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PROIBIDO COMPARTILHAMENTO,
COMO SE PREPARAR
PARA O EXAME
DE ORDEM
1ª FASE
VOLUME 2 – CADERNO DE QUESTÕES
CRONOGRAMA DE 60 DIAS – XXXI EXAME DE ORDEM

Material elaborado por Ana Clara Fernandes @viciodeumaestudante
O arquivo é de uso pessoal. PROIBIDO O REPASSE
SEMANA 1 – 16/12 – 22/12

VOLUME 2 – CADERNO DE QUESTOES
ÉTICA Estabelecimento Empresarial......................................597-602

Registro e Escrituração...........................................................602
Atividades da Advocacia.................................................13-30*
PROCESSO CIVIL
CONSTITUCIONAL
Arbitragem e Mediação.........................................................649
Teoria da Constituição...................................................105-108
Atos processuais..............................................................650-655
Direitos e Garantias Fundamentais..........................108-118
PENAL
TRIBUTÁRIO
Princípios.............................................................................723-725
Competência Tributária.................................................251-254
Classificação de Crimes..........................................................725
Limites Constitucionais ao Poder de Tributar.....254-260
Eficácia da Lei Penal no Tempo e no Espaço......726-729
ADMINISTRATIVO
PROCESSO PENAL
Administração Publica e Terceiro Setor.................299-304
Do Inquérito Policial.......................................................810-815
Poderes da Administração.........................................304-310
Da Ação Penal...................................................................815-820
Organização da Administração Pública.................310-314
TRABALHO
CIVIL
Da Relação de Trabalho.........................................................879
Das Pessoas.................................................................................409
Contrato de Emprego.............................................................880
2.1. Das Pessoas Naturais.............................................409-414
Empregado ................................................................................881
2.2. Das Pessoas Jurídicas............................................414-416
Empregador ...............................................................................884
2.3 Do domicílio........................................................................416
PROCESSO DO TRABALHO
EMPRESARIAL
Da Competência..............................................................921-923
Teoria Geral Do Direito Empresarial........................585-588
Das Condições da Ação e dos Pressupostos Proces-
Empresário..........................................................................588-597 suais .......................................................................................923
* Observação: número da página no Livro.

ÉTICA
Paulo Machado
Gabarito: D
Algumas das questões aqui dispostas foram comentadas pela

equipe Juspodivm. 03. (FGV/OAB/XXX_Exame – 2019) O advogado Geraldo foi regular-
mente constituído por certo cliente para defendê-lo em um processo
judicial no qual esse cliente é réu. Geraldo ofereceu contestação, e o
1. ATIVIDADES DA ADVOCACIA processo segue atualmente seu trâmite regular, não tendo sido, por ora,
designada audiência de instrução e julgamento. Todavia, por razões
01. (FGV/OAB/XXIX_Exame – 2019) Júnior é bacharel em Direito. insuperáveis que o impedem de continuar exercendo o mandato,
Formou-se no curso jurídico há seis meses e não prestou, ainda, o Exame Geraldo resolve renunciar. Em 12/02/2019, Geraldo fez a notificação
de Ordem para sua inscrição como advogado, embora pretenda fazê-lo válida da renúncia. Três dias depois da notificação, o mandante cons-
em breve. Por ora, Júnior é inscrito junto à OAB como estagiário e exerce tituiu novo advogado, substituindo-o. Todo o ocorrido foi informado
estágio profissional de advocacia em certo escritório credenciado pela nos autos.
OAB, há um ano. Nesse exercício, poucas semanas atrás, juntamente com
o advogado José dos Santos, devidamente inscrito como tal, prestou Considerando o caso narrado, de acordo com o Estatuto da Advocacia
consultoria jurídica sobre determinado tema, solicitada por um cliente e da OAB, assinale a afirmativa correta.
do escritório. Os atos foram assinados por ambos. Todavia, o cliente sen- A) Geraldo continuará a representar o mandante durante os dez dias
tiu-se lesado nessa consultoria, alegando culpa grave na sua elaboração. seguintes à notificação da renúncia.
Considerando o caso hipotético, bem como a disciplina do Estatuto da B) O dever de Geraldo de representar o mandante cessa diante da
Advocacia e da OAB, assinale a opção correta. substituição do advogado, independentemente do decurso de
a) Júnior não poderia atuar como estagiário e deverá responder em prazo.
âmbito disciplinar por essa atuação indevida. Já a responsabilidade C) Geraldo continuará a representar o mandante até que seja proferida
pelo conteúdo da atuação na atividade de consultoria praticada é e publicada sentença nos autos, ainda que recorrível.
de José.
D) Geraldo continuará a representar o mandante até o término da
b) Júnior não poderia atuar como estagiário e deverá responder em
audiência de instrução e julgamento.
ÉTICA
âmbito disciplinar por essa atuação indevida. Já a responsabilidade
pelo conteúdo da atuação na atividade de consultoria praticada é
Z Anotações/Comentários
solidária entre Júnior e José.
c) Júnior poderia atuar como estagiário. Já a responsabilidade pelo Para o art. 5º, § 3º, do EAOAB, o advogado que renunciar ao mandato
conteúdo da atuação na atividade de consultoria praticada é soli- continuará, durante os dez dias seguintes à notificação da renúncia,
dária entre Júnior e José. a representar o mandante, salvo se for substituído antes do término
desse prazo.
d) Júnior poderia atuar como estagiário. Já a responsabilidade pelo Gabarito: B
conteúdo da atuação na atividade de consultoria praticada é de

José. 04. (FGV/OAB/XXX_Exame – 2019) Maria, formada em uma reno-
mada faculdade de Direito, é transexual. Após a aprovação no Exame
Z Anotações/Comentários de Ordem e do cumprimento dos demais requisitos, Maria receberá a
O estágio profissional de advocacia, inclusive para graduados, é carteira de identidade de advogado, relativa à sua inscrição originária.
requisito necessário à inscrição no quadro de estagiários da OAB e meio Sobre a hipótese apresentada, de acordo com o disposto na Lei nº
adequado de aprendizagem prática. Os atos de advocacia, previstos no 8.906/94 e no Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia e da OAB,
art. 1º do Estatuto, podem ser subscritos por estagiário inscrito na OAB, assinale a afirmativa correta.
em conjunto com o advogado ou o defensor público. Nesse caso, os atos A) É admitida a inclusão do nome social de Maria, em seguida ao
serão de responsabilidade do advogado ou do defensor público, não do nome registral, havendo exigência normativa de que este seja o
Estagiário. Portanto, a atuação de Júnior como estagiário é regular, mas nome pelo qual Maria se identifica e é socialmente reconhecida,
apenas José será responsável pelo conteúdo da atuação na atividade de
mediante mero requerimento formulado pela advogada.
consultoria (art. 3º, §2º, do EOAB e art. 27 do Regulamento Geral do EOAB).
Gabarito: D
B) É admitida a inclusão do nome social de Maria, desde que, por

exigência normativa, este seja o nome pelo qual Maria se identifica
02. (FGV/OAB/XXX_Exame – 2019) Jailton, advogado, após dez anos
e que consta em registro civil de pessoas naturais, originariamente
de exercício da advocacia, passou a apresentar comportamentos inco-
muns. Após avaliação médica, ele foi diagnosticado com uma doença ou por alteração, mediante mero requerimento formulado pela
mental curável, mediante medicação e tratamento bastante demorado. advogada.
Segundo as disposições do Estatuto da Advocacia e da OAB, o caso do C) É admitida a inclusão do nome social de Maria, independentemente
advogado Jailton incide em causa de de menção ao nome registral, havendo exigência normativa de que
este seja o nome pelo qual Maria se identifica, e é socialmente reco-
A) suspensão do exercício profissional.
nhecida, e de que haja prévia aprovação em sessão do Conselho
B) impedimento para o exercício profissional. Seccional respectivo.
C) cancelamento da inscrição profissional. D) Não há previsão na Lei nº 8.906/94 e no Regulamento Geral do
D) licença do exercício profissional. Estatuto da Advocacia e da OAB sobre a inclusão do nome social
de Maria na carteira de identidade do advogado, embora tal direito
Z Anotações/Comentários possa advir de interpretação do disposto na Constituição Federal,
Nos termos do art. 12, III, do EAOAB a doença mental considerada desde que haja cirurgia prévia de redesignação sexual e posterior
curável enseja licença do advogado dos quadros da OAB e do exercício alteração do nome registral da advogada para aquele pelo qual ela
profissional. se identifica e é socialmente reconhecida.
4 Como se preparar para o Exame de Ordem • OAB | Caderno de Questões (Semana 1 – 16/12 - 22/12)
Z Anotações/Comentários c) O Código de Ética e Disciplina da OAB autoriza que o contrato de

prestação de serviços de advocacia disponha sobre a forma de
A possibilidade de consta o nome social, após o nome registral,
contratação de profissionais para serviços auxiliares. Por sua vez,
consta no art. 33, parágrafo único e art. 34 do EAOAB. Vejamos!
quanto às custas e aos emolumentos, na ausência de disposição
O nome social é a designação pela qual a pessoa travesti ou tran- em contrário, presume-se que sejam atendidos pelo cliente.
sexual se identifica e é socialmente reconhecida e será inserido na
d) O Código de Ética e Disciplina da OAB autoriza que o contrato de
identificação do advogado mediante requerimento.
prestação de serviços de advocacia disponha sobre a forma de
O cartão de identidade tem o mesmo modelo e conteúdo do cartão contratação de profissionais para serviços auxiliares. Por sua vez,
de identificação pessoal (registro geral), com as seguintes adaptações, quanto às custas e aos emolumentos, na ausência de disposição
segundo o modelo aprovado pela Diretoria do Conselho Federal: I – o em contrário, presume-se que sejam antecipados pelo advogado.
fundo é de cor branca e a impressão dos caracteres e armas da Repú-
blica, de cor vermelha; II – o anverso contém os seguintes dados, nesta Z Anotações/Comentários
sequência: Ordem dos Advogados do Brasil, Conselho Seccional de (...),
Conforme art. 48, § 1º, do CED, o contrato de prestação de serviços
Identidade de Advogado (em destaque), nº da inscrição, nome, nome
de advocacia não exige forma especial, devendo estabelecer, porém,
social, filiação, naturalidade, data do nascimento e data da expedição,
com clareza e precisão, o seu objeto, os honorários ajustados, a forma
e a assinatura do Presidente, podendo ser acrescentados os dados de
de pagamento, a extensão do patrocínio, esclarecendo se este abran-
identificação de registro geral, de CPF, eleitoral e outros.
Gabarito: A
gerá todos os atos do processo ou limitar-se-á a determinado grau
de jurisdição, além de dispor sobre a hipótese de a causa encerrar-se
05. (FGV/OAB/XXVIII_Exame – 2019) Maria Lúcia é parte em um pro- mediante transação ou acordo.
cesso judicial que tramita em determinada Vara da Infância e Juventude, Gabarito: C
sendo defendida, nos autos, pelo advogado Jeremias, integrante da

07. (FGV/OAB/XXVII_Exame – 2018) Guilherme é bacharel em Direito,
Sociedade de Advogados Y.
não inscrito na OAB como advogado. Ao se deparar com situações de
No curso da lide, ela recebe a informação de que a criança, cujos inte- ilegalidade que ameaçam a liberdade de locomoção de seus amigos
resses são debatidos no feito, encontra-se em proeminente situação de César e João, e com situação de abuso de poder que ameaça direito
risco, por fato que ocorrera há poucas horas. Ocorre que o advogado líquido e certo de seu amigo Antônio, Guilherme, valendo-se de seus
Jeremias não se encontra na cidade naquela data. Por isso, Maria Lúcia conhecimentos jurídicos, impetra habeas corpus em favor de César na
procura o advogado Paulo, o qual, após analisar a situação, conclui ser Justiça Comum Estadual, em 1ª instância; habeas corpus em favor de
necessário postular, imediatamente, medida de busca e apreensão Antônio, perante o Tribunal de Justiça, em 2ª instância; e mandado de
do infante. segurança em favor de João, na Justiça Federal, em 1ª instância.
Considerando o caso hipotético, assinale a afirmativa correta. Considerando o que dispõe o Estatuto da OAB acerca da atividade da
a) Paulo poderá aceitar procuração de Maria Lúcia e postular a busca advocacia, assinale a afirmativa correta.
e apreensão, independentemente de prévio conhecimento de A) Guilherme pode impetrar habeas corpus em favor de César, mas não
Jeremias ou da Sociedade de Advogados Y. pode impetrar habeas corpus em favor de Antônio, nem mandado
b) Paulo poderá aceitar procuração de Maria Lúcia e postular a busca de segurança em favor de João.
e apreensão, apenas após o prévio conhecimento de Jeremias, não B) Guilherme pode impetrar habeas corpus em favor de César e Antô-
ÉTICA
sendo suficiente informar à Sociedade de Advogados Y, sob pena nio, mas não pode impetrar mandado de segurança em favor de
de cometimento de infração ética. João.
c) Paulo poderá aceitar procuração de Maria Lúcia e postular a busca e C) Guilherme pode impetrar habeas corpus em favor de César e Antô-
apreensão, apenas após o prévio conhecimento de Jeremias ou da nio, e também pode impetrar mandado de segurança em favor de
Sociedade de Advogados Y, sob pena de cometimento de infração João.
ética.
D) Guilherme pode impetrar mandado de segurança em favor de João,
d) Paulo não poderá aceitar procuração de Maria Lúcia e postular a mas não pode impetrar habeas corpus em favor de César e Antônio.
busca e apreensão, mesmo que seja promovido o prévio conhe-
cimento de Jeremias e da Sociedade de Advogados Y, sem antes Z Anotações/Comentários
ocorrer a renúncia ou revogação do mandato, sob pena de come-
O Habeas Corpus pode ser impetrado por qualquer pessoa em caso
timento de infração ética.
de violação ao direito de ir e vir. Já o Mandado de Segurança pode ser
impetrado somente por advogado e quando houver violação a direito
líquido e certo diferente do direito de ir e vir.
Como prevê o art. 14 do CED, o advogado não deve aceitar procu-
Gabarito: A
ração de quem já tenha patrono constituído, sem prévio conhecimento

08. (FGV/OAB/XXV_Exame – 2018) Enzo, regularmente inscrito junto
deste, salvo por motivo plenamente justificável ou para adoção de
à OAB, foi contratado como empregado de determinada sociedade
medidas judiciais urgentes e inadiáveis.
Gabarito: A limitada, a fim de exercer atividades privativas de advogado. Foi cele-
brado, por escrito, contrato individual de trabalho, o qual estabelece
06. (FGV/OAB/XXVII_Exame – 2018) O advogado Nelson celebrou, que Enzo se sujeitará a regime de dedicação exclusiva. A jornada de
com determinado cliente, contrato de prestação de serviços profissio- trabalho acordada de Enzo é de oito horas diárias. Frequentemente,
nais de advocacia. No contrato, Nelson inseriu cláusula que dispunha porém, é combinado que Enzo não compareça à sede da empresa
sobre a forma de contratação de profissionais para serviços auxiliares pela manhã, durante a qual deve ficar, por três horas, “de plantão”, ou
relacionados a transporte e a cópias de processos. Todavia, o pacto não seja, à disposição do empregador, aguardando ordens. Nesses dias,
tratava expressamente sobre o pagamento de custas e emolumentos. posteriormente, no período da tarde, dirige-se à sede, a fim de exercer
Considerando o caso narrado, assinale a afirmativa correta. atividades no local, pelo período contínuo de seis horas.
a) O contrato celebrado viola o disposto no Código de Ética e Disci- Considerando o caso narrado e a disciplina do Estatuto da Advocacia
plina da OAB, pois é vedada a referência a outras atividades diversas e da OAB, bem como do seu Regulamento Geral, assinale a afirmativa
da atuação do advogado, como os serviços auxiliares mencionados. correta.
Por sua vez, quanto às custas e aos emolumentos, na ausência de A) É vedada a pactuação de dedicação exclusiva. Deverão ser remu-
disposição em contrário, presume-se que sejam atendidos pelo neradas como extraordinárias as horas diárias excedentes a quatro
cliente. horas contínuas, incluindo-se as horas cumpridas por Enzo na
b) O contrato celebrado viola o disposto no Código de Ética e Disci- sede da empresa, bem como as horas que ele permanece em sede
plina da OAB, pois é vedada a referência a outras atividades diversas externa, executando tarefas ou meramente aguardando ordens do
da atuação do advogado, como os serviços auxiliares mencionados. empregador.
Por sua vez, quanto às custas e aos emolumentos, na ausência de B) É autorizada a pactuação do regime de dedicação exclusiva. Deve-
disposição em contrário, presume-se que sejam antecipados pelo rão ser remuneradas como extraordinárias as horas que excederem
advogado. a jornada de oito horas diárias, o que inclui as horas cumpridas por
PROIBIDO COMPARTILHAMENTO, ADQUIRIDO
Como se preparar para o Exame de Ordem • OAB | Caderno de Questões (Semana 1 – 16/12 - 22/12) 5
Enzo na sede da empresa ou efetivamente executando atividades b) Em 2019 foi incluído o direito de o advogado examinar, em qualquer
externas ordenadas pelo empregador. As horas em que Enzo órgão dos Poderes Judiciário e Legislativo, ou da Administração
apenas aguarda as ordens fora da sede são consideradas somente Pública em geral, autos de processos findos ou em andamento,
para efeito de compensação de horas. mesmo sem procuração, quando não estiverem sujeitos a sigilo
C) É autorizada a pactuação do regime de dedicação exclusiva. Deve- ou segredo de justiça, assegurada a obtenção de cópias, com
rão ser remuneradas como extraordinárias as horas que excederem possibilidade de tomar apontamentos;
a jornada de oito horas diárias, o que inclui tanto as horas cumpridas c) Em 2019 foi incluído o direito de o advogado examinar, em qualquer
por Enzo na sede da empresa como as horas em que ele permanece órgão dos Poderes Judiciário e Legislativo, ou da Administração
em sede externa, executando tarefas ou meramente aguardando Pública em geral, autos de processos findos ou em andamento,
ordens do empregador. mesmo sem procuração, quando não estiverem sujeitos a sigilo ou
D) É autorizada a pactuação do regime de dedicação exclusiva. Deve- segredo de justiça, porém não é assegurada a obtenção de cópias.
rão ser remuneradas como extraordinárias as horas que excederem d) Em 2019 foi incluído o direito de o advogado examinar, em qualquer
a jornada de nove horas diárias, o que inclui as horas cumpridas por órgão dos Poderes Judiciário e Legislativo, ou da Administração
Enzo na sede da empresa ou efetivamente executando atividades Pública em geral, autos de processos findos ou em andamento,
externas ordenadas pelo empregador. As horas em que Enzo mesmo sem procuração, quando não estiverem sujeitos a sigilo ou
apenas aguarda as ordens fora da sede são consideradas somente segredo de justiça, assegurada a obtenção de cópias, apenas não
para efeito de compensação de horas. podendo tomar apontamentos.
Z Anotações/Comentários Z Anotações/Comentários
Via de regra, o advogado empregado trabalha 4 horas por dia ou 20 Em 2019 houve alteração ao art. 7º, XIII, do EAOAB, quando passou
horas semanais, salvo acordo ou convenção coletiva de trabalho ou em a constar o direito do advogado de ter acesso aos processos eletrônicos,
caso de dedicação exclusiva (art. 20 do EAOAB). Em caso de dedicação mesmo sem procuração, desde que não estejam sob sigilo.
Gabarito: B
exclusiva, passa a ser de 8 horas diárias (art. 12 do RG). O que ultrapassar

esses limites deverá ser remunerado como hora extra, sendo certo que 11. (FGV/OAB/XXIV_Exame – 2017) O advogado Gennaro exerce
se computa o tempo que o advogado estiver à disposição do emprega- suas atividades em sociedade de prestação de serviços de advocacia,
dor ou aguardando ordens. sediada na capital paulista. Todas as demandas patrocinadas por Gen-
Gabarito: C
naro tramitam perante juízos com competência em São Paulo. Todavia,

09. (Questão formulada pelo autor) Astrolábio, advogado crimina- recentemente, a esposa de Gennaro obteve trabalho no Rio de Janeiro.
lista, é contratado por Romualdo, que esta sendo investigado por crime Após buscarem a melhor solução, o casal resolveu que fixaria sua resi-
de furto. O advogado dirige-se à delegacia e apresenta petição infor- dência, com ânimo definitivo, na capital fluminense, cabendo a Gennaro
mando que deseja acompanhar seu cliente no interrogatório, marcado continuar exercendo as mesmas funções no escritório de São Paulo. Nos
para duas semanas depois. Em despacho, a autoridade policial indefere dias em que não tem atividades profissionais, o advogado, valendo-se
o pedido, fundamentando a negativa com base de que no inquérito da ponte área, retorna ao domicílio do casal no Rio de Janeiro.
policial não se aplica o princípio da ampla defesa. Considerando o caso narrado, assinale a afirmativa correta.
Diante de tais fatos, marque a opção correta. A) O Estatuto da Advocacia e da OAB impõe que Gennaro requeira
ÉTICA
a) O Estatuto da Advocacia e da OAB, desde 1995 já garantia ao a transferência de sua inscrição principal como advogado para o
advogado o direito de assistir a seus clientes investigados durante Conselho Seccional do Rio de Janeiro.
a apuração de infrações, sob pena de nulidade absoluta do respec- B) O Estatuto da Advocacia e da OAB impõe que Gennaro requeira a
tivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos inscrição suplementar como advogado junto ao Conselho Seccional
os elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou do Rio de Janeiro.
derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso
C) O Estatuto da Advocacia e da OAB impõe que Gennaro requeira a
da respectiva apuração apresentar razões e quesitos.
inscrição suplementar como advogado junto ao Conselho Federal
b) O Estatuto da Advocacia e da OAB, apenas em 2016 passou a garan- da OAB.
tir ao advogado o direito de assistir a seus clientes investigados
D) O Estatuto da Advocacia e da OAB não impõe que Gennaro requeira
durante a apuração de infrações, sob pena de nulidade absoluta do
a transferência de sua inscrição principal ou requeira inscrição
respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de
suplementar.
todos os elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes
ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso Z Anotações/Comentários
Não é preciso requerer a transferência da inscrição principal ou a
c) O direito de o advogado assistir a seus clientes investigados durante
inscrição suplementar, pois não houve alteração do domicílio profis-
a apuração de infrações, sob pena de nulidade absoluta do respec-
sional do advogado. Exige-se a inscrição suplementar apenas quando
tivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos
o advogado possui mais de cinco causas anuais em território diverso
os elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou
daquele onde tem sua inscrição principal. Nesse sentido, o art. 10 do
derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso
EOAB dispõe que a inscrição principal do advogado deve ser feita no
Conselho Seccional em cujo território pretende estabelecer o seu domi-
d) O delegado tem razão em negar o pedido formulado pelo advo- cílio profissional, que consiste na sede principal da atividade de advoca-
gado. cia, prevalecendo, na dúvida, o domicílio da pessoa física do advogado.
Gabarito: D
12. (FGV/OAB/XXIV_Exame – 2017) Tânia, advogada, dirigiu-se à sala
De fato, em 2016, o EAOAB foi alterado, tendo sido incluído o inciso de audiências de determinada Vara Criminal, a fim de acompanhar a
XXI ao art. 7º, onde consta tal direito. realização das audiências designadas para aquele dia em feitos nos quais
Gabarito: B
não oficia. Tânia verificou que os processos não envolviam segredo de

10. (Questão formulada pelo autor) Perla, advogada desde 1980, justiça e buscou ingressar na sala de audiências no horário designado.
quando ainda não havia processo eletrônico, está tendo dificuldade Não obstante, certo funcionário deu-lhe duas orientações. A primeira
de acesso aos autos eletrônicos de um processo distribuído neste ano, orientação foi de que ela não poderia permanecer no local se todas as
em razão de o mesmo estar sob segredo de justiça, sendo certo que ela cadeiras estivessem ocupadas, pois não seria autorizada a permanência
não tem procuração para este caso. Diante das recentes mudanças no de advogados de pé, a fim de evitar tumulto na sala. A segunda orienta-
Estatuto da Advocacia e da OAB, marque a alternativa correta. ção foi no sentido de que, caso ingressassem na sala, Tânia e os demais
a) Em 2019, foi incluído o direito de o advogado examinar, em qualquer presentes não poderiam sair até o fim de cada ato, salvo se houvesse
órgão dos Poderes Judiciário e Legislativo, ou da Administração licença do juiz, para evitar que a entrada e saída de pessoas atrapalhasse
Pública em geral, autos de processos findos ou em andamento, o regular andamento das audiências.
mesmo sem procuração, em qualquer circunstância. Considerando o caso narrado, assinale a afirmativa correta.
PROIBIDO COMPARTILHAMENTO, ADQUIRIDO POR:
A) A primeira orientação dada pelo funcionário viola os direitos asse- A) Os honorários serão fixados pelo juiz, apenas em caso de êxito,
gurados ao advogado, pois Tânia possui o direito de permanecer, de natureza sucumbencial, a serem executados em face da parte
mesmo que de pé, na sala de audiências. Todavia, a segunda adversa.
orientação coaduna-se com o poder-dever do magistrado de pre- B) Os honorários serão fixados pelo juiz, independentemente de
sidir e evitar tumulto no ato judicial, não violando, por si, direitos êxito, segundo tabela organizada pelo Conselho Seccional da OAB
normatizados no Estatuto da OAB. e pagos pelo Estado.
B) A segunda orientação dada pelo funcionário viola os direitos C) Os honorários serão fixados pelo juiz, apenas em caso de êxito,
assegurados ao advogado, pois Tânia possui o direito de retirar-se independentemente de observância aos patamares previstos na
a qualquer momento, independentemente de licença do juiz, da tabela organizada pelo Conselho Seccional da OAB, a serem pagos
sala de audiências. Todavia, a primeira orientação coaduna-se com pelo Estado.
o poder-dever do magistrado de presidir e evitar tumulto no ato
D) Os honorários serão fixados pelo juiz, independentemente de êxito,
judicial, não violando, por si, direitos normatizados no Estatuto da segundo tabela organizada pelo Conselho Seccional da OAB, e
OAB. pagos pelo patrocinado caso possua patrimônio, a ser executado
C) Ambas as orientações violam os direitos assegurados, pelo Estatuto no prazo de cinco anos, a contar da data da nomeação.
da OAB, ao advogado, pois Tânia possui o direito de permanecer,
mesmo que de pé, na sala de audiências, bem como de se retirar a Z Anotações/Comentários
qualquer momento, independentemente de licença do juiz. Tendo em vista que o advogado Inácio foi indicado para defender
D) Nenhuma das orientações viola os direitos assegurados ao advo- em juízo pessoa economicamente hipossuficiente, pois no local onde
gado, pois se coadunam com o poder-dever do magistrado de atua não houve disponibilidade de defensor público para tal patrocínio,
presidir e evitar tumulto no ato judicial, não contrariando, por si ele terá direito aos honorários a serem fixados pelo juiz, segundo tabela
sós, direitos normatizados no Estatuto da OAB. organizada pelo Conselho Seccional da OAB, que serão pagos pelo
Estado, conforme dispõe o art. 22, §1º, do EOAB.
Gabarito: B
Dentre os direitos do advogado previstos no art. 7º (VI e VII) do 15. (FGV/OAB/XXIII_Exame – 2017) Diogo é estudante de Direito
EOAB, está o de ingressar livremente nas salas e dependências de com elevado desempenho acadêmico. Ao ingressar nos últimos anos
audiências, secretarias, cartórios, ofícios de justiça, serviços notariais e do curso, ele é convidado por um ex-professor para estagiar em seu
de registro, e, no caso de delegacias e prisões, mesmo fora da hora de escritório.
expediente e independentemente da presença de seus titulares, bem Inscrito nos quadros de estagiários da OAB e demonstrando alta capa-
como o de permanecer sentado ou em pé e retirar-se de quaisquer cidade, Diogo ganha a confiança dos sócios do escritório e passa a,
locais, independentemente de licença. Portanto, ambas as orientações isoladamente e sob a responsabilidade do advogado, retirar e devolver
violam as prerrogativas do advogado. autos em cartório, assinando a respectiva carga; visar atos constitutivos
de sociedades para que sejam admitidos a registro; obter junto a escri-
Gabarito: C
13. (FGV/OAB/XXIV_Exame – 2017) A advogada Ana encontra-se no vães e chefes de secretaria certidões de peças ou autos de processos em
quinto mês de gestação. Em razão de exercer a profissão como única curso ou findos; assinar petições de juntada de documentos a processos
patrona nas causas em que atua, ela receia encontrar algumas dificul- judiciais ou administrativos; e subscrever embargos de declaração
ÉTICA
dades durante a gravidez e após o parto. opostos em face de decisões judiciais.
Considerando o caso narrado, assinale a afirmativa correta. Considerando as diversas atividades desempenhadas por Diogo, iso-
ladamente e sob a responsabilidade do advogado, de acordo com o
A) O Estatuto da OAB confere a Ana o direito de entrar nos tribu- Estatuto e Regulamento da OAB, ele pode
nais sem submissão aos detectores de metais, vagas reservadas
A) retirar e devolver autos em cartório, assinando a respectiva carga,
nas garagens dos fóruns onde atuar, preferência na ordem das
bem como visar atos constitutivos de sociedades, para que sejam
audiências a serem realizadas a cada dia e suspensão dos prazos
admitidos a registro.
processuais quando der à luz.
B) obter, junto a escrivães e chefes de secretaria, certidões de peças ou
B) O Estatuto da OAB não dispõe sobre direitos especialmente conferi-
autos de processos em curso ou findos, bem como assinar petições
dos às advogadas grávidas, mas aplicam-se a Ana as disposições da
de juntada de documentos a processos judiciais ou administrativos.
CLT relativas à proteção à maternidade e à trabalhadora gestante.
C) obter, junto a escrivães e chefes de secretaria, certidões de peças
C) O Estatuto da OAB confere a Ana o direito de entrar nos tribunais
ou autos de processos findos, mas não de processos em curso,
sem submissão aos detectores de metais e preferência na ordem
bem como subscrever embargos de declaração opostos em face
das audiências a serem realizadas a cada dia, mas não dispõe sobre
de decisões judiciais.
vagas reservadas nas garagens dos fóruns e suspensão dos prazos
processuais quando der à luz. D) assinar petições de juntada de documentos a processos judiciais,
mas não a processos administrativos, nem subscrever embargos
D) O Estatuto da OAB confere a Ana o direito de entrar nos tribunais de declaração opostos em face de decisões judiciais.
sem submissão aos detectores de metais, preferência na ordem
das audiências a serem realizadas a cada dia e vagas reservadas nas Z Anotações/Comentários
garagens dos fóruns, mas não dispõe sobre suspensão dos prazos
processuais quando der à luz. O estagiário inscrito na OAB pode praticar isoladamente os seguin-
tes atos, sob a responsabilidade do advogado: 1) retirar e devolver autos
Z Anotações/Comentários em cartório, assinando a respectiva carga; 2) obter junto aos escrivães
e chefes de secretarias certidões de peças ou autos de processos
A advogada Ana, por estar grávida, tem direito de entrar em tribu- em curso ou findos; 3) assinar petições de juntada de documentos a
nais sem ser submetida a detectores de metais, bem como a reserva de processos judiciais ou administrativos, de acordo com o art. 29, § 1º,
vaga em garagens dos fóruns dos tribunais. Além disso, também terá do RG-OAB. Também pode praticar os atos de postulação a órgão do
preferência na ordem das sustentações orais e das audiências a serem Poder Judiciário e aos juizados especiais, bem como as atividades de
realizadas a cada dia, mediante comprovação da gravidez. Por fim, Ana consultoria, assessoria e direção jurídicas, em conjunto com advogado
também terá direito à suspensão de prazos processuais quando for a e sob responsabilidade deste (EOAB, art. 3º, § 2º).
única patrona da causa, desde que haja notificação por escrito ao cliente,
Gabarito: B
de acordo com o art. 7º-A, I, “a” e “b”, III e IV, do EOAB.

Gabarito: A 16. (FGV/OAB/XXIII_Exame – 2017) O advogado Diogo foi procurado,
em seu escritório profissional, por Paulo, que desejava contratá-lo
14. (FGV/OAB/XXIV_Exame – 2017) O advogado Inácio foi indicado para atuar nos autos de processo judicial já em trâmite, patrocinado
para defender em juízo pessoa economicamente hipossuficiente, pois pelo advogado Jorge, mediante procuração, em face de um plano de
no local onde atua não houve disponibilidade de defensor público para saúde, pelo seguinte motivo: subitamente, Paulo descobriu que precisa
tal patrocínio. Sobre o direito de Inácio à percepção de honorários, realizar uma cirurgia imediatamente, sob risco de morte. Como não
assinale a afirmativa correta. estava satisfeito com a atuação do advogado Jorge, decide, diante da
PROIBIDO COMPARTILHAMENTO, ADQUIRIDO POR
necessidade de realizar a cirurgia, procurar Diogo, para requerer a tutela

18. (FGV/OAB/XXIII_Exame – 2017) Juliana é integrante da equipe
de urgência nos referidos autos, em plantão judicial. Considerando a
de recursos humanos de certa sociedade anônima, de grande porte,
situação narrada e o disposto no Código de Ética e Disciplina da OAB,
cujo objeto social é o comércio de produtos eletrônicos. Encontran-
assinale a afirmativa correta.
do-se vago um cargo de gerência jurídica, Juliana organizou processo
A) Diogo apenas deverá atuar na causa, aceitando procuração, se seletivo, tendo recebido os currículos de três candidatas. A primeira
houver concordância do advogado Jorge, uma vez que, de acordo delas, Mariana, é advogada regularmente inscrita na OAB, tendo se
com o Código de Ética e Disciplina da OAB, o advogado não deve especializado em Direito Penal. A segunda, Patrícia, não é graduada
aceitar procuração de quem já tenha patrono constituído, salvo em Direito, porém é economista e concluiu o doutorado em direito
com a concordância deste. societário e mercado de capitais. A terceira, Luana, graduada em Direito,
B) Diogo apenas deverá atuar na causa, aceitando procuração, após foi aprovada no exame da OAB e concluiu mestrado e doutorado. É con-
ser dado prévio conhecimento ao advogado Jorge, uma vez que, selheira de certo tribunal de contas estadual, mas encontra-se afastada,
a pedido, sem vencimentos.
de acordo com o Código de Ética e Disciplina da OAB, o advogado
não deve aceitar procuração de quem já tenha patrono constituído Considerando a situação narrada, assinale a afirmativa correta.
anteriormente à comunicação a este. A) Qualquer das candidatas poderá exercer a função de gerência
C) Diogo poderá aceitar procuração e requerer nos autos judiciais, jurídica, mas apenas Mariana poderá subscrever os atos privativos
em favor de Paulo, a tutela de urgência necessária apenas se apre- da advocacia.
sentar nos autos justificativa idônea a cessar a responsabilidade B) Qualquer das candidatas poderá exercer a função de gerência
profissional de Jorge pelo acompanhamento da causa. jurídica, mas apenas Mariana e Luana poderão subscrever os atos
D) Diogo poderá aceitar procuração e requerer nos autos judiciais, em privativos da advocacia.
favor de Paulo, a tutela de urgência necessária, independentemente C) Apenas Mariana poderá exercer a função de gerência jurídica.
de prévia comunicação a Jorge ou de apresentação ao juízo de jus- D) Apenas Mariana e Luana poderão exercer a função de gerência
tificativa idônea para a cessação da responsabilidade profissional jurídica.
de Jorge.
A função de gerência ou direção jurídica é privativa de advogado
A regra é de que o advogado não pode aceitar procuração da parte (EOAB, art. 1º, II e RG-OAB, art. 7º). Mariana é advogada, regularmente
que já tenha advogado constituído. Excepcionalmente, quando houver inscrita na OAB, podendo atuar em tal função, sendo irrelevante o fato
motivo plenamente justificável, ou para adoção de medidas judiciais de sua especialização ser em Direito Penal. Patrícia não é graduada
urgentes e inadiáveis, poderá o advogado aceitar a procuração e atuar em Direito, não sendo advogada e, portanto, não podendo exercer
em favor de parte que já tenha advogado (CEDOAB, art. 14). No caso da a função de direção jurídica. Não consta a informação de que Luana
questão, a situação de urgência (CPC, art. 300) justifica que seja aceita a tenha se inscrito nos quadros da OAB, embora aprovada no exame
procuração pelo advogado Diogo, mesmo já havendo outro advogado respectivo e cursado mestrado e doutorado. Além disso, a advocacia é
constituído. Portanto, somente por motivo justo o advogado pode incompatível, mesmo em causa própria, com a atividade de membros
aceitar procuração de quem já tenha outro advogado constituído nos de órgãos do Poder Judiciário, do Ministério Público, dos tribunais e
autos, sob pena de cometimento de infração ética. Vale ressaltar que conselhos de contas, dos juizados especiais, da justiça de paz, juízes
ÉTICA
as demais alternativas confundem prévia ciência com concordância e classistas, bem como de todos os que exerçam função de julgamento
desconsideram que o caso trata de um justo motivo. em órgãos de deliberação coletiva da administração pública direta e
Gabarito: D
indireta (EOAB, art. 28, inc. II). Assim, apenas Mariana pode exercer a
função de gerência jurídica.
17. (FGV/OAB/XXIII_Exame – 2017) Miguel, advogado, sempre exer- Gabarito: C
ceu a atividade sozinho. Não obstante, passou a pesquisar sobre a

19. (Questão formulada pelo autor) Em 2016 o Estatuto foi alterado e
possibilidade de constituir, individualmente, pessoa jurídica para a
passou a tratar dos direitos das advogadas gestantes, lactante , adotante
prestação de seus serviços de advocacia.
ou que der a luz. De acordo com o tema, marque a opção incorreta. É
Sobre o tema, assinale a afirmativa correta. direito da advogada...
A) Miguel poderá constituir a pessoa jurídica pretendida, mediante a) gestante – entrada em tribunais sem ser submetida a detectores
registro dos seus atos constitutivos no Conselho Seccional da OAB de metais e aparelhos de raios X;
em cuja base territorial tiver sede, com denominação formada pelo b) lactante – reserva de vaga em garagens dos fóruns dos tribunais;
nome do titular, seguida da expressão ‘Sociedade Individual de
c) lactante, adotante ou que der à luz, acesso a creche, onde houver,
Advocacia’.
ou a local adequado ao atendimento das necessidades do bebê;
B) Miguel não poderá constituir a pessoa jurídica pretendida, uma
d) gestante, lactante, adotante ou que der à luz, preferência na ordem
vez que o ordenamento jurídico brasileiro não admite a figura da
das sustentações orais e das audiências a serem realizadas a cada
sociedade unipessoal, ressalvados apenas os casos de unipessoa-
dia, mediante comprovação de sua condição.
lidade temporária e da chamada subsidiária integral.
C) Miguel poderá constituir a pessoa jurídica pretendida mediante Z Anotações/Comentários
registro dos seus atos constitutivos no Conselho Seccional da De acordo com o art. 7º-A do EAOAB, são direitos da advogada:
OAB, com denominação formada pelo nome do titular, seguida da
expressão ‘EIRELI’. I – gestante:
D) Miguel poderá constituir a pessoa jurídica pretendida mediante a) entrada em tribunais sem ser submetida a detectores de metais
registro dos seus atos constitutivos no Registro Civil de Pessoas e aparelhos de raios X;
Jurídicas, com denominação formada pelo nome do titular, seguida b) reserva de vaga em garagens dos fóruns dos tribunais;
da expressão ‘EIRELI’. II – lactante, adotante ou que der à luz, acesso a creche, onde hou-
ver, ou a local adequado ao atendimento das necessidades do bebê;
III – gestante, lactante, adotante ou que der à luz, preferência na
O advogado Miguel poderá constituir a sociedade unipessoal de ordem das sustentações orais e das audiências a serem realizadas a cada
advocacia, a qual adquire personalidade jurídica com o registro apro- dia, mediante comprovação de sua condição;
vado dos seus atos constitutivos no Conselho Seccional da OAB em IV – adotante ou que der à luz, suspensão de prazos processuais
cuja base territorial tiver sede, desde que a denominação da sociedade quando for a única patrona da causa, desde que haja notificação por
unipessoal seja formada pelo nome do seu titular, completo ou parcial, escrito ao cliente.
com a expressão ‘Sociedade Individual de Advocacia, vedada a inclusão Gabarito: B
de sigla ou expressão de fantasia, de acordo com os arts. 15, §1º, e 16,

20. (Questão formulada pelo autor) De acordo com o EAOAB, é direito
§4º, do EOAB e art. 2º, I, do Provimento CFOAB nº 170/2016.
Gabarito: A da advogada adotante ou que der à luz, suspensão de prazos proces-
suais quando for a única patrona da causa, desde que haja notificação (b) O direito à suspensão dos prazos processuais é conferido à
por escrito ao cliente. Esse prazo é de advogada adotante ou que der à luz, quando for a única patrona da
a) 30 dias causa, desde que haja notificação por escrito ao cliente (EOAB, art. 7º-A,
inc. IV). Assim, não é em qualquer hipótese.
b) 120 dias
(c) O direito à preferência na ordem das sustentações orais e das
c) 90 dias audiências, mediante comprovação da sua condição, é conferido para
d) 6 meses. a advogada gestante, lactante (Milena), adotante (Paula) e para a que
der à luz (Viviane).
(d) O direito a entrar nos tribunais sem submissão a detectores de
O prazo de 30 dias está previsto no art. o § 6o do art. 313 e é men- metais e aparelhos de raios-X é exclusivo da advogada gestante (EOAB,
cionado no art. 7º – A, § 3º, do EAOAB. art. 7º-A, inc. I, “a”).
Gabarito: A Gabarito: C
21. (Questão formulada pelo autor) O advogado empregado é tra- 24. (FGV/OAB/XXII_Exame – 2017) Carolina, Júlia, Bianca e Maria são
tado nos arts. 18 ao 21 do EAOAB. Indique a opção incorreta sobre o tema advogadas. Carolina é servidora estadual não enquadrada em hipótese
a) A relação de emprego, na qualidade de advogado, não retira a de incompatibilidade; Júlia está cumprindo suspensão por infração
isenção técnica nem reduz a independência profissional inerentes disciplinar; Bianca está licenciada por requerimento próprio justificado;
à advocacia. e Maria é servidora federal não enquadrada em hipótese de incompa-
tibilidade. As quatro peticionam, como advogadas, isoladamente e em
b) O advogado empregado não está obrigado à prestação de servi- atos distintos, em ação judicial proposta em face da União.
ços profissionais de interesse pessoal dos empregadores, fora da
relação de emprego. Diante da situação narrada, de acordo com o Estatuto da OAB, são
válidos os atos praticados
c) O salário mínimo profissional do advogado será fixado por lei
estadual A) por Carolina, apenas.
d) O salário mínimo profissional do advogado será fixado por sentença B) por Carolina e Bianca, apenas.
normativa, salvo se ajustado em acordo ou convenção coletiva de C) por Carolina, Bianca e Maria, apenas.
trabalho. D) por Carolina, Julia, Bianca e Maria.
A incorreta é a letra C, porque o salário mínimo do advogado será Ressalta-se que a ação foi intentada em face da União. Carolina
fixado por sentença normativa, salvo acordo ou convenção coletiva de não se enquadra em qualquer hipótese de incompatibilidade ou impe-
trabalho (art. 19 do EAOAB). dimento, sendo válidos os atos praticados por ela. Júlia está suspensa
Gabarito: C
por infração disciplinar, sendo nulos os atos por ela praticados (EOAB,
22. (Questão formulada pelo autor) Via de regra, a jornada de tra- art. 4º, parágrafo único). Quando em licença, os atos também são nulos,
balho do advogado empregado, no exercício da profissão, não poderá como no caso de Bianca (EOAB, art. 4º, parágrafo único). Por fim, Maria
exceder a duração é servidora federal, estando impedida de exercer a advocacia em face
ÉTICA
da União (EOAB, art. 30, inc. I). Logo, apenas os atos praticados por
a) diária de 5 horas contínuas e a de vinte horas semanais, salvo acordo
Carolina são válidos.
ou convenção coletiva ou em caso de dedicação exclusiva. Gabarito: A
b) diária de 8 horas contínuas e a de vinte horas semanais, salvo acordo

25. (FGV/OAB/XXII_Exame – 2017) Os advogados Raimundo da Silva,
ou convenção coletiva ou em caso de dedicação exclusiva.
Severino da Silva e Juscelino da Silva constituíram sociedade simples de
c) diária de 6 horas contínuas e a de vinte horas semanais, salvo acordo prestação de serviços de advocacia, denominada Silva Advogados, com
ou convenção coletiva ou em caso de dedicação exclusiva. o registro aprovado dos seus atos constitutivos no Conselho Seccional
d) diária de 4 horas contínuas e a de 20 horas semanais, salvo acordo da OAB pertinente ao local da sede. Severino figura como sócio-gerente.
ou convenção coletiva ou em caso de dedicação exclusiva. Além dos três advogados, não há outros sócios ou associados.
Considerando a situação narrada e a disciplina do Regulamento Geral
Z Anotações/Comentários do Estatuto da Advocacia e da OAB, assinale a afirmativa correta.
Nos termos do art. 20 do EAOAB, a jornada de trabalho do advogado A) Os atos indispensáveis à satisfação das finalidades da pessoa
empregado, no exercício da profissão, não poderá exceder a duração jurídica apenas podem ser praticados por Raimundo, Severino ou
diária de quatro horas contínuas e a de vinte horas semanais, salvo Juscelino, sendo vedada a prática de atos por Silva Advogados,
acordo ou convenção coletiva ou em caso de dedicação exclusiva. uma vez que as atividades necessárias ao desempenho da advo-
cacia devem ser exercidas individualmente, ainda que revertam à
Gabarito: D
23. (FGV/OAB/XXII_Exame – 2017) Viviane, Paula e Milena são advo- sociedade os proveitos.
gadas. Viviane acaba de dar à luz, Paula adotou uma criança e Milena B) Os atos indispensáveis à satisfação das finalidades da pessoa
está em período de amamentação. jurídica podem ser praticados por Silva Advogados; porém, os
Diante da situação narrada, de acordo com o Estatuto da OAB, assinale atos privativos de advogado devem ser praticados por Raimundo,
a afirmativa correta. Severino ou Juscelino.
A) Viviane e Milena têm direito a reserva de vaga nas garagens dos C) Os atos indispensáveis à satisfação das finalidades da pessoa jurí-
fóruns dos tribunais. dica e os atos privativos de advogado podem ser praticados por
Silva Advogados.
B) Viviane e Paula têm direito à suspensão de prazos processuais,
em qualquer hipótese, desde que haja notificação por escrito ao D) Os atos destinados à satisfação das finalidades da pessoa jurí-
cliente. dica apenas devem ser praticados por Severino, sendo vedada a
prática de atos por Silva Advogados, uma vez que as atividades
C) Viviane, Paula e Milena têm direito de preferência na ordem das necessárias ao desempenho da advocacia devem ser exercidas
audiências a serem realizadas a cada dia, mediante comprovação individualmente, ainda que revertam à sociedade os proveitos.
de sua condição. Os atos também não podem ser praticados pelos demais sócios,
D) Paula e Milena têm direito a entrar nos tribunais sem serem sub- já que Severino figura como sócio-gerente.
metidas a detectores de metais e aparelhos de raio-X.
Os advogados podem reunir-se em sociedade simples de prestação
(a) Viviane é advogada que acabou de dar à luz, Paula é adotante e de serviços de advocacia ou constituir sociedade unipessoal de advo-
Milena é lactante. O direito à reserva de vaga em garagens dos fóruns é cacia. De acordo com o art. 42 do RG-OAB, podem ser praticados pela
exclusivo da advogada gestante (EOAB, art. 7º-A, inc. I, “a”). sociedade de advogados “Silva Advogados”, com uso da razão social,
os atos indispensáveis às suas finalidades, desde que não sejam atos Z Anotações/Comentários
privativos de advogado, os quais devem ser praticados por Raimundo,
A inscrição principal do advogado deve ser feita no Conselho Sec-
Severino ou Juscelino.
Gabarito: B
cional em cujo território pretende estabelecer o seu domicílio profissio-
nal, na forma do regulamento geral. Considera-se domicílio profissional
26. (Questão formulada pelo autor) Os arts. 8º e 9º do Estatuto da a sede principal da atividade de advocacia, prevalecendo, na dúvida, o
Advocacia e da OAB trazem os requisitos necessários para inscrição no domicílio da pessoa física do advogado (art. 10, § 1º, do EAOAB).
quadro de advogados e de estagiários na OAB. Acerca do tema, indique Gabarito: D
a opção correta
30. (FGV/OAB/XXI_Exame – 2016) Florentino, advogado regularmente
a) O estagiário não precisa apresentar certidão de idoneidade moral.
inscrito na OAB, além da advocacia, passou a exercer também a profissão
b) O estrangeiro pode ser advogado no Brasil, desde que passe no de corretor de imóveis, obtendo sua inscrição no conselho pertinente.
Exame de Ordem, apenas. Em seguida, Florentino passou a divulgar suas atividades, por meio de
c) na ausência do diploma deve ser apresentada a certidão de gra- uma placa na porta de um de seus escritórios, com os dizeres: Florentino,
duação em Direito, acompanhada do histórico escolar. advogado e corretor de imóveis.
d) o estagiário não precisa ter capacidade civil Sobre o tema, assinale a afirmativa correta.
a) É vedado a Florentino exercer paralelamente a advocacia e a cor-
retagem de imóveis.
O diploma é um dos requisitos para inscrição no quadro de advo-
b) É permitido a Florentino exercer paralelamente a advocacia e a
gados da OAB. Na sua ausência, o art. 23 do RG, determina que a pessoa
corretagem de imóveis, desde que não sejam prestados os serviços
apresente uma certidão de graduação em Direito acompanhada do
de advocacia aos mesmos clientes da outra atividade. Além disso, é
histórico escolar.
Gabarito: C
permitida a utilização da placa empregada, desde que seja discreta,
sóbria e meramente informativa.
27. (Questão formulada pelo autor) A idoneidade moral é decidida
por c) É permitido a Florentino exercer paralelamente a advocacia e a
corretagem de imóveis. Todavia, é vedado o emprego da aludida
a) 1/3 dos membros do Conselho competente. placa, ainda que discreta, sóbria e meramente informativa.
b) 2/3 dos membros do Conselho competente.
d) É permitido a Florentino exercer paralelamente a advocacia e a
c) maioria simples dos membros do Conselho competente. corretagem de imóveis, inclusive em favor dos mesmos clientes.
d) maioria absoluta dos membros do Conselho competente. Também é permitido empregar a aludida placa, desde que seja
discreta, sóbria e meramente informativa.
Nos moldes do art. 8º, § 3º, do EAOAB, a inidoneidade moral,
suscitada por qualquer pessoa, deve ser declarada mediante decisão Florentino pode exercer de forma paralela a advocacia e a cor-
que obtenha no mínimo dois terços dos votos de todos os membros retagem de imóveis. Todavia, é vedado o emprego da aludida placa,
do conselho competente, em procedimento que observe os termos ainda que discreta, sóbria e meramente informativa, uma vez que é
do processo disciplinar.
ÉTICA
Gabarito: B
vedada a divulgação da advocacia em conjunto com outra atividade,
consoante artigo 1º, §3º, do EOAB. Nesse sentido, o TED da OAB de São
28. (Questão formulada pelo autor) Assinale a opção correta de Paulo entende que “não é vedado a advogados exercerem outras pro-
acordo com as disposições do Regulamento Geral do Estatuto da fissões, desde que não ocupem o mesmo espaço físico do escritório de
Advocacia e da OAB. advocacia, não divulguem as atividades em conjunto com a advocacia e
a) O compromisso que o requerente à inscrição nos quadros da OAB não exerçam a advocacia para clientes da outra atividade, nos assuntos
deve fazer perante o conselho seccional, a diretoria ou o conselho a ela relacionados, seja de natureza contenciosa ou consultiva” (Proc.
da subseção é indelegável, haja vista sua natureza solene e perso- E-4.024/2011. Demais precedentes E – 3.963/2008 e E– 3.418/2007 do
nalíssima. TED-OAB/SP).
Gabarito: C
b) Toda vez que figurar como indiciado em inquérito policial, por

qualquer espécie de infração, o advogado deve ser assistido por um 31. (FGV/OAB/XXI_Exame – 2016) Marcela, Natália e Paula integram
representante da OAB, sem prejuízo da atuação de seu defensor. a sociedade de advogados MNP e foram procuradas por Rafael para
c) É vedado ao requerente pleitear inscrição nos quadros da OAB sem ajuizar ação cível em face de Silvio. A procuração outorgada por Rafael
ter, regularmente registrado, diploma de bacharel em direito, não indica apenas o nome da sociedade de advogados MNP, e na inicial
suprindo sua falta nenhum outro documento. elaborada por Marcela foi requerido que as futuras intimações fossem
feitas apenas em nome da sociedade.
d) O estagiário inscrito na OAB pode praticar, isoladamente, todos os
atos próprios de advogado, desde que sua inscrição esteja regular. Sobre o caso em exame, segundo o Estatuto da OAB, assinale a afir-
mativa correta.
a) A procuração pode ser outorgada por Rafael apenas em nome da
O requerente à inscrição principal no quadro de advogados presta sociedade e faculta a qualquer de suas integrantes a elaboração da
o compromisso perante o Conselho Seccional, a Diretoria ou o Conselho inicial, que poderá requerer que as futuras intimações sejam feitas
da Subseção (art. 20 do RG). em seu nome, em nome da sociedade ou em nome das demais
Gabarito: A
integrantes.
29. (Questão formulada pelo autor) Stive é advogado e reside no b) A procuração pode ser outorgada por Rafael apenas em nome da
Estado do Rio de Janeiro, onde mantém o seu escritório de advocacia, sociedade e faculta a qualquer de suas integrantes a elaboração da
mas requer sua inscrição principal no Estado de São Paulo, onde, em inicial, que poderá requerer que as futuras intimações sejam feitas
alguns anos, pretende estabelecer domicílio. No concernente ao tema, apenas em seu nome ou em nome da sociedade, mas não em nome
à luz das normas estatutárias, é correto afirmar que das demais integrantes.
a) o advogado pode eleger qualquer seccional para inscrição principal c) A procuração deve ser outorgada por Rafael individualmente às
ao seu arbítrio. advogadas e indicar a sociedade de MNP, podendo Marcela reque-
b) o Conselho Federal pode autorizar a inscrição principal fora da sede rer que as futuras intimações sejam feitas em seu nome, em nome
do escritório do advogado. da sociedade ou em nome das demais outorgadas.
c) na dúvida entre domicílios, prevalece o da sede principal do exer- d) A procuração deve ser outorgada por Rafael individualmente
cício da advocacia. às advogadas e indicar a sociedade de MNP, podendo Marcela
d) a inscrição principal está subordinada ao domicílio profissional do requerer que as futuras intimações sejam feitas em seu nome ou
advogado. em nome das demais outorgadas, mas não em nome da sociedade.
A questão foi anulada porque o enunciado pede a resposta (a) É direito e dever do advogado assumir a defesa criminal, sem
segundo o Estatuto da OAB, entretanto, era necessário que o exami- considerar sua própria opinião sobre a culpa do acusado, uma vez que
nando conhecesse a previsão contida no Código de Processo Civil. não há causa criminal indigna de defesa, cumprindo ao advogado
No caso de sociedade de advogados, as procurações devem ser agir, como defensor, no sentido de que a todos seja concedido trata-
outorgadas individualmente aos advogados e indicar a sociedade de mento condizente com a dignidade da pessoa humana, sob a égide das
que façam parte, seu número de registro na Ordem dos Advogados do garantias constitucionais, nos termos do art. 23 do CEDOAB. Embora o
Brasil e o endereço completo (art. 15, §3º, do EOAB e art. 105, §3º, do advogado tenha o direito de assumir a defesa criminal sem considerar
CPC). Entretanto, os advogados poderão requerer que, na intimação sua própria opinião sobre a culpa do acusado, havendo a quebra da
a eles dirigida, figure apenas o nome da sociedade a que pertençam confiança com o cliente, é lícita a renúncia ao mandato.
(art. 272, §1º, do CPC). (b, c, d) O advogado Benjamin deverá externar à cliente Maria Clara
Gabarito: Anulada
sua impressão, solicitando que ela lhe revele os fatos necessários à sua
32. (FGV/OAB/XXI_Exame – 2016) José, bacharel em Direito, constitui defesa. Caso não seja estabelecida a confiança, o advogado Benjamim
Cesar, advogado, como seu procurador para atuar em demanda a ser poderá renunciar ao mandato ou promover o substabelecimento a
proposta em face de Natália. outrem. Isto porque as relações entre advogado e cliente baseiam-se
Ajuizada a demanda, após o pedido de tutela provisória ter sido inde- na confiança recíproca, por esse motivo, sentindo o advogado que
ferido, José orienta César a opor Embargos de Declaração, embora não essa confiança lhe falta, é recomendável que externe ao cliente sua
vislumbre omissão, contradição ou obscuridade na decisão, tampouco impressão e, não se dissipando as dúvidas existentes, promova, em
erro material a corrigir. César, porém, acredita que a medida mais ade- seguida, o substabelecimento do mandato ou a ele renuncie (CEDOAB,
quada é a interposição de Agravo de Instrumento, pois entende que a arts. 10 e 15).
Gabarito: D
decisão poderá ser revista pelo tribunal, facultando-se, ainda, ao juízo

de primeira instância reformar sua decisão. 34. (FGV/OAB/XX_Exame – Prova reaplicada Salvador-BA – 2016)
Diante da divergência, assinale a opção que indica o posicionamento João das Neves, advogado, foi preso em flagrante delito, sendo-lhe
correto. imputada a suposta prática do delito de lesão corporal grave, perpe-
a) César deverá, em qualquer hipótese, seguir a orientação de José, trado no contexto de violência doméstica e familiar contra a mulher,
que é parte na demanda e possui formação jurídica. em face de sua companheira Ingrid.
b) César deverá esclarecer José quanto à sua estratégia, mas subordi- No que se refere à lavratura do Auto de Prisão em Flagrante, assinale
nar-se, ao final, à orientação deste, pois no exercício do mandato a afirmativa correta.
atua como patrono da parte. a) A lavratura do Auto de Prisão em Flagrante observará as formali-
c) César deverá imprimir a orientação que lhe pareça mais adequada dades previstas nos artigos 304, 305 e 306 do Código de Processo
à causa, sem se subordinar à orientação de José, mas procurando Penal. Não são exigidas formalidades decorrentes da condição de
esclarecê-lo quanto à sua estratégia. advogado de João das Neves, pois a prisão deu-se por fato não
d) César deverá imprimir a orientação que lhe pareça mais adequada relacionado ao exercício da advocacia.
à causa, sem se subordinar à orientação de José, e sem procurar b) A lavratura do Auto de Prisão em Flagrante deverá, invariavelmente,
esclarecê-lo quanto à sua estratégia, pois, no seu ministério privado, ocorrer na presença de representante da OAB, sob pena de nulidade
ÉTICA
presta serviço público. do ato.
Z Anotações/Comentários c) A prisão em flagrante de João das Neves deverá ser objeto de comu-
nicação expressa à seccional respectiva da OAB, não sendo exigida,
A liberdade profissional é um dos pilares da advocacia brasileira. Por neste caso, a presença de representante da OAB para lavratura do
essa razão, o advogado, no exercício do mandato, deverá imprimir à causa Auto de Prisão em Flagrante.
orientação que lhe pareça mais adequada sem se subordinar a intenções
contrárias do cliente, sem olvidar de antes esclarecê-lo quanto à estratégia d) A lavratura do Auto de Prisão em Flagrante deverá ocorrer na
(art. 11 do CEDOAB). Segundo o art. 4º do CEDOAB, o advogado, ainda que presença de representante da OAB. Não obstante, a falta, segundo
vinculado ao cliente ou constituinte, mediante relação empregatícia ou entendimento jurisprudencial consolidado do STF, não constitui
por contrato de prestação permanente de serviços, ou como integrante nulidade, mas mera irregularidade, que pode ser suprida, a poste-
de departamento jurídico, ou de órgão de assessoria jurídica, público ou riori, mediante comunicação ao Conselho Federal da OAB.
privado, deve zelar pela sua liberdade e independência.
Gabarito: C
33. (FGV/OAB/XX_Exame – Prova reaplicada Salvador-BA – 2016) No caso em tela, o advogado João das Neves foi preso em flagrante
Maria Clara contratou o advogado Benjamim para sua defesa em um em razão da prática de crime estranho ao exercício da advocacia. Por
processo criminal, no qual figura como ré. Após reuniões destinadas essa razão, deverá haver comunicação expressa da prisão à seccional
a estruturar a defesa técnica de Maria Clara, Benjamim percebe que a respectiva da OAB, não sendo exigida a presença de representante da
cliente não demonstra plena confiança no patrono, deixando de revelar OAB para a lavratura do Auto de Prisão em Flagrante. Nesse sentido, o
fatos importantes para a sua atuação em juízo. art. 7º do EOAB determina que é direito do advogado ter a presença de
Diante dessas circunstâncias, é recomendável que Benjamim representante da OAB, quando preso em flagrante, por motivo ligado
ao exercício da advocacia, para lavratura do auto respectivo, sob pena
a) mantenha-se no patrocínio da causa, pois constitui dever do
de nulidade e, nos demais casos, a comunicação expressa à seccional
advogado assumir a defesa criminal, sem considerar sua própria
da OAB.
opinião sobre a culpa do acusado e independentemente de saber Gabarito: C
a verdade real sobre os fatos ocorridos.

b) externe à cliente sua impressão, solicitando que ela lhe revele os 35. (FGV/OAB/XX_Exame – Prova reaplicada Salvador-BA – 2016) A
fatos necessários à sua defesa. Caso não seja estabelecida a con- advogada Lúcia dirigiu-se ao cartório de determinada Vara Cível, com o
fiança, Benjamim poderá renunciar ao mandato, sendo vedado que objetivo de retirar os autos dos processos 1, 2 e 3 para consulta. Quanto
este o substabeleça a outrem, uma vez que a quebra da confiança ao processo 1, já findo, não foi autorizada a retirada porque havia sido
com o substabelecente contamina a relação com o substabelecido. decretado segredo de justiça e Lúcia não havia atuado no feito. No que
se refere ao processo 2, ainda em trâmite, não foi permitida a retirada,
c) renuncie desde logo ao mandato, pois as relações entre advogado
pois Lúcia, advogada do réu, já havia deixado anteriormente de devolver
e cliente baseiam-se na confiança recíproca e o profissional não
os autos no prazo legal, só o fazendo depois de intimada. Já quanto ao
deve perquirir junto ao acusado a verdade real sobre os fatos que
processo 3, também findo, não foi concedida a retirada sob a justificativa
lhe são imputados.
de que existiam nos autos documentos originais de difícil restauração.
d) externe à cliente sua impressão, solicitando que ela lhe revele
os fatos necessários à sua defesa. Caso não seja estabelecida a Sobre o caso narrado, assinale a opção correta.
confiança, Benjamim poderá renunciar ao mandato ou promover a) É excepcionado o direito do advogado à retirada dos autos apenas
o substabelecimento a outrem. em razão dos motivos declinados quanto aos processos 1 e 2. No
que se refere ao processo 3, houve indevida violação do direito de a) ela ficará impedida de exercer a advocacia apenas contra ou a
Lúcia. favor de pessoas jurídicas de direito público, empresas públicas,
b) É excepcionado o direito do advogado à retirada dos autos apenas sociedades de economia mista, fundações públicas, entidades
em razão dos motivos declinados quanto aos processos 1 e 3. No paraestatais ou empresas concessionárias ou permissionárias de
que se refere ao processo 2, houve indevida violação do direito de serviço público.
Lúcia. b) ela ficará sujeita à proibição total ao exercício da advocacia, pois
c) É excepcionado o direito do advogado à retirada dos autos em este é incompatível, mesmo em causa própria, com as atividades
razão dos motivos declinados quanto aos processos 1, 2 e 3. Não dos membros do Poder Legislativo.
houve indevida violação do direito de Lúcia. c) ela ficará impedida de exercer a advocacia apenas contra ou a favor
d) É excepcionado o direito do advogado à retirada dos autos apenas de pessoas jurídicas de direito público.
em razão do motivo declinado quanto ao processo 1. No que se d) ela ficará sujeita à proibição total ao exercício da advocacia, pois
refere aos processos 2 e 3, houve indevida violação do direito de este é incompatível, mesmo em causa própria, com as atividades
Lúcia. dos membros do Poder Legislativo, mas poderá atuar, excepcio-
nalmente, nos feitos que já estavam em curso antes do exercício
Z Anotações/Comentários de seu mandato parlamentar.
Em regra, o advogado tem direito de ter vista dos processos judiciais
ou administrativos de qualquer natureza, em cartório ou na repartição
competente, ou retirá-los pelos prazos legais, bem como de retirar O caso descrito no enunciado trata de impedimento parcial. Nesse
autos de processos findos, mesmo sem procuração, pelo prazo de dez sentido, o art. 30, II, do EOAB estabelece que são impedidos de exercer a
dias, nos termos do art. 7º, XV e XVI, do EOAB. Entretanto, o advogado advocacia os membros do Poder Legislativo, em seus diferentes níveis,
não poderá retirar autos de processos sob regime de segredo de justiça contra ou a favor das pessoas jurídicas de direito público, empresas
sem procuração; não poderá retirar os processos cujos autos possuam públicas, sociedades de economia mista, fundações públicas, entida-
documentos originais de difícil restauração ou ocorrer circunstância des paraestatais ou empresas concessionárias ou permissionárias de
relevante que justifique a permanência dos autos no cartório, secretaria serviço público.
ou repartição, reconhecida pela autoridade em despacho motivado,
Gabarito: A
proferido de ofício, mediante representação ou a requerimento da 38. (FGV/OAB/XX_Exame – Prova reaplicada Salvador-BA – 2016)
parte interessada; por fim, não poderá retirar os autos de processos, Pedro iniciou sua carreira no mercado financeiro, no qual ocupa atual-
até seu encerramento, se houver deixado de devolver os respectivos mente a função de direção em uma instituição privada. Contudo,
autos no prazo legal, e só o fizer depois de intimado, nos termos do buscando exercer melhor a função, matriculou-se em uma Faculdade
art. 7º, §1º, do EOAB. de Direito. Para realizar o estágio profissional de advocacia, ao alcançar
Gabarito: C
os dois últimos anos do curso jurídico, sem se desligar da atividade

36. (FGV/OAB/XX_Exame – Prova reaplicada Salvador-BA – 2016) financeira, Pedro deve:
Luiz, estudante do quarto período da Faculdade de Direito, e seu a) realizar o estágio profissional mantido em sua respectiva instituição
irmão, Bernardo, que cursa o nono período na mesma faculdade, de ensino superior para fins de aprendizagem, vedada sua inscrição
foram contratados pelo escritório Pereira Advogados, para atuar como como estagiário na OAB.
estagiários. Bernardo é inscrito como estagiário perante o Conselho
ÉTICA
Seccional respectivo. b) inscrever-se como estagiário na OAB e realizar o estágio profissio-
nal mantido em sua faculdade, mantido pelo Conselho da OAB ou
Sobre a atuação dos irmãos, assinale a opção correta. mantido nos setores, órgãos jurídicos e escritórios de advocacia
a) Luiz e Bernardo poderão, isoladamente, retirar e devolver autos em credenciados pela OAB.
cartório, assinando a respectiva carga. c) inscrever-se como estagiário na OAB e realizar o estágio profissional
b) Bernardo poderá, isoladamente, obter, junto ao chefe de secretaria mantido em sua faculdade ou mantido pelo Conselho da OAB.
do cartório judicial, certidão sobre processos em curso. d) realizar o estágio profissional mantido pelo Conselho da OAB ou
c) Bernardo poderá, isoladamente, realizar, de forma onerosa, ativida- mantido por setores, órgãos jurídicos e escritórios de advocacia
des de consultoria e assessoria jurídica. Luiz poderá assinar petições credenciados pela OAB, podendo realizar, para fins de aprendiza-
de juntada de documentos a processos judiciais. gem, as atividades próprias de estagiário, tais como retirar autos
d) Bernardo não poderá comparecer isoladamente para a prática de de processos em cartório. Porém, é vedada sua inscrição como
atos extrajudiciais, mesmo diante de substabelecimento, sendo estagiário junto à OAB.
necessária a presença conjunta de advogado.
Z Anotações/Comentários Para a inscrição como estagiário é necessário não exercer atividade
Tendo em vista que Bernardo é estagiário inscrito perante o Con- incompatível com a advocacia (EOAB, art. 9º, I c/c art. 8º, V). A atividade
selho Seccional da OAB, poderá praticar isoladamente os seguintes da advocacia é incompatível com a atividade dos ocupantes de funções
atos, sob a responsabilidade do advogado: retirar e devolver autos em de direção e gerência em instituições financeiras, inclusive privadas
cartório, assinando a respectiva carga; obter junto aos escrivães e chefes (EOAB, art. 28, VIII). Por essa razão, o art. 9º, § 3º, do EOAB dispõe que o
de secretarias certidões de peças ou autos de processos em curso ou aluno de curso jurídico que exerça atividade incompatível com a advoca-
findos; assinar petições de juntada de documentos a processos judiciais cia pode frequentar o estágio ministrado pela respectiva instituição de
ou administrativos; para o exercício de atos extrajudiciais, o estagiário ensino superior, para fins de aprendizagem, vedada a inscrição na OAB.
Gabarito: A
pode comparecer isoladamente, quando receber autorização ou subs-

tabelecimento do advogado. Além disso, poderá, conjuntamente com 39. (FGV/OAB/XX_Exame – 2016) João outorgou procuração ao advo-
advogado e sob responsabilidade deste, postular a órgão do Poder gado Antônio, para sua defesa em certo processo. Todavia, decorridos
Judiciário e aos juizados especiais, bem como exercer as atividades de alguns dias, João concluiu que a atuação de apenas um profissional não
consultoria, assessoria e a de direção jurídica, de acordo com o arts. 1º, seria suficiente à sua satisfatória representação e buscou Antônio, a fim
I e II, 3º, §2º, ambos do EOAB, e art. 29, §§1º e 2º, do RG-OAB. Por sua vez, de informá-lo de que pretendia também contratar o advogado Luiz,
Luiz não poderá praticar os atos supramencionados, pois não possui para atuar juntamente com ele no feito. Ocorre que Antônio negou-se a
inscrição de estagiário na OAB. aceitar a indicação, por duvidar das qualidades profissionais do colega.
Meses depois, convencido de que realmente precisa de auxílio, resolveu
Gabarito: B
37. (FGV/OAB/XX_Exame – Prova reaplicada Salvador-BA – 2016) substabelecer o mandato, com reserva de poderes, ao advogado Lucas,
Renata, devidamente inscrita na Ordem dos Advogados do Brasil, que goza de sua absoluta confiança.
exerce, há muitos anos, atividades privativas da advocacia. Ocorre Diante da situação narrada, assinale a afirmativa correta.
que Renata concorre a deputada estadual, encontrando-se em curso a) A recusa de Antônio à indicação de outro profissional pelo cliente
diversos processos em que ela atua como advogada. não constitui infração ética, pois o advogado não é obrigado a
Caso Renata seja eleita, é correto afirmar que aceitar a indicação de outro profissional para com ele trabalhar no
processo. Por sua vez, o substabelecimento do mandato a Lucas c) em caso de inquérito sob segredo de Justiça, apenas o magistrado
depende de prévia comunicação a João. que decretou o sigilo poderá afastar parcialmente o sigilo, autori-
b) A recusa de Antônio à indicação de outro profissional pelo cliente zando o acesso aos autos pelo advogado Carlos.
constitui infração ética, uma vez que ele comportou-se com des- d) o segredo de Justiça de inquéritos em andamento é oponível ao
lealdade em face do colega advogado, pronunciando-se contra advogado Carlos, mesmo munido de procuração.
sua contratação. Por sua vez, o substabelecimento do mandato a
Lucas depende de prévia comunicação a João. Z Anotações/Comentários
c) A recusa de Antônio à indicação de outro profissional pelo cliente Dentre os direitos do advogado, está o de examinar em qualquer
constitui infração ética, uma vez que ele comportou-se com des- instituição, inclusive na Delegacia de Polícia, autos de processos findos
lealdade em face do colega advogado, pronunciando-se contra ou em andamento, mesmo sem procuração, quando não estiverem
sua contratação. Por sua vez, o substabelecimento do mandato a sujeitos a sigilo ou segredo de justiça. No caso em tela, o inquérito
Lucas independe de prévia comunicação a João, pois constitui ato policial estava sob sigilo e, por essa razão, deveria o advogado Carlos
pessoal do advogado da causa. apresentar procuração para poder acessá-lo. Entretanto, mesmo depois
que o advogado apresentou a procuração, o Delegado de Polícia negou
d) A recusa de Antônio à indicação de outro profissional pelo cliente
a vista dos autos, o que violou o direito do advogado previsto no art. 7º,
não constitui infração ética, pois o advogado não é obrigado a
XIII, do EOAB. Nesse sentido, a Súmula Vinculante 14 do STF dispõe que
aceitar a indicação de outro profissional para com ele trabalhar no
é direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo
processo. Por sua vez, o substabelecimento do mandato a Lucas
aos elementos de prova que, já documentados em procedimento inves-
independe de comunicação a João, já que constitui ato pessoal do
tigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária,
advogado da causa.
digam respeito ao exercício do direito de defesa. Por fim, o art. 7º, § 10,
Z Anotações/Comentários do EOAB estabelece que nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado
apresentar procuração para o exercício de seu direito.
A recusa do advogado Antônio à indicação de outro profissional Gabarito: B
pelo cliente não constitui infração ética, pois o advogado não é obrigado
42. (FGV/OAB/XIX_Exame – 2016) Tício, presidente de determinada
a aceitar a indicação de outro profissional para com ele trabalhar no
Subseção da OAB, valendo- se da disciplina do Art. 50 da Lei Federal nº
processo, de acordo com o art. 24 do CEDOAB. Por sua vez, de acordo
8.906/94 (Estatuto da OAB), pretende requisitar, ao cartório de certa Vara
com o art. 26 do CEDOAB, o substabelecimento do mandato com reserva
de Fazenda Pública, cópias de peças dos autos de um processo judicial
de poderes ao advogado Lucas independe de comunicação a João, já
que não estão cobertas pelo sigilo. Assim, analisou o entendimento
que constitui ato pessoal do advogado da causa. Entretanto, se o subs-
jurisprudencial consolidado no Supremo Tribunal Federal sobre o tema,
tabelecimento fosse feito sem reserva de poderes, seria necessário o
a fim de apurar a possibilidade da requisição, bem como, caso positivo,
prévio e inequívoco conhecimento do cliente.
Gabarito: D a necessidade de motivação e pagamento dos custos respectivos.
Diante da situação narrada, Tício estará correto ao concluir que
40. (FGV/OAB/XIX_Exame – 2016) Alexandre, advogado que exerce a
profissão há muitos anos, é conhecido por suas atitudes corajosas, sendo a) não dispõe de tal prerrogativa, pois o citado dispositivo legal foi
respeitado pelos seus clientes e pelas autoridades com quem se rela- declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, uma vez
ciona por questões profissionais. Comentando sua atuação profissional, que compete privativamente aos tribunais organizar as secretarias
ÉTICA
ele foi inquirido, por um dos seus filhos, se não deveria recusar a defesa e cartórios judiciais, não se sujeitando a requisições da OAB, por
de um indivíduo considerado impopular, bem como se não deveria ser expressa disciplina constitucional.
mais obediente às autoridades, diante da possibilidade de retaliação. b) pode realizar tal requisição, pois o citado dispositivo legal foi
Sobre o caso apresentado, observadas as regras do Estatuto da OAB, declarado constitucional pelo Supremo Tribunal Federal, indepen-
assinale a opção correta indicada ao filho do advogado citado. dentemente de motivação e pagamento dos respectivos custos.
a) O advogado Alexandre deve recusar a defesa de cliente cuja ativi- c) pode realizar tal requisição, pois o Supremo Tribunal Federal, em
sede de controle de constitucionalidade, assegurou-a, desde que
dade seja impopular.
acompanhada de motivação compatível com as finalidades da Lei
b) O temor à autoridade pode levar à negativa de prestação do serviço nº 8.906/94 e o pagamento dos respectivos custos.
advocatício por Alexandre.
d) não dispõe de tal prerrogativa, pois ao citado dispositivo legal foi
c) As causas impopulares aceitas por Alexandre devem vir sempre conferida, pelo Supremo Tribunal Federal, interpretação conforme
acompanhadas de apoio da Seccional da OAB. a Constituição Federal para excluir os presidentes de Subseções,
d) Nenhum receio de desagradar uma autoridade deterá o advogado garantindo a requisição apenas aos Presidentes do Conselho Fede-
Alexandre. ral da OAB e dos Conselhos Seccionais, desde que motivada.
O advogado Alexandre deverá explicar ao seu filho que todo advo- O art. 50 do EOAB dispõe que os Presidentes dos Conselhos da OAB
gado deve proceder de forma que o torne merecedor de respeito e que e das Subseções podem requisitar cópias de peças de autos e documen-
contribua para o prestígio da classe e da advocacia. Além disso, nenhum tos a qualquer tribunal, magistrado, cartório e órgão da Administração
receio de desagradar a magistrado ou a qualquer autoridade, nem de Pública direta, indireta e fundacional. Ressalta-se que na ADI 11.27-8 o
incorrer em impopularidade, deve deter o advogado no exercício da STF decidiu que tal requisição pelos Presidentes do Conselho da OAB e
profissão, nos termos do art. 31, caput, e §2º do EOAB. das Subseções deve ser motivada, compatível com as finalidades da lei
Gabarito: D
e precedida, ainda, do recolhimento dos respectivos custos, não sendo

possível a requisição de documentos cobertos pelo sigilo.
41. (FGV/OAB/XIX_Exame – 2016) O advogado Carlos dirigiu-se a Gabarito: C
uma Delegacia de Polícia para tentar obter cópia de autos de inquérito

no âmbito do qual seu cliente havia sido intimado para prestar escla- 43. (Questão formulada pelo autor) João das Neves, advogado há
recimentos. No entanto, a vista dos autos foi negada pela autoridade mais de 15 anos, nunca parou de estudar, tendo sido aprovado em 2019
policial, ao fundamento de que os autos estavam sob segredo de Justiça. no concurso de Técnico de Gestão da Prefeitura de São Paulo. Mesmo
Mesmo após Carlos ter apresentado procuração de seu cliente, afirmou após a posse, continuou advogando nas causas de direito de família em
o Delegado que, uma vez que o juiz havia decretado sigilo nos autos, a seu escritório. Nestes termos e de acordo com as normas estatutárias,
vista somente seria permitida com autorização judicial. marque a opção correta.
Nos termos do Estatuto da Advocacia, é correto afirmar que a) Os atos são nulos.
a) Carlos pode ter acesso aos autos de qualquer inquérito, mesmo b) Os atos são anuláveis.
sem procuração. c) Os atos são passíveis de ratificação.
b) Carlos pode ter acesso aos autos de inquéritos sob segredo de d) Não há problema, pois tal atividade gera apenas um impedimento
Justiça, desde que esteja munido de procuração do investigado. de advogar contra o município de São Paulo.
Z Anotações/Comentários c) Sim, pois o cargo de serventuário do Tribunal de Justiça não é

incompatível com a advocacia, menos ainda com a realização de
A atividade de técnico de gestão municipal gera apenas o impedi-
estágio.
mento do art. 30, I, do EAOAB.
d) Não, pois apenas estudantes do último período do curso de Direito
Gabarito: D
podem requerer inscrição como estagiários.

44. (Questão formulada pelo autor) Teresa Cristina, é auditora fiscal
da Receita Federal e estudante de Direito, cursando atualmente o último Z Anotações/Comentários
ano da faculdade. A fim de ganhar experiência, faz pedido de inscrição
no quadro de estagiários da OAB, pois pretende fazer estágio em um A decisão que indeferiu a inscrição de estagiária da estudante
escritório de advocacia, inclusive fará pedido de licença para interesses Fernanda não merece ser revista, uma vez que as incompatibilidades
particulares na Receita Federal. previstas em lei para o exercício da advocacia também devem ser
observadas quando do requerimento de inscrição de estagiário (art. 9º,
Diante do caso exposto, indique a opção correta
I, da EOAB). Dentre as atividades incompatíveis com a advocacia, está
a) Teresa não poderá pedir licença na receita federal. a exercida por ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou
b) Teresa poderá proceder da forma do enunciado da questão. indiretamente a qualquer órgão do Poder Judiciário e os que exercem
c) Teresa somente poderá fazer inscrição após concluir o curso. serviços notariais e de registro (art. 28, IV, do EOAB).
Gabarito: B
d) Teresa não poderá se inscrever no quadro de estagiários mesmo

no período de licença na Receita Federal. 47. (FGV/OAB/XVIII_Exame – 2015) Determinada causa em que se
discutia a guarda de dois menores estava confiada ao advogado Álvaro,
Z Anotações/Comentários que trabalhava sozinho em seu escritório. Aproveitando o período de
recesso forense e considerando que não teria prazos a cumprir ou atos
O cargo em questão é incompatível, nos termos do art. 28, VII, do processuais designados durante esse período, Álvaro realizou viagem
EAOAB, não podendo a mesma se inscrever no quadro de advogados para visitar a família no interior do estado. Alguns dias depois de sua
nem no de estagiários da OAB (arts. 8º e 9º do EAOAB). partida, ainda durante o período de recesso, instalou-se situação que
Gabarito: D
demandaria a tomada de medidas urgentes no âmbito da mencionada

45. (FGV/OAB/XIX_Exame – 2016) Formaram-se em uma Faculdade de ação de guarda. O cliente de Álvaro, considerando que seu advogado se
Direito, na mesma turma, Luana, Leonardo e Bruno. Luana, 35 anos, já encontrava fora da cidade, procurou outro advogado, Paulo, para que
exercia função de gerência em um banco quando se graduou. Leonardo, a medida judicial necessária fosse tomada, recorrendo-se ao plantão
30 anos, é prefeito do município de Pontal. Bruno, 28 anos, é policial judiciário. Paulo não conseguiu falar com Álvaro para avisar que atuaria
militar no mesmo município. Os três pretendem praticar atividades na causa em que este último estava constituído, mas aceitou procuração
privativas de advocacia. do cliente assim mesmo e tomou a providência cabível.
Considerando as incompatibilidades e impedimentos ao exercício da Poderia Paulo ter atuado na causa sem o conhecimento e a anuência
advocacia, assinale a opção correta. de Álvaro?
a) Luana não está proibida de exercer a advocacia, pois é empregada a) Paulo poderia ter atuado naquela causa apenas para tomar a
de instituição privada, inexistindo impedimentos ou incompatibi- medida urgente cabível.
lidades. b) Paulo poderia ter atuado na causa, ainda que não houvesse pro-
ÉTICA
b) Bruno, como os servidores públicos, apenas é impedido de exercer vidência urgente a tomar, uma vez que o advogado constituído
a advocacia contra a Fazenda Pública que o remunera. estava viajando.
c) Os três graduados, Luana, Leonardo e Bruno, exercem funções c) Paulo não poderia ter atuado na causa, pois o advogado não pode
incompatíveis com a advocacia, sendo determinada a proibição aceitar procuração de quem já tenha patrono constituído, sem
total de exercício das atividades privativas de advogado. prévio conhecimento deste, ainda que haja necessidade da tomada
d) Leonardo é impedido de exercer a advocacia apenas contra ou em de medidas urgentes.
favor de pessoas jurídicas de direito público, empresas públicas, d) Paulo não poderia ter atuado na causa, pois os prazos estavam
sociedades de economia mista, fundações públicas, entidades suspensos durante o recesso.
paraestatais ou empresas concessionárias ou permissionárias de
serviço público. Z Anotações/Comentários
Paulo poderia sim ter atuado na causa sem o conhecimento ou
anuência de Álvaro, tendo em vista que o advogado pode aceitar procu-
Luana, Leonardo e Bruno exercem funções incompatíveis com a ração de quem já tenha patrono constituído, sem prévio conhecimento
advocacia. De acordo com o art. 28, I, V e VIII, do EOAB, a advocacia é deste, quando houver motivo plenamente justificável ou quando for
incompatível, mesmo em causa própria, com a atividade exercida por para adoção de medidas judiciais urgentes e inadiáveis. Dessa forma,
chefe do Poder Executivo, bem como com a atividade exercida por Paulo agiu corretamente, uma vez que se tratava de situação urgente,
ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente de acordo com o art. 14 do CEDOAB.
a atividade policial de qualquer natureza e por ocupantes de funções
Gabarito: A
de direção e gerência em instituições financeiras, inclusive privadas. 48. (FGV/OAB/XVII_Exame – 2015) Os atos e contratos constitutivos
Por isso, há total proibição de exercício das atividades privativas de de pessoas jurídicas, para sua admissão em registro, em não se tratando
advogado para os três graduados, de empresas de pequeno porte e de microempresas, consoante o Esta-
Gabarito: C
tuto da Advocacia, devem

46. (FGV/OAB/XVIII_Exame – 2015) Fernanda, estudante do 8º a) apresentar os dados do contador responsável.
período de Direito, requereu inscrição junto à Seccional da OAB do
estado onde reside. A inscrição foi indeferida, em razão de Fernanda b) permitir a participação de outros profissionais liberais.
ser serventuária do Tribunal de Justiça do estado. Fernanda recorreu c) conter o visto do advogado.
da decisão, alegando que preenche todos os requisitos exigidos em lei d) indicar o advogado que representará a sociedade.
para a inscrição de estagiário e que o exercício de cargo incompatível
com a advocacia não impede a inscrição do estudante de Direito como Z Anotações/Comentários
estagiário.
Os atos e contratos constitutivos de pessoas jurídicas, sob pena de
Merece ser revista a decisão que indeferiu a inscrição de estagiário de nulidade, só podem ser admitidos a registro, nos órgãos competentes,
Fernanda? quando visados por advogados, salvo quando se tratar de empresas
a) Sim, pois Fernanda exerce cargo incompatível com a advocacia e de pequeno porte e de microempresas, nos termos do art. 1º, § 2º, do
não com a realização de estágio. EOAB e art. 9º, §2º, da LC nº 123/2006.
Gabarito: C
b) Não, pois as incompatibilidades previstas em lei para o exercício da

advocacia também devem ser observadas quando do requerimento 49. (FGV/OAB/XVII_Exame – 2015) Deise é uma próspera advogada
de inscrição de estagiário. e passou a buscar novos desafios, sendo eleita Deputada Estadual. Por
força de suas raras habilidades políticas, foi eleita integrante da Mesa da razão social, os atos indispensáveis às suas finalidades, que não
Diretora da Assembleia Legislativa do Estado Z. Ao ocupar esse honroso sejam privativos de advogado.
cargo procurou conciliar sua atividade parlamentar com o exercício da d) A sociedade simples de advogados pode contemplar qualquer tipo
advocacia, sendo seu escritório agora administrado pela filha. de administração social, sendo permitida a existência de sócios
Nos termos do Estatuto da Advocacia, assinale a afirmativa correta. gerentes, com indicação dos poderes atribuídos.
a) A atividade parlamentar de Deise é incompatível com o exercício
da advocacia. Z Anotações/Comentários
b) A participação de Deise na Mesa Diretora a torna incompatível com O tema é tratado nos arts. 15 ao 17 do EAOAB, sendo a alternativa
o exercício da advocacia. B incorreta, porque tal obrigação também se estende ao titular de
c) A função de Deise como integrante da Mesa Diretora do Parlamento sociedade individual de advocacia.
Gabarito: B
Estadual é conciliável com o exercício da advocacia.

d) A atividade parlamentar de Deise na Mesa Diretora pode ser con- 53. (Questão formulada pelo autor) Flávia Vidal, Fabiana Vidal e Pedro
ciliada com o exercício da advocacia em prol dos necessitados. Vidal, trigêmeos, advogados, são sócios de um escritório de advocacia
em Minas Gerais, sendo que Flávia foi eleita Prefeita do município onde
Z Anotações/Comentários mora e Fabiana passou no concurso para a magistratura do Estado.
Sendo o nome do escritório “ Flávia, Fabiana e Pedro, sociedade de
A advocacia é incompatível, mesmo em causa própria, com a
atividade exercida pelo chefe do Poder Executivo e pelos membros da advocacia”, como ficará o nome agora?
Mesa do Poder Legislativo e seus substitutos legais, de acordo com o a) Flávia, Fabiana e Pedro, sociedade de advocacia
art. 28 do EOAB. Portanto, a função de Deise como integrante da Mesa b) Flávia e Pedro, sociedade de advocacia
Diretora da Assembleia Legislativa Estadual a torna incompatível com
a atividade da advocacia. c) Fabiana e Pedro, sociedade de advocacia
d) Pedro, sociedade de advocacia
Gabarito: B
50. (Questão formulada pelo autor) Os atos e contratos constitutivos

de pessoas jurídicas, em não se tratando de microempresas nem de
empresas de pequeno porte, somente podem ser admitidos a registro Tendo em vista que Flávia foi eleita prefeita, passando a exercer
nos órgãos competentes (juntas comerciais, cartórios de registro civil atividade incompatível com a advocacia, deverá requerer sua licença
de pessoas jurídicas) após visados por advogados. Na ausência deste dos quadros da OAB, mas seu nome poderá continuar na denominação
“visto”, por advogado, o Estatuto considera tais atos da sociedade.
a) Nulos Já Fabiana terá que cancelar sua inscrição, tendo em vista que
b) Anuláveis passou a exercer atividade incompatível com a advocacia em caráter
definitivo (art. 16, § 2º, do EAOAB).
c) Passiveis de ratificação Gabarito: B
d) Convalidados após o registro ter sido aprovado.

54. (Questão formulada pelo autor) Jorge Viana, advogado inscrito
Z Anotações/Comentários no Conselho Seccional do Amazonas e também do Acre, foi fazer uma
ÉTICA
audiência no Rio de Janeiro, vindo a cometer infração disciplinar passível

Para o art. 1º, § 2º, do Estatuto, os atos e contratos constitutivos
de suspensão. De acordo com as regras do Estatuto, marque a opção cor-
de pessoas jurídicas, sob pena de nulidade, só podem ser admitidos
reta sobre o local competente para processo e julgamento junto à OAB.
a registro, nos órgãos competentes, quando visados por advogados.
Gabarito: A
a) Amazonas, Acre ou Rio de Janeiro.

51. (Questão formulada pelo autor) Joana Porto, advogada, sempre b) Amazonas ou Acre.
trabalhou em empresa e agora foi convidada a ser gerente jurídica de c) Rio de Janeiro
uma instituição financeira. Para o Estatuto da Advocacia e da OAB, tal
d) Rio de Janeiro e Amazonas
atividade gera
a) a necessidade de manter sua inscrição na OAB. Z Anotações/Comentários
b) incompatibilidade temporária Para o art. 70 do EAOAB, o poder de punir disciplinarmente os ins-
c) incompatibilidade definitiva critos na OAB compete exclusivamente ao Conselho Seccional em cuja
d) impedimento de advogar contra a União. base territorial tenha ocorrido a infração, salvo se a falta for cometida
perante o Conselho Federal.
Z Anotações/Comentários Exceção existe no art. 70, § 3º, que determina que o Tribunal de
Para o art. 7º do RG, o cargo de gerência jurídica é privativo de advo- Ética e Disciplina do Conselho onde o acusado tenha inscrição principal
gado. Assim, deve ser mantida sua inscrição na OAB para o seu exercício. pode suspendê-lo preventivamente, em caso de repercussão prejudicial
Gabarito: A
à dignidade da advocacia, depois de ouvi-lo em sessão especial para

a qual deve ser notificado a comparecer, salvo se não atender à notifi-
52. (Questão formulada pelo autor) Acerca das sociedades de advo-
cação. Neste caso, o processo disciplinar deve ser concluído no prazo
gados, de acordo com o Estatuto da Advocacia e da OAB e seu Regula-
máximo de noventa dias.
mento Geral, marque a opção incorreta. Gabarito: C
a) Na hipótese de constituição de filial em outro estado, o ato de cons-

tituição deve ser averbado no registro da sociedade e arquivado 55. (Questão formulada pelo autor) José contratou o advogado
no Conselho Seccional onde se fixar, ficando os sócios obrigados Mévio para uma ação de desejo, tendo o advogado recebido os hono-
à inscrição suplementar. Essa obrigação também é exigida para o rários e se mantendo inerte por um ano.
titular da sociedade unipessoal de advocacia. Assim, José resolveu representar contra o advogado junto à OAB. Nos
b) Na hipótese de constituição de filial em outro estado, o ato de cons- termos do CED, a representação deve conter (...), exceto
tituição deve ser averbado no registro da sociedade e arquivado a) a identificação do representante, com a sua qualificação civil e
no Conselho Seccional onde se fixar, ficando os sócios obrigados à endereço;
inscrição suplementar. Essa obrigação não é exigida para o titular
b) a narração dos fatos que a motivam, de forma que permita verificar
da sociedade unipessoal de advocacia.
a existência, em tese, de infração disciplinar;
c) As procurações passadas aos advogados devem ser outorgadas
individualmente aos profissionais, mencionando a sociedade de c) os documentos que eventualmente a instruam e a indicação de
que façam parte. As atividades de advocacia são exercidas pelos outras provas a ser produzidas, bem como, se for o caso, o rol de
próprios advogados, ainda que os honorários se revertam à socie- testemunhas, até o máximo de cinco;
dade. No entanto, podem ser praticados pela sociedade, com o uso d) o número da inscrição na OAB de quem fez a representação.
Z Anotações/Comentários A partir da hipótese apresentada, nos termos do Regulamento Geral da

A incorreta é a Gabarito: D, pois não precisa ser advogado para Ordem dos Advogados do Brasil, assinale a afirmativa correta.
representar contra um advogado na OAB (art. 55 do CED). a) Tal conduta é permitida, por ter o bacharel logrado aprovação no
Exame de Ordem.
Gabarito: D
56. (Questão formulada pelo autor) De acordo com o Estatuto, o b) Tal conduta é proibida, por ser equiparada à captação de clientela.
advogado deve ter procuração do seu cliente com poderes especiais c) Tal conduta é permitida mediante autorização do Presidente da
para Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil.
a) visitar cliente preso. d) Tal conduta é proibida, tendo em vista a ausência de inscrição na
b) retirar autos de cartório judicial. Ordem dos Advogados do Brasil.
c) tirar cópia de inquéritos policiais.
d) participar de reunião em que o cliente poderia estar.
As atividades de consultoria e assessoria jurídica são privativas de
Z Anotações/Comentários advogado, de acordo com o art. 1º do EOAB, Dessa forma, o bacharel em
Direito ainda não inscrito na OAB não pode realizar, por conta própria,
Os poderes especiais são aqueles exigidos por lei para que o advo-
quaisquer atividades privativas da advocacia.
gado pratique determinados atos, como por exemplo, participar de reu- Gabarito: D
nião onde seu cliente deveria ou poderia estar (art. 7º, VI, d, do EAOAB).
60. (FGV/OAB/XI_Exame – 2013) Christiana, advogada recém-for-
Gabarito: D
57. (Questão formulada pelo autor) Acerca da renúncia e revogação mada, está em dúvida quanto ao seu futuro profissional, porque,
do mandato judicial, marque a opção incorreta. embora possua habilidade para a advocacia privada, teme a natural
instabilidade da profissão. Por força dessas circunstâncias, pretende
a) Renúncia e revogação são formas através das quais o advogado
obter um emprego ou cargo público que lhe permita o exercício con-
e o cliente desistem dos poderes recebidos ou outorgados no
comitante da profissão que abraçou. Por força disso, necessita, diante
mandato.
dos requisitos usualmente exigidos, comprovar sua efetiva atividade
b) O advogado que renunciar, não precisa justificar o motivo, mas na advocacia. Diante desse contexto, de acordo com as normas do
deve permanecer pelos 10 (dez) dias seguintes à notificação a Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia e da OAB, assinale a
representar o mandante, salvo se for substituído antes do término afirmativa correta.
desse prazo.
a) O efetivo exercício da advocacia comprova-se pela atuação em
c) A ciência pode ser provada mediante carta com aviso de recepção, um processo por ano, desde que o advogado subscreva uma peça
comunicando, após, o Juízo. privativa de advogado.
d) a revogação do mandato judicial por vontade do cliente o deso- b) O efetivo exercício da advocacia exige a atuação anual mínima
briga ao pagamento das verbas honorárias contratadas e retira do em cinco causas distintas, que devem ser comprovadas por cópia
advogado o direito de receber o quanto lhe seja devida em eventual autenticada de atos privativos.
verba honorária de sucumbência.
c) A atividade efetiva da advocacia, como representante judicial ou
ÉTICA
Z Anotações/Comentários extrajudicial, cinge-se a dois atos por ano.
A incorreta é a letra D, pois a revogação por parte do cliente não o d) O advogado deve comprovar, anualmente, a atuação em atos
desobriga do pagamento. privativos, mediante declaração do Juiz onde atue, de três atos
Gabarito: D
judiciais.
58. (FGV/OAB/XVII_Exame – 2015) Patrícia foi aprovada em concurso Z Anotações/Comentários
público e tomou posse como Procuradora do Município em que reside.
Como não pretendia mais exercer a advocacia privada, mas apenas De acordo com o art. 5º do RG-OAB, considera-se efetivo exercício
atuar como Procuradora do Município, pediu o cancelamento de sua da atividade de advocacia a participação anual mínima em cinco atos
inscrição na OAB. privativos previstos no artigo 1º do EOAB, em causas ou questões dis-
A partir da hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta. tintas. A comprovação do efetivo exercício faz-se mediante certidão
expedida por cartórios ou secretarias judiciais, por cópia autenticada
a) Patrícia não agiu corretamente, pois os advogados públicos estão de atos privativos e por certidão expedida pelo órgão público no qual
obrigados à inscrição na OAB para o exercício de suas atividades. o advogado exerça função privativa do seu ofício, indicando os atos
b) Patrícia não agiu corretamente, pois deveria ter requerido apenas praticados.
o licenciamento do exercício da advocacia e não o cancelamento
Gabarito: B
de sua inscrição.
61. (FGV/OAB/XI_Exame – 2013) Cláudio, advogado com vasta expe-
c) Patrícia poderia ter pedido o licenciamento do exercício da advoca- riência profissional, é contratado pela sociedade LK Ltda. para gerenciar
cia, mas nada a impede de pedir o cancelamento de sua inscrição, a carteira de devedores duvidosos, propondo acordos e, em último
caso não deseje mais exercer a advocacia privada. caso, as devidas ações judiciais. Após um ano de sucesso na empreitada,
d) Patrícia agiu corretamente, pois, uma vez que os advogados públi- Cláudio postula aumento nos seus honorários, o que vem a ser recusado
cos não podem exercer a advocacia privada, estão obrigados a pelos representantes legais da sociedade. Insatisfeito com o desenrolar
requerer o cancelamento de suas inscrições. dos fatos, Cláudio comunica que irá renunciar aos mandatos que lhe
foram conferidos, notificando pessoalmente os representantes legais
Z Anotações/Comentários da sociedade que apuseram o seu ciente no ato de comunicação. Dez
Todos os advogados públicos exercem a atividade de advocacia, dias após, a sociedade contratou novos advogados, que assumiram
devendo estar inscritos nos quadros da OAB. Dessa forma, os artigos 3º, os processos em curso. Observado tal relato, baseado nas normas
§1º do EOAB e o art. 9º do RGOAB determinam que exercem atividade de do Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia e da OAB, assinale a
advocacia, além do regime próprio a que se subordinem, os integrantes afirmativa correta.
da Advocacia-Geral da União, da Procuradoria da Fazenda Nacional, a) A comunicação da renúncia do mandato não pode ser pessoal, para
da Defensoria Pública e das Procuradorias e Consultorias Jurídicas dos evitar conflitos com o cliente.
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das respectivas entidades
de administração indireta e fundacional. b) A renúncia ao mandato deve ser comunicada ao cliente, preferen-
Gabarito: A
cialmente mediante carta com aviso de recepção.
59. (FGV/OAB/XVI_Exame – 2015) Bernardo é bacharel em Direito, c) O advogado deve comunicar a renúncia ao mandato diretamente
mas não está inscrito nos quadros da Ordem dos Advogados do Brasil, ao Juízo da causa, que deverá intimar a parte.
apesar de aprovado no Exame de Ordem. Não obstante, tem atuação d) O advogado não tem o dever de comunicar à parte a renúncia ao
na área de advocacia, realizando consultorias e assessorias jurídicas. mandato judicial ou extrajudicial.
64. (Questão formulada pelo autor) O novo CED trouxe acréscimos
O advogado que renunciar, não precisa justificar o motivo, mas deve às regras já existentes no antigo código. No que tange à parte relativa
permanecer pelos 10 (dez) dias seguintes à notificação a representar o às relações com o cliente, marque a alternativa incorreta.
mandante, salvo se for substituído antes do término desse prazo (art. a) O advogado deve informar o cliente, de modo claro e inequívoco,
5, § 3º, do EAOAB) ou “desde que necessário para evitar prejuízo” (art. quanto a eventuais riscos da sua pretensão, e das consequências
112, § 1º, do CPC/2015), sob pena de cometer infração disciplinar (art. que poderão advir da demanda. Deve, igualmente, denunciar,
34, XI, do EAOAB) e de responsabilização civil (neste caso, havendo desde logo, a quem lhe solicite parecer ou patrocínio, qualquer
prova do prejuízo sofrido pelo constituinte). (Paulo Machado,10 em circunstância que possa influir na resolução de submeter-lhe a
Ética!, Teoria e questões comentadas, Editora JusPodivm). Em regra, o consulta ou confiar-lhe a causa.
advogado deve notificar o cliente da renúncia ao mandato mediante
b) As relações entre advogado e cliente baseiam-se na confiança
carta com aviso de recepção, comunicando, após, o Juízo (art. 6º do
recíproca. Sentindo o advogado que essa confiança lhe falta, é reco-
RG-AOB). Contudo, a comunicação da renúncia poderá ser pessoalmente
mendável que externe ao cliente sua impressão e, não se dissipando
desde que se obtenha a ciência do cliente no termo de renúncia fazendo
as dúvidas existentes, promova, em seguida, o substabelecimento
constar a respectiva data para contagem do prazo estabelecido pelo
do mandato ou a ele renuncie.
art. 5º, § 3º do EOAB.
Gabarito: B
c) O advogado, no exercício do mandato, atua como patrono da parte,

cumprindo-lhe, por isso, imprimir à causa orientação que lhe pareça
62. (FGV/OAB/XI_Exame – 2013) Ferrari é aluno destacado no curso de mais adequada, sem se subordinar a intenções contrárias do cliente,
Direito, tendo, no decorrer dos anos, conseguido vários títulos universi- mas, antes, procurando esclarecêlo quanto à estratégia traçada.
tários, dentre eles, medalhas e certificados. Indicado para representar
d) A conclusão ou desistência da causa, apenas quando houver
a Universidade em que estudou, foi premiado em evento internacional
extinção do mandato, obriga o advogado a devolver ao cliente
sobre arbitragem. A repercussão desse fato aumentou seu prestígio
bens, valores e documentos que lhe hajam sido confiados e ainda
e, por isso, recebeu numerosos convites para trabalhar em diversos
estejam em seu poder, bem como a prestar-lhe contas, pormeno-
escritórios de advocacia. Aceito o convite de um deles, passou a redigir
rizadamente, sem prejuízo de esclarecimentos complementares
minutas de contratos, sempre com supervisão de um advogado. Após
que se mostrem pertinentes e necessários.
um ano de estágio, conquistou a confiança dos advogados do seu setor
e passou a ter autonomia cada vez maior. Diante dessas circunstâncias, Z Anotações/Comentários
passou a chancelar contratos sem a interferência de advogado. Nos
termos do Estatuto da Advocacia, o estagiário deve atuar A incorreta é a letra D, justamente porque a obrigação se dá inde-
pendentemente de haver ou não extinção do mandato (art. 8º e seguin-
a) autonomamente, após um ano de estágio. tes do CED).
b) conjuntamente com um advogado, em todos os atos da advocacia.
Gabarito: D
c) autonomamente, em alguns atos permitidos pelo advogado. 65. (Questão formulada pelo autor) Evaldo, advogado criminalista
foi procurado por um cliente para defende-lo em ação penal por crime
d) vinculado ao advogado em atos judiciais, mas não em atos contra- hediondo. Mas não fizeram contrato porque o cliente achou caros
tuais. os honorários advocatícios. De acordo com as regras deontológicas,
marque a opção correta
ÉTICA
a) É direito e dever do advogado assumir a defesa criminal, em qual-

O estagiário de advocacia, regularmente inscrito na OAB, pode quer circunstância.
praticar os atos privativos da advocacia, em conjunto com advogado
b) É direito e dever do advogado assumir a defesa criminal, sem
e sob responsabilidade deste, de acordo com o art. 3º, § 2º, do EOAB.
considerar sua própria opinião sobre a culpa do acusado.
Verifica-se que o questionamento do examinador se limita ao conteúdo
do Estatuto da OAB, na medida em que indaga “Nos termos do Estatuto c) há causa criminal indigna de defesa, cumprindo ao advogado
da Advocacia”. Portanto, não seria possível fazer remissão ao art. 29 do recursar a fazer a defesa
Regulamento Geral que permite ao estagiário a prática de alguns atos d) o crime hediondo é o único que pode ser recusado pelo advogado.
autonomamente. Logo, a alternativa “c” também está incorreta, pois
não está de acordo com EOAB. Z Anotações/Comentários
Gabarito: B
É direito e dever do advogado assumir a defesa criminal, sem con-

