O documento discute a sucessão de empresas em processos de falência e recuperação judicial. A legislação prevê que a alienação de ativos de empresas em recuperação judicial ou falência não implica sucessão tributária ou trabalhista para o comprador. No entanto, existem exceções quando o comprador for sócio, parente ou testa de ferro do devedor, a fim de evitar fraudes. A jurisprudência do STF e do TST acompanham esse entendimento legal.
Descrição original:
Pesquisa sobre recuperação judicial em reclamação trabalhista
O documento discute a sucessão de empresas em processos de falência e recuperação judicial. A legislação prevê que a alienação de ativos de empresas em recuperação judicial ou falência não implica sucessão tributária ou trabalhista para o comprador. No entanto, existem exceções quando o comprador for sócio, parente ou testa de ferro do devedor, a fim de evitar fraudes. A jurisprudência do STF e do TST acompanham esse entendimento legal.
O documento discute a sucessão de empresas em processos de falência e recuperação judicial. A legislação prevê que a alienação de ativos de empresas em recuperação judicial ou falência não implica sucessão tributária ou trabalhista para o comprador. No entanto, existem exceções quando o comprador for sócio, parente ou testa de ferro do devedor, a fim de evitar fraudes. A jurisprudência do STF e do TST acompanham esse entendimento legal.
INCONSTITUCIONALIDADE. ARTIGOS 60, PARÁGRAFO ÚNICO, 83, I E IV, c, E 141, II, DA LEI 11.101/2005. FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO JUDICIAL. INEXISTÊNCIA DE OFENSA AOS ARTIGOS 1º, III E IV, 6º, 7º, I, E 170, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL de 1988. ADI JULGADA IMPROCEDENTE. I - Inexiste reserva constitucional de lei complementar para a execução dos créditos trabalhistas decorrente de falência ou recuperação judicial. II - Não há, também, inconstitucionalidade quanto à ausência de sucessão de créditos trabalhistas. III - Igualmente não existe ofensa à Constituição no tocante ao limite de conversão de créditos trabalhistas em quirografários. IV - Diploma legal que objetiva prestigiar a função social da empresa e assegurar, tanto quanto possível, a preservação dos postos de trabalho. V - Ação direta julgada improcedente. (SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, AÇÃO DIREITA DE INCONSTITUCIONALIDADE 3.934 - 2 DISTRITO FEDERAL, EMENTÁRIO Nº 2381 - 2)."
Determina o art. 60 da Lei 11.101/2005:
"Art. 60. Se o plano de recuperação judicial aprovado
envolver alienação judicial de filiais ou de unidades produtivas isoladas do devedor, o juiz ordenará a sua realização, observado o disposto no art. 142 desta Lei.
Parágrafo único. O objeto da alienação estará livre de
qualquer ônus e não haverá sucessão do arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de natureza tributária, observado o disposto no § 1o do art. 141 desta Lei."
Sendo que o art. 141 da mesma lei traz:
"Art. 141. Na alienação conjunta ou separada de ativos,
inclusive da empresa ou de suas filiais, promovida sob qualquer das modalidades de que trata este artigo:
I - todos os credores, observada a ordem de preferência
definida no art. 83 desta Lei, sub-rogam-se no produto da realização do ativo;
II - o objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e
não haverá sucessão do arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de natureza tributária, as derivadas da legislação do trabalho e as decorrentes de acidentes de trabalho.
§ 1o O disposto no inciso II do caput deste artigo não se
aplica quando o arrematante for:
I - sócio da sociedade falida, ou sociedade controlada
pelo falido;
II - parente, em linha reta ou colateral até o 4 o (quarto)
grau, consanguíneo ou afim, do falido ou de sócio da sociedade falida; ou
III - identificado como agente do falido com o objetivo de
fraudar a sucessão."
Por isso, prevalece na jurisprudência que a alienação dos
bens do falido ou da empresa recuperanda, não implica sucessão tributária ou trabalhista. Qualquer que seja a forma de alienação do ativo (alienação da empresa, venda dos estabelecimentos isoladamente, ou alienação dos bens individualmente considerados) não haverá sucessão tributária ou trabalhista.
Nesse sentido é a jurisprudência do C. TST:
SUCESSÃO DE EMPREGADORES - ALIENAÇÃO DE
ATIVOS EFETUADA EM SEDE DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL- ART. 60, PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI 11.101/05.
