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Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
A LINGUAGEM JURÍDICA........................................................................................................................ 9
CAPÍTULO 1
A IMPORTÂNCIA DO TEXTO NA ATIVIDADE JURÍDICA................................................................... 9
UNIDADE II
TIPOS DE TEXTOS.................................................................................................................................. 57
CAPÍTULO 1
A NARRAÇÃO E A ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA........................................................................ 57
CAPÍTULO 2
A PEÇA JURÍDICA.................................................................................................................... 71
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 84
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a
como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e
pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos
e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Praticando
Atenção
5
Saiba mais
Sintetizando
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).
Avaliação Final
6
Introdução
Este talvez seja um dos Cadernos de Estudos e Pesquisa mais importantes para o nosso curso de pós-
graduação. Percebo que há uma dificuldade imensa em escrever textos jurídicos com a linguagem
que lhe é peculiar. Observo que muitas vezes a incapacidade linguística de expressar o entendimento
compromete o próprio pensamento do autor do texto. É muito comum o documento ficar aquém da
profundidade que o redator desejou expressar.
A linguagem jurídica é técnica. Ela se orienta pelas regras ortográficas, sintáticas e semânticas
de nosso idioma. No entanto, possui características únicas. Se no dia a dia usamos vocábulos
inadequados, que são compreendidos por nosso ouvinte ou leitor, isso não pode ocorrer no universo
jurídico. Os termos possuem sentido exato. As frases devem seguir uma construção objetiva e clara.
As normalizações devem ser extremamente respeitadas.
Marcelo Paiva
Objetivos
»» Desenvolver a capacidade de escrever textos com clareza, objetividade e correção
no universo jurídico.
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A LINGUAGEM UNIDADE I
JURÍDICA
CAPÍTULO 1
A Importância do Texto na Atividade
Jurídica
O desenvolvimento da técnica jurídica fez com que surgissem termos não usuais para
os leigos. A linguagem jurídica, no entanto, não é mais hermética para o leigo que
qualquer outra linguagem científica ou técnica. Aí estão, apenas para exemplificar,
a Medicina, a Matemática e a Informática com seus termos tão peculiares e tão
esotéricos quanto os do Direito. Ocorre que o desenvolvimento da ciência jurídica
se cristalizou em instrumentos e instituições cujo uso reiterado e cuja precisão
exigiam termos próprios. Servidão, novação, sub-rogação, enfiteuse, fideicomisso,
retrovenda, evicção, distrato, curatela, concussão, litispendência, aquestros (esta a
forma oficial) etc. são termos sintéticos que traduzem um amplo conteúdo jurídico,
de emprego forçado para um entendimento rápido e uniforme. O que se critica, e com
razão, é o rebuscamento gratuito, oco, balofo, expediente muitas vezes providencial
para disfarçar a pobreza das ideias e a inconsistência dos argumentos. O Direito deve
sempre ser expresso num idioma bem-feito, conceitualmente preciso, formalmente
elegante, discreto e funcional. A arte do jurista é declarar cristalinamente o Direito.
Adalberto Kaspary
O profissional ou quem atua na área jurídica deve ter conhecimento do Direito. Assim, deve estudar,
entre outras coisas, o funcionamento do ordenamento jurídico: leis, jurisprudência, doutrina etc.
Esse conhecimento é parte mais que relevante do instrumental intelectual a que o profissional é
obrigado a recorrer em suas atividades. A teoria jurídica, da mais simples à mais complexa, tem
valor prático inequívoco, porquanto virá a contribuir, direta ou indiretamente, no seu trabalho.
No entanto, não deve se limitar a tais aprendizados. O ato de escrever e de organizar ideias é técnica
essencial para o profissional demonstrar o domínio de sua capacidade. Não se trata de arte ou
9
UNIDADE I │ A LINGUAGEM JURÍDICA
dom. É estudo, prática, técnica. Sem dúvida alguma, a inadequação na linguagem compromete o
pensamento jurídico.
Inúmeras são as vezes em que a má redação compromete o entendimento. O texto seguinte foi
escrito por um magistrado. Tratava-se de um pedido de habeas corpus. O delegado, ao receber,
entendeu exatamente o contrário do que desejava o magistrado.
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A LINGUAGEM JURÍDICA │ UNIDADE I
Vocabulário jurídico
O servidor de órgãos ou departamentos de atividade jurídica tem linguagem própria, peculiar à
atividade. Algumas palavras de nosso idioma, apesar de serem, em princípio, acessíveis a qualquer
leitor, são utilizadas no universo jurídico com sentido próprio.