63. (FGV/OAB/XI_Exame – 2013) José é advogado de João em pro- siderar sua própria opinião sobre a culpa do acusado.
cesso judicial que este promove contra Matheus. Encantado com as Não há causa criminal indigna de defesa, cumprindo ao advogado
sucessivas campanhas de conciliação, busca obter o apoio do réu para agir, como defensor, no sentido de que a todos seja concedido trata-
um acordo, sem consultar previamente o patrono da parte contrária, mento condizente com a dignidade da pessoa humana, sob a égide das
Valter. Nos termos do Código de Ética, deve o advogado garantias constitucionais (art. 23 do CED).
Gabarito: B
a) buscar a conciliação a qualquer preço por ser um objetivo da

moderna Jurisdição. 66. (Questão formulada pelo autor) O advogado, indispensável
à administração da Justiça, é defensor do Estado Democrático de
b) abster-se de entender-se diretamente com a parte adversa que
Direito, dos direitos humanos e garantias fundamentais, da cidadania,
tenha patrono constituído, sem o assentimento deste.
da moralidade, da Justiça e da paz social, cumprindo-lhe exercer o seu
c) entender-se com as partes na presença de autoridade sem neces- ministério em consonância com a sua elevada função pública e com os
sidade de comunicação ao ex adverso. valores que lhe são inerentes. Assim, são deveres do advogado, exceto:
d) participar de campanhas de conciliação e, caso infrutíferas, tentar a) preservar, em sua conduta, a honra, a nobreza e a dignidade da
o acordo extrajudicial diretamente com a parte contrária. profissão, zelando pelo caráter de essencialidade e dispensabili-
dade da advocacia;
b) atuar com destemor, independência, honestidade, decoro, veraci-
Dentre os deveres do advogado, encontra-se o estimular, a qual- dade, lealdade, dignidade e boa-fé;
quer tempo, a conciliação e a mediação entre os litigantes, prevenindo, c) velar por sua reputação pessoal e profissional;
sempre que possível, a instauração de litígios. Vale ressalvar que o estí-
d) empenhar-se, permanentemente, no aperfeiçoamento pessoal e
mulo à conciliação não pode ser buscado “a qualquer preço”, devendo
profissional.
o advogando manter conduta compatível com os preceitos do Código
de Ética e do Estatuto da OAB, respeitando os princípios da moral indi- Z Anotações/Comentários
vidual, social e profissional, de acordo com o art. 2º do CEDOAB. Além
disso, o advogado tem o dever de não se entender diretamente com a O art. 2º, parágrafo único, do CED traz os deveres do advogado.
parte adversa que tenha patrono constituído, sem o assentimento deste, A opção A está incorreta, porque consta “dispensabilidade”, quando
conforme dispõe o art. 2º, parágrafo único, do CEDOAB. o correto é velar pela sua “indispensabilidade”.
Gabarito: B Gabarito: A
67. (Questão formulada pelo autor) Márcia Veras, advogada de
determinada empresa, foi promovida a diretora jurídica. Dias após, O art. 4º do CEDOAB dispõe que o advogado, ainda que vinculado
alguns advogados empregados da aludida empresa resolveram litigar ao cliente ou constituinte, mediante relação empregatícia ou por con-
contra a própria empresa. Em relação às regras deontológicas, marque trato de prestação permanente de serviços, ou como integrante de
a opção correta departamento jurídico, ou de órgão de assessoria jurídica, público ou
a) O advogado deve ter consciência de que o Direito é um meio de privado, deve zelar pela sua liberdade e independência. Dessa forma,
mitigar as desigualdades para o encontro de soluções injustas e deve a advogada Lara comunicar o fato à empresa, pois é legítima a
que a lei é um instrumento para garantir a igualdade de todos. recusa do patrocínio de causa e de manifestação, no âmbito consultivo,
de pretensão concernente a direito que também lhe seja aplicável ou
b) O advogado, exceto quando vinculado ao cliente ou constituinte,
contrarie orientação que tenha manifestado anteriormente, sem que
mediante relação empregatícia ou por contrato de prestação
haja necessidade de renunciar ao cargo por impossibilidade de seu
permanente de serviços, ou como integrante de departamento
exercício. Vale ressaltar que todos os advogados da equipe também
jurídico, ou de órgão de assessoria jurídica, público ou privado,
possuem interesse na causa, razão pela qual não podem patrocinar a
deve zelar pela sua liberdade e independência.
advogada Lara.
c) É legítima a recusa, pelo advogado, do patrocínio de causa e de Gabarito: B
manifestação, no âmbito consultivo, de pretensão concernente a

direito que também lhe seja aplicável ou contrarie orientação que 70. (FGV/OAB/X_Exame – 2013) João, além de advogado, é próspero
tenha manifestado anteriormente. fazendeiro no Estado W. Após fiscalização regular, é comunicado que
seus trabalhadores estão em situação irregular, análoga à de escravidão.
d) É ilegítima a recusa, pelo advogado, do patrocínio de causa e de
Nos termos do Código de Ética, o advogado deve
manifestação, no âmbito consultivo, de pretensão concernente a
direito que também lhe seja aplicável ou contrarie orientação que a) ignorar a comunicação porque são separadas as atividades de
tenha manifestado anteriormente. advogado e fazendeiro.
b) deixar de prestar concurso a atos que atentem contra a dignidade
Z Anotações/Comentários da pessoa humana.
Nos termos do art. art. 22 do CED, o advogado cumpre abster-se de c) atuar como advogado na defesa da situação considerada irregular,
patrocinar causa contrária à validade ou legitimidade de ato jurídico em ignorando as acusações.
cuja formação haja colaborado ou intervindo de qualquer maneira; da
mesma forma, deve declinar seu impedimento ou o da sociedade que d) defender sua atuação como fazendeiro que obedece a regras
integre quando houver conflito de interesses motivado por intervenção peculiares e costumeiras.
anterior no trato de assunto que se prenda ao patrocínio solicitado.
Gabarito: C
68. (FGV/OAB/X_Exame – 2013) O advogado Mário pertence aos O Código de Ética e Disciplina alcança o advogado em todos os
quadros da sociedade de economia mista controlada pelo Estado W, na espaços onde seu comportamento possa repercutir no prestígio ou
qual chefia o Departamento Jurídico. Não existe óbice para a prestação desprestígio da advocacia. Isto porque o advogado é indispensável à
de serviços de advocacia privada, o que ocorre no escritório que possui administração da Justiça e é defensor do Estado Democrático de Direito,
no centro da capital do Estado, em horário diverso do expediente na devendo, portanto, defender também os direitos humanos e garantias
ÉTICA
empresa. Um dos seus clientes realiza contrato para que Mário aponha fundamentais (art. 2° do CEDOAB). Vale ressaltar que é dever do advo-
o seu visto em ato constitutivo de pessoa jurídica, em Junta Comercial gado se abster de emprestar concurso aos atos que atentem contra a
cuja sede está localizada na capital do Estado W. Observado tal relato, ética, a moral, a honestidade e a dignidade da pessoa humana, como
consoante as normas do Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia manter trabalhadores em situação irregular, análoga à de escravidão.
e da OAB, assinale a afirmativa correta.
Gabarito: B
a) As circunstâncias indicam que não existe óbice para a aposição do 71. (FGV/OAB/IX_Exame – 2013) O advogado Carlos é Presidente
visto nos referidos atos. da empresa XYZ, com sede no Município Q. Em determinada data, a
b) O fato de chefiar Departamento Jurídico de empresa, seja de que empresa é notificada para apresentar defesa em processo trabalhista
natureza for, constitui elemento impeditivo da aposição do visto. ajuizado por antigo empregado da empresa. No dia da audiência desig-
nada, Carlos apresenta-se como preposto, vez que dirigente da empresa
c) O exercício da advocacia no local da sede da Junta Comercial é
e advogado, por possuir habilitação profissional regular. Observados
impeditivo para a aposição do visto.
tais fatos, de acordo com as normas do Regulamento Geral do Estatuto
d) A atuação em sociedade de economia mista estadual impede a da Advocacia e da OAB, assinale a afirmativa correta.
aposição do visto contratado.
a) Por economia processual admite-se a atuação do advogado como
Z Anotações/Comentários preposto e advogado no mesmo processo.
O visto do advogado em atos constitutivos de pessoas jurídicas, b) Essa é uma situação excepcional que permite a atuação do advo-
indispensável ao registro e arquivamento nos órgãos competentes, deve gado como preposto da empresa e seu representante judicial.
resultar da efetiva constatação, pelo profissional que os examinar, de que c) É vedada a atuação como preposto e como advogado da empresa
os respectivos instrumentos preenchem as exigências legais pertinentes. ao mesmo tempo.
Entretanto, estão impedidos de exercer tal ato privativo da advocacia os
d) Não havendo oposição da parte adversa, pode ocorrer a atuação
advogados que prestem serviços a órgãos ou entidades da Administração
do advogado nas duas funções: preposto e representante judicial.
Pública direta ou indireta, da unidade federativa a que se vincule a Junta
Comercial, ou a quaisquer repartições administrativas competentes Z Anotações/Comentários
para o mencionado registro, conforme o disposto no art. 2º do RG-OAB.
É defeso ao advogado funcionar no mesmo processo, simultanea-
Gabarito: D
mente, como patrono e preposto do empregador ou cliente, nos termos

69. (FGV/OAB/X_Exame – 2013) Lara, advogada, é chefe do depar-
do art. 25 do CEDOAB e art. 3º do RG-OAB. Vale ressaltar que essa dupla
tamento jurídico da empresa Nós e Nós, que é especializada na pro-
dução de cordas. O departamento que ela coordena possui cerca atuação não é possível nem se a parte adversa concordar.
Gabarito: C
de cem advogados. Dez deles resolvem propor ação judicial para

reclamar direitos que são comuns a todos, inclusive à advogada chefe 72. (FGV/OAB/IX_Exame – 2013) Laura, advogada na área empresarial,
do departamento. Nos termos do Código de Ética, a advogada chefe após concluir o mestrado em renomada instituição de ensino superior,
do departamento deve é convidada para integrar a equipe de assessoria jurídica da empresa
a) assumir a defesa da empresa, por força da relação de trabalho. K S/A. No dia da entrevista final, é inquirida pelo Gerente Jurídico da
empresa, bacharel em Direito, sem inscrição na Ordem dos Advogados
b) comunicar o fato à empresa e escusar-se de realizar a defesa.
do Brasil, apesar de o mesmo ter logrado êxito no Exame de Ordem.
c) indicar advogado da sua equipe para realizar a defesa. Observado tal relato, consoante as normas do Regulamento Geral do
d) renunciar ao cargo por impossibilidade de exercício do mesmo. Estatuto da Advocacia e da OAB, assinale a afirmativa correta.
a) O bacharel em Direito pode exercer as funções de Gerência Jurídica

mesmo que não tenha os requisitos para ingresso na Ordem dos 75. (Questão formulada pelo autor) A publicidade profissional do
Advogados. advogado tem caráter meramente informativo e deve primar pela
discrição e sobriedade, não podendo configurar captação de clientela
b) A função de Gerente Jurídico é privativa de advogados com regular ou mercantilização da profissão. Assm, os meios utilizados para a
inscrição nos quadros da Ordem dos Advogados. publicidade profissional hão de ser compatíveis com essas diretrizes,
c) O bacharel em Direito, caso preencha os requisitos legais, inclusive sendo vedados ..., exceto:
aprovação em Exame de Ordem, pode exercer funções de Gerente a) a veiculação da publicidade por meio de rádio, cinema e televisão;
Jurídico antes da inscrição na Ordem dos Advogados.
b) o uso de outdoors, painéis luminosos ou formas assemelhadas de
d) A função de Gerente Jurídico, como é de confiança da empresa, publicidade;
pode ser exercida por quem não tem formação na área.
c) as inscrições em muros, paredes, veículos, elevadores ou em qual-
Z Anotações/Comentários quer espaço público;
d) fornecimento de seu nome
A função de diretoria e gerência jurídicas em qualquer empresa
pública, privada ou paraestatal, inclusive em instituições financeiras, Z Anotações/Comentários
é privativa de advogado, não podendo ser exercida por quem não se
encontre inscrito regularmente na OAB, ainda que seja bacharel em As vedações para publicidade do advogado constam no art. 40 do
Direito, nos termos do art. 7º do RG-OAB. CED, não estando proibido o uso do nome.
Gabarito: D
Gabarito: B
73. (Questão formulada pelo autor) O Novo Código de Ética e disci- 76. (Questão formulada pelo autor) Nos moldes do Código de Ética
plina passou a tratar da advocacia pro bono no art. 30 e seus parágrafos. e disciplina, a prestação de serviços profissionais por advogado, indi-
Considera-se advocacia pro bono a prestação gratuita, eventual e vidualmente ou integrado em sociedades, será contratada, preferen-
voluntária de serviços jurídicos em favor de instituições sociais sem temente, por escrito. Em relação ao tema, marque a opção incorreta.
fins econômicos e aos seus assistidos, sempre que os beneficiários não a) O contrato de prestação de serviços de advocacia não exige forma
dispuserem de recursos para a contratação de profissional. especial, devendo estabelecer, porém, com clareza e precisão,
Em relação ao tema não se pode afirmar que o seu objeto, os honorários ajustados, a forma de pagamento, a
extensão do patrocínio, esclarecendo se este abrangerá todos os
a) No exercício da advocacia pro bono, e ao atuar como defensor
atos do processo ou limitar-se-á a determinado grau de jurisdição,
nomeado, conveniado ou dativo, o advogado empregará o zelo
além de dispor sobre a hipótese de a causa encerrar-se mediante
e a dedicação habituais, de modo que a parte por ele assistida se
transação ou acordo.
sinta amparada e confie no seu patrocínio.
b) A compensação de créditos, pelo advogado, de importâncias
b) A advocacia pro bono pode ser exercida em favor de pessoas
devidas ao cliente, somente será admissível quando o contrato de
naturais que, igualmente, não dispuserem de recursos para, sem
prestação de serviços a autorizar ou quando houver autorização
prejuízo do próprio sustento, contratar advogado e não pode ser
especial do cliente para esse fim, por este firmada.
utilizada para fins político-partidários ou eleitorais, nem beneficiar
instituições que visem a tais objetivos, ou como instrumento de c) O contrato de prestação de serviços não poderá dispor sobre a
publicidade para captação de clientela. forma de contratação de profissionais para serviços auxiliares, nem
ÉTICA
sobre o pagamento de custas e emolumentos.

c) o Estatuto determina que quando o advogado for indicado para
atuar em causa de pessoa juridicamente necessitada, naqueles d) É vedada, em qualquer hipótese, a diminuição dos honorários
casos dos estados que não têm Defensoria Pública, ou têm, mas contratados em decorrência da solução do litígio por qualquer
por qualquer motivo está impossibilitada (greve, por exemplo), mecanismo adequado de solução extrajudicial.
o profissional tem direito a receber honorários fixados pelo juiz e
pagos pela parte contrária. Z Anotações/Comentários
d) Os honorários sucumbenciais são aqueles pagos pela parte vencida O tema é tratado no art. 48 e seguintes do CED.
(parte sucumbente) ao advogado da parte vencedora. A opção C está incorreta, porque o contrato de prestação de
serviços poderá dispor sobre a forma de contratação de profissionais
Z Anotações/Comentários para serviços auxiliares, bem como sobre o pagamento de custas e
Conforme o art. 22, § 1º, do EAOAB, o advogado, quando indicado emolumentos.
Gabarito: C
para patrocinar causa de juridicamente necessitado, no caso de impos-

sibilidade da Defensoria Pública no local da prestação de serviço, tem 77. (FGV/OAB/IX_Exame/Ipatinga-MG – 2012) Um advogado é conta-
direito aos honorários fixados pelo juiz, segundo tabela organizada tado por cliente, que está em viagem ao exterior sem data de regresso,
pelo Conselho Seccional da OAB, e pagos pelo Estado. para representá-lo em processo de natureza cível em curso. O advogado,
Gabarito: C
diante da urgência da atuação, requer o ingresso nos autos, postulando

74. (Questão formulada pelo autor) Silvio, advogado há 20 anos, pela apresentação posterior do instrumento de mandato no prazo
passa a trabalhar em emissora de televisão, passando a apresentar um estatutário. Quanto ao referido prazo, assinale a afirmativa correta.
programa de entretenimento com público alvo da terceira idade. Nos a) Corresponde a trinta dias prorrogáveis indefinidamente.
programas convida advogados para falarem sobre o Estatuto do Idoso,
de modo a esclarecer sobre seus direitos. De acordo com o CED, b) É fixado pelo Juiz de acordo com a complexidade do processo.
a) É vedado qualquer tipo de esclarecimento c) É de quinze dias, prorrogáveis por igual período.
b) Nos moldes do enunciado da questão é permitido. d) Será fixado de acordo com o procedimento adotado no processo.
c) Pode falar também sobre casos concretos patrocinados por outros Z Anotações/Comentários
colegas.
Quando o advogado afirmar urgência, poderá atuar sem procura-
d) É permitido, inclusive podendo o advogado fornecer seu telefone
ção, obrigando-se a apresentá-la no prazo de 15 (quinze) dias, prorro-
durante o programa.
gável por igual período, de acordo com o art. 5º do EOAB. Vale ressaltar
que o Estatuto não permite que o juiz altere o prazo legal em razão da
complexidade do processo.
O advogado que eventualmente participar de programa de televi-
Gabarito: C
são ou de rádio, de entrevista na imprensa, de reportagem televisionada

78. (FGV/OAB/IX_Exame/Ipatinga-MG – 2012) A advogada Ana
ou veiculada por qualquer outro meio, para manifestação profissional,
estava constituída nos autos de determinada ação penal. Em determi-
deve visar a objetivos exclusivamente ilustrativos, educacionais e ins-
nado momento, seu cliente passou a descumprir o contrato de hono-
trutivos, sem propósito de promoção pessoal ou profissional, vedados
rários firmado. Ana notificou seu cliente de sua decisão de renunciar
pronunciamentos sobre métodos de trabalho usados por seus colegas
à causa. Passados cinco dias, contados da notificação da renúncia, foi
de profissão (art. 43 do CED).
Gabarito: B publicada decisão abrindo prazo para o oferecimento de determinada
petição pelo acusado. A partir da situação sugerida, assinale a alternativa c) atua na defesa de interesses patrimoniais privados, com função
que indica o procedimento que Ana deverá adotar. pública.
a) Ana deve elaborar e apresentar a petição, uma vez que em ações d) no seu ministério privado, deixa de exercer função social.
penais, no âmbito das quais está em risco a liberdade do acusado,
o advogado que renuncia à causa deve aguardar que outro o Z Anotações/Comentários
substitua.
A Constituição Federal, em seu art. 133, dispõe que o advogado é
b) Ana deve elaborar e apresentar a petição, pois continua a repre- indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos
sentar o mandante durante os 10 (dez) dias seguintes à notificação e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei. Ademais,
da renúncia. o advogado, no seu ministério privado, presta serviço público e exerce
c) Ana não está obrigada a elaborar e apresentar a petição, pois avisou função social (art. 2º, §1º, do EOAB).
seu cliente, com antecedência razoável, de que renunciaria à causa. Gabarito: B
d) Ana não está obrigada a elaborar e apresentar a petição, pois em 81. (FGV/OAB/VII_Exame – 2012) Tício é advogado prestando serviços
caso de inadimplemento de honorários advocatícios, o advogado à Junta Comercial do Estado Y. Exerce a atividade concomitantemente
fica desobrigado de atuar na causa imediatamente após a comu-
em escritório próprio, onde atua em causas civis e empresariais. Um dos
nicação da renúncia.
seus clientes postula o seu visto em atos constitutivos de pessoa jurídica
Z Anotações/Comentários que pretende criar. Diante do narrado, à luz das normas do Regulamento
Geral do Estatuto da Advocacia e da OAB, assinale a alternativa correta:
A renúncia ao mandato é tanto direito como dever do advogado e
não há necessidade de motivação. Contudo, o advogado que renunciar a) Sendo um cliente do escritório, é inerente à atividade da advocacia
ao mandato continuará, durante os 10 (dez) dias seguintes à notificação o visto em atos constitutivos de pessoa jurídica.
da renúncia, a representar o mandante, salvo se for substituído antes b) Ao prestar serviços para Junta Comercial, surge impedimento
do término desse prazo (EOAB, art. 5º, §3º). No caso em tela, Ana deverá previsto no Regulamento Geral.
elaborar a petição, pois continua a representar o mandante durante os
c) A análise do conteúdo dos atos constitutivos pode ser realizada
10 (dez) dias seguintes à notificação da renúncia.
Gabarito: B pelo advogado tanto no escritório quanto na Junta Comercial.
d) A atuação na Junta Comercial gera impedimento para ações judi-
79. (FGV/OAB/VIII_Exame – 2012) Paulo, bacharel em Direito, exer-
ciais, mas não para vistos em atos constitutivos.
ceu relevantes cargos no Poder Executivo das três esferas de Governo,
adquirindo profundo conhecimento sobre as atividades internas da
Administração Pública. Após aposentar-se, sem requerer inscrição nos
quadros da OAB, estabelece serviço de consultoria jurídica, tendo anga- O visto do advogado em atos constitutivos de pessoas jurídicas,
riado vários clientes desde o período da inauguração da sua atividade. indispensável ao registro e arquivamento nos órgãos competentes,
De acordo com o narrado e observadas as normas estatutárias, assinale deve resultar da efetiva constatação, pelo profissional que os examinar,
a afirmativa correta. de que os respectivos instrumentos preenchem as exigências legais
a) Dentre as atividades privativas do advogado incluem-se a postu- pertinentes. Entretanto, estão impedidos de exercer o referido ato os
lação judicial e a assessoria jurídica, mas não a consultoria. advogados que prestem serviços a órgãos ou entidades da Administra-
ÉTICA
b) O bacharel em Direito aposentado não tem vedado qualquer prática ção Pública direta ou indireta, da unidade federativa a que se vincule a
de atividade jurídica, mesmo não inscrito nos quadros da OAB. Junta Comercial, ou a quaisquer repartições administrativas competen-
tes para o mencionado registro, de acordo com o art. 2º do RG-EOAB.
c) O advogado atua na atividade judicial pugnando pela defesa dos Gabarito: B
interesses dos seus clientes e na consultoria jurídica

d) As atividades privativas do advogado incluem a assessoria jurídica, 82. (FGV/OAB/VII_Exame – 2012) Esculápio, advogado, deseja com-
a direção jurídica e a atuação nos Juizados Especiais. provar o exercício da atividade advocatícia, pois inscreveu-se em pro-
cesso seletivo para contratação por empresa de grande porte, sendo
Z Anotações/Comentários esse um dos documentos essenciais para o certame. Diante do narrado,
à luz das normas do Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia e da
A postulação a qualquer órgão do Poder Judiciário e as atividades
OAB, o efetivo exercício da advocacia é comprovado pela participação
de consultoria, assessoria e direção jurídicas são atividades privativas da
advocacia, de acordo com o art. 1º do EOAB. O advogado é indispensável anual mínima em
à administração da Justiça (CF, art. 133). Sua presença, contudo, pode ser a) seis petições iniciais civis.
dispensada em certos atos jurisdicionais. Nos Juizados Especiais Cíveis b) três participações em audiências.
Estaduais, a Lei nº 9099/1995, art. 9º prevê que nas causas com valores
superiores a 20 (vinte) salários mínimos, a assistência por parte de advo- c) quatro peças defensivas gerais.
gado é obrigatória, inclusive em segundo grau recursal, independente- d) cinco atos privativos de advogado.
mente do valor da causa. Portanto, nas causas com valores inferiores,
a assistência se mostra facultativa, representando, neste aspecto, uma Z Anotações/Comentários
clara exceção legal ao texto do art. 1º, I, do EAOAB. Outrossim, vale des-
De acordo com o art. 5º do RG-OAB, considera-se efetivo exercício
tacar que a Lei Federal nº 10.259/2001 prevê que os Juizados Especiais
da atividade de advocacia a participação anual mínima em cinco atos
Cíveis, no âmbito da Justiça Federal, detêm competência para julgar
causas de até 60 salários mínimos, sendo a assistência por advogado privativos previstos no artigo 1º do EOAB, em causas ou questões dis-
facultativa até o seu teto. Por fim, vale ressaltar que o bacharel em Direito tintas. A comprovação do efetivo exercício faz-se mediante certidão
aposentado é proibido de praticar qualquer atividade jurídica tendo em expedida por cartórios ou secretarias judiciais, por cópia autenticada
vista que não está inscrito nos quadros da OAB. de atos privativos e por certidão expedida pelo órgão público no qual
o advogado exerça função privativa do seu ofício, indicando os atos
Gabarito: C
praticados.
80. (FGV/OAB/VII_Exame – 2012) Mévio é advogado, especializado Gabarito: D
em causas cíveis, exercendo a profissão por longos anos, tendo sobres-

saído na defesa dos seus clientes e percebendo, como remuneração, 83. (FGV/OAB/VII_Exame – 2012) A multiplicidade de opções para
os seus honorários. Sendo figura conhecida no município, onde exerce atuação do advogado desenvolveu o ramo da Advocacia Pública. Assim,
a profissão e possui domicílio, é convidado a ministrar palestra em à luz das normas do Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia e da
estabelecimentos de ensino, divulgando a atuação do advogado e sua OAB, nela podem ser integrados o(a), exceto:
posição na sociedade. Um dos aspectos abordados está relacionado à
a) Advogado-Geral da União.
atividade do advogado como indispensável à administração da justiça.
Nesses limites, consoante as normas estatutárias, é correto afirmar que b) Defensor Público
a) o advogado exerce função pública. c) Advogado (Procurador) de Autarquia.
b) exerce ministério privado, exercendo função social. d) Advogado de Sociedade de Economia Mista.
Z Anotações/Comentários c) a impetração de “habeas corpus”.

Exercem a advocacia pública os integrantes da Advocacia-Geral da d) a divulgação conjunta da advocacia com outras atividades.
União, da Defensoria Pública e das Procuradorias e Consultorias Jurídi-
cas dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, das autarquias e Z Anotações/Comentários
das fundações públicas, estando obrigados à inscrição na OAB, para o A postulação a qualquer órgão do Poder Judiciário e as atividades
exercício de suas atividades, conforme o art. 9º do RG-OAB. Dessa forma, de consultoria, assessoria e direção jurídicas são atividades privativas da
o Advogado de Sociedade de Economia Mista não está no rol taxativo advocacia, de acordo com o art. 1º do EOAB. O advogado é indispensável
dos que exercem a Advocacia Pública. à administração da Justiça (CF, art. 133). Sua presença, contudo, pode ser
Gabarito: D
dispensada em certos atos jurisdicionais. Nos Juizados Especiais Cíveis

84. (FGV/OAB/VI_Exame – 2012) Caio, próspero comerciante, con- Estaduais, a Lei nº 9099/1995, art. 9º prevê que nas causas com valores
trata, para prestação de serviços profissionais de advocacia, Mévio, que superiores a 20 (vinte) salários mínimos, a assistência por parte de advo-
se apresenta como advogado. O cliente outorga a devida procuração gado é obrigatória, inclusive em segundo grau recursal, independente-
com poderes gerais para o foro. Usando o referido instrumento, ocorre mente do valor da causa. Portanto, nas causas com valores inferiores,
a propositura de ação judicial em face de Trácio. Na contestação, o a assistência se mostra facultativa, representando, neste aspecto, uma
advogado do réu alega vício na representação, uma vez que Mévio não clara exceção legal ao texto do art. 1º, I, do EAOAB. Outrossim, vale des-
possui registro na OAB, consoante certidão que apresenta nos autos tacar que a Lei Federal nº 10.259/2001 prevê que os Juizados Especiais
judiciais. Diante de tal circunstância, é correto afirmar que Cíveis, no âmbito da Justiça Federal, detêm competência para julgar
a) os atos praticados pelo suposto advogado não ofendem qualquer causas de até 60 salários mínimos, sendo a assistência por advogado
dispositivo legal. facultativa até o seu teto. A presença do advogado também poderá ser
dispensada na impetração de habeas corpus em qualquer instância ou
b) verificada a ausência de inscrição profissional, deverá ser outorgado tribunal, considerando que não se trata de atividade privativa da advo-
prazo para sua regularização. cacia (EOAB, art. 1º, §1º). Por fim, vale ressaltar que é vedada a divulgação
c) os atos praticados por Mévio são nulos, pois foram praticados por de advocacia em conjunto com outra atividade (EOAB, art. 1º, § 3º).
pessoa não inscrita na OAB.
Gabarito: B
d) a declaração de nulidade dos atos processuais esgota o rol de atos 86. (FGV/OAB/IV_Exame – 2011) Mévio aceita defender um cliente.
sancionatórios. Após ampla pesquisa, verifica que a legislação ordinária não acolhe a
pretensão dele. Elabora, pois, a tese de que a legislação que não permite
Z Anotações/Comentários o acolhimento da pretensão do seu constituído padeceria do vício de
Há nulidade absoluta dos atos privativos de advogado praticados inconstitucionalidade e recomenda que não haja o cumprimento da
por pessoa não inscrita na OAB, sem prejuízo das sanções civis, penais referida norma. À luz das normas estatutárias, é correto afirmar que
e administrativas, de acordo com o art. 4º do EOAB. À vista disso, não A) a situação é permitida, diante do possível vício alegado pelo advo-
poderá ser outorgado prazo para a regularização dos atos praticados gado.
por Mévio, pois a nulidade absoluta não pode ser suprida, sanada ou
B) se caracteriza a hipótese de postulação com má-fé contra literal
ratificada.
Gabarito: C
disposição de lei.
C) mesmo sendo a lei eivada de vício, não seria possível presumir
85. (FGV/OAB/VI_Exame/Duque de Caxias – 2012) A empresa Con-
ÉTICA
boa-fé.
sumidor Ltda., composta por contadores, despachantes, arquitetos e
engenheiros, divulga, semanalmente, sua agenda de defesa judicial dos D) ao pleitear contra expressa disposição de lei no caso referido,
direitos dos consumidores, não possuindo advogados nos seus quadros. presume-se a má-fé
Notificada pelo órgão seccional da OAB, alega que as atividades de
consultoria jurídica não seriam privativas dos advogados. Diante desse Z Anotações/Comentários
quadro, à luz das normas estatutárias, é correto afirmar que é atividade Conforme o art. 34, VI, do EAOAB, constitui infração disciplinar
privativa da advocacia advogar contra literal disposição de lei, presumindo-se a boa-fé quando
a) a postulação nos juizados especiais. fundamentado na inconstitucionalidade, na injustiça da lei ou em pro-
nunciamento judicial anterior.
b) a consultoria e assessoria jurídicas. Gabarito: A
DIREITO CONSTITUCIONAL
Paulo Lépore
Algumas das questões aqui dispostas foram comentadas pela Assinale a alternativa correta.
equipe Juspodivm. a) Somente a assertiva I está correta.
b) Somente a assertiva II está correta.
1. TEORIA DA CONSTITUIÇÃO c) Somente a assertiva III está correta.
d) As assertivas I e III estão corretas.
87. (FCC/MP-PB/Promotor de Justiça – 2018) Normas constitucionais e) Todas as assertivas estão corretas.
de eficácia limitada
a) não servem como parâmetro de inconstitucionalidade. Z Anotações/Comentários
b) implicam a não-recepção da legislação infraconstitucional anterior Item “I” Lassalle, em sua obra “O que é uma Constituição”, de 1863,
com elas incompatível. de fato defendeu a existência do sentido sociológico de Constituição,
c) orientam, mas não condicionam a produção do legislador infra- devendo corresponder à soma dos fatores reais de poder que regem
constitucional. uma determinada nação, sob pena de ser inefetiva, mera folha de
papel escrita. Assim, correto o item. O item I foi considerado correto.
d) são indiferentes à configuração de eventual inconstitucionalidade
No entanto, a redação mais correta seria: “sendo esta a constituição real
por omissão.
e efetiva, não passando a constituição escrita de ‘uma folha de papel’
e) admitem disciplina em sentido diverso do que apontam, por meio caso inexistente a correspondência à soma dos fatores reais de poder.”.
de lei complementar.
Item “II” Carl Schmitt não defendeu a existência de um sentido
Z Anotações/Comentários sociológico, mas sim político da Constituição. Esse deveria implicar na
correspondência com a decisão política fundamental. Assim, incorreto
(a) Todas as normas constitucionais, ainda que de eficácia limitada, o item. Incorreto.
possuem uma eficácia mínima, paralisante e impeditiva. Em razão da
Item “III” Hans Kelsen, em sua obra “A Teoria Pura do Direito”, de
eficácia impeditiva, não poderão ser editadas normas contrárias a essa
1934, defendeu a Constituição como norma jurídica, constituindo-se
norma constitucional, sob a pena de ser inconstitucional.
como paradigma máximo de validade do ordenamento jurídico. Para
(b) Normas constitucionais de eficácia limitada são normas que pos- ele, a Constituição seria somente uma norma, recusando os demais
suem aplicabilidade indireta, mediata e não integral, dependendo de sentidos. Portanto, correto o item. Correto.
norma infraconstitucional regulamentadora para que possam produzir Gabarito: D
seus efeitos. No entanto, possuem, como todas as normas constitucio-

nais, uma eficácia negativa, que impede que existam normas a elas 89. (FGV/OAB/XXVI_Exame – 2018) José leu, em artigo jornalístico
contrárias no ordenamento, possuindo, assim, uma eficácia paralisante veiculado em meio de comunicação de abrangência nacional, que
(implica na não recepção de normas contrárias) e impeditiva (implica na o Supremo Tribunal Federal poderia, em sede de ADI, reconhecer a
inconstitucionalidade de normas editadas que sejam a elas contrárias). ocorrência de mutação constitucional em matéria relacionada ao meio
ambiente. Em razão disso, ele procurou obter maiores esclarecimentos
(c) Uma vez que todas as normas constitucionais são parâmetro de sobre o tema. No entanto, a ausência de uma definição mais clara do
constitucionalidade, e fundamento de validade, para as demais normas
que seria “mutação constitucional” o impediu de obter um melhor
do ordenamento jurídico, todas orientam e condicionam a produção do
entendimento sobre o tema.
legislador infraconstitucional, estando incorreta a alternativa.
Com o objetivo de superar essa dificuldade, procurou Jonas, advogado
(d) Se a norma infraconstitucional regulamentadora da norma
atuante na área pública, que lhe respondeu, corretamente, que a
constitucional de eficácia limitada não for editada, pode-se ajuizar
expressão “mutação constitucional”, no âmbito do sistema jurídico-
uma ação direta de inconstitucionalidade por omissão. Assim, não há
-constitucional brasileiro, refere-se a um fenômeno
indiferença, sendo incorreta a alternativa.
a) concernente à atuação do poder constituinte derivado reformador,
(e) Em razão da eficácia negativa de todas as normas constitu-
no processo de alteração do texto constitucional.
cionais, em seu efeito impeditivo, não podem ser editadas normas
infraconstitucionais a ela contrárias, ainda que sob a forma de leis b) referente à mudança promovida no significado normativo consti-
complementares. Portanto, incorreta a alternativa. tucional, por meio da utilização de emenda à Constituição.
Gabarito: B
c) relacionado à alteração de significado de norma constitucional sem

88. (MP-MS/Promotor de Justiça – 2018) Leia os enunciados a seguir que haja qualquer mudança no texto da Constituição Federal.
acerca de concepções sobre o termo “constituição”. d) de alteração do texto constitucional antigo por um novo, em virtude
I. Para Ferdinand Lassalle, que a entende no sentido sociológico, a de manifestação de uma Assembleia Nacional Constituinte.
constituição de um país é, em essência, a soma dos fatores reais do
poder que regem esse país, sendo esta a constituição real e efetiva, Z Anotações/Comentários
não passando a constituição escrita de “uma folha de papel”. A mutação constitucional consiste na alteração do sentido atri-
II. Carl Schimitt empresta também um sentido sociológico à cons- buído a uma norma constitucional, sem alterar seu texto. É assim, uma
tituição, considerando-a como decisão política fundamental, mudança não-formal realizada. Não é, portanto, como a reforma ou
decisão concreta de conjunto sobre o modo e a forma de existência revisão (que alteram o texto legal).
da unidade política, não fazendo distinção entre constituição e leis
Gabarito: C.
constitucionais. 90. (FGV/OAB/XXVI_Exame – 2018) Uma nova Constituição é promul-

III. Uma corrente, liderada por Hans Kelsen, vê a constituição apenas gada, sendo que um grupo de parlamentares mantém dúvidas acerca
no sentido jurídico, sendo a constituição considerada norma do destino a ser concedido a várias normas da Constituição antiga,
pura, puro dever-ser, sem qualquer pretensão à fundamentação cujas temáticas não foram tratadas pela nova Constituição. Como a
sociológica. nova Constituição ficou silente quanto a essa situação, o grupo de
parlamentares, preocupado com possível lacuna normativa, resolve Art. 14, § 4°, da Constituição da República, segundo o qual “os inalistáveis
procurar competentes advogados a fim de sanar a referida dúvida. e os analfabetos são inelegíveis”.
Os advogados informaram que, segundo o sistema jurídico- constitu- A respeito da norma obtida a partir desse comando, à luz da sistemática
cional brasileiro, constitucional, assinale a afirmativa correta.
a) as normas da Constituição pretérita que guardarem congruência a) Ela veicula programa a ser implementado pelos cidadãos, sem
material com a nova Constituição serão convertidas em normas interferência estatal, visando à realização de fins sociais e políticos.
ordinárias. b) Ela tem eficácia plena e aplicabilidade direta, imediata e integral,
b) as matérias tratadas pela Constituição pretérita e não reguladas pois, desde que a CRFB/88 entrou em vigor, já está apta a produzir
pela nova Constituição serão por esta recepcionadas. todos os seus efeitos.
c) as matérias tratadas pela Constituição pretérita e não reguladas c) Ela apresenta contornos programáticos, dependendo sempre de
pela nova Constituição receberão, na nova ordem, status suprale- regulamentação infraconstitucional para alcançar plenamente sua
gal, mas infraconstitucional. eficácia.
d) a revogação tácita da ordem constitucional pretérita pela nova d) Ela tem aplicabilidade indireta e imediata, não integral, produzindo
Constituição se dará de forma completa e integral, ocasionando a efeitos restritos e limitados em normas infraconstitucionais quando
perda de sua validade. da promulgação da Constituição da República.
Com o surgimento de uma nova Constituição, as normas da Consti- Para responder à questão, é necessário ter conhecimento sobre
tuição anterior, via de regra, são revogadas, uma vez que se rompe com a eficácia das normas constitucionais. De modo geral, as normas de
a ordem jurídica anterior. Existe a possibilidade de que as normas em eficácia plena são aquelas que, desde que entram em vigor, têm apli-
questão sejam recepcionadas pela nova ordem, com status de normas cabilidade imediata, direta e integral. Portanto, são autoaplicáveis, visto
infraconstitucionais, operando-se o chamado fenômeno da “descons- que têm em si o potencial para produzirem e atingirem todos os efeitos
titucionalização”, que, contudo, para ocorrer, depende de 2 requisitos, pretendidos. As normas de eficácia contida, por sua vez, são aquelas que
quais sejam: serem normas apenas formalmente constitucionais (cuja têm aplicabilidade imediata, direta e não integral, porque têm alcance
matéria não precisa estar contida na Constituição) e haver previsão reduzido em relação às normas de eficácia plena. Isto porque contém em
expressa na nova Constituição acerca do fenômeno. No caso, como si potencial para futura atuação restritiva pelo Poder Público por meio
a questão aponta que a Constituição ficou silente, serão tais normas de legislação infraconstitucional. Por fim, as normas de eficácia limitada
revogadas. são aquelas que possuem aplicabilidade indireta, mediata e reduzida
Gabarito: D.
(não direta, não imediata e não integral), pois exigem norma infracons-
titucional para que se materializem na prática. No caso do art. 14, § 4º,
91. (FGV/OAB/XXV_Exame – 2018) Todos os dispositivos da Lei Y, da CF, depara-se com um dispositivo de eficácia plena, tendo em vista
promulgada no ano de 1985, possuem total consonância material e que não há qualquer possibilidade de restrição ou atuação restritiva.
formal com a Constituição de 1967, com a redação dada pela Emenda Gabarito: B.
Constitucional n° 1/1969.
93. (FGV/OAB/XXII_Exame – 2017) Parlamentar brasileiro, em viagem
No entanto, o Supremo Tribunal Federal, em sede de recurso extraordi- oficial, visita o Tribunal Constitucional Federal da Alemanha, recebendo
nário, constatou que, após a atuação do Poder Constituinte originário, numerosas informações acerca do seu funcionamento e de sua área de
que deu origem à Constituição de 1988, o Art. X da mencionada Lei Y atuação. Uma, todavia, chamou especialmente sua atenção: a referida
deixou de encontrar suporte material na atual ordem constitucional. Corte Constitucional reconhecia a possibilidade de alteração da Cons-
Sobre esse caso, segundo a posição reconhecida pela ordem jurídico- tituição material – ou seja, de suas normas – sem qualquer mudança
-constitucional brasileira, assinale a afirmativa correta. no texto formal. Surpreendido com essa possibilidade, procura sua
a) Ocorreu o fenômeno conhecido como “não recepção”, que tem por assessoria jurídica a fim de saber se o Supremo Tribunal Federal fazia
consequência a revogação do ato normativo que não se compati- uso de técnica semelhante no âmbito da ordem jurídica brasileira.
biliza materialmente com o novo parâmetro constitucional. A partir da hipótese apresentada, assinale a opção que apresenta a
b) Ao declarar a inconstitucionalidade do Art. X à luz do novo parâ- informação dada pela assessoria jurídica.
metro constitucional, devem ser reconhecidos os naturais efeitos a) Não. O Supremo Tribunal Federal somente pode reconhecer nova
retroativos (ex tunc) atribuídos a tais decisões. norma no sistema jurídico constitucional a partir de emenda à cons-
c) Na ausência de enunciado expresso, dá-se a ocorrência do fenô- tituição produzida pelo poder constituinte derivado reformador.
meno denominado “desconstitucionalização”, sendo que o Art. X b) Sim. O Supremo Tribunal Federal, reconhecendo o fenômeno da
é tido como inválido perante a nova Constituição. mutação constitucional, pode atribuir ao texto inalterado uma nova
interpretação, que expressa, assim, uma nova norma.
d) Terá ocorrido o fenômeno da inconstitucionalidade formal super-
veniente, pois o Art. X, constitucional perante a Constituição de c) Não. O surgimento de novas normas constitucionais somente pode
1967, tornou-se inválido com o advento da Constituição de 1988. ser admitido por intermédio das vias formais de alteração, todas
expressamente previstas no próprio texto da Constituição.
Z Anotações/Comentários d) Sim. O sistema jurídico-constitucional brasileiro, seguindo linhas
(a) Com o surgimento de uma nova Constituição, opera-se a recep- interpretativas contemporâneas, admite, como regra, a interpre-
ção ou não recepção das normas infraconstitucionais da ordem jurídica tação da Constituição independentemente de limites semânticos
anterior. Os requisitos para que uma norma seja recepcionada são: concedidos pelo texto.
compatibilidade formal e material com a Constituição vigente à época
de sua edição; e compatibilidade material com a nova Constituição. No Z Anotações/Comentários
caso, o art. X será tido como não-recepcionado. Segundo José Afonso da Silva, reforma é gênero, e tem como espé-
(b, d) Não se admite controle de constitucionalidade de normas cies: emenda (mudança pontual) e revisão (modificação mais ampla).
anteriores à Constituição vigente, mas somente o controle de Alguns autores também apontam a mutação constitucional como um
recepção ou não recepção. procedimento não-formal de reforma ou mudança da Constituição.
Mutação constitucional é um processo não formal de mudança da
(c): A desconstitucionalização é o fenômeno por meio do qual nor-
Constituição em que o texto constitucional permanece inalterado,
mas da Constituição anterior são recepcionadas na nova ordem jurídica
modificando-se apenas o significado e o sentido interpretativo de
como normas infraconstitucionais. Para que esse fenômeno ocorra, é
determinada norma constitucional. Em outras palavras: na mutação,
necessária a existência de previsão expressa na nova Constituição, bem
O exemplo mais famoso é a interpretação do STF sobre o conceito de
como tratarem-se de normas apenas formalmente constitucionais. casa, do art. 5°, XI, da CF, para dizer que inclui também escritórios pro-
Gabarito: A
fissionais, hotéis, motéis, pensões e congêneres. Segundo Luís Roberto

92. (FGV/OAB/XXIV_Exame – 2017) Edinaldo, estudante de Direito, Barroso, a mutação constitucional pode ocorrer por interpretação, pela
realizou intensas reflexões a respeito da eficácia e da aplicabilidade do atuação do legislador e por via de costume. Segundo Luís Roberto
Barroso, a mutação constitucional pode ocorrer por interpretação, pela Z Anotações/Comentários

atuação do legislador e por via de costume. A mutação constitucional Constituição rígida é aquela cujo processo de alteração é mais
por via de interpretação “consiste na mudança de sentido da norma, em difícil do que o normalmente utilizado para se alterar a legislação
contraste com entendimento preexistente”. Já a mutação pela atuação infraconstitucional.
do legislador ocorrerá “quando, por ato normativo primário, procurar-se Gabarito: D.
modificar a interpretação que tenha sido dada a alguma norma constitu-

96. (FGV/MP-RJ/Técnico do MP – Notificação e Atos Intimatórios
cional. É possível conceber que, ensejando a referida norma mais de uma
– 2016) Ednaldo, estudante de direito, observou que os direitos funda-
leitura possível, o legislador opte por uma delas, exercitando o papel
mentais à honra e à liberdade de expressão estavam constantemente
que lhe é próprio, de realizar escolhas políticas. A mutação terá lugar se,
em conflito, tendo sérias dúvidas de como proceder para superar esse
vigendo um determinado entendimento, a lei vier a alterá-lo. Suponha-
estado de coisas. Pedro, emérito professor de direito constitucional,
-se, por exemplo, que o § 3° do art. 226 da Constituição – que reconhece
observou que a solução passava pela classificação desses direitos fun-
a união estável entre homem e mulher como entidade familiar – viesse a damentais como princípios constitucionais. Em atenção à observação de
ser interpretado no sentido de considerar vedada a união estável entre Pedro, é correto afirmar que, na situação referida por Ednaldo, o conflito:
pessoas do mesmo sexo. Se a lei ordinária vier a disciplinar esta última
possibilidade, chancelando as uniões homoafetivas, terá modificado a) será resolvido a partir da ponderação dos princípios envolvidos,
conforme as circunstâncias do caso concreto;
o sentido que vinha sendo dado à norma constitucional”. Por fim, a
mutação por costume é aquela que altera uma prática historicamente b) não pode ser resolvido, pois tanto o direito à honra como à liber-
considerada válida. “Há outro exemplo expressivo contemporâneo, dade de expressão devem ser protegidos;
relacionado com as Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs). Nos c) será resolvido conferindo-se, sempre, maior importância ao prin-
últimos anos, uma prática política persistente expandiu os poderes cípio democrático, presente na liberdade de expressão;
dessas comissões e redefiniu suas competências. Passou-se a admitir, d) não pode ser resolvido pelo Poder Judiciário, pois somente o
pacificamente, a determinação de providências que antes eram rejeita- Legislativo pode disciplinar o conteúdo dos princípios;
das pela doutrina e pela jurisprudência, aí incluídas a quebra de sigilos
e) será resolvido conferindo-se, sempre, maior importância ao prin-
bancários, telefônico e fiscais” (BARROSO, Luís Roberto. Curso de Direito
cípio da privacidade, presente no direito à honra.
Constitucional Contemporâneo. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 128-135).
Gabarito: B
94. (FGV/SMF/Auditor Fiscal Tributário da Receita Municipal/ A resolução do conflito deve passar pelos princípios de herme-
Cuiabá – 2016) Edilberto, advogado constitucionalista, idealizou um nêutica constitucional, principalmente o princípio da harmonização,
modelo constitucional com as seguintes características: a primeira parte segundo o qual deve-se compatibilizar os princípios em conflito à luz
não poderia sofrer qualquer tipo de alteração, devendo permanecer do caso concreto. Concebido por Konrad Hesse, quando em conflito, os
imutável; a segunda parte poderia ser alterada a partir de um processo princípios devem ser tratados da maneira que a afirmação de um não
legislativo qualificado, mais complexo que aquele inerente à legislação implique o sacrifício do outro. Todas as outras alternativas apresentam
infraconstitucional; e a terceira parte poderia ser alterada com observân- métodos equivocados de hermenêutica.
cia do mesmo processo legislativo afeto à legislação infraconstitucional.
Gabarito: A
À luz da classificação predominante das Constituições, é correto afirmar

97. (FGV/OAB/XXI_Exame – 2016) Carlos pleiteia determinado direito,
que uma Constituição dessa natureza seria classificada como
que fora regulado de forma mais genérica no corpo principal da CRFB/88
a) rígida. e de forma mais específica no Ato das Disposições Constitucionais Tran-
b) flexível. sitórias – o ADCT. O problema é que o corpo principal da Constituição
da República e o ADCT estabelecem soluções jurídicas diversas, sendo
c) semirrígida. que ambas as normas poderiam incidir na situação concreta.
d) fortalecida. Carlos, diante do problema, consulta um(a) advogado(a) para saber se a
e) plástica. solução do seu caso deve ser regida pela norma genérica oferecida
pelo corpo principal da Constituição da República ou pela norma
Z Anotações/Comentários específica oferecida pelo ADCT.
(a) as constituições rígidas são aquelas modificadas apenas por pro- Com base na CRFB/88, assinale a opção que apresenta a proposta correta
cedimento mais dificultoso que aquele necessário para alterar as demais dada pelo(a) advogado(a).
leis. A Constituição Federal de 1988 é um exemplo de constituição rígida. a) Como o corpo principal da CRFB/88 possui hierarquia superior a
(b, e) a constituição plástica ou flexível pode ser modificada por todas as demais normas do sistema jurídico, deve ser aplicável,
processo legislativo ordinário, o mesmo utilizado para alterar as leis afastada a aplicação das normas do ADCT.
infraconstitucionais. b) Como o ADCT possui o mesmo status jurídico das demais normas
(c) segundo a descrição dada pelo enunciado, se trata de constitui- do corpo principal da CRFB/88, a norma específica do ADCT deve
ção semirrígida (ou semiflexível), que se caracteriza por mesclar a rigidez ser aplicada no caso concreto.
(alteração por processo legislativo qualificado) e a flexibilidade (altera- c) Como o ADCT possui hierarquia legal, não pode afastar a solução
ção mediante o mesmo processo afeto à legislação infraconstitucional). normativa presente na CRFB/88.
(d) não existe constituição “fortalecida” na classificação quanto à d) Como o ADCT possui caráter temporário, não é possível que venha a
estabilidade das constituições. reger qualquer caso concreto, posto que sua eficácia está exaurida.
Gabarito: C.
95. (FGV/MP-RJ/Técnico do MP – Administrativa – 2016) Pedro,
estudante de direito, disse ao seu professor que lera, em um livro, (a, b) Não há hierarquia entre as normas do corpo da CF/88 e do
que a Constituição brasileira era classificada como rígida. O professor ADCT, devendo ser aplicada ao caso concreto a norma que atende ao
explicou-lhe que deve ser classificada como rígida a Constituição que: critério da especialidade, ou seja, a norma do ADCT.
(c) As disposições do ADCT têm o mesmo status normativo que o
a) precise ser observada por todos os que vivam no território do
corpo da Constituição Federal.
respectivo País;
(d) Nem todas as normas do ADCT tiveram sua eficácia exaurida.
b) seja escrita, distinguindo-se, portanto, das Constituições que se Gabarito: B
formam a partir do costume;

98. (FGV/OAB/XXI_ Exame – 2016) A Constituição de determinado
c) vincule todas as estruturas estatais de poder aos seus comandos;
país veiculou os seguintes artigos:
d) só possa ser reformada mediante um processo legislativo qualifi-
Art. X. As normas desta Constituição poderão ser alteradas mediante
cado, mais complexo que o comum; processo legislativo próprio, com a aprovação da maioria qualificada de
e) não possa ser revogada por outra Constituição, ainda que haja uma três quintos dos membros das respectivas Casas Legislativas, em dois
revolução. turnos de votação, exceto as normas constitucionais que não versarem
sobre a estrutura do Estado ou sobre os direitos e garantias fundamen- “ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
tais, que poderão ser alteradas por intermédio de lei infraconstitucional. fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de
Art. Y. A presente Constituição, concebida diretamente pelo Exmo. Sr. transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei”. À
Presidente da República, deverá ser submetida à consulta popular, por luz dos referenciais de aplicabilidade e eficácia, é correto afirmar que, a
meio de plebiscito, visando à sua aprovação definitiva. partir desse enunciado linguístico, se obtém uma norma constitucional:
Art. Z. A ordem econômica será fundada na livre iniciativa e na valori- a) programática;
zação do trabalho humano, devendo seguir os princípios reitores da b) de eficácia plena e aplicabilidade imediata;
democracia liberal e da social democracia, bem como o respeito aos c) de eficácia contida e aplicabilidade imediata;
direitos fundamentais de primeira dimensão (direitos civis e políticos)
e de segunda dimensão (direitos sociais, econômicos, culturais e tra- d) preceptiva;
balhistas). e) de eficácia limitada e aplicabilidade imediata.
Com base no fragmento acima, é certo afirmar que a classificação da
Constituição do referido país seria
a) semirrígida, promulgada, heterodoxa. As normas de eficácia plena e de eficácia contida têm aplicabilidade
imediata, porém diferem na amplitude da eficácia futura. As normas de
b) flexível, outorgada, compromissória.
eficácia plena são aquelas que, desde que entram em vigor, têm aplica-
c) rígida, bonapartista e ortodoxa. bilidade imediata, direta e integral. Portanto, são autoaplicáveis, visto
d) semiflexível, cesarista e compromissória. que têm em si o potencial para produzirem e atingirem todos os efeitos
pretendidos. As normas de eficácia contida, por sua vez, são aquelas
Z Anotações/Comentários que têm aplicabilidade imediata, direta e integral, porém com alcance
reduzido em relação às normas de eficácia plena. Isto porque contém em
O artigo “X” demonstra que a constituição desse país é semirrígida
si potencial para futura atuação restritiva pelo Poder Público por meio
ou semiflexível porque apenas uma parte dela está submetida a um
de legislação infraconstitucional. As normas de eficácia limitada, por
processo de alteração mais rigoroso do que das leis infraconstitucionais.
sua vez, são aquelas de aplicabilidade indireta, mediata e reduzida. Já
Já o artigo “Y” denota que essa Constituição é cesarista porque depende
as normas programáticas têm eficácia limitada, constituindo parâmetro
de posterior aprovação popular para sua aprovação. Por fim, o artigo
“Z” comprova que essa Constituição é dirigente (ou compromissória) para princípios programáticos, de modo que sua eficácia é negativa
porque prevê direitos e garantias de primeira e segunda dimensões. (paralisante e impeditiva). Deste modo, conclui-se que o art. 5º, inciso
Portanto, está correta a alternativa D. LXI, da CF é uma norma de eficácia contida e aplicabilidade imediata,
Gabarito: D
conforme alternativa, porque contém em si potencial para restrição por
parte do Poder Público.
99. (FGV/OAB/XIX_Exame – 2016) O constitucionalismo brasileiro, Gabarito: C.
desde 1824, foi construído a partir de vertentes teóricas que estabele-

101. (FGV/OAB/XVII_Exame – 2015) Dois advogados, com grande
ceram continuidades e clivagens históricas no que se refere à essência

e à inter-relação das funções estatais, tanto no plano vertical como no experiência profissional e com a justa preocupação de se manterem
horizontal, bem como à proteção dos direitos fundamentais. A partir atualizados, concluem que algumas ideias vêm influenciando mais
dessa constatação, assinale a afirmativa correta. profundamente a percepção dos operadores do direito a respeito da
ordem jurídica. Um deles lembra que a Constituição brasileira vem
a) A Constituição de 1824 adotou, de maneira rígida, a tripartição funcionando como verdadeiro “filtro”, de forma a influenciar todas
das funções estatais, que seriam repartidas entre o Executivo, o as normas do ordenamento pátrio com os seus valores. O segundo,
Legislativo e o Judiciário. concordando, adiciona que o crescente reconhecimento da natureza
b) A Constituição de 1891 dispôs sobre o federalismo de cooperação normativo-jurídica dos princípios pelos tribunais, especialmente pelo
e delineou um Estado Social e Democrático de Direito. Supremo Tribunal Federal, tem aproximado as concepções de direito
c) A Constituição de 1937 considerou o Supremo Tribunal Federal o e justiça (buscada no diálogo racional) e oferecido um papel de maior
guardião da Constituição, detendo a última palavra no controle destaque aos magistrados.
concentrado de constitucionalidade. As posições apresentadas pelos advogados mantêm relação com uma
d) A Constituição de 1946 foi promulgada e reinaugurou o período concepção teórico-jurídica que, no Brasil e em outros países, vem sendo
democrático no Brasil, tendo contemplado um rol de direitos e denominada de
garantias individuais. a) neoconstitucionalismo.
b) positivismo-normativista.
c) neopositivismo.
(a) A Constituição de 1824, “na organização dos poderes, adotou um
sistema de separação de funções, porém na formulação quadripartite d) jusnaturalismo.
de Benjamin Constant, compreendendo o Poder Legislativo, o Poder
Moderador, o Poder Executivo e o Poder Judicial”. (Dirley da Cunha Z Anotações/Comentários
Júnior, Curso de Direito Constitucional, Editora Juspodivm). “O constitucionalismo moderno, forjado no final do século XVIII
(b) O Estado Social teve início com a constituição de 1934, e não a partir dos ideais iluministas da limitação do poder, permaneceu
de 1981. “Enfim, a Constituição Federal de 1934 foi aquela que, entre inquestionável entre nós até meados do século XX, ocasião em que
nós, deu início à era das Constituições sociais” (Dirley da Cunha Júnior, se originou, na Europa, um novo pensamento constitucional voltado
Curso de Direito Constitucional, Editora Juspodivm). a reconhecer a supremacia material e axiológica da Constituição, cujo
conteúdo, dotado de força normativa e expansiva, passou a condicionar
(c) O Controle de Constitucionalidade surgiu sob a égide da Cons-
a validade e a compreensão de todo o Direito. [...] Esse pensamento, que
tituição de 1946, e não de 1937. “Em 26 de novembro de 1965, por força
recebeu a sugestiva denominação de neoconstitucionalismo [...] Ade-
da Emenda Constitucional nº 16, formulada à presente Constituição de
1946, foi inaugurado no Brasil o controle concentrado ou abstrato de mais, foi especialmente decisivo para o delineamento desse novo Direito
constitucionalidade” (Dirley da Cunha Júnior, Curso de Direito Constitu- Constitucional, o reconhecimento da força normativa dos princípios”.
cional, Editora Juspodivm). (Dirley da Cunha Jr., Curso de Direito Constitucional, Editora Juspodivm).
Gabarito: A
(d) “Em 18 de setembro de 1946 foi promulgada a nova Constituição

do Brasil. Nitidamente democrática, recompôs os princípios constitu- 2. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
cionais associados aos postulados democráticos, reproduzindo, em
essência, o teor da democracia-social inaugurada pela Constituição de 102. (MP-BA/Promotor de Justiça – 2018) Tendo em vista os direi-
1934, da qual é uma reprodução mais apurada”. (Dirley da Cunha Júnior, tos e garantias fundamentais positivados na Constituição Federal de
Curso de Direito Constitucional, Editora Juspodivm). 1988, à luz da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, assinale a
alternativa incorreta:
Gabarito: D
100. (FGV/TJ-PI/Analista Judiciário – Escrivão Judicial – 2016) O art. a) É lícito ao Poder Judiciário impor à Administração Pública obrigação
5°, LXI, da Constituição da República Federativa do Brasil, dispõe que de fazer, consistente na promoção de medidas ou na execução
de obras emergenciais em estabelecimentos prisionais, a fim de do Estado e ao direito fundamental à liberdade religiosa. Estão
assegurar aos detentos o respeito à sua integridade física e moral, certos apenas os itens:
não sendo oponível à decisão o argumento da reserva do possível a) I e II.
nem o princípio da separação dos poderes.
b) I e III.
b) É cabível o habeas data para a obtenção de dados acerca do
pagamento de tributos do próprio contribuinte constantes dos c) II e III.
sistemas informatizados de apoio à arrecadação dos órgãos da d) II e IV.
administração fazendária dos entes estatais. e) III e IV
c) O exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou modalidade,
é vedado aos policiais civis e a todos os servidores públicos que Z Anotações/Comentários
atuem diretamente na área de segurança pública. Item “I” A administração penitenciária, desde que fundada em
d) Não viola o direito fundamental à liberdade de expressão, disposi- razões de segurança pública, disciplina prisional ou preservação da
tivo legal que, com o escopo de tutelar os valores éticos e sociais da ordem jurídica, pode, excepcionalmente, proceder a interceptação de
pessoa e da família, confira à Administração Pública a competência correspondência remetida pelos sentenciados, conforme entendimento
de fixar os horários permitidos de realização de diversões públicas do STF (HC 70814/SP, rel. Min. Celso de Mello, julg. 01.03.1994). Assim,
e de exibição de programas de rádio e televisão. o item está errado.
e) A quebra do sigilo fiscal, bancário e de registros telefônicos de Item “II”. O poder constituinte originário é ilimitado. Nem mesmo o
investigados pode ser validamente decretada por Comissão Par- direito adquirido pode ser invocado em face dele. Errado.
lamentar de Inquérito, desde que haja deliberação fundamentada Item “III” A doutrina entende que no Brasil, a fim de evitar violações
e indicação da necessidade objetiva da adoção de tal medida a valores relevantes da juventude, pode-se restringir a liberdade de
extraordinária. expressão, mesmo em hipóteses não indicadas expressamente pela
CF/88. Nenhum direito é absoluto, de modo que, ao conflitar com outro
direito fundamental, deve-se adotar a técnica de sopesamento, para
(a) Conforme entendimento do STF (RE 592581/RS, rel. Min. Ricardo que, com fundamento na proporcionalidade, um princípio prepon-
Lewandowski, julg. 13.08.2015), é, de fato, lícito ao Poder Judiciário fazer dere no caso concreto. A esse respeito, em 2004, entendeu o STF que
essa imposição à Administração Pública, não sendo oponível à decisão somente podem ser impostas limitações à liberdade de expressão que
o argumento da reserva do possível, nem o princípio da separação estejam expressa ou implicitamente previstas na CF/88 (ADI 869, rel. p/
dos poderes. o ac. min. Maurício Corrêa, j. 4-8-1999), e em 2017, entendeu que há se
(b) O habeas data é cabível para obter dados disponibilizados em se sopesar os dois direitos (ADI 2.404, rel. min. Dias Toffoli, j. 31-8-2016,
bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público. P, DJE de 1º-8-2017). Certo.
No caso, o sistema informatizado de apoio à arrecadação dos órgãos Item “IV”. Nesse sentido foi o entendimento proferido pelo STF (ADI
da administração fazendária dos entes estatais é banco de dados que 4439/DF, rel. orig. Min. Roberto Barroso, red. p/ o ac. Min. Alexandre
se enquadra na hipótese legal, sendo adequado o habeas data para a de Moraes, julgado em 27/9/2017). Entendeu-se que não seria possível
obtenção de dados concernentes ao pagamento de tributos próprios ministrar o ensino religioso sem natureza confessional, uma vez que
que dele constem (STF, RE 673707/MG, rel. Min. Luiz Fux, julg. 17.06.2015). perderia sua essência. De, contudo, ser opcional aos alunos do ensino
(c) A vedação ao exercício do direito de greve mencionado na alter- público, de modo que os alunos voluntariamente se matriculem. Certo.
Gabarito: E
nativa decorre da interpretação do STF feita ao art. 114, §3º e 142, §3º, IV
da CF/88. Segundo o entendimento do Tribunal, aos policiais e a todos 104. (FGV/OAB/XXIX_Exame – 2019) O diretor da unidade prisional
os servidores públicos que atuem diretamente na área da segurança de segurança máxima ABC expede uma portaria vedando, no âmbito da
pública (ARE 654432/GO, julg. 05.04.2017). referida entidade de internação coletiva, quaisquer práticas de cunho
(d) Embora o art. 21, XVI e art. 220, §3º da CF/88 tenham estabele- religioso direcionadas aos presos, apresentando, como motivo para tal
cido a criação de sistema de classificação indicativa de espetáculos, é ato, a necessidade de a Administração Pública ser laica.
competência da União legislar limitando espetáculos e diversões públi- A partir da situação hipotética narrada, assinale a afirmativa correta.
cas. Não se pode, portanto, atribuir à administração pública competên-
a) A motivação do ato administrativo encontra-se equivocada, uma
cia para fixar horários permitidos de realização de diversões públicas e
vez que o preâmbulo da Constituição da República de 1988 faz
de exibição de programas (ADI 2.404, rel. min. Dias Toffoli, j. 31-8-2016).
expressa menção à “proteção de Deus”, também assegurando aos
(e) As atividades mencionadas na alternativa não estão sujeitas entes federados ampla liberdade para estabelecer e subvencionar
à reserva da jurisdição, portanto, podem ser determinadas pela CPI, os cultos religiosos e igrejas.
conforme entendimento do STF (ms 23452, rel. Min. Celso de Mello, julg.
b) O ato expedido pelo diretor encontra plena correspondência com
16.09.1999). Mas, atenção: o sigilo telefônico que a CPI pode determinar
a ordem constitucional brasileira, a qual veda, aos entes federados,
a quebra é relativo aos dados de ligações (horário, duração da ligação,
estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los ou firmar
números, etc.). A oitiva de ligações consiste em interceptação telefônica,
qualquer espécie de colaboração de interesse público.
que não pode ser determinada por CPI.
c) A Constituição da República de 1988 dispõe que, nos termos da lei,
Gabarito: D
é assegurada assistência religiosa nas entidades civis e militares de

103. (MP-BA/Promotor de Justiça – 2018) Sobre os direitos fun-
internação coletiva, de modo que a portaria expedida pelo diretor
damentais em espécie positivados na Constituição Federal, tal qual
viola um direito fundamental dos internos.
interpretados pelo Supremo Tribunal Federal, responda:
d) Inexiste incompatibilidade entre a portaria e a Constituição da
I – O direito fundamental à inviolabilidade das correspondências
República de 1988, uma vez que a liberdade religiosa apenas se
e comunicações veda à administração penitenciária proceder à
apresenta no ensino confessional, ministrado, em caráter facul-
interceptação da correspondência remetida pelos sentenciados,
tativo, nos estabelecimentos públicos e privados de ensino, não
mesmo que fundada em razões de segurança pública, de disciplina
sendo tal direito extensível aos presos.
prisional ou de preservação da ordem jurídica.
II – As normas originárias da Constituição Federal possuem aplicação Z Anotações/Comentários
imediata, alcançando os efeitos futuros de fatos passados, não
Nos termos do art. 5º, VII da CF/88, é assegurada, nos termos da
podendo, contudo, alcançar fatos consumados no passado, à luz
lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares
do direito fundamental ao direito adquirido.
de internação coletiva, portanto, a portaria viola direito fundamental
III – O direito fundamental à liberdade de expressão é passível de sofrer previsto. O Estado, de fato, é laico, sendo vedado à União, Estados, DF
restrições por meio de lei, inclusive em hipóteses não previstas de e Municípios, nos termos do art. 19, I, estabelecer cultos religiosos ou
modo expresso na Constituição Federal. igrejas, subvenciona-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter
IV – O ensino religioso em escolas públicas pode ter natureza confes- com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança,
sional, não havendo que se falar em violação à cláusula da laicidade ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público.
Portanto, embora seja o Estado laico, conforme observado, não c) O Sistema Único de Saúde rege-se pelo princípio da universalidade
pode essa laicidade consistir em um impedimento dos cidadãos de da tutela à saúde, direito fundamental do ser humano; logo, ao
gozarem de sua liberdade religiosa, mesmo quando presos. ingressar no território brasileiro, Pablo, mesmo sendo cidadão
espanhol, tem direito ao atendimento médico público e gratuito
Gabarito: C
105. (FGV/OAB/XXIX_Exame – 2019) Durval, cidadão brasileiro e em caso de urgência.

engenheiro civil, desempenha trabalho voluntário na ONG Transpa- d) Pablo, apenas pode ser atendido em hospital público que integre
rência, cujo principal objetivo é apurar a conformidade das contas o Sistema Único de Saúde caso se comprometa a custear todas as
públicas e expor eventuais irregularidades, apresentando reclamações despesas com seu tratamento, salvo comprovação de ser hipossu-
e denúncias aos órgãos e entidades competentes. ficiente econômico, circunstância excepcional na qual terá direito
Ocorre que, durante o ano de 2018, a Secretaria de Obras do Estado Alfa ao atendimento gratuito.
deixou de divulgar em sua página da Internet informações referentes
aos repasses de recursos financeiros, bem como foram omitidos os
registros das despesas realizadas. Por essa razão, Durval compareceu (a) O caput do art. 5º da CF/88 dispõe que todos são iguais perante
ao referido órgão e protocolizou pedido de acesso a tais informações, a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros
devidamente especificadas. e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida,
Em resposta à solicitação, foi comunicado que os dados requeridos são à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. Assim, não pode
de natureza sigilosa, somente podendo ser disponibilizados mediante subsistir a argumentação apontada.
requisição do Ministério Público ou do Tribunal de Contas. (b) A saúde é, na verdade, direito de todos e dever do Estado,
A partir do enunciado proposto, com base na legislação vigente, assinale assegurada com acesso universal e igualitário, nos termos do art. 196
a afirmativa correta. da CF/88.
a) A decisão está em desacordo com a ordem jurídica, pois os órgãos (c) A alternativa se mostra em consonância com as previsões do
art. 5º, caput e art. 196 da CF/88.
e entidades públicas têm o dever legal de promover, mesmo sem
requerimento, a divulgação, em local de fácil acesso, no âmbito de (d) Não há nenhuma previsão constitucional no sentido de que
suas competências, de informações de interesse coletivo ou geral deve custear seu tratamento.
Gabarito: C
que produzam ou custodiem.

b) Assiste razão ao órgão público no que concerne tão somente ao 107. (FGV/OAB/XXVIII_Exame – 2019) Alisson, cidadão brasileiro,
sigilo das informações relativas aos repasses de recursos financei- ingressa com requerimento administrativo, perante a Secretaria Fazen-
ros, sendo imprescindível a requisição do Ministério Público ou do dária do Município Y, pleiteando a revisão do valor do Imposto sobre
Tribunal de Contas para acessar tais dados. a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU), uma vez que não
c) Assiste razão ao órgão público no que concerne tão somente ao concorda com os cálculos empregados pela autoridade fazendária.
sigilo das informações relativas aos registros das despesas realiza- Alisson, decorridos 90 dias sem qualquer atualização no andamento
das, sendo imprescindível a requisição do Ministério Público ou do do feito, retorna à repartição administrativa indagando o porquê da
Tribunal de Contas para acessar tais dados. demora. Ele obtém como resposta que o trâmite do procedimento é
d) Assiste razão ao órgão público no que concerne ao sigilo das infor- sigiloso, mas que seria possível obter uma certidão com as informações
postuladas mediante o pagamento de determinada quantia, a título
mações postuladas, pois tais dados apenas poderiam ser pessoal-
de “taxa”.
mente postulados por Durval caso estivesse devidamente assistido
por advogado regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do Diante da situação hipotética apresentada, com base no texto consti-
Brasil. tucional, assinale a afirmativa correta.
a) A atuação da Secretaria Fazendária revela-se inconstitucional,
Z Anotações/Comentários pois a obtenção de certidões em repartições públicas, contendo
Nos termos do art. 5º, XXXIII, todos têm direito a receber de órgãos informações de interesse particular ou de interesse coletivo ou
públicos informações de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas geral, é direito de todos, sem o pagamento de taxa, ressalvadas
no prazo da lei, sob pena de responsabilidade. Apenas existe ressalva aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade
quando às informações cujo sigilo seja imprescindível à segurança da e do Estado.
sociedade e do Estado. No caso, restou violado o direito à informação, b) Para a obtenção de certidão com informações de direito pessoal,
pois as contas púbicas não são algo cujo sigilo é imprescindível à segu- como manifestação do direito de petição aos órgãos e poderes
rança da sociedade e do Estado. Nesse sentido é ainda a disposição públicos, pode ser exigido o pagamento de taxas caso Alisson não
do art. 8º da lei 12.527/2011, que estabelece ser dever dos órgãos e demonstre ser hipossuficiente econômico.
entidades públicas promover, independentemente de requerimentos,
c) Embora inexista óbice à cobrança de taxas para cobrir as despesas
a divulgação em local de fácil acesso, no âmbito de suas competências,
com a emissão de certidões em repartições públicas, ainda que
de informações de interesse coletivo ou geral por eles produzidas ou
destinadas à defesa e ao esclarecimento de situações de interesse
custodiadas. Portanto, não assiste razão ao órgão público, o que torna
pessoal, Alisson poderá utilizar o habeas data para obter as infor-
correta a alternativa “a”. mações relativas ao procedimento administrativo instaurado.
Gabarito: A
d) Alisson não pode ter acesso ao feito, porque os procedimentos

106. (FGV/OAB/XXVIII_Exame – 2019) Pablo, cidadão espanhol, administrativos que versem sobre matéria tributária são de natu-
decide passar férias no litoral do Nordeste brasileiro. Durante sua reza sigilosa, somente podendo ser acessados, sem autorização
estadia, de modo acidental, corta-se gravemente com o facão que judicial, por advogado regularmente constituído pelo contribuinte,
manuseava para abrir um coco verde, necessitando de imediato e bem como por órgãos da administração pública direta e indireta.
urgente atendimento hospitalar. Ocorre que o hospital de emergência
da localidade se recusa a atender Pablo, ao argumento de que, por ser Z Anotações/Comentários
estrangeiro, ele não faria jus aos serviços do Sistema Único de Saúde,
devendo procurar um hospital particular. (a) Trata-se da previsão do art. 5º, XXXIV, “b” da CF/88.
Com base na situação fictícia narrada, assinale a afirmativa correta. (b) Não pode ser exigido o pagamento em questão mesmo no caso
do direito de petição, conforme comentário da alternativa a.
a) A Constituição da República, no caput do Art. 5º, assegura a igual-
dade de todos os brasileiros natos e naturalizados perante a lei, (c) Há óbices à cobrança de taxas nesse caso, conforme comentário
sem distinções de qualquer natureza, de modo que Pablo, por ser da alternativa a.
estrangeiro, não faz jus ao direito social à saúde. (d) Somente podem ser sigilosos os atos imprescindíveis à segu-
b) A saúde, na qualidade de direito social, apenas pode ser prestada rança da sociedade e do Estado, nos termos do art. 5º, XXXIII da CF/88.
Gabarito: A.
àqueles que contribuem para a manutenção da seguridade social;

diante da impossibilidade de Pablo fazê-lo, por ser estrangeiro, não 108. (FGV/OAB/XXVII_Exame – 2018) Os produtores rurais do Muni-
pode ser atendido pelos hospitais que integram o Sistema Único cípio X organizaram uma associação civil sem fins lucrativos para
de Saúde. dinamizar a exploração de atividade econômica pelos associados,
bem como para fins de representá-los nas demandas de caráter admi- d) Marina pode dar continuidade à sua iniciativa, pois é livre o direito
nistrativo e judicial. de reunião quando o país não se encontra em estado de sítio ou
Anderson, proprietário de uma fazenda na região, passa a receber, men- em estado de defesa.
salmente, carnê contendo a cobrança de uma taxa associativa, embora
nunca tivesse manifestado qualquer interesse em ingressar na referida
entidade associativa. Em consulta junto aos órgãos municipais, Ander- Trata-se do exercício do direito de reunião, previsto no art. 5º, XVI
son descobre que a associação de produtores rurais, embora tenha sido da CF/88. Para que possa ocorrer, deve ser pacífica, sem armas, em local
criada na forma da lei, jamais obteve autorização estatal para funcionar. aberto ao público, independentemente de autorização, desde que não
Diante disso, procura um escritório de advocacia especializado, para frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo
pleitear, judicialmente, a interrupção da cobrança e a suspensão das local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente.
atividades associativas. Portanto, existindo uma reunião previamente convocada no mesmo
Sobre a questão em comento, assinale a afirmativa correta. dia e local, já cientificada a autoridade competente, não poderá Marina
dar continuidade à sua iniciativa.
a) Anderson pode pleitear judicialmente a interrupção da cobrança, a Gabarito: C
qual revela-se indevida, pois ninguém pode ser compelido a asso-

ciar-se ou a permanecer associado, ressaltando-se que a falta de 110. (FGV/OAB/XXVI_Exame – 2018) No estado em que você reside
autorização estatal não configura motivo idôneo para a suspensão há cerca de quinze anos, cinco homens foram assassinados por tiros
das atividades da associação. disparados por pessoas encapuzadas. Houve uma alteração da cena
b) As associações representativas de classes gozam de proteção abso- do crime, sugerindo a mesma forma de atuação de outros assassinatos
luta na ordem constitucional, de modo que podem ser instituídas que vinham sendo praticados por um grupo de extermínio que conta-
independentemente de autorização estatal e apenas terão suas ria com a participação de policiais. Na época, a Polícia Civil instaurou
atividades suspensas quando houver decisão judicial com trânsito inquérito para apurar os fatos, mas concluiu pela ausência de elementos
em julgado. suficientes de autoria, encaminhando os autos ao Ministério Público,
que pediu o arquivamento do caso. A Justiça acolheu o pedido e ale-
c) A Constituição de 1988 assegura a plena liberdade de associação
gou não haver informações sobre autoria, motivação ou envolvimento
para fins lícitos, vedando apenas aquelas de caráter paramilitar,
de policiais. Segundo opinião de especialistas, a apuração policial do
de modo que Anderson não pode insurgir-se contra a cobrança,
caso foi prematuramente interrompida. A Polícia Civil teria deixado de
vez que desempenha atividade de produção e deve associar-se
realizar diligências imprescindíveis à elucidação da autoria do episódio.
compulsoriamente.
Manter o arquivamento do inquérito, sem a investigação adequada,
d) A liberdade associativa, tendo em vista sua natureza de direito significaria ratificar a atuação institucionalmente violenta de agentes
fundamental, não pode ser objeto de qualquer intervenção do de segurança pública e, consequentemente, referendar grave violação
Poder Judiciário, de modo que Anderson apenas poderia pleitear de direitos humanos.
administrativamente a interrupção da cobrança dos valores que
entende indevidos. Para a hipótese narrada, como advogado de uma instituição de direitos
humanos, assinale a opção processual prevista pela Constituição da
Z Anotações/Comentários República.
(a) As associações independem de autorização para seu funcio- a) O MPF deve ingressar com ação diretamente no Supremo Tribunal
namento, nos termos do art. 5º, XVIII da CF/88. No entanto, nos termos Federal para assegurar o direito de acesso à justiça.
do art. 5º, XX da CF/88, ninguém pode ser compelido a associar-se ou b) O advogado deve apresentar pedido de avocatória no Superior
a permanecer associado, de modo que, não tendo ele manifestado Tribunal de Justiça, a fim de que se garanta a continuidade das
interesse em ingressar na referida entidade associativa, não poderá ser investigações.
cobrado, podendo pleitear judicialmente a interrupção da cobrança. c) O Procurador Geral da República deve suscitar, perante o Superior
(b) Não gozam de proteção absoluta. De fato, independem de Tribunal de Justiça, incidente de deslocamento de competência
autorização judicial, conforme indicado no comentário da alternativa para a Justiça Federal.
“a” e, para que tenham suas atividades suspensas, basta a decisão
d) O advogado deve ajuizar ação competente junto à Corte Interame-
judicial, não se exigindo o trânsito em julgado, conforme indica o art.
ricana de Direitos Humanos.
5º, XIX da CF/88.
(c) Não se admite a associação compulsória, nos termos do art. Z Anotações/Comentários
5º, XX da CF/88.
Nos termos do art. 109, §5º da CF/88, nas hipóteses de grave viola-
(d) Podem sir ser objeto de intervenção do Poder Judiciário, con- ção de direitos humanos, poderá o Procurador-Geral da República susci-
forme art. 5º, XIX da CF/88. tar perante o Superior Tribunal de Justiça o incidente de deslocamento
Gabarito: A
de competência para a Justiça Federal, que tem por finalidade assegurar

109. (FGV/OAB/XXVI_Exame – 2018) Antônio, líder ativista que o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais
defende a proibição do uso de quaisquer drogas, cientifica as autori- de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, o que pode ser feito
dades sobre a realização de manifestação contra projeto de lei sobre a em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento
liberação do uso de entorpecentes. de competência para a Justiça Federal. Trata-se de evidente violação de
Marina, líder ativista do movimento pela liberação do uso de toda e qual- direitos humanos, sendo essa a única alternativa cabível.
Gabarito: C
quer droga, ao tomar conhecimento de tal evento, resolve, então, sem

solicitar autorização à autoridade competente, marcar, para o mesmo 111. (FGV/OAB/XXV_Exame – 2018) Jean Oliver, nascido em Paris, na
dia e local, manifestação favorável ao citado projeto de lei, de forma a França, naturalizou-se brasileiro no ano de 2003. Entretanto, no ano de
impedir a propagação das ideias defendidas por Antônio. 2016, foi condenado, na França, por comprovado envolvimento com trá-
Nesse sentido, segundo o sistema jurídico-constitucional brasileiro, fico ilícito de drogas (cocaína), no território francês, entre os anos de 2010
assinale a afirmativa correta. e 2014. Antes da condenação, em 2015, Jean passou a residir no Brasil.
a) Marina pode dar continuidade à sua iniciativa, pois, com funda- A França, com quem o Brasil possui tratado de extradição, requer a
mento no princípio do Estado Democrático, está amplamente livre imediata extradição de Jean, a fim de que cumpra, naquele país, a pena
para expressar suas ideias. de oito anos à qual foi condenado.
b) Marina não poderia dar continuidade à sua iniciativa, pois o direito Apreensivo, Jean procura um advogado e o questiona acerca da pos-
de reunião depende de prévia autorização por parte da autoridade sibilidade de o Brasil extraditá-lo. O advogado, então, responde que,
competente. segundo o sistema jurídico-constitucional brasileiro, a extradição
c) Marina não poderia dar continuidade à sua iniciativa, já que sua a) não é possível, já que, a Constituição Federal, por não fazer distin-
reunião frustraria a reunião de Antônio, anteriormente convocada ção entre o brasileiro nato e o brasileiro naturalizado, não pode
para o mesmo local. autorizar tal procedimento.
b) não é possível, pois o Brasil não extradita seus cidadãos nacionais c) necessita de previsão legislativa ordinária, já que a criação de juí-
naturalizados, por crime comum praticado após a oficialização do zos é competência do Poder Legislativo, após iniciativa do Poder
processo de naturalização. Judiciário.
c) é possível, pois a Constituição Federal prevê a possibilidade de d) pressupõe a necessária alteração da Constituição da República
extradição em caso de comprovado envolvimento com tráfico de 1988, por via de emenda, de maneira a suprimir a vedação ali
ilícito de drogas, ainda que praticado após a naturalização. existente.
d) é possível, pois a Constituição Federal autoriza que o Brasil extradite
qualquer brasileiro quando comprovado o seu envolvimento na
prática de crime hediondo em outro país. (a) não é admissível a criação de um tribunal de exceção, ainda que
com suposto apoio popular, tendo em vista a necessidade de um juízo
Z Anotações/Comentários natural preestabelecido pelo ordenamento jurídico.
(a) A Constituição faz distinções entre brasileiros natos e naturali- (b) a situação descrita no enunciado se refere à instituição de um
zados em diversas passagens, dentre as quais o art. 5º, LI da CF/88, que tribunal de exceção. Tribunal de exceção é aquele instituído em caráter
trata da extradição. temporário para o julgamento de caso ou casos específicos de delitos
(b) A alternativa, quanto à afirmação de que o Brasil não extradita cometidos – portanto, são criados de modo específico. O tribunal de
brasileiros naturalizados por crimes comuns praticados após a natura- exceção não é compatível com o Estado Democrático de Direito por dois
lização, está correta. No entanto, no caso não estamos diante de crime motivos principais: primeiramente, por ser criado para o julgamento de
comum, mas sim de tráfico ilícito de entorpecentes, sendo, portanto, casos específicos, tende-se a haver também um pré-direcionamento
possível a extradição. para as decisões. Em segundo lugar, o réu tende a perder várias garan-
tias processuais, como a garantia do juiz natural, ou a possibilidade do
(c) O art. 5º, LI da CF/88 traz limitações à extradição: brasileiros natos duplo grau de jurisdição, de modo que há grande insegurança jurídica.
não serão extraditados em nenhuma hipótese; brasileiros naturalizados O exemplo mais famoso de criação de tribunal de exceção é do Tribunal
somente serão extraditados em caso de crime comum cometido antes de Nuremberg, formado para o julgamento de oficiais e militares de
da naturalização ou em caso de tráfico ilícito de entorpecentes, mesmo alta patente do regime nazista. O Brasil, sob a égide da Constituição de
após a naturalização; por sua vez, estrangeiros não serão extraditados 1988, pretendeu se consolidar como Estado Democrático de Direito e
por crimes políticos ou de opinião. proibiu a criação de tribunais de exceção no art. 5º, inciso XXXVII,
(d) Não se admite, em nenhuma hipótese, a extradição de da CF, constando no rol de direitos individuais e coletivos.
brasileiros natos. (c) a assertiva não está em conformidade com o ordenamento
Gabarito: C
jurídico brasileiro ou com as diretrizes de um Estado Democrático de

112. (FGV/SEFIN-RO/Técnico Tributário – 2018) Após amplas apu- Direito.
rações, determinado fiscal constatou a possível prática, por um grupo (d) conforme anteriormente exposto para a assertiva “b”, a proibi-
de pessoas, de crimes contra a ordem tributária, encaminhando peças ção da criação de tribunal de exceção consta no art. 5º, inciso XXXVII,
de informação ao Ministério Público, que realizou novas investigações, da CF, elencado no rol dos direitos e garantias individuais e coletivas.
desta feita sob o prisma criminal. Foi apurado que existiam provas da De acordo com o art. 60, § 4º, inciso IV, da CF, não é possível a elabora-
prática dos referidos crimes na casa de João, um dos suspeitos. À luz ção de emenda constitucional que vise a abolir os direitos e garantias
da sistemática constitucional afeta aos direitos e deveres individuais, é fundamentais. Portanto, é vedada a propositura de emenda para que
correto afirmar que os agentes do Ministério Público haja a instituição de um tribunal de exceção, nos moldes apresentados
a) poderiam ingressar a qualquer momento na casa de João, sem o pela assertiva.
Gabarito: B
seu consentimento, independentemente de ordem judicial.

b) somente poderiam ingressar na casa de João com o seu consenti- 114. (FGV/OAB/XXII_Exame – 2017) A teoria dimensional dos direitos
mento. fundamentais examina os diferentes regimes jurídicos de proteção
desses direitos ao longo do constitucionalismo democrático, desde
c) poderiam ingressar na casa de João, sem o seu consentimento, com
as primeiras Constituições liberais até os dias de hoje. Nesse sentido,
ordem judicial e somente durante o dia.
a teoria dimensional tem o mérito de mostrar o perfil de evolução da
d) poderiam ingressar na casa de João, sem o seu consentimento, com proteção jurídica dos direitos fundamentais ao longo dos diferentes
ordem judicial, de dia ou à noite. paradigmas do Estado de Direito, notadamente do Estado Liberal de
e) poderiam ingressar na casa de João, sem sua autorização, com Direito e do Estado Democrático Social de Direito. Essa perspectiva,
ordem judicial, que deve indicar o horário da diligência. calcada nas dimensões ou gerações de direitos, não apenas projeta o
caráter cumulativo da evolução protetiva, mas também demonstra o
Z Anotações/Comentários contexto de unidade e indivisibilidade do catálogo de direitos funda-
mentais do cidadão comum.
Nos termos do art. 5º, XI da CF/88, a casa é asilo inviolável do indiví-
duo, ninguém podendo nela penetrar sem consentimento do morador. A partir dos conceitos da teoria dimensional dos direitos fundamentais,
No entanto, o próprio dispositivo constitucional traz ressalvas: em caso assinale a afirmativa correta.
de flagrante delito, desastre, para prestar socorro ou durante o dia, por a) Os direitos estatais prestacionais, ligados ao Estado Liberal de
determinação, admite-se que se penetre mesmo sem o consentimento Direito, nasceram atrelados ao princípio da igualdade formal
do morador. perante a lei, perfazendo a primeira dimensão de direitos.
Gabarito: C
b) A chamada reserva do possível fática, relacionada à escassez de

113. (FGV/OAB/XXIV_Exame – 2017) Atos generalizados de violência recursos econômicos e financeiros do Estado, não tem nenhuma
e vandalismo foram praticados nas capitais de alguns estados do país, influência na efetividade dos direitos fundamentais de segunda
com ações orquestradas pelo crime organizado. Identificados e presos dimensão do Estado Democrático Social de Direito.
alguns dos líderes desses movimentos, numerosos políticos, com apoio c) O conceito de direitos coletivos de terceira dimensão se relaciona
popular, propuseram a criação, pela forma juridicamente correta, de um aos direitos transindividuais de natureza indivisível de que sejam
juízo especial para apreciação desses fatos, em caráter temporário, a fim titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de
de que o julgamento dos líderes presos se revele exemplar. fato, como ocorre com o direito ao meio ambiente.
Ao submeterem essa ideia a um advogado constitucionalista, este d) Sob a égide da estatalidade mínima do Estado Liberal, os direitos
afirma que, segundo a ordem jurídico-constitucional brasileira, a cria- negativos de defesa dotados de natureza absenteísta são correta-
ção de tal juízo mente classificados como direitos de primeira dimensão.
a) é constitucional, pois o apoio popular tem o condão de legitimar
a atuação do poder público, ainda que esta seja contrária ao orde- Z Anotações/Comentários
namento jurídico vigente. A questão tem alto nível de dificuldade e imprime uma nova ten-
b) é inconstitucional, em razão de vedação expressa da Constituição dência de cobrança doutrinária quanto à temática dos direitos funda-
da República de 1988 à criação de juízo ou tribunal de exceção. mentais. É importante estar atento para as próximas provas.
(a) a segunda (não primeira) geração ou dimensão é a dos direitos Em função do exposto, e com base na Constituição da República, assi-
econômicos, sociais e culturais. Nasceram ligados ao valor da igualdade nale a afirmativa correta.
(não da liberdade) e se liga ao Estado Social (não liberal). Seu marco a) Maria foi privada de um direito por motivo de convicção filosófica
histórico é o início do no século XX, pautado por revoluções sociais que ou política e, portanto, as autoridades competentes da instituição
se apresentaram como reações aos abusos do liberalismo. Parte da bur- de ensino devem assegurar a ela o direito de ter vista de prova e,
guesia que era oprimida no governo oligárquico passou a ser dominante se for o caso, de pedir a revisão da correção.
e exploradora da atividade econômica, impondo jornadas de trabalho
b) Houve um debate livre e legítimo em sala de aula e a postura do
exaustivas e um mínimo de direitos trabalhistas e previdenciários aos
professor pode ser considerada “dura”, mas não implicou nenhum
proletariados. O povo passou a requerer do Estado o valor da igualdade,
tipo de violação de direito de Maria.
o que somente se tornaria possível como uma ação interventiva. Por esse
motivo é que essa geração é reconhecida como a dos direitos positivos, c) Embora tenha havido um debate acerca de uma questão que
com destaque para os direitos a prestações, ou prestacionais. envolve convicção filosófica ou política, não houve privação de
direito já que a vista de prova e o eventual pedido de revisão da
(b) em resumo, a reserva do possível enuncia que os recursos esta-
correção está contido apenas no regimento da instituição de ensino
tais são finitos e, portanto, incapazes de atender a todas as demandas
e não na legislação pátria.
sociais. De acordo com o STF, “A cláusula da reserva do possível – que
não pode ser invocada, pelo Poder Público, com o propósito de frau- d) A solução do impasse instaurado entre a aluna e o professor
dar, de frustrar e de inviabilizar a implementação de políticas públicas somente pode acontecer mediante o diálogo entre as duas partes,
definidas na própria Constituição – encontra insuperável limitação na em que cada um considere seus eventuais excessos, uma vez que o
garantia constitucional do mínimo existencial, que representa, no con- que houve foi um mero desentendimento e não uma violação de
texto de nosso ordenamento positivo, emanação direta do postulado direito por convicção filosófica ou política.
da essencial dignidade da pessoa humana. (...) A noção de ‘mínimo
existencial’, que resulta, por implicitude, de determinados preceitos
constitucionais (CF, art. 1º, III, e art. 3º, III), compreende um complexo de O tema central da questão aborda o direito à inviolabilidade de
prerrogativas cuja concretização revela-se capaz de garantir condições liberdade de consciência, direito garantido na CF/88. Maria não deve ter
adequadas de existência digna, em ordem a assegurar, à pessoa, acesso seu pedido de vista ou correção rejeitado, primeiro porque expressar
efetivo ao direito geral de liberdade e, também, a prestações positivas suas convicções políticas ou filosóficas constitui direito individual (art.
originárias do Estado, viabilizadoras da plena fruição de direitos sociais 5º, VIII), segundo porque a vista e correção de prova são direitos con-
básicos, tais como o direito à educação, o direito à proteção integral da templados no regimento interno da instituição de ensino.
criança e do adolescente, o direito à saúde, o direito à assistência social, A circunstância de Maria ter chamado o professor de machista não
o direito à moradia, o direito à alimentação e o direito à segurança. foi abordada nas alternativas e por isso não será objeto de análise, mas
Declaração Universal dos Direitos da Pessoa Humana, de 1948 (Artigo certamente não permitiria a retirada de vista ou correção de prova.
XXV).” (ARE 639.337, julgado em 2011 e relatado pelo Ministro Celso de Gabarito: A
Mello). Assim, é certo que a reserva do possível tem influência sobre
a efetivação dos direitos fundamentais. 116. (FGV/OAB/XX_Exame/Prova reaplicada Salvador-BA – 2016)
Com a promulgação da Constituição de Weimar, em 1919, ocorreram
(c) a terceira geração ou dimensão é a dos direitos de solidariedade. transformações paradigmáticas no regime jurídico de proteção dos
O valor que a caracteriza é a fraternidade. Há quem diga que se refere direitos fundamentais, o que alterou a concepção negativa do papel do
aos direitos coletivos, também chamados de direitos transindividuais Estado, que apenas consagrava as liberdades individuais e a igualdade
ou difusos. Tal geração tem seu marco inicial segunda metade do século formal perante a lei. Com o advento da referida ordem constitucional, o
XX, por volta de 1970, época em onde alguns documentos internacionais Estado deve agir, positivamente, para garantir as condições materiais de
despertaram a atenção de países para a criação de direitos coletivos, vida digna para todos e para a proteção dos hipossuficientes.
a exemplo do direito ao meio ambiente equilibrado, o direito a paz
Esse texto descreve o ambiente em que o Direito Constitucional Positivo
e autodeterminação dos povos. As diferenças técnicas entre direitos
difusos e coletivos estão fixadas no parágrafo único do art. 81 do CDC: a) estabeleceu os direitos individuais negativos de primeira dimensão.
“A defesa coletiva será exercida quando se tratar de: I – interesses ou b) consagrou os direitos sociais prestacionais de segunda dimensão.
direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os tran-
c) definiu os direitos transindividuais de solidariedade de terceira
sindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas dimensão.
indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato; II – interesses ou
direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os tran- d) instituiu os direitos humanos metaconstitucionais de quarta dimen-
sindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria são.
ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma
relação jurídica base. Assim o erro da alternativa está em afirmar
que os direitos coletivos são os de origem comum, pois essa é A questão trata dos direitos fundamentais e suas dimensões,
característica dos direitos difusos. especificamente dos direitos sociais. “Direitos de segunda dimensão
(d): a doutrina classifica os direitos humanos e os fundamentais [...] Esses direitos, reconhecidos no século XX, sobretudo após a pri-
em gerações ou dimensões de direitos. A primeira geração ou dimen- meira Guerra Mundial, compreendem os direitos sociais, os direitos
são é aquela que reúne os direitos civis e políticos. Tem como marco econômicos e os direitos culturais. São denominados de direitos de
fundamental o valor da liberdade. Essa geração remete ao final do igualdade, porque animados pelo propósito de reduzir material e
século XVIII, que ficou marcado pelas diversas revoluções liberais concretamente as desigualdades sociais [...] Esses direitos, por sua vez,
contra governos oligárquicos. Nesse contexto, o desejo do povo era exigem atuações positivas do Estado, sob a forma de fornecimento de
que o Estado interferisse menos em suas vidas (estatalidade mínima), prestações [...] Deve-se à Constituição da República de Weimar, de 11
ficando garantida a liberdade. Os direitos de primeira geração também de agosto de 1919, a sistematização e o reconhecimento, em termos
definitivos, desses direitos”. (Dirley da Cunha Júnior, Curso de Direito
são chamados de negativos, pois exigem uma postura abstencionista
Constitucional, Editora Juspodivm).
do Estado. Exemplos: liberdade de reunião, liberdade de associação,
liberdade partidária e habeas corpus. Para não esquecer:
Gabarito: D
• Direitos de primeira dimensão: direitos civis e políticos.

115. FGV/OAB/XXI_Exame – 2016) Maria é aluna do sexto período do • Direitos de segunda dimensão: direitos sociais, econômicos e culturais.
curso de Direito. Por convicção filosófica e política se afirma feminista • Direitos de terceira dimensão: direitos relacionados à fraternidade.
e é reconhecida como militante de movimentos que denunciam o
machismo e afirmam o feminismo como ideologia de gênero. Após um • Direitos de quarta dimensão: direitos relacionados à democracia,
confronto de ideias com um professor em sala de aula e de chamá-lo informação e pluralismo.
Gabarito: B
de machista, Maria é colocada pelo professor para fora de sala e, pos-

teriormente, o mesmo não lhe dá a oportunidade de fazer a vista de 117. (FGV/OAB/XX_Exame/Reaplicação Salvador/BA – 2016) Com
sua prova para um eventual pedido de revisão da correção, o que é um a promulgação da Constituição de Weimar, em 1919, ocorreram trans-
direito previsto no regimento da instituição de ensino. formações paradigmáticas no regime jurídico de proteção dos direitos
fundamentais, o que alterou a concepção negativa do papel do Estado, guarida constitucional (art. 5º, VII, da CF). Em diversos incisos do art. 5º
que apenas consagrava as liberdades individuais e a igualdade formal o legislador trata de várias facetas da liberdade de consciência, crença
perante a lei. Com o advento da referida ordem constitucional, o Estado e culto: livre exercício dos cultos religioso; proteção aos locais de culto
deve agir, positivamente, para garantir as condições materiais de vida e a suas liturgias; vedação a privação de direitos por motivo de crença
digna para todos e para a proteção dos hipossuficientes. religiosa, filosófica ou política; e, por fim, assistência religiosa a pessoas
Esse texto descreve o ambiente em que o Direito Constitucional Positivo internadas em entidades civis e militares de internação coletiva.
Gabarito: B
a) estabeleceu os direitos individuais negativos de primeira dimensão.

119. (FGV/DPE-RO/Analista da Defensoria Pública – Analista Jurí-
b) consagrou os direitos sociais prestacionais de segunda dimensão. dico – 2016) Pedro e Ernesto, renomados advogados, travaram um
c) definiu os direitos transindividuais de solidariedade de terceira intenso debate a respeito das garantias constitucionais do direito
dimensão. adquirido e do ato jurídico perfeito. Por fim, convergiram a respeito da
d) instituiu os direitos humanos metaconstitucionais de quarta dimen- constitucionalidade de uma única tese, dentre as inúmeras que haviam
são. sido debatidas, qual seja:
a) no momento em que o servidor público toma posse no cargo,
Z Anotações/Comentários surge o direito adquirido ao regime jurídico então vigente, de
A doutrina classifica os direitos humanos e os fundamentais em modo que as alterações posteriores não podem alcançá-lo;
gerações ou dimensões de direitos. Os direitos civis e políticos seriam os b) a ordem de vocação hereditária deve observar as normas vigentes
de primeira geração ou dimensão, caracterizados pelo valor liberdade. à época da abertura do inventário, não podendo ser invocada a lei
Já os direitos econômicos, sociais e culturais seriam os de segunda anterior, vigente à época do óbito;
geração ou dimensão, caracterizados pelo valor igualdade. Por fim, os c) a garantia do direito adquirido, enquanto projeção direta da dig-
direitos de solidariedade ou fraternidade seriam os de terceira geração nidade humana, é oponível ao próprio Constituinte originário;
ou dimensão, caracterizados pelo valor solidariedade ou fraternidade.
Estes direitos formariam, assim, um conjunto indivisível de direitos d) o preenchimento dos requisitos para a aposentadoria faz surgir o
direito adquirido, ainda que o requerimento seja formulado após
fundamentais, entre os quais não há qualquer relação hierárquica.
a vigência da lei que os modificou;
(a) o texto não condiz com os direitos individuais negativos de
e) os efeitos futuros de contrato celebrado sob a égide da lei anterior
primeira dimensão. A Constituição de Weimar de 1919 relaciona-se com
devem ser regidos pela lei vigente à época em que se projetem na
os direitos sociais prestacionais de segunda dimensão.
realidade.
(b) as Constituições de Weimar (1919) e a Constituição Mexicana de
1917 foram as Cartas mais marcantes na consagração dos direitos sociais Z Anotações/Comentários
prestacionais de segunda dimensão. Acerca desses direitos, preleciona
Dirley da Cunha Júnior: “É no século XX, sobretudo após a Primeira (a): não há direito adquirido de regime jurídico ao servidor público,
Grande Guerra, que esses novéis direitos fundamentais passaram a ser conforme jurisprudência do STF: RE 227755, AgRE 597738/ES, AgRE
841839/RS, RE 653736.
reconhecidos, cabendo a primazia à Constituição Mexicana de 1917,
seguida pela Constituição russa de 1918. Todavia, deve-se à Constituição (b): de acordo com o art. 1.787 do Código Civil, a sucessão se dá
da República de Weimar, de 11 de agosto de 1919, a sistematização e o pela lei vigente no momento do óbito.
reconhecimento, em termos definitivos, desses direitos.” (Curso de direito (c): não há garantia de direito adquirido quando da edição de nova
constitucional. 10. ed. Salvador: Juspodivm, 2016, p. 525.). Constituição, visto que o Poder Constituinte Originário é juridicamente
(c) o texto não descreve o ambiente em que o Direito Constitucional ilimitado.
Positivo definiu os direitos transindividuais de solidariedade de terceira (d): o direito adquirido ao regime surge no momento no do preen-
dimensão, pois está relacionado com os direitos sociais prestacionais chimento de seus requisitos de acordo com determinando regime
de segunda geração, possuindo como um dos marcos históricos a vigente, independentemente do momento de seu requerimento.
Constituição de Weimar de 1919. Salienta-se que Emenda Constitucional não pode violar direito adqui-
(d) os principais valores dos direitos humanos de quarta geração rido, posto se tratar de direito individual protegido por cláusula pétrea
são a democracia direta e a biotecnologia. A Constituição de Weimar (art. 60, § 4º, da CF).
(1919) não se relaciona com tais direitos, mas com os direitos de segunda (e): caso o contrato seja celebrado antes da vigência da lei, esta não
geração. alcança os efeitos futuros daquele, sob pena de violação ao ato jurídico
Gabarito: B
perfeito. É essa a interpretação consolidada no art. 2.035 do Código

118. (FGV/OAB/XIX_Exame – 2016) José, internado em um hospital Civil. Ademais, a impossibilidade da incidência de lei nova em efeitos
público para tratamento de saúde, solicita a presença de um pastor futuros de contratos celebrados antes da vigência daquela também foi
para lhe conceder assistência religiosa. O pedido, porém, é negado pela pacificada no STF, em sede de julgamento de Agravo de Instrumento
direção do hospital, sob a alegação de que, por se tratar de instituição nº 244.578/RS (julgamento em 23/06/1999).
Gabarito: D
pública, a assistência não seria possível em face da laicidade do Estado.

Inconformado, José consulta um advogado. 120. (FGV/PGE-RO/Analista da Procuradoria – Processual – 2016)
Após a análise da situação, o advogado esclarece, com correto emba- Inácio procurou um advogado e decidiu inteirar-se a respeito da siste-
samento constitucional, que mática constitucional afeta aos direitos e garantias fundamentais. À luz
da Constituição da República Federativa do Brasil, é correto afirmar que:
a) a negativa emanada pelo hospital foi correta, tendo em vista que
a Constituição Federal de 1988, ao consagrar a laicidade do Estado a) tanto os direitos individuais como os direitos sociais estão incluídos
brasileiro, rejeita a expressão religiosa em espaços públicos. na categoria mais ampla dos “direitos de defesa”;
b) a direção do hospital não tem razão, pois, embora a Constituição b) a justiciabilidade dos direitos sociais, pelo Poder Judiciário, não
Federal de 1988 reconheça a laicidade do Estado, a assistência apresenta nenhuma distinção substancial em relação aos direitos
religiosa é um direito garantido pela mesma ordem constitucional. individuais;
c) a correção ou incorreção da negativa da direção do hospital c) os direitos sociais costumam ter sua exigibilidade condicionada à
depende de sua consonância, ou não, com o regulamento da prévia integração pela legislação infraconstitucional;
própria instituição, já que se está perante direito disponível. d) a denominada “reserva do possível” é aplicada, indistintamente,
d) a decisão sobre a possibilidade, ou não, de haver assistência reli- com igual intensidade, aos direitos individuais e aos sociais;
giosa em entidades públicas de saúde depende exclusivamente e) os direitos sociais, pelas suas próprias características existenciais,
de comando normativo legal, já que a temática não é de estatura não podem ser fruídos por uma única pessoa.
constitucional.
(a) os direitos de defesa são aqueles que têm status negativo
Independentemente de ser uma instituição pública, não fere a quanto à atuação estatal, de modo que o Estado tem o dever de não
laicidade do Estado a assistência religiosa, direito este que encontra intervir no espaço reservado à autodeterminação do indivíduo. Estão
relacionados, portanto, aos direitos individuais de primeira geração. Já

122. (FGV/Prefeitura Municipal de Paulínia/Procurador – 2016)
os direitos sociais são aqueles que têm status positivo, relacionando-se
Determinado Prefeito Municipal tinha a intenção de encaminhar projeto
com a função de proteção perante terceiros, cabendo ao Estado pres-
de lei à Câmara dos Vereadores disciplinando a concessão de direitos
tações jurídicas e materiais para tanto. Portanto, os direitos sociais se
sociais a certa camada da população. No entanto, tinha dúvidas a res-
classificam como direitos prestacionais.
peito da compatibilidade dessa iniciativa com a ordem constitucional,
(b) A dimensão subjetiva dos direitos fundamentais sociais faculta mais especificamente com o princípio da igualdade, consagrado no
ao titular a exigência de uma ação do Estado, nos moldes dos direitos Art. 5°, caput, da Constituição da República Federativa do Brasil. Em
de segunda geração (exigência de prestações positivas, como políticas seu entender, a igualdade exigiria que os direitos sociais fossem igua-
públicas e serviços, para a efetivação destes direitos). Já no caso dos litariamente oferecidos a todos, independentemente de suas caracte-
direitos de primeira geração, os direitos individuais, a exigência na Jus- rísticas pessoais. Para sanar suas dúvidas, solicitou o pronunciamento
tiça é no sentido de abstenção do Estado de interferir na esfera privada. da Procuradoria do Município, que exarou alentado parecer a respeito
(c) os direitos sociais previstos no texto constitucional são, geral- dessa temática.
mente, normas declaratórias de princípios programáticas e, portanto, À luz da presente narrativa, assinale a opção que se harmoniza com as
são chamados de normas de eficácia limitada, visto que dependem construções teóricas em torno da igualdade.
de atuação estatal positiva para a sua concretização. Por exemplo,
a) Os conceitos de igualdade formal e de igualdade material apresen-
dependem de leis que os regulamentem, implementação de políticas
tam uma relação de sobreposição, de modo que a ideia do Prefeito
públicas e demais prestações positivas aos indivíduos.
não seria harmônica com a Constituição.
(d) para que os direitos sociais sejam concretizados, devem-se
b) O conceito de igualdade, tal qual consagrado na Constituição, não
haver recursos financeiros disponíveis no Estado para tanto, visto serem
se projeta sobre as políticas públicas a cargo do Poder Executivo.
indispensáveis para a promoção de políticas públicas, por exemplo.
Deste modo, a cláusula da reserva do possível se aplica com maior c) As ações afirmativas excepcionam a igualdade formal em prol da
intensidade aos direitos sociais que os direitos individuais. Estes últimos construção da igualdade material, sendo incorreto afirmar que
têm, geralmente, eficácia plena, por dizerem respeito a direitos que sempre serão incompatíveis com a Constituição.
podem ser exercidos pelos indivíduos sem que haja norma reguladora d) O conceito constitucionalmente adequado de igualdade é somente
ou implementação de políticas públicas para tanto. aquele de ordem formal, de modo que qualquer tratamento dife-
(e) os direitos sociais podem ter titulares determinados, porque renciado entre as camadas da população é inconstitucional.
é um conjunto de direitos distintos, e cada qual possui um feixe de e) As ações afirmativas jamais acarretam o surgimento da denominada
posições jurídicas fundamentais. Alguns têm titularidade individual “discriminação reversa”, logo, a ideia do Prefeito não se mostra
(por exemplo, a concessão de medicamentos a um indivíduo é desdo- incompatível com a Constituição.
bramento do direito social à saúde), enquanto outros têm titularidade
coletiva (por exemplo, a implementação do Programa Minha Casa Minha Z Anotações/Comentários
Vida tem titulares determináveis numa coletividade, desdobramento
(a) as ideias de igualdade formal e material não se sobrepõem, são
do direito social à moradia).
Gabarito: C distintas, conforme explicações à alternativa “c”. Ademais, as ações afir-
mativas são compatíveis com a Constituição, conforme jurisprudência
121. (FGV/PGE-RO/Técnico da Procuradoria – Sem especialidade – pacificada do STF.
2016) Pedro e Ernesto travaram ampla discussão a respeito da essência (b) o Poder Executivo, assim como o Judiciário e o Legislativo, é
e do alcance dos direitos e garantias fundamentais consagrados na responsável para que se atinja a igualdade formal e material.
Constituição da República Federativa do Brasil. É correto afirmar que
os direitos fundamentais: (c) a questão trabalha a distinção entre o conceito de igualdade
formal e igualdade material. A igualdade formal, trazida no caput do
a) sempre dizem respeito à vida, fundamento de existência da pessoa art. 5º, é aquela que não estabelece distinções entre as pessoas. Entre-
humana; tanto, a padronização pode gerar desigualdades, porque nem todas
b) somente estão ao alcance dos brasileiros, residam, ou não, no as pessoas estão no mesmo patamar de direitos e condições, de modo
território nacional; que o tratamento absolutamente igualitário tende a gerar resultados
c) sempre dependem de lei regulamentadora para que possam completamente distintos – e desiguais. A igualdade material, portanto,
beneficiar alguém; leva em consideração as diferentes situações em que se inserem as
pessoas, de modo que, para alcançar a igualdade, é necessário adotar
d) não são extensivos aos estrangeiros residentes no território nacio-
medidas diferenciadas para cada camada da situação. É bem ilustrada
nal;
por célebre frase de Aristóteles: “devemos tratar os iguais igualmente
e) estão previstos de maneira exemplificativa na ordem constitucio- e os desiguais desigualmente, na medida de suas desigualdades”. As
nal. ações afirmativas, então, são políticas públicas geralmente de caráter
temporário que visam à redução de desigualdades decorrentes de dis-
Z Anotações/Comentários criminações históricas e/ou hipossuficiência econômica. Nesse sentido:
(a) os direitos fundamentais nem sempre dizem respeito à vida, STF, ADPF 186, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgada em 26/04/2012.
eles também se referem à liberdade, à igualdade, à segurança, à pro- (d) a alternativa não é compatível com o exposto anteriormente
priedade, conforme art. 5º da CF, dentre outros. para a alternativa correta.
(b) os direitos fundamentais também são extensivos aos estran- (e) as ações afirmativas podem acarretar a discriminação reversa caso
geiros, conforme art. 5º, caput, da CF: “Todos são iguais perante a lei, não sejam bem aplicadas, conforme jurisprudência do STF: “No entanto,
sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e as políticas de ação afirmativa fundadas na discriminação reversa apenas
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, são legítimas se a sua manutenção estiver condicionada à persistência,
à liberdade, à igualdade, (...)”. no tempo, do quadro de exclusão social que lhes deu origem. Caso con-
(c) apenas alguns direitos têm eficácia limitada e dependem de trário, tais políticas poderiam converter-se em benesses permanentes,
atuação do Poder Público, porém há direitos fundamentais de eficácia instituídas em prol de determinado grupo social, mas em detrimento da
plena, também. coletividade como um todo, situação – é escusado dizer – incompatível
com o espírito de qualquer Constituição que se pretenda democrática,
(d): os direitos fundamentais também são extensivos aos estran- devendo, outrossim, respeitar a proporcionalidade entre os meios empre-
geiros, conforme art. 5º, caput, da CF: “Todos são iguais perante a lei, gados e os fins perseguidos” (ADPF 186, rel. Min. Ricardo Lewandowski,
sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e julgado em 26/04/2012).
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, Gabarito: C
à liberdade, à igualdade, (...)”.

