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DIREITO

PROCESSUAL
DO TRABALHO
Execução Trabalhista – Parte II

Livro Eletrônico
DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO
Execução Trabalhista – Parte II
Gervásio Meireles

Sumário
Execução – Parte II.......................................................................................................................... 4
1. Embargos à Execução e Impugnação do Exequente. . ........................................................... 4
1.1. Embargos à Execução............................................................................................................... 4
1.2. Impugnação do Exequente. . ...................................................................................................12
1.3. Procedimento. . ..........................................................................................................................12
2. Alienação, Arrematação, Adjudicação e Remição............................................................... 14
2.1. Generalidades.......................................................................................................................... 14
2.2. Impugnação à Arrematação e Impugnação à Adjudicação. . .......................................... 25
2.3. Desistência do Arrematante................................................................................................ 27
3. Embargos de Terceiro............................................................................................................... 27
3.1. Generalidades.......................................................................................................................... 27
3.2. Procedimento.......................................................................................................................... 30
4. Fraude à Execução.. ................................................................................................................... 32
5. Atos Atentatórios à Dignidade de Justiça. . ........................................................................... 36
6. Extinção da Execução............................................................................................................... 37
7. Execução contra a Fazenda Pública. . ..................................................................................... 38
7.1. Generalidades.......................................................................................................................... 38
7.2. Execução de Obrigação de Fazer, Não Fazer ou Entregar. . ............................................ 39
7.3. Execução de Obrigação de Pagar........................................................................................40
7.4. Embargos à Execução da Fazenda Pública....................................................................... 65
7.5. Execução de Empresas Estatais.......................................................................................... 69
8. Execução contra Massa Falida e contra Empresa em Recuperação Judicial.. ............... 71
8.1. Execução a contra a Massa Falida....................................................................................... 71
8.2. Execução contra a Empresa em Recuperação Judicial. . ................................................. 74
8.3. Depósitos Recursais ou Penhoras Existentes antes da Decretação de Falência
ou Deferimento de Recuperação Judicial.. ................................................................................ 76
9. Execução de Contribuições Previdenciárias........................................................................ 78

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Execução Trabalhista – Parte II
Gervásio Meireles

Resumo.............................................................................................................................................80
Questões de Concurso.................................................................................................................. 85
Gabarito.......................................................................................................................................... 103

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Execução Trabalhista – Parte II
Gervásio Meireles

EXECUÇÃO – PARTE II
1. Embargos à Execução e Impugnação do Exequente
1.1. Embargos à Execução
Realizada a penhora de bens ou mesmo se o executado depositou valores na conta judi-
cial vinculada ao processo, garantindo o juízo (situação em que os bens ou valores atrelados
ao processo são suficientes para cobrir a execução), o executado pode opor embargos à exe-
cução no prazo de cinco dias. Veja o art. 884, caput, da CLT:

CLT
Art. 884. Garantida a execução ou penhorados os bens, terá o executado 5 (cinco) dias para apre-
sentar embargos, (...)

Os cinco dias são contados da intimação da penhora realizada (e não da juntada ao processo
do mandado cumprido pelo oficial de justiça) ou, no caso de depósito do valor para garantir o
juízo, o prazo é contado do dia do depósito.

Claro que, se a obrigação imposta no título executivo não envolve dinheiro, então o exe-
cutado não precisa garantir o juízo (não precisa fazer depósito e tampouco terá seus bens
penhorados) e pode embargar a execução no prazo de cinco dias contados da citação para
cumprir a obrigação.
Outra hipótese em que a garantia do juízo não é necessária envolve as entidades filantró-
picas e/ou aqueles que compõem ou compuseram a diretoria dessas entidades. O legislador,
ainda que se trate de execução de condenação em dinheiro, dispensou a garantia do juízo no
art. 884, § 6º, da CLT:

CLT
Art. 884. (...)
§ 6º A exigência da garantia ou penhora não se aplica às entidades filantrópicas e/ou àqueles que
compõem ou compuseram a diretoria dessas instituições.

001. (NC-UFPR/ITAIPU BINACIONAL/PROFISSIONAL DE NÍVEL UNIVERSITÁRIO JR/DIREI-


TO/2019/ADAPTADA) Acerca da execução de sentença proferida pela Justiça do Trabalho,
assinale a alternativa INCORRETA.
d) As entidades filantrópicas estão dispensadas de apresentar garantia da execução ou penho-
ra de bens como requisito para apresentar embargos à execução.

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É o que dispõe o art. 884, § 6º, da CLT. Como o examinador busca a alternativa errada, não é
esse item.
Certo.

Os embargos à execução (ou embargos do devedor) são um meio de defesa do executa-


do. Trata-se de uma ação de conhecimento incidental em que o executado apresenta todos os
argumentos contrários à execução, seja querendo extingui-la, seja querendo reduzir o valor ora
executado, seja apontando algum vício processual que precisa ser corrigido. A natureza pode
ser vista nesse julgado do Tribunal Superior do Trabalho:

(...) INSURGÊNCIA OPONÍVEL MEDIANTE EMBARGOS À EXECUÇÃO. (...) Vale lembrar que
os embargos à execução, segundo a doutrina predominante, constituem ação incidental
no processo de execução (fase de execução), comportando, por conseguinte, as medi-
das antecipatórias e de urgência imanentes ao procedimento judicial. (...) (RO – 20681-
33.2015.5.04.0000, Relator Ministro: Douglas Alencar Rodrigues, Data de Julgamento:
06/02/2018, Subseção II Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação:
DEJT 09/02/2018)

E quais seriam as matérias que o executado pode alegar em embargos à execução? São
diversas as matérias que sistematizarei:

1ª Matéria

O devedor pode alegar que cumpriu a decisão ou o acordo, quitou a dívida ou que houve
prescrição, conforme art. 884, § 1º, da CLT:

CLT
Art. 884. (...)
§ 1º – A matéria de defesa será restrita às alegações de cumprimento da decisão ou do acordo,
quitação ou prescrição da dívida.

Segundo a CLT, os embargos à execução deveriam ficar restritos às seguintes matérias:


a) alegação de cumprimento da decisão ou do acordo – o executado demonstra que a
decisão foi cumprida.
Ilustração dessa situação acontece quando uma empresa foi condenada na decisão ju-
dicial a entregar um documento ao trabalhador (uma carta de apresentação, devolver uma
carteira de trabalho etc.) e a empresa já fez a entrega do documento fora da Justiça depois
da condenação. Ainda assim, como não havia essa informação no processo, a execução é

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iniciada e a empresa citada para cumprir essa obrigação, quando então embarga a execução
sustentando que a obrigação foi cumprida.
b) quitação – o executado pagou a dívida.
Exemplo disso ocorreria quando uma empresa X foi condenada na decisão judicial em R$
5.000,00 e paga voluntariamente diretamente para o trabalhador fora do processo, coletando
o recibo do pagamento. Como não havia essa informação no processo, a execução se iniciou
e houve penhora de bens do executado, o qual embargou a execução alegando o pagamento
e juntando recibo.
c) prescrição – aqui cabe algumas ponderações.
Prescrição é uma inexigibilidade do direito ou da pretensão derivada de uma inércia da-
quele que poderia exigir o direito. Logo, existem pretensões/direitos cujo exercício depende
de prazo de maneira que as relações jurídicas possam se estabilizar. Não se pode imaginar a
cobrança de uma verba não paga há 25 anos atrás, por exemplo.
Pode ocorrer de a prescrição ter sido declarada na decisão judicial (título executivo), mas
a contadoria não observou essa determinação. Logo, a contadoria inseriu no cálculo horas
extras inclusive do período em que já estava prescrito o direito, tendo a execução se iniciado.
Nesse caso, pode o executado embargar a execução e alegar que os cálculos não observaram
a prescrição determinada, pedindo a revisão dos cálculos e sua consequente redução.
Assim, imagine que o juiz, reconhecendo a prescrição de parte das horas extras, tinha de-
ferido as horas extras pelo período que não estava prescrito, mas a contadoria calculou horas
extras de todo o contrato, sem respeitar a prescrição. Iniciada a execução, o executado pode
embargar a execução, alegando a prescrição que havia sido reconhecido em sentença e que
não foi aplicada.
Além dessa hipótese, pode ocorrer ainda de um titular do crédito reconhecido em senten-
ça transitada em julgado permanecer inerte para iniciar a execução, quando então ocorrerá a
prescrição da pretensão executória. Imagine que a sentença tenha reconhecido o direito à re-
paração de um dano material mediante a apresentação de recibos e notas fiscais de despesas
feitas pelo credor. Entretanto, o credor não apresenta as referidas comprovações no prazo de
dois anos contados do trânsito em julgado da decisão sentença. Nessa hipótese ocorre pres-
crição. Assim, mais dois anos depois do trânsito em julgado, o trabalhador decide apresentar
os documentos, quando então começa a execução. O executado, então, apresenta embargos
à execução alegando prescrição da pretensão executória.
Por fim, não podemos esquecer que existe a possibilidade de o título executivo ser extra-
judicial, como ocorre com o cheque derivado da relação de trabalho. Nesse caso, vale lembrar
que a prescrição do cheque é de seis meses, conforme art. 59 da Lei 7.357/85. Suponha, as-
sim, que o trabalhador recebe um cheque relativo ao pagamento do seu salário, mas o cheque
era sem fundo. Nessa hipótese, se o trabalhador quiser executar o cheque, deve fazê-lo no pra-
zo de seis meses. Imagine, agora, que o trabalhador apenas decide executar o cheque depois

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desse prazo e ajuíza ação de execução. O empregador executado pode alegar prescrição do
cheque nos embargos à execução.
Apenas um cuidado. Nunca haverá a possibilidade de o juiz da execução, quando se trata
de título executivo judicial, reconhecer uma prescrição que deveria ter sido alegada na fase de
conhecimento (durante a ação trabalhista), mas a matérias não o foi. A execução não pode
inovar em relação ao título executivo judicial, não podendo, em regra, rediscutir o que já foi
decidido e tampouco acolher o que não foi tratado anteriormente.

2ª Matéria

Apesar de a CLT indicar quais seriam as matérias que podem ser tratadas nesses embar-
gos, os Tribunais do Trabalho têm admitido outras matérias nos embargos à execução, utili-
zando subsidiariamente o Código de Processo Civil.
No CPC, quando se trata de execução de título executivo judicial, a defesa do executado
(chamada de “impugnação ao cumprimento de sentença”) pode envolver as seguintes matérias:

CPC
Art. 525. (...)
§ 1º Na impugnação, o executado poderá alegar:
I – falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia;
II – ilegitimidade de parte;
III – inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;
IV – penhora incorreta ou avaliação errônea;
V – excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;
VI – incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;
VII – qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensa-
ção, transação ou prescrição, desde que supervenientes à sentença.

Veja exemplos de cada um dos incisos para facilitar seu estudo.


No primeiro caso (art. 525, § 1º, I, CPC), houve uma ação trabalhista e, por exemplo, o
réu foi citado (comunicado de que existe uma ação) por edital. Entretanto, o empregador-réu
não estava em local incerto e não sabido e tampouco tentou impedir a citação, situações que
autorizariam a citação por edital. Logo, a citação é nula. Como o empregador réu não sabia do
processo (não viu o edital), o processo correu contra si sem a sua participação (revelia) e ele
terminou condenado. Após começar a execução, o empregador teve seus bens penhorados e
ingressou com embargos à execução alegando, por evidente, nulidade da citação.
No segundo caso (art. 525, § 1º, II, CPC), imagine que houve a condenação de uma empre-
sa X em certa quantia em dinheiro. Entretanto, ao executar essa empresa X, não foram encon-
trados quaisquer bens, motivo pelo qual o exequente pediu para ser incluída a empresa Y como
responsável solidária por ser empresa integrante no mesmo grupo econômico da empresa X.
O juiz deferiu a inclusão da empresa Y, determinou sua citação e a penhora de seus bens. Após

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ter os bens penhorados, a empresa Y, entendendo que a decisão está equivocada, embarga
a execução alegando ser parte ilegítima para a execução (isto é, a execução não poderia ser
dirigida contra ela) por não ser integrante do grupo econômico.
No terceiro caso (art. 525, § 1º, III, CPC), por exemplo, o juiz defere uma parcela trabalhista
W com base em uma determinada lei para o trabalhador e a empresa recorreu e perdeu no TRT.
A empresa entra com novo recurso para o TST. Todavia, antes de o TST decidir o recurso, o STF
decidiu que a lei que garante a parcela W é inconstitucional. Assim, mesmo tendo começado a
execução da parcela W deferida na Justiça do Trabalho, o executado pode embargar a execu-
ção alegando que a decisão (título executivo judicial) é inexigível, requerendo a extinção dessa
execução da parcela W.
Aliás, o art. 884, § 5º, da CLT prevê:

CLT
Art. 884. (...)
§ 5º Considera-se inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconsti-
tucionais pelo Supremo Tribunal Federal ou em aplicação ou interpretação tidas por incompatíveis
com a Constituição Federal.

No quarto caso (art. 525, § 1º, IV, CPC), imagine que foi iniciada uma execução contra o
empregador pessoa física e foi penhorada a residência do executado. Nesse caso, conside-
rando que se trata de bem de família, o imóvel é impenhorável, razão pela qual a penhora foi
incorreta. Assim, o executado pode embargar a execução sustentando penhora incorreta (im-
penhorabilidade do bem de família).
No quinto caso (art. 525, § 1º, V, CPC), pense na seguinte situação: o juiz condena a em-
presa X ao pagamento de R$ 20.000,00 relativos a verbas trabalhistas devidas. Contudo, ao
iniciar a execução, a Vara expede mandado de citação e penhora de forma equivocada no valor
de R$ 30.000,00. O executado, diante do erro de execução, embarga alegando excesso.
No sexto caso (art. 525, § 1º, VI, CPC), veja um exemplo. A sentença condena a empresa X
ao pagamento de R$ 10.000,00 relativos a verbas remuneratórias, gerando, como consequên-
cia, contribuições previdenciárias. Na conta de liquidação, foi incluída a contribuição destinada
a terceiros. Como a Justiça do Trabalho não possui competência para a contribuição desti-
nada a terceiros, a empresa embarga a execução e alega incompetência absoluta da Justiça
do Trabalho.
Por último, no sétimo caso (art. 525, § 1º, VII, CPC), pense na situação em que, após a con-
denação da empresa em R$ 10.000,00, a mesma resolve fazer um acordo com o trabalhador
para pagar um valor menor (R$ 7.000,00) à vista, sem protelações, no prazo de 30 dias. Se esse
acordo não for informado no processo, o juiz não saberá e a execução será iniciada com base
no valor original. Nessa hipótese, se penhorados bens da empresa, a mesma pode embargar a
execução e alegar que houve transação.

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Por outro lado, quando se trata de execução de título executivo extrajudicial, a defesa do
executado (chamada no processo civil de “embargos à execução”) pode envolver as seguin-
tes matérias:

CPC
Art. 917. Nos embargos à execução, o executado poderá alegar:
I – inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;
II – penhora incorreta ou avaliação errônea;
III – excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;
IV – retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de execução para entrega de coisa
certa;
V – incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;
VI – qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em processo de conhecimento.

No primeiro caso (art. 917, I, do CPC), imagine que o trabalhador esteja querendo executar
um cheque oriundo da relação de trabalho. Nessa hipótese, se passados mais de seis meses
sem que o cheque tenha sido executado, o cheque perdeu sua exigibilidade em virtude de pres-
crição, e uma vez iniciada a execução pelo credor, pode o executado alegar a inexigibilidade em
embargos do devedor.
No segundo caso (art. 917, II, do CPC), imagine que o trabalhador esteja executando uma
nota promissória oriunda da relação de trabalho. Entretanto, promove a penhora de seguro de
vida do executado (o que não é possível por ser o seguro de vida impenhorável na forma do art.
833, VI, do CPC). Logo, o executado pode embargar alegando impenhorabilidade.
No terceiro caso (art. 917, III, do CPC), pense no trabalhador que decide executar um acor-
do firmado na Comissão de Conciliação Prévia de R$ 10.000,00, mas, no momento de executar,
pede a execução de R$ 20.000,00 e o juiz não percebeu. Iniciada a execução, o devedor pode
alegar excesso de execução nos embargos à execução.
No quarto caso (art. 917, IV, do CPC), imagine que a trabalhadora Laiane tenha recebido,
para trabalhar, um carro da empresa, mediante assinatura de termo de responsabilidade na
presença de duas testemunhas, assumindo a obrigação de devolvê-lo ao final do contrato. A
trabalhadora Laiane, percebendo que estava em péssimas condições, trocou os pneus e o ra-
diador. O empregador, então, decide executar o documento particular, e o executado embarga
a execução alegando retenção por ter consertado o carro e não ter sido ressarcido por isso.
No quinto caso (art. 917, V, do CPC), pense em um empregador que queira cobrar um em-
préstimo que fez ao empregado e pelo qual o trabalhador assinou a nota promissória. Nesse
caso, se o empregador quiser executar o cheque na Justiça do Trabalho, o trabalhador pode
embargar a execução sustentando que essa dívida não é trabalhista, o que afasta a competên-
cia da Justiça do Trabalho.
No sexto caso (art. 917, VI, do CPC), imagine que o obreiro esteja executando um acordo
assinado na Comissão de Conciliação Prévia (CCP) que já foi pago. O empregador pode embargar

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a execução alegando que já houve pagamento (quitação). A quitação é matéria que poderia
ser alegada na defesa de uma ação trabalhista (processo de conhecimento) se o trabalhador
ajuizasse, ao invés de execução do acordo assinado na CCP, uma ação demandando a conde-
nação do empregador no valor das verbas trabalhistas.

3ª Matéria

Na liquidação de crédito trabalhista, o credor terá oportunidade de impugnar os cálculos.


Se tiver realizado a impugnação e o juiz não acolheu a medida em decisão na liquidação, o
executado terá nova possibilidade de impugnar os cálculos de liquidação nos embargos à
execução (para melhor compreensão, leia o capítulo sobre liquidação, onde tratamos do pro-
cedimento de impugnação). Veja o art. 884, § 3º, da CLT:

CLT
Art. 884. (...)
§ 3º – Somente nos embargos à penhora poderá o executado impugnar a sentença de liquidação,
(...).

Muito embora a lei denomine “embargos à penhora”, na verdade o legislador está tratando
dos embargos à execução. Aliás, veja um julgado do TST sobre o tema:

(...) FASE DE EXECUÇÃO. NULIDADE. CÁLCULOS DE LIQUIDAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO.


AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO 1. Nos termos do art. 884, § 3º, da CLT, somente nos embar-
gos à execução poderá o executado impugnar a sentença de liquidação, cabendo ao exe-
quente igual direito e no mesmo prazo. (...) (AIRR – 150800-91.2003.5.01.0063, Relator
Ministro: João Oreste Dalazen, Data de Julgamento: 16/11/2016, 4ª Turma, Data de Publi-
cação: DEJT 25/11/2016)

4ª Matéria

Por último, nos embargos à execução, pode o executado alegar qualquer matéria de ordem
pública, isto é, qualquer matéria que o juiz deve inclusive conhecer de ofício (ou seja, mesmo
sem provocação). São matérias que, se o juiz pode analisá-las de ofício, a parte pode, então,
alegá-las nos embargos.
É o caso, por exemplo, da imunidade de execução de Estados Estrangeiros em relação a
bens afetos à missão diplomática. No capítulo sobre jurisdição e competência, mencionei que
os Estados Estrangeiros não possuem imunidade de jurisdição para o processo do conheci-
mento, mas ressaltei que, no campo da execução, existe imunidade de execução no que tange
a bens vinculados à missão diplomática. Logo, esses bens não podem ser penhorados.
Assim, se um Estado Estrangeiro foi condenado na Justiça do Trabalho e está sendo exe-
cutado por um trabalhador, se a Justiça do Trabalho penhora uma conta bancária da embaixada, o

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Estado Estrangeiro pode ingressar com embargos à execução alegando imunidade de execu-
ção para liberar a conta bancária da penhora.
E quando houver execução por carta precatória? Onde são apresentados os embargos e
quem os julga? O juízo deprecante ou o juízo deprecado?
Imagine que uma execução trabalhista esteja correndo na Vara do Trabalho de Brasília,
mas o executado encontra-se no Rio de Janeiro. Assim, o juiz da Vara do Trabalho de Brasília
(deprecante) expede carta precatória executória para que um juiz de Vara do Trabalho do Rio
de Janeiro (deprecado) possa promover a execução, citando o devedor na forma do art. 880 da
CLT e promovendo penhora de bens, se necessário.
Se o executado quiser entrar com embargos à execução, poderá apresentá-los no juízo de-
precante ou no deprecado, mas a competência para julgá-los será, em regra, do deprecante.
Todavia, se os embargos tiverem, como assunto, apenas vícios (defeitos) na penhora,
na avaliação ou na alienação dos bens realizadas no deprecado, será do juízo deprecado a
competência.
Aplica-se de forma subsidiária o art. 914, § 2º, do CPC:

CPC
Art. 914. (...)
§ 2º Na execução por carta, os embargos serão oferecidos no juízo deprecante ou no juízo depre-
cado, mas a competência para julgá-los é do juízo deprecante, salvo se versarem unicamente sobre
vícios ou defeitos da penhora, da avaliação ou da alienação dos bens efetuadas no juízo deprecado.

Logo, no exemplo dado, a competência para julgar os embargos do devedor será, em regra,
do juiz de Brasília (deprecante). Entretanto, se o juiz do Rio de Janeiro (deprecado) mandou
penhorar bens que eram impenhoráveis e os embargos apenas tratarem da impenhorabilidade
desses bens, será o juiz do Rio de Janeiro que julgará os embargos do devedor.
Assim, muito embora o art. 20 da Lei 6.830/80 mencione somente o juízo deprecado, deve-
-se considerar o maior acesso ao Poder Judiciário pela opção adotada pelo CPC. Observe uma
aplicação prática:

“CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. CARTA PRECATÓRIA EXECUTÓRIA. EMBAR-


GOS À ARREMATAÇÃO. PENHORA, AVALIAÇÃO E ALIENAÇÃO EFETUADAS NO JUÍZO
DEPRECADO. O § 2º do art. 914 do CPC/2015, aplicado subsidiariamente ao processo do
trabalho (art. 769 da CLT), dispõe que “na execução por carta, os embargos serão ofere-
cidos no juízo deprecante ou no juízo deprecado, mas a competência para julgá-los é do
juízo deprecante, salvo se versarem unicamente sobre vícios ou defeitos da penhora, da
avaliação ou da alienação dos bens efetuadas no juízo deprecado”. In casu, os embargos
versam sobre a nulidade da arrematação pela ausência de regular intimação do execu-
tado acerca da penhora, por configuração de preço vil e por irregularidades do edital da
hasta pública. Todos esses atos são da competência funcional do juízo deprecado, inclusive

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os atos de comunicação das partes durante o cumprimento da carta precatória (art. 261,
§ 2º, do CPC/2015). Considerando que a discussão se restringe a vícios e irregularidades
supostamente ocorridos após a penhora, a competência para julgar os embargos à arre-
matação é do juízo deprecado, à luz do previsto no art. 914, § 2º, do CPC/2015. Conflito
de competência admitido para julgar competente o Juízo da Vara do Trabalho de Itu/SP,
juízo deprecado “ (CC-2131-21.2014.5.03.0010, Subseção II Especializada em Dissídios
Individuais, Relatora Ministra Maria Helena Mallmann, DEJT 08/11/2019).

1.2. Impugnação do Exequente


É importante lembrar que o exequente pode, ao ser intimado para contestar os embargos
à execução (prazo de 5 dias), apresentar a sua própria impugnação no mesmo prazo. Veja o
art. 884, caput, da CLT:

CLT
Art. 884. Garantida a execução ou penhorados os bens, terá o executado 5 (cinco) dias para apre-
sentar embargos, cabendo igual prazo ao exequente para impugnação.

Se o executado não apresentar os embargos, o exequente será intimado para apresentar,


caso queira, sua impugnação.
Normalmente essa impugnação do exequente envolve cálculos que o exequente entende
que não estão devidamente elaborados. Logo, o exequente aponta as supostas irregularida-
des no cálculo.
Entretanto, nada impede que o exequente aponte matérias de ordem pública (matérias que
o juiz conheceria de ofício). Portanto, se o exequente verifica que existe uma nulidade na pe-
nhora ou vício na avaliação de um bem penhorado, pode apontar a irregularidade de maneira a
impedir que a execução seja frustrada no futuro. Ora, se existe nulidade, é melhor saná-la logo
para impedir atraso na solução do processo.

1.3. Procedimento
Após apresentação dos embargos à execução, o exequente será intimado para se mani-
festar no prazo de 5 (cinco) dias, apresentando sua contestação (defesa). Nessa defesa, o
exequente poderá impugnar as matérias alegadas nos embargos. Aliás, muitos denominam
essa contestação de impugnação aos embargos.
Imagine que o executado, por exemplo, alegue impenhorabilidade do bem, alegando que é
bem de família. Pode o exequente sustentar que tal fato não é verdade, visto que o imóvel não
é a residência do executado.
No mesmo prazo da contestação, como vimos, pode o exequente apresentar impugnação.
Nesse caso, para atender o contraditório e ampla defesa, o juiz intimará o executado para res-
ponder à impugnação do exequente no prazo de 5 (cinco) dias.

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Uma fez feita a defesa, pode o juiz designar audiência até mesmo para ouvir testemunhas
e permitir outras provas, se for necessário:

CLT
Art. 884. (...)
§ 2º – Se na defesa tiverem sido arroladas testemunhas, poderá o Juiz ou o Presidente do Tribunal,
caso julgue necessários seus depoimentos, marcar audiência para a produção das provas, a qual
deverá realizar-se dentro de 5 (cinco) dias.

Vale lembrar que a União, como credora das contribuições previdenciárias, pode impugnar
o cálculo do tributo, matéria essa examinada no capítulo sobre “liquidação”.
Realizada a audiência ou não sendo essa necessária, o juiz profere sentença julgando os
embargos à execução e as impugnações do exequente (credor trabalhista) e da União (credor
previdenciário):

CLT
Art. 884. (...)
§ 4º Julgar-se-ão na mesma sentença os embargos e as impugnações à liquidação apresentadas
pelos credores trabalhista e previdenciário.
Art. 885. Não tendo sido arroladas testemunhas na defesa, o juiz ou presidente, conclusos os autos,
proferirá sua decisão, dentro de 5 (cinco) dias, julgando subsistente ou insubsistente a penhora.
Art. 886. Se tiverem sido arroladas testemunhas, finda a sua inquirição em audiência, o escrivão ou
secretário fará, dentro de 48 (quarenta e oito) horas, conclusos os autos ao juiz ou presidente, que
proferirá sua decisão, na forma prevista no artigo anterior.
§ 1º – Proferida a decisão, serão da mesma notificadas as partes interessadas, em registrado pos-
tal, com franquia.

Apesar de a lei falar em “julgando subsistente ou insubsistente a penhora”, o julgamento


avalia muito mais do que a regularidade da penhora, conforme se infere das matérias possíveis
nos embargos à execução e na impugnação do exequente. Além disso, a sentença será comu-
nicada por intimação aos advogados se as partes tiverem representantes nos autos.
Da sentença dos embargos à execução e da impugnação do exequente cabe agravo de
petição por ser uma decisão proferida em execução:

CLT
Art. 897. Cabe agravo, no prazo de 8 (oito) dias:
a) de petição, das decisões do Juiz ou Presidente, nas execuções;

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2. Alienação, Arrematação, Adjudicação e Remição


2.1. Generalidades
Na execução trabalhista, uma vez penhorado dinheiro e após o julgamento de eventuais
embargos à execução, o juiz determina o pagamento do credor e os respectivos recolhimentos
tributários (imposto de renda e contribuições previdenciárias) que sejam devidos.
Situação mais complexa ocorre quando a penhora incide sobre o bem que não seja di-
nheiro. Isso porque o bem penhorado deve ser levado à alienação judicial para que ocorra o
pagamento do crédito e dos tributos eventualmente devidos com o resultado da venda judicial.
Expropriação significa que o bem será retirado da propriedade do devedor e transferido a
outrem, independentemente da vontade do executado.
De início, o art. 879 do CPC prevê que o leilão pode ser eletrônico ou presencial:

CPC
Art. 879. A alienação far-se-á:
II – em leilão judicial eletrônico ou presencial.

Aliás, na mesma linha segue o disposto no art. 888 da CLT:

CLT
Art. 888. Concluída a avaliação, dentro de dez dias, contados da data da nomeação do avaliador,
seguir-se-á a arrematação, que será anunciada por edital afixado na sede do juízo ou tribunal e pu-
blicado no jornal local, se houver, com a antecedência de vinte (20) dias.

Quando se fala em “seguir-se-á a arrematação”, é porque o legislador está se referindo à


designação de praça ou leilão (a diferença trataremos mais adiante).
Aqui cabe uma ponderação, essa lógica de que o leilão ou a praça ocorrerá após a avaliação
merece algumas considerações. Em primeiro lugar, a avaliação é feita, em regra, pelo oficial
de justiça quando realiza a penhora (art. 870 do CPC). Logo, normalmente não há a nomeação
de um avaliador. Assim, apenas quando o oficial de justiça não tiver conhecimento suficiente
para promover a avaliação do bem, é que o juiz designa outro profissional especificamente
para fazer avaliação ou mesmo um perito para tanto.
De toda sorte, é necessário especificar o valor do bem para que se saiba se o juízo já está
suficientemente garantido ou se é necessário penhorar mais bens.

Ressalte-se que, em regra, os embargos à execução apenas podem ser manejados após a
garantia do juízo.

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Além disso, a regularidade da avaliação pode ser questionada em embargos à execução, o


que gera mais um motivo para a avaliação ocorrer antes dos embargos, por evidente.
Bom, de toda forma, voltemos à alienação do bem. O CPC expressa que a prioridade é o
leilão judicial eletrônico. Na impossibilidade do eletrônico, será feito leilão presencial:

CPC
Art. 882. Não sendo possível a sua realização por meio eletrônico, o leilão será presencial.

Quando se tratar de leilão, o juiz designará leiloeiro, cabendo a ele uma série de obrigações:

CPC
Art. 883. Caberá ao juiz a designação do leiloeiro público, que poderá ser indicado pelo exequente.
Art. 884. Incumbe ao leiloeiro público:
I – publicar o edital, anunciando a alienação;
II – realizar o leilão onde se encontrem os bens ou no lugar designado pelo juiz;
III – expor aos pretendentes os bens ou as amostras das mercadorias;
IV – receber e depositar, dentro de 1 (um) dia, à ordem do juiz, o produto da alienação;
V – prestar contas nos 2 (dois) dias subsequentes ao depósito.
Parágrafo único. O leiloeiro tem o direito de receber do arrematante a comissão estabelecida em lei
ou arbitrada pelo juiz.
Art. 887. O leiloeiro público designado adotará providências para a ampla divulgação da alienação.

