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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

DIREITO PROCESSUAL CIVIL – PROCESSO DE CONHECIMENTO 5º PERÍODO


PROFESSORA: GEOVANA DA CONCEIÇÃO e-mail: geovanadireitodefamilia@gmail.com

APOSTILA
NOVO CPC - ORGANIZAÇÃO

Parte Geral (com 6 Livros)


Parte Especial (com 3 Livros) e
Livro Complementar (Disposições Finais e Transitórias)

PROCESSO E PROCEDIMENTO – Definição e distinção:

a) PROCESSO: Instrumento através do qual o Estado presta a tutela jurisdicional,


correspondente a um conjunto de atos coordenados entre si, com o objetivo de obter do
Estado/Juiz a resposta do litígio. O processo é materializado, é físico.

Sendo o processo o método utilizado para solucionar os litígios, conhece o Direito


Processual Civil 02 (duas) espécies de processo: PROCESSO DE CONHECIMENTO e
PROCESSO DE EXECUÇÃO.

O processo é importante por envolver, em uma relação (jurídica), o juiz e as partes – tem
fins de grande relevância (democracia e justiça) e como objetivo final uma decisão legítima.

b) PROCEDIMENTO: Procedimento é a FORMA como os atos do processo irão se


desenvolver.

Para Humberto Theodoro Junior, “Procedimento é portanto, sinônimo de rito do processo, ou


seja, o modo e a forma de que se movem os atos no processo”.

Em razão de vários fatores, como: Valor da causa, a natureza do direito material


controvertido, a pretensão da parte, etc. o processo pode ter diferentes movimentos.

Ex.: A Ação de Alimentos assume um procedimento específico (Especial pois tem Lei
Específica) enquanto que a Ação de Indenização adota outro procedimento (Comum).

CONCLUSÃO: Podemos então distinguir PROCESSO como sendo “instrumento” e


PROCEDIMENTO a “forma”.

NO NOVO CPC: EXISTEM DOIS TIPOS DE PROCEDIMENTOS: COMUM E ESPECIAL

O procedimento COMUM(ORDINÁRIO)E O PROCEDIMENTO ESPECIAL.

PROCEDIMENTO ORDINÁRIO OU PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO

Este procedimento tem um rito mais abrangente, com uma nítida divisão das fases
processuais, compreendendo-se 2 (duas) grandes fases: CONHECIMENTO e
CUMPRIMENTO.

FASE DO CONHECIMENTO: 4 Estágios: Postulação, organização, instrução e decisão da


causa.
Nos casos em que há prolação de sentença condenatória genérica, a fase de conhecimento
conta ainda com um quinto estágio voltado àliquidação da obrigação.

ESTÁGIO POSTULATÓRIO: O estágio postulatório destina-se à oitiva de ambas as partes:


o autor expõe o seu caso mediante o exercício do direito de ação (art. 5.º, XXXV, da CF) e o
réu defende-se exercendo o seu direito de defesa (art. 5.º, LV, da CF). A partir da exposição
dos seus respectivos fundamentos, ambas as partes postulam – o autor pede a procedência
do pedido e o réu pede a sua improcedência mediante contestação.

ESTÁGIO DE ORGANIZAÇÃO: O estágio organizatório tem por função preparar a


causa para a sua instrução e julgamento. Objetiva identificar a existência de óbices e vícios
processuaisque impeçam o julgamento de mérito a fim de sanear a causa (art. 357, I) e
a delimitar as alegações de fato litigiosas para guiar a produção da prova(art. 357, III).

ESTÁGIOINSTRUTÓRIO: O estágio instrutório destina-se à produção da prova,


notadamente daprova oral, da prova pericial ou da inspeção judicial, já que a prova
documental acompanha as postulações iniciais das partes (art. 434). Nesse estágio, o
processo é instruído com provas das alegações. Em sendo o caso, pode o juiz
designar audiência de instrução e julgamentopara sua colheita (arts. 358 e ss.).

ESTÁGIO DECISÓRIO: O estágio decisório é aquele em que o juiz decide o caso levado a


juízo. A decisão do caso pode levar à extinção do processo sem resolução de mérito (art.
485) ou à extinção do processo ou da fase de conhecimento com resolução de mérito (art.
487).

FASE DO CUMPRIMENTO: Sendo a sentença condenatória, mandamental ou executiva, o


procedimento comum segue para a fase de cumprimento. A fase de cumprimento pode se
desenvolver em um único estágio destinado à prática de atos executivos (penhora de bens)
ou em três estágios voltados igualmente à prática de atos executivos sequenciados
em postulação, instrução esatisfação da obrigação. 

TUTELAS DE URGÊNCIA

As tutelas provisórias - são tutelas jurisdicionais não definitivas, concedidas em juízo de


cognição sumária, que exigem, necessariamente, confirmação posterior, através de
sentença, proferida mediante cognição exauriente.

Para facilitar, façamos a seguinte distinção:

 As tutelas provisórias antecipadas, asseguram a efetividade do direito material –


necessidade de demonstrar em juízo que o direito material está em risco. Ex.:
Internação para cirurgia por negativa do plano de saúde – uma vez obtida a tutela só
resta a confirmação.

 As cautelares, asseguram a efetividade do direito processual – necessidade de


demonstrar que além da urgência, um futuro processo está em risco. Ex.: Devedor
dilapidando patrimônio – garante a efetividade da sentença no processo de cobrança.

Tutela provisória - fundada em cognição sumária


Tutela definitiva - baseada em cognição exauriente.

TUTELA DE URGÊNCIA: Antecipada ou Cautelar – probabilidade do direito e o perigo de


dano - Art. 300 e ss.
TUTELA DE EVIDÊNCIA: Alto grau de probabilidade do direito invocado – Art. 311 –
Independente de perigo de dano.

Art. 295. A tutela provisória requerida em caráter incidental independe do pagamento de


custas.

Mera petição formulada no curso da ação

Art. 299.  A tutela provisória será requerida ao juízo da causa e, quando antecedente, ao
juízo competente para conhecer do pedido principal.

O art. 300, caput, do Novo Código, deixa claro que os requisitos comuns para a concessão
da tutela provisória de urgência (antecipada ou cautelar) são:

I) probabilidade do direito (fumus boni iuris); e


II) perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo (periculum in mora).

O CPC/2015 abandonou a expressão “prova inequívoca da verossimilhança”, presente no


art. 273 do CPC/73.

Para a concessão da tutela de urgência, o juiz ainda poderá exigir caução real ou
fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo ser
dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la (art. 300, §1º)

Haverá a possibilidade de realização de justificação prévia para a concessão da tutela de


urgência (art. 300, §2º) – Seja ela cautelar ou antecipada.
Art. 301.  A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada mediante arresto,
sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem e
qualquer outra medida idônea para asseguração do direito.

Não haverá nomenclatura específica. Todas passam a ser inominadas – Nada impede que o
advogado dê nome a elas.

Prevê o NCPC a responsabilidade objetiva da parte pela concessão da tutela de urgência e


os prejuízos que ela causar à parte adversa. (Art. 302)

TUTELA ANTECIPADA ANTECEDENTE

Art. 303.  Nos casos em que a urgência for contemporânea à propositura da ação, a petição
inicial pode limitar-se ao requerimento da tutela antecipada e à indicação do pedido de tutela
final, com a exposição da lide, do direito que se busca realizar e do perigo de dano ou do
risco ao resultado útil do processo.

Possibilidade de se pedir Tutela Provisória de Urgência Antecipada – Antes do ingresso da


ação principal - Pedido exclusivo de antecipação.

Deve-se atribuir valor à causa na petição inicial levando-se em consideração o valor da


tutela provisória ( § 4º )

Art. 303
§ 1o Concedida a tutela antecipada a que se refere o caput deste artigo:
I - o autor deverá aditar a petição inicial, com a complementação de sua argumentação,
a juntada de novos documentos e a confirmação do pedido de tutela final, em 15 (quinze)
dias ou em outro prazo maior que o juiz fixar;
§ 2o Não realizado o aditamento a que se refere o inciso I do § 1 o deste artigo, o processo
será extinto sem resolução do mérito.
§ 3o O aditamento a que se refere o inciso I do § 1 o deste artigo dar-se-á nos mesmos autos,
sem incidência de novas custas processuais.

ESTABILIZAÇÃO DAS TUTELAS

Art. 304.  A tutela antecipada, concedida nos termos do art. 303, torna-se estável se da
decisão que a conceder não for interposto o respectivo recurso.

§ 1o No caso previsto no caput, o processo será extinto.


Somente para tutelas ANTECEDENTES (Art. 303)

A tutela estabilizada somente poderá ser revista através de ação própria (§ 2 º ) – Prazo de 2
anos (§ 5º )

PROCEDIMENTO DA TUTELA CAUTELAR

Art. 305.  A petição inicial da ação que visa à prestação de tutela cautelar em caráter
antecedente indicará a lide e seu fundamento, a exposição sumária do direito que se
objetiva assegurar e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

Art. 306.  O réu será citado para, no prazo de 5 (cinco) dias, contestar o pedido e indicar as
provas que pretende produzir.

Neste caso se não houver recurso não há estabilização da cautelar.


Art. 308.  Efetivada a tutela cautelar, o pedido principal terá de ser formulado pelo autor no
prazo de 30 (trinta) dias, caso em que será apresentado nos mesmos autos em que
deduzido o pedido de tutela cautelar, não dependendo do adiantamento de novas custas
processuais.

PEDIDO PRINCIPAL NOS MESMOS AUTOS.

Art. 310. O indeferimento da tutela cautelar não obsta a que a parte formule o pedido
principal, nem influi no julgamento desse, salvo se o motivo do indeferimento for o
reconhecimento de decadência ou de prescrição.

TUTELA DE EVIDÊNCIA - ART. 311 CPC

Não há necessidade da prova de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo.

A tutela de evidência será concedida nos casos previstos no Art. 311 – Entre eles:

Ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da


parte;

A petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do
direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável.

Ex.: Demanda Repetitiva – Defesa de Banco no Dano Moral

PETIÇÃO INICIAL – ARTIGO 319 DO NOVO CPC

Conceito: A petição inicial é o instrumento pelo qual o interessado invoca a atividade


jurisdicional, fazendo surgir o processo. A propositura da ação dá início ao processo. Na
petição inicial, o interessado (AUTOR) formula seu pedido, o que acaba por limitar a
atividade jurisdicional, pois o juiz não pode proferir sentença de natureza diversa da pedida,
bem como condenar o réu em quantidade superior ou em objeto diverso do demandado.

Em outras palavras, a petição é o veículo de manifestação formal da parte, revelando ao


Juiz a lide e contendo o pedido de providência jurisdicional.

Requisitos da petição inicial- Artigo 319 NCPC:

Art. 319.  A petição inicial indicará:


I - o juízo a que é dirigida;
II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o
número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da
Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
IV - o pedido com as suas especificações;
V - o valor da causa;
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;
VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de
mediação.
§ 1o Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o autor, na petição
inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a sua obtenção.

§ 2o A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações a que se
refere o inciso II, for possível a citação do réu.

§ 3o A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao disposto no inciso II deste
artigo se a obtenção de tais informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o
acesso à justiça.

Inciso I - Endereçamento – Juiz ou Tribunal que é dirigida – critério de fixação de


competência (Arts. 42 e SS CPC).

Inciso II – Qualificação das Partes – Observar a indicação da existência de união estável


e endereço eletrônico. A qualificação deve ser a mais completa possível – muitas vezes a
falta de informações na qualificação pode retardar significativamente o processo. Ex.:
Endereço insuficiente do réu, colocar as proximidades, cor da casa, etc. – Observar as
partes legítimas para figurar na ação.

Inciso III –Fatos e Fundamentos Jurídicos – Na petição inicial o Autor deve justificar o
pedido que é dirigido ao Juiz. Trata-se da causa de pedir, ou seja, das razões fático-jurídicas
que justificam o seu pedido. O Autor deve narrar o fato jurídico que constitui o seu direito.
(Ex.: A falta de pagamento dos aluguéis pode levar ao despejo).

Inciso IV– O pedido com suas especificações - O centro, o núcleo da petição inicial, que
exprime aquilo que o Autor pretende do Estado (falaremos em tópico a seguir)

Inciso V - Valor da Causa (art. 291) – A toda causa o Autor deverá atribuir um valor certo –
Requisito obrigatório da petição inicial (O Juiz mandará o Autor emendar a inicial no prazo
de 15 dias (art. 321CPC) sob pena de indeferimento - Pode ser fixada por estimativa.

Inciso VI - Provas– Não basta alegar, incumbe-lhe, provar todos os fatos pertinentes à sua
pretensão (arts. 373, I) “O ônus da prova incumbe: Ao autor quanto ao fato constitutivos do
seu direito”.

Inciso VII –Opção pela Realização de Audiência de Conciliação ou de Mediação: A fim


de facilitar a solução consensual do litígio, o legislador proporciou às partes uma
oportunidade de diálogo antes da Contestação. Essa audiência não será realizada se
AMBAS as partes manifestarem EXPRESSAMENTE desinteresse na composição. Por isso
a manifestação deve ser EXPRESSA.

