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DA REVELIA – ART.

344

O artigo 344 do Código de Processo Civil, descreve a revelia como o ato de o réu deixar de se
defender, mesmo tendo sido citado, ou oficialmente informado, por ato da justiça, da existência
de um processo judicial contra ele.
Segundo o mencionado artigo, se o réu for considerado revel, serão presumidas como
verdadeiras, as alegações feitas pelo autor do processo.
Caso seja decretada a revelia, o réu ainda pode intervir no processo, do ponto em se encontre,
mas não será mais comunicado dos prazos do processo, conforme prevê o § Único do artigo 346.
Código de Processo Civil - Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Fonte: Site do TJDFT.
Já para o professor Luiz Guilherme Marinoni, “contumácia e revelia não se confundem. Essa é
espécie daquela. A contumácia é a inação de qualquer das partes diante de determinado
comando judicial. A revelia consiste especificamente na inação do demandado em contestar o
pedido de tutela do direito formulado pelo demandante”.
Diante desse raciocínio, a doutrina admite que qualquer das partes que deixar de exercer
qualquer atividade no curso do processo que deveria produzir no momento oportuno incorre
em contumácia, portanto, tal pode ser cometida tanto pelo réu como pelo autor.
Revelia é o estado processual que se segue à ausência de contestação. Uma das consequências
da revelia (geralmente) acarreta presunção de veracidade sobre os fatos alegados pelo autor.
EFEITOS DA REVELIA
- Como dito acima, presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor. Presunção ficta.
Caput 344.
- Fluência dos prazos a partir da publicação. Art. 346. Passa a fluir da data de publicação do ato
decisório no órgão oficial. Por Exemplo, no DJE.
§ Único. Mesmo sendo revel, pode ingressar no processo em qualquer fase, contudo, no estado
em que se encontra. Os atos já praticados, não serão refeitos, apenas a partir daquele momento,
ele poderá participar. Por exemplo, poderá requerer a produção de provas.
- Preclusão para o réu na alegação de determinadas defesas, exceto art. 342, que poderá
apresentar a qualquer tempo.
- Possibilidade de julgamento antecipado do caso, caso ocorra a revelia. Se os fatos alegados são
considerados verdadeiros, não há a necessidade da produção de outras provas. Art. 355, II.
NÃO PRODUZIRÁ O EFEITO DA CONFISSÃO FICTA – ART. 345
- Inc. I - Quando tiver pluralidade de réus e um deles contestar. A impugnação de um aproveitará
a todos.
- Inc. II - Direitos indisponíveis. Não pode ocorrer confissão, nem a efetiva, quando a parte
confessa nem a ficta. Direito indisponível é aquele que não se pode renunciar ou alienar. Os
direitos da personalidade (Art. 11 CC) e aqueles ligados ao estado da pessoa.
- Inc. – Quando a PI não estiver acompanhada de instrumento que a lei considere indispensável
para a prova do ato. P. ex. o Direito de propriedade de imóveis. A PI tem vir acompanhada da
escritura pública averbada no registro de imóveis.
IV – Quando as alegações forem inverossímeis ou forem contraditórias com a prova dos autos.
Essas provas essas podem ser apresentadas tanto pelo autor como pelo réu, já que este último
poderá apresentá-las mesmo que não tenha feito a contestação.

ART. 346 – RÉU REVEL SEM ADVOGADO

O prazo para ele flui a partir da publicação no órgão oficial. § Único. Poderá intervir no processo
no estado em que se encontra.