Entretanto, qual seria a diferença entre praça e leilão? No antigo CPC, a principal diferença
é que praça se destinava a bens imóveis e o leilão para móveis. Todavia, o Processo do Tra-
balho nunca fez essa diferenciação. Tanto que a CLT menciona praça ou leilão sem se referir
à natureza dos bens. Sempre foi muito comum no Processo do Trabalho o leilão de bens imó-
veis. Veja como a CLT não diferencia bens móveis de imóveis:

CLT
Art. 888.
§ 1º A arrematação far-se-á em dia, hora e lugar anunciados (...)
§ 3º Não havendo licitante, e não requerendo o exequente a adjudicação dos bens penhorados, po-
derão os mesmos ser vendidos por leiloeiro nomeado pelo Juiz ou Presidente.
§ 4º Se o arrematante, ou seu fiador, não pagar (...) voltando à praça os bens executados.

Assim, a forma mais fácil é considerar a ideia de que, independentemente de praça ou


leilão, trata-se de alienação autorizada pelo juiz (hasta pública, independentemente do nome
utilizado – praça ou leilão).
Entretanto, diante do novo CPC, torna-se mais interessante você considerar a expressão
“leilão”, até mesmo porque muitas Varas do Trabalho já designam a hasta pública apenas sob
a forma de leilão.

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Avancemos. Como você viu, o documento fundamental para a hasta pública é o edital.
Aliás, a CLT menciona:

CLT
Art. 888. (...) seguir-se-á a arrematação, que será anunciada por edital afixado na sede do juízo ou
tribunal e publicado no jornal local, se houver, com a antecedência de vinte (20) dias.

O texto celetista estabelece o prazo mínimo de 20 dias entre a publicação do edital e a


realização da hasta pública.
E o que contém o edital? O CPC esclarece:

CPC
Art. 886. O leilão será precedido de publicação de edital, que conterá:
I – a descrição do bem penhorado, com suas características, e, tratando-se de imóvel, sua situação
e suas divisas, com remissão à matrícula e aos registros;
II – o valor pelo qual o bem foi avaliado, o preço mínimo pelo qual poderá ser alienado, as condições
de pagamento e, se for o caso, a comissão do leiloeiro designado;
III – o lugar onde estiverem os móveis, os veículos e os semoventes e, tratando-se de créditos ou
direitos, a identificação dos autos do processo em que foram penhorados;
IV – o sítio, na rede mundial de computadores, e o período em que se realizará o leilão, salvo se este
se der de modo presencial, hipótese em que serão indicados o local, o dia e a hora de sua realização;
V – a indicação de local, dia e hora de segundo leilão presencial, para a hipótese de não haver inte-
ressado no primeiro;
VI – menção da existência de ônus, recurso ou processo pendente sobre os bens a serem leiloados.
Parágrafo único. No caso de títulos da dívida pública e de títulos negociados em bolsa, constará do
edital o valor da última cotação.

O legislador processual civil deixa claro que o edital permite o conhecimento de todos so-
bre os bens que serão vendidos, suas características, valor da avaliação, preço mínimo, data
e hora do leilão, data e hora do segundo leilão se não houver interessados no primeiro e os
ônus que existirem sobre os bens penhorados (ex. multas de veículos, hipoteca sobre bem
imóvel etc.).
Além de publicado o edital, haverá intimação de diversas pessoas. O executado será inti-
mado da futura ocorrência do leilão, na forma do art. 889, I e parágrafo único, do CPC:

CPC
Art. 889. Serão cientificados da alienação judicial, com pelo menos 5 (cinco) dias de antecedência:
I – o executado, por meio de seu advogado ou, se não tiver procurador constituído nos autos, por
carta registrada, mandado, edital ou outro meio idôneo;
(...)
Parágrafo único. Se o executado for revel e não tiver advogado constituído, não constando dos au-
tos seu endereço atual ou, ainda, não sendo ele encontrado no endereço constante do processo, a
intimação considerar-se-á feita por meio do próprio edital de leilão.

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Terceiros interessados também devem ser intimados, dependendo da situação do bem ou


direito penhorado:

CPC
Art. 889. Serão cientificados da alienação judicial, com pelo menos 5 (cinco) dias de antecedência:
II – o coproprietário de bem indivisível do qual tenha sido penhorada fração ideal;
III – o titular de usufruto, uso, habitação, enfiteuse, direito de superfície, concessão de uso especial
para fins de moradia ou concessão de direito real de uso, quando a penhora recair sobre bem grava-
do com tais direitos reais;
IV – o proprietário do terreno submetido ao regime de direito de superfície, enfiteuse, concessão
de uso especial para fins de moradia ou concessão de direito real de uso, quando a penhora recair
sobre tais direitos reais;
V – o credor pignoratício, hipotecário, anticrético, fiduciário ou com penhora anteriormente aver-
bada, quando a penhora recair sobre bens com tais gravames, caso não seja o credor, de qualquer
modo, parte na execução;
VI – o promitente comprador, quando a penhora recair sobre bem em relação ao qual haja promessa
de compra e venda registrada;
VII – o promitente vendedor, quando a penhora recair sobre direito aquisitivo derivado de promessa
de compra e venda registrada;
VIII – a União, o Estado e o Município, no caso de alienação de bem tombado.

O exequente, apesar de não constar no rol do art. 889 do CPC, deve ser intimado, porquanto
ele pode participar do leilão, inclusive dando lance para arrematação:

CPC
Art. 892. (...)
§ 1º Se o exequente arrematar os bens e for o único credor, (...)

Se esses terceiros não forem intimados, haverá ineficácia da alienação judicial em relação
a eles, conforme se constata no art. 804 do CPC:

CPC
Art. 804. A alienação de bem gravado por penhor, hipoteca ou anticrese será ineficaz em relação ao
credor pignoratício, hipotecário ou anticrético não intimado.
§ 1º A alienação de bem objeto de promessa de compra e venda ou de cessão registrada será inefi-
caz em relação ao promitente comprador ou ao cessionário não intimado.
§ 2º A alienação de bem sobre o qual tenha sido instituído direito de superfície, seja do solo, da
plantação ou da construção, será ineficaz em relação ao concedente ou ao concessionário não
intimado.
§ 3º A alienação de direito aquisitivo de bem objeto de promessa de venda, de promessa de cessão
ou de alienação fiduciária será ineficaz em relação ao promitente vendedor, ao promitente cedente
ou ao proprietário fiduciário não intimado.

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§ 4º A alienação de imóvel sobre o qual tenha sido instituída enfiteuse, concessão de uso especial
para fins de moradia ou concessão de direito real de uso será ineficaz em relação ao enfiteuta ou ao
concessionário não intimado.
§ 5º A alienação de direitos do enfiteuta, do concessionário de direito real de uso ou do concessio-
nário de uso especial para fins de moradia será ineficaz em relação ao proprietário do respectivo
imóvel não intimado.
§ 6º A alienação de bem sobre o qual tenha sido instituído usufruto, uso ou habitação será ineficaz
em relação ao titular desses direitos reais não intimado.

No dia e hora designados, os bens serão vendidos pelo maior lance ofertado. Leia o art.
888, § 1º, da CLT:

CLT
Art. 888. (...)
§ 1º A arrematação far-se-á em dia, hora e lugar anunciados e os bens serão vendidos pelo maior
lance, (...)

E quem pode dar lance no leilão? Todos aqueles que estão na livre administração de
seus bens, exceto aqueles em relação aos quais existe proibição legal, como ocorre no art.
890 do CPC:

CPC
Art. 890. Pode oferecer lance quem estiver na livre administração de seus bens, com exceção:
I – dos tutores, dos curadores, dos testamenteiros, dos administradores ou dos liquidantes, quanto
aos bens confiados à sua guarda e à sua responsabilidade;
II – dos mandatários, quanto aos bens de cuja administração ou alienação estejam encarregados;
III – do juiz, do membro do Ministério Público e da Defensoria Pública, do escrivão, do chefe de
secretaria e dos demais servidores e auxiliares da justiça, em relação aos bens e direitos objeto de
alienação na localidade onde servirem ou a que se estender a sua autoridade;
IV – dos servidores públicos em geral, quanto aos bens ou aos direitos da pessoa jurídica a que
servirem ou que estejam sob sua administração direta ou indireta;
V – dos leiloeiros e seus prepostos, quanto aos bens de cuja venda estejam encarregados;
VI – dos advogados de qualquer das partes.

O lance, contudo, não pode ser considerado vil (irrisório, baixo demais). Todavia, o que se-
ria vil? 30% da avaliação, 50% dela? Veja como o esclarecimento do CPC:

CPC
Art. 891. Não será aceito lance que ofereça preço vil.
Parágrafo único. Considera-se vil o preço inferior ao mínimo estipulado pelo juiz e constante do
edital, e, não tendo sido fixado preço mínimo, considera-se vil o preço inferior a cinquenta por cento
do valor da avaliação.

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Portanto, vil é o preço inferior ao mínimo fixado pelo juiz ou, se não houver esse valor,
menos que 50% da avaliação, segundo o CPC.
No entanto, será que o juiz poderia fixar preço inferior a 50%? A jurisprudência trabalhista
vem consolidando o entendimento de que isso é possível, sobretudo quando se considera as
peculiaridades do bem e do mercado:

(...) AÇÃO POSSESSÓRIA. EX-CÔNJUGE. ARREMATAÇÃO. INVALIDADE. PREÇO VIL. (...) 2.


No caso em exame, o Tribunal Regional analisou a questão à luz do Código de Processo
Civil de 1973, pois a arrematação deu-se em 5/5/2004. Considerou que o valor de R$
30.000,00 (20% da avaliação), sob as balizas do caso concreto, não se revela aviltante. 3.
Nesse contexto, a caracterização de lance irrisório a partir da aferição objetiva do percen-
tual do valor da avaliação não se mostra cabível, pois não substitui o juízo de razoabili-
dade levado a efeito em instância ordinária, em face de diversos fatores, tais como depre-
ciação, dívidas do imóvel, falta de interessados no leilão, lapso de 4 anos entre a penhora
e a venda, etc. 4. Desse modo, a declaração de invalidade da arrematação, em razão de
preço vil, demandaria, necessariamente, o revolvimento do acervo probatório dos autos,
conduta vedada em recurso de revista, conforme entendimento consolidado na Súmula
n. 126 do TST. 5. Agravo interno de que se conhece e a que se nega provimento” (Ag-
AIRR-130700-52.2005.5.01.0029, 7ª Turma, Relator Desembargador Convocado Roberto
Nobrega de Almeida Filho, DEJT 26/04/2019).
(...) B) RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELOS EXECUTADOS. NULIDADE DA ARRE-
MATAÇÃO DIANTE DA CONFIGURAÇÃO DE PREÇO VIL. VIOLAÇÃO DO ART. 5º, XXII, DA
CF NÃO CONFIGURADA. Diante da omissão da lei em fixar critério objetivo para a aferição
do que configura, de fato, preço vil, sua identificação deve levar em conta as peculiarida-
des próprias de cada situação, com cotejo, inclusive, da facilidade, ou da dificuldade, de
venda do bem arrematado. In casu, na terceira hasta pública, o bem imóvel foi arrema-
tado por valor correspondente a cerca de 40% do valor da avaliação, não se divisando,
assim, o alegado preço vil, pois não configurada a hipótese de prejuízo vultoso e despro-
porcional aos recorrentes, tampouco desrespeito ao direito de propriedade à luz do art.
5º, XXII, da CF. Recurso de revista não conhecido. (RR – 146000-42.1998.5.09.0008, Rela-
tora Ministra: Dora Maria da Costa, Data de Julgamento: 29/08/2017, 8ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 01/09/2017)

Caso algum interessado faça lance que não seja vil, o maior lance vencerá, tendo o arrema-
tante que pagar 20% do valor do lance no ato e o restante (80%) em 24 horas, sob pena de, não
o fazendo, perder o valor do sinal de 20% para a execução. Nesse caso, o arrematante perde
os 20% que pagou como sinal e os bens voltam à hasta pública (será marcada nova hasta pú-
blica). Veja o art. 888, §§ 2º e 4º da CLT:

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CLT
Art. 888. (...)
§ 2º O arrematante deverá garantir o lance com o sinal correspondente a 20% (vinte por cento) do
seu valor.
§ 4º Se o arrematante, ou seu fiador, não pagar dentro de 24 (vinte e quatro) horas o preço da ar-
rematação, perderá, em benefício da execução, o sinal de que trata o § 2º deste artigo, voltando à
praça os bens executados.

Registre-se uma peculiaridade: se o exequente fizer a arrematação e o valor do bem for


inferior ao crédito do exequente, então o exequente não precisa pagar com dinheiro, bastando
usar seu crédito de forma parcial até o limite necessário para cobrir a arrematação. A execução
vai prosseguir pelo restante do seu crédito. Por outro lado, se o valor do lance for superior ao
do crédito, a diferença deve ser depositada em 3 (três) dias, sob pena de o leilão ser tornado
sem efeito:

CPC
Art. 892. (...)
§ 1º Se o exequente arrematar os bens e for o único credor, não estará obrigado a exibir o preço,
mas, se o valor dos bens exceder ao seu crédito, depositará, dentro de 3 (três) dias, a diferença,
sob pena de tornar-se sem efeito a arrematação, e, nesse caso, realizar-se-á novo leilão, à custa do
exequente.

Se houver a arrematação com o pagamento completo pelo arrematante, lavra-se auto de


arrematação, que é o documento que torna perfeita e acaba a venda judicial. Os arts. 901 e
903, caput, do CPC dispõem:

CPC
Art. 901. A arrematação constará de auto que será lavrado de imediato e poderá abranger bens pe-
nhorados em mais de uma execução, nele mencionadas as condições nas quais foi alienado o bem.
Art. 903. Qualquer que seja a modalidade de leilão, assinado o auto pelo juiz, pelo arrematante e
pelo leiloeiro, a arrematação será considerada perfeita, acabada e irretratável, (...)

Uma vez realizada a arrematação e não havendo qualquer nulidade ou vício, será expedida
ordem de entrega de bem móvel ou carta de arrematação de imóvel:

CPC
Art. 901. (...)
§ 1º A ordem de entrega do bem móvel ou a carta de arrematação do bem imóvel, com o respectivo
mandado de imissão na posse, será expedida depois de efetuado o depósito ou prestadas as ga-
rantias pelo arrematante, bem como realizado o pagamento da comissão do leiloeiro e das demais
despesas da execução.
§ 2º A carta de arrematação conterá a descrição do imóvel, com remissão à sua matrícula ou indi-
viduação e aos seus registros, a cópia do auto de arrematação e a prova de pagamento do imposto
de transmissão, além da indicação da existência de eventual ônus real ou gravame.

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Carta de arrematação é o documento que permite a transferência do bem para o arrema-


tante junto ao Registro Público de Imóveis (cartório).
Mandado de imissão na posse é uma determinação judicial no sentido de que o beneficiá-
rio deve ser colocado na posse do imóvel, retirando quem o está ocupando.
Vale mencionar que é possível que o interessado na arrematação faça uma proposta de pa-
gamento parcelado, desde que atendidos os requisitos legais. É o que dispõe o art. 895 do CPC:

CPC
Art. 895. O interessado em adquirir o bem penhorado em prestações poderá apresentar, por escrito:
I – até o início do primeiro leilão, proposta de aquisição do bem por valor não inferior ao da avaliação;
II – até o início do segundo leilão, proposta de aquisição do bem por valor que não seja considerado
vil.
§ 1º A proposta conterá, em qualquer hipótese, oferta de pagamento de pelo menos vinte e cinco por
cento do valor do lance à vista e o restante parcelado em até 30 (trinta) meses, garantido por caução
idônea, quando se tratar de móveis, e por hipoteca do próprio bem, quando se tratar de imóveis.
§ 2º As propostas para aquisição em prestações indicarão o prazo, a modalidade, o indexador de
correção monetária e as condições de pagamento do saldo.

Recorde-se de que a apresentação de proposta não impede a realização de leilão, além de


que o pagamento à vista sempre prevalece sobre o pagamento parcelado:

CPC
Art. 895. (...)
§ 6º A apresentação da proposta prevista neste artigo não suspende o leilão.
§ 7º A proposta de pagamento do lance à vista sempre prevalecerá sobre as propostas de pagamen-
to parcelado.

E se houver mais de uma proposta de pagamento parcelado?

CPC
Art. 895. (...)
§ 8º Havendo mais de uma proposta de pagamento parcelado:
I – em diferentes condições, o juiz decidirá pela mais vantajosa, assim compreendida, sempre, a de
maior valor;
II – em iguais condições, o juiz decidirá pela formulada em primeiro lugar.

Se o valor do bem vendido no pagamento parcelado for maior do que o crédito do exe-
quente, as parcelas serão do exequente até o pagamento da dívida trabalhista, sendo que as
parcelas remanescentes pertencerão ao executado.

CPC
Art. 895. (...)
§ 9º No caso de arrematação a prazo, os pagamentos feitos pelo arrematante pertencerão ao exe-
quente até o limite de seu crédito, e os subsequentes, ao executado.

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No caso de o lance vencedor ter sido parcelado e houver inadimplência, haverá consequ-
ência graves para o arrematante que não pagou devidamente as parcelas:

CPC
Art. 895. (...)
§ 4º No caso de atraso no pagamento de qualquer das prestações, incidirá multa de dez por cento
sobre a soma da parcela inadimplida com as parcelas vincendas.
§ 5º O inadimplemento autoriza o exequente a pedir a resolução da arrematação ou promover, em
face do arrematante, a execução do valor devido, devendo ambos os pedidos ser formulados nos
autos da execução em que se deu a arrematação.

No Processo do Trabalho, esse pagamento parcelado é possível, conforme art. 3º, XX, da
Instrução Normativa 39/2016 do TST:

IN 39/2016
Art. 3º Sem prejuízo de outros, aplicam-se ao Processo do Trabalho, em face de omissão e compa-
tibilidade, os preceitos do Código de Processo Civil que regulam os seguintes temas:
XX – art. 895 (pagamento parcelado do lanço);

Passa-se, agora, para a adjudicação.


Trata-se de ato expropriatório judicial que transfere um bem do executado diretamente
para o credor exequente ou para determinadas pessoas legitimadas por lei.
Havendo um bem penhorado, pode o credor, ao invés de aguardar o bem ser encaminhado
para leilão ou praça, pedir ao juiz que lhe transfira o referido bem como pagamento de todo ou
de parte de seu crédito. Veja o disposto no art. 876, caput, da CPC:

CPC
Art. 876. É lícito ao exequente, oferecendo preço não inferior ao da avaliação, requerer que lhe sejam
adjudicados os bens penhorados.

Surge, então, uma questão: e se o crédito do exequente for de valor inferior aos bens pe-
nhorados? E se ocorrer o contrário (o crédito do exequente é muito maior)?
A situação é resolvida claramente pelo art. 876, § 4º, do CPC:

CPC
Art. 876. (...)
§ 4º Se o valor do crédito for:
I – inferior ao dos bens, o requerente da adjudicação depositará de imediato a diferença, que ficará
à disposição do executado;
II – superior ao dos bens, a execução prosseguirá pelo saldo remanescente.

Outro ponto relevante: quando bem já foi levado a leilão e houver um arrematante, o exe-
quente pode adjudicar pelo valor do melhor lance ofertado. O art. 888, § 1º, da CLT aponta:

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CLT
Art. 888. (...)
§ 1º A arrematação far-se-á em dia, hora e lugar anunciados e os bens serão vendidos pelo maior
lance, tendo o exequente preferência para a adjudicação.

Aliás, recorde-se de que, na execução trabalhista, havendo omissão, devem ser aplicadas
as regras de execução dos títulos da Fazenda Pública Federal. Nesse ponto, o art. 24 da Lei
6.830/80 estabelece uma regra que reforça a lógica mostrada:

Lei 6.830/80
Art. 24. A Fazenda Pública poderá adjudicar os bens penhorados:
I – antes do leilão, pelo preço da avaliação, se a execução não for embargada ou se rejeitados os
embargos;
II – findo o leilão:
a) se não houver licitante, pelo preço da avaliação;
b) havendo licitantes, com preferência, em igualdade de condições com a melhor oferta, no prazo
de 30 (trinta) dias.

Assim, antes do leilão ou mesmo depois (caso não haja licitantes), a adjudicação somente
pode ser feita pelo exequente se oferecer o preço da avaliação. Por outro lado, se houver um
arrematante, o exequente pode adjudicar o bem pelo mesmo preço da arrematação, exercendo
seu direito de preferência.
Claro que essa preferência deve ser exercida até assinatura do auto de arrematação, visto
que o auto de arrematação devidamente assinado torna perfeita e acabada a arrematação.
E quais são os outros legitimados para pedir a adjudicação? Veja o art. 876, §§ 5º e
7º, do CPC:

CPC
Art. 876. (...)
§ 5º Idêntico direito pode ser exercido por aqueles indicados no art. 889, incisos II a VIII, pelos cre-
dores concorrentes que hajam penhorado o mesmo bem, pelo cônjuge, pelo companheiro, pelos
descendentes ou pelos ascendentes do executado.
§ 7º No caso de penhora de quota social ou de ação de sociedade anônima fechada realizada em
favor de exequente alheio à sociedade, esta será intimada, ficando responsável por informar aos
sócios a ocorrência da penhora, assegurando-se a estes a preferência.

Claro que, no caso dessas pessoas, o direito de adjudicar deve ser exercido mediante re-
querimento e depósito do valor do bem ou direito que pretendem adjudicar em conta judicial
vinculada ao processo. Assim, o legislador assegura que essas pessoas fiquem com o bem ou
direito, desde que depositem o valor respectivo em juízo.
Se houver mais de um interessado na adjudicação do mesmo bem, o legislador assegurou
uma ordem de preferência:

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CPC
Art. 876. (...)
§ 6º Se houver mais de um pretendente, proceder-se-á a licitação entre eles, tendo preferência, em
caso de igualdade de oferta, o cônjuge, o companheiro, o descendente ou o ascendente, nessa or-
dem.

A adjudicação torna-se perfeita e acabada mediante assinatura do auto de adjudicação.


Após a sua assinatura, será expedida ordem de entrega do bem móvel ao adjudicatário e, no
caso de imóvel, carta de adjudicação para transferência do bem no Registro Público de Imóveis
(cartório):

CPC
Art. 877. Transcorrido o prazo de 5 (cinco) dias, contado da última intimação, e decididas eventuais
questões, o juiz ordenará a lavratura do auto de adjudicação.
§ 1º Considera-se perfeita e acabada a adjudicação com a lavratura e a assinatura do auto pelo
juiz, pelo adjudicatário, pelo escrivão ou chefe de secretaria, e, se estiver presente, pelo executado,
expedindo-se:
I – a carta de adjudicação e o mandado de imissão na posse, quando se tratar de bem imóvel;
II – a ordem de entrega ao adjudicatário, quando se tratar de bem móvel.
§ 2º A carta de adjudicação conterá a descrição do imóvel, com remissão à sua matrícula e aos seus
registros, a cópia do auto de adjudicação e a prova de quitação do imposto de transmissão.

E se não houver nenhum interessado na arrematação ou adjudicação do bem? O juiz pode


designar novo leilão:

CLT
Art. 888. (...)
§ 3º Não havendo licitante, e não requerendo o exequente a adjudicação dos bens penhorados, po-
derão os mesmos ser vendidos por leiloeiro nomeado pelo Juiz ou Presidente.

Por último, passa-se ao exame da remição.


É ato através do qual o executado ou um terceiro paga toda a dívida exequenda, inclusive
despesas processuais eventualmente devidas:

CPC
Art. 826. Antes de adjudicados ou alienados os bens, o executado pode, a todo tempo, remir a exe-
cução, pagando ou consignando a importância atualizada da dívida, acrescida de juros, custas e
honorários advocatícios.

O Processo do Trabalho possui inclusive uma regra específica na Lei 5.584/70:

Lei 5584/70
Art. 13. Em qualquer hipótese, a remição só será deferível ao executado se este oferecer preço igual
ao valor da condenação.

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É claro que a remição apenas pode ocorrer até a assinatura do auto de arrematação ou do
auto de adjudicação (visto que depois disso, a arrematação e a adjudicação tornam-se perfei-
tas e acabadas).
Apesar de haver menção ao executado, nada impede que um terceiro, interessado ou não,
faça o pagamento de toda dívida:

(...) DECISÃO INTERLOCUTÓRIA QUE REJEITA REMIÇÃO DE DÍVIDA TRABALHISTA ANTE-


RIORMENTE À LAVRATURA DO AUTO DE ARREMATAÇÃO. (...) 3. A par da discussão sobre
ser ou não a impetrante parte legítima para figurar no polo passivo da execução, a inter-
pretação sistemática do sentido e alcance dos arts. 304 e 305 do Código Civil e 826 e
903 do CPC, que disciplinam o instituto em análise, evidencia que qualquer pessoa pode
pagar a dívida, seja ele juridicamente interessado ou não, bastando, para tanto, que o
pagamento ou a consignação se dê antes da lavratura do auto de arrematação pelo juiz.
(...) 5. É pacífica a jurisprudência desta Corte Superior e do Superior Tribunal de Justiça
no sentido de assegurar ao terceiro interessado o direito à remição da dívida, desde que
antes da assinatura do auto de arrematação, sendo essa precisamente a hipótese dos
autos. (...) 9. Dessa forma, tendo sido o pedido de remição protocolado antes da assi-
natura do auto de arrematação pelo magistrado e depositado para pagamento o valor
integral da dívida, afigura-se demonstrada a liquidez e certeza do direito da impetrante
à quitação da dívida, em conformidade com a interpretação sistemática que se extrai
dos dispositivos acima reproduzidos. 10. Concessão da ordem que se confirma. Recurso
ordinário conhecido e desprovido” (RO-24089-40.2016.5.24.0000, Subseção II Especiali-
zada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT
26/04/2019).

Entretanto, existe uma regra específica para o bem imóvel que está hipotecado. Nessa
regra especial, basta o depósito do valor do bem e não necessariamente de toda a execução:

CPC
Art. 877. (...)
§ 3º No caso de penhora de bem hipotecado, o executado poderá remi-lo até a assinatura do auto de
adjudicação, oferecendo preço igual ao da avaliação, se não tiver havido licitantes, ou ao do maior
lance oferecido.

2.2. Impugnação à Arrematação e Impugnação à Adjudicação


Pode ocorrer de o executado ou terceiro interessado impugnar a arrematação ocorrida.
Essa impugnação deve ser apresentada no prazo de 10 dias após o aperfeiçoamento da arre-
matação (que ocorre com a assinatura do auto, conforme visto anteriormente):

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CPC
Art. 903. (...)
§ 1º Ressalvadas outras situações previstas neste Código, a arrematação poderá, no entanto, ser:
I – invalidada, quando realizada por preço vil ou com outro vício;
II – considerada ineficaz, se não observado o disposto no art. 804;
III – resolvida, se não for pago o preço ou se não for prestada a caução.
§ 2º O juiz decidirá acerca das situações referidas no § 1º, se for provocado em até 10 (dez) dias
após o aperfeiçoamento da arrematação.
§ 3º Passado o prazo previsto no § 2º sem que tenha havido alegação de qualquer das situações
previstas no § 1º, será expedida a carta de arrematação e, conforme o caso, a ordem de entrega ou
mandado de imissão na posse.

Se não houver impugnação, será expedida, como visto, o mandado de entrega (quando se
tratar de bens móveis) ou a carta de arrematação (quando se tratar de bens imóveis).
E se o prazo for ultrapassado, o interessado pode ainda fazer suas alegações? A resposta
é positiva, mas é necessário que haja propositura de ação anulatória de arrematação:

CPC
Art. 903. (...)
§ 4º Após a expedição da carta de arrematação ou da ordem de entrega, a invalidação da arre-
matação poderá ser pleiteada por ação autônoma, em cujo processo o arrematante figurará como
litisconsorte necessário.

O TST entende que o prazo para a propositura dessa demanda é de 2 anos, aplicando o art.
179 do Código Civil:

CC
Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleite-
ar-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato.

Veja esse julgado sobre o tema:

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. EXECUÇÃO. AÇÃO ANULATÓRIA.


ARREMATAÇÃO. DECADÊNCIA. O Regional manteve a sentença que pronunciou a deca-
dência e decretou a extinção do feito com resolução de mérito, nos termos do art. 487,
II, do CPC/2015, sob o fundamento de que a ação anulatória de arrematação, proposta
nos moldes estabelecidos pelo art. 966, § 4º do Código de Processo Civil/2015, antigo
486 do CPC/73, submete-se ao prazo decadencial de 2 (dois) anos previsto no art. 179,
do Código Civil, contado da data da expedição da carta de arrematação em 9/6/2009
e já exaurido ao tempo da propositura da ação aos 4/5/2015. (...) Desse modo, não há
como afastar a pronúncia da decadência do pedido autoral, nos moldes do artigo 179 do
Código Civil. (...) (AIRR – 514-98.2015.5.06.0271, Relatora Ministra: Dora Maria da Costa,
Data de Julgamento: 07/03/2018, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 09/03/2018)

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Quanto à impugnação à adjudicação, ela deve ser apresentada antes da assinatura do auto
de adjudicação, por força do art. 877, caput, do CPC:

CPC
Art. 877. Transcorrido o prazo de 5 (cinco) dias, contado da última intimação, e decididas eventuais
questões, o juiz ordenará a lavratura do auto de adjudicação.

Essa parte em que se menciona “decididas eventuais questões” refere-se inclusive ao jul-
gamento de eventual impugnação à adjudicação.
A decisão do juiz sobre a impugnação desafia agravo de petição.

2.3. Desistência do Arrematante


O arrematante pode desistir da arrematação em determinadas situações indicadas no art.
903, § 5º, do CPC:

CPC
Art. 903. (...)
§ 5º O arrematante poderá desistir da arrematação, sendo-lhe imediatamente devolvido o depósito
que tiver feito:
I – se provar, nos 10 (dez) dias seguintes, a existência de ônus real ou gravame não mencionado no
edital;
II – se, antes de expedida a carta de arrematação ou a ordem de entrega, o executado alegar alguma
das situações previstas no § 1º;
III – uma vez citado para responder a ação autônoma de que trata o § 4º deste artigo, desde que
apresente a desistência no prazo de que dispõe para responder a essa ação.