Deverá também constar na petição inicial a data e assinatura do


procurador: Se o Advogado esquecer de assinar, a petição estará
apócrifa ou seja sem autenticidade. Em primeiro grau o juiz mandará
intimar o advogado para assinar.

O Recurso pode ser negado seguimento em razão da falta de assinatura – O Tribunal não
manda intimar o advogado para assinar. GRAVÍSSIMO!

Art. 320 – Documentos indispensáveis a propositura da ação


Não se exige, obrigatoriamente, que o Autor ofereça, de imediato todos os documentos em
seu poder, mas apenas os “indispensáveis”. Até porque é facultado a juntada de NOVOS
documentos em todas as fases do processo.

Art. 321 – Emenda da Inicial

Com a distribuição e autuação, a petição inicial é apresentada ao Magistrado, que apreciará


se ela preenche os requisitos do art. 319, antes de despachá-la.

Quando a petição inicial apresentar lacunas, imperfeições ou omissões, como por exemplo,
faltar o valor da causa, o Juiz mandará intimar o Autor para no prazo de 15 (quinze) dias
emendar a inicial, ou seja, sanar a irregularidade, sob pena de indeferimento. (parágrafo
único art. 321).

Artigo 332 – Deferimento da Citação ou Improcedência Liminar do Pedido

Se o Juiz verificar que a petição está em ordem, despachará determinando a citação do réu
para responder a ação. Cumprida a diligência de forma positiva, o réu estará integrando a
relação processual, tornando-a completa.

No mandado de citação deverá constar expressamente, que se não contestada a ação se


presumirão aceitos pelo réu, como verdadeiros os fatos alegados na inicial.

ART. 332: Nas causas em que não for necessária a realização de audiência de instrução
(ouvida de testemunhas) independentemente da ouvida do Réu, o Juiz poderá julgar
LIMINARMENTE IMPROCEDENTE o pedido, nos casos dos incisos I a IV.

Ex.: Dívida prescrita cobrada em Juízo (Art. 332, § 1º CPC).

PEDIDO

Pedido é a providência que o Autor espera do Estado-Juiz, e deve resultar logicamente dos
fatos informados na petição inicial (pedido concludente).

O pedido pode ser mediato e imediato. O IMEDIATO refere-se à sentença esperada pelo
autor, ou seja, a natureza da providência solicitada (condenatória, mandamental,
declaratória, etc), e o pedido MEDIATO corresponde a pretensão de direito material alegado
pelo autor e negado pelo réu, é o próprio bem da vida. Ex.: Quantia em dinheiro, bem que
se encontra em poder do réu.

O segredo da petição inicial está exatamente no pedido, muitos clientes acabam não
recebendo a prestação jurisdicional adequada porque o Advogado não fez o pedido
adequado.

Ex.: Se não pedir fixação de alimentos provisórios, o Juiz não fixa. Se não pedir a Liminar o
Juiz não defere.

Os artigos 322 e324, dizem que o pedido deve ser CERTO e DETERMINADO de modo que
os demais integrantes da relação processual (Juiz e Réu) possam ter a certeza e clareza
quanto à pretensão do autor.
PEDIDO CERTO: É o bem da vida pretendido (pedido mediato) Ex.: Alimentos, Cobrança,
Divórcio, Partilha/Inventário, etc).

PEDIDO DETERMINADO: No pedido o Autor tem que dimensionar o seu alcance. Além de
ser identificado pelo gênero, o pedido deverá também ser preciso quanto à quantidade.

Exemplo: Pedido de condenação do réu de restituir uma geladeira Brastemp. Nesse caso o
pedido é certo e determinado, pois além de definir o gênero (geladeira Brastemp), definiu
também a quantidade (uma geladeira).

PEDIDO GENÉRICO: Art. 324, § 1º CPC. O CPC admite também que se formule pedido
genérico nas em determinadas ações (Incisos I, II e III).

Art. 324.  O pedido deve ser determinado.


§ 1o É lícito, porém, formular pedido genérico:
I - nas ações universais, se o autor não puder individuar os bens demandados;(Ex.:
Recuparação Judicial/Herança)
II - quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou do
fato; (sentença ilíquida)
III - quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de ato que
deva ser praticado pelo réu.(Ex.: Prestação de Contas)
§ 2o O disposto neste artigo aplica-se à reconvenção.

Nesses casos o Juiz proferirá uma sentença ilíquida (sem valor determinado), remetendo o
Autor ao procedimento de liquidação de sentença, antes da fase de cumprimento da
sentença.

AÇÕES DE INDENIZAÇÃO DEVEM CONTER PEDIDO CERTO E DETERMINADO!

Art. 325 e ss – Os pedidos poderão também ser ALTERNATIVOS, SUCESSIVOS E


CUMULATIVOS.

Art. 325 - Pedidos Alternativos: Quando pela natureza da obrigação, o devedor puder
cumprir a prestação de mais de um modo. Não quer dizer que o Autor pode pedir
cumulativamente as diversas prestações, mas sim que, qualquer uma delas, uma vez
realizada pelo réu satisfaz a obrigação.

Ex.: Obrigações Alternativas: Entregar 1 carro ou Dinheiro.

Art. 326 - Pedidos Sucessivos em Ordem Subsidiária: Significa dizer que o Autor poderá
formular mais de um pedido em ordem sucessiva a fim de que o Juiz conheça do posterior,
em não podendo acolher o pedido principal. Se o Juiz acolher o pedido principal não
analisará o sucessivo.

Ex.: Pedir rescisão de contrato com perdas e danos, ou, se não configurada a razão para
tanto, a condenação do réu a pagar a prestação vencida.

Utilizar aquela velha expressão: “caso assim não entenda V.Exa...”

Art. 327 - Pedidos Cumulados: Em outras palavras, permite-se ao autor, via cumulação,
formular dois ou mais pedidos contra o réu que poderiam ser objeto de ações distintas. O
juiz tem o dever de examinar todos os pedidos formulados, sendo por essa razão
hipoteticamente possível a procedência simultânea de todos os pedidos cumulados.
-Deve haver compatibilidade (coerência lógica na cumulação) - Competência absoluta do
juízo para todos os pedidos;

- Adequação do procedimento escolhido para todos os pedidos; (pode o autor fazer


cumulação de pedidos com ritos distintos, desde que faça a escolha pelo Comum).

Ex.: Investigação de Paternidade c/c Alimentos– Ação de Despejo c/c Cobrança de


Alugués – Ação de Guarda c/c Regulamentação de Visitas.

Art. 322 § 1º – Interpretação do pedido

Os pedidos formulados pelo Autor, são interpretados restritivamente, ou seja, o critério de


interpretação não pode ser ampliativo ou extensivo. Integra o pedido tão somente o que nele
expressamente estiver contido.

Alguns pedidos TODAVIA, são implícitos - ou seja, quando se ingressa com uma ação para
cobrar o valor da dívida (principal) compreendem-se também os acessórios dela decorrentes
(juros legais).

Ex.: Nas obrigações de prestação em dinheiro, o pedido, implicitamente, sempre


compreende os acessórios, que são os juros legais, correção monetária e honorários
advocatícios.

Art. 329 – Aditamento do pedido

Prevê o artigo que antes de ocorrer a citação (ciência do réu) poderá o autor ADITAR o
pedido, ou seja, formular um novo pedido, arcando com o ônus das custas acrescidas –
independentemente do consentimento do réu.

Após a citação somente ocorrerá o aditamento desde que concorde o Réu.

Ex.: Execução de Alimentos, esqueci de acrescentar um mês. Posso fazer o aditamento


mediante simples petição. Se o réu já houver sido citado, é mais complicado, pois ele deverá
concordar.

Art. 330 - Indeferimento da Petição Inicial:

Ao analisar a petição inicial, o Juiz poderá verificar que ela não preenche os requisitos
necessários e após ouvida a parte adversa INDEFERIR, com fundamento no artigo 330

Art. 330.  A petição inicial será indeferida quando:


I - for inepta;
II - a parte for manifestamente ilegítima;
III - o autor carecer de interesse processual;
IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321.

§ 1o Considera-se inepta a petição inicial quando:


I - lhe faltar pedido ou causa de pedir;
II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o
pedido genérico;
III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.

§ 2o Nas ações que tenham por objeto a revisão de obrigação decorrente de


empréstimo, de financiamento ou de alienação de bens, o autor terá de, sob pena de
inépcia, discriminar na petição inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que
pretende controverter, além de quantificar o valor incontroverso do débito.

§ 3o Na hipótese do § 2o, o valor incontroverso deverá continuar a ser pago no tempo e
modo contratados.

O indeferimento da inicial enseja a EXTINÇAO DO PROCESSO, a teor do art. 485, I, sem


julgamento de mérito, o que quer dizer que o julgamento é de natureza meramente
processual, não impedindo que o Autor ingresse com uma nova ação, evitando, logicamente
os defeitos que inutilizaram a sua primeira.

De qualquer forma, o Advogado deve evitar tanto a emenda quanto o indeferimento, pois a
primeira demonstra desatenção e a segunda, desconhecimento da matéria, o que se revela
vergonhoso para um profissional.

Art. 331 - A decisão que indefere a inicial é SENTENÇA – Terminativa – Caberá recurso de
APELAÇÃO. O Juiz poderá no prazo de 5 (cinco) dias RETRATAR-SE e reformar a
decisão, caso contrário os autos serão remetidos ao Tribunal de Justiça competente.

DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO OU MEDIAÇÃO – ART. 334 CPC

Uma das novidades em termos de procedimento do Novo CPC está na previsão de uma
audiência de conciliação ou mediação antes da apresentação da defesa pelo demandado.

Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de improcedência


liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação com
antecedência mínima de 30 dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 dias de
antecedência.

A intimação do autor para a audiência será feita na pessoa de seu advogado.

A audiência não será realizada:

I – se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na composição


consensual;
II – quando não se admitir a autocomposição.

O autor deverá indicar, na petição inicial, seu desinteresse na autocomposição, e o réu, por
petição, apresentada com dez dias de antecedência, contados da data da audiência.
Havendo litisconsórcio, o desinteresse na realização da audiência deve ser manifestado por
todos os litisconsortes.

Note-se que não basta, para obstar à realização da audiência, que apenas
uma das partes não queira a sua realização. O legislador refere
que ambas as partes devem expressamente manifestar o desinteresse na
composição consensual. 

ATITUDES DO RÉU (Art. 335 a 353 CPC)


O direito a ampla defesa, assim como o direito de ação é garantido constitucionalmente
através do artigo 5, inciso LV da CF/88.

Não sendo o caso de designar audiência de conciliação ou de mediação ou não tendo sido
possível obter a autocomposição, tem o juiz de oportunizar que o réu exerça o seu direito de
defesa (art. 335).

A DEFESA DO RÉU – Após a citação, o réu poderá tomar três atitudes diferentes, ou seja:

a) a inércia (ou seja, o silêncio)


b) a resposta (por escrito ou oralmente/ contestação/reconvenção)
c) o reconhecimento da procedência do pedido

Quando porém o direito for indisponível, desaparece para o réu a possibilidade de renunciar
a defesa. E o autor, mesmo diante do silêncio do réu, não se desobriga do ônus de provar os
fatos não contestados.

Ex.: Investigação de paternidade/ Alimentos

DIREITOS INDISPONÍVEIS pode-se entender tudo o que é tutelado pelo Estado e que a
pessoa, mesmo sendo titular do direito não poderá declinar deste. Ex.: Direito de
personalidade, interesses de menores e/ou incapazes, direito à vida, etc.

A reconvenção, que antes tinha de ser formulada em peça apartada, hoje tem de ser
exercida na contestação (art. 343). A provocação da intervenção forçada de terceiros
continua sendo matéria de contestação (arts. 126 e 131).

PRAZO:O prazo é de 15 dias (art. 335)

O termo inicial para fluência do prazo é a data:

I – da audiência de conciliação ou de mediação, ou da última sessão de conciliação, quando


qualquer das partes não comparecer ou, comparecendo, não houver autocomposição;

II – do protocolo do pedido de cancelamento da audiência de conciliação ou de mediação


apresentado pelo réu, quando ambas as partes expressamente manifestarem o desinteresse
na autocomposição;

III – em que se considera realizada a citação, na forma do art. 231 (art. 335).

No caso de litisconsórcio passivo, se todos se opuserem à realização da audiência de


conciliação ou de mediação, o termo inicial para contestação será autônomo para cada um
dos litisconsortes, vale dizer, para cada um dos réus, o termo inicial será a data da
apresentação de seu respectivo pedido de cancelamento da audiência (art. 335, § 1.º).

No caso de não ser possível autocomposição, e havendo litisconsórcio passivo, o autor


desistir da ação em relação ao réu ainda não citado, o prazo para a contestação correrá da
data de intimação da decisão que homologar a desistência (art. 335, § 2.º).

