe ao réu se manifestar precisamente sobre cada um dos fatos narrados na inicial, sob pena
de, não o fazendo, presumirem-se verdadeiros os fatos não impugnados. (art. 341 do CPC)
Não se considera a presunção de veracidade nos casos dos incisos I, II e III do art. 341;
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Não se aplica o ônus da impugnação específica quando a defesa for promovida por defensor
público, advogado dativo ou curador especial, casos em que a lei permite, como exceção a
regra geral, a apresentação de CONTESTAÇÃO GENÉRICA por negativa geral. (parágrafo
único do art. 341 do CPC)
A reconvenção é contra-ataque do réu contra o autor, consistente em uma nova ação, com
pretensão totalmente independente que se ocupa do mesmo processo da ação.
O NCPC inovou na forma de interposição da reconvenção, exigindo que esta seja feita na
própria contestação, em cláusula destacada, ou seja, a contestação e a reconvenção serão
feitas na mesma peça processual.
Acaso a reconvenção seja independente, ou seja, o réu deixe de opor contestação, ela virá em
peça exclusiva.
São requisitos gerais da reconvenção aqueles exigidos pelos art. 319 e 320 do CPC, visto se
tratar de nova demanda.
Procedimento
“Embora a lei mencione intimação, a natureza do ato é verdadeira citação, já que o pedido
reconvencional é autônomo e constitui uma nova demanda.”... “Se o autor reconvindo não
contestar a reconvenção, nem por isso se presumirão verdadeiros os fatos alegados pelo réu
reconvinte.” (GONÇALVES, 2013, p. 380)
O §2º do art. 343 do CPC consagra a autonomia do pedido reconvencional no momento que
explicita que a desistência da ação não obsta o prosseguimento da reconvenção.
O juiz proferirá uma única sentença para a ação e para a reconvenção, julgando ambos os
pedidos.
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A finalidade desse incidente é assegurar que o processo seja julgado por um juiz imparcial.
As hipóteses devem ser arguidas petição distinta da contestação (tanto pelo autor como pelo
réu) no prazo de 15 dias contados da ciência do fato que ocasionou a imparcialidade.
As causas de impedimento do juiz configuram maior gravidade e, por isso, a doutrina tem
entendido que ela não preclui, podendo ser, inclusive, causa de ação rescisória.
A suspeição é matéria que se torna preclusa para a parte se não alegada no momento
oportuno.
A petição é dirigida ao próprio juiz imputado como impedido ou suspeito, da qual deverá se
extrair os motivos da recusa (fatos e fundamentos), instruída com os documentos
comprobatórios das alegações e a indicação do rol de testemunhas. (art. 146 do CPC)
Ambas as partes têm legitimidade para opor as referidas exceções. Contudo, o legitimado
passivo será o próprio juiz, o qual assumirá a qualidade de excepto.
Sendo reconhecido o impedimento ou a suspeição pelo Tribunal, o juiz arcará com as custas
processuais. (§5º do art. 146 do CPC)
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REVELIA
Denomina-se revelia a ausência de resposta do réu. Revel é aquele que, citado, permanece
inerte, que não se contrapõe ao pedido formulado pelo autor. (GONÇALVES, 2013, p. 390)
Não se deve confundir REVELIA – que é a ausência de resposta do réu - com os EFEITOS DA
REVELIA – que são as consequências processuais que ela produz.
Efeitos da revelia
1 - Presunção de veracidade dos FATOS alegados pelo autor. (art. 344 do CPC)
Obs: essa presunção é relativa, porquanto pode o juiz entende-las como inverossímil,
improváveis ou contrárias aos fatos notórios.
2 – Desnecessidade de intimação dos atos e prazos processuais contra o revel que não tenha
patrono constituído nos autos. (art. 346 do CPC)
1 – havendo pluralidade de réus, algum deles contestar, desde que o litisconsórcio seja unitário
ou, sendo simples, se um dos réus contestar fatos que sejam comuns aos demais;
3 – acaso a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento público que a lei considere
indispensável à prova do ato;
RÉPLICA
A réplica é um ato processual que visa oportunizar ao autor exercer as impugnações de fatos e
fundamentos alegados pelo réu, bem como contraditar os documentos juntados, tendo em vista
o princípio constitucional do contraditório, ou seja, a manifestação do autor sobre a
contestação.
A réplica tem lugar nas hipóteses dos arts. 350 e 351 do CPC e o prazo para apresentação é
de 15 dias;
No caso do art. 350 do CPC caberá a réplica quando o réu, reconhecendo o fato declinado na
inicial, trazer em sua defesa fatos impeditivos, modificativos ou extintivo do direito do autor.
Ex: na ação de cobrança, o réu reconhece a dívida, contudo, alega pagamento, novação,
transação, compensação, prescrição, dentre outros fatos.
No caso do art. 351 do CPC caberá a réplica quando o réu arguir qualquer uma das matérias
preliminares de mérito constantes no rol do art. 337 do CPC, o qual não é taxativo.
Nesse momento processual, após verificar eventual revelia e seus efeitos, ou perceber que a
questão restou incontroversa em razão da contestação e réplica, o juiz poderá julgar o
processo conforme o seu estado, seguindo os seguintes caminhos:
O juiz poderá julgar o pedido desde logo, sem a necessidade de produção de provas,
quando ocorrer algumas das duas hipóteses determinada pelo art. 355 do CPC.
O NCPC, em seu art. 356, determinou o “dever” do juiz em julgar parcialmente o mérito da
causa quando um ou mais pedidos:
Nessa hipótese, o processo será julgado definitivamente sobre a parcela dos pedidos, e no
restante tramitará normalmente com a devida instrução processual.
Trata-se de momento processual em que o juiz deverá se manifestar sobre a viabilidade ou não
do prosseguimento do feito mediante a instrução processual, visto as possibilidades de
extinção do processo ou julgamento antecipado do mérito eliminarem, de imediato, esta fase.
No NCPC está fase processual requer manifestação obrigatória do juiz, principalmente para
enfrentar as questões preliminares, cuja decisão poderá ser sucinta, mas contudo,
devidamente fundamentada em todos os pontos abordados.
A decisão de saneamento que deferir a prova testemunhal fixará o prazo não superior a 15
dias para que as partes apresentem o rol de testemunhas. (§4º, art. 357 CPC), limitadas ao
número de 10, mas no máximo, 03 para cada fato.
A decisão de saneamento que deferir a prova pericial deverá nomear o perito judicial,
determinando prazo para a entrega do laudo, bem como deferir às partes o direito de nomear
um assistente técnico e apresentar o rol de quesitos para serem respondidos pelo expert.
Considerando o princípio da cooperação judicial, o NCPC prevê que, nas causas complexas,
o juiz possa designar uma audiência de saneamento, a fim de que as partes possam
participar do ato para esclarecer e ajustar o processo, podendo para tanto, inclusive, valer-se
de testemunhas trazidas voluntariamente para o ato.
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DAS PROVAS
Objeto da prova
O objeto da prova são exclusivamente os fatos alegados pelas partes, já que o direito
prescinde de qualquer comprovação, porquanto o juiz tem o dever de conhecer a lei.
O destinatário da prova é juiz do processo, o qual deverá apreciá-la a fim de definir a solução
jurídica mais justa para o litígio estabelecido.
Princípio da verdade real = o juiz deve deixar a posição de inércia para determinar de ofício a
produção de provas que entender necessária para a descoberta da verdade. (art. 370 do CPC)
Não há hierarquia das provas, porquanto o juiz tem a liberdade de analisar livremente a prova
dando a cada uma o valor que lhe pareça apropriado, exigindo-se, sempre, a expressa
justificativa de sua escolha na decisão, o que se faz pelo princípio da persuasão racional ou
livre convencimento motivado. (art. 371 do CPC)
Ônus da prova
Ao autor incumbe fazer prova das alegações de seu interesse (fatos constitutivos do seu
direito); o réu deve provar os fatos trazidos em sua resposta (fatos extintivos, impeditivos e
modificativos do direito do autor) (art. 373 do CPC)
Haverá a possibilidade de o juiz inverter o ônus da prova quando for impossível de ser
provada pela parte ou quando a prova se tornar excessivamente difícil, devendo tal decisão ser
devidamente fundamentada. (§1º, art. 373 CPC)
A prova de fato negativo também não necessita ser provada quando a impossibilidade é
absoluta,
Ex: é possível provar o fato que a parte não estava em São Paulo em 10/08/2010, porque
nesta data, se encontrava na cidade de Frederico Westphalen.