DO RECONHECIMENTO JURÍDICO DO PEDIDO


É uma espécie de resposta do réu, mas, não é uma forma de defesa. Neste caso, o réu se
manifesta reconhecendo o pedido formulado pelo autor. Nesse caso ele está concordando com
o autor e não se defendendo. Neste caso, o juiz julgará o processo com análise de mérito a favor
do autor. Contudo, importa salientar que reconhecimento jurídico do pedido não é o mesmo
que confissão:
CONFISSÃO – A parte reconhece que os fatos alegados pela parte contrária são verdadeiros.
RECONHECIMENTO JURÍDIDO DO PEDIDO – Diz respeito aos fatos e as consequências jurídicas.
Na confissão, a parte pode concordar com os fatos, mas, não com as consequências. Por
exemplo, os fatos ocorreram desta forma, mas, o autor não faz jus à indenização. No
reconhecimento a parte concordará com ambos.
“Há resolução de mérito quando o juiz homologa o reconhecimento jurídico do pedido. O órgão
jurisdicional encontra-se vinculado ao reconhecimento, não podendo julgar a lide diante desse
de modo diverso. Pode apenas controlar se aquele que reconheceu o pedido tinha ou não
capacidade para fazê-lo. Não o tendo, pode recusar-se a homologar o reconhecimento jurídico
do pedido e a extinguir o processo ou a fase processual cumprindo-lhe prosseguir no feito até a
sentença e julgar a lide”. Luiz Guilherme Marinoni.
DESMEMBRAMENTO DO LITISCONSÓRCIO MULTITUDINÁRIO – ART. 113.
Antes, importante diferenciar litisconsórcio necessário e facultativo.
NECESSÁRIO - Art. 114. O litisconsórcio será necessário por disposição de lei ou quando, pela
natureza da relação jurídica controvertida, a eficácia da sentença depender da citação de
todos que devam ser litisconsortes.
FACULTATIVO – Art. 113. A formação do litisconsórcio facultativo fica, a princípio, a critério
do autor, desde que preenchidos os requisitos legais, isto é, quando entre os litisconsortes
(ativos ou passivos) houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide;
quando entre as causas houver conexão pelo objeto ou pela causa de pedir; ou quando ocorrer
afinidade de questões por ponto comum de fato ou de direito. Fonte:
https://portalied.jusbrasil.com.br/
O Litisconsórcio necessário não pode ser desmembrado por exigência legal.
ART. 113, § 1º. (O juiz poderá limitar o litisconsórcio).
“É possível cindir o litisconsórcio facultativo multitudinário, que é aquele diz consórcio
formado por um número excepcionalmente grande de litigantes, sempre que em razão de sua
formação possa ocorrer o comprometimento da defesa ou do cumprimento de sentença ou a
rápida solução do litígio. por motivos atinentes a paridade de armas e a efetividade do
processo, portanto, é possível desmembrar o litisconsórcio facultativo multitudinário”. Luiz
Guilherme Marinoni.
Por ser muito numeroso, compromete a solução do litígio. Daí a necessidade do
desmembramento.
ARGUIÇÃO DE IMPEDIMENTO OU SUSPEIÇÃO – 144 e 145
Apesar de ser mais forma de resposta do réu, o autor também poderá fazê-lo.
Diz respeito à imparcialidade do juiz.
“O incidente de arguição de impedimento ou suspeição é a forma estabelecida em lei para
afastar o juiz da causa, por lhe faltar imparcialidade, que é pressuposto processual subjetivo
referente ao juiz. Enquanto a alegação de incompetência se refere ao juízo, o impedimento e
a suspeição se referem à pessoa do juiz, que, neste incidente, é parte (ele é réu do incidente)”.
Fredie Didier Jr.
O artigo 148 estende a possibilidade de se realizar a arguidade de impedimento ou suspeição
para outros sujeitos do processo que não apenas o juiz.
Da mesma forma que o juiz, devem se comportar de maneira imparcial e não ter interesse na
causa.
PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES E DO SANEAMENTO
ART. 347
“Vencida a fase postulatória, segue-se a fase de organização do processo. Findo o prazo para
contestação, O juiz tomará, conforme o caso, as providências preliminares. Não sendo o caso,
poderá julgar o processo no estado em que se encontra (art. 353, CPC). Não sendo igualmente,
determinará a instrução do feito”. Luiz Guilherme Marinoni.
Desta forma, o juiz verificará conforme o caso, na Seção I, se há a incidência ou não dos efeitos
da revelia, na II se há fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor ou Seção
III, se o réu faz jus às alegações do 337 (art. 351).
Nota: “O saneamento do processo ou fase de saneamento, significa uma fase de organização do
mesmo (SIC), na qual o magistrado resolve questões e toma providência para prepará-lo para a
fase de produção de provas(instrução) necessária para o julgamento (sentença).
Conforme o artigo 357 do Código de Processo Civil, no saneamento o magistrado resolve
eventuais pendências processuais que possam atrapalhar o trâmite do procedimento; delimita
as questões que serão objeto de prova, determinando quem deverá produzi-la; define as
questões de direito relevantes; e, designa audiência de instrução e julgamento, se for
necessário”. Fonte: https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-produtos/direito-facil/edicao-
semanal/saneamento-do-
processo#:~:text=O%20saneamento%20do%20processo%20ou,para%20o%20julgamento%20(senten%C3%A7a).

