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AO DOUTO JUÍZO DE DIREITO DA XX VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA XYZ/ESTADO

JOÃO, estado civil, profissão, inscrito no CPF sob o nº XXX, residente e domiciliado à Rua xxx, cidade
xxx, Estado xxx, CEP XXX, representado por seu advogado abaixo assinado( procuração em anexo), vem
respeitosamente perante Vossa Excelência, com fundamento no artigo 38 da Lei 6.830/80, ajuizar à
presente:

AÇÃO ANULATÓRIA COM PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA

Em face do, Município XYZ, pessoa jurídica de direito público, inscrito no CNPJ sob o nº XXX,situado
a Rua xxx, cidade xxx, Estado xxx, CEP XXX estabelecido, neste ato representado por seu representante
legal, na forma do artigo 75, III do CPC, pelo fatos e fundamentos abaixo aduzidos.

DO CABIMENTO:

O artigo 38 da Lei 6.830/80 diz que poderá o contribuinte utilizar-se de demanda judicial com a
finalidade de desconstituir e/ou anular crédito tributário constituído indevidamente. No presente caso
compreende-se que o IPTU exigido de João foi lançado de forma errônea, de maneira ilegal, tornando
totalmente cabível a utilização da presente ação com a finalidade de anular o tributo devido.
Também justifica-se o cabimento da presente ação judicial eis que será necessário utilizar-se de
ação com produção probatória, bem como que possibilite o cabimento da Ação Anulatória.

DOS FATOS:

João recebeu o carnê de IPTU referente ao ano de 2022 em virtude do lançamento efetuado pelo
município XYZ. A constituição desse tributo seguiu exatamente os termos do Decreto nº 1.234/21, que, por
sua vez, resultou na atualização da base de cálculo do imposto com percentuais superiores aos padrões
inflacionários vigentes, além do uso de alíquotas majoradas. Diante da discordância com tais alterações, a
única alternativa viável foi buscar esta Ação Anulatória.
DOUTRINA:

“A ação anulatória em matéria tributária ou ação anulatória fiscal


afigura-se como ação anti-exacional imprópria de rito ordinário e de
natureza constitutivo-negativa , que pode ser proposta pelo
contribuinte em face da Fazenda Pública ou em face de quem exerça
atividade para-fiscal, colimando a obtenção de sentença de conteúdo
anulatório (modificativo ou extintivo) que anule total ou parcialmente
ato administrativo de imposição tributária (lançamento tributário
propriamente dito), ato administrativo de aplicação de penalidades
(auto de infração).” MARINS,James. Direito Processual Tributário
Brasileiro: administrativo e judicial.5ªEdição, Editora Dialética:2010.
DOS DIREITOS:

O artigo 150, I da Constituição Federal e o artigo 97, II do Código Tributário Nacional estabelecem
que apenas a lei pode promover o aumento de tributos. No caso em questão, o Município XYZ realizou
uma dupla majoração do IPTU por meio de decreto, ao elevar a base de cálculo do imposto acima dos
índices inflacionários padrão, uma ação equiparada a uma majoração tributária. Além disso, houve o
aumento das alíquotas do tributo por meio de ato do Poder Executivo. Portanto, considerando o disposto
na legislação e na Constituição Federal, tal ato é considerado ilegal e inconstitucional, uma vez que apenas
o Poder Legislativo poderia aumentar a carga tributária do IPTU.

O artigo 97, §2º do CTN e a Súmula 160 do Superior Tribunal de Justiça estabelecem que o Poder
Executivo não pode atualizar a base de cálculo do IPTU acima dos padrões inflacionários, pois tal ação é
equiparada a uma majoração da carga tributária. Diante disso, o ato realizado pelo Município XYZ, que, por
meio de decreto, promoveu não apenas a atualização, mas a recomposição da base de cálculo acima dos
padrões inflacionários, é igualmente considerado ilegal na constituição do tributo conforme os termos do
decreto.
Reforçando os fundamentos desta Ação Anulatória, o artigo 150, III, c da Constituição Federal estabelece,
em princípio, que tributo criado ou majorado só pode ser exigido após 90 dias da publicação da norma. No
caso em tela, considerando a majoração da alíquota do IPTU e o decreto publicado em 31 de dezembro de
2021, a cobrança do referido tributo em 06 de janeiro de 2022 configura a não observância do princípio da
anterioridade nonagesimal, tornando a cobrança igualmente inconstitucional. Assim, deveria ser aplicado o
efeito da majoração da alíquota apenas a partir de 01 de janeiro de 2023..