Não dependem de prova os fatos notórios, os afirmados por uma parte e confessados pela
parte contrária, os admitidos como incontroversos e, aqueles revestidos de presunção legal de
existência ou veracidade. (art. 374 do CPC)
Nenhum sujeito pode se negar a colaborar com o Poder Judiciário para o esclarecimento e
descobrimento da verdade, sob pena de penalização de multa ou outras medidas judiciais.
(art. 378 CPC)
A parte tem a obrigação de comparecer em juízo quando for chamada, de colaborar com o
juízo em diligências e de praticar os atos processuais pertinentes, preservando o direito de não
produzir provas contra si, nas hipóteses previstas em lei.
Todos os meios de prova legais e “moralmente legítimos” são admitidos em nosso direito,
portanto, há outros que não elencados no Código. (art. 369 do CPC)
Provas ilícitas
O art. 5º, LVI considera inadmissíveis as provas obtidas de forma ilícita; trata-se do modo e do
meio empregado para a demonstração do fato.
Ex: interceptação telefônica, violação de sigilo bancário ou telefônico sem autorização judicial.
Teoria dos frutos da árvore contaminada = considera-se ineficazes e sem valor todas as provas
produzidas oriundas de prova obtida de forma ilícita.
Pela teoria da proporcionalidade concede-se eficácia jurídica à prova, se sua ilicitude causar
uma ofensa menor ao ordenamento jurídico que a que poderia advir da sua não produção.
Ex: pericial, no caso em que a verificação do fato possa ser impossível em momento posterior.
Se utilizada para o arrolamento de bens, esse procedimento somente será autorizado quando
se pretender apenas documentar a existência deles. Se pretender a apreensão dos bens, o
requerente deverá se valer de outras medidas judiciais.
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Como regra geral a competência para processar a produção antecipada de provas é do juízo
competente para processar eventual ação principal, ou o juízo do domicílio do réu.
A petição inicial deverá conter todos os requisitos exigidos pelo art. 319, além de apresentar
as razões que justifiquem a necessidade de antecipação da prova, bem como precisar os fatos
que a prova merece recair.
Por ser não contencioso, o procedimento não admite defesa ou recurso, mas tão somente a
participação voluntária de ambas as partes.
Meios de provas
Audiência é o ato processual solene realizado na sede do juízo que se presta para o juiz colher
a prova oral e ouvir pessoalmente as partes e seus procuradores. (THEODORO JUNIOR)
Características
Como qualquer outro ato processual, a audiência é pública, como em regra, são todos os atos
processuais em nosso direito, ressalvadas as hipóteses de segredo de justiça, onde apenas as
partes e seus procuradores acompanham e têm acesso aos atos processuais. (art. 368 CPC)
A audiência é um ato processual uno e contínuo que visa a colheita da prova oral de forma
concentrada, de maneira que as circunstâncias nela ocorridas fiquem próximas entre si e não
se apaguem da memória do juiz, permitindo-se prorrogação para dia próximo em caso de não
conclusão dos trabalhos. (art. 365 CPC)
Os atos que se praticam na audiência de instrução e julgamento presididos pelo juiz são:
pregão inicial, tentativa de conciliação, produção da prova oral, debates finais e sentença.
O pregão inicial é ato processual pelo qual um auxiliar do juiz deverá informar aos presentes,
em voz suficientemente alta, de que a audiência está iniciando, alertando as partes e seus
procuradores para que se apresentem. (art. 358 CPC)
A tentativa de conciliação será novamente realizada pelo juiz por ocasião do início da
audiência, cujo objetivo é compor de imediato a lide. Havendo acordo, as obrigações serão
registradas no termo de audiência, o qual, após assinado pelas partes e homologado pelo juiz
terá o valor de sentença. (art. 359 CPC)
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Em seguida, será colhida a prova oral, devendo ser respeitada a ordem legal sob pena de
nulidade do ato na seguinte sequencia: 1) em primeiro lugar serão ouvidos o perito e os
assistentes técnicos, a fim de que prestem esclarecimentos sobre a questão pericial; 2) em
segundo lugar, o juiz tomará o depoimento pessoal das partes, primeiro do autor e depois do
réu; 3) finalmente, será promovida a oitiva das testemunhas, primeiro as arroladas pelo autor e
depois as arroladas pelo réu. (art. 361 CPC)
Ao final da colheita da prova oral, serão promovidos os debates finais, momento em que o juiz
passará a palavra para os advogados das partes fazerem suas alegações, os quais deverão
apontar as provas de fato e de direito que foram produzidas no processo que corroborem as
pretensões dos litigantes. Primeiro falará o advogado do autor e depois o do réu, sendo
possível a participação do promotor acaso figure com fiscal da lei. O juiz concederá um prazo
de 20 minutos, prorrogado por mais 10 minutos, para que cada parte promova suas alegações.
Sendo o caso complexo, o juiz poderá converter as alegações finais em memoriais escritos,
assinalando um determinado prazo para a entrega da peça. (art. 364 CPC)
Oportunizado os debates finais, o juiz proferirá sentença também na forma oral ou, acaso
convertido os debates orais em memoriais escritos, lançará sentença escrita no prazo de 30
dias. (art. 366 CPC)
Termo de audiência
Adiamento da audiência
A regra geral é que a audiência seja una e contínua, contudo, se possibilita o adiamento em
caso de convenção das partes ou pela impossibilidade de comparecimentos das partes ou
seus advogados, desde que por motivo justificado até o início da audiência. (art. 362 CPC)
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SENTENÇA
Conceito
Conforme previsto no §1º do art. 203 do CPC, “ressalvadas as disposições expressas dos
procedimentos especiais, sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com
fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como
extingue a execução”, ou seja, é tanto o ato que extingue o processo sem resolução de mérito
quanto o que resolve mérito da causa no processo de conhecimento ou no processo de
execução.
Espécies de sentença
Terminativas = são aquelas que põem fim ao processo sem lhe resolver o mérito, cujas
situações estão previstas no art. 485 do CPC, porquanto não se prestam para se submeter a
tutela jurisdicional em virtude de que apresentam alguma circunstância impeditiva. Mesmo
depois de proferida uma sentença terminativa, o direito de ação permanece latente.
Definitivas = são aquelas sentenças que decidem o mérito da causa, no todo ou em parte,
cujas situações estão previstas no art. 487 do CPC, porquanto ela exaure a instância ou o
primeiro grau de jurisdição através de uma definição do juízo. Tem função de declarar o direito
aplicável à espécie sub judice.
Relatório = é o intróito da sentença onde o juiz faz uma espécie de histórico de toda a relação
processual, consignando, além dos nomes das partes, a suma do pedido e resposta, as
principais circunstâncias ocorridas no processo, bem como, serve para delimitar as questões
que serão decididas naquela relação jurídica.
Motivação = é a parte da sentença em que o juiz expõe os fundamentos de fato e de direito que
geraram sua convicção, valendo-se, para tanto, de todo o conjunto probatório produzido nos
autos. Vale lembrar que para ser considerada fundamentada, a sentença ou acórdão deve
observar as regras contidas no parágrafo 1º do referido artigo processual.
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Dispositivo = é parte da sentença que contém a decisão da causa, na qual o juiz dirá se a
pretensão postulada pelo autor procede ou improcede, externando os efeitos jurídicos nela
produzidos.
A sentença é extra petita quando soluciona causa diversa da que foi proposta através do
pedido.
Ex: o autor pede reajuste salarial e o juiz concede alguma verba adicional;
A sentença é ultra petita quando o juiz decide o pedido indo além, dando ao autor mais do que
fora pleiteado.