ART. 348 – Verificando a inocorrência (ou seja, não presumirá os fatos alegados pelo autor como
verdadeiros), logo, manterá a diligência probatória aberta e determinará que o autor produza
as provas com as quais pretende provar o alegado, caso ainda não as tenha indicado.
ART. 349 – O Réu revel poderá produzir provas, desde que, a instrução ainda esteja aberta, caso
contrário, não poderá produzir. Por exemplo, o juiz já sentenciou e o réu quer produzir a prova.
ART. 350 – Caso o réu traga um fato impeditivo, modificativo ou extintivo do autor, este terá
que se manifestar no prazo de 15 dias, produzindo a prova necessária. Por exemplo, o réu invoca
uma prescrição.
ART. 351 – Matérias alegas no 337 (preliminares de contestação). De igual forma, oitiva do autor
em 15 dias com a respectiva produção de prova.
ART. 352 – Se o vício for sanável, o juiz determinará a correção em prazo não superior a 30 dias.
Ex. falta de assinatura do mandante na procuração do advogado.
ART. 353 – O juiz proferirá o julgamento conforme o estado do processo, conforme arts. 354,
355 e 356.

DO JULGAMENTO CONFORME O ESTADO DO PROCESSO – ART. 354 E SEGUINTES

“O julgamento conforme o estado do processo visa a encurtar o procedimento comum,


autorizando o juiz a deixar de realizar atos processuais inúteis ou desnecessários à vista da
ocorrência de determinadas hipóteses no processo (arts. 354 a 356, CPC). O julgamento
conforme o estado do processo pode ser total (arts. 354 e 355) ou parcial (arts. 354, parágrafo
único e 356), conforme abarque ou não toda a causa. Trata-se de inequívoca manifestação da
regra da adequação do processo às necessidades do direito material debatido em juízo”. Fonte:
CPC Comentado. Luiz Guilherme Marinoni.

354 – DA EXTINÇÃO DO PROCESSO

485 (Sentença sem resolução de mérito);


487, II e III (Sentença com resolução de mérito). Inc. II (Prescrição ou Decadência). Inc. III
(Homologação do juiz sobre as situações das alíneas “a”, “b” e “c”).

§ Único. Se houver sentença apenas a parcela do processo, caberá agravo de instrumento.

“Recurso. Prolatada a sentença de extinção do processo (art. 354, CPC), cabe o recurso de
apelação (art. 1009, CPC). Dizendo respeito apenas à parcela do processo, a decisão será
imediatamente recorrível por meio de agravo de instrumento (art. 354, parágrafo único, CPC)”.
Luiz Guilherme Marinoni.

Exemplo. O autor ajuíza ação e cumula pedidos, A + B, contudo, o pedido A está prescrito e B
não. Nesse caso, o juiz vai proferir decisão parcial de mérito com relação ao pedido A. O recurso
a ser interposto nesse caso será de agravo de instrumento e não de apelação, por força do §
Único do 354.

ART. 355 – DO JULGAMENTO ANTECIPADO DO MÉRITO

“O art. 355 do CPC, prevê a possibilidade de julgamento antecipado do mérito. Porém, trata-se
na realidade de julgamento imediato do mérito. Não há propriamente julgamento antecipado,
mas sim em julgamento imediato diante da desnecessidade do prosseguimento do feito para
instrução em audiência. O mérito da causa é julgado no momento devido. Sendo o caso de
julgamento imediato, qualquer demora em examinar o mérito importa em violação do direito
fundamental à duração razoável do processo (arts. 5º, LXXVII, CF e 4º, CPC), porque implica
dilação indevida na resolução da causa”. Luiz Guilherme Marinoni.