123. (FGV/DPE-RO/Técnico da Defensoria Pública – Técnico Admi-
(e) de acordo com o art. 5º, § 2º, da CF, “Os direitos e garantias
nistrativo – 2016) Pedro e Marcelo travaram intensa discussão a res-
expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do
peito da garantia constitucional da irretroatividade da lei, que não pode
regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais
retroagir para prejudicar “o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a
em que a República Federativa do Brasil seja parte”.
Gabarito: E coisa julgada”. É correto afirmar que:
a) somente é considerado adquirido o direito que já foi fruído pelo de mídias sociais, gerente de marketing digital e desenvolvedor de
seu titular; aplicativos móveis. O presidente da sociedade empresária, posicionan-
b) a coisa julgada é formada no momento em que é publicada a do-se contra o pedido formulado, alegou que o exercício de qualquer
decisão judicial sobre certa matéria; atividade laborativa pressupõe a sua devida regulamentação em lei, o
que ainda não havia ocorrido em relação às referidas profissões.
c) o direito adquirido é aquele que já foi incorporado à esfera jurídica
do seu titular, ainda que não tenha sido fruído; Com base na teoria da eficácia das normas constitucionais, é correto
afirmar que o presidente da sociedade empresária
d) o ato jurídico perfeito é aquele que a Justiça declara como tal;
a) argumentou em harmonia com a ordem constitucional, pois o
e) a coisa julgada diz respeito à impossibilidade de retirar do proprie-
dispositivo da Constituição Federal que afirma ser livre o exercício
tário a coisa que recebeu por decisão judicial.
de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações
Z Anotações/Comentários profissionais que a lei estabelecer, possui eficácia limitada, exigindo
regulamentação legal para que possa produzir efeitos.
O direito adquirido é aquele que se aperfeiçoou ao reunir todos os
b) apresentou argumentos contrários à ordem constitucional, pois o
elementos necessários à sua formação, e já se incorporou ao patrimônio
e personalidade de seu titular, ainda que não tenha sido fruído. Ato
de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualifica-
jurídico perfeito, por sua vez, é aquele que já atingiu seu fim e produziu
ções profissionais que a lei estabelecer, possui eficácia contida, de
seus efeitos sob as regras da lei vigente quando da sua prática. Por fim,
modo que, inexistindo lei que regulamente o exercício da atividade
coisa julgada é a decisão judicial irrecorrível e imutável. Se dá quando
profissional, é livre o seu exercício.
da decisão do processo judicial não caiba mais impugnação.
c) apresentou argumentos contrários à ordem constitucional, pois o
Gabarito: C

124. (FGV/TJ-PI/Analista Judiciário – Judiciária – Oficial de Justiça
de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações
Avaliador – 2016) Pedro, pessoa sem qualquer formação jurídica, dese-
profissionais que a lei estabelecer, possui eficácia plena, já que a
java ingressar na casa de Antônio sem a prévia permissão deste último.
liberdade do exercício profissional não pode ser restringida, mas
À luz da sistemática constitucional, é correto afirmar que esse ingresso:
apenas ampliada.
a) poderia ocorrer, em qualquer horário, para fins de socorro;
d) argumentou em harmonia com a ordem constitucional, pois o
b) somente seria possível na hipótese de flagrante delito; dispositivo da Constituição Federal que afirma ser livre o exercício
c) somente poderia ocorrer na hipótese de desastre; de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações
d) poderia ocorrer, por ordem judicial, em qualquer horário; profissionais que a lei estabelecer, não possui nenhuma eficácia,
devendo ser objeto de mandado de injunção para a sua devida
e) somente poderia ocorrer, de dia, na hipótese de flagrante. regulamentação.
O art. 5, inciso XI, da CF estabelece que: “a casa é asilo inviolável
É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, aten-
do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do
didas as qualificações profissionais que a lei estabelecer (art. 5º, XIII). A
morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar
respeito da aplicabilidade das normas constitucionais, o dispositivo
socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial”. Deste modo, a
mencionado é classificado como norma de eficácia contida, ou seja,
única alternativa que se encaixa é a alternativa “a”, restando as demais
aquela que possui aplicabilidade imediata, mas que pode ter sua eficácia
prejudicadas por equívocos por palavras trocadas ou restrições às
restringida por lei posterior. Para o STF, “O art. 5º, XIII, da CR é norma
hipóteses apresentadas pelo texto constitucional.
Gabarito: A
de aplicação imediata e eficácia contida que pode ser restringida pela
legislação infraconstitucional. Inexistindo lei regulamentando o exer-
125. (FGV/OAB/XVIII_Exame – 2015) Luiz é proprietário de uma cício da atividade profissional dos substituídos, é livre o seu exercício”.
grande fazenda localizada na zona rural do Estado X. Lá, cultiva café de (STF, MI 6.113-AgR).
excelente qualidade – e com grande produtividade – para fins de expor- Gabarito: B
tação. Porém, uma fiscalização realizada por agentes do Ministério do

127. (FGV/OAB/XVI_ Exame – 2015) Um grupo autodenominado
Trabalho e do Emprego constatou a exploração de mão de obra escrava.
“Sangue Puro” passou a se organizar sob a forma de associação. No seu
Independentemente das sanções previstas em lei, caso tal prática seja estatuto, é possível identificar claros propósitos de incitação à violência
devidamente comprovada, de forma definitiva, pelos órgãos jurisdicio- contra indivíduos pertencentes a determinadas minorias sociais. Diver-
nais competentes, a Constituição Federal dispõe que sas organizações não governamentais voltadas à defesa dos direitos
a) a propriedade deve ser objeto de desapropriação, respeitado o humanos, bem como o Ministério Público, ajuizaram medidas judiciais
direito à justa e prévia indenização a que faz jus o proprietário. solicitando a sua imediata dissolução.
b) a propriedade deve ser objeto de expropriação, sem qualquer Segundo a Constituição Federal, a respeito da hipótese formulada,
indenização, e, no caso em tela, destinada à reforma agrária. assinale a afirmativa correta.
c) o direito de propriedade de Luiz deve ser respeitado, tendo em a) A associação não poderá sofrer qualquer intervenção do Poder
vista serem as terras em comento produtivas. Judiciário, pois é vedada a interferência estatal no funcionamento
d) o direito da propriedade de Luiz deve ser respeitado, pois a expro- das associações.
priação é instituto cabível somente nos casos de cultura ilegal de b) Caso o pedido de dissolução seja acolhido, a associação poderá ser
plantas psicotrópicas. compulsoriamente dissolvida, independentemente do trânsito em
julgado da sentença judicial.
c) A associação poderá ter suas atividades imediatamente suspensas
Propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde por decisão judicial, independentemente do seu trânsito em jul-
forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a explo- gado.
ração de trabalho escravo serão expropriadas, destinadas à reforma
d) Apenas se justificaria a intervenção estatal se caracterizada a
agrária e a programas de habitação popular. Nesses casos, não será
natureza paramilitar da associação em comento.
devida indenização ao proprietário, além de estar sujeito a outras
sanções previstas em lei (art. 243, da CF/88). Z Anotações/Comentários
Gabarito: B
Tema recorrente em questões da banca, o direito de associação

126. (FGV/OAB/XVI_Exame – 2015) O diretor de RH de uma multina-
é previsto constitucionalmente, mas só é permitido para fins lícitos.
cional da área de telecomunicações, em reunião corporativa, afirmou
Conforme se depreende do enunciado da questão, a incitação à vio-
que o mundo globalizado vem produzindo grandes inovações, exigindo
lência contra minorias é flagrante fim ilícito, e, portanto, é passível de
o reconhecimento de novas profissões desconhecidas até então. Feitas
suspensão por decisão judicial ou dissolução compulsória (neste último
essas considerações, solicitou à diretoria que alterasse o quadro de
caso, apenas após o trânsito em julgado).
cargos e funções da empresa, incluindo as seguintes profissões: gestor Gabarito: C
avisou às autoridades que faria uma reunião na praça da cidade, não

128. (FGV/OAB/XV_Exame – 2014) Pedro promoveu ação em face pode a associação do bairro Y frustrar o direito constitucional da AMA-X.
da União Federal e seu pedido foi julgado procedente, com efeitos Isso não impede que a AMA-Y utilize o mesmo espaço em reunião futura,
patrimoniais vencidos e vincendos, não havendo mais recurso a ser desde que avise as autoridades competentes antes de quaisquer outras
interposto. Posteriormente, o Congresso Nacional aprovou lei, que pessoas ou associações, ou seja, na situação narrada no enunciado, a
foi sancionada, extinguindo o direito reconhecido a Pedro. Após a AMA-X é quem terá direito de utilizar o espaço não porque sempre o
publicação da referida lei, a Administração Pública federal notificou fez, mas sim porque avisou às autoridades antes de outras pessoas ou
Pedro para devolver os valores recebidos, comunicando que não mais organizações sociais.
ocorreriam os pagamentos futuros, em decorrência da norma em foco. Gabarito: B
Nos termos da Constituição Federal, assinale a opção correta.

130. (FGV/OAB/XIV_Exame – 2014) Deise pretende ter acesso a infor-
a) a lei não pode retroagir, porque a situação versa sobre direitos mações pertinentes à atividade estatal que estão em poder de especí-
indisponíveis de Pedro. fico órgão público, aduzindo que todos os dados de interesse coletivo
b) a lei não pode retroagir para prejudicar a coisa julgada formada em ou geral devem ser públicos.
favor de Pedro. Nos termos da Constituição Federal, o direito de acesso às informações
c) a lei pode retroagir, pois não há direito adquirido de Pedro diante estatais
de nova legislação. a) é absoluto, em decorrência da publicidade dos atos.
d) a lei pode retroagir, porque não há ato jurídico perfeito em favor b) tem, como limite, o sigilo imprescindível à segurança do Estado.
de Pedro diante de pagamentos pendentes.
c) depende de autorização excepcional do Executivo.
Z Anotações/Comentários d) está limitado aos dados constantes nos sítios de informações
estatais.
Em face de uma decisão judicial em relação à qual não caibam mais
recursos opera-se a coisa julgada, qualidade que torna o pronuncia- Z Anotações/Comentários
mento judicial imutável. De acordo com o art. 5º, XXXVI, da CF, a lei não
prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. Consoante art. 5º, XXXIII, da CF, todos têm direito a receber dos
Assim é que a nova lei não pode retroagir para prejudicar a coisa julgada órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse
formada em favor de Pedro. coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de res-
Gabarito: B
ponsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à

segurança da sociedade e do Estado. Portanto, não se trata de direito
129. (FGV/OAB/XIV_Exame – 2014) A Sra. Maria da Silva é participante absoluto, nem tampouco que se restringe aos dados constantes de sítios
ativa da AMA-X (Associação de Moradores e Amigos do bairro X). Todos estatais ou que depende de autorização do Executivo.
os dias, no fim da tarde, a Sra. Maria da Silva e um grupo de associados Gabarito: B
reuniam-se na praça da cidade, distribuindo material sobre os pro-

131. (FGV/OAB/XII_Exame – 2013) A Constituição declara que todos
blemas do bairro. A associação convocava os moradores para esses
encontros por meio da rádio da cidade e comunicava, previamente, o podem reunir-se em local aberto ao público. Algumas condições para
local e a hora das reuniões às autoridades competentes. Certa tarde, um que as reuniões se realizem são apresentadas nas alternativas a seguir,
grupo da Associação de Moradores do bairro Y ocupou o local que os à exceção de uma. Assinale-a.
participantes da AMA-X habitualmente utilizavam. O grupo do bairro a) Os participantes não portem armas.
Y não havia avisado, previamente, a autoridade competente sobre o b) A reunião seja autorizada pela autoridade competente.
evento, organizado em espaço público.
c) A reunião não frustre outra reunião anteriormente convocada para
A Sra. Maria da Silva, indignada com a utilização do mesmo espaço, o mesmo local.
e tendo sido frustrada a reunião de seu grupo, solicitou aos policiais
militares, presentes no local, que tomassem as medidas necessárias d) Os participantes reúnam-se pacificamente.
para permitir a realização do encontro da AMA-X.
Em relação à liberdade de associação e manifestação, assinale a afir-
mativa correta. O direito de reunião também é direito individual de expressão
coletiva, cada indivíduo tem o direito de se reunir para expressar sua
a) a AMA-X deve buscar novo local de manifestação, tendo em vista opinião ou simplesmente ouvir, direito que também encontra funda-
que o local de reunião é público e que a associação do bairro Y mento na liberdade de expressão. Conforme art. 5º, XVI, da CF/88, o
possui os mesmos direitos de reunião e manifestação. direito de reunião independe de autorização do poder público, sendo
b) a associação do bairro Y deve buscar novo local de manifestação, apenas necessário o aviso prévio. Ainda, é necessário que a reunião seja
pois não tem o direito de frustrar reunião anteriormente convo- pacífica, sem armas, em local aberto ao público e que não frustre outra
cada para o mesmo local, já que houve prévio aviso à autoridade reunião anteriormente convocada no mesmo local.
competente sobre o uso do espaço público pela AMA-X.
Gabarito: B
c) a AMA-X deve dividir o espaço com a associação do bairro Y, tendo 132. (FGV/OAB/VI_Exame – 2012) A Constituição assegura, entre os
em vista que o local de reunião é público e que o direito à livre direitos e garantias individuais, a inviolabilidade do domicílio, afirmando
manifestação de ideias é garantido. que “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo
d) a associação do bairro Y poderá ser dissolvida por ato da autoridade penetrar sem o consentimento do morador” (art. 5º, XI, CF/88). A esse
pública municipal em razão de não ter comunicado previamente à respeito, assinale a alternativa correta.
Prefeitura a realização de suas reuniões em espaço público. a) O conceito de “casa” é abrangente e inclui quarto de hotel.
b) O conceito de casa é abrangente, mas não inclui escritório de
advocacia.
Vale notar que a FGV tem modificado o conteúdo das questões c) A prisão em flagrante durante o dia é um limite a essa garantia, mas
sobre os direitos individuais e coletivos previstos no art. 5º da CF. apenas quando houver mandado judicial.
Antigamente se cobrava apenas o conteúdo seco dos incisos, mas, nas
últimas provas, a fundação vem trazendo situações-problemas para d) A prisão em quarto de hotel obedecendo a mandado judicial pode
que o candidato resolva com base no que dispõe o texto constitucional. se dar no período noturno.
Assim, durante o estudo, vale a pena pensar sobre a aplicação prática
dos incisos previstos no art. 5º da CF, pois dessa forma o candidato se
preparará melhor para as provas vindouras. (a, b) O conceito de “casa” é bastante amplo, e engloba tanto os
De acordo com o art. 5º, XVI, da CF, todos podem reunir-se pacifica- locais restritos de moradia, quanto os que estão relacionados a trabalho
mente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente ou de habitação coletiva, como é o caso do quarto de hotel e também
de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente do escritório de advocacia.
convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à (c, d) De acordo com o art. 5º, XI, CF, a prisão em flagrante pode ser
autoridade competente. Assim, se a associação do bairro X previamente realizada durante a noite, no caso de flagrante delito, desastre ou para
prestar socorro. Fora dessas hipóteses, ainda que por mandado judicial, (c) A CF/88 prevê que são gratuitas as ações de habeas corpus
a prisão só pode se dar durante o dia. e habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da
Gabarito: A
cidadania (art. 5º, LXXVIII).

133. (FGV/OAB/IV_Exame – 2011) A respeito da garantia constitucional (d) De acordo com o art. 5º, XXXIV, CF, a garantia constitucional
do acesso ao Poder Judiciário, assinale a alternativa correta. do acesso ao Poder Judiciário não depende do pagamento de taxas.
a) O Poder Judiciário admitirá ações relativas à disciplina e às compe-
Gabarito: C
tições desportivas paralelamente às ações movidas nas instâncias 134. (FGV/OAB/III_Exame – 2011) A Constituição garante a plena
da justiça desportiva. liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar
b) De acordo com posição consolidada do Supremo Tribunal Federal, (art. 5º, XVII). A respeito desse direito fundamental, é correto afirmar que
não ofende a garantia de acesso ao Poder Judiciário a exigência de a criação de uma associação
depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial
a) depende de autorização do poder público e pode ter suas ativida-
na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário.
des suspensas por decisão administrativa.
c) A todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a
razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade b) não depende de autorização do poder público, mas pode ter suas
de sua tramitação. atividades suspensas por decisão administrativa.
d) É assegurado a todos, mediante pagamento de taxas, o direito c) depende de autorização do poder público, mas só pode ter suas
de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra atividades suspensas por decisão judicial transitada em julgado.
ilegalidade ou abuso de poder. d) não depende de autorização do poder público, mas só pode ter
suas atividades suspensas por decisão judicial.
O direito de acesso ao Poder Judiciário foi previsto na CF/88 tanto Z Anotações/Comentários
na via repressiva, para evitar lesão, quanto na via preventiva, a fim de
A liberdade de associação é um direito individual de expressão
evitar ameaça a direito.
coletiva, na qual uma união estável de pessoas se associam na busca
(a) Conforme dispõe o art. 217, § 1º, da CF, só será permitida a via de objetivos lícitos.
judicial após se esgotarem as instâncias da Justiça Desportiva, no que
concerne à disciplina e às competições desportivas. De acordo com o art. 5º, XVIII e XIX, da CF, é vedada a interferência
estatal em seu funcionamento e a criação de associações e cooperativas
(b) A assertiva contraria o texto da Súmula Vinculante 28 e, por- independem de autorização, só poderão ser compulsoriamente dissol-
tanto, está incorreta, vejamos: “É inconstitucional a exigência de depó-
vidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se,
sito prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual
no primeiro caso, o trânsito em julgado.
se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário.” Gabarito: D
DIREITO TRIBUTÁRIO
Tatiana Scaranello
Algumas das questões aqui dispostas foram comentadas pela União instituir contribuições sociais para o interesse das categorias pro-
equipe Juspodivm. fissionais. Tome cuidado, pois o § 1º deste mesmo dispositivo menciona
que os demais entes da Federação, podem instituir contribuições para
o regime próprio de previdência dos respectivos servidores públicos.
1. COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA Logo, a alternativa correta é a B, sendo as demais, desta feita, incorretas.
Gabarito: B
135. (FGV/OAB/XXVIII_Exame – 2019) O Distrito Federal instituiu, 137. (FGV/OAB/XX_Exame – 2016) O Estado Alfa institui, por meio de
por lei distrital, a contribuição para o custeio do serviço de iluminação lei complementar, uma taxa pela prestação de serviço público específico
pública. Um contribuinte insurgiu-se judicialmente contra tal cobrança, e divisível. Posteriormente a alíquota e a base de cálculo da taxa vêm a
alegando que a instituição pelo Distrito Federal seria inconstitucional. ser modificadas por meio de lei ordinária, que as mantém em patamares
Diante desse quadro, assinale a afirmativa correta. compatíveis com a natureza do tributo e do serviço público prestado.
a) O contribuinte tem razão, uma vez que, em virtude das peculiarida- A lei ordinária em questão é
des do Distrito Federal, é a União o ente federado competente pela a) Integralmente inválida, pois lei ordinária não pode alterar lei com-
instituição da contribuição para o custeio do serviço de iluminação plementar.
pública na capital federal. b) Parcialmente válida – apenas no que concerne à alteração da base
b) O contribuinte tem razão, uma vez que, em virtude das peculiari- de cálculo, pois a modificação da alíquota só seria possível por meio
dades do Distrito Federal, é o Estado de Goiás o responsável pela de lei complementar.
instituição da contribuição para o custeio do serviço de iluminação c) Parcialmente válida – apenas no que concerne à alteração da alí-
pública na capital federal. quota, pois a modificação da base de cálculo só seria possível por
c) O contribuinte não tem razão, pois o Distrito Federal possui delega- meio de lei complementar.
Direito Tributário
ção de capacidade tributária ativa feita pela União para a cobrança d) Integralmente válida, pois a matéria por ela disciplinada não é
da contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública. constitucionalmente reservada à lei complementar.
d) O contribuinte não tem razão, pois o Distrito Federal pode instituir
a contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública, Z Anotações/Comentários
assim como os Municípios. Vale destacar que a instituição da taxa não é matéria atribuída à
lei complementar, sendo, em regra, utilizada a lei ordinária para tanto.
No entanto, nada obsta que o ente da Federação institua o referido
A COSIP foi instituída mediante a EC 33/2001, a qual inseriu o art. tributo mediante a edição de uma lei complementar. Saiba que refe-
149-A, na CF/88. Como a iluminação pública não é um serviço público rente à matéria objeto de lei ordinária nada impede que o ente edite
divisível, não seria passível de remuneração mediante taxa. Logo, para uma lei complementar, sendo o contrário inviável. No caso em tela, a
fins de não sofrer com a falta de receita oriunda da arrecadação tribu- lei complementar tem natureza formal de lei ordinária, podendo ser
tária, diante da inconstitucionalidade de várias taxas, houve grande alterada mediante lei ordinária, prescindindo de lei complementar.
pressão por parte dos Municípios para criação de um novo tributo. O Em decorrência desta explicação, a alternativa correta é a D, sendo as
Distrito Federal possui natureza jurídica dúplice, isto é, de Município e demais equivocadas.
de Estado, possuindo, portanto, competência para instituir tributos esta-
Gabarito: D
duais e municipais. Desta feita, compreende-se correta a alternativa D. 138. (FGV/OAB/XIX_Exame – 2016) O Estado X, visando aumentar a
A alternativa A está incorreta, uma vez que, conforme explicado, sua arrecadação, instituiu novo imposto, não previsto na Constituição
a competência para instituir a COSIP é dos Municípios e dos Estados, Federal.
sendo a B também equivocada. Por fim, a alternativa C está errada, Sobre a hipótese, assinale a afirmativa correta.
dado que a competência tributária, além de ser do Distrito Federal e
dos Municípios, não há no que se falar sobre delegação da capacidade a) O Estado X pode instituir imposto, mediante lei complementar,
tributária da União ao DF. desde que previsto na Constituição Estadual.
b) Para exercer a competência residual do Estado X, é necessária lei
Gabarito: D
136. (FGV/OAB/XX_Exame – 2016) Determinado ente da Federação de iniciativa do Governador do Estado.

instituiu um tributo incidente sobre a folha de salários e demais ren- c) O Estado X não pode instituir o imposto novo, tendo em vista que
dimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa a competência residual para a instituição de novos impostos é
física que preste serviço a empregador privado, ainda que sem vínculo somente da União.
empregatício, com o objetivo de financiar a seguridade social. Em sin- d) É vedada à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios,
tonia com a CRFB/88, assinale a opção que indica o ente da federação a instituição de impostos não previstos na Constituição Federal.
competente para a instituição do tributo descrito e o nome do tributo
em questão. Z Anotações/Comentários
a) Estados-membros e o Distrito Federal. Contribuição previdenciária.
Para fins de instituição de imposto residual, tem-se que somente
b) União. Contribuição social. a União é competente para tanto, sendo vedada tal atribuição aos
c) União. Imposto sobre a renda. demais entes da Federação. Por conta disso, somente a alternativa C
está correta, sendo as demais equivocadas.
d) Todos os entes da Federação. Contribuições sociais. Gabarito: C
Z Anotações/Comentários 139. (ESAF/ANAC/Especialista em Regulação de Aviação Civil –

2016) A Constituição Federal estabelece taxativamente a competência
Vale mencionar que a questão se refere a empregador privado.
tributária de cada ente político, dessa forma, relativamente ao assunto,
Logo, conforme o art. 149, caput, da CF/88, compete exclusivamente à
podemos dizer:
a) o exercício por um ente político de competência atribuída consti-

141. (ESAF/ESAF/Planejamento e Orçamento – 2015) Sobre os tribu-
tucionalmente a outro é possível havendo acordo entre os entes
tos de competência da União, é correto afirmar que
políticos envolvidos.
a) compete à União instituir imposto sobre a renda e os proventos de
b) a competência pode ser exercida a qualquer tempo, não sendo
qualquer natureza das autarquias e fundações públicas estaduais.
limitada a prazo.
b) compete exclusivamente à União instituir contribuições de natureza
c) o não exercício da competência pode acarretar sua transferência tributária.
a outro ente político independentemente de acordo prévio nesse
sentido. c) compete à União instituir legislativamente contribuições de inte-
resse de categorias econômicas, inclusive a contribuição sindical.
d) a competência para a instituição do imposto extraordinário é
d) compete exclusivamente à União instituir contribuição de melho-
exclusiva dos estados e dos municípios.
ria relativamente a obras públicas levadas a efeito por autarquia
e) no tocante aos impostos, o exercício da competência é partilhado municipal com o emprego de recursos públicos federais a ela
entre os entes políticos. descentralizadas para o desenvolvimento dos respectivos projetos
de engenharia e arquitetura.
e) compete exclusivamente à União, mediante a edição de legislação
A competência tributária é indelegável, diferentemente da capa- complementar, exercer competência tributária residual instituindo
cidade tributária. Logo, a alternativa está errada. taxas não previstas no texto constitucional.
Quanto a B, está correta, dado que a competência tributária é
imprescritível, isto é, o seu exercício pode ocorrer a qualquer tempo.
Está incorreta a alternativa C, já que o não exercício da compe- A alternativa A fere a denominada imunidade recíproca, prevista
tência tributária não permite que outro ente a exerça, nos termos do na CF/88. Vide:
art. 8º, do CTN. Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao con-
tribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
A competência para instituição dos impostos extraordinários de
Municípios
guerra é exclusiva da União, nos termos do art. 154, II, da CF/88. Desta
feita, está errada a alternativa D. VI – instituir impostos sobre:
Quanto aos impostos, a competência tributária é privativa e está a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros
disposta na CF/88, a qual definiu os impostos que cada ente pode Está equivocada a alternativa B, dado que por força do art. 149-A,
instituir. Portanto, está equivocada a alternativa E. CF/88, é de competência dos entes municipais instituírem a denomi-
nada COSIP.
Gabarito: B
140. (ESAF/PFN/Procurador da Fazenda Nacional – 2015) Sobre a Na CF/88 há a previsão da instituição de duas contribuições sin-
competência tributária prevista no CTN, assinale a opção incorreta. dicais, sendo que a primeira não é compulsória e não detém natureza
Direito Tributário
tributária, enquanto que a segunda é tributo. Vide: art. 8.º, IV, a criação
a) Os tributos cuja receita seja distribuída, no todo ou em parte, a
de duas contribuições sindicais, quais sejam:
outras pessoas jurídicas de direito público pertencem à compe-
tência legislativa daquela a que tenham sido atribuídos. a) a contribuição fixada pela assembleia-geral para o custeio do
sistema confederativo do respectivo sindicato;
b) A competência tributária, salvo exceções, é indelegável, podendo
a atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de b) contribuição fixada em lei, cobrada de todos os trabalhadores.
executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria Súmula Vinculante 40: “A contribuição confederativa de que trata o
tributária, ser conferida de uma pessoa jurídica de direito público art. 8º, IV, da Constituição Federal, só é exigível dos filiados ao sindicato
a outra. respectivo. ”
c) A atribuição da função de arrecadar ou fiscalizar tributos, confe- Portanto, está correta a alternativa C.
rida por uma pessoa jurídica de direito público a outra, pode ser A contribuição de melhoria possui o fato gerador que decorre da
revogada, a qualquer tempo e unilateralmente, pela pessoa que a valorização do imóvel, portanto, está errada a alternativa D.
tenha conferido.
Por fim, a alternativa E está equivocada, uma vez que a competência
d) A atribuição das funções de arrecadar tributos pode ser cometida residual só abrange novas contribuições e novos impostos. Vide:
a pessoas jurídicas de direito privado. Art. 154, CF/88. A União poderá instituir:
e) A atribuição das funções de executar leis, serviços, atos ou decisões I – mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo
administrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa anterior, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador
jurídica de direito público a outra, também confere as garantias e os ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição.
privilégios processuais que competem à pessoa jurídica de direito Gabarito: C
público que a cometeu.

142. (ESAF/ESAF/Planejamento e Orçamento – 2015) Sobre os tribu-
tos de competência dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal,
é incorreto afirmar que no vigente sistema constitucional tributário
Os tributos cuja receita seja distribuída, no todo ou em parte, a nacional:
outras pessoas jurídicas de direito público pertencerá à competência a) a instituição de taxas é competência comum da União, dos Estados,
legislativa daquela a que tenham sido atribuídos, nos termos do art. 6º, dos Municípios e do Distrito Federal.
parágrafo único do CTN. Portanto, está correta a alternativa A.
b) a instituição de contribuição previdenciária funcional, cobrada
A alternativa B está incorreta, já que competência tributária jamais de servidores públicos titulares de cargos efetivos para o custeio
será delegável, enquanto que a indelegável, capacidade tributária ativa em seu benefício de regime previdenciário próprio, contributivo
pode ser delegada, nos termos do art. 7º, do CTN. e solidário, é competência comum da União, dos Estados, dos
Consoante disposto no art. 7 § 2º, do CTN, a atribuição pode ser Municípios e do Distrito Federal.
revogada, a qualquer tempo, por ato unilateral da pessoa jurídica de c) a instituição de contribuição de melhoria é competência comum
direito público que a tenha conferido, por isso a alternativa C está correta. da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal.
Também está correta a D, por disposto expresso no art. 7 § 3º, d) a instituição de contribuição de iluminação pública é competência
do CTN que dispõe que não constitui delegação de competência o comum dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal.
cometimento, a pessoas de direito privado, do encargo ou da função e) a instituição do imposto sobre serviços de qualquer natureza é
de arrecadar tributos. Assim como, o § 1º, do mesmo artigo dispõe que competência comum dos Municípios, do Distrito Federal e da União.
a atribuição compreende as garantias e os privilégios processuais que
competem à pessoa jurídica de direito público que a conferir, estando Z Anotações/Comentários
correta a alternativa E.
Gabarito: B A alternativa A está em consonância com o disposto na CF/88. Vide:
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios d) Podem instituir e cobrar seus impostos, desde que seja publicada
poderão instituir os seguintes tributos Medida Provisória autorizando.
II – taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utiliza-
ção, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis,
prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição; A alternativa correta é a C, a qual está em consonância com o §3º,
Também está correta a B, conforme o art. 149 § 1º, da CF/88. Os Esta- do art. 24, da CF/88, sendo que a superveniência de lei federal sobre nor-
dos, o Distrito Federal e os Municípios instituirão contribuição, cobrada mas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.
de seus servidores, para o custeio, em benefício destes, do regime Já a alternativa A está errada, pois o artigo em comento é quanto
previdenciário de que trata o art. 40, cuja alíquota não será inferior à às matérias tratadas por meio de lei complementar, não sendo o caso
da contribuição dos servidores titulares de cargos efetivos da União de afronta a tal dispositivo. As demais assertivas também se encontram
O art. 145, da CF/88 dispõe que “A União, os Estados, o Distrito equivocadas, pois não há exigência de celebração de convênio e de
Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos publicação de medida provisória autorizativa.
Gabarito: C
III – contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.”

145. (FGV/OAB/XV_Exame – 2014) Em dezembro de 2006, foi publi-
Os Estados não detém competência para instituir a COSIP, portanto
cada a Lei Complementar nº 123, que instituiu o Estatuto Nacional da
a alternativa D está equivocada, nos termos do art. 149 –A, da CF/88:
Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, e criou novo regime
Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir de tributação simplificada, abrangendo, além dos impostos e contri-
contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de buições federais, o Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de
iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual
Quanto a E, a instituição do ISS é competência comum dos Municí- e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), bem como o Imposto sobre
pios, do Distrito Federal e da União quando o território não for dividido Serviços de Qualquer Natureza (ISS).
em Municípios, nos termos do art. 147, da CF/88. Portanto, está correta Sobre a hipótese, assinale a afirmativa correta.
a alternativa E. a) A referida lei é inconstitucional, pois é vedada à União instituir
Gabarito: D
benefício fiscal de tributo de competência dos Estados, do Distrito

143. (FGV/OAB/XVII_Exame – 2015) A União instituiu determinado Federal e dos Municípios
tributo federal e conferiu a uma autarquia as tarefas de fiscalizá-lo e b) O regime de tributação simplificada é obrigatório a todos os
arrecadá-lo. contribuintes que cumpram os requisitos previstos na referida lei
Tendo em vista a situação narrada, assinale a opção correta. complementar.
a) A capacidade tributária ativa (realizar atos de fiscalização e arreca- c) A referida lei é inconstitucional, no que se refere ao ICMS, pois
dação) é delegável. institui benefício fiscal do imposto sem a competente autorização
b) Trata-se de caso de delegação da competência tributária da União. por meio de convênio do Conselho Nacional de Política Fazendária
– CONFAZ
Direito Tributário
c) Não é possível que a União revogue, a qualquer tempo e por ato
unilateral, a atribuição que conferiu a tal autarquia. d) Segundo a Constituição Federal, a fiscalização do cumprimento das
obrigações principais e acessórias do regime único de arrecadação
d) Em eventual discussão judicial proposta por um contribuinte do
poderá ser compartilhada pelos entes da Federação.
tributo, a autarquia não terá prazo em dobro para recorrer.
Conforme o art. 146, III, d, da CF/88, caberá à lei complementar
“Competência para legislar sobre direito tributário é o poder cons-
instituir tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas
titucionalmente atribuído para editar leis que versem sobre tributos
e para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou
e relações jurídicas a eles pertinentes. Trata-se de uma competência
simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II, das contri-
genérica para traçar regras sobre o exercício do poder de tributar. (...)
buições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição a que se
competência tributária é política e se refere à possibilidade de editar
refere o art. 239. No parágrafo único do referido artigo, inciso IV, está
lei instituindo o tributo, definindo seus elementos essenciais (fatos
expresso que “a arrecadação, a fiscalização e a cobrança poderão ser
geradores, contribuintes, alíquotas e bases de cálculo). A capacidade
compartilhadas pelos entes federados, adotado cadastro nacional único
ativa decorre da competência tributária, mas possui natureza adminis-
de contribuintes.” Assim sendo, a alternativa D está correta.
trativa, referindo-se às funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou
de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria A alternativa A está incorreta, uma vez que, segundo entendimento
tributária.” (Ricardo Alexandre, Direito Tributário, Editora JusPodivm). do STF, no julgamento do RE 627543, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI,
De acordo com o art. 7º do CTN, a competência tributária é indelegável, Tribunal Pleno, julgado em 30/10/2013, a referida lei complementar é
salvo atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de constitucional.
Gabarito: D
executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria

tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra, 146. (FGV/OAB/X_Exame – 2013) A União criou um novo imposto
nos termos do § 3º do artigo 18 da Constituição (capacidade tributária). não previsto na CRFB mediante lei complementar sobre a propriedade
A referida atribuição compreende as garantias e os privilégios proces- de veículos de duas rodas não motorizados, que adota fato gerador e
suais que competem à pessoa jurídica de direito público que a conferir, base de cálculo diferente dos demais discriminados na Constituição.
inclusive a do prazo em dobro. Destaca-se que a atribuição pode ser
Nessa situação, a União terá feito uso de competência
revogada, a qualquer tempo, por ato unilateral da pessoa jurídica de
direito público que a tenha conferido. a) Comum.
Gabarito: A
b) Residual.
144. (FGV/OAB/XV_Exame – 2014) O Art. 146, III, a, da Constituição c) Cumulativa.
Federal estabelece que lei complementar deve trazer a definição dos
d) Extraordinária.
fatos geradores, da base de cálculo e dos contribuintes dos impostos
previstos na Constituição. Z Anotações/Comentários
Caso não exista lei complementar prevendo tais definições relativa-
Trata-se da competência residual, a qual é exclusiva da União,
mente aos impostos estaduais, os estados.
prevista no art. 154, da CF/88. Vide:
a) Não podem instituir e cobrar seus impostos, sob pena de violação
“Art. 154. A União poderá instituir:
do Art. 146 da Constituição.
I – mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo
b) Podem instituir e cobrar seus impostos, desde que celebrem con-
anterior, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador
vênio para estabelecer normas gerais
ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição. ”
c) Podem instituir e cobrar seus impostos, pois possuem competência
Portanto, a alternativa correta é a letra B.
legislativa plena até que a lei complementar venha a ser editada. Gabarito: B
ITR não constitui exceção a nenhum dos preceitos constitucionais aqui

147. (FGV/OAB/VI_Exame – 2012) A competência tributária não se
considerados (legalidade e anterioridade do exercício e nonagesimal).
confunde com a capacidade tributária ativa. Aquela se traduz na aptidão Gabarito: A
para instituir tributos, enquanto esta é o exercício da competência, ou

seja, a aptidão para cobrar tributos. Nesse sentido, é correto afirmar que 149. (FGV/OAB/XXX_Exame – 2019) A sociedade empresária ABC
Ltda. foi autuada pelo Fisco do Estado Z apenas pelo descumprimento
a) Compete à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios
de uma determinada obrigação tributária acessória, referente à fisca-
instituir impostos, taxas, contribuições de melhoria, assim como as
lização do ICMS prevista em lei estadual (mas sem deixar de recolher
contribuições para o custeio do serviço de iluminação pública.
o tributo devido). Inconformada, realiza a impugnação administrativa
b) Em virtude do princípio federativo, que, entre outras consequên- por meio do auto de infração. Antes que sobreviesse a decisão admi-
cias, delimita entre os entes políticos o poder de tributar, ao Distrito nistrativa da impugnação, outra lei estadual extingue a previsão da
Federal compete apenas instituir espécies tributárias próprias dos obrigação acessória que havia sido descumprida. Diante desse cenário,
Estados- membros da federação. assinale a afirmativa correta.
c) A União pode instituir, via lei ordinária, impostos além dos previs- A) A lei estadual não é instrumento normativo hábil para extinguir a
tos na Constituição, mediante dois requisitos: que eles sejam não previsão dessa obrigação tributária acessória referente ao ICMS,
cumulativos e que não tenham fato gerador próprio dos impostos em virtude do caráter nacional desse tributo.
já previstos constitucionalmente.
B) O julgamento administrativo, nesse caso, deverá levar em consi-
d) Em Território Federal, os impostos estaduais são de competência deração apenas a legislação tributária vigente na época do fato
da União. Caso o Território não seja dividido em Municípios, cumu- gerador.
lativamente, os impostos municipais também são de competência
C) Não é possível a extinção dos efeitos da infração a essa obrigação
da União.
tributária acessória após a lavratura do respectivo auto de infração.
Z Anotações/Comentários D) A superveniência da extinção da previsão dessa obrigação aces-
sória, desde que não tenha havido fraude, nem ausência de paga-
É considerada correta a alternativa D, uma vez que “competem à
mento de tributo, constitui hipótese de aplicação da legislação
União, em Território Federal, os impostos estaduais e, se o Território não
tributária a ato pretérito.
for dividido em Municípios, cumulativamente, os impostos municipais;
ao Distrito Federal cabem os impostos municipais”, nos termos do art.
147, da CF/88.
A alternativa A está errada, pois se trata de competência exclusiva A alternativa D é a correta, em conformidade com o art. 106, II,
dos Municípios e do Distrito Federal a instituição da COSIP, prevista no alínea b, do CTN. Vide:
art. 149-A, da CF/88. “Art. 106, do CTN. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:
Já a B está errada, pois ao Distrito Federal, decorrente de sua natu- II – tratando-se de ato não definitivamente julgado:
reza jurídica dúplice, cabe a instituição tanto dos tributos estaduais b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigên-
Direito Tributário
quanto dos municipais. cia de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não
A alternativa C está incorreta, uma vez que para fins de instituição tenha implicado em falta de pagamento de tributo.”
dos impostos residuais, é indispensável que seja editada lei comple- A alternativa A está incorreta, uma vez que, a obrigação estava
mentar, não sendo viável por meio de lei ordinária. prevista em uma lei, pelo princípio do paralelismo das formas, uma
Gabarito: D
outra lei estadual poderia prever a extinção, como foi feito.

2. L
IMITES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE Já alternativa B está incorreta, uma vez que neste caso é viável
TRIBUTAR – PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS que a nova lei venha a retroagir, abarcando fatos geradores pretéritos,
conforme disposto no dispositivo já mencionado do CTN.
148. (FGV – Analista da Procuradoria – Processual – PGE – RO/2016) Por fim, a alternativa C está incorreta, pelo mesmo fundamento
O Presidente da República tem o poder de, dentro dos limites da lei apresentado referente ao art. 106, II, b, do CTN.
e sem obediência aos princípios da anterioridade de exercício e da Gabarito: D
noventena, aumentar as alíquotas do imposto:

150. (FGV/OAB/XXIX_Exame – 2019) O Município X, na tentativa de
a) sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos fazer com que os cofres municipais pudessem receber determinado
ou valores mobiliários e imposto de importação; tributo com mais celeridade, publicou, em maio de 2017, uma lei que
b) sobre produtos industrializados e imposto de renda; alterava a data de recolhimento daquela exação. A lei dispunha que os
c) sobre produtos industrializados e imposto sobre operações de cré- efeitos das suas determinações seriam imediatos.
dito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários; Nesse sentido, assinale a afirmativa correta.
d) sobre produtos industrializados e imposto sobre propriedade a) Segundo a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro
territorial rural; (LINDB), a lei é válida, mas apenas poderia entrar em vigor 45
e) de renda e imposto de importação. (quarenta e cinco) dias após a sua publicação.
b) A lei é inconstitucional, uma vez que não respeitou o princípio da
Z Anotações/Comentários: anterioridade.
Com fundamento nos §§ 1ºs dos artigos 150 e 153, da CF, apenas c) A lei é constitucional, uma vez que, nessa hipótese, não se sujeita
3 (três) impostos podem ter suas alíquotas alteradas/majoradas por ao princípio da anterioridade.
ato do Poder Executivo (atenuações ao princípio da legalidade) para
d) A lei é válida, mas só poderia vigorar 90 (noventa) diasapósasua
cobrança imediata (exceções ao princípio da anterioridade). São eles:
publicação.
II – Imposto de importação, IE – Imposto de exportação e IOF – Imposto
sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou Z Anotações/Comentários
valores mobiliários. Portanto, agiu bem o examinador em contemplar
como correta a alternativa que faz menção ao IOF e ao II. A alternativa C é a correta, já que a lei publicada se referia ao prazo
de pagamento, não onerando o contribuinte. Desta feita, conforme
Embora o IPI possa ter sua alíquota aumentada por ato do Poder
entendimento do STF, no julgamento do RE 240.266, não é necessário
Executivo (CF, art. 153, § 1º), constitui exceção tão somente ao princípio
que se observe o princípio da anterioridade. Por fim, imprescindível
da anterioridade do exercício (CF, art. 150, § 1º), devendo aguardar a
conhecer que tal fato é objeto de súmula vinculante. Vide: Súmula
noventena para ser exigido. Além disso, não obstante o IR – Imposto de
Vinculante n. 50. “Norma legal que altera o prazo de recolhimento
Renda seja exceção à anterioridade nonagesimal, isso se dá exclusiva-
de obrigação tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade”.
mente em relação à fixação de sua base de cálculo. No mais, não cons-
Em decorrência disso, todas as demais alternativas são consideradas
titui exceção à anterioridade nonagesimal, nem dispensa a observância
incorretas.
do princípio da legalidade para aumento de suas alíquotas. Por fim, o Gabarito: C
151. (FGV/OAB/XXIX_Exame – 2019) O Chefe do Executivo do Muni-
cípio X editou o Decreto 123, em que corrige o valor venal dos imóveis Tal tema é polêmico no próprio STF. A posição clássica é que não
para efeito de cobrança do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), haveria de ser observado o princípio da anterioridade tributária nos
de acordo com os índices inflacionários anuais de correção monetária. casos de extinção ou redução de isenções, dado que não se compara
No caso narrado, a medida à criação do tributo (RE 617.389 AgR, rel. min. Ricardo Lewandowski,
j. 8-5-2012, 2ª T, DJE de 22-5-2012). Entretanto, em 2014, o STF, em um
a) Fere o princípio da legalidade, pois a majoração da base de cálculo
somente pode ser realizada por meio de lei em sentido formal. julgado da 1ª Turma, compreendeu que “o ato normativo que revoga
um benefício fiscal anteriormente concedido configura aumento indi-
b) Está de acordo com o princípio da legalidade, pois a majoração da
reto do tributo e, portanto, está sujeito ao princípio da anterioridade
base de cálculo do IPTU dispensa a edição de lei em sentido formal.
tributária” (RE 564.225 AgR, rel. min. Marco Aurélio, j. 2-9-2014, 1ª T, DJE
c) Está de acordo com o princípio da legalidade, pois a atualização de 18-11-2014). Nesta questão, a banca CESPE optou pelo entendimento
monetária da base de cálculo do IPTU pode ser realizada por meio mais recente da Corte.
de decreto. Gabarito: CERTO
d) Fere o princípio da legalidade, pois a atualização monetária da base

154. (CESPE/Prefeitura de Fortaleza/Procurador do Município –
de cálculo do IPTU não dispensa a edição de lei em sentido formal.
2017) O princípio da seletividade aplica-se impositivamente ao IPI e
Z Anotações/Comentários facultativamente ao ICMS em função da essencialidade dos produtos,
das mercadorias e dos serviços, de modo a assegurar a concretização
Sendo observados os índices inflacionários anuais de correção da isonomia no âmbito da tributação do consumo.
monetária, isto é, os oficiais, nada impede que ocorra a mera correção
da base de cálculo do IPTU mediante edição de um decreto do Chefe Z Anotações/Comentários
do Poder Executivo municipal, sendo prescindível que tal fato se dê
mediante a edição de uma lei. Isto porque, não se trata de onerar o Deve-se compreender que o texto constitucional traz que quanto
contribuinte, diferentemente da denominada atualização não ocorrer ao IPI a seletividade é obrigatória, ao passo que quanto ao ICMS é uma
observando tais índices. Neste último caso, seria uma situação que one- faculdade do ente estadual, atribuindo alíquotas diferenciadas ou não
raria o contribuinte, devendo ser realizada mediante a edição de uma para cada tipo de produto.
lei. Neste sentir é a redação da súmula 160, do STJ. Vide: “Súmula nº 160 Art. 153, CF/88 Compete à União instituir impostos sobre:
do STJ. É defeso, ao município, atualizar o IPTU, mediante decreto, em
percentual superior ao índice oficial de correção monetária”. Com isso, IV – produtos industrializados;
a alternativa correta é a C, estando as demais incorretas. § 3º O imposto previsto no inciso IV:
Gabarito: C
I – será seletivo, em função da essencialidade do produto;

152. (FGV/OAB/XXVIII_Exame – 2019) A União, por meio de lei ordi- Art. 155, CF/88 Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir
nária, instituiu nova contribuição social (nova fonte de custeio) para
impostos sobre:
financiamento da seguridade social. Para tanto, adotou, além da não
Direito Tributário
cumulatividade, fato gerador e base de cálculo distintos dos discrimi- II – operações relativas à circulação de mercadorias e sobre presta-
nados na Constituição da República. ções de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comu-
A referida lei foi publicada em 1º de outubro de 2018, com entrada em nicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior;
vigor em 1º de fevereiro de 2019, determinando, como data de venci- § 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:
mento da contribuição, o dia 1º de março de 2019.
III – poderá ser seletivo, em função da essencialidade das merca-
A pessoa jurídica XYZ não realizou o pagamento, razão pela qual, em dorias e dos serviços;
10 de março de 2019, foi aconselhada, por seu(sua) advogado(a), a Gabarito: CERTO
propor uma ação Declaratória de Inexistência de Relação Jurídica, em

face da União. 155. (CESPE/Prefeitura de Fortaleza/Procurador do Município
– 2017) O princípio da progressividade exige a graduação positiva
Assinale a opção que indica o fundamento que poderá ser alegado para
do ônus tributário em relação à capacidade contributiva do sujeito
contestar a nova contribuição.
passivo, não se aplicando, todavia, aos impostos reais, uma vez que,
a) Ela somente poderia ser instituída por meio de Lei Complementar. em se tratando desses tributos, é impossível a aferição dos elementos
b) Ela violou o princípio da anterioridade anual. pessoais do contribuinte.
c) Ela violou o princípio da anterioridade nonagesimal.
d) Ela somente poderia ser instituída por Emenda Constitucional.
Alguns impostos reais, como o IPTU e o ITR, poderão ter suas alíquo-
Z Anotações/Comentários tas progressivas, principalmente quanto ao caráter extrafiscal do tributo,
principalmente por conta da função socioambiental da propriedade,
O caso em questão trata sobre uma competência residual, exclusiva
conforme os artigos 153, §4º, 156, §1º, I e 182, §4º,II, da CF/88. Portanto,
da União, a qual somente poderá ocorrer, no caso da instituição da nova
contribuição, por meio de lei complementar. Logo, a alternativa A é a tal assertiva está equivocada.
Gabarito: ERRADO
correta. Ademais, não pode ser cumulativa e o fato gerador e a base de

cálculo deve ser distintas dos já existentes na Constituição Federal de 156. (CESPE/Prefeitura de Fortaleza/Procurador do Município –
1988. Portanto, a alternativa D está incorreta. 2017) A alteração de alíquotas do imposto de exportação não se sub-
Por fim, foi observado o princípio da anterioridade nonagesimal, mete à reserva constitucional de lei tributária, tornando-se admissível
previsto no art. 195, §6º, o qual dispõe que “as contribuições sociais de a atribuição dessa prerrogativa a órgão integrante do Poder Executivo.
que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos noventa
dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modifi- Z Anotações/Comentários
cado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, “b”.”. Lembrando O imposto de exportação é dotado de extrafiscalidade, isto é,
que as contribuições somente respeitam o denominado princípio da
o principal objetivo do sujeito ativo não é a arrecadação, mas sim, o
noventena, não respeitando o princípio da anterioridade anual. Diante
equilíbrio do comércio exterior, logo, não há respeito aos da anterio-
de tais explicações, conclui-se que tanto a alternativa B quanto a C
ridade, assim como o da legalidade, podendo, suas alíquotas, serem
estão erradas.
Gabarito: A
alteradas mediante ato de órgãos do Poder Executivo, como a Câmara
de Comércio Exterior (CAMEX).
153. (CESPE/Prefeitura de Fortaleza/Procurador do Município – Gabarito: CERTO
2017) O princípio da anterioridade do exercício, cláusula pétrea do

sistema constitucional, obsta a eficácia imediata de norma tributária 157. (CESPE/Prefeitura de Fortaleza/Procurador do Município –
que institua ou majore tributo existente, o que não impede a eficácia, 2017) O princípio da isonomia pressupõe a comparação entre sujeitos,
no mesmo exercício, de norma que reduza desconto para pagamento o que, em matéria tributária, é efetivado pelo princípio da capacidade
de tributo ou que altere o prazo legal de recolhimento do crédito. contributiva em seu aspecto subjetivo.
Z Anotações/Comentários c) o princípio constitucional da irretroatividade das normas que

instituem ou majorem tributos relativamente a fatos geradores
Tal assertiva está condizente com o texto constitucional, até porque
o princípio da isonomia está intimamente ligado com o princípio da ocorridos antes do início da vigência da legislação correspondente
capacidade contributiva. não impede a aplicação retroativa de leis que instituem novos
critérios de apuração ou processos de fiscalização ou que ampliem
“Art. 145. § 1.º, da CF/88. Sempre que possível, os impostos terão os poderes de investigação das autoridades administrativas.
caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica
do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente d) o princípio constitucional da anterioridade tributária geral não se
para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os aplica nem ao imposto sobre produtos industrializados e nem ao
direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos imposto sobre a propriedade territorial rural.
e as atividades econômicas do contribuinte”. e) o princípio constitucional tributário da liberdade de tráfego de
pessoas ou bens apenas obsta a cobrança de pedágio pela utili-
Gabarito: CERTO
158. (FGV/OAB/XVIII_Exame – 2015) A Presidência da República, por zação de vias conservadas por empresas privadas concessionárias
meio do Decreto 123, de 1º de janeiro de 2015, aprovou novas alíquotas de serviço público outorgado pelo Distrito Federal.
para o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), dentro das balizas
fiadas na lei tributária, a saber:
Cigarro – alíquota de 100% Importante mencionar que a observância da legalidade tributária
é exigência relativa à instituição de tributos, diferentemente quanto
Vestuário – alíquota de 10% à majoração de alíquotas de determinados impostos denominados
Macarrão – alíquota zero extrafiscais, a qual poderá ser feita por meio de decretos e resoluções,
Sobre a hipótese, é possível afirmar que como no caso dos seguintes impostos: II, IE, IPI, IOF. Portanto, está
equivocada a assertiva A.
a) o referido decreto é inconstitucional, uma vez que viola o princípio
da legalidade. Também está equivocada a alternativa B, pois é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir tratamento
b) o referido decreto é inconstitucional, uma vez que viola o princípio
desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente,
do não confisco.
proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou
c) as alíquotas são diferenciadas em razão da progressividade do IPI. função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica
d) as alíquotas são diferenciadas em razão do princípio da seletividade dos rendimentos, títulos ou direitos.
do IPI. A alternativa C está em consonância com o disposto no art. 144 §
1º, CTN: “Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à
ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos crité-
O Decreto nº 123/2015 é constitucional e não viola o princípio da rios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de
legalidade, nem o do não confisco. Isso porque admite-se a diferen- investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito
Direito Tributário
ciação das alíquotas em razão do princípio da seletividade do IPI, que maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito
autoriza que as alíquotas sejam fixadas em função da essencialidade de atribuir responsabilidade tributária a terceiros.”
do produto (CF, art. 153, IV, §3º, I.). Por fim, destaca-se que o IPI não tem O IPI é uma exceção ao princípio da anterioridade nonagesimal e,
como característica a progressividade. também, ao princípio da legalidade tributária no tocante à alíquota,
Gabarito: D
enquanto que o ITR deve observar todos os princípios tributários

159. (CESPE/AGU/Advogado da União – 2015) O princípio da vedação constitucionais. Por isso, está incorreta a alternativa D.
à utilização de tributo com efeito de confisco, previsto expressamente A alternativa E está em desconformidade com o preceituado no art.
na CF, aplica-se igualmente às multas tributárias, de modo a limitar, con- 150, V, CF/88: “ estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens,
forme jurisprudência pacífica do STF, o poder do Estado na instituição por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a
e cobrança de penalidades.
cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder
Público.”
Z Anotações/Comentários Gabarito: C
O princípio do não confisco é aplicável tanto aos tributos quanto às

162. (ESAF/ESAF/Planejamento e Orçamento – 2015) Sobre a lega-
penalidades tributárias, no entendimento do STF no julgamento do RE
lidade em matéria tributária, é incorreto afirmar que:
n. 523.471-AgR, Segunda Turma Relator o Ministro JOAQUIM BARBOSA,
DJe de 23.04.2010 . Importante salientar que para verificar se há confisco a) apesar das disposições contidas sobre a matéria no Código Tri-
ou não, não se deve levar em consideração a carga tributária como um butário Nacional, a essência da configuração sobre as matérias
todo, mas sim de cada ente da Federação em face do indivíduo. tributárias que dependem de veiculação de lei em sentido estrito/
Gabarito: CERTO
formal, ao menos desde a Constituição Federal de 1988, encontra-se

disposta ou é diretamente decorrente do próprio texto constitu-
160. (CESPE/AGU/Advogado da União – 2015) De acordo com o
cional.
princípio da legalidade, fica vedada a criação ou a majoração de tribu-
tos, bem como a cominação de penalidades em caso de violação da b) os tratados, acordos e convenções internacionais sobre maté-
legislação tributária, salvo por meio de lei. ria tributária dos quais o Brasil participe, uma vez regularmente
internalizados no direito brasileiro e quando não digam respeito
Z Anotações/Comentários a direitos humanos, possuem hierarquia normativa equivalente à
de lei ordinária federal.
Apesar da questão não ter considerado as exceções ao princípio
da legalidade tributária, a banca CESPE optou pela regra de que fica c) a regular observância pelo sujeito passivo das normas integrantes
vedada a criação ou majoração de tributos, salvo por meio de lei. Há as da legislação tributária exclui a imposição contra ele de penalidades
exceções quanto a majoração de alíquotas por ato do Poder Executivo, relacionadas à obrigação principal acaso inadimplida, salvo se as
quanto aos tributos aduaneiros, mas são exceções. normas em questão forem posteriormente declaradas inconstitu-
cionais pelo STF.
Gabarito: CERTO
161. (ESAF/ESAF/Planejamento e Orçamento – 2015) Sobre os prin- d) necessariamente depende de previsão em lei em sentido estrito/
cípios constitucionais tributários, é correto afirmar que: formal a cominação de penalidade para infrações da legislação
a) o princípio constitucional da legalidade tributária exige necessaria- tributária.
mente lei em sentido estrito/formal tanto para a instituição quanto e) necessariamente depende de previsão em lei em sentido estrito/
para a majoração de tributo. formal a definição do fato gerador da obrigação tributária principal.
b) o princípio constitucional da igualdade tributária exige idêntico tra-
tamento tributário para contribuintes que se encontrem em situa-
ção equivalente, permitindo-se porém tratamento diferenciado em A alternativa A está correta, dado que o princípio da legalidade
razão da ocupação profissional destes mesmos contribuintes. está previsto art. 150, I, CF/88.
Os tratados internacionais incorporados à legislação doméstica quanto as ilícitas. Também, conforme o princípio da isonomia tributá-
possuem natureza de lei ordinária, revogando ou modificando a legis- ria, a Administração não pode atribuir tratamento desigual entre seus
lação tributária pátria (Art. 98 CTN), diferentemente dos tratados sobre contribuintes, conforme o art. 150, II, da CF/88. Vide:
direito humanos, que podem ser incorporados mediante o rito de
“IPTU. FATO GERADOR. PROPRIEDADE IMÓVEL URBANA. REGISTRO
emenda constitucional (Art. 5 §3, CF/88) ou de legislação supralegal, isto
IMOBILIÁRIO. EVENTUAL IRREGULARIDADE DO LOTEAMENTO. IRRELE-
é, acima das normas infraconstitucionais, mas abaixo da CF/88. Desta
VÂNCIA PARA FINS TRIBUTÁRIOS. PRINCÍPIO DO NON OLET. 1. O fato
feita, está correta a afirmativa B.
gerador do IPTU é a propriedade imóvel urbana. 2. E propriedade imóvel
Está incorreta a alternativa C, visto que se o sujeito passivo atendeu significa o direito real constituído mediante o registro do respectivo
ao disposto na legislação tributária, não há aplicação de imposição de título no Cartório de Imóveis, sendo esta a situação jurídica que deve
penalidades, embora haja a necessidade de efetuar o pagamento do ser levada em conta para aferir a correção ou não do lançamento do
tributo devido, nos termos do parágrafo único, do art. 100, do CTN. Tam-
IPTU. 3. O fato de o loteamento ter sido realizado à revelia da lei de
bém, importante destacar os ensinamentos de Hugo de Brito Machado:
parcelamento do solo urbano não exclui a incidência do IPTU sobre o
“... evidentemente não podem modificar as leis, nem os decretos e lote individualizado. 4. Por aplicação do princípio tributário do non olet,
regulamentos. Por isso não asseguram ao contribuinte o direito de não a incidência fiscal toma em consideração apenas o aspecto econômico
pagar um tributo que seja efetivamente devido, nos termos da lei. Mas se do fato jurídico, não se questionando sobre a licitude ou ilicitude dos
o não pagamento se deveu à observância de uma norma complementar, aspectos direta ou indiretamente relacionados ao fato gerador da
o contribuinte fica a salvo de penalidades, bem como da cobrança de obrigação. 5. Apelo conhecido e provido. Unanimidade Os Embargos de
juros moratórios e correção monetária. O parágrafo único do art. 100
Declaração foram rejeitados (fls. 272-274, e-STJ). A agravante, nas razões
do CTN assim determina. Não seria justo punir o contribuinte que se
do Recurso Especial, sustenta que ocorreu, além de divergência jurispru-
conduziu de acordo com a norma, embora ilegal, editada pela própria
dencial, violação das Leis 4.771/95, 6.766/79 e 9.785/99 . AREsp 303836.”
Administração Tributária.” Gabarito: CERTO
Está correta a alternativa D, pois, de acordo com o art. 97, do CTN,

somente a lei pode estabelecer a cominação de penalidades para as 166. (CESPE/AGU/Advogado da União – 2015) Conforme o princípio
ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infra- da irretroatividade da lei tributária, não se admite a cobrança de tributos
ções nela definidas. em relação a fatos geradores ocorridos em período anterior à vigência
da lei que os instituiu ou aumentou. Entretanto, o Código Tributário
Por fim, o art. 114, do CTN dispõe que o fato gerador da obrigação
Nacional admite a aplicação retroativa de lei que estabeleça penalidade
principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua
menos severa que a prevista na norma vigente ao tempo da prática do
ocorrência, e somente a lei, nos termos do art. 97, CTN, pode estabelecer
ato a que se refere, desde que não tenha havido julgamento definitivo.
a definição do fato gerador da obrigação tributária principal.
Gabarito: C
163. (ESAF/PFN/Procurador da Fazenda Nacional – 2015) A Lei que
diminui o prazo de recolhimento de tributo: A assertiva está condizente com o entendimento do STF e o dis-
posto no Código Tributário Nacional. Vide:
a) submete-se ao principio da anterioridade nonagesimal.
Direito Tributário
“Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:
b) somente se aplica no exercício financeiro seguinte àquele em que
foi publicada. II – tratando-se de ato não definitivamente julgado:
c) não se submete ao princípio da anterioridade. a) quando deixe de defini-lo como infração;
d) somente se aplica no exercício financeiro seguinte ao da data de b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência
sua vigência. de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha
e) somente gera efeitos normativos 30 (trinta) dias após a data da sua implicado em falta de pagamento de tributo;
publicação. c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na
lei vigente ao tempo da sua prática.”
Gabarito: CERTO
Para responder tal questão, basta conhecer o entendimento sumu- 167. (CESPE/AGU/Procurador Federal – 2013) Os royalties que são
lado do STF: Súmula Vinculante 50, STF: “norma legal que altera o prazo pagos pelas concessionárias em razão da exploração de petróleo
de recolhimento de obrigação tributária não se sujeita ao princípio da enquadram-se no âmbito constitucional do Sistema Tributário Nacional.
anterioridade”. Por isso, a alternativa C é a correta e as demais incorretas.
Gabarito: C
164. (CESPE/AGU/Advogado da União – 2015) Pela aplicação do Os royalties do petróleo são considerados como receita originária,
princípio da anterioridade tributária, quaisquer modificações na base conforme previsto na Lei n. 4.320/64, ao passo que os tributos são
de cálculo ou na alíquota dos tributos terão sua eficácia suspensa até receitas derivadas. Portanto, os royalties não se enquadram no âmbito
o primeiro dia do exercício financeiro seguinte à publicação da lei que
constitucional do Sistema Tributário Nacional.
promoveu a alteração.
Vide: “Embora os recursos naturais da plataforma continental e
Z Anotações/Comentários os recursos minerais sejam bens da União (CF, art. 20, V e IX), a partici-
pação ou compensação aos Estados, Distrito Federal e Municípios no
Não são todos os tributos que deverão observar o princípio da
anterioridade tributária, consoante as exceções que a CF/88 traz, no resultado da exploração de petróleo, xisto betuminoso e gás natural
art. 150, § 1.º. Os tributos aduaneiros, por exemplo, não irão observar, são receitas originárias destes últimos entes federativos (CF, art. 20,
como o imposto de importação e o imposto de exportação, tanto o § 1º)” (MS 24312, Rel.: Min. Ellen Gracie, Tribunal Pleno, julgado em
princípio da anterioridade anual quanto o da mitigada, outros, como o 19/02/2003, DJ 19-12-2003)
Gabarito: ERRADO
IPI, somente observarão o da mitigada.

Gabarito: ERRADO
168. (FGV/OAB/XII_Exame/2013) A respeito dos Princípios Tributários

165. (CESPE/AGU/Advogado da União – 2015) O princípio da isono- Expressos e Implícitos, à luz da Constituição da República de 1988,
mia tributária impõe que o tributo incida sobre as atividades lícitas e, assinale a opção incorreta.
igualmente, sobre as atividades ilícitas, de modo a se consagrar a regra a) É vedado à União instituir isenções de tributos de competência dos
da interpretação objetiva do fato gerador. Dessa forma, é legítima a Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
cobrança de IPTU sobre imóvel construído irregularmente, em área non
aedificandi, não significando tal cobrança de tributo concordância do b) O princípio da irretroatividade veda a cobrança de tributos em
poder público com a ocupação irregular. relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da
lei que os houver instituído ou aumentado.
Z Anotações/Comentários c) É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabele-
De acordo com o princípio da pecúnia non olet (o dinheiro não tem cer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza,
cheiro – art. 118, CTN), o Fisco deverá tributar tanto as atividades lícitas em razão de sua procedência ou destino.
d) Pelo princípio da anterioridade, para que os tributos possam ser Z Anotações/Comentários

cobrados a cada exercício, é necessária a prévia autorização na lei O gabarito é a alternativa D, por conta de expressa previsão na
orçamentária. Constituição Federal de 1988. Vide:
Z Anotações/Comentários Art. 62, CF/88. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da
República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo
(a) A alternativa está correta, uma vez que o art. 151, III, da CF estabe- submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.
lece que é vedado à União instituir isenções de tributos da competência
2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de
dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá
(b) O princípio da irretroatividade está previsto no art. 150, III, “a”, efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em
da CF e consiste na vedação aos entes federativos de cobrar tributos lei até o último dia daquele em que foi editada.
em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da Logo, nada obsta que seja editada uma Medida Provisória sobre o
lei que os houver instituído ou aumentado. assunto, não sendo uma violação ao princípio da legalidade e, produ-
(c) É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios esta- zindo efeitos no exercício financeiro seguinte acaso tenha sido conver-
belecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, tida em lei até o último dia daquele em que foi editada.
em razão de sua procedência ou destino, de acordo com o art. 152 da Em decorrência de tais explicações, as demais alternativas são
CF. Trata-se do princípio da não diferenciação tributária. consideradas incorretas.
Gabarito: D
(d) A alternativa está incorreta, uma vez que o princípio da ante-

rioridade não exige que haja prévia autorização na lei orçamentária 171. (FGV/OAB/VII_Exame – 2012) A Lei X, promulgada em 20 de
para que os tributos possam ser cobrados a cada exercício. Na verdade, outubro de 2008, determinou a majoração do ISS. Já a Lei Y, promulgada
tal princípio consiste na vedação da cobrança de tributos, pelos entes em 16 de novembro de 2009, reduziu o ICMS de serviços de telecomu-
federativos, no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada nicação. Por fim, o Decreto Z, de 8 de dezembro de 2007, elevou o IOF
a lei que os instituiu ou aumentou. Essa exigência de prévia autorização para compras no exterior. Diante dessas hipóteses, é correto afirmar que:
na lei orçamentária deixou de existir com a Constituição Federal de 1988. a) O ISS poderá ser cobrado somente quando decorridos 90 dias da
Gabarito: D
publicação da Lei X, ao passo que os novos valores do ICMS e do IOF

poderão ser cobrados a partir da publicação dos diplomas legais
169. (FGV/OAB/XII_Exame – 2013) Em procedimento de fiscalização,
que os implementaram.
a Secretaria da Receita Federal do Brasil identificou lucro não declarado
por três sociedades empresárias, que o obtiveram em conluio, fruto do b) Todos os impostos mencionados no enunciado somente poderão
tráfico de entorpecentes. ser cobrados no exercício financeiro seguinte à publicação do
diploma legal que os alterou por força do princípio da anteriori-
Sobre a hipótese sugerida, assinale a afirmativa correta. dade.
a) O imposto sobre a renda é devido face ao princípio da interpretação c) Na hipótese do enunciado, tanto o ISS como o ICMS estão sujeitos
objetiva do fato gerador, também conhecido como o princípio do ao princípio da anterioridade nonagesimal, considerada garantia
Direito Tributário
pecunia non olet. individual do contribuinte cuja violação causa o vício da inconsti-
b) Não caberá tributação e, sim, confisco da respectiva renda. tucionalidade.
c) Não caberá tributo, uma vez que tributo não é sanção de ato ilícito. d) O IOF, imposto de cunho nitidamente extrafiscal, em relação ao
princípio da anterioridade, está sujeito apenas à anterioridade
d) Caberá aplicação de multa fiscal pela não declaração de lucro, nonagesimal, o que significa que bastam 90 dias da publicação do
ficando afastada a incidência do tributo, sem prejuízo da punição decreto que alterou sua alíquota para que possa ser cobrado.
na esfera penal.
Primeiramente, devemos compreender que o princípio da anteriori-
A alternativa A é a correta, uma vez que por pecúnia non olet enten- dade anual e nonagesimal somente são aplicáveis quando há instituição
de-se que “o dinheiro não sente cheiro”. Conforme o art. 118, do CTN, “a de tributo ou majoração de alíquotas, uma vez que são situações que
definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se: I – da validade possuem o condão de onerar o contribuinte. Diante disso, temos que no
jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, caso em questão, a alíquota do ICMS não é majorada e, consequente-
ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos.” mente, não estará sujeito a nenhum dos princípios mencionados, sendo
Logo, pouco importa se a prática do fato gerador do imposto de renda cobrado a partir da publicação da lei que reduziu a alíquota. Já o IOF
é fruto de um ato ilícito, como no caso, o tráfico de entorpecentes. Outro não obedece a nenhum dos princípios da anterioridade, assim como o
fundamento é que se, determinado sujeito pratica uma atividade lícita e II, o IE, o IEG e o empréstimo compulsório guerra ou calamidade, sendo,
é tributado, por que o sujeito que pratica a atividade ilícita não seria? Tal ambos, cobrados de imediato, isto é, com a edição do ato normativo
questionamento é decorrente do princípio da isonomia tributária. Por conta que os majorar. Lembrando que o IOF pode ter suas alíquotas majoradas
de tais explicações, a alternativa C é incorreta, bem como a D e a B, dado mediante a edição de um decreto presidencial.
que ambas afastam a incidência do imposto de renda. Quanto ao ISS, a questão menciona que determinada lei que majora
Gabarito: A
sua alíquota é publicada em 20 de outubro de 2008. Neste caso, deve-se

observar tanto o princípio da anterioridade anual quanto o nonagesimal.
170. (FGV/OAB/X_Exame – 2013) Suponha que determinada Medida
No entanto, o exercício financeiro de 2009 é muito mais próximo do
Provisória editada pela Presidenta da República, em 29/09/2012, esta- que aguardar os 90 dias. Desta feita, aplicando ambos os princípios de
beleça, entre outras providências, o aumento para as diversas faixas forma cumulativa, deve-se aguardar os 90 dias, para fins de ser aplicável
de alíquotas previstas na legislação aplicável ao imposto de renda das a melhor contagem ao contribuinte.
pessoas físicas.
Portanto, a alternativa A é a correta, uma vez que traz de forma
Nesse caso, com base no sistema tributário nacional, tal Medida Pro- expressa tais situações elencadas.
visória Gabarito: A
a) Não violaria o princípio da legalidade e produzirá efeitos a partir 172. (ESAF/Receita Federal/Auditor da Receita Federal do Brasil –
da data de sua publicação. 2012) A Constituição Federal de 1988 veda aos entes tributantes instituir
b) Violaria o princípio da legalidade, por ser incompatível com o tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação
processo legislativo previsto na Constituição Federal/88. equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profis-
sional ou função por eles exercida, independentemente da denomina-
c) Não violaria o princípio da legalidade e produzirá efeitos a partir ção jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos. Considerando decisões
de 90 (noventa) dias contados a partir da data de sua publicação. emanadas do STF sobre o tema, assinale a opção incorreta:
d) Não violaria o princípio da legalidade e só produzirá efeitos a partir a) A exclusão do arrendamento mercantil do campo de aplicação do
do primeiro dia do exercício financeiro subsequente à data de sua regime de admissão temporária não constitui violação ao princípio
conversão em lei. da isonomia tributária.
b) A progressividade da alíquota, que resulta do rateio do custo da dívida como ato jurídico perfeito a vincular o contribuinte e o ente
iluminação pública entre os consumidores de energia elétrica, não tributante.
afronta o princípio da isonomia. IV. Confiança no tráfego jurídico, segundo o qual o contribuinte não
c) A sobrecarga imposta aos bancos comerciais e às entidades finan- pode ser penalizado se agir em obediência às normas comple-
ceiras, no tocante à contribuição previdenciária sobre a folha de mentares das leis e dos decretos.
salários, fere o princípio da isonomia tributária. V. Tutela jurisdicional, que se materializa pela ampla gama de ins-
d) Lei complementar estadual que isenta os membros do Ministério trumentos processuais colocados à disposição do contribuinte
Público do pagamento de custas judiciais, notariais, cartorárias e para o questionamento de créditos tributários, tanto na esfera
quaisquer taxas ou emolumentos fere o princípio da isonomia. administrativa como na esfera judicial.
e) Não há ofensa ao princípio da isonomia tributária se a lei, por moti- Estão corretos apenas os itens:
vos extrafiscais, imprime tratamento desigual a microempresas e a) I, III e IV;
empresas de pequeno porte de capacidade contributiva distinta,
afastando do regime do simples aquelas cujos sócios têm condição b) II, III e IV;
de disputar o mercado de trabalho sem assistência do Estado. c) I, IV e V;
d) III, IV e V;
e) Todos os itens estão corretos
A alternativa A trata de um regime aduaneiro especial, o qual prevê
a importação de um bem, por determinado tempo, com a suspensão Z Anotações/Comentários
total ou parcial dos tributos incidentes na importação. Conforme a
jurisprudência do STF, tal assertiva está correta. Vide o julgado do RE O item I está correto, uma vez que os princípios da anterioridade
429.306/PR: anual e nonagesimal, assim como os da legalidade e da retroatividade
corroboram com a certeza do direito
“Violação do princípio da isonomia (art. 150, II, da Constituição), na
medida em que o art. 17 da Lei 6.099/1974 proíbe a adoção do regime de Quanto ao item II, está errado, já que por intangibilidade das
admissão temporária para as operações amparadas por arrendamento posições jurídicas compreende-se a proteção ao direito adquirido e ao
mercantil. Improcedência. A exclusão do arrendamento mercantil do ato jurídico perfeito.
campo de aplicação do regime de admissão temporária atende aos Por estabilidade das relações jurídicas em matéria tributária
valores e objetivos já antevistos no projeto de lei do arrendamento demanda na extinção do crédito tributário, como ocorre quando vis-
mercantil, para evitar que o leasing se torne opção por excelência lumbrada a decadência e a prescrição. Portanto, o item III está errado.
devido às virtudes tributárias e não em razão da função social e do Está correto o item IV, pois a confiança no tráfego jurídico corrobora
escopo empresarial que a avença tem. ” (RE 429.306, Rel. Min. Joaquim com a observância da boa-fé, dos costumes, das práticas reiteradas e
Barbosa, julgamento em 1º-2-2011, Segunda Turma). da transparência, isto é, está ligada à observância das práticas admi-
Também está correta a alternativa B, já que o princípio da capaci- nistrativas reiteradas.
Direito Tributário
dade contributiva decorre do princípio da isonomia. Vide o julgado do Por fim, a tutela jurisdicional pressupõe o exercício do direito que
RE 573675/SC: “A progressividade da alíquota, que resulta do rateio do o contribuinte dispõe, ou seja, ao devido processo legal. Portanto, tal
custo da iluminação pública entre os consumidores de energia elétrica, alternativa está correta.
não afronta o princípio da capacidade contributiva. ” Gabarito: C
Está equivocada a alternativa C, pois a jurisprudência compreende 174. (FGV/OAB/V_Exame – 2011) No exercício de 1995, um contri-
que a sobrecarga imposta aos bancos comerciais e às entidades finan- buinte deixou de recolher determinado tributo. Na ocasião, a lei impu-
ceiras, no tocante à contribuição previdenciária sobre a folha de salários, nha a multa moratória de 30% do valor do débito. Em 1997, houve altera-
não fere, à primeira vista, o princípio da isonomia tributária, ante a ção legislativa, que reduziu a multa moratória para 20%. O contribuinte
expressa previsão constitucional. recebeu, em 1998, notificação para pagamento do débito, acrescido da
Quanto à alternativa D, está correta já que a lei complementar multa moratória de 30%.
estadual que isenta os membros do Ministério Público do pagamento A exigência está
de custas judiciais, notariais, cartorárias e quaisquer taxas ou emolu-
a) Correta, pois aplica-se a lei vigente à época de ocorrência do fato
mentos fere o disposto no artigo 150, inciso II, da Constituição do Brasil,
gerador.
de acordo com a ADI 3260/RN.
b) Errada, pois aplica-se retroativamente a lei que defina penalidade
A alternativa E também está correta, dado que não há ofensa
menos severa ao contribuinte.
ao princípio da isonomia tributária se a lei, por motivos extrafiscais,
imprime tratamento desigual a microempresas e empresas de pequeno c) Correta, pois o princípio da irretroatividade veda a aplicação
porte de capacidade contributiva distinta, afastando do regime do retroagente da lei tributária.
SIMPLES aquelas cujos sócios têm condição de disputar o mercado d) Errada, pois a aplicação retroativa da lei é regra geral no direito
de trabalho sem assistência do Estado, nos termos do entendimento tributário.
adotado na ADI 1643.
Gabarito: C
173. (ESAF/Receita Federal/Auditor da Receita Federal do Brasil – Interessante destacar que a questão aborda aspectos referentes
2012) Parte significativa da doutrina entende que os princípios da lega- ao princípio da irretroatividade, previsto no art. 150, III, a, da CF/88. Por
lidade e da anterioridade tributária constituem regras concretizadoras este princípio temos que é vedado aos entes cobrar tributos quanto
da segurança jurídica. Sobre os conteúdos desta, no direito tributário, aos fatos geradores pretéritos, isto é, aqueles ocorridos antes do início
analise os itens a seguir, classificando-os como corretos ou incorretos, da vigência da lei que os instituiu ou os majorou, consistindo em uma
para, a seguir, assinalar a assertiva que corresponda à sua opção. regra no Direito Tributário, por isso, a alternativa D está errada. No
I. Certeza do direito, segundo a qual a instituição e a majoração de entanto, o art. 106, do CTN traz hipóteses em que a lei será aplicável a
tributos obedecem aos postulados da legalidade, da irretroativi- ato ou fato pretérito:
dade e das anterioridades de exercício e nonagesimais mínima e “Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:
especial, demonstrando a garantia adicional que representam para
o contribuinte se comparadas ao princípio geral da legalidade e às I – em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa,
garantias de proteção ao direito adquirido, ato jurídico perfeito e excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos inter-
coisa julgada. pretados;
II. Intangibilidade das posições jurídicas, o que se vislumbra, por II – tratando-se de ato não definitivamente julgado:
exemplo, com o estabelecimento de prazos decadenciais e pres- a) quando deixe de defini-lo como infração;
cricionais a correrem contra o Fisco. b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência
III. Estabilidade das relações jurídicas, por exemplo, no que diz de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha
respeito à consideração da formalização de um parcelamento de implicado em falta de pagamento de tributo;
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), bem como majorou a
lei vigente ao tempo da sua prática”. alíquota do Imposto sobre Exportação (IE). A partir de que data a nova
A alternativa B é a que se enquadra com o caso em tela apresentado, alíquota poderá ser exigida para o IPI e para o IE?
pois traz o disposto na alínea c do inciso II, do referido artigo, sendo a) Imediatamente para ambos.
a alternativa C, portanto, incorreta, uma vez que é viável a aplicação
b) No exercício financeiro seguinte para ambos.
retroativa da lei nesta situação. Já a alternativa A está incorreta, pois
só estaria correta no caso da cobrança do tributo, sendo aplicável a c) 90 dias após a publicação da lei para o IPI e imediatamente para o
lei vigente à época da prática do fato gerador, no entanto, a questão IE.
aborda a multa tributária. d) 90 dias após o exercício financeiro seguinte para o IPI e no exercício
Gabarito: B
financeiro seguinte para o IE.

175. (FGV/OAB/IV_Exame – 2011) A redação da Súmula Vinculante
28 (“É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito Z Anotações/Comentários
de admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a exi- “Não obedecem ao princípio da anterioridade nonagesimal (CF,
gibilidade do crédito tributário”) tem por escopo impedir a adoção de art. 150, § 1º, ‘in fine’): empréstimo compulsório para despesas extraor-
que princípio jurídico? dinárias (art. 148, I); Imposto de Importação; Imposto de Exportação;
a) “venire contra factum proprium”. Imposto de Renda; Imposto sobre Operações Financeiras; Impostos
b) exceção de contrato não cumprido. extraordinários de guerra (art. 154, II); IPVA e IPTU (ambos, para a fixação
da base de cálculo). Interessante notar que o IPI não se submete à regra
c) “solve et repete”.
da anterioridade ‘geral’, mas deve obedecer à anterioridade ‘nonage-
d) contraditório e ampla defesa. simal’.” (Roberval Rocha, Direito Tributário – Coleção OAB, JusPodivm).
Portanto, a nova alíquota poderá ser exigida 90 (noventa) dias após a
publicação da lei para o IPI e imediatamente para o IE.
(a) “A proibição de um comportamento contraditório (‘nemo pos-
Gabarito: C
test venire contra factum proprium’) é modalidade de abuso de direito 177. (FGV/OAB/II_Exame – 2010) Considere a seguinte situação hipo-
que surge da violação ao princípio da confiança – decorrente da função tética: lei federal fixou alíquotas aplicáveis ao ITR e estabeleceu que a
integrativa da boa-fé objetiva.” (Cristiano Farias e Nelson Rosenvald. alíquota relativa aos imóveis rurais situados no Rio de Janeiro seria de
Direito Civil Teoria Geral).
5% e a relativa aos demais Estados do Sudeste de 7%.
(b) “Exceção do contrato não cumprido (‘exceptio non adimpleti
Tal enunciado normativo viola o princípio constitucional
contractus’), segundo a qual uma parte contratante não pode exigir o
cumprimento da obrigação da outra parte se não cumpriu também a a) Da uniformidade geográfica da tributação.
sua obrigação respectiva.” (André Santa Cruz Ramos. Direito Empresarial b) Da legalidade tributária.
Esquematizado).
c) Da liberdade de tráfego.
(c) “De acordo com a regra ‘solve et repete’, o contribuinte só pode
Direito Tributário
d) Da não diferenciação tributária entre a procedência e o destino do

contestar a legitimidade de um tributo após havê-lo recolhido. Trata-se
produto.
de uma rega medieval, que só se justificava enquanto se entendia que
o fisco, na relação jurídica tributária, ocupava posição de preeminência
em face do contribuinte.” (Roque Carrazza. Curso de direito constitu-
cional tributário). O enunciado da questão aborda uma clara violação ao princípio da
(d) “Tradicionalmente, considera-se o princípio do contraditório uniformidade geográfica, previsto no art. 151, I, da CF/88. Vide:
formado por dois elementos: informação e possibilidade de reação. “Art. 151/CF – É vedado à União:
Nesta perspectiva, as partes devem ser devidamente comunicadas de
I – instituir tributo que não seja uniforme em todo o território
todos os atos processuais, abrindo-se a elas a oportunidade de reação
nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado,
como forma de garantir a sua participação na defesa de seus interesses
ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a
em juízo.” (Daniel Neves, Manual de Direito Processual Civil).
Gabarito: C
concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do
desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País”.
176. (FGV/OAB/III_Exame – 2010) Visando fomentar a indústria bra-
Por isso, a alternativa A é correta.
sileira, uma nova lei, publicada em 18/02/2010, majorou a alíquota do Gabarito: A
DIREITO ADMINISTRATIVO
Leandro Bortoleto
Luís Felipe Cirino
Algumas das questões aqui dispostas foram comentadas pela No mês seguinte, João recebeu vultosa e tentadora proposta de certa
equipe Juspodivm. sociedade empresária para prestar serviço de consultoria na área do
setor regulado pela citada agência.
2. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E TERCEIRO SETOR Levando em conta que a lei específica da agência em tela seguiu as
normas gerais de gestão de recursos humanos das agências reguladoras
previstas na Lei nº 9.986/00, João
178. (FGV/OAB/XXX_Exame – 2019) Determinada empresa pública
estadual, com vistas a realizar a aquisição de bens necessários para o A) está impedido de aceitar a proposta, pois precisa cumprir quatro
adequado funcionamento de seus serviços de informática, divulgou, meses de quarentena, contados do término do seu mandato,
após a devida fase de preparação, o respectivo instrumento convoca- período durante o qual ficará vinculado à agência, fazendo jus à
tório, no qual indicou certa marca, que é comercializada por diversos remuneração compensatória equivalente à do cargo de direção
fornecedores, por considerá-la a única capaz de atender ao objeto do que exerceu e aos benefícios a ele inerentes, sob pena de incorrer
contrato, e adotou a sequência de fases previstas na lei de regência. na prática de crime de advocacia administrativa.
No curso da licitação, a proposta apresentada pela sociedade empresá- B) está impedido de aceitar a proposta, pois precisa cumprir noventa
ria Beta foi considerada a melhor, mas a sociedade empresária Alfa con- dias de quarentena, contados do término do seu mandato, período
siderou que houve um equívoco no julgamento e apresentou recurso durante o qual não ficará vinculado à agência, nem fará jus a qual-
administrativo para impugnar tal fato, antes da habilitação, que não quer remuneração compensatória, sob pena de incorrer na prática
foi aceito. Foi dado prosseguimento ao certame, com a inabilitação da de ato de improbidade administrativa.
sociedade Beta, de modo que a vencedora foi a sociedade empresária
Direito Administrativo
C) pode aceitar a proposta, desde que abra mão da remuneração
Sigma, consoante resultado homologado.
compensatória equivalente à do cargo de direção que exerceu e
Considerando o regime licitatório aplicável às empresas estatais e as aos benefícios a ele inerentes, que receberia durante noventa dias
circunstâncias do caso concreto, assinale a afirmativa correta. após o término de seu mandato, sob pena de incorrer na prática
A) Existe vício insanável no instrumento convocatório, pois é vedada de enriquecimento ilícito.
a indicação de marca, mesmo nas circunstâncias apontadas. D) pode aceitar a proposta, inclusive acumulando sua nova remu-
B) A homologação foi equivocada, na medida em que a empresa neração da iniciativa privada com a remuneração compensatória
pública não observou a sequência das fases previstas em lei ao equivalente à do cargo de direção que exerceu e aos benefícios a
efetuar o julgamento das propostas antes da habilitação. ele inerentes, a que faz jus durante noventa dias após o término
C) O recurso da sociedade Alfa foi apresentado em momento opor- de seu mandato.
tuno e a ele deveria ter sido conferido efeito suspensivo com a
postergação da fase da habilitação. Z Anotações/Comentários
D) A homologação do resultado implica a constituição de direito Alternativa “a” (responde as demais alternativas) A questão foi
relativo à celebração do contrato em favor da sociedade empresária anulada pela banca examinadora do concurso. Após 24 de setembro
Sigma. de 2019, com a entrada em vigor da Lei nº 13.848/2019, que alterou a
Lei nº 9.986/2000, o período de quarentena dos membros do Conselho
Z Anotações/Comentários Diretor ou da Diretoria Colegiada passou a ser de seis meses, e não
(a) No caso apresentado, houve indicação de marca no instrumento mais quatro, como apontado na questão. Veja, nesse sentido:
convocatório, pois seria a única capaz de atender ao objeto do contrato, Art. 8º da Lei nº 9.986/2000 (com redação dada pela Lei nº
o que se amolda ao exposto no art. 47, I, “b” da Lei nº 13.303/2016. Nesse 13.848/2019): Os membros do Conselho Diretor ou da Diretoria
sentido: “Art. 47. A empresa pública e a sociedade de economia mista, na Colegiada ficam impedidos de exercer atividade ou de prestar
licitação para aquisição de bens, poderão: I – indicar marca ou modelo, qualquer serviço no setor regulado pela respectiva agência, por
nas seguintes hipóteses: (...) b) quando determinada marca ou modelo período de 6 (seis) meses, contados da exoneração ou do término
de seu mandato, assegurada a remuneração compensatória.
comercializado por mais de um fornecedor constituir o único capaz de Gabarito: A
atender o objeto do contrato;”.

(b) De acordo com o exposto no art. 51 da Lei nº 13.303/2016, a fase 180. (FGV/OAB/XXVII_Exame – 2018) No ano corrente, a União deci-
de habilitação poderá anteceder as fases de: apresentação de lances ou diu criar uma nova empresa pública, para a realização de atividades de
propostas, conforme o modo de disputa adotado; julgamento; verifi- relevante interesse econômico. Para tanto, fez editar a respectiva lei
cação de efetividade dos lances ou propostas; negociação. autorizativa e promoveu a inscrição dos respectivos atos constitutivos
no registro competente. Após a devida estruturação, tal entidade
(c) Nos termos do art. 59, §1º da Lei nº 13.303/2016, os recursos serão
administrativa está em vias de iniciar suas atividades.
apresentados no prazo de 5 dias úteis após a habilitação, quando se
seguir o procedimento elencado no art. 51 da Lei, ou seja, quando não Acerca dessa situação hipotética, na qualidade de advogado(a), assinale
houver inversão de fases. a afirmativa correta.
(d) “A homologação do resultado implica a constituição de direito a) A participação de outras pessoas de direito público interno, na cons-
relativo à celebração do contrato em favor do licitante vencedor” (art. tituição do capital social da entidade administrativa, é permitida,
60 da Lei nº 13.303/2016). desde que a maioria do capital votante permaneça em propriedade
da União.
Gabarito: D
179. (FGV/OAB/XXX_Exame – 2019) O mandato de João como b) A União não poderia ter promovido a inscrição dos atos constitu-
dirigente de determinada agência reguladora federal terminou pelo tivos no registro competente, na medida em que a criação de tal
decurso do prazo, em junho de 2019, sem sua recondução ao cargo. entidade administrativa decorre diretamente da lei.
c) A entidade administrativa em análise constitui uma pessoa jurídica c) Para receber verbas da União para a finalidade em apreço, a orga-
de direito público, que não poderá contar com privilégios fiscais e nização religiosa Tenhafé deverá qualificar-se como OS ou OSCIP.
trabalhistas. d) Uma vez selecionada por meio de chamamento público, a organi-
d) Os contratos com terceiros destinados à prestação de serviços para zação religiosa Tenhafé poderá obter a transferência de recursos
a entidade administrativa, em regra, não precisam ser precedidos da União por meio de termo de colaboração.
de licitação.
Z Anotações/Comentários Alternativa “a”. As organizações religiosas que se dediquem a
Alternativa “a”. O capital da empresa pública deve ser exclusi- atividades ou a projetos de interesse público e de cunho social distintas
vamente público. Isso não significa, contudo, que todas as quotas das destinadas a fins exclusivamente religiosos enquadram-se no con-
ou ações da empresa devem ser de titularidade de uma única pessoa ceito de organização da sociedade civil, nos termos do Art. 2º, I, c, da Lei.
jurídica, sendo perfeitamente possível que haja participação de Alternativa “d” (responde as alternativas “b” e “c”). A Lei nº
outras pessoas de direito público interno na constituição do capital 13.019/2014, conhecida como Marco Regulatório do Terceiro Setor, esta-
social de referida pessoa administrativa, desde que a maioria do belece o regime jurídico das parcerias entre a administração pública e as
capital votante permaneça em propriedade da união, em se tratando organizações da sociedade civil, em regime de mútua cooperação, para
de empresa pública federal. a consecução de finalidades de interesse público e recíproco, mediante
Alternativa “b”. As empresas públicas somente poderão ser a execução de atividades ou de projetos previamente estabelecidos em
criadas mediante autorização de lei, conforme previsão do art. 37, planos de trabalho inseridos em termos de colaboração, em termos de
inc. XIX, da CF. Contudo, diferentemente das autarquias, as empresas fomento ou em acordos de cooperação; define diretrizes para a política
de fomento, de colaboração e de cooperação com organizações da
públicas somente passaram a existir, isto é, adquirem personalidade
sociedade civil. Na forma do Marco Regulatório, as organizações da
jurídica, após o registro dos atos constitutivos no órgão competente,
sociedade civil podem buscar verbas da Administração Pública para a
seja no Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas quando de natureza
consecução dos fins a que se destina. Neste sentido, precisam partici-
civil, seja na Junta Comercial quando de natureza empresarial.
par do chamamento público – procedimento destinado a selecionar
Alternativa “c”. As empresas públicas são, necessariamente, organização da sociedade civil para firmar parceria por meio de termo
pessoas jurídicas de direito privado. Quando exploradoras de ativi- de colaboração ou de fomento, no qual se garanta a observância dos
dade econômica, a empresa pública e a sociedade de economia mista princípios da isonomia, da legalidade, da impessoalidade, da morali-
submetem-se ao regime estabelecido no art. 173 da Constituição dade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da
Federal, cujo § 1º prevê que a edição de estatuto jurídico das empresas vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos
“que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de que lhes são correlatos (art. 2º, XII, da Lei) -, sendo que a transferência de
bens ou de prestação de serviços”, o que ocorreu com a Lei nº 13.303/16. recursos deverá ser formalizada por meio de termo de fomento ou de
Nos termos do art. 173, caput, o Estado somente poderá explorar, dire- termo de colaboração. Este último instrumento é definido como “ins-
tamente, atividade econômica quando necessária à segurança nacional trumento por meio do qual são formalizadas as parcerias estabelecidas
ou a relevante interesse coletivo. As empresas estatais, quando atuarem pela administração pública com organizações da sociedade civil para a
nesse tipo de atividade, deverão obedecer às regras previstas para as consecução de finalidades de interesse público e recíproco propostas
empresas do setor privado. Assim, não é possível que a elas sejam pelas organizações da sociedade civil, que envolvam a transferência de
estendidos privilégios fiscais não extensivos às pessoas da inicia- recursos financeiros”, na forma do art. 2º, VIII, da Lei.
Gabarito: D.
tiva privada, devendo se submeter ao regime privado quanto às

obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributárias, consoante 182. (FGV/TJ-AL/Analista Judiciário – Área Judiciária – 2018) Os
art. 173, §2º, da Constituição Federal. Entretanto, salienta-se que, órgãos públicos são centros de competência especializada criados por
na verdade, há o chamado regime híbrido, pelo qual há uma mistura lei, sem personalidade jurídica, com escopo de garantir maior eficiência
das normas de direito público com as normas de direito privado. De no exercício de suas funções.
forma diferente ocorre com as prestadoras de serviço público. Nesse Nesse sentido, de acordo com a doutrina de Direito Administrativo e a
sentido, no RE 407.099/RS e no RE 601392/PR, o Supremo Tribunal jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, uma Câmara Municipal:
Federal reconheceu que a Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) é
prestadora de serviço público (serviço postal) e, ainda, que tal serviço a) apesar de não ter personalidade jurídica própria, goza de capaci-
é de prestação obrigatória e exclusiva do Estado, devendo, pois, ser dade processual para demandar em juízo, defendendo seus direitos
equiparada à Fazenda Pública para fins tributários e, dessa maneira, institucionais;
restou decidido que é merecedora da imunidade tributária recíproca, b) apesar de não ter personalidade jurídica autônoma, goza de capa-
bem como que se submete ao regime de precatório, já que seus bens cidade processual para demandar em juízo sobre qualquer assunto
não podem ser penhorados que seu Presidente decidir discricionariamente;
Alternativa “d”. O regime jurídico de direito privado, para a Admi- c) ostenta personalidade jurídica de direito público, como integrante
nistração Pública, é híbrido, com normas de direito público que se da Administração Direta, e possui capacidade processual para
aplicam às empresas estatais. Dentre estas, destacam-se a necessidade demandar em juízo na defesa de seus interesses;
de realização de concurso público para contratação de pessoal e, d) ostenta personalidade jurídica de direito público, como integrante
ainda, à sujeição às normas referentes ao procedimento licitatório. da Administração Indireta, e possui capacidade processual para
demandar em juízo na defesa de seus interesses;
Gabarito: A.
181. (FGV/OAB/XXV_Exame – 2018) A organização religiosa Tenhafé, e) ostenta personalidade jurídica de direito público, como integrante
além dos fins exclusivamente religiosos, também se dedica a ativida- da Administração Direta, e possui capacidade processual para
des de interesse público, notadamente à educação e à socialização de demandar em juízo sobre qualquer assunto que seu Presidente
crianças em situação de risco. Ela não está qualificada como Organização decidir discricionariamente.
Social (OS), nem como Organização da Sociedade Civil de Interesse
Público (OSCIP), mas pretende obter verbas da União para a promoção Z Anotações/Comentários
de projetos incluídos no plano de Governo Federal, propostos pela Alternativa “a” (responde as demais alternativas). Órgãos públi-
própria Administração Pública. cos são centros especializados de atribuições que existem no interior
Sobre a pretensão da organização religiosa Tenhafé, assinale a afirma- de uma pessoa jurídica política ou administrativa. De acordo com o
tiva correta. art. 1º, §2º, I da Lei 9784/99 define órgão como a unidade de atuação
integrante da estrutura da Administração direta ou da Administração
a) Por ser uma organização religiosa, Tenha fé não poderá receber
indireta e a principal característica dos órgãos públicos é que eles não
verbas da União. têm personalidade jurídica. A principal característica do órgão público
b) A transferência de verbas da União para a organização religiosa é o fato dele ser despersonalizado, ou seja, não possuir personali-
Tenhafé somente poderá ser formalizada por meio de contrato dade jurídica. De igual modo, não possui patrimônio próprio, já que
administrativo, mediante a realização de licitação na modalidade os bens pertencem à pessoa jurídica de que ele faz parte e não tem
concorrência. capacidade processual, ou seja, não pode ser autor ou réu em even-
tual ação judicial. Algumas situações, contudo, devem ser ressaltadas, (B) Pessoa jurídica de direito privado, criada por autorização legal, sob
pois, de maneira excepcional, o órgão público não se mantém fiel às a forma de sociedade anônima, cujo controle acionário pertença
características apontadas. Isso porque há: a) possibilidade de celebração ao Poder Público, tendo por objetivo, como regra, a exploração de
de contrato de gestão, como previsto no art. 37, §8º, da Constituição atividades gerais de caráter econômico e, em algumas ocasiões, a
Federal; b) possibilidade de defesa judicial de suas prerrogativas prestação de serviços públicos.
ou atribuições, nas situações em que o órgão é parte no processo; c) As definições expostas tratam, respectivamente, de:
possibilidade de inscrição de alguns órgãos junto ao CNPJ.
Gabarito: A.
a) fundação pública e empresa pública;
b) sociedade de economia mista e empresa pública;
183. (FGV/Câmara de Salvador-BA/Analista Legislativo – 2018)
Determinado ente criado por lei tem personalidade jurídica de direito c) concessionária e empresa pública;
público, desempenha atividade típica de Estado e não fiscaliza o exer- d) autarquia e sociedade de economia mista;
cício profissional de nenhuma categoria. Após amplos debates, sua
e) fundação pública e autarquia.
diretoria deliberou que não mais realizaria concursos públicos, o que
“burocratizava” muito a contratação de pessoal, mas realizaria licitações. Z Anotações/Comentários
À luz da sistemática constitucional, esse ente tem a natureza jurídica de:
Alternativa “d” (responde as demais alternativas). As autar-
a) fundação, não integrando a Administração Pública indireta, sendo quias são pessoas jurídicas de direito público, criadas por lei específica,
parcialmente incorreta a deliberação da diretoria, pois deve realizar com patrimônio próprio e autonomia administrativa, para a execução de
concurso público; atividade típica da Administração Pública. A autarquia integra a adminis-
b) sociedade de economia mista, integrando a Administração Pública tração indireta da pessoa política na qual foi elaborada a lei que a criou.
indireta, sendo incorreta a deliberação da diretoria, pois deveria É uma pessoa jurídica que adota o regime jurídico de direito público
realizar concurso, mas não licitação; e, assim, celebra concurso público, licitação, contrato administrativo,
seus bens são públicos e possuem prerrogativas processuais. Da mesma
c) autarquia, integrando a Administração Pública indireta, sendo
forma que todas as entidades da administração indireta, as autarquias
parcialmente incorreta a deliberação da diretoria, pois deve realizar
submetem-se a controle pelo Tribunal de Contas, nos termos do art.
concurso público;
71, da Constituição Federal. As sociedades de economia mista são
d) empresa pública, integrando a Administração Pública indireta, integrantes da administração indireta, com personalidade jurídica
sendo incorreta a deliberação da diretoria, pois deveria realizar de direito privado, possuindo patrimônio próprio e autonomia
concurso, mas não licitação; administrativa; além disso, a criação delas é autorizada por lei
e) serviço social autônomo, integrando a Administração Pública específica, organizam-se na forma de sociedade anônima e possuem
indireta, sendo correta a deliberação da diretoria em não realizar capital misto, sendo que a maioria do capital deve pertencer ao poder
concurso público. público. A atuação das sociedades de economia mista é a exploração
de atividade econômica ou a prestação de serviço público. Quando
Z Anotações/Comentários exploradoras de atividade econômica, submetem-se ao regime esta-
belecido no art. 173 da Constituição Federal. Assim, quando atuarem
Alternativa “a”. As fundações públicas são pessoas jurídicas de nesse tipo de atividade, deverão obedecer às regras previstas para as
direito público ou de direito privado, com autonomia administrativa e empresas do setor privado, não sendo possível que a elas sejam esten-
que têm como substrato o patrimônio – próprio –, que são criadas por didos privilégios fiscais não extensivos às pessoas da iniciativa privada.
lei específica ou cuja criação é por ela autorizada, com área de atuação Gabarito: D.
de interesse público, não exclusiva da Administração Pública, definida

em lei complementar. Integram a Administração Pública indireta. 185. (FGV/Câmara de Salvador-BA/Assistente Legislativo – 2018) A
Administração Pública Indireta decorre da descentralização de serviços
Alternativa “b” (responde a alternativa “d”). A empresa pública e consiste na instituição, pelo Estado, por meio de lei, de uma pessoa
e a sociedade de economia mista são espécies de empresas estatais. jurídica a quem se atribui a titularidade e execução de determinado
Há várias semelhanças entre elas, tais como o fato de integrar a Admi- serviço público, como é o caso de uma:
nistração Indireta, possuírem personalidade jurídica de direito
privado, patrimônio próprio e autonomia administrativa e, ainda, a) concessionária que presta serviço público essencial para um muni-
terem como ramo de atuação a exploração de atividade econômica cípio;
ou a prestação de serviço público. Além disso, a despeito de serem b) fundação privada que tem por objeto a capacitação e a atualização
pessoas jurídicas de direito privado, ambas devem realizar, a priori, de profissionais na área da educação;
licitação. Frisa-se que a Constituição determina que haverá estatuto c) empresa pública que tem personalidade jurídica de direito público;
específico para elas e nele o modelo de licitação adotado no Brasil
d) Câmara Municipal que tem função precípua de produzir legislação
poderá ser flexibilizado, mas não poderão ser desobrigadas em qual-
em nível municipal;
quer caso de fazerem licitação, pois estão sujeitas ao dever de licitar.
e) sociedade de economia mista que tem personalidade jurídica de
Alternativa “c”. As autarquias são pessoas jurídicas de direito
direito privado.
público, criadas por lei específica, com patrimônio próprio e autonomia
administrativa, para a execução de atividade típica da Administração
Pública. A autarquia integra a administração indireta da pessoa política
na qual foi elaborada a lei que a criou. É uma pessoa jurídica que adota Alternativa “a”. As concessionárias de serviço público são pessoas
o regime jurídico de direito público e, assim, celebra concurso público, jurídicas de direito privado, mas que não integram a Administração
licitação, contrato administrativo, seus bens são públicos e possuem Pública indireta.
prerrogativas processuais. Da mesma forma que todas as entidades Alternativa “b”. As fundações privadas não fazem parte da Admi-
da administração indireta, as autarquias submetem-se a controle pelo nistração Pública indireta, mas apenas as fundações públicas, que
Tribunal de Contas, nos termos do art. 71, da Constituição Federal. podem ter personalidade jurídica de direito público ou de direito
Alternativa “e”. Os serviços sociais autônomos são pessoas privado.
jurídicas de direito privado, sem finalidade de lucro, que atuam Alternativa “c”. As empresas públicas têm personalidade jurídica
na realização de atividade de interesse público, de atividade de direito privado.
não exclusiva do Estado. Não fazem parte da Administração Pública
Alternativa “d”. A Câmara Municipal é órgão público e, desse
indireta.
Gabarito: C. modo, integra a Administração Pública direta.
Alternativa “e”. A Administração Pública indireta é o conjunto
184. (FGV/Câmara de Salvador-BA/Analista Legislativo – 2018) de pessoas administrativas com personalidade jurídica de direito
Observe os conceitos trazidos pela doutrina de Direito Administrativo público ou de direito privado, patrimônio próprio e autonomia
para as seguintes entidades que integram a Administração indireta: administrativa, vinculadas à administração direta, criadas para o
(A) Pessoa jurídica de direito público que desenvolve atividade típica desempenho de determinada atividade administrativa. São enti-
de Estado, com liberdade para agir nos limites da lei específica que dades da Administração Pública indireta as autarquias, as fundações
a criou; públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista
e os consórcios públicos. As empresas públicas e as sociedades de c) fragmentação, e decorre do poder disciplinar;

economia mista, integrantes da Administração Pública indireta, são d) desconcentração, e decorre do poder hierárquico;
pessoas jurídicas de direito privado.
Gabarito: E.
e) outorga, e decorre do poder discricionário.
186. (FGV/Pref. de Niterói-RJ/Auditor de Controle Interno – 2018) Z Anotações/Comentários

O Município Ômega, com menos de 200.000 habitantes, editou lei
ordinária autorizando a criação de uma sociedade de economia mista Alternativa “d” (responde as demais alternativas). O próprio
para a elaboração de projetos e realização de obras de engenharia. A enunciado da questão já demonstra que a criação de Secretarias é
intenção do Município é a de que a empresa participe da reurbanização distribuição interna de competências, no âmbito de uma mesma
pessoa jurídica, no caso, o Município. Trata-se, assim, do instituto da
da área portuária.
desconcentração, em que a pessoa jurídica política se divide em
Sobre essa sociedade, assinale a afirmativa correta. vários órgãos, havendo a distribuição interna de competência e,
a) A criação da sociedade de economia mista deveria ter sido autori- ainda, há uma relação de hierarquia/subordinação entre o órgão criado
zada por meio de lei complementar, não sendo válida a autorização e a pessoa política criadora. Daí se falar, precisamente, que a descon-
veiculada em lei ordinária. centração é decorrência do poder hierárquico.
Gabarito: D.
b) A sociedade de economia mista municipal deve sujeitar-se ao

regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto 188. (FGV/TJ-AL/Técnico Judiciário – Área Judiciária – 2018) O
aos direitos e obrigações civis, comerciais e trabalhistas. Governador do Estado Alfa convocou reunião com os presidentes das
c) Não é possível a criação de uma sociedade de economia mista, no autarquias, das sociedades de economia mista e das empresas públicas,
caso, tendo em vista o tamanho da população municipal. bem como com representantes das Secretarias de Estado e as estruturas
da Chefia de Gabinete da Casa Civil, e determinou, dentre outras coisas,
d) A sociedade de economia mista municipal, se contratada pelo que, a partir daquela data, os entes da Administração Pública indireta
Poder Público, de qualquer esfera, é imune à incidência de tributos. com personalidade jurídica de direito público deveriam apresentar
e) A criação de sociedade de economia mista que explore diretamente dados quinzenais a respeito da atuação do respectivo ente.
o exercício de atividade econômica está vedada desde a edição da À luz da sistemática constitucional, dentre os participantes da reunião,
Emenda Constitucional nº 19. somente são alcançadas pela determinação do Governador do Estado:
Z Anotações/Comentários a) as autarquias;
Alternativa “a”. A criação das empresas públicas e das sociedades b) as sociedades de economia mista e as empresas públicas;
de economia mista é, necessariamente, autorizada por lei ordinária, c) as Secretarias de Estado;
não sendo necessária a autorização por meio de lei complementar. d) as estruturas da Chefia de Gabinete da Casa Civil;
Alternativa “b”. As empresas estatais – nestas inclusas as empresas e) as empresas públicas.
públicas e as sociedades de economia mista – têm natureza jurídica de

pessoas jurídicas de direito privado. Entretanto, mesmo inerente ao Z Anotações/Comentários
caráter privatista, não há a submissão integral ao direito privado, pois os
princípios da Administração Pública são de obediência obrigatória para Alternativa “a” (responde as demais alternativas). Dentre os
a administração direta e indireta, nos termos do art. 37, caput, da Cons- participantes da reunião, somente as autarquias são pessoas jurídi-
tituição Federal. Neste sentido, a sociedade de economia mista deve cas de direito público, integralmente submetidas ao regime jurídico
sujeitar-se ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive de direito público. As sociedades de economia mista e as empresas
quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais e trabalhistas. Todavia, públicas – empresas estatais – têm sempre personalidade jurídica de
é importante mencionar que as regras previstas para o setor privado direito privado, e submetem-se a um regime jurídico híbrido, com a
não podem ser aplicadas na totalidade, pois a empresa pública e a incidência de normas de direito público e de direito privado. Os órgãos
sociedade de economia mista são entidades da administração indireta. públicos (Secretarias de Estado e Chefia de Gabinete da Casa Civil),
É aplicável o regime híbrido, pelo qual há uma mistura das normas de por seu turno, são despersonalizados. Assim, são parte de um todo,
direito público com as normas de direito privado. qual seja, a pessoa jurídica que integram e, assim, não têm capacidade
para representar em juízo a pessoa jurídica de que fazem parte. É a
Alternativa “c”. Inexiste qualquer restrição neste sentido, de tal pessoa jurídica que responde pelos atos do órgão.
modo que sociedades de economia mista podem ser criadas indepen- Gabarito: A.
dentemente da população do município.

