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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ...

VARA
FEDERAL DE CURITIBA-PR

Processo nº:

TRANSPORTADORA 7 FLEXAS LTDA, pessoa jurídica de


direito privado, inscrita no CNPJ sob nº 80.357.437/0001-16, com sede à Rua
Laudelino Ferreira Lopes, 1010, Bairro Capão Raso, Curitiba-PR, CEP 81130-310, e-
mail: transportadora@7flexas.com.br, por sua procuradora judicial, que ora subscreve,
procuração anexa, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com
fundamento no art. 319 e seguintes do CPC, ajuizar

AÇÃO DE ANULAÇÃO DE AUTO DE INFRAÇÃO

em face da ANTT – AGÊNCIA NACIONAL DE


TRANSPORTES TERRESTRES, com sede em Brasília – DF, Setor de Clubes
Esportivos Sul - SCES, lote 10, trecho 03, Projeto Orla Polo 8, CEP: 70200-003, pelos
fatos e motivos de fato a seguir expostos.

I – DOS FATOS

A autora foi autuada por suspostamente “evadir, obstruir ou, de


qualquer forma, dificultar a fiscalização durante o transporte rodoviário de cargas”
em 05/03/2014 às 22h14 e 25/05/2016 às 10h12. Ambas as infrações tem como local o
Posto de Pesagem de Itapecerica da Serra-SP, BR 116 KM 296.

AI 2620273:
AI 2681889:

Porém, conforme se demonstrará na sequência, as autuações


foram equivocadas, de modo que os AIs merecem ser anulados.

II – DA INSCRIÇÃO INDEVIDA NO SERASA

A autora foi inscrita no SERASA, conforme se verifica na


consulta juntada a estes autos. Porém, não há certidão de dívida ativa, conforme
certidão juntada a esta inicial.

Assim, ainda que tivesse alguma pendência em relação à ANTT,


a agente procedeu à inscrição de forma indevida.
Destaca-se que não basta a Ré alegar que tem contrato/convênio
com SERASA para inscrição dos débitos. A permissão legal para firmar convênios é
tão somente para débitos inscritos em Dívida Ativa, conforme determinação constar do
art. 37-C da lei 10.522/2002. Observe-se:

Art. 37-C. A Advocacia-Geral da União poderá celebrar os convênios de que


trata o art. 46 da Lei no 11.457, de 16 de março de 2007, em relação às
informações de pessoas físicas ou jurídicas que tenham débito inscrito em
Dívida Ativa das autarquias e fundações públicas federais.

A própria Resolução 3.000/09 da ANTT – Regimento Interno,


traz essa determinação:

Art. 40. À Procuradoria-Geral, órgão vinculado à Advocacia-Geral da União,


compete:
(...)
V - apurar a liquidez e certeza dos créditos, de qualquer natureza, inerentes
às suas atividades, inscrevendo-os em dívida ativa, para fins de cobrança
amigável ou judicial.

Além das disposições legais, tem-se Jurisprudência do TRF4, a


qual é pacífica nesse sentido:
ADMINISTRATIVO. CADASTRO DE RESTRIÇÃO DE CRÉDITO.
INSCRIÇÃO CONDICIONADA À INSCRIÇÃO EM DÍVIDA ATIVA.
Somente após a inscrição em dívida ativa é que estaria a ANTT
autorizada a se valer de órgão de restrição ao crédito de natureza
privada (SERASA).
(TRF-4ª Região. Terceira Turma. APELREEX n.º 5003046-
21.2014.404.7000. Rel. Des. Federal Marga Inge Barth Tessler. D. E.
08/10/2015.).

ADMINISTRATIVO. ANTT. MULTA DE TRÂNSITO. INCLUSÃO EM


CADASTROS PRIVADOS DE DEVEDORES OU EM ÓRGÃOS DE
RESTRIÇÃO AO CRÉDITO. NECESSIDADE DE PRÉVIA
INSCRIÇÃO DO CRÉDITO EM DÍVIDA ATIVA. 1. A inclusão do
devedor em cadastros privados de devedores ou órgãos de restrição ao
crédito, pelo não pagamento de multa decorrente de infração administrativa,
depende da prévia inscrição do respectivo valor em dívida ativa pela
Fazenda Pública. Precedentes deste Regional. 2. Manutenção da sentença na
íntegra.
(TRF-4ª Região. Quarta Região. APELREEX 5012223-34.2013.404.7100.
Rel. Des. Fed. Luís Alberto D'Azevedo Aurvalle. D. E. 15/09/2015).