Inc. I – Exemplo: As partes não desejam produzir mais provas. Nesse caso, o juiz vai sentenciar.
Inc. II – Réu revel e efeito do 344 (presumem-se verdadeiras as alegações da inicial) e não houver
requerimento de prova. Lembrando que o réu revel que o réu poderá produzir provas, nos
moldes do 349.

ART. 356 – DO JULGAMENTO ANTECIPADO PARCIAL DO MÉRITO

Inc. I – Quando um dos pedidos ou mais for incontroverso. Por exemplo, o autor pede A e B, mas
na contestação o réu não faz a impugnação de B, logo, o juiz vai proferir decisão interlocutória
parcial de mérito de procedência concedendo desde logo o pedido B.

Inc. II – Estiver de acordo com as condições de imediato julgamento, conforme 355. Exemplo
acima.

§ 1º - Obrigação líquida ou ilíquida.

§ 2º - Possibilidade de liquidar ou executar a decisão. “Há possibilidade de cumprimento


imediato da decisão que julga parte do mérito, tendo em conta que o recurso de agravo
instrumento não tem efeito suspensivo (arts. 356, § 2º e 520, CPC).

Neste caso o cumprimento provisório dessa sentença não precisa ser caucionado, ainda que haja
recurso pendente contra ela.

§ 3º - Trânsito em julgado, ocorrerá a execução definitiva.

§ 4º - A liquidação e o cumprimento da decisão poderão ser processados em autos


suplementares. Será feito em um novo caderno processual que ficará apenso ao processo
principal, por ofício ou a requerimento da parte. Serve para deixar mais bem organizado.

§ 5º - Recurso de Agravo de Instrumento e não de Apelação.

ART. 357 – DO SANEAMENTO E DA ORGANIZAÇÃO DO PROCESSO

Repetindo: “O saneamento do processo ou fase de saneamento, significa uma fase de


organização do mesmo (SIC), na qual o magistrado resolve questões e toma providência para
prepará-lo para a fase de produção de provas(instrução) necessária para o julgamento
(sentença)”.

“Depois de realizado o contraditório entre as partes, e não sendo o caso de julgar o processo no
estado em que se encontra, tem-se que proceder a organização do processo, isto é, tem-se que
sanear o processo e prepará-lo para a instrução e o respectivo julgamento”. Luiz Guilherme
Marinoni.

Ao receber a PI e a Contestação ou Reconvenção, o juiz verificou que não era possível extinguir
o processo, julgar antecipadamente o mérito ou julgar antecipado parcialmente o mérito, ele
saneará o processo. Ocorrerá o chamado despacho saneador.

Inc. I – Exemplo, afasta alguma preliminar (p.ex. incompetência relativa), questões de valor da
causa etc.

Inc. II – O juiz vai se manifestar sobre os fatos a serem provados;


Inc. III – Definir a distribuição do ônus da prova. P.ex. O juiz reconhece que a causa versa sobre
uma relação de consumo e determina a inversão do ônus da prova.

Inc. IV – Questões relevantes para decisão do mérito.

Inc. V – Designar, se necessário a audiência de instrução e julgamento. Por exemplo, colher uma
prova oral requerida pelas partes.

§ 1º - Prazo comum para as partes de 5 dias para se manifestarem sobre o saneamento.

§ 2º - Delimitação consensual sobre as questões de fato e de direito dos incisos II e IV. Trata-se
de negócio processual. Não é comum na prática.

§ 3º - Princípio da cooperação.

§ 4º - Rol de testemunhas em até 15 dias. Não apresentou, preclui.

§ 5º - Rol de testemunhas em audiências nas hipóteses do § 3º. De igual maneira, não


apresentou, preclui.

§ 6º - Testemunhas, máximo de 10 e 3 no máximo para cada fato.

§ 7º - Limitação do número de testemunhas pelo juiz a depender da complexidade de causa.

§ 8º - Se tiver perito, obedecer a regra do 465.

§ 9º - Pautas de 1 hora entre as audiências.

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