189. (FGV/OAB/XXIII_Exame – 2017) O Estado Alfa, com o objetivo
Alternativa “d”. A sociedade de economia mista municipal, se con- de articular a prestação dos serviços de saneamento básico entre
tratada pelo Poder Público, de qualquer esfera, não é imune à incidência municípios limítrofes, instituiu uma região metropolitana, de modo a
de tributos. Neste sentido, inclusive, é o entendimento do Supremo promover a organização, o planejamento e a execução de tais atividades
Tribunal Federal, que ainda na década de 1960, editou a súmula nº 76, de interesse comum.
pela qual “as sociedades de economia mista não estão protegidas pela
imunidade fiscal do art. 31, V, a, da Constituição Federal. Acerca da criação de regiões metropolitanas para a realização de ser-
viços públicos, assinale a afirmativa correta.
Alternativa “e”. As empresas públicas e as sociedades de economia
mista podem ser exploradoras de atividade econômica ou prestadoras a) A instituição de região metropolitana para a organização, o plane-
de serviço público. Em ambos os casos, trata-se de pessoa jurídica de jamento e a execução dos serviços públicos é de competência do
direito privado, isto é, o regime jurídico é o previsto no direito privado, Estado Alfa, por meio de lei complementar.
todavia, com as derrogações feitas pelo direito público. b) A organização, o planejamento e a execução dos serviços de sanea-
mento básico entre municípios limítrofes deveria, necessariamente,
Gabarito: B.
187. (FGV/TJ-SC/Oficial de Justiça – 2018) Determinado Município ser promovida por meio de consórcio público.
no interior do Estado de Santa Catarina, com o escopo de fomentar as c) A competência para a criação de regiões metropolitanas é exclu-
ações de fiscalização e tutela dos direitos das crianças e adolescentes siva da União, sob pena de violar a autonomia dos municípios que
de sua competência, dividiu a então Secretaria Municipal de Educação seriam por elas alcançados.
em duas novas Secretarias: d) A criação da região metropolitana pretendida pelo Estado Alfa
i. a da Criança, do Adolescente e da Juventude; não é possível, diante da ausência de previsão para tanto no nosso
ii. a de Educação. ordenamento jurídico.
Essa distribuição interna de competências no âmbito de uma mesma Z Anotações/Comentários

pessoa jurídica (no caso, o Município), mediante especialização interna,
é chamada de: Alternativa “a” (responde as alternativas “c” e “d”). Na forma
do art. 25, §3º, da Constituição Federal, “os Estados poderão, mediante
a) descentralização, e decorre do poder regulamentar; lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações
b) delegação, e decorre do poder normativo; urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios
limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de d) A medida é válida, porque os servidores reenquadrados são con-
funções públicas de interesse comum”. cursados e não há aumento de despesa, uma vez que os cargos
Alternativa “b”. Nos termos do art. 18, caput, da Constituição preenchidos já existiam.
Federal, “a organização político-administrativa da República Federativa
do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
cípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição”. Assim, cada Alternativa “a” (responde as demais alternativas). De acordo
um dos entes tem autonomia para implementação das competências com o art. 37, II, da Constituição Federal, a investidura nos cargos públi-
que lhe são atribuídas pela Carta Magna, não havendo que se falar na cos depende, em regra, da prévia aprovação em concurso, ressalvas as
obrigatoriedade de instituição de consórcio público. nomeações para cargo em comissão, declarado em lei de livre nomea-
ção e exoneração. Assim, se for cargo efetivo é indispensável a apro-
Gabarito: A.
vação em concurso público para que ocorra a nomeação. Por meio do

190. (FGV/OAB/XXII_Exame – 2017) A Associação Delta se dedica
concurso público busca-se a profissionalização do serviço público,
à promoção do voluntariado e foi qualificada como Organização da
a valorização do mérito e, também, efetivam-se, especialmente, os
Sociedade Civil sem fins lucrativos – OSCIP, após o que formalizou termo
princípios da impessoalidade e da moralidade. Ainda, nos termos
de parceria com a União, por meio do qual recebeu recursos que aplicou da Súmula Vinculante 43, “é inconstitucional toda modalidade de
integralmente na realização de suas atividades, inclusive na aquisição provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação
de um imóvel, que passou a ser a sede da entidade. Com base nessa em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não
situação hipotética, assinale a afirmativa correta. integra a carreira na qual anteriormente investido”. Inclusive, o STF já
a) A Associação não poderia ter sido qualificada como OSCIP, consi- julgou, na ADI 2.939, que viola “o art. 37, II, da CF o disposto no art. 23 do
derando que o seu objeto é a promoção do voluntariado. ADTC do Estado de Minas Gerais, com a redação que lhe foi dada pela
b) A qualificação como OSCIP é ato discricionário da Administração EC 45/2000, que determina a incorporação, sem concurso público, de
Pública, que poderia indeferi-lo, mesmo que preenchidos os requi- policiais civis em situações específicas à carreira de delegado de polícia”.
Gabarito: A.
sitos legais.
c) A qualificação como OSCIP não autoriza o recebimento de recursos 192. (FGV/OAB/XXII_Exame – 2017) A Agência Nacional do Petró-
financeiros por meio de termo de parceria, mas somente mediante leo – ANP, no exercício do poder de polícia, promoveu diligência, no
contrato de gestão. dia 05/01/2010, junto à sociedade Petrolineous S/A, que culminou na
autuação desta por fatos ocorridos naquela mesma data. Encerrado o
d) A Associação não tem liberdade para alienar livremente os bens processo administrativo, foi aplicada multa nos limites estabelecidos na
adquiridos com recursos públicos provenientes de termo de par- lei de regência. O respectivo crédito não tributário resultou definitiva-
ceria. mente constituído em 19/01/2011, e, em 15/10/2015, foi ajuizada a perti-
nente execução fiscal. Com base na situação hipotética descrita, acerca
Z Anotações/Comentários da prescrição no Direito Administrativo, assinale a afirmativa correta.
Alternativa “a”. Dentre as qualificações permitidas pela Lei para a) Operou-se a prescrição para a execução do crédito, considerando
a OSCIP, consta, no art. 3º, VII, da Lei, a “promoção do voluntariado”. o lapso de cinco anos transcorrido entre a data da autuação e a do
Alternativa “b”. Na forma do art. 1º, §2º, da Lei, “a outorga da ajuizamento da ação.
qualificação prevista neste artigo é ato vinculado ao cumprimento dos b) Não se operou a prescrição para a execução do crédito, que pode
requisitos instituídos por esta Lei”. Assim, não há discricionariedade ser cobrado pela administração federal a qualquer tempo.
da qualificação como OSCIP, não podendo a Administração Pública c) Operou-se a prescrição para a execução do crédito, considerando
indeferir o pedido caso preenchidos os requisitos legais. o lapso de três anos decorrido entre a data de sua constituição
Alternativa “c”. As organizações da sociedade civil de interesse definitiva e a do ajuizamento da ação.
público (Oscip’s), regulamentadas pela Lei nº 9.790/99, são qualificadas d) Não se operou a prescrição para a execução do crédito, consi-
como pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, instituí- derando o lapso de cinco anos entre a data de sua constituição
das por iniciativa de particulares, que desempenham serviços sociais definitiva e a do ajuizamento da ação.
não exclusivos ao Poder Público com incentivo e fiscalização deste,
mediante termo de parceria. O contrato de gestão é exclusivo das Z Anotações/Comentários
OS (organizações sociais).
Alternativa “d” (responde as demais alternativas). Na forma do
Alternativa “d”. Na forma do art. 15, da Lei nº 9.790/99, “caso art. 1º-A, da Lei nº 9.873/1999, “constituído definitivamente o crédito
a organização adquira bem imóvel com recursos provenientes da não tributário, após o término regular do processo administrativo, pres-
celebração do Termo de Parceria, este será gravado com cláusula de creve em 5 (cinco) anos a ação de execução da administração pública
inalienabilidade”. Assim, a Associação, de fato, não tem liberdade para federal relativa a crédito decorrente da aplicação de multa por infração
alienar livremente os bens adquiridos com recursos provenientes à legislação em vigor”. Dessa forma, não se operou a prescrição para
do termo de parceria. a execução do crédito, no caso narrado no enunciado.
Gabarito: D.
Gabarito: D.
191. (FGV/OAB/XXII_Exame – 2017) O Município Beta procedeu ao 193. (FGV/OAB/XXIII_Exame – 2017) O Estado Alfa, mediante a res-
recadastramento de seus servidores efetivos e constatou que 6 (seis) pectiva autorização legislativa, constituiu uma sociedade de economia
bacharéis em contabilidade exerciam variados cargos na estrutura mista para o desenvolvimento de certa atividade econômica de rele-
administrativa, todos providos mediante concurso público. Verificou vante interesse coletivo.
também que existiam 10 (dez) cargos vagos de auditores fiscais de Acerca do Regime de Pessoal de tal entidade, integrante da Adminis-
tributos, decorrentes de aposentadorias havidas nos últimos anos. O tração Indireta, assinale a afirmativa correta.
Município, considerando a necessidade de incrementar receitas, edi-
a) Por se tratar de entidade administrativa que realiza atividade eco-
tou lei reorganizando sua estrutura funcional de modo a reenquadrar
nômica, não será necessária a realização de concurso público para
aqueles servidores como auditores fiscais de tributos. Com base na
a admissão de pessoal, bastando processo seletivo simplificado,
hipótese apresentada, acerca do provimento de cargo público, assinale
mediante análise de currículo.
a afirmativa correta.
b) É imprescindível a realização de concurso público para o pro-
a) A medida é inválida, porque o provimento originário de cargo
vimento de cargos e empregos em tal entidade administrativa,
efetivo em uma determinada carreira exige concurso público
certo que os servidores ou empregados regularmente nomeados
específico.
poderão alcançar a estabilidade mediante o preenchimento dos
b) A medida é válida, porque os servidores reenquadrados são concur- requisitos estabelecidos na Constituição da República.
sados, configurando-se na espécie mera transformação de cargos, c) Deve ser realizado concurso público para a contratação de pessoal
expressamente prevista na CRFB/88. por tal entidade administrativa, e a remuneração a ser paga aos
c) A medida é inválida, porque o provimento de todo e qualquer cargo respectivos empregados não pode ultrapassar o teto remuneratório
faz-se exclusivamente mediante concurso público. estabelecido na Constituição da República, caso sejam recebidos
recursos do Estado Alfa para pagamento de despesas de pessoal atributo da autoexecutoriedade, a fim de concretizar suas deter-
ou de custeio em geral. minações, independentemente de prévia ordem judicial.
d) A entidade administrativa poderá optar entre o regime estatutário D) de polícia, e a fiscalização apresenta duplo aspecto: um preventivo,
e o regime de emprego público para a admissão de pessoal, mas, por meio do qual os agentes públicos procuram impedir um dano
em qualquer dos casos, deverá realizar concurso público para a social, e um repressivo, que, face à transgressão da norma de polícia,
seleção de pessoal. redunda na aplicação de uma sanção.
Alternativa “b” (responde a alternativa “d”). No que se refere (a) O poder hierárquico é “o de que dispõe o Executivo para
às empresas estatais, seus funcionários são sempre celetistas (empre- distribuir e escalonar as funções de seus órgãos, ordenar e rever a
gados públicos) por serem pessoas jurídicas de direito privado, o que atuação de seus agentes, estabelecendo a relação de subordinação
as incompatibiliza para adoção do regime estatutário, próprio das entre os servidores do seu quadro de pessoal”1. Não se relaciona com
pessoas jurídicas de direito público. Assim, não são alcançados pela os fatos narrados na questão, já que se vincula à organização interna
garantia da estabilidade prevista no art. 41 da Constituição Federal, da Administração.
destinada, exclusivamente, nos termos da redação dada pela EC 19/98,
aos ocupantes de cargos efetivos, após três anos de efetivo exercício e (b) O poder disciplinar é a prerrogativa pela qual a Administra-
mediante avaliação especial de desempenho por comissão instituída ção apura as infrações e aplica as penalidades ao infrator, que pode
para essa finalidade. ser um servidor público ou particular sujeito à disciplina administrativa,
como um estudante de escola pública2. Está relacionado com o poder
Alternativa “c” (responde a alternativa “a”). As empresas públi- hierárquico, mas aquele é instrumento diferente deste. Desconcentra
cas e as sociedades de economia mista podem ser exploradoras de competências, isto é, distribui internamente competência entre seus
atividade econômica ou prestadoras de serviço público. Em ambos os
diversos órgãos, escalonando-os, hierarquizando-os. Pelo poder disci-
casos, trata-se de pessoa jurídica de direito privado, isto é, o regime jurí-
plinar, há a fiscalização no desempenho dessas atribuições e a eventual
dico é o previsto no direito privado, todavia, com as derrogações feitas
responsabilização do agente.
pelo direito público. Ou seja, na verdade, há um regime híbrido, com
normas de direito privado e normas de direito público e a harmonização (c) De maneira geral, a definição sobre poder regulamentar mais
entre essas normas é diferente conforme se trate de exploradora de encontrada nas provas de concurso é a que consiste na “faculdade
atividade econômica ou de prestadora de serviço público, pois naquela de que dispõem os Chefes de Executivo (Presidente da Repú-
a maior incidência é de normas de direito privado e nesta predominam blica, Governadores e Prefeitos) de explicar a lei para sua correta
as normas de direito público. Por exemplo, não é possível estender às execução, ou de expedir decretos autônomos sobre matéria de
exploradoras de atividade econômica privilégios fiscais não extensivos sua competência ainda não disciplinada em lei”3. Também não se
às pessoas da iniciativa privada, conforme o art. 173, § 2º. De forma relaciona ao exposto na questão.
diferente ocorre com as prestadoras de serviço público. Nesse sentido, (d) Poder de polícia é a “faculdade de que dispõe a Adminis-
no RE 407.099/RS e no RE 601392/PR, o Supremo Tribunal Federal reco- tração Pública para condicionar e restringir o uso e gozo de bens,
nheceu que a Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) é prestadora de atividades e direitos individuais, em benefício da coletividade
serviço público (serviço postal) e, ainda, que tal serviço é de prestação ou do próprio Estado”4. Assim, ao determinar a demolição da parte
obrigatória e exclusiva do Estado, devendo, pois, ser equiparada à irregular da obra, a Administração se valeu de seu poder de polícia.
Fazenda Pública para fins tributários e, dessa maneira, restou decidido Gabarito: D
que é merecedora da imunidade tributária recíproca, bem como que

se submete ao regime de precatório, já que seus bens não podem ser 195. (FGV/TJ-AL/Analista Judiciário – Área Judiciária – 2018) As
penhorados. Especificamente no que se refere ao regime do pessoal, atividades que envolvem a consecução do poder de polícia são suma-
deve ser realizado concurso público para a contratação de pessoal por riamente divididas em quatro grupos, a saber:
tal entidade administrativa, e a remuneração a ser paga aos respectivos (i) legislação;
empregados não pode ultrapassar o teto remuneratório estabelecido
(ii) consentimento;
na Constituição da República, caso sejam recebidos recursos públicos
para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral (art. (iii) fiscalização; e
37, §9º, CF). (iv) sanção.
Gabarito: C.
Sobre a delegação do poder de polícia a uma sociedade de economia

3. PODERES DA ADMINISTRAÇÃO mista, a jurisprudência consolidada do Superior Tribunal de Justiça é
no sentido de sua:
194. (FGV/OAB/XXX_Exame – 2019) Após comprar um terreno, a) possibilidade em relação aos atos de fiscalização e sanção, porque
Roberto iniciou a construção de sua casa, sem prévia licença, avançando decorrem do poder discricionário da Administração Pública, mas
para além dos limites de sua propriedade e ocupando parcialmente a não pode ocorrer delegação dos atos de legislação e consenti-
via pública, inclusive com possibilidade de desabamento de parte da mento, pois derivam do poder vinculado;
obra e risco à integridade dos pedestres.
b) possibilidade em relação aos atos de legislação, consentimento,
No regular exercício da fiscalização da ocupação do solo urbano, o fiscalização e sanção, diante da autonomia dos entes federativos,
poder público municipal, observadas as formalidades legais, valendo- que ostentam o poder discricionário para decidir a forma como
-se da prerrogativa de direito público que, calcada na lei, autoriza-o prestam os serviços públicos;
a restringir o uso e o gozo da liberdade e da propriedade privada em
favor do interesse da coletividade, determinou que Roberto demolisse c) possibilidade em relação aos atos de consentimento e fiscalização,
a parte irregular da obra. pois estão ligados ao poder de gestão do Estado, mas não pode
ocorrer delegação dos atos de legislação e sanção, pois derivam
O poder administrativo que fundamentou a determinação do Município
do poder de coerção;
é o poder
d) impossibilidade, em qualquer das fases de legislação, consenti-
A) de hierarquia, e, pelo seu atributo da coercibilidade, o particular é
mento, fiscalização e sanção, pois apenas os órgãos da adminis-
obrigado a obedecer às ordens emanadas pelos agentes públicos,
tração direta e os que ostentem personalidade jurídica de direito
que estão em nível de superioridade hierárquica e podem usar
público da administração indireta exercem legitimamente a autoe-
meios indiretos de coerção para fazer valer a supremacia do inte-
xecutoriedade de seus atos;
resse público sobre o privado.
1. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 36. ed.São Paulo: Malheiros,
B) disciplinar, e o particular está sujeito às sanções impostas pela 2010. p. 124.
Administração Pública, em razão do atributo da imperatividade, 2. DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 23. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
desde que haja a prévia e imprescindível chancela por parte do p. 94.
Poder Judiciário. 3. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 36. ed.São Paulo: Malheiros,
2010. p. 130. Original sem destaque.
C) regulamentar, e os agentes públicos estão autorizados a realizar 4. Direito administrativo brasileiro. 36. ed.São Paulo: Malheiros, 2010. p. 134. Original
atos concretos para aplicar a lei, ainda que tenham que se valer do sem destaque.
e) impossibilidade, em qualquer das fases de legislação, consenti- a) hierárquico, que possui estruturação interna, mediante o escalo-
mento, fiscalização e sanção, pois qualquer forma de exercício de namento no plano vertical dos órgãos e agentes da Administração,
poder de polícia traz implícito o atributo da imperatividade do que tem por objetivo a organização da função administrativa;
ato administrativo, que só pode ser legitimamente exercido pela b) discricionário, que consiste na atuação vinculada do agente público
administração direta. refletida numa imposição legal ao administrador, obrigando-o a
conduzir-se rigorosamente em conformidade com os parâmetros
Z Anotações/Comentários legais;
Alternativa “c” (responde as demais alternativas). O poder de c) regulamentar, que decorre da prerrogativa de direito público que,
polícia, de maneira geral, não é passível de delegação a particulares, calcada na lei, autoriza a Administração Pública a restringir o uso
sendo exceção a situação dos capitães de navios, conforme aponta a e o gozo da liberdade e da propriedade em favor do interesse da
doutrina. Muitos costumam apontar, de igual modo, os radares instala- coletividade;
dos em rodovias pelas concessionárias de serviço público como expres-
d) disciplinar, que está ligado à ideia de hierarquia entre os agentes
são do poder de polícia. Na verdade, não são atos de polícia, mas meros
públicos, viabilizando fenômenos administrativos como a avocação
atos preparatórios do ato jurídico do poder de polícia. De acordo
e a delegação, que decorrem de permissivo legal;
com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, considerando-se
os grupos do poder de polícia, são passíveis de delegação os atos de e) vinculado, que é a prerrogativa concedida aos agentes adminis-
consentimento e fiscalização, pois estão ligados ao poder de gestão do trativos de elegerem, entre várias condutas possíveis, a que traduz
Estado, mas não pode ocorrer delegação dos atos de legislação e sanção, maior conveniência e oportunidade para o interesse público.
pois derivam do poder de coerção. Neste sentido, é o REsp nº 817.354-
MG, no qual o STF fixou entendimento de que “somente os atos relativos
ao consentimento e à fiscalização são delegáveis, pois aqueles referentes Alternativa “a”. O poder hierárquico é uma ferramenta de grande
à legislação e à sanção derivam do poder de coerção do Poder Público. valia para a Administração porque possibilita a concatenação de suas
[Em verdade,] no que tange aos atos de sanção, o bom desenvolvimento ações em busca da satisfação do interesse público. Por ele, tem-se a
por particulares estaria, inclusive, comprometido pela busca do lucro – organização, a estruturação, criando-se uma relação de coordena-
aplicação de multas para aumentar a arrecadação”. No caso concreto, ção e subordinação entre os diversos órgãos criados. É com base na
o STJ entendeu que uma sociedade de economia mista municipal não hierarquia que se pode avocar, delegar, ordenar, controlar, corrigir
poderia aplicar diretamente multas aos infratores de trânsito, uma vez e aplicar sanções. Pode ser definido como a prerrogativa que a Admi-
que, em se tratando de pessoas jurídica de direito privado, não poderia nistração Pública tem de se organizar para buscar o interesse público
exercer a função sancionadora de polícia. e, para isso, desconcentra competências, isto é, distribui internamente
competência entre seus diversos órgãos, escalonando-os, hierarqui-
Gabarito: C.
zando-os.
196. (FGV/TJ-AL/Analista Judiciário – Oficial de Justiça Avaliador
– 2018) Poder de polícia pode ser conceituado como uma atividade da Alternativa “b”. O poder discricionário é a prerrogativa conferida
Administração Pública que se expressa por meio de seus atos norma- à Administração Pública de fazer opções, de escolher, de analisar se é
tivos ou concretos, com fundamento na supremacia geral do interesse oportuno, se é conveniente, segundo o interesse público, a prática de
público para, na forma da lei, condicionar a liberdade e a propriedade determinado ato. Na discricionariedade, ao contrário da vinculação – em
individual, mediante ações fiscalizadoras preventivas e repressivas. que a opção já foi feita na lei – o legislador deixou para o administrador
escolher, diante da situação fática, se determinado ato é conveniente
De acordo com ensinamentos da doutrina de Direito Administrativo,
ou oportuno em face do interesse público. Portanto, são elementos
são características ou atributos do poder de polícia:
nucleares a conveniência e oportunidade.
a) a hierarquia, a disciplina e a legalidade; Alternativa “c”. O poder regulamentar é espécie do poder nor-
b) a imperatividade, a delegabilidade e a imprescritibilidade; mativo, conferindo ao Chefe do Executivo a prerrogativa de editar atos
c) a discricionariedade, a autoexecutoriedade e a coercibilidade; gerais e abstratos, complementares à lei, sem inovar, de forma original, a
ordem jurídica. Normalmente, se manifesta pela expedição de decretos
d) a indelegabilidade, a hierarquia e o respeito às forças de segurança
executivos destinados a explicitar, aclarar, explicar a lei para que possa
pública; ser posta em prática, e essa possibilidade de regulamentação não é
e) a imposição da força policial, a voluntariedade e a disciplina. privativa do Chefe do Poder Executivo, pois o Judiciário (provimentos,
resoluções) e o Legislativo (regimento) também podem regulamentar
Z Anotações/Comentários as leis, mas a regulamentação não é tão extensa quanto à feita pelo
Alternativa “b” (responde as demais alternativas). São atributos Poder Executivo.
do poder de polícia a discricionariedade, a autoexecutoriedade e a Alternativa “d”. O poder disciplinar é a prerrogativa pela qual a
coercibilidade. Em regra, a atividade de polícia administrativa é discri- Administração apura as infrações e aplica as penalidades ao infrator,
cionária, havendo liberdade de escolha do administrador em relação que pode ser um servidor público ou particular sujeito à disciplina admi-
ao momento de atuação, à forma de atuação e, às vezes, até no que nistrativa. No item em questão, há a descrição do poder hierárquico,
se refere a qual sanção aplicar. Desse modo, por exemplo, a atividade motivo pelo qual errada.
de fiscalização, normalmente, não possui um momento exato para ser Alternativa “e”. O poder vinculado é aquele que a lei confere
desempenhada e, por vezes, a lei deixa para o fiscal a análise de qual à Administração Pública para a prática de ato de sua competência,
medida adotar no caso concreto. Todavia, nem sempre há discriciona- determinando os elementos e requisitos necessários a sua formalização,
riedade e o poder de polícia pode ser manifestação administrativa conforme Hely Lopes Meirelles. Todo e qualquer ato administrativo deve
vinculada. A autoexecutoriedade, por sua vez, aponta para o fato de estar em conformidade com o direito e, em muitos casos, a conveniência
que a Administração Pública, para satisfazer o interesse público, pode e a oportunidade de se praticar determinado ato já foram valoradas
praticar diretamente os atos afetos à polícia administrativa, não pelo legislador, não havendo margem de escolha ao administrador;
necessitando recorrer ao Poder Judiciário. Por fim, a coercibilidade em tais situações, em que o comportamento já foi previamente deli-
é o atributo pelo qual a Administração Pública tema prerrogativa de mitado pela lei, há aplicação do poder vinculado – que, em verdade,
impor ao administrado o cumprimento da medida de polícia adminis- por se tratar mais de uma restrição à Administração Pública que a
trativa. Desse modo, tal atributo traduz-se, em essência, nas atividades uma prerrogativa, não é considerado, por muitos autores, poder da
repressivas da Administração Pública, uma vez que o ato de polícia é Administração Pública.
impositivo, coercitivo para o destinatário.
Gabarito: A.
Gabarito: C
198. (FGV/Câmara de Salvador-BA/Analista Legislativo – 2018)

197. (FGV/Câmara de Salvador-BA/Analista Legislativo – 2018) João construiu prédio de sua mercearia, sem requerer ou obter alvará
Poderes administrativos são o conjunto de prerrogativas de direito de localização e funcionamento junto ao Município de Salvador, inva-
público que a ordem jurídica confere aos agentes administrativos com dindo inclusive parte da calçada. Após regular processo administrativo,
a finalidade de permitir que o Estado alcance seus fins. diante da omissão de João, o Município procedeu à demolição da parte
Nesse contexto, de acordo com a doutrina de Direito Administrativo, construída ilegalmente em área pública.
destaca-se o poder: A conduta do poder público municipal está:
a) correta, e calcada em seu poder regulamentar, pelo atributo da nistração Pública tem de se organizar para buscar o interesse público
coercitibilidade; e, para isso, desconcentra competências, isto é, distribui internamente
b) correta, e calcada em seu poder de polícia, pelo atributo da autoe- competência entre seus diversos órgãos, escalonando-os, hierarqui-
xecutoriedade; zando-os. Com isso, cria-se uma relação de hierarquia entre os órgãos,
pelo que os subordinados têm o dever de obediência aos superiores.
c) correta, e calcada em seu poder disciplinar, pelo atributo da impe-
ratividade; Alternativa “c”. Editar decreto contendo normas gerais que com-
plementam lei ordinária municipal em determinada matéria é mani-
d) errada, pois a medida extrema restringiu direito e uso da proprie- festação do poder regulamentar, que confere ao Chefe do Executivo
dade, razão pela qual deveria ter sido aplicada apenas a multa; a prerrogativa de editar atos gerais e abstratos, complementares à lei,
e) errada, pois a medida extrema restringiu direito e uso da proprie- sem inovar, de forma original, a ordem jurídica. Proceder à apreensão
dade, razão pela qual deveria ter sido precedida de provimento de produtos impróprios para consumo em mercado privado é típica
judicial. manifestação do poder de polícia, atividade do Estado consistente
em limitar o exercício dos direitos individuais em benefício do inte-
Z Anotações/Comentários resse público6.
Alternativa “b” (responde as demais alternativas). A autoexe- Alternativa “d”. Delegar para autoridade municipal hierarquica-
cutoriedade é um dos atributos do poder de polícia, assim entendido mente inferior a prática de certo ato administrativo é manifestação
como a “faculdade de que dispões a Administração Pública para do poder hierárquico. Aplicar pena disciplinar a servidor público
condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos municipal, observado o devido processo legal é manifestação do
individuais, em benefício da coletividade ou do próprio Estado”5. poder disciplinar.
Pela autoexecutoriedade, para a satisfação do interesse público, a Alternativa “e”. Editar emenda à lei orgânica municipal com regras
Administração pode praticar diretamente os atos afetos à polícia específicas sobre serviços de interesse local não é manifestação dos
administrativa, não necessitando recorrer para o Poder Judiciário poderes administrativos, mas de atividade legislativa. Expedir ordem
para tanto. Assim, não precisa a Administração de ordem judicial para de serviço disciplinando a divisão de atribuições de servidores lotados
multar, interditar, apreender e realizar as demais medidas de polícia. na Secretaria Municipal de Segurança Pública é manifestação do poder
Todavia, a autoexecutoriedade só existe quando prevista em lei
hierárquico.
ou quando se tratar de situação de urgência, não se fazendo, pois, Gabarito: C.
presente em todas as medidas de polícia. No caso narrado no enunciado,

portanto, há típica manifestação do poder de polícia, sendo que a 200. (FGV/TJ-AL/Técnico Judiciário – Área Judiciária – 2018) Em
demolição do prédio em questão é decorrência da autoexecutorie- tema de poderes administrativos, a doutrina de Direito Administrativo
dade, atributo do poder de polícia. ensina que os atos administrativos da delegação e da avocação são fun-
Gabarito: B.
damentados na prerrogativa do agente público decorrente do poder:

199. (FGV/TJ-SC/Técnico Judiciário – 2018) Os poderes administrati- a) disciplinar, segundo o qual o agente público com competência
vos são instrumentais, pois consistem em mecanismos de trabalho por pode expedir normas gerais e abstratas para viabilizar a aplicabi-
meio dos quais os órgãos e as entidades administrativas executam suas lidade de lei preexistente;
tarefas e cumprem suas missões. b) hierárquico, segundo o qual o agente público de hierarquia supe-
São hipóteses, respectivamente, de emprego do poder regulamentar e rior pode, na forma da lei, estender ou chamar para si, de forma
do poder de polícia, quando o agente público municipal competente: temporária, competência para determinado ato;
a) indefere a implantação de determinado loteamento urbano reque- c) normativo, segundo o qual o agente público pode restringir liberda-
rido por particular, por não atender aos requisitos legais; e atua des individuais e propriedade privada em prol do interesse público
como segurança patrimonial para preservar certo bem público coletivo;
municipal; d) regulamentar, segundo o qual a autoridade pública competente
b) emite ato administrativo de demissão de servidor público munici- deve expedir decretos autônomos para disciplinar o funciona-
pal, após regular processo administrativo disciplinar; determina a mento orgânico da administração;
servidor hierarquicamente inferior que desempenhe certa função e) de polícia, segundo o qual a autoridade pública tem a faculdade de
na repartição onde está lotado; estabelecer a competência dos servidores que lhe são vinculados,
c) edita decreto contendo normas gerais que complementam lei ordi- sob pena de uso das forças de segurança.
nária municipal em determinada matéria; e procede à apreensão
de produtos impróprios para consumo em mercado privado; Z Anotações/Comentários
d) delega para autoridade municipal hierarquicamente inferior a prá- Alternativa “a”. O poder disciplinar é a prerrogativa pela qual a
tica de certo ato administrativo; e aplica pena disciplinar a servidor Administração apura as infrações e aplica as penalidades ao infrator,
público municipal, observado o devido processo legal; que pode ser um servidor público ou particular sujeito à disciplina
administrativa. A penalidade administrativa tem como objeto as
e) edita emenda à lei orgânica municipal com regras específicas sobre
infrações relacionadas aos serviços, aplicando-se, portanto, apenas a
serviços de interesse local; e expede ordem de serviço disciplinando
um agente público ou a um particular juridicamente relacionado com
a divisão de atribuições de servidores lotados na Secretaria Muni-
a Administração.
cipal de Segurança Pública.
Alternativa “b”. O poder hierárquico é o poder “de que dispõe o
Z Anotações/Comentários Executivo para distribuir e escalonar as funções de seus órgãos, ordenar
e rever a atuação de seus agentes, estabelecendo a relação de subor-
Alternativa “a”. Indeferir a implantação de determinado lotea-
dinação entre os servidores do seu quadro de pessoal”7. Por meio dele,
mento urbano requerido por particular, por não atender aos requisitos
ocorre a organização, a estruturação e cria-se uma relação de coordena-
legais é, por exemplo, manifestação do poder vinculado, que é aquele
ção e subordinação entre os diversos órgãos criados, dentro da mesma
que a lei confere à Administração Pública para a prática de ato de sua
pessoa jurídica. Cria-se uma relação de hierarquia e, com isso, o superior,
competência, determinando os elementos e requisitos necessários a
por exemplo, pode dar ordens ao subordinado e este, por sua vez, tem o
sua formalização.
dever de obediência (salvo se for ordem manifestamente ilegal). Assim,
Alternativa “b”. Emitir ato administrativo de demissão de servidor dessa organização administrativa decorrem vários poderes, dentre os
público municipal, após regular processo administrativo disciplinar é quais: o de editar atos normativos, o de dar ordens aos subordinados,
manifestação do poder disciplinar, que é a prerrogativa pela qual o de controlar, coordenar e corrigir a atividade dos órgãos inferiores,
a Administração apura as infrações e aplica as penalidades ao o de avocar atribuições (desde que não sejam de competência
infrator, que deve ser um servidor público ou particular sujeito à exclusiva do órgão subordinado), o de delegar atribuições (que
disciplina administrativa. Determinar a servidor hierarquicamente não lhes sejam privativas), dentre outras.
inferior que desempenhe certa função na repartição onde está lotado é 6. DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 24 ed. São Paulo: Atlas,
manifestação do poder hierárquico, que é a prerrogativa que a Admi- 2011.p. 118
5. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 36 ed. São Paulo: Malheiros, 7. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 36. ed. São Paulo: Malheiros,
2010. p. 134. 2010. p. 124.
Alternativa “c” (responde a alternativa “d”). O Poder norma- a situação, interdita o estabelecimento e apreende as mesas e cadeiras
tivo é a prerrogativa conferida à Administração Pública de editar colocadas de forma irregular, com base na lei que regula o exercício do
atos gerais para complementar as leis e possibilitar sua efetiva poder de polícia correspondente.
aplicação. O poder regulamentar, neste sentido, é espécie do poder A partir da situação acima, assinale a afirmativa correta.
normativo, conferindo ao Chefe do Executivo a prerrogativa de editar
atos gerais e abstratos, complementares à lei, sem inovar, de forma a) O fiscal atuou com desvio de poder, uma vez que o direito da socie-
original, a ordem jurídica. Normalmente, manifesta-se pela expedição dade empresária de continuar funcionando é emanação do direito
de decretos executivos destinados a explicitar, aclarar, explicar a lei de liberdade constitucional, que só pode ser contrastado a partir
para que possa ser posta em prática, e essa possibilidade de regula- de um provimento jurisdicional.
mentação não é privativa do Chefe do Poder Executivo, pois o Judiciário b) A prática irregular de ato autoexecutório pelo fiscal é clara, porque
(provimentos, resoluções) e o Legislativo (regimento) também podem não homenageou o princípio do contraditório e da ampla defesa
regulamentar as leis, mas a regulamentação não é tão extensa quanto ao não permitir à sociedade empresária, antes da apreensão, a
à feita pelo Poder Executivo. possibilidade de produzir, em processo administrativo específico,
Alternativa “e”. Conforme Hely Lopes Meirelles, o poder de polícia fatos e provas em seu favor.
é definido como a “faculdade de que dispõe a Administração Pública c) O ato praticado pelo fiscal está dentro da visão tradicional do exer-
para condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades e cício da polícia administrativa pelo Estado, que pode, em situações
direitos individuais, em benefício da coletividade ou do próprio extremas, dentro dos limites da razoabilidade e da proporcionali-
Estado”8. Pode-se, assim, afirmar que o poder de polícia é uma atividade, atuar de forma autoexecutória.
dade administrativa consistente em intervir no exercício de direitos
e liberdades individuais, impondo restrições e condições para d) A atuação do fiscal é ilícita, porque os atos administrativos autoe-
que o interesse particular não cause prejuízo ao interesse público. xecutórios, como mencionado acima, exigem, necessariamente,
Gabarito: B.
autorização judicial prévia.
201. (FGV/OAB/XXIV_Exame – 2017) João foi aprovado em concurso Z Anotações/Comentários

público promovido pelo Estado Alfa para o cargo de analista de políticas
públicas, tendo tomado posse no cargo, na classe inicial da respectiva Alternativa “a”. Quanto ao tema, o abuso de poder existe
carreira. Ocorre que João é uma pessoa proativa e teve, como gestor, quando o poder é usado contrariando o regime jurídico adminis-
excelentes experiências na iniciativa privada. trativo. Tem como espécies o desvio de poder e o excesso de poder,
ocorrendo o primeiro quando a autoridade extrapola sua competência
Em razão disso, ele decidiu que não deveria cumprir os comandos
(atua fora dos limites de sua competência) e, por sua vez, o desvio de
determinados por agentes superiores na estrutura administrativa,
poder ou de finalidade se dá quando a autoridade, agindo dentro dos
porque ele as considerava contrárias ao princípio da eficiência, apesar
limites da sua competência (não extrapola), pratica o ato visando fim
de serem ordens legais.
diverso do estabelecido na lei, diferentemente do que ocorre na situa-
A partir do caso apresentado, assinale a afirmativa correta. ção narrada no enunciado. Na hipótese narrada, não houve nenhuma
a) João possui total liberdade de atuação, não se submetendo a forma de abuso de poder e o exercício do direito individual pode ser
comandos superiores, em decorrência do princípio da eficiência. objeto de restrição por força do poder de polícia, com fundamento no
b) A liberdade de atuação de João é pautada somente pelo princípio princípio da supremacia do interesse público sobre o privado e, assim,
da legalidade, considerando que não existe escalonamento de não há necessidade de provimento jurisdicional em face da presença
competência no âmbito da Administração Pública. da autoexecutoriedade.
c) João tem dever de obediência às ordens legais de seus superiores, Alternativa “b”. De fato, o art. 2º da Lei nº 9.784/99 – que regula o
em razão da relação de subordinação decorrente do poder hierár- processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal
quico. – estabelece a obrigatoriedade de observância de vários princípios,
dentre os quais se destaca os do contraditório e da ampla defesa, inti-
d) As autoridades superiores somente podem realizar o controle fina-
mamente relacionados com o devido processo legal. Todavia, dentro
lístico das atividades de João, em razão da relação de vinculação
do exercício do poder de polícia, é plenamente possível a interdição do
estabelecida com os superiores hierárquicos.
estabelecimento, postergando-se o exercício do contraditório para o
Z Anotações/Comentários curso do processo administrativo a ser instaurado.
Alternativa “c” (responde a alternativa “d”). A autoexecuto-
Alternativa “b”. A despeito de, de fato, estar referido servidor
riedade é um dos atributos do poder de polícia, assim entendido
limitado pelo princípio da legalidade, é importante destacar que há
como a “faculdade de que dispões a Administração Pública para
escalonamento no âmbito da Administração Pública.
condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos
Alternativa “c” (responde a alternativa “a”). O poder hierár- individuais, em benefício da coletividade ou do próprio Estado”9.
quico é a prerrogativa que a Administração Pública tem de se organizar Pela autoexecutoriedade, para a satisfação do interesse público, a Admi-
para buscar o interesse público e, para isso, desconcentra competências, nistração pode praticar diretamente os atos afetos à polícia admi-
isto é, distribui internamente competência entre seus diversos órgãos, nistrativa, não necessitando recorrer para o Poder Judiciário para
escalonando-os, hierarquizando-os. Com isso, cria-se uma relação de tanto. Assim, não precisa a Administração de ordem judicial para multar,
hierarquia entre os órgãos, pelo que os subordinados têm o dever de interditar, apreender e realizar as demais medidas de polícia. Todavia, a
obediência aos superiores, salvo quanto às ordens manifestamente ile- autoexecutoriedade só existe quando prevista em lei ou quando
gais. Assim, dessa organização administrativa decorrem vários poderes, se tratar de situação de urgência, não se fazendo, pois, presente em
dentre os quais: o de dar ordens aos subordinados, o de controlar, coor-
todas as medidas de polícia. No caso, o fiscal interditou atuou com
denar e corrigir a atividade dos órgãos inferiores, o de avocar atribuições
base na lei que regula o exercício do poder de polícia correspondente.
(desde que não sejam de competência exclusiva do órgão subordinado), Gabarito: C.
o de delegar atribuições (que não lhes sejam privativas), dentre outras.

203. (FGV/OAB/XVI_Exame – 2015) Determinado município resolve
Alternativa “d”. O controle finalístico é aquele exercido sobre
aumentar a eficiência na aplicação das multas de trânsito. Após proce-
a Administração Pública Indireta. Entre esta e a Administração Pública
Direta não há que se falar em hierarquia, mas, tão somente, em con- dimento licitatório, contrata a sociedade empresária Cobra Tudo para
trole finalístico. No caso, as autoridades superiores exercem o controle instalar câmeras do tipo “radar”, que fotografam infrações de trânsito,
hierárquico sobre os atos de João. bem como disponibilizar agentes de trânsito para orientar os cidadãos
Gabarito: C.
e aplicar multas. A mesma sociedade empresária ainda ficará encarre-
gada de criar um Conselho de Apreciação das multas, com o objetivo de
202. (FGV/OAB/XXIV_Exame – 2017) Um fiscal de posturas públicas analisar todas as infrações e julgar os recursos administrativos.
municipais verifica que um restaurante continua colocando, de forma
irregular, mesas para os seus clientes na calçada. Depois de lavrar autos Sobre o caso apresentado, assinale a afirmativa correta.
de infração com aplicação de multa por duas vezes, sem que a sociedade a) É possível a contratação de equipamentos eletrônicos de fiscaliza-
empresária tenha interposto recurso administrativo, o fiscal, ao verificar ção, mas o poder decisório não pode ser transferido à empresa.
8. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 36 ed. São Paulo: Malheiros, 9. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 36 ed. São Paulo: Malheiros,
2010. p. 134. 2010. p. 134.
b) Não é cabível a terceirização de qualquer dessas atividades, por se se valer de execução fiscal para a cobrança devida, recorrendo ao
tratar de atividade-fim da Administração. Judiciário para tanto.
Gabarito: D
c) A contratação é, a princípio, legal, mas somente permanecerá válida

se o município comprovar que a terceirização aumentou a eficiência 205. (FGV/OAB/XIII_Exame – 2014) José da Silva é o chefe do Departa-
da atividade. mento de Pessoal de uma Secretaria de Estado. Recentemente, José da
d) Não é possível delegar a instalação e gestão de câmeras do tipo Silva avocou a análise de determinada matéria, constante de processo
“radar” à empresa contratada, mas é possível delegar a criação e administrativo inicialmente distribuído a João de Souza, seu subordi-
gestão do Conselho de Apreciação de multas. nado, ao perceber que a questão era por demais complexa e não vinha
sendo tratada com prioridade por aquele servidor.
Z Anotações/Comentários Ao assim agir, José da Silva fez uso
A doutrina majoritária e a jurisprudência dos Tribunais Superiores a) do poder hierárquico.
entendem que o poder de polícia não pode ser delegado a pessoas b) do poder disciplinar.
privadas, sob pena de comprometimento da segurança jurídica. No
entanto, é possível a delegação dos atos materiais, instrumentais e c) do poder discricionário.
preparatórios. d) da teoria dos motivos determinantes.
O STJ preconiza que o poder de polícia poderia ser subdividido em
quatro grupos: I – ordem de polícia ou legislação; II – consentimento de
polícia; III – fiscalização de polícia; e IV – sanção de polícia. No âmbito da a) Poder hierárquico é a prerrogativa conferida ao administrador
limitação da liberdade no trânsito, o Código de Trânsito Brasileiro esta- de estruturar, escalonar e hierarquizar os seus quadros, estabelecendo
belece CTB estabelece normas genéricas e abstratas para a obtenção uma relação hierárquica de subordinação. Em outras palavras, é o poder
da Carteira Nacional de Habilitação (legislação); a emissão da carteira de rever os atos, distribuir e avocar funções (exatamente o caso de João
corporifica a vontade o Poder Público (consentimento); a Adminis- e José), estabelecer uma relação de coordenação e subordinação entre
tração instala equipamentos eletrônicos para verificar se há respeito órgãos e agentes, etc.
à velocidade estabelecida em lei (fiscalização); e também a Adminis- b) O poder disciplinar é a prerrogativa reconhecida à Administração
tração sanciona aquele que não guarda observância ao CTB (sanção). para investigar, analisar e punir, após o contraditório e ampla defesa, os
Assim, somente os atos relativos ao consentimento e à fiscalização são agentes públicos e os demais administrados. José da Silva não puniu
delegáveis, pois aqueles referentes à legislação e à sanção derivam do João de Souza ao avocar a análise de determinada matéria. Aliás, João
poder de coerção do Poder Público. Quanto aos atos de sanção, o bom de Souza não praticou qualquer infração funcional.
desenvolvimento por particulares estaria, inclusive, comprometido pela
busca do lucro – aplicação de multas para aumentar a arrecadação. c) No poder discricionário há a conveniência e a oportunidade
do administrador, que deve se atentar aos limites legais, sob pena de
Assim, as fases consideradas delegáveis ao particular o são sob configuração de conduta arbitrária. É o poder de atuar com liberdade
a justificativa de que não envolveriam o poder de império do Estado.
Gabarito: A dentro de parâmetros legais estabelecidos a fim de definir a medida

mais oportuna e conveniente ao interesse público.
204. (FGV/OAB/XIV_Exame – 2014) A Secretaria de Defesa do Meio d) A teoria dos motivos determinantes não se relaciona ao tema
Ambiente do Estado X lavrou auto de infração, cominando multa no da questão. Essa teoria define que o ato administrativo está vinculado
valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) à empresa Explora, em razão da aos motivos que ensejaram a sua edição, de modo que o ato poderá ser
instalação de uma saída de esgoto clandestina em uma lagoa naquele anulado caso o motivo apresentado divirja do motivo real.
Estado. Gabarito: A
A empresa não impugnou o auto de infração lavrado e não pagou a

206. (FGV/OAB/XI_Exame – 2013) Atendendo a uma série de denún-
multa aplicada.
cias feitas por particulares, a Delegacia de Defesa do Consumidor
Considerando o exposto, assinale a afirmativa correta. (Decon) deflagra uma operação, visando a apurar as condições dos
a) A aplicação de penalidade representa exercício do poder disciplinar alimentos fornecidos em restaurantes da região central da capital.
e autoriza a apreensão de bens para a quitação da dívida, em razão Logo na primeira inspeção, os fiscais constataram que o estoque de
da executoriedade do ato. um restaurante tinha produtos com a validade vencida. Na inspeção
das instalações da cozinha, apuraram que o espaço não tinha condições
b) A aplicação de penalidade representa exercício do poder de polícia
sanitárias mínimas para o manejo de alimentos e o preparo de refeições.
e autoriza a apreensão de bens para a quitação da dívida, em razão
Os produtos vencidos foram apreendidos e o estabelecimento foi
da executoriedade do ato.
interditado, sem qualquer decisão prévia do Poder Judiciário. Assinale
c) A aplicação de penalidade representa exercício do poder disciplinar, a alternativa que indica o atributo do poder de polícia que justifica as
mas não autoriza a apreensão de bens para a quitação da dívida. medidas tomadas pela Decon.
d) A aplicação de penalidade representa exercício do poder de polícia, a) coercibilidade.
mas não autoriza a apreensão de bens para a quitação da dívida.
b) inexigibilidade.
Z Anotações/Comentários c) autoexecutoriedade.
O conceito legal de poder de polícia está previsto no art. 78, caput d) discricionariedade.
do CTN, a saber: “Considera-se poder de polícia atividade da adminis-
tração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou Z Anotações/Comentários
liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de O poder de polícia é uma prerrogativa do Estado de restringir, fre-
interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos nar, condicionar, limitar a atuação do particular em razão do interesse
costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de público. Seus atributos são: discricionariedade, autoexecutoriedade e
atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do coercibilidade.
Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e
A coercibilidade/imperatividade torna o ato obrigatório, indepen-
aos direitos individuais ou coletivos.”
dentemente da vontade ou concordância do particular.
(a, c) O poder disciplinar é a prerrogativa conferida ao Estado de
A autoexecutoriedade consiste no poder da Administração de
apurar as infrações e aplicar as penalidades ao infrator, servidor público
decidir (exigibilidade) e executar (executoriedade) seus atos sem inter-
ou particular sujeito à disciplina administrativa. Portanto, o caso con-
ferência do Poder Judiciário. Todos os atos têm exigibilidade, mas nem
creto narrado no enunciado não se relaciona com o poder disciplinar.
todos têm executoriedade, a exemplo das multas, cuja cobrança precisa
(b, d) A autoexecutoriedade, um dos atributos do poder de polícia ser feita no Judiciário caso o cidadão não pague voluntariamente.
ao lado da discricionariedade e da coercibilidade, só existe quando
A discricionariedade é compreendida como a liberdade de a Admi-
prevista em lei ou quando se tratar de situações de urgência, o que
nistração fazer juízo de valor quando da tomada de uma decisão,
não se verifica no caso em comento. Nele, é absolutamente possível
utilizando-se de critérios como conveniência e oportunidade, nos
a aplicação da multa, mas não pode o Estado apreender os bens da
limites da lei.
empresa Explora, a pretexto de satisfazer a dívida. Portanto, deverá Gabarito: C
207. (FGV/OAB/IX_Exame/Ipatinga – 2013) Autarquia competente 209. (FGV/OAB/X_Exame – 2013) Oscar é titular da propriedade de um
para a fiscalização de estabelecimentos comerciais que vendam gêneros terreno adjacente a uma creche particular. Aproveitando a expansão
alimentícios verifica que o maior supermercado do município estava com econômica da localidade, decidiu construir em seu terreno um grande
o funcionamento irregular, bem como vendia produtos com o prazo de galpão. Oscar iniciou as obras, sem solicitar à prefeitura do município “X”
validade vencido. Além de todas as outras sanções cabíveis na espécie, a necessária licença para construir, usando material de baixa qualidade.
a Autarquia aplicou multa ao estabelecimento. Com o objetivo de asse- Ainda durante a construção, a diretora da creche notou que a estrutura
gurar que a multa fosse paga, a Autarquia apreendeu produtos (dentro não apresentava solidez e corria o risco de desabar sobre as crianças. Ao
do prazo de validade) cujo valor somasse exatamente o valor da multa, e tomar conhecimento do fato, a prefeitura do município “X” inspecionou
que tivessem proveito para a autarquia, como água mineral, café e açúcar. o imóvel e constatou a gravidade da situação. Após a devida notificação
Com base na situação descrita, assinale a afirmativa correta. de Oscar, a estrutura foi demolida. Assinale a afirmativa que indica o ins-
a) A apreensão de bens com o objetivo de quitação de multa regu- tituto do direito administrativo que autoriza a atitude do município “X”.
larmente aplicada pela fiscalização é manifestação da autoexecu- a) tombamento.
toriedade do poder de polícia, sendo legitimamente exercida pela b) poder de polícia.
Autarquia.
c) ocupação temporária.
b) Não é cabível a apreensão de bens, neste caso, pois ela somente
seria viável se a Administração tivesse feito pesquisa e constatado d) desapropriação.
que os preços correspondem à média de mercado.
c) A Administração goza da prerrogativa da autoexecutoriedade,
mas a cobrança das multas aplicadas não pode se dar de maneira (a) O tombamento é uma modalidade de intervenção do Estado
forçada, “manu militari”, devendo ser feita por meio de processo na propriedade, como forma de acautelamento e preservação do
judicial, caso não ocorra o pagamento administrativamente. patrimônio cultural brasileiro. O instituto não guarda relação alguma
com o caso concreto apresentado no enunciado.
d) A apreensão de bens para quitação de multa pode se dar sobre
produtos cuja validade está vencida ou, como no caso, sobre (b) O poder de polícia é uma atividade administrativa que consiste
produtos bons para consumo, e não pode ser questionada por se em condicionar, restringir ou intervir no exercício de direitos e liberda-
inserir no mérito do ato administrativo. des individuais, em benefício da coletividade ou do Estado. Uma vez
que a construção do galpão por Oscar não atendeu ao interesse público,
Z Anotações/Comentários fundamenta-se a sua tomada pela Administração.
A questão trata do poder de polícia, prerrogativa da Administração (c) A ocupação temporária se justifica em uma situação de necessi-
de limitar ou disciplinar direitos, regulando a prática de ato ou abstenção dade temporária de realização de obras e serviços públicos pelo Estado.
de fatos, em razão do interesse público. A autoexecutoriedade é, ao lado Portanto, não se aplica ao caso da construção do galpão.
da coercibilidade e discricionariedade, um dos atributos do poder de (d) A desapropriação constitui uma forma de aquisição originária da
polícia e depende de lei autorizadora ou quando se tratar de medida propriedade por meio da qual, o Estado, em razão de interesse social,
urgente. Desta forma, alguns atos de polícia não possuem o atributo necessidade ou utilidade pública, adquire para si bem ou para outrem,
da autoexecutoriedade, como é o caso da multa, que não pode ser mediante prévia e justa indenização em dinheiro, bem móvel ou imóvel,
adimplida somente pela vontade unilateral do Estado. A cobrança deve corpóreo ou incorpóreo, público ou privado. Pela análise do conceito,
ser realizada judicialmente, por meio da propositura da execução fiscal. infere-se que não houve a desapropriação do galpão de Oscar.
Gabarito: C Gabarito: B
208. (FGV/OAB/IX_Exame/Ipatinga – 2013) Determinada área de pro- 210. (FGV/OAB/VIII_Exame – 2012) Com a finalidade de minimizar
teção ambiental, situada em encosta de morro, vinha sendo ocupada, há as consequências dos problemas de trânsito na cidade “X”, o Prefeito
muitos anos, sem qualquer ato de autorização pelo Poder Público, por estabeleceu, por meio de decreto de natureza genérica e abstrata, res-
alguns particulares, que lá construíram suas residências. José, que desde trições à circulação de veículos na região central, proibindo a circulação
jovem sofre de problemas respiratórios, agravados pela poluição dos de veículos e as operações de carga e descarga no período compreen-
grandes centros urbanos, postula, junto à Administração, licença para dido entre 6h e 22h, de segunda a sexta-feira, em dias úteis, na área de
construir sua casa nessa área protegida, cercada de verde, na esperança abrangência especificada. Face a esse fato, a Associação Empresarial do
de uma melhor qualidade de vida. A licença não é concedida. Sobre o ramo de transporte de mercadorias procura um advogado para orientá-
caso concreto, assinale a afirmativa correta. -la na proteção de seus interesses. Com base na hipótese apresentada,
a) A administração não pode ter comportamentos contraditórios, assinale a alternativa que indica a linha de atuação mais apropriada
devendo conceder a licença a José, em nome da segurança jurídica proposta pelo advogado.
e da confiança legítima, uma vez que há anos tolera ocupação na a) Impetração de mandado de segurança contra o Decreto, ao argu-
mesma área por outros particulares. mento de que faltaria ao Município competência normativa para
b) Ainda que não caiba falar em proibição de comportamento contra- estabelecer a referida restrição.
ditório, o caso apresenta uma ponderação de valores, devendo ser b) Ajuizamento de ação de conhecimento com pedido de antecipação
priorizada a proteção a condições dignas de vida em detrimento dos efeitos da tutela jurisdicional com a finalidade de suspender
da proteção ambiental. os efeitos do Decreto, ao argumento de vício de razoabilidade/
c) O indeferimento por parte do Poder Público foi correto, consi- proporcionalidade.
derando que a mera tolerância de condutas ilegais por parte da c) Impetração de mandado de segurança contra o Decreto, ao argu-
Administração não assegura que outro particular, invocando a mento de vício de razoabilidade/proporcionalidade.
isonomia, cometa as mesmas ilegalidades. d) Ajuizamento de ação de conhecimento com pedido de antecipação
d) Os particulares que já tiverem construído suas casas na encosta dos efeitos da tutela jurisdicional com a finalidade de suspender
protegida possuem direito subjetivo à obtenção de licença para a os efeitos do Decreto, ao argumento de que faltaria ao Município
legalização de suas construções, já que a inação da Administração competência normativa para estabelecer a referida restrição.
gerou legítima expectativa de habitação na localidade.
(a, d) O Município dispõe de competência para tratar sobre a res-
O fato de a Administração ter se omitido com relação à fiscaliza- trição e circulação de veículos, pois, com fulcro no art. 30, inciso I, da
ção da ocupação dos particulares na área de proteção ambiental, não Constituição Federal, pode legislar sobre assuntos de interesse local.
justifica que o Estado, diante de um pedido ilegal feito por José (outro
b) De fato, a melhor opção é a escolha de ação ordinária com pedido
particular), haja de forma contrária à lei e ao interesse público. A pre-
de antecipação de tutela, sob o argumento de violação ao princípio da
tensão de reparação ambiental na situação de lesão a bens ambientais
razoabilidade/proporcionalidade. Referido princípio veda excessos e
é considerada imprescritível pela jurisprudência. No presente caso, a
preconiza como requisitos a utilidade/adequação, exigibilidade/neces-
Administração agiu corretamente ao indeferir o pedido de José, mas
sidade e a proporcionalidade em sentido amplo para que a atividade
deverá tomar medidas em relação aos outros particulares.
Gabarito: C administrativa seja razoável. O decreto é genérico e abstrato, pois não
informa quais veículos de carga estariam abrangidos, quais seriam as a) gera a possibilidade de cobrança, como contrapartida, de preço
exceções à regra geral, tampouco o prazo para que as empresas de público.
transporte se adaptem às novas regras. b) se instrumentaliza sempre por meio de alvará de autorização.
c) O mandado de segurança não é admitido em face de ato nor- c) afasta a razoabilidade, para atingir os seus objetivos maiores, em
mativo de efeitos genéricos e abstratos, dos quais não decorram dire- prol da predominância do interesse público.
tamente efeitos concretos e individuais, como é o caso do decreto do
d) deve ser exercido nos limites da lei, gerando a possibilidade de
enunciado. É o que postula a Súmula 266 do STF: “Não cabe mandado
cobrança de taxa.
de segurança contra lei em tese.”, a fim de que a ação não seja utilizada
como forma de controle abstrato de constitucionalidade. Z Anotações/Comentários
Gabarito: B
(a, d) O conceito de taxa não se confunde com o de preço público:

211. (FGV/OAB/II_Exame – 2010) A doutrina costuma afirmar que
taxa é tributo cobrado “em razão do exercício do poder de polícia ou
certas prerrogativas postas à Administração encerram verdadeiros
pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e
poderes, que são irrenunciáveis e devem ser exercidos sempre que o
divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição” (art.
interesse público clamar. Por tal razão são chamados poder-dever. A
145, II, da CF). Já preço público é tarifa, ou seja, é o valor cobrado pela
esse respeito é correto afirmar que:
efetiva realização de um determinado serviço. O dispositivo constitu-
a) o poder regulamentar é amplo, e permite, sem controvérsias, a cional anteriormente citado também preceitua que a União, os Estados,
edição de regulamentos autônomos e executórios. o DF e os Municípios podem instituir taxa, em decorrência do poder de
b) o poder disciplinar importa à administração o dever de apurar polícia. Portanto, a assertiva correta é a letra “d”.
infrações e aplicar penalidades, mesmo não havendo legislação (b) O poder de polícia não se materializa apenas por meio do alvará
prévia. de autorização (ato discricionário), mas também por ato vinculado,
c) o poder de polícia se coloca discricionário, conferindo ao admi- como é o caso da licença para dirigir.
nistrador ilimitada margem de opções quanto à sanção a ser, (c) Nenhum poder administrativo é completamente discricionário e
eventualmente, aplicada. ilimitado. Sempre haverá parâmetros no ordenamento a fim de controlar
d) o poder hierárquico é inerente à ideia de verticalização adminis- a atuação dos agentes públicos. O poder de polícia se enquadra nesse
trativa, e revela as possibilidades de controlar atividades, delegar contexto, a fim de que a medida de polícia administrativa seja razoável
competência, avocar competências delegáveis e invalidar atos, (adequada, necessária e proporcional).
Gabarito: D
dentre outros.
4. ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
(a) O poder regulamentar ou normativo é a prerrogativa da Admi- 213. (FGV/OAB/XVIII_Exame – 2015) O Estado XYZ pretende criar
nistração em editar atos normativos gerais para a fiel execução das uma nova universidade estadual sob a forma de fundação pública.
leis. Portanto, em regra, esse regulamento executivo não pode inovar Considerando que é intenção do Estado atribuir personalidade jurídica
o ordenamento jurídico, mas tão somente complementar a lei. Entre- de direito público a tal fundação, assinale a afirmativa correta.
tanto, existem os regulamentos autônomos que atuam em sentido a) Tal fundação há de ser criada com o registro de seus atos constitu-
contrário aos regulamentos executivos, ou seja, atuam substituindo a tivos, após a edição de lei ordinária autorizando sua instituição.
lei e têm o condão de inovar o ordenamento jurídico. Em consonância
b) Tal fundação há de ser criada por lei ordinária específica.
ao entendimento majoritário da doutrina e da jurisprudência, os regu-
lamentos autônomos admissíveis no ordenamento estão previstos em c) Não é possível a criação de uma fundação pública com personali-
duas situações do art. 84, VI, da CF: I – organização e funcionamento da dade jurídica de direito público.
administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem d) Tal fundação há de ser criada por lei complementar específica.
criação ou extinção de órgãos públicos; e II – extinção de funções ou
cargos públicos, quando vagos. Assim, a afirmação na assertiva está Z Anotações/Comentários
absolutamente equivocada. (a) A autorização para a instituição de fundação pública dependerá
(b) Apesar de não vigorar no direito administrativo o princípio da de lei ordinária (art. 37, XIX, CF), mas não há necessidade de registro de
tipicidade rígida do direito penal, o princípio da razoabilidade deve seus atos constitutivos, uma vez que tal procedimento se aplica somente
limitar a discricionariedade do administrador, que vale-se da análise e às entidades com personalidade jurídica de direito privado.
interpretação de conceitos jurídicos indeterminados quando da análise (b) O art. 37, XIX da Constituição Federal prevê que somente por lei
de infrações funcionais. Entretanto, isso não significa que o poder disci- específica poderá ser autorizada a instituição de fundação, cabendo à
plinar possa ocorrer sem nenhum tipo de previsão legal. lei complementar definir as áreas de sua atuação.
(c) Um dos atributos do poder de polícia, de fato, é a discriciona- (c) O Poder Público, ao instituir a fundação pública, pode determinar
riedade, uma vez que o ato de polícia confere ao administrador certa que ela seja uma fundação de direito público ou de direito privado, a
margem de liberdade de escolha em relação ao momento da atuação, depender do regime escolhido. A diferença é da origem dos recursos
sua forma e, em alguns casos, qual sanção aplicar. Nota-se que a margem e o tipo da atividade a ser realizada, exclusiva ou não. As fundações de
de opções conferida à Administração não é ilimitada e absoluta, pois direito privado não interessam ao Direito Administrativo, mas sim ao
os limites legais sempre deverão ser observados, sob pena de conduta Direito Civil.
arbitrária e ilegal.
(d) A criação da fundação dependerá de lei ordinária. A definição
(d) “Poder hierárquico, segundo leciona Hely Lopes Meirelles, ‘é o das suas áreas de atuação é que obedecerá a lei complementar (art.
instrumento disponibilizado à Administração para distribuir e escalonar 37, XIX, CF).
as funções dos seus órgãos, ordenar e rever a atuação de seus agentes, Gabarito: B
estabelecendo a relação de subordinação entre os servidores do seu

214. (FGV/OAB/XVII_Exame – 2015) Após autorização em lei, o Estado
quadro de pessoal’. Esse poder confere à autoridade administrativa
X constituiu empresa pública para atuação no setor bancário e credi-
a faculdade de ordenar, coordenar, controlar e corrigir as atividades
tício. Por não possuir, ainda, quadro de pessoal, foi iniciado concurso
administrativas. Do poder hierárquico decorrem algumas faculdades
público com vistas à seleção de 150 empregados, entre economistas,
implícitas para o administrador, tais como: dar ordens; fiscalizar o seu
administradores e advogados.
cumprimento; delegar e avocar atribuições; e rever os atos inferiores”.
(Ronny Charles e Fernando Baltar, Direito Administrativo – Coleção A respeito da situação descrita, assinale a afirmativa correta.
OAB, JusPodivm) a) Não é possível a constituição de empresa pública para exploração
direta de atividade econômica pelo Estado.
Gabarito: D
212. (FGV/OAB/II_Exame – 2010) O poder de polícia, conferindo a b) A lei que autorizou a instituição da empresa pública é, obrigatoria-
possibilidade de o Estado limitar o exercício da liberdade ou das facul- mente, uma lei complementar, por exigência do texto constitucio-
dades de proprietário, em prol do interesse público nal.
c) Após a Constituição de 1988, cabe às empresas públicas a prestação exonerá-los quando e como quiser, ainda mais por razões políticas não
de serviços públicos e às sociedades de economia mista cabe a ligadas ao interesse público.
exploração de atividade econômica.
Gabarito: A
d) A empresa pública que explora atividade econômica sujeita-se ao 216. (FGV/OAB/XV_Exame – 2014) No Estado X, foi constituída autar-
regime trabalhista próprio das empresas privadas, o que não afasta quia para a gestão do regime próprio de previdência dos servidores
a exigência de concurso público. estaduais. A lei de constituição da entidade prevê a possibilidade de
apresentação de recurso em face das decisões da autarquia, a ser
Z Anotações/Comentários dirigido à Secretaria de Administração do Estado (órgão ao qual a
(a) O art. 37, XIX, da Constituição Federal prevê que somente por lei autarquia está vinculada).
específica poderá ser autorizada a instituição de empresa pública. Se Sobre a situação descrita, assinale a opção correta.
exploradoras de atividade econômica de produção ou comercialização a) Não é possível a criação de autarquia para a gestão da previdência
de bens, poderão ter estatuto jurídico próprio, criado por lei específica, dos servidores, uma vez que se trata de atividade típica da Admi-
conforme art. 173, §1º, da CF. nistração Pública.
(b) Conforme o art. 37, XIX, da CF, a lei autorizadora da instituição da b) Não cabe recurso hierárquico impróprio em face das decisões da
empresa pública é ordinária, e não complementar, exigível apenas para autarquia, uma vez que ela goza de autonomia técnica, adminis-
a definição das áreas de atuação das fundações públicas. trativa e financeira.
(c) Ambas poderão prestar serviços públicos ou explorar atividade c) A previsão de recurso dirigido à Secretaria de Administração do
econômica. Art173 da CF: “Ressalvados os casos previstos nesta Consti- Estado (órgão ao qual a autarquia está vinculada) configura exem-
tuição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será plo de recurso hierárquico próprio.
permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou
a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.” d) São válidas tanto a constituição da autarquia para a gestão do
regime previdenciário quanto a previsão de cabimento do recurso
(d) As empresas públicas e as sociedades de economia mista se ao órgão ao qual a autarquia está vinculada.
submetem ao regime híbrido de direito privado, havendo a incidência
de normas de direito público. A questão foi aplicada na prova de 2015, Z Anotações/Comentários
de modo que a Lei nº 13.303/2016 (Lei das Estatais) ainda não estava
vigente no ordenamento. Entretanto, os incisos do art. 176, §1º, da CF (a) As autarquias são pessoas jurídicas de direito público que desen-
já previam a sujeição das empresas públicas exploradoras de atividade volvem atividades típicas, próprias da Administração Pública. Assim, é
econômica ao regime jurídico próprio das empresas privadas e a exigên- possível a criação de autarquia para gestão do regime previdenciário
cia de licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, dos servidores (art. 5º, inciso I, Decreto-Lei nº 200/1967).
observados os princípios da administração pública. (b) A previsão de recurso dirigido à Secretaria de Administração do
Estado (órgão ao qual a autarquia está vinculada) configura exemplo
Gabarito: D
de recurso hierárquico impróprio, já que a Secretaria de Administração
215. (FGV/OAB/XVII_Exame – 2015) O Governador do Estado Y criti-
cou, por meio da imprensa, o Diretor-Presidente da Agência Reguladora do Estado não está localizada hierarquicamente acima da autarquia. Há
de Serviços Delegados de Transportes do Estado, autarquia estadual controle finalístico somente.
criada pela Lei nº 1.234, alegando que aquela entidade, ao aplicar (c) O exemplo é de recurso hierárquico impróprio, dirigido a auto-
multas às empresas concessionárias por supostas falhas na prestação ridade ou órgão estranho à repartição que expediu o ato recorrido. É
do serviço, “não estimula o empresário a investir no Estado”. Ainda, por um recurso que não se dirige a autoridade hierarquicamente superior,
essa razão, o Governador ameaçou, também pela imprensa, substituir o mas sim a autoridade de outro órgão, sem que haja qualquer relação
Diretor- Presidente da agência antes de expirado o prazo do mandato hierárquica.
daquele dirigente. (d) A partir das explicações das assertivas anteriores, tem-se que
Considerando o exposto, assinale a afirmativa correta. a afirmação está correta.
Gabarito: D
a) A adoção do mandato fixo para os dirigentes de agências regulado-

ras contribui para a necessária autonomia da entidade, impedindo 217. (FGV/OAB/XV_Exame – 2014) A ONG “Festivus”, uma associação
a livre exoneração pelo chefe do Poder Executivo. de caráter assistencial, qualificada como Organização da Sociedade Civil
b) A agência reguladora, como órgão da Administração Direta, sub- de Interesse Público (OSCIP), celebrou Termo de Parceria com a União e
mete-se ao poder disciplinar do chefe do Poder Executivo estadual. dela recebeu R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais) para execução
de atividades de interesse público. Uma revista de circulação nacional,
c) A agência reguladora possui personalidade jurídica própria, mas entretanto, divulgou denúncias de desvio de recursos e de utilização
está sujeita, obrigatoriamente, ao poder hierárquico do chefe do da associação como forma de fraude.
Poder Executivo.
Com base na hipótese apresentada, considerando a disciplina consti-
d) Ainda que os dirigentes da agência reguladora exerçam mandato tucional e legal, assinale a afirmativa correta.
fixo, pode o chefe do Poder Executivo exonerá-los, por razões polí-
ticas não ligadas ao interesse público, caso discorde das decisões a) O Tribunal de Contas da União não tem competência para apurar
tomadas pela entidade. eventual irregularidade, uma vez que se trata de pessoa jurídica de
direito privado, não integrante da Administração Pública.
Z Anotações/Comentários b) O Tribunal de Contas da União tem competência para apurar even-
(a) As agências reguladoras são autarquias em regime especial, este tual irregularidade praticada pela OSCIP, por se tratar de pessoa
definido pela função de regulamentação, normatização, fiscalização e jurídica integrante da administração indireta federal.
controle finalístico, dispostas na Lei nº 9.986/2000. No art. 6º da referida c) O Tribunal de Contas da União tem competência para apurar even-
norma consta que o mandato dos Conselheiros e dos Diretores será tual irregularidade praticada pela OSCIP, por se tratar de recursos
de 5 (cinco) anos, vedada a recondução (alteração efetuada pela Lei públicos federais.
nº 13.848/2019). d) O controle exercido sobre a utilização dos recursos repassados
(b) As agências reguladoras são pessoas jurídicas que integram à OSCIP é realizado apenas pela própria Administração e pelo
a Administração Pública Indireta. Ademais, submete-se ao controle Ministério Público Federal.
finalístico pela pessoa política criadora, e não ao poder hierárquico.
(c) Por ser integrante da Administração Pública Indireta, não há que
se falar em controle hierárquico, mas em controle finalístico exercido A OSCIP é uma pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos,
pela pessoa política criadora, a fim de que haja a verificação de cumpri- não integrante da Administração Pública (é um ente de cooperação),
mento dos fins para que foi criada. Existe vinculação e não subordinação. que presta serviços sociais não exclusivos do Estado, mediante termo
(d) Os dirigentes somente perderão os seus respectivos cargos em de parceria.
razão de renúncia, de condenação judicial transitada em julgado, por (a, c, d) O TCU, nos termos do art. 71, II, da CF, auxilia o controle
infringência de quaisquer vedações previstas no art. 8º-B da Lei (art. 9º externo do Congresso Nacional e julga as contas dos administradores e
da Lei nº 9.986/2000). Desta forma, o chefe do Poder Executivo não pode demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da adminis-
tração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas

220. (FGV/OAB/XI_Exame – 2013) Determinada entidade de formação
e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem
profissional, integrante dos chamados Serviços Sociais Autônomos
causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo
(também conhecidos como “Sistema S”), foi, recentemente, questio-
ao erário público. Desta feita, o Tribunal de Contas da União tem com-
nada sobre a realização de uma compra sem prévia licitação. Assinale
petência para apurar eventual irregularidade praticada pela OSCIP, por
a alternativa que indica a razão do questionamento.
se tratar de recursos públicos federais.
a) Tais entidades, vinculadas aos chamados serviços sociais autôno-
(b) A OSCIP não faz parte da Administração Pública. Integra o termos, integram a Administração Pública.
ceiro setor e é chamada de ente paraestatal ou de cooperação.
Gabarito: C
b) Tais entidades, apesar de não integrarem a Administração Pública,
são dotadas de personalidade jurídica de direito público.
218. (FGV/OAB/XIV_Exame – 2014) Numerosos professores, em
c) Tais entidades desempenham, por concessão, serviço público de
recente reunião da categoria, queixaram-se da falta de interesse dos
interesse coletivo.
alunos pela cultura nacional. O Sindicato dos Professores de Colégios
Particulares do Município X apresentou, então, um plano para ampliar d) Tais entidades são custeadas, em parte, com contribuições com-
o acesso à cultura dos alunos com idade entre 10 e 18 anos, obter a pulsórias cobradas sobre a folha de salários.
qualificação de “Organização da Sociedade Civil de Interesse Público”
(OSCIP) e celebrar um termo de parceria com a União, a fim de unir
esforços no sentido de promover a cultura nacional. (a, b) Os serviços sociais autônomos, também chamados de
Considerando a proposta apresentada e a disciplina existente sobre o “Sistema S”, são pessoas jurídicas de direito privado, sem finalidade
tema, assinale a afirmativa correta. lucrativa, que estão fora da Administração Pública porque integram
a iniciativa privada. São espécie dos entes de cooperação, de terceiro
a) O sindicato não pode se qualificar como Organização da Sociedade setor ou entes paraestatais.
Civil de Interesse Público, uma vez que tal qualificação, de origem
(c) As entidades do sistema S prestam atividades privadas de
doutrinária, não tem amparo legal.
interesse público, não sendo caso de delegação de serviços, pois não
b) O sindicato não pode se qualificar como OSCIP, em virtude de prestam serviços públicos propriamente ditos.
vedação expressa da lei federal sobre o tema.
(d) Tais entidades são mantidas por dotações orçamentárias e
c) O sindicato pode se qualificar como OSCIP, uma vez que é uma por contribuições parafiscais (destinadas a entidades paralelas do
entidade sem fins lucrativos e o objetivo pretendido é a promoção Estado, tais como contribuições compulsórias cobradas sobre a folha
da cultura nacional. de salários).
Gabarito: D
d) O sindicato pode se qualificar como OSCIP, mas deve celebrar

um contrato de gestão e não um termo de parceria com o poder 221. (FGV/OAB/IX_Exame – 2012) Atento à crescente especulação
público. imobiliária, e ciente do sucesso econômico obtido pelas construtoras do
País com a construção de imóveis destinados ao público de alta renda,

Z Anotações/Comentários o Estado “X” decide ingressar nesse lucrativo mercado. Assim, edita
(a) A Lei nº 9.790/1999 trata sobre a qualificação de pessoas jurídicas uma lei autorizando a criação de uma empresa pública e, no mesmo
ano, promove a inscrição dos seus atos constitutivos no registro das
de direito privado, sem fins lucrativos, tal como a OSCIP.
pessoas jurídicas. Assinale a alternativa que apresenta a alegação que as
(b, c, d) O art. 2º, inciso II, da Lei nº 9.790/99 prevê não serem passí- construtoras privadas, incomodadas pela concorrência de uma empresa
veis de qualificação como Organização da Sociedade Civil de Interesse pública, poderiam apresentar.
Público os sindicatos. Portanto, a afirmação da assertiva “b” é a única
a) A nulidade da constituição daquela pessoa jurídica, uma vez que as
que está correta.
pessoas jurídicas estatais só podem ser criadas por lei específica.
Ademais, a OSCIP firma com o Poder Público termo de parceria e
b) O objeto social daquela empresa só poderia ser atribuído a uma
não contrato de gestão (art. 9º da Lei nº 9.790/1999). sociedade de economia mista e não a uma empresa pública.
Gabarito: B
c) Os pressupostos de segurança nacional ou de relevante interesse

219. (FGV/OAB/XII_Exame – 2013) O Estado ABCD, com vistas à coletivo na exploração daquela atividade econômica não estão
interiorização e ao incremento das atividades econômicas, constituiu presentes.
empresa pública para implantar distritos industriais, elaborar planos de
d) A criação da empresa pública não poderia ter ocorrido no mesmo
ocupação e auxiliar empresas interessadas na aquisição dessas áreas.
ano em que foi editada a lei autorizativa.
Considerando que esse objeto significa a exploração de atividade
econômica pelo Estado, assinale a afirmativa correta. Z Anotações/Comentários
a) Não é possível a exploração de atividade econômica por pessoa
(a) O art. 37, inciso XIX da CF prevê que a criação das empresas públi-
jurídica integrante da Administração direta ou indireta. cas e das sociedades de economia mista é autorizada por lei específica.
b) As pessoas jurídicas integrantes da Administração indireta não (b) O objeto social da sociedade de economia mista e a empresa
podem explorar atividade econômica. pública não se diferencia, pois a ambas incumbe a exploração de ativi-
c) Dentre as figuras da Administração Pública indireta, apenas a dade econômica ou a prestação de serviço público.
autarquia pode desempenhar atividade econômica, na qualidade (c) O art. 173 da Constituição Federal prevê que as empresas públi-
de agência reguladora. cas podem ser exploradoras de atividade econômica, mas que tal
d) A constituição de empresa pública para exercer atividade econô- exploração deve se mostrar necessária à segurança nacional ou a
mica é permitida quando necessária ao atendimento de relevante relevante interesse público. No caso concreto do enunciado, o único
interesse coletivo. objetivo do Estado “X” é o lucro, inexistindo qualquer interesse público
na instalação da construtora.
Z Anotações/Comentários (d) Não há nenhum empecilho nesse sentido previsto na legislação.
Gabarito: C
(a, d) Ao contrário do afirmado na assertiva, o art. 173, caput, da CF

cuida da hipótese em que o Estado esteja na condição de agente empre- 222. (FGV/OAB/VIII_Exame – 2012) Quanto às pessoas jurídicas que
sarial, explorando diretamente atividade econômica em concorrência compõem a Administração Indireta, assinale a afirmativa correta.
com a iniciativa privada. Isso só será permitido quando necessária aos a) As autarquias são pessoas jurídicas de direito público, criadas por
imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo. lei.
(b, c) As empresas públicas e as sociedades de economia mista b) As autarquias são pessoas jurídicas de direito privado, autorizadas
são pessoas jurídicas de direito privado integrantes da Administração por lei.
Pública Indireta e podem ter, como finalidade, a exploração de atividade
c) As empresas públicas são pessoas jurídicas de direito público,
econômica ou a prestação de serviço público.
Gabarito: D criadas por lei.
d) As empresas públicas são pessoas jurídicas de direito privado, • Autorizada a instituição de empresa pública ou de sociedade de
criadas para o exercício de atividades típicas do Estado. economia mista
O registro dos atos constitutivos é exigido apenas quando se tratar
de pessoa jurídica de direito privado, uma vez que a pessoa jurídica
As autarquias são pessoas jurídicas de direito público que desen- de direito público surge diretamente da lei. Portanto, é necessário o
volvem atividades típicas, próprias do Estado. Conforme o art. 37, registro dos atos constitutivos de empresa pública e sociedade de
inciso XIX da Constituição Federal, somente por lei específica poderá economia mista.
ser criada autarquia. Gabarito: C
Quanto às empresas públicas, pessoas jurídicas de direito privado, 225. (FGV/OAB/V_Exame – 2011) A estruturação da Administração
o mesmo dispositivo legal prevê que somente por lei específica poderá
traz a presença, necessária, de centros de competências denominados
ser autorizada a sua instituição.
Gabarito: A
Órgãos Públicos ou, simplesmente, Órgãos. Quanto a estes, é correto
afirmar que
223. (FGV/OAB/VIII_Exame/2012) O Presidente da República, con-
a) possuem personalidade jurídica própria, respondendo diretamente
siderando necessária a realização de diversas obras de infraestrutura,
decide pela criação de uma nova Sociedade de Economia Federal e envia por seus atos.
projeto de lei para o Congresso Nacional. Após a sua regular tramita- b) suas atuações são imputadas às pessoas jurídicas a que pertencem.
ção, o Congresso aprova a criação da Companhia “X”. Considerando a c) não possuem cargos, apenas funções, e estas são criadas por atos
situação apresentada, assinale a afirmativa correta. normativos do ocupante do respectivo órgão.
a) A Companhia “X” poderá editar os decretos de utilidade pública
d) não possuem cargos nem funções.
das áreas que necessitam ser desapropriadas para consecução do
objeto que justificou sua criação. Z Anotações/Comentários
b) A Companhia “X” está sujeita à licitação e à contratação de obras,
serviços, compras e alienações, observados os princípios da admi- Nos termos do art. 1º, § 2º, I da Lei nº 9.784/1999, considera-se órgão
nistração. a unidade de atuação integrante da estrutura da Administração direta
e da estrutura da Administração indireta.
c) A Companhia “X” será necessariamente uma sociedade de propó-
sito específico (SPE) e a maioria do capital social deverá sempre (a) Os órgãos públicos não possuem personalidade jurídica própria,
pertencer à União. por isso as pessoas jurídicas a que pertencem respondem pelos atos
praticados.
d) A Companhia “X” possui foro privilegiado e eventuais demandas
judiciais correrão perante a Justiça Federal. (b) Os órgãos públicos não são capazes de adquirir direitos e
obrigações por não possuírem personalidade jurídica (entes desper-
Z Anotações/Comentários sonalizados), assim, suas atuações são imputadas às pessoas jurídicas
Pela análise dos dados fornecidos no enunciado da questão, a a que pertencem.
Companhia “X” é uma sociedade de economia mista federal. (c, d) No órgão, há cargos, funções e agentes públicos.
Gabarito: B
(a) A declaração de utilidade pública é feita mediante decreto do

chefe do Poder Executivo ou por lei pelo Poder Legislativo. Assim, a 226. (FGV/OAB/IV_Exame – 2011) A qualificação como Organizações
sociedade de economia mista Companhia “X” não pode declarar um da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs), de pessoas jurídicas
imóvel como de utilidade pública para fins de desapropriação. de direito privado, sem fins lucrativos, cujos objetivos sociais e normas
(b) A assertiva refere-se à disposição constitucional expressa do estatutárias atendam aos requisitos previstos na respectiva lei é ato
art. 173, §1º, inciso III.
a) vinculado ao cumprimento dos requisitos estabelecidos em lei.
(c) Conforme o art. 5º da Lei nº 13.303/2016, a sociedade de eco-
b) complexo, uma vez que somente se aperfeiçoa com a instituição
nomia mista adotará a forma de sociedade anônima. Registra-se que
referida lei não estava vigente quando da aplicação da prova em 2012. do Termo de Parceria.
(d) Aos juízes federais compete processar e julgar as causas em que c) discricionário, uma vez que depende de avaliação administrativa
a União, autarquia ou empresa pública federal forem interessadas na quanto à sua conveniência e oportunidade.
condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, o que não ocorre d) composto, subordinando-se à homologação da Chefia do Poder
com a sociedade de economia mista federal. Ademais, estabelece a Executivo.
Súmula 556 do STF que: “É competente a justiça comum para julgar as
causas em que é parte sociedade de economia mista”. Z Anotações/Comentários
Gabarito: B
O ato de qualificação como OSCIP compete ao Ministério

224. (FGV/OAB/VIII_Exame – 2012) Em relação às entidades que da Justiça dentre as pessoas jurídicas de direito privado sem
compõem a administração indireta, assinale a alternativa correta. fins lucrativos que tenham sido constituídas e se encontrem em
a) Para a criação de autarquias, é necessária a edição de uma lei auto- funcionamento regular há, no mínimo, 3 (três) anos, desde que os
rizativa e posterior registro de seus atos constitutivos no respectivo respectivos objetivos sociais e normas estatutárias atendam aos
registro como condição de sua existência. requisitos instituídos pela Lei nº 9.790/1999. Segundo o §2º do art.
b) Para criação de uma empresa pública, é necessária a edição de uma 1º da Lei das OSCIPs, a outorga dessa qualificação é ato vinculado
lei específica sem a exigência de registro de seus atos constitutivos ao cumprimento dos requisitos.
no respectivo registro por se tratar de uma pessoa jurídica de direito
Gabarito: A
público.
227. (FGV/OAB/III_Exame – 2011) É correto afirmar que a desconcen-
c) Para criação de uma sociedade de economia mista, é necessária a tração administrativa ocorre quando um ente político
edição de uma lei autorizativa e registro de seus atos constitutivos
a) cria, mediante lei, órgãos internos em sua própria estrutura para
no respectivo registro por se tratar de uma pessoa jurídica de direito
privado. organizar a gestão administrativa.
d) Por serem pessoas jurídicas, todas necessitam ter seus respectivos b) cria, por lei específica, uma nova pessoa jurídica de direito público
atos constitutivos registrados no respectivo registro como condição para auxiliar a administração pública direta.
de sua existência. c) autoriza a criação, por lei e por prazo indeterminado, de uma nova
pessoa jurídica de direito privado para auxiliar a administração
Z Anotações/Comentários pública.
Conforme o art. 37, XIX, da Constituição Federal, somente por lei d) contrata, mediante concessão de serviço público, por prazo deter-
específica poderá ser: minado, uma pessoa jurídica de direito público ou privado para
• Criada autarquia desempenhar uma atividade típica da administração pública.
Z Anotações/Comentários a) administrativa total e absoluta, uma vez que a Constituição da

República de 1988 não lhes exige qualquer liame, submissão ou
A desconcentração administrativa é a diluição de competência
controle administrativo dos órgãos de cúpula do Poder Executivo.
no âmbito de uma mesma pessoa jurídica que decorre da criação de
órgãos públicos. Já a descentralização ocorre com uma transferência de b) administrativa mitigada, uma vez que a própria lei que cria cada
competências a uma pessoa jurídica diferente daquela originalmente uma das Agências Reguladoras define e regulamenta as relações de
competente (por serviços ou outorga / por colaboração ou delegação). submissão e controle, fundado no poder de supervisão dos Ministé-
rios a que cada uma se encontra vinculada, em razão da matéria, e
DICA: desconcentração = criação de ORGÃOS na superintendência atribuída ao chefe do Poder Executivo, como
Descentralização = criação de ENTIDADES chefe superior da Administração Pública.
Nesse sentido, por exemplo, na esfera federal, com a criação de c) legislativa total e absoluta, visto que gozam de poder normativo
um Ministério (que é um órgão) ocorre a desconcentração, pois se deu regulamentar, não se sujeitando assim às leis emanadas pelos res-
a distribuição interna de competência a um novo órgão e, por outro pectivos Poderes legislativos de cada ente da federação brasileira.
lado, com a criação de uma autarquia (pessoa jurídica de direito público) d) política decisória, pois não estão obrigadas a seguir as decisões de
tem-se a descentralização, porque a competência foi distribuída exter- políticas públicas adotadas pelos Poderes do Estado (executivo e
namente, de uma pessoa jurídica (União) para outra (autarquia). legislativo).
Aliás, quanto à descentralização administrativa, o exemplo apon-
tado da criação de uma autarquia, ilustrando a hipótese prevista na Z Anotações/Comentários
alternativa “b”, representa a espécie conhecida como descentralização As agências reguladoras são autarquias em regime especial, este
por serviços, funcional ou técnica (a distribuição de competência vai definido por funções de regulamentação, normatização, fiscalização
da pessoa política para outra pessoa jurídica criada por ela mesma). e controle. São criadas por lei específica e possuem certa indepen-
Ainda, a descentralização administrativa pode ocorrer na moda- dência e autonomia em comparação às demais pessoas jurídicas da
lidade conhecida como descentralização por colaboração, em que a Administração Indireta. Possuem o poder técnico-normativo, ou seja,
distribuição externa de competência é realizada da pessoa política com fundamento em delegação prevista na própria lei, podem editar
para uma pessoa jurídica do setor privado para a execução de serviço normas técnicas de caráter geral (autonomia legislativa – chamada de
público (ex.: concessionárias de serviço público). “deslegalização”). Ainda assim, não são independentes e não possuem
Gabarito: A
autonomia política, apenas autonomia administrativa um pouco mais

ampla que a regra geral.
228. (FGV/OAB/II_Exame – 2010) No Direito Público brasileiro, o
grau de autonomia das Agências Reguladoras é definido por uma Ressalta-se que, no ano de 2019, foi publicada a Lei nº 13.848, que
trata do tema no âmbito federal.
independência Gabarito: B
DIREITO CIVIL
Wagner Inácio Dias
Luciano L. Figueiredo
Roberto L. Figueiredo
Algumas das questões aqui dispostas foram comentadas pela Z Anotações/Comentários

equipe Juspodivm. A questão trata do procedimento de ausência, que se inicia
mediante um requerimento para abertura do procedimento, diante
do juiz competente. Tal notícia, na forma do art. 22 do Código Civil,
2. DAS PESSOAS poderá ser conferida por qualquer pessoa, ou até mesmo pelo Ministério
Público. A legitimação ampla liga-se ao fato de tratar-se o desapareci-
2.1. DAS PESSOAS NATURAIS mento de uma questão de ordem pública.
Diante do pedido de abertura do procedimento, bem como das
229. (FGV/OAB/XXX_Exame – 2019) Alberto, adolescente, obteve provas juntas, o magistrado deverá declarar a ausência e nomear
autorização de seus pais para casar-se aos dezesseis anos de idade curador. O curador não será necessariamente quem iniciou o proce-
com sua namorada Gabriela. O casal viveu feliz nos primeiros meses dimento, havendo uma ordem preferencial estabelecida no art. 25
de casamento, mas, após certo tempo de convivência, começaram a do Código Civil, a qual engloba: a) o cônjuge, desde que não esteja
ter constantes desavenças. Assim, a despeito dos esforços de ambos separado judicialmente nem de fato há mais de dois anos; b) os pais;
para que o relacionamento progredisse, os dois se divorciaram pouco c) os descendentes, preferindo os mais próximos em relação aos mais
mais de um ano após o casamento. Muito frustrado, Alberto decidiu remotos e d) o curador dativo.
reunir algumas economias e adquiriu um pacote turístico para viajar
A curadoria de bens, em regra, tem duração de 1 (um) ano. Todavia,
pelo mundo e tentar esquecer o ocorrido.
em tendo o ausente deixado procurador, o prazo em comento é dilatado
Considerando que Alberto tinha dezessete anos quando celebrou o para 3 (três) anos (art. 26 do Código Civil).
contrato com a agência de turismo e que o fez sem qualquer participa-
Direito Civil
Na segunda fase, da sucessão provisória, a decisão que converte
ção de seus pais, o contrato é
a curadoria de bens em sucessão provisória autoriza a abertura do
a) válido, pois Alberto é plenamente capaz. testamento, caso exista, e o inventário e partilha de bens como se o
b) nulo, pois Alberto é absolutamente incapaz. ausente fosse morto. Esta fase terá durabilidade, em regra, de 10 (dez)
c) anulável, pois Alberto é relativamente incapaz. anos, contados da data em que a decisão que concede a abertura da
sucessão provisória tenha passado em julgado (CC, art. art. 37).
d) ineficaz, pois Alberto não pediu a anuência de Gabriela.
Caso, porém, o ausente conte com mais de 80 (oitenta) anos de
Z Anotações/Comentários idade e há mais de 5 (cinco) datem suas últimas notícias, é possível o
encurtamento do procedimento, indo, de logo, para a sucessão defi-
Com o casamento houve a emancipação legal, na forma do art. 5o, nitiva (art. 38 do CC).
parágrafo único, II do Código Civil. Outrossim, por ser a emancipação
irretratável e irrevogável, o divórcio posterior não descaracterizará a Nesta última fase (sucessão definitiva) há transmissão dos bens,
emancipação. Logo Alberto é capaz e o contrato em comento é válido, em caráter definitivo, sendo restituídas as cauções e os frutos, bem
sendo acertada a alínea “a”. como se admitindo a prática de atos de disposição. Isso, porque, é nesse
Gabarito: A
momento em que, efetivamente, haverá a declaração da morte, com as
consequentes transferências patrimoniais.
230. (FGV/OAB/XXIX_Exame – 2019) Gumercindo, 77 anos de idade,
vinha sofrendo os efeitos do Mal de Alzheimer, que, embora não atin- Por fim, recorda-se que a ausência é uma hipótese de morte ficta,
gissem sua saúde física, perturbavam sua memória. Durante uma dis- na qual o corpo não é encontrado. Outrossim, há mortes fictas que dis-
tração de seu enfermeiro, conseguiu evadir-se da casa em que residia. A pensam o procedimento de ausência; são elas: i. se for extremamente
despeito dos esforços de seus familiares, ele nunca foi encontrado, e já provável a morte de quem estava em perigo de vida e ii. o desaparecido
se passaram nove anos do seu desaparecimento. Agora, seus parentes em campanha ou feito prisioneiro que não for encontrado até dois anos
lidam com as dificuldades relativas à administração e disposição do após o término da guerra (CC, art. 7o).
Gabarito: C
seu patrimônio.
Assinale a opção que indica o que os parentes devem fazer para rece- 231. (FGV/Câmara de Salvador – BA/Analista Legislativo – 2018)
berem a propriedade dos bens de Gumercindo. Ricardo, com 10 anos de idade, aluno da rede municipal de ensino, repre-
sentado por seus pais, autoriza, de forma gratuita, o uso de sua imagem,
a) Somente com a localização do corpo de Gumercindo será possível captada em fotografia, na capa de cadernos escolares distribuídos pelo
a decretação de sua morte e a transferência da propriedade dos Município no ano letivo de 2008. Em 2018, o Município volta a utilizar a
bens para os herdeiros. imagem de Ricardo em folheto com instruções para matrícula de alunos
b) Eles devem requerer a declaração de ausência, com nomeação de na rede municipal de ensino.
curador dos bens, e, após um ano, a sucessão provisória; a sucessão Diante desses fatos, Ricardo, insatisfeito com a divulgação:
definitiva, com transferência da propriedade dos bens, só poderá
ocorrer depois de dez anos de passada em julgado a sentença que a) nada poderá fazer, uma vez que a utilização daquela imagem já
concede a abertura da sucessão provisória. havia sido consentida;
c) Eles devem requerer a sucessão definitiva do ausente, pois ele já b) poderá pleitear a retirada de circulação do folheto, mas não fará
teria mais de oitenta anos de idade, e as últimas notícias dele datam jus à eventual indenização, pois a pretensão se encontra prescrita;
de mais de cinco anos. c) terá direito à indenização pelos danos sofridos, visto que não
d) Eles devem requerer que seja declarada a morte presumida, sem consentiu com a nova divulgação e por veículo diverso;
decretação de ausência, por ele se encontrar desaparecido há mais d) receberá reparação pelos danos morais, mas não materiais, eis que
de dois anos, abrindo- se, assim, a sucessão. a divulgação é pela administração pública;
e) nada poderá fazer, pois decaído o direito de revogar a autorização (d) Conforme o parágrafo único do art. 12, CC, são legitimados, em
para divulgação. caso de ofendido já morto, cônjuge (ou companheiro) sobrevivente, ou
qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.
Gabarito: D
A cessão de uso de imagem é restrita ao veículo, objetivo e tempo 234. (FGV/TJ-AL/Técnico Judiciário – Área Judiciária – 2018) Carla
para o qual foi realizada, em razão da interpretação restritiva que deve faleceu casada com Jorge, mas sem filhos ou ascendentes. Legou, por
ser aplicada a todas as cessões de cunho patrimonial do uso dos direitos testamento, determinados bens para sobrinhos. Após seu falecimento,
da personalidade. certa pessoa criou um perfil falso com fotos de Carla em uma rede social.
Gabarito: C
Nessa hipótese, a proteção da imagem de Carla pode ser exercida por:

232. (FGV/TJ-SC/Técnico Judiciário – 2018) Quando de uma viagem a) seus herdeiros;
a Fortaleza, ocorrida em maio de 2011, o casal Carolina e Rodrigo foram
b) seu Espólio;
fotografados pelo gerente do Quiosque do Vento Ltda., de modo a
registrar a presença em uma parede de fotos. No entanto, sem consen- c) Jorge;
timento do casal, o gerente, no mês seguinte à visita deles, imprimiu a d) seus amigos próximos;
foto em tamanho superior ao das demais da parede de exposição e a
e) herdeiro da maior porção de seus bens.
inseriu em um grande cartaz publicitário afixado na parte externa do
estabelecimento. Em maio do corrente ano, Carolina e Rodrigo retornam Z Anotações/Comentários
a Fortaleza e, para rememorar a viagem de 2011, visitam o Quiosque
do Vento. Lá chegando, deparam-se com o enorme cartaz e exigem, A tutela dos direitos da personalidade está estampada, de forma
de imediato, a sua retirada. geral, no art. 12, parágrafo único, quando se trata de ofendido morto.
De acordo com a previsão legal, são legitimados o cônjuge sobrevivente
Essa exigência de Carolina e Rodrigo é:
(e, por extensão necessária de base constitucional, o companheiro), ou
a) abusiva, visto que permitiram se fotografar pelo estabelecimento; qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau. Diante
b) inadequada, pois nada mais podem pleitear após o decurso de disto, haveria inclinação para a questão apontada pela resposta que
tanto tempo; contemplasse todos os herdeiros. Mas quando se trata de tutela da
imagem, a legitimidade está ancorada no art. 20, parágrafo único, que
c) correta, pois não há desonra ao casal;
a limita ao cônjuge (e companheiro), ascendente e descendente. Assim,
d) ilícita, já que o local em que foram fotografados é público; a legitimidade para o requerimento de indenização frente à agressão
e) adequada, pois o direito de personalidade é imprescritível. da imagem de pessoa já falecida é mais restrita.
Gabarito: C
Z Anotações/Comentários 235. (FGV/AL-RO/Analista Legislativo – Processo Legislativo – 2018)

Primeiramente, cabe analisar se a autorização dada pelo casal para Marcos, 46 anos, usuário de entorpecentes que lesionaram irreversi-
a fotografia e a consequente aposição em parede (interna, para apontar velmente seu sistema cognitivo, contraiu diversas dívidas e vive em
pessoas que lá estiveram) poderia ser estendida à colocação externa situação de mendicância. Sua mãe e sua ex-mulher, mãe de sua filha de
15 anos, procuram assistência jurídica para gerir a situação.
Direito Civil
e chamativa que fora realizada pelo gerente do estabelecimento. Pela

natureza dos direitos da personalidade, toda disposição feita em relação Nesse caso, Marcos
a qualquer deles deve ser objeto de interpretação restritiva, limitando- a) deverá ser interditado em razão da condição de toxicômano por
-se, sempre, ao que especificamente se dispôs. Isso deixa patente que absoluta incapacidade.
a utilização já se realizou fora dos limites firmados pelas partes. Assim
sendo, inexistindo autorização, cabe aplicação do Enunciado 403 da b) será considerado relativamente incapaz por vício em tóxicos e
Súmula do STJ (Independe de prova do prejuízo a indenização pela deverá ser assistido na prática de determinados atos.
publicação não autorizada de imagem de pessoa com fins econômicos c) não apresentava vontade hígida para a contração de dívidas, pelo
ou comerciais.). Por fim, como são imprescritíveis, as lesões perpetradas que, todas são tidas como inexistentes.
aos direitos da personalidade ainda podem ser objeto de indenização. d) deverá ser observado por um período de seis meses, sob assistência,
Gabarito: E
para que seja declarado absolutamente incapaz.

233. (FGV/TJ-AL/Analista Judiciário – Oficial de Justiça Avaliador – e) perderá automaticamente, caso seja considerado incapaz, o poder
2018) Lucas, polêmico radialista da Rádio ABC Ltda., foi acometido de familiar em relação à sua filha.
mal súbito que ceifou sua vida. Além de Carla, sua viúva, Lucas deixou
Rodrigo, filho do casal, que contava com 15 anos. Após o falecimento Z Anotações/Comentários
e a abertura de seu testamento, viu-se a propagação em redes sociais
As alternativas apresentadas, todas, não esposam a melhor visão
de inúmeras inverdades sobre Lucas, de autoria de desafeto conhecido.
sobre o caso. Na realidade, a situação de Marcos é que ele deve ser inter-
Nessa situação, tem legitimidade para tutelar o direito de personalidade ditado em razão da condição de toxicômano, e, após o estabelecimento
de Lucas: da curatela em sentença, será considerado relativamente incapaz, con-
a) o espólio de Lucas; forme redação nova do art. 4º, CC, a partir da lei 13.146/15. Mas a Banca
manteve como gabarito a letra B, cuja redação, entendemos, poderia
b) a Rádio ABC Ltda.;
levar o concursando ao erro.
c) o inventariante do espólio de Lucas; Gabarito: B
d) Carla e/ou Rodrigo; 236. (FGV/TJ-PI/Analista Judiciário – Escrivão Judicial – 2016)

e) o testamenteiro indicado por Lucas. Maria tomou um voo comercial no Brasil com destino a Portugal. Após
a decolagem, a aeronave sofreu uma pane e o avião caiu no Oceano
Z Anotações/Comentários Atlântico. As equipes de busca encontraram alguns destroços. Não
encontraram corpos, mas não há qualquer indício de sobrevivente.
(a) O Espólio não possui legitimidade para demandar questões de
Pedro, marido de Maria, para receber o seguro de vida do qual é bene-
ordem pessoal, visto se restringe seu alcance às questões unicamente
ficiário, poderá solicitar:
de natureza patrimonial.
a) que seja declarada a morte presumida de Maria, pelas equipes de
(b) No contexto da questão apresentada, não há indicativo de que
busca, em documento escrito;
a Rádio ABC Ltda tenha sido atingida em sua honra. Vale recordar que as
pessoas jurídicas não possuem honra subjetiva a ser maculada (já que b) à seguradora o pagamento da indenização, independentemente
a honra subjetiva é a autoconsideração que se tem, a sua autoestima). da declaração de morte de sua esposa;
Contudo, elas possuem honra objetiva, que é o reconhecimento social c) a decretação de ausência e a nomeação de curador para administrar
e a boa-fama. os interesses da esposa desaparecida;
(c, e) O inventariante (e o testamenteiro) é o representante do espó- d) ao Judiciário a declaração, por sentença, da morte presumida, com
lio e, assim, está atrelado às legitimidades afeitas a tal figura processual. a fixação da data provável da morte de Maria;
e) à companhia aérea uma declaração oficial sobre o acidente para Z Anotações/Comentários

apresentar à seguradora e requerer a indenização. A questão trata da reparação de danos provocados por divulgação
de relações amorosas e outros detalhes íntimos da vida de pessoas
públicas. Sobre este tema, vale destacar que o STF entendeu, na ADI
A declaração de morte presumida, sem decretação de ausência, 4815, que os arts. 20 e 21 do CC não autorizam impedimento à veiculação
está prevista no art. 7º do Código Civil. Segundo dicção deste artigo, das chamadas “biografias não autorizadas”, vez que o relato em si da
pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: vida de uma pessoa não está ligado à autorização prévia. Se em tal relato
I – se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo ocorrer divulgação de informação ofensiva ou que a pessoa entendia
de vida; II – se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, que deveria permanecer oculta, dada a ausência de interesse público,
não for encontrado até dois anos após o término da guerra. A declaração caberá a ação de reparação para a devida indenização.
da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois O art. 12, parágrafo único, CC, dá legitimidade, em caso de pessoa
de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data morta, ao o cônjuge sobrevivente (e, obviamente, ao companheiro), ou
provável do falecimento. qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau. Desta
Como se pode notar, também a declaração de morte presumida forma, as filhas poderão demandar a devida reparação civil.
Gabarito: A
sem decretação de ausência é proveniente de declaração judicial em

sentença. Uma vez obtida a sentença e com seu trânsito em julgado, 239. (FGV/OAB/XXI_Exame – 2016) André possui um transtorno psi-
o de Maria terá documentação hábil para o recebimento do seguro. quiátrico grave, que demanda uso contínuo de medicamentos, graças
aos quais ele leva vida normal. No entanto, em razão do consumo de
Gabarito: D
237. (FGV/DPE-RO/Analista da Defensoria Pública – Analista Jurí- remédios que se revelaram ineficazes, por causa de um defeito de
dico – 2016) Vivian, dezesseis anos de idade, contraiu matrimônio com fabricação naquele lote, André foi acometido de um surto que, ao
Eduardo, mediante autorização expressa de seus pais. É correto afirmar privá-lo de discernimento, o levou a comprar diversos produtos caros
que, em decorrência exclusiva do casamento, Vivian: de que não precisava.
a) passa a ser civilmente responsável pelos danos que vier a causar a Para desfazer os efeitos desses negócios, André deve pleitear
terceiro; a) a nulidade dos negócios, por incapacidade absoluta decorrente de
enfermidade ou deficiência mental.
b) permanece relativamente incapaz, adquirindo a plena capacidade
tão somente quando completar dezoito anos de idade; b) a nulidade dos negócios, por causa transitória impeditiva de
expressão da vontade.
c) torna-se plenamente capaz para a prática dos atos civis, em decor-
rência da emancipação; c) a anulação do negócio, por causa transitória impeditiva de expres-
são da vontade.
d) equipara-se a uma pessoa de dezoito anos de idade, passando a
exercer todos os direitos e a arcar com todos os deveres de uma d) a anulação do negócio, por incapacidade relativa decorrente de
pessoa dessa idade; enfermidade ou deficiência mental.
e) permanece relativamente incapaz, adquirindo a plena capacidade Z Anotações/Comentários
Direito Civil
tão somente quando completar vinte e um anos de idade.
A questão aborda o tema da (in)capacidade civil, que sofreu alte-
Z Anotações/Comentários rações recentes com o advento do Estatuto da Pessoa com Deficiência
(Lei 13.146/15). Conforme se extrai do enunciado, André foi acometido
(a) O incapaz é responsável pelos prejuízos que causar, sendo claro de um surto temporário, em virtude do consumo de medicamentos com
o art. 928, caput, CC. Trata-se de caso de responsabilidade subsidiária, defeito de fabricação. De acordo com a redação atual do art. 4º, III, do
primeiro devendo ser chamado o seu responsável legal e, se este não CC, são relativamente incapazes “aqueles que, por causa transitória ou
tiver o dever legal de responder pelo ato ou não tiver condições financei- permanente, não puderem exprimir sua vontade”. Tendo em vista que
ras para tanto, deverá ser imputada a responsabilidade sobre o incapaz. André, ao ser acometido de um surto psiquiátrico, estava transitoria-
(b, c , e) A emancipação, prevista no art. 5º, parágrafo único, CC, mente impedido de exprimir sua vontade, é certo que efetuou a compra
tem dentre suas causas o matrimônio. E, vale destacar, ela irá criar a de “diversos produtos caros” na condição de relativamente incapaz (e
condição de menor capaz, ou seja, a pessoa continua menor mas passa sem a devida assistência). Desse modo, os negócios jurídicos praticados
a ter a plena capacidade civil. por André são anuláveis, nos termos do que prevê o art. 171, I, do CC.
Gabarito: C
(d) A emancipação não modifica a idade da pessoa. A maioridade

somente será atingida aos 18 anos, com seus consectários legais para 240. (FGV/OAB/XX_Exame – 2016) Cristiano, piloto comercial, está
todos os ramos do Direito (como a imputabilidade penal, a obrigatorie- casado com Rebeca. Em um dia de forte neblina, ele não consegue
dade de voto etc.). A emancipação, a seu turno, somente tem efeitos no controlar o avião que pilotava e a aeronave, com 200 pessoas a bordo,
espectro civil da vida da pessoa, dando a esta a plena capacidade civil. desaparece dos radares da torre de controle pouco antes do tempo
Gabarito: C
previsto para a sua aterrissagem. Depois de vários dias de busca, apenas

10 passageiros foram resgatados, todos em estado crítico. Findas as
238. (FGV/TJ-PI/Analista Judiciário – Judiciária – Oficial de Justiça buscas, como Cristiano não estava no rol de sobreviventes e seu corpo
Avaliador – 2016) Rosa, famosa atriz, faleceu deixando três filhas. Após não fora encontrado, Rebeca decide procurar um advogado para saber
sua morte, a mídia realizou diversos programas sobre a sua vida e, como deverá proceder a partir de agora.
sobretudo, sobre seus enlaces amorosos. Todos os atos foram praticados
sem autorização das filhas. Rosa, enquanto viva, sempre foi enfática em Com base no relato apresentado, assinale a afirmativa correta.
resguardar sua vida privada das investidas da mídia, inclusive deman- a) A esposa deverá ingressar com uma demanda judicial pedindo
dando por reparações em razão da violação da sua intimidade. Diante a decretação de ausência de Cristiano, a fim de que o juiz, em
do caso narrado, verifica-se: um momento posterior do processo, possa declarar a sua morte
presumida.
a) a possibilidade de as filhas demandarem por reparação a fim de
resguardar a memória de sua mãe; b) A esposa não poderá requerer a declaração de morte presumida
de Cristiano, uma vez que apenas o Ministério Público detém legi-
b) a impossibilidade de as filhas demandarem por reparação, pois os
timidade para tal pedido.
direitos da personalidade são extintos com a morte;
c) A declaração da morte presumida de Cristiano poderá ser requerida
c) a possibilidade de as filhas demandarem, por representação,
independentemente de prévia decretação de ausência, uma vez
embora a mãe haja morrido, para tutela da intimidade da genitora;
que esgotadas as buscas e averiguações por parte das autoridades
d) a impossibilidade de as filhas demandarem por reparação, pois os competentes.
direitos da personalidade são intransferíveis; d) A sentença que declarar a morte presumida de Cristiano não deverá
e) a impossibilidade de as filhas demandarem por reparação pela fixar a data provável de seu falecimento, contando-se, como data
ofensa à memória da vida íntima de sua mãe. da morte, a data da publicação da sentença no meio oficial.
Z Anotações/Comentários b) Agosto de 2012.

