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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 09ª VARA CIVEL

DA COMARCA DE MACEIÓ/AL

Processo de n° 0706054-19.2014.8.02.0001

CONFECÇÕES POLATOF LTDA, já qualificado nos


autos do processo em epígrafe, que move em face de PONTA VERDE
CONFECÇÕES LTDA. E OUTROS, vem, por intermédio de seus advogados
que está subscrevem, respeitosamente a presença de Vossa Excelência, em
atenção ao despacho de fls.202, bem como pela evidente intenção do
executado em se ocultar, a fim de eximir do pagamento da dívida, pugna-se o
exequente pelo deferimento de PENHORA NO LUCRO DO SÓCIO
EXECUTADO, nos termos a seguir:

Inicialmente, cabe informar, que em que pese tenha


retornado negativo o AR dirigido ao coexecutado JORGE PEDRO DA SILVA,
este já havia sido citado via edital, conforme contata-se às fls. 140 dos autos,
motivo pelo qual, deixa de indicar novo endereço para citação, justamente por
ser endereço incerto e não sabido.

Nada obstante, conforme verifica-se nos autos,


apenas dois bens móveis (veículo automotor), foram localizados em pesquisas
realizadas via RENAJUD/INFOJUD, tendo o SISBAJUD obtido valores irrisóri os,

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no montante de R$167,94 (cento e sessenta e sete reais e noventa e quatro
centavos).
Verifica-se, ainda, que de acordo com as informações
obtidas via INFOJUD, com detalhamentos da Receita Federal, o coexecutado JOÃO
BATISTA DA SILVA, não detém outros bens ou rendimentos, salvo a participação
societária de 99% (noventa e nove pontos percentuais) na empresa denominada
MCZ CONFECÇÕES LTDA, inscrita no CNPJ/MF sob nº 34.319.063/0001-27
(ÚNICA EMPRESA ATIVA EM NOME DO EXECUTADO).

Nada obstante, conforme verifica-se às fls.190/197 dos


autos, houve pedido por parte do Exequente de penhora do faturamento da
mencionada empresa, contudo, foi indeferido pelo fato da empresa retro mencionada,
não fazer parte do polo passivo da presente demanda, bem como foi apontado por
este juízo a possibilidade de realizar o pedido de penhora sobre o lucro do SÓCIO
QUE É PARTE DA DEMANDA.

Assim ante a inexistência de bens livres passíveis de


penhora, faz-se necessário que a penhora recaia sobre o lucro do sócio Executado
na empresa denominada MCZ CONFECÇÕES LTDA, conforme faculta o
art. 866 do Novo CPC, que diz:

Art. 866. Se o executado não tiver outros bens penhoráveis ou


se, tendo-os, esses forem de difícil alienação ou insuficientes para saldar o
crédito executado, o juiz poderá ordenar a penhora de percentual de
faturamento de empresa.
§ 1o O juiz fixará percentual que propicie a satisfação do
crédito exequendo em tempo razoável, mas que não torne inviável o
exercício da atividade empresarial

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Por analogia, aplica-se as mesmas regras da penhora do
faturamento das pessoas jurídicas, que encontra amparo na mais abalizada doutrina
que assim se pronuncia:
"Também a empresa e outros estabelecimentos podem ser
objeto da apreensão judicial, segundo a disciplina desta subseção.
(...)“Como complexo de bens e atividades voltadas para um fim lucrativo
ou de realização de outros fins, consubstanciada em estabelecimentos
civis, comerciais, industriais ou agrícolas, a empresa, quando sujeita à
penhora, além do depósito com que esta se ultima, exige continuidade
administrativa que lhe assegure a existência." (Celso Neves, Comentários
ao Código de Processo Civil, vol. VII, 7ª ed., ed. Forense, 1998, p. 74).

"Os ns. I e II do art. 54 do CC delineiam as noções de


universalidade de fato e de direito. Na primeira, apesar de reunidas coisas
singulares, as diversas partes podem ser tomadas individualmente: isto
acontece na biblioteca e na pinacoteca, compostas de livros e telas de per
si independentes; na segunda, as coisas singulares 'se encaram agregadas
em todo', formando algo coletivo, v.g., empresa industrial, comercial ou
agrícola. O direito pátrio autoriza a penhora de ambas universalidades e
lhes dedica capítulo autônomo no contexto da expropriação. Este
tratamento particular se justifica pela complexidade e dinamismo da
empresa." (Araken de Assis, Manual do Processo de Execução, 2ª ed., ed.
Revista dos Tribunais, 1995, p. 499)

A jurisprudência, inclusive do STJ, em consonância com


a doutrina, acolhe a possibilidade de penhora do faturamento de empresas, à falta
de outros bens livres que atendam à ordem de nomeação:

"PROCESSUAL CIVIL. PROCESSO DE EXECUÇÃO. PENHORA.