Se desistir da arrematação, nesses casos, o arrematante recebe de volta os valores


depositados.
Portanto, é muito importante que os recursos derivados da alienação somente sejam utili-
zados para pagamento do crédito exequendo depois da expedição do mandado de entrega de
bem (móvel) ou carta de arrematação (imóvel).

3. Embargos de Terceiro
3.1. Generalidades
Trata-se de ação de conhecimento incidental proposta por terceiro que teve seus bens
atingidos por ato judicial ou cujos bens estão sob risco iminente de serem afetados. Busca-se
livrar o bem da medida judicial aplicada.
Assim, por exemplo, no curso da execução, se houver uma penhora de um bem que se
acreditava ser do executado, mas, na verdade, era de terceiro (pessoa alheia à execução), pode
esse terceiro ajuizar embargos.

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Dizemos ser demanda incidental porque ela ocorre quando existe um outro processo em
curso no qual o bem foi atingido ou está sob o risco de o ser.
A matéria não se encontra no texto celetista, mas no art. 674 e seguintes do CPC:

CPC
Art. 674. Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de constrição sobre
bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo, poderá requerer
seu desfazimento ou sua inibição por meio de embargos de terceiro.

O terceiro pode ser proprietário do bem ou mesmo possuidor do bem:

CPC
Art. 674. (...)
§ 1º Os embargos podem ser de terceiro proprietário, inclusive fiduciário, ou possuidor.

Além disso, pode ainda ser considerado terceiro legitimado para os embargos aqueles des-
critos no art. 674, § 2º, do CPC:

CPC
Art. 674. (...)
§ 2º Considera-se terceiro, para ajuizamento dos embargos:
I – o cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de bens próprios ou de sua meação, ressal-
vado o disposto no art. 843;
II – o adquirente de bens cuja constrição decorreu de decisão que declara a ineficácia da alienação
realizada em fraude à execução;
III – quem sofre constrição judicial de seus bens por força de desconsideração da personalidade
jurídica, de cujo incidente não fez parte;
IV – o credor com garantia real para obstar expropriação judicial do objeto de direito real de garantia,
caso não tenha sido intimado, nos termos legais dos atos expropriatórios respectivos.

No primeiro caso (art. 674, § 2º, I, do CPC), imagine que valores tenham sido penhorados
em uma execução contra João. Todavia, a sua esposa entende que metade desse dinheiro lhe
pertence, razão pela qual embarga de terceiro.
A ressalva ao art. 843 do CPC decorre do fato de que, se o bem penhorado for indivisível,
haverá alienação de todo o bem na hasta pública, sendo que a meação recairá sobre o produto
da venda. Assim, o juiz verifica qual era o valor equivalente à meação antes hasta e, após a arre-
matação assegura que aquele valor seja entregue ao cônjuge ou companheiro não executado:

CPC
Art. 843. Tratando-se de penhora de bem indivisível, o equivalente à quota-parte do coproprietário
ou do cônjuge alheio à execução recairá sobre o produto da alienação do bem.

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E se o valor da venda não for suficiente para pagar a meação do cônjuge ou companhei-
ro não executado? Nesse caso, o juiz não vai admitir a alienação, não assinando o auto de
arrematação:

CPC
Art. 843. (...)
§ 2º Não será levada a efeito expropriação por preço inferior ao da avaliação na qual o valor auferido
seja incapaz de garantir, ao coproprietário ou ao cônjuge alheio à execução, o correspondente à sua
quota-parte calculado sobre o valor da avaliação.

No segundo caso (art. 674, § 2º, II, do CPC), pense em uma execução em que, no seu curso,
o executado vende um bem móvel para Joaquim (terceiro). O juiz, então, considera que houve
fraude à execução, visto que não sobraram outros bens a serem executados, e determina pe-
nhora do móvel. O adquirente ajuíza embargos de terceiro para impugnar a fraude reconhecida.
No terceiro caso (art. 674, § 2º, III, do CPC), o juiz, diante da inexistência de bens da
pessoa jurídica, desconsidera a personalidade jurídica e volta execução contra o sócio Luís,
mediante o incidente de desconsideração da personalidade jurídica na forma do art. 133 e se-
guintes do CPC. Todavia, acaba sendo penhorado o bem da sócia Mariana, que não fez parte
do incidente e não foi, portanto, incluída na execução. Nessa hipótese, pode Mariana ajuizar
embargos de terceiro.
No quarto caso (art. 674, § 2º, IV, do CPC), na execução foi penhorado e vendido em leilão
judicial um imóvel sobre o qual havia hipoteca, sendo que o credor hipotecário (banco, por
exemplo) não foi intimado da penhora. Pode esse credor entrar com embargos de terceiro.
Um outro caso que é admitido na jurisprudência decorre da posse oriunda de compromisso
de compra e venda de imóvel, ainda que não tenha sido registrado esse compromisso.
Imagine, por exemplo, que o executado assinou um compromisso de compra e venda de
um imóvel para um terceiro, sendo que esse terceiro está pagando as parcelas assumidas
na condição de promitente comprador. Como imóvel ainda consta em nome do promitente
vendedor (ora executado), a penhora recaiu sobre esse bem. Pode esse terceiro (promitente
comprador) ajuizar embargos de terceiro. Leia a Súmula 84 do STJ:

Súmula 84 do STJ
É admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em alegação de posse advinda
do compromisso de compra e venda de imóvel, ainda que desprovido do registro.

E até que momento podem ser ajuizados os embargos de terceiro?


O art. 675, caput, do CPC explica o prazo:

CPC
Art. 675. Os embargos podem ser opostos a qualquer tempo no processo de conhecimento en-
quanto não transitada em julgado a sentença e, no cumprimento de sentença ou no processo de
execução, até 5 (cinco) dias depois da adjudicação, da alienação por iniciativa particular ou da arre-
matação, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta.

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3.2. Procedimento
Os embargos de terceiro, sendo uma ação, tem início com a petição inicial:

CPC
Art. 677. Na petição inicial, o embargante fará a prova sumária de sua posse ou de seu domínio e da
qualidade de terceiro, oferecendo documentos e rol de testemunhas.
§ 1º É facultada a prova da posse em audiência preliminar designada pelo juiz.

Registre-se que, no Processo do Trabalho, não é necessário rol de testemunhas, já que as


testemunhas podem comparecer espontaneamente à audiência que venha a ser marcada.
Os embargos de terceiro serão encaminhados (distribuídos) para o juízo da execução que
proferiu o ato judicial que atingiu o bem de terceiro (fala-se que o juízo está prevento e o pro-
cesso será distribuído por dependência):

CPC
Art. 676. Os embargos serão distribuídos por dependência ao juízo que ordenou a constrição e au-
tuados em apartado.

Os embargados, no caso de o ato ter sido realizado na execução, serão o exequente (bene-
ficiado pelo ato) e executado se foi ele quem indicou o bem para penhora:

CPC
Art. 677. (...)
§ 4º Será legitimado passivo o sujeito a quem o ato de constrição aproveita, assim como o será seu
adversário no processo principal quando for sua a indicação do bem para a constrição judicial.

Os executados serão citados (comunicados) através de seus advogados para contestar


em 15 (quinze) dias. Se não tiverem advogados, a citação será pessoal:

CPC
Art. 677. (...)
§ 3º A citação será pessoal, se o embargado não tiver procurador constituído nos autos da ação
principal.
Art. 679. Os embargos poderão ser contestados no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual se seguirá
o procedimento comum.

Vale lembrar de que, se convencendo o juiz de que existe risco para o direito do terceiro,
pode ele determinar, em liminar e enquanto o processo de embargos tramita, a suspensão dos
atos em relação àquele bem e até mesmo a manutenção ou a reintegração da posse:

CPC
Art. 678. A decisão que reconhecer suficientemente provado o domínio ou a posse determinará a
suspensão das medidas constritivas sobre os bens litigiosos objeto dos embargos, bem como a
manutenção ou a reintegração provisória da posse, se o embargante a houver requerido.

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Parágrafo único. O juiz poderá condicionar a ordem de manutenção ou de reintegração provisória


de posse à prestação de caução pelo requerente, ressalvada a impossibilidade da parte economica-
mente hipossuficiente.

O juiz pode designar audiência, se for necessário.


Apresentada a defesa e realizada eventual audiência, o juiz julga os embargos de terceiro.
Se verificar que já houve violação da posse ou da propriedade pelo ato, determinará as medi-
das para regularizar a situação, inclusive desfazendo penhora ou invalidando a arrematação
ou adjudicação que por ventura tenha acontecido:

CPC
Art. 681. Acolhido o pedido inicial, o ato de constrição judicial indevida será cancelado, com o reco-
nhecimento do domínio, da manutenção da posse ou da reintegração definitiva do bem ou do direito
ao embargante.

Aqui vale um registro: pode ocorrer de a execução estar sendo realizada por carta preca-
tória e, nessa execução, ocorrer ato que atinja bem de terceiro (ex. penhora). Qual seria o local
para se ajuizar os embargos de terceiro? No juízo deprecante (que expediu a carta) ou no juízo
deprecado (que está cumprindo a carta)? O legislador processual civil fixou uma regra:

CPC
Art. 676. (...)
Parágrafo único. Nos casos de ato de constrição realizado por carta, os embargos serão oferecidos
no juízo deprecado, salvo se indicado pelo juízo deprecante o bem constrito ou se já devolvida a
carta.

Os embargos serão apresentados no juízo deprecado, exceto se o bem atingido foi indi-
cado pelo deprecante ou se a carta já foi devolvida, quando então o juízo deprecante é quem
receberá e julgará esses embargos.
Aliás, o Tribunal Superior do Trabalho inclusive editou a Súmula 419 no mesmo sentido:

Súmula 419 do TST


COMPETÊNCIA. EMBARGOS DE TERCEIRO. EXECUÇÃO POR CARTA PRECATÓRIA. JUÍZO
DEPRECADO. (alterada em decorrência do CPC de 2015) – Res. 212/2016, DEJT divul-
gado em 20, 21 e 22.09.2016
Na execução por carta precatória, os embargos de terceiro serão oferecidos no juízo
deprecado, salvo se indicado pelo juízo deprecante o bem constrito ou se já devolvida a
carta (art. 676, parágrafo único, do CPC de 2015).

002. (CESPE/CEBRASPE/PREFEITURA DE CAMPO GRANDE-MS/PROCURADOR MUNICI-


PAL/2019) De acordo com a jurisprudência consolidada do Tribunal Superior do Trabalho, jul-
gue o item subsequente.
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Na execução trabalhista por carta precatória, se indicado pelo juízo deprecante o bem cons-
trito ou se já devolvida a carta, os embargos de terceiro serão oferecidos no juízo deprecante.

São as exceções da Súmula 419 do TST.


Certo.

4. Fraude à Execução
As hipóteses de fraude à execução constam expressamente na lei. No âmbito do CPC,
existem diversas hipóteses.
As alienações de bens são consideradas fraude à execução na forma do art. 792 do CPC:

CPC
Art. 792. A alienação ou a oneração de bem é considerada fraude à execução:
I – quando sobre o bem pender ação fundada em direito real ou com pretensão reipersecutória,
desde que a pendência do processo tenha sido averbada no respectivo registro público, se houver;
II – quando tiver sido averbada, no registro do bem, a pendência do processo de execução, na forma
do art. 828;
III – quando tiver sido averbado, no registro do bem, hipoteca judiciária ou outro ato de constrição
judicial originário do processo onde foi arguida a fraude;
IV – quando, ao tempo da alienação ou da oneração, tramitava contra o devedor ação capaz de
reduzi-lo à insolvência;
V – nos demais casos expressos em lei.
§ 1º A alienação em fraude à execução é ineficaz em relação ao exequente.

O caso do inciso do art. 792, I, do CPC não possui relação com o Processo do Trabalho.
Imagine que existe uma ação cível discutindo a propriedade do bem e a existência dessa ação
esteja averbada no registro público de Imóveis. Se a pessoa apontada como proprietária alie-
nar esse bem e posteriormente perder a ação judicial, então essa alienação é tida como fraude
à execução.
Na hipótese do art. 792, II, do CPC, haverá fraude à execução se ocorreu averbação premo-
nitória e o executado vendeu o bem após essa averbação. O que seria a averbação premonitó-
ria? Veja o disposto no art. 828, caput e § 1º, do CPC:

CPC
Art. 828. O exequente poderá obter certidão de que a execução foi admitida pelo juiz, com identifi-
cação das partes e do valor da causa, para fins de averbação no registro de imóveis, de veículos ou
de outros bens sujeitos a penhora, arresto ou indisponibilidade.
§ 1º No prazo de 10 (dez) dias de sua concretização, o exequente deverá comunicar ao juízo as
averbações efetivadas.

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Assim, o exequente pode obter uma certidão de que a execução foi iniciada e averbar a
existência dessa execução em relação a imóvel (no Registro de Imóveis), a veículo (no Detran)
ou de outros bens que possuam registros ou cadastros públicos.
Essa averbação torna pública a existência da execução, permitindo que o eventual terceiro
adquirente saiba do risco que está correndo quando compra esse bem:

CPC
Art. 799. Incumbe ainda ao exequente:
IX – proceder à averbação em registro público do ato de propositura da execução e dos atos de
constrição realizados, para conhecimento de terceiros.

Se o bem for alienado após essa averbação, então haverá fraude à execução:

CPC
Art. 828. (...)
§ 4º Presume-se em fraude à execução a alienação ou a oneração de bens efetuada após a averba-
ção.

Quanto ao art. 792, III, do CPC, se houver sido formalizada a hipoteca judiciária sobre o
bem no Registro de Imóveis e esse bem for vendido a terceiro, então o terceiro tinha plena
ciência do gravame. Logo, haverá fraude à execução. E o que seria essa hipoteca judiciária?
Trata-se de previsão do art. 495 do CPC que foi examinada no capítulo sobre sentença.
A grande polêmica envolve o art. 792, IV, do CPC. O que seria uma ação capaz de reduzi-lo
à insolvência? Poderia ser uma mera ação de conhecimento contra a empresa? Teria que haver
uma execução em curso? Ou teria que haver a penhora de um bem devidamente registrada?
O Superior Tribunal de Justiça entende que a presunção de fraude à execução ocorre se
houve registro da penhora antes da alienação do bem, exceto se ficar provada a má-fé do ter-
ceiro adquirente. Observe a Súmula 375 do STJ:

Súmula 375 do STJ


O reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do bem alie-
nado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente.

Logo, sem o devido registro da penhora, somente quando comprovada a má-fé do terceiro
adquirente (que sabia da execução, mas dolosamente decidiu prosseguir com o negócio, com-
pactuando com a má-fé do devedor) é que se pode falar e fraude à execução. O TST segue a
mesma linha:

(...) B) RECURSO DE REVISTA. EXECUÇÃO. FRAUDE À EXECUÇÃO. Conforme se depre-


ende da decisão recorrida, houve presunção de fraude à execução, pois, quando o pai da

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terceira embargante adquiriu o imóvel objeto da penhora e de posterior registro em nome


da recorrente, não havia nenhum registro de restrição de transferência com relação ao
bem. É importante destacar que o Superior Tribunal de Justiça possui entendimento juris-
prudencial de não ser presumível a fraude a partir da mera existência de ações judiciais
que possam levar o devedor à insolvência, mas sim quando houver o registro da penhora
do bem ou quando for demonstrada a má-fé do terceiro adquirente. Nesse sentido, a
Súmula n. 375 do STJ. (...)” (RRAg-10449-72.2016.5.03.0058, 8ª Turma, Relatora Ministra
Dora Maria da Costa, DEJT 07/08/2020).
“RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI N. 13.015/2014. FRAUDE À
EXECUÇÃO. INEXISTÊNCIA DE REGISTRO DE PENHORA OU PROVA DE MÁ-FÉ. TERCEIRO
DE BOA-FÉ. A jurisprudência do TST, no entanto, é no sentido de que não há fraude à exe-
cução quando inexiste qualquer registro de penhora ou restrição no registro de imóveis,
na oportunidade da alienação do bem, e quando não comprovada de forma cabal a má-fé
do terceiro adquirente. Deste modo, o fato de não ter havido comprovação da realização
de diligências em relação à comarca de Sorocaba, bem como o conhecimento prévio de
que o vendedor era empresário não demonstra cabalmente a existência de má-fé por
parte do adquirente do bem, devendo ser presumida a sua boa-fé na aquisição do bem
objeto de penhora e, consequentemente, descaracterizada a suposta fraude à execução,
sob pena de ofensa à Constituição Federal. Recurso de revista conhecido e provido” (RR-
12357-47.2016.5.15.0086, 2ª Turma, Relatora Ministra Maria Helena Mallmann, DEJT
21/06/2019).

No que tange especificamente a imóveis, essa lógica é confirmada pelo art. 54 da Lei
13.097/15, cuja finalidade foi dar mais segurança às transações imobiliárias em relação aos
terceiros de boa-fé:

Lei 13.097/15
Art. 54. Os negócios jurídicos que tenham por fim constituir, transferir ou modificar direitos reais so-
bre imóveis são eficazes em relação a atos jurídicos precedentes, nas hipóteses em que não tenham
sido registradas ou averbadas na matrícula do imóvel as seguintes informações:
I – registro de citação de ações reais ou pessoais reipersecutórias;
II – averbação, por solicitação do interessado, de constrição judicial, do ajuizamento de ação de exe-
cução ou de fase de cumprimento de sentença, procedendo-se nos termos previstos do art. 615-A
da Lei n. 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil;
III – averbação de restrição administrativa ou convencional ao gozo de direitos registrados, de indis-
ponibilidade ou de outros ônus quando previstos em lei; e
IV – averbação, mediante decisão judicial, da existência de outro tipo de ação cujos resultados ou
responsabilidade patrimonial possam reduzir seu proprietário à insolvência, nos termos do inciso II
do art. 593 da Lei n. 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil.

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Parágrafo único. Não poderão ser opostas situações jurídicas não constantes da matrícula no Re-
gistro de Imóveis, inclusive para fins de evicção, ao terceiro de boa-fé que adquirir ou receber em
garantia direitos reais sobre o imóvel, ressalvados o disposto nos arts. 129 e 130 da Lei n. 11.101,
de 9 de fevereiro de 2005, e as hipóteses de aquisição e extinção da propriedade que independam
de registro de título de imóvel.

No entanto, no caso da grande maioria dos bens móveis, não existe um registro ou cadas-
tro público. Então, como definir a boa-fé de terceiro? O art. 828, § 2º, do CPC especifica medi-
das que demonstrariam a boa-fé do terceiro adquirente:

CPC
Art. 828. (...)
§ 2º No caso de aquisição de bem não sujeito a registro, o terceiro adquirente tem o ônus de provar
que adotou as cautelas necessárias para a aquisição, mediante a exibição das certidões pertinen-
tes, obtidas no domicílio do vendedor e no local onde se encontra o bem.

Se o terceiro tirou todas as certidões e não constatou nenhum risco, então não se pode
falar em fraude à execução.
Outra hipótese de fraude à execução pode ser vista no art. 137 do CPC, que versa sobre
desconsideração da personalidade jurídica. A norma é clara ao indicar que a alienação opera-
da pelo sócio configura fraude:

CPC
Art. 137. Acolhido o pedido de desconsideração, a alienação ou a oneração de bens, havida em
fraude de execução, será ineficaz em relação ao requerente.

Aliás, o art. 792, V, do CPC autoriza que haja outras hipóteses de fraude à execução.
Ressalte-se que, quando ocorre fraude à execução, a alienação é considerada ineficaz em
relação ao credor:

CPC
Art. 792. (...)
§ 1º A alienação em fraude à execução é ineficaz em relação ao exequente.

Isso significa que o juiz pode, no processo executivo, declarar ineficácia da alienação, de-
terminando a penhora do bem alienado nos mesmos autos. Não é necessário que haja uma
ação de conhecimento separada para tanto.
E quando ocorre alienação em fraude contra credores? A fraude contra credores não se
confunde com fraude à execução e pressupõe processo de conhecimento específico, qual seja
a ação pauliana. No entanto, a Justiça do Trabalho não é competente para a ação pauliana:

RECURSO DE REVISTA. AÇÃO PAULIANA. INCOMPETÊNCIA MATERIAL DA JUSTIÇA DO


TRABALHO. FRAUDE CONTRA CREDORES. AÇÃO DE NATUREZA CIVIL. O pedido de anulação

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de alienação de bem imóvel, negócio jurídico bilateral, praticado em fraude contra credo-
res, com o objetivo de resguardar bens para o pagamento de créditos trabalhistas supos-
tamente devidos, não está inserido na competência desta Justiça Especializada, por
não se tratar de controvérsia decorrente de relação de trabalho. Precedentes. Recurso
de Revista não conhecido. (RR – 1068-21.2016.5.09.0657, Relatora Ministra: Maria de
Assis Calsing, Data de Julgamento: 07/03/2018, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT
09/03/2018)

Um ponto muito comum envolve alegação de fraude à execução quando sócio vende um
bem próprio antes mesmo de haver redirecionamento da execução trabalhista contra ele. Nes-
se caso, como não houve sequer redirecionamento do feito executivo para o sócio, não há que
se falar em fraude à execução, sobretudo se não for evidenciada qualquer má-fé do terceiro
adquirente. Veja esse julgado do TST:

“(...) DAÇÃO EM PAGAMENTO DE IMÓVEL PERTENCENTE AOS SÓCIOS ANTERIORMENTE


AO REDIRECIONAMENTO DA EXECUÇÃO. ALIENAÇÕES SUCESSIVAS. ADQUIRENTES DE
BOA-FÉ. FRAUDE À EXECUÇÃO. NÃO CARACTERIZAÇÃO. (...) Portanto, não há margem
para conclusão de fraude à execução pelo simples fato de existir ação tramitando contra
a pessoa jurídica da qual os sócios proprietários faziam parte. Além disso, presumiu-se
a má-fé dos terceiros adquirentes do imóvel, em desacordo com a jurisprudência mansa
dessa Corte Superior à época. Sobre o tema, consagrou-se nesse Tribunal o entendi-
mento segundo o qual “o reconhecimento da fraude à execução depende do registro da
penhora do bem alienado ou da prova da má-fé do terceiro adquirente”, que equivale à
Súmula 375 do Superior Tribunal de Justiça. (...)” (RO-10198-66.2013.5.02.0000, Subse-
ção II Especializada em Dissídios Individuais, Relatora Ministra Maria Helena Mallmann,
DEJT 06/03/2020).

5. Atos Atentatórios à Dignidade de Justiça


Existem condutas que são extremamente reprováveis e o legislador considera as mesmas
atentatórias à dignidade da Justiça. Observe o art. 774 do CPC:

CPC
Art. 774. Considera-se atentatória à dignidade da justiça a conduta comissiva ou omissiva do exe-
cutado que:
I – frauda a execução;
II – se opõe maliciosamente à execução, empregando ardis e meios artificiosos;
III – dificulta ou embaraça a realização da penhora;
IV – resiste injustificadamente às ordens judiciais;
V – intimado, não indica ao juiz quais são e onde estão os bens sujeitos à penhora e os respectivos
valores, nem exibe prova de sua propriedade e, se for o caso, certidão negativa de ônus.

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O juiz, diante dessas ocorrências, adverte a parte de que sua conduta configura ato atenta-
tório, de maneira a fazer com que a parte voluntariamente cesse essa atividade nociva:

CPC
Art. 772. O juiz pode, em qualquer momento do processo:
II – advertir o executado de que seu procedimento constitui ato atentatório à dignidade da justiça;

Se insistir na irregularidade, o juiz procede à aplicação de multa que se encontra no pará-


grafo único do preceito:

CPC
Art. 774. (...)
Parágrafo único. Nos casos previstos neste artigo, o juiz fixará multa em montante não superior
a vinte por cento do valor atualizado do débito em execução, a qual será revertida em proveito do
exequente, exigível nos próprios autos do processo, sem prejuízo de outras sanções de natureza
processual ou material.

6. Extinção da Execução
A execução pode ser extinta por diversos fundamentos. O legislador explicitou diversos
motivos no art. 924 do CPC:

CPC
Art. 924. Extingue-se a execução quando:
I – a petição inicial for indeferida;
II – a obrigação for satisfeita;
III – o executado obtiver, por qualquer outro meio, a extinção total da dívida;
IV – o exequente renunciar ao crédito;
V – ocorrer a prescrição intercorrente.

No caso do inciso I, o legislador normalmente se refere à execução do título extrajudicial.


Pode ocorrer de a petição inicial constar vícios insuperáveis, quando então haverá a extinção
da execução iniciada. Imagine que o trabalhador queira executar um cheque sem fundos rece-
bido do empregador, mas não explica a ligação entre o cheque e a relação laboral. Essa expli-
cação é fundamental para definir a competência da Justiça do Trabalho. Se o exequente não
emendar a petição inicial, o juiz indeferirá a peça e a execução será extinta.
Na hipótese do inciso II, suponha que a execução foi bem sucedida com o pagamento total
do exequente. Logo, haverá extinção para satisfação da obrigação do executado.
Quanto ao inciso III, suponha que o executado conseguiu o perdão da dívida pelo credor
trabalhista, o qual decidiu promover a remissão da obrigação patronal. A obrigação pode ser
extinta pela remissão (art. 385 do CC).

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No que tange ao inciso IV, poderia o empregador que venceu uma ação de indenização por
danos materiais causados pelo empregado renunciar seu crédito.
O último inciso refere-se à prescrição intercorrente, cuja matéria foi analisada no capítulo
sobre prescrição.
Claro que esse rol é meramente exemplificativo, uma vez que existem outras situações
que permitem a extinção da execução, como ocorre por exemplo com a nulidade da citação do
processo de conhecimento, a ilegitimidade da parte etc.
A execução é extinta através de uma sentença:

CPC
Art. 925. A extinção só produz efeito quando declarada por sentença.

7. Execução contra a Fazenda Pública


7.1. Generalidades
Quando se fala em Fazenda Pública, é necessário definir inicialmente quais são as pesso-
as jurídicas de que está se tratando. O caso é simples. O termo “Fazenda Pública” refere-se às
pessoas jurídicas de direito público interno.
Nesse ponto, vale lembrar a previsão do art. 41 do Código Civil:

CC
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:
I – a União;
II – os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
III – os Municípios;
IV – as autarquias, inclusive as associações públicas;
V – as demais entidades de caráter público criadas por lei.

Assim, quando se menciona Fazenda Pública, trata-se dos entes públicos da Administra-
ção Direta (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) e determinadas entidades da Admi-
nistração Indireta (Autarquias e demais entidades de caráter público criadas por lei). Exemplo
de demais entidades de caráter público criadas por lei seria a Fundação Pública de Direito
Público (ex.: UnB – Fundação Universidade de Brasília – FUB).
Passa-se, então, aos títulos executivos. Como já estudamos, existem dois tipos de títulos
executivos, os judiciais e os extrajudiciais.
Quanto aos títulos executivos extrajudiciais, não se verifica, na prática processual trabalhis-
ta, tais entidades/entes assinando termo de conciliação na Comissão de Conciliação Prévia,
nota promissória ou cheque.
Entretanto, ainda resta a possibilidade de Termo de Ajustamento de Conduta assinado pe-
rante o Ministério Público do Trabalho. Um Município, por exemplo, pode assinar esse termo
para adequar sua conduta, a qual estava irregular no que se refere às relações de trabalho.

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No que tange ao título executivo judicial, este certamente é o título mais comum no Pro-
cesso do Trabalho contra a Fazenda Pública. Como se sabe, as sentenças e acórdãos conde-
natórios são bastante comuns.
Outro ponto deve ser analisado: a natureza da obrigação assumida ou imposta à Fazen-
da Pública.
Se a obrigação é de fazer, não fazer ou de entregar algo, a execução segue um procedi-
mento. Se a obrigação imposta for de pagar, a execução terá uma sistemática diferente. Vere-
mos mais adiante nos tópicos apropriados.

E quais são as regras aplicáveis na execução de valores contra a Fazenda Pública na Jus-
tiça do Trabalho?

Em primeiro lugar, registre-se que há uma regra geral de qualquer execução de crédito tra-
balhista no art. 889 da CLT:

CLT
Art. 889. Aos trâmites e incidentes do processo da execução são aplicáveis, naquilo em que não
contravierem ao presente Título, os preceitos que regem o processo dos executivos fiscais para a
cobrança judicial da dívida ativa da Fazenda Pública Federal.

Portanto, em uma execução trabalhista normal, diante da existência de lacuna normativa e


de forma subsidiária, incidem as normas que cuidam da execução fiscal de créditos da União
(sendo a principal dessas leis é a LEF – Lei 6.830/80). Contudo, essas regras executivas de
dívidas inscritas não possuem qualquer norma especial que possa contribuir para a execução
contra a Fazenda Pública. Pelo contrário, são de normas de execução a favor da Fazenda Pú-
blica, matéria diversa da ora estudada.
Logo, resta-nos utilizar, de forma subsidiária, o Código de Processo Civil quando se trata de
execução contra a Fazenda Pública.
De toda sorte, ainda que se entendesse de forma diferente, não há qualquer conflito, visto
que o próprio art. 1º da LEF prevê a incidência subsidiária do Código de Processo Civil:

LEF (Lei 6.830/80)


Art. 1º A execução judicial para cobrança da Dívida Ativa da União, dos Estados, do Distrito Federal,
dos Municípios e respectivas autarquias será regida por esta Lei e, subsidiariamente, pelo Código
de Processo Civil.

7.2. Execução de Obrigação de Fazer, Não Fazer ou Entregar


É possível que a Fazenda Pública seja condenada em uma obrigação de fazer, não fazer
ou de entregar, quando então será citada para cumprir a obrigação imposta no prazo fixado na
decisão exequenda (decisão que está sendo executada).

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Por exemplo, imagine que um empregado público da União tenha sido dispensado quando
ainda estava doente. Sabemos que um dos pressupostos para se promover uma rescisão váli-
da é a aptidão física do empregado. Logo, pode o trabalhador mover uma ação para pedir o re-
conhecimento da nulidade da dispensa e consequente reintegração no emprego. Suponha que
o juiz defira seu pedido na sentença e fixe prazo de 10 dias para a reintegração ser efetivada.
Diante dessa obrigação de fazer, será a União citada para cumprir a obrigação no prazo fixado,
sem prejuízo de poder embargar a execução no prazo de cinco dias contados da citação.
Apenas para relembrar, veja o art. 880, caput, da CLT:

CLT
Art. 880. Requerida a execução, o juiz ou presidente do tribunal mandará expedir mandado de cita-
ção do executado, a fim de que cumpra a decisão ou o acordo no prazo, pelo modo e sob as comi-
nações estabelecidas ou (...)