A questão aborda o tema da morte presumida, mais especifica- c) Janeiro de 2013.
mente daquela sem decretação de ausência. As 2 (duas) hipóteses de d) Julho de 2013.
morte presumida sem decretação de ausência encontram previsão no
art. 7º do CC, estando relacionadas a situações em que há enorme pro- Z Anotações/Comentários
babilidade de que uma pessoa tenha morrido (mesmo sem a localização
do cadáver), até porque o parágrafo único do dispositivo supracitado Em regra, a menoridade cessa aos 18 (dezoito) anos completos,
só autoriza a decretação da morte presumida depois de esgotadas as quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
buscas e averiguações pelo corpo. O enunciado aborda justamente Entretanto, “há uma forma de antecipação da capacidade plena, a qual
a primeira (e mais comum) das hipóteses de morte presumida sem ocorre de forma irrevogável e irretratável. É o que se denomina de eman-
decretação de ausência: “se for extremamente provável a morte de cipação. Tal antecipação sempre deve ser analisada sob a ótica do menor,
quem estava em perigo de vida” (inciso I). Ora, Cristiano desapareceu consoante a proteção integral.” (Luciano Figueiredo e Roberto Figueiredo,
em acidente de avião no qual, de 200 (duzentos) passageiros, apenas 10 Direito Civil Parte Geral, Coleção Sinopses para concursos, vol. 10, Editora
(dez) foram resgatados (e todos os 10 em estado crítico de saúde). Nesse JusPodivm). A emancipação legal poderá ocorrer em quatro hipóteses: (i)
caso, é patente a extrema probabilidade de sua morte, até porque se pelo casamento; (ii) pelo exercício de emprego público efetivo; (iii) pela
informa no enunciado que foram findadas as buscas por sobreviventes. colação de grau em curso de ensino superior; (iv) pelo estabelecimento
Desse modo, a esposa de Cristiano poderá requerer a decretação de civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que,
sua morte presumida, devendo a sentença fixar a data provável do em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia
falecimento (como também exige o parágrafo único do art. 7º do CC). própria. Importante destacar que o rol do art. 5º, parágrafo único, é taxa-
tivo, ou seja, a união estável não é hipótese que autoriza a emancipação
Gabarito: C
241. (FGV/OAB/XX_Exame/Prova reaplicada Salvador-BA – 2016) legal. Dessa forma, a incapacidade de Pedro cessou em julho de 2013, em
Joana e Alcindo, casados sob o regime da comunhão universal de bens, razão do exercício de emprego público efetivo.
Gabarito: D
estavam a caminho de uma festa no litoral da Bahia, quando tiveram o

carro atingido por um caminhão em alta velocidade. Quando a equipe 243. (FGV/OAB/XVI_Exame – 2015) Os tutores de José consideram
de socorro chegou ao local, ambos os cônjuges estavam sem vida. que o rapaz, aos 16 anos, tem maturidade e discernimento necessários
Conforme laudo pericial realizado, não foi possível determinar se Joana para praticar os atos da vida civil. Por isso, decidem conferir ao rapaz
morreu antes de Alcindo. a sua emancipação. Consultam, para tanto, um advogado, que lhes
Joana, que tinha vinte e cinco anos, deixou apenas um parente vivo, aconselha corretamente no seguinte sentido:
seu irmão Alfredo, enquanto Alcindo, que já tinha cinquenta e nove a) José poderá ser emancipado em procedimento judicial, com a oitiva
anos, deixou três familiares vivos, seus primos Guilherme e Jorge, e do tutor sobre as condições do tutelado.
seu sobrinho, Anderson.
b) José poderá ser emancipado via instrumento público, sendo des-
Considerando que nenhum dos cônjuges elaborou testamento, assinale necessária a homologação judicial.
c) José poderá ser emancipado via instrumento público ou particular,
a) Tendo em vista a morte simultânea dos cônjuges, Alfredo rece-
Direito Civil
sendo necessário procedimento judicial.

berá integralmente os bens de Joana, e a herança de Alcindo será
dividida, em partes iguais, entre os seus herdeiros necessários, d) José poderá ser emancipado por instrumento público, com aver-
Guilherme, Jorge e Anderson. bação no registro de pessoas naturais.
b) Entre comorientes não há transmissão de patrimônio mas como Z Anotações/Comentários
Joana e Alcindo eram casados em regime de comunhão universal
de bens o patrimônio total do casal será dividido em partes iguais Em se tratando de menor tutelado, não é cabível a emancipação
e distribuído entre os herdeiros necessários de ambos, ou seja, voluntária ou convencional (feita por escritura pública, independen-
Alfredo, Guilherme, Jorge e Anderson. temente de homologação judicial), pois esta é concedida pelos pais
c) Entre comorientes não há transmissão de patrimônio e a herança (ou por um deles, na falta do outro). Ao menor sob tutela, só cabe a
de cada um dos falecidos será dividida entre os seus respectivos emancipação judicial, conferida por sentença judicial após a oitiva do(s)
herdeiros, razão pela qual Alfredo herdará integralmente os bens tutor(es), desde que o menor já conte com 16 (dezesseis) anos de idade
de Joana, enquanto Anderson herdará os bens de Alcindo. (cf. art. 5º, parágrafo único, I, 2ª parte, CC). Portanto, no caso descrito no
enunciado, José poderá ser emancipado tão somente em procedimento
d) Diante da impossibilidade pericial de determinar qual dos cônjuges
judicial, depois de ouvido o tutor acerca das condições do tutelado.
morreu primeiro, aplica-se o regime jurídico da comoriência, pelo Gabarito: A
que se presume, em razão da idade, que a morte de Alcindo tenha

ocorrido primeiro. 244. (FGV/OAB/XIV_Exame – 2014) Raul, cidadão brasileiro, no meio
de uma semana comum, desaparece sem deixar qualquer notícia para
Z Anotações/Comentários sua ex-esposa e filhos, sem deixar cartas ou qualquer indicação sobre
Quando duas pessoas falecem na mesma ocasião, não se podendo seu paradeiro.
averiguar se a morte de uma precedeu a da outra, presumir-se-ão tais Raul, que sempre fora um trabalhador exemplar, acumulara em seus
pessoas simultaneamente mortas (essa presunção é chamada, doutri- anos de labor um patrimônio relevante. Como Raul morava sozinho, já
nariamente, de “comoriência”, encontrando previsão no art. 8º do CC). que seus filhos tinham suas próprias famílias e ele havia se separado
Ressalte-se que, como efeito prático da presunção de morte simultânea, de sua esposa 4 (quatro) anos antes, somente após uma semana seus
não há transmissão de herança entre os comorientes. Assim, a herança parentes e amigos deram por sua falta e passaram a se preocupar com
de cada um dos falecidos será dividida entre os seus respectivos her- o seu desaparecimento.
deiros, de modo que Alfredo herdará integralmente os bens de Joana,
Sobre a situação apresentada, assinale a opção correta.
enquanto Anderson herdará os bens de Alcindo.
Gabarito: C
a) Para ser decretada a ausência, é necessário que a pessoa tenha

desaparecido há mais de 10 (dez) dias. Como faz apenas uma
242. (FGV/OAB/XX_Exame/Prova reaplicada Salvador-BA – 2016)
semana que Raul desapareceu, não pode ser declarada sua ausên-
Pedro, em dezembro de 2011, aos 16 anos, se formou no ensino médio.
cia, com a consequente nomeação de curador.
Em agosto de 2012, ainda com 16 anos, começou estágio voluntário em
uma companhia local. Em janeiro de 2013, já com 17 anos, foi morar com b) Em sendo declarada a ausência, o curador a ser nomeado será a
sua namorada. Em julho de 2013, ainda com 17 anos, após ter sido apro- ex-esposa de Raul.
vado e nomeado em um concurso público, Pedro entrou em exercício c) A abertura da sucessão provisória somente se dará ultrapassados
no respectivo emprego público. três anos da arrecadação dos bens de Raul.
Tendo por base o disposto no Código Civil, assinale a opção que indica d) Se Raul contasse com 85 (oitenta e cinco) anos e os parentes e
a data em que cessou a incapacidade de Pedro. amigos já não soubessem dele há 8 (oito) anos, poderia ser feita
a) Dezembro de 2011. de forma direta a abertura da sucessão definitiva.
Z Anotações/Comentários no comércio, abrindo um restaurante. Assinale a alternativa que indica

o momento em que se deu a cessação da incapacidade civil de Gustavo.
A questão trata do procedimento de ausência, que se inicia
mediante um requerimento para abertura do procedimento, diante a) No momento em que iniciou o exercício de emprego público
do juiz competente. Tal notícia, na forma do art. 22 do Código Civil, efetivo.
poderá ser conferida por qualquer pessoa, ou até mesmo pelo Ministério b) No momento em que colou grau em curso de ensino médio.
Público. A legitimação ampla liga-se ao fato de tratar-se o desapareci-
c) No momento em que contraiu matrimônio.
mento de uma questão de ordem pública.
d) No momento em que se estabeleceu no comércio, abrindo um
Diante do pedido de abertura do procedimento, bem como das
restaurante.
provas juntas, o magistrado deverá declarar a ausência e nomear
curador. O curador não será necessariamente quem iniciou o proce- Z Anotações/Comentários
dimento, havendo uma ordem preferencial estabelecida no art. 25
do Código Civil, a qual engloba: a) o cônjuge, desde que não esteja Em regra, a menoridade cessa aos 18 (dezoito) anos completos,
separado judicialmente nem de fato há mais de dois anos; b) os pais; quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
c) os descendentes, preferindo os mais próximos em relação aos mais Entretanto, “há uma forma de antecipação da capacidade plena, a qual
remotos e d) o curador dativo. ocorre de forma irrevogável e irretratável. É o que se denomina de
emancipação. Tal antecipação sempre deve ser analisada sob a ótica do
A curadoria de bens, em regra, tem duração de 1 (um) ano. Todavia,
menor, consoante a proteção integral.” (Luciano Figueiredo e Roberto
em tendo o ausente deixado procurador, o prazo em comento é dilatado
Figueiredo, Direito Civil Parte Geral, Coleção Sinopses para concursos,
para 3 (três) anos (art. 26 do Código Civil).
vol. 10, Editora JusPodivm). Excepcionalmente, poderá cessar a incapa-
Na segunda fase, da sucessão provisória, a decisão que converte cidade para os menores pela emancipação legal, que poderá ocorrer
a curadoria de bens em sucessão provisória autoriza a abertura do em quatro hipóteses: (i) pelo casamento; (ii) pelo exercício de emprego
testamento, caso exista, e o inventário e partilha de bens como se o público efetivo; (iii) pela colação de grau em curso de ensino superior;
ausente fosse morto. Esta fase terá durabilidade, em regra, de 10 (dez) (iv) pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de rela-
anos, contados da data em que a decisão que concede a abertura da ção de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis
sucessão provisória tenha passado em julgado (CC, art. art. 37). anos completos tenha economia própria (art. 5º do CC). Portanto, a
Caso, porém, o ausente conte com mais de 80 (oitenta) anos de cessação da incapacidade de Gustavo ocorreu quando este contraiu
idade e há mais de 5 (cinco) datem suas últimas notícias, é possível o o matrimônio com Beatriz, pois esse fato aconteceu antes do início do
encurtamento do procedimento, indo, de logo, para a sucessão defi- exercício de emprego público efetivo e antes de Gustavo exercer ativi-
nitiva (art. 38 do CC). dade empresarial. Por fim, ressalta-se que a cessação da incapacidade
Nesta última fase (sucessão definitiva) há transmissão dos bens, não ocorre com a colação de grau em curso de ensino médio, mas em
em caráter definitivo, sendo restituídas as cauções e os frutos, bem curso de ensino superior
Gabarito: C
como se admitindo a prática de atos de disposição. Isso, porque, é nesse

momento em que, efetivamente, haverá a declaração da morte, com as 247. (FGV/OAB/IX_Exame/Ipatinga – 2013) Alexandre e Berenice,
consequentes transferências patrimoniais. casados pelo regime da separação convencional de bens, foram passar
a lua de mel em Petrópolis, no Estado do Rio de Janeiro. Ao descerem
Gabarito: D
Direito Civil
245. (FGV/OAB/XII_Exame – 2013) João Marcos, renomado escritor, a serra, Alexandre perdeu o controle do veículo vindo a cair em uma
adota, em suas publicações literárias, o pseudônimo Hilton Carrillo, ribanceira. Com a colisão, houve a explosão do veículo e a morte de
pelo qual é nacionalmente conhecido. Vítor, editor da Revista “Z”, ambos não se sabendo precisar qual deles teria morrido primeiro.
empregou o pseudônimo Hilton Carrillo em vários artigos publicados Ambos possuíam vasto patrimônio e faleceram sem deixar descen-
nesse periódico, de sorte a expô-lo ao ridículo e ao desprezo público. dentes ou ascendentes. Alexandre deixou um irmão, Daniel, e Berenice
Em face dessas considerações, assinale a afirmativa correta. deixou uma irmã, Eleonora. A respeito da situação apresentada, assinale
a) A legislação civil, com o intuito de evitar o anonimato, não protege
o pseudônimo e, em razão disso, não há de se cogitar em ofensa a a) Não há comoriência, visto que tal instituto somente se aplica às
direito da personalidade, no caso em exame. hipóteses de morte simultânea entre parentes.
b) A Revista “Z” pode utilizar o referido pseudônimo em uma pro- b) Não há comoriência, uma vez que se exige prova cabal para sua
paganda comercial, associado a um pequeno trecho da obra do ocorrência, devendo a simultaneidade das mortes ser declarada
referido escritor sem expô-lo ao ridículo ou ao desprezo público, por decisão judicial.
independente da sua autorização. c) Há comoriência, transmitindo-se a Daniel a herança de Alexandre
c) O uso indevido do pseudônimo sujeita quem comete o abuso às e à Eleonora a herança de Berenice.
sanções legais pertinentes, como interrupção de sua utilização e d) Há comoriência, transmitindo-se a Daniel a metade dos bens dei-
perdas e danos. xados pelo casal, ficando igual cota-parte para Eleonora.
d) O pseudônimo da pessoa pode ser empregado por outrem em
publicações ou representações que a exponham ao desprezo
público, quando não há intenção difamatória. A comoriência ocorre quando dois ou mais indivíduos falecem na
mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes
Z Anotações/Comentários precedeu aos outros, hipótese em que presumir-se-ão simultaneamente
A questão aborda o tema do nome (um dos direitos da persona- mortos, de acordo com o art. 8º do CC. Em razão da morte simultâ-
lidade protegidos expressamente pelo CC), notadamente o chamado nea de Alexandre e Berenice, não haverá transmissão de patrimônio
“pseudônimo” (nome fictício utilizado pelo autor de obra literária, entre eles, de forma que Eleonora receberá integralmente os bens de
artística ou científica). O pseudônimo goza da mesma proteção que se Berenice e a herança de Alexandre irá para Daniel. Destaca-se que o
dá ao nome, desde que utilizado no âmago de atividades lícitas. Esse é pressuposto para a incidência dos efeitos do instituto da comoriência
o claro teor do art. 19 do CC. Partindo dessa premissa, tem-se que o uso é a existência dos direitos sucessórios entre os comorientes, não a
indevido do pseudônimo sujeita o infrator às sanções legais pertinentes relação de parentesco.
Gabarito: C
(como interrupção da utilização e perdas e danos), até porque o art. 17

do CC informa que o nome não pode ser empregado por outrem em 248. (FGV/OAB/VII_Exame – 2012) A proteção da pessoa é uma ten-
publicações ou representações que exponha a pessoa ao desprezo dência marcante do atual direito privado, o que leva alguns autores a
público, mesmo que ausente intenção difamatória. conceberem a existência de uma verdadeira cláusula geral de tutela
da personalidade. Nesse sentido, uma das mudanças mais celebradas
Gabarito: C
246. (FGV/OAB/X_Exame – 2013) Gustavo completou 17 anos de idade do novo Código Civil foi a introdução de um capítulo próprio sobre os
em janeiro de 2010. Em março de 2010 colou grau em curso de ensino chamados direitos da personalidade. Em relação à disciplina legal dos
médio. Em julho de 2010 contraiu matrimônio com Beatriz. Em setem- direitos da personalidade no Código Civil, é correto afirmar que
bro de 2010, foi aprovado em concurso público e iniciou o exercício de a) havendo lesão a direito da personalidade, em se tratando de
emprego público efetivo. Por fim, em novembro de 2010, estabeleceu-se morto, não é mais possível que se reclamem perdas e danos, visto
que a morte põe fim à existência da pessoa natural, e os direitos acordo com os dispositivos que regem o instituto da ausência, assinale
personalíssimos são intransmissíveis. a alternativa correta.
b) como regra geral, os direitos da personalidade são intransmissíveis a) O juiz não poderá declarar a ausência e nomear curador para
e irrenunciáveis, mas o seu exercício poderá sofrer irrestrita limita- Rodolfo, pois Lisa não poderia ter renunciado o mandato outor-
ção voluntária. gado em seu favor, já que só estaria autorizada a fazê-lo em caso
c) é permitida a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em de justificada impossibilidade ou de constatada insuficiência de
poderes.
parte, com objetivo altruístico ou científico, para depois da morte,
sendo que tal ato de disposição poderá ser revogado a qualquer b) A renúncia ao mandato, por parte de Lisa, era possível e, neste caso,
tempo. o juiz determinará ao Ministério Público que nomeie um curador
encarregado de gerir os bens do ausente, observando, no que for
d) em razão de sua maior visibilidade social, a proteção dos direitos da
aplicável, o disposto a respeito dos tutores e curadores.
personalidade das celebridades e das chamadas pessoas públicas é
mais flexível, sendo permitido utilizar o seu nome para finalidade c) Os credores de obrigações vencidas e não pagas de Rodolfo,
comercial, ainda que sem prévia autorização. decorrido 1 (um) ano da arrecadação dos bens do ausente, poderão
requerer que se determine a abertura de sua sucessão provisória.
Z Anotações/Comentários d) Poderá ser declarada a sucessão definitiva de Rodolfo 10 (dez) anos
(a) Ocorrendo ameaça ou lesão a direito da personalidade, pode-se depois de passada em julgado a sentença que concedeu a suces-
reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em são provisória, mas, se nenhum interessado promover a sucessão
lei. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida definitiva, nesse prazo, os bens porventura arrecadados deverão
supramencionada o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em ser doados a entidades filantrópicas localizadas no município do
linha reta, ou colateral até o quarto grau, de acordo com art. 12, pará- último domicílio de Rodolfo.
grafo único, do CC.
(b) De acordo com o art. 11 do CC, em regra, os direitos da personali-
dade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício (a) Lisa pode renunciar ao mandato outorgado se não quiser ou não
sofrer limitação voluntária. puder exercer tal mandato, de acordo com o art. 23 do CC, hipótese em
que se declarará a ausência de Rodolfo, e se nomeará curador.
(c) A alternativa está correta, uma vez que o art. 14 do CC determina
(b) Cabe ao juiz nomear curador para Rodolfo, não ao Ministé-
que é válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita
rio Público. Nesse sentido, o art. 24 do CC estabelece que o juiz que
do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte.
nomear o curador fixar-lhe-á os poderes e obrigações, conforme as
(d) A assertiva vai de encontro com o que preceitua o art. 18 do CC, circunstâncias.
que determina que, sem autorização, não se pode usar o nome alheio
(c) Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, poderão
em propaganda comercial.
Gabarito: C os interessados requerer que se declare a ausência e se abra provisoria-
mente a sucessão. Dentre os interessados, estão os credores de obriga-
249. (FGV/OAB/VI_Exame – 2012) Francis, brasileira, empresária, ções vencidas e não pagas pelo ausente. Portanto, a alternativa está de
ao se deslocar do Rio de Janeiro para São Paulo em seu helicóptero acordo com o disposto nos arts. 26 e 27, IV, ambos do CC.
Direito Civil
particular, sofreu terrível acidente que culminou com a queda do apa- (d) Será possível requerer a sucessão definitiva após 10 (dez) anos
relho em alto-mar. Após sucessivas e exaustivas buscas, feitas pelas de passada em julgado a sentença que concede a abertura da suces-
autoridades e por empresas privadas contratadas pela família da vítima, são provisória (art. 37 do CC), mas, se nenhum interessado promover
infelizmente não foram encontrados os corpos de Francis e de Adilson, a sucessão definitiva, nesse prazo, os bens porventura arrecadados
piloto da aeronave. Tendo sido esgotados os procedimentos de buscas passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se locali-
e averiguações, de acordo com os artigos do Código Civil que regulam zados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da
a situação supramencionada, é correto afirmar que o assento de óbito União, quando situados em território federal, de acordo com o art. 39,
em registro público parágrafo único, do CC.
a) independe de qualquer medida administrativa ou judicial, desde
Gabarito: C
que seja constatada a notória probabilidade de morte de pessoa 2.2. DAS PESSOAS JURÍDICAS
que estava em perigo de vida.
b) depende exclusivamente de procedimento administrativo quanto 251. (FGV/DPE-RJ/Técnico Superior Jurídico – 2019) Pedro, morador
à morte presumida junto ao Registro Civil das Pessoas Naturais. de uma área carente, recebeu uma carta informando-o que estava em
c) depende de prévia ação declaratória judicial quanto à morte pre- débito com a anuidade da associação de moradores do seu bairro.
sumida, sem necessidade de decretação judicial de ausência. Ressalte-se que Pedro, no fim do ano anterior, tinha solicitado o seu
desligamento da associação, o que foi indeferido sob o argumento de
d) depende de prévia declaração judicial de ausência, por se tratar de
que a associação atuava em benefício dos moradores.
desaparecimento de uma pessoa sem dela haver notícia.
À luz do ocorrido, Pedro procurou a Defensoria Pública e solicitou orien-
Z Anotações/Comentários tação, sendo-lhe informado, corretamente, que o seu requerimento foi
indeferido de:
O enunciado trata de hipótese de declaração de morte presumida
sem a necessidade da decretação de ausência, uma vez que é extrema- a) modo correto, pois todos os moradores devem permanecer vincu-
mente provável a morte de Francis e Adilson, que estavam em perigo lados à referida associação;
de vida. Ressalta-se que somente se autoriza a declaração de morte b) forma equivocada, pois ninguém pode ser obrigado a permanecer
presumida nesses casos depois de esgotadas as buscas e averiguações, associado;
devendo a sentença fixar a data provável do falecimento (art. 7º do CC). c) modo correto, pois, como Pedro se associou de modo voluntário,
Nesse sentido, o art. 88 da Lei n. 6.015/73 prevê que poderão os juízes não poderia desligar-se da associação;
togados admitir justificação para o assento de óbito de pessoas desapa-
d) forma equivocada, pois a associação de moradores deveria
recidas em naufrágio, inundação, incêndio, terremoto ou qualquer outra
demonstrar que atuou em benefício de Pedro durante o ano
catástrofe, quando estiver provada a sua presença no local do desastre
e não for possível encontrar-se o cadáver para exame. e) modo correto, pois o pedido de desligamento só teria eficácia 2
Gabarito: C
(dois) anos depois.
250. (FGV/OAB/IV_Exame – 2011) Rodolfo, brasileiro, engenheiro, sol- Z Anotações/Comentários

teiro, sem ascendentes ou descendentes, desapareceu de seu domicílio
há 11 (onze) meses e até então não houve qualquer notícia sobre seu A liberdade de associação, prevista na Constituição Federal em
paradeiro. Embora tenha desaparecido, deixou Lisa, uma amiga, como seu art. 5º, XX, envolvendo tanto a liberdade de criação, associação e
mandatária para a finalidade de administrar-lhe os bens. Todavia, por desvinculação de qualquer entidade. Desta forma, no caso apresentado,
motivos de ordem pessoal, Lisa não quis exercer os poderes outorgados o indeferimento do pedido de desvinculação se deu de forma equivo-
cada, não podendo o requerente ser obrigado a manter-se associado.
por Rodolfo em seu favor, renunciando expressamente ao mandato. De Gabarito: B
252. (FGV/TJ-SC/Oficial de Justiça – 2018) Jorge, Felipe e Marcela 254. (FGV/TJ-AL/Técnico Judiciário – Área Judiciária – 2018) A Asso-
pretendem exercer, conjuntamente, atividade econômica voltada para ciação Amigos de Ponta Verde, constituída por moradores do bairro,
prestação de serviços de barbearia, por meio da qual buscarão distribuir decide, em assembleia regular, explorar cantina em sua sede, com o
lucros para o sustento de suas famílias. propósito de melhorar seu caixa com o lucro da atividade.
Para tanto, pretendem constituir uma pessoa jurídica, sendo-lhes Essa deliberação é considerada:
adequado o tipo: a) válida, pois o lucro será destinado à associação;
a) fundação; b) nula, pois a associação não pode ter fins econômicos;
b) associação; c) ineficaz quanto aos associados, uma vez que não receberão os
c) sociedade; lucros;
d) organização religiosa; d) ilícita, já que não faz parte do objeto social;
e) empresa individual de responsabilidade limitada. e) legal, pois o lucro deverá ser partilhado entre os associados.
(a) A Fundação é uma universalidade de bens, ou seja, um conjunto Primeiramente, deve-se observar que as associações não possuem
de bens que recebe, da técnica jurídica, personalidade. Os fins que se fim econômico, o que significa que não podem reverter em favor de
almejam com uma fundação são sociais, sejam eles educacionais, cul- seus associados qualquer espécie de sobra ou lucro. Isso não significa
turais, artísticos, dentre outros previstos no parágrafo único do art. 62. que não possa a associação desenvolver atividades atreladas à sua fina-
lidade, como mecanismo para obter lucro e manter seu objetivo social.
(b) Uma Associação, apesar de ser de natureza corporativa (ou seja, Em nenhuma hipótese, vale frisar, poderá o valor residual do exercício
de base pessoal) não pode ter como objetivo a distribuição de lucros ser distribuído para os associados. A única possibilidade de devolução
para os associados. aos associados ocorre quando do encerramento das atividades da
(c) As Sociedades são a forma jurídica pretendida pelos perso- associação, quando esta poderá, se previsto em seu estatuto, reverter
nagens da história, visto se tratar de uma pessoa jurídica corporativa em favor dos associados os valores por eles vertidos à pessoa jurídica.
(logo, de base pessoal) e têm por objetivo a distribuição de lucros para
Gabarito: A
seus sócios. 255. (FGV/TJ-AL/Técnico Judiciário – Área Judiciária – 2018) Vinte

(d) Em que pese haver liberdade de expressão religiosa em nosso pescadores de São Miguel dos Milagres decidem adquirir pequeno
país, resta patente não se tratar do caso em análise. imóvel para beneficiar sua pesca. De modo que o imóvel fosse destinado
(e) A EIRELI, em que pese ter base pessoal, somente pode ter um apenas para esse fim, resolvem constituir uma fundação, o que fazem
titular. Logo, não é possível a pretensa distribuição de lucros para 3 mediante escritura pública e destacando o bem adquirido para o patri-
mônio da nova entidade. Consignaram no ato, ainda, que, na hipótese de
pessoas.
Gabarito: C
extinção, o imóvel deveria ser incorporado ao patrimônio do Município.
Contudo, após lavratura do ato subscrito por todos, dois pescadores
253. (FGV/TJ-AL/Analista Judiciário – Oficial de Justiça Avaliador resolvem não mais participar do projeto e solicitam sua parte do bem.
Direito Civil
– 2018) Um grupo de biólogos decide organizar uma pessoa jurídica
A pretensão deles é:
para apoiar a pesquisa científica. Não pretendem acometer finalidade
econômica à atividade do novo ente, mas desejam, de toda forma, a) devida, visto que ninguém é obrigado a ficar associado com outrem;
participar ativamente da administração da entidade. b) incabível, pois o ato constitutivo da fundação encontra-se perfeito
Diante desse quadro, deve-se indicar ao grupo de biólogos a consti- e sua extinção se dará na forma do estatuto;
tuição de: c) viável, sendo necessária a apuração de haveres;
a) partido político; d) possível, desde que a quota parte dos dissidentes seja entregue ao
b) associação; Município;
c) grupo de amigos; e) impossível, pois o retorno do bem ao patrimônio de todos depende

de distrato consensual dos fundadores.
d) sociedade;
e) organização religiosa. Z Anotações/Comentários
(a, e) Uma fundação não possui natureza corporativa, assim sendo,
há um desligamento da figura do instituidor em relação à pessoa jurídica
(a) Os partidos políticos, apesar de não terem uma finalidade criada. Trata-se, no caso, de um conjunto de bens que é destinado para
lucrativa, estão atrelados à estrutura política do país, como mecanismo uma finalidade especial, como educação, cultura etc.
viabilizador, até este momento, de candidaturas tanto para disputas (b) Como já se aperfeiçoou o ato de instituição, a autonomia da pes-
proporcionais quanto majoritárias. São regulados por legislação própria, soa jurídica já se perfez, de forma que não é mais possível desfazer o ato.
a Lei 9.096/95.
(d) A reversão ao fundo municipal somente se dará se houver a
(b) A associação é espécie de corporação em que seus associados extinção da pessoa jurídica, por exemplo, em razão da impossibilidade
objetivam fins não econômicos, como os culturais, históricos, científicos de continuação dos préstimos ou insuficiência patrimonial (que não
etc. Não há distribuição de lucro e todo o excedente do exercício será é o caso).
revertido à própria associação, seja na forma de reserva, seja na forma
Gabarito: B
de ampliação e melhorias.
256. (FGV/AL-RO/Advogado – 2018) Sobre a teoria geral do Direito
(c) O grupo de amigos, apesar de se consubstanciar em importante Civil, analise as afirmativas a seguir.
mecanismo de interação social, mormente quanto acompanhado de I. Em uma interpretação do Direito Civil conforme a Constituição
boa música e amizades verdadeiras, não envolve a formação de uma Federal é inexigível o consentimento da pessoa biografada em
entidade que se possa definir como sujeito de direitos, muito menos relação a obras biográficas literárias ou audiovisuais.
uma pessoa jurídica.
II. Para fins de desconsideração da personalidade jurídica, o Código
(d) As sociedades são as outras formas de corporações conhecidas Civil adotou a denominada teoria maior.
no Código Civil. Contudo, diferentemente das associações, são criadas
com objetivo de lucro. III. O protesto cambial é causa suficiente para a interrupção da pres-
crição da pretensão creditícia.
(e) Fé e razão podem caminhar lado a lado, como nos lembrou
Está correto o que se afirma em
o Sumo Pontífice João Paulo II, em sua encíclica Fides et Ratio (1998),
contudo, as organizações religiosas são estruturadas para o desenvol- a) II, somente.
vimento e disseminação de uma fé, ao passo que o desejo dos cientistas b) I e II, somente.
era de desenvolver pesquisas científicas.
Gabarito: B c) I e III, somente.
d) II e III, somente. d) A ação de cobrança deveria ter sido intentada somente contra Maria
e) I, II e III. Helena, na medida em que ela é a representante da pessoa jurídica.
e) A ação de cobrança deveria ter sido intentada somente contra
Z Anotações/Comentários Maria Helena, na medida em que a associação não possui meios
(I) O STF, na ADI 4815 entendeu que não se pode impedir a publi- de pagamento da dívida.
cação de biografia em razão de sua não autorização, cabendo ao bio-
grafado, após a publicação da obra, requerer a medida indenizatória
cabível, caso haja elemento de agressão aos direitos da personalidade A dívida foi contraída pela AAA e não por Maria Helena. A confusão
nos escritos. A assertiva, portanto, está correta; patrimonial (imóvel passou a servir de residência para Maria Helena e
(II) O Código Civil, mesmo com a reforma estabelecida pela Lei filha) apontada na questão servirá de base para a desconsideração da
13.874/19, adotou a necessidade de prova do abuso da personalidade personalidade jurídica e devido alcance de seu quadro diretivo. Desta
jurídica, consubstanciado no desvio de finalidade ou na confusão forma, a propositura da ação se deu de forma equivocada, devendo ser
patrimonial (teoria maior); primeiro manejada em face da Associação, para só depois, detectada
a ausência de fundos, iniciar-se o incidente de desconsideração da
Por fim, a afirmativa (III) também está correta, vez que o protesto
personalidade jurídica (arts. 133 e ss do CPC)
cambial é uma das causas de interrupção da prescrição (recorde-se que a Gabarito: B
interrupção somente pode ocorrer uma vez), previsto no art. 202, III, CC.
GABARITO: E
259. (FGV/OAB/XIX_Exame – 2016) Júlia, casada com José sob o

regime da comunhão universal de bens e mãe de dois filhos, Ana e João,
257. (FGV/SMF Cuiabá/Auditor Fiscal Tributário da Receita Munici-
fez testamento no qual destinava metade da parte disponível de seus
pal – 2016) Rodrigo e Manuela decidem desenvolver conjuntamente a
bens à constituição de uma fundação de amparo a mulheres vítimas
atividade empresarial de fornecimento de materiais médico-hospitala-
de violência obstétrica. Aberta a sucessão, verificou-se que os bens
res. Para tanto, realizam contrato válido com a finalidade de constituir
destinados à constituição da fundação eram insuficientes para cumprir a
a sociedade empresarial. Ocorre que o contrato social não foi levado
finalidade pretendida por Júlia, que, por sua vez, nada estipulou em seu
à inscrição no respectivo registro. Considerando a situação descrita,
testamento caso se apresentasse a hipótese de insuficiência de bens.
Diante da situação narrada, assinale a afirmativa correta.
a) A pessoa jurídica já possui existência legal, sendo certo que com a
assinatura do contrato social haverá a separação patrimonial. a) A disposição testamentária será nula e os bens serão distribuídos
integralmente entre Ana e João.
b) A pessoa jurídica já possui existência legal, sendo certo que a assina-
tura do contrato social é a única etapa necessária para a existência b) O testamento será nulo e os bens serão integralmente divididos
legal da pessoa jurídica. entre José, Ana e João.
c) A pessoa jurídica não possui existência legal, pois para tanto há a c) Os bens de Júlia serão incorporados à outra fundação que tenha
necessidade de levar o contrato social ao respectivo registro. propósito igual ou semelhante ao amparo de mulheres vítimas de
violência obstétrica.
d) A pessoa jurídica não possui existência legal, porém já há uma
sociedade de fato com patrimônio separado da dos seus membros. d) Os bens destinados serão incorporados à outra fundação deter-
Direito Civil
minada pelos herdeiros necessários de Júlia, após a aprovação do

e) A pessoa jurídica não possui existência legal, sendo que a falta de
Ministério Público.
registro torna o contrato social firmado absolutamente nulo.
Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela
A ausência de inscrição não determina nulidade do contrato, mas
destinados serão, se de outro modo não dispuser o instituidor, incorpo-
enquanto o registro não se der, não haverá pessoa jurídica (art. 985, CC).
rados em outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante,
Nesta situação, tem-se uma sociedade em comum, ente despersonali-
de acordo com o art. 63 do CC.
zado, regulador pelos arts. 986 a 990, CC. Isto implica a inexistência de Gabarito: C
personalidade jurídica e a responsabilidade direta, pessoal e integral

de Rodrigo e Manuela, já que não haverá um patrimônio primário (de 260. (FGV/OAB/XV_Exame – 2014) Paulo foi casado, por muitos anos,
uma pessoa jurídica) a ser atingido em caso de inadimplemento de no regime da comunhão parcial com Luana, até que um desentendi-
obrigações. mento deu início a um divórcio litigioso. Temendo que Luana exigisse
judicialmente metade do seu vasto patrimônio, Paulo começou a com-
Gabarito: C
prar bens com capital próprio em nome de sociedade da qual é sócio

258. (FGV/SMF Cuiabá /Auditor Fiscal Tributário da Receita Munici-
e passou os demais também para o nome da sociedade, restando, em
pal – 2016) A Associação de Amigos das Aves (AAA), por meio de Maria
seu nome, apenas a casa em que morava com ela.
Helena, sua representante e presidente, celebra contrato de locação
com Orlando, tendo como objeto imóvel de propriedade deste. Acerca do assunto, marque a opção correta
O imóvel servirá de sede da associação, conforme consta do contrato a) A atitude de Paulo encontra respaldo na legislação, pois a lei faculta
de locação. Após assinado o contrato e de posse das chaves do imóvel, a todo cidadão defender sua propriedade, em especial de terceiros
Maria Helena passa a nele residir com sua filha. Após seis meses de de má-fé
locação, a AAA deixa de pagar os valores referentes ao aluguel, num b) É permitido ao juiz afastar os efeitos da personificação da sociedade
total de R$ 12.000,00. Depois de uma tentativa frustrada de cobrança nos casos de desvio de finalidade ou confusão patrimonial, mas não
amigável dos aluguéis atrasados, Orlando ingressa com uma ação de o contrário, de modo que não há nada que Luana possa fazer para
cobrança contra a AAA e Maria Helena. Ao fim do processo, somente retomar os bens comunicáveis.
Maria Helena é condenada a pagar o valor dos aluguéis atrasados, tendo
c) Sabendo-se que a “teoria da desconsideração da personalidade
em vista que a AAA dispunha somente de R$ 100,00 em seu patrimônio.
jurídica” encontra aplicação em outros ramos do direito e da legis-
Tendo a situação descrita como referência, assinale a afirmativa correta. lação, é correto afirmar que os parâmetros adotados pelo Código
a) A ação de cobrança deveria ter sido intentada contra a associação, Civil constituem a Teoria Menor, que exige menos requisitos
sendo certo que Maria Helena jamais poderá ser obrigada a pagar d) No caso de confusão patrimonial, gerado pela compra de bens com
os valores devidos, com fundamento no princípio da separação patrimônio particular em nome da sociedade, é possível atingir o
patrimonial. patrimônio da sociedade, ao que se dá o nome de “desconsideração
b) A ação de cobrança deveria ter sido intentada contra a associação, inversa ou invertida’’, de modo como matrimoniais e comunicáveis
sendo certo que Maria Helena somente poderá ser obrigada a pagar
os valores devidos se houver a desconsideração da personalidade Z Anotações/Comentários
da sociedade. Como posto pelo art. 133, § 2o do CPC, é possível a aplicação da
c) A ação de cobrança deveria ter sido intentada contra a associação desconsideração inversa da personalidade jurídica, atingindo o patri-
e contra Maria Helena, na medida em que esta passa a residir no mônio da pessoa jurídica por dívida dos sócios, nos limites da eventual
imóvel locado pela associação, tornando-se sua comodatária. confusão patrimonial (CC, art. 50).
Nessa linha, aplica o Superior Tribunal de Justiça a desconsideração (b, c, d, e) Urubici se alinha ao conceito de habitação, ou seja, local
inversa da personalidade jurídica para proteger o direito do cônjuge à em que se está de forma transitória. Da mesma forma, em relação à casa
meação. A desconsideração inversa poderá ocorrer quando o cônjuge de praia em Garopaba, não há ânimo de permanecer, retirando deles
ou companheiro empresário se utilizar de pessoa jurídica por ele con- a possibilidade de serem reconhecidos como domicílios. Vale recordar
trolada, ou de interposta pessoa física, para subtrair do outro cônjuge que nosso país possibilita a coexistência de diversos domicílios, à luz
direito advindo da sociedade afetiva. do que prevê o art. 71, CC.
Gabarito: D Gabarito: A
261. (FGV/OAB/VI_Exame/Duque de Caxias – 2011) Roberto, por 263. (FGV/TJ-AL/Técnico Judiciário – Área Judiciária – 2018) Carlos,
meio de testamento, realiza dotação especial de bens livres para a serventuário do Poder Judiciário, reside em Marechal Deodoro, leciona
finalidade de constituir uma fundação com a finalidade de promover em centro universitário localizado em Maceió e está lotado na Comarca
assistência a idosos no Município do Rio de Janeiro. Todavia, os bens de São Miguel dos Campos, onde exerce suas funções.
destinados foram insuficientes para constituir a fundação pretendida Diante desse quadro, Carlos possui domicílio necessário em:
pelo instituidor. Em razão de Roberto nada ter disposto sobre o que a) Maceió e São Miguel dos Campos;
fazer nessa hipótese, é correto afirmar que b) Marechal Deodoro;
a) os bens dotados deverão ser convertidos em títulos da dívida c) Maceió;
pública até que, aumentados com os rendimentos, consigam d) Marechal Deodoro e Maceió;
perfazer a finalidade pretendida. e) São Miguel dos Campos.
b) os bens destinados à fundação serão, nesse caso, incorporados em
outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante. Z Anotações/Comentários
c) a Defensoria Pública do estado respectivo, responsável por velar O domicílio legal, obrigatório ou necessário está previsto no art. 76,
pelas fundações, destinará os bens dotados para o fundo assisten- CC. Para o legislador, toca a certas pessoas, a par de terem (em algumas
cial mantido pelo Estado para defesa dos hipossuficientes. situações) domicílios voluntários, a necessidade de terem também um
d) os bens serão arrecadados e passarão ao domínio do Município, se domicílio estabelecido pela lei. Assim é que têm domicílio legal ou
localizados na respectiva circunscrição. necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso,
sendo que o domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente;
Z Anotações/Comentários o do servidor público, o lugar em que exercer permanentemente
suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da Marinha ou da
Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela
Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente
destinados serão, se de outro modo não dispuser o instituidor, incorpo-
subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do
rados em outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante, preso, o lugar em que cumprir a sentença.
de acordo com o art. 63 do CC. Ressalta-se que velará pela fundação o Gabarito: E
Ministério Público do Estado onde situada, não a Defensoria Pública,

264. (FGV/TJ-PI/Analista Judiciário – Judiciária – Oficial de Justiça
nos termos do art. 66 do CC.
Gabarito: B Avaliador – 2016) Juliana, servidora pública do TJPI, lotada em Teresina,
mora com seu cônjuge e filhas na cidade de Cabrobó (PE), e loca, durante
2.3 DO DOMICÍLIO
Direito Civil
a semana, um imóvel na cidade de Picos (PI), apenas para facilitar seu
deslocamento. Sobre a situação narrada, considera-se:
262. (FGV/TJ-SC/Técnico Judiciário – 2018) Ricardo, empresário a) que o domicílio legal de Juliana estabeleceu-se em Picos;
bem sucedido, reside em Florianópolis, onde mantém o escritório da b) Teresina o domicílio voluntário de Juliana;
sociedade empresária de que é sócio e administrador. É proprietário de c) que Cabrobó seja o domicílio legal de Juliana;
casa de praia em Garopaba e de uma chácara em Urubici, para o lazer
d) que o domicílio legal de Juliana estabeleceu-se em Teresina;
de inverno da família.
e) que o domicílio voluntário de Juliana estabeleceu-se em Picos.
A situação descrita indica como domicílio(s) de Ricardo:
a) Florianópolis; Z Anotações/Comentários
b) Urubici; (a, c, d) O domicílio legal (ou necessário) é o que deriva de uma
c) Florianópolis, Garopaba e Urubici; determinação legal, não dependendo da vontade da pessoa para sua
d) Garopaba; fixação. No caso, Juliana tem seu domicílio determinado pelo Código
e) Garopaba e Urubici. Civil em seu artigo 76 caput e parágrafo único, visto que tem domicílio
necessário o servidor público no lugar em que exercer permanen-
Z Anotações/Comentários temente suas funções.
(a) O domicílio é o local jurídico da pessoa. O centro de relações (b, e) O domicílio voluntário de Juliana é Cabrobó (PE), visto que se
sociais e jurídicas estabelecidas por ela, de forma a demonstrar o local trata do lugar em que a pessoa estabeleceu sua residência com ânimo de
permanência. O sistema civil brasileiro admite a pluralidade de domicílios
(ou locais) em que se faz presente. Florianópolis denota tais caracte-
(art. 71, CC), mas a cidade de Picos deve ser considerada unicamente
rísticas, restando claro a presença da residência e do animus manendi
habitação de Juliana, utilizada como meio para simplificar a viagem.
(ânimo de permanecer). Gabarito: D
DIREITO EMPRESARIAL
Daniel Messias da Trindade
Estefânia Rossignoli
Algumas das questões aqui dispostas foram comentadas pela (d) A pretensão de Cruz Machado é possível, pois o empresário indi-
equipe Juspodivm. vidual pode substituir seu nome civil por uma designação mais
precisa de sua pessoa.
1. TEORIA GERAL DO DIREITO EMPRESARIAL Z Anotações/Comentários

As regras para a formação do nome empresarial estão previstas no
265. (FGV/OAB/XXVII_Exame – 2018) Roberto desligou-se de seu Código Civil e são diversas, para cada tipo empresarial. Quando se fala
emprego e decidiu investir na construção de uma hospedagem do em empresário individual, a regra para a criação do nome empresarial se
tipo pousada no terreno que possuía em Matinhos. Roberto contratou encontra no art. 1.156 do Código Civil cujo texto é o seguinte: “O empre-
um arquiteto para mobiliar a pousada, fez cursos de hotelaria e, com sário opera sob firma constituída por seu nome, completo ou abreviado,
os ensinamentos recebidos, contratou empregados e os treinou. Ele aditando-lhe, se quiser, designação mais precisa da sua pessoa ou do
também contratou um desenvolvedor de sites de Internet e um profis- gênero de atividade.” O que se observa é que há uma obrigatoriedade
sional de marketing para divulgar sua pousada. Desde então, Roberto de o empresário individual adotar a firma que deve conter seu nome
dedica-se exclusivamente à pousada, e os resultados são promissores. A civil, de maneira completa ou com abreviações, sendo possível acres-
pousada está sempre cheia de hóspedes, renovando suas estratégias de centar uma designação da sua pessoa ou da atividade. Fica claro que
fidelização; em breve, será ampliada em sua capacidade. Considerando não é possível que o nome seja composto apenas por essa designação
a descrição da atividade econômica explorada por Roberto, assinale a da pessoa ou da atividade, como quer o senhor Cruz Machado do caso
afirmativa correta. prático que foi apresentado no enunciado da questão. Ele terá que
(a) A atividade não pode ser considerada empresa em razão da falta colocar seu nome civil e poderá acrescer a expressão designativa de
DIREITO EMPRESARIAL
tanto de profissionalismo de seu titular quanto de produção de sua pessoa. Também não é possível usar denominação na formação
bens. do nome do empresário individual que será sempre criado por firma.
Gabarito: C
(b) A atividade não pode ser considerada empresa em razão de a

prestação de serviços não ser um ato de empresa. 267. (FGV/OAB/XXV_Exame – 2018) O empresário individual José de
Freitas alienou seu estabelecimento a outro empresário mediante os
(c) A atividade pode ser considerada empresa, mas seu titular somente
termos de um contrato escrito, averbado à margem de sua inscrição
será empresário a partir do registro na Junta Comercial.
no Registro Público de Empresas Mercantis, publicado na imprensa
(d) A atividade pode ser considerada empresa e seu titular, empresário, oficial, mas não lhe restaram bens suficientes para solver o seu passivo.
independentemente de registro na Junta Comercial.
Em relação à alienação do estabelecimento empresarial nessas condi-
Z Anotações/Comentários ções, sua eficácia depende
(a) da quitação prévia dos créditos trabalhistas e fiscais vencidos no
(a, b) Há profissionalismo de Roberto, já que é descrito no caso
ano anterior ao da alienação do estabelecimento.
que ele se dedica inclusive de forma exclusiva à pousada. E, apesar de
não haver produção de bens, há a prestação de serviços que também (b) do pagamento a todos os credores, ou do consentimento destes, de
entra na atividade empresária, conforme o disposto no art. 966 do modo expresso ou tácito, em trinta dias a partir de sua notificação.
Código Civil. (c) da quitação ou anuência prévia dos credores com garantia real e,
(c) O art. 966 não exige o registro para que a pessoa seja conside- quanto aos demais credores, da notificação da transferência com
rada empresária. Trata-se de um conceito material. O registro é uma antecedência de, no mínimo, sessenta dias.
condição de formalidade e regularidade, mas não para caracterizar (d) do consentimento expresso de todos os credores quirografários
como empresário. ou da consignação prévia das importâncias que lhes são devidas.
(d) É exatamente esta a interpretação que se faz do art. 966 do
Código Civil. Tendo os requisitos de atividade econômica, organizada e a Z Anotações/Comentários
produção ou circulação de bens ou serviços, teremos a empresa. Quem Trespasse é o nome que se dá ao contrato de compra e venda do
exerce a empresa, profissionalmente, será considerado empresário, estabelecimento empresarial. Trata-se, portanto, de um negócio jurídico
independentemente da formalidade do registro. translativo. A resposta Correta encontra-se na letra “b”. Isso porque, de
Gabarito: D
acordo com o art. 1.145 do Código Civil, se ao alienante não restarem

266. (FGV/OAB/XXVI_Exame – 2018) Cruz Machado pretende iniciar bens suficientes para solver o seu passivo, a eficácia da alienação do
o exercício individual de empresa e adotar como firma, exclusivamente, estabelecimento depende do pagamento de todos os credores, ou do
o nome pelo qual é conhecido pela população de sua cidade – “Mon- consentimento destes, de modo expresso ou tácito, em 30 (trinta) dias
senhor”. De acordo com as informações acima e as regras legais de a partir de sua notificação.
formação de nome empresarial para o empresário individual, assinale
Gabarito: B
a afirmativa Correta. 268. (FGV/OAB/XV_Exame – 2014) Alfredo Chaves exerce, em caráter

(a) A pretensão de Cruz Machado é possível, pois o empresário indivi- profissional, atividade intelectual de natureza literária, com a colabo-
dual pode escolher livremente a formação de sua firma. ração de auxiliares. O exercício da profissão constitui elemento de
(b) A pretensão de Cruz Machado não é possível, pois o empresário empresa. Não há registro da atividade por parte de Alfredo Chaves em
individual deve adotar denominação indicativa do objeto social nenhum órgão público.
como espécie de nome empresarial. Com base nessas informações e nas disposições do Código Civil, assinale
(c) A pretensão de Cruz Machado não é possível, pois o empresário a afirmativa Correta.
individual opera sob firma constituída por seu nome, completo (a) Alfredo Chaves não é empresário, porque exerce atividade intelec-
ou abreviado. tual de natureza literária.
(b) Alfredo Chaves não é empresário, porque não possui registro em as EIRELI’s, tal dispositivo é aplicado na questão. As decisões tomadas
nenhum órgão público. por Almino que infringirem a lei, faz com que ele perca a limitação de
(c) Alfredo Chaves é empresário, independentemente da falta de responsabilidade. (d) Para ser enquadrado como Microempreendedor
inscrição na Junta Comercial. Individual, deve-se observar a Lei Complementar 123/2006 e é no §1º
do art. 18-A que se encontra a sua definição. O faturamento anual
(d) Alfredo Chaves é empresário, porque exerce atividade não organi- bruto deve ser de no máximo R$ 81.000,00 e não R$100.000,00 como
zada em caráter profissional. está na alternativa.
Gabarito: C
270. (FGV/OAB/XI_Exame – 2013) Vanderlei de Assis pretende iniciar
O conceito de empresário pode ser formal ou material. Sempre
uma atividade empresarial na cidade de Novo Repartimento. Consulta
que exercer uma atividade empresária, a pessoa é materialmente
um advogado para receber esclarecimentos sobre o registro de empre-
empresária, já que o art. 966 do Código Civil somente exige o exercício
sário e os efeitos dele decorrentes, informando que a receita bruta anual
profissional da empresa. Porém, o art. 967 determina que deve haver
prevista para a futura atividade será inferior a R$ 60.000, 00 (sessenta
o registro de empresário antes do início da atividade. Neste caso, só se
mil reais). As informações prestadas abaixo estão corretas, à exceção
teria o empresário, formalmente falando, com o registro. O legislador
de uma. Assinale-a.
brasileiro optou pelo conceito material de empresário, tendo em vista
que, o já analisado art. 966, não exige o registro para que alguém seja a) Se no curso da atividade empresarial Vanderlei de Assis vier a admi-
caracterizado como tal. O art. 967 do Código Civil exige que o empre- tir algum sócio, poderá solicitar ao Registro Público de Empresas
sário se registre na Junta Comercial antes do início da atividade e, em Mercantis a transformação de seu registro de empresário para
virtude desta previsão, há quem defenda que o conceito seria formal, registro de sociedade empresária.
já que todo empresário deve se registrar. Este não é o entendimento b) Em razão de sua receita bruta anual prevista, Vanderlei poderá
correto. Uma vez que alguém que organize atividade empresária será solicitar seu enquadramento como microempreendedor individual
considerado empresário. Se não for registrado será um empresário – MEI, devendo indicar no requerimento a firma individual com a
irregular, mas não deixará de sê-lo. É a diferença do conceito material assinatura autógrafa.
e o formal supramencionado. Importante observar que o enunciado
c) A inscrição de empresário no Registro Público de Empresas Mercan-
pode gerar confusão. Isso porque ele começa mencionando que Alfredo
tis, embora obrigatória, não é constitutiva para fins de sua caracte-
possui atividade intelectual de natureza literária, o que, a princípio, de
rização, mas permite usufruir das prerrogativas legais concedidas
acordo com o parágrafo único do art. 966, não seria considerada ativi-
aos empresários regulares.
dade empresária. Mas na continuação do enunciado há a informação
de que a profissão constitui elemento de empresa e, por essa razão, d) A inscrição do empresário obedecerá ao número de ordem contí-
passa a ser empresária. Caso as atividades intelectuais constituam nuo para todos os empresários inscritos e quaisquer modificações
elemento de empresa, haverá atividade empresária. Observemos que nela ocorrentes serão averbadas à margem, com as mesmas for-
o grande problema doutrinário é definir o que venha a ser elemento malidades.
de empresa, mas a questão não se preocupou com a interpretação do
DIREITO EMPRESARIAL
conceito, limitando-se a informar que havia esta característica. Assim, Z Anotações/Comentários
pela conjugação do caput do art. 966 e seu parágrafo único, Alfredo é (a) O § 3º do art. 968, do CC determina que caso venha a admitir
empresário, mesmo não estando registrado. sócios no curso da atividade empresarial, o empresário individual
Gabarito: C
poderá solicitar ao Registro Público de Empresas Mercantis a trans-

269. (FGV/OAB/XV_Exame – 2014) Almino José consultou seu advo- formação de seu registro de empresário para registro de sociedade
gado com o intuito de constituir uma Empresa Individual de Respon- empresária.
sabilidade Limitada – EIRELI. (b) Vanderlei poderia ser enquadrado como Microempreendedor
Com base na legislação aplicável à EIRELI, assinale a opção que individual em virtude do seu faturamento ser menor que R$ 81.000,00
apresenta a resposta Correta dada pelo advogado. (sessenta mil reais). No entanto, o MEI está dispensado de registrar o
uso da firma, com a respectiva autógrafa, conforme determinam os
(a) O administrador da EIRELI deverá ser nomeado no ato constitutivo
§§ 4º e 5º do art. 968 do CC. Por este motivo, a afirmação da assertiva
e será apenas o sócio, seu cônjuge ou parente até o 3º grau dessas
está incorreta.
pessoas.
(c) A inscrição do empresário no órgão próprio não é essencial
(b) O ato constitutivo da EIRELI deverá ser arquivado no Registro Civil
para o exercício da atividade empresária, mas sim para sua prática de
de Pessoas Jurídicas, independentemente do objeto.
forma regular, o que proporciona ao empresário usufruir dos benefícios
(c) As deliberações infringentes da lei que Almino José vier a tomar que o ordenamento jurídico empresarial lhe proporciona, tais como:
acarretarão sua responsabilidade ilimitada pelas obrigações da (i) legitimidade ativo para pedido de falência do seu devedor; (ii) para
pessoa jurídica. pedir recuperação judicial e (iii) para poder ter seus livros autenticados
(d) Caso a receita bruta anual da EIRELI seja inferior a R$ 100.000,00 no Registro de Empresa. Assim, como o conceito de empresário contido
(cem mil reais), será possível enquadrá-la como microempreende- no art. 966 do CC é material, a falta do seu registro formal o tornaria
dor individual (MEI). empresário irregular, mas não deixaria de sê-lo.
(d) A Lei nº 8.934/1994, que disciplina o registro público de Empre-
sas Mercantis, no art. 2º, prevê que “Os atos das firmas mercantis indivi-
(a) É a regência supletiva pela sociedade limitada que faz a alter- duais e das sociedades mercantis serão arquivados no Registro Público
nativa estar errada. Não há tratamento específico para a administração de Empresas Mercantis e Atividades Afins, independentemente de seu
da EIRELI e, sendo assim, o §6º do art. 980-A determina que deve ser objeto, salvo as exceções previstas em lei. ”
aplicado o que está previsto para a sociedade limitada. Nesta, o admi-
Gabarito: B
nistrador pode ser sócio ou não, sendo que se não o for, não há qualquer 271. (Cespe/MPE-AC/Promotor de Justiça – 2014) Considerando
necessidade de parentesco com o sócio. Portanto, para a EIRELI também a evolução histórica do direito empresarial, assinale a opção Correta.
poderá ser nomeado administradores não sócios.
(a) A teoria dos atos de comércio foi adotada, inicialmente, nas feiras
(b) Como estamos falando de atividade empresária, o registro será medievais da Europa pelas corporações de comerciantes que então
na Junta Comercial. se formaram.
(c) Como mencionado no comentário da alternativa “a”, o §6º do art. (b) A edição do Código Francês de 1807 é considerada o marco inicial
980-A determina que: “Aplicam-se à empresa individual de responsabi- do direito comercial no mundo.
lidade limitada, no que couber, as regras previstas para as sociedades
limitadas.” Este é o caso da questão. Apesar da formação de pessoa jurí- (c) Considera-se o marco inicial do direito comercial brasileiro a lei de
dica e da separação das responsabilidades que acontece na EIRELI, o art. abertura dos portos, em 1808, por determinação do rei Dom João
1080 do Código Civil prevê: “As deliberações infringentes do contrato VI.
ou da lei tornam ilimitada a responsabilidade dos que expressamente as (d) É de origem francesa a teoria da empresa, adotada pelo atual
aprovaram.” Assim, pela regência supletiva da sociedade limitada para Código Civil brasileiro.
(e) O direito romano apresentou um corpo sistematizado de normas corporativo ou institucional: existência de empregados que auxiliam o
sobre atividade comercial. empresário no cumprimento dos objetivos empresariais.
GABARITO: D
273. (Consulplan/TJ-MG/Cartórios/Remoção – 2017) O Código Civil
O que hoje é chamado de Direito Empresarial, por muitos anos era brasileiro adotou, de forma indireta, uma definição para o termo jurídico
denominado de Direito Comercial, já que se preocupava com a regula- “empresa”. Levando em conta, esta definição, amplamente aceita e
mentação da atividade de comércio. A questão irá tratar da evolução adotada pela doutrina pátria, a palavra-chave que está presente nesta
histórica do Direito Empresarial no mundo e no Brasil. definição é
(a) Num momento remoto, mais precisamente na Idade Média, (a) atividade.
com o surgimento das feiras mercantis, o mundo viu crescer uma nova
(b) pessoa.
atividade profissional, a do comerciante. Com o passar do tempo, tais
profissionais começaram a sentir a necessidade de se organizarem e o (c) coisa.
fizeram através de corporações dos mercadores. Foi aí que se falou pela (d) instituição.
primeira vez em um Direito Comercial cuja preocupação era regulamen-
tar o direito dos comerciantes. Esse período ficou conhecido como fase Z Anotações/Comentários
subjetiva do Direito Comercial. Porém, principalmente em virtude dos
Para responder corretamente a questão, importante entender
estudiosos franceses, começou-se a perceber que o direito não poderia
a evolução histórica do tema. Na primeira fase, especialmente nas
preocupar-se apenas com a figura do comerciante e sim com a atividade
cidades marítimas italianas, o Direito Mercantil era aplicado pelas
comercial. Surgiu então a Teoria dos Atos de Comércio na França, que
dizia que o objeto de estudo do ainda chamado Direito Comercial era Corporações de Ofício apenas aos seus associados, direito de caráter
apenas o ato de comercializar, ou seja, comprar e vender. Com isso, a consuetudinário. Por ser subjetivista, sua aplicação era extremamente
preocupação não era apenas com o comerciante, mas sim com a sua restrita, pois muitos praticavam atos mercantis, mas não eram filiados
atividade. O Código de Napoleão de 1807 foi um marco importante a estas associações, teoria voltada ao sujeito.
para se implementar esta mudança de pensamento, dando início à era Na segunda fase, houve uma divisão do Direito Privado por meio
objetiva do Direito Comercial. Assim, a teoria dos Atos de Comércio da Codificação Napoleônica, separando este ramo do direito no Código
surgiu bem depois das feiras mercantis. Civil francês de 1803/4 e no Código Comercial de 1807/8. Assim, desen-
(b) Como mencionado no comentário anterior, o Código Comercial volveu-se a teoria dos atos do comércio, a qual definia como comer-
francês de 1808 é o marco da fase objetiva do Direito Comercial, mas o ciante apenas aqueles que praticassem tais atos com habitualidade,
ramo jurídico já existia desde a fase subjetiva. com aplicação das regras do Direito Comercial. O problema desta teoria
é que também não abarcava todas as atividades econômicas, gerando
(c) A doutrina determina que a história do Direito Comercial brasi-
uma situação de desigualdade na aplicação da lei, já que era aplicada
leiro iniciou em 1808, com a chegada da família real portuguesa no Brasil
apenas aqueles atos tipificado em lei, teoria voltada ao objeto do ato.
e com a abertura dos portos às nações amigas. Isso ocorreu através da
DIREITO EMPRESARIAL
Carta Régia de 28 de janeiro desse mesmo ano. Foi com tal evento que Na terceira fase, com a expansão cada mais vez mais complexa
o Brasil começou a ter efetivamente um comércio regulamentado, já das atividades econômicas, desenvolveu-se a teoria da empresa, deli-
que antes disso a atividade comercial era mínima. Em termos de regu- neada no Código Civil italiano de 1942. O Direito Empresarial passa a
lamentação mais específica o marco foi o Código Comercial de 1850. ter aplicação em todas as atividades econômicas, aquelas organizadas
(d) Devido à evolução da atividade comercial, surgiu no direito para a produção ou circulação de bens ou serviços, exercida com pro-
italiano a teoria da empresa, que supriu as lacunas no direito comercial fissionalismo. Assim, conclui-se que a alternativa correta é a letra “A”, a
e ampliou significativamente o objeto de estudo desse ramo jurídico. que traduz fielmente a teoria da empresa, lembrando que o cerne do
Agora o estudo será focado em toda a atividade empresarial, toda a Direito Mercantil eram os sujeitos, do Direito Comercial era o objeto (ato
organização dos meios de produção, dos serviços e do ato de comer- de comércio), enquanto no Direito Empresarial o essencial é a atividade
cializar. organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços.
Gabarito: A
(e) O direito romano não tinha um direito comercial sistematizado,

pois possuía legislações esparsas, e grande parte da regulamentação 274. (PUC/TJ-PR/Juiz de Direito – 2014) Para a Teoria da Empresa,
do comércio estava no Código Civil. adotada no Brasil com o Código Civil de 2002, é empresarial a atividade
econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de
GABARITO: C
serviços. Será empresário, pois, aquele que exercer profissionalmente

272. (Vunesp/TJ-SP/Juiz de Direito – 2017) Quais dos elementos
essa atividade. A respeito dessa teoria, é INCORRETO afirmar:
indicados a seguir são considerados indispensáveis para a existência
de uma empresa? (a) O aspecto objetivo se refere à dinâmica empresarial, ou seja, à
(a) Lucro, sociedade e aviamento. atividade própria do empresário ou da sociedade empresária, em
seu cotidiano negocial, que nada mais é do que o complexo de atos
(b) Produção racional, comercialização dos produtos e função social. que compõem a vida empresarial.
(c) Eficiência, registro no órgão competente e estabilidade. (b) Ela surgiu e foi desenvolvida na Itália, sendo um de seus expoentes
(d) Atividade, empresário e estabelecimento. Alberto Asquini.
(c) Como objeto de estudos, a empresa possui quatro perfis, de acordo
com seus quatro aspectos distintos, que são o perfil ou aspecto
Empresa é a atividade econômica exercida pelo empresário. Empre- subjetivo, o perfil ou aspecto objetivo, o perfil ou aspecto funcional
sário é a pessoa física (empresário individual) ou jurídica (sociedade e o perfil ou aspecto corporativo.
empresária ou empresa individual de responsabilidade limitada) criada
(d) No direito brasileiro o aspecto corporativo submete-se ao regra-
para a exploração de atividade mercantil. Estabelecimento é o complexo
mento da legislação trabalhista, daí por que Waldirio Bulgarelli
de bens corpóreos e incorpóreos organizados pelo empresário para a
prefere dizer que a Teoria Poliédrica da Empresa é reduzida, no
exploração da empresa.
Brasil, à Teoria Triédrica da Empresa, abrangendo tão somente os
Waldirio Bulgarelli define empresa como “atividade econômica perfis subjetivo, objetivo e funcional, que interessam à legislação
organizada de produção e circulação de bens e serviços para o mer- civil.
cado, exercida pelo empresário, em caráter profissional, através de um
complexo de bens” (Direito Comercial. 12. ed. São Paulo: Atlas, 1997). Z Anotações/Comentários
Com efeito, são considerados indispensáveis para a existência de uma
empresa, a atividade, o empresário e o estabelecimento. Trata-se de (a) O aspecto objetivo da empresa está ligado ao estabelecimento
um perfil reducionista do conceito poliédrico de empresa desenvolvido empresarial, ao conjunto de bens que é utilizado para o exercício da
por Alberto Asquini. Pelo conceito poliédrico, a empresa possui quatro atividade. O complexo de atos da atividade empresária é o seu aspecto
perfis: (a) perfil subjetivo: empresário; (b) perfil objetivo: estabeleci- funcional.
mento empresarial; (c) perfil funcional: atividade empresarial; e (d) perfil (b) De fato, foi desenvolvida com o Código Civil italiano de 1942.
(c) está correto, dentro do perfil poliédrico da empresa que foi (c) O Enunciado nº 470 da V Jornada de Direito Civil dispõe que: “Art.
desenvolvido por Alberto Asquini. Remeto o leitor às dicas de estudo, na 980-A. O patrimônio da empresa individual de responsabilidade limi-
qual consta um quadro explicativo dos perfis desenvolvidos por Asquini. tada responderá pelas dívidas da pessoa jurídica, não se confundindo
(d) A assertiva demonstra o entendimento de Waldirio Bulgarelli com o patrimônio da pessoa natural que a constitui, sem prejuízo da
que entende que no perfil corporativo estaria tão somente abrangido aplicação do instituto da desconsideração da personalidade jurídica. ”
as relações trabalhistas. (d) O § 5º do art. 980-A do CC determina que a remuneração decor-
rente da cessão de direitos patrimoniais de autor será atribuída
GABARITO: A
2. EMPRESÁRIO ao detentor titular da pessoa jurídica. Assim, somente uma das

duas poderá ser sócia e integralizar o capital social, de maneira a
utilizar esse direito.
275. (FGV/OAB/XXIX_Exame – 2019) Álvares Florence tem um filho Gabarito: A
relativamente incapaz e consulta você, como advogado(a), para saber

da possibilidade de transferir para o filho parte das quotas que possui na 277. (FGV/OAB/XX_Exame – Prova reaplicada Salvador-BA- 2016) O
sociedade empresária Redenção da Serra Alimentos Ltda., cujo capital engenheiro agrônomo Zacarias é proprietário de quatro fazendas onde
social se encontra integralizado. ele realiza, em nome próprio, a exploração de culturas de soja e milho,
Apoiado na disposição do Código Civil sobre o assunto, você respon- bem como criação intensiva de gado. A atividade em todas as fazen-
deu que das é voltada para exportação, com emprego intenso de tecnologia e
insumos de alto custo. Zacarias não está registrado na Junta Comercial.
(a) é permitido o ingresso do relativamente incapaz na sociedade, bas-
tando que esteja assistido por seu pai no instrumento de alteração Com base nessas informações, é correto afirmar que
contratual. a) Zacarias, por exercer empresa em caráter profissional, é conside-
(b) não é permitida a participação de menor, absoluta ou relativamente rado empresário independentemente de ter ou não registro na
incapaz, em sociedade, exceto nos tipos de sociedades por ações. Junta Comercial.
(c) não é permitida a participação de incapaz em sociedade, mesmo b) Zacarias, mesmo que exerça uma empresa, não será considerado
que esteja representado ou assistido, salvo se a transmissão das empresário pelo fato de não ter realizado seu registro na Junta
quotas se der em razão de sucessão causa mortis. Comercial.
(d) é permitido o ingresso do relativamente incapaz na sociedade, c) Zacarias não pode ser registrado como empresário, porque, sendo
desde que esteja assistido no instrumento de alteração contra- engenheiro agrônomo, exerce profissão intelectual de natureza
tual, devendo constar a vedação do exercício da administração da científica, com auxílio de colaboradores.
sociedade por ele. d) Zacarias é um empresário de fato, por não ter realizado seu registro
na Junta Comercial antes do início de sua atividade, descumprindo
Z Anotações/Comentários obrigação legal.
Apoiado na disposição do Código Civil sobre o assunto, é permitido
DIREITO EMPRESARIAL
o ingresso do seu filho relativamente incapaz na sociedade, mas desde Z Anotações/Comentários
que esteja assistido no instrumento de alteração contratual, bem como (a) Por força do art. 971 do Código Civil, o empresário rural, além de
conste a vedação do exercício da administração da sociedade por ele. preencher os requisitos comuns do empresário, deverá ser registrado
Assim, a alternativa correta encontra-se na letra “d”. Vejamos o que diz na Junta Comercial.
o art. 974, § 3º do CC: “O Registro Público de Empresas Mercantis a cargo
(b) No caso concreto, Zacarias realiza atividade rural e não se ins-
das Juntas Comerciais deverá registrar contratos ou alterações contra-
creveu na Junta Comercial, portanto, não é considerado empresário.
tuais de sociedade que envolva sócio incapaz, desde que atendidos,
O registro, na hipótese de empresário rural, tem caráter constitutivo
de forma conjunta, os seguintes pressupostos: I – o sócio incapaz não
e não meramente declaratório, como ocorre com os empresários e
pode exercer a administração da sociedade; II – o capital social deve ser
totalmente integralizado; III – o sócio relativamente incapaz deve ser sociedades empresárias.
assistido e o absolutamente incapaz deve ser representado por seus (c) De fato, o Código Civil não considera empresário quem exerce
representantes legais.” profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda
com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da
Gabarito: D
276. (FGV/OAB/XXI_Exame – 2016) Rosana e Carolina pretendem profissão constituir elemento de empresa. Entretanto, Zacarias exerce
reunir esforços para empreender uma atividade econômica, consti- atividade rural, agrícola e pecuária, de forma organizada e econômica,
tuindo uma Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI). habitualmente.
Essa iniciativa será possível se observada a seguinte condição: (d) Na hipótese de atividade rural, há a obrigatoriedade de registro
na Junta Comercial para ser considerado empresário rural. Caso não
a) Rosana poderá indicar Carolina como administradora, mas somente o faça, não é empresário para os fins legais e o seu regime será o do
poderá figurar em uma única empresa dessa modalidade. Direito Civil, não podendo, por exemplo, requerer recuperação judicial.
b) Rosana e Carolina poderão ser coproprietárias de todas as quotas,
Gabarito: B
mas estas serão indivisíveis em relação a EIRELI, salvo para efeito

278. (FGV/OAB/XX_Exame – 2016) Maria, empresária individual, teve
de transferência.
sua interdição decretada pelo juiz a pedido de seu pai, José, em razão
c) não será cabível a desconsideração da personalidade jurídica da de causa permanente que a impede de exprimir sua vontade para os
EIRELI, diante da limitação de responsabilidade de Carolina ao valor atos da vida civil.
do capital social.
Sabendo-se que José, servidor público federal na ativa, foi nomeado
d) a remuneração decorrente da cessão de direitos patrimoniais de curador de Maria, assinale a afirmativa correta.
autor, de que sejam detentoras tanto Rosana quanto Carolina,
a) É possível a concessão de autorização judicial para o prossegui-
vinculados à atividade profissional de ambas, poderá ser atribuída
mento da empresa de Maria; porém, diante do impedimento de
à EIRELI constituída para a prestação de serviços.
José para exercer atividade de empresário, este nomeará, com a
Z Anotações/Comentários aprovação do juiz, um ou mais gerentes.
b) A interdição de Maria por incapacidade traz como efeito imediato a
(a) Na medida em que se aplicam, no que couber, as regras previs-
extinção da empresa, cabendo a José, na condição de pai e curador,
tas para as sociedades limitadas à EIRELI, poderá haver nomeação de
administrador que não seja o titular da empresa individual de respon- promover a liquidação do estabelecimento.
sabilidade limitada. Ademais, nos termos do § 2º do art. 980-A do CC, c) É possível a concessão de autorização judicial para o prossegui-
a pessoa natural que constituir EIRELI somente poderá figurar em uma mento da empresa de Maria antes exercida por ela enquanto capaz,
única empresa dessa modalidade. devendo seu pai, José, como curador e representante, assumir o
(b) A EIRELI é constituída por uma única pessoa titular da totalidade exercício da empresa.
do capital social (art. 980-A, caput, CC). Não existem quotas na empresa d) Poderá ser concedida autorização judicial para o prosseguimento
individual de responsabilidade limitada. da empresa de Maria, porém ficam sujeitos ao resultado da empresa
os bens que Maria já possuía ao tempo da interdição, tanto os a) Paulo pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que
afetados quanto os estranhos ao acervo daquela. seja o regime de bens, gravar com hipoteca os imóveis que inte-
gram o seu estabelecimento.
Z Anotações/Comentários b) Paulo não pode, sem a outorga conjugal, gravar com hipoteca os
(a) Os requisitos para que seja possível a inscrição como empresário imóveis que integram o seu estabelecimento, salvo no regime de
individual são: capacidade civil e ausência de impedimento (art. 972, separação de bens.
Código Civil). Caso ocorra a sua incapacidade superveniente por um c) Paulo, qualquer que seja o regime de bens, depende de outorga
processo de interdição, declaração de incapacidade ou quando falece conjugal para gravar com hipoteca os imóveis que integram o seu
e seu herdeiro é incapaz, a atividade empresarial poderá ser continuada estabelecimento.
através de representante ou assistente (art. 974, CC). Como José, pai de d) Paulo pode, sem necessidade de outorga conjugal, gravar com
Maria, é impedido de exercer a atividade de empresário, determina o art. hipoteca os imóveis que integram o seu estabelecimento, salvo
975, ele poderá nomear um ou mais gerentes, com a aprovação do juiz. no regime da comunhão universal.
(b) Há a possibilidade de continuação da atividade empresária
caso ocorra a incapacidade superveniente do empresário individual. Z Anotações/Comentários
(c) José não pode assumir o exercício da empresa porque, em razão Nos termos do art. 978 do CC, “O empresário casado pode, sem
de causa permanente, não consegue exprimir sua vontade para os atos necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens,
da vida civil. A nomeação de um ou mais gerentes, com a aprovação alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los
do juiz, será necessária. de ônus real. ” Essa situação se refere apenas ao empresário individual,
porque é pessoa física e não tem personalidade jurídica distinta da
(d) Preconiza o §2º do art. 974 do CC que: ”Não ficam sujeitos ao
empresa. O Código Civil faz uma ressalva à necessidade de outorga con-
resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da
jugal para alienar bens imóveis ou gravá-los de ônus real ao empresário.
sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, Gabarito: A
devendo tais fatos constar do alvará que conceder a autorização.”

Gabarito: A
281. (FGV/OAB/XVII_Exame – 2015) Assinale a alternativa correta em

relação aos conceitos de empresa e empresário no Direito Empresarial.
279. (FGV/OAB/XIX_Exame – 2016) Xerxes constituiu uma Empresa
Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI) com sede na zona a) Empresa é a sociedade com ou sem personalidade jurídica; empre-
rural do município de Vale Real para fabricação de laticínios, cuja sário é o sócio da empresa, pessoa natural ou jurídica com respon-
matéria prima será adquirida de produtores rurais da região ou de sabilidade limitada ao valor das quotas integralizadas.
cooperativas de produtores rurais. A pessoa jurídica será administrada b) Empresa é qualquer atividade econômica destinada à produção de
por sua cunhada Ceres e seu instituidor pretende adotar como nome bens; empresário é a pessoa natural que exerce profissionalmente
empresarial a espécie denominação. a empresa e tenha receita bruta anual de até R$ 100.000,00 (cem
Com base nessas informações e na disciplina legal da EIRELI, assinale mil reais).
DIREITO EMPRESARIAL
a afirmativa correta. c) Empresa é a atividade econômica organizada para a produção e/

ou a circulação de bens e de serviços; empresário é o titular da
a) A administração da EIRELI deverá ser exercida em caráter privativo
empresa, quem a exerce em caráter profissional.
por Xerxes, que poderá designar mandatário em ato separado.
d) Empresa é a repetição profissional dos atos de comércio ou mer-
b) Para a constituição da EIRELI não há capital mínimo, no entanto
cancia; empresário é a pessoa natural ou jurídica que pratica de
esse deve estar previamente integralizado.
modo habitual tais atos de comércio.
c) A EIRELI em questão adquire personalidade jurídica com a inscrição
do ato de constituição no Registro Público de Empresas Mercantis, Z Anotações/Comentários
a cargo das Juntas Comerciais.
(a) Empresário é a pessoa natural (empresário individual) ou jurídica
d) A EIRELI deverá adotar firma como espécie de nome empresa- (sociedade empresária ou EIRELI) que exerce profissionalmente ativi-
rial, formada pelo patronímico do titular, acrescido do objeto da dade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens
empresa e da expressão “EIRELI”. ou de serviços (art. 966, CC). Já empresa é a atividade econômica orga-
nizada para a produção ou circulação de bens ou serviços, realizada por
Z Anotações/Comentários empresário individual, sociedade empresária ou EIRELI. Nem todo sócio
(a) O art. 980-A do CC, § 6º determina que a EIRELI utilize subsidia- ou acionista de uma sociedade é empresário, somente se possuir cargo
riamente as regras da sociedade limitada. E, por sua vez, o art. 1.060 de administração e efetivamente participar da organização da atividade.
permite que o administrador seja um não sócio, in verbis: “Art. 1.060. A (b) Baseado nos termos do art. 1.142 do CC, empresa é a atividade
sociedade limitada é administrada por uma ou mais pessoas designadas econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou
no contrato social ou em ato separado.” serviços, exercida pelo empresário. Entretanto, empresário pode ser
pessoa natural ou jurídica que exerce profissionalmente a atividade
(b) Estipula o caput do art. 980-A do CC que a EIRELI deve possuir capital
econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou
social devidamente integralizado no ato de sua constituição, que
de serviços, sendo certo que não existe limite de receita bruta para a
não seja inferior a 100 (cem) salários mínimos.
conceituação como empresário.
(c) Sendo a EIRELI uma espécie de pessoa jurídica de direito privado,
(c) Deve-se enfatizar que a empresa é a atividade econômica orga-
determina o art. 45 do Código Civil que ela adquire personalidade jurí- nizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços exercida
dica com a inscrição do ato constitutivo no registro competente. Nesse pelo empresário de maneira profissional, ou seja, o empresário é o
sentido o Enunciado nº 471 do Conselho da Justiça Federal: “Os atos titular da empresa. Esse conceito coaduna com o que dispõe o art. 966
constitutivos da EIRELI devem ser arquivados no registro competente, do Código Civil.
para fins de aquisição de personalidade jurídica. A falta de arquivamento
ou de registro de alterações dos atos constitutivos configura irregula- (d) Os chamados atos de comércio eram aqueles elencados pela
lei. Na época, o Direito Empresarial era chamado de Direito Comercial
ridade superveniente”.
e era aplicado apenas aos comerciantes. Empresa é o novo conceito
(d) O nome empresarial da empresa individual de responsabilidade trazido pela teoria da empresa e que consiste no exercício da atividade
limitada deve ser formado pela expressão EIRELI, após a firma ou deno- econômica. O conceito de empresa é bem mais amplo do que o dos
minação social (§ 1º, art. 980-A do Código Civil). atos de comércio, que ficava limitado às atividades delimitadas na lei.
Gabarito: C
Então, empresa não consiste numa repetição profissional dos atos de

280. (FGV/OAB/XVII_Exame – 2015) Paulo, casado no regime de comércio ou mercancia. Além disso, o empresário vem a ser à pessoa
comunhão parcial com Jacobina, é empresário enquadrado como natural ou jurídica que pratica de modo habitual a empresa, e não
microempreendedor individual (MEI). O varão pretende gravar com apenas os atos de comércio.
Gabarito: C
hipoteca o imóvel onde está situado seu estabelecimento, que serve

exclusivamente aos fins da empresa. De acordo com o Código Civil, 282. (FGV/OAB/XIII_Exame – 2014) Olímpio Noronha é servidor
assinale a opção correta. público militar ativo e, concomitantemente, exerce pessoalmente
atividade econômica organizada sem ter sua firma inscrita na Junta

Comercial. 284. (FGV/OAB/VIII_Exame – 2012) José decidiu constituir uma
Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI) para atuar
Em relação às obrigações assumidas por Olímpio Noronha, assinale a no município “X” e consultou um advogado para obter esclarecimentos
alternativa Correta. sobre a administração da EIRELI. Assinale a alternativa que apresenta a
(a) São válidas tanto as obrigações assumidas no exercício da empresa informação correta dada pelo advogado.
quanto estranhas a essa atividade e por elas Olímpio Noronha a) A designação de administrador não sócio depende do voto favo-
responderá ilimitadamente.
rável de 2/3 (dois terços) do capital social, se este não estiver
(b) São nulas todas as obrigações assumidas, porque Olímpio Noro- integralizado.
nha não pode ser empresário concomitantemente com o serviço
b) A administração atribuída pelo contrato a qualquer dos sócios da
público militar.
EIRELI não se estende de pleno direito aos que posteriormente
(c) São válidas apenas as obrigações estranhas ao exercício da empresa, adquirirem essa qualidade.
pelas quais Olímpio Noronha responderá ilimitadamente; as demais
c) O administrador da EIRELI, seja o próprio instituidor ou terceiro,
são nulas.
responde por culpa no desempenho de suas atribuições perante
(d) São válidas apenas as obrigações relacionadas ao exercício da terceiros prejudicados.
empresa e por elas Olímpio Noronha responderá limitadamente;
as demais são anuláveis. d) O titular da EIRELI poderá usar a firma ou denominação, sendo
vedado seu uso pelo terceiro, ainda que seja designado adminis-
Z Anotações/Comentários trador.
Esta questão foca no segundo requisito para ser empresário que é Z Anotações/Comentários
a ausência de impedimento legal. Determinadas pessoas, por causa do
cargo ou função que ocupam ou em virtude de algumas circunstâncias (a) Não há que se falar em quórum de deliberação quando ela não
pessoais, não podem exercer atividade de empresário, mas se o fizer, tem sócios, por isso, as decisões serão sempre tomadas pelo único titular
responderão pelas obrigações contraídas. da pessoa jurídica (José, no caso). Ademais, o art. 980-A, caput, do CC
determina que o capital social da empresa individual de responsabili-
De acordo com o art. 973 do Código Civil, caso uma pessoa que
dade limitada deve ser integralizado.
tenha impedimento venha a exercer a atividade, responderá pelos atos
praticados. No caso da questão, Olímpio era servidor público militar (b) Sendo a EIRELI uma empresa individual de responsabilidade
ativo, portanto, impedido de ser empresário. As obrigações que ele limitada, constituída por uma única pessoa titular do capital social, não
contrair serão válidas, com base no artigo citado, mas como ele não há que se falar em sócios (art. 980-A, caput, do CC).
poderia ser um empresário regular, responderá ilimitadamente por elas. (c) Preconiza o art. 980 -A, §6º do CC que aplicam-se à
Portanto, todas serão válidas e responsabilizarão aquele que o praticou. empresa individual de responsabilidade limitada, no que cou-
Gabarito: A
ber, as regras previstas para as sociedades limitadas. Por sua
DIREITO EMPRESARIAL
283. (FGV/OAB/IX_Exame/Ipatinga-MG – 2012) Sobre o exercício da vez o art. 1.053 reza que: “A sociedade limitada rege-se, nas
empresa por incapaz, assinale a afirmativa correta. omissões deste Capítulo, pelas normas da sociedade simples”.
a) O incapaz deverá estar representado ou ser devidamente assistido, E complementa o art. 1.016 do CC que os administradores respondem
ter no mínimo 10 (dez) anos de idade e ser autorizado pelo Registro solidariamente perante a sociedade e os terceiros prejudicados, por
Público de Empresas Mercantis. culpa no desempenho de suas funções.
b) Os bens que o incapaz já possuía ao tempo da incapacidade ou (d) O uso da firma ou denominação social é privativo dos adminis-
interdição ficam sujeitos aos resultados da empresa, desde que tradores que tenham os necessários poderes (art. 980-A, § 6º c/c Art.
estranhos ao acervo desta. 1.064, ambos do CC).
Gabarito: C
c) O alvará de autorização e a eventual revogação deste serão inscritos

ou averbados no Registro Civil de Pessoas Naturais e publicados na 285. (FGV/OAB/V_Exame – 2011) Em relação à incapacidade e proibi-
imprensa oficial. ção para o exercício da empresa, assinale a alternativa correta.
d) Se o representante ou assistente do incapaz for um servidor público a) Caso a pessoa proibida de exercer a atividade de empresário pra-
em atividade, será nomeado, com a aprovação do juiz, um ou mais ticar tal atividade, deverá responder pelas obrigações contraídas,
gerentes. podendo até ser declarada falida.
b) Aquele que tenha impedimento legal para ser empresário está
impedido de ser sócio ou acionista de uma sociedade empresária.
(a) Nos termos do art. 974, caput, § 1º, do CC, o incapaz poderá, por
c) Entre as pessoas impedidas de exercer a empresa está o incapaz,
meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa
que não poderá exercer tal atividade.
antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de
herança, o que necessariamente precederá autorização judicial, após d) Por se tratar de matéria de ordem pública e considerando que a
exame das circunstâncias e dos riscos da empresa. Não há idade mínima continuação da empresa interessa a toda a sociedade, quer em
para o incapaz continuar a empresa. razão da arrecadação de impostos, quer em razão da geração de
(b) Em sentido contrário o art. 974, § 2º, do CC: “Não ficam sujeitos empregos, caso a pessoa proibida de exercer a atividade empre-
ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo sarial o faça, poderá requerer a recuperação judicial.
da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela,
devendo tais fatos constar do alvará que conceder a autorização”.
(c) Segundo os termos do art. 974, § 3º, do CC, o Registro Público (a) A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de
de Empresas Mercantis, a cargo das Juntas Comerciais, deverá registrar empresário, se a exercer, responderá pelas obrigações contraídas (art.
contratos ou alterações contratuais de sociedade que envolva sócio 973, CC). Poderá ser declarada falida, pois nos termos do art. 1º da Lei nº
incapaz, e os seguintes pressupostos devem ser observados: sócio 11.101/05, isso não depende da regularidade do empresário.
incapaz não pode exercer a administração da sociedade; o capital deve (b) A proibição para o exercício de empresa individualmente não
ser totalmente integralizado; e sócio relativamente incapaz deve ser veda que alguns impedidos sejam sócios de sociedades empresárias,
assistido e o absolutamente incapaz deve ser representado por seus desde que não participe da administração e de nenhuma outra forma de
representantes legais. Assim, o alvará deverá ser averbado na Junta organização do negócio. Ademais, deve-se ter em vista que quem exerce
Comercial, mas não há necessidade de publicação na imprensa oficial a atividade empresarial é a própria pessoa jurídica, e não seus sócios.
para tanto.
(c) O art. 974, caput, do CC prevê que poderá o incapaz, por meio
(d) O art. 975, caput, do CC dispõe que se o representante ou de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa
assistente do incapaz for pessoa que, por disposição de lei, não puder antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de
exercer atividade de empresário, nomeará, com a aprovação do juiz, herança. A afirmação na assertiva confunde os conceitos jurídicos de
um ou mais gerentes. A assertiva está correta.
Gabarito: D incapacidade e impedimento.
(d) O impedido que exerce a atividade de maneira irregular não (III) a EIRELI está elencada no rol das pessoas jurídicas (art. 44, VI
poderá se valer da recuperação judicial, uma vez que o art. 48 da Lei nº do Código Civil), por isso possui autonomia patrimonial, ou seja, seu
11.101/05 preconiza que poderá requerer recuperação judicial o devedor patrimônio não se confunde com o do seu titular. Assim como qual-
que, no momento do pedido, exerça regularmente suas atividades há quer pessoa jurídica, a EIRELI estará sim sujeita a desconsideração da
mais de 2 (dois) anos e que atenda certos requisitos cumulativos. personalidade jurídica. Importante lembrar que quando da aprovação
da Lei 12.441/2011 que incluiu o art. 980-A no Código Civil estava
Gabarito: A
presente o §4º que tinha a seguinte redação: “Somente o patrimônio

286. (Vunesp/TJ-SP/Cartório/Remoção – 2018) Para o Código Civil,
social da empresa responderá pelas dívidas da empresa individual de
o empresário é
responsabilidade limitada, não se confundindo em qualquer situação
(a) equiparado à pessoa jurídica que pratica a atividade econômica com o patrimônio da pessoa natural que a constitui, conforme descrito
organizada para a produção de bens e serviços. em sua declaração anual de bens entregue ao órgão competente.”
(b) um indivíduo a quem a lei atribui responsabilidade limitada se tiver Tal dispositivo foi, de forma acertada, vetado e a mensagem de veto
integralizado o capital social empregado na produção. explicou que “o dispositivo traz a expressão ‘em qualquer situação’,
que pode gerar divergências quanto à aplicação das hipóteses gerais
(c) o sócio de qualquer sociedade empresária, desde que exerça o de desconsideração da personalidade jurídica, previstas no art. 50 do
cargo de administrador. Código Civil. Assim, e por força do § 6º do projeto de lei, aplicar-se-á à
(d) o agente que exerce profissionalmente atividade econômica orga- EIRELI as regras da sociedade limitada, inclusive quanto à separação do
nizada para a produção e circulação de bens e serviços. patrimônio.” Tudo isso deixa claro que a assertiva é verdadeira.
(IV) o art. 971 do Código Civil excepciona o caso do rural e determina
Z Anotações/Comentários que para ele a inscrição na Junta Comercial é facultativa. Porém, esse
(a) O empresário é o sujeito que exerce a empresa. Ele pode ser mesmo dispositivo explica que se ele fizer a inscrição, ficará sujeito a
pessoa física, no caso do empresário individual ou pessoa jurídica, ser todos os efeitos do empresário e, portanto, poderá escolher qualquer
for EIRELI ou uma sociedade empresária. uma das formas empresariais, quais sejam, empresário individual, EIRELI
ou sociedade empresária se se juntar a outra pessoa.
(b) A responsabilidade do empresário irá variar de acordo com a Gabarito: D
espécie que se tenha, não sendo sempre limitada.

288. (Consulplan/TJ-MG/Cartórios – 2017) Segundo o Código Civil,
(c) Formalmente falando, no caso de sociedade, o empresário é a
considera-se Empresário,
própria instituição e não seus sócios.
a) quem exerce profissionalmente atividade com fins lucrativos,
(d) Conceito de empresário está do art. 966 do Código Civil e é independentemente da atividade.
aquele que exerce a atividade, como está na afirmativa.
GABARITO: D
b) quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada

para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
287. (Consulplan/TJ-MG/Juiz de Direito – 2018) Analise as afirma-
c) quem seja sócio controlador de Sociedades Anônimas.
tivas a seguir.
DIREITO EMPRESARIAL
d) quem exerce, ainda que não profissionalmente, atividade com fins

I. O cirurgião-dentista que atende pacientes em seu consultório,
lucrativos, organizada, para a execução de serviços, produção de
tendo contratado pessoa para prestar serviços de secretariado,
produtos industrializados ou participando da cadeia de circulação
é considerado empresário, porque o exercício de sua profissão
destes produtos.
constitui elemento de empresa.
II. O empresário individual e a sociedade empresária que não pro- Z Anotações/Comentários
cederem a qualquer arquivamento no período de 10 (dez) anos
Empresário é a pessoa física (empresário individual) ou jurídica
devem comunicar à Junta que ainda se encontram em atividade, (sociedade empresária ou empresa individual de responsabilidade
sob pena de serem considerados inativos, com o consequente limitada que exerce profissionalmente uma atividade econômica orga-
cancelamento de seu registro. nizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços. O conceito
III. O patrimônio da empresa individual de responsabilidade limitada está no art. 966 do Código Civil (“Considera-se empresário quem exerce
responde pelas dívidas da pessoa jurídica, e não se confunde com profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou
o patrimônio da pessoa natural que a constitui, sem prejuízo da a circulação de bens ou de serviços”).
aplicação do instituto da desconsideração da personalidade
GABARITO: B
jurídica. 289. (Consulplan/TJ-MG/Cartórios – 2017) Nos termos do Código

IV. O produtor rural que, sendo empresário, cuja atividade rural Civil marque a afirmativa INCORRETA acerca da definição de empresário:
constitua sua principal profissão, desde que observadas as forma- a) É aquele que exerce profissionalmente atividade econômica orga-
lidades legais, requeira inscrição no Registro Público de Empresas nizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Mercantis da respectiva sede, pode constituir EIRELI.
b) É aquele que exerce profissionalmente atividades em cooperativas
Estão Corretas apenas as afirmativas sendo um dos cooperados.
a) I e IV. c) É aquele cuja atividade rural constitua sua principal profissão, desde
b) II e III. que seja inscrito no Registro Público de Empresas Mercantis da
respectiva sede.
c) I, II e III.
d) É aquele que exerce atividade empresarial individual de respon-
d) II, III e IV. sabilidade limitada, por uma única pessoa titular da totalidade do
capital social.
(I) É o art. 966 do Código Civil que traz o conceito de empresário. No Z Anotações/Comentários
seu parágrafo único há a determinação de que quem pratica profissão (a) Correta. De fato, empresário é aquele que exerce profissional-
de intelectual de natureza científica não é empresário, ainda que tenha mente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação
a presença de auxiliares ou colaboradores. A profissão de cirurgião- de bens ou de serviços. O conceito está no art. 966, “caput”, do Código
-dentista entra nessa classificação e a presença da pessoa que faz o Civil: “Considera-se empresário quem exerce profissionalmente ativi-
serviço de secretariado não se considera elemento de empresa, sendo dade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens
apenas a figura do colaborador. Assim sendo, tal cirurgião-dentista ou de serviços. ”
não é empresário.
(b) Incorreta. A criação de associações e, na forma da lei, a de coope-
(II) Trata-se da regra presente no art. 60 da Lei nº 8.934/94 que dis- rativas independem de autorização, sendo vedada a interferência esta-
ciplina o registro empresarial. Entende-se que a atividade empresária tal em seu funcionamento (CF, art. 5º, XVIII). Por expressa determinação
possui arquivamentos periódicos para realizar e sua ausência pressupõe legal, as sociedades cooperativas serão sempre sociedades simples, ou
inatividade. Caso haja o comunicado à Junta Comercial, impedir-se-á o seja, não empresárias. Curioso notar que o ato constitutivo das coopera-
cancelamento do registro. tivas deve ser levado ao registro perante a Junta Comercial. No entanto,
muito embora o ato constitutivo das sociedades cooperativas deva ser ser alienados sem nenhuma necessidade de outorga. Isto porque, há a
levado a registro na Junta Comercial, elas nunca serão consideradas necessidade de celeridade no trato negocial de uma atividade empre-
empresárias. É o que dispõe a parte final do parágrafo único do art. sária e o cônjuge que é o empresário é que é responsável pela gestão
982 do Código Civil: “Independentemente de seu objeto, considera-se do negócio, não seu marido ou sua mulher.
empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa.”
GABARITO: E
(c) Correta. De fato, empresário rural é aquele cuja atividade rural 291. (FUNCAB/PC-PA/Delegado de Polícia – 2016) No que concerne
constitua sua principal profissão, desde que seja inscrito no Registro à caracterização da atividade empresarial segundo o direito brasileiro,
Público de Empresas Mercantis da respectiva sede. De acordo com o pode se afirmar que:
art. 971 do Código Civil, “O empresário, cuja atividade rural constitua
(a) o empresário que tenha a atividade rural como sua principal profis-
sua principal profissão, pode, observadas as formalidades de que tratam
o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de são não pode requerer inscrição no Registro Público de Empresas
Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de ins- Mercantis da respectiva sede.
crito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito (b) marido e mulher podem contratar sociedade, entre si ou com
a registro.” Vale ressaltar que para o empresário ou sociedade rural o terceiros, mesmo que tenham se casado no regime da comunhão
registro na Junta Comercial é facultativo; se efetuarem o registro, ficarão universal de bens.
equiparados ao empresário comum, tendo as mesmas obrigações deste (c) o termo empresário refere-se ao sócio da sociedade empresária.
(CC, arts. 971 e 984).
(d) não se considera empresário quem exerce profissão intelectual,
(d) Correta. A empresa individual de responsabilidade limitada
de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso
(EIRELI) foi trazida pela Lei 12.441/11, que acrescentou o art. 980-A ao
de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão
Código Civil. Empresa individual de responsabilidade limitada é a pessoa
constituir elemento de empresa.
jurídica de direito privado, composta por um único titular da totalidade
do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (e) a pessoa legalmente impedida de exercer a atividade empresária,
vezes o maior salário mínimo vigente no País. caso a exerça, não responderá pelas obrigações que contrair.
GABARITO: B
290. (Cespe/PGE-SE/Procurador do Estado – 2017) Com relação ao
empresário e aos prepostos, assinale a opção Correta de acordo com Antes da análise de cada uma das alternativas, convém destacar
a legislação pertinente. alguns conceitos essenciais do Direito Empresarial. Vejamos. Empresário
(a) A inscrição do empresário na junta comercial é requisito para a sua é a pessoa física (empresário individual) ou jurídica (sociedade empre-
caracterização. sária ou empresa individual de responsabilidade limitada) que exerce
profissionalmente atividade econômica organizada para a produção
(b) A lei prevê cobrança de multa do incapaz que exercer diretamente ou circulação de bens ou de serviços, nos termos do art. 966, caput, do
atividade própria de empresário.
Código Civil. Empresa é a atividade econômica exercida pelo empre-
(c) O gerente de empresa poderá delegar poderes de representação, sário. Estabelecimento é o complexo de bens corpóreos e incorpóreos
DIREITO EMPRESARIAL
uma vez que as prerrogativas a ele conferidas, embora pessoais, organizados pelo empresário para a exploração da empresa.
são transferíveis.
(a) O empresário que tenha a atividade rural como sua principal
(d) No exercício de suas funções, os prepostos são pessoalmente profissão tem a faculdade de requerer inscrição no Registro Público
responsáveis, perante terceiros, pelos atos culposos. de Empresas Mercantis da respectiva sede. É o que diz o art. 971 do
(e) O empresário casado pode alienar os bens imóveis que integram Código Civil: “O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal
o patrimônio da empresa sem outorga conjugal. profissão, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968
e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas
Z Anotações/Comentários Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará
(a) O legislador brasileiro optou pelo conceito material de empre- equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro.”
sário, tendo em vista que o já analisado art. 966 não exige o registro Cuidado para não confundir: o empresário é obrigado a efetuar seu
para que alguém seja caracterizado como tal. O art. 967 do Código Civil registro no Registro Público de Empresas Mercantis (Junta Comercial)
exige que o empresário se registre na Junta Comercial antes do início antes de iniciar sua atividade. No entanto, para o empresário rural ou
da atividade, e em virtude dessa previsão há quem defenda que o con- sociedade empresarial rural, o registro é facultativo; se efetuarem o
ceito seria formal, já que todo empresário deve se registrar. Esse não é registro ficarão equiparados ao empresário comum, tendo as mesmas
o entendimento correto, uma vez que alguém que organize atividade obrigações deste.
empresária será considerado empresário. Se não se registrar será um (b) Marido e mulher podem contratar sociedade, entre si ou com
empresário irregular, mas não deixará de sê-lo. terceiros, salvo se casados no regime da comunhão universal de bens
(b) Não há tal previsão. De acordo com os artigos 972 e 974, o ou no da separação obrigatória (art. 977, do Código Civil).
incapaz poderá continuar a atividade empresária nos casos previstos (c) O termo empresário não se confunde com o sócio da socie-
em lei. Não há possibilidade de o incapaz iniciar a atividade empresária. dade empresária. O sócio da sociedade empresária não é empresário.
(c) Determina o art. 1.169 do Código Civil que: “O preposto não Empresário é a pessoa física (empresário individual) ou jurídica (socie-
pode, sem autorização escrita, fazer-se substituir no desempenho dade empresária ou empresa individual de responsabilidade limitada)
da preposição, sob pena de responder pessoalmente pelos atos do que exerce profissionalmente atividade econômica organizada para
substituto e pelas obrigações por ele contraídas.” Sendo o gerente um a produção ou circulação de bens ou de serviços, nos termos do art.
preposto, ele não pode delegar seus poderes. 966, caput, do Código Civil. Como bem ensina André Luiz Santa Cruz
(d) De acordo com o disposto no parágrafo único do art. 1.177, os Ramos, “A principal consequência da personificação das sociedades é
prepostos são pessoalmente responsáveis, no exercício de suas funções, o reconhecimento da sociedade como sujeito de direitos, ou seja, como
perante os preponentes, pelos atos culposos; e, perante terceiros, ente autônomo dotado de personalidade distinta da pessoa dos seus
solidariamente com o preponente, pelos atos dolosos. Assim sendo, sócios e com patrimônio também autônomo, que não se confunde
nos atos culposos, os prepostos só respondem perante o preponente com o patrimônio dos sócios.” (Ramos, André Luiz Santa Cruz. Direito
e não perante terceiros. Empresarial Esquematizado. 6. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro:
(e) A assertiva reproduz o texto do art. 978 do Código Civil. Essa Forense; São Paulo: Método, 2016).
situação se refere, por óbvio, ao empresário individual, pois este é (d) Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual,
pessoa física e não tem personalidade jurídica distinta para que sepa- de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de
radamente possa adquirir direitos e obrigações para exercer a empresa. auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir
Assim, os bens que são adquiridos pertencem à pessoa física e se obser- elemento de empresa (art. 966, parágrafo único, do CC).
vamos o art. 1.647 do Código Civil, haveria a necessidade de outorga
(e) A pessoa legalmente impedida de exercer a atividade empre-
conjugal para alienar bens imóveis ou gravá-los de ônus real. Porém, o
sária, caso a exerça, responderá pelas obrigações que contrair (art. 973,
Código Civil observou que no caso do empresário, é possível identificar
do Código Civil).
os bens que são utilizados para a prática da empresa e estas podem GABARITO: D
Jornada de Direito Civil do CJF/STJ, dispõe que: “Os profissionais liberais

292. (Cespe/TCU/Procurador do MP junto ao TCU – 2015) Acerca das
não são considerados empresários, salvo se a organização dos fatores da
sociedades empresárias, assinale a opção Correta.
produção for mais importante que a atividade pessoal desenvolvida.”
(a) Conforme o Código Civil, empresa é a pessoa jurídica que atua
GABARITO: E
profissionalmente em atividade econômica organizada para a

293. (PUC/PGE-PR/Procurador do Estado – 2015) Acerca do con-
produção ou a circulação de bens ou de serviços.
ceito de empresário e de sociedade empresária, assinale a alternativa
(b) Quanto à sua composição, as sociedades empresárias classificam-se CORRETA.
em contratuais — por exemplo, a sociedade limitada — ou institu-
(a) Uma sociedade anônima aberta que alterasse seu objeto social para
cionais — por exemplo, a sociedade anônima.
incluir atividade de natureza literária passaria a ser considerada uma
(c) De acordo com a teoria maior, é suficiente que haja prejuízo ao sociedade simples.
credor não negocial para que seja cabível a desconsideração da
personalidade jurídica da sociedade empresária. (b) A expressão “elemento de empresa” presente no conceito legal de
empresário serve de fundamento a que atividades exercidas sem
(d) Se uma cooperativa exercer atividade própria de empresário, essa auxiliares sejam consideradas empresárias.
cooperativa será considerada sociedade empresária e ficará sujeita
a registro na junta comercial. (c) A definição legal de empresário não permite que uma atividade
dotada de eventualidade seja caracterizada como empresária.
(e) Profissionais liberais não são considerados empresários, salvo se
a organização dos fatores de produção for mais importante que a (d) O praticante de atividade rural tem a opção pelo tratamento legal
atividade pessoal desenvolvida. como empresário a ser exercida através de processo judicial.
(e) A gestão profissional e de acordo com as práticas de governança
Z Anotações/Comentários corporativa em uma sociedade a caracteriza como empresarial.
(a) Os conceitos de empresa e empresário não se confundem.
Empresário é a pessoa física (empresário individual) ou jurídica (socie-
dade empresária ou empresa individual de responsabilidade limitada) (a) De acordo com a previsão do parágrafo único do art. 982 “inde-
que exerce profissionalmente uma atividade econômica organizada pendentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade
para a produção ou circulação de bens ou de serviços. Empresa é a ati- por ações.” Entende-se que pela complexidade da sua estrutura, uma
vidade econômica organizada exercida pelo empresário. Os conceitos sociedade anônima sempre terá o “elemento de empresa” presente na
podem ser extraídos do art. 966 do Código Civil. parte final do parágrafo único do art. 966 e em assim sendo, indepen-
(b) A assertiva trata da classificação das sociedades e o erro nela dente do objeto, ele sempre será empresária.
previsto era bastante sutil. Com efeito, quanto a constituição, as socie- (b) Antes de chegar à análise do elemento de empresa, hão que ser
dades são classificadas em contratuais e institucionais, conforme o analisados os outros requisitos para a atividade ser empresária e um
ato constitutivo seja um contrato social (sociedades limitadas) ou um deles é a organização, mencionada na alternativa correta. Tal requisito
estatuto social (sociedades anônimas), respectivamente. Por outro lado, se opõe ao trabalho individualizado, meramente pessoal, ainda que
DIREITO EMPRESARIAL
quanto a composição, as sociedades são classificadas como de pessoas se tenha o objetivo de circular bens ou serviços, pois na organização
ou de capital. Sociedade de pessoas é aquela em que a característica endente-se ser necessária à de bens e pessoas. Assim, para que se
subjetiva, o atributo pessoal do sócio é indispensável para o desenvol- classifique como empresária a atividade precisa contar com auxilia-
vimento da atividade social. Já a sociedade de capital é aquela em que res ou colaboradores, já que o exercício individual não caracteriza a
não importam os atributos subjetivos do sócio, mas sim o capital que empresarialidade.
será investido por ele.
(c) O art. 966 do Código Civil traz dois elementos que confirmam
(c) De acordo com a teoria menor (e não maior), é suficiente que haja que uma atividade eventual não pode ser classificada como empre-
prejuízo ao credor não negocial para que seja cabível a desconsideração sária. Primeiro, porque coloca que para ser empresário deve haver a
da personalidade jurídica da sociedade empresária. A teoria menor é prática profissional da atividade. Para haver profissionalidade há que
aquela que dispensa motivo para que seja decretada a desconsideração haver a habitualidade, pois uma pessoa que realiza uma atividade de
da personalidade jurídica, bastando a insuficiência patrimonial da pes- forma eventual não pode ser chamada de profissional. Além disso, o
soa jurídica. A teoria menor transforma os sócios e administradores da dispositivo exige que a atividade seja organizada. Esta organização se
pessoa jurídica em responsáveis subsidiários por suas dívidas. Diplomas refere à estrutura empresarial, com a existência de um complexo de
legais que adotam a teoria menor: (a) Código de Defesa do Consumidor; bens organizados, em que as tarefas para desempenhar a atividade fim
(b) Consolidação das Leis do Trabalho; (c) Código Tributário Nacional; sejam separadas em funções específicas, criando uma atuação capaz de
(d) Lei dos Crimes Ambientais (Lei 9.605/98); (e) Nova Lei Antitruste, produzir e circular riquezas. A organização empresarial não é possível
também conhecida como Lei do CADE (Lei 12.529/11). Atenção! Há quem ser alcançada em uma prática eventual da atividade.
entenda que o CDC adota tanto a teoria maior quanto a teoria menor.
(d) É o art. 971 do Código Civil que trata do rural e essa opção por
(d) Cooperativa é uma associação de pessoas (pessoa jurídica inter-
ser empresário é feita com a inscrição na Junta Comercial, que para eles
subjetiva) com interesses comuns, organizadas de forma democrática
é facultativa, não havendo necessidade de processo judicial.
e sem fins lucrativos. Por expressa determinação legal, as sociedades
cooperativas serão sempre sociedades simples (art. 982, do Código (e) Nem toda gestão profissional vai caracterizar o “elemento de
Civil). Atenção! Importante regra envolve as cooperativas: o registro empresa”, ou seja, se pensarmos em uma atividade intelectual que
de seu ato constitutivo é levado a efeito perante a Junta Comercial. tenha a prática de atos de governança corporativa, mas não tenha este
Embora o ato constitutivo das sociedades cooperativas deva ser levado a “elemento de empresa”, ela será simples e não empresária. Governança
registro na Junta Comercial, elas nunca serão consideradas empresárias. corporativa corresponde aos processos, costumes, políticas, leis e ins-
tituições que são usados para fazer a administração de uma atividade
(e) De fato, os profissionais liberais não são considerados empresá-
e somente se essas práticas tiverem a complexidade necessária é que
rios, mas o Código civil abre exceção, exatamente quando o exercício da
configurariam o elemento de empresa, mas nem sempre isso irá ocorrer.
profissão constituir elemento de empresa. Empresário é a pessoa física GABARITO: C
(empresário individual) ou jurídica (sociedade empresária ou empresa

individual de responsabilidade limitada) que exerce profissionalmente 294. (FCC/TJ-GO/Juiz de Direito – 2015) Thiago, titular de uma
uma atividade econômica organizada para a produção ou circulação de empresa individual do ramo de padaria, veio ser interditado judicial-
bens ou de serviços. No entanto, o parágrafo único do art. 966 do CC, mente e declarado absolutamente incapaz para os atos da vida civil por
exclui alguns agentes econômicos conceito de empresário, ao dispor conta de uma doença mental que lhe sobreveio. A Thiago, nesse caso, é
que: “Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, (a) permitido continuar a empresa por meio de representante,
de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de mediante prévia autorização judicial, que não é passível de revo-
auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir gação.
elemento de empresa”. Quando a profissão intelectual de natureza cien-
tífica, literária ou artística constituir elemento de empresa, ela passará a (b) vedado continuar a empresa, ainda que por meio de representante.
ter natureza empresarial. Isso porque, nesse caso, a atividade profissio- (c) permitido continuar a empresa por meio de representante,
nal intelectual será apenas um dos elementos dentro do complexo de mediante prévia autorização judicial, que poderá ser revogada,
atividades oferecidos pela sociedade. Além disso, o Enunciado 194 da III também judicialmente, sem prejuízo dos direitos de terceiros.
(d) permitido continuar a empresa por meio de representante, inde- forma, o empresário individual é uma pessoa física que para exercer sua
pendentemente de prévia autorização judicial. atividade empresária precisa de um registro no órgão competente. Mas
(e) permitido continuar a empresa por meio de representante, caso ao se registrar na Junta Comercial, será obrigatório que o empresário
em que todos os bens que já possuía ao tempo da sua interdição individual também faça sua inscrição na Receita Federal, ocupando o
ficarão sujeitos ao resultado da empresa, ainda que estranhos ao Cadastro Nacional Pessoas Jurídicas – CNPJ. E é justamente por causa
acervo desta. deste fato que muitos se equivocam, acreditando que o empresário
individual é pessoa jurídica. Perceba que a existência deste número no
Z Anotações/Comentários CNPJ é apenas para fins tributários. Este fato é que responde à questão.
Atenção para o fato de o enunciado falar que Thiago é titular de Uma vez que o empresário individual não tem personalidade jurídica
uma empresa individual. Por óbvio a banca se equivocou no uso do distinta da pessoa física, não há autonomia patrimonial, já que as obri-
termo, pois a questão da incapacidade superveniente diz respeito ao gações pertencem a uma única pessoa. Sendo assim, caso o negócio
empresário individual. Ao utilizar “empresa individual” ela caba por não dê certo, ele irá responder pelas obrigações contraídas com todo o
confundir com “empresa individual de responsabilidade limitada – seu patrimônio, estando ele registrado no CPF ou no CNPJ, não havendo
EIRELI”, mas neste caso teríamos pessoa jurídica e não teria relevância como se falar em desconsideração da personalidade jurídica, já que não
a questão da capacidade. existe pessoa jurídica para ser desconsiderada.
GABARITO: A
(a) a autorização judicial poderá ser revogada a qualquer momento

se a continuidade da empresa não for mais interessante para o incapaz 296. (FCC/TJ-AP/Juiz de Direito – 2014) O empresário, cuja atividade
ou lhe tiver trazendo riscos. rural constitua sua principal profissão,
(b) A continuação é possível nos moldes da lei. (a) está sujeito à falência, independente de qualquer registro público.
(c) Dois são os requisitos para que seja possível se inscrever como (b) é obrigado a inscrever-se no Registro Público de Empresas Mercan-
empresário individual: capacidade propriamente dita e ausência de tis.
impedimento. Na interpretação conjunta do art. 972 do Código Civil
(c) é obrigado a inscrever-se no Registro Civil de Pessoas Jurídicas.
com o art. 974, conclui-se que para requerer a inscrição como empre-
sário, é necessário ter plena capacidade civil. Não é possível requerer (d) pode requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis.
a inscrição por representante ou assistente. A atividade empresarial (e) não pode constituir empresa individual de responsabilidade limi-
poderá, entretanto, ser continuada, através de representante ou assis- tada.
tente, quando ocorrer incapacidade superveniente. Esta incapacidade
superveniente poderá ocorrer quando o próprio empresário passa Z Anotações/Comentários
por um processo de interdição e é declarado incapaz ou quando ele
falece e seu(s) herdeiro(s) é(são) incapaz(es). Em qualquer dos casos, a Em virtude do princípio constitucional da igualdade, o art. 970
continuação da atividade dependerá de autorização judicial e os bens do Código Civil previu a necessidade de tratamento diferenciado ao
que o incapaz possuía antes de interdição ou da sucessão não poderão pequeno empresário e ao rural. A questão irá tratar do rural.
ser penhorados para o pagamento de dívidas decorrentes da atividade. (a) Para se sujeitar a falência tem que ser empresário e pelo já
DIREITO EMPRESARIAL
(d) Também como já foi dito, a autorização judicial é imprescindível. citado art. 971, o rural só é considerado empresário se se registrar na
Junta Comercial.
(e) Pelo art. 972, §2º “Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os
bens que o incapaz já possuía, ao tempo da sucessão ou da interdição, (c) se ele quiser se registrar, será na Junta Comercial e não no
desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do Cartório.
alvará que conceder a autorização.” (b, d) por ter tratamento diferenciado, o empreendedor rural só
GABARITO: C
será considerado empresário se fizer sua inscrição na Junta Comercial.