A sentença é citra (infra) petita quando o juiz não examina todas as questões propostas pelas
partes, deixando de apreciar algum pedido elaborado pelo autor.
Ex: pedidos cumulados de reparação por danos material e moral onde o juiz condena o réu a
reparar apenas um deles, deixando de analisar o outro.
Ex: sentença que declara a paternidade; sentença que declara abusiva cláusula contratual.
39
Ex: sentença que condena o réu ao pagamento de R$ 1.000,00 a título de danos morais.
Sentença mandamental = é aquela em que o juiz emite uma ordem, um comando, que lhe
permite, sem necessidade de execução pela parte, tomar medidas concretas destinadas a
proporcionar ao vencedor a efetiva satisfação de seu direito. Não cumprida a obrigação caberá
fixação de multa (astreites)
Ex: sentença proferida em mandado de segurança; sentença nas ações dos arts. 461 e 461-A.
Sentença executiva lato sensu = é uma espécie de sentença condenatória que prescinde de
uma fase de execução promovida pelo interessado, porquanto, não cumprida voluntariamente
a obrigação, o próprio Estado, no lugar do réu, a cumprirá, através de expedição de um
mandado judicial.
Nessas espécies de ações, que visam uma obrigação de fazer, não fazer ou entregar coisa, a
sentença se preocupará em conceder a tutela específica, conforme o pedido do autor, ou a
tutela pelo resultado equivalente, quando a obrigação não puder ser cumprida na forma como
requerida pela parte autora.
40
COISA JULGADA
A coisa julgada é uma qualidade dos efeitos da sentença que se torna imutável quando contra
ela já não caiba mais recurso. (art. 502 CPC)
Deve-se entender coisa julgada como um fenômeno único, o qual poderá correspondem em
dois aspectos: um de cunho meramente processual e outro de cunho substancial (meritório).
Coisa julgada material é um fenômeno próprio dos julgamentos de mérito, porquanto consiste
na imutabilidade não mais da sentença, mas também de seus efeitos. Projeta-se para fora do
processo em que ela foi proferida, impedindo que a pretensão seja novamente posta em juízo,
com os mesmos fundamentos.
A autoridade da coisa julgada material pode ser elidida mediante desconstituição da sentença
transitada em julgada por meio de ação rescisória ou, em casos em que ela contrariar valore de
maior importância.
ANEXO
MODELOS DE PEÇAS
PROCESSUAIS
42
Em face de BANCO PAN S.A., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ n.
59.285.411/0001-13, com sede localizada na Avenida Paulista, 1374, 12º andar, Bairro
Bela Vista, na cidade de São Paulo - SP, CEP 01310-300, pelos fatos e fundamentos
jurídicos que seguem.
Nos termos dos artigos 98 e 99 do Novo Código de Processo Civil e, sob o pálio das garantias fundamentais
constantes no art. 5º da Constituição da República Federativa do Brasil, a demandante postula a concessão dos
benefícios da ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA, tendo em vista ser pessoa pobre, cuja situação econômica não
lhe permite arcar com as custas processuais e honorários advocatícios, sem prejuízo próprio ou da família, nos termos
da declaração em anexo, situação que vem demonstrada pelos documentos que instruem esta inicial.
Ocorre Excelência que ao tentar efetuar a venda do referido veículo a fim de suprir necessidade sua e
da família, a demandante se deparou com a ingrata surpresa da existência da restrição de alienação fiduciária
43
no prontuário do veículo junto ao Detran local, situação que ocasionou a total impossibilidade da venda
pretendida, porquanto o interessado comprador não aceitou receber o veículo com a referida restrição.
Diante de tal situação, a demandante se viu em situação constrangedora, porquanto carregava a certeza de
que a respectiva restrição de alienação fiduciária não mais existia, considerando que o pagamento se deu há
aproximadamente mais de 10 meses.
Devido à demora da baixa da restrição do veículo a demandante sofreu danos irreparáveis, pois pretendia
vender o bem para superar atual precária situação financeira da família, havendo inclusive candidato a compra,
sendo que o negócio deixou de ser realizado tudo em razão da restrição existente, de modo que tal situação importa
em conduta ilícita da demandada, já que mesmo após quitada sua dívida, a demandante continua com o bem restrito,
sem poder dispor livremente de sua propriedade.
Além disso, é preciso informar que a demandante tentou várias vezes solucionar
pacificamente o problema mediante constantes contatos com a instituição financeira demandada sem lograra êxito,
motivo pelo qual vem causando injusta preocupação e estresse à vida da requerente, sentimentos que foram muito
além de mero dissabor ou aborrecimento.
Desse modo, a instituição financeira tem a obrigação legal de providenciar a baixa da restrição de
alienação fiduciária no prazo máximo de 10 (dez) dias após a quitação do contrato, o que deveria ser feito mediante
informação automática e eletrônica perante o órgão de trânsito competente, o desde já postula a demandante.
Com efeito, pelo ato ilícito de total negligência e imprudência da empresa demandada ao manter uma
restrição totalmente indevida, a culpabilidade da instituição é manifesta e sua devida responsabilização é medida que
se impõe, uma vez que em harmonia com o ordenamento jurídico atual.
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.
O ato ilícito da empresa demandada causou danos irreparáveis à demandante no momento em que mantém
a averbação de alienação fiduciária junto ao Detran mesmo depois de ultrapassados 10 meses após a quitação do
contrato, bem como pela situação vexatória que passou perante terceiros.
Ademais, a relação jurídica estabelecida entre as partes restou configurada como uma
relação de consumo, devendo ser observados os preceitos do Código de Defesa do Consumidor, especialmente o que
estabelece a redação do seu artigo 14, o qual determina a reparação dos danos causados ao consumidor por defeitos
na prestação de serviços, o que se amolda no caso em tela, senão vejamos o dispositivo legal.
Senão vejamos algumas decisões representativas do Tribunal de Justiça do Rio Grande do sul que apontam
para o dever de indenizar em casos análogos.
1 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil:. responsabilidade civil. 5. ed. vol. 4. São Paulo. Atlas. 2005.
45
Do mesmo modo, se verifica o perigo de dano ou o risco do resultado útil do processo em caso de
demora do acertamento da tutela jurisdicional, tendo em vista que a demandante necessita efetivar a venda do referido
veículo à terceiro, o que não está possível em razão da existência da indevida restrição apontada.
DOS PEDIDOS
2- A citação da demandada para que, nos termos do art. 334 do CPC, querendo, compareça na audiência
de tentativa de conciliação a fim de compor o litígio ou contestar o pedido no prazo legal, sob pena de
incorrer nos efeitos da revelia;
6- Seja aprazada data para realização de audiência preliminar de tentativa de conciliação, da qual o autor
manifesta expresso interesse em participar.
__________________________________
Advogado
46
CONTESTAÇÃO
A fim de efetivar sua defesa processual e postular seus direitos, o que faz pelos
argumentos de fato e fundamentação jurídica a seguir:
DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
A demandante relata que manteve união conjugal estável com o demandado pelo período de 11 (onze) anos,
informando que “não há interesse na conciliação”.
Informa a existência de alguns bens dito do casal e, ao final, postula o reconhecimento da união estável e
sua consequente dissolução, a partilha de tais bens e o pagamento de pensão alimentícia.
Contudo Excelência, a pretensão da demandante não merece guarida jurisdicional, pois os fatos trazidos na
exordial não se passaram como os relatados, porquanto há fatos extintivos, impeditivos e modificativos do pretenso
direito postulado pela autora, conforme restará demonstrado ao final.
Nos termos do artigo 337 do Código de Processo Civil, incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, sustentar
as matérias preliminares que impeçam ou dificultem o bom andamento e a solução justa do processo, o que faz a partir
desse momento.
47
Observa-se, inicialmente, a manifesta INÉPCIA DA INICIAL, porquanto não se vislumbra na petição inicial,
CAUSA DE PEDIR que ampare os pedidos finais de reconhecimento de união estável, partilha de bens e de
condenação de obrigação alimentar, de modo que o requisito necessário previsto no inciso III do art. 319 do Código de
Processo Civil não se encontra devidamente contemplado na peça portal.