A linguagem forense é, por excelência, uma linguagem técnica. Isso significa que muitos termos
utilizados em textos jurídicos, apesar de parecerem complexos e mesmo estranhos, têm função de
definir conceitos do Direito de que aquele que redige não se pode afastar. Observe o exemplo.
É possível, sem conhecimento jurídico, entender o texto acima, mas, provavelmente, grande parte
do conteúdo da mensagem será perdida. Quando o advogado cita o termo hediondo, refere-se
à enumeração taxativa de lei específica e remete a todos os efeitos que ela determina. Um leitor
comum, mesmo com muita cultura geral, certamente não compreenderia o termo em sua amplitude
jurídica. A essas expressões de sentido técnico, crítica alguma merece ser feita. Esse vocabulário
busca expor com precisão os conceitos do Direito, cuja complexidade é inevitável.
Essa linguagem não pode, entretanto, ficar prisioneira de expressões arcaicas e rebuscadas,
que apenas prejudicam a boa comunicação. Respeita-se o aspecto técnico, mas condena-se
veementemente a prolixidade e o rebuscamento de muitos profissionais da área. Linguagem confusa
e arcaica contribui para a morosidade da justiça.
Lembre-se de que existe um leitor interessado em entender o que está escrito o mais rápido possível
e de forma precisa para dar sequência ao trabalho. Dessa forma, evite textos com vocabulário
inadequado como os enumerados a seguir.
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UNIDADE I │ A LINGUAGEM JURÍDICA
Níveis de linguagem
A língua apresenta uma diversidade de expressão imensa. A maneira de expressar-se está relacionada
a inúmeras variáveis. Assim, usamos um tipo de linguagem em família, outra com amigos, outra,
ainda, no trabalho. Ao conversarmos com uma criança, falaremos de uma forma. Já ao proferirmos
uma palestra, falaremos de outra. Essa capacidade de expressão possui diversos níveis.
A linguagem empregada no ambiente jurídico e no serviço público deve ser formal e culta. No
entanto, isso não significa linguagem rebuscada, incompreensível. É comum encontrar textos
jurídicos com verdadeiras acrobacias linguísticas com desprezível conteúdo, em que se veem
verdadeiras acrobacias linguísticas.
E aí, doutor, vou ou não vou ganhar minha indenização?” – perguntou por e-mail
o cliente. O advogado prontamente respondeu: “O egrégio tribunal acolheu o
supedâneo de nosso arrazoado e reformou a sentença prolatada dando a lide
como transitada em julgado em prol do deprecante”. O cliente, perplexo, ficou
na mesma. Só entendeu o que o advogado quisera dizer quando, no final da
mensagem, viu um “parabéns”. Ou seja: vai ganhar, sim, a indenização (...).
(Fragmento do artigo “Falar difícil”, de Joaquim Falcão,
diretor da Escola de Direito da FGV. Disponível em: <www.amb.com.br>).
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A LINGUAGEM JURÍDICA │ UNIDADE I
Elementos normativos
Artigo
O artigo é a unidade básica para apresentação, divisão ou agrupamento de assuntos num texto legal.
Pode desdobrar-se “em parágrafos ou em incisos; os parágrafos em incisos; os incisos em alíneas e
as alíneas em itens”. (Lei Complementar no 95, de 26 de fevereiro de 1998, art. 10, II.).
»» Na forma abreviada (art.), seguida do ordinal até o art. 9o, dispensando-se o ponto
entre o numeral e o texto. A partir do art. 10, emprega-se o cardinal, seguido de
ponto:
O texto de um artigo inicia-se por maiúscula e encerra-se por ponto-final. Quando se subdivide em
incisos, a disposição principal, chamada caput (do latim, cabeça), encerra-se por dois-pontos e as
subdivisões encerram-se por ponto e vírgula, exceto a última, que termina por ponto-final.
Parágrafos
Os parágrafos são divisões imediatas do artigo e podem conter explicações ou modificações da
proposição anterior. São representados pelo sinal gráfico §, forma entrelaçada dos esses iniciais da
expressão latina signum sectionis (sinal de seção, corte).
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UNIDADE I │ A LINGUAGEM JURÍDICA
Emprega-se o sinal gráfico duplo §§, quando seguido de número, indicando mais de um
parágrafo:
O texto de um parágrafo inicia-se por maiúscula e encerra-se por ponto-final. Quando se subdivide
em incisos, empregam-se dois-pontos antes das subdivisões, que se separam por ponto e vírgula,
exceto a última, terminada por ponto-final.