295. (FCC/TRT-23ª Região/Juiz do Trabalho Substituto – 2015) Antônio Importante ressaltar que se ele decidir fazê-lo, não terá mais nenhum
é empresário individual, como tal inscrito no Registro de Empresas tratamento diferente e passará a ter as mesmas obrigações de qualquer
e no CNPJ há mais de dez anos. Com exceção daqueles legalmente outro empresário (art. 971, do CC). A atividade rural sofre muito mais
impenhoráveis, respondem pelas dívidas contraídas por Antônio no com as intempéries da natureza, além de ser uma atividade muito
exercício da atividade empresarial menos valorizada que a realizada no meio urbano. Vislumbrou-se assim
(a) todos os seus bens. a necessidade de tratamento diferente e o que se tem é a faculdade de
inscrição da Junta Comercial. Se pensarmos pelo conceito de empresário
(b) todos os seus bens, mas limitadamente ao valor do capital da
do art. 966, sempre que houver organização, o rural terá uma atividade
empresa.
empresária e pela regra do art. 967 a inscrição seria obrigatória. Mas
(c) somente os seus bens afetados à atividade empresarial. para que sejam diminuídas suas obrigações, o rural poderá optar por
(d) somente os seus bens afetados à atividade empresarial, mas limi- não se formalizar.
tadamente ao valor do capital da empresa. (e) Não há nenhum óbice para, caso o rural decida se registrar,
(e) todos os seus bens, inclusive os não afetados à atividade empre- utilizar da figura da empresa individual de responsabilidade limitada,
sarial, desde que deferida judicialmente a desconsideração da somente precisando do capital mínimo de 100 (cem) salários mínimos. O
personalidade jurídica da empresa. rural pode escolher qualquer tipo empresarial se optar por se formalizar.
GABARITO: D
297. (FCC/MP-PA/Promotor de Justiça – 2014) Paulo, aposentado do
Determinada pessoa pode se interessar por, sozinha, constituir cargo de promotor de justiça, decidiu comprar um imóvel rural, a fim de
uma atividade empresária e organizá-la com seus próprios meios. Pelas se dedicar, de forma organizada, profissional, habitual e exclusiva, ao
regras atuais do direito brasileiro tal pessoa poderá optar por duas cultivo e à venda das verduras orgânicas, visando ao lucro. Nesse caso,
maneiras de exercer a atividade empresária sozinha, registrando-se
como empresário individual ou constituindo uma empresa individual (a) a inscrição de Paulo no Registro Público de Empresas, na condição
de responsabilidade limitada, esta última de criação recente pela Lei de empresário individual, com responsabilidade ilimitada, atribui à
12.441/11 que entrou em vigor em 12 de janeiro de 2012. A questão empresa personalidade jurídica própria e distinta da do seu titular.
trata da responsabilidade do empresário individual. (b) na qualidade de empresário rural, é obrigatória a inscrição de Paulo
O empresário individual tem que fazer sua inscrição na Junta no Registro Público de Empresas antes do início de sua atividade.
Comercial antes de iniciar sua atividade. Essa inscrição do empresário (c) Paulo não poderá exercer atividade empresária em nome próprio,
individual existe, pois a Junta Comercial é o órgão que controla as pois o impedimento imposto aos promotores de justiça para o
atividades empresárias, porém é importante lembrar que tal registro exercício do comércio persiste mesmo depois da aposentadoria.
não fará com que ele ganhe uma personalidade jurídica que será
(d) Paulo não poderá ser qualificado como empresário, já que a ativi-
diferente da pessoa física. Ele jamais será considerado pessoa jurídica,
já que não se enquadra em nenhuma das espécies de pessoa jurídica dade rural, por definição legal, não pode ter caráter empresarial.
previstas no art. 44 do Código Civil, nem mesmo na Empresa Individual (e) depois de inscrito no Registro Público de Empresas, Paulo estará
de Responsabilidade Limitada que tem seus requisitos próprios. Desta sujeito à falência, mesmo na qualidade de empresário rural.
Z Anotações/Comentários denação aplicáveis aos crimes falimentares estão previstos no art. 181 da
Lei nº 11.101/2005, a saber: (a) inabilitação para o exercício de atividade
(a) O empresário individual tem que fazer sua inscrição na Junta
empresarial; (b) o impedimento para o exercício de cargo ou função
Comercial antes de iniciar sua atividade. Essa inscrição do empresário
em conselho de administração, diretoria ou gerência das sociedades
individual existe, pois a Junta Comercial é o órgão que controla as ati-
sujeitas a esta Lei; (c) a impossibilidade de gerir empresa por mandato
vidades empresárias, porém é importante lembrar que tal registro não
fará com que ele ganhe uma personalidade jurídica que será diferente ou por gestão de negócio. Por fim, vale lembrar que tais efeitos não são
da pessoa física. Ele jamais será considerado pessoa jurídica, já que não automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença, e
se enquadra em nenhuma das espécies de pessoa jurídica previstas no perdurarão até 5 (cinco) anos após a extinção da punibilidade, podendo,
art. 44 do Código Civil, nem mesmo na recém-criada Empresa Individual contudo, cessar antes pela reabilitação penal.
GABARITO: CERTO.
de Responsabilidade Limitada. Desta forma, o empresário individual é

uma pessoa física que para exercer sua atividade empresária precisa 300. (Consulplan/TJ-MG/Cartórios – 2017) Possui(em) capacidade
de um registro no órgão competente. Mas ao se registrar na Junta para ser empresário, EXCETO:
Comercial, será obrigatório que o empresário individual também faça a) Os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem
sua inscrição na Receita Federal, ocupando o Cadastro Nacional Pessoas legalmente impedidos.
Jurídicas – CNPJ. E é justamente por causa deste fato que muitos fazem
uma ideia errônea, acreditando que o empresário individual é pessoa b) O incapaz, desde que representado ou assistido, poderá continuar
jurídica. Perceba que a existência deste número no CNPJ é apenas a empresa antes exercida por ele enquanto capaz.
para fins tributários, pois para o recolhimento do Imposto de Renda o c) Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com
empresário individual será equiparado às pessoas jurídicas. Como se terceiros, desde que não tenham casado no regime da comunhão
vê, é apenas uma questão de pagamento de tributo, uma equiparação. universal de bens, ou no da separação obrigatória.
(b) Como já foi mencionado na alternativa Correta, pela previsão d) O falido não reabilitado.
do art. 971, o rural poderá se inscrever na Junta Comercial, não sendo
uma obrigatoriedade. Z Anotações/Comentários
(c) A segunda parte do art. 972 determina que não pode exercer a (a) Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em
atividade empresária quem possui impedimento para tal. Esses impe- pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos
dimentos se dão em função do cargo ou posição que determinada (art. 972, do CC).
pessoa ocupa que é incompatível com o exercício da empresa. Ao se (b) Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente
aposentar esse impedimento deixa de existir, pois não haverá mais assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz,
incompatibilidade. por seus pais ou pelo autor de herança (art. 974, do CC).
(d) A atividade rural é caracterizada sim como empresária desde (c) Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com ter-
que se enquadre nos requisitos do art. 966 do Código Civil. O que o ceiros, desde que não tenham casado no regime da comunhão universal
art. 971 diferencia do rural é a obrigatoriedade do registro, ou seja, na de bens, ou no da separação obrigatória (art. 977, do CC).
formalização do exercício da atividade.
DIREITO EMPRESARIAL
(d) De fato, o falido não reabilitado não possui capacidade para

(e) Por ter tratamento diferenciado, o empreendedor rural só será ser empresário. Isso porque, de acordo com o art. 102 da Lei 11.101/05:
considerado empresário se fizer sua inscrição na Junta Comercial. “O falido fica inabilitado para exercer qualquer atividade empresarial
Importante ressaltar que se ele decidir fazê-lo, não terá mais nenhum a partir da decretação da falência e até a sentença que extingue suas
tratamento diferente e passará a ter as mesmas obrigações de qualquer obrigações, respeitado o disposto no § 1º do art. 181 desta Lei.”
outro empresário. É o que se encontra previsto no art. 971 do Código GABARITO: D
Civil. No caso da questão, Paulo não precisaria se registrar, mas como

decidiu fazê-lo torna-se empresário passando a ter todos os direitos e 301. (Vunesp/TJ-SP/Juiz de Direito – 2014) A incapacidade superve-
obrigações, inclusive podendo ser declarado falido pela aplicabilidade niente do empresário
do art. 1º da Lei nº 11.101/2005. (a) não impede a continuidade do exercício da empresa pelo agora
incapaz, mediante autorização judicial com a nomeação de um
GABARITO: E
298. (Cespe/PC-SE/Delegado de Polícia – 2018) A respeito das con- representante.

dições para o exercício de atividade comercial, julgue os itens subse- (b) exime de responsabilidades o representante ou o assistente do
quentes. empresário incapaz, se estes nomearem um gerente para substi-
O incapaz é impedido de iniciar atividade empresarial individual, mas tui-lo quando não puder exercer a atividade empresarial.
poderá, excepcionalmente, ser autorizado a dar continuidade a ativi- (c) acarreta a extinção imediata da sociedade empresarial.
dade empresária preexistente. (d) não impede a continuidade do exercício da empresa podendo ele
exercer a administração da sociedade.
O incapaz é impedido de iniciar atividade empresarial individual, Z Anotações/Comentários
considerando que o art. 972 do CC determina que podem exercer a (a) Em prestígio ao princípio da continuidade da empresa, há
atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade apenas duas hipóteses em que o incapaz poderá ser empresário: (a)
civil e não forem legalmente impedidos. No entanto, o incapaz pode ser continuação da empresa no caso de incapacidade superveniente; e (b)
autorizado a continuar a atividade empresária preexistente, conforme continuação da empresa no caso de sucessão hereditária. Para que isso
dispõe o art. 974 do CC: “Poderá o incapaz, por meio de representante ocorra, o Código Civil exige que haja prévia autorização judicial e que
ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele o incapaz esteja devidamente representado (no caso de incapacidade
enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança”. absoluta) ou assistido (no caso de incapacidade relativa). Importante
GABARITO: CERTO.
lembrar também que não ficam sujeitos ao resultado da empresa os

299. (Cespe/PC-SE/Delegado de Polícia – 2018) A respeito das con- bens que o incapaz já possuía ao tempo da sucessão ou da interdição,
dições para o exercício de atividade comercial, julgue os itens subse- desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar
quentes. do alvará judicial que conceder a autorização para a continuidade da
Condenado por crime falimentar não pode se registrar na junta comer- empresa. Vide art. 974 do CC.
cial como empresário individual, mas pode figurar como sócio de (b) Se o representante ou assistente do incapaz for pessoa legal-
responsabilidade limitada, desde que sem poderes de gerência ou mente impedida de exercer atividade empresarial, nomeará, com a
administração. aprovação do juiz, um ou mais gerentes. No entanto, de acordo com o
§ 2º do art. 975 do CC, “a aprovação do juiz não exime o representante
Z Anotações/Comentários ou assistente do menor ou do interdito da responsabilidade pelos atos
O condenado por crime falimentar fica impedido de atuar como dos gerentes nomeados.”
empresário individual, bem como de exercer cargo ou função de gerên- (c) A incapacidade superveniente não acarreta, necessariamente, a
cia ou de administração. Continuará podendo ser sócio de sociedade extinção da sociedade empresarial. Dispõe o § 3º do art. 974 do CC que o
empresária, mas não poderá exercer a administração. Os efeitos da con- sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente inca-
paz deve ser representado por seus representantes legais. Além disso, o pelo incapaz – grifo nosso), precederá autorização judicial, após exame
Código Civil impõe que o capital social esteja totalmente integralizado das circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como da conveniência
e que o sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade. em continuá-la, podendo a autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos
(d) De fato, a incapacidade superveniente não impede a continui- os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem
dade do exercício da empresa; no entanto, ele não poderá exercer a prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros.”
administração da sociedade. (d) Não é vedada a transformação de registro de empresário indivi-
dual em registro de sociedade empresária. O § 3º do art. 968 do Código
GABARITO: A
302. (Vunesp/TJ-SP/Cartório/Remoção – 2018) Segundo o Código Civil admite expressamente essa transformação, ao dispor que: “Caso
Civil, é correto afirmar que venha a admitir sócios, o empresário individual poderá solicitar ao
Registro Público de Empresas Mercantis a transformação de seu registro
(a) o empresário individual casado só precisa de anuência do cônjuge de empresário para registro de sociedade empresária, observado, no
para alienar bens imóveis empregados na atividade empresarial, que couber, o disposto nos arts. 1.113 a 1.115 deste Código.”
caso o capital não esteja integralizado. GABARITO: B
(b) é necessário examinar o contrato social para verificar se o empresá- 304. (Cespe/PGE-SE/Procurador do Estado – 2017) Com relação ao
rio individual casado necessita de anuência do cônjuge para alienar empresário e aos prepostos, assinale a opção Correta de acordo com
bens integrantes do ativo imobilizado. a legislação pertinente.
(c) o empresário individual casado pode alienar bens imóveis que (a) A inscrição do empresário na junta comercial é requisito para a sua
integrem o patrimônio da empresa sem outorga conjugal. caracterização.
(d) o empresário individual casado só precisa de anuência do cônjuge (b) A lei prevê cobrança de multa do incapaz que exercer diretamente
para alienar bens móveis empregados na atividade empresarial se atividade própria de empresário.
o regime for de comunhão.
(c) O gerente de empresa poderá delegar poderes de representação,
Z Anotações/Comentários uma vez que as prerrogativas a ele conferidas, embora pessoais,
De acordo com o art. 978 do Código Civil, “o empresário casado
pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime (d) No exercício de suas funções, os prepostos são pessoalmente
de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou responsáveis, perante terceiros, pelos atos culposos.
gravá-los de ônus real.” Trata-se de regra especial aplicável ao empre- (e) O empresário casado pode alienar os bens imóveis que integram
sário individual casado, configurando uma exceção ao art. 1647, I, do o patrimônio da empresa sem outorga conjugal.
Código Civil, que dispõe: “Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum
dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da Z Anotações/Comentários
separação absoluta: I – alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;”. (a) A inscrição do empresário na junta comercial é requisito para
GABARITO: C
a sua regularidade. O empresário é obrigado a efetuar seu registro na
DIREITO EMPRESARIAL
303. (Cespe/TJ-PR/Juiz de Direito – 2017) Com relação a empresário Junta Comercial antes de iniciar sua atividade. Prevalece o entendi-
e atividade de empresa, assinale a opção Correta. mento no sentido de que o registro do empresário na Junta Comercial
(a) Para instituir sucursal em lugar sujeito à competência de outro tem natureza declaratória, sendo uma condição de regularidade. Vale
registro público de empresas mercantis, bastará ao empresário lembrar o teor do Enunciado n. 199 do CJF, aprovado na III Jornada de
averbar a constituição do estabelecimento secundário no registro Direito Civil: “a inscrição do empresário ou sociedade empresária é
público de empresas mercantis da respectiva sede. requisito delineador de sua regularidade, e não da sua caracterização”.
(b) A empresária casada sob o regime de comunhão universal não (b) Não há qualquer previsão na lei acerca da cobrança de multa do
precisa da outorga conjugal para alienar os imóveis que integrem incapaz que exercer diretamente atividade própria de empresário. Em
o patrimônio da empresa. prestígio ao princípio da continuidade da empresa, há duas hipóteses
em que o incapaz poderá ser empresário: (a) continuação da empresa no
(c) A continuidade do exercício de empresa por quem era capaz e caso de incapacidade superveniente; e (b) continuação da empresa no
deixou de sê-lo prescinde de autorização judicial. caso de sucessão hereditária. O incapaz deverá estar representado (no
(d) É vedada a transformação de registro de empresário individual em caso de incapacidade absoluta) ou assistido (no caso de incapacidade
registro de sociedade empresária. relativa) e deverá haver prévia autorização judicial (o juiz deve analisar
a pertinência da continuação da empresa). Vale lembrar, também, que
Z Anotações/Comentários não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já
(a) Na verdade, para instituir sucursal em lugar sujeito à compe- possuía ao tempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos
tência de outro registro público de empresas mercantis, o empresário, ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvará que conceder
neste deverá também inscrevê-la, com a prova da inscrição originária. A a autorização.
segunda providência a ser tomada pelo empresário é averbar a consti- (c) Prepostos são os trabalhadores que desempenham tarefas sob
tuição do estabelecimento secundário na Junta Comercial da respectiva a coordenação do empresário. São exemplos de propostos, o gerente
sede. É o que determina o art. 969 do Código Civil: “O empresário que e o contabilista. Segundo o art. 1.169 do Código Civil: “O preposto não
instituir sucursal, filial ou agência, em lugar sujeito à jurisdição de outro pode, sem autorização escrita, fazer-se substituir no desempenho da
Registro Público de Empresas Mercantis, neste deverá também inscre- preposição, sob pena de responder pessoalmente pelos atos do subs-
vê-la, com a prova da inscrição originária. Parágrafo único. Em qualquer tituto e pelas obrigações por ele contraídas.”
caso, a constituição do estabelecimento secundário deverá ser averbada (d) Os atos praticados pelos prepostos obrigam o empresário pre-
no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede.” ponente, que terá direito à ação de regresso se o ato foi praticado com
(b) A empresária casada sob o regime de comunhão universal culpa do primeiro. Caso o ato tenha sido praticado com dolo, o preposto
não precisa da outorga conjugal para alienar os imóveis que integrem responde perante o terceiro em solidariedade com o empresário. É o que
o patrimônio da empresa. É o que dispõe o art. 978 do Código Civil: dispõe o parágrafo único do art. 1.177 do Código Civil: “No exercício de
“O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, suas funções, os prepostos são pessoalmente responsáveis, perante os
qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem preponentes, pelos atos culposos; e, perante terceiros, solidariamente
o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real.” Assim, no caso com o preponente, pelos atos dolosos.”
de empresário casado, aplica-se a regra do art. 978 do CC, que é uma (e) O empresário casado pode alienar os bens imóveis que integram
exceção ao art. 1647, I, do CC. o patrimônio da empresa sem outorga conjugal, conforme dispõe o art.
(c) Na verdade, a continuidade do exercício de empresa por quem 978 do Código Civil. Vale lembrar o teor do Enunciado n. 58 da Jornada
era capaz e deixou de sê-lo não dispensa autorização judicial. De fato, de Direito Empresarial do CJF: “O empresário individual casado é o desti-
poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, natário da norma do art. 978 do CCB e não depende da outorga conjugal
continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus para alienar ou gravar de ônus real o imóvel utilizado no exercício da
pais ou pelo autor de herança. No entanto, de acordo com o § 1º do art. empresa, desde que exista prévia averbação de autorização conjugal à
974 do Código Civil: “Nos casos deste artigo (continuidade da empresa conferência do imóvel ao patrimônio empresarial no cartório de registro
de imóveis, com a consequente averbação do ato à margem de sua (e) A inscrição no registro público de empresas mercantis é obrigatória
inscrição no registro público de empresas mercantis.” ao empresário cuja atividade rural constitua sua principal profissão.
GABARITO: E
305. (Cespe/PGE-SE/Procurador do Estado – 2017) Com relação ao
empresário e aos prepostos, assinale a opção Correta de acordo com A questão trata de diversos aspectos do empresário, aquele que
a legislação pertinente. é o titular da empresa. Há cobrança de alguns aspectos doutrinários e
outros estritamente legais.
(a) A inscrição do empresário na junta comercial é requisito para a sua
caracterização. (a) O caput do art. 966 do Código Civil exige que a atividade, para
ser empresária, tem que ser econômica e toda atividade econômica
(b) A lei prevê cobrança de multa do incapaz que exercer diretamente
possui fins lucrativos, sendo essa sua característica principal. Desta
atividade própria de empresário.
feita, não há como o STJ dispensar esse requisito para a caracterização
(c) O gerente de empresa poderá delegar poderes de representação, da atividade como empresária.
uma vez que as prerrogativas a ele conferidas, embora pessoais,
(b) O art. 973 é expresso em dizer que se o impedido exercer a
atividade de empresa, responderá pelos atos praticados.
(d) No exercício de suas funções, os prepostos são pessoalmente
(c) Trata-se da interpretação do art. 978 do Código Civil que deter-
responsáveis, perante terceiros, pelos atos culposos.
mina não ser necessária a outorga conjugal para que o empresário indi-
(e) O empresário casado pode alienar os bens imóveis que integram vidual aliene ou onere de ônus reais os bens imóveis utilizados no exer-
o patrimônio da empresa sem outorga conjugal. cício da empresa. Insta esclarecer que o empresário individual é pessoa
física e não tem personalidade jurídica distinta para que separadamente
Z Anotações/Comentários possa adquirir direitos e obrigações para exercer a empresa. Assim, os
(a) A inscrição do empresário na junta comercial é requisito para bens que são adquiridos pertencem à pessoa física e se observarmos
a sua regularidade. O empresário é obrigado a efetuar seu registro na o art. 1647 do Código Civil, haveria a necessidade de outorga conjugal
Junta Comercial antes de iniciar sua atividade. Prevalece o entendi- para alienar bens imóveis ou gravá-los de ônus real. Porém, o Código
mento no sentido de que o registro do empresário na Junta Comercial Civil observou que no caso do empresário, é possível identificar os bens
tem natureza declaratória, sendo uma condição de regularidade. Vale que são utilizados para a prática da empresa e estes podem ser alienados
lembrar o teor do Enunciado n. 199 do CJF, aprovado na III Jornada de sem nenhuma necessidade de outorga. Isto porque, há a necessidade de
Direito Civil: “a inscrição do empresário ou sociedade empresária é celeridade no trato negocial de uma atividade empresária e o cônjuge
requisito delineador de sua regularidade, e não da sua caracterização”. que é o empresário é que é responsável pela gestão do negócio, não
seu marido ou sua mulher. Agora, para identificar qual é o bem imóvel
(b) Não há qualquer previsão na lei acerca da cobrança de multa do usado na empresa, ele precisa estar registrado no CNPJ do empresário
incapaz que exercer diretamente atividade própria de empresário. Em individual e nesse momento é que poderá ser necessário a autorização
prestígio ao princípio da continuidade da empresa, há duas hipóteses conjugal, para que o bem passe do CPF para o CNPJ.
em que o incapaz poderá ser empresário: (a) continuação da empresa no
DIREITO EMPRESARIAL
(d) Ao contrário disso, a Súmula 451 do STJ diz que: “É legítima a

caso de incapacidade superveniente; e (b) continuação da empresa no
penhora da sede do estabelecimento comercial” O colendo tribunal
caso de sucessão hereditária. O incapaz deverá estar representado (no
superior, através da redação simplista dada à súmula, parece ter enten-
caso de incapacidade absoluta) ou assistido (no caso de incapacidade
dido que o estabelecimento se desvincula da atividade empresarial.
relativa) e deverá haver prévia autorização judicial (o juiz deve analisar a
Se assim não fosse, não poderia ser considerada como legítima a pos-
pertinência da continuação da empresa). Vale lembrar, também, que não
sibilidade de penhora do estabelecimento, independente de se tratar
ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía
apenas de sua sede. O Código de Processo Civil de 2015 regulamenta o
ao tempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo
procedimento da penhora do estabelecimento no art. 862.
daquela, devendo tais fatos constar do alvará que conceder a autorização.
(e) O art. 971 dispensa o rural da obrigatoriedade do registro, como
(c) Prepostos são os trabalhadores que desempenham tarefas sob
será melhor analisado em questão específica.
a coordenação do empresário. São exemplos de propostos, o gerente GABARITO: C
e o contabilista. Segundo o art. 1.169 do Código Civil: “O preposto não

pode, sem autorização escrita, fazer-se substituir no desempenho da 3. ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL
preposição, sob pena de responder pessoalmente pelos atos do subs-
tituto e pelas obrigações por ele contraídas.” 307. (FGV/OAB/XX_Exame – 2016) P. Industrial S.A., companhia
(d) Os atos praticados pelos prepostos obrigam o empresário pre- fechada, passa momentaneamente por dificuldades financeiras que
ponente, que terá direito à ação de regresso se o ato foi praticado com se agravaram com a crise na atividade industrial do país. A assembleia
culpa do primeiro. Caso o ato tenha sido praticado com dolo, o preposto geral autorizou os administradores a alienar bens do ativo permanente,
responde perante o terceiro em solidariedade com o empresário. É o que dentre eles uma unidade produtiva situada no município de Mirante da
dispõe o parágrafo único do art. 1.177 do Código Civil: “No exercício de Serra, avaliada em R$ 495.000.000,00 (quatrocentos e noventa e cinco
suas funções, os prepostos são pessoalmente responsáveis, perante os milhões de reais).
preponentes, pelos atos culposos; e, perante terceiros, solidariamente Considerando-se que a unidade produtiva da companhia integra seu
com o preponente, pelos atos dolosos.” estabelecimento, assinale a afirmativa correta.
(e) O empresário casado pode alienar os bens imóveis que integram a) A assembleia geral não pode autorizar a alienação da unidade
o patrimônio da empresa sem outorga conjugal, conforme dispõe o art. produtiva. Por ser o estabelecimento uma universalidade de direito,
978 do Código Civil. seus elementos devem ser mantidos indivisíveis e unitariamente
agregados para o exercício da empresa.
GABARITO: E
306. (Cespe/TJ-PB/Juiz de Direito – 2015) No que se refere ao direito b) A assembleia geral pode autorizar a alienação da unidade pro-
de empresa, assinale a opção Correta. dutiva. Por ser o estabelecimento uma universalidade de fato,
seus elementos podem ser objeto de negócios jurídicos próprios,
(a) Conforme entendimento dominante do STJ, a finalidade lucrativa
translativos ou constitutivos, separadamente dos demais.
não é requisito para que determinada atividade seja considerada
empresária. c) A assembleia geral pode autorizar a alienação da unidade produ-
tiva. Por ser o estabelecimento um patrimônio de afetação, cabe
(b) A pessoa legalmente impedida de exercer atividade empresarial
exclusivamente à companhia a decisão de desagregá-lo e, com
não responde pelas obrigações contraídas. isso, limitar sua responsabilidade perante os credores ao valor da
(c) O empresário individual não dependerá de outorga conjugal para unidade produtiva alienada.
alienar imóvel utilizado no exercício da empresa, desde que exista d) A assembleia geral não pode autorizar a alienação da unidade
prévia autorização do cônjuge referente à destinação do imóvel ao produtiva. Por ser o estabelecimento elemento de exercício da
patrimônio empresarial. empresa, a alienação de qualquer de seus elementos (corpóreos ou
(d) De acordo com entendimento sumulado pelo STJ, é vedada a incorpóreos) implica a impossibilidade de manutenção da atividade
penhora da sede do estabelecimento comercial. da companhia, operando-se sua dissolução de pleno direito.
Z Anotações/Comentários c) A estipulação é anulável, podendo os terceiros rescindir seus

contratos com a sociedade empresária em até 90 (noventa) dias a
(a) A assembleia-geral tem poderes para decidir todos os negócios
contar da publicação da transferência.
relativos ao objeto da companhia e tomar as resoluções que julgar
convenientes à sua defesa e desenvolvimento (art. 121, Lei das S/A). d) A estipulação é considerada não escrita, por desrespeitar norma
Além disso, a doutrina majoritária entende que o estabelecimento é de ordem pública que impõe a solidariedade entre alienante e
uma universalidade de fato (e não de direito). adquirente pelas obrigações referentes ao estabelecimento.
(b) Nos termos do art. 1.143 do Código Civil, pode o estabelecimento Z Anotações/Comentários
ser objeto unitário de direitos e de negócios jurídicos, translativos ou
constitutivos, que sejam compatíveis com a sua natureza. A doutrina Sobre o contrato de trespasse tratado na questão, o art. 1.148 do
CC prevê que “Salvo disposição em contrário, a transferência importa a
majoritária entende que o entendimento se trata de uma universalidade
sub-rogação do adquirente nos contratos estipulados para exploração
de fato. Ademais, de fato, a assembleia-geral pode decidir pela alienação
do estabelecimento, se não tiverem caráter pessoal, podendo os terceiros
do estabelecimento empresarial.
rescindir o contrato em noventa dias a contar da publicação da transferên-
(c) O estabelecimento não é considerado patrimônio de afetação. cia, se ocorrer justa causa, ressalvada, neste caso, a responsabilidade do
(d) A alienação do estabelecimento não implica a dissolução de alienante. ” Assim, a estipulação que proíbe a sub-rogação do adquirente
pleno direito, pois um novo complexo patrimonial para a continuação nos contratos celebrados relativos ao fornecimento de matéria-prima é
da empresa poderá ser constitutivo. válida, sendo que somente a assertiva “b” traz essa possibilidade.
Gabarito: B
Gabarito: B
310. (FGV/OAB/X_Exame – 2013) Lavanderias Roupa Limpa Ltda.

308. (FGV/OAB/XIII_Exame – 2014) Ananias Targino consulta sua
(“Roupa Limpa”) alienou um de seus estabelecimentos comerciais,
advogada para saber as providências que deve tomar para publicizar uma lavanderia no bairro do Jacintinho, na cidade de Maceió, para
o trespasse do estabelecimento da Empresa Individual de Respon- Caio da Silva, empresário individual. O contrato de trespasse foi omisso
sabilidade Limitada (EIRELI) por ele constituída e enquadrada como quanto à possibilidade de restabelecimento da “Roupa Limpa”, bem
microempresa, cuja firma é Ananias Targino EIRELI ME. como nada dispôs a respeito da responsabilidade de Caio da Silva por
A advogada corretamente respondeu que: débitos anteriores à transferência do estabelecimento. Nesse cenário,
(a) é dispensável qualquer publicização ou arquivamento do contrato assinale a afirmativa correta.
de trespasse do estabelecimento por ser a EIRELI enquadrada como a) O contrato de trespasse será oponível a terceiros, independente-
microempresa. mente de qualquer registro na Junta Comercial ou publicação.
(b) é dispensável o arquivamento do contrato de trespasse no Registro b) Caio da Silva não responderá por qualquer débito anterior à trans-
Público de Empresas Mercantis, mas ele deverá ser publicado na ferência, exceto os que não estiverem devidamente escriturados.
imprensa oficial. c) Na omissão do contrato de trespasse, Roupa Limpa poderá se resta-
(c) é dispensável o arquivamento do contrato de trespasse no Registro belecer no bairro do Jacintinho e fazer concorrência a Caio da Silva.
Público de Empresas Mercantis, mas ele deverá ser publicado na
DIREITO EMPRESARIAL
d) Não havendo autorização expressa, “Roupa Limpa” não poderá
imprensa oficial e em jornal de grande circulação. fazer concorrência a Caio da Silva, nos cinco anos subsequentes à
(d) é dispensável a publicação do contrato de trespasse na imprensa transferência.
oficial, mas ele deverá ser arquivado no Registro Público de Empre-
sas Mercantis. Z Anotações/Comentários
(a) O contrato de trespasse será oponível a terceiros, se registrado
Z Anotações/Comentários na Junta Comercial e publicado (art. 1.144, do CC).
Questão bastante específica, pois deve ser observado o fato de se (b) O art. 1.146 do CC determina que “O adquirente do estabeleci-
estar diante de uma microempresa. Trata-se de uma situação em que há mento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência,
controvérsia na doutrina e o que foi utilizado como critério da resposta desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor pri-
foi a aplicação literal da lei. mitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto
(a) a dispensa da publicação se dá pelo fato de ser microempresa aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data
e não pode ser EIRELI. do vencimento. ” Caio da Silva responderá pelos débitos legalmente
contabilizados (escriturados).
(b, c) a alternativa inverte as situações. O arquivamento do trespasse
é obrigatório e o que se tem dispensa é da publicação. (c, d) O caput do art. 1.147 do CC prevê que “Não havendo autori-
zação expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer con-
(d) o art. 71 da Lei complementar 123/2006 determina que: “os corrência ao adquirente, nos cinco anos subsequentes à transferência.”
empresários e as sociedades de que trata esta Lei Complementar, nos Gabarito: D
termos da legislação civil, ficam dispensados da publicação de qualquer

ato societário.” Desta forma, por ser lei especial, ela prevalece sobre o 311. (Consulplan/TJ-MG/Cartórios/Remoção – 2017) O adquirente
Código Civil que é lei geral. Em virtude dos direitos de terceiros envol- do estabelecimento empresarial responde pelo pagamento dos débitos
vidos em um contrato de trespasse, há quem entenda que a publicação anteriores à transferência, desde que regularmente contabilizados.
continuaria sendo necessária, mesmo para as microempresas e empre- Por qual prazo continua o devedor primitivo solidariamente obrigado
quanto aos créditos vencidos e os por vencer?
sas de pequeno porte, mas o examinador usou o texto de lei apenas. Por
ser uma microempresa a Ananias Targino EIRELI ME não precisará fazer a) 2 anos da publicação ou do vencimento.
a publicação, mas o registro deve ser feito, conforme determina a lei. b) 3 anos da publicação ou do vencimento.
Gabarito: D
c) 1 ano da publicação ou do vencimento.

309. (FGV/OAB/XII_Exame – 2013) No contrato de alienação do esta- d) 5 anos da publicação ou do vencimento.
belecimento da sociedade empresária Chaves & Cia Ltda., com sede em
Theobroma, ficou pactuado que não haveria sub-rogação do adquirente Z Anotações/Comentários
nos contratos celebrados pelo alienante, em vigor na data da transfe-
rência, relativos ao fornecimento de matéria-prima para o exercício da Antes de analisarmos a alternativa correta, convém destacarmos
algumas informações essenciais sobre o tema proposto pelo examina-
empresa. Um dos sócios da sociedade empresária consulta sua advo-
dor. Trespasse é o nome que se dá ao contrato de compra e venda do
gada para saber se a estipulação é válida. Consoante as disposições
estabelecimento empresarial. Trata-se de um negócio jurídico transla-
legais sobre o estabelecimento, assinale a afirmativa correta.
tivo. O trespasse não se confunde com a cessão de quotas. No trespasse
a) A estipulação é nula, pois o contrato de alienação do estabeleci- ocorre a transferência da titularidade do estabelecimento. Na cessão
mento não pode afastar a sub-rogação do adquirente nos contratos de cotas não ocorre a transferência da titularidade do estabelecimento,
celebrados anteriormente para sua exploração. mas sim a modificação do quadro societário. Formalidades do trespasse:
b) A estipulação é válida, pois o contrato de alienação do estabele- averbação + publicação na imprensa oficial. O contrato que tenha por
cimento pode afastar a sub-rogação do adquirente nos contratos objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento do estabelecimento,
celebrados anteriormente para sua exploração. só produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem
da inscrição do empresário, ou da sociedade empresária, no Registro c) à margem da inscrição do imóvel, no Registro de Imóveis do local
Público de Empresas Mercantis (Junta Comercial), e de publicado na da sede da sociedade e publicado na imprensa oficial e em jornal
imprensa oficial. Exceção: as microempresas e empresas de pequeno de grande circulação nas localidades em que a sociedade tenha
porte estão desobrigadas do requisito de publicação na imprensa oficial sede e filiais;
(LC 123/06, art. 71). d) à margem da inscrição da sociedade empresária, no Registro
O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos Público de Empresas Mercantis, a cargo das Juntas Comerciais,
débitos anteriores à transferência, desde que regularmente contabili- dispensada qualquer publicação oficial;
zados, continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo e) no Registro de Títulos e Documentos do local da sede da sociedade
prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da publi- e de suas filiais, dispensada qualquer publicação oficial.
cação, e, quanto aos outros, da data do vencimento (CC, art. 1.146).
GABARITO: C
312. (Vunesp/TJ-SP/Juiz de Direito – 2017) Considerando a definição Trespasse é o nome que se dá ao contrato de compra e venda
de “estabelecimento” contida no artigo 1.142 do Código Civil e a possi- do estabelecimento empresarial. Trata-se, portanto, de um negócio
bilidade, prevista nos artigos 1.143 e seguintes, a natureza jurídica desse jurídico translativo. O art. 1.144 do Código Civil trata da formalidade do
instituto jurídico, adotada pelo nosso legislador, é aquela de contrato de trespasse, orientando que: “O contrato que tenha por objeto
a) pessoa jurídica. a alienação, o usufruto ou arrendamento do estabelecimento, só pro-
b) universalidade de direito. duzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem da
inscrição do empresário, ou da sociedade empresária, no Registro
c) sociedade de fato.
Público de Empresas Mercantis, e de publicado na imprensa oficial”.
d) núcleo patrimonial provisório.
GABARITO: A
Z Anotações/Comentários 314. (Vunesp/TJ-RJ/Juiz de Direito – 2016) Assinale a alternativa

correta no que respeita ao estabelecimento empresarial.
Entendemos que a presente questão deveria ter sido anulada pela
a) O alienante, em razão de expressa previsão legal, não poderá fazer
Banca Examinadora. Isso porque o gabarito dado como correto tem
concorrência ao adquirente, nos 5 anos subsequentes à assinatura
como fundamento doutrina minoritária acerca da natureza jurídica do
do contrato de trepasse, não sendo admitida autorização expressa
estabelecimento empresarial. Prevalece o entendimento na doutrina
em sentido contrário.
e jurisprudência majoritárias que o estabelecimento empresarial tem
natureza jurídica de universalidade de fato (e não de direito). Vejamos. b) O contrato que tenha por objeto o trespasse do estabelecimento
Segundo o STJ: “Esta Corte já se manifestou, inclusive em sede de produzirá efeitos quanto a terceiros a partir da data de sua assina-
recurso especial repetitivo (REsp nº 1.355.812/RS, Primeira Seção, Rel. tura.
Min. Mauro Campbell Marques, DJe 31.5.2013), no sentido de que a c) A eficácia da alienação do estabelecimento, se ao alienante não
filial é uma espécie de estabelecimento empresarial, fazendo parte do restarem bens suficientes para solver o passivo, dependerá do
DIREITO EMPRESARIAL
acervo patrimonial de uma única pessoa jurídica, partilhando dos mes- pagamento de todos os credores, ou do consentimento destes,
mos sócios, contrato social e firma ou denominação da matriz. Nessa que se admite de modo expresso ou tácito, no prazo de 30 dias
condição, consiste, conforme doutrina majoritária, em uma univer- contados de sua notificação.
salidade de fato, não ostentando personalidade jurídica própria,
d) Por consistir no complexo de bens organizado para o exercício
não sendo sujeito de direitos, tampouco uma pessoa distinta da
da empresa, o estabelecimento não pode ser objeto unitário de
sociedade empresária. Tal significa que, em regra, a sujeição passiva
negócios jurídicos constitutivos, ainda que compatíveis com a sua
tributária deve se referir à empresa como um todo, somente admitindo
natureza.
a separação entre estabelecimentos se houver expressa determina-
ção legal.” (REsp 1.628.352/PR, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, 2ª e) O adquirente do estabelecimento responde pessoalmente pelo paga-
Turma, julgado em 04/05/2017). A doutrina de André Luiz Santa Cruz mento dos débitos anteriores à transferência, independentemente
Ramos ensina que: “A doutrina brasileira majoritária, seguindo mais de estarem contabilizados, exonerando-se o devedor primitivo
uma vez as ideias suscitadas pela doutrina italiana sobre o tema, quanto aos créditos vencidos.
sempre considerou o estabelecimento empresarial uma universa-
lidade de fato, uma vez que os elementos que o compõem formam Z Anotações/Comentários
uma coisa unitária exclusivamente em razão da destinação que Estabelecimento empresarial é o conjunto de bens corpóreos e/ou
o empresário lhes dá, e não em virtude de disposição legal. Essa incorpóreos organizados pelo empresário para o exercício da atividade
posição parece ter ganhado ainda mais força com a edição do Código empresarial. Trespasse é o nome que se dá ao contrato de compra e
Civil de 2002 e a consequente definição do estabelecimento como o venda do estabelecimento empresarial. Trata-se de um negócio jurídico
complexo de bens organizado pelo empresário para o exercício de sua translativo.
atividade econômica. É que a organização dos bens usados na atividade
(a) Nos termos do art. 1.147, “não havendo autorização expressa, o
empresarial não decorre de determinação legal, mas da vontade do
alienante do estabelecimento não pode fazer concorrência ao adqui-
empresário, que articula os fatores de produção no intuito de explorar
rente, nos cinco anos subsequentes à transferência.” Trata-se da cha-
um determinado empreendimento e auferir lucro. De fato, o que dá
mada cláusula de não restabelecimento (ou de não concorrência), que
origem ao estabelecimento empresarial, na qualidade universalidade,
é uma cláusula implícita do contrato de trespasse. Por esta cláusula, não
é a vontade do empresário, que organiza os diversos elementos que o
havendo autorização expressa no contrato de trespasse, o alienante do
compõem com a finalidade de exercer uma determinada econômica.”
estabelecimento não poderá fazer concorrência ao adquirente, nos 5
(Direito Empresarial Esquematizado. 7. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de
(cinco) anos subsequentes à transferência do estabelecimento comer-
Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2017).
GABARITO: B
cial. Atenção! Considera-se abusiva a cláusula de não restabelecimento
fixada por prazo indeterminado (STJ, REsp 680.815-PR). Ainda segundo
313. (FGV/PGE-RO/Analista da Procuradoria – Processual – 2016) o STJ, é válida a cláusula contratual de não concorrência, desde que
A sociedade empresária Guajará Marques Motores Ltda., com sede em limitada espacial e temporalmente (REsp 1.203.109-MG).
Chupinguaia, em reunião de sócios, decide aprovar o trespasse da filial
(b) Segundo dispõe o art. 1.144 do CC: “O contrato que tenha por
situada em Theobroma.
objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento do estabelecimento,
Para que o trespasse seja considerado eficaz em relação a terceiros, é só produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem
preciso que o contrato seja averbado: da inscrição do empresário, ou da sociedade empresária, no Registro
a) à margem da inscrição da sociedade empresária, no Registro Público de Empresas Mercantis, e de publicado na imprensa oficial. ”
Público de Empresas Mercantis, a cargo das Juntas Comerciais, e (c) É o que prevê o art. 1.145 do CC: “Se ao alienante não restarem
seja publicado na imprensa oficial; bens suficientes para solver o seu passivo, a eficácia da alienação do
b) no Registro de Títulos e Documentos do local da sede da sociedade estabelecimento depende do pagamento de todos os credores, ou do
e publicado em jornal de grande circulação nas localidades em que consentimento destes, de modo expresso ou tácito, em trinta dias a
a sociedade tenha sede e filiais; partir de sua notificação.”
(d) Por ter natureza de universalidade de fato, formada por bens o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano,
materiais e imateriais, o estabelecimento empresarial pode ser objeto a partir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos
de negócio jurídico translativo (ex. alienação, arrendamento) ou de outros, da data do vencimento. ” Quem responde solidariamente por
negócio jurídico constitutivo (ex. hipoteca). Veja o que determina o art. um ano é o alienante primitivo.
1.143 do CC: “Pode o estabelecimento ser objeto unitário de direitos e de (e) De acordo com o art. 1.147 do CC, “não havendo autorização
negócios jurídicos, translativos ou constitutivos, que sejam compatíveis expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer concorrência
com a sua natureza”. ao adquirente, nos cinco anos subsequentes à transferência”. Referido
(e) Nos termos do art. 1.146 do CC: “O adquirente do estabeleci- dispositivo trata da chamada cláusula de não reestabelecimento ou de
mento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferên- não concorrência, que decorre implicitamente do contrato de trespasse.
cia, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor Atenção! Considera-se abusiva a cláusula de não restabelecimento
primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, fixada por prazo indeterminado (STJ, REsp 680.815-PR). Ainda segundo
quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da o STJ, é válida a cláusula contratual de não concorrência, desde que
data do vencimento.” limitada espacial e temporalmente (REsp 1.203.109-MG. lnfo 561).
GABARITO: C
GABARITO: D
315. (FGV/Prefeitura de Cuiabá-MT/Auditor Fiscal Tributário – 316. (Cespe/PC-PE/Delegado de Polícia – 2016) A respeito de estabe-
2016) O empresário individual Júlio Melgaço adquiriu da Metalúrgica lecimento empresarial, aviamento e clientela, assinale a opção correta.
Cotriguaçu Ltda., mediante o uso de sua firma, um estabelecimento a) Estabelecimento empresarial corresponde a um complexo de bens
industrial situado em Conquista d’Oeste. corpóreos organizados ao exercício de determinada empresa.
O adquirente prosseguiu com a exploração da empresa. b) O estabelecimento empresarial não é suscetível de avaliação eco-
Com base nessa informação, assinale a afirmativa incorreta. nômica e, por consequência, não pode ser alienado.
a) O estabelecimento adquirido por Júlio Melgaço da Metalúrgica c) Aviamento refere-se à aptidão que determinado estabelecimento
Cotriguaçu Ltda., em Conquista d’Oeste, pode ser objeto unitário empresarial possui para gerar lucros.
de direitos e de negócios jurídicos, translativos ou constitutivos, d) De acordo com a doutrina, aviamento e clientela são sinônimos.
compatíveis com a sua natureza.
e) Na legislação vigente, não há mecanismos de proteção legal à
b) Se não restarem bens suficientes para a Metalúrgica Cotriguaçu
clientela.
Ltda. solver seu passivo, a eficácia da alienação do estabelecimento
depende do pagamento de todos os credores, ou do consenti- Z Anotações/Comentários
mento destes, de modo expresso ou tácito, em 30 dias a partir de
sua notificação A questão exigia do candidato conhecimentos doutrinários sobre
o estabelecimento empresarial. O estabelecimento empresarial é o
c) O trespasse do estabelecimento de Conquista d’Oeste importa
complexo de bens materiais ou imateriais organizados pelo empresário
a sub-rogação de Júlio Melgaço nos contratos estipulados para
para o exercício da empresa. Quanto à sua natureza jurídica, o estabe-
sua exploração, se não tiverem caráter pessoal, salvo disposição
DIREITO EMPRESARIAL
lecimento empresarial é uma universalidade de fato.
contratual em contrário.
(a) A questão exigia o conhecimento do texto do art. 1.142 do
d) Júlio Melgaço responde solidariamente com a Metalúrgica Cotri-
Código Civil. “Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo
guaçu Ltda. pelos tributos relativos ao estabelecimento adquirido
de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por
pelo prazo de 1 ano a partir da publicação do contrato de trespasse
sociedade empresária. ” O estabelecimento empresarial tem natureza
na imprensa oficial.
de universalidade de fato formada por bens materiais (corpóreos) e
e) Caso o estabelecimento de Conquista d’Oeste tivesse sido arren- imateriais (incorpóreos). Segundo o STJ: “O estabelecimento comercial
dado a Júlio Melgaço, não havendo autorização expressa, Metalúr- é composto por patrimônio material e imaterial, constituindo exemplos
gica Cotriguaçu Ltda. não poderia lhe fazer concorrência durante dos primeiros os bens corpóreos essenciais à exploração comercial,
o prazo do contrato. como mobiliários, utensílios e automóveis, e, do segundo, os bens e
direitos industriais, como patente, nome empresarial, marca registrada,
Z Anotações/Comentários desenho industrial e o ponto” (REsp 633.179/MT, Rel. Min. Luis Felipe
Trespasse é o nome que se dá ao contrato de compra e venda Salomão, Quarta Turma, j. 02.12.2010).
do estabelecimento empresarial. Trata-se de um negócio jurídico (b) O estabelecimento empresarial tem natureza jurídica de univer-
translativo. salidade de fato (universitas facti). Com efeito, o estabelecimento pode
(a) Por ter natureza de universalidade de fato, formada por bens ser objeto de negócio jurídico translativo (ex: alienação) ou constitutivo
materiais e imateriais, o estabelecimento empresarial pode ser objeto (ex: hipoteca). Não por outro motivo, o art. 1.143, do CC, dispõe que:
de negócio jurídico translativo (ex. alienação, arrendamento) ou de “Pode o estabelecimento ser objeto unitário de direitos e de negócios
negócio jurídico constitutivo (ex. hipoteca). Veja o que determina o art. jurídicos, translativos ou constitutivos, que sejam compatíveis com a
1.143 do CC: “Pode o estabelecimento ser objeto unitário de direitos e de sua natureza”. Importa lembrar que trespasse é o nome que se dá ao
negócios jurídicos, translativos ou constitutivos, que sejam compatíveis contrato de compra e venda do estabelecimento empresarial.
com a sua natureza”. (c) De fato, o aviamento refere-se à aptidão que o estabelecimento
(b) É o que diz o art. 1.145 do Código Civil: “Se ao alienante não res- empresarial possui para gerar lucros. Dito de outro modo, o aviamento
tarem bens suficientes para solver o seu passivo, a eficácia da alienação é o potencial de lucratividade do estabelecimento empresarial. A
do estabelecimento depende do pagamento de todos os credores, ou articulação dos bens que compõem o estabelecimento empresarial
do consentimento destes, de modo expresso ou tácito, em trinta dias na exploração de uma atividade agrega-lhe um valor que o mercado
a partir de sua notificação.” empresarial conhece como aviamento. Quanto à natureza jurídica,
(c) De fato, em regra, ocorrendo o contrato de trespasse, automati- importante lembrar que o aviamento não é elemento integrante do
camente, haverá a sub-rogação (“transferência”) de todos os contratos estabelecimento, mas sim um atributo do estabelecimento.
envolvendo exploração do estabelecimento, salvo disposição em sen- (d) O conceito de clientela se relaciona com a qualidade que gera
tido contrário (CC, art. 1.148). Obs.: importante lembrar que há apenas a fidelidade do consumidor aos produtos ou serviços prestados ou
uma exceção, qual seja o contrato de locação (Lei 8.245/91, art. 13). Para postos em circulação pelo empresário. Essa relação de fidelidade é que
que o contrato de locação seja sub-rogado ao adquirente, o locador acarreta a possibilidade de continuação dos negócios do empresário.
deve anuir previa e expressamente com o contrato de trespasse. Veja Por este motivo, a doutrina majoritária é no sentido de que a clientela
o entendimento estampado no Enunciado nº 234 do CJF: “Quando do é um atributo incorpóreo do estabelecimento empresarial (e não do
trespasse do estabelecimento empresarial, o contrato de locação do aviamento). Como dito anteriormente, o aviamento refere-se à aptidão
respectivo ponto não se transmite automaticamente ao adquirente. que o estabelecimento empresarial possui para gerar lucros.
Fica cancelado o Enunciado n. 64”. (e) A clientela é objeto de tutela pela Lei 12.529/11, que estrutura
(d) Em sentido contrário o art. 1.146 do CC: “O adquirente do o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência. Importante lembrar
estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à também sobre a proteção que se dá ao ponto empresarial, pois através
transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando dela também se tutela a clientela. Senão vejamos. Ponto empresarial é o
local utilizado pelo empresário para exploração de sua atividade. Trata-se, obra, devendo ser ouvida, neste último caso, a comissão de represen-
portanto, de um bem incorpóreo que integra o conceito de estabeleci- tantes dos adquirentes. ”
mento empresarial. O empresário pode explorar sua atividade tanto num (d) É condição de eficácia perante terceiros o registro do contrato de
imóvel de sua propriedade como também poderá explorar a sua atividade trespasse na junta comercial e sua posterior publicação. “CC, art. 1.144. O
em imóvel por ele locado. Nas duas situações, o ponto empresarial será contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento
protegido pelo ordenamento jurídico. Quando o empresário explora a do estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a terceiros depois
sua atividade em imóvel próprio, a proteção do ponto se dará pelo direito de averbado à margem da inscrição do empresário, ou da sociedade
de propriedade. Por outro lado, quando o empresário explora a sua ati- empresária, no Registro Público de Empresas Mercantis, e de publicado
vidade em imóvel locado, a proteção ao ponto se dá pela Lei 8.245/91, na imprensa oficial. ”
através da ação renovatória de aluguel. O que justifica a ação renovatória
(e) O adquirente responde pelas dívidas anteriores, desde que
é a proteção ao ponto. O ordenamento jurídico busca proteger o ponto
estas dívidas estejam regularmente contabilizadas. O alienante
comercial por um único motivo, qual seja, a tutela da clientela que, para
responde solidariamente pelas dívidas anteriores pelo prazo de 1 (um)
o empresário locatário, possui imenso valor.
GABARITO: C
ano, nos termos do art. 1.146 do CC. Se a dívida está vencida, conta-se
um ano da data da publicação do trespasse na imprensa oficial. Por outro
317. (Cespe/TJ-AM/Juiz de Direito Substituto – 2016) Acerca da lado, se a dívida é vincenda, conta-se um ano da data do vencimento.
teoria do estabelecimento comercial, assinale a opção correta. “CC, art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde pelo paga-
a) Se não houver vedação expressa no contrato de trespasse, o alie- mento dos débitos anteriores à transferência, desde que regularmente
nante poderá constituir nova sociedade para explorar o mesmo contabilizados, continuando o devedor primitivo solidariamente obri-
ramo de atividade imediatamente após a alienação do estabeleci- gado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da
mento. publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento. ”
Gabarito: D
b) A ação renovatória de locação é uma proteção especial ao estabele-

cimento comercial e será julgada procedente mesmo que o locador 318. (Vunesp/TJ-SP/Juiz de Direito – 2015) Sobre alienação dos
não queira a renovação, desde que o locatário tenha no máximo estabelecimentos empresariais, é correto afirmar:
um mês de inadimplência no contrato cuja renovação deseja. a) a alienação implica a responsabilidade do adquirente pelos débitos
c) O estabelecimento empresarial, por ser o local onde o empresário anteriores à transferência, desde que regularmente contabilizados,
exerce sua atividade empresarial, é impenhorável. sem prejuízo da obrigação solidária do devedor primitivo na forma
da lei.
d) É condição de eficácia perante terceiros o registro do contrato de
trespasse na junta comercial e sua posterior publicação. b) exige que o alienante ceda, separada e individualmente, ao adqui-
rente cada um dos contratos estipulados para a exploração do
e) O adquirente do estabelecimento comercial é responsável pelos
estabelecimento.
débitos anteriores à transferência que não estejam contabilizados,
pois estes seguem a coisa (in propter rem). c) permite que o alienante se restabeleça de imediato se assim dese-
jar, continuando a exploração da mesma atividade, caso não haja
DIREITO EMPRESARIAL
Z Anotações/Comentários expressa vedação contratual no contrato de trespasse.

(a) Segundo os termos do art. 1.147 do CC “Não havendo autorização d) o contrato de alienação de estabelecimento produzirá efeitos
expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer concorrência imediatos entre as partes e perante terceiros, salvo se alienante
ao adquirente, nos cinco anos subsequentes à transferência. Parágrafo e adquirente exercerem o mesmo ramo de atividades, quando a
único. No caso de arrendamento ou usufruto do estabelecimento, a operação ficará na dependência da aprovação da autoridade de
proibição prevista neste artigo persistirá durante o prazo do contrato. defesa da concorrência.
” Vale a pena destacar recente julgado do STJ sobre o tema: “É abusiva
a vigência, por prazo indeterminado, da cláusula de “não restabele-
cimento” (art. 1.147 do CC), também denominada “cláusula de não Estabelecimento empresarial é o conjunto de bens corpóreos e/ou
concorrência”. (REsp 680.815-PR, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em incorpóreos organizados pelo empresário para o exercício da atividade
20/3/2014, DJe 3/2/2015. Informativo 554). empresarial. Trespasse é o nome que se dá ao contrato de compra e
(b) Quando o empresário decide explorar a sua atividade em imóvel venda do estabelecimento empresarial. Trata-se de um negócio jurídico
locado, a proteção ao ponto comercial se dará pela Lei 8.245/91 (art. translativo.
51) através da chamada ação renovatória de aluguel. O que justifica a (a) É o que dispõe o art. 1.146 do CC: “O adquirente do estabeleci-
renovatória é a proteção ao ponto comercial. Os requisitos para a pro- mento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferên-
positura da ação renovatória são os seguintes: (i) o contrato a renovar cia, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor
tenha sido celebrado por escrito e com prazo determinado; (ii) o prazo primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir,
mínimo do contrato a renovar ou a soma dos prazos ininterruptos dos quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da
contratos escritos seja de cinco anos; (iii) o locatário esteja explorando data do vencimento.”
seu comércio, no mesmo ramo, pelo prazo mínimo e ininterrupto de três (b) Em regra, ocorrendo o contrato de trespasse, automaticamente,
anos. Quanto ao momento para o ajuizamento, esta deve ser proposta haverá a sub-rogação (“transferência”) de todos os contratos envol-
durante a vigência do contrato no interregno de 1 (um) ano, no máximo, vendo exploração do estabelecimento, salvo disposição em sentido
a 6 (seis) meses, no mínimo, do término de vigência do contrato. A não contrário (CC, art. 1.148). “CC, art. 1.148. Salvo disposição em contrário,
propositura no prazo legal acarretará na decadência (perda do direito a transferência importa a sub-rogação do adquirente nos contratos
a renovação do contrato), conforme art. 51, § 5º da Lei 8.245/91. estipulados para exploração do estabelecimento, se não tiverem caráter
(c) O enunciado da Súmula 451 do STJ, dispõe que: “É legítima pessoal, podendo os terceiros rescindir o contrato em noventa dias a
a penhora da sede do estabelecimento comercial. ” O CPC também contar da publicação da transferência, se ocorrer justa causa, ressalvada,
tratou do tema no art. 862, dispondo que: “Quando a penhora recair neste caso, a responsabilidade do alienante.” Exceção: importante
em estabelecimento comercial, industrial ou agrícola, bem como em lembrar que há apenas uma exceção, qual seja o contrato de locação
semoventes, plantações ou edifícios em construção, o juiz nomeará (Lei 8.245/91, art. 13). Para que o contrato de locação seja sub-rogado ao
administrador-depositário, determinando-lhe que apresente em 10 adquirente, o locador deve anuir previa e expressamente com o contrato
(dez) dias o plano de administração. § 1º Ouvidas as partes, o juiz decide trespasse. Veja o entendimento estampado no Enunciado nº 234 do
dirá. § 2º É lícito às partes ajustar a forma de administração e escolher CJF: “Quando do trespasse do estabelecimento empresarial, o contrato
o depositário, hipótese em que o juiz homologará por despacho a de locação do respectivo ponto não se transmite automaticamente ao
indicação. § 3º Em relação aos edifícios em construção sob regime de adquirente. Fica cancelado o Enunciado n. 64”.
incorporação imobiliária, a penhora somente poderá recair sobre as (c) Nos termos do art. 1.147, “não havendo autorização expressa, o
unidades imobiliárias ainda não comercializadas pelo incorporador. alienante do estabelecimento não pode fazer concorrência ao adqui-
§ 4º Sendo necessário afastar o incorporador da administração da rente, nos cinco anos subsequentes à transferência.” Trata-se da cha-
incorporação, será ela exercida pela comissão de representantes dos mada cláusula de não restabelecimento (ou de não concorrência), que
adquirentes ou, se se tratar de construção financiada, por empresa ou é uma cláusula implícita do contrato de trespasse. Por esta cláusula, não
profissional indicado pela instituição fornecedora dos recursos para a havendo autorização expressa no contrato de trespasse, o alienante do
estabelecimento não poderá fazer concorrência ao adquirente, nos 5 • Empresário indivi- D e 3 6 0 . 0 0 0 a t é

(cinco) anos subsequentes à transferência do estabelecimento comer- dual; 4.800.000 reais.
cial. Atenção! Considera-se abusiva a cláusula de não restabelecimento
• Sociedade empre-
fixada por prazo indeterminado (STJ, REsp 680.815-PR). Ainda segundo sária;
Empresa de
o STJ, é válida a cláusula contratual de não concorrência, desde que pequeno porte • Empresa indivi-
limitada espacial e temporalmente (REsp 1.203.109-MG). – EPP dual de responsa-
(d) O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou bilidade limitada;
arrendamento do estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a ter- • Sociedade sim -
ceiros depois de averbado à margem da inscrição do empresário, ou da ples.
sociedade empresária, no Registro Público de Empresas Mercantis, e de
Gabarito: C
publicado na imprensa oficial (CC, art. 1.144). 320. (FGV/OAB/XXIX_Exame – 2019) Luzia Betim pretende iniciar uma
GABARITO: A
sociedade empresária em nome próprio. Para tanto, procura assessoria

4. REGISTRO E ESCRITURAÇÃO jurídica quanto à necessidade de inscrição no Registro Empresarial para
regularidade de exercício da empresa.
Na condição de consultor(a), você responderá que a inscrição do empre-
319. (FGV/Prefeitura de Cuiabá-MT/Auditor Fiscal Tributário da
sário individual é
Receita Municipal – 2016) Algumas entidades e pessoas naturais,
devidamente registrados no órgão competente, podem usufruir do (a) dispensada até o primeiro ano de início da atividade, sendo obri-
gatória a partir de então.
tratamento favorecido e diferenciado conferido às microempresas e
empresas de pequeno porte. (b) obrigatória antes do início da atividade.
(c) dispensada, caso haja opção pelo enquadramento como microem-
Assinale a opção que apresenta algumas dessas entidades e pessoas
preendedor individual.
naturais.
(d) obrigatória, se não houver enquadramento como microempresa
a) Cooperativas de produção, empresários individuais e sociedades ou empresa de pequeno porte.
do tipo limitada.
b) Sociedades do tipo limitada, sociedades do tipo simples e socie- Z Anotações/Comentários
dades por ações. A inscrição do empresário individual é obrigatória antes do início
da atividade, nos termos do artigo 967 do CC. Esse registro tem natureza
c) Empresa Individual de Responsabilidade Limitada, sociedades do
declaratória, já que apenas declara uma situação que de fato já existe,
tipo simples e sociedades do tipo limitada.
ou seja, o exercício da atividade econômica organizada para a produção
d) Cooperativas habitacionais, empresários individuais e Empresa ou circulação de bens ou de serviços.
DIREITO EMPRESARIAL
Individual de Responsabilidade Limitada.
Gabarito: B
e) Empresários individuais, Empresa Individual de Responsabilidade 321. (FGV/OAB/XXII_Exame – 2017) Fagundes e Pilar são noivos e
Limitada e sociedades por ações. pretendem se casar adotando o regime de separação de bens mediante
celebração de pacto antenupcial. Fagundes é empresário individual e
Z Anotações/Comentários: titular do estabelecimento Borracharia Dona Inês Ltda. ME. Celebrado
o pacto antenupcial entre os nubentes, o advogado contratado por
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensarão Fagundes providenciará o arquivamento e a averbação do documento
às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim definidas em A) no Registro Público de Empresas Mercantis e a publicação na
lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las pela simpli- imprensa oficial.
ficação de suas obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias
B) no Registro Público de Empresas Mercantis e no Registro Civil de
e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por meio de lei (CF, Pessoas Naturais.
art. 179).O Simples Nacional (LC nº 123/06) surgiu da premente neces-
C) no Registro Civil de Pessoas Naturais e a publicação na imprensa
sidade de se fazer com que o sistema tributário nacional concretizasse oficial.
as diretrizes constitucionais do favorecimento às microempresas e às
D) no Registro Público de Empresas Mercantis e no Registro Civil de
empresas de pequeno porte (STF, RE 627.543, julgado em 30/10/2013).
Títulos e Documentos.
Vale a pena lembrar também que as ME e a EPP podem ter por objeto
quaisquer atividades econômicas de natureza empresarial (no caso de Z Anotações/Comentários
empresário individual, sociedade empresária e Eireli) ou intelectual (no
Determina o art. 979 do Código Civil que: “Além de no Registro
caso de sociedade simples). Civil, serão arquivados e averbados, no Registro Público de Empresas
De fato, podem usufruir do tratamento favorecido e diferenciado Mercantis, os pactos e declarações antenupciais do empresário, o
conferido às microempresas e empresas de pequeno porte, a EIRELI, as título de doação, herança, ou legado, de bens clausulados de incomu-
sociedades simples e as sociedades limitadas. Para facilitar a compreen- nicabilidade ou inalienabilidade.” Assim, o pacto antenupcial deve ser
registrado no Registro Civil e depois averbado no órgão responsável
são, veja o nosso quadro sinótico:
pelo Registro Empresarial.
Gabarito: B
Qual a receita
Quem pode ser?
bruta anual? 322. (FGV/OAB/XIX_Exame – 2016) Servidor da Junta Comercial
Microempreen- • Só o empresário Até 81.000 reais. verificou que o requerimento de alteração contratual de uma sociedade
dedor individual individual. limitada com vinte e dois sócios e sede no município de Solidão não
– MEI foi assinado pelo administrador, mas por mandatário da sociedade,
com poderes específicos. O requerimento foi instruído com uma nova
• Empresário indivi- Até 360.000 reais.
versão do contrato social desacompanhada da ata da deliberação que
dual;
a aprovou. O referido servidor determinou que fosse sanada a pretensa
• Sociedade empre- irregularidade.
sária;
Microempresa Com base nessas informações, assinale a afirmativa correta.
– ME • Empresa indivi-
dual de responsa- a) O servidor não agiu corretamente porque cumpre à autoridade
bilidade limitada; competente, antes de efetivar o registro, fiscalizar apenas a obser-
vância das formalidades extrínsecas ao ato, e não formalidades
• Sociedade sim - intrínsecas relativas aos documentos apresentados; portanto, a
ples. alteração deveria ser arquivada.
b) O servidor agiu corretamente porque cumpre à autoridade com- (b) A Junta Comercial, ao realizar qualquer registro, deve analisar
petente, antes de efetivar o registro, fiscalizar a observância das o cumprimento das formalidades do ato, dentre elas a legitimidade
prescrições legais concernentes ao ato ou aos documentos apresen- do signatário do requerimento. É o que determina o art. 1.153, caput
tados; havendo irregularidades, deve ser notificado o requerente e parágrafo único do Código Civil: “Cumpre à autoridade competente,
antes de efetivar o registro, verificar a autenticidade e a legitimidade
para saná-las.
do signatário do requerimento, bem como fiscalizar a observância
c) O servidor não agiu corretamente porque as irregularidades apre- das prescrições legais concernentes ao ato ou aos documentos apre-
sentadas no enunciado são insanáveis por se referirem a requisitos sentados. Parágrafo único. Das irregularidades encontradas deve ser
substanciais e de validade do documento, bem como de represen- notificado o requerente, que, se for o caso, poderá saná-las, obedecendo
às formalidades da lei. ” Ademais, de acordo com o art. 37, inciso I, da
tação da pessoa jurídica.
Lei nº 8.934/94, os pedidos de arquivamento obrigatoriamente serão
d) O servidor agiu corretamente porque somente o administrador, instruídos com o instrumento original de constituição, modificação ou
como órgão da pessoa jurídica, tem legitimidade para pleitear o extinção de empresas mercantis, assinado pelo titular, pelos adminis-
arquivamento da alteração contratual; havendo irregularidades, tradores, sócios ou seus procuradores.
deve ser notificado o requerente para saná-las. (c) As irregularidades apresentadas são sanáveis e, por isso, a con-
cessão de prazo para a correção da nulidade está correta.
Z Anotações/Comentários (d) Como determina o art. 37, I, da Lei nº 8.934/94, a modificação
(a) Ao contrário do afirmado na assertiva, todas as formalidades ou extinção da empresa pode ser assinada pelo titular, pelos adminis-
tradores, sócios ou seus procuradores.
devem ser observadas (e não apenas as extrínsecas). Gabarito: B
DIREITO EMPRESARIAL
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Luciano Alves Rossato
Algumas das questões aqui dispostas foram comentadas pela todo o país. Diante da discussão quanto ao cumprimento da prestação
equipe Juspodivm. acordada, uma vez que o supermercado entendeu que o serviço fora
prestado de forma deficiente, as partes se socorreram da arbitragem,
em razão de expressa previsão do meio de solução de conflitos trazida
1. ARBITRAGEM E MEDIAÇÃO no contrato. Na arbitragem, restou decidido que assistia razão ao
supermercado, sendo a sociedade empresária “Excelência” condenada
323. (FGV/OAB/XXX_Exame – 2019) Carolina foi citada para compa- ao pagamento de indenização, além de multa de 30%. Considerando o
recer com seu advogado ao Centro Judiciário de Solução de Conflitos exposto, assinale a afirmativa correta.
(CEJUSC) da comarca da capital, para Audiência de Mediação (Art. 334 do a) Por se tratar de um título executivo extrajudicial, deve ser instau-
CPC), interessada em restabelecer o diálogo com Nestor, seu ex- marido. rado um processo de execução.
O fato de o advogado de seu ex-cônjuge conversar intimamente com b) Por se tratar de um título executivo judicial, será promovido
o mediador Teófilo, que asseverava ter celebrado cinco acordos na segundo as regras do cumprimento de sentença.
qualidade de mediador na última semana, retirou sua concentração
c) A sentença arbitral só poderá ser executada junto ao Poder Judi-
e a deixou desconfiada da lisura daquela audiência. Não tendo sido
ciário após ser confirmada em processo de conhecimento, quando
possível o acordo nessa primeira oportunidade, foi marcada uma nova
adquire força de título executivo judicial.
sessão de mediação para buscar a composição entre as partes, quinze
dias mais tarde. d) A sentença arbitral será executada segundo as regras do cumpri-
mento de sentença, tendo em vista seu caráter de título executivo
Sobre o caso narrado, assinale a afirmativa correta.
extrajudicial.
a) Carolina pode comparecer sem seu advogado na próxima sessão

de mediação. Z Anotações/Comentários
b) O advogado só pode atuar como mediador no CEJUSC se realizar Repetindo o ocorrido no Exame 2017.2, a FGV trouxe questão que
concurso público específico para integrar quadro próprio do tribu- trata da arbitragem, por meio da qual as partes elegem a jurisdição pri-
nal. vada para a solução de conflito existente entre elas. A decisão proferida
c) Pode haver mais de uma sessão destinada à conciliação e à media- pelo árbitro constituir-se-á em título executivo judicial, que poderá
ção, não podendo exceder 2 (dois) meses da data de realização da ser executada de acordo com as regras do cumprimento de sentença,
primeira sessão, desde que necessária(s) à composição das partes. consoante dispõe o inciso VII, do art. 515 do CPC. Para que possa ser
d) O mediador judicial pode atuar como advogado da parte no executada, não necessita de homologação pelo Poder Judiciário. Exclui
CEJUSC, pois o CPC apenas impede o exercício da advocacia nos automaticamente as demais alternativas.
Gabarito: B
juízos em que desempenhe suas funções.

325. (FGV/OAB/XXIII_Exame – 2017) A multinacional estrangeira
Z Anotações/Comentários Computer Inc., com sede nos Estados Unidos, celebra contrato de
Considerando-se o que se encontra previsto nas Normas Funda- prestação de serviços de informática com a sociedade empresarial
mentais do Processo Civil, o Estado promoverá, sempre que possível, a Telecomunicações S/A, constituída de acordo com as leis brasileiras e
solução consensual dos conflitos, devendo a conciliação, a mediação e com sede no Estado de Goiás.
outros métodos de resolução consensual serem estimulados por juízes, Os serviços a serem prestados envolvem a instalação e a manutenção
advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, dos servidores localizados na sede da sociedade empresarial Teleco-
especialmente no curso do processo judicial (art. 3º, §§). A propósito, municações S/A. Ainda consta, no contrato celebrado entre as referidas
o CPC 2015 encampou o chamado Tribunal Multiportas, de modo que pessoas jurídicas que eventuais litígios serão dirimidos, com exclusivi-
a solução adjudicada pelo Poder Judiciário se constituirá na última dade, perante a Corte Arbitral Alfa, situada no Brasil.
alternativa, devendo ser tentada a solução consensual. Por esse motivo, Após discordâncias sobre o cumprimento de uma das cláusulas refe-
o CPC 2015 fez previsão da necessidade de designação de audiência rentes à realização dos serviços, a multinacional Computer Inc. ingressa
de conciliação ou de mediação, conforme se vê do art. 334, caput, que com demanda no foro arbitral contratualmente avençado.
será designada se a petição inicial preencher os requisitos essenciais
Com base no caso concreto, assinale a afirmativa correta.
e não for o caso de improcedência liminar do pedido. Com o objetivo
de proporcionar a solução consensual, admite-se que ocorra mais de A) A cláusula compromissória prevista no contrato é nula de pleno
uma sessão destinada à conciliação e à mediação, a qual não poderá direito, uma vez que o princípio da inafastabilidade da jurisdição,
exceder a dois meses da data de realização da primeira sessão (art. previsto constitucionalmente, impede que ações que envolvam
334, § 2º). Na audiência deverão as partes estarem acompanhadas por obrigações a serem cumpridas no Brasil sejam dirimidas por órgão
seus advogados ou defensores públicos (art. 334, § 9º). Conciliadores e que não integre o Poder Judiciário nacional.
mediadores judiciais foram apontados como auxiliares da justiça, assim B) Caso a empresa Telecomunicações S/A ingresse com demanda
como o oficial de justiça, o escrivão etc., devendo atuar com a observân- perante a Vara Cível situada no Estado de Goiás, o juiz deverá
cia dos princípios da independência, da imparcialidade, da autonomia resolver o mérito, ainda que a sociedade Computer Inc. alegue, em
da vontade, da confidencialidade, da oralidade, da informalidade e da contestação, a existência de convenção de arbitragem prevista no
decisão informada (art. 166, caput). Se advogados, os conciliadores e instrumento contratual.
mediadores judiciais estarão impedidos de exercer a advocacia nos C) Visando efetivar tutela provisória deferida em favor da multinacio-
juízos em que desempenhem suas funções (art. 167, § 5º). nal Computer Inc., poderá ser expedida carta arbitral pela Corte
Gabarito: C
Arbitral Alfa para que órgão do Poder Judiciário, com competên-

324. (FGV/OAB/XXIV_Exame – 2017) O Supermercado “X” firmou cia perante o Estado de Goiás, pratique atos de cooperação que
contrato com a pessoa jurídica “Excelência” – sociedade empresária importem na constrição provisória de bens na sede da sociedade
de renome – para que esta lhe prestasse assessoria estratégica e pla- empresarial Telecomunicações S/A, a fim de garantir a efetividade
nejamento empresarial no processo de expansão de suas unidades por do provimento final.
D) A sentença arbitral proferida pela Corte Arbitral Alfa configura título b) Sendo certo que Alessandra não participou da relação jurídica
executivo extrajudicial, cuja execução poderá ser proposta no foro existente entre Mariana e Marcos, permite-se o chamamento ao
do lugar onde deva ser cumprida a obrigação. processo do locatário a qualquer tempo.
c) Incorreta a atitude de Alessandra, pois o instituto apto a informar
Z Anotações/Comentários ao juízo o real devedor da relação é a nomeação à autoria.
(a) O Supremo Tribunal Federal decidiu pela constitucionalidade da d) Alessandra deve viabilizar a citação de Mariana no prazo de 30 dias,
Lei da Arbitragem, de modo que a demanda em questão será julgada sob pena de o chamamento ao processo ficar sem efeito.
pelo árbitro, anteriormente constituído pelas partes, sem que haja
qualquer ofensa ao art. 5º, XXXV, da CF. Z Anotações/Comentários
(b) Quando o juiz acolher a alegação de existência de convenção (a) Segundo os termos do inciso II do art. 130 do CPC, é admissível
de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua competência, o chamamento ao processo, requerido pelo réu, dos demais fiadores,
haverá a extinção do processo sem resolução de mérito (art. 485, VII, na ação proposta contra um ou alguns deles.
CPC). (b) O chamamento do locatário somente é possível se requerido
(c) Segundo o art. 22-C da Lei da Arbitragem (Lei n. 9.307/1996), o na contestação, conforme a primeira parte do caput do art. 131 do CPC
árbitro ou o tribunal arbitral poderá expedir carta arbitral para que o que dispõe que a citação daqueles que devam figurar em litisconsórcio
órgão jurisdicional nacional pratique ou determine o cumprimento, passivo será requerida pelo réu na contestação.
na área de sua competência territorial, de ato solicitado pelo árbitro. (c) O CPC/15 deixou de prever a nomeação à autoria. Ademais, a
(d) Nos termos do inciso VII do art. 515 do CPC, a sentença arbitral intervenção adequada para a hipótese é o chamamento ao processo.
constituirá título executivo judicial. (d) Em conformidade com o disposto no caput do art. 131 do CPC:
“A citação daqueles que devam figurar em litisconsórcio passivo será
Gabarito: C
326. (FGV/OAB/XXIV_Exame – 2017) Marcos se envolveu em um requerida pelo réu na contestação e deve ser promovida no prazo de
30 (trinta) dias, sob pena de ficar sem efeito o chamamento. ”
acidente, abalroando a motocicleta de Bruno, em razão de não ter visto Gabarito: D
que a pista estava interditada. Bruno ajuizou, em face de Marcos, ação de

indenização por danos materiais, visando receber os valores necessários 328. (VUNESP/TJ-SP/Juiz de Direito – 2013) Acerca da arbitragem,
ao conserto de sua motocicleta. Marcos, ao receber a citação da ação, é correto dizer que
entendeu que a responsabilidade de pagamento era da Seguradora a) é nula a sentença arbitral quando o julgamento de mérito nela
Confiança, em virtude de contrato de seguro que havia pactuado para contido contrariar lei federal ou alterar a verdade dos fatos.
seu veículo, antes do acidente. b) a nulidade do contrato no qual se estipulou a cláusula arbitral
Diante de tal situação, assinale a afirmativa correta. implica, necessariamente, a nulidade da cláusula compromissária.
A) Marcos pode promover oposição em face de Bruno e da seguradora. c) a sentença arbitral brasileira não fica sujeita a recurso ou a homo-
B) Marcos pode promover denunciação da lide à seguradora. logação pelo Poder Judiciário.
d) somente o Poder Judiciário pode decidir acerca da validade e
C) Marcos pode pedir a instauração de incidente de desconsideração
eficácia da convenção de arbitragem e do contrato que contenha
da personalidade jurídica em face da seguradora.
a cláusula compromissória, de sorte que, em caso de tal alegação,
D) Marcos pode promover o chamamento ao processo da seguradora. o Tribunal Arbitral deve submeter a questão ao juiz togado com-
petente.
(a) A oposição não é espécie de intervenção de terceiro. Trata-se Z Anotações/Comentários
de ação submetida ao procedimento especial, sendo cabível quando Por meio da arbitragem, o árbitro exerce a jurisdição privada, que é
alguém pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o direito sobre que admitida pelo legislador, conforme se vê da Lei nº 9.307/1996.
controvertem autor e réu (CPC, art. 682). (a) A arbitragem poderá ser de direito ou de equidade, a critério das
(b) A denunciação da lide pode ser promovida por qualquer das partes. Poderão as partes escolher, livremente, as regras de direito que
partes, sendo cabível àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo con- serão aplicadas na arbitragem, desde que não haja violação aos bons
trato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido no costumes e à ordem pública. Poderão, também, as partes convencionar
processo (CPC, art. 125, inc. II). O direito de regresso pode ser exercido que a arbitragem se realize com base nos princípios gerais de direito, nos
por ação autônoma quando a denunciação da lide for indeferida, deixar usos e costumes e nas regras internacionais de comércio (Lei 9.307/96,
de ser promovida ou não for permitida (CPC, art. 125, § 1º). No caso do art. 2º, caput, §§ 1º e 2º). A parte interessada poderá pleitear ao órgão
enunciado, Marcos denunciará à lide a Seguradora, no intuito de obter do Poder Judiciário competente a declaração de nulidade da sentença
seu direito de regresso. A Seguradora tem responsabilidade civil por arbitral, nos casos previstos na lei específica (Lei 9.307/96, art. 33, caput).
força do contrato de seguro (CC, art. 787). Entretanto, o controle do Poder Judiciário se limitará a vícios formais da
sentença arbitral, não podendo revisar o mérito.
(c) O incidente de desconsideração de personalidade jurídica é
cabível quando se pretende responsabilizar o sócio por obrigações da (b). A cláusula compromissória é autônoma em relação ao contrato
pessoa jurídica, ou vice-versa (CPC, art. 133, II). Trata-se de exceção à em que estiver inserta, de tal sorte que a nulidade deste não implica,
necessariamente, a nulidade da cláusula compromissória (Lei 9.307/96,
regra da autonomia da personalidade jurídica (CC, art. 47). No caso do
art. 8º, caput).
enunciado, não há relação de sociedade/associação entre Marcos e a
Seguradora Confiança. (c) O árbitro é juiz de fato e de direito, e a sentença que proferir
não fica sujeita a recurso ou a homologação pelo Poder Judiciário (Lei
(d) O chamamento ao processo é admitido quando um dos coo-
9.307/96, art. 18). Diferentemente, a sentença proferida pelo juiz leigo,
brigados requer que os demais obrigados sejam trazidos ao feito, para
nos Juizados Especiais Cíveis, estará sujeita à homologação do juízo,
responsabilização conjunta (CPC, art. 130). No caso do enunciado, não que poderá também proferir outra em substituição ou, antes de se
há coobrigação. manifestar, determinar a realização de atos probatórios indispensáveis.
Gabarito: B
(d) Caberá ao árbitro decidir de ofício, ou por provocação das partes,

327. (FGV/OAB/XX_Exame de Ordem – Prova reaplicada Salva- as questões acerca da existência, validade e eficácia da convenção de
dor-BA – 2016) Alessandra é fiadora no contrato de locação do apar- arbitragem e do contrato que contenha a cláusula compromissória (Lei
tamento de Mariana. Diante do inadimplemento de vários meses de 9.307/96, art. 8º, parágrafo único).
aluguel, Marcos (locador) decide ajuizar ação de cobrança em face da
Gabarito: C
fiadora. Alessandra, em sua defesa, alegou que Mariana também deveria

2. ATOS PROCESSUAIS
ser chamada ao processo.
Com base no CPC/15, assinale a afirmativa correta. 329. (FGV – Técnico Judiciário – TJ – SC/2018) Citado regularmente, o
a) O fiador se compromete com a dívida do afiançado, de modo que réu ofereceu contestação no quinto dia do prazo de que dispunha para
não pode exigir a sua participação na ação de cobrança promovida. tanto. Mas, depois de protocolizada a sua peça de bloqueio, lembrou-se
ele de outra tese defensiva que lhe seria aproveitável, não suscitada ou consistir na redução percentual de despesas processuais que o
em sua contestação e tampouco sendo cognoscível ex officio pelo juiz. beneficiário tiver de adiantar no curso do procedimento.
Assim, optou o demandado por ofertar nova contestação, o que fez no
Gabarito: A
décimo segundo dia após o da juntada do mandado de citação. Nesse 331. (FGV – Técnico Médio – DPE – RJ/2019) No que concerne aos
cenário, deve o juiz: pronunciamentos dos órgãos jurisdicionais, é correto afirmar que:
a) deixar de receber a segunda contestação, em razão da preclusão a) todas as decisões interlocutórias são impugnáveis por meio de
temporal; agravo de instrumento;
b) deixar de receber a segunda contestação, em razão da preclusão b) sentença é o ato por meio do qual se põe fim ao procedimento
lógica; comum, desde que resolvido o mérito do feito;
c) deixar de receber a segunda contestação, em razão da preclusão c) os acórdãos não precisam ser assinados pelos magistrados, por se
consumativa; proferirem na própria sessão de julgamento;
d) receber a segunda contestação, já que apresentada dentro do prazo
d) atos meramente ordinatórios, como a vista ao órgão da Defensoria
legal;
Pública, independem de despacho;
e) receber a segunda contestação, em homenagem às garantias da
e) decisão interlocutória não é apta a versar sobre o mérito do pro-
ampla defesa e do contraditório.
cesso.
O CPC seguiu o princípio da preclusão, de modo que a prática dos
os pronunciamentos judiciais consistem em sentenças, decisões
atos processuais deve observar uma lógica estrutural, impedindo-se
interlocutórias e despachos (art. 203, caput, CPC).
a renovação de atos processuais já praticados. Diante desse contexto,
verifica-se a existência de três modalidades de preclusão: I) temporal – (a) incorreta. Não é correto afirmar que todas as decisões inter-
decorrente do decurso do prazo; II) lógica – em razão da prática de ato locutórias são impugnáveis por meio do agravo de instrumento. Com
incompatível com o primeiro; III – consumativa – em razão de ter sido efeito, exige-se, para a utilizado do mencionado recurso, que a matéria
o ato anteriormente praticado. impugnada esteja prevista no art. 1.015, do CPC. Deve ser lembrado
que o Superior Tribunal de Justiça encampou o princípio da tipicidade
(c) correta. Uma vez oferecida a contestação, tem-se que o réu
moderada, segundo a qual será admitido o agravo de instrumento,
esgotou a oportunidade de apresentar a sua defesa, não importando
muito embora o caso não esteja descrito no art. 1.015, CPC, se a situação
se o fez no primeiro ou no último dia do prazo. Assim, tem-se que o
não puder aguardar pela análise quando do julgamento do recurso
juiz não poderá receber a segunda contestação, em razão da preclusão
de apelação.
consumativa.
Gabarito: C
(b) incorreta. O conceito de sentença compreende a utilização

de dois critérios: finalidade e conteúdo do pronunciamento. Terá a

330. (FGV – Técnico Médio – DPE – RJ/2019) O Novo Código de
finalidade de por fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem
Processo Civil de 2015 estabelece que a pessoa natural ou jurídica,
como extinguir a execução. De outro lado, quanto ao seu conteúdo, o
brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as
pronunciamento deve se referir a alguma das matérias indicadas nos
custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito
artigos 485 e 487 do CPC.
à gratuidade da justiça, na forma da lei.
(c) incorreta. Os despachos, as decisões, as sentenças e os acórdão
Nesse contexto, de acordo com o citado diploma legal:
serão redigidos, datados e assinados pelos juízes (art. 205, caput). Sendo
a) a gratuidade da justiça compreende, dentre outras, as despesas proferidos oralmente, o servidor os documentará, submetendo-os aos
com a realização de exame de código genético – DNA e de outros juízes para revisão e assinatura (art. 205, § 1º).
exames considerados essenciais;
(d) correta. Os atos meramente ordinatórios poderão ser praticados
b) a insuficiência financeira deve ser provada pela parte que requerer de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando necessário, com-
a gratuidade de justiça, não cabendo a presunção de veracidade preendendo-se, entre outros, a junta e a vista obrigatória (art. 203, § 4º).
da alegação de insuficiência deduzida por pessoa natural;
(e) incorreta. A decisão interlocutória poderá versar sobre matéria
c) o direito à gratuidade da justiça é inerente ao polo ocupado pela processual (decisão interlocutória própria), bem como sobre matéria de
parte (autor ou réu), se estendendo ao litisconsorte e ao sucessor mérito (decisão interlocutória imprópria).
do beneficiário, independentemente de novo requerimento e Gabarito: D
deferimento expressos;
332. (FGV – Técnico Médio – DPE – RJ/2019) Tendo percebido que
d) a concessão de gratuidade afasta automaticamente a responsabili- um dos litisconsortes ativos era parte ilegítima, o juiz reconheceu ser
dade do beneficiário pelas despesas processuais e pelos honorários ele carecedor do direito de ação, tendo determinado o prosseguimento
advocatícios decorrentes de sua sucumbência; do feito em relação às demais partes.
e) a gratuidade, quando deferida, o será integralmente, sendo vedada A natureza desse pronunciamento judicial é de:
a concessão parcial em relação a algum ato processual ou a redução
a) sentença;
percentual de despesas processuais que o beneficiário tiver de
adiantar no curso do procedimento. b) decisão interlocutória;
c) despacho;
d) decisão monocrática;
A gratuidade processual está tratada no art. 98 e seguintes do CPC.
e) ato meramente ordinatório.
(a) correta. A gratuidade da justiça compreende, entre outras, as
despesas com a realização de exame de código genético – DNA e de Z Anotações/Comentários
outros exames considerados essenciais (art. 98, VI, CPC).
O pronunciamento proferido não pôs fim à fase cognitiva do proce-
(b) incorreta. Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência dimento comum, pois a demanda prosseguiu em favor de outros réus.
deduzida exclusivamente por pessoa natural (art. 99, § 3º, CPC).
Considerando-se que, a um só tempo, o pronunciamento jurisdi-
(c) incorreta. O direito à gratuidade é pessoal, não se estendendo cional reconheceu a ilegitimidade em relação a um dos réus, bem como
a litisconsorte ou a sucessor do beneficiário, salvo requerimento e determinou o prosseguimento da ação em relação aos demais, tem-se
deferimento expressos (art. 99, § 6º). que proferiu decisão interlocutória (embora com conteúdo de sentença).
(d) incorreta. A concessão de gratuidade não afasta a responsabi- Exclui automaticamente as demais alternativas.
lidade do beneficiário pelas despesas processuais e pelos honorários
Gabarito: B
advocatícios decorrentes de sua sucumbência (art. 98, § 2º). 333. (VUNESP/UNICAMP/Procurador de Universidade Assistente –
(e) incorreta. Admite-se a concessão da gratuidade de forma parcial, 2018) Acerca dos prazos descritos no Código de Processo Civil, assinale
ou seja, concedida em relação a algum ou a todos os atos processuais, a alternativa correta.
a) Os embargos de declaração e os infringentes são os únicos recursos o lugar em que se encontrar o citando; III – nos casos expressos em lei
previstos na legislação que possuem prazo diferente dos demais. (art. 256).
b) A contagem do prazo para contestação, não havendo audiência de (e) incorreta. A citação com hora certa será efetivada mesmo que a
conciliação por negativa de ambas as partes, se dará da juntada aos pessoa da família ou o vizinho que houver sido intimado esteja ausente,
autos do mandado de citação positivo. ou se, embora presente, a pessoa da família ou o vizinho se recusar a
c) Suspende-se o curso do prazo por obstáculo criado em detrimento receber o mandado (art. 253, § 2º).
da parte ou ocorrendo qualquer das hipóteses previstas em lei,
Gabarito: B
devendo o prazo ser restituído integralmente posteriormente.

335. (FGV/OAB/XXIII_Exame – 2017) Roberta ingressou com ação de
d) Os prazos contra o revel que não tenha patrono nos autos fluirão reparação de danos em face de Carlos Daniel, cirurgião plástico, devido
da data de publicação do ato decisório no órgão oficial. à sua insatisfação com o resultado do procedimento estético por ele
e) O prazo único, que não comporta decisão em sentido contrário sob realizado. Antes da citação do réu, Roberta, já acostumada com sua nova
pena de nulidade, é o que determina o início da contagem do prazo feição e considerando a opinião dos seus amigos (de que estaria mais
para o réu contestar quando o mandado de citação por oficial de bonita), troca de ideia e desiste da demanda proposta. A desistência foi
justiça é juntado aos autos. homologada em juízo por sentença. Após seis meses, quando da total
recuperação da cirurgia, Roberta percebeu que o resultado ficara com-
Z Anotações/Comentários: pletamente diferente do prometido, razão pela qual resolve ingressar
(a) Os embargos declaratórios devem ser interpostos no prazo de novamente com a demanda.
cinco dias. Os embargos infringentes de alçada, previstos na Lei de A demanda de Roberta deverá ser
Execuções Fiscais, deve ser interposto no prazo de dez dias. De um
modo geral, os recursos devem ser interpostos no prazo de quinze dias. A) extinta sem resolução do mérito, por ferir a coisa julgada.
(b) Em conformidade com o que dispõe o art. 335, II, do CPC, o B) extinta sem resolução do mérito, em razão da litispendência.
termo inicial do prazo de quinze dias para o oferecimento de resposta C) distribuída por dependência.
será a data do protocolo do pedido de cancelamento da audiência ou
D) submetida à livre distribuição, pois se trata de nova demanda.
de mediação apresentado pelo réu.
(c) Havendo a suspensão, o prazo não será restituído integralmente Z Anotações/Comentários
posteriormente, mas unicamente pelo que faltava para o seu término.
(a) Não houve a formação da coisa julgada, uma vez que a desistên-
(d) Os prazos contra o revel que não tenha patrono nos autos fluirão cia da ação homologada pelo juízo foi fundamento para a prolação de
da data de publicação do ato decisório no órgão oficial (art. 346, caput).
sentença, sem resolução de mérito (art. 485, VIII, CPC), o que não impede
Não obstante, o revel poderá intervir no processo em qualquer fase,
o ajuizamento de nova demanda (art. 486, CPC: “O pronunciamento
recebendo-o no estado em que se encontrar.
judicial que não resolve o mérito não obsta a que a parte proponha
(e) O prazo para o oferecimento de resposta poderá ser dilatado de novo a ação. ”). Há coisa julgada quando se repete ação que já foi
pela autoridade judiciária, consoante previsto no inciso VI, do art. 139, decidida por decisão transitada em julgado (§4º do art. 337, CPC).
do CPC.
Gabarito: D
(b) A litispendência é um dos efeitos da citação válida, mesmo que

ordenada por juízo incompetente. O §2º do art. 337 do CPC dispõe que
334. (VUNESP/UNICAMP/Procurador de Universidade Assistente –
há litispendência quando se repete ação que está em curso. A segunda
2018) Sobre o instituto da citação, assinale a alternativa correta.
demanda deverá ser extinta, sem resolução de mérito. Isso não se
a) A citação será pessoal, não podendo ser feita na pessoa do repre- aplica ao caso concreto, uma vez que a primeira ação já foi extinta sem
sentante legal ou do procurador do réu, do executado ou do resolução de mérito.
interessado, que apenas os representarão após sua formalização.
(c) Nesse caso, a segunda ação ajuizada será distribuída por depen-
b) A citação da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios
dência ao mesmo juízo anterior, pois nos termos do inciso II do art. 286
e de suas respectivas autarquias e fundações de direito público será
do CPC, serão distribuídas por dependência as causas de qualquer natu-
realizada perante o órgão de Advocacia Pública responsável por
reza quando, tendo sido extinto o processo sem resolução de mérito,
sua representação judicial.
for reiterado o pedido, ainda que em litisconsórcio com outros autores
c) A citação será feita pelo correio para qualquer comarca do país, ou que sejam parcialmente alterados os réus da demanda.
não sendo relevante o conteúdo da demanda, podendo ser citado
através dessa modalidade quem for réu em ações de estado ou (d) A assertiva não está de acordo com os termos do art. 286 do CPC.
Gabarito: C
quando o citando for pessoa de direito público.

d) Se fará citação por oficial de justiça apenas se a tentativa de citação 336. (FGV/OAB/XXII_Exame – 2017) João ajuizou ação indenizatória
por correio for frustrada, não tendo o autor a possibilidade de, contra Maria, postulando a condenação ao pagamento de R$ 100.000,00
desde o início do trâmite processual, requerer a citação por essa a título de reparação por danos materiais e R$ 50.000,00 por indenização
forma. de danos morais, em razão do descumprimento de um contrato firmado
e) A citação com hora certa não será efetivada se a pessoa da família entre eles, referente à compra e venda de dois imóveis, cujos valores
ou o vizinho que houver sido intimado esteja ausente, ou se, eram R$ 500.000,00 e R$ 200.000,00.
embora presente, a pessoa da família ou o vizinho se recusar a Maria, citada, apresentou contestação e reconvenção, pedindo a
receber o mandado. declaração de invalidade parcial do contrato relativo ao imóvel de R$
200.000,00, bem como a condenação de João ao pagamento de inde-
Z Anotações/Comentários:
nização por danos morais, no valor de R$ 20.000,00.
Citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o Diante de tal situação, assinale a opção que apresenta o valor da causa
interessado para integrar a relação processual (art. 238, caput).
da reconvenção.
(a) A citação será pessoal, podendo, no entanto, ser feita na pessoa
A) O valor deve ser o mesmo da ação principal, qual seja, R$ 150.000,00,
do representante legal ou do procurador do réu, do executado ou do
por ser ação acessória.
interessado (art. 241).
(b) A citação da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Muni- B) Não é necessário dar valor à causa na reconvenção.
cípios e de suas respectivas autarquias e fundações de direito público C) O valor deve ser de R$ 220.000,00, referente à soma do pedido de
será realizada perante o órgão de Advocacia Pública responsável por declaração de invalidade parcial do contrato e do pleito de inde-
sua representação judicial (art. 242, § 3º). nização por danos morais.
(c) Sendo ré pessoa jurídica de direito público, a citação não poderá D) O valor deve ser de R$ 200.000,00, referente ao pedido de declara-
ser realizada pelo correio (art. 247, III). ção de invalidade parcial do contrato, sendo o pleito de indenização
(d) incorreta. A citação por edital será feita: I – quando desconhe- por danos morais meramente estimado, dispensando a indicação
cido ou incerto o citando; II – quando ignorado, incerto ou inacessível como valor da causa.
Z Anotações/Comentários: b) O réu deverá ser informado da fixação dos alimentos gravídicos, de

modo que o prazo de cinco dias será contado a partir da juntada
Segundo o caput do art. 292 do CPC, o valor da causa constará da
petição inicial ou da reconvenção e será na ação que tiver por objeto do mandado de citação devidamente cumprido.
a existência, a validade, o cumprimento, a modificação, a resolução, a c) O momento para apresentação da defesa do réu, nesse caso, será a
resilição ou a rescisão de ato jurídico, o valor do ato ou o de sua parte audiência de instrução e julgamento, que terá a data determinada
controvertida, bem como o valor pretendido na ação indenizatória, na decisão que fixa os alimentos provisórios.
inclusive a fundada em dano moral (incisos II e V, do art. 292 CPC). d) O prazo de 15 dias para o oferecimento de defesa terá início no dia
Assim, o valor da causa da reconvenção de Maria deve corresponder à da juntada do mandado que fixou e determinou o pagamento de
soma das pretensões manifestadas (pedido de declaração de invalidade alimentos gravídicos.
parcial do contrato + indenização por danos morais), logo, o valor de
R$ 220.000,00 está correto. Z Anotações/Comentários
Gabarito: C
Tratando-se de alimentos gravídicos, o réu será citado para apre-

337. (VUNESP/TJ-RJ/Juiz de Direito – 2016) A citação válida inter- sentar resposta em 5 (cinco) dias (Lei nº 11.804/08, art. 7º). Logo, o prazo
rompe todos os prazos extintivos previstos em lei, exceto se a ação para resposta será contado a partir da juntada do mandado de citação
for extinta devidamente cumprido, nos termos do art. 11 da Lei nº 11.804/08 c/c
A) por inépcia da inicial. art. 231, II ou II do CPC. Quanto aos alimentos, a Lei nº 5.478/68 estabe-
B) por perempção. lece que na designação da audiência, o juiz fixará o prazo razoável que
possibilite ao réu a contestação da ação proposta e a eventualidade de
C) pela ausência de pressupostos processuais. citação por edital (art. 5º, § 1º).
D) pela confusão entre autor e réu.
Gabarito: B
E) pela desistência da ação. 339. (FGV/OAB/XI_Exame – 2013) A respeito do fenômeno processual

do litisconsórcio, que consiste na pluralidade de sujeitos ocupando
Z Anotações/Comentários: um ou ambos os polos da relação jurídica para litigar em conjunto no
O juiz não resolverá o mérito quando indeferir a petição inicial; o mesmo processo, assinale a afirmativa correta.
processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das a) Não constitui fundamento para a formação de litisconsórcio a
partes; por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o ocorrência de afinidade de questões por um ponto em comum de
autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias; verificar a ausência fato ou de direito.
de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular
b) O juiz poderá limitar o litisconsórcio necessário quanto ao número
do processo; reconhecer a existência de perempção, de litispendência
de litigantes quando este comprometer a rápida solução do litígio
ou de coisa julgada; verificar ausência de legitimidade ou de interesse
ou dificultar a defesa.
processual; acolher a alegação de existência de convenção de arbitra-

gem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua competência; homologar c) Na sistemática dos Juizados Especiais Cíveis não se admitirá a for-
a desistência da ação; em caso de morte da parte, a ação for considerada mação de litisconsórcio como forma de prestigiar uma prestação
intransmissível por disposição legal; e nos demais casos prescritos no jurisdicional mais célere e simplificada.
Código de Processo Civil. O juiz conhecerá de ofício, em qualquer tempo d) Quando os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, ser-lhes-
e grau de jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em julgado, a -ão contados em dobro os prazos para contestar, para recorrer e,
ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido de modo geral, para falar nos autos.
e regular do processo, a ocorrência de perempção, litispendência ou
coisa julgada, a ausência de legitimidade ou de interesse processual e Z Anotações/Comentários
a ocorrência de morte da parte, em ação considerada intransmissível
(a) O art. 113, inciso III do CPC dispõe que duas ou mais pessoas
por disposição legal (CPC, art. 485, I ao X e § 3º).
podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou passiva-
(a, c, d) A citação válida, ainda quando ordenada por juízo incom- mente, quando ocorrer afinidade de questões por ponto comum de
petente, induz litispendência, torna litigiosa a coisa e constitui em fato ou de direito.
mora o devedor, observadas as ressalvas legais (CPC, art. 240, caput).
(b) O §1º, do art. 113 do CPC preconiza que o juiz poderá limitar
O pronunciamento judicial que não resolve o mérito não obsta a que
o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes na fase de
a parte proponha de novo a ação, contudo, no caso de extinção em
conhecimento, na liquidação de sentença ou na execução, quando
razão de litispendência, indeferimento da petição inicial, ausência de
este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa ou
pressupostos processuais, ausência de legitimidade ou de interesse pro-
o cumprimento da sentença.
cessual, e reconhecimento de existência de convenção de arbitragem
ou quando o juízo arbitral reconhecer sua competência, a propositura (c) O art. 10 da Lei n. 9.099/95 prevê que admite-se litisconsórcio
da nova ação depende da correção do vício que levou à sentença sem no processo.
resolução do mérito (CPC, art. 486, caput e § 1º). (d) O caput do art. 229 do CPC prevê que os litisconsortes que
(b) A perempção é causa de extinção do processo sem julgamento tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia distintos,
de mérito, e se dá quando o autor der causa, por 3 (três) vezes, a sen- terão prazos contados em dobro para todas as suas manifestações,
tença fundada em abandono da causa, não podendo propor nova ação em qualquer juízo ou tribunal, independentemente de requerimento.
contra o réu com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto,
Gabarito: D
a possibilidade de alegar em defesa o seu direito (CPC, art. 485, V e art. 340. (FGV/OAB/X_Exame – 2013) Com relação ao início da contagem
486, § 3º). Deste modo, reconhecendo o magistrado a ocorrência da do prazo para apresentação de resposta, em ação ajuizada pelo rito
perempção, nem mesmo a citação válida será capaz de mitigá-la, até comum ordinário, em face de apenas um réu, assinale a afirmativa
mesmo porque, conforme nota do autor, ela poderá ser reconhecida correta.
de ofício pelo juiz, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto
não ocorrer o trânsito em julgado. a) Em se tratando de citação postal, começa a correr o prazo a partir
Gabarito: B
da data da juntada aos autos do aviso de recebimento.
338. (FGV/OAB/XVII_Exame – 2015) Em ação de alimentos promovida b) Em se tratando de citação por oficial de justiça, começa a correr o
por Yolanda em face de Aurélio, o Juiz determinou que Aurélio deveria prazo no dia seguinte ao do cumprimento da diligência.
arcar, na condição de futuro pai, com os valores devidos à gestante c) Em se tratando de citação por carta precatória, começa a correr o
durante a gravidez, destinados a cobrir as despesas adicionais decor- prazo no dia em que a carta é devolvida ao juízo de origem.
rentes da gestação, fixando para tal a quantia “x”. A legislação atinente d) Em se tratando de citação por edital, começa a correr o prazo no
ao tema dá a Aurélio a possibilidade de defesa. dia seguinte ao da publicação do referido edital.
Assinale a opção que indica os termos em que a defesa será exercida.
a) Além dos alimentos gravídicos, o Juiz designará a data para a
realização da audiência, que será considerada o termo a quo para Conforme disposição do art. 231 do CPC: Salvo disposição em
o curso do prazo de cinco dias para a defesa do réu. sentido diverso, considera-se dia do começo do prazo:
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I – a data de juntada aos autos do aviso de recebimento, quando a (d) O NCPC deixou de prever a nomeação à autoria como modali-
citação ou a intimação for pelo correio; dade de intervenção de terceiro. Em seu lugar, os arts. 338 e 339, caput,
II – a data de juntada aos autos do mandado cumprido, quando a disciplinam: “Art. 338. Alegando o réu, na contestação, ser parte ilegítima
citação ou a intimação for por oficial de justiça; ou não ser o responsável pelo prejuízo invocado, o juiz facultará ao autor,
em 15 (quinze) dias, a alteração da petição inicial para substituição do
III – a data de ocorrência da citação ou da intimação, quando ela se réu. Parágrafo único. Realizada a substituição, o autor reembolsará as
der por ato do escrivão ou do chefe de secretaria; despesas e pagará os honorários ao procurador do réu excluído, que
IV – o dia útil seguinte ao fim da dilação assinada pelo juiz, quando serão fixados entre três e cinco por cento do valor da causa ou, sendo
a citação ou a intimação for por edital; este irrisório, nos termos do art. 85, § 8º. Art. 339. Quando alegar sua
V – o dia útil seguinte à consulta ao teor da citação ou da intimação ilegitimidade, incumbe ao réu indicar o sujeito passivo da relação
ou ao término do prazo para que a consulta se dê, quando a citação ou jurídica discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena de arcar
a intimação for eletrônica; com as despesas processuais e de indenizar o autor pelos prejuízos
decorrentes da falta de indicação.”
VI – a data de juntada do comunicado de que trata o art. 232 ou, Gabarito: C
não havendo esse, a data de juntada da carta aos autos de origem

devidamente cumprida, quando a citação ou a intimação se realizar 343. (FGV/OAB/VI_Exame – 2011) Maria ingressou, na vara cível da
em cumprimento de carta; comarca XYZ, com uma ação de responsabilidade civil em face de André,
Gabarito: A
observando o rito comum ordinário. André é regularmente citado para

oferecer resposta. Com base nas modalidades de citação previstas pelo
341. (FGV/OAB/IX_Exame – 2012) Considerando a assistência e as Direito Processual Civil, assinale a alternativa correta.
demais formas de intervenção de terceiros previstas no Código de
Processo Civil, assinale a afirmativa correta. a) Se o oficial de justiça, após comparecer três vezes ao local, não
conseguir citá-lo, mas tiver suspeita de que André se oculta, será
a) É admissível o chamamento ao processo daquele que detiver a feita a citação por edital.
coisa em nome alheio.
b) Se a citação ocorrer por meio eletrônico e seu conteúdo não for
b) A oposição consiste na intervenção daquele que estiver obrigado, acessado no prazo de dez dias, deverá ocorrer a citação ficta do
pela lei ou pelo contrato, a indenizar o prejuízo do réu da demanda. réu.
c) O terceiro deve demonstrar que possui interesse jurídico que a c) Se André for pessoa absolutamente incapaz, não será cabível a
sentença seja favorável a uma das partes, para ser admitido como citação feita pelo correio.
assistente.
d) Se for necessário realizar a citação em comarca contígua, deverá
d) Feita a denunciação da lide, se o denunciante aceitar, ele será ser expedida carta precatória para que o juízo deprecante realize
assistente simples do denunciado. a citação.
(a) O art. 130, do CPC preconiza que são admissíveis o chamamento (a) Trata-se de hipótese de citação por hora certa, nos termos do
ao processo requerido pelo réu do afiançado (na ação em que o fiador art. 252 a 254 do CPC. Perceba que no NCPC reduziu a quantidade de
for réu), dos demais fiadores (na ação proposta contra um ou alguns vezes que o oficial de justiça deve procurar o citando em seu domicílio
deles) e dos demais devedores solidários (quando o credor exigir de de três para duas vezes.
um ou de alguns o pagamento da dívida comum. Vê-se, portanto, que
a assertiva não está em conformidade com o dispositivo legal. (b) Art. 9º e § 1º da Lei nº 11.419/06.
(b) Com o advento do CPC/15, a oposição deixou de ser uma das (c) A citação será feita pelo correio, para qualquer comarca do País,
modalidades de intervenção de terceiros para consistir em uma ação exceto nas hipóteses dos incisos do art. 247, dentre os quais se inclui o
submetida a procedimento especial do inventário e da partilha (art. réu incapaz (art. 247, II, do CPC).
682 a 686, CPC). (d) Nas comarcas contíguas de fácil comunicação e nas que se
(c) O caput do art. 119, do CPC dispõe que pendendo causa entre 2 situem na mesma região metropolitana, o oficial de justiça poderá
(duas) ou mais pessoas, o terceiro juridicamente interessado em que a efetuar, em qualquer delas, citações, intimações, notificações, penhoras
sentença seja favorável a uma delas poderá intervir no processo para e quaisquer outros atos executivos. (CPC, art. 255).
Gabarito: C
assisti-la. Portanto, a assertiva está correta.