É possível a execução provisória de obrigações de fazer, não fazer ou entregar, o que, por
evidente, em nada se relaciona com o regime de precatórios. Leia a Tese do Tema 45 da Lista
de Repercussão Geral:

Tese do Tema 45 da Lista de Repercussão Geral


A execução provisória de obrigação de fazer em face da Fazenda Pública não atrai o
regime constitucional dos precatórios.

Quanto às matérias passíveis de alegação nos embargos a execução, veremos mais adiante.

7.3. Execução de Obrigação de Pagar


A decisão pode impor uma condenação da Fazenda Pública a pagar valores ao autor da
ação, situação essa na qual existe muita diferença para a execução trabalhista convencional.
Isso se explica pelo fato de que não podemos penhorar bens públicos, tampouco podemos
penhorar recursos públicos (bloquear valores da conta da Fazenda Pública e vinculá-las ao
processo em uma conta judicial), uma vez que esses bens possuem proteção legal e o dinhei-
ro já possui destinação definida na legislação orçamentária. Haveria enorme prejuízo para a
população que sofreria ainda mais com a precarização dos serviços públicos.
Por outro lado, não podemos deixar de obrigar a Fazenda Pública condenada a respeitar as
decisões judiciais, forçando o pagamento do que é devido ao titular do crédito.
Assim, qual foi o método adotado pelo legislador constitucional? Depende do valor do dé-
bito. A análise será feita por partes.

7.3.1. Requisição de Pequeno Valor

Se o crédito for considerado como pequeno valor, a Fazenda Pública pagará através de
requisição de pequeno valor.

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a) Generalidades

Se o débito for de pequeno valor, não há a necessidade de expedição de precatório. Ocor-


rerá a expedição da chamada Requisição de Pequeno Valor (RPV) e não expedição de preca-
tório, conforme art. 100, § 3º, da Constituição Federal:

CF
Art. 100. (...)
§ 3º O disposto no caput deste artigo relativamente à expedição de precatórios não se aplica aos
pagamentos de obrigações definidas em leis como de pequeno valor que as Fazendas referidas
devam fazer em virtude de sentença judicial transitada em julgado.

Em primeiro lugar, é necessário entender o conceito de pequeno valor. Nesse particular, leia
o disposto no art. 100, § 4º, da Constituição Federal:

CF
Art. 100. (...)
§ 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser fixados, por leis próprias, valores distintos às enti-
dades de direito público, segundo as diferentes capacidades econômicas, sendo o mínimo igual ao
valor do maior benefício do regime geral de previdência social.

Assim, cada ente público (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) pode estipular, por lei,
o valor limite para ser considerado pequeno valor, desde que o valor não seja inferior à quantia
do maior benefício pago no regime geral da previdência. Isso, quer dizer, que o valor do maior
benefício pago pelo INSS será o mínimo a ser considerado pela lei federal, estadual, distrital ou
municipal que vier a ser editada.

Enquanto não for editada essa lei pelo ente público respectivo, devemos seguir o disposto
no art. 87 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias:

ADCT
Art. 87. Para efeito do que dispõem o § 3º do art. 100 da Constituição Federal e o art. 78 deste Ato
das Disposições Constitucionais Transitórias serão considerados de pequeno valor, até que se dê a
publicação oficial das respectivas leis definidoras pelos entes da Federação, observado o disposto
no § 4º do art. 100 da Constituição Federal, os débitos ou obrigações consignados em precatório
judiciário, que tenham valor igual ou inferior a:
I – quarenta salários-mínimos, perante a Fazenda dos Estados e do Distrito Federal;
II – trinta salários-mínimos, perante a Fazenda dos Municípios.

Logo, se não houver lei estadual ou distrital, o limite máximo para pequeno valor será de
40 salários-mínimos para os Estados e o Distrito Federal.

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No caso dos Municípios, se não houver lei municipal apontando valor diverso, serão 30
salários-mínimos.
Quanto à União, o limite é 60 salários-mínimos, conforme art. 17, § 1º, da Lei 10.259/01:

Lei 10.259/01
Art. 17. (...)
§ 1º Para os efeitos do § 3º do art. 100 da Constituição Federal, as obrigações ali definidas como de
pequeno valor, a serem pagas independentemente de precatório, terão como limite o mesmo valor
estabelecido nesta Lei para a competência do Juizado Especial Federal Cível (art. 3º, caput).
Art. 3º Compete ao Juizado Especial Federal Cível processar, conciliar e julgar causas de compe-
tência da Justiça Federal até o valor de sessenta salários mínimos, bem como executar as suas
sentenças.

Uma questão é interessante. Se o crédito do exequente ultrapassar o limite do pequeno


valor, será, como regra, integralmente pago por precatório. Entretanto, seria possível ao credor
renunciar (abrir mão) o restante do crédito que ultrapassar o limite para receber apenas o pe-
queno valor sem necessitar de precatório. Veja o art. 87, parágrafo único, do ADCT:

ADCT
Art. 87. (...)
Parágrafo único. Se o valor da execução ultrapassar o estabelecido neste artigo, o pagamento far-
-se-á, sempre, por meio de precatório, sendo facultada à parte exequente a renúncia ao crédito do
valor excedente, para que possa optar pelo pagamento do saldo sem o precatório, da forma prevista
no § 3º do art. 100.

b) Procedimento

A Fazenda Pública será citada para, querendo, apresentar embargos à execução no prazo
legal. Se não forem apresentados embargos à execução ou se os embargos forem rejeitados,
então a Fazenda Pública receberá uma requisição (ordem) para pagamento no prazo de 2 me-
ses. O art. 535, § 3º, II do CPC esclarece:

CPC
Art. 535. (...)
§ 3º Não impugnada a execução ou rejeitadas as arguições da executada:
II – por ordem do juiz, dirigida à autoridade na pessoa de quem o ente público foi citado para o
processo, o pagamento de obrigação de pequeno valor será realizado no prazo de 2 (dois) meses
contado da entrega da requisição, mediante depósito na agência de banco oficial mais próxima da
residência do exequente.

A mesma regra pode ser vista no art. 47 da Resolução 303/19 do CNJ:

Resolução 303/19 do CNJ


Art. 47. O pagamento das requisições de que tratam o art. 17, da Lei n. 10.259/2011, o art. 13, inciso
I, da Lei n. 12.153/2009, e o art. 535, § 3º, inciso II, do Código de Processo Civil será realizado nos
termos do presente Título.

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Execução Trabalhista – Parte II
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§ 1º Considerar-se-á obrigação de pequeno valor aquela definida em lei da entidade federativa deve-
dora, sendo o mínimo igual ao valor do maior benefício do regime geral de previdência social.
§ 2º Inexistindo lei, ou em caso de não observância do disposto no § 4º do art. 100 da Constituição
Federal, considerar-se-á como obrigação de pequeno valor:
I – 60 (sessenta) salários-mínimos, se devedora a fazenda federal;
II – 40 (quarenta) salários-mínimos, se devedora a fazenda estadual ou distrital; e
III – 30 (trinta) salários-mínimos, se devedora a fazenda municipal.
§ 3º Os valores definidos nos termos dos §§ 1º e 2º deste artigo observarão a data do trânsito em
julgado da fase de conhecimento.

O pagamento deve ser feito em conta bancária. Realizado o pagamento, o juiz intimará o
exequente para levantamento dos valores ou promoverá a transferência para uma conta indi-
cada pelo exequente.
Surge, então, uma dúvida: e se os embargos à execução da Fazenda Pública forem par-
ciais? Em outras palavras: e se a Fazenda Pública estiver, nos embargos, questionando apenas
parte dos valores da execução e não ela inteiramente?
Nesse caso, pode o juiz tocar a execução em relação à parte não impugnada e que não será
afetada pelo julgamento dos embargos, promovendo a expedição da ordem (requisição) para
pagamento em dois meses da parte incontroversa. Leia o art. 535, § 4º, do CPC:

CPC
Art. 535. (...)
§ 4º Tratando-se de impugnação parcial, a parte não questionada pela executada será, desde logo,
objeto de cumprimento.

No caso de não ocorrer o pagamento no prazo de 2 meses, o Poder Judiciário está autori-
zado a promover o sequestro de dinheiro nas contas da Fazenda Pública, isto é, determinar o
bloqueio e a transferência de forma compulsória. Nessa direção segue o art. 17, § 2º, da Lei
10.259/01:

Lei 10.259/01
Art. 17. (...)
§ 2º Desatendida a requisição judicial, o Juiz determinará o sequestro do numerário suficiente ao
cumprimento da decisão.

A Resolução 314/2021 do Conselho Superior da Justiça do Trabalho aponta:

Resolução 314/2021 do CSJT


Art. 39. Desatendido o prazo para quitação da RPV, deverá o juízo da execução providenciar, imedia-
ta e independentemente de qualquer requerimento do credor, dispensada a audiência da Fazenda
Pública, o sequestro da verba pública necessária à quitação do débito, por meio do uso da ferramen-
ta eletrônica SISBAJUD, sem prejuízo da adoção das medidas previstas no art. 139, IV, do Código de
Processo Civil.

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Execução Trabalhista – Parte II
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A realização de sequestro nas hipóteses de créditos de pequeno valor não ostenta qual-
quer ilegalidade. Veja a Orientação Jurisprudencial 1 do Tribunal Pleno/Órgão Especial:

OJ 1 do TP/OE
PRECATÓRIO. CRÉDITO TRABALHISTA. PEQUENO VALOR. EMENDA CONSTITUCIONAL
N. 37/2002 (DJ 09.12.2003)
Há dispensa da expedição de precatório, na forma do art. 100, § 3º, da CF/1988, quando
a execução contra a Fazenda Pública não exceder os valores definidos, provisoriamente,
pela Emenda Constitucional n. 37/2002, como obrigações de pequeno valor, inexistindo
ilegalidade, sob esse prisma, na determinação de sequestro da quantia devida pelo ente
público.

c) Pluralidade de Credores

Quando existe um litisconsórcio ativo (várias pessoas como autoras de uma ação), será
que os valores devem ser considerados em relação a cada um para se falar em precatório ou
requisição de pequeno valor? Ou se deve considerar o valor total de todos os exequentes?
Imagine que João, Maria, Joaquim e Suze, empregados públicos, ajuizaram ação trabalhis-
ta contra a União e obtiveram uma condenação no valor total de 100 vezes o salário mínimo.
Entretanto, considerando o crédito individual, todos teriam direito a valores inferiores a 60 sa-
lários mínimos, exceto Suze, cujo crédito seria cerca de 65 salários mínimos.
Nesse quadro, atualmente, deve-se considerar cada crédito individualmente e não a soma
dos créditos dos litisconsortes. Logo, no exemplo, o crédito de Suze seria a única a ser paga
por precatório, ao passo que os créditos de João, Maria e Joaquim seriam pagos como de
pequeno valor.
O Supremo Tribunal Federal deixou clara a necessidade de considerar o crédito individua-
lizado quando emitiu o seguinte julgado com força de precedente vinculante:

REPERCUSSÃO GERAL. DIREITO CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. VEDAÇÃO


CONSTITUCIONAL DE FRACIONAMENTO DE EXECUÇÃO PARA FRAUDAR O PAGAMENTO
POR PRECATÓRIO. ART. 100, § 8º (ORIGINARIAMENTE § 4º), DA CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA. LITISCONSÓRCIO FACULTATIVO SIMPLES. CONSIDERAÇÃO INDIVIDUAL
DOS LITISCONSORTES: CONSTITUCIONALIDADE. RECURSO EXTRAORDINÁRIO AO QUAL
SE NEGA PROVIMENTO. (...) 2. A execução ou o pagamento singularizado dos valores
devidos a partes integrantes de litisconsórcio facultativo simples não contrariam o § 8º
(originariamente § 4º) do art. 100 da Constituição da República. A forma de pagamento,
por requisição de pequeno valor ou precatório, dependerá dos valores isoladamente con-
siderados. 3. Recurso extraordinário ao qual se nega provimento. (RE 568645, Relator(a):
Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 24/09/2014, PUBLIC 13-11-2014)

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A leitura da ementa acima permite compreender adequadamente a tese firmada no Tema


148 da Lista de Repercussão Geral:

Tese do Tema 148 da Lista de Repercussão Geral


A interpretação do § 4º do art. 100, alterado e hoje § 8º do art. 100 da Constituição da
República, permite o pagamento dos débitos em execução nos casos de litisconsórcio
facultativo.

O Tribunal Superior do Trabalho também entende da mesma forma, conforme se consta-


ta na Orientação Jurisprudencial 9 do Tribunal Pleno/Órgão Especial e art. 9º da Resolução
314/2021 do CSJT:

OJ 9 do TP/OE
PRECATÓRIO. PEQUENO VALOR. INDIVIDUALIZAÇÃO DO CRÉDITO APURADO. RECLA-
MAÇÃO TRABALHISTA PLÚRIMA. EXECUÇÃO DIRETA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA.
POSSIBILIDADE (DJ 25.04.2007)
Tratando-se de reclamações trabalhistas plúrimas, a aferição do que vem a ser obriga-
ção de pequeno valor, para efeito de dispensa de formação de precatório e aplicação do
disposto no § 3º do art. 100 da CF/88, deve ser realizada considerando-se os créditos de
cada reclamante.
IN 32/2007 do TST
Art. 7º Na hipótese de reclamação plúrima será considerado o valor devido a cada litis-
consorte, expedindo-se, simultaneamente, se for o caso:
a) requisições de pequeno valor em favor dos exequentes cujos créditos não ultrapassam
os limites definidos no art. 3º desta Instrução; e
b) requisições mediante precatório para os demais credores.

Resolução 314/2021 do CSJT


Art. 9º Na hipótese de reclamação plúrima, será considerado o valor devido a cada litisconsorte,
expedindo-se, simultaneamente, se for o caso:
a) requisições de pequeno valor em favor dos credores cujos créditos não ultrapassam os limites
definidos no art. 38 desta Resolução; e
b) requisições mediante precatório para os demais credores.

O TST aplica essa mesma lógica inclusive quando existe uma substituição processual.
Imagine que o sindicato (representando 1000 empregados públicos) ajuíza ação trabalhis-
ta contra uma autarquia e consegue a condenação em verbas trabalhistas em favor dos empre-
gados substituídos. Na execução, deve-se considerar, para fins de verificar se será precatório
ou pequeno valor, o crédito de cada um dos substituídos (cada um dos trabalhadores). Veja:

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“(...) AÇÃO AJUIZADA POR SINDICATO. SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL. INDIVIDUALIZA-


ÇÃO DO CRÉDITO. EXPEDIÇÃO DE RPV. POSSIBILIDADE. APLICAÇÃO DE MULTA. Esta
Corte firmou entendimento no sentido de que é válida a individualização da execução,
para fins de satisfação do crédito executado por meio de requisição de pequeno valor
(RPV), mesmo nas ações coletivas ajuizadas por sindicato como substituto processual,
tendo em vista não se tratar de fracionamento de precatório, de que trata o artigo 100,
§ 8º, da Constituição Federal, mas tão somente de pagamento de créditos que, separa-
damente, são considerados como de pequeno valor. Considerando a improcedência do
recurso, aplica-se à parte agravante a multa prevista no art. 1.021, § 4º, do CPC. Agravo
não provido, com aplicação de multa” (AgR-AIRR-11-38.2015.5.04.0011, 5ª Turma, Rela-
tor Ministro Breno Medeiros, DEJT 15/02/2019).

Logo, essa premissa não afronta o art. 100, § 8º, da Constituição Federal que impede o
fracionamento do precatório. Essa norma constitucional não permite que parte seja pago em
requisição de pequeno valor e parte seja pago em precatório. A consideração do valor de cada
credor não vulnera essa regra. Essa regra aplica-se ao mesmo credor:

CF
Art. 100. (..)
§ 8º É vedada a expedição de precatórios complementares ou suplementares de valor pago, bem
como o fracionamento, repartição ou quebra do valor da execução para fins de enquadramento de
parcela do total ao que dispõe o § 3º deste artigo.

7.3.2. Precatório

Se o crédito for superior ao considerado como pequeno valor, a Fazenda Pública pagará
através de precatório.

a) Generalidades

Precatório é uma requisição do Poder Judiciário para que um ente público ou uma entidade
de direito público pague uma dívida em um prazo fixado constitucionalmente.
O pagamento do precatório segue uma ordem cronológica, isto é, uma fila cuja posição
depende da época de apresentação do precatório. Leia o art. 100, caput, da CF:

CF
Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais,
em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação
dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas
nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim.

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Essa mesma lógica pode ser vista no art. 1º, caput, da Instrução Normativa 32/2007 do
Tribunal Superior do Trabalho:

IN 32/2007 do TST
Art. 1º Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estadual, Distrital ou Municipal,
em virtude de sentença judicial transitada em julgado, serão realizados exclusivamente na ordem de
apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, na forma da lei.

Na verdade, existem basicamente duas filas de precatórios na prática: a fila dos precató-
rios convencionais e a fila dos precatórios alimentares. Esses últimos envolvem apenas crédi-
tos de natureza alimentar, conforme se extrai do art. 100, § 1º, da CF:

CF
Art. 100. (...)
§ 1º Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles decorrentes de salários, vencimen-
tos, proventos, pensões e suas complementações, benefícios previdenciários e indenizações por
morte ou por invalidez, fundadas em responsabilidade civil, em virtude de sentença judicial transita-
da em julgado, e serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos, exceto sobre aqueles
referidos no § 2º deste artigo.

O fato de um crédito ser alimentar não dispensa a observância do regime de precatórios, o


que inclusive foi reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal na Súmula 655:

Súmula 655 do STF


A exceção prevista no art. 100, caput, da Constituição, em favor dos créditos de natureza
alimentícia, não dispensa a expedição de precatório, limitando-se a isentá-los da obser-
vância da ordem cronológica dos precatórios decorrentes de condenações de outra natu-
reza.

Esse crédito alimentar é considerado preferencial, nos termos do art. 2º, II, da Resolução
303/2019 do Conselho Nacional de Justiça:

Resolução 303/19 do CNJ


Art. 2º Para os fins desta Resolução:
II – crédito preferencial é o de natureza alimentícia previsto no art. 100, § 1º, da Constituição Federal;

Note que existe uma ressalva no final do art. 100, § 1º, da CF. Os créditos de natureza ali-
mentícia são pagos com preferência na ordem em que forem apresentados, apenas perdendo
para os créditos também de natureza alimentícia, mas ainda mais especiais, indicados no art.
100, § 2º, da CF:

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CF
Art. 100. (...)
§ 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares, originários ou por sucessão hereditária, te-
nham 60 (sessenta) anos de idade, ou sejam portadores de doença grave, ou pessoas com defici-
ência, assim definidos na forma da lei, serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos,
até o valor equivalente ao triplo fixado em lei para os fins do disposto no § 3º deste artigo, admitido
o fracionamento para essa finalidade, sendo que o restante será pago na ordem cronológica de
apresentação do precatório.

Esses créditos alimentares superespeciais são denominados “créditos superpreferenciais”


na Resolução 303/19 do CNJ:

Resolução 303/19 do CNJ


Art. 2º Para os fins desta Resolução:
III – crédito superpreferencial é a parcela que integra o crédito de natureza alimentícia, passível de
fracionamento e adiantamento nos termos do art. 100, § 2º, da Constituição Federal e art. 102, § 2º,
do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT;

E quem seria esse idoso, pessoa com deficiência ou portador de doença grave a que se
refere a norma? A resolução do CNJ esclarece:

Resolução 303/19 do CNJ


Art. 11. Para os fins do disposto nesta Seção, considera-se:
I – idoso, o exequente ou beneficiário que conte com sessenta anos de idade ou mais, antes ou após
a expedição do ofício precatório;
II – portador de doença grave, o beneficiário acometido de moléstia indicada no inciso XIV do art.
6º da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, com a redação dada pela Lei no 11.052, de 29 de
dezembro de 2004, ou portador de doença considerada grave a partir de conclusão da medicina
especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída após o início do processo; e
III – pessoa com deficiência, o beneficiário assim definido pela Lei no 13.146, de 6 de julho de 2015.

Assim, por exemplo, se houver um idoso titular de um crédito de natureza alimentar, esse
idoso receberá com prioridade, respeitado o limite de até 3 vezes a quantia que a Fazenda
Pública considera como pequeno valor.
Essa importância de até 3 vezes a quantia do pequeno valor será paga por meio de preca-
tório? A resposta seria negativa, de acordo com a redação anterior da Resolução 303 do CNJ.
Pela Resolução, na redação anterior, seria expedida uma requisição judicial, inclusive com pos-
sibilidade de sequestro se não houver o pagamento:

Resolução 303/19 do CNJ (redação anterior)


Resolução 303/19 do CNJ
Art. 9º Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares, originários ou por sucessão hereditária,
sejam idosos, portadores de doença grave ou pessoas com deficiência, assim definidos na forma
da lei, serão pagos com preferência sobre todos os demais, até a monta equivalente ao triplo fixado

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em lei como obrigação de pequeno valor, admitido o fracionamento do valor da execução para essa
finalidade.
§ 1º A solicitação será apresentada ao juízo da execução devidamente instruída com a prova da
idade, da moléstia grave ou da deficiência do beneficiário.
§ 2º Sobre o pleito será ouvida a parte requerida ou executada, no prazo de cinco dias.
§ 3º Deferido o pedido, o juízo da execução expedirá a requisição judicial de pagamento, distinta de
precatório, necessária à integral liquidação da parcela superpreferencial, limitada ao valor apontado
no caput deste artigo.
§ 4º A expedição e pagamento da requisição judicial de que trata o § 3º deste artigo observará o
disposto no art. 47 e seguintes desta Resolução, no art. 17 da Lei no 10.259, de 12 de julho de 2011,
no art. 13, inciso I, da Lei no 12.153, de 22 de dezembro de 2009, e no art. 535, § 3º, inciso II, do
Código de Processo Civil.
Art. 10. Desatendida a requisição judicial de que trata esta Seção, o juiz determinará de ofício o
sequestro do numerário suficiente ao cumprimento da decisão, dispensada a audiência da entidade
devedora.

No entanto, houve ajuizamento de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (6556) contra


diversos preceitos, e a Ministra Relatora deferiu uma liminar para suspender os efeitos do art.
9º, §§ 3º e 7º da Resolução 303/2019 do CNJ:

“AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. PEDIDO DE MEDIDA CAUTELAR. TUTELA


PROVISÓRIA INCIDENTAL. RESOLUÇÃO Nº 303/2019 DO CONSELHO NACIONAL DE JUS-
TIÇA – CNJ. DISCIPLINA DO CUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÕES PECUNIÁRIAS DEVIDAS
PELA FAZENDA PÚBLICA. SUPERPREFERÊNCIAS. (...) 2. O novel regramento do CNJ esta-
belece que: ‘Deferido o pedido, o juízo da execução expedirá a requisição judicial de paga-
mento, distinta de precatório, necessária à integral liquidação da parcela superpreferen-
cial, limitada ao valor apontado no caput deste artigo’. 3. Evidência de elevado risco, caso
produza efeitos o ato normativo impugnado na data prevista – 1º de janeiro de 2021,
como estatuído no artigo 86 da Resolução nº 303/2019. Presente o periculum in mora em
razão do iminente impacto financeiro que a implementação do novo procedimento pode
causar no planejamento orçamentário dos entes federativos, sobretudo no cenário atual
de crise. 4. Evidenciado, pelo menos a um primeiro olhar, que a Resolução nº 303/2019
não guarda consonância literal com o disciplinamento constitucional do pagamento de
créditos superpreferenciais de natureza alimentícia por meio de precatórios, nem com
a jurisprudência até o momento firmada nesta Casa. Presença do fumus boni juris. 5.
Pedido de medida cautelar parcialmente deferido, ad referendum do Tribunal Pleno, para
suspender os efeitos do artigo 9º, §§ 3º e 7º, da Resolução nº 303/2019 do CNJ.” (ADI
6556, Min. Relatora Rosa Weber, Publicado em 08.01/2021)

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Ademais, houve diversas decisões monocráticas no Supremo Tribunal Federal reconhecen-


do que não se pode fazer esse pagamento dos créditos superpreferenciais por Requisição de
Pequeno Valor, devendo ser pago por meio de precatório. Veja um trecho de julgado em que
se determinou o pagamento dessa parcela por precatório:

“4. O Tribunal de origem assentou ser possível o ‘pagamento fracionado da parcela supra-
preferencial’ (fl. 3, e-doc. 9). O acórdão recorrido divergiu da jurisprudência deste Supremo
Tribunal no sentido de que, na lista preferencial prevista no § 2º do art. 100 da Consti-
tuição da República, autoriza-se o pagamento por precatório preferencial, mas esse
pagamento não se realiza imediatamente por Requisição de Pequeno Valor – RPV (ADI
n. 4.357, Redator para o acórdão o Ministro Luiz Fux, Plenário, DJe 26.9.2014). (...) Nessa
linha jurisprudencial, sucessivas decisões monocráticas deste Supremo Tribunal reco-
nheceram ser vedado o fracionamento da execução pecuniária contra o Instituto Nacio-
nal do Seguro Social – INSS para pagamento de crédito superpreferencial por Requisição
de Pequeno Valor – RPV, por exemplo: Recurso Extraordinário n. 1.319.330, de minha
relatoria, DJe 5.5.2021; Recurso Extraordinário n. 1.300.635, Relator o Ministro Alexan-
dre de Moraes, DJe 17.12.2020; Recurso Extraordinário n. 1.310.690, Relator o Ministro
Ricardo Lewandowski, DJe 9.3.2021; Recurso Extraordinário n. 1.300.190, Relator o Minis-
tro Marco Aurélio, DJe 27.4.2021; Recurso Extraordinário n. 1.306.206, Relator o Minis-
tro Edson Fachin. DJe 9.4.2021; Recurso Extraordinário n. 1.293.528, Relator o Ministro
Roberto Barroso, DJe 5.4.2021, e Recurso Extraordinário n. 1.303.054, Relator o Ministro
Nunes Marques, DJe 20.4.2021. (...) Pelo exposto, dou provimento ao recurso extraordi-
nário (...) para determinar que o pagamento seja realizado por precatório, observada a
preferência prevista no § 2º do art. 100 da Constituição da República.” (RE 1321183, Min.
Rel. Cármen Lúcia, Julgamento: 14/05/2021, Publicação: 25/05/2021)

Ressalte-se que a liminar proferida na ADI 6556 MC foi referendada pelo Pleno do STF:

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. PEDIDO DE MEDIDA CAUTELAR. TUTELA


PROVISÓRIA INCIDENTAL. RESOLUÇÃO Nº 303/2019 DO CONSELHO NACIONAL DE JUS-
TIÇA – CNJ. DISCIPLINA DO CUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÕES PECUNIÁRIAS DEVIDAS
PELA FAZENDA PÚBLICA. SUPERPREFERÊNCIAS. REFERENDO. 1. Apreciação quanto ao
fundamento específico relacionado à alegada inconstitucionalidade do art. 9º, §§3º e 7º,
da Resolução CNJ nº 303/2019, nos termos do pedido de tutela provisória incidental. O
demais dispositivos normativos impugnados na presente ação direta, em razão de con-
templar a matéria relevância e especial significado para a ordem econômico-financeira e
para a segurança jurídica, serão examinados quando do julgamento do mérito. 2. O novel
regramento do CNJ estabelece que: “Deferido o pedido, o juízo da execução expedirá a
requisição judicial de pagamento, distinta de precatório, necessária à integral liquidação da

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parcela superpreferencial, limitada ao valor apontado no caput deste artigo”. 3. Evidência


de elevado risco, caso produza efeitos o ato normativo impugnado na data prevista – 1º
de janeiro de 2021, como estatuído no artigo 86 da Resolução nº 303/2019. Presente
o periculum in mora em razão do iminente impacto financeiro que a implementação do
novo procedimento pode causar no planejamento orçamentário dos entes federativos,
sobretudo no cenário atual de crise. 4. Evidenciado, pelo menos a um primeiro olhar, que
a Resolução nº 303/2019 não guarda consonância literal com o disciplinamento consti-
tucional do pagamento de créditos superpreferenciais de natureza alimentícia por meio
de precatórios, nem com a jurisprudência até o momento firmada nesta Casa. Presença
do fumus boni juris. 5. Pedido de medida cautelar parcialmente deferido, ad referen-
dum do Tribunal Pleno, para suspender os efeitos do artigo 9º, §§ 3º e 7º, da Resolu-
ção nº 303/2019 do CNJ. 6. Decisão referendada. (ADI 6556 MC-Rcon-Ref, Relator(a):
ROSA WEBER, Tribunal Pleno, julgado em 21/02/2022, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-061
DIVULG 30-03-2022 PUBLIC 31-03-2022)

Diante dessa posição do STF, houve alteração do art. 9º da Resolução 303 e revogação do
art. 10, conforme se observa:

Resolução 303/19 do CNJ


Art. 9° Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares, originários ou por sucessão hereditária,
sejam idosos, portadores de doença grave ou pessoas com deficiência, assim definidos na forma
da lei, serão pagos com preferência sobre todos os demais, até a monta equivalente ao triplo fixado
em lei como obrigação de pequeno valor, admitido o fracionamento do valor da execução para essa
finalidade.
§ 1º Antes da expedição do precatório, o pedido de superpreferência, devidamente instruído com
a prova da moléstia grave ou da deficiência do requerente, será apresentado ao juízo da execução,
assegurando-se o contraditório.
§ 2º Na hipótese de superpreferência por idade, o preenchimento de seus requisitos deve ser aferido
de ofício com os dados pessoais constantes dos autos, independente de requerimento, inclusive no
âmbito da Presidência do Tribunal.
§ 3º Para os precatórios já expedidos, o pedido de superpreferência relativo à moléstia grave ou
deficiência do requerente deve ser dirigido ao presidente do tribunal de origem do precatório, que
decidirá, na forma do seu regimento interno, assegurando-se o contraditório, permitida a delegação,
pelo tribunal, ao juízo do cumprimento de sentença.
§ 4º O pagamento superpreferencial será efetuado por credor e não importará em ordem de paga-
mento imediato, mas apenas em ordem de preferência.
§ 5º Os precatórios liquidados parcialmente em razão do pagamento de parcela superpreferencial,
manterão a posição original na ordem cronológica de pagamento.
§ 6º É defeso novo pagamento da parcela superpreferencial, ainda que por fundamento diverso,
mesmo que surgido posteriormente.
§ 7º O reconhecimento da superpreferência somente poderá ocorrer por um motivo, por cumprimen-
to de sentença.