1. Conforme dispõe o parágrafo único do art. 60 da Lei
11.101/05, a alienação aprovada em plano de recuperação judicial estará livre de quaisquer ônus e não haverá sucessão do arrematante nas obrigações do devedor, inclusive nas de natureza tributária.
2. Assim sendo, o acórdão regional, ao entender
caracterizada a sucessão trabalhista da Hypermarcas S.A., e condenar solidariamente esta Reclamada pelos créditos trabalhistas deferidos ao Obreiro na presente ação, acabou por violar o disposto no art. 60, parágrafo único, da Lei 11.101/05, merecendo ser reformado.
Recurso de revista provido.
Processo: RR - 20400-63.2007.5.15.0061 Data de
Julgamento: 17/11/2010, Relatora Juíza Convocada: Maria Doralice Novaes, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 19/11/2010. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. RECUPERAÇÃO JUDICIAL DE EMPRESA. SUCESSÃO. Os dispositivos de lei indicados não se referem à competência da Justiça do Trabalho. Violação não configurada. A teor do art. 896, alínea -a-, da CLT, julgado oriundo do Superior Tribunal de Justiça não serve para aferição de divergência jurisprudencial. VRG LINHAS AÉREAS S.A. RESPONSABILIDADE PELOS DÉBITOS TRABALHISTAS. SUCESSÃO. LEGITIMIDADE PASSIVA. RECUPERAÇÃO JUDICIAL DE EMPRESA. ART. 60, PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI 11.101/2005. O art. 60, parágrafo único, da Lei 11.101/2005 estabelece que, na alienação judicial de filiais ou de unidades produtivas isoladas do devedor, decorrente do plano de recuperação judicial, - o objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão do arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de natureza tributária, observado o disposto no § 1º do art. 141 desta Lei.- Embora não haja no referido dispositivo de lei menção expressa à ausência de sucessão do arrematante nas obrigações trabalhistas - ao contrário do que ocorre no art. 141 da mesma Lei relativamente à falência -, essa ausência de precisão legislativa não é suficiente para afastar a inexistência de sucessão nos débitos decorrentes dos contratos de trabalho. Entendimento diverso resultaria em contrariar o espírito da lei, tornando inócuas as regras relativas à recuperação judicial e comprometendo a sua finalidade (art. 47 da Lei 11.101/2005). Esse entendimento está em consonância com a decisão do Supremo Tribunal Federal, que, ao julgar improcedente a ADI-3.934-2/DF, asseverou que os arts. 60, parágrafo único, e 141, II, do texto legal em comento mostram-se constitucionalmente hígidos no aspecto em que estabelecem a inocorrência de sucessão dos créditos trabalhistas- (ADI-3.934-2-DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJ. 4/6/2009). Portanto, nos termos ao art. 60, parágrafo único, da Lei 11.101/2005, e em conformidade com a decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal, a alienação da unidade produtiva Varig, efetivada em face do plano de recuperação judicial, não acarretou a sucessão da arrematante VRG Linhas Aéreas S.A. nos débitos trabalhistas daquela. Recurso de Revista de que se conhece em parte e a que se dá provimento. (Processo: RR - 102700-96.2007.5.01.0053 Data de Julgamento: 26/04/2011, Relator Ministro: João Batista Brito Pereira, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT 13/05/2011.)
Durante a tramitação no Congresso Nacional do Projeto da
Lei de Falência, em parecer emitido pelos Senadores Relatores do Projeto, na COMISSÃO DE ASSUNTOS ECONÔMICOS e na COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO, JUSTIÇA E CIDADANIA, Senador RAMEZ TEBET (CAE) e Senador FERNANDO BEZERRA (CCJ), os parlamentares deixaram claro que:
"... a exclusão da sucessão trabalhista na falência tem por
objetivo viabilizar a venda da empresa como unidade produtiva e maximizar o valor obtido na alienação judicial. O valor apurado será utilizado para pagar os próprios trabalhadores, com preferência sobre os demais credores. Viabilizando-se a venda e maximizando-se o valor da empresa pela exclusão da sucessão trabalhista, ganham os trabalhadores, que terão maiores chances de obter o pagamento integral de seus créditos. Mais ainda, a alienação da empresa como unidade produtiva beneficia os trabalhadores não somente em relação ao recebimento de seu crédito, mas também - e talvez principalmente - no que tange à preservação de seus empregos. Se não for possível a venda em bloco, os bens da massa serão vendidos em separado e, nesse caso, além de o agregado econômico se perder, nenhum dos empregos poderá ser mantido". (http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=58 0933).