LITISCONSORTE PASSIVO: Havendo mais de um réu, o prazo é comum. Mas, se


estiverem representados por advogados diferentes o prazo será contado em dobro (30 dias)
– Art. 229 CPC.
CONTAGEM DO PRAZO: Na contagem dos prazos computar-se-ão somente os dias úteis
(Art. 219 CPC) – Exclui-se o dia do começo e inclui-se o dia do vencimento.

Art. 224.  Salvo disposição em contrário, os prazos serão contados excluindo o dia do
começo e incluindo o dia do vencimento.

§ 1o Os dias do começo e do vencimento do prazo serão protraídos para o primeiro dia
útil seguinte, se coincidirem com dia em que o expediente forense for encerrado antes
ou iniciado depois da hora normal ou houver indisponibilidade da comunicação
eletrônica.

§ 2o Considera-se como data de publicação o primeiro dia útil seguinte ao da


disponibilização da informação no Diário da Justiça eletrônico.

§ 3o A contagem do prazo terá início no primeiro dia útil que seguir ao da publicação.

ESPÉCIES DE DEFESA - PROCESSUAL E DE MÉRITO

a) DEFESA PROCESSUAL– Denomina-se defesa processual a que tem conteúdo apenas


formal. São exemplo de defesas indiretas as que invocam a inexistência de pressupostos
processuais ou de condições da ação. (preliminares – art. 337, CPC).

As defesas processuais, no entanto, nem sempre visam a imediata inutilização do processo,


podendo ser subdividida em:

a) PEREMPTÓRIAS: Aquelas em que um vez acolhidas, levam o processo à extinção,


como a de inépcia da petição inicial, legitimidade da parte, litispendência, coisa
julgada, perempção, etc. (art. 485) – Vício profundo – inutilização do
instrumento/processo.

b) DILATÓRIAS: São as defesas processuais que, mesmo quando acolhidas, não


provocam a extinção do processo, mas apenas provocam delonga no curso do
processo. Ex.: Nulidade de citação, incompetência do juízo, defeito de representação,
conexão de causas, etc. (art. 337, I, II, VIII e IX). – Paralisação temporária no curso
normal do processo.

Pode uma defesa meramente dilatória adquirir a força de peremptória, nos casos em que a
parte não cumprir a diligência saneadora que lhe for determinada. Ex.: O juiz determina ao
autor que regularize sua representação nos autos em 10 dias e este deixa escoar o prazo
sem diligenciar o saneamento de falta - levará a extinção do processo).

b) DEFESA DE MÉRITO

Quando o réu ataca o fato jurídico que constitui o mérito da causa (a sua causa pretendida)
tem-se a defesa chamada de MÉRITO.

Ex.: Quando o réu nega a existência do dano a indenizar.

CONTESTAÇÃO - ART. 335 NCPC


É o ato pelo qual o réu resiste em juízo à pretensão do autor deduzida na inicial. É a defesa
propriamente dita, mediante a dedução de toda matéria possível, e na exposição dos
motivos de fato e de direito do porquê da resistência à pretensão.

O NOVO CPC AUMENTOU O NÚMERO DE QUESTÕES QUE ELA PODE ABORDAR


(ART. 337) EX.: INCORREÇÃO DO VALOR DA CAUSA E INDEVIDA CONCESSÃO DA
JUSTIÇA GRATUITA (III e XIII)

CONTEÚDO E FORMA DA CONTESTAÇÃO

A forma da contestação é a de petição escrita e endereçada ao Juiz da causa (art. 335,


CPC).

No conteúdo, o réu tem que alegar toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e
de direito, com que impugna o pedido do autor, e especificando as provas que pretende
produzir.

PRECLUSÃO: É ônus do réu, arguir toda a matéria de defesa na contestação, sob pena de
preclusão da matéria.

O réu não poderá invocar em fases posteriores do processo matéria que não foi manifestada
na contestação.

PRECLUSÃO CONSUMATIVA: É a perda do direito de manifestar-se no processo, isto é, a


perda da capacidade de praticar os atos processuais por não tê-los feito na oportunidade
devida ou na forma prevista. Ex.: Não há emenda à Contestação, mesmo que ainda haja
prazo.

EXCEÇÕES DA PRECLUSÃO: Há três hipóteses em que o Código abre exceção da


preclusão da matéria, permitindo que o réu possa deduzir novas alegações no curso do
processo, depois da contestação. São elas (art. 342):

a) Direito Superveniente (quitação no curso do processo pelo autor,da dívida discutida


em juízo).
b) Matéria que o Juiz pode conhecer de ofício (condições da ação e pressupostos
processuais)
c) Quando, por expressa autorização legal, a matéria puder ser formulada em qualquer
tempo e juízo (ex.: prescrição).

ONUS DA DEFESA ESPECIFICADA

Além do ônus de defender-se, o réu tem, no sistema no nosso Código, o ônus de impugnar
especificadamente todos os fatos arrolados pelo autor, sob pena de se presumirem
verdadeiros os fatos não impugnados. (art. 341, CPC).

Fatos não impugnados são tidos como verídicos, dispensando a prova a seu respeito,
podendo inclusive o Juiz julgar antecipadamente o mérito, se estes fatos forem decisivos
para a solução do litígio.

Não ocorre, no entanto a presunção legal de veracidade dos fatos não impugnados, quando:

I – Não for admissível, a respeito deles, a confissão (direitos indisponíveis)


II – A petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público que a lei considerar
da substância do ato (quando a lei exigir o instrumento público, nenhuma outra prova, por
mais especial que seja, pode suprir-lhe a falta. (art. 406, CPC). Ex.: Escritura de Compra e
Venda.

III – Os fatos não impugnados estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu
conjunto: Isto acontece quando o autor arrola uma sequência de fatos e o réu impugna
diretamente apenas alguns, mas da contestação decorre implicitamente a rejeição dos
demais. (ex.: quando o réu baseia sua defesa no álibi de não ter se quer estado presente no
local em que ocorreu o ato ilícito que lhe é imputado, implicitamente estarão impugnados
todos os demais fatos alegados pelo autor.

PRELIMINARES DA CONTESTAÇÃO

O réu poderá opor-se a pretensão do autor, através de preliminares, com objetivo de


invalidar a relação processual ou revelar imperfeições formais capazes de prejudicar o
julgamento do mérito.

Antes de discutir o mérito, o réu poderá portanto alegar em preliminar: (art. 337)

I- INEXISTÊNCIA OU NULIDADE DE CITAÇÃO (dilatória): Quando ocorre algum


vício na citação que impossibilite a formação da relação processual. Contudo, o
comparecimento espontâneo do réu ao processo e a regularização do vício geram
o prosseguimento do processo.
II- INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA E RELATIVA(dilatória): Juiz absolutamente
incompetente é aquele a que falta competência para a causa, em razão da matéria
ou da hierarquia. Não leva a extinção, mas a remessa do processo ao Juiz
competente. Ex.: Usucapião de terras de marinha (união). INCOMPETÊNCIA
RELATIVA, refere-se ao local onde foi interposta ação.
III- INCORREÇÃO DO VALOR DA CAUSA: Tendo ou não valor econômico o autor
deve indicar valor à causa. O Réu pode impugnar o valor em preliminar da
Contestação, atendendo aos requisitos do artigo 292 CPC.
IV- INÉPCIA DA INICIAL (Ver art. 330, §1°) leva a extinção do processo, portanto é
defesa peremptória - A petição é inepta quando lhe faltar o pedido por exemplo.
V- PEREMPÇÃO: Quando o autor dá ensejo a 03 (três) extinções do processo sobre
a mesma lide, por abandono da causa (art. 486 §3º). É também defesa
peremptória, embora não ocorra a extinção do mérito, o autor fica privado do
direito processual de renovar a propositura da ação.
VI- LITISPENDÊNCIA (peremptória) A existência de uma ação anterior, em
andamento, igual a atual, impede o conhecimento da nova causa. Deve haver nas
duas causas, as mesmas partes, a mesma causa de pedir, e o mesmo pedido. A
litispendência quando acolhida é defesa peremptória, pois extingue a ação
dúplice.
VII- COISA JULGADA (peremptória) A existência de uma ação, já julgada por
sentença, de que não caiba mais recursos, quando forem idênticas as partes, a
causa de pedir e o pedido.
VIII- CONEXÃO (dilatória) Serão conexas duas ou mais ações em que lhe forem
comum o pedido ou a causa de pedir. Objetiva a reunião das ações, que serão
remetidas ao Juiz que teve preventa sua competência. Ex.: Divórcio Litigioso com
pedidos distintos.
IX- INCAPACIDADE DA PARTE, DEFEITO DE REPRESENTAÇÃO OU FALTA DE
AUTORIZAÇÃO (dilatória) Pressupostos processuais que não extinguem o
processo, mas sim a concessão de prazo para regularização. Ex.: Menor propõe a
ação sem estar representado.
X- CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM: (peremptória)Quando as partes ajustam o
compromisso para julgamento por árbitros, ilegítima será a atitude de propor ação
judicial sobre a mesma lide.
XI- AUSÊNCIA DE LEGITIMIDADE OU DE INTERESSE PROCESSUAL:
(peremptória) Condições necessárias para que o juiz possa examinar o mérito da
causa. Parte legítima é aquela que é titular do direito, porque ninguém pode
pleitear direito alheio em nome próprio. Interesse processual: É necessário que a
parte demonstre o seu interesse no processo. Ex.: Ação de Despejo contra
Inquilino que já desocupou o imóvel.
XII- FALTA DE CAUÇÀO OU DE OUTRA PRESTAÇÃO, QUE A LEI EXIGE COMO
PRELIMINAR (dilatória): garantia prestada em juízo. Ex.: Ação de Despejo.
XIII- INDEVIDA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
(dilatória): Quando a parte autora pleiteia os benefícios da JG, porém não
preenche os requisitos - impugnação em preliminar.

ILEGITIMIDADE DE PARTE

Inova o CPC em relação ao direito anterior. Diante da alegação do réu de ilegitimidade


passiva, o juiz facultará ao autor, em 15 dias, a alteração da petição inicial para sua
substituição, reembolsando o réu das despesas processuais e honorários advocatícios,
fixados entre 3% e 5% do valor da causa ou em valor fixado em lei. (Art. 338)

Segundo o Art. 339 § 1º quando o réu tiver conhecimento da parte legítima deve indicar na
contestação, sob pena de arcar com as despesas processuais e indenizar o autor pelos
prejuízos da falta de indicação.

CONHECIMENTO DAS PRELIMINARES DE OFÍCIO PELO JUIZ (ART. 337§ 5º)

Todas estas defesas processuais, com exceção da convenção de arbitragem e a


incompetência relativa, podem ser conhecidas de ofício pelo juiz, por versarem sobre
matéria de ordem pública que podem ser conhecidas a qualquer tempo e grau de jurisdição,
não se submetendo à preclusão. Entretanto, nada impede que o réu alegue em preliminar.

Não alegada em Contestação a incompetência relativa, prorroga-se a competência (art. 65).

A ausência de alegação de convenção e arbitragem na contestação implica aceitação da


jurisdição e renúncia à arbitragem.

INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO E IMPEDIMENTO OU SUSPEIÇÃO(Art. 340 CPC).

Em sentindo amplo, exceção abrange toda e qualquer defesa que tenda a excluir da
apreciação judicial o pedido do autor, seja no aspecto formal, seja no material. Podem ser
exceções de mérito e processuais.

A arguição da incompetência relativa do juízo se dá em preliminar da Contestação (Art. 340),


e de suspeição ou impedimento de juiz (art. 146) mediante simples petição nos próprios
autos.
I –INCOMPETÊNCIA (Declinatória de foro) A exceção de incompetência absoluta é argüida
em preliminar da contestação (Art. 337, II), podendo inclusive ser declarada exofficio pelo
Juiz, em qualquer fase do processo.

A exceção de incompetência relativa também é arguida em preliminar da Contestação (Art.


337) podendo a Contestação ser protocolada no foro do domicílio do réu, sendo comunicado
o juízo da causa por meio eletrônico. (Art. 340).

A incompetência relativa jamais poderá ser decretada por iniciativa do próprio juiz, porque a
lei reconhece às partes a faculdade de prorrogar, ou modificar a competência em alguns
casos. Ex.: Foro privilegiado do guardião do filho na Ação de Divórcio - Art. 53, I "a".

Súmula 33 do STJ: A INCOMPETENCIA RELATIVA NÃO PODE SER DECLARADA DE


OFICIO.

II –IMPEDIMENTO E DE SUSPEIÇÀO: A exceção refere-se ao juízo, como órgão


jurisdicional; o impedimento e a suspeição, ao juiz, como pessoa física encarregada da
prestação jurisdicional.

Os motivos de impedimento e suspeição estão previstos no artigo 144 e 145 do CPC e


podem ser alegados por petição dentro dos próprios autos.