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Execução Trabalhista – Parte II
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Por outro lado, a questão ainda não é definitiva. Isso porque, além de ADI ainda não ter sido
ainda julgada no mérito, houve o reconhecimento de repercussão geral sobre o assunto. Veja o
Tema 1.156 da Lista de Repercussão Geral, cujo mérito ainda não foi julgado:

Pagamento da parcela de natureza superpreferencial, prevista no artigo 100, § 2º, da Constituição


Federal, por meio de Requisição de Pequeno Valor (RPV).

Vamos continuar. E se o crédito do idoso for ainda maior do que o limite do crédito super-
preferencial? Nessa situação, pode o seu valor ser fracionado de maneira a ser pago o limite
máximo (triplo do que é considerado pequeno valor) e o restante segue a fila normal de preca-
tórios alimentares (preferenciais). Veja o disposto na Resolução do CNJ:

Resolução 303/19 do CNJ


Art. 9º (...)
§ 5º Os precatórios liquidados parcialmente em razão do pagamento de parcela superpreferencial,
manterão a posição original na ordem cronológica de pagamento.

Ressalte-se que não pode haver pagamento da parcela superpreferencial por mais
de uma vez:

Resolução 303/19 do CNJ


Art. 9º (...)
§ 6º É defeso novo pagamento da parcela superpreferencial, ainda que por fundamento diverso,
mesmo que surgido posteriormente.

b) Procedimento

A Fazenda Pública será citada para, querendo, apresente embargos à execução no prazo le-
gal (30 dias). Se não forem apresentados embargos à execução ou se os mesmos forem rejei-
tados, a decisão sobre o valor devido transita em julgado e, então, será expedido um ofício pre-
catório dirigido ao Presidente do Tribunal Regional do Trabalho. Leia o art. 535, § 3º, do CPC:

CPC
Art. 535. (...)
§ 3º Não impugnada a execução ou rejeitadas as arguições da executada:
I – expedir-se-á, por intermédio do presidente do tribunal competente, precatório em favor do exe-
quente, observando-se o disposto na Constituição Federal;

Nesse ponto, surge uma questão: e se os embargos à execução da Fazenda Pública forem
parciais? Dito de outra forma: e se a Fazenda Pública estiver questionando apenas parte dos
valores da execução e não ela inteiramente?

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Nesse caso, pode o juiz tocar a execução em relação à parte não impugnada e que não
será afetada pelo julgamento dos embargos, promovendo a expedição do ofício-precatório da
parte incontroversa. Leia o art. 535, § 4º, do CPC:

CPC
Art. 535. (...)
§ 4º Tratando-se de impugnação parcial, a parte não questionada pela executada será, desde logo,
objeto de cumprimento.

Vale lembrar de que a expedição de precatório apenas pode ocorrer após o trânsito em
julgado da decisão no processo de conhecimento (aquela que está sendo executada). Isto
significa que não pode estar pendente recurso em relação à decisão exequenda.
Portanto, não se admite a expedição de precatório em execução provisória.
Contudo, não se está defendendo a impossibilidade de se executar provisoriamente a Fa-
zenda Pública. Ainda que haja recurso pendente de julgamento contra a condenação, a Fazen-
da Pública pode ter a execução iniciada, mas não pode ter ofício precatório expedido.

Pode haver execução provisória contra a Fazenda Pública, mas não expedição de precatório.

Em outras palavras: o que não se admite é apenas a expedição de precatório antes do


trânsito em julgado da decisão condenatória. No mesmo sentido segue o art. 11 da Resolução
314 do CSJT:

Resolução 314/2021 do CSJT


Art. 11. É vedado requisitar pagamento em execução provisória.

Veja, para consolidar a compreensão, os seguintes julgados:

RECURSO DE REVISTA. EXECUÇÃO PROVISÓRIA. FAZENDA PÚBLICA. POSSIBILIDADE. O


art. 100, § 1º-A, da Constituição Federal dispõe que os débitos da Fazenda Pública serão
pagos observando-se a ordem cronológica de apresentação dos precatórios, os quais
serão expedidos após o trânsito em julgado da decisão condenatória. O mencionado dis-
positivo constitucional não veda a execução provisória, porquanto nesse procedimento
não se pratica atos de expropriação ou a expedição de precatórios. Outrossim, esta Corte
tem entendido que é possível a execução provisória contra a Fazenda Pública, porquanto
se trata apenas de procedimento preparatório, que visa somente garantir a razoável dura-
ção do processo (art. 5º, LXXVIII, da Constituição Federal). Recurso de revista não conhe-
cido. (...)” (RR-1843-46.2012.5.10.0011, 6ª Turma, Relator Ministro Augusto Cesar Leite
de Carvalho, DEJT 25/05/2018).

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EXECUÇÃO PROVISÓRIA. FAZENDA PÚBLICA. POSSIBILIDADE. Em sintonia com o Prin-


cípio da Razoável Duração do Processo, esta Corte vem firmando o entendimento no
sentido de que a execução provisória contra a Fazenda Pública não ofende o disposto no
artigo 100 da Constituição Federal, tendo em vista que se tratam apenas de procedimen-
tos preparatórios, sem que haja expropriação de bens ou a efetiva emissão do precatório.
Agravo de instrumento a que se nega provimento. (...)” (AIRR-6542-40.2008.5.10.0005, 2ª
Turma, Relatora Ministra Maria Helena Mallmann, DEJT 15/09/2017).

c) Formalização do Precatório

O ofício precatório segue uma forma padronizada com elementos variados:

Resolução 303/19 do CNJ


Art. 5º O ofício precatório será expedido pelo juízo da execução ao tribunal, de forma padronizada
e contendo elementos que permitam aferir o momento de sua apresentação, recebendo numeração
única própria, conforme disciplina a Resolução do CNJ n. 65/2008.
Parágrafo único. Os tribunais deverão adotar sistema eletrônico para os fins do disposto no caput
deste artigo.

As informações que ali devem constar podem ser vistas no art. 6º da Resolução
303/19 do CNJ:

Resolução 303/19 do CNJ


Art. 6º No ofício precatório constarão os seguintes dados e informações:
I – numeração única do processo judicial, número originário anterior, se houver, e data do respectivo
ajuizamento;
II – número do processo de execução ou cumprimento de sentença, no padrão estabelecido pelo
Conselho Nacional de Justiça, caso divirja do número da ação originária;
III – nome(s) do(s) beneficiário(s) do crédito, do seu procurador, se houver, com o respectivo número
no Cadastro de Pessoas Físicas – CPF, no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas – CNPJ ou no
Registro Nacional de Estrangeiro – RNE, conforme o caso;
IV – indicação da natureza comum ou alimentícia do crédito;
V – valor total devido a cada beneficiário e o montante global da requisição, constando o principal
corrigido, o índice de juros ou da taxa SELIC, quando utilizada, e o correspondente valor;
VI – a data-base utilizada na definição do valor do crédito;
VII – data do trânsito em julgado da sentença ou do acórdão lavrado na fase de conhecimento do
processo judicial;
VIII – data do trânsito em julgado dos embargos à execução ou da decisão que resolveu a impugna-
ção ao cálculo no cumprimento de sentença, ou do decurso do prazo para sua apresentação;
IX – data do trânsito em julgado da decisão que reconheceu parcela incontroversa, se for o caso;
X – a indicação da data de nascimento do beneficiário, em se tratando de crédito de natureza ali-
mentícia e, se for o caso, indicação de que houve deferimento da superpreferência perante o juízo
da execução;

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XI – a natureza da obrigação (assunto) a que se refere à requisição, de acordo com a Tabela Única
de Assuntos – TUA do CNJ;
XII – número de meses – NM a que se refere a conta de liquidação e o valor das deduções da base
de cálculo, caso o valor tenha sido submetido à tributação na forma de rendimentos recebidos acu-
muladamente RRA, conforme o art. 12-A da Lei n. 7.713/1988;
XIII – o órgão a que estiver vinculado o empregado ou servidor público, civil ou militar, da adminis-
tração direta, quando se tratar de ação de natureza salarial, com a indicação da condição de ativo,
inativo ou pensionista, caso conste dos autos;
XIV – quando couber, o valor:
a) das contribuições previdenciárias, bem como do órgão previdenciário com o respectivo CNPJ;
b) da contribuição para o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço – FGTS;
c) de outras contribuições devidas, segundo legislação do ente federado.
XV – identificação do Juízo de origem da requisição de pagamento;
XVI – identificação do Juízo onde tramitou a fase de conhecimento, caso divirja daquele de origem
da requisição de pagamento;
XVII – no caso de sucessão e/ou cessão, o nome do beneficiário originário, com o respectivo núme-
ro de inscrição no CPF ou CNPJ, conforme o caso.

Haverá um ofício precatório para cada beneficiário. Ainda que o crédito do beneficiário seja
penhorado por terceiro ou cedido parcialmente, o precatório será expedido de forma única.
Ocorrerá o mesmo com os honorários contratuais (entre o cliente e seu advogado):

Resolução 303/19 do CNJ


Art. 7º Os ofícios precatórios serão expedidos individualmente, por beneficiário.
§ 1º Somente se admitirá a indicação de mais de um beneficiário por precatório nas hipóteses de
destaque de honorários advocatícios contratuais e cessão parcial de crédito.

Se houver a informação sobre os honorários contratuais, seu valor será especificado no


precatório do beneficiário, atendendo ao art. 22, § 4º, da Lei 8.906/94:

Lei 8.906/94
Art. 22. (...)
§ 4º Se o advogado fizer juntar aos autos o seu contrato de honorários antes de expedir-se o man-
dado de levantamento ou precatório, o juiz deve determinar que lhe sejam pagos diretamente, por
dedução da quantia a ser recebida pelo constituinte, salvo se este provar que já os pagou.

Aliás, veja o disposto no art. 8º da Resolução 303/19 do CNJ:

Resolução 303/19 do CNJ


Art. 8º (...)
§ 2º Cumprido o art. 22, § 4º, da Lei no 8.906, de 4 de julho de 1994, a informação quanto ao valor
dos honorários contratuais integrará o precatório, realizando-se o pagamento da verba citada me-
diante dedução da quantia a ser paga ao beneficiário principal da requisição.

E se não houver a indicação dos valores dos honorários contratuais? Nesse caso, pode
o instrumento comprobatório desse ajuste sobre os honorários contratuais ser juntado até a

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liberação do crédito ao exequente. Nessa hipótese, os valores serão separados por ocasião do
pagamento do credor:

Resolução 303/19 do CNJ


Art. 8º (...)
§ 3º Não constando do precatório informação sobre o valor dos honorários contratuais, esses pode-
rão ser pagos, após a juntada do respectivo instrumento, até a liberação do crédito ao beneficiário
originário, facultada ao presidente do tribunal a delegação da decisão ao juízo da execução.

Quando se trata de honorários sucumbenciais (aqueles decorrentes de condenação judi-


cial), haverá um precatório separado:

Resolução 303/19 do CNJ


Art. 8º O advogado fará jus à expedição de ofício precatório autônomo em relação aos honorários
sucumbenciais.

d) Apresentação do Precatório, Pagamento e Sequestro

O momento da apresentação do precatório é extremamente relevante para fixar o seu lugar


na ordem cronológica. Note que o art. 100, caput, da CF indica essa relevância:

CF
Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais,
em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação
dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas
nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim.

A Resolução 303/19 do CNJ especifica o conceito de “momento de apresentação”:

Resolução 303/19 do CNJ


Art. 12. O precatório, de acordo com o momento de sua apresentação, tomará lugar na ordem cro-
nológica de pagamentos, instituída, por exercício, pela entidade devedora.
§ 1º Para efeito do disposto no caput do art. 100 da Constituição Federal, considera-se como mo-
mento de apresentação do precatório o do recebimento do ofício perante o tribunal ao qual se vin-
cula o juízo da execução.

Normalmente, o ofício precatório é encaminhado por via eletrônica, o que permite aferir a
hora, o minuto e o segundo em que chega ao órgão responsável no Tribunal. Se houver empate
em todos esses itens, deve ser considerado, na frente, o precatório de menor valor. E se o valor
não for diferente, deve ser considerado o credor de maior idade:

Resolução 303/19 do CNJ


Art. 12. (...)
§ 5º Quando entre dois precatórios de idêntica natureza não for possível estabelecer a precedência
cronológica por data, hora, minuto e segundo da apresentação, o precatório de menor valor prece-
derá o de maior valor.

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§ 6º Coincidindo todos os aspectos citados no § 5º deste artigo, preferirá o precatório cujo credor
tiver maior idade.

Ressalte-se que a lista de precatório é formada em relação a cada entidade/ente devedor:

Resolução 303/19 do CNJ


Art. 14. Haverá uma lista de ordem cronológica para cada entidade devedora, assim consideradas
as entidades da administração direta e indireta do ente federado.

Apresentado o precatório (recebido no Tribunal o ofício devidamente preenchido pelo juiz


da execução), estará, então, promovida a sua inclusão na ordem (fila) de precatórios, sendo
que a Fazenda Pública será comunicada dos precatórios inscritos. A Fazenda Pública possui
prazo para pagar, prazo esse que depende de quando o precatório foi apresentado, conforme
art. 100, § 5º, da CF e art. 15 da Resolução:

CF
Art. 100 (...)
§ 5º É obrigatória a inclusão no orçamento das entidades de direito público de verba necessária ao
pagamento de seus débitos oriundos de sentenças transitadas em julgado constantes de precató-
rios judiciários apresentados até 2 de abril, fazendo-se o pagamento até o final do exercício seguin-
te, quando terão seus valores atualizados monetariamente.

Resolução 303/19 do CNJ


Art. 15. Para efeito do disposto no § 5º do art. 100 da Constituição Federal, considera-se momento
de requisição do precatório, para aqueles apresentados ao tribunal entre 3 de abril do ano anterior e
2 de abril do ano de elaboração da proposta orçamentária, a data de 2 de abril.
§ 1º O tribunal deverá comunicar à entidade devedora até 31 de maio de cada ano, exceto em caso
de regulamentação diversa por lei específica, por ofício eletrônico, ou meio equivalente, os preca-
tórios apresentados até 2 de abril, com seu valor atualizado na forma desta Resolução, visando à
inclusão na proposta orçamentária do exercício subsequente.

Portanto, se o precatório for apresentado em março de 2027, então seu pagamento deve
ser realizado até 31.12.28 (ou seja, final do exercício seguinte). Se o precatório for apresentado
em agosto de 2027, então seu pagamento deverá ocorrer até 31.12.29.
Esse prazo para pagar é conhecido como “período de graça”. Logo, faz toda a diferença a
apresentação ter ocorrido até 2 de abril do ano corrente para que seja pago até o final do ano
seguinte.
A única exceção ocorre quando o valor do precatório é extremamente alto, ou seja, um
único precatório represente mais de 15% do montante total dos precatórios apresentados até
2 de abril. Nesse caso, de duas alternativas uma ocorrerá::
a) apenas 15% do valor desse precatório será pago até o dia 31 de dezembro do ano se-
guinte e o restante do valor devido será parcelado igualmente em 5 anos; ou

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b) poderá ser pago de forma mais favorável ao credor mediante acordo direto entre credor
e Fazenda Pública com desconto aceito pelo credor (de no máximo 40%).
A Constituição prevê tal situação no art. 100, § 20:

CF
Art. 100. (..)
§ 20. Caso haja precatório com valor superior a 15% (quinze por cento) do montante dos precatórios
apresentados nos termos do § 5º deste artigo, 15% (quinze por cento) do valor deste precatório se-
rão pagos até o final do exercício seguinte e o restante em parcelas iguais nos cinco exercícios sub-
sequentes, acrescidas de juros de mora e correção monetária, ou mediante acordos diretos, perante
Juízos Auxiliares de Conciliação de Precatórios, com redução máxima de 40% (quarenta por cento)
do valor do crédito atualizado, desde que em relação ao crédito não penda recurso ou defesa judicial
e que sejam observados os requisitos definidos na regulamentação editada pelo ente federado.

Surge, então, uma dúvida: como saber se o crédito vai ser efetivamente pago? Aqui vale
ressaltar que a obrigatoriedade da inclusão no orçamento da Fazenda Pública de verba (dinhei-
ro) necessário a esse pagamento:

Art. 100 (...)


§ 5º É obrigatória a inclusão no orçamento das entidades de direito público de verba necessária ao
pagamento de seus débitos oriundos de sentenças transitadas em julgado constantes de precató-
rios judiciários apresentados até 2 de abril, fazendo-se o pagamento até o final do exercício seguin-
te, quando terão seus valores atualizados monetariamente.

Se houver descumprimento dessa obrigação de inclusão no orçamento, então poderá o


Presidente do Tribunal determinar o sequestro de valores direto na conta bancária da Fazenda
Pública. O art. 100, § 6º, da CF esclarece:

CF
Art. 100. (..)
§ 6º As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão consignados diretamente ao Poder
Judiciário, cabendo ao Presidente do Tribunal que proferir a decisão exequenda determinar o paga-
mento integral e autorizar, a requerimento do credor e exclusivamente para os casos de preterimen-
to de seu direito de precedência ou de não alocação orçamentária do valor necessário à satisfação
do seu débito, o sequestro da quantia respectiva.

Outro caso que admite o referido sequestro cuida da violação da ordem (fila) de precatório.
A violação desse fila, com o pagamento de pessoas que estão mais atrás na fila em detrimento
daqueles que estão na frente gera a possibilidade de o Presidente do Tribunal determinar o
sequestro de valores em favor de quem foi prejudicado:

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CF
Art. 100. (...)
§ 6º As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão consignados diretamente ao Poder
Judiciário, cabendo ao Presidente do Tribunal que proferir a decisão exequenda determinar o paga-
mento integral e autorizar, a requerimento do credor e exclusivamente para os casos de preterimen-
to de seu direito de precedência ou de não alocação orçamentária do valor necessário à satisfação
do seu débito, o sequestro da quantia respectiva.

Como se infere, existem duas possibilidades de sequestro em relação ao precatório não


quitado. Note que a Orientação Jurisprudencial 3 do Tribunal Pleno/Órgão Especial está defa-
sada porquanto apenas aponta a hipótese de sequestro para a preterição no pagamento:

OJ 3 do TP/OE
PRECATÓRIO. SEQUESTRO. EMENDA CONSTITUCIONAL N. 30/2000. PRETERIÇÃO. ADIN
1662-8. ART. 100, § 2º, DA CF/1988 (DJ 09.12.2003)
O sequestro de verbas públicas para satisfação de precatórios trabalhistas só é admitido
na hipótese de preterição do direito de precedência do credor, a ela não se equiparando
as situações de não inclusão da despesa no orçamento ou de não pagamento do preca-
tório até o final do exercício, quando incluído no orçamento.

A OJ está defasada porque houve alteração constitucional após a sua edição, sendo que
alteração terminou por admitir o sequestro também no caso de não inclusão no orçamento do
ente público/entidade pública.
Aliás, ainda que se trate de violação da ordem de pagamento de precatório, o TST entende
que a legitimidade para requerer o sequestro pertence ao primeiro da fila e não aos demais,
exceto se ficar demonstrado que o valor utilizado também o beneficiaria (isto é, pagaria os
credores de sua frente e o atingiria):

OJ 13 do TP/OE do TST
PRECATÓRIO. QUEBRA DA ORDEM DE PRECEDÊNCIA. NÃO DEMONSTRAÇÃO DA POSI-
ÇÃO DO EXEQUENTE NA ORDEM CRONOLÓGICA. SEQUESTRO INDEVIDO. (DEJT Divul-
gado em 16, 17 e 20.09.2010)
É indevido o sequestro de verbas públicas quando o exequente/requerente não se encon-
tra em primeiro lugar na lista de ordem cronológica para pagamento de precatórios ou
quando não demonstrada essa condição.

A exceção mencionada no parágrafo anterior pode ser vista no seguinte julgado:

(...) II – SEQUESTRO. PRECATÓRIO. NÃO OBSERVÂNCIA DA ORDEM CRONOLÓGICA DE


PAGAMENTO. POSIÇÃO NA ORDEM CRONOLÓGICA. (...) 2. De acordo com a nova

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orientação jurisprudencial do TST (OJ 13 do Tribunal Pleno), exige-se do exequente a


comprovação de sua legitimidade para o pedido de ordem de sequestro, sob pena de se
preterir credor que se encontra acima na lista de ordem cronológica para o pagamento de
precatórios. Entende-se que se encontra habilitado ao requerimento de ordem de seques-
tro somente o credor preterido em seu direito de precedência, na ordem cronológica de
apresentação dos precatórios, caso figure na primeira posição da listagem ou demonstre
que o valor, cujo pagamento acarretou a preterição, também o beneficiaria, suportando o
montante obtido pela soma de todos os precatórios anteriormente apresentados e não
liquidados. (...)” (ROAG-38100-24.1993.5.15.0035, Órgão Especial, Relatora Ministra Dora
Maria da Costa, DEJT 16/09/2011).

A Resolução 303/2019 do CNJ também esclarece o sequestro de valores:

Resolução 303/19 do CNJ


Art. 19. Em caso de burla à ordem cronológica de apresentação do precatório, ou de não alocação
orçamentária do valor requisitado, faculta-se ao credor prejudicado requerer o sequestro do valor
necessário à integral satisfação do débito.
§ 1º Idêntica faculdade se confere ao credor:
I – pelo valor parcialmente inadimplido, quando a disponibilização de recursos pela entidade deve-
dora não atender o disposto no art. 100, § 5º, da Constituição Federal; e
II – do valor correspondente a qualquer das frações próprias ao parcelamento previsto no art. 100, §
20, da Constituição Federal, se vencido o exercício em que deveriam ter sido disponibilizadas.
§ 2º A não alocação orçamentária do valor requisitado prevista no caput, observará, quando for o
caso, o disposto no art. 107-A do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.

Art. 20. O sequestro é medida administrativa de caráter excepcional e base constitucional, reserva-
do às situações delineadas no § 6o do art. 100 da Constituição Federal.
§ 1º Compete exclusivamente ao presidente do tribunal processar e decidir sobre o sequestro de
precatórios, mediante requerimento do beneficiário.
§ 2º O pedido será protocolizado perante a presidência do tribunal, que determinará a intimação do
gestor da entidade devedora para que, em 10 dias, comprove o pagamento realizado, promova-o ou
preste informações.
§ 3º Decorrido o prazo, os autos seguirão com vista ao representante do Ministério Público para
manifestação em cinco dias.
§ 4º Com o pronunciamento ministerial, ou esgotado o prazo para sua manifestação, a presidência
do tribunal decretará, sendo o caso, o sequestro da quantia necessária à liquidação integral do valor
atualizado devido, valendo-se, para isso, da ferramenta eletrônica SISBAJUD.
§ 5º A medida executória de sequestro em precatórios alcança o valor atualizado da requisição ina-
dimplida ou preterida, bem como os valores atualizados dos precatórios não quitados precedentes
na ordem cronológica.
§ 6º Observado o parágrafo anterior, efetuar-se-ão os pagamentos devidos com os valores seques-
trados.

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§ 7º A execução da decisão de sequestro não se suspende pela eventual interposição de recurso,


nem se limita às dotações orçamentárias originalmente destinadas ao pagamento de débitos judi-
ciais.
§ 8º Não sendo assegurado o tempestivo e regular pagamento por outra via, o valor sequestrado
para a quitação do precatório não poderá ser devolvido ao ente devedor.

Uma vez pago o precatório, não se pode expedir precatório complementar em relação à
parte da decisão que foi objeto de pagamento nesse precatório. Assim, se todas as horas
extras foram pagas por precatório, não pode o trabalhador pretender expedição de precatório
complementar sobre as horas extras que entende que não estavam incluídas no cálculo.
Também não pode ser o precatório fracionado para se pagar parte em requisição de peque-
no valor e parte em precatório. Leia o art. 100, § 8º, da CF:

CF
Art. 100.
§ 8º É vedada a expedição de precatórios complementares ou suplementares de valor pago, bem
como o fracionamento, repartição ou quebra do valor da execução para fins de enquadramento de
parcela do total ao que dispõe o § 3º deste artigo.

e) Correção Monetária e Juros

O valor devido pela Fazenda Pública deve ser corrigido até a data do efetivo pagamento,
conforme art. 100, § 5º, da CF:

CF
Art. 100 (...)
§ 5º É obrigatória a inclusão no orçamento das entidades de direito público de verba necessária ao
pagamento de seus débitos oriundos de sentenças transitadas em julgado constantes de precató-
rios judiciários apresentados até 2 de abril, fazendo-se o pagamento até o final do exercício seguin-
te, quando terão seus valores atualizados monetariamente.

O grande debate envolve os juros. Seriam eles devidos durante esse lapso temporal que o
ente/entidade possui para fazer o pagamento, ou seja, até o final do exercício seguinte quando
incluídos até 2 de abril? O STF entende que não incidem juros no período de graça, consoante
se constata na Súmula Vinculante 17:

Súmula Vinculante 17 do STF


Durante o período previsto no parágrafo 1º do artigo 100 da Constituição, não incidem
juros de mora sobre os precatórios que nele sejam pagos.

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No mesmo sentido segue a Tese do Tema 147 da Lista de Repercussão Geral:

Tese do Tema 147 da Lista de Repercussão Geral


Durante o período previsto no parágrafo 1º do artigo 100 (redação original e redação da
EC 30/2000) da Constituição, não incidem juros de mora sobre os precatórios que nele
sejam pagos.

Apesar de a tese mencionar o art. 100, § 1º, isso ocorre porque há uma referência à reda-
ção antiga. Atualmente, deve ser considerada a redação do art. 100, § 5º, da CF.
Outro ponto sobre juros decorre de eventual atraso no pagamento de precatórios. Se o
ente/entidade devedor fizer o pagamento depois do período de graça, os juros seriam devi-
dos somente depois desse período de graça ou poderia haver a incidência desses juros nes-
se período?
A questão foi analisada pelo STF no julgamento do Tema 1.037 da Lista de Repercussão
Geral. O STF entendeu que os juros apenas começam após o período de graça. Observe a
tese firmada:

Tese do Tema 1.037 da Lista de Repercussão Geral


O enunciado da Súmula Vinculante 17 não foi afetado pela superveniência da Emenda
Constitucional 62/2009, de modo que não incidem juros de mora no período de que trata
o § 5º do art. 100 da Constituição. Havendo o inadimplemento pelo ente público devedor,
a fluência dos juros inicia-se após o ‘período de graça.

Quanto ao período anterior à expedição do ofício precatório, os juros são contabilizados


normalmente. Veja a Tese do Tema 96 da Lista de Repercussão Geral em que se discutiu a
incidência dos juros da realização de cálculos até a apresentação do precatório:

Tese do Tema 96 da Lista de Repercussão Geral


Incidem os juros da mora no período compreendido entre a data da realização dos cálcu-
los e a da requisição ou do precatório.

f) Revisão e Impugnação de Cálculos

O valor dos precatórios pode ser objeto de revisão, tanto de ofício pelo Presidente do
Tribunal, como a requerimento das partes. Essa lógica pode ser constatada no art. 1º-E da
Lei 9.494/97:

Lei 9.494/97
Art. 1º-E. São passíveis de revisão, pelo Presidente do Tribunal, de ofício ou a requerimento das
partes, as contas elaboradas para aferir o valor dos precatórios antes de seu pagamento ao credor.

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E o que pode ser revisto nas contas? O art. 26 da Resolução 303/19 do CNJ esclarece:

Resolução 303/19 do CNJ


Art. 26. O pedido de revisão de cálculos fundamentado no art. 1º-E da Lei n. 9.494/1997, será apre-
sentado ao presidente do tribunal quando o questionamento se referir a critérios de atualização
monetária e juros aplicados após a apresentação do ofício precatório.
§ 1º O procedimento de que trata o caput deste artigo pode abranger a apreciação das inexatidões
materiais presentes nas contas do precatório, (...).

E o que seriam erros materiais? A resolução explica:

Resolução 303/19 do CNJ


Art. 28. Erro ou inexatidão material abrange a incorreção detectada na elaboração da conta decor-
rente da inobservância de critério de cálculo adotado na decisão exequenda, assim também consi-
derada aquela exarada na fase de cumprimento de sentença ou execução.

O Tribunal Superior do Trabalho exige que eventual pedido de revisão seja claro quanto às
incorreções:

OJ 2 do TP/OE
PRECATÓRIO. REVISÃO DE CÁLCULOS. LIMITES DA COMPETÊNCIA DO PRESIDENTE DO
TRT (DJ 09.12.2003)
O pedido de revisão dos cálculos, em fase de precatório, previsto no art. 1º-E da Lei n.
9.494/97, apenas poderá ser acolhido desde que: a) o requerente aponte e especifique
claramente quais são as incorreções existentes nos cálculos, discriminando o montante
que seria correto, pois do contrário a incorreção torna-se abstrata; b) o defeito nos cálcu-
los esteja ligado à incorreção material ou à utilização de critério em descompasso com a
lei ou com o título executivo judicial; e c) o critério legal aplicável ao débito não tenha sido
objeto de debate nem na fase de conhecimento, nem na fase de execução.

Ressalte-se que os critérios utilizados para a elaboração da conta distintos da correção


monetária, dos juros e dos erros materiais não serão analisados pelo Presidente do Tribunal,
mas pelo juiz da execução:

Resolução 303/19 do CNJ


Art. 26. (...)
§ 1º O procedimento de que trata o caput deste artigo pode abranger
a apreciação das inexatidões materiais presentes nas contas do precatório, incluídos os cálculos
produzidos pelo juízo da execução, não alcançando, sob qualquer aspecto, a análise dos critérios
de cálculo.
§ 2º Tratando-se de questionamento relativo a critério de cálculo judicial, assim considerado aquele
constante das escolhas do julgador, competirá a revisão da conta ao juízo da execução.

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g) Peculiaridades
g.1) Descabimento de Recurso Extraordinário

O precatório possui natureza administrativa. Dessa forma, não cabe recurso extraordinário
de decisão proferida pelo Tribunal Trabalhista. Observe esse julgado do STF:

(...) 4. Decisão de natureza administrativa relativa ao processamento de precatórios. 5.


Não cabimento de recurso extraordinário. 6. Aplicação da Súmula 733. (...) (AI 734499
AgR, Relator(a): GILMAR MENDES, Segunda Turma, PUBLIC 27-08-2012)

Nesse sentido segue a Súmula 733 do STF:

Súmula 733 do STF


Não cabe recurso extraordinário contra decisão proferida no processamento de precató-
rios.