Incisos
Os incisos são usados como elementos discriminativos do caput de um artigo ou de um parágrafo.
Eles vêm após dois-pontos, são indicados por algarismos romanos, seguidos de travessão e separados
por ponto e vírgula, exceto o último, que se encerra por ponto-final. As iniciais dos textos dos incisos
são minúsculas.
Alíneas
As alíneas são desdobramentos dos incisos e vêm indicadas por letras minúsculas seguidas de
parênteses. Quanto às iniciais e à pontuação dos textos das alíneas, empregam-se as mesmas regras
dos incisos.
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A LINGUAGEM JURÍDICA │ UNIDADE I
II facultativos para:
a) os analfabetos;
Itens
Os itens são desdobramentos das alíneas e vêm indicados por algarismos arábicos. As letras iniciais
e a pontuação dos textos dos itens seguem o padrão dos incisos.
(...)
1– os ministros de Estado;
»» Sequência em ordem direta crescente, ligada pela preposição “de”, não recebe
vírgula.
O advogado recorreu com base na alínea “d” do inciso III do art. 593 do Código de
Processo Penal.
A autorização está fundamentada corretamente com base na al. “b” do inc. II do art. 10
da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993.
Observe que, no último exemplo, a vírgula aparece somente por causa da data.
»» Sequência em ordem indireta, mesmo com a preposição “de”, é separada por vírgula
Tal situação é regulada no art. 302, inc. III, do Código de Processo Penal.
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UNIDADE I │ A LINGUAGEM JURÍDICA
O art. 5o, inc. XXXVI, da Constituição de 1988 repete a regra do art. 153, § 3o, da
Constituição de 1967.
Erros comuns:
O art. 14, “b” do Código de Processo Penal (faltou a vírgula após a alínea).
O art. 14, do Código de Processo Penal (não existe a vírgula após o número do artigo, pois
está na ordem crescente).
No primeiro caso, o pronome relativo “que” se refere ao “STF”, pois só existe um STF e é ele quem
julga no exemplo. A vírgula é obrigatória.
No segundo caso, o “que” se refere à “jurisprudência” e promove uma restrição. A vírgula não pode
ocorrer.
Outros exemplos.
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A LINGUAGEM JURÍDICA │ UNIDADE I
»» Geralmente ele sai para almoçar somente quando termina seu trabalho. (Há
semanas em que ele simplesmente não almoça).
»» As pessoas obsessivas fazem qualquer coisa para obter o que desejam. (Elas não
sabem perder).
Fica fora quando a expressão encerrada entre parênteses for apenas uma parte da proposição:
»» Três países estão com dificuldades nas exportações (Brasil, Argentina e Chile).
Expressões Inadequadas
As expressões vez que, de vez que, eis que, posto que, haja visto quase sempre são empregadas
de forma inadequada na linguagem jurídica.
»» Vez que, de vez que e haja visto não devem ser empregadas nunca. Estão inadequadas.
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UNIDADE I │ A LINGUAGEM JURÍDICA
Eis que indica surpresa ou tempo. Raramente, será empregada nesse sentido. Posto que não possui
valor de causa. O sentido correto da expressão é de concessão:
Data
As datas dos documentos oficiais devem ser grafadas com as seguintes normas.
»» No interior do texto, as datas e os anos devem ser escritos de forma plena. O primeiro
dia do mês é designado com ordinal também:
O Brasil foi campeão mundial de futebol em 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002.
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A LINGUAGEM JURÍDICA │ UNIDADE I
Observações:
São admitidas certas grafias sintéticas consagradas, como: Opala 84/85, Safra 97, Lei 10.675/03,
Portaria 102/98. Também nos textos correntes em que for cabível o uso abreviado da data, não se
deve pôr zero à esquerda do número salvo quando referente ao ano. Assim, o correto é 5/6/08,
8-10-2007 e não: 05/06/08, 08-10-2007.
As décadas devem ser mencionadas sem a referência ao século, salvo quando houver possibilidade
de confusão.
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UNIDADE I │ A LINGUAGEM JURÍDICA
Ibidem: no mesmo lugar, na mesma obra. Emprega-se para citar a mesma obra referenciada
imediatamente antes.
Idem: o mesmo, a mesma coisa, o mesmo autor, igual à anterior. Emprega-se quando o autor é o
mesmo da citação anterior.
Idem ibidem: o mesmo, no mesmo lugar. Emprega-se para citar o mesmo autor e sua obra imediata
e anteriormente referida.