ARGUIÇÃO: O impedimento e a suspeição devem ser, em regra, reconhecidos pelo Juiz, de


ofício ao tomar conhecimento do processo (art. 145 § 1º). A exceção formulada pela parte é
cabível apenas quando o juiz descumpra o seu dever funcional de afastar-se da causa.

Não reconhecendo o Juiz a arguição de suspeição ou impedimento, produzirá suas razões


em 15 (quinze) dias, determinará a autuação em separado da petição e o processo será
remetido ao Tribunal. Se o Juiz perder, sofrerá condenação a custas processuais e o
processo remetido ao Juiz substituto. (Art. 146)

PRAZO: (Art. 146)

O direito de arguir o impedimento ou suspeição pode ser exercido a qualquer tempo, ou grau
de jurisdição, cabendo a parte peticionar ao juiz do processo, no prazo de 15 (quinze) dias,
contado do conhecimento do fato que ocasionou o impedimento ou a suspeição.

EFEITO

A arguição do impedimento e/ou suspeição, produz a suspensão do processo, até que o


incidente seja julgado, retornando posteriormente o processo ao seu curso normal - Art. 313,
III.

RECONVENÇÃO – ART. 343 CPC

Conceito: Reconvenção é a ação do réu contra o autor, proposta no mesmo feito em que
está sendo demandado. AÇÃO INVERSA.

Não é contestação. A reconvenção é um contra-ataque, uma verdadeira ação ajuizada pelo


réu (reconvinte) contra o autor (reconvindo), nos mesmos autos.

A reconvenção é mera faculdade do réu, não um ônus como a contestação e pode ser
promovida na Contestação.
É importante que a RECONVENÇÃO esteja bem identificada na Contestação, com a
finalidade de facilitar o debate e a identificação das questões que dela surgem.

É óbvio que se o Réu optar por apenas Reconvir e não Contestar, a Reconvenção será
proposta em peça autônoma (Art. 343, §6º)

PRESSUPOSTOS DA RECONVENÇÃO

I – LEGITIMIDADE DE PARTE - é legitimado ativo para ajuizar a reconvenção apenas o


quem for parte no processo - Réu ou o réu em listiconsórcio com terceiro.

II – CONEXÃO - Só se admite a reconvenção, se houve conexão entre ela e a ação principal


ou entre ela e o fundamento da defesa (contestação).

Há identidade de pedidos quando as duas partes visam o mesmo fim. Ex.: O marido propõe
ação de divórcio judicial pedindo a partilha de bens e elapropõe a Reconvenção pedindo
também o divórcio com condenação do marido em Danos Morais pela infidelidade.

Há identidade de causa quando a ação e a reconvenção se baseiam no mesmo ato


jurídico.Ex.;ambas temcomo fundamento o mesmo título (despejo/danos morais)

III – COMPETÊNCIA: O juiz da causa principal é também competente para a reconvenção.

IV - PROCEDIMENTOS COMPATÍVEIS - É necessário que o procedimento previsto para


ação e reconvenção sejam compatíveis (Art. 327, § 1°,III)

PROCEDIMENTO DA RECONVENÇÃO:

1) Proposta a reconvenção o autor será intimado para em 15 dias apresentar resposta -


Intimação é dirigida ao advogado do autor - Art. 343 §1º.

2) Julgamento: Ação e Reconvenção serão julgadas numa só sentença.

3) Da sentença que julga conjuntamente a ação e reconvenção cabe Apelação. Da decisão


que resolve apenas a ação ou reconvenção de forma imediata (antecipadamente ou parcial
de mérito), cabe Agravo de Instrumento (Art. 356 §5°)

PETIÇÃO DE RECONVENÇÃO: O pedido reconvencional pode ser indeferida liminarmente


nos mesmos casos em que se permite a rejeição da petição inicial. Neste caso, caberá
Agravo de Instrumento.

EXTINÇÃO DO PROCESSO PRINCIPAL: (Art. 343 § 2º)

A desistência da ação ou a existência de qualquer causa que a extinga, não obsta ao


prosseguimento da reconvenção.

Sendo a reconvenção uma um pedido autônomo, a extinção do processo principal sem


julgamento de méritoem nada afeta a relação processual decorrente do pedido
reconvencional.

Igualmente, a desistência da reconvenção ou sua extinção, sem apreciação do mérito, não


atinge em nada a marcha do processo principal.
REVELIA ( Arts. 344 a 346, CPC)

Ocorre a revelia quando, regularmente citado, o réu deixa de oferecer resposta à ação, no
prazo legal.

A partir desta atitude, todos os atos do processo são praticados sem intimação ou ciência do
réu, ou seja, o processo passa a correr à revelia do demandado, abolindo o princípio do
contraditório (art. 344, CPC).

Há revelia também tanto quando o réu não comparece ao processo no prazo da citação,
como quando, comparecendo, deixa de oferecer contestação.

EFEITOS DA REVELIA

Art. 344.  Se o réu não contestar a ação, será considerado revel e presumir-se-ão
verdadeiras as alegações de fato formuladas pelo autor.

1. PRESUNÇÃO DA VERACIDADE DOS FATOS NARRADOS NA INCIAL

Este efeito esta diretamente ligado à ausência da contestação, fazendo com que os fatos
constitutivos do direito do autor não se tornem controversos.

Para alertar o réu a respeito da relevância da revelia, o mandado de citação deve conter tal
advertência. (Art. 250,II)

Diante da revelia (falta de contestação) torna-se desnecessária, portanto, a prova dos fatos
em que se baseou o pedido do autor, de modo a permitir o julgamento antecipado da lide,
dispensando-se, inclusive a audiência de instrução e julgamento.

Isto porém, não quer dizer que a revelia importe automático julgamento de procedência do
pedido.

Há contudo, situações em que o Código (art. 345, CPC) afastou os efeitos da revelia, não
induzindo a presunção de veracidade quando:

Art. 345.  A revelia não produz o efeito mencionado no art. 344 se:

I - havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação;


II - o litígio versar sobre direitos indisponíveis;
III - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considere
indispensável à prova do ato;(inicial desacompanhada de procuração do advogado ou do
contrato em que se pede a rescisão)
IV - as alegações de fato formuladas pelo autor forem inverossímeis ou estiverem em
contradição com prova constante dos autos.

CITAÇÃO POR EDITAL ou POR HORA CERTA: Discute-se a eficácia da revelia nos casos
de citação por edital ou com hora certa, em que a ciência do réu é apenas presumida. (Art.
253)

CURADOR: Ao réu revel, representado por curador (art. 72, II CPC) a lei faculta a
contestação sem necessidade de impugnação específica, ou seja, pode-se responder a
ação por meio de “negação geral”. Com isso, afastam-se os efeitos da revelia, não se
podendo presumir verdadeiros os fatos afirmados na inicial, continuando ao autor a
incumbência de provar os fatos constitutivos do seu direito.
2. REVELIA - DESNECESSIDADE DE INTIMAÇÃO DOS ATOS DO PROCESSO - ART.
346

Consequência também desfavorável ao réu: Não comparecendo o réu e não constituindo


advogado nos autos, os prazos fluirão da simples data da publicação do ato decisório no
órgão oficial - O réu não é mais intimado para os demais atos do processo.

Todavia, poderá o réu ingressar no processo - em qualquer fase - recebendo-o no estado


em que se encontrar.

RECONHECIMENTO DA PROCEDÊNCIA DO PEDIDO

Além da resposta e da revelia, existe uma terceira atitude que o réu pode tomar frente à
ação ajuizada: RECONHECER A PROCEDÊNCIA DO PEDIDO DO AUTOR, fato que leva
ao julgamento antecipado do processo, com solução do mérito (art. 487, III "a", CPC).

O reconhecimento do pedido não se confunde com confissão, que é apenas meio de prova e
se refere a um ou alguns fatos arrolados pela parte contrária. O reconhecimento tem por
objeto o próprio pedido do autor, como um todo.

Pode ser reconhecido por meio de petição, inclusive no prazo de contestação.

FASE DE SANEAMENTO DO PROCESSO

DAS PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES – Art. 347, CPC

Encerrado o prazo destinado à defesa (contestação) os autos serão conclusos ao Juiz,


determinará uma das seguintes providências:

I – Especificação de provas à produzir; (art. 348)


II – determinar a ouvida do autor em 15 (quinze) dias, sobre fato impeditivo, modificativo ou
extintivo do seu direito, invocado pelo réu na contestação. (art. 350) – RÉPLICA
IV – determinar a ouvida do autor, em 15 (quinze) dias sobre as preliminares do art. 337,
quando arguidas pelo réu, ou mandar suprir em prazo nunca superior a 30 (trinta) dias as
irregularidades ou nulidades sanáveis que encontrar. (art. 352)

Cumpridas as providências acima, ou não havendo necessidade delas, a exemplo de


quando ocorre a revelia, o juiz proferirá decisão conforme o estado do processo: saneando o
processo, fazendo o complexo exame dos pressupostos processuais ou decidindo o mérito,
se for o caso.

RÉPLICA DO AUTOR: Consiste em facultar ao autor o direito de réplica à resposta do réu,


também usualmente chamada de IMPUGNAÇÃO À CONTESTAÇÃO. Oportunidade em que
também se manifestará sobre os documentos juntados à defesa.

Em duas situações específicas, obrigatoriamente será intimado o autor para replicar:

I – Quando o demandado, reconhecendo o fato impeditivo, modificativo ou extintivo do


direito do autor; (Art. 350)
II – Quando, em preliminar da contestação, for alegada qualquer das matérias enumeradas
no art. 337 (Art. 351)
Em ambos os casos, para manter a observância do princípio do contraditório, será facultado
ao autor replicar a resposta do réu, bem como produzir prova documental, tudo no prazo de
15 (quinze) dias.

JULGAMENTO ANTECIPADO – Art. 355 e 356 do CPC

O novo Código de Processo Civil, manteve a possibilidade do JULGAMENTO ANTECIPADO


DO MÉRITO, já previsto no código antigo, e inova ao possibilitar ao magistrado o julgamento
antecipado PARCIAL do mérito.

O julgamento conforme o estado do processo constituiu um ENCURTAMENTO DO


PROCEDIMENTO, basicamente deixa-se de seguir o procedimento comum porque é
desnecessário.

Assim, a extinção do processo pode ocorrer em relação ao litígio no TODO ou em PARTE.

Julgamento Antecipado da Lide ou do Mérito : (Art. 355 CPC)

No momento do julgamento conforme o estado do processo, o Juiz examinará o pedido do


autor e poderá proferir sentença definitiva, sem a realização de audiência de instrução e
julgamento, quando:

a) Não houver necessidade de produção de outras provas


b) ocorrer a revelia (não há contestação) e não houver requerimento de prova.

Nesses casos a realização de audiência de instrução e julgamento é ato inútil, devendo o


Juiz preservar a celeridade na prestação jurisdicional e que encontra regra no artigo 139, II
do Código de Processo Civil que determina ao Juiz “velar pela duração razoável do
processo”.

Do Julgamento Antecipado Parcial do Mérito (Art. 356)

Art. 356.  O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais dos pedidos formulados
ou parcela deles:

I - mostrar-se incontroverso;

II - estiver em condições de imediato julgamento, nos termos do art. 355.

§ 1o A decisão que julgar parcialmente o mérito poderá reconhecer a existência de obrigação
líquida ou ilíquida.

§ 2o A parte poderá liquidar ou executar, desde logo, a obrigação reconhecida na decisão
que julgar parcialmente o mérito, independentemente de caução, ainda que haja recurso
contra essa interposto.

§ 3o Na hipótese do § 2o, se houver trânsito em julgado da decisão, a execução será


definitiva.
§ 4o A liquidação e o cumprimento da decisão que julgar parcialmente o mérito poderão ser
processados em autos suplementares, a requerimento da parte ou a critério do juiz.

§ 5o A decisão proferida com base neste artigo é impugnável por agravo de
instrumento. (DECISÃO INTERLOCUTÓRIA)

DA ORGANIZAÇÃO DO PROCESO

DESPACHO SANEADOR - ART. 357

Depois de realizado o contraditório entre as partes, e não sendo o caso de julgamento


antecipado, o juiz procederá à organização do processo e prepará-lo para a instrução e o
respectivo julgamento.

Assim, no saneamento do processo, o juiz:

- Resolverá as questões processuais pendentes


- Delimitará as questões controvertidas pedindo às partes que especifiquem as provas que
pretendem produzir.
- Definirá a quem compete o ônus da prova
- Delimitará o que é relevante para o julgamento
- Designará audiência de instrução e julgamento

Produção de Testemunhas: Caso seja requerida a produção de prova oral (testemunhal) o


Juiz fixará prazo não superior a 15 dias para que as partes apresentem o rol de
testemunhas. (Art. 357 §4º).

Número de Testemunhas: Não superior a 10 (dez), sendo 3, no máximo para cada fato .
(Art. 357 §6º).