O STJ finalizou essa discussão, confirmando, assim, a


necessidade de prévia inscrição em dívida ativa para posterior inscrição em órgãos de
proteção ao crédito:

RECURSO ESPECIAL Nº 1.126.515 - PR (2009⁄0042064-8) Relator:


HERMAN BENJAMIN. JULGADO EM 03/12/13. PROCESSUAL CIVIL
E ADMINISTRATIVO. PROTESTO DE CDA. LEI 9.492/1997.
INTERPRETAÇÃO CONTEXTUAL COM A DINÂMICA MODERNA
DAS RELAÇÕES SOCIAIS E O "II PACTO REPUBLICANO DE
ESTADO POR UM SISTEMA DE JUSTIÇA MAIS ACESSÍVEL, ÁGIL E
EFETIVO". SUPERAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA DO STJ.
(...)
9. A Lei das Execuções Fiscais disciplina exclusivamente a cobrança
judicial da dívida ativa, e não autoriza, por si, a insustentável conclusão
de que veda, em caráter permanente, a instituição, ou utilização, de
mecanismos de cobrança extrajudicial. 10. A defesa da tese de
impossibilidade do protesto seria razoável apenas se versasse sobre o "Auto
de Lançamento", esse sim procedimento unilateral dotado de eficácia para
imputar débito ao sujeito passivo. 11. A inscrição em dívida ativa, de onde
se origina a posterior extração da Certidão que poderá ser levada a
protesto, decorre ou do exaurimento da instância administrativa (onde foi
possível impugnar o lançamento e interpor recursos administrativos) ou de
documento de confissão de dívida, apresentado pelo próprio devedor (e.g.,
DCTF, GIA, Termo de Confissão para adesão ao parcelamento, etc.). 12. O
sujeito passivo, portanto, não pode alegar que houve "surpresa" ou "abuso de
poder" na extração da CDA, uma vez que esta pressupõe sua participação na
apuração do débito. Note-se, aliás, que o preenchimento e entrega da DCTF
ou GIA (documentos de confissão de dívida) corresponde integralmente ao
ato do emitente de cheque, nota promissória ou letra de câmbio. 13. A
possibilidade do protesto da CDA não implica ofensa aos princípios do
contraditório e do devido processo legal, pois subsiste, para todo e qualquer
efeito, o controle jurisdicional, mediante provocação da parte interessada,
em relação à higidez do título levado a protesto. 14. A Lei 9.492/1997 deve
ser interpretada em conjunto com o contexto histórico e social. De acordo
com o "II Pacto Republicano de Estado por um sistema de Justiça mais
acessível, ágil e efetivo", definiu-se como meta específica para dar agilidade
e efetividade à prestação jurisdicional a "revisão da legislação referente à
cobrança da dívida ativa da Fazenda Pública, com vistas à racionalização dos
procedimentos em âmbito judicial e administrativo". 15. Nesse sentido, o
CNJ considerou que estão conformes com o princípio da legalidade normas
expedidas pelas Corregedorias de Justiça dos Estados do Rio de Janeiro e de
Goiás que, respectivamente, orientam seus órgãos a providenciar e
admitir o protesto de CDA e de sentenças condenatórias transitadas em
julgado, relacionadas às obrigações alimentares. 16. A interpretação
contextualizada da Lei 9.492/1997 representa medida que corrobora a
tendência moderna de intersecção dos regimes jurídicos próprios do Direito
Público e Privado. A todo instante vem crescendo a publicização do Direito
Privado (iniciada, exemplificativamente, com a limitação do direito de
propriedade, outrora valor absoluto, ao cumprimento de sua função social) e,
por outro lado, a privatização do Direito Público (por exemplo, com a
incorporação - naturalmente adaptada às peculiaridades existentes - de
conceitos e institutos jurídicos e extrajurídicos aplicados outrora apenas aos
sujeitos de Direito Privado, como, e.g., a utilização de sistemas de
gerenciamento e controle de eficiência na prestação de serviços). 17.
Recurso Especial provido, com superação da jurisprudência do STJ.

Diante do exposto, tem-se que a inscrição foi realizada de forma


indevida. E, sendo indevida a inscrição, é perfeitamente possível a indenização a título
de danos morais, conforme vem decidindo o TRF da 4ª Região:
EMENTA: DIREITO ADMINISTRATIVO. ANTT. CADASTRO DE
RESTRIÇÃO DE CRÉDITO. REQUISITO LEGAL. INSCRIÇÃO EM
DÍVIDA ATIVA. DANO MORAL. Encontra-se consolidado nesta Corte o
entendimento de que, somente após a inscrição em dívida ativa, está a
ANTT autorizada a se valer do órgão de restrição ao crédito de natureza
privada (SERASA). Precedentes. O dano moral decorrente da inscrição
indevida em cadastro de inadimplentes é considerado in re ipsa, isto é, não se
faz necessária a prova do prejuízo, que é presumido e decorre do próprio
fato. (TRF4, AC 5001646-61.2017.4.04.7001, QUARTA TURMA, Relatora
VIVIAN JOSETE PANTALEÃO CAMINHA, juntado aos autos em
05/07/2018)

EMENTA: ADMINISTRATIVO. INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA.