A mesma razão obsta a remessa necessária quando a decisão proferida em sede de pre-
catório é contrária à Fazenda Pública:

OJ 8 do TP/OE do TST
PRECATÓRIO. MATÉRIA ADMINISTRATIVA. REMESSA NECESSÁRIA. NÃO CABIMENTO
(DJ 25.04.2007)
Em sede de precatório, por se tratar de decisão de natureza administrativa, não se aplica
o disposto no art. 1º, V, do Decreto-Lei n. 779, de 21.08.1969, em que se determina a
remessa necessária em caso de decisão judicial desfavorável a ente público.

g.2) Limitação do Precatório à Competência Material da Justiça do Trabalho

Ainda que se seja imposta uma condenação de trato sucessivo à Fazenda Pública, a execu-
ção somente pode se limitar ao período de competência da Justiça do Trabalho.
Pense que um Município tenha empregados públicos. O servidor celetista João ingressa
com ação trabalhista requerendo o pagamento de adicional de insalubridade e o Município é
condenado a inserir na folha de pagamento a parcela e pagar os valores retroativos devidos.
Ocorre que, meses depois, o Município edita uma lei adotando o regime jurídico próprio, o que
significa que a relação de emprego deixa de existir para surgir uma relação estatutária. Nesse
caso, ainda que o Município continue sem pagar o adicional, a execução da Fazenda Pública
somente pode ficar limitada ao período em que havia emprego público. Logo, o precatório deve
sofrer essa limitação.

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O TST editou uma Orientação Jurisprudencial que demonstra essa ideia, mas que especi-
ficamente trata da União, porquanto menciona a Lei 8.112/90, a qual adotou o regime jurídico
estatutário para os servidores públicos federais:

OJ 6 do TP/OE do TST
PRECATÓRIO. EXECUÇÃO. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO IMPOSTA PELO TÍTULO JUDI-
CIAL EXEQUENDO À DATA DO ADVENTO DA LEI N. 8.112, de 11.12.1990 (DJ 25.04.2007)
Em sede de precatório, não configura ofensa à coisa julgada a limitação dos efeitos
pecuniários da sentença condenatória ao período anterior ao advento da Lei n. 8.112, de
11.12.1990, em que o exequente submetia-se à legislação trabalhista, salvo disposição
expressa em contrário na decisão exequenda.

g.3) Responsabilidade do Presidente do Tribunal

O Presidente do Tribunal possui papel extremamente relevante na gestão dos precatórios


gerados no Tribunal. O legislador constitucional, ciente dessa função, reconheceu que retardar
ou tentar frustrar o pagamento de precatório importa crime de responsabilidade:

CF
Art. 100. (...)
§ 7º O Presidente do Tribunal competente que, por ato comissivo ou omissivo, retardar ou tentar
frustrar a liquidação regular de precatórios incorrerá em crime de responsabilidade e responderá,
também, perante o Conselho Nacional de Justiça.

g.4) Assunção de Responsabilidade pela União

É possível que a União assuma a responsabilidade por dívidas precatoriais de Estados,


Distrito Federal e Municípios, pagando os precatórios, e, em consequência, refinanciando essa
dívida dos entes públicos, mas isso depende exclusivamente da União e precisa ser na forma
autorizada por lei:

CF
Art. 100. (...)
§ 16. A seu critério exclusivo e na forma de lei, a União poderá assumir débitos, oriundos de preca-
tórios, de Estados, Distrito Federal e Municípios, refinanciando-os diretamente.

7.4. Embargos à Execução da Fazenda Pública


Uma vez iniciada a execução contra a Fazenda Pública, será ela citada para, querendo,
apresentar embargos à execução no prazo legal, independentemente de se tratar de execução
fundada em título executivo judicial ou extrajudicial (lembre-se de que, no Processo do Traba-
lho, não se fala “impugnação ao cumprimento de sentença”):

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CPC
Art. 535. A Fazenda Pública será intimada na pessoa de seu representante judicial, por carga, remes-
sa ou meio eletrônico, para, querendo, (...), impugnar a execução, podendo arguir:
Art. 910. Na execução fundada em título extrajudicial, a Fazenda Pública será citada para opor em-
bargos (...).

Como se sabe, não se fala em garantia do juízo. Não se pode promover a penhora de bens
da Fazenda Pública, sob pena de causar prejuízo aos serviços públicos.
Quanto ao prazo dos embargos é de 30 dias com base no art. 1º-B da Lei 9.494/97:

Lei 9.494/97
Art. 1º-B. O prazo a que se refere o caput dos arts. 730 do Código de Processo Civil, e 884 da Con-
solidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943, passa a
ser de trinta dias.

Esse preceito aumentou, em relação à Fazenda Pública, o prazo do art. 884 da CLT para 30
dias. E o Supremo Tribunal Federal declarou a constitucionalidade desse artigo na Ação Direta
de Inconstitucionalidade 2418:

CONSTITUCIONAL. LEGITIMIDADE DAS NORMAS ESTABELECENDO PRAZO DE TRINTA


DIAS PARA EMBARGOS À EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA (ART. 1º-B DA LEI
9.494/97) (...). 1. É constitucional a norma decorrente do art. 1º-B da Lei 9.494/97, que
fixa em trinta dias o prazo para a propositura de embargos à execução de título judicial contra
a Fazenda Pública. (...) (ADI 2418, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, jul-
gado em 04/05/2016, PUBLIC 17-11-2016)

Vale lembrar de que ainda existe uma Ação Declaratória de Constitucionalidade sobre esse
mesmo preceito (ADC 11), mas que ainda não foi julgada.
E quais matérias que poderiam ser alegadas nesses embargos? Leia os preceitos do CPC
que tratam do tema:

CPC
Art. 535. A Fazenda Pública será intimada (...), para, querendo, (...), impugnar a execução, podendo
arguir:
I – falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia;
II – ilegitimidade de parte;
III – inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;
IV – excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;
V – incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;
VI – qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação, compensa-
ção, transação ou prescrição, desde que supervenientes ao trânsito em julgado da sentença.

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Art. 910. Na execução fundada em título extrajudicial, a Fazenda Pública será citada para opor em-
bargos (...).
§ 2º Nos embargos, a Fazenda Pública poderá alegar qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir
como defesa no processo de conhecimento.
§ 3º Aplica-se a este Capítulo, no que couber, o disposto nos artigos 534 e 535.

No primeiro caso (art. 535, I, do CPC), imagine que um trabalhador ajuizou ação trabalhista
contra um Município X. O Município não foi regularmente citado, mas, ainda assim, o processo
prosseguiu sem que o juiz notasse a irregularidade. A sentença, então condenou o Município
em R$ 800.000,00. Quando a execução foi iniciada, o Município entrou com embargos, alegan-
do nulidade da citação no processo de conhecimento.
No segundo caso (art. 535, II, do CPC), pense em um processo em que o trabalhador ven-
ceu uma demanda trabalhista contra uma autarquia estadual. A sentença reconheceu o direito
a um crédito de R$ 900.000,00. A execução foi iniciada contra o Estado, ao invés da autarquia,
situação em que o Estado pode apresentar embargos alegando ilegitimidade passiva, visto
que a execução deveria ter sido dirigida contra autarquia estadual.
No terceiro caso (art. 535, III, do CPC), imagine que a União foi processada por empregado
público e condenada na sentença com base em uma lei X. Houve recurso que ainda estava
pendente de julgamento no TRT, quando foi iniciada uma execução provisória. Entretanto, o
STF declara a lei X inconstitucional. A União, então, embarga a execução provisória e alega
inexigibilidade do título executivo judicial (a sentença baseada na lei X inconstitucional).
Aliás, vale lembrar o previsto no art. 535, § 5º, do CPC:

CPC
Art. 535. (...)
§ 5º Para efeito do disposto no inciso III do caput deste artigo, considera-se também inexigível a
obrigação reconhecida em título executivo judicial fundado em lei ou ato normativo considerado
inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou
do ato normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal como incompatível com a Constituição Federal,
em controle de constitucionalidade concentrado ou difuso.

Essa mesma premissa pode ser constatada no art. 884, § 5º, da CLT:

CLT
Art. 884. (...)
§ 5º Considera-se inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconsti-
tucionais pelo Supremo Tribunal Federal ou em aplicação ou interpretação tidas por incompatíveis
com a Constituição Federal.

Ressalte-se que essa inexigibilidade pode ser reconhecida pelo juiz na execução, mas não
pelo Presidente do Tribunal no precatório, conforme se constata na Orientação Jurispruden-
cial 12 do Tribunal Pleno/Órgão Especial:

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OJ 12 do TP/OE
PRECATÓRIO. PROCEDIMENTO DE NATUREZA ADMINISTRATIVA. INCOMPETÊNCIA
FUNCIONAL DO PRESIDENTE DO TRT PARA DECLARAR A INEXIGIBILIDADE DO TÍTULO
EXEQUENDO. (DEJT Divulgado em 16, 17 e 20.09.2010)
O Presidente do TRT, em sede de precatório, não tem competência funcional para decla-
rar a inexigibilidade do título judicial exequendo, com fundamento no art. 884, § 5º, da
CLT, ante a natureza meramente administrativa do procedimento.

No quarto caso (art. 535, IV, do CPC), imagine que a condenação da União foi de R$
500.000,00 (quinhentos mil), mas a execução foi indevidamente iniciada usando como base
um crédito de R$ 5.000.000,00 (cinco milhões). Nesse caso, a União pode apresentar embar-
gos à execução alegando excesso de execução, devendo indicar que o valor correto seria R$
500.000,00, na forma do art. 535, § 2º, do CPC:

CPC
Art. 535. (...)
§ 2º Quando se alegar que o exequente, em excesso de execução, pleiteia quantia superior à resul-
tante do título, cumprirá à executada declarar de imediato o valor que entende correto, sob pena de
não conhecimento da arguição.

No quinto caso (art. 535, V, do CPC), pense em um empregado público que processou Mu-
nicípio para receber horas extras. A sentença condenou o ente público a pagar as horas extras.
A contadoria elaborou os cálculos, inclusive as contribuições (até mesmo as contribuições
para terceiros). A Fazenda Pública municipal foi citada da execução e o juiz executava o valor
das horas extras e todas contribuições calculadas, inclusive as contribuições para terceiros.
Estudamos em outro capítulo que as contribuições para terceiros não se inserem na compe-
tência da Justiça do Trabalho. Logo, o Município pode embargar a execução e arguir incompe-
tência absoluta da Justiça do Trabalho para essas contribuições para terceiros.
No sexto caso (art. 535, VI, do CPC), imagine que o empregado público processou uma au-
tarquia federal e a sentença condenou a entidade a anotar a Carteira de Trabalho, sob pena de
multa. A sentença transitou em julgado. A autarquia, então, cumpriu voluntariamente a obriga-
ção. Ainda assim, como o empregado deixou de avisar ao juiz, foi iniciada a execução. Logo, a
autarquia pode apresentar embargos alegando o cumprimento da obrigação (causa extintiva).
Quando se trata de título executivo extrajudicial, qualquer matéria que poderia ser alegada
na fase de conhecimento pode ser arguida em embargos à execução (art. 910, § 2º, do CPC).
Assim, por exemplo, se um Município assina termo de ajustamento de conduta com o
Ministério Público do Trabalho, e, apesar de ter, no seu sentir, cumprido regularmente as obri-
gações assumidas, acaba sendo executado pelo Ministério Público (o qual defende que não
houve o devido adimplemento). Nesse caso, pode o ente público, nos embargos à execução,
alegar que houve devido cumprimento.

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7.5. Execução de Empresas Estatais


As empresas estatais (empresas públicas e sociedades de economia mista) são pessoas
jurídicas de direito privado. Logo, seguem a regra do art. 173, § 1º, II, da Constituição Federal:

CF
Art. 173. (...)
§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de
suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou
de prestação de serviços, dispondo sobre:
II – a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e
obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários;

Nesse contexto, a execução trabalhista contra elas se processa de forma direta, sem qual-
quer Precatório ou Requisição de Pequeno Valor, havendo efetiva penhora de bens.
Todavia, aqui cabem duas ressalvas.
Em primeiro lugar, os Correios (ECT) gozam das mesmas prerrogativas da Fazenda Pública
quanto à impenhorabilidade de bens, conforme se constata no art. 12 do Decreto-Lei 509/69:

Decreto-Lei 509/69
Art. 12. A ECT gozará de isenção de direitos de importação de materiais e equipamentos destinados
aos seus serviços, dos privilégios concedidos à Fazenda Pública, quer em relação a imunidade tri-
butária, direta ou indireta, impenhorabilidade de seus bens, rendas e serviços, quer no concernente
a foro, prazos e custas processuais.

O Tribunal Superior do Trabalho considera, seguindo a orientação do STF, que esse preceito
foi recepcionado pela Constituição Federal:

“(...) 3. ECT. FORMA DE EXECUÇÃO. ARTIGO 100 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. A execu-


ção contra a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT será processada mediante
precatório, a teor do artigo 100 da Constituição Federal, tendo em vista que o artigo 12 do
Decreto-lei n. 509/69, que a equipara à Fazenda Pública, no tocante à impenhorabilidade
de seus bens, rendas e serviços, foi recepcionado pela Carta Política vigente. Preceden-
tes. Agravo de instrumento conhecido e desprovido” (AIRR-1599-74.2016.5.17.0014, 3ª
Turma, Relator Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 07/01/2020).

Portanto, os Correios sujeitam-se ao regime dos precatórios e requisições de pequeno valor.


Além disso, existe um segundo ponto. O Supremo Tribunal Federal tem reconhecido que
as empresas estatais, embora sejam pessoas jurídicas de direito privado, poderão pagar me-
diante precatório se atendidos os seguintes requisitos cumulativos:
a) prestar serviços públicos em regime que não seja de concorrência com a iniciativa
privada; e

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b) não distribuir lucros e nem acumular patrimônio.


Aliás, veja a tese definida no Tema 253 da Lista de Repercussão Geral:

Tese do Tema 253 da Lista de Repercussão Geral do STF


Sociedades de economia mista que desenvolvem atividade econômica em regime con-
correncial não se beneficiam do regime de precatórios, previsto no art. 100 da Constitui-
ção da República.

Veja julgados do STF para melhor compreensão:

DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. COMPANHIA ESTADUAL DE SANEA-


MENTO BÁSICO. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA PRESTADORA DE SERVIÇO PÚBLICO
ESSENCIAL. EXECUÇÃO PELO REGIME DE PRECATÓRIOS. 1. Embora, em regra, as empre-
sas estatais estejam submetidas ao regime das pessoas jurídicas de direito privado, a
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é no sentido de que “entidade que presta
serviços públicos essenciais de saneamento básico, sem que tenha ficado demonstrado
nos autos se tratar de sociedade de economia mista ou empresa pública que competiria
com pessoas jurídicas privadas ou que teria por objetivo primordial acumular patrimônio
e distribuir lucros. Nessa hipótese, aplica-se o regime de precatórios” (RE 592.004, Rel.
Min. Joaquim Barbosa). 2. É aplicável às companhias estaduais de saneamento básico
o regime de pagamento por precatório (art. 100 da Constituição), nas hipóteses em que
o capital social seja majoritariamente público e o serviço seja prestado em regime
de exclusividade e sem intuito de lucro. 3. Provimento do agravo regimental e do recurso
extraordinário. (RE 627242 AgR, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão:
Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 02/05/2017, PROCESSO ELETRÔ-
NICO DJe-110 DIVULG 24-05-2017 PUBLIC 25-05-2017)
Agravo regimental no recurso extraordinário. Constitucional. Sociedade de economia
mista. Regime de precatório. Possibilidade. Prestação de serviço público próprio do
Estado. Natureza não concorrencial. Precedentes. 1. A jurisprudência da Suprema Corte
é no sentido da aplicabilidade do regime de precatório às sociedades de economia mista
prestadoras de serviço público próprio do Estado e de natureza não concorrencial. 2.
A CASAL, sociedade de economia mista prestadora de serviços de abastecimento de
água e saneamento no Estado do Alagoas, presta serviço público primário e em regime
de exclusividade, o qual corresponde à própria atuação do estado, haja vista não visar à
obtenção de lucro e deter capital social majoritariamente estatal. Precedentes. 3. Agravo
regimental não provido. (RE 852302 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Segunda Turma,
julgado em 15/12/2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-037 DIVULG 26-02-2016 PUBLIC
29-02-2016)

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Execução Trabalhista – Parte II
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Outro ponto relevante refere-se à execução direta de uma empresa estatal que posterior-
mente foi extinta pelo ente público que havia autorizado sua criação. O patrimônio da entidade
extinta é normalmente incorporado ao ente público. Surgiu, então, o debate sobre a forma de
prosseguimento da execução. Deveria ser a execução direta ou deveria ser o sistema de exe-
cução da Fazenda Pública?
Por exemplo, imagine que uma empresa pública municipal está sendo executada de forma
direta. O Município decidiu, então, extinguir a empresa pública, incorporando o seu patrimônio.
O que ocorre com a execução?
A resposta depende da existência ou não penhora contra a empresa estatal antes da su-
cessão ocorrer. Se já existia a penhora, o TST entende que a constrição é válida e o bem penho-
rado pode ser levado a leilão. Veja a OJ 343 da SDI-I do TST:

OJ 343 da SDI-I do TST


PENHORA. SUCESSÃO. ART. 100 DA CF/1988. EXECUÇÃO (DJ 22.06.2004)
É válida a penhora em bens de pessoa jurídica de direito privado, realizada anteriormente
à sucessão pela União ou por Estado-membro, não podendo a execução prosseguir
mediante precatório. A decisão que a mantém não viola o art. 100 da CF/1988.

O STF decidiu a matéria no Tema 335 da Lista de Repercussão Geral, fixando a seguinte tese:

Tese do Tema 355 da Lista de Repercussão Geral


É válida a penhora em bens de pessoa jurídica de direito privado, realizada anteriormente
à sucessão desta pela União, não devendo a execução prosseguir mediante precatório.

8. Execução contra Massa Falida e contra Empresa em Recuperação Ju-


dicial

8.1. Execução a contra a Massa Falida


A decretação de falência de uma pessoa jurídica provoca uma série de dificuldades para o
Processo do Trabalho, bem como torna necessário conhecer as diversas peculiaridades.
A primeira delas é o fato de que a decretação de falência não impede a existência da ação
trabalhista, a qual seguirá seu curso normal na Justiça do Trabalho até que haja a definição
do valor efetivamente devido.
A lei 11.101/05 (lei de falências) expressamente prevê esse prosseguimento:

Lei 11.101/05
Art. 6º (...)
§ 2º É permitido pleitear, perante o administrador judicial, habilitação, exclusão ou modificação de
créditos derivados da relação de trabalho, mas as ações de natureza trabalhista, inclusive as impug-
nações a que se refere o art. 8º desta Lei, serão processadas perante a justiça especializada até a
apuração do respectivo crédito, que será inscrito no quadro-geral de credores pelo valor determina-
do em sentença.

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Execução Trabalhista – Parte II
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Isso significa dizer que, se Danilo, por exemplo, trabalhar para uma empresa X, que teve a
falência decretada pela Justiça Estadual ou Distrital, e entender que foi lesado em seus direitos
trabalhistas pela empresa, poderá ajuizar ação trabalhista contra a massa falida da empresa.
Esse processo trabalhista tramitará normalmente até a decisão final.
E como fica a execução? Aqui temos uma peculiaridade.

Não se pode penhorar bens da massa falida. Isso porque qualquer pagamento apenas pode
ser realizado de acordo com a ordem legal de classificação dos créditos inscritos no juízo
falimentar.

De fato, seria injusto que, diante de tantos credores e de pouco patrimônio, apenas alguns
conseguissem receber tudo e outros nada. Os bens devem ser utilizados para pagar todos os
que possuem o mesmo nível de preferência.
Logo, uma vez que existe um crédito trabalhista devido pela massa falida, deve esse crédi-
to ser registrado no processo falimentar (que tramita na Justiça Estadual/Distrital) de acordo
com sua natureza. É que a lei prevê uma ordem legal de pagamento no art. 83.
Nesse contexto, não se pode penhorar bens da massa falida. Observe esse julgado do STF:

Agravo regimental no agravo de instrumento. Falência. Crédito previdenciário. Execução.


Competência. Juízo falimentar. 1. Declarada a falência da empresa, as execuções em
curso na Justiça do Trabalho devem prosseguir no juízo falimentar. 2. Agravo regimental
não provido. (AI 625709 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO, PUBLIC 15-03-2012)

Quanto ao concurso de credores, como para nosso estudo apenas interessa o crédito tra-
balhista, registro que esse crédito possui preferência. Veja o art. 83, I, da Lei 11.101/05:

Lei 11.101/05
Art. 83. A classificação dos créditos na falência obedece à seguinte ordem:
I - os créditos derivados da legislação trabalhista, limitados a 150 (cento e cinquenta) salários-míni-
mos por credor, e aqueles decorrentes de acidentes de trabalho;

Essa preferência em relação aos outros créditos devidos pela massa (tributos, créditos co-
merciais, créditos civis etc.) aplica-se aos créditos trabalhistas até o limite de 150 salários
mínimos e, no caso de créditos derivados do acidente de trabalho, qualquer que seja o valor.

E se o crédito trabalhista (não derivado de acidente) for maior que 150 salários, o que ocor-
re? Nesse caso, o crédito passa a ser quirografário (quer dizer: aquele que não possui preferên-
cia e será pago depois de diversos outros). Leia o art. 83, VI, “c” da Lei 11.101/05:

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Lei 11.101/05
Art. 83. A classificação dos créditos na falência obedece à seguinte ordem:
VI – créditos quirografários, a saber:
c) os saldos dos créditos derivados da legislação trabalhista que excederem o limite estabelecido
no inciso I do caput deste artigo;

Ressalte-se que essa limitação de 150 salários mínimos para créditos trabalhistas não de-
correntes de acidente de trabalho é constitucional. O Supremo Tribunal Federal decidiu esse
ponto na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 3934:

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTIGOS 60, PARÁGRAFO ÚNICO, 83, I E IV,


c, E 141, II, DA LEI 11.101/2005. FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO JUDICIAL. INEXISTÊNCIA DE
OFENSA AOS ARTIGOS 1º, III E IV, 6º, 7º, I, E 170, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL de 1988.
ADI JULGADA IMPROCEDENTE. (...) III – Igualmente não existe ofensa à Constituição no
tocante ao limite de conversão de créditos trabalhistas em quirografários. (...) (ADI 3934,
Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 27/05/2009, DJe
de 06/11/09)

Outro ponto é importante. Se o credor trabalhista ceder seu crédito a terceiro (vendê-lo a
terceiro), esse crédito não deixará de ser privilegiado na falência. Veja o art. 83, § 5º, da Lei
11.101/05:

Lei 11.101/05
Art. 83. (...)
§ 5º Para os fins do disposto nesta Lei, os créditos cedidos a qualquer título manterão sua natureza
e classificação.

Vale lembrar de que todos os créditos do trabalhador (remuneratórios ou indenizatórios)


reconhecidos na Justiça do Trabalho contra a empresa falida continuam existindo e possuem,
ainda assim, preferência no pagamento na falência (respeitado o limite definido em lei):

CLT
Art. 449. Os direitos oriundos da existência do contrato de trabalho subsistirão em caso de falência,
concordata ou dissolução da empresa.
§ 1º – Na falência constituirão créditos privilegiados a totalidade dos salários devidos ao emprega-
do e a totalidade das indenizações a que tiver direito.

Portanto, na prática, a execução contra a massa falida ocorre da seguinte forma resumida:

a) Citação

A massa falida é citada na pessoa do administrador judicial (pessoa essa nomeada no ju-
ízo falimentar na Justiça Estadual ou Distrital) para, querendo, apresentar embargos em cinco
dias (art. 884 da CLT). Não ocorre qualquer penhora.

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A representação da massa falida é realizada pelo administrador judicial na forma do art.


22, III, “n”, da lei 11.101/05:

Lei 11.101/05
Art. 22. Ao administrador judicial compete, sob a fiscalização do juiz e do Comitê, além de outros
deveres que esta Lei lhe impõe:
III – na falência:
n) representar a massa falida em juízo, contratando, se necessário, advogado, cujos honorários se-
rão previamente ajustados e aprovados pelo Comitê de Credores;

b) Apresentação de Embargos à Execução

Se a massa falida apresenta embargos, o exequente terá oportunidade de contestar os


embargos em cinco dias, podendo também apresentar sua impugnação no mesmo prazo (art.
884, caput, da CLT).
Havendo necessidade de audiência, o juiz a designa (art. 884, § 2º, da CLT). Após a realiza-
ção da audiência, ou não sendo ela necessária, o juiz profere sentença.
Da sentença cabe agravo de petição por qualquer das partes (art. 897, “a”, da CLT).

c) Expedição de Certidão de Crédito para Fins de Habilitação

O juiz expede uma certidão que contém a descrição do crédito trabalhista. A certidão será
encaminhada ao juízo falimentar (Vara no Tribunal de Justiça estadual ou distrital). O crédito
será inscrito no quadro de credores da massa falida. Assim, o pagamento será feito na ordem
de classificação dos créditos no juízo falimentar.
E se a falência de uma empresa for decretada após ter tido os bens penhorados na Justiça
do Trabalho? Ainda assim, não podemos vender os bens em hasta pública.
Uma outra questão interessante é que, na Justiça do Trabalho, os processos envolvendo
massa falida possuem tramitação preferencial.
Os arts. 652 e 768 da CLT preceituam de forma clara a tramitação preferencial:

CLT
Art. 652. (...)
Parágrafo único. Terão preferência para julgamento os dissídios sobre pagamento de salário e aque-
les que derivarem da falência do empregador, (...).
Art. 768 – Terá preferência em todas as fases processuais o dissídio cuja decisão tiver de ser exe-
cutada perante o Juízo da falência.

8.2. Execução contra a Empresa em Recuperação Judicial


Assim como na falência, no caso de ser deferido o processamento da recuperação judicial,
o processo trabalhista prosseguirá na Justiça do Trabalho até a apuração e individualização
do crédito:

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Lei 11.101/05
Art. 6º (...)
§ 2º É permitido pleitear, perante o administrador judicial, habilitação, exclusão ou modificação de
créditos derivados da relação de trabalho, mas as ações de natureza trabalhista, inclusive as impug-
nações a que se refere o art. 8º desta Lei, serão processadas perante a justiça especializada até a
apuração do respectivo crédito, que será inscrito no quadro-geral de credores pelo valor determina-
do em sentença.

Interessante notar que o art. 6º, §§ 4º e 5º, da Lei 11.101/05 estabelece que, se houver
uma execução em curso, ela fica suspensa por 180 (cento e oitenta) dias, prorrogável por
igual período:

Lei 11.101/05
Art. 6º A decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial impli-
ca:
I - suspensão do curso da prescrição das obrigações do devedor sujeitas ao regime desta Lei;
II - suspensão das execuções ajuizadas contra o devedor, inclusive daquelas dos credores particula-
res do sócio solidário, relativas a créditos ou obrigações sujeitos à recuperação judicial ou à falência;
III - proibição de qualquer forma de retenção, arresto, penhora, sequestro, busca e apreensão e cons-
trição judicial ou extrajudicial sobre os bens do devedor, oriunda de demandas judiciais ou extrajudi-
ciais cujos créditos ou obrigações sujeitem-se à recuperação judicial ou à falência.
(...)
§ 4º Na recuperação judicial, as suspensões e a proibição de que tratam os incisos I, II e III do caput
deste artigo perdurarão pelo prazo de 180 (cento e oitenta) dias, contado do deferimento do pro-
cessamento da recuperação, prorrogável por igual período, uma única vez, em caráter excepcional,
desde que o devedor não haja concorrido com a superação do lapso temporal.
(...)
§ 5º O disposto no § 2º deste artigo aplica-se à recuperação judicial durante o período de suspensão
de que trata o § 4º deste artigo.

Quando se fala na suspensão por esse prazo, um operador do Direito poderia pensar que a
execução voltaria ao normal na Justiça do Trabalho após a suspensão.
Contudo, essa não é a posição adotada pelo Superior Tribunal de Justiça. Como o objeti-
vo da recuperação judicial é preservar a empresa, o STJ entende que ao prosseguimento da
execução com a penhora de bens inviabiliza a recuperação da empresa, porquanto seus ativos
serão leiloados após eventual constrição. Portanto, ainda que ultrapassados os 180 dias (ou,
agora, até mesmo 360 dias com a prorrogação), não se pode continuar a execução com penho-
ras e alienações judiciais de bens da empresa recuperanda:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGI-


MENTAL NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA – JUSTIÇA COMUM ESTADUAL E JUSTIÇA
DO TRABALHO – RECUPERAÇÃO JUDICIAL – RECLAMAÇÃO TRABALHISTA – ATOS EXE-
CUTIVOS – COMPETÊNCIA DO JUÍZO DE DIREITO DA VARA EMPRESARIAL – (...) 2. “A
jurisprudência do STJ tem entendimento firmado no sentido de que os atos de execução
dos créditos individuais promovidos contra empresas em falência ou em recuperação
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judicial, sob a égide do Decreto-lei n. 7.661/45 ou da Lei n. 11.101/05, devem ser realiza-
dos pelo Juízo Universal, ainda que ultrapassado o prazo de 180 dias de suspensão pre-
visto no art. 6º, § 4º, da Lei n. 11.101/05.” (...) (EDcl nos EDcl no AgRg no CC 122.671/RJ,
Rel. Ministro MARCO BUZZI, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 22/02/2018, DJe 01/03/2018)

O Tribunal Superior do Trabalho segue o mesmo raciocínio:

(...) 1. COMPETÊNCIA PARA O PROSSEGUIMENTO DA EXECUÇÃO. EMPRESA EM RECU-


PERAÇÃO JUDICIAL. SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO TRABALHISTA. PRAZO DE 180 DIAS
EXTRAPOLADO. (...) I. A jurisprudência desta Corte, interpretando o art. 6º, § 2º da Lei
11.101/2005, se consolidou no sentido de que a competência da Justiça do Trabalho
se limita à fase de liquidação, devendo a habilitação e a execução ocorrerem na Justiça
Comum, ou seja, no juízo da recuperação judicial. De tal modo, a suspensão da execução
processada na Justiça do Trabalho quando é deferido o pedido de recuperação judicial
permanece mesmo nas hipóteses em que exaurido o prazo de 180 dias previsto no art.
6º, §4º, da Lei 11.101/2005. II. Assim, no caso de empresa em recuperação judicial, as
ações de natureza trabalhista serão julgadas na Justiça do Trabalho, até a apuração do
respectivo crédito, cujo valor será determinado em sentença e, posteriormente, inscrito no
quadro-geral de credores. Sob esse enfoque, impõe-se o conhecimento e o provimento do
recurso, sob pena de violação ao art. 6º, caput e § 2º, da Lei n.11.101/2005. III. Recurso
de revista de que se conhece e a que se dá provimento “ (RR-10336-60.2017.5.03.0163,
4ª Turma, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 21/08/2020).