DA EXTINÇÃO DO PROCESSO (art. 354, CPC)

No julgamento conforme o estado do processo, o juiz declarará a extinção do processo sem


apreciar o mérito da causa (direito do autor), nas hipóteses previstas nos artigos 485 e 487
incisos II e III, e proferirá sentença, ou seja:

Art. 485.  O juiz não resolverá o mérito quando:

I - indeferir a petição inicial;


II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;
III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a causa
por mais de 30 (trinta) dias;
IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e
regular do processo;
V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada;
VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;
VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo
arbitral reconhecer sua competência;
VIII - homologar a desistência da ação;
IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição
legal; e
X - nos demais casos prescritos neste Código.
§1o Nas hipóteses descritas nos incisos II e III, a parte será intimada pessoalmente para
suprir a falta no prazo de 5 (cinco) dias.

§2o No caso do § 1o, quanto ao inciso II, as partes pagarão proporcionalmente as custas, e,
quanto ao inciso III, o autor será condenado ao pagamento das despesas e dos honorários
de advogado.

§ 3o O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V, VI e IX, em qualquer
tempo e grau de jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em julgado.

§ 4o Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da


ação.

§ 5o A desistência da ação pode ser apresentada até a sentença.

§ 6o Oferecida a contestação, a extinção do processo por abandono da causa pelo autor


depende de requerimento do réu.

§ 7o Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os incisos deste artigo, o
juiz terá 5 (cinco) dias para retratar-se.

Em todos esses casos a sentença do juiz será TERMINATIVA (sem julgamento de mérito)
pois os aspectos analisados são apenas FORMAIS, isto é são ligados ao exame de
admissibilidade do processo tão-somente, sem ferir o mérito da causa.

Não há portanto uma resposta direta ao pedido do autor e a coisa julgada é por isso, apenas
formal.

Poderá também o Juiz, segundo o art. 354, proferir julgamento conforme o estado do
processo, para extingui-lo antecipadamente, com solução de mérito nos casos do art. 487, II
e III, ou seja:

I – quando o réu reconhecer a procedência do pedido formulado na ação ou reconvenção;


II – quando houver transação entre as partes;
III – quando ocorrer decadência ou prescrição;
IV – quando se verificar renúncia à pretensão formulada na ação ou reconvenção;

Em todos esses casos do art. 487 II e III, o Juiz embora nem sempre dê a solução própria a
lide, profere sentença DEFINITIVA, com composição do mérito da causa, não obstante
limitar-se às vezes a apenas homologar o acordo das partes.

AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO (ART. 358 e ss.)

A audiência de instrução e julgamento é realizada para que sejam ouvidos o perito e o


assistente técnico (art. 361, I) para que sejam prestados os depoimentos pessoais e
inquiridas as testemunhas (art. 361, II e III) e para que, se possível, seja julgado o mérito
(art. 366).

A audiência é pública (salvo os processos que correm em segredo de justiça). Qualquer


interessado tem o direito de assisti-la.

Aberta a audiência, o juiz será o presidente e condutor dos atos, exercendo inclusive o poder
de polícia (art. 360). O juiz tentará inicialmente CONCILIAR as partes.
Designada audiência, os advogados das partes serão intimados. No ato, as provas serão
produzidas preferencialmente na seguinte ordem:

I - O perito e seus assistentes técnicos que responderão os quesitos e esclarecimentos;


II - prestarão depoimentos pessoais o Autor e depois o Réu;
III - Serão inquiridas as testemunhas arroladas pelo Autor e pelo réu (art. 368)

No momento do depoimento, os advogados das partes e o Ministério Público são apenas


ouvintes, só poderão intervir com autorização do Juiz. A cada um será dada a oportunidade
de fazer perguntas. (Art. 361 parágrafo único)

Encerrada a coleta da prova oral, o Juiz dará a palavra para o advogado do autor e ao réu,
bem como ao MP, se for o caso de sua intervenção, pelo prazo de 20 (vinte) minutos,
prorrogável por mais 10 min, para as chamadas ALEGAÇÕES FINAIS. (Art. 364)

Se o processo apresentar questões complexas de fato ou de direito, as alegações orais


poderão ser substituídas por MEMORIAIS (art. 364 §2º) em prazos sucessivos de 15
(quinze) dias.

Encerrado o debate e oferecidas as alegações finais, diz o CPC o Juiz proferirá sentença em
audiência ou no prazo de 30 (trinta) dias - Art. 366.

UNIDADE DA AUDIÊNCIA E POSSIBILIDADE DO SEU DESDOBRAMENTO - ART. 365

A audiência de instrução e julgamento é una e contínua. Apenas quando não é possível


concluir num só dia, a instrução e o debate e o julgamento é que o Juiz marcará seu
prosseguimento para data próxima. (Art. 365).

Não confundir audiência continuada/desdobrada com audiência redesignada ou remarcada.


A primeira é continuação do ato que já se iniciou, e que por alguma razão não foi possível
concluir no mesmo dia, a segunda se quer iniciou, e por isso é redesignada.

PROVA

Às partes não basta simplesmente alegar os fatos, para que a sentença declare o direito, é
preciso antes de tudo, que o juiz se certifique da verdade dos fatos alegados, o que se dá
através das provas.

Conceito: Provas são os elementos de convicção do julgador, produzidos nos autos para
tentar demonstrar a veracidade de fatos alegados pelas partes (art. 369,CPC).

CARACTERÍSTICAS DAS PROVAS

Toda prova há de ter um objeto, uma finalidade, um destinatário, e deverá ser obtida
mediante meios e métodos determinados.

A prova judiciária tem como objeto os fatos deduzidos pelas partes em Juízo.

Sua finalidade é a formação da convicção em torno dos mesmos fatos.

O destinatário é o juiz, pois é ele que deverá se convencer da verdade dos fatos para dar
solução jurídica ao litígio.
Os meios legaisde prova são os previstos no art. 369 a 484 do CPC, mas além destes o
Código permite outros não especificados, desde que “moralmente legítimos” (art. 369).

O métodoé o sistema processual preconizado legalmente para o emprego dos meios de


prova que forma o procedimento probatório minuciosamente regulado pelo Código e que
deve ser observado pelas partes e pelo juiz para apuração da verdade fática.

OBJETO DA PROVA

Os meios legais de prova e os moralmente legítimos são empregados no processo “para


provar a verdade dos fatos em que se funda a ação ou a defesa” (art. 369). São, pois, os
fatos litigiosos o objeto da prova.

Com relação aos fatos, a prova pode ser direta ou indireta. Direta é a que demonstra a
existência do próprio fato narrado nos autos. Indireta, a que evidencia um outro fato, do
qual, por raciocínio lógico se chega a uma conclusão a respeito dos fatos dos autos. É o que
se denomina também de prova por presunção.

Só os fatos relevantes para a solução da lide devem ser provados, não os impertinentes e
inconsequentes. Assim, compete ao juiz fixar, em audiência, os fatos a serem provados.
(arts. 357, II). Ex.: Quando as partes pretendem a produção de provas que não dizem
respeito aos autos.

Há certos fatos que, embora arrolados pelas partes e relevantes para o processo, não
reclamam prova para serem tidos como demonstrados (Art. 374 CPC). Assim, não
dependem de prova os fatos:

I – Notórios; (aqueles de conhecimento geral, como datas históricas, situações geográficas,


datas históricas).
II – Afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária;
III – Admitidos no processo, como incontroversos; (revelia - exceção: direitos
indisponíveis)
IV – Em cujo favor milita presunção legal de existência ou veracidade (filho nascido nos
300 dias subsequentes a dissolução da sociedade conjugal não precisa provar que sua
concepção se deu na constância do casamento – art. 1.597,II, CC)

ONUS DA PROVA

O art. 373 do Código de Processo Civil estabelece as regras gerais relativas à distribuição
do ônus da prova, partindo da premissa básica de que quem alega deve provar a veracidade
do fato.

Dessa forma, impõe-se ao AUTOR a comprovação dos fatos constitutivos do seu direito,
enquanto do RÉU exige-se a prova dos modificativos, impeditivos ou extintivos do direito do
autor.

O ônus da prova vem ser portanto, a necessidade de provar para vencer a causa, de modo
que o litigante assume o risco de perder a causa se não provar os fatos alegados.

Há no entanto situações em que ocorre a inversão das regras do ônus da prova, cujo
objetivo é facilitar a defesa do direito de uma das partes em litígio, conforme preceitua o
artigo 373 §1º e tais como no Código de Defesa do Consumidor.
O CDC exige em seu art. 6º dois requisitos para a inversão do ônus da prova:

a) Hipossuficiência: Desproporcionalidade financeira na relação existente entre quem


presta o serviço ou o produto e aquele que o adquire ou o recebe.
b) Verossimilhança: É o juízo de probabilidade da alegação deduzida pela parte ser
verdadeira. Deve haver algum sinal de verdade.

A soma desses dois critérios (hipossuficiência + verossimilhança) permite a inversão do


ônus da prova que deve sempre ser requerida na petição.

CONVENÇÃO SOBRE O ÔNUS DA PROVA (art. 373 §3º,)

Como as partes têm disponibilidade de certos direitos e do próprio processo, é perfeitamente


lícito que, em cláusula contratual, se estipulem critérios próprios a respeito do ônus da
prova, para a eventualidade de litígios a respeito do cumprimento do contrato.

Isto, porém, só será admissível quando a cláusula referir-se a direitos disponíveis ou,
quando não tornar impraticável o próprio direito da parte.

Assim, o artigo 373 §3º declara não haver possibilidade de convenção acerca do ônus da
prova, quando:

I – recair sobre direito indisponível da parte;


II – tornar excessivamente difício a uma parte o exercício do direito.

PODER PROBATÓRIO DO JUIZ ART. 370 CPC

De acordo com o artigo 370 do CPC., cabe ao Juiz determinar, de ofício ou a requerimento
das partes ou MP, a produção das provas necessárias à apreciação do mérito, impedindo a
realização de diligências inúteis ou protelatórias.

O Juiz tem o poder-dever, de acordo com o CPC, quando os fatos ainda não lhe parecerem
esclarecidos, de determinar prova de ofício, independentemente do requerimento da parte.

ILICITUDE E ILEGITIMIDADE DA PROVA

A prova ilícita pode ser toma como aquela contrária a norma constitucional e toda ordem
jurídica infraconstitucional ou ainda, aquela que confronta com os princípios fundamentais da
Constituição.

A Constituição Federal, em seu art. 5º, LVI, determina de modo expresso que não poderão
ser admitidas as provas obtidas por meio ilícito.

O Código de Processo Civil, art. 369, diz que a parte poderá provar seu direito por quaisquer
meios LEGAIS e os moralmente legítimos.

O ponto divergente está em saber o exato significado de meio de prova moralmente


ilegítimo, entendendo, Washington de Barros Monteiro (Curso de Direito Civil, p. 3, apud
Silva, Cesar Antonio da, Ônus e qualidade da prova civil, p. 22) diz que “o direito e a moral
possuem relação intíma, o que impossibilita que qualquer das partes se valha de
meios probatórios que possam de qualquer forma atingir a honra, a ética, os bons
costumes sociais.”
Exemplo de prova moralmente ilegítima: Embebedar uma testemunha para obter a confissão
ou para assinar documento importante.

MOMENTOS DA PROVA ou FASE DO PROCEDIMENTO PROBATÓRIO

I – Proposição ou requerimento da prova: Como regra, para o autor a prova deve ser
requerida na inicial e para o réu, na contestação. Exceções ocorrem quando é trazido ao
processo fato novo.

II – Admissão: Juízo quanto ao cabimento, pertinência, relevância e necessidade da prova.


Como regra tem lugar na fase do saneamento do processo, muito embora a admissibilidade
dos quesitos ao perito ocorra quando da sua formulação pelas partes e cada pergunta à
testemunha passe pelo crivo de admissão do juiz no momento da audiência.

III – Produção: Momento em que a prova adentra ao processo, visando formar o


convencimento do Juízo. A prova pericial é produzida por escrito, mediante a apresentação
de um laudo, já a testemunhal é produzida em audiência.

IV – Valoração: É a atribuição do valor da prova produzida pelo Juiz em sentença. Pode o


juiz convencer-se livremente com qualquer das evidências presentes nos autos, desde que
justifique os motivos pelos quais entende que certa prova gera o convencimento (Art. 371).

PROVA EMPRESTADA

Denomina-se prova emprestada aquela que foi colhida em outro processo, seja entre as
mesmas partes ou não.

Normalmente, a prova deve ser produzida dentro do próprio processo, sob o crivo do
contraditório; contudo, não há impedimento legal para que a parte interessada faça a
juntada, ou requeira que o juízo oficie, solicitando o traslado de, por exemplo, depoimentos
ou perícias colhidas em outro processo.

Neste caso, caberá ao Juiz valorar a prova segundo as circunstâncias e o tempo em que foi
obtida.

A OBTENÇÃO ANTECIPADA DE PROVA

Em regra, a produção da prova ocorre no curso do processo, especialmente em audiência


de instrução e julgamento. Excepcionalmente, essa produção pode ocorrer em momento
diverso, como ocorre com a prova pericial, com a inspeção judicial e com a prova
documental.