ANTT. INSCRIÇÃO EM ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO DE CRÉDITO.
REQUISITO LEGAL. DANO MORAL. 1. O convênio estabelecido pela
ANTT e o SERASA, assim como a inscrição pela Fazenda Nacional em
cadastro privado de devedores ou órgão de restrição ao crédito, encontra
respaldo legal (art. 46 da Lei nº 11.457/2007) desde que a multa resultante
de infração administrativa esteja inscrita em dívida ativa, o que não ocorreu.
2. O dano moral decorrente da inscrição indevida em cadastro de
inadimplente é considerado in re ipsa, isto é, não se faz necessária a prova do
prejuízo, que é presumido e decorre do próprio fato. 2. Mantida a sentença.
(TRF4, AC 5018837-17.2016.4.04.7208, QUARTA TURMA, Relator LUÍS
ALBERTO D'AZEVEDO AURVALLE, juntado aos autos em 06/06/2018)

Isto posto, é inegável o dever de indenizar da Requerida,


uma vez que além do abalo moral sofrido pela Requerente nas suas negociações
frustradas, a inscrição ocorreu de forma errada, portanto, configurado o ato
ilícito apto a ensejar a indenização.

No que diz respeito ao “quantum” da indenização, deve ser


observado o intuito da medida que é, além de compensar o abalo sofrido, no caso pela
empresa ao ter suas negociações restringidas indevidamente, afastar a incidência de
novas ocorrências.
Assim, requer-se a condenação da ré por danos morais no
importe de R$ 20.000,00.

III – DO EQUÍVOCO NO ENQUADRAMENTO

Foi emitido em nome da autora dois autos de infração, sendo


eles, AI 2681889 e 2620273, os quais se referem à suposta infração de evasão de
fiscalização, cujo valor da multa é de R$5.000,00 (cinco mil reais), é enquadrada no
art. 36, inciso I, da Resolução 4799/2015 da ANTT, vigente à época.

Observa-se que o valor constante no SERASA é de R$ 6.582,50


e R$ 7.028,00 que somados perfazem um total de R$ 13.610,50 (treze mil seiscentos e
dez reais e cinquenta centavos).

Porém, não houve evasão de fiscalização da ANTT, mas no


máximo de pesagem, tendo em vista que a sinalização constante no local das infrações,
Itapecerica da serra, indicam apenas “pesagem”. Observe-se:
Assim, tratando-se de evasão das áreas de pesagem obrigatória o
enquadramento adequado seria art. 209 do CTB. Observe-se:

Art. 209. Transpor, sem autorização, bloqueio viário com ou sem


sinalização ou dispositivos auxiliares, deixar de adentrar às áreas
destinadas à pesagem de veículos ou evadir-se para não efetuar o
pagamento do pedágio:

Ou seja, evadindo a autora da fiscalização de pesagem a


aplicação também da infração de evasão de fiscalização genérica constante da
Resolução da ANTT estaria ocorrendo bis in idem.
Ademais, a própria ANTT em sua Resolução nº 5.379/17, que
substituiu a Resolução 3.056/09, reconhece e avisa aos administrados,
transportadores e motoristas, que quem evadir-se do PPV, a multa é a do art.
209, do CTB, conforme determina seu art. 271

Assim, havendo sinalização de fiscalização apenas de


pesagem, a infração a ser aplicada seria a de evasão do PPV, com base da
Resolução da ANTT, o que não ocorreu no caso em tela, razão pela qual se requer
a anulação do AI.

III – FALTA DE SINALIZAÇÃO

Os autos de infração discutidos neste processo são referentes à


suposta evasão de fiscalização no Posto de Pesagem de Itapecerica da Serra-SP.

O local é via pública, portanto, a sinalização deve ser


apresentada conforme normas do CONTRAN.

Não obstante, conforme já indicado no tópico anterior não há no


local sinalização correta de outras fiscalizações além da pesagem. Ou seja, não é
possível se falar em outros tipos de fiscalização.

Tem-se, portanto que a Ré vale-se de relatório de evasão de


pesagem para autuar os veículos por outro tipo de infração.

1
-

Portaria Denatran no 870, de 26 de outubro de 2010,

I-
-
-
agentes.
Destaca-se que a fiscalização de pesagem pode ser realizada via
eletrônica, conforme Resolução 870/10 do CONTRAN. Observe-se, principalmente, o
que dispõe a Resolução 5.379 da própria ANTT no seu art. 5º:

Art. 5º A fiscalização por meio de agente remoto da ANTT com a


utilização de SAI abrange a operação e controle de excesso de peso e
dimensão, capacidade máxima de tração e condutas tipificadas nos
arts. 209 e 239 do Código de Trânsito Brasileiro, envolvendo veículos
de transporte de carga e/ou de passageiros em Postos de Pesagem
Veicular, sem a presença física do agente de fiscalização da ANTT no
local da verificação.

Por outro lado, para fiscalização de outros atos de transporte de


cargas faz-se necessária a presença do agente e, portanto, não é possível autuação via
agente remoto.

Ou seja, a autuação realizada não poderia ter ocorrido da


maneira que ocorreu.

Além disso, a ANTT no seu manual prevê claramente que só


será multado por evasão de fiscalização se no PPV constar a sinalização para tanto da
seguinte forma:

, deve-se aplicar a penalidade


prevista no inciso VII do Art. 34 da Res. ANTT no 3.056/2009, a -

1
Portanto, assim:

Diante da sinalização no local não é possível apontar sinalização


de fiscalização de RNTRC, uma vez que é ausente no local placa como a acima
apontada.