(d) Segundo os arts. 127 e 128, I, do CPC (denunciação da lide), a 344. (FGV/OAB/VI_Exame – 2011) Os atos processuais não dependem
situação processual do denunciado é de litisconsorte do denunciante. de forma determinada, salvo se a lei expressamente o exigir e, ainda que
Gabarito: C
realizados de outro modo, serão reputados válidos se preencherem a

finalidade essencial. A respeito do tema, é correto afirmar que
342. (FGV/OAB/VIII_Exame – 2012) Vinícius foi demandado em uma
ação de cobrança por ter sido fiador de sua sogra, Francisca. Assinale a a) compete às partes alegar nulidade dos atos na primeira oportuni-
alternativa que indica a medida a ser adotada por Vinícius para trazer dade que lhes couber falar nos autos, sob pena de preclusão, exceto
Francisca para o polo passivo desse processo. se a parte provar justo impedimento ou se a nulidade tiver que ser
conhecida de ofício.
a) reconvenção.
b) é defesa a distribuição da petição inicial que não esteja acompa-
b) denunciação à lide. nhada do instrumento de mandato, ainda que haja procuração
c) chamamento ao processo. junta aos autos principais.
d) nomeação à autoria. c) na hipótese de o réu apresentar reconvenção, dispensa-se a deter-
minação de anotação pelo distribuidor, visto que será julgada
Z Anotações/Comentários simultaneamente à ação principal, na mesma sentença.
(a) Reconvenção é a demanda do réu (reconvinte) contra o autor d) se um ato for anulado, ou a nulidade afetar apenas parte do ato,
(reconvindo) dentro do mesmo processo em que está sendo deman- nenhum efeito terão os atos subsequentes, prejudicando todos os
dado (CPC, art. 343) e é apresentada na própria contestação. que com aquele ou com a parte nula guardem ou não dependência.
(b) A denunciação da lide é a intervenção de terceiro na qual o
denunciante visa à indenização dos prejuízos que porventura venha a
sofrer em virtude de um processo pendente. Trata-se de ação de garan- (a) O art. 278, caput e parágrafo único, do CPC dispõe que a nulidade
tia ou ação de regresso em face do denunciado (art. 125, I e II, do CPC). dos atos deve ser alegada na primeira oportunidade em que couber à
(c) Nos termos do art. 130, I, do CPC, é admissível o chamamento parte falar nos autos, sob pena de preclusão. Parágrafo único. Não se
ao processo requerido pelo réu do afiançado, na ação em que o fiador aplica o disposto no caput às nulidades que o juiz deva decretar de
for réu, formando-se entre eles um litisconsórcio passivo, incidental e ofício, nem prevalece a preclusão provando a parte legítimo impedi-
facultativo, de modo que o devedor principal fique submetido à coisa mento. “
julgada. (b) Não há correspondência no CPC/15.
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(c) O parágrafo único do art. 286 do CPC dispõe que havendo (c) O chamamento ao processo permite que aquele que foi deman-
intervenção de terceiro, reconvenção ou outra hipótese de ampliação dado chame para integrar o pólo passivo da demanda o devedor prin-
objetiva do processo, o juiz, de ofício, mandará proceder à respectiva cipal ou os coobrigados, formando entre eles um litisconsórcio passivo,
anotação pelo distribuidor. incidental e facultativo, ficando também submetidos à coisa julgada
(d) O CPC/15 adotou como princípios o máximo aproveitamento (art. 130, I, II e III c/c art. 132, do CPC).
dos atos processuais e a primazia do julgamento do mérito, assim, a (d) Na assistência simples ou adesiva, o terceiro possui com o
declaração de qualquer nulidade dependerá do reconhecimento de assistido uma relação jurídica que poderá ser afetada indiretamente
efetivo prejuízo. pelo julgamento da causa. Porém, o terceiro não é titular da relação
Gabarito: A
jurídica discutida em juízo e não possui vínculo jurídico com o adver-

345. (FGV/OAB/VI_Exame/Duque de Caxias – 2011) Como cediço, a sário do assistido.
Gabarito: A
intervenção de terceiros é um importante fenômeno processual capaz

de permitir a pluralidade de partes em um processo. Imagine a seguinte 346. (FGV/OAB/V_Exame – 2011) Zélia e Joaquim são vizinhos há
situação jurídica: Neves empresta R$ 500,00 para Sílvio e Sandro, sócios cerca de sete anos. Determinada parede foi construída por Joaquim,
em uma empresa que fabrica sapatos, e a quantia deixa de ser paga a mas, por defeitos na execução da obra, está permitindo a infiltração da
Neves na data estipulada no contrato de empréstimo, razão pela qual água da chuva, gerando danos à parede limítrofe construída por Zélia.
Neves opta por cobrar toda a quantia apenas de Sílvio, cujo patrimônio Inconformada, Zélia procura você como advogado(a) a fim de ingressar
é maior. Sandro resolve, então, requerer sua intervenção no processo com a medida judicial cabível. Analisando a hipótese e, estando Zélia
por temer que Sílvio venha a sucumbir e que, ato contínuo, venha a
de acordo com o seu parecer técnico, você afora ação judicial para o
agir regressivamente contra ele, após ter pagado toda a quantia devida
desfazimento da construção ou a reparação da obra defeituosa. Nessa
a Neves, com a finalidade de obter de Sandro a sua quota-parte da
hipótese, como será fixado o valor da causa?
dívida. Nessa situação, caracteriza-se a seguinte figura de intervenção
de terceiros: a) Deverá ser considerado o menor valor, por se tratar de pedido
subsidiário.
a) assistência qualificada ou litisconsorcial.
b) Será a soma dos valores de todos os pedidos, por se tratar da
b) denunciação da lide.
hipótese de cumulação de pedidos.
c) chamamento ao processo.
c) Por se tratar de pedidos alternativos, será considerado o de maior
d) assistência simples ou adesiva. valor.
Z Anotações/Comentários d) Por se tratar de ação para cumprimento do negócio jurídico, será
considerado o valor da soma do principal, da pena e dos juros
(a) O caso em comento enquadra-se na hipótese de assistência vencidos.
qualificada ou litisconsorcial, que ocorre quando a decisão puder afetar
diretamente relação jurídica de que o terceiro seja titular. Assim, possui Z Anotações/Comentários

o terceiro interesse jurídico imediato na causa e relação jurídica direta
com o adversário do assistido. No caso em comento, o advogado de Zélia formulou pedidos alter-
nativos (art. 325 do CPC), quais sejam, ou o desfazimento da construção
(b) A denunciação da lide é demanda na qual o denunciante visa
ou a reparação da obra defeituosa. Assim, nos temos do art. 292 do CPC,
a indenização dos prejuízos que porventura venha a sofrer em virtude
o valor da causa constará sempre da petição inicial e será: (...) VII – na
de um processo pendente. Trata-se de ação de garantia ou ação de
ação em que os pedidos são alternativos, o de maior valor.
regresso em face do denunciado (art. 125, I e II, do CPC). Gabarito: C
DIREITO PENAL
Rogério Sanches Cunha
Algumas das questões aqui dispostas foram comentadas pela (e) Segundo o princípio da inderrogabilidade ou da inevitabilidade,
equipe Juspodivm. a pena deve ser aplicada e devidamente cumprida. Este princípio deve
conviver com o da necessidade concreta da pena (art. 59 do CP), de
modo que, constatada a desnecessidade da resposta estatal, o juiz tem
1. PRINCÍPIOS o poder de não aplicá-la, como ocorre no perdão judicial (a exemplo
do art. 121, §5º, do CP).
Gabarito: C
347. (IBADE/PC-AC/Delegado de Polícia – 2017) “O suicídio é um

crime (assassínio) [...]. Aniquilar o sujeito da moralidade na própria 348. (FGV/OAB/XXIX_Exame - 2019) Inconformado com o compor-
pessoa é erradicar a existência da moralidade mesma do mundo, o tamento de seu vizinho, que insistia em importunar sua filha de 15
máximo possível, ainda que a moralidade seja um fim em si mesma. anos, Mário resolve dar-lhe uma “lição” e desfere dois socos no rosto
Consequentemente, dispor de si mesmo como um mero meio para do importunador, nesse momento com o escopo de nele causar diver-
algum fim discricionário é rebaixar a humanidade na própria pessoa sas lesões. Durante o ato, entendendo que o vizinho ainda não havia
(homo noumenon), à qual o ser humano (homo phaenomenon) foi, sofrido na mesma intensidade do constrangimento de sua filha, decide
todavia, confiado para preservação” (kant, Immanuel, a Metafísica dos matá-lo com uma barra de ferro, o que vem efetivamente a acontecer.
Costumes). Descobertos os fatos, o Ministério Público oferece denúncia em face
de Mário, imputando-lhe a prática dos crimes de lesão corporal dolosa
A extinção da própria vida já foi objeto de sancionamento penal em
e homicídio, em concurso material. Durante toda a instrução, Mário
diversos países. Esclarece Galdino Siqueira (Tratado, tomo m, p. 68)
confirma os fatos descritos na denúncia.
que o direito romano punia com confisco de bens o ato de suicidar- se
para fugir a uma acusação ou à pena por outro delito. A mesma pena foi Considerando apenas as informações narradas e confirmada a veraci-
dade dos fatos expostos, o(a) advogado(a) de Mário, sob o ponto de
aplicada em França. O confisco-segundo o autor-persistia na Inglaterra
vista técnico, deverá buscar o reconhecimento de que Mário pode ser
no início do século XX, desde que o suicídio não fosse efeito de uma
responsabilizado
Direito Penal
desordem mental provada. Tendo por base o confisco de bens outrora

pertencentes ao suicida – que tem herdeiros – como forma de punição a) apenas pelo crime de homicídio, por força do princípio da consun-
penal, é correto afirmar que responsabilização de terceiros pela conduta ção, tendo ocorrido a chamada progressão criminosa.
de alguém viola o princípio penal, denominado: b) apenas pelo crime de homicídio, por força do princípio da alterna-
a) individualização judicial da pena. tividade, sendo aplicada a regra do crime progressivo.
b) taxatividade c) apenas pelo crime de homicídio, com base no princípio da espe-
cialidade.
c) intranscendência.
d) pelos crimes de lesão corporal e homicídio, em concurso formal.
d) ofensividade.
e) inderrogabilidade. Z Anotações / Comentários
(a, d) O princípio da consunção (ou da absorção) se caracteriza
pela continência de tipos, ou seja, o crime previsto por uma norma
(a) A individualização da pena é relacionada à análise da gravi- (consumida) não passa de uma fase de realização do crime previsto
dade do fato e das condições do seu autor. Deve ser observada em por outra (consuntiva).
três momentos: a) na definição, pelo legislador, do crime e sua pena; Uma das situações em que incide o princípio da consunção é a
b) na imposição da pena pelo juiz; c) e na fase de execução da pena, progressão criminosa, em que o agente substitui o seu dolo, dando
momento em que os condenados serão classificados, segundo os seus causa a resultado mais grave. Inicialmente, o agente deseja praticar um
antecedentes e personalidade, para orientar a individualização da crime menor e o consuma. Depois, delibera praticar um crime maior
execução penal (art. 5º LEP). e também o concretiza, atentando contra o mesmo bem jurídico. É
(b) O princípio da taxatividade ou da determinação é dirigido mais exatamente o que ocorre no exemplo do enunciado, em que Mário
diretamente à pessoa do legislador, exigindo dos tipos penais clareza, primeiro consuma a lesão corporal, mas, não satisfeito, decide matar
sem margens a dúvidas, de modo a permitir à população em geral o seu vizinho. Em razão da progressão criminosa, não incidem as regras
pleno entendimento do tipo criado. do concurso de crimes.
(c) O princípio da pessoalidade ou da intranscendência está ins- (b) O princípio da alternatividade tem validade e aplicação prática
culpido no artigo 5º, inciso XLV, da Constituição Federal, que dispõe: nos chamados “crimes de conteúdo múltiplo ou variado”, isto é, tipos
“nenhuma pena passará da pessoa do condenado podendo a obrigação penais que contam com vários verbos nucleares, como o art. 33 da Lei
de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos de Drogas, por exemplo. Se o agente realiza vários verbos, porém, no
da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do mesmo contexto fático e sucessivamente (p. ex., depois de importar e
valor do patrimônio transferido”. A Convenção Americana de Direitos preparar certa quantidade de droga, traz consigo porções separadas
Humanos também disciplina o princípio, prevendo que “a pena não para venda a terceiros), por força do princípio da alternatividade res-
pode passar da pessoa do condenado” (art. 5º, 3, CADH). Trata-se de des- ponderá por crime único. Não é o caso da conduta de Mário.
dobramento lógico dos princípios da responsabilidade penal individual, (c) O princípio da especialidade está previsto no artigo 12 do Código
da responsabilidade subjetiva e da culpabilidade. Está correta a assertiva. Penal e determina que se afaste a lei geral para aplicação da lei especial.
(d) O princípio da ofensividade ou lesividade (nullum crimen sine O tipo especial preenche integralmente o tipo geral, com a adição de
iniuria) exige que do fato praticado ocorra lesão ou perigo de lesão elementos particulares. Como exemplo, citamos a importação irregular
ao bem jurídico tutelado. Não se destina somente ao legislador, mas de drogas. Num primeiro momento, duas normas, aparentemente, con-
também ao aplicador da norma incriminadora, que deverá observar, flitam, disputando a punição do comportamento ilícito: art. 334-A do CP
diante da ocorrência de um fato tido como criminoso, se houve efetiva (crime de contrabando) e o art. 33 da Lei nº 11.343/06 (crime de tráfico
lesão ou perigo concreto de lesão ao bem jurídico protegido. de drogas). Este último dispositivo contém elementos específicos que
o tornam especial em relação ao crime do Código Penal, aplicando-se à Z Anotações / Comentários

importação irregular de drogas. Tampouco é este o caso do enunciado.
Gabarito: A (a) O exemplo do enunciado não retrata o princípio da especiali-
dade porque não se trata de situação em que a lei geral é afastada para
349. (FCC – Defensor Público – DPE – RS/2018) O afastamento da aplicação da lei especial, aquela que contém todos os elementos da
tipicidade, quando verificada lesão penalmente irrelevante decorrente norma geral mas é acrescida de outros que a tornam distinta (chama-
de conduta formalmente incriminada, dá-se por: dos de “especializantes”). A relação entre o falso e o estelionato não é
a) princípio da adequação social. baseada na presença de elementos especializantes.
b) princípio da intervenção mínima. (b) De acordo com o entendimento dominante, se, para cometer
o estelionato, o agente utiliza documento falso, o crime patrimonial
c) princípio da humanidade das sanções.
absorve o crime de falso se a falsidade naquele se exaure (súmula 17 do
d) princípio da insignificância. STJ). Dá-se, no caso, a consunção, na qual se verifica a continência de
e) ineficácia absoluta do meio ou absoluta impropriedade do objeto tipos, ou seja, o crime previsto por uma norma (consumida) não passa
(crime impossível). de uma fase de realização do crime previsto por outra (consuntiva)
ou é uma forma normal de transição para o último. No exemplo do
Z Anotações / Comentários enunciado, o uso do documento falso é uma fase para a obtenção do
(a) Segundo o princípio da adequação social, apesar de uma conduta proveito no estelionato; é um antefactum impunível.
se subsumir ao modelo legal, não será considerada típica se for social- (c) Não há relação de subsidiariedade no exemplo citado. Uma lei
mente adequada ou reconhecida, isto é, se estiver de acordo com a ordem tem caráter subsidiário quando o fato por ela incriminado é também
social da vida historicamente condicionada. Não é o caso das situações em incriminado por outra, tendo um âmbito de aplicação comum, mas
que normalmente se considera irrelevante a lesão, decorrente de conduta abrangência diversa. A relação entre as normas (subsidiária e principal)
socialmente reprovável, mas que se opta por não punir. é de maior ou menor gravidade (e não de espécie e gênero, como na
(b) Destinada especialmente ao legislador, a intervenção mínima especialidade). A norma dita subsidiária atua apenas quando o fato não
é um princípio geral segundo o qual o Direito Penal só deve ser cogi- se subsume a crime mais grave.
tado quando estritamente necessário, de modo que a sua intervenção (d) O princípio da alternatividade tem validade e aplicação prática
fica condicionada ao fracasso das demais esferas de controle (caráter nos crimes de conteúdo múltiplo (ou variado), isto é, tipos penais que
subsidiário), observando somente os casos de relevante lesão ou perigo contam com vários verbos nucleares (ex.: art. 33 da Lei de Drogas; art.
de lesão ao bem juridicamente tutelado (caráter fragmentário). A lesão 12 do Estatuto do Desarmamento). Nessas hipóteses, se o agente realiza
penalmente irrelevante é analisada sob a perspectiva de um dos des- vários verbos, porém, no mesmo contexto fático e sucessivamente (p. ex.,
dobramentos da intervenção mínima: a fragmentariedade. depois de importar e preparar certa quantidade de droga, traz consigo
(c) De acordo com o princípio da humanidade das penas, a ninguém porções separadas para venda a terceiros), por força do princípio da
pode ser imposta pena ofensiva à dignidade da pessoa humana, vedan alternatividade responde por crime único, devendo o juiz considerar
do-se reprimenda indigna, cruel, desumana ou degradante. Este man- a pluralidade de núcleos praticados na fixação da pena. Percebe-se,
damento guia o Estado na criação, aplicação e execução das leis penais. portanto, que o princípio da alternatividade não resolve um conflito
Direito Penal
aparente de normas, mas conflito dentro da própria norma.
(d) O princípio da insignificância é um instrumento segundo o qual Gabarito: B
se permite a análise da relevância da lesão ao bem jurídico tutelado.

Mesmo em situações em que abstratamente se justifica a tutela penal 351. (FGV/OAB/XIV_Exame - 2014) O Presidente da República, diante
de determinado bem jurídico, é possível que a conduta concretamente da nova onda de protestos, decide, por meio de medida provisória,
considerada provoque uma lesão irrelevante que não justifique a inci- criar um novo tipo penal para coibir os atos de vandalismo. A medida
dência do Direito Penal. É o caso, por exemplo, da subtração de uma provisória foi convertida em lei, sem impugnações. Com base nos dados
folha de papel em branco, que em tese caracteriza o crime de furto, fornecidos, assinale a opção correta.
mas, na prática, não atinge de forma relevante o patrimônio. Neste caso, a) Não há ofensa ao princípio da reserva legal na criação de tipos
o princípio da insignificância exclui a tipicidade material. Em termos penais por meio de medida provisória, quando convertida em lei.
gerais, os tribunais superiores estabelecem os seguintes requisitos para
b) Não há ofensa ao princípio da reserva legal na criação de tipos
que se possa reconhecer a insignificância da conduta: a) a mínima ofen-
penais por meio de medida provisória, pois houve avaliação prévia
sividade da conduta do agente; b) a ausência de periculosidade social
do Congresso Nacional.
da ação; c) o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; d)
a inexpressividade da lesão jurídica causada. c) Há ofensa ao princípio da reserva legal, pois não é possível a criação
de tipos penais por meio de medida provisória.
(e) Não existe relação entre irrelevância da lesão e crime impossível,
que somente pode ser considerado se o meio eleito pelo agente for d) Há ofensa ao princípio da reserva legal, pois não cabe ao Presidente
absolutamente ineficaz ou se o objeto material visado for absoluta- da República a iniciativa de lei em matéria penal.
mente impróprio para sofrer as consequências da conduta. Se houve
lesão ao bem jurídico, ainda que irrelevante, não se verifica nenhuma Z Anotações / Comentários
das situações de crime impossível. (a, b, c) Segundo o princípio da reserva legal, a infração penal
Gabarito: D
somente pode ser criada por lei em sentido estrito, ou seja, lei com-
350. (FGV/OAB/XX_Exame - 2016 – Prova reaplicada Salvador-BA) plementar ou lei ordinária, aprovada e sancionada de acordo com o
João, primário e de bons antecedentes, utilizando-se de um documento processo legislativo respectivo, previsto na CF/88 e nos regimes internos
particular falso criado por terceira pessoa exclusivamente para tal fim, da Câmara dos Deputados e Senado Federal. Desta maneira, consoante
obteve indevida vantagem econômica em prejuízo de Tamires, exau- lições de Paulo Queiroz: “Medida provisória não pode definir infrações
rindo o potencial lesivo da documentação. Descobertos os fatos dias penais ou cominar penas. Quer pela efemeridade, quer pela incerteza
depois, foi oferecida denúncia pela prática dos crimes de estelionato que traduz, dada a possibilidade de sua não conversão em lei ou de
e uso de documento particular falso, em concurso formal, restando sua rejeição pelo Congresso Nacional, é claramente incompatível com
tipificado sua conduta da seguinte forma: artigos 171 e 304 c/c 298, na o postulado de segurança jurídica que o princípio quer assegurar. Difi-
forma do Art. 70, todos do Código Penal. cilmente se poderá compatibilizar ainda os pressupostos de relevância e
urgência da medida com pretensões criminalizadoras, sobretudo à vista
Em resposta à acusação, buscando possibilitar que o Ministério Público
dos múltiplos constrangimentos que podem ocorrer no curto espaço
ofereça proposta de suspensão do processo, deverá o advogado de
de sua vigência” (Direito Penal – Parte Geral, p. 41).
João requerer o reconhecimento, desde já, de crime único, com base
na aplicação do princípio da (d) A ofensa ao princípio da reserva legal não tem relação com a
iniciativa de lei em matéria penal, mas à vedação a que medida provi-
a) Especialidade.
sória verse sobre lei penal incriminadora.
b) Consunção. Gabarito: C
c) Subsidiariedade. 352. (FGV/OAB/VIII_Exame - 2012) Em relação ao princípio da insig-

d) Alternatividade. nificância, assinale a afirmativa correta.
a) O princípio da insignificância funciona como causa de exclusão da (d) O princípio da lesividade ou da ofensividade é conhecido pelo
culpabilidade. A conduta do agente, embora típica e ilícita, não é brocardo latino nullum crimen sinein iuria e determina que o fato prati-
culpável. cado, para configurar infração penal, deve causar efetiva lesão ou perigo
b) A mínima ofensividade da conduta, a ausência de periculosidade de lesão ao bem jurídico tutelado. Este princípio não se relaciona com
social da ação, o reduzido grau de reprovabilidade do comporta- a responsabilidade penal subjetiva, que pressupõe, para a imputação
mento e a inexpressividade da lesão jurídica constituem, para o do crime, que o agente tenha agido com dolo ou culpa.
Supremo Tribunal Federal, requisitos de ordem objetiva autoriza-
Gabarito: B
dores da aplicação do princípio da insignificância. 2. CLASSIFICAÇÃO DE CRIMES

c) A jurisprudência predominante dos tribunais superiores é acorde
em admitir a aplicação do princípio da insignificância em crimes 354. (Cespe – Defensor Público – DPE – PE/2018) Com relação à
praticados com emprego de violência ou grave ameaça à pessoa classificação dos crimes, julgue os itens a seguir.
(a exemplo do roubo).
I. Denomina-se crime plurissubsistente o crime cometido por vários
d) O princípio da insignificância funciona como causa de diminuição agentes.
de pena.
II. Se o sujeito fizer tudo o que está ao seu alcance para a consumação
Z Anotações / Comentários do crime, mas o resultado não ocorrer por circunstâncias alheias
a sua vontade, configura-se crime falho.
O princípio da insignificância é causa de exclusão da tipicidade, não
da culpabilidade, afastando a tipicidade material. Pode ser entendido III. Havendo, em razão do tipo, dois sujeitos passivos, o crime é deno-
como um instrumento de interpretação restritiva do tipo penal: sendo minado vago.
formalmente típica a conduta e relevante a lesão, aplica-se a norma IV. Crime habitual cometido com ânimo de lucro é denominado crime
penal, ao passo que, havendo somente a subsunção legal, desacom- a prazo.
panhada da tipicidade material, a norma deve ser afastada, pois está
V. Crime praticado por intermédio de automóvel é denominado
o fato atingido pela atipicidade. De acordo com a jurisprudência do
delito de circulação.
STF, a insignificância pressupõe a mínima ofensividade da conduta
do agente, nenhuma periculosidade social da ação, o reduzido grau Estão certos apenas os itens
de reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da lesão a) I e II.
jurídica provocada. Considerados estes requisitos, uma das limitações
b) I e IV.
à incidência do princípio da bagatela é relativa aos crimes cometidos
com violência ou grave ameaça contra a pessoa (STJ: AgRg no AREsp c) II e V.
1.450.515/PI, j. 17/10/2019). d) III e IV.
Gabarito: B
e) III e V.
353. (FGV/OAB/VI_Exame/Duque de Caxias - 2011) Acerca dos princí-
pios que limitam e informam o Direito Penal, assinale a afirmativa correta.
Z Anotações / Comentários
Direito Penal
a) O princípio da insignificância diz respeito aos comportamentos

aceitos no meio social. (I) Crime plurissubsistente é aquele cuja conduta pode ser fra-
cionada em diversos atos. O crime que deve ser cometido por vários
b) A conduta da mãe que autoriza determinada enfermeira da mater- agentes é denominado plurissubjetivo.
nidade a furar a orelha de sua filha recém-nascida não configura
crime de lesão corporal por conta do princípio da adequação social. (II) Dá-se o crime falho (tentativa perfeita ou acabada) quando
o agente, apesar de praticar todos os atos executórios à sua disposi-
c) O princípio da legalidade não se aplica às medidas de segurança,
ção, não consegue consumar o crime por circunstâncias alheias à sua
que não possuem natureza de pena, tanto que somente quanto a
vontade.
elas se refere o art. 1º do Código Penal.
(III) Crime vago é o que não tem sujeito passivo definido, que atinge,
d) O princípio da lesividade impõe que a responsabilidade penal seja
exclusivamente subjetiva, ou seja, a conduta penalmente relevante por exemplo, a coletividade. O crime que, em razão das características
deve ter sido praticada com consciência e vontade ou, ao menos, do tipo, tem dois sujeitos passivos é denominado crime de dupla sub-
com a inobservância de um dever objetivo de cuidado. jetividade passiva.
(IV) Crime a prazo é aquele que se consuma apenas com o decurso
Z Anotações / Comentários de determinado período, como ocorre com a apropriação de coisa
(a) O princípio da insignificância não diz respeito a práticas social- achada, que se consuma se o agente que acha coisa alheia perdida e
mente aceitas, lembrando que o comportamento de alguém que, por dela se apropria, total ou parcialmente, deixa de restituí-la ao dono ou
exemplo, subtrai o patrimônio alheio, ainda que a lesividade seja ínfima, legítimo possuidor, ou de entregá-la à autoridade competente, dentro
não é jamais aceito pela sociedade. Trata-se, tão somente, de desdo- no prazo de quinze dias.
bramento lógico da fragmentariedade (característica da intervenção (IV) O crime de circulação é aquele cometido por meio de um
mínima), impedindo que o Direito Penal incida sobre fatos que não automóvel, mas não necessariamente tratado como crime de trânsito
ofendam efetivamente o bem jurídico tutelado. Ainda que o legisla- (Lei 9.503/97).
dor crie tipos incriminadores em observância aos princípios gerais do Gabarito: C
Direito Penal, poderá ocorrer situação em que a ofensa concretamente

perpetrada seja diminuta, isto é, incapaz de atingir materialmente e de 355. (FGV/OAB/XIV_Exame – 2014) Isadora, mãe da adolescente
forma relevante o bem jurídico. Larissa, de 12 anos de idade, saiu um pouco mais cedo do trabalho e,
ao chegar à sua casa, da janela da sala, vê seu companheiro, Frederico,
(b) O princípio da adequação social foi idealizado por Hans Welzel
mantendo relações sexuais com sua filha no sofá. Chocada com a cena,
e estabelece que, apesar de uma conduta se subsumir ao modelo
não teve qualquer reação. Não tendo sido vista por ambos, Isadora deci-
legal, não será considerada típica se for socialmente adequada ou
diu, a partir de então, chegar à sua residência naquele mesmo horário e
reconhecida, isto é, se estiver de acordo com a ordem social da vida
verificou que o fato se repetia por semanas. Isadora tinha efetiva ciência
historicamente condicionada. O princípio da adequação tem duas
funções precípuas: a) de restringir o âmbito de abrangência do tipo dos abusos perpetrados por Frederico, porém, muito apaixonada por
penal (limitando sua interpretação ao excluir as condutas socialmente ele, nada fez. Assim, Isadora, sabendo dos abusos cometidos por seu
aceitas); b) de orientar o legislador na seleção dos bens jurídicos tutela- companheiro contra sua filha, deixa de agir para impedi-los.
dos, atuando, também, no processo de descriminalização de condutas. Nesse caso, é correto afirmar que o crime cometido por Isadora é
(c) A medida de segurança é espécie de sanção penal, submeten- a) omissivo impróprio.
do-se integralmente ao princípio da legalidade (reserva legal + ante- b) omissivo próprio.
rioridade). Há, no entanto, posicionamento doutrinário (minoritário)
no sentido de que a medida de segurança, com função meramente c) comissivo.
terapêutica, não deve obediência ao princípio da legalidade. d) omissivo por comissão.
Z Anotações / Comentários contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de

Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de
(a) O crime omissivo é a não realização de determinada conduta
economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público.
valiosa (comportamento ideal) a que o agente estava juridicamente
obrigado e que lhe era possível concretizar. Sua prática viola um tipo (d) Consideram-se como extensão do território nacional as embar-
mandamental. No crime omissivo impróprio, no entanto, não basta a cações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do
simples abstenção de comportamento, pois se adota a teoria normativa, governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aerona-
em que o não fazer é penalmente relevante apenas quando o omitente ves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,
tem a obrigação de agir para impedir a ocorrência do resultado. Mais que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou
do que um dever genérico de agir, o omitente tem dever jurídico de em alto-mar. É o que estabelece o art. 5º, § 1º, do CP.
evitar a produção do evento. Se nos crimes omissivos próprios a norma (e) É aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aero-
mandamental decorre do próprio tipo penal, na omissão imprópria ela naves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se
decorre de cláusula geral, prevista no artigo 13, §2º, do Código Penal, aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo
dispositivo que estabelece as hipóteses em que alguém tem o dever correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil (não em
jurídico de impedir o resultado. É esse dever que faz da abstenção um alto-mar, como aponta a assertiva).
comportamento relevante para o Direito Penal. No caso específico do Gabarito: C
enunciado, Isadora responde por estupro de vulnerável por omissão

imprópria porque, sendo mãe de Larissa, tinha por lei a obrigação de 357. (FGV/OAB/XV_Exame – 2018) Francisco, brasileiro, é funcionário
proteção, cuidado e vigilância. do Banco do Brasil, sociedade de economia mista, e trabalha na agência
de Lisboa, em Portugal. Passando por dificuldades financeiras, acaba
(b) No crime omissivo próprio (ou puro) ocorre o descumprimento desviando dinheiro do banco para uma conta particular, sendo o fato
de norma imperativa que determina a atuação do agente. Existe um descoberto e julgado em Portugal. Francisco é condenado pela infração
dever genérico de agir que não é observado pelo destinatário da norma. praticada. Extinta a pena, ele retorna ao seu país de origem e é surpreen-
Este dever, dirigido a todos indistintamente (dever de solidariedade), dido ao ser citado, em processo no Brasil, para responder pelo mesmo
pode ser exemplificado no crime de omissão de socorro. fato, razão pela qual procura seu advogado.
(c) O crime comissivo nada mais é do que a realização (ação) de Considerando as informações narradas, o advogado de Francisco deverá
uma conduta desvaliosa proibida pelo tipo penal incriminador. Sua informar que, de acordo com o previsto no Código Penal,
prática viola um tipo proibitivo. Exemplos: matar alguém (art. 121 do
CP), subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel (art. 155 do CP). a) ele não poderá responder no Brasil pelo mesmo fato, por já ter sido
julgado e condenado em Portugal.
(d) O crime omissivo por comissão é figura não muito comum
tratada por alguns autores. Seria o caso de alguém que atua para fazer b) ele somente poderia ser julgado no Brasil por aquele mesmo fato,
com que outra pessoa se omita, ou seja, um indivíduo, por ação, impede caso tivesse sido absolvido em Portugal.
que outro aja para salvaguardar o bem jurídico. O seguinte exemplo foi c) ele pode ser julgado também no Brasil por aquele fato, sendo
citado por Heleno Claudio Fragoso: Um homem, querendo se ver livre totalmente indiferente a condenação sofrida em Portugal.
para casar-se com outra mulher, impede que o médico preste cuidados d) ele poderá ser julgado também no Brasil por aquele fato, mas a
à sua atual esposa, o que a leva à morte (Crimes omissivos por comis- pena cumprida em Portugal atenua ou será computada naquela
Direito Penal
são? Boletim IBCCrim. N. 265, p. 2 – 3, dez., 2014). imposta no Brasil, em caso de nova condenação.
Gabarito: A
3. EFICÁCIA DA LEI PENAL NO TEMPO E NO ESPAÇO Z Anotações / Comentários

Embora, em regra, a lei brasileira se aplique apenas no território
356. (NUCEPE/PC-PI/Delegado de Polícia – 2018) Em relação à apli- nacional, há situações de extraterritorialidade segundo as quais a lei
cação da lei penal é CORRETO afirmar que: brasileira pode atingir fatos cometidos no estrangeiro. A extraterri-
a) ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro, os torialidade pode ser incondicionada ou condicionada. Na primeira,
crimes cometidos contra a vida ou o patrimônio do Presidente da a lei brasileira é aplicada sem a necessidade de preencher qualquer
República; requisito, ao passo que, na segunda, faz-se necessário o concurso de
algumas condições.
b) ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro, os
crimes praticados por brasileiro; mesmo que o fato não seja punível No enunciado, segundo o qual Francisco cometeu o crime contra
também no país em que foi praticado; sociedade de economia mista brasileira, temos um exemplo de extra-
territorialidade incondicionada. Neste caso, como dispõe o art. 7º, § 1º,
c) ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro,
do CP, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido
os crimes contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito
ou condenado no estrangeiro, embora a pena cumprida naquele país
Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública,
atenue a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas,
sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída
ou nela seja computada, quando idênticas (art. 8º).
pelo Poder Público; Gabarito: D
d) para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território

nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza 358. (Cespe – Delegado de Polícia Federal – DPF/2018 – Adaptada)
privada onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e Em cada um dos itens a seguir, é apresentada uma situação hipotética,
as embarcações brasileiras mercantes, que se achem, respectiva- seguida de uma assertiva a ser julgada com base na legislação de regên-
mente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar; cia e na jurisprudência dos tribunais superiores a respeito de execução
penal, lei penal no tempo, concurso de crimes, crime impossível e
e) é aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aerona- arrependimento posterior.
ves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-
Manoel praticou conduta tipificada como crime. Com a entrada em vigor
-se aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço
de nova lei, esse tipo penal foi formalmente revogado, mas a conduta
aéreo correspondente, e estas em porto ou em alto-mar.
de Manoel foi inserida em outro tipo penal. Nessa situação, Manoel
Z Anotações/Comentários responderá pelo crime praticado, pois não ocorreu a abolitio criminis
com a edição da nova lei.
(a) Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro,
os crimes contra a vida e a liberdade presidente da República (art. 7º, Z Anotações / Comentários
inc. I, a, do CP). Crimes contra o patrimônio do presidente não entram
Dá-se a abolitio criminis no caso de supressão da figura criminosa.
nesta regra.
Trata-se da revogação de um tipo penal pela superveniência de lei
(b) Segundo o art. 7º, inc. II, a, do CP, ficam sujeitos à lei brasileira, descriminalizadora. Nos casos em que o tipo penal é formalmente revo-
embora cometidos no estrangeiro, os crimes praticados por brasilei- gado mas a conduta permanece criminosa porque foi inserida em outro
ros, desde que, evidentemente, o fato seja punível no país em que foi dispositivo não há abolitio criminis, mas continuidade normativo-típica.
praticado. Podemos citar como exemplos o rapto violento, cujo tipo penal (art.
(c) É caso de extraterritorialidade incondicionada, segundo o dis- 219) foi revogado pela Lei 11.106/05, mas a conduta foi transferida para
posto no art. 7º, inc. I, b, do CP, a prática de crime, embora no estrangeiro, o tipo do sequestro (art. 148, § 1º, inc. V, do CP), e o atentado violento
ao pudor, cuja conduta era tipificada no art. 214, mas, com a edição da revogadas (revogação automática); (2) ultratividade – alcançam todos os
Lei 12.015/09, integrou-se ao tipo do estupro. fatos praticados em sua vigência mesmo depois de revogadas, vale dizer,
ainda que o prazo de vigência (na lei temporária) ou as circunstâncias
Gabarito: Certo
359. (FGV/OAB/XXI_Exame - 2016) Revoltado com a conduta de um de anormalidade (na lei excepcional) tenham se desfeito. Isso quer dizer
Ministro de Estado, Mário se esconde no interior de uma aeronave que não se sujeitam ao princípio constitucional da retroatividade da lei
pública brasileira, que estava a serviço do governo, e, no meio da via- penal mais benéfica (art. 5º, XL, CF) – o que se denomina “ultratividade
gem, já no espaço aéreo equivalente ao Uruguai, desfere 05 facadas gravosa” da lei temporária e da lei excepcional. Alguns autores questio-
no Ministro com o qual estava insatisfeito, vindo a causar-lhe lesão nam a constitucionalidade da ultratividade gravosa da lei temporária e
corporal gravíssima. da lei excepcional, mas prevalece, atualmente, que referida ultratividade
é necessária para que tais leis tenham o devido poder intimidatório (sem
Diante da hipótese narrada, com base na lei brasileira, assinale a afir-
a ultratividade, seria possível, por exemplo, que um sujeito praticasse
mativa correta.
vários crimes no último dia de vigência de uma lei temporária e, quando
a) Mário poderá ser responsabilizado, segundo a lei brasileira, com da apuração dos delitos, fosse beneficiado com a retroatividade da lei
base no critério da territorialidade. mais benéfica). Concluindo: na situação descrita no enunciado, João
b) Mário poderá ser responsabilizado, segundo a lei brasileira, com responderá com base na lei temporária vigente entre 20 de agosto
base no critério da extraterritorialidade e princípio da justiça uni- de 2015 e 31 de dezembro de 2015, pois praticou o fato durante a sua
versal. vigência, ou seja, no dia 20 de dezembro de 2015 – incide, “in casu”, a
c) Mário poderá ser responsabilizado, segundo a lei brasileira, com ultratividade gravosa, devendo o julgador considerar as penas da lei
base no critério da extraterritorialidade, desde que ingresse em temporária já revogada (2 a 5 anos de detenção).
Gabarito: B
território brasileiro e não venha a ser julgado no estrangeiro.

d) Mário não poderá ser responsabilizado pela lei brasileira, pois o 361. (FGV/OAB/XIII_Exame – 2014) Considere que determinado
crime foi cometido no exterior e nenhuma das causas de extrater- agente tenha em depósito, durante o período de um ano, 300 kg de
ritorialidade se aplica ao caso. cocaína. Considere também que, durante o referido período, tenha
entrado em vigor uma nova lei elevando a pena relativa ao crime de
Z Anotações / Comentários tráfico de entorpecentes. Sobre o caso sugerido, levando em conta o
Nos termos do art. 5º, §1º, do CP, para efeitos penais, são considera- entendimento do Supremo Tribunal Federal sobre o tema, assinale a
das como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves afirmativa correta.
brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro, a) Deve ser aplicada a lei mais benéfica ao agente, qual seja, aquela
onde quer que se encontrem (“território nacional por extensão ou que já estava em vigor quando o agente passou a ter a droga em
equiparação”, segundo a doutrina). Logo, Mário poderá ser responsabi- depósito.
lizado, segundo a lei brasileira, com base no critério da territorialidade
b) Deve ser aplicada a lei mais severa, qual seja, aquela que passou
(temperada ou mitigada), o qual preconiza que se aplica a lei brasileira,
a vigorar durante o período em que o agente ainda estava com a
sem prejuízo do disposto em convenções, tratados e regras de direito
droga em depósito.
internacional, ao crime cometido no território nacional (art. 5º, “caput”,
Direito Penal
CP). Ressalte-se que não estamos diante de nenhum caso de extrater- c) As duas leis podem ser aplicadas, pois ao magistrado é permitido
ritorialidade, uma vez que esta é a aplicação da lei penal brasileira a fazer a combinação das leis sempre que essa atitude puder bene-
crimes cometidos no exterior, sendo certo que, na situação narrada no ficiar o réu.
enunciado, o crime não foi praticado no estrangeiro, mas sim em local d) O magistrado poderá aplicar o critério do caso concreto, pergun-
considerado pelo CP como extensão do território brasileiro. tando ao réu qual lei ele pretende que lhe seja aplicada por ser, no
Gabarito: A
seu caso, mais benéfica.

360. (FGV/OAB/XIX_Exame - 2016) Em razão do aumento do número
de crimes de dano qualificado contra o patrimônio da União (pena: Z Anotações / Comentários
detenção de 6 meses a 3 anos e multa), foi editada uma lei que passou Aplica-se, nesta situação, a súmula nº 711 do STF, pois a conduta
a prever que, entre 20 de agosto de 2015 e 31 de dezembro de 2015, tal típica de ter em depósito droga sem autorização ou em desacordo com
delito (Art. 163, parágrafo único, inciso III, do Código Penal) passaria a determinação legal ou regulamentar é classificada como permanente.
ter pena de 2 a 5 anos de detenção. João, em 20 de dezembro de 2015, Assim, se lei nova aumenta a pena do crime no curso da conduta, a nova
destrói dolosamente um bem de propriedade da União, razão pela qual reprimenda incidirá no fato iniciado antes de sua vigência.
foi denunciado, em 8 de janeiro de 2016, como incurso nas sanções do Gabarito B
Art. 163, parágrafo único, inciso III, do Código Penal.

362. (FGV/OAB/XI_Exame – 2013) A Lei n. 9.099/95 modificou a espé-
Considerando a hipótese narrada, no momento do julgamento, em
cie de ação penal para os crimes de lesão corporal leve e culposa. De
março de 2016, deverá ser considerada, em caso de condenação, a
acordo com o Art. 88 da referida lei, tais delitos passaram a ser de ação
pena de
penal pública condicionada à representação. Tratando-se de questão
a) 6 meses a 3 anos de detenção, pois a Constituição prevê o princípio relativa à Lei Processual Penal no Tempo, assinale a alternativa que
da retroatividade da lei penal mais benéfica ao réu. corretamente expõe a regra a ser aplicada para processos em curso
b) 2 a 5 anos de detenção, pois a lei temporária tem ultratividade que não haviam transitado em julgado quando da alteração legislativa.
gravosa. a) Aplica-se a regra do Direito Penal de retroagir a lei, por ser norma
c) 6 meses a 3 anos de detenção, pois aplica-se o princípio do tempus mais benigna.
regitactum (tempo rege o ato). b) Aplica-se a regra do Direito Processual de imediatidade, em que a
d) 2 a 5 anos de detenção, pois a lei excepcional tem ultratividade lei é aplicada no momento em que entra em vigor, sem que se
gravosa. questione se mais gravosa ou não.
c) Aplica-se a regra do Direito Penal de irretroatividade da lei, por ser
norma mais gravosa.
O enunciado da questão trata da eficácia da lei penal no tempo,
d) Aplica-se a regra do Direito Processual de imediatidade, em que a
mais especificamente da lei temporária, regulada pelo art. 3º do CP: “A lei
lei é aplicada no momento em que entra em vigor, devendo-se
excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração
questionar se a novatio legis é mais gravosa ou não.
ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato
praticado durante sua vigência”. Enquanto a lei temporária apresenta Z Anotações / Comentários
vigência por um período predeterminado, como no caso da questão, de
outra parte, a lei excepcional depende da duração de alguma situação O art. 2º do CPP contempla a regra segundo a qual norma a pro-
da anormalidade (um fato excepcional, como, por exemplo, uma inun- cessual tem aplicação imediata, de tal forma que os atos processuais
dação, uma crise econômica etc.). A lei temporária e a lei excepcional devem ser exercidos na forma que a lei determinar ao tempo de sua
têm duas características essenciais: (1) autorrevogabilidade – encerrado prática. Pouco importa se o fato delituoso foi cometido anteriormente
o prazo fixado por lei ou cessada a situação anormal, são consideradas à entrada em vigor da lei processual. Qualquer que seja a data do crime,
a lei processual a ser aplicada é a que vigora ao tempo da prática do ato b) É aplicável a lei penal brasileira, pois o caso narrado traz hipótese
processual. Nisto consiste o princípio do tempus regit actum. de extraterritorialidade incondicionada, exigindo- se, apenas, que
Pode ocorrer, contudo, que, por conta da nova ordem processual, o fato não tenha sido alcançado por nenhuma causa extintiva de
a situação do agente experimente melhoria, e que isso reflita na esfera punibilidade no estrangeiro.
penal. Quando da edição da Lei n° 9.099/95, passou-se a exigir a prévia c) É aplicável a lei penal brasileira, pois o caso narrado traz hipótese
representação do ofendido para os crimes de lesão corporal leve e lesão de extraterritorialidade incondicionada, sendo irrelevante o fato
corporal culposa (art. 88). Operou-se nítida vantagem ao autor, pois, de ter sido o agente absolvido no estrangeiro.
se antes a ação penal era pública incondicionada, passou a ter como d) Não é aplicável a lei penal brasileira, pois como o agente é estran-
pressuposto a representação da vítima, que pode não manifestar sua geiro e a conduta foi praticada em território também estrangeiro,
vontade sobre o processo de seu ofensor e provocar a decadência, com as exigências relativas à extraterritorialidade condicionada não
consequente extinção da punibilidade. Neste caso, a própria Lei 9.099/95 foram satisfeitas.
trouxe a solução, na medida em que, seu art. 91, concedeu o prazo de 30
dias para que a vítima ou seu representante legal ofertassem a respectiva Z Anotações / Comentários
representação, sob pena de decadência, em crimes que haviam sido
cometidos antes da entrada em vigor da condição de procedibilidade. A questão trata do tema da eficácia da lei penal no espaço, mais
Gabarito: A
especificamente da extraterritorialidade da lei penal brasileira. A extra-
territorialidade nada mais é do que a aplicação da lei penal brasileira a
363. (FGV/OAB/IX_Exame/Ipatinga - 2013) Determinado estado, crimes cometidos no exterior, tendo suas hipóteses descritas no art. 7º
membro da Federação, editou lei excepcional em 1º de março de 2011, do CP. O enunciado aborda hipótese prevista no inciso I do art. 7º: “Ficam
criminalizando a conduta de utilizar telefone celular no interior de agên- sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro, os crimes
cias bancárias. Com base no fato relatado, assinale a afirmativa correta. contra a vida ou a liberdade do Presidente da República”. Tal hipótese
a) Não será aplicada ao fato praticado durante sua vigência, cessadas as consagra, segundo a doutrina, o “princípio da proteção, da defesa ou
circunstâncias que a determinaram. real” e representa caso de extraterritorialidade incondicionada, nos
b) É inconstitucional por força do princípio da culpabilidade. termos do §1º do mesmo art. 7º. Na extraterritorialidade incondicionada,
o agente é punido segundo a lei brasileira mesmo que tenha sido absol-
c) É inconstitucional porque somente a União pode legislar em maté- vido ou condenado no estrangeiro. Portanto, na situação narrada pelo
ria de direito penal. enunciado, será aplicável, sim, a lei penal brasileira, sendo indiferente
d) Poderá retroagir para alcançar fatos anteriores à sua vigência por o fato de Pierre já ter sido absolvido no estrangeiro (justamente por se
força do brocardo “in dubio pro societate”. tratar de extraterritorialidade incondicionada).
Gabarito: C
365. (FGV/OAB/VII_Exame - 2012) John, cidadão inglês, capitão de
(a) As leis excepcionais e temporárias se aplicam aos fatos pratica- uma embarcação particular de bandeira americana, é assassinado por
dos durante sua vigência, embora decorrido o período de sua duração José, cidadão brasileiro, dentro do aludido barco, que se encontrava
ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, conforme expres- atracado no Porto de Santos, no Estado de São Paulo. Nesse contexto,
samente determina o art. 3º do CP. Trata-se da ultratividade das leis
Direito Penal
é correto afirmar que a lei brasileira
temporárias e excepcionais, que pode, inclusive, ser gravosa. a) não é aplicável, uma vez que a embarcação é americana, devendo
(b) A questão não se reporta ao princípio da culpabilidade. Este José ser processado de acordo com a lei estadunidense.
princípio traz um limite ao Estado quanto à punição do agente. Segundo b) é aplicável, uma vez que a embarcação estrangeira de propriedade
este princípio, a imposição de pena pelo Estado só será possível ao privada estava atracada em território nacional.
agente penalmente imputável, com potencial consciência da ilicitude
e passível de exigibilidade de conduta diversa. Saliente-se, ainda, exis- c) é aplicável, uma vez que o crime, apesar de haver sido cometido
tirem autores que tratam o princípio da culpabilidade como sinônimo em território estrangeiro, foi praticado por brasileiro.
do princípio da responsabilidade subjetiva, segundo o qual não há d) não é aplicável, uma vez que, de acordo com a Convenção de Viena,
crime sem dolo ou culpa (vedação da responsabilidade objetiva em é competência do Tribunal Penal Internacional processar e julgar
matéria penal). os crimes praticados em embarcação estrangeira atracada em
(c) Nos termos do art. 22, I, da Constituição Federal, compete território de país diverso.
privativamente à União legislar sobre matéria de Direito Penal. Então,
de fato, a lei mencionada no enunciado é inconstitucional, por violar a
repartição de competências legislativas fixada pela nossa Carta Maior. A questão aborda o tema da eficácia da lei penal no espaço, mais
(d) Na verdade, a lei excepcional e a lei temporária detêm a carac- especificamente do princípio da territorialidade. Segundo se extrai do
terística de ultratividade, sendo aplicada a fatos ocorridos durante sua art. 5º, § 2º, do CP, as embarcações e aeronaves estrangeiras de domínio
vigência - e não a fatos anteriores a sua vigência - mesmo após sua privado não são consideradas extensão do território do respectivo país
revogação (art. 3º CP). Essa ultratividade pode, inclusive, ser gravosa, quando situadas no território brasileiro. Logo, no caso narrado no enun-
a fim de se preservar o caráter intimidatório das leis temporárias e ciado, a lei brasileira é aplicável pelo fato de a embarcação americana
excepcionais. Não há que se falar em incidência do brocardo “in dubio ser privada e estar atracada em porto localizado no território brasileiro.
pro societate”, uma vez que tal brocardo possui, na realidade, reflexos Vejamos, nesse diapasão, a redação do dispositivo supracitado: “É tam-
processuais. Exemplo: segundo os tribunais superiores, no momento bém aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves
do recebimento da denúncia, se o juiz estiver na dúvida, deve recebê- ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se
-la, a fim de se preservar o interesse estatal na apuração processual aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo
do delito – por isso, “in dubio pro societate” (“na dúvida, a favor da correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil”. Diversa
sociedade”). Destaque-se, contudo, que no momento do julgamento, seria a situação se a embarcação estrangeira fosse pública ou estivesse
incide o brocardo “in dubio pro reo” (se o juiz estiver na dúvida acerca a serviço de governo estrangeiro – nesse caso, a lei brasileira não seria
da responsabilidade do réu pelo fato, deve absolvê-lo, como reflexo do aplicável a crime praticado em seu interior, ainda que tal embarcação
princípio constitucional da presunção de inocência). estivesse dentro do nosso território.
Gabarito: B
Gabarito: C
364. (FGV/OAB/XI_Exame - 2013) No ano de 2005, Pierre, jovem fran- 366. (FGV/OAB/V_Exame - 2011) Acerca da aplicação da lei penal no
cês residente na Bulgária, atentou contra a vida do então presidente do tempo e no espaço, assinale a alternativa correta.
Brasil que, na ocasião, visitava o referido país. Devidamente processado, a) Se um funcionário público a serviço do Brasil na Itália praticar,
segundo as leis locais, Pierre foi absolvido. Considerando apenas os naquele país, crime de corrupção passiva (art. 317 do Código
dados descritos, assinale a afirmativa correta. Penal), ficará sujeito à lei penal brasileira em face do princípio da
a) Não é aplicável a lei penal brasileira, pois como Pierre foi absolvido extraterritorialidade.
no estrangeiro, não ficou satisfeita uma das exigências previstas à b) O ordenamento jurídico-penal brasileiro prevê a combinação de
hipótese de extraterritorialidade condicionada. leis sucessivas sempre que a fusão puder beneficiar o réu.
c) Na ocorrência de sucessão de leis penais no tempo, não será possí- sentido, não custa observar julgado do STJ: “A vedação à combinação
vel a aplicação da lei penal intermediária mesmo se ela configurar de leis é sufragada por abalizada doutrina. A orientação que prevalece
a lei mais favorável. atualmente na jurisprudência do Pretório Excelso não admite a combi-
d) As leis penais temporárias e excepcionais são dotadas de ultra-ati- nação de leis em referência.” (STJ, EREsp 1094499).
vidade. Por tal motivo, são aplicáveis a qualquer delito, desde que (c) De acordo com o entendimento do STF: “II. Lei penal no tempo:
seus resultados tenham ocorrido durante sua vigência. incidência da norma intermediária mais favorável. Dada a garantia
constitucional de retroatividade da lei penal mais benéfica ao réu, é
Z Anotações / Comentários consensual na doutrina que prevalece a norma mais favorável, que tenha
(a) A questão se reporta a crime cometido contra a administração tido vigência entre a data do fato e a da sentença: o contrário implicaria
pública. Esta hipótese está elencada no art. 7º, I, c do CP. Trata-se de retroação da lei nova, mais severa, de modo a afastar a incidência da lei
extraterritorialidade incondicionada, devendo ser aplicada, portanto, intermediária, cuja prevalência, sobre a do tempo do fato, o princípio da
lei brasileira. Determina o § 1º do art. 7º do CP que, “nos casos do inciso retroatividade in melius já determinara” (STF, RE 418876).
I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou (d) As leis temporárias e excepcionais são dotadas de ultra-ativi-
condenado no estrangeiro”. dade. São aplicáveis a FATOS praticados durante sua vigência, embora
(b) O ordenamento jurídico brasileiro não admite a combinação decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias
que a determinaram (art. 3º do CP). Observe-se que o resultado pode
de leis sucessivas, ainda que esta fusão beneficie o réu. Isto porque tal
ocorrer também em momento posterior à ação ou omissão do agente
operação levaria a criação de uma terceira lei. Desta forma, aplica-se a
(art. 4º do CP).
lei que, em sua integralidade, seja concretamente a mais benéfica. Neste Gabarito: A
Direito Penal
DIREITO PROCESSUAL PENAL

Ricardo Silvares
Algumas das questões aqui dispostas foram comentadas pela esse elemento como base indiciária. Porém, baseando-se a denúncia
equipe Juspodivm. também em outras provas, não haverá qualquer invalidação da ação
penal. Note-se que o vício de um ato do inquérito não provoca a anu-
lação da ação penal. O problema aqui foi apenas de base probatória
2. DO INQUÉRITO POLICIAL para a denúncia.
(d) se o acusado é civilmente identificado, não deveria passar pelo
367. (FGV/OAB/XXVII_Exame – 2018) Após receber denúncia anô- processo de identificação criminal, salvo se presente autorização legal.
nima, por meio de disque- denúncia, de grave crime de estupro com Essa é a regra.
resultado morte que teria sido praticado por Lauro, 19 anos, na semana
Gabarito: A
pretérita, a autoridade policial, de imediato, instaura inquérito policial 368. (FGV/OAB/XXVI_Exame – 2018) Um Delegado de Polícia, ao
para apurar a suposta prática delitiva. Lauro é chamado à Delegacia e tomar conhecimento de um suposto crime de ação penal pública
apresenta sua identidade recém-obtida; em seguida, é realizada sua incondicionada, determina, de ofício, a instauração de inquérito policial.
identificação criminal, com colheita de digitais e fotografias. Após adotar diligência, verifica que, na realidade, a conduta investigada
Em que pese não ter sido encontrado o cadáver até aquele momento era atípica.
das investigações, a autoridade policial, para resguardar a prova, pre- O indiciado, então, pretende o arquivamento do inquérito e procura seu
tende colher material sanguíneo do indiciado Lauro para fins de futuro advogado para esclarecimentos, informando que deseja que o inquérito
confronto, além de desejar realizar, com base nas declarações de uma seja imediatamente arquivado. Considerando as informações narradas,
testemunha presencial localizada, uma reprodução simulada dos fatos; o advogado deverá esclarecer que a autoridade policial
no entanto, Lauro se recusa tanto a participar da reprodução simulada
a) deverá arquivar imediatamente o inquérito, fazendo a decisão de
Direito Processual Penal

quanto a permitir a colheita de seu material sanguíneo. É, ainda, rea-
lizado o reconhecimento de Lauro por uma testemunha após ser-lhe arquivamento por atipicidade coisa julgada material.
mostrada a fotografia dele, sem que fossem colocadas imagens de b) não poderá arquivar imediatamente o inquérito, mas deverá enca-
outros indivíduos com características semelhantes. minhar relatório final ao Poder Judiciário para arquivamento direto
Ao ser informado sobre os fatos, na defesa do interesse de seu cliente, e imediato por parte do magistrado.
o(a) advogado(a) de Lauro, sob o ponto de vista técnico, deverá alegar c) deverá elaborar relatório final de inquérito e, após o arquivamento,
que poderá proceder a novos atos de investigação, independentemente
a) o inquérito policial não poderia ser instaurado, de imediato, com da existência de provas novas.
base em denúncia anônima isoladamente, sendo exigida a reali- d) poderá elaborar relatório conclusivo, mas a promoção de arqui-
zação de diligências preliminares para confirmar as informações vamento caberá ao Ministério Público, havendo coisa julgada em
iniciais. caso de homologação do arquivamento por atipicidade.
b) o indiciado não poderá ser obrigado a fornecer seu material san-
guíneo para a autoridade policial, ainda que seja possível constran-
gê-lo a participar da reprodução simulada dos fatos, independen- O inquérito policial não pode ser arquivado pela autoridade policial,
temente de sua vontade. como deixa absolutamente claro o art. 17 do CPP. Na verdade, caberá a
c) o vício do inquérito policial, no que tange ao reconhecimento de tal autoridade apenas encerrar o inquérito, se constatada a atipicidade,
pessoa, invalida a ação penal como um todo, ainda que baseada registrando essa circunstância no relatório final. Então, caberá ao
em outros elementos informativos, e não somente no ato viciado. Ministério Público promover o arquivamento, isto é, requerer ao juiz
o arquivamento. O juiz o ordenará, como se vislumbra da redação do
d) a autoridade policial, como regra, deverá identificar criminalmente art. 18 do mesmo Código.
o indiciado, ainda que civilmente identificado, por meio de pro- Gabarito: D
cesso datiloscópico, mas não poderia fazê-lo por fotografias.

369. (FGV/OAB/XXV_Exame – 2018) Maria, 15 anos de idade, compa-
Z Anotações/Comentários rece à Delegacia em janeiro de 2017, acompanhada de seu pai, e narra
que João, 18 anos, mediante grave ameaça, teria constrangido-a a
(a) é pacífico na jurisprudência das Cortes Superiores que não pode
manter com ele conjunção carnal, demonstrando interesse, juntamente
a autoridade policial instaurar inquérito policial com base exclusiva-
com seu representante, na responsabilização criminal do autor do fato.
mente em denúncia anônima. Deve, nesse caso, primeiro fazer diligên-
Instaurado inquérito policial para apurar o crime de estupro, todas as
cias para verificar a verossimilhança da denúncia, para somente depois,
testemunhas e João afirmaram que a relação foi consentida por Maria,
colhendo elementos que indiquem ter a denúncia algum embasamento,
razão pela qual, após promoção do Ministério Público pelo arquiva-
instaurar o inquérito. No caso, havia apenas a denúncia anônima, razão
mento por falta de justa causa, o juiz homologou o arquivamento com
pela qual a defesa poderá impetrar habeas corpus em primeiro grau,
base no fundamento apresentado. Dois meses após o arquivamento,
visando ao trancamento do procedimento investigatório.
uma colega de classe de Maria a procura e diz que teve medo de contar
(b) o investigado não é obrigado a produzir prova contra si mesmo antes a qualquer pessoa, mas em seu celular havia filmagem do ato
(nemo tenetur se detegere), o que inclui a ausência de obrigação de adotar sexual entre Maria e João, sendo que no vídeo ficava demonstrado
qualquer comportamento ativo para a produção de provas ou de tolerar o emprego de grave ameaça por parte deste. Maria, então, entrega o
procedimentos corporais invasivos. Portanto, não poderia ser obrigado vídeo ao advogado da família.
a participar da reprodução simulada dos fatos. Considerando a situação narrada, o advogado de Maria
(c) o reconhecimento fotográfico não observou, de modo injustifi- a) nada poderá fazer sob o ponto de vista criminal, tendo em vista
cado, o procedimento previsto no CPP para o reconhecimento pessoal, que a decisão de arquivamento fez coisa julgada material.
razão pela qual tal elemento informativo do inquérito poderá ser
invalidado. Ocorre que isso não provocará a invalidação da ação penal, b) poderá apresentar o vídeo ao Ministério Público, sendo possível o
necessariamente, salvo se a denúncia tiver sido oferecida apenas tendo desarquivamento do inquérito ou oferecimento de denúncia por
parte do Promotor de Justiça, em razão da existência de prova nova.
c) nada poderá fazer sob o ponto de vista criminal, tendo em vista que, e venda, inclusive pela internet, depósito ou distribuição do produto
apesar de a decisão de arquivamento não ter feito coisa julgada falsificado, corrompido, adulterado ou alterado.
material, o vídeo não poderá ser considerado prova nova, já que (b) não há tal previsão na Lei 10.446, de modo que a atribuição da
existia antes do arquivamento do inquérito. Polícia Federal dependerá de haver interesse da União.
d) poderá iniciar, de imediato, ação penal privada subsidiária da (c) a Polícia Federal pode investigar esses crimes, desde que o
pública em razão da omissão do Ministério Público no oferecimento agente tenha atuado impelido por motivação política ou quando pra-
de denúncia em momento anterior. ticado em razão da função pública exercida pela vítima.
Z Anotações/Comentários (d) desde de que as cargas sejam transportadas em operação
interestadual ou internacional, quando houver indícios da atuação de
O inquérito policial foi arquivado por falta de justa causa para quadrilha ou bando em mais de um Estado da Federação.
propositura da ação penal. Nesse caso, a decisão que homologa a
(e) não há tal previsão na Lei 10.446.
promoção de arquivamento não gera efeitos de coisa julgada material, Gabarito: A
mas apenas formal, razão pela qual, surgindo provas novas, pode ser
oferecida denúncia. É o que se extrai do art. 18 do CPP e da Súmula 524 372. (VUNESP/TJ-SP/Juiz de Direito – 2017) Durante o inquérito, o
da STF (“Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requeri- advogado
mento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada sem a) pode assistir a seus clientes investigados durante a apuração de
novas provas”). No caso, a filmagem é prova nova, pois desconhecida infrações, sob pena de nulidade absoluta do respectivo interroga-
quando da manifestação do Ministério Público, sendo possível o pedido tório ou depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos
de desarquivamento e oferecimento de denúncia. investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta
ou indiretamente, mas não pode apresentar razões e quesitos.
Gabarito: B
370. (FCC/MP-PB/Promotor de Justiça – 2018) Nos crimes em que não b) não precisa apresentar procuração para examinar autos sujeitos a
couber ação penal de iniciativa pública, concluído o inquérito policial, sigilo, desde que ainda não conclusos à autoridade.
o delegado deverá c) pode ter delimitado, pela autoridade competente, o acesso aos
a) remeter os autos ao juízo competente, onde aguardarão a iniciativa elementos de prova relacionados a diligências em andamento
do ofendido. e ainda não documentadas nos autos, quando houver risco de
b) remeter os autos ao Ministério Público, pois é o titular constitucional comprometimento da eficiência, da eficácia ou da finalidade das
da ação penal. diligências.
c) arquivar os autos na repartição policial, onde aguardarão a iniciativa d) pode examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir
do ofendido. a investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de
investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento,
d) intimar o ofendido do prazo decadencial para a propositura de
ainda que conclusos à autoridade, mas não pode copiar peças e
ação penal.
tomar apontamentos por meio digital.
e) entregar os autos ao ofendido ou seu representante legal, comu-
nicando o juízo competente. Z Anotações/Comentários
Z Anotações/Comentários (a) o advogado pode acompanhar seus cliente em qualquer ato

do inquérito em que este tiver de participar e sua ausência, quando
(a, c, d) a questão, ao dizer que não se trata de ação penal pública, requerida a presença pelo investigado, pode gerar invalidação do ato
somente pode estar se referindo à ação penal privada. O CPP, nesse realizado (não do inquérito). Porém, não há qualquer obrigação em se
ponto, tem regramento expresso sobre a hipótese aqui tratada. Diz o art. permitir a presença da defesa nos demais atos de investigação, até por-
19: “Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do inquérito que não é o inquérito procedimento contraditório. Por fim, o advogado
serão remetidos ao juízo competente, onde aguardarão a iniciativa do pode apresentar razões e quesitos, como permite o Estatuto da OAB.
ofendido ou de seu representante legal, ou serão entregues ao reque- Trata-se do exercício da ampla defesa, não do contraditório.
rente, se o pedir, mediante traslado”.
(b) se os autos estão com o sigilo externo limitado, por óbvio que o
(b) pela atual sistemática do CPP, os autos devem ser encaminhados advogado deverá mostrar vínculo com o investigado, a fim de que seja
ao juízo competente, até porque nem teria razão para o encaminha- aplicada a Súmula Vinculante 14 do STF.
mento ao Ministério Público, que não tem legitimidade para a propo-
(c) a Súmula Vinculante 14 do STF obriga o delegado de polícia a
situra da ação penal privada.
permitir ao advogado o acesso a todos os elementos já documentados
(e) cabe ao juízo entregar os autos ao ofendido, mediante traslado. nos autos do inquérito. Portanto, se em curso alguma diligência ainda
Gabarito: A
não documentada, pode o delegado deixar de exibi-la ao advogado.

371. (FCC/DPE-AM/Defensor Público – 2018) A apuração das infra- Ademais, permite-se a limitação da publicidade do inquérito quando
ções penais, conforme o disposto no artigo 144 parágrafos 1o, I, e 4o, esta prejudicar diligência em andamento, bastando que se pense numa
compete às Polícias Federal e Civil dos Estados. A atribuição da Polícia interceptação telefônica que, se chegar ao conhecimento do investi-
Federal pressupõe infrações penais contra a ordem política e social gado, restará totalmente prejudicada.
ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas (d) pode o advogado tomar notas, fazer apontamentos e fazer
entidades autárquicas e empresas públicas, bem como de infração cópia por meio digital.
penal cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e
Gabarito: C
exija repressão uniforme. Neste último caso, sem prejuízo da respon- 373. (VUNESP/DPE-RO/Defensor Público – 2017) A respeito da identi-
sabilidade dos órgãos de segurança pública, poderá o Departamento ficação criminal do civilmente identificado, assinale a alternativa correta.
de Polícia Federal investigar qualquer caso de
a) É obrigatório mencionar a identificação criminal do indiciado em
a) falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto des- atestados de antecedentes ou em informações não destinadas ao
tinado a fins terapêuticos ou medicinais. juízo criminal, antes do trânsito em julgado da sentença condena-
b) crimes contra as relações de consumo previstos na Lei no 8.137/1990. tória.
c) sequestro, cárcere privado e extorsão mediante sequestro. b) Em sendo processado criminalmente, o civilmente identificado será
d) furto, roubo ou receptação de cargas. sempre submetido à identificação criminal.
e) homicídio qualificado de grande repercussão local, desde que c) A identificação do perfil genético será armazenada em banco de
autorizados pelo Ministro da Justiça. dados, sem reserva de sigilo.
d) No caso de absolvição, é facultado ao réu, após o trânsito em jul-
Z Anotações/Comentários gado da sentença, requerer a retirada da identificação fotográfica
(a) de acordo com o art. 1º, V, da Lei 10.446/2002, poderá a Polícia do processo, desde que apresente provas de sua identificação civil.
Federal investigar os crimes de falsificação, corrupção, adulteração e) É facultada na identificação criminal a realização do processo
ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais datiloscópico.
Z Anotações/Comentários a) nada poderá ser feito, pois o arquivamento do inquérito policial

fez coisa julgada material.
(a) de acordo com o art. 6º da Lei 12.037, é vedado mencionar a
identificação criminal do indiciado em atestados de antecedentes ou b) a carta escrita por Bruno pode ser considerada prova nova e justifi-
em informações não destinadas ao juízo criminal, antes do trânsito em car o desarquivamento do inquérito pela autoridade competente.
julgado da sentença condenatória. c) nada poderá ser feito, pois a carta escrita antes do arquivamento
(b) somente será realizada a identificação criminal do civilmente não pode ser considerada prova nova.
identificado se houve necessidade. Além disso, a Lei 12.037 regula quais d) pela falta de justa causa, o arquivamento poderia ter sido determi-
são os casos em que tal necessidade aparece. nado diretamente pela autoridade policial, independentemente de
(c) obviamente, a regra legal não poderia ser outra: “Os dados cons- manifestação do Ministério Público ou do juiz.
tantes dos bancos de dados de perfis genéticos terão caráter sigiloso,
respondendo civil, penal e administrativamente aquele que permitir Z Anotações/Comentários
ou promover sua utilização para fins diversos dos previstos nesta Lei (a) O arquivamento por ausência de justa causa, que ocorre quando
ou em decisão judicial” (art. 5º-A, § 2º, Lei 12.037). não há elementos informativos suficientes a respeito da autoria e/ou da
(d) é a previsão do art. 7º da lei citada, que se aplica também aos materialidade do delito, não faz coisa julgada material (STJ, HC 220163),
casos de não oferecimento de denúncia (arquivamento) ou sua rejeição. razão pela qual o inquérito policial pode ser desarquivado com o sur-
gimento de provas novas.
(e) faz parte da identificação criminal o processo datiloscópico ou
fotográfico. (b, c) Indispensável o conhecimento, nesse tema, do teor do art. 18
Gabarito: D
do CPP e da Súmula 524 do STF. O art. 18 do CPP prevê que depois de

ordenado o arquivamento do inquérito policial pela autoridade judi-
374. (CESPE/PGE-SE/Procurador do Estado – 2017) A respeito de ciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá
inquérito policial, assinale a opção correta. proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia. De seu
a) O arquivamento desse tipo de investigação criminal nunca faz turno, a Súmula 524 do STF, no mesmo sentido, dispõe que arquivado
coisa julgada material, podendo a investigação ser desarquivada o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do promotor
a qualquer tempo, se surgirem novas provas. de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas. No
b) A prorrogação de prazo em inquéritos policiais para ulteriores caso, a carta escrita por Bruno, desconhecida pela Autoridade Policial
diligências é possível quando o fato for de difícil elucidação, ainda e pelo Ministério Público à época do arquivamento, constitui prova
que o indiciado esteja preso. substancialmente nova, que pode ser utilizada para desarquivar o
inquérito policial.
c) O arquivamento desse conjunto de atos e diligências pode ser
determinado, de ofício, pelo magistrado. (d) O inquérito policial é indisponível, ou seja, não pode ser arqui-
vado pela própria autoridade policial. Nesse sentido, prevê o art. 17
d) O inquérito policial, por ser uma peça investigatória obrigatória, do CPP: “A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de

não pode ser dispensado quando da propositura da ação penal. inquérito.” A atribuição para promover o arquivamento do inquérito
e) O inquérito policial pode ser instaurado com base em denúncia policial é exclusivamente da autoridade judiciária, após manifestação
anônima, desde que comprovada por elementos informativos favorável do membro do Ministério Público, titular da ação penal.
prévios que denotem a verossimilhança da comunicação.
Gabarito: B
376. (FGV/OAB/XVI_Exame – 2015) O inquérito policial pode ser

definido como um procedimento investigatório prévio, cuja principal
(a) há coisa julgada material se o arquivamento se der por atipici- finalidade é a obtenção de indícios para que o titular da ação penal
dade da conduta. Há controvérsia quanto ao arquivamento por causa de possa propô-la contra o suposto autor da infração penal.
exclusão da ilicitude: para a doutrina majoritária e STJ, há coisa julgada Sobre o tema, assinale a afirmativa correta.
material; para o STF, apenas coisa julgada formal, podendo o caso ser
desarquivado se surgirem provas novas. Em caso de arquivamento por a) A exigência de indícios de autoria e materialidade para ofereci-
falta de provas, poderá haver o desarquivamento em caso de provas mento de denúncia torna o inquérito policial um procedimento
indispensável.
novas, havendo também coisa julgada formal.
b) O despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito
(b) estando preso, não é possível a prorrogação do prazo. Nesse
policial é irrecorrível.
caso, se concedido novo prazo, deverá ser solto o imputado, sob pena
de constrangimento ilegal. c) O inquérito policial é inquisitivo, logo o defensor não poderá ter
acesso aos elementos informativos que nele constem, ainda que
(c) não se admite o arquivamento de ofício, já tendo assim decidido
já documentados.
o STF. Portanto, para que o juiz arquive o inquérito, há necessidade de
requerimento do Ministério Público. d) A autoridade policial, ainda que convencida da inexistência do
crime, não poderá mandar arquivar os autos do inquérito já ins-
(d) ao contrário, o inquérito não é imprescindível, devendo acom-
taurado.
panhar a denúncia apenas quando esta tiver nele se embasado.
(e) trata-se de jurisprudência pacífica dos tribunais superiores. Z Anotações/Comentários
Esse ponto, como é possível verificar neste tópico, é muito cobrado
(a) O inquérito policial tem como uma de suas principais caracterís-
em concursos.
Gabarito: E
ticas a dispensabilidade, isto é, trata-se de procedimento dispensável
para o oferecimento da denúncia ou queixa. Isso quer dizer que a inicial
375. (FGV/OAB/XVII_Exame – 2015) No dia 01/04/2014, Natália rece- acusatória pode ser oferecida com base em peças informativas diversas
beu cinco facadas em seu abdômen, golpes estes que foram a causa do inquérito policial. Nada obstante, se o inquérito policial servir de base
eficiente de sua morte. Para investigar a autoria do delito, foi instaurado para o oferecimento da denúncia ou queixa, deverá acompanhá-la, nos
inquérito policial e foram realizadas diversas diligências, dentre as termos do art. 12 do CPP.
quais se destacam a oitiva dos familiares e amigos da vítima e exame (b) De acordo com o art. 5º, §2º, do CPP, caso seja indeferido o
pericial no local. requerimento de abertura de inquérito policial pela Autoridade Policial,
Mesmo após todas essas medidas, não foi possível obter indícios sufi- admitir-se-á recurso para o chefe de Polícia (pode ser o Delegado-Geral
cientes de autoria, razão pela qual o inquérito policial foi arquivado pela da Polícia Civil ou o Secretário de Segurança Pública, a depender do
autoridade judiciária por falta de justa causa, em 06/10/2014, após mani- Estado. Na Polícia Federal, será o Superintendente da Polícia Federal.).
festação nesse sentido da autoridade policial e do Ministério Público. (c) De fato, o inquérito policial é um procedimento inquisitivo, por
Ocorre que, em 05/01/2015, a mãe de Natália encontrou, entre os bens não admitir o exercício das garantias constitucionais do contraditório
da filha que ainda guardava, uma carta escrita por Bruno, ex-namorado e da ampla defesa. Contudo, é certo que o inquérito policial admite um
de Natália, em 30/03/2014, em que ele afirmava que ela teria 24 horas mínimo de contraditório (mitigado), até porque tem natureza jurídica de
para retomar o relacionamento amoroso ou deveria arcar com as con- procedimento administrativo. Nesse sentido, é possível que o defensor
sequências. A referida carta foi encaminhada para a autoridade policial. tenha acesso aos elementos de informação já documentados aos autos
Nesse caso, do inquérito policial, conforme se extrai da Súmula Vinculante 14: “É
direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos Z Anotações/Comentários

elementos de prova que, já documentados em procedimento investiga- Nessa situação, o Promotor de Justiça deverá requerer o arquiva-
tório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam mento do inquérito policial, pois ausente uma das condições essenciais
respeito ao exercício do direito de defesa.”. Nota-se, assim, que esse para o exercício da ação penal, qual seja, o interesse de agir. Em outras
direito de advogado é retrospectivo, e não prospectivo (permite acesso palavras: considerando que as penas do delito estão prescritas, não há
aos elementos de informação já documentados, mas não autoriza a mais interesse do Estado na persecução penal. Como o CPP não traz
ciência de diligências futuras, a fim de que a eficácia da investigação expressamente as hipóteses que ensejam o arquivamento do inquérito
não seja prejudicada). policial, valemo-nos, por analogia, das causas de rejeição da denúncia
(d) O inquérito policial é procedimento indisponível, que não pode previstas no art. 395 do CPP. Na situação do enunciado, o membro do
ser arquivado pela própria autoridade policial. Nesse sentido, o art. 17 Ministério Público deve requerer o arquivamento do inquérito policial
do CPP: “A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de com fundamento no art. 395, II, do CPP (“A denúncia ou queixa será
inquérito.”. Portanto, cabe somente ao Juiz promover o arquivamento rejeitada quando: II – faltar pressuposto processual ou condição para
o exercício da ação penal”).
do inquérito policial, após requerimento nesse sentido do membro do Gabarito: D
Ministério Público.
Gabarito: D
379. (FGV/OAB/VIII_Exame – 2012) Um Delegado de Polícia determina

a instauração de inquérito policial para apurar a prática do crime de
377. (FGV/OAB/XII_Exame – 2013) Quanto ao inquérito policial, assi- receptação, supostamente praticado por José. Com relação ao Inqué-
nale a afirmativa incorreta. rito Policial, assinale a afirmativa que não constitui sua característica.
a) O inquérito policial poderá ser instaurado de ofício pela Autoridade a) Escrito.
Policial nos crimes persequíveis por ação penal pública incondicio-
b) Inquisitório.
nada.
c) Indispensável.
b) O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de repre-
sentação, não poderá ser iniciado sem ela. d) Formal.
c) Nos crimes de ação penal privada, não caberá instauração de Z Anotações/Comentários
inquérito policial, mas sim a lavratura de termo circunstanciado.
(a, d) O inquérito policial é um procedimento escrito e formal, con-
d) O inquérito policial, mesmo nos crimes hediondos, poderá ser forme se extrai do art. 9º do CPP: “Todas as peças do inquérito policial
dispensável para o oferecimento de denúncia. serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste
caso, rubricadas pela autoridade.”.
(b) De fato, o inquérito policial é um procedimento inquisitivo, por
(a) Em razão do princípio da obrigatoriedade, o inquérito policial não admitir o exercício das garantias do contraditório e da ampla defesa.
será instaurado de ofício pela autoridade policial, independentemente Contudo, é certo que o inquérito policial admite um mínimo de contra-
de provocação de qualquer pessoa, sempre que tiver conhecimento ditório (mitigado), até porque tem natureza jurídica de procedimento
da ocorrência de um crime de ação penal pública incondicionada a adminitrativo. Nesse sentido, é possível que o defensor tenha acesso aos
partir de suas atividades rotineiras, nos termos do art. 5º, I, do CPP. A elementos de informação já documentados aos autos do inquérito poli-
instauração do inquérito policial de ofício tem como peça inaugural cial, conforme se extrai da Súmula Vinculante 14: “É direito do defensor,
a portaria. no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova
que, já documentados em procedimento investigatório realizado por
(b) Quando a ação penal for de iniciativa pública condicionada à
órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercí-
representação, o inquérito policial não poderá ser instaurado enquanto
cio do direito de defesa.”. Nota-se, assim, que esse direito de advogado
esta não for oferecida pela vítima ou por seu representante legal. é retrospectivo, e não prospectivo (permite acesso aos elementos de
Portanto, para a instauração do inquérito policial nos casos de crimes informação já documentados, mas não autoriza a ciência de diligências
de ação penal pública condicionada há necessidade de manifestação futuras, a fim de que a eficácia da investigação não seja prejudicada).
da vítima ou de seu representante legal no sentido de que possuem
(c) A indispensabilidade não constitui característica do inquérito
interesse no início da persecução penal, conforme o art. 5º, §4º.
policial, pois a ação penal pode ser proposta com base em peças infor-
(c) A lavratura do termo circunstanciado tem lugar quando a infra- mativas diversas do inquérito, como o relatório de CPI e o procedimento
ção penal praticada é considerada de menor potencial ofensivo (con- investigatório criminal (PIC) elaborado pelo Ministério Público. Em
travenções penais e crimes que a lei comina pena máxima não superior suma: o inquérito policial é, na verdade, um procedimento dispensável.
a 02 (dois) anos, cumulada ou não com multa), nos termos do art. 69 da
Gabarito: C
Lei nº 9.099/1995. Assim, é possível a instauração de inquérito policial 380. (FGV/OAB/VI_Exame/Duque de Caxias – 2011) No tocante ao
e de termo circunstanciado para apuração de crimes de ação penal inquérito policial, é correto afirmar que
privada, a depender da infração penal a ser investigada.
a) por ser um procedimento investigatório que visa reunir provas
(d) A indispensabilidade não constitui característica do inquérito da existência (materialidade) e autoria de uma infração penal, sua
policial, pois a ação penal pode ser proposta com base em elementos instauração é indispensável.
informativos diversos do inquérito. Nesse sentido, o art. 39, §5º do CPP b) pode ser arquivado por determinação da Autoridade Policial se,
autoriza que o órgão do Ministério Público dispense o inquérito, se depois de instaurado, inexistirem provas suficientes da autoria e
com a representação forem oferecidos elementos que o habilitem a materialidade do crime em apuração.
promover a ação penal, ainda que se trate de crime hediondo.
Gabarito: C
c) para qualquer modalidade criminosa, deverá terminar no prazo de
10 (dez) dias se o indiciado tiver sido preso em flagrante ou estiver
378. (FGV/OAB/X_Exame – 2013) Na cidade “A”, o Delegado de Polícia preso preventivamente, ou no prazo de 30 (trinta) dias, quando
instaurou inquérito policial para averiguar a possível ocorrência do estiver solto.
delito de estelionato praticado por Márcio, tudo conforme minuciosa- d) tem valor probatório relativo, mesmo porque os elementos de
mente narrado na requisição do Ministério Público Estadual. Ao final informação, no inquérito policial, não são colhidos sob a égide do
da apuração, o Delegado de Polícia enviou o inquérito devidamente contraditório e ampla defesa, nem na presença do magistrado.
relatado ao Promotor de Justiça. No entendimento do parquet, a
conduta praticada por Márcio, embora típica, estaria prescrita. Nessa Z Anotações/Comentários
situação, o Promotor deverá
(a) A indispensabilidade não constitui característica do inquérito
a) arquivar os autos. policial, pois a ação penal pode ser proposta com base em peças infor-
b) oferecer denúncia. mativas diversas do inquérito, como o relatório de CPI e o procedimento
investigatório criminal (PIC) elaborado pelo Ministério Público. Em
c) determinar a baixa dos autos. suma: o inquérito policial é, na verdade, um procedimento dispensável.
d) requerer o arquivamento. Nesse sentido, o art. 39, §5º do CPP autoriza que o órgão do Ministério
Público dispense o inquérito, se com a representação forem oferecidos haver a infração sido praticada de determinado modo, desde que esta
elementos que o habilitem a promover a ação penal. não contrarie a moralidade ou a ordem pública.
(b) A atribuição para promover o arquivamento do inquérito policial (d) Tendo em vista que o inquérito policial possui como uma de
é da autoridade judiciária, após manifestação neste sentido do membro suas características a indisponibilidade, a atribuição para promover
do Ministério Público, titular da ação penal, não podendo a Autoridade o arquivamento do inquérito policial é da autoridade judiciária, após
Policial fazê-lo, nos termos do artigo 17 do CPP. manifestação neste sentido do membro do Ministério Público, titular
(c) Em regra, o inquérito policial deverá ser finalizado no prazo da ação penal, não podendo a Autoridade Policial fazê-lo, conforme o
art. 17 do CPP.
de 10 (dez) dias se o indiciado estiver preso, e no prazo de 30 (trinta) Gabarito: C
dias, se estiver solto, nos termos do art. 10 do CPP. Entretanto, há leis Do Juiz, do Ministério Público, do Acusado e Defensor, dos
especiais que preveem prazos diversos, como, por exemplo, o art. 51 Assistentes e Auxiliares da Justiça
da Lei 11.343/2006 e o art. 66 da Lei nº 5010/1966.
(d) O inquérito policial é inquisitivo, uma vez que o contraditório e 383. (FGV/OAB/XXV_Exame – 2018) Zeca e Juca foram denunciados
a ampla defesa são mitigados. Portanto, os elementos de informação pela prática de crime de sequestro, figurando como vítima Vanda. Por
têm valor probatório relativo e devem ser analisados conjuntamente ocasião do interrogatório, Zeca nega a autoria delitiva e diz que nem
com as provas colhidas durante a instrução judicial, nos termos do art. conhece Juca; já Juca alega que conhece Zeca e que somente este
155 do CPP. seria o autor do fato, declarando-se inocente. Após a instrução, o juiz
Gabarito: D
profere sentença absolvendo os denunciados. No dia da publicação da

sentença, Vanda e Juca procuram seus respectivos advogados e reiteram
381. (FGV/OAB/V_Exame – 2011) Tendo em vista o enunciado da
a certeza quanto à autoria delitiva de Zeca e ao interesse em intervir no
súmula vinculante n. 14 do Supremo Tribunal Federal, quanto ao sigilo processo como assistentes de acusação.
do inquérito policial, é correto afirmar que a autoridade policial poderá
negar ao advogado Considerando apenas as informações narradas, assinale a afirmativa
correta.
a) a vista dos autos, sempre que entender pertinente.
a) O advogado de Juca poderá requerer a intervenção de seu cliente
b) a vista dos autos, somente quando o suspeito tiver sido indiciado como assistente de acusação, devendo, porém, o Ministério Público
formalmente. ser ouvido previamente sobre a admissão do assistente.
c) do indiciado que esteja atuando com procuração o acesso aos b) Os advogados de Juca e Vanda não poderão requerer a intervenção
depoimentos prestados pelas vítimas, se entender pertinente. de seus clientes como assistentes de acusação, tendo em vista que
d) o acesso aos elementos de prova que ainda não tenham sido já foi proferida sentença.
documentados no procedimento investigatório. c) O advogado de Vanda poderá requerer a intervenção de sua cliente
como assistente de acusação, mas não poderá solicitar a realização
Z Anotações/Comentários de nova audiência para elaborar as perguntas que entender perti-

A Súmula Vinculante 14 do STF dispõe que o defensor, no interesse nentes.
do representado, tem direito ao acesso amplo aos elementos de prova d) O advogado de Vanda poderá requerer a intervenção de sua cliente
que, já documentados em procedimento investigatório realizado por como assistente de acusação, e do despacho que admitir ou não o
órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exer- assistente caberá recurso em sentido estrito.
cício do direito de defesa. Desse modo, o advogado pode ter acesso às
provas já documentadas no inquérito policial, ainda que sem procura- Z Anotações/Comentários
ção, mesmo que o investigado não tenha sido formalmente indiciado. (a) o advogado de Juca não poderá requerer a intervenção de tal
Nota-se, assim, que esse direito de advogado é retrospectivo, e não acusado como assistente de acusação, uma vez que corréu não pode
prospectivo (permite acesso aos elementos de informação já documen- exercer tal papel no processo, ainda que absolvido (art. 270, CPP).
tados, mas não autoriza a ciência de diligências futuras, a fim de que a
eficácia da investigação não seja prejudicada). (b) apesar de já ter sido proferida sentença, pode o assistente habi-
Gabarito: D
litar-se no processo até o trânsito em julgado (art. 269, CPP).
(c) apesar de já ter sido proferida sentença, poderá Vanda ser
382. (FGV/OAB/IV_Exame – 2011) Acerca das disposições contidas na
habilitada como assistente, mas receberá o processo no estado em
Lei Processual sobre o Inquérito Policial, assinale a alternativa correta.
que se encontra, não sendo possível a reiteração de atos já realizados
a) Nos crimes de ação privada, a autoridade policial poderá proceder (art. 269, CPP). Vanda poderá recorrer supletivamente, caso o Ministério
a inquérito a requerimento de qualquer pessoa do povo que tiver Público não o faça.
conhecimento da existência de infração penal.
(d) o despacho que decide sobre a admissão de assistente é irrecor-
b) Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito rível (art. 273, CPP). O interessado, porém, pode valer-se do mandado
caberá recurso para o tribunal competente. de segurança.
Gabarito: C
c) Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada

de determinado modo, a autoridade policial poderá proceder à 384. (FCC/MP-PB/Promotor de Justiça – 2018) Os órgãos do Ministé-
reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a rio Público estão impedidos de atuar nos processos em que
moralidade ou a ordem pública. a) for amigo íntimo ou inimigo capital do acusado.
d) A autoridade policial poderá mandar arquivar autos de inquérito. b) o juiz ou qualquer das partes for seu cônjuge, ou parente, con-
sanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau,
inclusive.
(a) Nos crimes de ação penal privada, a autoridade policial poderá c) for credor ou devedor do acusado.
proceder a inquérito somente se houver requerimento de quem tenha
d) seu cônjuge, ascendente ou descendente estiver respondendo
qualidade para intentá-la. Dessa forma, a autoridade policial não poderá
a processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja
instaurar o inquérito, nos crimes de ação penal privada, se houver
controvérsia.
requerimento de qualquer pessoa do povo que tenha conhecimento
da existência de infração penal. e) for cotista ou acionista de sociedade interessada no processo.
(b) De acordo com o art. 5º, §2º, do CPP, caso seja indeferido o Z Anotações/Comentários
requerimento de abertura de inquérito policial pela Autoridade Policial,
admitir-se-á recurso para o chefe de Polícia (pode ser o Delegado-Geral (a) trata-se de causa de suspeição, não de impedimento, prevista no
da Polícia Civil ou o Secretário de Segurança Pública, a depender do art. 254, I, do CPP. Note-se que as causas de impedimento e suspeição
Estado. Na Polícia Federal, será o Superintendente da Polícia Federal.). do juiz aplica-se ao membro do Ministério Público (art. 258).
Neste caso não caberá recurso para o tribunal. (b) é a previsão de impedimento que se extrai do inciso I do art.
(c) O art. 7º do CPP autoriza que a autoridade policial proceda à 252 do CPP.
reprodução simulada dos fatos, a fim de verificar a possibilidade de (c) mais uma causa de suspeição (art. 254, V, CPP).
(d) também é causa de suspeição (art. 254, II, CPP), não de impe- güíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive,
dimento. como defensor ou advogado, órgão do Ministério Público, autoridade
(e) também é causa de suspeição (art. 254, VI, CPP). policial, auxiliar da justiça ou perito”.
Gabarito: Anulada
Gabarito: B
385. (FCC/DPE-ES/Defensor Público – 2016) Com relação ao assis- 3. DA AÇÃO PENAL

tente de acusação no processo penal:
a) o assistente de acusação somente poderá se habilitar na ação penal 387. (FGV/OAB/XXX_Exame – 2019) Após uma partida de futebol
pública, condicionada ou incondicionada. amador, realizada em 03/05/2018, o atleta André se desentendeu
b) é vedado ao assistente de acusação a indicação de assistente téc- com jogadores da equipe adversária. Ao final do jogo, dirigiu-se ao
nico nos exames periciais. estacionamento e encontrou, em seu carro, um bilhete anônimo, em
que constavam diversas ofensas à sua honra. Em 28/06/2018, André
c) a intervenção do assistente de acusação é proscrita após o início
encontrou um dos jogadores da equipe adversária, Marcelo, que lhe
da fase instrutória do processo penal.
confessou a autoria do bilhete, ressaltando que Luiz e Rogério também
d) é vedado ao assistente de acusação arrazoar o recurso interposto estavam envolvidos na ofensa.
pelo Ministério Público, devendo utilizar recurso próprio.
André, em 17/11/2018, procurou seu advogado, apresentando todas as
e) é garantido ao assistente de acusação o mesmo tempo para alega- provas do crime praticado, manifestando seu interesse em apresentar
ções finais orais no procedimento comum ordinário. queixa-crime contra os três autores do fato. Diante disso, o advogado
do ofendido, após procuração com poderes especiais, apresenta, em
Z Anotações/Comentários 14/12/2018, queixa-crime em face de Luiz, Rogério e Marcelo, imputan-
(a) é claro que somente poderá se habilitar na ação penal públi- do-lhes a prática dos crimes de calúnia e injúria.
ca,já que na ação penal privada o ofendido será o próprio autor da Após o recebimento da queixa-crime pelo magistrado, André se arre-
queixa-crime. pendeu de ter buscado a responsabilização penal de Marcelo, tendo
(b) segundo o § 3º do art. 159 do CPP permite ao assistente de em vista que somente descobriu a autoria do crime em decorrência
acusação indicar assistente técnico nos autos. da ajuda por ele fornecida. Diante disso, comparece à residência de
(c) é justamente nessa fase que atua o assistente, já que antes, na Marcelo, informa seu arrependimento, afirma não ter interesse em vê-lo
fase de inquérito e, depois, na fase de execução, não pode atuar. responsabilizado criminalmente e o convida para a festa de aniversário
de sua filha, sendo a conversa toda registrada em mídia audiovisual.
(d) o art. 271, caput, do CPP permite que o assistente arrazoe o
recurso interposto pelo Ministério Público. Considerando as informações narradas, é correto afirmar que o(a)
advogado(a) dos querelados poderá
(e) o tempo para o Ministério Público é de 20 minutos; para o assis-
tente, 10 minutos (art. 403, § 2º, CPP). a) questionar o recebimento da queixa-crime, com fundamento na
ocorrência de decadência, já que oferecida a inicial mais de 06

Gabarito: A
meses após a data dos fatos.

386. (VUNESP/DPE-MS/Defensor Público – 2012) Fica caracterizada
a causa legal de suspeição do magistrado no processo penal: b) buscar a extinção da punibilidade dos três querelados, diante da
a) se o magistrado for enteado de uma das partes no processo, ainda renúncia ao exercício do direito de queixa realizado por André, que
que o casamento que tenha originado esta relação de parentesco poderá ser expresso ou tácito.
por afinidade tenha sido dissolvido. c) buscar a extinção da punibilidade de Marcelo, mas não de Luiz e
b) se o parente, consanguíneo ou afim, até o terceiro grau, inclusive, Rogério, em razão da renúncia ao exercício do direito de queixa
do magistrado, estiver respondendo a processo por fato análogo, realizado por André.
sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia. d) buscar a extinção da punibilidade dos três querelados, caso con-
c) se o parente do magistrado, consanguíneo ou afim, até o quarto cordem, diante do perdão oferecido a Marcelo por parte de André,
grau, inclusive, sustentar demanda ou respondera processo que que deverá ser estendido aos demais coautores.
tenha de ser julgado por qualquer das partes.
d) se tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou
afim, em linha reta ou colateral até o quarto grau, inclusive, como O primeiro ponto a ser observado é o prazo decadencial para
defensor ou advogado, órgão do Ministério Público, autoridade oferecimento da queixa-crime: é de seis meses, contado da data em
policial, auxiliar da justiça ou perito. que o ofendido veio a conhecer a autoria do crime (art. 38, CPP). No
caso, André tinha até o dia 27/12/2018 para oferecer queixa e esta foi
Z Anotações/Comentários oferecida em 14/12, portanto, dentro do prazo decadencial. Outro
As hipóteses de suspeição do magistrado estão previstas no art. ponto é a necessidade da queixa ser apresentada por procurador com
254 do CPP, enquanto que as de impedimento no art. 252. Subsidiaria- poderes especiais, o que foi observado no caso. Porém, é certo que o
mente, podem ser aplicadas as causas de suspeição e impedimento querelante perdoou um dos querelados, ainda que o perdão tenha sido
do novo CPC. tácito, e não expresso. De fato, arrepender-se da propositura da queixa a
restabelecer relações sociais com um dos querelados é forma de perdão.
(a) tal causa de suspeição enquadra-se à hipótese do inciso III do
art. 254 do CPP. E, segundo o art. 255, o impedimento ou suspeição Nessa hipótese, o perdão aplica-se a todos os demais querelados, em
decorrente de parentesco por afinidade cessará pela dissolução do virtude da indivisibilidade da ação penal privada (art. 51). Logo, haverá
casamento que Ihe tiver dado causa, salvo sobrevindo descendentes; a extinção da punibilidade daqueles acusados que aceitarem o perdão,
mas, ainda que dissolvido o casamento sem descendentes, não funcio- que é sempre bilateral.
Gabarito: D
nará como juiz o sogro, o padrasto, o cunhado, o genro ou enteado de

quem for parte no processo. 388. (FGV/OAB/XXVIII_Exame – 2019) Gabriel, nascido em 31 de maio
(b) o inciso II do art. 254 do CPP na verdade diz que haverá suspei- 1999, filho de Eliete, demonstrava sua irritação em razão do tratamento
ção se o magistrado, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver conferido por Jorge, namorado de sua mãe, para com esta. Insatisfeito,
respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso Jorge, no dia 1º de maio de 2017, profere injúria verbal contra Gabriel.
haja controvérsia. Após a vítima contar para sua mãe sobre a ofensa sofrida, Eliete com-
(c) o inciso III do art. 254 do CPP dispõe que ocorrerá a suspeição do parece, em 27 de maio de 2017, em sede policial e, na condição de
magistrado se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo, ou afim, até representante do seu filho, renuncia ao direito de queixa. No dia 02
o terceiro grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a processo de agosto de 2017, porém, Gabriel, contra a vontade da mãe, procura
que tenha de ser julgado por qualquer das partes. auxílio de advogado, informando que tem interesse em ver Jorge res-
(d) a hipótese não é de suspeição, mas poderia ser de impedimento. ponsabilizado criminalmente pela ofensa realizada.
Não é, porque a alternativa não está de acordo com a hipótese do inciso Diante da situação narrada, o(a) advogado(a) de Gabriel deverá escla-
I do art. 252 do CPP: “tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consan- recer que
a) Jorge não poderá ser responsabilizado criminalmente, em razão identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol
da renúncia do representante legal do ofendido, sem prejuízo de das testemunhas.
indenização no âmbito cível. b) Exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a
b) poderá ser proposta queixa-crime em face de Jorge, mas, para que qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa
o patrono assim atue, precisa de procuração com poderes especiais. identificá-lo, a classificação do crime, o rol das testemunhas e o
c) Jorge não poderá ser responsabilizado criminalmente em razão da pedido de condenação.
decadência, tendo em vista que ultrapassados três meses desde o c) Exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a
conhecimento da autoria. qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa
d) poderá ser proposta queixa-crime em face de Jorge, pois, de acordo identificá-lo, a classificação do crime, o rol das testemunhas e
com o Código de Processo Penal, ao representante legal é vedado pedido alternativo para o caso de desclassificação do crime.
renunciar ao direito de queixa. d) Exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a
qualificação do acusado e da vítima ou esclarecimentos pelos quais
Z Anotações/Comentários se possa identificá-los, a classificação do crime e o rol completo das
O caso em questão lida com o problema da titularidade da queixa- provas que se pretende produzir.
-crime quando o ofendido é menor de 18 anos. No caso, a vítima Gabriel e) Exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a
contava 17 anos quando ocorreu o crime e, assim, eventual queixa deve- qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa
ria ser proposta por sua representante legal, no caso, a genitora. Esta, identificá-lo, a classificação do crime, o rol das testemunhas, o
porém, renunciou ao direito de queixa e o fez antes do filho completar pedido de condenação e o procedimento a ser observado.
18 anos. Porém, este, ao atingir a maioridade e antes de decorrido o
prazo decadencial de 6 meses, decidiu pelo oferecimento da queixa, o Z Anotações/Comentários
que, consoante entendimento majoritário, é perfeitamente possível. .
Gabarito: B (a) é o que dispõe o art. 41 do CPP, que traz os requisitos mínimos
para a denúncia, peça inicial da ação civil pública.
389. (FGV/OAB/XXVII_Exame – 2018) Flávio apresentou, por meio
(b) o pedido de condenação não é requisito da denúncia, pois
de advogado, queixa-crime em desfavor de Gabriel, vulgo “Russinho”,
implícito na inicial. Ademais, o rol de testemunhas tampouco é obriga-
imputando-lhe a prática do crime de calúnia, pois Gabriel teria imputado
tório, pois deverá ser apresentado apenas quando o Ministério Público
falsamente a Flávio a prática de determinada contravenção penal. Na
pretender utilizar tal meio de prova.
inicial acusatória, assinada exclusivamente pelo advogado, consta como
querelado apenas o primeiro nome de Gabriel, o apelido pelo qual é (c) não se admite, majoritariamente, uma denúncia alternativa, ou
conhecido, suas características físicas e seu local de trabalho, tendo seja, com duas acusações diversas para o mesmo fato. Se, após a instru-
em vista que Flávio e sua defesa técnica não identificaram a completa ção, for devida a desclassificação, deve-se aplicar o art. 383 (ementadio
qualificação do suposto autor do fato. A peça inaugural não indicou libelli) ou art. 384 (mutatio libelli), conforme o caso.

rol de testemunhas, apenas acostando prova documental que confir- (d) a vítima não precisa ser necessariamente identificada na denún-
maria a existência do crime. Ademais, foi acostada ao procedimento cia, pois pode haver hipótese em que não se consegue identificá-la,
a procuração de Flávio em favor de seu advogado, na qual consta o que normalmente não trará prejuízo à tipicidade penal; tampouco
apenas o nome completo de Flávio e seus dados qualificativos, além de deve-se apresentar o rol completo das provas que se pretenda produzir.
poderes especiais para propor eventuais queixas-crime que se façam
(e) embora seja normalmente apontado o rito que se quer ver
pertinentes. Após citação de Gabriel em seu local de trabalho para
observado, não há tal obrigação.
manifestação, considerando apenas as informações expostas, caberá Gabarito: A
à defesa técnica do querelado pleitear, sob o ponto de vista técnico, a

rejeição da queixa-crime, 391. (FGV/OAB/XXIV_Exame – 2017) Lívia, insatisfeita com o fim do
a) sob o fundamento de que não poderia ter sido apresentada sem relacionamento amoroso com Pedro, vai até a casa deste na companhia
a completa qualificação do querelado, sendo insuficiente o for- da amiga Carla e ambas começam a quebrar todos os porta-retratos da
necimento de características físicas marcantes, apelido e local de residência nos quais estavam expostas fotos da nova namorada de Pedro.
trabalho que poderiam identificá-lo. Quando descobre os fatos, Pedro procura um advogado, que esclarece a
natureza privada da ação criminal pela prática do crime de dano.
b) porque, apesar de fornecidos imprescindíveis poderes especiais, a
síntese do fato criminoso não consta da procuração. Diante disso, Pedro opta por propor queixa-crime em face de Carla
pela prática do crime de dano (Art. 163, caput, do Código Penal), já que
c) porque a classificação do crime não foi adequada de acordo com nunca mantiveram boa relação e ele tinha conhecimento de que ela
os fatos narrados, e a tipificação realizada vincula a autoridade era reincidente, mas, quanto a Lívia, liga para ela e diz que nada fará,
judicial. pedindo, apenas, que o fato não se repita.
d) tendo em vista que não consta, da inicial, o rol de testemunhas. Apesar da decisão de Pedro, Lívia fica preocupada quanto à possibili-
dade de ele mudar de opinião, razão pela qual contrata um advogado
junto com Carla para consultoria jurídica.
(a) a inicial acusatória – seja denúncia ou queixa – não precisa Considerando apenas as informações narradas, o advogado deverá
fazer constar toda a qualificação do imputado, até porque podem esclarecer que ocorreu
não ser conhecidas do titular da ação penal. A lei exige a qualificação
do acusado ou esclarecimentos pelos quais seja possível identifica-lo a) renúncia em relação a Lívia, de modo que a queixa-crime não deve
(art. 41, CPP). ser recebida em relação a Carla.
(b) a procuração, no caso de ação penal privada, precisa conter b) renúncia em relação a Lívia, de modo que a queixa-crime deve ser
poderes especiais, mas deverá conter a menção ao fato criminoso, recebida apenas em relação a Carla.
conforme exigência do art. 44 do CPP. Esse é motivo bastante para que c) perempção em relação a Lívia, de modo que a queixa- crime deve
o querelado requeira a rejeição da inicial. ser recebida apenas em relação a Carla.
(c) a classificação correta do crime não é essencial, já que o juiz, ao d) perdão do ofendido em relação a Lívia, de modo que a queixa-crime
final, aplicando o art. 383 do CPP, poderá reconhecer a existência do deve ser recebida apenas em relação a Carla.
crime de difamação, que é o que consta da descrição dos fatos.
(d) o rol de testemunhas não é obrigatório, salvo se a parte preten- Z Anotações/Comentários
der produzir a prova testemunhal. O princípio aplicável no caso desta questão é o da indivisibilidade
da ação penal privada, que se encontra reconhecido no art. 48 do CPP:
Gabarito: B
390. (FCC/MP-PB/Promotor de Justiça – 2018) Para que a ação penal a queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo
tenha justa causa e possibilite a ampla defesa do acusado, a denúncia de todos. Sendo assim, quando Pedro opta por não propor a ação
deverá conter os seguintes requisitos essenciais: penal contra Lívia, está na verdade renunciando ao direito de queixa e,
consequentemente, tal renúncia atinge também o direito em relação a
a) Exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a
Carla, razão pela qual a inicial em relação a esta não poderá ser recebida.
qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa Gabarito: A
392. (FGV/OAB/XXIII_Exame – 2017) Silva foi vítima de um crime de
ameaça por meio de uma ligação telefônica realizada em 02 de janeiro Analisemos primeiramente o fato envolvendo a vítima Luciana. Como
de 2016. Buscando identificar o autor, já que nenhum membro de sua ela teve uma relação de afeto anterior com o autor do crime, pode-se
família tinha tal informação, requereu, de imediato, junto à companhia afirmar que há um crime que envolve, nos termos da Lei 11.340/2006,
telefônica, o número de origem da ligação, vindo a descobrir, no dia 03 violência doméstica contra a mulher, restando caracterizado o crime do
de julho de 2016, que a linha utilizada era de propriedade do ex-namo- art. 129, § 9º, do CP. Nesse caso, embora leve a lesão corporal, trata-se de
rado de sua filha, Carlos, razão pela qual foi até a residência deste, onde crime de ação penal pública incondicionada, o que significa ser irrelevante
o desejo de Luciana em não representar. Simplesmente, não é exigível
houve a confissão da prática do crime.
a representação. Portanto, como há prova da materialidade do crime e
Quando ia ao Ministério Público, na companhia de Marta, sua esposa, há prova testemunhal confirmando o relato da vítima, pode a denúncia
para oferecer representação, Silva sofreu um infarto e veio a falecer. contra Luciana ser recebida. Quanto a Carla e Regina, não há prova da
Marta, no dia seguinte, afirmou oralmente, perante o Promotor de materialidade, eis que elas não passaram por exame de corpo de delito,
Justiça, que tinha interesse em representar em face do autor do fato, sendo o caso de se exigir a perícia, pois a prova testemunhal somente
assim como seu falecido marido. supre o exame se tiverem desaparecido os vestígios. Além disso, a agres-
Diante do apelo de sua filha, Marta retorna ao Ministério Público no dia são contra ambas não caracteriza violência doméstica, por faltar qualquer
06 de julho de 2016 e diz que não mais tem interesse na representação. relação de afeto entre o autor e ambas. Assim, trata-se do crime do art.
Ainda assim, considerando que a ação penal é pública condicionada, o 129, caput, do CP, caso as lesões sejam leves. Nessa hipótese, exigível
Promotor de Justiça ofereceu denúncia, no dia 07 de julho de 2016, em a representação, não poderia o Ministério Público oferecer denúncia,
face de Carlos, pela prática do crime de ameaça. imputando a Leandro a prática dos dois crimes de lesões.
Gabarito: D
Considerando a situação narrada, o(a) advogado(a) de Carlos, em res-

394. (VUNESP/TJ-SP/Juiz de Direito – 2017) A legitimidade para a
posta à acusação, deverá alegar que
propositura de ação penal por crime contra a honra de servidor público
a) ocorreu decadência, pois se passaram mais de 6 meses desde a em razão do exercício de suas funções é
data dos fatos. a) exclusiva do Ministério Público, condicionada à representação do
b) a representação não foi válida, pois não foi realizada pelo ofendido. ofendido.
c) ocorreu retratação válida do direito de representação. b) concorrente do ofendido, mediante queixa, e do Ministério Público,
d) a representação não foi válida, pois foi realizada oralmente. condicionada à representação do ofendido.
c) concorrente do ofendido, mediante representação, e do Ministério
Z Anotações/Comentários Público, mediante ação pública incondicionada.
O prazo decadencial para oferecimento da representação começou d) exclusiva do ofendido, mediante queixa.
a ser contado no dia 03 de julho de 2016, quando a vítima descobriu a

autoria do delito. A vítima iria exercer o direito de representação no dia Z Anotações/Comentários
seguinte, mas faleceu. Nesse caso, o direito de representar passa para o: O crime contra a honra de servidor público em razão de suas
cônjuge (art. 24, § 1º, CPP). Marta, esposa do ofendido ofereceu repre- funções é, segundo o CP, de ação penal pública condicionada (art.
sentação ainda dentro do prazo decadencial. Poderia, então, o Ministério 145, parágrafo único). Porém, a jurisprudência firmou-se no sentido
Público oferecer a denúncia, eis que preenchida condição de procedibi- de que a titularidade da ação é concorrente entre o Ministério Público,
lidade. Contudo, se Marta tinha o direito de representar, também tinha que depende de representação do ofendido, e do próprio ofendido,
o direito de se retratar, desde que o fizesse antes do oferecimento da mediante queixa-crime. Nesse sentido, a Súmula 714 do STF: “É con-
denúncia (art. 25). Foi o que ela fez. Logo, a retratação foi válida e não corrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do Ministério
poderia o Ministério Público oferecer denúncia. Uma última observação: Público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal
a representação e a retratação podem ser realizadas oralmente (art. 39). por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de
Gabarito: C
suas funções”.
Gabarito: B
393. (FGV/OAB/XXIII_Exame – 2017) No dia 31 de dezembro de 2015,

Leandro encontra, em uma boate, Luciana, com quem mantivera uma 395. (FGV/OAB/XX_Exame/Prova reaplicada Salvador-BA – 2016)
Fábio, juiz de direito, foi vítima de um delito de calúnia, pois Jonas
relação íntima de afeto, na companhia de duas amigas, Carla e Regina.
afirmou que ele teria praticado um crime de corrupção passiva. Diante
Já alterado em razão da ingestão de bebida alcoólica, Leandro, com
disso, ingressou com queixa-crime contra o autor do fato. Jonas, então,
ciúmes de Luciana, inicia com esta uma discussão e desfere socos em
opôs exceção da verdade.
sua face. Carla e Regina vêm em defesa da amiga, mas, descontrolado,
Leandro também agride as amigas, causando lesões corporais leves Nesta situação, será competente para julgar a exceção da verdade
nas três. Diante da confusão, Leandro e Luciana são encaminhados a a) o Superior Tribunal de Justiça.
uma delegacia, enquanto as demais vítimas decidem ir para suas casas. b) o Tribunal de Justiça ao qual Fabio esteja vinculado.
Após exame de corpo de delito confirmando as lesões leves, Luciana é
c) a Turma Recursal do Tribunal de Justiça ao qual Fabio esteja vincu-
ouvida e afirma expressamente que não tem interesse em ver Leandro
lado.
responsabilizado criminalmente.
d) o mesmo magistrado competente para julgar a ação penal pela
Em relação às demais lesadas, não tiveram interesse em ser ouvidas em
prática do crime de calúnia.
momento algum das investigações, mas as testemunhas confirmaram
as agressões. Diante disso, o Ministério Público, em 05 de julho de 2016, Z Anotações/Comentários
oferece denúncia em face de Leandro, imputando-lhe a prática de três
crimes de lesão corporal leve. Compete ao Tribunal de Justiça ao qual Fábio, juiz de direito, esteja
vinculado julgar a exceção da verdade oposta por Jonas. Isso porque os
Considerando apenas as informações narradas, o(a) advogado(a) de juízes de direito têm foro por prerrogativa de função nos Tribunais de
Leandro Justiça em que estão investidos de jurisdição. Nesse sentido, aliás, o art.
a) não poderá buscar a rejeição da denúncia em relação a nenhum 96, III, da CF: “Compete privativamente: (...) III – aos Tribunais de Justiça
dos três crimes. julgar os juízes estaduais e do Distrito Federal e Territórios, bem como
os membros do Ministério Público, nos crimes comuns e de responsa-
b) poderá buscar a rejeição da denúncia em relação ao crime praticado
bilidade, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral.”.
contra Luciana, mas não quanto aos delitos praticados contra Carla Gabarito: B
e Regina.
396. (FGV/OAB/XX_Exame – 2016) Lúcio Flavio, advogado, ofereceu
c) poderá buscar a rejeição da denúncia em relação aos três crimes.
queixa-crime em face de Rosa, imputando-lhe a prática dos delitos de
d) não poderá buscar a rejeição da denúncia em relação ao crime injúria simples e difamação. As partes não celebraram qualquer acordo
praticado contra Luciana, mas poderá pleitear a imediata rejeição e a querelada negava os fatos, não aceitando qualquer benefício.
quanto aos delitos praticados contra Carla e Regina. Após o regular processamento e a instrução probatória, em alegações
finais, Lúcio Flávio requer a condenação de Rosa pela prática do crime (d) sempre que surgir nos autos elemento novo, não existente
de difamação, nada falando em sua manifestação derradeira sobre o quando a denúncia foi oferecida, e que implique em alteração da
crime de injúria. descrição dos fatos e de sua classificação jurídica, poderá o Ministério
Diante da situação narrada, é correto afirmar que Público aditar a inicial. Do contrário, o juiz não poderá considerar na
sentença o novo fato, que pode trazer outra classificação jurídica.
a) deverá ser extinta a punibilidade de Rosa em relação ao crime de Para isso, inclusive, prevê o CPP o obrigatório aditamento, no que se
injúria, em razão da perempção. convencionou chamar de mutatio libelli (art. 384).
b) deverá ser extinta a punibilidade de Rosa em relação ao crime de (e) nesse caso, há previsão expressa da possibilidade do adita-
injúria, em razão do perdão do ofendido. mento. Diz o art. 29 do CPP: “Será admitida ação privada nos crimes
c) deverá ser extinta a punibilidade de Rosa em relação ao crime de de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao
injúria, em razão da renúncia ao direito de queixa. Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia subs-
d) poderá Rosa ser condenada pela prática de ambos os delitos, já titutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos
de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do
que houve apresentação de alegações finais pela defesa técnica
querelante, retomar a ação como parte principal”.
do querelante. Gabarito: D
Z Anotações/Comentários 398. (FMP/DPE-PA/Defensor Público – 2015) Assinale a alternativa

CORRETA.
No caso do enunciado, como Lúcio Flávio nada falou nas alegações
finais acerca do delito de injúria, deverá ser extinta a punibilidade de a) Em razão de preceito constitucional, o Ministério Público é o único
Rosa em relação a tal crime, por força do instituto da perempção. A legitimado a ajuizar ação civil ex delicto em favor do titular do
perempção é causa extintiva da punibilidade nos crimes de ação penal direito à reparação do dano, desde que ele seja pobre e requeira
privada, verificando-se quando o querelante (autor da ação penal tal providência.
privada) se mostra desidioso na condução da ação. As hipóteses de b) O despacho de arquivamento do inquérito policial e a sentença
perempção estão elencadas no art. 60 do CPP, dentre as quais se inclui, absolutória que decidir que o fato imputado não constitui crime
no inciso III, “deixar de formular o pedido de condenação nas alegações são situações que impedem a propositura da ação civil ex delicto.
finais”. Ressalte-se, contudo, que, de acordo com nossos tribunais supe- c) De acordo com a jurisprudência consolidada do Supremo Tribunal
riores, não haverá perempção por esse motivo se o desejo condenatório Federal, nos crimes praticados contra funcionários públicos em
puder ser extraído da própria construção lógica das alegações finais, a razão do exercício da função, a legitimidade para o exercício da
despeito da ausência de pedido expresso nesse sentido. ação penal é concorrente para o ofendido, mediante queixa, e para
Gabarito: A
o Ministério Público, condicionada à representação do ofendido.