Pode ocorrer que uma prova, que é relevante para o processo corra risco de desaparecer
antes que a audiência seja designada, ou então, pode ser que a prova seja necessária para
se analisar a necessidade de propositura de ação ou não.

Por isso o CPC possibilita, que mesmo antes que se proponha a ação, seja possível a
obtenção da prova.

Assim o interessado na obtenção da prova, deve pleitear ao Juiz, através de petição inicial
fundamentada com um dos requisitos do artigo 381.

DA ATA NOTARIAL - Art. 384


Inovação trazida pelo CPC 2016 é a prova através de Ata Notarial.

"Ata notarial é o instrumento público pelo qual o tabelião, ou preposto autorizado, a


pedido de pessoa interessada, constata fielmente os fatos, as coisas, pessoas ou
situações para comprovar a sua existência, ou o seu estado." (FERREIRA, Paulo Roberto
Gaiger; RODRIGUES, Felipe Leonardo. Ata Notarial - Doutrina, prática e meio de prova, p. 112.
São Paulo: QuartierLatin, 2010).

"Ata notarial é a descrição, por tabelião, de fato por ele verificado, que passa a ter a
presunção de verdadeiro para todos os efeitos, em juízo ou fora dele." (POISL, Carlos
Luiz. Idealizador da ata notarial na Lei 8.935/94). 

Normalmente a Ata Notarial é utilizada para extrair informações de sites da internet e


mensagens de celulares. Meio de prova muito eficaz.

MEIOS DE PROVA

I – Depoimento pessoal (arts. 385-388): É o meio de prova destinado a realizar o


interrogatório da parte no curso do processo.

Aplica-se tanto ao autor como ao réu, pois ambos se submetem ao ônus de comparecer em
juízo e responder ao que lhe for interrogado pelo juiz (art. 379, I)

A iniciativa da diligência processual pode ser da parte adversa (art. 385) ou do próprio juiz.
Autor pede o depoimento do réu, e vice-versa.

Art. 385, §1º e 2º: A parte será intimada pessoalmente, através de mandado, cujo
documento constará o alerta de que “se presumirão confessados os fatos contra ela
alegados, caso não compareça, ou, comparecendo, se recuse a depor”, neste caso, o juiz
lhe aplicará a pena de confissão.

O momento processual para ouvida da parte contrária é a audiência de instrução e


julgamento, antes do depoimento testemunhal, devendo as questões (perguntas) serem
dirigidas ao Juiz, não podendo ser direcionadas diretamente para parte.

Será tomado o depoimento pessoal na seguinte ordem: primeiro o AUTOR, depois o RÉU.
(art. 361, II).

O advogado do próprio depoente não poderá realizar perguntas, podendo no máximo


acompanhá-lo ou apresentar indagações.

A parte que ainda não prestou depoimento deverá retirar-se da sala de audiências, pois não
poderá assistir o interrogatório da outra parte. (art. 385, §2º)

O depoimento pessoal deve limitar-se aos fatos controvertidos no processo. Seu objeto
específico são os fatos alegados pela parte contrária, como fundamento de seu direito.

Poderá, no entanto, a parte, requerer a dispensa da ouvida da parte contrária, decidindo o


juiz de plano sobre a ouvida ou não. Sendo relevante a prova, o próprio juiz poderá
determinar o depoimento pessoal.

As respostas ao interrogatório devem ser orais, não podendo a parte utilizar de escritos ou
documentos preparados para o ato, autorizadas apenas anotações breves. (Art. 387)
O depoimento pessoal será reduzido a termo, assinado pelo juiz, pelo interrogado e pelos
advogados presentes ao ato.

O depoimento pessoal da pare que residir em comarca diversa daquela que tramita o
processo, poderá ser colhido por videoconferência ou outro recurso tecnológico equivalente
(Art. 385 §3º)

Exceções previstas no artigo 388, que dispõe não estar a parte obrigada a depor sobre:

I – fatos criminosos ou torpes, que lhe forem imputados; e


II – fatos a cujo respeito, por estado ou profissão deva guardar sigilo; (ex.: formulas de
medicamentos, sigilos bancários).
III - acerca dos quais não possa responder sem desonra própria, de seu cônjuge, de seu
companheiro ou de parente em grau sucessível;
IV - que coloquem em perigo a vida do depoente ou das pessoas referidas no inciso III.
Parágrafo único.  Esta disposição não se aplica às ações de estado e de família.

II – Da confissão (arts. 389-395,CPC)


"Art. 389.  Há confissão, judicial ou extrajudicial, quando a parte admite a verdade de fato
contrário ao seu interesse e favorável ao do adversário".
Conceito: Há confissão quando, segundo o art. 389, “a parte admite a verdade de um fato
contrário ao seu interesse e favorável ao adversário”. Pode ser feita em juízo ou fora dele.
É a confissão apenas um meio de prova, que, como os demais, se presta a formar a
convicção do julgador em torno dos fatos controvertidos na causa, não quer dizer com isto
que a ação vá ser julgada procedente.

Em regra a confissão deve conter:


I – o reconhecimento de um fato alegado pela outra parte;
II – a voluntariedade desse reconhecimento;
III – um prejuízo para o confitente, em decorrência do reconhecimento;
Classificação:

a) Confissão Judicial: Que pode ser provocada (depoimento pessoal) ou espontânea (a


parte ou mandatário comparece espontaneamente ao processo, através de petição)
b) Confissão Extrajudicial: Quando formulada fora do processo, através de forma escrita
ou oral, perante a parte contrária ou terceiros.

Ambas têm a mesma validade e eficácia probatória. Todavia, quando feita oralmente, só
terá eficácia nos casos em que a lei não exija prova literal (Art. 394)

Efeitos da Confissão:
A confissão costuma ser chamada de “rainha das provas”, pela maior força de convicção
que gera no espírito do juiz.

Seus principais efeitos são:

a) fazer prova plena contra o confitente, e


b) suprir, em regra, eventuais defeitos formais do processo.

A eficácia da confissão é plena e irretratável. Uma vez proferida a confissão não mais se
retrata.
Somente quando restar provado vício de consentimento (erro ou coação) poderá a parte
pleitear revogação de confissão (art. 394) por meio de Ação Anulatória (quando o processo
ainda estiver pendente) ou Ação Rescisória (se já houve sentença transitada em julgado).

A legitimidade para propor essas ações é exclusiva do próprio confitente. Mas se, depois de
iniciada a causa, vier a falecer, seus herdeiros poderão dar-lhe prosseguimento.

Indivisibilidade da Confissão:

Art. 395.  A confissão é, em regra, indivisível, não podendo a parte que a quiser
invocar como prova aceitá-la no tópico que a beneficiar e rejeitá-la no que lhe for
desfavorável, porém cindir-se-á quando o confitente a ela aduzir fatos novos, capazes
de constituir fundamento de defesa de direito material ou de reconvenção.

Esta regra, contudo, não é absoluta, pois a segunda parte o referido artigo (395) prevê a
possibilidade da confissão ser cindida quando o confitente lhe aduzir fatos novos, possíveis
de constituir defesa de direito material ou reconvenção.

Assim, se o réu quando confessar alegar fatos novos, tem ele o ônus de provar estes fatos
impeditivos, extintivos ou modificativos, o que tornaria cindida a confissão, pois esta servirá
apenas em relação aos fatos alegados pelo autor.

Exibição de Documentos ou Coisa (arts. 396-404, CPC)

Conceito: Poder conferido ao juiz, de determinar a exibição de documento ou coisa que se


ache na posse da parte ou de terceiros, sempre que o exame desses bens for útil ou
necessário para a instrução do processo.

Momento Processual: Normalmente após a citação do réu. Na fase da organização do


processo (saneamento), quando verificada a necessidade da prova.

Legitimação: Pode provocá-la o juiz, de ofício, ou a requerimento de uma das partes, ou de


interveniente no processo.

A medida não é arbitrária, de modo que o requerente há de demonstrar interesse jurídico na


exibição, e o juiz só poderá denegá-la se concluir que o documento ou coisa visada pelo
requerente não tem conexão com o objeto da lide ou nenhum influência terá no julgamento.

O legitimado passivo pode ser uma das partes envolvidas no processo ou o terceiro detentor
da coisa ou documento.

Procedimento e Efeitos da Exibição:

O pedido de exibição é formulado através de um incidente processual destinado à aquisição


da prova. Quando o pedido é contra a parte adversa, o incidente ocorre dentro dos autos.

São requisitos do pedido: (art. 397)

I – a individuação tão completa quanto possível do documento ou da coisa;


II – a finalidade da prova, indicando os fatos que se relacionam com o documento ou a
coisa;
III – as circunstâncias em que se funda o requerente para afirmar que o documento ou a
coisa existe e se acha em poder da parte contrária.
Deferido o pedido exibitório, a parte contrária será intimada na pessoa de seu advogado,
para no prazo de 05 (cinco) dias dar sua resposta (art. 398)

Se a exibição é feita, encerra-se o incidente. Pode, porém, o demandado permanecer inerte


ou contestar o pedido, afirmando a inexistência do documento ou coisa, ou negando o dever
de exibi-los.
Se a exibição não ocorrer, e a parte não justificar, o juiz proferirá decisão interlocutória,
admitindo como verdadeiros os fatos que a parte pretendia provar por meio dos documentos
ou da coisa (art. 400)

Quando o promovido, nega a existência do documento ou da coisa, caberá ao promovente o


ônus de provar a sua existência, e a solução do incidente ficará na dependência dessa prova
(art. 398 parágrafo único).

Prevê o art. 399, os casos em que o juiz, obrigatoriamente, não deverá admitir a recusa do
promovido, e que são:

I – quando o requerido tiver obrigação legal de exibir (livros mercantis, documentos


públicos).

II – quando o requerido aludiu ao documento ou à coisa, no processo, com o intuito de


constituir prova. Não poderá ser recusada em razão de que o requerido afirmou no processo
a sua existência.

III – quando o documento, por seu conteúdo, for comum às partes. Quando a declaração
contida no documento relaciona-se as duas partes.

Segundo o art. 404, a parte e o terceiro poderão deixar de exibir os documentos quando:

I –for concernente a negócio da própria vida da família


II – a apresentação poderá violar dever de honra;
III – a publicidade do documento redundará em desonra à parte ou ao terceiro, bem como a
seus parentes consangüíneos ou afins até o terceiro grau; ou lhes representará perigo de
ação penal;
IV – a exibição acarretará a divulgação de fatos, a cujo respeito, por estado ou profissão,
deva guardar segredo. (sigilo profissional)
V – subsistem outros motivos graves que, segundo o prudente arbítrio do juiz, justifiquem a
recusa da exibição;
VI - houver disposição legal que justifique a recusa da exibição.

Com relação ao sigilo profissional, convém ressaltar que essa escusação não pode ser vista
como obstáculo absoluto à investigação judicial, pois, em razão do interesse público, poderá
o juiz ordenar a quebra do sigilo profissional.

O julgamento de incidente de exibição contra parte, seja de procedência ou improcedência,


é sempre conteúdo de decisão interlocutória, que desafia AGRAVO.

Exibição Requerida contra Terceiro

O pedido de exibição quando formulado contra quem não é parte no processo principal,
provoca a instauração de um novo processo, em que são partes o pretendente à exibição e
o possuidor do documento ou coisa.
Este incidente deverá ser processado em autos próprios, em apenso ao processo principal,
e será julgado por sentença. O recurso cabível é o de APELAÇÃO.

A petição inicial conterá também os requisitos do art. 397. Se deferida, o juiz mandará que o
terceiro seja citado para responder em 15 (quinze) dias, podendo, tal como a parte, exibir,
silenciar ou contestar o pedido. (Art. 401)

Negada a exibição, através de contestação, seguir-se-á a fase de instrução podendo


inclusive ocorrer o depoimento pessoal das partes e de testemunhas em audiência de
instrução e julgamento.

A sentença que acolher o pedido, será condenatória, ordenando o juiz que o terceiro que
deposite o documento ou a coisa em cartório ou noutro lugar, no prazo de 05 (cinco) dias,
atribuindo-lhe ainda o ônus das despesas do depósito. (Art. 403)

Transcorrido o prazo de 5 dias, da intimação da sentença, e não sendo cumprida a ordem, o


juiz expedirá mandado de busca e apreensão, requisitando, se necessário, força policial
para efetivar o depósito do objeto.

PROVA DOCUMENTAL (arts. 405 a 438)

Conceito: É qualquer coisa (idônea) capaz de demonstrar a existência de um fato.


Compreendendo-se em sentido lato, não apenas os escritos, mas também desenhos,
fotografias, filmes, gravações sonoras, etc.

Em sentido estrito, quando se fala em prova documental, refere-se especificamente a


documentos escritos, onde o fato vem registrado através da palavra escrita, em papel ou
outro material adequado.