Destaca-se ainda que vários órgãos são incumbidos de realizar


fiscalização de pesagem e todos autuam conforme CTB. E, em que pese a ANTT
afirmar que segue seu próprio regulamento, nada a exime da necessidade de
sinalização caso realize outro tipo de fiscalização que não pesagem.

A ausência de sinalização correta deslegitima a sua atuação.

Corroborando com a questão posta traz-se à colação decisão da


ANTT anulando auto de infração exatamente por reconhecer que para o
enquadramento de evasão de fiscalização faz-se necessária fiscalização específica de
RNTRC:

Trata-se do processo administrativo nº 50515.166956/2013-74:


“(…)
É de conhecimento comum que as rodovias devem ser bem sinalizadas,
passando para os condutores informações necessárias para a segurança,
como placas informando velocidade da via, bem como a existência de
sinalização demonstrando a obrigatoriedade de parada para caminhões em
postos de pesagens.
E nesse sentido a multa em debate é sobre o Registro Nacional de
Transportes terrestres – RNTRC. O fiscal escreveu que houve a infração de
evasão. Entretanto, não se pode ter certeza de que, no local, havia a
sinalização de que estava sendo realizada a fiscalização sobre tal modal. O
que se fazia necessário, haja vista que publicidade é fundamental para os
atos administrativos não sejam questionados na via judicial. Poderia haver
sinalização, entretanto, se remetendo apenas a fiscalização de excesso de
peso. E este último não se confunde com RNTRC, e o que comprova isto é a
aplicação de legislação distinta aos dois modais.
O agente da ANTT descreveu de forma frágil a irregularidade, ele colocou
“desobedeceu a sinalização”. Mas fica a dúvida, qual sinalização foi
desobedecida? Foi a de excesso de peso o a do RNTRC? A legislação
aplicável ao primeiro seria o CTB, art. 209 – “transpor, sem autorização,
bloqueio viário com ou sem sinalização ou dispositivos auxiliares, deixar de
adentrar às áreas destinadas à pesagem de veículo ou evadir-se para não
efetuar o pagamento de pedágio; Infração grave; penalidade – multa” e não a
existente no artigo 34 da Resolução ANTT 3.056/2009. Ou seja, há dúvidas
se a multa foi aplicada foi aplicada corretamente, se foi aplicado o
dispositivo correspondente ao caso, se havia sinalização sobre a fiscalização
do RNTRC e, por tais motivos, opta-se pelo cancelamento do auto de
infração em debate.
Portanto, da analise doa autos, verifica-se procedente o pedido de
cancelamento do Auto de Infração supracitado, haja vista que os argumentos
apresentados pela empresa foram considerados suficientes para justificar o
referido pedido.
Dessa forma, entendo que a penalidade administrativa aplicada não deve
prosperar, sugerimos a Vossa Senhoria CANCELAR o Auto de Infração.
Brasília, 09 de junho de 2017
Rosi Marri de paula Teixeira
Coordenadora de Processamento de Autos de Infração em 2ª Instância –
ANTT?SUFIS?GEAUT
Acolho as razões acima expendidas e decido pelo CANCELAMENTO do
Auto de Infração, determinando a comunicação à parte interessada acerca da
decisão aqui protocolada.
Brasília, 09 de junho de 2017.
José Altair G. Benites
Superintendente de Fiscalização - SUFIS/ANTT”
Assim, diante da ausência de sinalização correta acerca de
fiscalização de ouros atos de transporte de cargas além da pesagem, a aplicação
de multa por evasão de fiscalização é arbitrária, razão pela qual se requer a
anulação do auto de infração.

IV – DA INFRAÇÃO

A Ré utiliza indevidamente a captação de eventual fuga de


balança para autuar como evasão de outras formas de fiscalização.

O fluxo de caminhões que passam pela balança muitas vezes é


intenso. Há primeiramente passagem pela balança seletiva com velocidade máxima de
60 km/h. Se não for constatado excesso de peso o motorista é liberado, não precisando
sequer passar pela balança de precisão. Constatado excesso, passa-se pela segundo a
10km/h.

Assim, ainda que tenha ocorrido fuga é evidente que se trata de


fuga da pesagem.

A presunção de veracidade da Ré fica prejudicada. Não está aqui


se dizendo, que numa blitz, os agentes da Ré mandaram o caminhão da Autora parar
para fazer outras fiscalizações e ele não parou. Não, o que está se dizendo é que a Ré
se vale da evasão de balança, captado por câmeras, para dizer que foi evasão de outras
fiscalizações.