Então qual seria o procedimento? Após a citação da empresa recuperanda para, caso que-
ria, apresente embargos, pode haver a oposição de embargos do devedor, sem qualquer ga-
rantia do juízo. Uma vez julgados os embargos pelo juiz da execução, é expedida uma certidão
para fins de habilitação na recuperação judicial.

8.3. Depósitos Recursais ou Penhoras Existentes antes da Decretação


de Falência ou Deferimento de Recuperação Judicial

Muitas vezes a quebra é decretada ou a recuperação judicial é deferida quando já existe


depósito recursal existente nos autos ou penhora de valores no processo. Nesses casos, quem
define o destino dos depósitos recursais é o juízo da falência ou da recuperação judicial, e não
a juiz do trabalho.
Quanto à penhora de valores, se a constrição ocorreu antes do deferimento da recuperação
judicial, os valores dela decorrentes não podem ser automaticamente usados na execução tra-
balhista, devendo ser colocados à disposição do juízo da recuperação judicial:

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“(...) – PENHORA DE VALORES ANTES DA DECRETAÇÃO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL


DA EXECUTADA – REQUERIMENTO DE LIBERAÇÃO – IMPOSSIBILIDADE – INCLUSÃO
NO CONCURSO DE CREDORES – EXECUÇÃO A SER PROCESSADA PERANTE O JUÍZO
UNIVERSAL. A decisão regional assentou que, ainda que existente penhora sobre cré-
dito anteriormente à decretação da recuperação judicial da executada para a satisfação
de dívida anterior a esse pedido, não há que se falar em liberação desses valores ao
exequente, pois se sujeitam ao concurso de credores (art. 49 da Lei n. 11.101/2005),
sendo impossível execução individual pelo trabalhador. O TST firmou entendimento de
que todos os atos de execução referentes às reclamações trabalhistas cuja executada
tenha a recuperação judicial declarada somente podem ser executados perante o juízo
universal, ainda que a constrição tenha ocorrido em momento anterior à mencionada
declaração, sendo do juízo universal a competência para a prática dos atos de execução
referentes a reclamações trabalhistas movidas contra a empresa recuperanda. Agravo
desprovido” (Ag-AIRR-271-49.2015.5.17.0013, 7ª Turma, Relator Ministro Luiz Philippe
Vieira de Mello Filho, DEJT 20/09/2019).

No que tange aos depósitos recursais já realizados, seu destino é definido pelo juízo da
falência ou da recuperação judicial:

“RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. EXECUÇÃO. RECUPERAÇÃO


JUDICIAL DECLARADA POSTERIORMENTE. LIBERAÇÃO DOS DEPÓSITOS RECURSAIS AO
EXEQUENTE. CABIMENTO DO MANDAMUS. INVIABILIDADE. COMPETÊNCIA DO JUÍZO
FALIMENTAR QUANTO À DESTINAÇÃO DOS DEPÓSITOS. (...) A jurisprudência desta
Corte é no sentido de que compete ao juízo universal a prática de todos os atos de exe-
cução relativos a reclamações trabalhistas contra empresa que tenha sua recuperação
judicial decretada. Tal entendimento deve ser estendido à situação do depósito recursal,
mesmo que tenha ocorrido em momento anterior à declaração de recuperação judicial.
Precedentes específicos desta SBDI-2. Ressalva de entendimento da relatora. Recurso
ordinário conhecido e provido” (RO-5659-84.2019.5.15.0000, Subseção II Especializada
em Dissídios Individuais, Relatora Ministra Maria Helena Mallmann, DEJT 18/12/2020).

“RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. EXECUÇÃO. EMPRESA EXE-


CUTADA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. LIBERAÇÃO DOS DEPÓSITOS RECURSAIS AO
EXEQUENTE. CABIMENTO. INVIABILIDADE DO LEVANTAMENTO. DIREITO LÍQUIDO E
CERTO CONFIGURADO. (...) 3. Por expressa disposição legal (arts. 6º, § 2º, e 115 da Lei
11.101/2005), e em conformidade com a jurisprudência do STJ e do TST, todos os crédi-
tos anteriores à decretação da recuperação judicial ou da falência estão submetidos ao
procedimento especial de pagamento, após regular inscrição no quadro geral de credo-
res, observadas as preferências e demais critérios legais, não podendo ser admitida, sob

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pena de afronta à lei, a liberação de depósitos recursais à parte exequente, ainda que tais
depósitos tenham sido efetuados em momento anterior ao deferimento judicial da recu-
peração. Julgados da SBDI-2 do TST. Recurso ordinário conhecido e provido” (ROT-6613-
33.2019.5.15.0000, Subseção II Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro
Douglas Alencar Rodrigues, DEJT 26/02/2021).

Observe um julgado do Superior Tribunal de Justiça no mesmo sentido:

“PROCESSO CIVIL. AGRAVO INTERNO NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA. EXECUÇÃO


TRABALHISTA E RECUPERAÇÃO JUDICIAL. COMPETÊNCIA DO JUÍZO RECUPERACIO-
NAL PARA A PRÁTICA DE ATOS EXECUTÓRIOS OU CONSTRITIVOS. 1. Nos termos da
jurisprudência consolidada desta Corte, é competente o juízo universal para a prática de
atos de execução que incidam sobre o patrimônio de sociedade em processo falimentar
ou de recuperação judicial, incluindo-se a deliberação acerca da destinação dos valores
atinentes aos depósitos recursais feitos em reclamações trabalhistas, ainda que efeti-
vados anteriormente à decretação da falência ou ao deferimento da recuperação. (...)”
(AgInt nos EDcl no CC 174.322/SP, Rel. Ministra Nancy Andrighi, 2ª Seção, julgado em
09/06/2021, DJe 14/06/2021)

9. Execução de Contribuições Previdenciárias


As contribuições previdenciárias decorrentes de condenação judicial na Justiça do Tra-
balho são executadas em conjunto com o crédito trabalhista. Não existe, como regra, uma
execução em separado.
No entanto, se não houver promoção da execução do crédito trabalhista pelas partes e
elas tiverem advogado, o juiz não pode iniciar a execução trabalhista de ofício, o que se infere
a contrario sensu do art. 878 da CLT:

CLT
Art. 878. A execução será promovida pelas partes, permitida a execução de ofício pelo juiz ou pelo
Presidente do Tribunal apenas nos casos em que as partes não estiverem representadas por advo-
gado.

Nesse caso, pode o juiz, contudo, iniciar a execução das contribuições previdenciárias de
ofício, por força do art. 114, IX, da CF e art. 876, parágrafo único, da CLT:

CF
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:
VIII – a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acrésci-
mos legais, decorrentes das sentenças que proferir;

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CLT
Art. 876. (...)
Parágrafo único. A Justiça do Trabalho executará, de ofício, as contribuições sociais previstas na
alínea a do inciso I e no inciso II do caput do art. 195 da Constituição Federal, e seus acréscimos
legais, relativas ao objeto da condenação constante das sentenças que proferir e dos acordos que
homologar.

A execução das contribuições previdenciárias segue o mesmo rito da execução trabalhista,


não havendo procedimento ou regras diferenciadas.
Caso o devedor queira efetuar o pagamento voluntário dessas contribuições, tal conduta é,
por evidente, permitida, sem prejuízo da execução de eventuais diferenças:

CLT
Art. 878-A. Faculta-se ao devedor o pagamento imediato da parte que entender devida à Previdên-
cia Social, sem prejuízo da cobrança de eventuais diferenças encontradas na execução ex officio.

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RESUMO

Tópico Linha mestra

1 – Realizada a penhora de bens ou mesmo se o executado depositou


valores na conta judicial vinculada ao processo, garantindo o juízo, o
executado pode opor embargos à execução no prazo de cinco dias.
2 – A exigência da garantia ou penhora não se aplica às entidades
filantrópicas e/ou àqueles que compõem ou compuseram a diretoria
dessas instituições.
3 – Os cinco dias são contados da intimação da penhora realizada ou,
Embargos à no caso de depósito do valor para garantir o juízo, do dia do depósito.
execução 4 – As matérias passíveis de alegação são aquelas indicadas no art.
884, § 1º, da CLT; arts. 525, § 1º, e do CPC; art. 917 do CPC; impugnação
aos cálculos e matéria de ordem pública.
5 – Na execução por carta, os embargos serão oferecidos no juízo
deprecante ou no juízo deprecado, mas a competência para julgá-los
é do juízo deprecante, salvo se versarem unicamente sobre vícios ou
defeitos da penhora, da avaliação ou da alienação dos bens efetuadas
no juízo deprecado.

1 – Envolve cálculos que o exequente entende que não estão


devidamente elaborados e/ou matérias de ordem pública.
Impugnação do 2 – É apresentado no prazo de contestação dos embargos à execução
exequente ou da intimação para apresentá-los.
Procuradores 3 – Serão julgados na mesma sentença dos embargos à execução (art.
884, § 4º, da CLT).

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DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO
Execução Trabalhista – Parte II
Gervásio Meireles

Tópico Linha mestra

1– Expropriação significa que o bem será retirado da propriedade do


devedor e transferido a outrem, independentemente da vontade do
executado.
2– O leilão pode ser eletrônico ou presencial.
3 – O edital será afixado com antecedência mínima de 20 dias antes
da hasta pública.
4 – Os bens serão vendidos pelo maior lance ofertado, desde que não
seja vil.
5 – O arrematante paga 20% do valor do lance no ato e o restante
(80%) em 24 horas, sob pena de, não o fazendo, perder o valor do
sinal de 20% para a execução.
Alienação, 6 – O auto de arrematação é o documento que torna perfeita e acaba
arrematação, a venda judicial.
adjudicação e 7– O interessado na arrematação pode fazer uma proposta de
remição pagamento parcelado.
8 – Adjudicação é o ato expropriatório judicial que transfere um
bem do executado diretamente para o credor exequente ou para
determinadas pessoas legitimadas por lei.
9 – Quando bem já foi levado a leilão e houver um arrematante, pode-
se adjudicar pelo valor do melhor lance ofertado. Se ainda não houve
arrematante, a adjudicação se faz pelo valor da avaliação.
10 – A adjudicação torna-se perfeita e acabada mediante assinatura
do auto de adjudicação.
11 – Remição é o ato através do qual o executado ou terceiro paga toda
a dívida exequenda, inclusive despesas processuais eventualmente
devidas.

1 – Trata-se de ação de conhecimento incidental proposta por


terceiro que teve seus bens atingidos por ato judicial ou estão sob
risco iminente de serem afetados.
2 – O terceiro pode ser proprietário do bem ou mesmo possuidor do
bem.
3 – São também legitimados a ajuizar essa ação os indicados no art.
674, § 2º, do CPC.
Embargos de 4 – Os embargos podem ser opostos a qualquer tempo no processo de
terceiro conhecimento enquanto não transitada em julgado a sentença e, na
execução, até 5 (cinco) dias depois da adjudicação ou da arrematação,
mas sempre antes da assinatura da respectiva carta.
5 – O prazo para contestar é 15 (quinze) dias.
6 – Na execução por carta, serão apresentados no juízo deprecado,
exceto se o bem atingido foi indicado pelo deprecante ou se a carta
já foi devolvida, quando então o juízo deprecante é quem receberá e
julgará esses embargos.

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DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO
Execução Trabalhista – Parte II
Gervásio Meireles

Generalidades
1 – Fazenda Pública refere-se às pessoas jurídicas de direito público
na execução
interno (art. 41 do Código Civil).
contra Fazenda
2 – Os títulos executivos contra a Fazenda Pública podem ser judiciais
Pública
ou extrajudiciais.
3 – As execuções contra a Fazenda Pública podem envolver obrigações
de fazer, não fazer, de entregar ou de pagar.

1– Se o crédito for de pequeno valor, não há a necessidade de


expedição de precatório, mas haverá a expedição da chamada
Requisição de Pequeno Valor (RPV).
2 – Cada ente público (União, Estados, Distrito Federal e Municípios)
Execução pode estipular, por lei, o valor limite para ser considerado pequeno
de pequeno valor, desde que o valor não seja inferior à quantia do maior benefício
valor contra pago no regime geral da previdência.
a Fazenda 3 – No caso de não pagamento da RPV no prazo de 2 meses, o juiz
Pública está autorizado a promover o sequestro de dinheiro nas contas da
Fazenda Pública.
4 – No litisconsórcio ou na substituição processual, deve-se
considerar cada crédito individualmente e não a soma dos créditos
dos litisconsortes ou substituídos respectivamente.

1– Precatório é uma requisição do Poder Judiciário para que um ente


público ou uma entidade de direito público pague uma dívida em
um prazo fixado constitucionalmente, devendo seguir uma ordem
cronológica.
2 – Os precatórios alimentares são pagos com preferência sobre os
demais.
Execução de 3 – Os créditos alimentares cujos titulares, originários ou por
obrigação de sucessão hereditária, tenham 60 (sessenta) anos de idade, ou
pagar que sejam portadores de doença grave, ou pessoas com deficiência,
não seja de assim definidos na forma da lei, são superpreferenciais, desde que
pequeno valor respeitado o limite de até 3 vezes a quantia do que a Fazenda Pública
considera pequeno valor.
4 – A expedição de precatório apenas pode ocorrer após o trânsito
em julgado da decisão no processo de conhecimento.
5 – A apresentação do precatório (inclusão na lista) deve ocorrer até
2 de abril do ano corrente para que seja pago até o final do ano
seguinte.

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Execução Trabalhista – Parte II
Gervásio Meireles

6 – É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito


público, de verba necessária ao pagamento de seus débitos, oriundos
de sentenças transitadas em julgado, constantes de precatórios
judiciários apresentados até 2 de abril, sob pena de sequestro na
conta da Administração.
7 – A violação da ordem (fila) de precatório com pagamento em de
um crédito pior classificado em detrimento de um melhor classificado
implica possibilidade de sequestro de valores na conta da Fazenda
Pública.

1 – Não pode haver penhora de bens da Fazenda Pública, que é


Embargos citada para, caso queira, embargar a execução.
à execução 2 – O prazo dos embargos à execução da Fazenda Pública é de 30
da Fazenda dias.
Pública 3 – O recurso contra a sentença que julga os embargos à execução
da Fazenda Pública é o agravo de petição.

1 – A regra é a execução direta, mas existem exceções e, relação aos


quais se segue o regime de precatórios e requisição de pequeno
valor.
2 – A primeira das exceções são os Correios. A segunda exceção
Execução envolve as empresas estatais, se atendidos os seguintes requisitos
contra cumulativos: a) prestar serviços públicos em regime que não seja de
empresas concorrência com a iniciativa privada; e b) não distribuir lucros e nem
estatais acumular patrimônio.
3 – No caso de extinção de empresa estatal, é válida a penhora em
bens de pessoa jurídica de direito privado, realizada anteriormente
à sucessão desta pela União, não devendo a execução prosseguir
mediante precatório.

1– A decretação de falência não impede a existência da ação


trabalhista, a qual seguirá seu curso normal na Justiça do Trabalho
até que haja a definição do valor efetivamente devido.
2 – Não se pode penhorar bens da massa falida. Qualquer
pagamento apenas pode ser realizado de acordo com a ordem legal
Execução de classificação dos créditos inscritos no juízo falimentar (na Justiça
contra massa Estadual/Distrital).
falida 3 – A preferência de ser pago primeiro em relação aos outros créditos
devidos pela massa aplica-se aos créditos trabalhistas até o limite de
150 salários mínimos e, no caso de créditos derivados do acidente
de trabalho, qualquer que seja o valor.
4 – Na Justiça do Trabalho, os processos envolvendo massa falida
possuem tramitação preferencial.

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Execução Trabalhista – Parte II
Gervásio Meireles

1 – No caso de ser deferido o processamento da recuperação


Execução judicial, o processo trabalhista prosseguirá na Justiça do Trabalho até
contra a a apuração e individualização do crédito.
recuperação 2 – Ainda que ultrapassados os 180 dias, não se pode continuar a
judicial execução com penhoras e alienações judiciais de bens da empresa
recuperanda.

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Execução Trabalhista – Parte II
Gervásio Meireles

QUESTÕES DE CONCURSO
Você deve ter em mente que, se um exercício envolver diversos itens com matérias diferen-
tes, apenas os itens relacionados à matéria desta aula foram escolhidos para exame. Assim,
se você verificar que a questão possui menos itens, isso ocorre porque os itens suprimidos não
se relacionam à matéria dessa aula. Logo, apenas os itens sobre a matéria desta aula foram
examinados e os gabaritos adaptados para o exame destes itens.
Você deve se lembrar também de que as questões foram respondidas com base na legis-
lação e na jurisprudência atuais, razão pela qual os gabaritos das questões foram adaptados
para as novas respostas.

003. (VUNESP/PREFEITURA DE SOROCABA-SP/PROCURADOR MUNICIPAL/2018) Na fase


de execução, a apresentação de embargos pressupõe a garantia da execução ou penhora de
bens, estando dispensados(as) de referida exigência, entre outros,
a) as autarquias e as entidades filantrópicas.
b) os Estados, os Municípios e as empresas públicas.
c) a União e suas autarquias, as sociedades de economia mista e as empresas públicas.
d) os Municípios, as fundações e as sociedades de economia mista.
e) a União, as sociedades de economia mista e a massa falida.

a) Certa. As autarquias, por serem pessoas jurídicas de direito público, não precisam de garan-
tia para apresentar embargos à execução. Elas apenas pagam os débitos trabalhistas median-
te requisição de pequeno valor (RPV) ou precatório, sendo que ambos apenas são expedidos
após a fase de embargos. Trata-se de execução contra Fazenda Pública. Assim, a Fazenda
Pública é comunicada da execução, para querendo, possa embargar a execução. Veja o art.
535, caput, do CPC. Quanto às entidades filantrópicas, não se aplica a exigência de garantia,
conforme dispõe o art. 884, § 6º, da CLT.
b) Errada. Muito embora os Estados e Municípios estão dispensados de garantia da execução
ou de penhora para embargar (porque pagam suas dívidas com RPV ou precatório), isso não
ocorre com todas as empresas públicas ou sociedades de economia mista. As empresas es-
tatais, como regra, seguem o mesmo regime das empresas privadas, por força do art. 173, §
1º, II, da CF. Assim, como regra, sofrem execução direta, ou seja, podem ter bens penhorados
e precisam de garantia do juízo para embargar a execução. No entanto, tenha muito cuidado.
Existem duas situações especiais em que não é preciso de garantia do juízo para embargar a
execução. A primeira ocorre em relação aos Correios, os quais gozam da impenhorabilidade de
bens por força do art. 12 do Decreto-Lei 509/69. A segunda situação refere-se a empresas es-
tatais prestadora de serviços públicos que não atuam em regime de concorrência com outras
pessoas e que não acumulam patrimônio ou distribuam lucros. Nesse caso, a execução não é
direta, não ocorre penhora, sendo o pagamento realizado por precatório ou RPV.

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c) Errada. As empresas públicas e as sociedades de economia mista sofrem, como regra ge-
ral, execução direta. Assim, como regra, precisam de garantia ou de penhora, para embargar a
execução. Leia o comentário do item anterior.
d) Errada. Veja o comentário da letra “b”.
e) Errada. Veja o comentário da letra “b” e “c”. Apenas um registro a mais: a massa falida tam-
bém não sofre qualquer penhora e tampouco precisa de garantia para embargar a execução.
Isso porque não se admite atos de disponibilidade patrimonial fora dos limites fixados pelo
juízo universal da falência.
Letra a.

004. (VUNESP/PGE-SP/PROCURADOR DO ESTADO/2018/ADAPTADA) Assinale a alternati-


va correta a respeito da execução perante a Justiça do Trabalho.
c) De acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho, cabe recurso ordinário da decisão pro-
ferida em embargos à execução.
e) O Tribunal Superior do Trabalho entende que constitui indevido fracionamento do valor da
execução (art. 100, § 8º, da Constituição da República) o pagamento individualizado do crédito
devido pela Fazenda Pública, no caso de ação coletiva em que sindicato atua como substituto
processual na defesa de direitos individuais homogêneos dos trabalhadores substituídos.

c) Errada. O recurso cabível contra decisão em embargos à execução é o agravo de petição, na
forma do art. 897, “a”, da CLT.
e) Errada. Quando um sindicato atua como substituto processual, os créditos devidos aos em-
pregados individualmente são créditos autônomos entre si, de maneira que o pagamento vai
ser feito por precatório ou por requisição de pequeno valor, dependendo do valor do crédito de
cada um e não do valor de todos em conjunto. Logo, os créditos devem ser considerados de
forma individual. Isso não viola a regra que proíbe o fracionamento do precatório prevista no
art. 100, § 8º, da CF.
Errado.
Errado.

005. (CESPE/PREFEITURA DE FORTALEZA–CE/PROCURADOR MUNICIPAL/2017) Julgue


o item subsequente, a respeito de recursos, execução, mandado de segurança e ação rescisó-
ria em processo do trabalho.
No caso de ação coletiva em que sindicato atue como substituto processual na defesa de di-
reitos individuais homogêneos, o entendimento do TST é de que o pagamento individualizado
do crédito devido pela fazenda pública aos substituídos não afronta a proibição de fraciona-
mento do valor da execução para fins de enquadramento em pagamentos da obrigação como
requisição de pequeno valor.

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Veja o comentário do exercício anterior.

Certo.

006. (CESPE/PGE-AM/PROCURADOR DO ESTADO/2016) Com referência à execução no pro-


cesso do trabalho e aos seus recursos, julgue o item que se segue.
Segundo o STF, o prazo de trinta dias para a fazenda pública embargar a execução é constitu-
cional e não ofende os princípios da isonomia e do devido processo legal.

O prazo é de 30 dias por força do art. 1º-B da Lei 9.494/97. O Supremo Tribunal Federal reco-
nheceu a constitucionalidade do preceito na ADI 2418.
Certo.

007. (FCC/MANAUSPREV/PROCURADOR AUTÁRQUICO/2015/ADAPTADA) No que concer-


ne à fase de execução no Processo do Trabalho, é INCORRETO afirmar:
a) Garantida a execução ou penhorados bens, terá a empresa executada cinco dias para apre-
sentar embargos, cabendo igual prazo ao exequente para impugnação.

É o que dispõe o art. 884, caput, da CLT.


Certo.

008. (FCC/PGE-RN/PROCURADOR DO ESTADO/2014) Decisão proferida pela 1ª Vara do Tra-


balho de Natal julgou e manteve subsistente a penhora de bens de pessoa jurídica sucedida
pelo Estado do Rio Grande do Norte, ao considerar que o acordo realizado entre o reclamante
exequente e a sucedida foi efetuado quando esta ainda se submetia ao regime de direito pri-
vado. De acordo com a orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho quanto ao
tema, a penhora
a) não é válida porque, independentemente do momento de formalização do ato, a sucessão
pelo Estado impõe a execução mediante precatório.
b) não é válida porque realizada anteriormente à sucessão pelo Estado, razão pela qual a exe-
cução deve reorientar-se mediante precatório.
c) é válida, se realizada anteriormente à sucessão pelo Estado, não podendo a execução pros-
seguir mediante precatório.
d) não é válida porque a decisão que a mantém viola o artigo 100 da Constituição da República.
e) é válida, independentemente do momento de formalização do ato, mas é necessário que o
pagamento observe a ordem cronológica de apresentação do precatório.
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Execução Trabalhista – Parte II
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Se a execução estava ocorrendo de forma direta em relação ao uma empresa estatal e houve
penhora de bens, o fato de essa empresa ser extinta posteriormente e o Estado assumir seus
bens como sucessora não faz a execução seguir por meio precatório, porquanto a penhora foi
válida (feita antes da sucessão) e os bens penhorados antes da sucessão podem ser vendidos
em leilão. Esse é o teor da OJ 343 da SDI-I do TST. No mesmo sentido segue a Tese do Tema
355 do Supremo Tribunal Federal.
Letra c.

009. (FGV/PGM/NITERÓI/ PROCURADOR MUNICIPAL/2014) Um Município foi condenado


de forma definitiva numa reclamação trabalhista plúrima movida por dois autores, no valor to-
tal de R$ 50.000,00 – sendo R$ 30.000,00 para um dos exequentes e R$ 20.000,00 para o outro.
Sabendo-se que o Município em questão não possui Lei própria regrando a matéria, informe, à
luz da Lei e do entendimento do TST, como se processará o pagamento.
a) O Município será citado para imediato pagamento da dívida total, sob pena de penhora.
b) Ambos os credores receberão por RPV, a ser pago em 60 dias, porque os créditos são vistos
individualmente.
c) O credor de R$ 30.000,00 receberá por precatório e o credor de R$ 20.000,00, por RPV, pois
os créditos devem ser vistos individualmente.
d) Ambos receberão através de precatório, que deverá ser pago até o final do exercício finan-
ceiro seguinte, pois o que importa é o valor global.
e) O credor de R$ 20.000,00 receberá por precatório e o credor de R$ 30.000,00, por RPV, pois
os créditos devem ser vistos individualmente.

Quando se trata de uma reclamação plúrima (vários autores – litisconsórcio ativo), então sig-
nifica que cada crédito deve ser considerado individualmente para verificar se o pagamento
seguirá o precatório ou a requisição de pequeno valor. Não se pode considerar o valor total
devido ao conjunto de credores, mas a cada um individualmente. Leia a Tese do Tema 148 da
Lista de Repercussão Geral fixada pelo Supremo Tribunal Federal. Considerando os créditos
individualizados, veja que ambos não ultrapassam o limite de 30 salários mínimos fixado pela
Constituição para créditos de pequeno valor devidos por Município até que haja lei municipal.
Leia o art. 87 do ADCT da CF.
Letra b.

010. (CESPE/PGE-PI/PROCURADOR DO ESTADO/2014/ADAPTADA) No que se refere à li-


quidação de sentença e à execução trabalhista, assinale a opção correta.
a) Segundo o TST, o sequestro de verbas públicas para satisfação de precatórios trabalhistas
só é admitido na hipótese de preterição do direito de precedência do credor, a ela se equiparando as

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situações de não inclusão da despesa no orçamento ou de não pagamento do precatório até


o final do exercício.

A Constituição Federal, com a Emenda 62/2009, introduziu a possibilidade de sequestro de


verbas públicas quando não existe a inclusão de verbas no orçamento para satisfazer os pre-
catórios, conforme previsão do art. 100, § 6º, da CF. E o TST reconhece essa nova justificativa
para determinação de sequestro.
Errado.

011. (FMP CONCURSOS/PGE-AC/PROCURADOR DO ESTADO/2014/ADAPTADA) Quanto à


execução no Processo do Trabalho, assinale a afirmativa correta.
c) O Presidente do TRT, em sede de precatório, não tem competência funcional para declarar
a inexigibilidade do título judicial exequendo, com fundamento no art. 884, § 5º, da CLT, ante a
natureza meramente administrativa do procedimento.
d) Na execução trabalhista, há expressa previsão na CLT da possibilidade de adjudicação e de
arrematação, não sendo cabível, contudo, a remição.

c) Certa. É o que dispõe a OJ 12 do Tribunal Pleno/Órgão Especial.


d) Errada. De fato, a adjudicação e a arrematação possuem previsão expressa na CLT no art.
888, caput e § 1º. No entanto, embora a remição não tenha previsão expressa na CLT, ela é
perfeitamente possível no Processo do Trabalho. Veja o art. 13 da Lei 5.584/70 (que trata de
regras sobre Processo do Trabalho).
Letra c.

012. (CESPE/PGE-BA/PROCURADOR DO ESTADO/2014) Acerca de recursos, execução tra-


balhista e dissídio coletivo, julgue os itens seguintes.
Realizada a hasta pública na execução, o bem deverá ser vendido ao interessado que ofertar o
maior lance, e o arrematante deverá garantir o lance com sinal correspondente a 10% do valor
inicialmente orçado.

O arrematante deve garantir o lance com sinal de 20%, sendo que o restante deve ser pago
no prazo de 24 horas, sob pena de perder o sinal para a execução. Veja o art. 888, §§ 2º e
4º, da CLT.
Errado.

013. (NC-UFPR/ITAIPU BINACIONAL/PROFISSIONAL DE NÍVEL UNIVERSITÁRIO JR/DIREI-


TO/2019/ADAPTADA) Acerca da execução de sentença proferida pela Justiça do Trabalho,
assinale a alternativa INCORRETA.

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c) Garantida a execução ou penhorados os bens, o prazo que o executado terá para apresentar
embargos será de cinco dias.
d) As entidades filantrópicas estão dispensadas de apresentar garantia da execução ou penho-
ra de bens como requisito para apresentar embargos à execução.
e) O prazo para o exequente oferecer impugnação aos embargos à execução será de cinco dias.

c) Certa. É o que dispõe o art. 884, caput, da CLT.


d) Certa. É o que dispõe o art. 884, § 6º, da CLT.
e) Certa. É o que dispõe o art. 884, caput, da CLT.
Certo.
Certo.
Certo.

014. (PGE-GO/PGE-GO/PROCURADOR DO ESTADO/2013/ADAPTADA) Segundo a jurispru-


dência cristalizada do Tribunal Superior do Trabalho (OJs) versando sobre a execução contra a
fazenda pública, está CORRETA a seguinte proposição:
b) As decisões desfavoráveis a ente público, em sede de precatório, têm natureza administra-
tiva e serão submetidas à remessa necessária.
c) Tratando-se de reclamações trabalhistas plúrimas, a aferição do que vem a ser obrigação
de pequeno valor, para efeito de dispensa de formação de precatório e aplicação do disposto
no § 3º do art. 100 da CF/88, deve ser realizada considerando-se a totalidade da condenação.
d) É indevido o sequestro de verbas públicas quando o exequente/requerente não se encontra
em primeiro lugar na lista de ordem cronológica para pagamento de precatórios ou quando não
demonstrada essa condição.
e) O presidente do TRT, em sede de precatório, tem competência funcional para declarar a ine-
xigibilidade do título judicial exequendo, quando fundado em lei ou ato normativo declarados
inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal ou em aplicação ou interpretação tidas por
incompatíveis com a Constituição Federal.

b) Errada. Justamente por ter natureza administrativa é que não cabe remessa necessária.
Veja a OJ 8 do TP/OE do TST.
c) Errada. Quando se trata de ação plúrima, o cabimento de precatório ou requisição de peque-
no valor depende do valor de crédito de cada reclamante e não da totalidade do crédito. Essa
lógica já foi reconhecida pelo STF na Tese do Tema 148 da Lista de Repercussão Geral.
d) Certa. É o que dispõe o OJ 13 do OE/TP.
e) Errada. O Presidente do Tribunal não possui essa competência. Veja a OJ 12 do Tribunal
Pleno/Órgão Especial.
Letra d.

