Você está na página 1de 10

AUDIÊNCIA NA PRÁTICA

Profª SABRINA DOURADO

www.descomplicajus.com.br

Instagram: @sabrinadourado

Um advogado recém-formado, em qualquer momento de sua vida profissional,


terá de enfrentar uma audiência de instrução e julgamento. No caso de uma
audiência de conciliação, as negociações são mais fáceis. Para instrução e
julgamento, a preparação deve ser maior.

A audiência de instrução e julgamento é o coração da instrução probatória,


sendo, antes dela, o ponto mais relevante o despacho do juiz baseado na inicial
e na defesa. Assim, torna-se importante conhecer a fundo para se preparar para
a colheita de prova oral, oitiva do perito e das testemunhas e depoimentos das
partes.

O segundo ponto mais relevante é o ônus probatório. Não é obrigação fazer


prova, mas sim ônus da parte, pois ela produz algo que lhe favorece e não a
parte contrária. Sabendo o que é alegado pelas partes e o que foi apontado como
ponto controvertido, é possível definir especificamente o ônus de cada uma das
partes. O advogado, portanto, precisa concentrar-se na produção de suas
provas, lembrando-se da possibilidade das regras de inversão do ônus.

Conheçamos, as 10 dicas principais para atuar na audiência de instrução e


julgamento:

Conhecer o caso e a matéria principal

Não é necessário dizer que é importante estudar o caso antes da audiência, com
tempo para analisar todas as hipóteses de atuação na audiência. Se necessário,
converse com outros advogados, pedindo sua opinião, lembrando que duas
cabeças pensam melhor do que uma. É também preciso estudar a matéria
principal do processo, como por exemplo, se for uma causa trabalhista, saber a
que se refere e se aprofundar no assunto.

Conhecer o advogado e a parte adversa

Havendo ou não possibilidade de acordo, é bom conhecer a parte contrária e


seu advogado. Tudo pode ser jogado a seu favor, conhecendo o lado oposto.

Verificar o rol de testemunhas antes da audiência

Verifique antes da audiência os nomes das testemunhas arroladas e converse


com seu cliente sobre elas, procurando saber como podem contribuir com o
caso. Assim, é possível ficar melhor preparado para qualquer contradita da
testemunha ou podendo elaborar perguntas, evitando que imprevistos ou
improvisos aconteçam na audiência.

Faça anotações para a audiência

Principalmente para quem está começando na carreira de advogado, é


importante fazer anotações sobre pontos que considera importantes sobre o
processo. No caso de contraditar uma testemunha, anote o histórico e os pontos
jurídicos que justifiquem, ou se for necessário um pedido de expedição de ofício,
leve anotado. Caso conheça as testemunhas, prepare perguntas específicas,
reformulando à medida que o juiz ouvi-las. Com tudo anotado, fica mais fácil ter
segurança na condução do processo.

Mantenha controle emocional

É importante manter controle emocional, respeito e educação durante a


audiência. Nunca perca seu controle e não saia do sério. Lembre-se que você
está representando seu cliente e, principalmente, a lei.

Ouça atentamente e anote o que for preciso

Mesmo levando perguntas prévias, fique atento, ouvindo tudo o que as


testemunhas disserem. Isso poderá esclarecer alguma pergunta que já esteja
pronta e ela poderá ser elaborada de outra forma, ou esclarecida com algum
detalhe. Uma dica interessante é levar outro advogado ou um estagiário para
ajudar na condução da audiência. Assim, enquanto um pode reler partes do
processo, outro pode tomar nota e ajudar na reformulação do que seja
necessário.

Oriente bem seu cliente para a audiência

O dia da audiência é algo completamente diferente na vida do seu cliente,


embora seja normal participar de audiências para o advogado. A orientação
prévia é importante para que o cliente se contenha, não se deixe levar pelo lado
emocional.

Conheça os detalhes dos procedimentos da audiência

Em cada Juizado existe um rito para as audiências de instrução e julgamento. É


necessário você ter conhecimento de cada Juizado para agir de acordo com o
procedimento padrão. Conhecendo o procedimento é possível conduzir a
audiência dentro do exigido.

Analise os tópicos mais relevantes

Verifique os tópicos mais relevantes do processo, como por exemplo, numa


audiência trabalhista, se há perícia ou não, se você pode intimar o perito para
esclarecer pontos controversos; ou, no caso de testemunhas de outra comarca,
se é possível serem ouvidas por carta precatória. Esteja sempre preparado para
qualquer situação.

Assista audiências no mesmo Juízo

Um ponto importante é saber como o juiz se comporta. Como você sabe, embora
tenha de seguir a lei, o juiz pode ter uma ou outra forma de deliberar sobre
qualquer assunto. Para conhecer bem o juiz e seu comportamento, nada melhor
do que assistir as audiências presididas por ele. Esta é uma excelente forma de
se preparar.