Ora, se a placa manda entrar na balança e o semáforo manda


imediatamente retornar à rodovia, se não há excesso de peso, entende-se que a
fiscalização é exclusivamente de peso. Não resta dúvida, portanto, que há nítida
ilegalidade na aplicação de multa de R$ 5.000,00, com base na Resolução 3.056/09 da
Ré por ter o motorista evadido da pesagem se esta Resolução não tem poderes para
alterar o CTB.
O próprio manual da Ré, que orienta seus fiscais, determina que
a pena a ser aplicada, no caso de fuga da balança, é a do CTB, pois se trata de infração
de trânsito. Além disso, nas páginas 22 e 23 há informação de que a Ré não se utiliza
da balança estática devido ao grande fluxo de veículos, razão pela qual se utiliza do
sistema remoto de fiscalização.

Este é exatamente o caso da balança da BR 116, Km 296, em


Itapecerica da Serra, onde a Autora foi multada.

Da Resolução 5.379 extrai-se a obrigatória presença de agente


físico para realizar a autuação.
Não basta o agente da ANTT validar o Auto de Infração com
base nas imagens feitas pelo sistema eletrônico, pois não foi presenciada a infração.

A autuação posterior é caracterizada pelas datas da emissão dos


AIs. O primeiro AI foi emitido 8 meses após a suposta infração e o segundo quase 2
anos depois. Tal situação evidencia que o agente que emitiu o auto de infração não
estava no local no momento da suposta infração. E, destaque-se, a própria ANTT
dispõe nas suas normas a necessidade de agente presencial no local para a
aplicação desta infração. Assim, a única infração que poderia ser constatada seria a
pesagem.

Depois de mais de um ano da evasão de balança, a Ré


surpreende a Autora com aplicação de multa sob a alegação de que não foi por evasão
de balança, mas de outros atos de transportes.
Dessa forma, se a Resolução da ANTT determina a autuação
de forma presencial por seus agentes é irregular a autuação via remota
caracterizada pela emissão do AI tanto tempo depois da suposta infração.

Requer-se, portanto, a anulação do auto de infração.


V – DA ATRIBUIÇÃO DA ANTT E O VALOR DA MULTA

O poder concedido a ANTT é para regulamentar a fiscalização


do transporte rodoviário de cargas, mas em hipótese alguma criar valores de multas
não previstas em lei.

A ANTT – usando da competência que lhe foi conferida pelos


artigos 24, 78-A e 78-F da Lei nº 10.233/01, editou a Resolução 3.056/2009, revogada
e convertida na Resolução 4.799/2015, a qual, também foi revogada em 2017, mas à
época tipificava diversas infrações não previstas em lei, dentre elas, a constante do art.
36, I, a seguir:

"(...) Art. 36. Constituem infrações, quando: I - o transportador, inscrito ou


não no RNTRC, evadir, obstruir ou, de qualquer forma, dificultar a
fiscalização durante o transporte rodoviário de cargas: multa de R$ 5.000,00
(cinco mil reais);

Veja-se que o artigo 24, inciso IV da Lei 10.233/2001, confere


poder à ANTT para estabelecer normas regulamentares relativas à exploração de vias e
terminais e à prestação de serviços de transporte, como se pode conferir:

Art. 24. Cabe à ANTT, em sua esfera de atuação, como atribuições gerais:

IV – elaborar e editar normas e regulamentos relativos à exploração de vias e


terminais, garantindo isonomia no seu acesso e uso, bem como à prestação
de serviços de transporte, mantendo os itinerários outorgador e fomentando a
competição”.
Na mesma linha, os artigos 78-A e 78-F do mesmo diploma legal
deixaram claro que à ANTT foi dado regulamentar apenas as sanções referentes a
descumprimento de deveres estabelecidos pela Lei, em contrato de concessão, termo
de permissão e autorização, não lhe sendo conferido poder para tipificação de novas
infrações ou quaisquer outras exigências, como se pode conferir:

Art. 78-A. A infração a esta Lei e o descumprimento dos deveres


estabelecidos no contrato de concessão, no termo de permissão e na
autorização sujeitará o responsável às seguintes sanções, aplicáveis pela
ANTT e pela ANTAQ, sem prejuízo das de natureza civil e penal: (Incluído
pela Medida Provisória nº 2.217-3, de 4.9.2001)
I - advertência; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.217-3, de 4.9.2001)
II - multa; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.217-3, de 4.9.2001)
III - suspensão (Incluído pela Medida Provisória nº 2.217-3, de 4.9.2001)
IV - cassação (Incluído pela Medida Provisória nº 2.217-3, de 4.9.2001)
V - declaração de inidoneidade. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.217-3,
de 4.9.2001) 8 VI - perdimento do veículo. (Incluído pela Lei nº 12.996, de
2014)
Art. 78-F. A multa poderá ser imposta isoladamente ou em conjunto com
outra sanção e não deve ser superior a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de
reais). (Incluído pela Medida Provisória nº 2.217-3, de 4.9.2001)
§ 1º O valor das multas será fixado em regulamento aprovado pela Diretoria
de cada Agência, e em sua aplicação será considerado o princípio da
proporcionalidade entre a gravidade da falta e a intensidade da sanção.
(Incluído pela Medida Provisória nº 2.217-3, de 4.9.2001)
§ 2º A imposição, ao prestador de serviço de transporte, de multa decorrente
de infração à ordem econômica observará os limites previstos na legislação
específica. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.217-3 de 4.9.2001)”

Resta evidente, portanto, a ilegalidade do artigo 34-VII da


Resolução ANTT n. 3.056/2009, e artigo 36, I, da Resolução ANTT n.º 4.799/15, pois
ultrapassaram os limites da lei, uma vez que o poder regulamentar conferido à
resolução não lhe outorga competência legislativa para instituir obrigação e impor
penalidade diversa daquela prevista em lei (artigo 5º, II da CRFB/1988).