Nesse diapasão, nossa melhor doutrina aborda com precisão a matéria para apontar a opção da legislação
processual pelo princípio da consubstanciação, pelo qual o direito de ação deve se fazer com base em um fato gerador
que possibilite a extração da conclusão dos pedidos finais, senão vejamos.
Todo direito subjetivo nasce de um fato, que deve coincidir com aquele que foi previsto,
abstratamente, pela lei como o idôneo a gerar faculdade de que o agente se mostra
titular. Daí que, ao postular a prestação jurisdicional, o autor tem de indicar o direito
subjetivo que pretende exercitar contra o réu e apontar o fato do qual ele provém,
incumbe-lhe, para tanto, descrever não só o fato material ocorrido como atribuir-
lhe um nexo jurídico capaz de justificar o pedido constante da inicial.2 (grifamos)
A inexistência de causa de pedir, no caso concreto, se justifica em razão de que em nenhum momento da
exordial a demandante sustenta que eventual relacionamento teve o objetivo de constituir família, limitando-se a afirmar
que “manteve uma união conjugal estável com o réu”, consoante se observa nos fatos declinados, de sorte que o
simples relacionamento não possibilita a postulação dos direitos relativos à união estável, dentre eles a partilha de
bens e a pensão alimentícia.
Além disso, a petição inicial não informa precisamente qual a data inicial e o término de eventual relação
conjugal da alegada união estável, limitando-se a apontar genericamente um período de 11 anos, situação que dificulta
a defesa processual em razão da obscuridade da informação, o que também acarreta ausência de causa de pedir em
relação a eventual patrimônio comungável.
Diante de tal quadro, a petição inicial merece ser, de plano, indeferida, nos termos do atual estatuto
processual, in verbis:
Dessa forma Excelência, a tese preliminar de mérito merece ser acolhida de plano para que a petição inicial
seja indeferida pela inépcia, extinguindo-se o processo sem resolução de mérito, evitando assim, o prosseguimento
indevido da demanda e o dispêndio de custas e da atividade jurisdicional.
DO MÉRITO
Pelo princípio da eventualidade, acaso ultrapassada a tese preliminar de inépcia da petição inicial, o
demandado adentra na discussão de mérito, a fim de mostrar e comprovar ao juízo a total improcedência dos pedidos
iniciais.
2 THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil: teoria geral do direito processual
civil, processo de conhecimento e procedimento comum. v 1. 56 ed. Rio de Janeiro. Forense. 2015, p.
752-753.
48
Ao contrário do que sustenta a demandante, o relacionamento noticiado na exordial não merece ser
considerado e reconhecido judicialmente como uma união estável, porquanto se tratou tão somente de
relacionamento amoroso esporádico e extraconjugal, configurando simples namoro, o qual durou entre os anos de
2006 e meados de 2014.
Nos termos da legislação vigente, para que um relacionamento em união estável seja reconhecido como
entidade familiar equiparada ao casamento, necessário se faz o preenchimento de vários requisitos, conforme
preconiza o art. 226, § 3º da Constituição Federal, matéria devidamente regulamentada pela Lei 9.278/96, que assim
dispõe:
Art. 1º. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a
mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida
com o objetivo de constituição de família.
No que pese o demandado reconhecer que teve um relacionamento amoroso com a demandante Elisângela
por certo período, o casal nunca se apresentou à sociedade como marido e mulher, porquanto sempre tiveram
reservadas suas intimidades.
Ainda, o dito relacionamento amoroso não se mostrou contínuo e duradouro, porquanto por várias vezes
durante o período de namoro a demandante Elisângela se afastava do demandado dizendo não ter mais interesse no
relacionamento, contudo, promovia a retomada do mesmo em momento posterior, o que, eventualmente, era aceito
pelo demandado.
Além disso, nunca houve qualquer pretensão do casal em constituir família e assim se apresentar à
sociedade em que conviveram, isso porque, não houve qualquer comunhão de esforços para aquisição de bens de
família, tampouco a intenção de contraírem núpcias ou de nascimento de filhos em comum, tanto é verdade que a
própria demandante revela na exordial a inexistência de filhos do casal.
Por todas essas situações Excelência, o demandado afirma categoricamente não existir a configuração dos
requisitos legais necessários para o reconhecimento da pretendida união estável.
Não bastasse isso, é preciso informar ao juízo que o demandado é casado pelo regime de comunhão
parcial de bens com Eliane desde 23 de fevereiro de 1990, cujo matrimônio resultou o nascimento da filha Karine,
consoante comprova as certidões de casamento e nascimento em anexo.
Tal situação tão somente comprova que nunca houve qualquer intenção do demandado em constituir nova
família com a demandante, porquanto o relacionamento com esta não se passava de mero concubinado.
Nesse sentido, a jurisprudência atual de nosso Tribunal de Justiça aponta para a inviabilidade da pretensão
de reconhecimento de união estável simultaneamente ao casamento de um dos envolvidos, visto a configuração do
concubinato.
No mesmo norte é o posicionamento pacífico do Superior Tribunal de Justiça, precedente representado pelo
julgado abaixo transcrito.
49
Dessa forma, em razão da total inexistência dos requisitos configuradores de entidade familiar, o pedido
principal de reconhecimento e consequente dissolução de união estável merece ser julgado totalmente improcedente,
prejudicando os demais pedidos subsidiários de patilha e alimentos.
Todavia, acaso não seja essa a interpretação do caso concreto, o demandante, forte nos artigos 336 e 341
do Código de Processo Civil, passa a debater especificamente os pedidos declinados na exordial.
Acerca da pretensão de comunhão e partilha de bens, o demandado entende que não há se falar em tal
hipótese em razão da inexistência união estável, o que será devidamente demonstrada ao final da instrução
processual.
Eventualmente, acaso reconhecida a união estável pelo juízo, há que se esclarecer que os bens declinados
na exordial não fazem parte de eventual comunhão, alguns em razão da própria inexistência e outros em razão da
titularidade da propriedade, conforme a seguir declinado e demonstrado.
Sobre o imóvel urbano localizado na Rua Panambi, bairro Vista Alegre, objeto da matrícula n. 10.000 do
RI local (fls. 08/34), trata-se de imóvel urbano adquirido em 03 de novembro de 2015 pelo demandado Clênio e seu
cônjuge, Sra. Eliane, consoante R75 (fls. 34) a fim de proporcionar moradia e residência à filha comum do casal Karine
próxima ao campus da UFSM, visto que a mesma é acadêmica do curso de Nutrição.
O referido imóvel foi adquirido em comum esforço pelo casal (Clênio e Eliane) ao final do ano de 2015,
quando então, o namoro (relacionamento extraconjugal) com a demandante já havia terminado, porquanto, naquela
ocasião, a mesma desistira do relacionamento.
Tal situação importa na exclusão do referido imóvel de eventual partilha, já que pertencente a família do
demandado e cuja aquisição se deu fora do período do relacionamento noticiado na exordial.
No que tange ao veículo VW/Saveiro 1.6, placas ILV-0000 (fls. 07), tal bem não merece fazer parte de
eventual partilha, haja vista que a mesma é de propriedade de BV FINANCEIRA em virtude de contrato de alienação
fiduciária firmado em junho de 2014, consoante se observa no documento de fls. 07 dos autos, de sorte que o
demandado detém tão somente os direito e ações sobre o referido veículo.
Acerca dos bens que guarnecem a residência, é preciso informar ao juízo que todos eles pertencem ao
demandado e a sua filha Karine, a qual aparelhou a residência com móveis usados trazidos da cidade de Constantina,
onde residia antes da compra do imóvel mencionado acima, razão pela qual não há se falar em partilha desses bens.
50
Quanto aos mencionados trator e retroescavadeira faz-se necessário esclarecer que os mesmos não
pertencem ao demandado, porquanto são de propriedade do irmão do mesmo e, portanto, não há se falar em partilha
de tais bens.