Nomeação de bens à penhora: não há norma legal obrigando
o credor a aceitar os bens indicados pelo devedor. É lícita a recusa quando

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eles são insuficientes para garantir a execução e/ou de difícil
transformação em dinheiro. Penhora da renda diária de empresa
devedora: é possível a penhora da féria diária líquida de empresa
devedora, ut art. 678 do CPC, sob certos limites, para não acarretar a sua
inviabilidade econômica. Precedentes jurisprudenciais. Agravo desprovido.
(Agravo de Instrumento nº 598159556, 18ª Câmara Cível do TJRS, Porto
Alegre, Rel. Des. Wilson Carlos Rodycz. j. 13.08.98)."

Dois v. acórdãos do E. STJ demonstram o atual


entendimento sobre a matéria. Confiram-se:

'A penhora de renda diária da empresa devedora é admissível,


mas exige a nomeação de administrador ( CPC, art. 719 e par. ún.), com
as atribuições dos arts. 728 e 678 par. ún, i.e., com apresentação de
forma de administração e esquema de pagamento, obedecendo, quanto ao
mais, os arts. 716 e 720 (RSTJ 56/338). No mesmo sentido: STJ-1ª Seção,
ED no REsp 24.030-SP, rel. Min. Humberto Gomes de Barros, j.
23.04.1997, rejeitaram os embargos, um voto vencido, DJU 02.06.1997, p.
23.746, 2ª col., em.'. E mais: 'A penhora do faturamento mensal de
empresa não pode ultrapassar a 30%, independentemente da distinção
entre receita operacional bruta e resultado líquido (RT 695/107, JTJ
165/242). Limitando a penhora a 30%: STJ-1ª T., REsp XXXXX-0-SP, rel.
Min. Garcia Vieira, j. 10.09.1993, deram provimento, v.u., DJU 04.10.1993,
p. 20.524, 1ª col., em., RT 692/88'". (RT 761/296, MARÇO DE 1999).

"EXECUÇÃO - Penhora - Constrição sobre parte de


faturamento mensal da empresa - Admissibilidade. Ementa da redação:
Em sede de execução é admissível a constrição judicial sobre o
faturamento de empresa, pois se a lei permite a penhora do próprio
estabelecimento comercial ou concede ao credor o usufruto da própria
empresa, com maior razão há de se admitir a penhora de parte do
faturamento, mormente quando esgotados todos os meios para satisfação
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do crédito."AgIn XXXXX-8 - 1ª Câm. -j. 29.09.1997 - 1º TACivSP, rel. Juiz
Elliot Akel. (...)

A penhora de faturamento da empresa, segundo


Medina, “é penhora de parte da empresa (cf. § 1º do art. 863 do CPC), em que não
se penhora bem presente, mas se determina a ingerência no patrimônio empresarial,
de modo que seja administrado a fim de se apropriar de parte do dinheiro obtido
com a realização da atividade empresarial (p. ex. vendas ou prestação de serviços)”

Assim deve o juiz fixar percentual que propicie a


satisfação do crédito exequendo em tempo razoável, mas que não torne inviável o
exercício da atividade empresarial. Será nomeado administrador-depositário, o qual
submeterá à aprovação judicial a forma de sua atuação e prestará contas
mensalmente, entregando em juízo as quantias recebidas, com os respectivos
balancetes mensais, a fim de serem imputadas no pagamento da dívida.

Nada obstante, na penhora de percentual de


faturamento do sócio devedor, será observado, no que couber, o disposto quanto ao
regime de penhora de frutos e rendimentos de coisa móvel e imóvel (§ 3.º do art.
866 do CPC).

Em relação aos procedimentos, no caso da penhora do


lucro do sócio a empresa deverá depositar em juízo mensalmente a quantia
correspondente a penhora deferida em juízo, até que se atinja o montante total
executado.

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Atualmente o montante da dívida do sócio soma-se o
montante de R$ 212.974,66 (duzentos e doze mil, novecentos e setenta e
quatro reais e sessenta e seis centavos), conforme planilha de cálculos anexa.

Isto Posto, Requer:

a) Seja deferido o pedido de penhora no lucro do


sócio Executado, JOÃO BATISTA DA SILVA, que detêm participação societária de
99% (noventa e nove pontos percentuais) na empresa denominada MCZ
CONFECÇÕES LTDA, inscrita no CNPJ/MF sob nº 34.319.063/0001-27, no
percentual de 30% (trinta pontos percentuais), com a consequente expedição de
mandado para tal desiderato, determinando-se o depósito nas mãos do
administrador da referida pessoa jurídica, intimando-o para que nos termos do
art. 866 do Novo CPC apresente detalhado plano de administração;

b) Seja o executado, após a lavratura do auto de


penhora, intimado para apresentar defesa.

São Paulo, 08 de fevereiro de 2024.

Leonardo Santos do Carmo


OAB/SP nº 353.339

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