Assim, a Resolução ANTT 4.799/2015, bem como a já revogada


Resolução 3.056/09, exorbitaram os limites da lei, extrapolando a competência
atribuída por lei à Agência Reguladora, em verdadeira afronta ao princípio
constitucional da legalidade.

Pra além disso, o valor da multa fere o princípio da


proporcionalidade.

Excelência, a simples não entrada no PPV – Posto de Pesagem


Veicular, ou a simples pesagem na primeira balança (seletiva) e não entrada para
confirmar o excesso de peso na segunda balança (precisão), que o CTB, nos artigos
209, 258 e 278 estabelece multa de R$ 195,23, o art. 34, VII da Resolução 3.056/09 da
ANTT estabelece multa de R$ 5.000,00.

Além desta multa, ainda pode ser cancelado o RNTRC –


Registro Nacional de Transporte Rodoviário de Cargas. Verbis:

Resolução nº 3.056, de 12/03/2009


Art. 34. Constituem infrações:
VII- evadir, obstruir ou de qualquer forma, dificultar a fiscalização: multa de
R$ 5.000,00 (cinco mil reais), cancelamento do RNTRC e impedimento de
obter registro pelo prazo de dois anos. (Alterado pela Resolução no 3.745, de
7.12.11).

Aqui há flagrante violação do princípio da razoabilidade e


proporcionalidade, pois infrações muito mais graves que a simples não entrada na área
de pesagem, a Resolução nº 3.056/09 estabelece penas bem menores.
Por exemplo, quem estiver trafegando com o RNTRC suspenso
ou vencido, que é uma infração muito mais grave, a multa é de R$ 1.000,00 (art. 34, I,
e). Ou quem apresentar informação falsa para obter o RNTRC, que também é uma
infração muito mais grave, a multa é de R$ 3.000,00 (Art. 34, III). Ou mesmo quem
contratar transportador sem inscrição no RNTRC, inscrição vencida, suspensa ou
cancelada, a multa é de R$ 1.500,00 (art. 34, V). Veja-se:

Art. 34. Constituem infrações:


I – efetuar transporte rodoviário de carga por conta de terceiro e mediante
remuneração:
e) com o registro suspenso ou vencido: multa de R$ 1.000,00 (mil reais);
III – apresentar informação falsa para a inscrição no RNTRC: multa de R$
3.000,00 (três mil reais) e impedimento do transportador para obter um
novo registro pelo prazo de dois anos;
V – contratar o transporte rodoviário remunerado de cargas de transportador
sem inscrição no RNTRC ou com inscrição vencida, suspensa ou cancelada:
multa de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais);

A violação ao princípio da razoabilidade e proporcionalidade


fica evidente quando se verifica que o valor dos fretes, na passagem destes PPVs, é de
aproximadamente R$ 1.000,00, incluindo todos os insumos, enquanto que a multa é de
R$ 5.000,00. Ou seja, o transportador tem que efetuar 10 fretes (descontando os
insumos) para poder pagar a multa pela simples não passagem no PPV.

Excelência, num PPV que é deficitário em placas


informativas de fiscalização, como mostrado nas fotos anexas, que não consta
placa de fiscalização de RNTRC, o motorista pode não perceber que tinha outro
tipo de fiscalização, pois não há informação. Aplicar multa de R$ 5.000,00 viola
frontalmente o principio da razoabilidade e proporcionalidade.
A simples passagem no PPV sem observar que tinha outros tipos
de fiscalização, em hipótese alguma, pode ser enquadrado como evasão ou obstrução
de fiscalização de Agência Reguladora.

A Resolução nº 3.056//09 não observou a proporcionalidade,


estabelecida no art. 78-F, § 1º, da Lei 10.233/01

O Parágrafo 1º do artigo 78-F da lei 10.233/01, diz


expressamente que “O valor das multas será fixado em regulamento aprovado pela
Diretoria de cada Agência, e em sua aplicação será considerado o princípio da
proporcionalidade entre a gravidade da falta e a intensidade da sanção”.

Ora, passar num PPV e se submeter à fiscalização de peso na


primeira balança e seguir viagem, sem passar pela segunda balança não é grave ao
ponto da multa ser superior ao valor do frete, nem grave suficiente a ser superior ao
valor de quem falsifica documento (Res. 3.056/09, art. 34, VII , comprando-se com o
Art. 34, I, II, IV e V).

A Resolução da ANTT, no art. 34, VII não feriu o princípio da


razoabilidade e proporcionalidade somente quanto ao valor. Feriu também, quanto ao
cancelamento do RNTRC e o impedimento para obter novo registro por 2 anos.