Ocorre Excelência que, em período em que o demandado não tinha emprego formal, acabou por trabalhar
informalmente com seu irmão em serviços de terraplanagens, razão pela qual há nítido equívoco da demandante em
apontar tal bem como sendo de propriedade do demandado. Naquela ocasião, a fim de divulgar os serviços que
prestara, o demandado divulgou cartão de visita com seu número de celular, a fim de facilitar o contato de eventuais
interessados no serviço, situação que justifica e esclarece a existência do documento de fls. 06 dos autos.
A respeito de eventual chácara localizada na cidade de Entre Ijuí, mais uma vez se equivoca a
demandante, porquanto tal bem não existe ou não é de propriedade do demandado, situação que vem plenamente
demonstrada pela certidão negativa de imóveis em anexo, expedida pelo Registro de Imóveis de Entre Ijuí, razão pela
qual não há se falar em tal bem.
Por fim, a respeito da existência de 47 mil reais declinados na exordial, necessário esclarecer ao juízo que
tais valores se trata de verbas rescisórias oriunda da relação empregatícia do demandado com empresa local, cujos
valores foram utilizados com pagamento de dívidas e despesas da família do demandado, incluindo nestas várias
despesas com a manutenção de saúde do pai do demandado, consoante comprovantes em anexo.
Contudo, Excelência, é preciso reforçar que a justificativa de incomunicabilidade de tais bem somente
merece ser debatida pela eventualidade, porquanto a inexistência de vínculo em união estável entre demandante e
demandado tem o condão de excluir qualquer tentativa de comunicação de bens, o que desde já se pede em caráter
eventual.
DO PEDIDO DE ALIMENTOS
Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os
alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição
social, inclusive para atender às necessidades de sua educação.
§ 1o Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e
dos recursos da pessoa obrigada.
§ 2o Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação
de necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia.
No presente caso, a demandante consta, nesta data, com 31 anos de idade, fato que se comprova pela
análise de seu documento de identificação juntado às fls. 05 dos autos, portanto, jovem e capaz de produzir seu próprio
sustento, o que, aliás, já ocorre normalmente através de vários serviços informais prestados pela mesma na condição
de doméstica.
Além disso, a demandante se encontra em plenas condições de saúde física e mental, porquanto em
nenhum momento a exordial refere situação que lhe coloque em situação de risco ou de dependência para com o
demandado.
Por outro lado Excelência, é preciso levar em conta que os recursos financeiros do demandado, o qual se
mostra precário, isso porque, além de possuir regular despesas com sua família constituída pelo regular casamento,
ainda, detém outro filho fora do casamento, Eduardo, consoante certidão de nascimento em anexo, com o qual mantém
51
obrigação alimentar, atualmente, na quantia de R$ 430,00 (quatrocentos e trinta reais), consoante comprovante de
depósito em anexo.
Assim, ainda pelo princípio da eventualidade, acaso este juízo entenda por reconhecer eventual união
estável, o pedido de condenação ao pagamento de verba alimentar em favor da demandante merece ser julgado
improcedente, porquanto ausente os requisitos exigidos pela legislação civilista.
O contestante impugna os documentos juntados pela demandante, já que nenhum deles conforta a
pretensão dos pedidos da inicial.
Impugna-se os documentos de fls. 06 dos autos, os quais por si só não demonstram com segurança e
fidelidade o conteúdo neles contido, porquanto a folha de pagamento constante aponta valores referentes à horas
extras de trabalho, as quais são eventuais e esporádicas, de modo que este juízo não deve levar em consideração os
valores apontados como remuneração, já que a verdadeira remuneração do demandado se mostra aproximadamente à
metade de tais valores.
Ainda, impugna-se especificamente a reprodução do cartão de visitas onde consta o nome do demandado,
visto que, como anteriormente esclarecido, tal documento não demonstra propriedade em nome de demandado, isso
porque, se tratou de um trabalho informal em período em que este se encontrava desempregado, situação que não
ocorre atualmente.
Por fim, impugna-se os documentos de fls. 07/34 dos autos em virtude de que os mesmos não apontam
para a propriedade exclusiva do demandado, o primeiro em razão da existência de alienação fiduciária em favor da
instituição financeira e o segundo, em razão de se tratar de bem adquirido em favor do matrimônio.
Assim, deste já, a fim de tornar controvertidos os conteúdos constantes nos documentos mencionados, o
demandado impugna de forma específica os documentos juntados pela demandante com a petição inicial.
c) Em preliminar, seja acolhida a tese de inépcia da petição inicial, para consequentemente indeferir a petição
inicial e extinguir o feito sem resolução de mérito;
e) Subsidiariamente, sejam excluídos os bens pelos quais não haja comunicação por eventual reconhecimento
de união estável;
g) O deferimento dos benefícios da Assistência Judiciária Gratuita ao demandado, nos termos das declarações
em anexo.
Nesses termos,
Pede deferimento.
_____________________________
advogado
52
CONTESTAÇÃO/RECONVENÇÃO
A fim de efetivar sua defesa processual e postular seus direitos, o que faz pelos
argumentos de fato e fundamentação jurídica a seguir:
DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
O demandante relata que foi contratado pelo “casal” requerido para efetuar a construção de uma residência
pelo projeto e programa do governo federal denominado Minha Casa Minha Vida ao preço total de R$ 57.000,00
(cinquenta e sete mil reais), sendo que, na última fase de construção, a obra foi paralisada a pedido dos demandados.
Revela a inicial que a relação se deu mediante contrato verbal de empreitada, cujas condições,
supostamente, estariam ajustadas na forma como declina as alegações do demandante.
Avalia a peça portal que o trabalho realizado até a paralização da referida obra corresponde ao preço de R$
46.100,00 (quarenta e seis mil e cem reais), sendo que o demandante recebeu tão somente o valor de R$ 24.300,00,
razão pela qual, postula ao final, a condenação dos demandados no valor restante de R$ 21.800,00 (vinte e um mil e
oitocentos reais)
Contudo Excelência, a pretensão do demandante não merece guarita, pois os fatos trazidos na exordial não
se passaram como relatados, porquanto há fatos extintivos e modificativos do pretenso direito postulado pelo autor,
conforme restará demonstrado ao final.
53
Nos termos do artigo 337 do Código de Processo Civil, incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, sustentar
as matérias preliminares que impeçam ou dificultem o bom andamento e a solução justa do processo, o que faz a partir
desse momento.
Compulsando os autos, bem como os documentos que instruem essa contestação, é manifesta a
ILEGITIMIDADE PASSIVA do ora contestante GIOVANE em virtude de que é clara a inexistência de relação jurídica
material entre este e o demandante, visto que em momento algum contratou os serviços e produtos relatados na
exordial.
Para tanto Excelência, veja que os relatos da exordial revelam que a contratação se deu tão somente com
a demandada Caren, a qual formalizou contrato verbal de prestação de serviços e fornecimento de materiais,
consoante se verifica nos documentos em anexo.
No mesmo norte é preciso observar que todos os documentos relativos à construção da residência
foram firmados exclusivamente pela demandada Caren, fato que se vislumbra no contrato de financiamento
habitacional, projeto arquitetônico, memoriais descritivos, notas e recibos de compra de mercadorias, dentre outros,
situação que demonstra satisfatoriamente a sustentada ilegitimidade passiva.
Além disso, caber dizer que a construção da casa objeto do contrato particular firmado entre as partes
não beneficia o demandado Geovane, tendo em vista que este tão somente mantém relação de namoro com a
demandada Caren, motivo pelo qual não merece responder judicialmente por eventual obrigação relativa à obra
mencionada.
Dessa forma Excelência, a tese preliminar de mérito merece ser acolhida de plano, extinguindo-se o
processo em relação ao demandado Geovane, evitando assim, o prosseguimento indevido da demanda e o dispêndio
de custas e de atividade jurisdicional.
DO MÉRITO
Inicialmente, é imperioso ressaltar que os fatos declinados na exordial não correspondem com a verdade,
porquanto, a rescisão do contrato de empreitada estabelecido entre as partes se deu por culpa exclusiva do
demandante, o qual não cumpriu com as condições estabelecidas no projeto técnico.