Os documentos poder ser divididos em PÚBLICOS e PARTICULARES:

1) Documento público: é o formado perante e por autoridade pública no exercício de suas


atribuições legais e que tenha aptidão para lhe conferir fé pública, isto é, presunção de
veracidade e autenticidade.

Essa presunção de veracidade dos documentos públicos é relativa, visto que pode ser
afastada por prova contrária. Ex.: Quando emitidos com fraude.

Para que a presunção de veracidade dos documentos públicos alcance o fato em si, é
necessário que tenha ocorrido na presença do funcionário público.
Os documentos públicos contém afirmações que se referem: a) às circunstâncias de
formação do ato, como data, local, nome e qualificação das partes, etc., e b) às declarações
de vontade, que o oficial ouvir das partes;

Os documentos públicos, segundo as fontes enunciadas pelo art. 405, podem ser:
a) JUDICIAIS: quando elaborados por escrivão relativos a atos processuais ou peças dos
autos. Ex.: certidões de intimação.
b) NOTARIAIS: quando provenientes de tabeliães ou oficiais de Registros Públicos e
extraídos de seus livros e assentamentos. Ex.: Matrícula ou Escritura Pública de Imóveis.
c) ADMINISTRATIVOS: Quando oriundos de outras repartições públicas. Ex.: Certidão
negativa de débito da Prefeitura Municipal.
2) Documento Particular: é aquele para cuja formação não contribuiu qualquer agente
público exercendo função pública.
A declaração contida em documento particular, desde que assinado pelo declarante,
dispensa qualquer outro meio probatório, a fim de provar a sua existência, pois milita a
presunção de veracidade em favor do autor do documento.

É indiferente que a redação do texto tenha sido manuscrita, digitada ou impressa.

O magistrado possui liberdade de conceder o valor que entender pertinente a cada uma das
provas, e mesmo sem existir qualquer espécie de hierarquia entre elas, sem dúvida alguma,
a prova documental, quando autêntica e validamente constituída, em muito socorre o
julgador a se aproximar da realidade fática.

DOCUMENTOS EM LÍNGUA ESTRANGEIRA: Quando um documento estiver redigido em


língua estrangeira, seja público ou particular, só poderá ser juntado ao processo, quando
acompanhado de sua tradução para língua portuguesa (no caso do Brasil) firmada por
tradutor juramentado.
Art. 408.  As declarações constantes do documento particular escrito e assinado ou
somente assinado presumem-se verdadeiras em relação ao signatário.
Parágrafo único.  Quando, todavia, contiver declaração de ciência de determinado
fato, o documento particular prova a ciência, mas não o fato em si, incumbindo o ônus
de prová-lo ao interessado em sua veracidade.

O documento particular na forma escrita, normalmente necessita da assinatura do obrigado


em seu conteúdo, entretanto a assinatura não é indispensável, pois o requisito é que se
tenha certeza de que o autor obrigado no documento esteja ciente do seu conteúdo.
Desta forma, dependendo da natureza e o costume é dispensável a assinatura para
comprovar a autoria do documento, como no caso do bilhete de estacionamento, da entrada
em estádios de futebol, cinema, etc.

Art. 411.  Considera-se autêntico o documento quando:


I - o tabelião reconhecer a firma do signatário;
II - a autoria estiver identificada por qualquer outro meio legal de certificação,
inclusive eletrônico, nos termos da lei;
III - não houver impugnação da parte contra quem foi produzido o documento.

Em alguns casos, o reconhecimento de firma é condição essencial à validade do ato em


relação a terceiros, como é o caso da procuração realizada mediante instrumento particular.
(não é o caso da procuração outorgada para Advogado, onde é dispensado o
reconhecimento de firma).

Art. 409.  A data do documento particular, quando a seu respeito surgir dúvida ou
impugnação entre os litigantes, provar-se-á por todos os meios de direito.
Parágrafo único.  Em relação a terceiros, considerar-se-á datado o documento
particular:
I - no dia em que foi registrado;
II - desde a morte de algum dos signatários;
III - a partir da impossibilidade física que sobreveio a qualquer dos signatários;
IV - da sua apresentação em repartição pública ou em juízo;
V - do ato ou do fato que estabeleça, de modo certo, a anterioridade da formação do
documento.

Esses fatos tornam inequívoco que a partir dos eventos citados não poderia o documento
mais ser assinado, de modo que pode ser considerado formado pelo menos nesses
momentos.
É comum providenciar o reconhecimento de firmas, ainda que por semelhança, apenas para
tornar certa a data da assinatura e, por via de consequência, a data da formação do
documento.

Art. 410.  Considera-se autor do documento particular:


I - aquele que o fez e o assinou;
II - aquele por conta de quem ele foi feito, estando assinado;
III - aquele que, mandando compô-lo, não o firmou porque, conforme a experiência
comum, não se costuma assinar, como livros empresariais e assentos domésticos.

Com relação aos documentos particulares assinados, considera-se o autor quem os firmou,
mesmo que redigidos por terceiros e também aqueles escritos, que não se costumam
assinar.
Registros domésticos entende-se os apontamentos escritos pela parte, mas não assinados.
Referem-se a anotações, memórias, diários, relacionados com a vida profissional ou privada
do autor.
Embora não assinados estes documentos devem ter sido escritos pela própria pessoa contra
que se pretende opô-los.

Art. 412.  O documento particular de cuja autenticidade não se duvida prova que o seu
autor fez a declaração que lhe é atribuída.

Parágrafo único.  O documento particular admitido expressa ou tacitamente é


indivisível, sendo vedado à parte que pretende utilizar-se dele aceitar os fatos que lhe
são favoráveis e recusar os que são contrários ao seu interesse, salvo se provar que
estes não ocorreram.

Portanto documento não impugnado, tem reconhecida sua autenticidade não havendo
dúvidas quanto a sua autoria.
O documento particular admitido é indivisível, ou seja, não há como admiti-lo em parte,
poderá a parte no entanto, aceitar os fatos nele contidos que lhe são favoráveis e recusar os
contrários ao seu interesse.

Art. 413.  O telegrama, o radiograma ou qualquer outro meio de transmissão tem a


mesma força probatória do documento particular se o original constante da estação
expedidora tiver sido assinado pelo remetente.
Parágrafo único.  A firma do remetente poderá ser reconhecida pelo tabelião,
declarando-se essa circunstância no original depositado na estação expedidora.

Art. 414.  O telegrama ou o radiograma presume-se conforme com o original,


provando as datas de sua expedição e de seu recebimento pelo destinatário.

A autenticidade das declarações de vontade manifesta através de telegramas, radiograma


ou qualquer outro meio similar de transmissão é dada pela assinatura do remetente no
documento original constante na fonte expedidora.
A Justiça tem se curvado às inovações tecnológicas, admitindo a interposição de recursos,
habeas corpus e petições pela rápida via do fac-símile e processo eletrônico.
Com relação ao fac-símile, a rapidez do método tem, contudo, grave empecilho, já que a
cópia tende a esmaecer com o tempo, tornando-se ilegível, exigindo, portanto, a sua
substituição pelo original no prazo de 5 (cinco) dias.

Neste sentido já decidiu o Tribunal de Justiça de Santa Catarina:


APELAÇÃO CÍVEL - EMBARGOS À EXECUÇÃO - REJEIÇÃO LIMINAR -
INTEMPESTIVIDADE - INOCORRÊNCIA - OPOSIÇÃO MEDIANTE FAC-SÍMILE -
POSSIBILIDADE - RECURSO PROVIDO.  Consoante determina o provimento 05/92, da
Corregedoria-Geral de Justiça, é possível o uso de facsimile (fax) para
encaminhamento de petições aos cartórios do foro judicial que possuam tal
equipamento. (TJSC – AC nº 2002.003932-2, de Sombrio. Relatora: Desª. Salete Silva
Sommariva. J. 28/04/2005).

Art. 415.  As cartas e os registros domésticos provam contra quem os escreveu
quando:
I - enunciam o recebimento de um crédito;
II - contêm anotação que visa a suprir a falta de título em favor de quem é apontado
como credor;
III - expressam conhecimento de fatos para os quais não se exija determinada prova.

As cartas compreendem todas as correspondências entre duas pessoas, tanto quando se


refiram diretamente à formação de um contrato (instrumento) como quando apenas
registram fatos relevantes para a causa.
Cartas e Registros: são considerados documentos particulares que fazem prova contra
quem os escreveu.
Como documentos que são, não foram confeccionados com a finalidade de servir como
prova, mas dessa forma podem ser utilizados para demonstrar fatos que interessam à lide.
Há muita frequência desse tipo probatório nas ações de família e estado, assim como nas
ações de cobrança e usucapião.

Art. 416.  A nota escrita pelo credor em qualquer parte de documento representativo
de obrigação, ainda que não assinada, faz prova em benefício do devedor.
Parágrafo único.  Aplica-se essa regra tanto para o documento que o credor conservar
em seu poder quanto para aquele que se achar em poder do devedor ou de terceiro.

Valem também , em benefício do devedor, independentemente de assinatura, a nota escrita


pelo credor, em qualquer parte do documento representativo da obrigação. Ex.: Anotações
de recebimento no verso documento.

Apenas as anotações favoráveis ao devedor é que têm esse efeito, como as quitações
parciais, prorrogações de vencimentos, etc.

Art. 417.  Os livros empresariais provam contra seu autor, sendo lícito ao empresário,
todavia, demonstrar, por todos os meios permitidos em direito, que os lançamentos
não correspondem à verdade dos fatos.
Art. 418.  Os livros empresariais que preencham os requisitos exigidos por lei provam
a favor de seu autor no litígio entre empresários.
Art. 419.  A escrituração contábil é indivisível, e, se dos fatos que resultam dos
lançamentos, uns são favoráveis ao interesse de seu autor e outros lhe são
contrários, ambos serão considerados em conjunto, como unidade.

Os livros comerciais, fazem prova contra o seu autor.


Contudo, segundo preceitua Moacyr Amaral dos Santos: “o comerciante, fundado em erro de
fato ou dolo, alegando-o e provando-o suficientemente, poderá refutar e desfazer a prova
dos lançamentos ou registros constantes em seus próprios livros.”
Portanto, se o litígio se estabelecer entre dois comerciantes, por exemplo, os livros
comerciais que preencham os requisitos exigidos por lei, provam a favor do autor.
Na apreciação dos livros mercantis prevalece a regra da indivisibilidade da escrituração.
Isto não impede, porém, que a parte contrária use de outros meios de prova para
demonstrar a inverdade parcial dos lançamentos. A regra do art. 419, aplica-se apenas
quando a escrituração é única prova existente.

Art. 420.  O juiz pode ordenar, a requerimento da parte, a exibição integral dos livros
empresariais e dos documentos do arquivo:
I - na liquidação de sociedade;
II - na sucessão por morte de sócio;
III - quando e como determinar a lei.

Baseado nesse dispositivo legal, poderá haver a requisição de expedição de mandado


intimatório, para que proceda a exibição integral dos livros comerciais e dos documentos do
arquivo da sociedade. Orientação pacífica dos Tribunais.

Art. 421.  O juiz pode, de ofício, ordenar à parte a exibição parcial dos livros e dos
documentos, extraindo-se deles a suma que interessar ao litígio, bem como
reproduções autenticadas.

Ao ordenar a exibição parcial da contabilidade do comerciante, o juiz deve ter sempre


presente o caráter excepcional da medida em face do direito ao sigilo dos negócios da
empresa.
Apenas será pesquisado o que for estritamente necessário para apuração do fato em
discussão no processo.

Art. 422.  Qualquer reprodução mecânica, como a fotográfica, a cinematográfica, a


fonográfica ou de outra espécie, tem aptidão para fazer prova dos fatos ou das coisas
representadas, se a sua conformidade com o documento original não for impugnada
por aquele contra quem foi produzida.
§ 1o As fotografias digitais e as extraídas da rede mundial de computadores fazem
prova das imagens que reproduzem, devendo, se impugnadas, ser apresentada a
respectiva autenticação eletrônica ou, não sendo possível, realizada perícia.
§ 2o Se se tratar de fotografia publicada em jornal ou revista, será exigido um exemplar
original do periódico, caso impugnada a veracidade pela outra parte.
§ 3o Aplica-se o disposto neste artigo à forma impressa de mensagem eletrônica.
Os documentos particulares podem ser reproduzidos de duas formas:

a) por meios mecânicos: como a fotografia, xerox, etc.


b) por simples traslado, feitos sem intervenção de oficial público.

Art. 423.  As reproduções dos documentos particulares, fotográficas ou obtidas por
outros processos de repetição, valem como certidões sempre que o escrivão ou o
chefe de secretaria certificar sua conformidade com o original.

Art. 424. A cópia de documento particular tem o mesmo valor probante que o original,
cabendo ao escrivão, intimadas as partes, proceder à conferência e certificar a
conformidade entre a cópia e o original.