397. (CEFET/MP-BA/Promotor de Justiça – 2015) Quanto ao adita- d) A ação penal privada personalíssima depende de queixa do con-
mento à peça acusatória, é CORRETO afirmar que: traente enganado e somente poderá ser intentada depois de

a) Nas ações penais públicas, o aditamento próprio, expressamente proferida a sentença que, por motivo de erro ou impedimento,
previsto no Código de Processo Penal, quando admitido pelo anule o casamento.
magistrado, não resulta em alteração substancial da imputação e) No processo penal atinente aos crimes previstos na Lei n°
originária e tampouco implica ampliação subjetiva do polo passivo 8.078/1990, poderão propor ação penal privada subsidiária, entre
da demanda penal. outros legitimados, as associações legalmente constituídas há
b) No aditamento impróprio, são corrigidas falhas na denúncia ou pelo menos um ano, e que incluam, entre seus fins institucionais,
queixa mediante a retificação, ratificação ou esclarecimento de a defesa dos interesses e direitos protegidos por aquela lei, dispen-
alguma informação contida inicialmente na peça acusatória, sada a autorização assemblear.
podendo ser acrescido fato novo ou outro acusado, desde que
antes da sentença final. Z Anotações/Comentários
c) De acordo com o Código de Processo Penal, caberá recurso em A questão mistura os temas da ação civil ex delicto e da ação penal.
sentido estrito da decisão judicial que admitir o aditamento. A inserimos neste tópico em razão do tema da alternativa correta.
d) Nas ações penais públicas, o aditamento próprio real material, cuja (a) o Ministério Público é legitimado nesse caso, nos termos do art.
essência está associada ao princípio da correlação entre acusação 68 do CPP. Porém, com a criação da Defensoria Pública, tal legitimidade
e sentença, permite que seja acrescentado fato novo à peça acu- vem sendo muito questionada. Atualmente, tem o STF entendido que
satória, qualificando ou agravando a imputação originária. permanece o Ministério Público com legitimidade para propor a ação
civil ex delicto nos casos em que não há Defensoria Pública instalada
e) Em razão de sua inércia para intentar a ação penal no prazo legal, ou convênios que garantam assistência jurídica gratuita.
o Ministério Público não poderá, nas ações penais acidentalmente
privadas, aditar a queixa subsidiária. (b) se a decisão – sentença ou decisão de arquivamento – basear-se
no argumento da falta de tipicidade da conduta, nada impede que o
Z Anotações/Comentários ofendido intente a ação reparatória do dano, isso porque a atipicidade
penal não retira a ilicitude da conduta no âmbito civil, propiciando o
O aditamento à denúncia é possível no processo penal brasileiro. pedido reparatório.
O aditamento pode servir, entre outras coisas, para: (a) trazer fato
(c) assim é somente nos crimes contra a honra. Vejam o que diz
novo à imputação; (b) suprir alguma omissão formal da denúncia; (c)
a Súmula 714 do STF: “É concorrente a legitimidade do ofendido,
incluir novo imputado. O aditamento pode ser próprio ou impróprio.
mediante queixa, e do Ministério Público, condicionada à representação
Este último diz respeito apenas a retificações (de nomes, datas etc.);
do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor
ratificações (art. 568, CPP); suprimentos (outros dados à descrição dos
público em razão do exercício de suas funções”.
fatos já contidos na denúncia, apenas para torná-los mais completos e
exatos); e esclarecimentos. O aditamento próprio pode ser pessoal ou (d) a ação penal privada personalíssima é aquela que somente
real. Nesse último caso, pode ser classificado em legal (dizendo respeito pode ser proposta pelo próprio ofendido. A hipótese ainda existente
apenas à capitulação jurídica da imputação ou do rito a ser adotado) e no CP é a do crime do art. 236 (induzimento a erro essencial e oculta-
material (que inova na descrição dos fatos). ção de impedimento). Diz o parágrafo único: “A ação penal depende
de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada senão
(a) o aditamento próprio pode ser pessoal, ampliando o rol de impu-
depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou
tados, e também real, de natureza material, modificando a descrição impedimento, anule o casamento”. Ou seja, o trânsito em julgado é
dos fatos, incluindo novos elementos à imputação inicial. fundamental nesse caso.
(b) em se tratando de aditamento impróprio, não há acréscimo de (e) a ação penal privada subsidiária é uma possibilidade garantida
fato novo à imputação, pois, nesse caso, teríamos o aditamento próprio. pela CF (art. 5º, LIX) e regulada pelo CPP (art. 29). Notem uma coisa: nosso
(c) não há previsão de recurso contra a decisão que admitir o adita- ordenamento traz um duplo controle sobre o Ministério Público. De fato,
mento, ou seja, que o receber. O contrário, segundo entendemos, é pos- o primeiro é feito pelo juiz e regulado no art. 28 do CPP, aplicável ao caso
sível: rejeitado o aditamento, será cabível o recurso em sentido estrito. em que o Promotor de Justiça requeira, indevidamente, o arquivamento
do inquérito policial ou das peças de informação (ou de seu próprio de violência doméstica contra mulheres, pois aplicável a Lei 11.340/2006
procedimento investigatório). O segundo é feito pelo próprio ofendido (Lei Maria da Penha). Nesse caso, é possível a retratação mesmo depois
(ou seu representante legal ou seu sucessor processual, em caso de de oferecida a denúncia, mas antes de seu recebimento, desde que a
morte) e regulado no art. 29, aplicável em caso de inércia do órgão mulher se retrate perante o juiz, em audiência especialmente designada
acusatório. Assim, caso o Ministério Público deixe escoar o prazo para o para tal finalidade.
oferecimento da denúncia sem lançar qualquer manifestação nos autos
(c) a ação penal privada subsidiária é uma possibilidade garantida
do inquérito, pode o ofendido oferecer a queixa-crime subsidiária. Em
pela CF (art. 5º, LIX) e regulada pelo CPP (art. 29). Assim, caso o Ministé-
alguns casos, a legitimidade para a propositura da ação penal privada
rio Público deixe escoar o prazo para o oferecimento da denúncia sem
subsidiária não é do ofendido, até porque, pode até mesmo não haver
lançar qualquer manifestação nos autos do inquérito, pode o ofendido
ofendido ou serem diversos. Um exemplo está no CDC (Lei 8.078/1990),
oferecer a queixa-crime subsidiária. O prazo decadencial é aquele
que tem regra especial sobre legitimidade, que é justamente a trazida
trazido pela alternativa.
pela alternativa.
(d) o prazo é de 5 dias, em caso de imputado preso, e de 15 dias, se
Gabarito: E
solto (art. 46, caput, CPP).

399. (FGV/OAB/XVI_Exame – 2015) Carlos foi indiciado pela prática
de um crime de lesão corporal grave, que teria como vítima Jorge. Após (e) a ação penal privada é indivisível, ou seja, não pode o ofendido
o prazo de 30 dias, a autoridade policial elaborou relatório conclusivo escolher, dentre os autores da infração penal, aquele que processará.
e encaminhou o procedimento para o Ministério Público. O promotor Portanto, deverá oferecer queixa contra todos ou nenhum, isso porque,
com atribuição concluiu que não existiam indícios de autoria e materia- a falta de queixa contra um dos autores importará em renúncia em
lidade, razão pela qual requereu o arquivamento. Inconformado com a relação a todos os demais (arts. 48 e 49, CPP).
manifestação, Jorge contratou advogado e propôs ação penal privada
Gabarito: C
subsidiária da pública. 401. (FGV/OAB/XII_Exame – 2013) João e José, músicos da famosa

Nesse caso, é correto afirmar que banda NXY, se desentenderam por causa de uma namorada. João se
a) caso a queixa seja recebida, o Ministério Público não poderá aditá-la descontrolou e partiu para cima de José, agredindo-o com socos e
ou interpor recurso no curso do processo. pontapés, vindo a ser separado de sua vítima por policiais militares que
passavam no local, e lhe deram voz de prisão em flagrante. O exame de
b) caso a queixa seja recebida, havendo negligência do querelante,
corpo de delito revelou que dois dedos da mão esquerda do guitarrista
deverá ser reconhecida a perempção.
José foram quebrados e o braço direito, luxado, ficando impossibilitado
c) a queixa proposta deve ser rejeitada pelo magistrado, pois não de tocar seu instrumento por 40 dias. Na hipótese, trata-se de crime
houve inércia do Ministério Público. de ação penal
d) a queixa proposta deve ser rejeitada pelo magistrado, tendo em a) privada propriamente dita.
vista que o instituto da ação penal privada subsidiária da pública
não foi recepcionado pela Constituição Federal. b) pública condicionada à representação.
c) privada subsidiária da pública.

d) pública incondicionada.
A ação penal privada subsidiária da pública é uma garantia funda-
mental do cidadão, prevista tanto na CF (art. 5º, LIX), como no CPP (art. Z Anotações/Comentários
29). Tal espécie de ação penal privada será cabível ao ofendido quando, A infração penal praticada por João é a de lesão corporal de natu-
em crimes de ação penal pública, o Ministério Público ficar inerte no
reza grave, pois gerou na vítima a incapacidade para as suas ocupações
prazo legal para o oferecimento da denúncia (pelo CPP, 15 dias se o
habituais por mais de 30 (trinta) dias, nos termos do art. 129, § 1º, I, do
investigado estiver solto, ou 5 dias se estiver preso). Saliente-se: ficar
CP. Referido crime é processado mediante ação penal pública incon-
inerte significa não se manifestar em nenhum dos direcionamentos
dicionada, tendo em vista a inexistência de previsão legal em sentido
possíveis (requerimento de arquivamento, requisição de novas dili-
contrário. Lembremos que, em se tratando de ação penal, a regra é de
gências ou oferecimento da denúncia) dentro do prazo legal. Portanto,
que esta seja pública incondicionada (só haverá ação penal pública
não há inércia do Ministério Público se o promotor de justiça requer o
condicionada ou ação penal privada quando o legislador, expressa-
arquivamento do inquérito policial de forma tempestiva, inexistindo,
por conseguinte, a possibilidade de se propor ação penal privada sub- mente, trouxer previsão nesse sentido). É o que se depreende do art.
sidiária da pública na situação narrada no enunciado. 100, “caput” e §1º, do CP.
Gabarito: D
Gabarito: C
400. (FCC/DPE-RS/Defensor Público – 2014) Sobre a ação penal, é 402. (FGV/OAB/X_Exame – 2013) Um professor na aula de Processo
correto afirmar: Penal esclarece a um aluno que o Ministério Público, após ingressar com
a ação penal, não poderá desistir dela, conforme expressa previsão do
a) Nos crimes de ação penal privada, o juiz, a requerimento da parte
Art. 42 do CPP. O professor estava explicando ao aluno o princípio da
que comprovar a sua pobreza ou do Ministério Público, nomeará
Defensor Público para promover a ação penal. a) indivisibilidade.
b) Na ação penal pública condicionada à representação do ofendido, b) obrigatoriedade.
a retratação poderá ser realizada impreterivelmente até o recebi- c) indisponibilidade.
mento da denúncia.
d) intranscendência.
c) No caso de ação penal privada subsidiária da púb lica, o prazo
decadencial para o ofendido exercer o seu direito de queixa será Z Anotações/Comentários
contado do dia em que se esgotar o prazo para oferecimento da
denúncia. (a) O princípio da indivisibilidade está previsto no artigo 48 do
CPP e, segundo ele, “não pode o ofendido escolher contra qual agente
d) Nos crimes de ação penal pública incondicionada, o prazo para o oferecerá ação penal privada” (Coleção OAB, Direito Processual Penal,
Ministério Público oferecer denúncia é de 10 (dez) dias, se o réu Leonardo Barreto, Ed. JusPodivm). Por esse motivo, a queixa-crime con-
estiver preso, e de 30 (trinta) dias, se estiver solto.
tra qualquer dos autores ou partícipes do crime obrigará ao processo
e) Na ação penal privada, havendo mais de um autor do crime, caberá de todos, cabendo ao Ministério Público velar pela indivisibilidade.
ao ofendido a escolha de exercer o direito de queixa contra aquele
(b) De acordo com o princípio da obrigatoriedade, reunidos os
que melhor lhe aprouver.
pressupostos e condições da ação penal, o Ministério Público deverá
Z Anotações/Comentários oferecer a denúncia. Contudo, há exceções ao referido princípio, como
a transação penal (art. 76 da Lei nº 9.099/1995), o termo de ajustamento
(a) o art. 32 do CPP diz que o juiz nomeará advogado. Porém, onde de conduta (art. 5º, §6º, da Lei nº 7.347/1985), parcelamento do débito
houver Defensoria Pública, caberá a esta atuar em tal caso, como pos- tributário (art. 83, §2º, Lei nº 9.430/1996), o acordo de leniência (arts.
sibilita o inciso XV do art. 4º da LC 80/1994. 86 e 87 da Lei nº 12.529/2011), a colaboração premiada (art. 4º, §4º da
(b) a retratação poderá se dar até o oferecimento da denúncia, não Lei nº 12.850/2013) e o acordo de não-persecução penal (art. 18 da
até o recebimento desta (art. 25, CPP). A exceção fica por conta dos casos Resolução 181 do CNMP).
(c) Segundo o princípio da indisponibilidade, previsto no art. 42 mação, o Ministério Público deve tomar uma destas providências para
do CPP, o Ministério Público não poderá desistir da ação penal pública. que não seja configurada a inércia: oferecer a denúncia no prazo legal,
Importante destacar que este princípio também se aplica à ação penal requisitar novas diligências imprescindíveis à elucidação dos fatos,
de iniciativa privada subsidiária da pública quando o processo tiver requerer o arquivamento, declinar a competência ou suscitar conflito
início e for negligenciado pelo querelante (art. 29 do CPP). Como de competência.
exceção ao princípio da indisponibilidade, há o instituto da suspensão
Gabarito: C
condicional do processo (art. 89 da Lei nº 9.099/1995), que consiste na 404. (FCC/DPE-PA/Defensor Público – 2009) Nos casos em que
possibilidade de o membro do Ministério Público oferecer proposta de somente se procede mediante queixa, considera-se perempta a ação
suspensão condicional do processo pelo prazo de 02 (dois) a 04 (quatro) penal
anos, desde que preenchidos determinados requisitos legais. a) quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o anda-
(d) De acordo com o princípio da intranscendência, a denúncia mento do processo durante 60 dias seguidos.
ou a queixa somente podem ser oferecidas contra o provável autor b) quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade,
ou partícipe da infração penal, uma vez que não se admite o início de não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do
um processo penal em face de terceiro que não tenha concorrido, de prazo de 30 dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo.
qualquer forma, para a prática do delito.
Gabarito: C
c) quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado,
a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de
403. (FGV/OAB/VI_Exame – 2011) Tício está sendo investigado pela formular o pedido de condenação nas alegações finais.
prática do delito de roubo simples, tipificado no artigo 157, caput,
d) quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir.
do Código Penal. Concluída a investigação, o Delegado Titular da 41ª
Delegacia Policial envia os autos ao Ministério Público, a fim de que e) quando houver perdão judicial.
este tome as providências que entender cabíveis. O Parquet, após a
análise dos autos, decide pelo arquivamento do feito, por faltas de
provas de autoria. A vítima ingressou em juízo com uma ação penal A perempção é causa de extinção da punibilidade (art. 107, IV, CP),
privada subsidiária da pública, que foi rejeitada pelo juiz da causa, que, pois provoca a extinção do próprio direito de ação, em razão de negli-
no caso acima, agiu gência ou desinteresse do querelante (nome que se dá ao autor da ação
a) erroneamente, tendo em vista a Lei Processual admite a ação pri- penal de iniciativa privada). O que ocasiona a perempção? A resposta
vada nos crimes de ação pública quando esta não for intentada. encontra-se no art. 60 do CPP: a) quando, iniciada a ação penal privada,
o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30
b) corretamente, pois a vítima não tem legitimidade para ajuizar ação dias seguidos; b) quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua
penal privada subsidiária da pública. incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo,
c) corretamente, já que a Lei Processual não admite a ação penal pri- dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem
vada subsidiária da pública nos casos em que o Ministério Público couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36 do CPP; c) quando o

não se mantém inerte. querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato
do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido
d) erroneamente, já que a Lei Processual admite, implicitamente, a
de condenação nas alegações finais; d) quando, sendo o querelante
ação penal privada subsidiária da pública.
pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor. E ainda: a morte
Z Anotações/Comentários do ofendido nas ações penais privadas personalíssimas.
(a) o prazo da inércia é de 30 dias seguidos (art. 60, I, CPP).
Admite-se a ação penal privada nos crimes de ação penal pública,
se esta não for intentada no prazo legal (art. 29 do CPP). Diante da (b) o prazo é de 60 dias (art. 60, II, CPP).
inércia do Ministério Público, a vítima ou seu representante legal são (c) é a hipótese do art. 60, III, do CPP.
partes legítimas para o ajuizamento da ação penal privada subsidiária (d) não é só isso. O art. 60, IV, do CPP dispõe que há perempção
da pública, de acordo com o art. 30 do CPP. Contudo, para que tal ação quando a pessoa jurídica, querelante, extingue-se sem deixar sucessor.
seja admitida, exige-se que tenha havido inércia do Ministério Público,
não a configurando a manifestação do “Parquet” pelo arquivamento. (e) perdão judicial é, por si, causa de extinção da punibilidade, não
se confundindo com perempção.
Isto porque, ao receber o inquérito policial ou outras peças de infor- Gabarito: C
DIREITO DO TRABALHO
Simone Soares Bernardes
Algumas das questões aqui dispostas foram comentadas pela quartel, atua como segurança em uma joalheria de um shopping center,
equipe Juspodivm. onde tem que trabalhar três dias por semana, não pode se fazer substi-
tuir por ninguém, recebe remuneração fixa mensal e tem que cumprir
uma rotina de 8 horas a cada dia laborado. Os comandos do trabalho lhe
1. DA RELAÇÃO DE TRABALHO são repassados pelo gerente-geral da loja, sendo que ainda ajuda nas
arrumações de estoque, na conferência de mercadorias e em algumas
405. (FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária – TRT 24/2017) O outras funções internas. Paulo não teve a CTPS anotada pela joalheria.
advogado Hércules pretende fundamentar uma tese na petição inicial Diante dessa situação, à luz das normas da CLT e da jurisprudência
de reclamatória trabalhista utilizando o ditame segundo o qual, ainda consolidada do TST, assinale a afirmativa correta.
que haja mudanças vertiginosas no aspecto de propriedade ou de
alteração da estrutura jurídica da empresa, não pode haver afetação A) Estão preenchidos os requisitos da relação de emprego, razão pela
quanto ao contrato de trabalho já estabelecido. qual Paulo tem vínculo empregatício com a joalheria, independen-
temente do fato de ser policial militar da ativa, e de sofrer eventual
Tal valor está previsto no princípio de Direito do Trabalho denominado punição disciplinar administrativa prevista no estatuto do Policial
a) razoabilidade. Militar.
b) disponibilidade subjetiva. B) Estão preenchidos os requisitos da relação de emprego, mas Paulo
c) responsabilidade solidária do empregador. não poderá ter vínculo empregatício com a joalheria, em razão da
punição disciplinar administrativa prevista no estatuto do Policial
d) asserção empresarial negativa.
Militar.
e) continuidade da relação de emprego.
C) Não estão presentes os requisitos da relação de emprego, uma vez
Direito do Trabalho
que Paulo poderá ser requisitado pela Brigada Militar e não poderá
trabalhar nesse dia para a joalheria.
Em regra, o contrato de trabalho é firmado por tempo indetermi-
D) Estão preenchidos os requisitos da relação de emprego, sendo
nado, ou seja, não há prazo previamente fixado para seu fim. Aliás, é de
indiferente à relação de emprego uma eventual punição disciplinar
interesse público que esses contratos sejam firmados para prazos de
administrativa prevista no estatuto do Policial Militar, mas Paulo
longa duração, pois, enquanto o empregado estiver trabalhando, haverá
não pode ter vínculo empregatício com a joalheria tendo em vista
fonte de sustento, garantindo sua dignidade. Assim, caso haja sucessão
que a função pública exige dedicação exclusiva.
trabalhista, por exemplo, havendo a transferência do estabelecimento
assim como a não ocorrência de paralisação de atividade, o contrato Z Anotações/Comentários
estabelecido não é afetado, em razão do princípio da continuidade da
relação de emprego. Preenchidos os requisitos do art. 3º da CLT (serviço prestado por
pessoa física, com pessoalidade, não eventualidade, onerosidade e
Gabarito: E
subordinação), é legítimo o reconhecimento de relação de emprego

406. (FGV – Técnico Judiciário – Área Administrativa – TRT 12/2017)
entre policial militar e empresa privada, independentemente do
Para que alguém seja considerado empregado na forma prevista na CLT,
eventual cabimento de penalidade disciplinar prevista no Estatuto do
NÃO é necessário o seguinte requisito:
Policial Militar (Súmula 386 do TST).
a) exclusividade; Gabarito: A
b) subordinação; 408. (FGV/OAB/X_Exame – 2013) Adriana submete-se a um ato edu-

c) pessoalidade; cativo supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que
d) onerosidade; visa à preparação para o trabalho produtivo daqueles que estejam
frequentando o ensino regular em instituições de educação superior,
e) não eventualidade. educação profissional, ensino médio, da educação especial e dos anos
finais do ensino fundamental. Logo, pode-se dizer que Adriana é uma
a) estagiária.
Não há, na CLT, exigência de que o empregado preste serviços
com exclusividade. Portanto, não é requisito para configurar o vínculo b) aprendiz.
empregatício que ele trabalhe para apenas um único empregador. Há c) cooperativada.
possibilidade de vários contratos de trabalho, com empresas diversas, d) empregada.
simultaneamente.
Nesse sentido, são requisitos para a configuração da relação de Z Anotações/Comentários
emprego: i) empregado pessoa física ou natural: o direito do trabalho (a) Estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido
é voltado para a proteção da pessoa física; ii) não eventualidade: sig- no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho pro-
nificando trabalho habitual, não ocasional; iii) onerosidade: ou seja, dutivo de educandos que estejam frequentando o ensino regular em
mediante salário; iv) subordinação: o empregado está sujeito às ordens instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino
do empregador. Nesse sentido, prevê o art. 3º, “caput”, da CLT: médio, da educação especial e dos anos finais do ensino fundamental,
Art. 3º, CLT: Considera-se empregado toda pessoa física que prestar na modalidade profissional da educação de jovens e adultos, de acordo
serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência com o art. 1º da Lei n. 11.788/08. Adriana, portanto, é uma estagiária.
deste e mediante salário. (b) Contrato de aprendizagem é o contrato de trabalho especial,
Gabarito: A
ajustado por escrito e por prazo determinado, em que o empregador

407. (FGV/OAB/XXVI_ Exame – 2018) Paulo é policial militar da ativa se compromete a assegurar ao maior de 14 (quatorze) e ao menor de 24
da Brigada Militar do Rio Grande do Sul. Como policial militar, trabalha (vinte e quatro) anos inscrito em programa de aprendizagem formação
em regime de escala 24h x 72h. Nos dias em que não tem plantão no técnico-profissional metódica, compatível com o seu desenvolvimento
físico, moral e psicológico, e o aprendiz, a executar com zelo e diligência a igualdade de direitos entre ele e o trabalhador com vínculo emprega-
as tarefas necessárias a essa formação, nos termos do art. 428 da CLT. tício permanente, de acordo com o art. 7º, XXXIV, da CF.
Destaca-se que o aprendiz é considerado empregado, diferentemente (d) O trabalhador eventual é aquele que presta serviços de forma
do estagiário que não possui vínculo empregatício. esporádica e ocasional, pois não possui vínculo permanente com a
(c) A Cooperativa de Trabalho é regulada pela Lei nº 12.690/12, empresa em que exerce suas atividades. Dessa forma, esse trabalhador
segundo a qual os cooperativados exercem atividade profissional, não não atende ao requisito da “não eventualidade” a que estão submetidos
de aprendizagem. os empregados e, por isso, não possui direitos trabalhistas básicos.
Gabarito: C
(d) Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços

de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e 2. CONTRATO DE EMPREGO
mediante salário, nos termos do art. 3º da CLT. Portanto, o empregado
não exerce atividade de aprendizagem. 411. (FGV/OAB/XXIII_Exame – 2017) Um representante comercial
Gabarito: A
ajuíza ação na Justiça do Trabalho pedindo a devolução de descontos.

409. (FGV/OAB/XII_Exame – 2013) Eugênio é policial militar ativo e Ele explica que sua comissão sobre as vendas é de 5%, mas que pode
cumpre escala de 24x72 horas no seu batalhão. Nos dias em que não está optar pelo percentual de 10%, desde que se comprometa a pagar o valor
de plantão, trabalha em um supermercado como segurança, recebendo da venda, caso o comprador fique inadimplente. Alega que sempre fez
ordens do gerente e um valor fixo mensal, jamais se fazendo substituir a opção pelos 10%, e que, nos casos de inadimplência, teve de pagar
na prestação do labor. Nesse caso, de acordo com a jurisprudência o valor do negócio para depois tentar reaver a quantia do comprador,
consolidada do TST, assinale a afirmativa correta. o que caracterizaria transferência do risco da atividade econômica.
a) Por ser servidor público militar, Eugênio não poderá ter o vínculo Diante do caso apresentado e da lei de regência, assinale a afirmativa
empregatício reconhecido, mesmo que presentes os requisitos da correta.
CLT, pois trata-se de norma de ordem pública. A) prática é válida porque o representante não é empregado nos
b) Caso tenha o vínculo empregatício reconhecido em juízo, isso moldes da CLT, além de ter sido uma opção por ele tomada.
impede que a Administração Pública aplique qualquer punição a B) O caso traduz um truck system, sendo que a lei limita o prejuízo do
Eugênio, pois ele realizou um trabalho lícito. representante comercial a 50% da venda não paga.
c) Trata-se de trabalho ilícito que, portanto, não gera vínculo empre- C) A norma de regência é omissa a respeito desta situação, razão
gatício e credencia a administração a aplicar imediata punição ao pela qual é válida, na medida em que se trata de relação de direito
servidor. privado.
d) Eugênio poderá ser reconhecido como empregado, desde que D) A situação caracteriza a cláusula del credere, vedada pela Lei de
presentes os requisitos legais, ainda que sofra a punição disciplinar Representação Comercial.
prevista no Estatuto do Policial Militar.
Direito do Trabalho
Exerce a representação comercial autônoma a pessoa jurídica ou
Preenchidos os requisitos do art. 3º da CLT (pessoa natural, pessoa- a pessoa física, sem relação de emprego, que desempenha, em caráter
lidade, não eventualidade, subordinação e onerosidade), é legítimo o não eventual por conta de uma ou mais pessoas, a mediação para a rea-
reconhecimento de relação de emprego entre policial militar e empresa lização de negócios mercantis, agenciando propostas ou pedidos, para,
privada, independentemente do eventual cabimento de penalidade transmiti-los aos representados, praticando ou não atos relacionados
disciplinar prevista no Estatuto do Policial Militar, nos termos da Súmula com a execução dos negócios” (art. 1º da Lei nº 4.886/65). A diferença
nº 386 do TST. Portanto, se presentes os requisitos supramencionados, fundamental do representante para o vendedor externo (pracista) é que
Eugênio poderá ser reconhecido como empregado. aquele detém autonomia e liberdade na forma de desempenhar seu
Gabarito: D
trabalho, na escolha e na visitação da clientela, na estipulação do seu

410. (FGV/OAB/VIII_Exame – 2012) Segundo expressa previsão em horário de trabalho. É proibida a cláusula del credere ou star del cre-
nossa ordem jurídica, assinale a afirmativa que indica o trabalhador dere tanto para os representantes (art. 43 da Lei nº 4.886/65) quanto para
que possui igualdade de direitos com os que têm vínculo empregatício os empregados vendedores (art. 2º da CLT). Tal cláusula significa que o
permanente. vendedor assume a condição de fiador da venda, sendo responsável
a) Trabalhador doméstico. pelo pagamento em caso de inadimplemento do contrato pelo cliente.
Gabarito: D
b) Trabalhador voluntário.
412. (FGV/OAB/XIV_Exame – 2014) Em 2012, Maria Júlia foi contra-
c) Trabalhador avulso. tada como estagiária de direito em uma empresa pública federal, que
d) Trabalhador eventual. explora atividade bancária. Sua tarefa consistia em permanecer parte
do tempo em um caixa para receber o pagamento de contas de água,
Z Anotações/Comentários luz e telefone e, na outra parte, no auxílio de pessoas com dificuldade
(a) O trabalhador doméstico tem alguns direitos em comum com o no uso dos caixas eletrônicos.
empregado urbano, conforme dispõe o art. 7º, parágrafo único, da CF, Com base na hipótese, assinale a opção correta.
como, por exemplo, o direito ao salário mínimo, à irredutibilidade do A) Trata-se de estágio desvirtuado que, assim, gerará como con-
salário, ao décimo terceiro e ao repouso semanal remunerado. Entre- sequência o reconhecimento do vínculo empregatício com a
tanto, o trabalhador doméstico não tem direito à redução da jornada empresa, com anotação da CTPS e pagamento de todos os direitos
em virtude de turnos ininterruptos de revezamento, nem à proteção devidos.
em face da automação. Por essa razão, não é possível afirmar que o
trabalhador doméstico possui igualdade de direitos com os que têm B) Diante da situação, o Juiz do Trabalho poderá determinar que o
vínculo empregatício permanente. administrador responsável pelo desvirtuamento do estágio pague
diretamente uma indenização a Maria Júlia, haja vista o princípio
(b) Considera-se serviço voluntário a atividade não remunerada constitucional da moralidade.
prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer natureza ou
a instituição privada de fins não lucrativos que tenha objetivos cívicos, C) Não há desvirtuamento de estágio porque, tratando-se a conce-
culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência à dente de uma instituição bancária, a atividade de recebimento de
pessoa, nos termos do art. 1º da Lei nº 9.608/98. Tendo em vista que no contas e auxílio a clientes está inserida na atividade do estagiário.
trabalho voluntário não há onerosidade, o trabalhador não possui os D) Não é possível o reconhecimento do vínculo empregatício, haja
mesmos direitos básicos que o empregado urbano. vista a natureza jurídica daquele que concedeu o estágio, que exige
(c) “O trabalhador avulso caracteriza-se por prestar serviços a diver- a prévia aprovação em concurso público.
sas empresas (sem fixação a uma fonte tomadora), com a intermediação
do sindicato ou do Órgão de Gestão de Mão de Obra.” (Gustavo Filipe
Barbosa Garcia, Manual de Direito do Trabalho, Editora JusPodivm). A Somente é válido o contrato de trabalho cujo objeto não constitua
alternativa está correta, uma vez que o trabalhador avulso tem garantida prática ilícita ou contrária à moral ou bons costumes. Sob a ótica
das nulidades, o contrato de trabalho pode ser assim classificado: I) tiva, salvo se a expiração deste dependeu da execução de serviços
Trabalho ilícito: configura um tipo penal (crime) ou concorre direta- especializados ou da realização de certos acontecimentos, conforme
mente para a realização da conduta definida como crime. Ex. trabalha- o disposto no art. 452 da CLT.
dor contratado como matador profissional. Não gera qualquer efeito (b) O contrato de trabalho por prazo determinado só será válido
porque não há “trabalho”, assim considerada a produção humana de
na hipótese de (i) serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique
bens e serviços sob a ótica social. II) Trabalho proibido: É o trabalho
a predeterminação do prazo; (ii) atividades empresariais de caráter
irregular, vedado pela lei, mas não configura crime. O trabalho em si é
transitório; (iii) contrato de experiência; (iv) existir convenção ou acordo
lícito, mas diante das circunstâncias em que é prestado é vedado pela
coletivo de trabalho e as contratações representarem acréscimo no
lei, a fim de proteger o trabalhador ou o interesse público. Na hipótese
número de empregados da empresa, nos termos do art. 443, § 2º, da
em questão, ainda que se entenda que as atividades desempenhadas
por Maria Júlia não caracterizavam o contrato de estágio, não será CLT e art. 1º da Lei nº 9.601/1998.
possível reconhecer vínculo empregatício com o tomador de serviços (d) Em regra, o contrato de trabalho será celebrado por prazo
porque este é um ente da Administração Pública Direta e, portanto, é indeterminado, no qual as partes não estipulam qualquer prazo de
necessária a prévia aprovação em concurso público para tal. Trata-se duração, com base no princípio da continuidade da relação de emprego.
de modalidade de trabalho proibido.
Gabarito: D
Gabarito: D
415. (FGV/OAB/II_Exame – 2010) No contexto da teoria das nulidades

413. (FGV/OAB/XII_Exame – 2013) Uma grande empreiteira vence a do contrato de trabalho, assinale a alternativa correta.
licitação para construção de uma hidrelétrica, mas, tendo dificuldade
a) Configurado o trabalho ilícito, é devido ao empregado somente o
em arregimentar trabalhadores em razão da distância até o canteiro
pagamento da contraprestação salarial pactuada.
de obras, resolve contratar estrangeiros em situação irregular no país,
inclusive porque eles concordaram em não ter a carteira profissional b) Os trabalhos noturno, perigoso e insalubre do menor de 18 (dezoito)
assinada e receber valor inferior ao piso da categoria. A contratação, anos de idade são modalidades de trabalho proibido ou irregular.
na hipótese apresentada, contempla um caso de c) O trabalho do menor de 16 (dezesseis) anos de idade, que não seja
a) trabalho proibido. aprendiz, é modalidade de trabalho ilícito, não gerando qualquer
b) trabalho ilícito. efeito.
c) trabalho escravo. d) A falta de anotação da Carteira de Trabalho e Previdência Social do

empregado invalida o contrato de trabalho.
d) trabalho válido.
(a) Na hipótese de rescisão do contrato de trabalho, em razão de
(a, d) O trabalho proibido é aquele prestado em desacordo com
atividade ilícita, o empregado não tem direito, a princípio, a quaisquer
as normas de proteção trabalhista, como ocorre no caso narrado na
verbas salariais e indenizatórias, uma vez que tal contrato não produz
questão. A empreiteira contratou estrangeiros em situação irregular
Direito do Trabalho
nenhum efeito. Dentre os exemplos de trabalho ilícito, destaca-se o

no Brasil e deixou de assinar a CTPS dos empregados contratados, que,
tráfico de drogas.
além disso, recebiam valor inferior ao piso da categoria. Dessa forma,
como a empreiteira violou normas de proteção trabalhista, o trabalho (b) Considera-se trabalho proibido aquele cujo exercício desres-
não poderá ser considerado válido, mas sim proibido. peita normas de proteção trabalhista, ainda que a atividade em si não
(b) No trabalho ilícito, a própria atividade exercida pelo trabalha- seja ilícita. O art. 7º, XXXIII, da CF determina que é proibido o trabalho
dor é ilícita e contrária ao ordenamento jurídico. Dentre os exemplos noturno, perigoso ou insalubre a menores de 18 (dezoito) anos e de
de trabalho ilícito, destacam-se o tráfico de drogas e o jogo do bicho. qualquer trabalho aos menores de 16 (dezesseis) anos, salvo na condição
de aprendiz, a partir de 14 (quatorze) anos.
(c) O trabalho escravo ou a condição análoga à de escravo se confi-
gura quando alguém submete outrem a trabalhos forçados ou a jornada (c) Diante da rescisão do contrato de trabalho, em razão de ativi-
exaustiva, bem como quando o sujeita a condições degradantes de dade proibida, o empregado tem direitos garantidos, pois tal contrato
trabalho, restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de produz alguns efeitos. No caso de trabalho exercido por menor de 16
dívida contraída com o empregador ou preposto. Além disso, também se (dezesseis) anos de idade (trabalho proibido), é pacífico o entendimento
considera trabalho escravo quando alguém (i) cerceia o uso de qualquer de que todos os direitos decorrentes do contrato de trabalho devem
meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no ser assegurados.
local de trabalho; (ii) mantém vigilância ostensiva no local de trabalho (d) A Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) é obrigatória
ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com para o exercício de qualquer emprego, inclusive de natureza rural, ainda
o fim de retê-lo no local de trabalho (art. 149 do CP). que em caráter temporário, e para o exercício por conta própria de ativi-
Gabarito: A
dade profissional remunerada, de acordo com o art. 13 da CLT. Contudo,

414. (FGV/OAB/VI_Exame/Duque de Caxias – 2011) Com relação ao a falta de anotação da CTPS do empregado não invalida o contrato de
contrato de emprego, assinale a alternativa correta. trabalho, nem afasta o vínculo empregatício existente.
Gabarito: B
a) Quando da contratação por prazo determinado, somente é possível

nova contratação entre as mesmas partes num prazo nunca inferior 3. EMPREGADO
a três meses.
b) São as formas autorizadas por lei para a celebração de qualquer 416. (FGV/OAB/XXIX_Exame – 2019) Rogério foi admitido, em
contrato de trabalho por prazo determinado: transitoriedade do 08/12/2017, em uma locadora de automóveis, como responsável pelo
serviço do empregado, transitoriedade da atividade do empre- setor de contratos, razão pela qual não necessitava comparecer dia-
gador e quantidade extraordinária de serviço que justifique essa riamente à empresa, pois as locações eram feitas on-line. Rogério
modalidade de contratação. comparecia à locadora uma vez por semana para conferir e assinar as
c) Em nenhuma hipótese o contrato por prazo determinado poderá notas de devolução dos automóveis. Assim, Rogério trabalhava em sua
suceder, dentro de seis meses, a outro contrato por prazo deter- residência, com todo o equipamento fornecido pelo empregador, sendo
minado. que seu contrato de trabalho previa expressamente o trabalho remoto
d) O contrato de emprego por prazo indeterminado é aquele em que a distância e as atividades desempenhadas. Após um ano trabalhando
as partes, ao celebrá-lo, não estipulam a sua duração nem prefixam desse modo, o empregador entendeu que Rogério deveria trabalhar
o seu termo extintivo, podendo versar sobre qualquer obrigação nas dependências da empresa. A decisão foi comunicada a Rogério, por
de prestar qualquer tipo de serviço, manual ou intelectual. meio de termo aditivo ao contrato de trabalho assinado por ele, com
30 dias de antecedência. Ao ser dispensado em momento posterior,
Z Anotações/Comentários Rogério procurou você, como advogado(a), indagando sobre possível
(a, c) Quando da contratação por prazo determinado, somente é ação trabalhista por causa desta situação.
possível nova contratação entre as mesmas partes num prazo nunca Sobre a hipótese de ajuizamento, ou não, da referida ação, assinale a
inferior a 06 (seis) meses, não 03 (três) meses como conta na alterna- afirmativa correta.
A) Não se tratando da modalidade de teletrabalho, deverá ser reque- revogação, caso não desse certo. Sobre o regime de teletrabalho, com
rida a desconsideração do trabalho em domicílio, já que havia base na legislação trabalhista em vigor, assinale a afirmativa correta.
comparecimento semanal nas dependências do empregador. A) Poderá ser realizada a alteração do regime de teletrabalho para o
B) Não deverá ser requerido o pagamento de horas extras pelo presencial por determinação do empregador, garantido o prazo
trabalho sem limite de horário, dado o trabalho em domicílio, de transição mínimo de 15 dias, com correspondente registro em
porém poderá ser requerido trabalho extraordinário em virtude aditivo contratual.
das ausências de intervalo de 11h entre os dias de trabalho, bem B) Os materiais fornecidos pelo empregador para a realização do
como o intervalo para repouso e alimentação. teletrabalho representam utilidades e integram a remuneração
C) Em vista da modalidade de teletrabalho, a narrativa não demonstra do empregado.
qualquer irregularidade a ser requerida em eventual demanda C) A jornada do empregado em teletrabalho que exceder o limite
trabalhista. constitucional será paga como hora extra.
D) Deverá ser requerido que os valores correspondentes aos equipa- D) A empresa pode implementar, por vontade própria, o teletrabalho,
mentos usados para o trabalho em domicílio sejam considerados sendo desnecessária a concordância expressa do empregado, já
salário-utilidade. que seria mais vantajoso para ele.
Teletrabalhador é o empregado que desenvolve seus serviços É possível que o empregado possa migrar do regime presencial
preponderantemente fora da sede da empresa, com a utilização de para o regime de teletrabalho, observados os seguintes requisitos: 1)
tecnologias de informação e de comunicação. O teletrabalho desen- mútuo consentimento entre empregado e empregador; 2) registrado
volve-se preponderantemente fora das dependências do empregador, em aditivo contratual. Também é possível a alteração do regime de
contudo o comparecimento na empresa para a realização de atividades teletrabalho para o presencial, observados os seguintes requisitos
específicas que demandem a presença física do empregado no esta- previstos no art. 75-C, §2º, da CLT: 1) determinação do empregador; 2)
belecimento não descaracteriza o regime de trabalho (art. 75-B, caput prazo de transição mínimo 15 dias (observar um período adaptativo
e parágrafo único, da CLT). O contrato de trabalho é que irá especificar na nova modalidade de trabalho); 3) registrado em aditivo contratual.
quem vai pagar pela aquisição e manutenção dos equipamentos e Gabarito: A
despesas do empregado na execução do seu trabalho, bem como as

disposições relativas à responsabilidade pelo reembolso das despe- 419. (FCC/TST/Analista Judiciário – Área Judiciária – 2017) A respeito
sas arcadas pelo empregado. As utilidades acima mencionadas não do teletrabalho previsto na Lei no 13.467 de 2017, considere:
integram a remuneração do empregado (art. 75-D, caput e parágrafo I. Entende-se teletrabalho a prestação de serviços exclusivamente
único, da CLT). É possível a alteração do regime de teletrabalho para o fora das dependências do empregador, com a utilização de tec-
presencial, observados os seguintes requisitos previstos no art. 75-C, nologias de informação e de comunicação que, por sua natureza,
§2º, da CLT: 1) determinação do empregador; 2) prazo de transição não se constituam como trabalho externo.
mínimo 15 dias (observar um período adaptativo na nova modalidade
Direito do Trabalho
II. Por determinação do empregador, poderá haver o retorno do
de trabalho); 3) registrado em aditivo contratual.
Gabarito: C empregado em regime de teletrabalho para a modalidade pre-
sencial, respeitado o período de transição de, no mínimo, 15 dias,
417. (FGV/OAB/XXV_Exame – 2018) Jerônimo Fernandes Silva foi constando de aditivo contratual.
admitido pela sociedade empresária Usina Açúcar Feliz S.A. em 12 de III. A alteração contratual atinente à mudança do regime presencial
fevereiro de 2018 para exercer a função de gerente regional, recebendo para o de teletrabalho só pode ser efetivada se houver acordo
salário de R$ 22.000,00 mensais. Jerônimo cuida de toda a Usina, anali- mútuo entre empregado e empregador, devendo ser formalizada
sando os contratos de venda dos produtos fabricados, comprando insu- mediante aditivo contratual.
mos e materiais, além de gerenciar os 80 empregados que a sociedade
empresária possui. A sociedade empresária pretende inserir cláusula IV. O comparecimento às dependências do empregador para a realiza-
compromissória de arbitragem no contrato de trabalho. Diante da ção de atividades específicas que exijam a presença do empregado
situação retratada e dos preceitos da CLT, assinale a afirmativa correta. no estabelecimento descaracteriza o regime de teletrabalho.
a) A cláusula compromissória de arbitragem pode ser estipulada V. A prestação de serviços na modalidade de teletrabalho deverá
no momento da contratação, desde que o empregado manifeste constar expressamente do contrato individual de trabalho, não
concordância expressa. sendo exigida a especificação das atividades que serão realizadas
pelo empregado.
b) A cláusula compromissória de arbitragem é viável, se o empregado
for portador de diploma de nível superior. Está correto o que consta APENAS em
c) Não cabe arbitragem nas lides trabalhistas individuais, pelo que (A) II, III e IV.
nula eventual estipulação nesse sentido. (B) I, II e V.
d) É possível a estipulação de cláusula compromissória de arbitragem, (C) III, IV e V.
desde que isso seja homologado pelo sindicato de classe. “ (D) II e III.
Z Anotações/Comentários (E) I e IV.
A arbitragem é um meio extrajudicial de solução de controvér- Z Anotações/Comentários

sias, onde as partes contratantes escolhem um terceiro (árbitro) para
resolver o litígio. Durante muito tempo entendia-se que a arbitragem Com o desenvolvimento tecnológico e as novas formas de organi-
somente era aplicável no direito coletivo do trabalho, diante do caráter zação do trabalho, cada dia mais tornou-se comum a figura do teletra-
indisponível dos direitos trabalhistas, além da condição de hipossufi- balho (home office), isto é, do trabalhador que desenvolve seus serviços
ciente do trabalhador. A Lei da Reforma Trabalhista (Lei nº 13.467/17) preponderantemente fora da sede da empresa, com a utilização de
introduziu o art. 507-A à CLT para admitir a arbitragem quando se tratar tecnologias de informação e de comunicação.
de empregado hipersuficiente, ainda que mediante a inserção de I. O teletrabalhador não se confunde com o trabalhador externo.
cláusula compromissória. Assim, é possível a estipulação da cláusula Assim como o teletrabalhador, o trabalhador externo realiza suas
compromissória de arbitragem no contexto do direito individual do atividades fora das dependências do empregador porque sua própria
trabalho, observados os seguintes requisitos: 1) trabalhador hiper- natureza o obriga, como por exemplo: instaladores de antenas de TV,
suficiente (remuneração seja superior a 2 vezes o limite máximo da leitores de relógios de energia, montadores, entre outros. Contudo,
Previdência Social); 2) iniciativa do empregado ou mediante a sua o teletrabalho tem a seguinte peculiaridade: embora pudesse ser
concordância expressa. realizado na empresa, por opção de empregado e empregador, passa
a ser realizado preponderantemente fora das suas dependências, com
Gabarito: A
418. (FGV/OAB/XXVII_Exame – 2018) Uma sociedade empresária a utilização de recursos de informação e tecnológicos. A assertiva,
do ramo de informática, visando à redução de custos, decidiu colocar portanto, está incorreta.
metade de seus funcionários em teletrabalho, com possibilidade de II. A afirmação está de acordo com o artigo 75-C, §2º, da CLT.
III. A assertiva está de acordo com o artigo 75-C, §1º, da CLT. Sobre o caso sugerido, assinale a afirmativa correta.
IV. O teletrabalho desenvolve-se preponderantemente fora das A) Paulo é prestador de serviços autônomo, não tendo vínculo de
dependências do empregador, contudo o comparecimento na empresa emprego, pois ausente a subordinação, já que inexistente fiscali-
para a realização de atividades específicas que demandem a presença zação efetiva física.
física do empregado no estabelecimento não descaracteriza o regime
de trabalho. É o que determina o artigo 75-B, parágrafo único da CLT. A B) Paulo é prestador de serviços autônomo, não tendo vínculo de
assertiva, portanto, está incorreta. emprego, pois ausente o pagamento de salário fixo.
V. Conforme o artigo 75-C da CLT, acrescentado pela Lei n. 13.467/17, C) Paulo é prestador de serviços autônomo, não tendo vínculo de
para a configuração do teletrabalho é necessário constar expressamente emprego, pois ausente o requisito da pessoalidade, já que impos-
do contrato individual de trabalho, que especificará as atividades que sível saber se era Paulo quem efetivamente estaria trabalhando.
serão realizadas pelo empregado. Afirmativa incorreta. D) Paulo é empregado da empresa, pois presentes todos os requisitos
Gabarito: D
caracterizadores da relação de emprego.

420. (FGV/OAB/XX_Exame/Prova reaplicada Salvador-BA – 2016)
Denise é empregada doméstica e labora em sistema de escala de 12 Z Anotações/Comentários
horas seguidas por 36 horas ininterruptas de descanso na residência
Os requisitos para a configuração do vínculo empregatício são:
da sua empregadora. Em relação ao caso concreto, e de acordo com a
A) A prestação de serviços por pessoa física: significa que, para a
Lei de Regência, assinale a afirmativa correta.
configuração da relação de emprego, é necessária a exploração da
a) O sistema de 12x36 horas para o doméstico depende da assinatura energia do trabalho humano; B) Pessoalidade: significa dizer que
de acordo coletivo ou da convenção coletiva de trabalho. o trabalho do empregado somente pode ser realizado pela pessoa
b) É vedada a adoção do sistema 12x36 horas para os empregados dele, não podendo ser substituído por outro. Há exceções, tais como,
domésticos, daí porque inválido o horário adotado. férias e faltas. C) Não eventualidade: é a prestação de serviços de
forma repetida, nas atividades permanentes do tomador e a este
c) A Lei de regência é omissa a respeito, daí porque, em razão da
fixado juridicamente. D) Onerosidade: verifica-se na prestação
proteção, não se admite o sistema de escala para o doméstico.
de serviços com o intuito de receber pagamento, remuneração,
d) É possível a fixação do sistema de escala de 12x36 horas para o contraprestação, isto é, não se trata de serviço prestado de forma
doméstico, desde que feito por acordo escrito individual. filantrópica, por caridade. E) Subordinação: Corresponde à obri-
gação que tem o empregado de prestar serviços sob as ordens do
Z Anotações/Comentários empregador, em decorrência do contrato de trabalho firmado entre
A LC 150/2015, que trata sobre o contrato de trabalho doméstico, eles. A subordinação é jurídica, decorre do contrato de trabalho
em seu art. 10, estabelece que é facultado às partes, mediante acordo e não exige a fiscalização efetiva física, de forma que a relação
escrito entre essas, estabelecer horário de trabalho de 12 (doze) horas de emprego também se caracteriza no teletrabalho. Observa-se,
seguidas por 36 (trinta e seis) horas ininterruptas de descanso, observa- na questão, que todos os requisitos da relação de emprego estão
Direito do Trabalho
dos ou indenizados os intervalos para repouso e alimentação. Destaca- presentes já que o trabalho é prestado por pessoa física, que foi con-
-se que o art. 59-A foi inserido pela Reforma Trabalhista e possui previsão tratada para desenvolver determinada atividade com pessoalidade,
no mesmo sentido para os empregados urbanos. Portanto, é possível de forma repetida no tempo, com promessa de remuneração e sob
a fixação do sistema de escala de 12x36 horas para Denise, empregada as ordens de seu empregador, ainda que supervisionado por meios
doméstica, desde que por acordo escrito individual. informatizados de comando.
Gabarito: D Gabarito: D
421. (FGV/OAB/XX_ Exame /Prova reaplicada Salvador-BA – 2016)

423. (FGV/OAB/VI_Exame/Duque de Caxias – 2011) A idade mínima
Denise é empregada doméstica e labora em sistema de escala de 12
para que alguém seja contratado como empregada doméstica, aprendiz
horas seguidas por 36 horas ininterruptas de descanso na residência
e no trabalho em subsolo é de, respectivamente,
da sua empregadora. Em relação ao caso concreto, e de acordo com a
Lei de Regência, assinale a afirmativa correta. a) 16 anos, 14 anos e 25 anos.
a) O sistema de 12x36 horas para o doméstico depende da assinatura b) 21 anos, 16 anos e 18 anos.
de acordo coletivo ou da convenção coletiva de trabalho.
c) 14 anos, 16 anos e 30 anos.
b) É vedada a adoção do sistema 12x36 horas para os empregados
domésticos, daí porque inválido o horário adotado. d) 18 anos, 14 anos e 21 anos.
c) A Lei de regência é omissa a respeito, daí porque, em razão da
proteção, não se admite o sistema de escala para o doméstico.
d) É possível a fixação do sistema de escala de 12x36 horas para o Antigamente existia grande controvérsia quanto à idade mínima
doméstico, desde que feito por acordo escrito individual. para que alguém pudesse ser contratado como empregado doméstico.
Contudo, atualmente, o assunto foi pacificado com o advento da LC nº
Z Anotações/Comentários 150/2015, pois o art. 1º, parágrafo único, da referida Lei Complementar
determina, a contrario sensu, que é permitida a contratação de maior de
A LC 150/2015, que trata sobre o contrato de trabalho doméstico, 18 (dezoito) anos para desempenho de trabalho doméstico, de acordo
em seu art. 10, estabelece que é facultado às partes, mediante acordo com a Convenção nº 182/99 da OIT e com o Decreto nº 6.841/2008. Por
escrito entre essas, estabelecer horário de trabalho de 12 (doze) horas outro lado, a idade mínima para alguém trabalhar como aprendiz é de
seguidas por 36 (trinta e seis) horas ininterruptas de descanso, observa- 14 (quatorze) anos, nos termos do art. 7º, XXXIII, da CF e art. 428 da CLT.
dos ou indenizados os intervalos para repouso e alimentação. Destaca- Por fim, o trabalho em subsolo pode ser exercido apenas por maiores
-se que o art. 59-A foi inserido pela Reforma Trabalhista e possui previsão de 21 (vinte e um) anos (art. 301 da CLT).
no mesmo sentido para os empregados urbanos. Portanto, é possível Gabarito: D
a fixação do sistema de escala de 12x36 horas para Denise, empregada

doméstica, desde que por acordo escrito individual.
Gabarito: D 424. (FGV/OAB/III_Exame – 2010) Paulo possuía uma casa de campo,
situada em região rural da cidade de Muzambinho – MG, onde costu-
422. (FGV/OAB/XIII_Exame – 2014) A empresa Infohoje Ltda. firmou mava passar todos os finais de semana e as férias com a sua família.
contrato com Paulo, pelo qual ele prestaria consultoria e suporte de Contratou Francisco para cuidar de algumas cabeças de gado destinadas
serviços técnicos de informática a clientes da empresa. Para tanto, Paulo à venda de carne e de leite ao mercado local. Francisco trabalhava com
receberia 20% do valor de cada atendimento, sendo certo que trabalha- pessoalidade e subordinação, de segunda a sábado, das 11h às 21h, rece-
ria em sua própria residência, realizando os contatos e trabalhos por via bendo um salário mínimo mensal. Dispensado sem justa causa, ajuizou
remota ou telefônica. Paulo deveria estar conectado durante o horário reclamação trabalhista em face de Paulo, postulando o pagamento de
comercial de segunda a sexta-feira, sendo exigida sua assinatura digital horas extraordinárias, de adicional noturno e dos respectivos reflexos
pessoal e intransferível para cada trabalho, bem como exclusividade na nas verbas decorrentes da execução e da ruptura do contrato de traba-
área de informática. lho. Aduziu, ainda, que não era observada pelo empregador a redução
da hora noturna. Diante dessa situação hipotética e considerando que Joana no curso do contrato de trabalho garante à empregada doméstica
as verbas postuladas não foram efetivamente pagas pelo empregador, gestante a estabilidade provisória prevista na alínea b do inciso II do
assinale a alternativa correta. art. 10 do ADCT, mesmo na hipótese de admissão mediante contrato
por tempo determinado, de acordo com o art. 25, parágrafo único, da
a) Francisco tem direito ao pagamento de horas extraordinárias e de
LC nº 150/2015 e Súmula nº 244, III, do TST.
adicional noturno, não lhe assistindo o direito à redução da hora Gabarito: B
noturna.
b) Francisco tem direito ao pagamento de horas extraordinárias, mas 4. EMPREGADOR
não lhe assiste o direito ao pagamento de adicional noturno, já que
não houve prestação de serviços entre as 22h de um dia e as 5h do
426. (FCC – Analista Judiciário – Área Judiciária – TRT 24/2017) Ate-
dia seguinte.
nas foi empregada da empresa Delta Operadora Cambial que é dirigida,
c) Francisco não tem direito ao pagamento de horas extraordinárias administrada e controlada pela empresa Delta Empreendimentos S/A,
e de adicional noturno, por se tratar de empregado doméstico. situação esta que caracteriza a existência de grupo econômico para fins
trabalhistas. Após dois anos de contrato de trabalho Atenas foi dispen-
d) A redução da hora noturna deveria ter sido observada pelo empre-
sada sem justa causa, mas não recebeu as verbas rescisórias devidas.
gador.
Nessa situação, conforme previsão contida na Consolidação das Leis do
Trabalho, a responsabilidade pelo pagamento será
a) das empresas Delta Operadora Cambial e Delta Empreendimentos
Todos os trabalhadores urbanos e rurais têm direito à duração do S/A de forma solidária.
trabalho normal não superior a 08 (oito) horas diárias e 44 (quarenta e
quatro) semanais, facultada a compensação de horários e a redução b) da empresa empregadora Delta Operadora Cambial e subsidiaria-
da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho mente da empresa controladora Delta Empreendimentos S/A.
(art. 7º, XIII, da CF). Além disso, quando o trabalhador prestar serviço c) da empresa controladora Delta Empreendimentos S/A e subsidia-
extraordinário, terá direito à remuneração superior, no mínimo, em riamente da empresa empregadora Delta Operadora Cambial.
50% (cinquenta por cento) à do normal, em regra (art. 7º, XVI, da CF).
No caso em tela, Paulo trabalhava durante 10 (dez) horas diariamente d) apenas da empresa Delta Operadora Cambial porque era a efetiva
e, por isso, tem direito ao pagamento de horas extraordinárias. No empregadora.
que tange à remuneração por trabalho noturno, o art. 7º da Lei nº e) apenas a empresa Delta Empreendimentos S/A porque é a principal,
5.889/1973 determina que nos casos de trabalhadores rurais, deve ser que dirige, administra e controla.
considerado como trabalho noturno o executado entre as 21 (vinte e
uma) horas de um dia e as 05 (cinco) horas do dia seguinte, na lavoura, Z Anotações/Comentários:
e entre as 20 (vinte) horas de um dia e as 04 (quatro horas) do dia
seguinte, na atividade pecuária. Francisco trabalhava em atividade Ocorre grupo econômico quando as empresas estão ligadas entre
Direito do Trabalho
pecuária até às 21h diariamente e, por esse motivo, tem direito à si, ou seja, quando há “empresa-mãe e empresas-irmãs”. Nesse caso,
remuneração por trabalho noturno, no valor de 25% (vinte e cinco por cada uma dessas empresas possui personalidade jurídica própria,
cento) sobre a hora diurna, de acordo com o art. 7º, parágrafo único, da isto é, CNPJ próprio, quadro de pessoal próprio, exercem atividades
Lei nº 5.889/1973. Ressalta-se que Francisco não pode ser considerado econômicas diversas etc.
empregado doméstico, tendo em vista que exercia atividade lucrativa. Art. 2º, CLT. Considera-se empregador a empresa, individual ou
Por fim, importante lembrar que ao empregado rural não se aplica a coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite,
hora reduzida de 52 (cinquenta e dois) minutos e 30 (trinta) segundos assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço.
como para os empregados urbanos. Sendo assim, a hora noturna de
Francisco é de 60 (sessenta) minutos. § 1º – Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos
Gabarito: A
da relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de
beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins
425. (FGV/OAB/II_Exame – 2010) Joana foi contratada para tra- lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados.
balhar de segunda a sábado na residência do Sr. Demétrius, de 70 § 2º Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma
anos, como sua acompanhante, recebendo salário mensal. Ao exato delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle
término do terceiro mês de prestação de serviços, o Sr. Demétrius ou administração de outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada
descobre que a Sra. Joana está grávida, rescindindo a prestação de uma sua autonomia, integrem grupo econômico, serão responsáveis
serviços. Joana, inconformada, ajuíza ação trabalhista para que lhe seja solidariamente pelas obrigações decorrentes da relação de emprego.
reconhecida a condição de empregada doméstica e garantido o seu (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
emprego mediante reconhecimento da estabilidade provisória pela
gestação. Levando-se em consideração a situação de Joana, assinale § 3º Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de sócios,
a alternativa correta. sendo necessárias, para a configuração do grupo, a demonstração
do interesse integrado, a efetiva comunhão de interesses e a atuação
a) A função de acompanhante é incompatível com o reconhecimento conjunta das empresas dele integrantes. (Incluído pela Lei nº 13.467,
de vínculo de emprego doméstico. de 2017)
Gabarito: A
b) Joana faz jus ao reconhecimento de vínculo de emprego como

empregada doméstica.
427. (FGV/OAB/XXVIII_Exame – 2019) Alaor, insatisfeito com o
c) Joana não fará jus à estabilidade gestacional, pois este não é um pequeno lucro do restaurante do qual era sócio, retirou-se da sociedade
direito garantido à categoria dos empregados domésticos. empresária e averbou, na respectiva junta comercial, novo contrato
d) Joana não fará jus à estabilidade gestacional, pois o contrato de social, onde constava sua retirada. O empresário, 36 meses após esse
três meses é automaticamente considerado de experiência para fato, foi surpreendido com sua citação em uma reclamação trabalhista
o Direito do Trabalho e pode ser rescindido ao atingir o seu termo ajuizada dias antes. Sobre a hipótese apresentada, considerando a atual
final. redação da CLT, assinale a afirmativa correta.
A) Alaor responde solidariamente pelos débitos da sociedade na ação
Z Anotações/Comentários trabalhista em referência.
O empregado doméstico é aquele que presta serviços de forma B) Alaor responde subsidiariamente pelos débitos da sociedade na
contínua, subordinada, onerosa e pessoal e de finalidade não lucrativa ação trabalhista em referência.
à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas, por mais de 2 (dois)
C) Alaor não mais responde, na ação trabalhista em referência, pelos
dias por semana, nos termos do art. 1º da LC nº 150/2015. Portanto, Joana
débitos da sociedade.
fará jus ao reconhecimento do vínculo de emprego como empregada
doméstica, uma vez que a função de acompanhante é compatível com o D) No caso, primeiro responde a empresa devedora, depois, os sócios
reconhecimento de tal vínculo. Além disso, a confirmação da gravidez de atuais e, em seguida, os sócios retirantes, que é o caso de Alaor.
O sócio retirante, isto é, aquele que sai do quadro societário da A invenção ou modelo de utilidade pertencem exclusivamente ao
pessoa jurídica, responde subsidiariamente pelas obrigações traba- empregador quando decorrerem de contrato de trabalho cuja execu-
lhistas da sociedade relativas ao período em que figurou como sócio. ção ocorra no Brasil e que tenha por objeto a pesquisa ou a atividade
Essa responsabilidade fica limitada às ações ajuizadas até dois anos inventiva, ou resulte esta da natureza dos serviços para os quais foi o
depois de averbada a modificação do contrato, observada a seguinte empregado contratado, como ocorreu no caso em tela. Nessa hipótese,
ordem de preferência: I – a empresa devedora; II – os sócios atuais; e a retribuição pelo trabalho deve ser limitada ao salário ajustado, salvo
expressa previsão contratual em contrário. Somente pertenceria exclu-
III – os sócios retirantes. Assim uma vez demandado em juízo, o sócio
sivamente ao empregado cientista se a invenção por ele desenvolvida
retirante pode alegar o benefício de ordem estabelecido no referido art.
não estivesse vinculada ao contrato de trabalho e se não decorresse da
10-A da CLT, qual seja: primeiro a empresa devedora, depois os sócios
utilização de recursos, meios, dados, materiais, instalações ou equipa-
atuais e, por fim, os sócios retirantes. O sócio retirante responderá mentos do empregador. Além disso, a propriedade da invenção seria
solidariamente com os demais quando ficar comprovada fraude na comum entre o empregado e o empregador se resultasse da contri-
alteração societária decorrente da modificação do contrato. É o que buição pessoal do empregado e de recursos, dados, meios, materiais,
pode ocorrer, por exemplo, se o sócio simular a venda das suas cotas instalações ou equipamentos do empregador, ressalvada expressa
para um “laranja”, sabidamente insolvente ou que sirva apenas como disposição contratual em contrário (arts. 88, 90 e 91 da Lei nº 9.279/1996).
um sócio aparente. Na questão em análise, a ação foi ajuizada mais Gabarito: D
de dois anos após averbada a retirada do sócio do quadro societário,

razão pela qual Alaor não responderá mais pelos débitos da sociedade 430. (FGV/OAB/IX_Exame – 2012) Buscando profissionais experientes
naquela ação trabalhista. para manusear equipamentos de alta tecnologia e custo extremamente
Gabarito: C
elevado, uma empresa anuncia a existência de vagas para candidatos
que possuam dois anos de experiência prévia em determinada ativi-
428. (FGV/OAB/XXIV_Exame – 2017) Carlos, professor de educação dade. A partir da hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta.
física e fisioterapeuta, trabalhou para a Academia Boa Forma S/A, que a) A manifestação é inválida porque o máximo de experiência que
assinou sua CTPS. Cumpria jornada de segunda a sexta-feira, das 7h pode ser exigida é de seis meses.
às 16h, com uma hora de intervalo para almoço. Ao longo da jornada
b) A manifestação é inválida, pois o empregador não tem o direito de
de trabalho, ele ministrava quatro aulas de ginástica com 50 minutos
exigir experiência pretérita do candidato a emprego.
de duração cada, e, também, fazia atendimentos fisioterápicos previa-
mente marcados pelos alunos da Academia, na sociedade empresária c) A manifestação é inválida porque o máximo de experiência que
Siga em Boa Forma Ltda., do mesmo grupo econômico da Academia, pode ser exigida é de um ano.
sem ter sua CTPS anotada. Dispensado, Carlos pretende ajuizar ação d) A manifestação é válida, em razão do valor do equipamento,
trabalhista. Diante disso, em relação ao vínculo de emprego de Carlos visando à proteção do patrimônio do empregador.
Direito do Trabalho
A) O caso gera a duplicidade de contratos de emprego, sendo as
empresas responsáveis solidárias dos débitos trabalhistas. Para fins de contratação, o empregador não poderá exigir do
candidato a emprego comprovação de experiência prévia por tempo
B) O caso gera a duplicidade de contratos de emprego, sendo as
superior a 6 (seis) meses no mesmo tipo de atividade, de acordo com o
empresas responsáveis subsidiárias dos débitos trabalhistas. art. 442-A da CLT. Por essa razão, a manifestação da empresa é inválida.
C) O caso gera duplicidade de contratos de emprego, cada empresa
Gabarito: A
com sua responsabilidade.

431. (FGV/OAB/VIII_Exame – 2012) Um cientista é contratado como
D) O caso não gera coexistência de mais de um contrato de trabalho. empregado para trabalhar no setor de pesquisa de uma empresa,
visando desenvolver atividade inventiva. Após três anos, com uso de
Z Anotações/Comentários equipamentos e insumos da empresa, o trabalhador inventa um novo
maquinário, cuja patente é requerida e, em breve, introduzida no pro-
A existência de grupo econômico gera a formação de um único
cesso de produção, com previsão de alto lucro. Na hipótese, caso nada
contrato de trabalho (responsabilidade solidária ativa). Dessa forma, se
tenha sido disposto a respeito, assinale a afirmativa correta.
o empregado for contratado por uma das empresas, mas seu trabalho
estiver sendo aproveitado pelas demais, terá um único contrato de a) A invenção pertence exclusivamente ao empregado, mas os lucros
trabalho, ou seja, sua carteira de trabalho não será assinada pelas duas deverão ser divididos.
empregadoras, mas apenas uma delas (teoria do empregador único). b) A invenção pertence exclusivamente ao empregador, dada a ativi-
Esta é a hipótese tratada na questão acima, em que Carlos trabalhava dade para a qual foi contratado o empregado.
para empresas do mesmo grupo econômico.
Gabarito: D
c) A invenção pertence ao empregado e ao empregador, que dividirão
os lucros.
429. (FGV/OAB/XVI_Exame – 2015) Determinado empregado foi d) A invenção pertence ao empregador, mas é dado ao empregado
contratado para criar e desenvolver programas de software, criando pedir indenização por dano material, a ser arbitrado pela justiça.
novas soluções para as demandas dos clientes do seu empregador. Em
sua atividade normal, esse empregado inventou um programa original, Z Anotações/Comentários
muito útil e prático, para que os empresários controlassem à distância A invenção ou modelo de utilidade pertencem exclusivamente ao
seus estoques, o que possibilitou um aumento nas vendas. empregador quando decorrerem de contrato de trabalho cuja execu-
Diante da situação retratada, assinale a afirmativa correta. ção ocorra no Brasil e que tenha por objeto a pesquisa ou a atividade
inventiva, ou resulte esta da natureza dos serviços para os quais foi o
a) O empregado terá direito, conforme a Lei, a uma participação sobre empregado contratado, como ocorreu no caso em tela. Nessa hipótese,
o lucro obtido nessas vendas. a retribuição pelo trabalho deve ser limitada ao salário ajustado, salvo
expressa previsão contratual em contrário. Somente pertenceria exclu-
b) A Lei é omissa a esse respeito, de modo que, caso não haja consenso sivamente ao empregado cientista se a invenção por ele desenvolvida
entre as partes, será necessário o ajuizamento de ação trabalhista não estivesse vinculada ao contrato de trabalho e se não decorresse da
para resolver o impasse. utilização de recursos, meios, dados, materiais, instalações ou equipa-
c) Todo o lucro obtido pelo invento será do empregado. mentos do empregador. Além disso, a propriedade da invenção seria
comum entre o empregado e o empregador se resultasse da contri-
d) O empregado terá direito apenas ao seu salário normal, exceto se buição pessoal do empregado e de recursos, dados, meios, materiais,
o seu contrato de trabalho tiver previsão de participação no lucro instalações ou equipamentos do empregador, ressalvada expressa
do seu invento. disposição contratual em contrário (arts. 88, 90 e 91 da Lei nº 9.279/1996).
c) A exigência é ilegal, pois o máximo que o futuro empregador

Gabarito: B
poderia exigir seriam 3 meses de experiência.

432. (FGV/OAB/V_Exame – 2011) Uma empresa põe anúncio em
jornal oferecendo emprego para a função de vendedor, exigindo que o d) A exigência é ilegal, pois o máximo que o futuro empregador
candidato tenha experiência anterior de 11 meses nessa função. Diante poderia exigir seriam 6 meses de experiência.
disso, assinale a alternativa correta.
a) A exigência é legal, pois a experiência até 1 ano pode ser exigida do
candidato a qualquer emprego, estando inserida no poder diretivo Para fins de contratação, o empregador não poderá exigir do
do futuro empregador. candidato a emprego comprovação de experiência prévia por tempo
superior a 6 (seis) meses no mesmo tipo de atividade, de acordo com
b) A exigência não traduz discriminação no emprego, de modo que o art. 442-A da CLT. Por essa razão, a exigência da empresa é ilegal.
poderia ser exigido qualquer período de experiência anterior. Gabarito: D
Direito do Trabalho
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

Simone Soares Bernardes
Algumas das questões aqui dispostas foram comentadas pela d) Reclamação trabalhista na qual foi reconhecido o pagamento de
equipe Juspodivm. salário à margem dos contracheques.
1. DA COMPETÊNCIA No processo do trabalho, a competência em razão da matéria é deli-
mitada pela natureza da relação jurídica material deduzida em juízo. Em
433. (FGV/OAB/XXIX_Exame – 2019) Considere as situações a seguir. outras palavras, o que define a competência material é a causa de pedir
I. Victor é um artista mirim e precisa de autorização judicial para e o pedido (exemplo: pedido de reconhecimento de vínculo empregatí-
poder participar de uma peça cinematográfica como ator coad- cio), independentemente se serão utilizadas normas jurídicas de outra
juvante. natureza na solução do litígio. No que se refere às contribuições sociais, a
competência da Justiça do Trabalho se restringe às contribuições sociais
II. A empresa FFX Ltda. foi multada por um auditor fiscal do trabalho
calculadas sobre as parcelas deferidas nas sentenças proferidas ou nos
e deseja anular judicialmente o auto de infração, alegando vícios
acordos homologados. Essa execução pode ser promovida, inclusive, de
e nulidades.
ofício (Súmula Vinculante n. 53). Logo, não é da competência da Justiça
III. O empregado Regis teve concedido pelo INSS auxílio-doença do Trabalho a cobrança de contribuições previdenciárias sobre parcelas
comum, mas entende que deveria receber auxílio-doença aciden- já quitadas ao empregado, por exemplo, quando há o reconhecimento
tário, daí porque pretende a conversão judicial do benefício.
Direito Processual do Trabalho
do vínculo empregatício ou em caso de salário extrafolha.

Gabarito: B
IV. Jonilson, advogado, foi contratado por um cliente para o ajuiza-

mento de uma ação de despejo, mas esse cliente não pagou os 435. (FGV/OAB/XIX_Exame – 2016) Hudson ajuizou ação na Justiça
honorários contratuais que haviam sido acertados. do Trabalho na qual postula exclusivamente diferenças na comple-
Diante da norma de regência acerca da competência, assinale a opção mentação de sua aposentadoria. Hudson explica que, durante 35 anos,
que indica quem deverá ajuizar ação na Justiça do Trabalho para ver foi empregado de uma empresa estatal e contribuiu para o ente de
seu pleito atendido. previdência privada fechada, da qual a ex-empregadora é instituidora e
patrocinadora. Ocorre que, ao longo do tempo, os empregados da ativa
a) Victor e Jonilson
tiveram reajustes salariais que não foram observados na complementa-
b) Regis e a empresa FFX Ltda. ção da aposentadoria de Hudson, gerando diferenças, que agora o autor
c) Victor e Regis cobra tanto da ex-empregadora quanto do ente de previdência privada.
d) Apenas a empresa FFX Ltda. Considerando o caso e de acordo com a CLT, assinale a afirmativa correta.
a) O processo deverá ser remetido pelo Juiz do Trabalho para a justiça
Z Anotações/Comentários estadual.
Na presente questão, dentre as várias ações judiciais apresenta- b) A reclamação trabalhista deverá ser extinta sem resolução do
das, a Justiça do Trabalho somente possui competência para apreciar mérito por falta de competência.
aquelas relativas à atividade fiscalizatória do Ministério do Trabalho (tais
c) A ação trabalhista deverá ter curso normal, com citação e designa-
como: ação anulatória de ato administrativo, mandado de segurança
ção de audiência para produção de provas.
contra superintendente do trabalho e outros), conforme artigo 114, VII,
da CF. Não é da competência da Justiça do Trabalho a apreciação de d) O destino do feito dependerá dos termos da contestação, pois pode
autorização judicial para trabalho artístico, que é da Justiça Comum, haver prorrogação de competência.
conforme decisão do STF na ADI 5326 (hipótese I). Também não compete
à Justiça do Trabalho a apreciação de demandas envolvendo benefício
previdenciário, cuja competência é da Justiça Federal, conforme artigo O STF, no julgamento do RE nº 586453 e RE nº 583050, decidiu que
109 da CF/88 (hipótese III). Por fim, nas ações para cobrança de hono- cabe à Justiça Comum, não à Justiça do Trabalho, processar e julgar
rários advocatícios contratuais, a competência é da Justiça Comum processos decorrentes de contrato de previdência complementar pri-
Estadual, conforme reiteradas decisões do STJ e TST, na medida em que vada. Portanto, o Juiz do Trabalho, no caso em tela, deverá remeter os
a relação entre advogado e cliente é regida pelo artigo 653 do Código autos do processo ajuizado por Hudson para a Justiça Comum Estadual.
Civil e não configura relação de trabalho a justificar a competência da
Gabarito: A
Justiça do Trabalho nos moldes do artigo 114, inciso I, da Constituição 436. (FGV/OAB/XVII_Exame – 2015) A sociedade empresária Beta
da República” (hipótese IV). S.A. teve a falência decretada durante a tramitação de uma reclamação
Gabarito: D
trabalhista, fato devidamente informado ao juízo. Depois de julgado

434. (FGV/OAB/XXI_Exame – 2016) De acordo com o entendimento procedente em parte o pedido de diferenças de horas extras e de
consolidado do STF e do TST, assinale a opção que apresenta situação parcelas rescisórias, nenhuma das partes recorreu da sentença, que
em que a Justiça do Trabalho possui competência para executar as transitou em julgado dessa forma. Teve, então, início a execução, com a
contribuições devidas ao INSS. apresentação dos cálculos pelo autor e posterior homologação pelo juiz.
a) Reclamação na qual se postulou, com sucesso, o reconhecimento Diante da situação, assinale a afirmativa correta.
de vínculo empregatício. a) Há equívoco, pois, a partir da decretação da falência, a ação tra-
b) Ação trabalhista na qual se deferiu o pagamento de diferença por balhista passa a ser da competência do juízo falimentar, que deve
equiparação salarial. proferir a sentença.
c) Demanda na qual o empregado teve a CTPS assinada mas não teve b) O pagamento do valor homologado deverá ser feito no juízo da
o INSS recolhido durante todo o contrato. falência, que é universal.
c) A execução será feita diretamente na Justiça do Trabalho, porque

440. (FGV/OAB/V_Exame – 2011) Com relação à competência material
o título executivo foi criado pelo Juiz do Trabalho.
da Justiça do Trabalho, é correto afirmar que
d) Essa é a única hipótese de competência concorrente, ou seja,
a) não compete à Justiça do Trabalho, mas à Justiça Federal, o julga-
poderá ser executado tanto na Justiça do Trabalho quanto na
mento de ação anulatória de auto de infração lavrado por auditor
Justiça comum.
fiscal do trabalho.
Z Anotações/Comentários b) é da competência da Justiça do Trabalho o julgamento das ações
Todas as ações de natureza trabalhista devem ser processadas ajuizadas em face da Previdência Social que versem sobre litígios
perante a justiça especializada até a apuração do crédito na ação de ou medidas cautelares relativos a acidentes do trabalho.
falência, que será inscrito no quadro-geral de credores pelo valor deter- c) de acordo com o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, é
minado em sentença. Portanto, a Justiça do Trabalho terá competência da competência da Justiça do Trabalho processar e julgar a ação
até que seja proferida decisão de liquidação. Após tal fato, o processo de cobrança ajuizada por profissional liberal contra cliente.
deverá ser remetido ao juízo falimentar para a habilitação do respectivo
crédito, nos termos do art. 6º, §2º, da Lei nº 11.101/2005. d) a Justiça do Trabalho é competente para julgar ação ajuizada
Gabarito: B
por sindicato de categoria profissional em face de determinada
empresa para que esta seja condenada a repassar-lhe as contri-
437. (FGV/OAB/XIII_Exame – 2014) Pedro, estivador, logo trabalhador
avulso, está insatisfeito com os repasses que lhe são feitos pelos traba- buições assistenciais descontadas dos salários dos empregados
lhos no Porto de Tubarão. Pretende ajuizar ação em face do operador sindicalizados.
portuário e do Órgão Gestor de Mão de Obra – OGMO. Como advogado
de Pedro, indique a Justiça competente para o processamento e julga-
mento da demanda a ser proposta. (a) Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar as ações
a) Justiça Comum Federal, dado que o avulso não tem vínculo de relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores
emprego com os réus e a matéria portuária é de âmbito nacional. pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho, inclusive a ação
anulatória de auto de infração lavrado por auditor fiscal do trabalho,
b) Justiça do Trabalho.
nos termos do artigo 114, VII, da CF.
c) Justiça Comum Estadual, pela ausência de relação empregatícia,
(b) A Justiça do Trabalho tem competência para processar e julgar
sendo o avulso uma espécie de trabalhador autônomo.
as ações de indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes
d) Poderá optar pela Justiça Comum Estadual ou Justiça do Trabalho, de acidente de trabalho propostas por empregado contra empregador
caso pretenda o reconhecimento de vínculo de emprego. (art. 114, VI da CF). Por outro lado, compete à Justiça Comum processar e
julgar ações ajuizadas em face da Previdência Social que versem sobre

litígios relativos a acidentes do trabalho.
Nos termos do artigo 643, §3º, da CLT, a Justiça do Trabalho é (c) Ao contrário do que afirma a alternativa, compete à Justiça
competente para processar e julgar as ações entre trabalhadores por- Comum Estadual processar e julgar a ação de cobrança ajuizada por
tuários e os operadores portuários ou o Órgão Gestor de Mão-de-Obra profissional liberal contra cliente, não à Justiça do Trabalho, nos termos
– OGMO decorrentes da relação de trabalho. Ainda que a relação não da Súmula 363 do STJ.
seja empregatícia, a competência é da justiça do trabalho por força de
lei. Essa é a hipótese da questão. (d) Dentre as competências da Justiça do Trabalho, está a de pro-
Gabarito: B
cessar e julgar as ações sobre representação sindical, entre sindicatos,
entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores
438. (FGV/OAB/VIII_Exame – 2012) Se for instalado conflito de com-
(art. 114, III, da CF), inclusive a ação ajuizada por sindicato de categoria
petência positivo entre dois juízes do Trabalho do Estado de Pernam-
profissional em face de determinada empresa para que esta seja con-
buco, qual será o órgão competente para julgá-lo?
denada a repassar-lhe as contribuições assistenciais descontadas dos
a) O TST. salários dos empregados sindicalizados.
b) O STJ.
Gabarito: D
c) O TRT de Pernambuco. 441. (FGV/OAB/III_Exame – 2011) Determinada turma do Tribunal

d) O STF. Superior do Trabalho não conheceu de recurso de revista interposto
pela empresa Alfa Empreendimentos Ltda. em razão de a decisão
Z Anotações/Comentários recorrida (proferida por Tribunal Regional do Trabalho em sede de
O conflito de competência pode ser positivo ou negativo. Será posi- recurso ordinário, em dissídio individual) estar em perfeita consonância
tivo quando dois ou mais juízes se declararem competentes para julgar com enunciado de súmula de direito material daquela Corte Superior.
a mesma demanda. Por outro lado, o conflito será negativo quando Transcorrido “in albis” o prazo recursal, essa decisão transitou em jul-
os juízes se declararem incompetentes para o julgamento do caso. gado. Na condição de advogado contratado pela respectiva empresa,
Havendo conflito de competência entre juízes do Trabalho vinculados para ajuizamento de ação rescisória, é correto afirmar que a decisão
a um mesmo Tribunal Regional, como no caso em tela, compete a este rescindenda será a proferida pelo
o julgamento do respectivo conflito. Dessa forma, o órgão competente a) Tribunal Regional do Trabalho, em recurso ordinário, tendo compe-
para julgar o conflito será o TRT de Pernambuco. tência originária para o seu julgamento o próprio Tribunal Regional
Gabarito: C
do Trabalho.
439. (FGV/OAB/VI_Exame/Duque de Caxias – 2011) Se um empre-
b) Tribunal Superior do Trabalho, que não conheceu do recurso de
gado é contratado em determinado lugar para prestar serviço em outra
revista, tendo competência originária uma das turmas do próprio
localidade, a eventual reclamação trabalhista
Tribunal Superior do Trabalho.
a) deve ser ajuizada apenas no lugar da prestação dos serviços.
c) Tribunal Regional do Trabalho, em recurso ordinário, tendo com-
b) poderá ser ajuizada no local da contratação ou da prestação dos petência originária para o seu julgamento a Seção Especializada
serviços. em Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho.
c) deve ser ajuizada no lugar da contratação, somente.
d) Tribunal Superior do Trabalho, que não conheceu do recurso de
d) poderá ser ajuizada no local da prestação do serviço ou do domicílio revista, tendo competência originária a Seção Especializada em
do autor. Dissídios Individuais do próprio Tribunal Superior do Trabalho.
Em regra, a competência para processar e julgar a reclamação Ação rescisória “é a ação autônoma de impugnação, cujo propósito
trabalhista será do local da prestação de serviços (art. 651 da CLT). é rescindir decisão judicial transitada em julgado e eventualmente pro-
Contudo, quando se tratar de empregado contratado em determinado mover novo julgamento da causa (rejulgamento). Primeiramente cabe
lugar para prestar serviços em outra localidade, a eventual reclamação destacar que a ação rescisória não visa atacar apenas vícios formais,
trabalhista poderá ser ajuizada tanto no local da contratação como no mas também a injustiça da decisão. Assim, na rescisória haverá sempre
da prestação dos serviços.
Gabarito: B o pedido de rescisão e quase sempre o pedido de rejulgamento. O juízo
de rescisão é chamado de “iudicium rescindens”. E o juízo de rejulga- Z Anotações/Comentários

mento é chamado de “iudicium rescissorium”. Pode acontecer de após Para que uma relação jurídica processual possa se formar e se
a rescisão, o Tribunal rejulgar da mesma maneira.” (Thais Mendonça desenvolver validamente, ela precisa observar alguns pressupostos.
Aleluia, Processo do Trabalho, Coleção Sinopses para concursos, Editora Dentre eles, podemos destacar o interesse processual, que, por sua
JusPodivm). A competência para julgar a ação rescisória será do Tribunal vez, emerge do trinômio necessidade-utilidade-adequação. Isso signi-
que proferiu a decisão de mérito a que se busca desconstituir. No caso fica que o processo deve ser utilizado quando houver necessidade de
em tela, o Tribunal Superior do Trabalho será o competente, uma vez intervenção do Estado para solucionar algum conflito de interesses.
que a decisão discutida foi proferida por ele próprio. Nesses termos, a Logo, não há interesse processual, mas sim lide simulada, quando as
Súmula 192, II, do TST dispõe que o acórdão rescindendo do Tribunal partes simulam uma ação para buscar a homologação de acordo em
Superior do Trabalho que não conhece de recurso de embargos juízo. Não há verdadeiramente lide (conflito) entre as partes, sendo esta
ou de revista, analisando arguição de violação de dispositivo de a hipótese dos autos e o motivo pelo qual o juiz recusou-se a homologar
lei material ou decidindo em consonância com súmula de direito o fraudulento “acordo”. Por fim, é importante esclarecer que a homolo-
material ou com iterativa, notória e atual jurisprudência de direito gação de acordo constitui faculdade do juiz, inexistindo direito líquido
material da Seção de Dissídios Individuais, examina o mérito e certo tutelável pela via do mandado de segurança (Súm. 418 do TST).
da causa, cabendo ação rescisória da competência do Tribunal Gabarito: B
Superior do Trabalho.
Gabarito: D 444. (FGV/OAB/XI_Exame – 2013) Um determinado trabalhador
ajuizou uma reclamação trabalhista e, na data designada, faltou injusti-
2. D
AS CONDIÇÕES DA AÇÃO E DOS PRESSUPOSTOS PRO- ficadamente à audiência. Seu advogado requereu o desentranhamento
CESSUAIS dos documentos, no que foi atendido. Dois meses depois, apresentou a
mesma reclamação, mas posteriormente resolve desistir dela em mesa
442. (FGV/OAB/XX_Exame – 2016) Mário ajuizou reclamação traba- de audiência, o que foi homologado pelo magistrado, sendo extinto o
lhista em face de seu ex- empregador. No dia da audiência, não compa- processo sem resolução do mérito. Caso queira ajuizar uma nova ação,
receu, razão pela qual o processo foi arquivado. Em nova ação proposta o trabalhador
em idênticos termos, o juiz extinguiu o feito sem resolução do mérito, a) terá de aguardar o prazo de seis meses, pois contra ele será aplicada
pois a ré não foi localizada. Imediatamente, Mário ajuizou a demanda a pena de perempção.
pela terceira vez. Na audiência, com todos presentes, o advogado da b) poderá ajuizar a nova ação de imediato, contanto que pague o valor
sociedade empresária aduziu que o juiz deveria extinguir o processo de uma multa que será arbitrada pelo juiz.
sem resolução do mérito em razão da perempção, pois não decorreu o
c) não precisará aguardar nenhum prazo para ajuizar nova ação.
prazo de seis meses entre o segundo e o terceiro processo.
d) deverá aguardar seis meses para ajuizar ação contra aquele empre-
Sobre a hipótese apresentada, na qualidade de advogado de Mário,
gador, mas não para outros que porventura venha a ter.
a) Deverá ser requerido que o juiz apenas suspenda o processo. Z Anotações/Comentários
b) Deverá desistir da ação para evitar a condenação em custas. No Processo do Trabalho, existe a chamada perempção temporá-
c) Deverá aduzir que o prazo de seis meses é contado da primeira ria, prevista no artigo 732 da CLT, que impede o ajuizamento de nova
ação. demanda após a ocorrência de 02 (dois) arquivamentos consecutivos.
No caso em tela, houve apenas 01 (um) arquivamento, o que não con-
d) Deverá aduzir que não houve perempção e requerer o prossegui-
figura a perempção supramencionada. Posteriormente, ocorreu uma
mento do feito.
desistência homologada, que acarreta a extinção do processo sem
resolução do mérito, conforme artigo 267, VIII do CPC combinado com
o artigo 769 da CLT, permitindo, assim, ajuizamento de nova demanda
Caso o reclamante dê causa a 02 (dois) arquivamentos seguidos, ele sem a necessidade de aguardar qualquer prazo.
sofrerá a penalidade do “duplo arquivamento” e passará 06 (seis) meses sem
Gabarito: C
poder litigar (art. 732 da CLT). Trata-se da perempção trabalhista tempo-

445. (FGV/OAB/VII_Exame – 2012) Arlindo dos Santos ajuizou ação
rária. No caso em tela, contudo, tal perempção não foi configurada, tendo
trabalhista em face do seu antigo empregador, pleiteando adicional
em vista que ocorreu apenas um arquivamento em razão da ausência do
de insalubridade e indenização por danos morais. Nas suas alegações
reclamante Mário na audiência designada. Por outro lado, o segundo pro- contidas na causa de pedir, Arlindo argumentou que trabalhou perma-
cesso foi extinto sem resolução de mérito por não ter sido possível localizar nentemente em contato com produtos químicos altamente tóxicos,
a ré, não foi, portanto, arquivado. Dessa forma, o juiz deverá aduzir que o que lhe acarretou, inclusive, problemas de saúde. Em contestação,
não houve perempção e requerer o prosseguimento do feito, com base o réu negou veementemente a existência de condições insalubres
nos arts. 731, 732 e 844 da CLT. e, por consequência, a violação do direito fundamental à saúde do
Gabarito: D
empregado, não apenas porque o material utilizado por Arlindo não

443. (FGV/OAB/XIV_Exame – 2014) Plínio, empregado da Padaria era tóxico, como também porque ele sempre utilizou equipamento de
Pão Bom Ltda., insatisfeito com o trabalho, procurou seu empregador proteção individual (luvas e máscara). Iniciada a fase instrutória, foi feita
pedindo para ser mandado embora. O empregador aceitou a proposta, prova pericial. Ao examinar o local de trabalho, o perito constatou que
desde que tudo fosse realizado por intermédio de um acordo na Justiça o material usado por Arlindo não era tóxico como mencionado por ele
do Trabalho, motivo pelo qual foi elaborada ação trabalhista pedindo na petição inicial. Entretanto, verificou que o autor trabalhou submetido
verbas rescisórias. No dia da audiência, as partes disseram que se a níveis de ruído muito acima do tolerado e sem a proteção adequada.
conciliaram, mas o juiz, ao indagar Plínio, compreendeu o que estava Assim, por força desse outro agente insalubre não referido na causa
ocorrendo e decidiu não homologar o acordo. de pedir, concluiu que o autor fazia jus ao pagamento do adicional
pleiteado com o percentual de 20%. Com base nessa situação concreta,
Para a hipótese, assinale a opção correta.
é correto afirmar que o juiz deve julgar
a) Plínio deverá impetrar Mandado de Segurança para obter a homo-
a) improcedente o pedido de pagamento de adicional de insalubri-
logação do acordo.
dade, uma vez que está vinculado aos fatos constantes da causa
b) A homologação do acordo é faculdade do juiz, que poderá não de pedir, tal como descritos pelo autor na petição inicial.
homologá-lo. b) procedente em parte o pedido de pagamento de adicional de
c) Sendo a conciliação um princípio do processo do trabalho, deverá insalubridade, concedendo apenas metade do percentual sugerido
o processo ser remetido para outra Vara para homologação por pelo perito, haja vista a existência de agente insalubre distinto
outro juiz. daquele mencionado na causa de pedir.
d) Plínio deverá interpor reclamação correicional para obter a homo- c) improcedente o pedido de pagamento de adicional de insalubri-
logação do acordo. dade, uma vez que a existência de ruído não é agente insalubre.
d) procedente o pedido de pagamento de adicional de insalubridade, b) Paulo poderá ajuizar uma nova reclamação verbal, uma vez que
uma vez que a constatação de agente insalubre distinto do men- somente a segunda foi reduzida a termo, gerando apenas um arqui-
cionado na causa de pedir não prejudica o pedido respectivo. vamento dos autos por ausência do autor na audiência inaugural.
Z Anotações/Comentários c) Paulo não poderá ajuizar uma nova reclamação verbal, uma vez
que deu ensejo à perempção prevista no CPC, aplicável subsidia-
A Súmula 293 do TST determina que a verificação mediante perícia
riamente ao processo do trabalho.
de prestação de serviços em condições nocivas, considerado agente
insalubre diverso do apontado na inicial, não prejudica o pedido de adi- d) Paulo poderá ajuizar nova reclamação trabalhista, mas apenas na
cional de insalubridade. Por essa razão, o juiz deverá julgar procedente forma escrita e assistido obrigatoriamente por advogado.
o pedido de pagamento de adicional de insalubridade feito por Arlindo,
tendo em vista que que a constatação de agente insalubre distinto do Z Anotações/Comentários
mencionado na causa de pedir não prejudica o pedido respectivo.
Gabarito: D
Caso o reclamante dê causa a 02 (dois) arquivamentos seguidos, ele
sofrerá a penalidade do “duplo arquivamento” e passará 06 meses sem
446. (FGV/OAB/II_Exame – 2010) No dia 23.05.2003, Paulo apresentou poder litigar. Trata-se da perempção trabalhista temporária. Além disso,
reclamação verbal perante o distribuidor do fórum trabalhista, o qual,
quando alguém tiver apresentado ao distribuidor reclamação verbal e
após livre distribuição, o encaminhou para a 132ª Vara do Trabalho do
Rio de Janeiro. Entretanto, Paulo mudou de ideia e não compareceu à não se apresentar, no prazo de 05 (cinco) dias, à Junta ou Juízo para fazê-lo
secretaria da Vara para reduzi-la a termo. No dia 24.12.2003, Paulo retor- tomar por termo, incorrerá na pena de perda, pelo prazo de 6 (seis) meses,
nou ao distribuidor da Justiça do Trabalho e, decidido, apresentou nova- do direito de reclamar perante a Justiça do Trabalho. No caso em tela, Paulo
mente a sua reclamação verbal, cuja livre distribuição o encaminhou não reduziu a termo a sua primeira inicial oral e, depois do decurso do
para a 150ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro. Desta vez, o trabalhador prazo de 06 (seis) meses, apresentou nova reclamação oral, reduzindo-a
se dirigiu à secretaria da Vara, reduziu a reclamação a termo e saiu de lá a termo. Contudo, essa demanda foi arquivada, uma vez que ele não
ciente de que a audiência inaugural seria no dia 01.02.2004. Contudo, compareceu à audiência designada. Destaca-se que somente se confi-
ao chegar o dia da audiência, Paulo mudou de ideia mais uma vez e não gurará a perempção do art. 732 da CLT se Paulo der causa, por 02 (duas)
compareceu, gerando o arquivamento dos autos. Diante desta situação
vezes seguidas ao arquivamento, o que não ocorreu no caso da questão.
concreta, é correto afirmar que:
Portanto, Paulo poderá ajuizar uma nova reclamação verbal, uma vez
a) Paulo não poderá ajuizar uma nova reclamação verbal, uma vez que que somente a segunda foi reduzida a termo, gerando apenas um
a CLT proíbe o ajuizamento sucessivo de três reclamações desta
arquivamento dos autos por ausência do autor na audiência inaugural.
modalidade. Gabarito: B

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PROIBIDO COMPARTILHAMENTO,

VOLUME 2 – CADERNO DE QUESTÕES

CRONOGRAMA DE 60 DIAS – XXXI EXAME DE ORDEM

SEMANA 1 – 16/12 – 22/12

VOLUME 2 – CADERNO DE QUESTOES

ÉTICA Estabelecimento Empresarial......................................597-602

* Observação: número da página no Livro.

Algumas das questões aqui dispostas foram comentadas pela

conteúdo da atuação na atividade de consultoria praticada é de

B) É admitida a inclusão do nome social de Maria, desde que, por

Z Anotações/Comentários c) O Código de Ética e Disciplina da OAB autoriza que o contrato de

sendo defendida, nos autos, pelo advogado Jeremias, integrante da

ração de quem já tenha patrono constituído, sem prévio conhecimento

exclusiva, passa a ser de 8 horas diárias (art. 12 do RG). O que ultrapassar

naro tramitam perante juízos com competência em São Paulo. Todavia,

não oficia. Tânia verificou que os processos não envolviam segredo de

dades durante a gravidez e após o parto. opostos em face de decisões judiciais.

de acordo com o art. 7º-A, I, “a” e “b”, III e IV, do EOAB.

necessidade de realizar a cirurgia, procurar Diogo, para requerer a tutela

ceu a atividade sozinho. Não obstante, passou a pesquisar sobre a

de sigla ou expressão de fantasia, de acordo com os arts. 15, §1º, e 16,

b) diária de 8 horas contínuas e a de vinte horas semanais, salvo acordo

b) Toda vez que figurar como indiciado em inquérito policial, por

decisão poderá ser revista pelo tribunal, facultando-se, ainda, ao juízo

presta serviço público. do ato.

a verdade real sobre os fatos ocorridos.

os dois últimos anos do curso jurídico, sem se desligar da atividade

pode comparecer isoladamente, quando receber autorização ou subs-

e precedida, ainda, do recolhimento dos respectivos custos, não sendo

uma Delegacia de Polícia para tentar obter cópia de autos de inquérito

Z Anotações/Comentários c) Sim, pois o cargo de serventuário do Tribunal de Justiça não é

podem requerer inscrição como estagiários.

d) Teresa não poderá se inscrever no quadro de estagiários mesmo

demandaria a tomada de medidas urgentes no âmbito da mencionada

tuto da Advocacia, devem

b) Não, pois as incompatibilidades previstas em lei para o exercício da

Estadual é conciliável com o exercício da advocacia.

50. (Questão formulada pelo autor) Os atos e contratos constitutivos

d) Convalidados após o registro ter sido aprovado.

audiência no Rio de Janeiro, vindo a cometer infração disciplinar passível

a) Amazonas, Acre ou Rio de Janeiro.

à dignidade da advocacia, depois de ouvi-lo em sessão especial para

a) Na hipótese de constituição de filial em outro estado, o ato de cons-

Z Anotações/Comentários A partir da hipótese apresentada, nos termos do Regulamento Geral da

c) O advogado, no exercício do mandato, atua como patrono da parte,

a) É direito e dever do advogado assumir a defesa criminal, em qual-

É direito e dever do advogado assumir a defesa criminal, sem con-

a) buscar a conciliação a qualquer preço por ser um objetivo da

manifestação, no âmbito consultivo, de pretensão concernente a

mente, como patrono e preposto do empregador ou cliente, nos termos

de cem advogados. Dez deles resolvem propor ação judicial para

a) O bacharel em Direito pode exercer as funções de Gerência Jurídica

sobre o pagamento de custas e emolumentos.

para patrocinar causa de juridicamente necessitado, no caso de impos-

diante da urgência da atuação, requer o ingresso nos autos, postulando

são ou de rádio, de entrevista na imprensa, de reportagem televisionada

interesses dos seus clientes e na consultoria jurídica

em causas cíveis, exercendo a profissão por longos anos, tendo sobres-

Z Anotações/Comentários c) a impetração de “habeas corpus”.

dispensada em certos atos jurisdicionais. Nos Juizados Especiais Cíveis

seus efeitos. No entanto, possuem, como todas as normas constitucio-

c) relacionado à alteração de significado de norma constitucional sem

constitucionais. 90. (FGV/OAB/XXVI_Exame – 2018) Uma nova Constituição é promul-

fissionais, hotéis, motéis, pensões e congêneres. Segundo Luís Roberto