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015. (CESPE/AGU/PROCURADOR FEDERAL/2013) Em relação ao direito processual do tra-


balho, julgue os itens a seguir.
Tendo em vista a natureza alimentar do crédito trabalhista, o TST tem entendimento firmado no
sentido de que a execução contra autarquia não se sujeita ao regime de precatório.

A autarquia integra o conceito da Fazenda Pública, por ser uma pessoa jurídica de direito públi-
co interno. Logo, sua execução sujeita-se ao regime de precatório.
Errado.

016. (FCC/PGM/JOÃO PESSOA-PB/PROCURADOR MUNICIPAL/2012) Com relação à Exe-


cução no Direito Processual do Trabalho, considere:
I – Aplica-se à execução trabalhista o Princípio do Título.
II – A Consolidação das Leis de Trabalho prevê que o arrematante deverá garantir o lance
com o sinal correspondente a 20% do seu valor.
III – Concluída a avaliação, seguir-se-á a arrematação, que será anunciada por edital afixado
na sede do juízo ou tribunal e publicado no jornal local, se houver, com a antecedência
de cinco dias.
IV – Não se aplica à execução trabalhista o Princípio da Redução da Patrimonialidade.

Está correto o que se afirma APENAS em


a) I e II.
b) II e III.
c) I, II e IV.
d) I e IV.
e) II, III e IV.

I – Certo. A execução somente pode ser validamente admitida se houver um título executivo na
qual se baseie, seja ele judicial ou extrajudicial.
II – Certo. É o que dispõe o art. 888, § 2º, da CLT.
III – Errado. A antecedência mínima da publicação do edital deve ser de 20 dias e não de 5 dias,
na forma do art. 888, caput, da CLT.
IV – Errado. O princípio não é conhecido doutrinariamente como “redução da patrimonialida-
de”, mas sim “princípio da patrimonialidade”. Por esse princípio, a execução deve recair sobre
o patrimônio do devedor e não sobre sua pessoa. Claro que esse princípio é aplicável ao Pro-
cesso do Trabalho. Ora, o Brasil ratificou a Convenção Americana de Direitos Humanos, o que
significa que não se admite prisão por dívida, como regra. Veja o art. 7, item 7, da Convenção.
E o crédito trabalhista, apesar de ter natureza alimentar, não se enquadra na referida exceção.
Letra a.

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DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO
Execução Trabalhista – Parte II
Gervásio Meireles

017. (UEPA/PGE-PA/PROCURADOR DO ESTADO/2012/ADAPTADA) Sobre a jurisprudência


sumulada do Supremo Tribunal Federal em direito material e processual do trabalho, assinale
a alternativa CORRETA:
a) Não cabe recurso extraordinário contra decisão proferida no processamento de precató-
rios requisitórios, a teor da Súmula 733 do STF. Esse entendimento está assentado, dentre
outros, no precedente AgR/REXT n. 281.208-1/SP, segundo o qual o julgamento de pedido de
sequestro de valores necessários à satisfação de precatório, formulado perante Presidente de
Tribunal de Justiça, possui natureza administrativa, pois se refere ao processamento dessas
requisições, não ensejando recurso extraordinário. No mesmo sentido o Plenário do STF, no
julgamento da ADI n. 1.098/SP.

A Súmula 733 do STF não admite recurso extraordinário no pagamento de precatórios. Isso
ocorre diante do caráter administrativo do procedimento precatorial, como indica esse jul-
gado do STF.
Certo.

018. (FMP CONCURSOS/PGE-AC/PROCURADOR DO ESTADO/2012/ADAPTADA) Quanto


aos Embargos à Execução, no Processo do Trabalho, pode-se afirmar que:
a) os Embargos à Execução propostos em face de execução realizada por Carta Precatória
serão julgados sempre pelo Juízo Deprecante.
b) o prazo para a interposição dos Embargos à Execução é de cinco dias, salvo para a Fazenda
Pública, que tem prazo em dobro.
c) o prazo para a interposição dos Embargos à Execução é de cinco dias, cabendo ao exequen-
te igual prazo para sua impugnação.

a) Errada. Quando se trata de embargos à execução apresentados no curso de execução que
se realiza por carta precatória, a competência para julgamento é feita com base no art. 914, §
2º, do CPC. Assim, a competência não é sempre do juízo deprecante, já que no caso de embar-
gos que envolvam somente vício ou defeitos na penhora, avaliação ou alienação, a competên-
cia para julgar é do juízo deprecado.
b) Errada. O prazo para oposição de embargos à execução é, em regra, de 5 dias, conforme art.
884, caput, da CLT, mas o prazo da Fazenda Pública é de 30 dias, na forma do art. 1º-B da Lei
9494/97.
c) Certa. É o que dispõe o art. 884, caput, da CLT.
Letra c.

019. (FMP CONCURSOS/PGE-AC/PROCURADOR DO ESTADO/2012/ADAPTADA) Em rela-


ção à execução em face dos Entes de Direito Público, em sede trabalhista, não tem prevalecido
o seguinte entendimento:

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Execução Trabalhista – Parte II
Gervásio Meireles

a) Há dispensa da expedição de precatório, na forma do art. 100, § 3º, da CF/1988, quando a


execução contra a Fazenda Pública não exceder os valores definidos, provisoriamente, pela
Emenda Constitucional n. 37/2002, como obrigações de pequeno valor, inexistindo ilegalidade,
por esse prisma, na determinação de sequestro da quantia devida pelo ente público.
d) Tratando-se de reclamações trabalhistas plúrimas, a aferição do que vem a ser obrigação de
pequeno valor, para efeito de dispensa de formação de precatório e aplicação do disposto no §
3º do art. 100 da CF/88, deve ser realizada considerando-se o valor total da ação.

a) Certa. É o que dispõe a OJ 1 do TP/OE do TST.


d) Errada. Para se aferir se o valor será pago por precatório ou por requisição de pequeno valor,
deve-se considerar, quando existe reclamatória plúrima (ação com vários litisconsortes ativos),
o valor de cada credor e não o total. Essa lógica já foi reconhecida pelo STF na Tese do Tema
148 da Lista de Repercussão Geral. E também pode ser vista na OJ 9 do TP/OE da do TST.
Letra d.

020. (FCC/TST/JUIZ DO TRABALHO/2017/ADAPTADA) Sobre a execução na Justiça do Tra-


balho, é correto afirmar:
a) Na petição inicial, o embargante fará a prova sumária de sua posse, que pode ser feita
também em audiência preliminar, ou de domínio próprio ou alheio, bem como da qualidade de
terceiro, oferecendo documentos e rol de testemunhas.
d) O reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado,
bem como da prova de má-fé do terceiro adquirente, mas, antes de declarar a fraude à execu-
ção, o juiz deverá intimar o terceiro adquirente, que, se quiser, poderá opor embargos de tercei-
ro, no prazo de quinze dias.
e) Também se considera terceiro, para ajuizamento dos embargos, o adquirente de bens cuja
constrição decorreu de decisão que declara a ineficácia da alienação realizada em fraude à
execução e quem sofre constrição judicial de seus bens por força de incidente de desconside-
ração da personalidade jurídica, do qual fez parte.

a) Certa. É o que dispõe o art. 677, caput, do CPC.


d) Errada. O reconhecimento da fraude à execução não depende necessariamente do registro
da penhora do bem alienado, mas, nesse caso, precisa de prova de má-fé do terceiro adquiren-
te. Por outro lado, se já houve registro da penhora, não é necessário que haja demonstração de
má-fé do terceiro adquirente.
e) Errada. Se a pessoa fez parte do incidente de desconsideração da personalidade jurídica,
então não pode ingressar com embargos de terceiro. É o decorre, a contrario sensu, do art. 674,
§ 2º, II e III, do CPC.
Letra a.
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021. (FCC/TST/JUIZ DO TRABALHO/2017/ADAPTADA) Sobre a execução na Justiça do Tra-


balho, é correto afirmar:
d) O exequente tem preferência em relação à arrematação para pedir adjudicação, devendo
depositar de imediato a diferença, quando o valor do crédito for inferior ao valor dos bens, cujo
preço não pode ser inferior ao do melhor lance de arrematação.
e) O arrematante deverá garantir o lance com o sinal correspondente a 20% do seu valor, po-
dendo levantá-lo se não complementar o valor remanescente da arrematação, no prazo de
vinte e quatro horas, caso em que os bens executados voltarão à praça.

d) Errada. Não existe qualquer exigência para que o valor dos bens tenha preço menor que o
maior valor dado de lance para arrematação. Aliás, é muito comum que o valor do lance seja
inferior ao valor dos bens e isso é permitido, desde que o preço não seja vil. O exequente pos-
sui preferência para adjudicar o bem, na forma do art. 888, § 1º, da CLT. No entanto, esse valor
deve ser pelo menos igual ao valor do melhor lance, se o bem já foi levado a leilão e houve um
arrematante.
e) Errada. O arrematante, se não pagar o restante do lance em 24hs, perde o sinal de 20% dado
na arrematação, na forma do art. 888, §§ 2º e 4º, da CLT.
Errado.

022. (MPT/MPT/PROCURADOR DO TRABALHO/2017/ADAPTADA) Em relação à execução


no processo do trabalho, conforme a jurisprudência uniforme do Tribunal Superior do Trabalho
(TST), assinale a alternativa INCORRETA:
c) Na execução por carta precatória, os embargos de terceiro serão oferecidos no juízo depre-
cado, salvo se indicado pelo juízo deprecante o bem constrito ou se já devolvida a carta.

É o que dispõe a Súmula 419 do TST.


Certo.

023. (FCC/TRT 1ª REGIÃO-RJ/JUIZ DO TRABALHO/2016) Sendo ré em uma execução em


curso na Justiça do Trabalho, na qual a dívida estava no montante de R$ 5.000,00 (cinco mil
reais), a empresa Antiquário “X” teve penhorado e removido para o depósito público um antigo
lustre no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), o qual estava em seu poder em razão de um
contrato estimatório que havia celebrado com terceiro, sendo certo que este ainda aguardava
a venda do bem para haver seu crédito. Nesse caso, o
a) devedor embargaria a execução, alegando excesso de execução, uma vez que o lustre vale-
ria o dobro do valor da dívida.
b) devedor embargaria a execução, alegando que o lustre era impenhorável.
c) devedor apresentaria exceção de pré-executividade, alegando que não seria o possuidor
do lustre.

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d) devedor apresentaria simples petição, comprovando o caráter estimatório do lustre.


e) terceiro embargaria de terceiro a execução, pedindo que o bem fosse retirado da posse do
Antiquário e a ele devolvido.

a) Errada. Excesso de execução ocorre quando o valor executado é superior ao devido. Não se
está, no exercício, executando mais do que o devido (R$ 5.000,00), mas apenas houve penhora
de bem cujo valor é superior ao devido, o que é situação comum na execução. Claro que, se o
bem fosse do executado e fosse vendido no leilão por valor maior que a dívida, então o exce-
dente seria entregue ao executado.
b) Certa. O executado poderia opor embargos à execução no Processo alegando que houve
vício na penhora. O bem é impenhorável por força do contrato estimatório, além de que o bem
não pertence à empresa consignatária “Antiquário X”, mas a um terceiro. Veja os arts. 534 e
536 do Código Civil.
c) Errada. O executado era possuidor do lustre. No contrato estimatório, a posse do bem que
será vendido a terceiros fica com o consignatário, que era a empresa “Antiquário X”.
d) Errada. O prazo para apresentar embargos é de cinco dias contados da ciência da penhora.
E os embargos são o meio mais adequado do devedor se opor a atos da execução.
e) Errada. O terceiro possui um contrato estimatório com a empresa “Antiquário X”, razão pela
qual deve cumprir seu contrato e manter o bem com o consignatário. A Justiça do Trabalho
não possui competência para determinar a devolução do bem estimado. A relação é cível entre
a empresa “Antiquário X” e o terceiro.
Letra b.

024. (TRT 2R/JUIZ DO TRABALHO/2016/ADAPTADA) Sobre a impugnação aos cálculos


de liquidação e dos Embargos à Execução no processo do trabalho, analise as proposições
abaixo conforme a legislação trabalhista e a jurisprudência sumulada do Tribunal Superior
do Trabalho:
II – Garantida a execução ou penhorados os bens, terá o executado 8 (oito) dias para apre-
sentar embargos, cabendo igual prazo ao exequente para impugnação.
III – A matéria de defesa será restrita às alegações de cumprimento da decisão ou do acor-
do, quitação ou prescrição da dívida.
IV – É aplicável na Justiça do Trabalho a prescrição intercorrente.
V – Considera-se inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo que foram de-
clarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal ou em aplicação ou interpre-
tação tidas por incompatíveis com a Constituição Federal.

II – Errado. O prazo é de 5 dias, na forma do art. 884, caput, da CLT.

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III – Certo de acordo com a CLT. É o que dispõe o art. 884, § 1º, da CLT.
IV – Certo. É o que dispõe o art. 11-A da CLT.
V – Certo. É o que dispõe o art. 884, § 5º, da CLT.
Errado.
Certo.
Certo.
Certo.

025. (TRT 2R/JUIZ DO TRABALHO/2016) Em se tratando da expropriação dos bens do deve-


dor, considerando a legislação vigente, analise as seguintes proposições:
I – Se o arrematante, ou seu fiador, não pagar no quinquídio legal o preço da arrematação,
perderá, em benefício da execução, o sinal, voltando à praça os bens executados.
II – Não havendo licitante, e não requerendo o exequente a remição dos bens penhorados,
poderão os mesmos ser vendidos por leiloeiro nomeado pelo juiz ou presidente.
III – O arrematante deverá garantir o lance com sinal de 20% (vinte por cento) do seu valor
e se não efetuar o pagamento dentro de 24 (vinte e quatro) horas do preço da arrema-
tação, perderá esse sinal, em benefício da execução, voltando à praça os bens penho-
rados.
IV – É lícito ao exequente requerer que lhe sejam adjudicados os bens penhorados, podendo
oferecer preço inferior ao da avaliação.
V – Aos trâmites e incidentes do processo da execução são aplicáveis, naquilo em que não
contravierem as normas especificas da CLT, os preceitos que regem o processo dos
executivos fiscais para a cobrança judicial da dívida ativa da Fazenda Pública Federal.

Responda:
a) Somente as proposições III e IV estão corretas.
b) Somente as proposições II e V estão corretas.
c) Somente as proposições I, III e IV estão incorretas.
d) Somente as proposições I, II e IV estão incorretas.
e) Somente as proposições II, III e V estão incorretas.

I – Errado. O prazo é de 24 horas para o pagamento do restante do valor do lance e não de 5


dias, conforme art. 888, § 4º, da CLT.
II – Errado. O exequente não faz remição nenhuma. Remição é o pagamento de dívida. O exe-
quente pode adjudicar o bem. Leia o art. 888, § 3º, da CLT.
III – Certo. Veja o art. 888, §§ 2º e 4º.
IV – Errado. Se ainda não houve o leilão ou mesmo que tenha havido, se não houve interessado
dando lances (arrematante), então, o único preço do bem passível de ser utilizado para adjudi-
cação é o valor da avaliação e não menos. Essa lógica pode ser vista no art. 24, I e II, “a”, da Lei

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6.830/80 (aplicável ao Processo do Trabalho por força do art. 889 da CLT). Aplica-se também
o art. 876, caput, do CPC.
V – Certo. É o que dispõe o art. 889 da CLT.
Letra d.

026. (MPT/MPT/PROCURADOR DO TRABALHO/2015/ADAPTADA) Tendo em vista a legis-


lação e a jurisprudência consolidada do TST, é INCORRETO afirmar:
a) Viola o art. 100 da Constituição da República a decisão que mantém a penhora realizada
em bens de pessoa jurídica de direito privado anteriormente à sucessão pela União ou por Es-
tado-membro.

A decisão que mantém essa penhora está correta, na forma da OJ 343 da SDI-I do TST e da
Tese do Tema 355 da Lista de Repercussão Geral do STF.
Errado.

027. (TRT 2R/JUIZ DO TRABALHO/2015/ADAPTADA) Sobre os Embargos de Terceiro, à luz


da legislação vigente e jurisprudência consolidada dos Tribunais Superiores, aponte a alterna-
tiva CORRETA.
a) O compromisso de compra e venda de imóvel, desprovido de registro, não é meio de prova
hábil a comprovar a alegação de posse em embargos de terceiro.
c) Em execução trabalhista, desconsiderada a personalidade jurídica da empresa e apreendi-
dos bens do sócio majoritário, a cônjuge desse sócio, sem relação com a sociedade, não pode
alegar, em embargos de terceiro, a proteção de sua meação.
d) Os embargos de terceiro, assim como o mandado de segurança, constituem-se em ação do-
cumental pura e, portanto, depende exclusivamente de prova documental para comprovação
da posse, sendo vedada a produção de prova oral.
e) A despeito de se tratar de ação incidental autônoma, a citação nos embargos de terceiro só
será pessoal se o embargado não tiver procurador constituído na ação principal.

a) Errada. O compromisso de compra e venda de imóvel, ainda que não registrado, é meio hábil
para comprovar posse. Veja a Súmula 84 do Superior Tribunal de Justiça.
c) Errada. É possível o manejo de embargos de terceiro pelo cônjuge na defesa de sua meação,
na forma do art. 674, § 2º, do CPC.
d) Errada. Pode haver prova testemunhal em embargos de terceiro, na forma do art. 677, caput,
do CPC.
e) Certa. É o que dispõe o art. 677, § 3º, do CPC.
Letra e.

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028. (TRT 8R/JUIZ DO TRABALHO/2014) Sobre a arrematação, é CORRETO afirmar que:


a) No caso de arrematação a prazo, os pagamentos feitos pelo arrematante pertencerão ao
exequente até o limite de seu crédito, e os subsequentes ao executado, por isso sendo, neste
último caso, defeso ao Juiz trabalhista, de ofício, promover abandamento do crédito subse-
quente para outros processos em execução nos quais ainda não haja garantia do Juízo pelo
mesmo devedor.
b) O exequente, se vier a arrematar os bens, não estará obrigado a exibir o preço; mas, se o
valor dos bens exceder o seu crédito, depositará, dentro de 3 (três) dias, a diferença, sob pena
de ser tornada sem efeito a arrematação e perderá, em benefício da execução, o sinal e, neste
caso, os bens serão levados a nova praça ou leilão à custa do exequente.
c) Se a praça ou o leilão for de diversos bens e houver mais de um lançador, será preferido
aquele que se propuser a arrematá-los englobadamente, oferecendo para os que não tiverem
licitante preço igual ao da avaliação e para os demais o de maior lanço.
d) Assinado o auto pelo juiz, pelo arrematante e pelo serventuário da justiça ou leiloeiro, a
arrematação considerar-se-á perfeita, acabada e irretratável, ainda que venham a ser julgados
procedentes os embargos do executado, sendo precluso o requerimento do arrematante, nos
05 dias subsequentes, para torná-la sem efeito, sob a alegação de existência de ônus real ou
de gravame no edital.
e) Quando não fora requerida a adjudicação, é possível a venda antecipada do bem penhorado,
com dispensa do edital de hasta pública, desde que o valor dos bens penhorados não exceder
30 (trinta) vezes o valor do salário mínimo vigente na data da avaliação.

a) Errada. Se houver uma arrematação a prazo, os pagamentos feitos pelo arrematante serão
do exequente até quitar seu crédito, sendo que o excedente será do executado, na forma do
art. 895, § 9º, do CPC. No entanto, se houver outros créditos de outros processos, pode o juiz
penhorar, naqueles processos, esses valores e transferi-los aos respectivos feitos. Não existe
lei que impede a satisfação de outros créditos judiciais com o excedente da arrematação. Ora,
o excedente continua integrando o patrimônio do executado e, como tal, pode ser objeto de
constrição judicial.
b) Errada. O exequente, quando quer arrematar um bem em leilão, não precisa pagar o preço,
utilizando apenas o seu crédito. Se o valor do bem for maior, então deposita a diferença. Veja o
art. 892, § 1º, do CPC. Veja que, nesse caso, não há qualquer sinal a ser dado.
c) Certa. É o que dispõe o art. 893 do CPC.
d) Errada. O prazo para o arrematante desistir é de 10 dias no caso da existência de gravame
ou ônus real não mencionado no edital, na forma do art. 903, § 5º, I, do CPC.
e) Errada. Não há essa previsão legal.
Letra c.

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029. (FCC/TRT18/JUIZ DO TRABALHO/2014) Com relação à execução contra a Fazen-


da Pública:
a) O sequestro de verbas públicas para satisfação de precatórios trabalhistas é admitido na
hipótese de preterição do direito de precedência do credor; nas situações de não inclusão da
despesa no orçamento ou de não pagamento do precatório até o final do exercício, quando
incluído no orçamento.
b) Em sede de precatório, por se tratar de decisão de natureza administrativa, não se aplica a
remessa necessária em caso de decisão judicial desfavorável a ente público.
c) Tratando-se de reclamações trabalhistas plúrimas, a aferição do que vem a ser obrigação de
pequeno valor, para efeito de dispensa de formação de precatório, deve ser realizada conside-
rando-se o valor global dos créditos.
d) Em sede de precatório, configura ofensa à coisa julgada a limitação dos efeitos pecuniários
da sentença condenatória ao período anterior ao advento da lei que dispõe sobre o regime jurí-
dico dos servidores públicos civis da União, autarquias e fundações públicas federais, em que
o exequente submetia-se à legislação trabalhista.
e) Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares tenham 65 anos de idade ou mais na data
de expedição do precatório, ou sejam portadores de doença grave, definidos na forma da lei,
serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos, até o valor equivalente ao sêxtu-
plo do fixado em lei, relativamente às obrigações consideradas de pequeno valor, admitido o
fracionamento para essa finalidade.

a) Errada. A Constituição é muito clara quanto às possibilidades de sequestro de valores no


art. 100, § 6º e não inclui a última hipótese do presente exercício.
b) Certa. É o que dispõe a OJ 8 do TP/OE do TST.
c) Errada. Deve ser considerado o valor de cada credor litisconsorte e não o valor global, con-
forme Tese do Tema 148 da Lista de Repercussão Geral do STF e a OJ 9 do TP/OE da do TST.
d) Errada. Não configura ofensa essa limitação. Na verdade, considerando que a Justiça do
Trabalho não possui competência para causas de trabalhadores sujeitos ao regime estatutário,
esta limitação do precatório ao tempo em que era celetista atende ao comando constitucional
de competência. Leia a OJ 6 do TP/OE da do TST.
e) Errada. Não precisa ter 65 anos, mas 60 anos, além de que não precisa ser na data da ex-
pedição do precatório. Além disso, o limite para esse pagamento preferencial é até 3 vezes o
limite considerado como de pequeno valor e não 6 vezes. Veja o art. 100, § 2º, da CF.
Letra b.

030. (TRT 3R/JUIZ DO TRABALHO/2014) Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas


Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão através de
precatório. É correto afirmar, a partir das disposições constitucionais em plena vigência sobre
o tema, EXCETO:

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a) O disposto no caput do art. 100 da Constituição da República relativamente à expedição


de precatórios não se aplica aos pagamentos de obrigações definidas em leis como de pe-
queno valor que as Fazendas referidas devam fazer em virtude de sentença judicial transitada
em julgado.
b) Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles decorrentes de salários, venci-
mentos, proventos, pensões e suas complementações, benefícios previdenciários e indeniza-
ções por morte ou por invalidez, fundadas em responsabilidade civil, em virtude de sentença
judicial transitada em julgado.
c) A seu critério exclusivo e na forma de lei, a União poderá assumir débitos, oriundos de pre-
catórios, de Estados, Distrito Federal e Municípios, refinanciando-os diretamente.
d) O Presidente do Tribunal competente que, por ato comissivo ou omissivo, retardar ou tentar
frustrar a liquidação regular de precatórios incorrerá em crime de responsabilidade e respon-
derá, também, perante o Conselho Nacional de Justiça.
e) No momento da expedição dos precatórios, independentemente de regulamentação, de-
les deverá ser abatido, a título de compensação, valor correspondente aos débitos líquidos e
certos, inscritos ou não em dívida ativa e constituídos contra o credor original pela Fazenda
Pública devedora, incluídas parcelas vincendas de parcelamentos, ressalvados aqueles cuja
execução esteja suspensa em virtude de contestação administrativa ou judicial.

a) Certa. É o que dispõe o art. 100, § 3º, da CF.


b) Certa. É o que dispõe o art. 100, § 1º, da CF.
c) Certa. É o que dispõe o art. 100, § 16, da CF.
d) Certa. É o que dispõe o art. 100, § 7º, da CF.
e) Errada. A compensação prevista no art. 100, §§ 9º e 10, da CF foi declarada inconstitucional
pelo STF. Veja esse trecho da ementa da ADI 4357.
Letra e.

031. (TRT 8R/JUIZ DO TRABALHO/2013) Sobre expropriação dos bens do devedor, arrema-
tação, adjudicação, remição e execução contra a Fazenda Pública (precatórios e dívidas de
pequeno valor) é CORRETO afirmar que:
a) O dispositivo constitucional que torna privilegiado o crédito trabalhista (pelo seu caráter
alimentar) não afasta tal crédito do procedimento do precatório nem o dispensa do princípio
geral de observância da ordem cronológica de ingresso, podendo ser determinado o sequestro
da conta do ente público para pagamento do crédito trabalhista se houver preterição na obser-
vância da ordem cronológica de apresentação.
b) Não se admite o fracionamento do crédito judicial para receber, parte diretamente, até o
limite do pequeno valor, e parte mediante precatório. Todavia, é admissível a renúncia do va-
lor excedente para receber o crédito sem necessidade de precatório, considerando-se como

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de pequeno valor, em definição legal, os débitos judiciais da Fazenda Pública de até 40 salá-
rios mínimos.
c) A arrematação deverá ser anunciada por edital afixado na sede do juízo ou tribunal e publi-
cado no jornal local, se houver, com a antecedência de vinte (20) dias. A arrematação far-se-á
em dia, hora e lugar anunciados e os bens serão vendidos pelo maior lance, com exigência de
sinal correspondente a 20% (vinte por cento) do valor. Se o arrematante não pagar dentro de
24 (vinte e quatro) horas o preço da arrematação, perderá o sinal em benefício da execução,
voltando à praça os bens executados. A adjudicação prefere à arrematação.
d) Para evitar a alienação judicial pode o executado remir a execução até 5 (cinco) dias após
arrematados ou adjudicados os bens e assinatura do auto, pagando a importância atualiza-
da da condenação, inclusive juros, correção monetária, despesas processuais e honorários
de advogado.
e) A manifestação volitiva do credor é requisito essencial para a adjudicação de bens imóveis,
por tratar-se de um meio de aquisição de propriedade, o que não ocorre com os bens móveis
em face da “tradição”.

a) Errada. Os débitos da Fazenda Pública que são de caráter alimentar (o que inclui créditos
trabalhistas) serão pagos em precatório ou requisição de pequeno valor, dependendo da quan-
tia. Os pagos em forma de precatório seguem uma fila especial de precatórios alimentares. O
sequestro, contudo, apenas é possível nas hipóteses de preterição na ordem de pagamento
do precatório (e não de apresentação como está no exercício) e no caso de não alocação de
recursos orçamentários. Essa lógica pode ser vista no art. 100, §§ 1º e 6º, da CF).
b) Errada. De fato, não se admite, o fracionamento do crédito para pagamento em parte de
requisição de pequeno valor e parte em precatório, podendo, contudo, haver renúncia do exce-
dente do limite do pequeno valor para que o crédito seja recebido sem precatório. É a aplicação
do art. 100, § 8º, da CF. No entanto, a quantia considerada pequeno valor depende do ente pú-
blico envolvido. No caso da União é até 60 salários mínimos (art. 17, § 1º, da Lei 10.259/01).
No caso dos Estados, Distrito Federal e Município, depende de lei própria e, na sua ausência,
dos parâmetros definidos no art. 87 do ADCT.
c) Certa. É o que dispõe o art. 888, §§ 1º, 2º e 4º, da CLT.
d) Errada. Para que haja remição da execução, deve o executado pagar toda a dívida até a as-
sinatura do auto de arrematação ou de adjudicação (não há aquele prazo de 5 dias indicado no
exercício). Registre-se, apenas, que o art. 651 do antigo CPC (1973) é o art. 826 do novo CPC
(2015).
e) Errada. A adjudicação depende da vontade do credor sempre, não importando se o bem é
móvel ou imóvel. Se o exequente não quer adjudicar, ele não pode ser obrigado a fazê-lo.
Letra c.

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032. (CESPE/CEBRASPE/PREFEITURA DE CAMPO GRANDE-MS/PROCURADOR MUNICI-


PAL/2019) De acordo com a jurisprudência consolidada do Tribunal Superior do Trabalho, jul-
gue o item subsequente.
Na execução trabalhista por carta precatória, se indicado pelo juízo deprecante o bem cons-
trito ou se já devolvida a carta, os embargos de terceiro serão oferecidos no juízo deprecante.

Trata-se das exceções da Súmula 419 do TST.


Certo.

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GABARITO
3. a
4. E, E
5. C
6. C
7. C
8. c
9. b
10. E
11. c
12. E
13. C, C, C
14. d
15. E
16. a
17. C
18. c
19. d
20. a
21. E, E
22. C
23. b
24. E, C, C, C
25. d
26. E
27. e
28. c
29. b
30. e
31. c
32. C

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José Gervásio A. Meireles
Juiz Federal do Trabalho, pós-graduado em Direito Constitucional pela Universidade de Brasília (UnB).
Leciona Direito do Trabalho, Direito Processual do Trabalho e Direito Administrativo em cursos preparatórios
para concursos públicos. Ocupou os cargos de Procurador da Fazenda Nacional (AGU) e Procurador do
Estado de Goiás (PGE).

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