Assim, fica claro que a intenção do legislador foi
viabilizar a continuidade do negócio jurídico e da força produtiva da empresa.
Contudo, deve-se ter em mente a possibilidade de a
exclusão da sucessão trabalhista na recuperação judicial poder dar margem a fraudes quanto aos direitos trabalhistas dos empregados das recuperandas. Por isso, o próprio art. 141, § 1º, do mencionado diploma legal excepcional:
§ 1º O disposto no inciso II do 'caput' deste artigo não se
aplica quando o arrematante for:
I - sócio da sociedade falida, ou sociedade controlada
pelo falido;
II - parente, em linha reta ou colateral até o 4º (quarto)
grau, consanguíneo ou afim, do falido ou de sócio da sociedade falida; ou
III - identificado como agente do falido com o objetivo de
fraudar a sucessão. (Grifo nosso) No caso dos autos, a primeira reclamada, a partir do mês de maio/2013, assumiu os direitos e obrigações decorrentes do contrato de trabalho celebrado entre a segunda reclamada e o reclamante, tanto assim que passou a pagar seus salários, conforme holerite junto aos autos (ID 3965640 - Pág. 14), tendo, ainda, sido a primeira reclamada que efetuou a rescisão contratual (Num. 3965764 - Pág. 1).
Em contrapartida, é cediço que a sucessão trabalhista
surge como veículo de afirmação da intangibilidade dos contratos de trabalho, sob o ponto de vista objetivo. Ainda que se altere o sujeito de direito localizado no polo passivo do contrato (o empregador) - alteração subjetiva, pois - o contrato mantém-se inalterado no que tange às obrigações e direitos dele decorrentes.(http://as1.trt3.jus.br/bd- trt3/bitstream/handle/11103/3733/mauricio_godinho_sucessao_trabalhista. pdf?sequence=1)
A primeira reclamada aduz em defesa que foi constituída a
partir da alienação judicial do GRUPO BERTOLO junto ao Plano de Recuperação Judicial, (ID 3926374 - Pág. 9). Ou seja, que a unidade produtiva da segunda reclamada foi adquirida pela primeira reclamada de forma originária, tencionando assim eximir-se de responsabilidade por qualquer obrigação existente anteriormente à transação ora descrita.
No entanto, depreende-se dos autos que a denominação da
reclamada - FLORIDA PAULISTA AÇÚCAR E ETANOL S/A. decorreu da alteração da denominação social da empresa G.G.M.M. - EMPRENDIMENTOS E PARTICIPAÇÕES S/A., que tinha, até o momento da mencionada assembleia, como diretores GRACIETE MARIA DA SILVA BRITO e SIDNEI PESSOA DE BRITO.
Na Ata da Assembleia Geral (ID 3966431 - Pág. 1)
ocorrida em 28/05/2013 consta como únicos acionistas, representando a totalidade do capital social, as empresas FLORALCO e AGRO BERTOLO, todas representadas pelo Sr. José Reinaldo Bertolo, que também presidiu o referido ato.
Ocorre que na mesma Assembléia, dá-se a "renúncia"
dos antigos diretores (GRACIETE MARIA DA SILVA BRITO e SIDNEI PESSOA DE BRITO) - item "vi" da mencionada ata e, ainda, há a alteração da denominação social de G.G.M.M. - EMPRENDIMENTOS E PARTICIPAÇÕES S/A. para FLORIDA PAULISTA AÇÚCAR E ETANOL S/A (item "viii" da mesma ata). Restando patente a confusão patrimonial entre as empresas mencionadas (Agro Bertolo, Floralco e Flórida) que possuem os mesmos acionistas e desenvolvem as mesmas atividades empresariais. Dessa maneira, fica demonstrado que o arrematante é agente do falido com o objetivo de fraudar a sucessão, restando configurada a exceção prevista no art. 141, § 1º, III, da Lei 11.101/2005.
Assim, caracterizada a fraude, com o propósito de
comprometer a garantia dos direitos dos trabalhadores, nos termos do art. 9º, da CLT, reconhece-se a sucessão trabalhista, por força do art. 10 e art. 448, CLT.
Tendo ocorrido a sucessão trabalhista, a primeira
reclamada - sucessora - passa a responder por todos os débitos trabalhistas da segunda reclamada, ora sucedida, respondendo por todo o período laborado pelo reclamante e por todas as verbas que ora vierem a ser julgadas procedentes. Nos termos da OJ 261 da SBDI- 1.