Ora, o art. 78-G da Lei 10.233/01 é taxativo ao estabelecer que:


“A suspensão, que não terá prazo superior a cento e oitenta dias, será imposta em
caso de infração grave cujas circunstâncias não justifiquem a cassação”.

Mas como a ANTT não aplicou a pena de cancelamento do


RNTRC, entendeu que não era grave a simples passagem no PPV sem se submeter a
segunda balança. Não sendo grave, não se sustenta o estabelecimento de R$ 5.000,00
para este tipo de infração, superior, inclusive, para quem falsifica documentos, que é
uma atitude reprovável com maior gravidade.

O TRF4 tem precedente neste sentido:


ADMINISTRATIVO. AUSÊNCIA DE LICENÇA AMBIENTAL PARA O
FUNCIONAMENTO DE POSTOS DE ABASTECIMENTO. APLICAÇÃO
DE MULTA EM VALOR EXCESSIVO. REDUÇÃO QUE SE IMPÕE.
1. Configurada a infração administrativa pela falta de licença ambiental para
o funcionamento de estabelecimentos potencialmente poluidores, é devida a
lavratura dos respectivos Autos de Infração com a aplicação das penalidades
cabíveis.
2. Muito embora o art. 44 do Decreto n.º 3.179/99 permita a fixação de multa
entre os valores de R$ 500,00 e R$ 10.000.000,00 para a hipótese de
funcionamento de empreendimentos sem a devida licença ambiental, não se
afigura razoável admitir que enquanto dois postos de combustíveis da
apelada foram autuados pela mesma infração com cominação de multa de R$
1.500,00, um terceiro estabelecimento de abastecimento também de sua
propriedade e nas mesmas circunstâncias seja a ele aplicada multa de R$
10.000,00.
3. Demonstrado o excesso do valor da multa referente ao Auto de Infração
388087-D lavrado pelo IBAMA, em face da ausência de especificação de
qualquer agravante da situação ocorrida na mencionada autuação em relação
aos demais autos, é razoável a manutenção da sentença que determinou a
redução da multa em questão de R$ 10.000,00 para R$ 1.500,00. 4.
Apelação improvida.
(TRF5 – Apelação Cível AC 405984 RN 0008963-65.2005.405.8400, 2ª
Turma. Relaor Dsembaegador Federal Francisco Wildo. DJE 18/03/2010).

Excelência, há equívoco da ANTT em estabelecer multa de R$


5.000,00 sob o argumento de que a Lei 10.233/01 em seus art. 78-A a 78-K dão
suporte legal. O limite máximo de R$ 10.000.000,00 que o art. 78-F prevê é para
infrações aos contratos de concessão ou contrato de permissão e o serviço de
transporte de cargas não se enquadra em nenhum deles.

Veja-se que todas as sanções elencadas nos art. 78-A a 78-F


dizem:
Art. 78-A. A infração a esta Lei e o descumprimento dos deveres
estabelecidos no contrato de concessão, no termo de permissão e na
autorização sujeitará o responsável às seguintes sanções, aplicáveis pela
ANTT e pela ANTAQ, sem prejuízo das de natureza civil e penal:

Evadir, obstruir ou dificultar a fiscalização é dos contratos de


concessão e permissão (pena de R$ 5.000,00) e não pode ser confundida com a
infração pela simples passagem no PPV, não se submetendo a segunda pesagem,
principalmente quando o motorista cumpriu o comando das placas de sinalização
submetendo-se a fiscalização do excesso de peso na primeira balança.

O comando do art. 34, VII da Resolução 3.056/09 é para quem


desobedecer aos artigos 78-A a 78-F da lei 10.233/01, quanto aos contratos de
concessão ou permissão, que podem ser multados até R$ 10.000.000,00. Mas nestes
comandos não está o ato de passar pelo PPV.

Veja-se que a violação do princípio da desproporcionalidade e


razoabilidade é flagrante, quando não há prejuízo para a fiscalização da ANTT ao se
passar pelo PPV e não passar na segunda balança, porque em todos os PPV tem o PIF
– Posto de Interceptação de Fuga e o MANUAL DE PROCEDIMENTOS DE
FISCALIZAÇÃO EM POSTOS DE PESAGEM VEICULAR da ANTT diz que será
interceptado. Veja-se:
O mapa do PPV mostra a localização do PIF – Posto de
Interceptação de Fuga:

Mesmo que não fosse possível interceptar no PIF poderia ser


interceptado no próximo PPV que fica muito próximo.
Ou seja, a simples não observância na passagem no PPV em uma
das balanças não tem a gravidade que a ANTT quer dar para estabelecer multa de R$
5.000,00, quando para infrações muito mais graves, como trafegar com documento
falso, tem valor de multa muito inferior.

Veja-se Excelência, que a ANTT tem competência para


fiscalizar o transporte de cargas. Quando ela faz na sua sede, por intimação da
transportadora, ou na sede da própria transportadora, se houver obstrução, aí
compreende-se a aplicação do valor de R$ 5.000,00. Mas, a simples passagem no PPV
fere o princípio da razoabilidade e proporcionalidade em aplicar esse valor para esta
conduta.