Ocorre Excelência, que a demandada Caren contratou os serviços do demandante a fim de que este
efetuasse a construção de uma residência de aproximadamente 66,95m², na Rua Datro Filho, 000, nesta cidade,
consistente no fornecimento dos materiais necessários, bem como da mão de obra para tanto, cujas condições foram
estabelecidas mediante a observância do memorial descritivo e das fases determinadas pelo cronograma oriundo do
financiamento habitacional requerido junto a Caixa Econômica Federal.
O acordado entre as partes era de que o demandante realizasse a construção total da casa com a
extrema observância nas técnicas de construção, o que não foi observado de um momento em diante.
Ocorre Excelência que o demandante trabalhou até, aproximadamente, meados da terceira fase, quando
então a demandada vislumbrou vários defeitos e problemas na execução da obra, motivo pelo qual rescindiu contrato
em razão do descumprimento contratual e não observância nas normas técnicas do projeto apontadas pelo memorial
descritivo e laudo habitacional.
54
Os motivos que levaram a demandada a rescindir legalmente o contrato com o demandante se deu em razão
de que apareceram VÁRIOS PROBLEMAS DE EXECUÇÃO DA OBRA E NA QUALIDADE DOS MATERIAIS, quais
sejam: a colocação de um pilar não previsto no projeto dividindo a janela de canto; instalação do PVC do forro
com pregos aparentes; tesouras do telhado feitas com reutilização das madeiras de concretagem; tubulação
elétrica solta no telhado; telhado com problemas de vazamento, reboco recém feitos que apresentavam
rachaduras e irregularidades, pintura com tinta de má-qualidade que soltava da parede, dentre outros.
Não bastasse isso, por várias vezes a demandada solicitou ao demandante o conserto dos problemas
sem que este atendesse seu pedido, motivo pelo qual sobreveio desentendimento e consequente rescisão do
contrato.
No que diz respeito aos valores postulados pelo autor, nota-se que o valor de R$ 24.300,00 (vinte e quatro
mil e trezentos reais), afirmados como recebidos na exordial e efetivamente pagos pela demandada, corresponde ao
pagamento de todos os serviços prestados até o momento da paralização da obra, visto que a Caixa Econômica
Federal liberava o pagamento dos valores conforme o cronograma de operações, de maneira que os valores
alcançados ao demandante cobrem satisfatoriamente os serviços prestados até o momento da rescisão, motivo pelo
qual, nada é devido ao demandante.
Cabe ressaltar que, inclusive, a demandada se viu obrigada a contratar outros pedreiros para refazer os
serviços realizados pelo demandante, bem como terminar de construir a obra, situação que acarretou despesas extras
e prejuízo à demandante, contudo, tal discussão será objeto de cláusula processual de reconvenção.
Ao ler a exordial, percebe-se que a suposta avaliação - de que no momento em que a obra foi paralisada os
serviços prestados correspondiam ao valor de R$ 46.100,00 - não merece prosperar, já que feita de forma indutiva pelo
autor da ação, sem o uso de qualquer parâmetro ou prova quanto a isso.
Assim, considerando que a rescisão de contrato ocorreu por culpa exclusiva do demandante, já que
descumpriu as condições técnicas na realização da obra, dando assim motivo para o desfazimento do contrato, a
improcedência dos pedidos inicial é medida que se impõe.
A contestante impugna os documentos juntados pelo demandante, já que nenhum deles conforta a pretensão
dos pedidos da inicial.
Impugna-se os documentos de fls. 25/26 dos autos, os quais por si só não demonstram com segurança e
fidelidade o conteúdo neles contido, porquanto produzidos de forma unilateral pela parte demandante, o que poderá
levar este juízo a erro de interpretação, já que anotações feitas sem qualquer comprovação.
Ainda, as notas fiscais de fls. 27/29, 33/36, 38/39, 42/52 dos autos não se prestam para confortar as
alegações da inicial, já que não revelam a destinação específica dos produtos adquiridos pelo demandante como
sendo a obra da demandada, motivo pelo qual não merecem serem considerado para computar eventuais dispêndios
com gastos da mencionada obra.
Em especial, a contestante impugna o documento de fls. 15 dos autos, suposto contrato particular de
prestação de serviços, o qual, sequer, contém as assinaturas das partes envolvidas. Trata-se Excelência, de
documento elaborado unilateralmente pela parte autora, cujo conteúdo não teve qualquer anuência da demandada
Caren, portanto, não se presta para provar os fatos alegados na exordial.
55
Assim, deste já, a fim de tornar controvertidos os conteúdos constantes nos documentos mencionados, a
demandada impugna de forma específica os documentos juntados pelo autor com a petição inicial.
DA RECONVENÇÃO
Considerando as inovações no processo civil trazidas pela Lei nº. 13.105/15, intitulada como o Novo Código
de Processo Civil, em especial a norma contida em seu artigo 343 que autoriza o réu, na contestação “propor
reconvenção para manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa”,
a demandada Caren vale-se do presente instituto para postular reparação de danos em face do demandado, visto
estar-se diante de uma hipótese de cabimento, senão vejamos:
Em razão da relação material estabelecida entre as partes, a reconvinte necessitou efetuar gastos não
previstos em virtude da má-execução da obra e da má-qualidade do material de construção empregada na obra pelo
reconvindo, isso porque Excelência, precisou contratar outros profissionais para refazer parte da obra efetuada pelo
reconvindo, bem como para concluí-la, já que, como relatado, a obra apresentou vários defeitos e irregularidades.
Nesse compasso, a reconvinte ajustou com a empresa JJJ CONSTRUÇÕES E REFORMAS, representada
pelo seu sócio administrador, a mão-de-obra para a reforma e o fornecimento de materiais para a reconstrução e
refazimento dos pontos da obra má-executada pelo reconvindo, de maneira a suportar tais danos perante a
mencionada empresa.
Entre os serviços prestados pela empresa, incluída a mão de obra e os materiais necessários necessitou-se
efetivar as seguintes atividades: destelhamento da casa; substituição do madeiramento do telhado; refazimento do
telhado; substituição do madeiramento do forro; retirada e recolocação do forro; construção da laje do banheiro;
refazimento das calçadas, demolição da frente da casa; refazimento de uma viga; retirada da janela e reconstrução da
frente da casa; além de todo o material de construção para os reparos necessários, tudo isso importando na quantia
final de R$ 30.240,00 (trinta mil, duzentos e quarenta reais), conforme orçamento em anexo, valor que deve ser
ressarcido à reconvinte em razão da má execução da obra realizada pelo reconvindo.
Ademais, a relação jurídica estabelecida entre as partes resta configurada como uma
relação de consumo, devendo ser observados os preceitos do Código de Defesa do Consumidor, especialmente o que
estabelece a redação do seu artigo 14, o qual determina a reparação dos danos causados ao consumidor por defeitos
na prestação de serviços, o que se amolda no caso em tela. Vejamos o dispositivo legal.
também quanto às somas pagas ao autor, em que a prova documental aponta para o
adimplemento de R$ 5.200,00, ao passo em que o requerido sustentou ter adimplido
mais R$ 5.000,00 em espécie. III. Comprovação, outrossim, da existência de vícios
construtivos no telhado da casa, tanto pela prova oral, como pelos documentos
anexados, inclusive laudo técnico e fotografias, fls. 41/49, dando conta que, além do
material, o réu despendeu R$ 10.850,00, a título de mão-de-obra, para desmanchar e
executar os serviços de construção do telhado, fl. 40. IV. Nesse contexto, não tendo
restado comprovado o valor ajustado para a execução dos serviços, e à vista da
realização parcialmente defeituosa do trabalho, não se descurou o autor de demonstrar
os fatos constitutivos de seu direito, a teor do que dispõe o artigo 333, I, do Código de
Processo Civil. Conjunto probatório, pois, que recomenda o julgamento de
improcedência do pedido. RECURSO IMPROVIDO. (Recurso Cível Nº 71002529915,
Segunda Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Fernanda Carravetta
Vilande, Julgado em 23/06/2010)
Dessa forma Excelência, considerando que a reconvinte suportou tais gastos, não computados para a
conclusão da obra, a condenação do reconvindo ao ressarcimento dos valores é medida que se impõe, pedido desde
já consignado nos autos.
e) Na reconvenção, seja intimado o demandante, na pessoa de seu procurador, para que, querendo, conteste o
pedido reconvencional;
f) Ao final, seja julgado PROCEDENTE o pedido da reconvinte Caren para o fim de condenar o reconvindo ao
pagamento da quantia de R$ 30.240,00 (trinta mil, duzentos e quarenta reais) a título de ressarcimento pelos
danos causados;
h) O deferimento dos benefícios da Assistência Judiciária Gratuita aos demandados e à reconvinte Caren, nos
termos das declarações em anexo.