Conhecendo as audiências CÍVEIS

AUDIÊNCIA DE AUTOCOMPOSIÇÃO PASSA A SER A REGRA


GERAL DO PROCEDIMENTO COMUM
A audiência de autocomposição está prevista no art. 334 do CPC.
Desataca-se que se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e
não for o caso de improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de
conciliação ou de mediação com antecedência mínima de 30 (trinta) dias,
devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência.
O conciliador ou mediador, onde houver, atuará necessariamente na
audiência de conciliação ou de mediação, levando em consideração às
disposições do CPC, bem como as disposições da lei de organização judiciária.
Observe-se que poderá haver mais de uma sessão destinada à conciliação
e à mediação, não podendo exceder a 2 (dois) meses da data de realização da
primeira sessão, desde que necessárias à composição das partes.
Vale lembrar ainda que a intimação do autor para a audiência será feita na
pessoa de seu advogado.

CUIDADO!
A audiência não será realizada:
– se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na
composição consensual;
– quando não se admitir a autocomposição. Observe-se que o
legislador não fez referência aos direitos indisponíveis, uma vez que
há direitos indisponíveis que admitem autocomposição. P.ex.:
alimentos.

Ademais, o autor deverá indicar, na petição inicial 1, seu desinteresse na


autocomposição, e o réu deverá fazê-lo, por petição, apresentada com 10 (dez)
dias de antecedência, contados da data da audiência.

ATENÇÃO MÁXIMA!
Havendo litisconsórcio, o desinteresse na realização da audiência deve
ser manifestado por todos os litisconsortes.

– Sabrina, é verdadeira a informação acima?

1. Eis um requisito que está presente no art. 319 do CPC.


– Sim! Questionável, porém verdadeira.
A audiência de conciliação ou de mediação pode realizar-se por meio
eletrônico, nos termos da Lei 11.419/06.
O não comparecimento injustificado do autor ou do réu à audiência de
conciliação é considerado ato atentatório à dignidade da justiça e será
sancionado com multa de até dois por cento da vantagem econômica pretendida
ou do valor da causa, revertida em favor da União ou do Estado.
Não esqueça que as partes devem estar acompanhadas por seus
advogados ou defensores públicos. A lei impede que as partes compareçam
sozinhas nessa audiência preliminar do art. 334. Prestigia-se o chamado debate
qualificado.
No entanto, a parte poderá constituir representante, por meio de procuração
específica, com poderes para negociar e transigir.
A autocomposição obtida será reduzida a termo e homologada por sentença.
Trata-se de sentença definitiva.
A pauta das audiências de conciliação ou de mediação será organizada de
modo a respeitar o intervalo mínimo de 20 (vinte) minutos entre o início de uma
e o início da seguinte.

ESTRATÉGIAS DESCOMPLICADAS

_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

SANEAMENTO ORGANIZAÇÃO E ESTABILIDADE DA DEMANDA

Não ocorrendo nenhuma das hipóteses já estudadas, deverá o juiz, em


decisão de saneamento e de organização do processo, prevista no art. 357 do
CPC:
– resolver as questões processuais pendentes, se houver;
– delimitar as questões de fato sobre as quais recairá a atividade probatória,
especificando os meios de prova admitidos;
– definir a distribuição do ônus da prova, observado o art. 373;
– delimitar as questões de direito relevantes para a decisão do mérito;
– designar, se necessário, audiência de instrução e julgamento.
Realizado o saneamento, as partes têm o direito de pedir esclarecimentos
ou solicitar ajustes, no prazo comum de 5 (cinco) dias, findo o qual a decisão se
torna estável.
As partes podem apresentar ao juiz, para homologação, delimitação
consensual das questões de fato e de direito, a qual, se homologada, vincula as
partes e o juiz.

ATENÇÃO REDOBRADA!
Se a causa apresentar complexidade em matéria de fato ou de direito,
deverá o juiz designar audiência para que o saneamento seja feito em
cooperação com as partes, oportunidade em que o juiz, se for o caso,
convidará as partes a integrar ou esclarecer suas alegações.

Caso tenha sido determinada a produção de prova testemunhal, o juiz fixará


prazo comum não superior a 15 (quinze) dias para que as partes apresentem rol
de testemunhas. As partes devem levar, para a audiência prevista, o respectivo
rol de testemunhas.
Destaca-se que o número de testemunhas arroladas não pode ser superior
a 10 (dez), sendo 3 (três), no máximo, para a prova de cada fato. O juiz poderá
limitar o número de testemunhas levando em conta a complexidade da causa e
dos fatos individualmente considerados.
Caso tenha sido determinada a produção de prova pericial, o juiz deve
observar o disposto no art. 465 e, se possível, estabelecer, desde logo,
calendário para sua realização.

VALE ANOTAR!
Para melhor desenvolvimento da audiência, as pautas deverão ser
preparadas com intervalo mínimo de 1 (uma) hora entre as audiências.