Até mesmo porque na sede da empresa, ou na sede da ANTT, é o


representante legal da transportadora que estará impedindo a fiscalização caso tente
evadir ou obstruir. Agora, na rodovia púbica, quem está lá é o motorista ou mesmo um
terceirizado que não responde por atos da empresa. Responde pelos atos de direção do
veículo, mas não por atos que até possam cancelar a atividade da empresa.

Veja-se Excelência, que mesmo não sendo atos de trânsito que a


ANTT esteja fiscalizando no PPV. Mas a ANTT aplica o CTB – Código Brasileiro de
Trânsito para atuar por excesso de peso (art. 231, V), que é competência dela também.

Mas se o motorista deixou de entrar na segunda balança, a


ANTT pode aplicar o CTB sim, porque que tem regra própria para quem se evadir da
área de pesagem (arts. 209, 258 e 278), porque também é sua competência.

Então, quem se evadiu da área de pesagem ou não passou pela


segunda balança que a ANTT alega que seria fiscalizado de outros atos de transportes
de cargas, o valor da multa é de R$ 195,23 (art. 209, CTB).

A ANTT diz que não estava fiscalizando trânsito, mas para


fins de fixação de valor, para evasão de área de pesagem, o valor da multa tem
que ser o do art. 209 (R$ 195,23) para qualquer tipo de fiscalização, pois é a única
Lei que regulamenta evasão de área de pesagem (evasão de PPV). A ANTT pode
aplicar sua Resolução, mas o valor é o estabelecido no CTB para esta evasão, que
é lei específica.

Assim, requer-se o reconhecimento da desproporcionalidade do


valor da multa.

VIII – DAS INCONGRUÊNCIAS DO AI

O AI 2620273constante do Processo Administrativo emitido pela


ANTT contém a informação de que o auto foi lavrado por Fernando Gomes, o qual
indicou infração na data de 05/03/2014 às 22h14, mas pelo relatório emitido pela
empresa “Omega”, que faz a captação das imagens do posto de pesagem, a suposta
infração foi verificada às 4h13 pelo usuário anotador Gilson Figueiró e velocidade
de 0km/h.

Assim, tem-se claramente que quem verificou a suposta fuga não


foi o agente da ANTT, em que pese ser obrigatória a sua presença.

Além disso, a velocidade do veículo era de 0km/h, de modo que


não é razoável entender que havia um agente da ANTT mandando o motorista parar
para realizar a fiscalização e ainda sim não foi acatada a ordem.

Frisa-se aqui que a palavra do motorista fica contra a do agente,


que, em que pese ter presunção de legitimidade, demostrada a não fiscalização, o que é
possível pelo livro ponto do agente, trata-se se situação deveras séria, posto que o
agente público estaria atuando de forma a prejudicar os administrados se valendo da
fé-pública que possui.

Tal situação ensejaria inclusive investigação pelo Ministério


Público Federal.
Por fim, lembra-se que está análise só foi possível diante da
comparação entre o AI recebido e o Processo Administrativo, o qual está levando em
média três meses para que a ANTT entregue, o que prejudica, e muito, a discussão.

Assim, faz-se necessária a juntada do processo administrativo


referente também ao AI 2681889.

Para além disso, o que resta evidenciado é que o AI lavrado pela


ANTT não condiz com o que de fato ocorreu, de modo que requer-se a sua anulação.

VII - DO DEPÓSITO DO VALOR E SUSPENSÃO DA


INSCRIÇÃO EM ÓRGÃOS DE RESTRIÇÃO AO CRÉDITO

A lei 10.522/2002, que trata sobre o cadastro dos créditos não


quitados de órgãos e entidades federais, prevê no seu art. 7º a possibilidade de
suspensão do registro desde que, ajuizada a ação, garanta o juízo.

Assim, requer-se a determinação da suspensão do registro


efetuado caso entenda este juízo como necessário o depósito do valor discutido.

VIII - DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer-se:

a) A citação da Ré para que, querendo, apresentar contestação;


b) Produção de todas as provas admitidas em direito,
especialmente a oitiva das partes e testemunhas;
c) Determinação para que a ANTT junte aos autos o processo
administrativo quando ao AI 2681889;
d) Seja determinada a juntada das imagens panorâmica e frontal
do momento da passagem do caminhão no PPV;
e) Seja determinada a juntada do livro ponto do agente que
lavrou infração;
f) Procedência da ação determinando a anulação do auto de
infração nº 2678834 e 2681889;.
g) Retirada no nome da empresa dos órgãos de proteção ao
crédito/
h) Condenação em danos morais em decorrência da inscrição no
SERASA indevidamente.

Dá-se à causa o valor de R$ 13.610,50 (treze mil seiscentos e dez


reais e cinquenta centavos).

Curitiba, 20 de agosto de 2018.

LUCIMAR STANZIOLA

OAB/PR 51.065

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