Nesses termos,
Pede deferimento.
_______________________
advogado
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RÉPLICA À CONTESTAÇÃO
Com fundamento no art. 350 do Código de Processo Civil, com base nos fatos e
fundamentação jurídica que passa a expor:
A tese de defesa não merece prosperar, haja vista que os argumentos lançados em contestação não são
suficientes para demonstrar fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do autor.
Com efeito, a demandada nada trouxe aos autos para elidir os fatos narrados na inicial e demonstrados
através da prova documental. Ao contrário, traz apenas alegações desprovidas de qualquer prova que corrobore os
fatos alegados em defesa.
Também se mostra INCONTROVERSO o fato de que a demandada Sandra tinha plena ciência de que os
proprietários registrais do imóvel objeto de usucapião eram os demandantes, já que em nenhum momento de
sua defesa processual há insurgência quanto ao fato, situação que demonstra o vício apontado na sentença que
declarou o domínio sobre o imóvel.
No que pese requerer perícia para apontar a situação alegada na exordial, a defesa processual não
impugna nenhum dos documentos juntados pelos demandantes, em especial, os mapas de fls. 112/114 dos
autos, os quais demonstram e esclarecem adequadamente a situação jurídica declinada na petição inicial.
Nesse aspecto, acaso Vossa Excelência não entenda incontroverso e confessado tais fatos, faz-se
necessário a produção de prova técnica pericial a fim de afastar a dúvida trazida pela defesa, já que nega a todo
momento que o imóvel objeto de usucapião diz respeito à fração do imóvel registrado sob a matrícula Nº. 5.666 do RI
local, momento em que restará comprovada a situação revelada na exordial.
No que tange aos documentos juntados pela defesa, os demandantes impugnam todos eles, especialmente a
matrícula de fls. 189/192 juntada aos autos, a qual não diz respeito a discussão travada neste processo.
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Ademais, não havendo preliminares de mérito sustentadas pela parte demandada, os demandantes
reservam o direito de debater as alegações de mérito por ocasião das debates finais, quando então o feito estará
devidamente instruído.
Nesses termos,
Pede deferimento.
__________________________
advogado
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1-João, residente e domiciliado na Rua Professor Pedro Santa Helena, 000, Bairro: Ouro
Verde, na cidade de Palmeira das Missões, RS;
2- Elma, residente e domiciliada na Rua Pinheiro Machado, 000, Bairro: Vila Velha, na cidade
de Palmeira das Missões, RS;
3- Vera, residente e domiciliada na Rua Silvio Bueno de Oliveira, 000, Bairro: Cohab, na cidade
de Palmeira das Missões, RS;
4- Leone, residente e domiciliado na Rua Miguel Rocha Sampaio, 000, Bairro Lutz, na cidade
de Palmeira das Missões, RS.
Nesses termos,
Pede deferimento.
_______________________
Advogado
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MEMORIAIS
O conjunto probatório produzido nos autos comprova satisfatoriamente as alegações trazidas na inicial de
maneira a confortar a pretensão da demandante, razão pela qual a procedência da presente demanda é medida que se
impõe, senão vejamos:
Os documentos juntados aos autos corroboram exatamente os fatos declinados na peça exordial e dão
amparo a pretensão da demandante.
As declarações de fls. 14/15 dos autos revelam que o demandado FULANO colheu as assinaturas da
demandada nos documentos valendo-se de suas funções públicas, tanto isso é verdade que opôs o carimbo de
identificação utilizado como funcionário do IPE, para constranger a demandante a assinar documento cujo conteúdo
não diz respeito às atividades normais do Instituto de Previdência que representa.
Da mesma forma agiu o demandado FULANO ao subtrair a cópia da CNH da demandante (fls. 16) por
ocasião dos fatos relatados na exordial, também opondo sua assinatura e carimbo funcional.
Ainda Excelência, o próprio demandado FULANO declarou na Delegacia de Policial local (fls. 17) que agiu
em nome do Ipergs para exigir provas documentais para fins de recadastramento, fato que demonstra e corrobora o
fato declinado na exordial de que o mesmo compareceu na residência da demandante para buscar tal documento.
É de se notar às fls. 19/25 dos autos que o demandado FULANO promoveu denúncia junto a ouvidoria do
Ipergs na qual menciona por várias vezes o nome da demandada, aparentemente preocupado com situação pessoal
sua, porquanto relata fatos distintos ao interesse do Instituto.
Por sua vez, os diálogos efetivados através das redes sociais de fls. 31/51 dos autos demonstram total
descontrole do demandado FULANO com sua situação pessoal, em especial o descontentamento com o processo de
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divórcio, no qual, supostamente, a demandante serviria como testemunha (basta ver as fls. 22 e 25), fato que gerou a
conduta relatada na inicial.
Assim, a prova documental é farta no sentido de comprovar os fatos alegados na exordial, em especial a
conduta ilícita do demandado ao adentrar na residência da demandante, valendo-se do seu cargo de coordenador do
IPERGS para, supostamente, requisitar documentos exigidos pela autarquia estadual.
DA PROVA ORAL
Além disso, a testemunha recordou do documento de fls. 16, revelando que foi
aquele documento que o demandado FULANO buscava na residência da demandante.
Dessa forma Excelência pelo conjunto probatório produzido nos autos, é plenamente possível verificar a
veracidade das alegações trazidas na inicial, razão pela qual a procedência dos pedidos é medida que se impõe e a
responsabilização dos demandados se revela necessária, porquanto devidamente comprovado que o agente público
agiu em nome da IPERGS para praticar a conduta imputada ilícita e danosa.
Nesses termos,
Pede deferimento.
______________________________
Advogado
62
Vistos.
ROMILDA ajuizou demanda declaratória de inexistência de débito cumulada com indenizatória por
danos morais em face de BV FINANCEIRA S.A., ambos qualificados. Relatou que, surpreendeu-se com a informação
de que seu nome estava inscrito nos órgãos de proteção de crédito por ação da requerida, em face débito (de
R$138,10) que afirmou já ter quitado. Informou que contratou com a requerida um empréstimo no valor total de
R$4.350,98, que seria quitado em 60 parcelas mensais no valor de R$138,10 cada. Aduziu que os pagamentos foram
autorizados por consignação em seu benefício previdenciário. Assegurou que a última parcela foi devidamente
descontada, ainda assim teve seu nome inscrito nos órgãos de proteção de crédito. Indicou que a requerida deveria lhe
indenizar pelo ato ilícito em total negligência e imprudência da requerida. Citou precedentes. Por fim, requereu, em
sede liminar, a retirada de seu nome dos órgãos de proteção de crédito, sob pena de multa diária. Ao final, buscou a
declaração da inexistência da dívida no valor de R$138,10, além da condenação da requerida ao pagamento de
indenização por danos morais no valor de R$15.760,00. Pugnou ainda, pela concessão do benefício da AJG. Juntou
documentos (fls. 09/14).
O pedido liminar restou deferido, sendo ainda concedido o benefício da AJG ao demandante (fls.
15 e 28).
Citada, a requerida apresentou contestação (fls. 31/35). No mérito, defendeu que o INSS estornou
o valor da primeira parcela em processo chamado “glosa na conciliação”. Disse que, diante da inadimplência, houve o
acionamento da assessoria de cobrança. Assim, apontou a regularidade da inscrição conforme contratação. Citou
jurisprudências. Sustentou a inexistência de ilicitude e do seu dever de indenizar. Alegou que a parte autora vislumbrou
a possibilidade de ganhar “dinheiro fácil” fomentando prejuízos que não teve. Impugnou os cálculos apresentados pela
parte autora. Por fim, postulou a improcedência dos pedidos iniciais. Juntou documentos (fls. 36/44).