É o que na vida forense recebe o nome de autenticação da fotocópia, ato que pode ser
praticado pelo escrivão do feito ou por qualquer tabelião ou oficial público.
As outras cópias, aquelas que não são reprodução mecânica do documento, mas simples
traslados feitos sem intervenção de oficial público, para produzir o mesmo efeito probante do
original, deverão ser submetidas à conferência pelo escrivão do processo.

Art. 425.  Fazem a mesma prova que os originais:


I - as certidões textuais de qualquer peça dos autos, do protocolo das audiências ou
de outro livro a cargo do escrivão ou do chefe de secretaria, se extraídas por ele ou
sob sua vigilância e por ele subscritas;
II - os traslados e as certidões extraídas por oficial público de instrumentos ou
documentos lançados em suas notas;
III - as reproduções dos documentos públicos, desde que autenticadas por oficial
público ou conferidas em cartório com os respectivos originais;
IV - as cópias reprográficas de peças do próprio processo judicial declaradas
autênticas pelo advogado, sob sua responsabilidade pessoal, se não lhes for
impugnada a autenticidade;
V - os extratos digitais de bancos de dados públicos e privados, desde que atestado
pelo seu emitente, sob as penas da lei, que as informações conferem com o que
consta na origem;
VI - as reproduções digitalizadas de qualquer documento público ou particular,
quando juntadas aos autos pelos órgãos da justiça e seus auxiliares, pelo Ministério
Público e seus auxiliares, pela Defensoria Pública e seus auxiliares, pelas
procuradorias, pelas repartições públicas em geral e por advogados, ressalvada a
alegação motivada e fundamentada de adulteração.
§ 1o Os originais dos documentos digitalizados mencionados no inciso VI deverão ser
preservados pelo seu detentor até o final do prazo para propositura de ação
rescisória.
§ 2o Tratando-se de cópia digital de título executivo extrajudicial ou de documento
relevante à instrução do processo, o juiz poderá determinar seu depósito em cartório
ou secretaria.

Art. 426.  O juiz apreciará fundamentadamente a fé que deva merecer o documento,


quando em ponto substancial e sem ressalva contiver entrelinha, emenda, borrão ou
cancelamento.

Caso exista ressalva das partes ou testemunhas acerca de entrelinhas, emenda, borrões ou
cancelamento, caberá ao juiz analisar a fé que o documento mereça.
Por entrelinhas se entendem os escritos existentes entre as linhas normais do documento;
emendas são as alterações ou complementações de escritos constantes do documento;
borrões são manchas de qualquer espécie que prejudicam a visualização de parte
substancial do documento e cancelamento é a retirada de parte da substância do documento
por meio de rasura ou retirada.
O documento passa a condição de prova comum que o juiz examinará livremente e na
análise com os demais elementos de convicção dar-lhe-á a fé que seu merecimento
justificar.
Apenas o defeito em “ponto substancial”é que vicia o documento, não aquele que apenas
atinge cláusula ou palavra de significado secundário e não relevante para a solução do
litígio.

Art. 427.  Cessa a fé do documento público ou particular sendo-lhe declarada


judicialmente a falsidade.
Parágrafo único.  A falsidade consiste em:
I - formar documento não verdadeiro;
II - alterar documento verdadeiro.

O documento é idôneo quando a declaração é verdadeira e a assinatura é autêntica. Em


regra, estabelecida a autenticidade do documento presume-se verdadeira a declaração nele
contida.
Caso judicialmente for declarada a falsidade, cessará a fé do documento.
O documento pode ser falso em dois sentidos:
a) quando a declaração intrinsecamente se refere a um fato não verdadeiro (falsidade
ideológica) ou seja, quando a declaração consciente ou inconsciente revela um fato
inverídico.
b) quando há vício na forma e nos aspectos exteriores da formação do documento (falsidade
material) quando o vício se manifesta na elaboração física do documento e não na vontade
declarada.
A falsidade ideológica enseja anulação do ato jurídico, através de ação própria, não se
prestando a simples impugnação em contestação, nem tampouco através de incidente de
falsidade.
Os casos previstos no parágrafo único do art. 427, se referem à falsidade material.
Forma-se materialmente um documento falso quando, por exemplo, utiliza-se papel
assinado em branco e nele se lança uma declaração nunca formulada, nem desejada pelo
signatário.
Altera-se um instrumento quando não se cria um documento novo, mas apenas se
modificam palavras, cláusulas ou termos de escritos preexistentes.
Em resumo: Formar documento não verdadeiro é criar um documento por inteiro, e alterar
documento verdadeiro é apenas inserir novidade no documento para modificar o sentido da
declaração nele contida.

Art. 428.  Cessa a fé do documento particular quando:


I - for impugnada sua autenticidade e enquanto não se comprovar sua veracidade;
II - assinado em branco, for impugnado seu conteúdo, por preenchimento abusivo.
Parágrafo único.  Dar-se-á abuso quando aquele que recebeu documento assinado
com texto não escrito no todo ou em parte formá-lo ou completá-lo por si ou por meio
de outrem, violando o pacto feito com o signatário.

No primeiro caso, basta a impugnação do signatário (quem assinou) para afastar a


presunção de autenticidade do documento particular, o que dispensa o incidente de
falsidade e transfere-se para a parte que produziu o documento o ônus de provar a
veracidade da assinatura.
No segundo caso, estamos diante de um documento falso na sua elaboração em vista de
má-fé do portador a quem foi confiado documento assinado com texto não escrito, no todo
ou em parte.
O abuso ocorrerá quando o portador, formar ou completar o documento, por si ou por meio
de outrem, “violando o pacto feito com o signatário”.

Art. 429.  Incumbe o ônus da prova quando:


I - se tratar de falsidade de documento ou de preenchimento abusivo, à parte que a
arguir;
II - se tratar de impugnação da autenticidade, à parte que produziu o documento.

No caso do inciso II há uma inversão do ônus da prova.


Se o réu contestar a assinatura em sua resposta, caberá ao autor provar sua veracidade,
mas se o documento gozar de presunção de autenticidade, quer seja por se tratar de
instrumento público ou particular com firma reconhecida e declaração de aposição na
presença do tabelião, incumbirá ao réu comprovar a falsidade.

Da Arguição de Falsidade
Art. 430.  A falsidade deve ser suscitada na contestação, na réplica ou no prazo de 15
(quinze) dias, contado a partir da intimação da juntada do documento aos autos.
Arguição: A arguição portanto é admissível em qualquer tempo e grau de jurisdição e pode
referir-se tanto aos documentos públicos como aos particulares.
Prazo: Se foi produzido o documento com a inicial, o réu deverá suscitar o incidente na
contestação. Se em qualquer outro momento processual, a parte interessada terá 15 dias, a
contar da intimação da juntada do documento no processo, para propor o incidente.
Preclusão: O prazo é preclusivo, de maneira que, não interposta a arguição de falsidade em
tempo útil, nem impugnada de qualquer forma a autenticidade, presume-se que a parte
aceitou o documento como verdadeiro. Salvo, casos de documentos obtidos por erro, dolo
ou coação.

Art. 431.  A parte arguirá a falsidade expondo os motivos em que funda a sua
pretensão e os meios com que provará o alegado.

Art. 432.  Depois de ouvida a outra parte no prazo de 15 (quinze) dias, será realizado o
exame pericial.

Parágrafo único.  Não se procederá ao exame pericial se a parte que produziu o


documento concordar em retirá-lo.

Art. 433.  A declaração sobre a falsidade do documento, quando suscitada como


questão principal, constará da parte dispositiva da sentença e sobre ela incidirá
também a autoridade da coisa julgada.

Caso a falsidade do documento versar em adulteração material, será necessária e


imprescindível a realização de perícia.
No entanto, se a adulteração for ideológica, poderá ser demonstrada por outro meio
probatório, que não a perícia.

Da Produção da Prova Documental

Art. 434.  Incumbe à parte instruir a petição inicial ou a contestação com os


documentos destinados a provar suas alegações.
Parágrafo único.  Quando o documento consistir em reprodução cinematográfica ou
fonográfica, a parte deverá trazê-lo nos termos do caput, mas sua exposição será
realizada em audiência, intimando-se previamente as partes.

Produzir prova documental é fazer com que o documento integre aos autos do processo e
passe a fazer parte como peça de instrução.
O momento adequado é com a petição inicial ou contestação, pois segundo o CPC a inicial
deve ser instruída com os documentos indispensáveis a propositura da ação.
Assim, boa parte da doutrina tem entendido que, quando aos documentos
INDISPENSÁVEIS, não estariam as partes impedidas de produzi-los em outras fases
posteriores.
Reproduções em vídeo poderão ser realizadas em audiência ou por meio de mídia digital
nos autos.

Art. 435.  É lícito às partes, em qualquer tempo, juntar aos autos documentos novos,
quando destinados a fazer prova de fatos ocorridos depois dos articulados ou para
contrapô-los aos que foram produzidos nos autos.
Parágrafo único.  Admite-se também a juntada posterior de documentos formados
após a petição inicial ou a contestação, bem como dos que se tornaram conhecidos,
acessíveis ou disponíveis após esses atos, cabendo à parte que os produzir
comprovar o motivo que a impediu de juntá-los anteriormente e incumbindo ao juiz,
em qualquer caso, avaliar a conduta da parte de acordo com o art. 5 o.
Não é raro que, no decorrer do processo, apareçam fatos novos que tenham pertinência,
para que haja a resolução da lide.
Tendo ocorrido o mencionado, é possível sua comprovação, em qualquer que seja o estado
do processo ou o grau de jurisdição, por meio de documentos.
Contudo, deve ser verificado se não constitui uma artimanha da parte a juntada posterior da
prova, de tal modo deve estar presente na avaliação do magistrado, constantemente, o
princípio da lealdade processual, para, avaliando o caso concreto, não permitir
favorecimento a alguma das partes.

Art. 436.  A parte, intimada a falar sobre documento constante dos autos, poderá:
I - impugnar a admissibilidade da prova documental;
II - impugnar sua autenticidade;
III - suscitar sua falsidade, com ou sem deflagração do incidente de arguição de
falsidade;
IV - manifestar-se sobre seu conteúdo.
Parágrafo único.  Nas hipóteses dos incisos II e III, a impugnação deverá basear-se em
argumentação específica, não se admitindo alegação genérica de falsidade.

Será aberto o prazo para a parte, a qual se opôs o documento, manifestar-se.


Requerendo ela a sua inadmissão, o julgador analisando o pedido, poderá voltar atrás e
ordenar o desentranhamento do documento.

IMPUGNAÇÃO DOS DOCUMENTOS NOVOS - INTIMAÇÃO

Art. 437.  O réu manifestar-se-á na contestação sobre os documentos anexados à


inicial, e o autor manifestar-se-á na réplica sobre os documentos anexados à
contestação.
§ 1o Sempre que uma das partes requerer a juntada de documento aos autos, o juiz
ouvirá, a seu respeito, a outra parte, que disporá do prazo de 15 (quinze) dias para
adotar qualquer das posturas indicadas no art. 436.
§ 2o Poderá o juiz, a requerimento da parte, dilatar o prazo para manifestação sobre a
prova documental produzida, levando em consideração a quantidade e a
complexidade da documentação.

REQUISIÇÃO DE DOCUMENTOS ÀS REPARTIÇÕES PÚBLICAS

Art. 438.  O juiz requisitará às repartições públicas, em qualquer tempo ou grau de


jurisdição:
I - as certidões necessárias à prova das alegações das partes;
II - os procedimentos administrativos nas causas em que forem interessados a União,
os Estados, o Distrito Federal, os Municípios ou entidades da administração indireta.
§ 1o Recebidos os autos, o juiz mandará extrair, no prazo máximo e improrrogável de 1
(um) mês, certidões ou reproduções fotográficas das peças que indicar e das que
forem indicadas pelas partes, e, em seguida, devolverá os autos à repartição de
origem.
§ 2o As repartições públicas poderão fornecer todos os documentos em meio
eletrônico, conforme disposto em lei, certificando, pelo mesmo meio, que se trata de
extrato fiel do que consta em seu banco de dados ou no documento digitalizado.

 Somente se mostra plausível a iniciativa do juiz, quando for demonstrada a impossibilidade


da parte obter pessoalmente a informação.
A requisição portanto tem cunho temporário, ou seja, recebidos os autos administrativos o
Juiz ouvirá as partes e determinará que sejam extraídas as certidões ou reproduções
fotográficas, no prazo de 30 dias, devolvendo posteriormente os autos a origem.
DESENTRANHAMENTO DE DOCUMENTOS

Há dois casos em que, na vida forense, habitualmente se pede o desentranhamento de


documentos existentes no processo:

I – quando a parte contrária entende intempestiva ou impertinente a prova documental


produzida;
II – quando o processo já se encerrou e a própria parte produziu documento que pretende
obter de volta. Ex.: fotografias da família, documentos originais.
Sempre que um documento for desentranhado, no caso de processos findos, deverá ser
providenciada a substituição do documento original por fotocópia. Com isso preserva-se a
imagem completa do processo.

Referências: Ver plano de Ensino.

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