JURISPRUDÊNCIA:

EMENTA:
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. POSSIBILIDADE
DE PROPOSITURA DA AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DO TÍTULO
EXECUTIVO COMO MEIO DE DEFESA DO DEVEDOR, EM MOMENTO ANTERIOR
OU POSTERIOR AO AJUIZAMENTO DO EXECUTIVO FISCAL. DISCUSSÃO ACERCA
DA RESPONSABILIDADE DO SÓCIO-ADMINISTRADOR PARA RESPONDER PELAS
DÍVIDAS TRIBUTÁRIAS DA DEVEDORA ORIGINAL. AGRAVO INTERNO DO
ESTADO DO RIO GRANDE DO SULA A QUE SE NEGA
PROVIMENTO.1. Consoante entendimento consolidado nesta Corte Superior,
admite-se a propositura de Ação Anulatória como meio de defesa do devedor,
em momento anterior ou posterior ao ajuizamento do Executivo Fiscal,
consoante preconiza o art. 38 da Lei 6.830/1980...
« (+85 PALAVRAS) »
... Execução para afastar a legitimidade passiva do sócio-administrador exige
garantia de juízo, e, por outro lado, a ação declaratória não suspende o curso
do Executivo Fiscal, permitindo ao Fisco continuar diligenciando na busca de
bens penhoráveis, além de garantir plenamente o contraditório. Precedente:
EDcl no AgInt no REsp. 1.334.803/RS, Rel. Min. ASSUSETE MAGALHÃES, DJe
8.6.2018.3. Logo, há de ser mantida a decisão que garantiu ao agravado o
direito de postular a declaração de nulidade do título executivo em sede de
Ação Declaratória, determinando o retorno dos autos à origem para dar
prosseguimento ao julgamento quanto ao mérito da questão.4. Agravo
Interno do ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL a que se nega provimento. (STJ,
AgInt no REsp 1682256/RS, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 06/10/2020, DJe 21/10/2020)
DA TUTELA DE URGÊNCIA:

O artigo 300 do Código de Processo Civil estabelece que a tutela provisória de urgência será concedida
quando presentes os requisitos da probabilidade do direito e do perigo de dano. No caso em questão, os
requisitos da probabilidade do direito estão satisfeitos diante dos danos causados. Além disso, o requisito
do perigo de dano também está plenamente atendido, uma vez que João está prestes a negociar seu
imóvel e tem receio de que o débito possa afastar possíveis compradores.

Diante desse cenário e considerando o atendimento aos requisitos legais, a parte requerente solicita que
seja deferida a tutela provisória de urgência, resultando na suspensão da exigibilidade do crédito
tributário, conforme previsto no artigo 151, V do Código Tributário Nacional.

DOS PEDIDOS:

Ante o exposto, requer:


a) Preenchidos os requisitos dos artigos 300 do CPC, que seja deferida a tutela provisória de
urgência e consequentemente ocorra a suspensão da exigibilidade do crédito tributário na forma do artigo
151, V do CTN.
b) Citação da parte contrária, para que desejando, venha contestar à presente demanda.
c) Não seja realizada audiência de conciliação ou mediação na forma do artigo 319, VII do CPC.
d) Que sejam produzidas todas as provas admitidas em direito, especialmente a produção da prova
pericial para demonstrar que a atualização da base de cálculo foi acima dos padrões inflacionários,
obedecendo o que disposto no artigo 319, VI do CPC.
e) Que seja julgada procedente à presente demanda, para que ocorra a desconstituição e anulação
do IPTU exigido de João, face as lesões aos artigos 150, I da Constituição Federal, 97, §2º do CTN e 150, III,
C da Constituição Federal, extinguindo assim o crédito tributário.
f) Por fim, que seja condenado o ente competente nos ônus sucumbenciais.

Dar-se a causa o valor de R$:xxx

Nestes termos,
Pede deferimento.

Local /Data
ADV
OAB

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