Houve réplica (fl. 45/46).
Instadas as partes acerca das provas que ainda pretendiam produzir, nada foi pleiteado nos autos.
Vieram-me os autos conclusos para sentença.
MÉRITO
Cuida-se de demanda declaratória de inexistência de débito cumulada com pedidos indenizatórios
por danos morais, sob a alegação da existência de inscrição de seu nome nos órgãos de proteção de crédito pela ré,
sobre dívida que afirmou ter quitado integralmente. Em contrapartida, a demandada defendeu a regularidade da
cobrança e consequentemente da inscrição, assegurando a inocorrência de danos morais.
DA INEXISTÊNCIA DE DÉBITO
Para a solução da lide, passo a analisar se as provas existentes no feito confirmam ou afastam
alegação de pagamento integral do débito. Com base nos documentos apresentados aos autos, denota-se que a parte
autora, realmente firmou com o requerida contrato cédula de crédito bancário com autorização para consignação em
folha de pagamento, ou seja, “empréstimo consignado”, no valor de R$4.350,98, para ser quitado em 60 parcelas de
R$138,10, tudo, conforme os documentos das folhas 41/42.
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Entretanto, consoante comprovou a requerida não houve o repasse pelo INSS da verba referente
ao pagamento da sexta parcela, com previsão de vencimento em 07.06.2010 (valor de R$138,10), a qual foi relançada,
em 14.07.2010, para o mês de agosto, ou seja, a sexta parcela somente foi cobrada em 07.08.2010. A partir de então,
todas as parcelas apenas foram efetivamente recebidas pela requerida com um mês de diferença (de atraso). Todas
essas informações constam na listagem apresentada pela requerida à folha 94, a qual indica as datas de vencimentos
das parcelas e as respectivas datas de recebimento dos valores.
Observe-se que, levando em conta o equívoco no repasse (ausência de repasse), não houve
desconto no mês de junho de 2010 da folha de pagamento da parte autora, o que deixou em aberta uma das parcelas
do “empréstimo”. Ressalto que, dessa forma, não houve o pagamento integral da dívida como afirmou a parte autora.
Outrossim, saliento que o documento da folha 43, comprova que a sexta parcela do “empréstimo” teve que ser
relançada.
Portanto, tendo sido comprovado que foi inadimplida uma parcela do “empréstimo consignado”,
não há que se falar em inexistência de débito.
E, ao que parece, se responsabilidade houve, pelo inadimplemento, parece ter sido do INSS, e não
da ré.
DA RESPONSABILIDADE CIVIL
Para a análise do alegado dano moral sofrido, revela-se necessária a presença dos requisitos,
elementos ou pressupostos que configuram a responsabilidade civil, quais sejam: a conduta (ação ou omissão), o dano
efetivo, o nexo de causalidade entre o fato e o dano e fator de imputação (responsabilidade subjetiva ou objetiva).
Entendo que no caso em tela, não restou comprovado sequer a existência do dano (moral).
Considerando que há uma parcela do financiamento sem pagamento, plenamente possível a sua cobrança pela
requerida e, consequentemente a inscrição do nome do inadimplente em caso de não pagamento (é o que ocorreu no
caso dos autos!).
Pelo que se percebeu, levando em conta a ausência de repasse de uma das parcelas, a parcela de
n°59, que tinha previsão de vencimento originalmente em 07.11.2014 (fl. 44/v), foi cobrada mediante desconto em folha
de pagamento em 07.12.2014, mesma data de cobrança “avulsa” da parcela que estava em aberto (fls. 12 e 44v) por
boleto bancário (fl. 43).
Logo, a parte autora verificando que havia quitado as últimas parcelas previstas originalmente (fls.
13/14) acreditou equivocadamente que teria quitado integralmente o contrato. Assim, considerando que não
acompanhou os descontos mensais e deixou de quitar a última parcela por boleto bancário, evidenciada a sua culpa
concorrente pela inscrição de seu nome nos órgãos de proteção de crédito.
Note-se que não houve por parte da requerida nenhum ato ilícito, pois somente cobrou pela parcela
que ainda não tinha sido quitada e inscreveu a parte autora pela sua inadimplência. Nesse sentido, colaciono
jurisprudência sobre o caso:
(Recurso Cível Nº 71004995338, Quarta Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator:
Glaucia Dipp Dreher, Julgado em 18/12/2014) RECURSO INOMINADO. BANCO. AÇÃO
INDENIZATÓRIA. EMPRÉSTIMO EM CONSIGNAÇÃO. DESCONTO DIRETO DO BENEFÍCIO
PREVIDENCIÁRIO. SUPOSTA INSCRIÇÃO NOS ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO.
AUSÊNCIA DE REPASSE POR PARTE DO INSS. RECEBIMENTO DE NOTIFICAÇÃO ACERCA
DA INSCRIÇÃO. PAGAMENTO DO DÉBITO VIA BOLETO. AUTORA QUE NÃO PODE ALEGAR O
DESCONHECIMENTO DA DÍVIDA. INSCRIÇÃO QUE FICOU ATIVA POR 05 DIAS. DANOS
MORAIS INOCORRENTES. EXCEPCIONALIDADE DO CASO CONCRETO. AUTORA QUE SE
MANTEVE INADIMPLENTE POR MAIS DE UM MÊS. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA
MANTIDA. Caso em que a autora pretende ser indenizada por inscrição nos órgãos de
proteção ao crédito por débito gerado em razão de empréstimo em consignação cujas
mensalidades eram descontadas diretamente do benefício previdenciário. Ausência de
repasse do montante por parte do INSS. Inscrição que não é de todo indevida. Falha gerada
por culpa concorrente da demandante, que não cumpriu com seu dever de acompanhar os
descontos mensais e não tomou as devidas providências quando do recebimento da carta
de notificação da inscrição. Excepcionalidades do caso concreto que não geram dever de
indenizar. Registro que se manteve ativo por somente 05 dias. RECURSO IMPROVIDO. (grifei)
Destaco que toda a situação até poderia ter sido evitada se a requerida tivesse cobrado a parcela
em aberto no mês seguinte ao término do demais cobranças (em janeiro de 2015), no entanto, tal situação não implica
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em ato ilícito, uma vez que não é irregular a sua cobrança, especialmente por estar dentro do prazo pactuado, e ainda,
tendo em vista que já poderia ter sido exigida anteriormente. Relembro que no mês de junho de 2010, nada foi
recebido pela ré sobre o empréstimo em questão.
Ademais, ressalto que nenhum prejuízo foi sofrido pela parte autora, uma vez que embora a ré
nada tenha recebido no mês de junho de 2010 (6ª parcela), não aplicou juros e/ou correções sobre as demais parcelas,
cobrando somente os valores pactuados, adiando o recebimento das parcelas subsequentes até a data de previsão de
término da avença.
Logo, tal conduta, por si só, não justifica o pedido de indenização por dano moral, que exige
comprovação do efetivo prejuízo. Nesse sentido, incumbia à parte autora o ônus da prova quanto a fato constitutivo de
seu direito, nos termos do art. 373, inciso I, do CPC.
Dessarte, a improcedência da ação é a medida que se impõe.
Ante o exposto, revogo a medida liminar e forte no artigo 487, inciso I, do CPC, julgo
improcedentes os pedidos formulados por ROMILDA contra a BV FINANCEIRA S.A..
Sucumbente, condeno a parte autora ao pagamento das custas processuais e honorários
advocatícios, os quais, forte no artigo 85, do CPC, fixo em 15% do valor atualizado da causa, considerando o tempo de
tramitação da demanda e a importância da causa e o trabalho desenvolvido, que inclusive dispensou a produção de
prova em audiência. Suspensa a exibilidade, levando em conta que a autora litiga sob o pálio da assistência judiciária
gratuita.
Publique-se. Registre-se. Intimem-se.
Juiz de Direito