ESTRATÉGIAS DESCOMPLICADAS

_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO PRODUÇÃO DE


PROVAS ORAIS

A audiência de instrução e julgamento visa à produção de provas orais. Destaca


o art. 358 que no dia e na hora designados, o juiz declarará aberta a audiência de
instrução e julgamento e mandará apregoar as partes e os respectivos advogados,
bem como outras pessoas que dela devam participar.

CUIDADO!
Instalada a audiência, o juiz tentará conciliar as partes,
independentemente do emprego anterior de outros métodos de
solução consensual de conflitos, como a mediação e a arbitragem.

O juiz exerce o poder de polícia, incumbindo-lhe:


– manter a ordem e o decoro na audiência;
– ordenar que se retirem da sala de audiência os que se comportarem
inconvenientemente;
– requisitar, quando necessário, força policial;
– tratar com urbanidade as partes, os advogados, os membros do Ministério
Público e da Defensoria Pública e qualquer pessoa que participe do processo; –
registrar em ata, com exatidão, todos os requerimentos apresentados em
audiência.
As provas orais serão produzidas em audiência, ouvindo-se nesta ordem,
preferencialmente:
– o perito e os assistentes técnicos, que responderão aos quesitos de
esclarecimentos requeridos no prazo e na forma do art. 477, caso não
respondidos anteriormente por escrito;
– o autor e, em seguida, o réu, que prestarão depoimentos pessoais;
– as testemunhas arroladas pelo autor e pelo réu, que serão inquiridas.
Enquanto depuserem o perito, os assistentes técnicos, as partes e as
testemunhas, não poderão os advogados e o Ministério Público intervir ou
apartear, sem licença do juiz.

A audiência poderá ser adiada:


– por convenção das partes;
– se não puder comparecer, por motivo justificado, qualquer pessoa que dela
deva necessariamente participar;
– por atraso injustificado de seu início em tempo superior a 30 (trinta)
minutos do horário marcado.
O impedimento deverá ser comprovado até a abertura da audiência, e, não
o sendo, o juiz procederá à instrução.
O juiz poderá dispensar a produção das provas requeridas pela parte cujo
advogado ou defensor público não tenha comparecido à audiência, aplicando-se
a mesma regra ao Ministério Público.
Quem der causa ao adiamento responderá pelas despesas acrescidas.
Havendo antecipação ou adiamento da audiência, o juiz, de ofício ou a
requerimento da parte, determinará a intimação dos advogados ou da sociedade
de advogados para ciência da nova designação.
Finda a instrução, o juiz dará a palavra ao advogado do autor e do réu, bem
como ao membro do Ministério Público, se for o caso de sua intervenção,
sucessivamente, pelo prazo de 20 (vinte) minutos para cada um, prorrogável por
10 (dez) minutos, a critério do juiz.
Havendo litisconsorte ou terceiro interveniente, o prazo, que formará com o
da prorrogação um só todo, dividir-se-á entre os do mesmo grupo, se não
convencionarem de modo diverso.
Quando a causa apresentar questões complexas de fato ou de direito, o
debate oral poderá ser substituído por razões finais escritas, que serão
apresentadas pelo autor e pelo réu, bem como pelo Ministério Público, se for o
caso de sua intervenção, em prazos sucessivos de 15 (quinze) dias, assegurada
vista dos autos.
A audiência é una e contínua, podendo ser excepcional e justificadamente
cindida na ausência de perito ou de testemunha, desde que haja concordância
das partes.
Diante da impossibilidade de realização da instrução, do debate e do
julgamento no mesmo dia, o juiz marcará seu prosseguimento para a data mais
próxima possível, em pauta preferencial.
Encerrado o debate ou oferecidas as razões finais, o juiz proferirá sentença
em audiência ou no prazo de 30 (trinta) dias.
O servidor lavrará, sob ditado do juiz, termo que conterá, em resumo, o
ocorrido na audiência, bem como, por extenso, os despachos, as decisões e a
sentença, se proferida no ato.
Quando o termo não for registrado em meio eletrônico, o juiz rubricar-lhe-á
as folhas, que serão encadernadas em volume próprio.
Subscreverão o termo o juiz, os advogados, o membro do Ministério Público
e o escrivão ou chefe de secretaria, dispensadas as partes, exceto quando
houver ato de disposição para cuja prática os advogados não tenham poderes.
O escrivão ou chefe de secretaria trasladará para os autos cópia autêntica
do termo de audiência.

INFORMATIZAÇÃO DESCOMPLICADA!
Tratando-se de autos eletrônicos, observar-se-á o disposto no CPC, em
legislação específica e nas normas internas dos tribunais.
A audiência poderá ser integralmente gravada em imagem e em áudio, em
meio digital ou analógico, desde que assegure o rápido acesso das partes e dos
órgãos julgadores, observada a legislação específica.
A gravação também pode ser realizada diretamente por qualquer das partes,
independentemente de autorização judicial.
A audiência será pública, ressalvadas as exceções legais, as quais
estudamos. Elas estão dispostas no art. 189 do CPC.
ESTRATÉGIAS DESCOMPLICADAS

_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

Você também pode gostar