In: em, na obra de. Usa-se em citações extraídas de obras coletivas, seguida por dois-pontos e com
inicial maiúscula.
Loco citato ou loc. cit.: no lugar citado. Emprega-se para mencionar a mesma página de uma obra já
citada, havendo intercalação de outras referências bibliográficas.
Nota bene: note bem, observe bem. Serve para chamar a atenção para o que se segue.
Opus citatum ou op. cit.: obra citada. Emprega-se para mencionar uma obra já citada, quando há
intercalação de diferentes referências bibliográficas ou quando o autor é mencionado no texto.
Passim: aqui e ali. Emprega-se quando é impossível mencionar todas as páginas de onde foram
retiradas as ideias do autor. Neste caso, são indicadas as páginas inicial e final que contêm as
opiniões e os conceitos utilizados.
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A LINGUAGEM JURÍDICA │ UNIDADE I
Sequentia: seguinte ou que se segue. Emprega-se quando não se deseja mencionar todas as páginas
da obra referenciada. Neste caso, indica-se a primeira página, seguida da expressão et seq.
Sic: assim, como impresso. Usa-se entre parênteses ou colchetes, ao final de uma citação ou inserida
nela, e significa dizer que o original é assim mesmo, por mais errado que esteja.
Mesmo
Erro generalizado é o uso de mesmo como pronome pessoal. Observe os exemplos abaixo.
»» Receba de volta seu título e verifique se o mesmo está rubricado pelo diretor.
(inadequado).
»» (...) poderá fazer por escrito o seu protesto, em petição dirigida ao juiz, e requerer
que do mesmo se intime a quem de direito. (inadequado).
(...) poderá fazer por escrito o seu protesto, em petição dirigida ao juiz, e requerer que
dele se intime a quem de direito. (adequado).
»» Como advérbio
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UNIDADE I │ A LINGUAGEM JURÍDICA
»» Para analisar com calma o parecer, solicitou que o mesmo lhe fosse entregue
(inadequado).
»» Para analisar com calma o texto, solicitou que o relatório lhe fosse entregue
(adequado).
A princípio – Em princípio
A princípio tem o sentido de “inicialmente”, “no começo”.
»» A princípio não gostei da cidade, porém, com o tempo, passei a me adaptar muito
bem.
»» A princípio, ele agiu sem maldade. = No início, ele agiu sem maldade.
»» Em princípio, ele agiu sem maldade. = Teoricamente, ele agiu sem maldade.
»» Em que pese aos argumentos apresentados contra o acusado, ele será absolvido.
Em que pese(m), com o som aberto = pése, tem o sentido de “ainda que se leve em consideração”,
“embora”. O verbo concordará com o termo seguinte, que será sujeito da construção:
Enquanto
O vocábulo enquanto não apresenta sentido de condição profissional ou social. Seu uso deve se
limitar a tempo:
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A LINGUAGEM JURÍDICA │ UNIDADE I
Trata-se de
»» Não é possível, lógica e gramaticalmente, construção com o verbo tratar-se
para coisas. Trata-se somente pode ter por sujeito um ente humano, em acepções
específicas:
Em face de
Não existe a expressão face a. O correto é em face de.
O verbo dar funcionando como auxiliar manterá os sentidos acima com outros verbos também.
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UNIDADE I │ A LINGUAGEM JURÍDICA
O assunto pede atenção. Desde o tempo do vestibular, muitos tropeçam no uso do se. Ora ele
funciona como partícula apassivadora, ora como índice de indeterminação do sujeito. Para não
cometer erros, vale a pena se lembrar das vozes verbais.
O último caso é o que nos interessa agora. Observe que a voz passiva pode ser escrita como analítica
(foi comprado) ou sintética (com o uso do se). Sempre que se conseguir fazer a substituição de uma
pela outra sem alterar o sentido, não existirá objeto direto na construção e a concordância será feita
entre os dois termos:
Não confundir a regra com o se como índice de indeterminação do sujeito. No caso, a concordância
é outra:
»» Gosta-se de livro.
»» Gosta-se de livros.
Como se percebeu, o verbo ficou no singular, pois não se consegue realizar a voz passiva analítica.
Não é possível escrever com correção “De livros são gostados”.
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A LINGUAGEM JURÍDICA │ UNIDADE I
A posteriori – A priori
A posteriori não tem o sentido de “posteriormente” como muitos gostariam. A expressão latina deve
ser usada quando o raciocínio empregado está baseado em fatos, na experiência comprovada, em
dados concretos para alcançar uma conclusão indutiva. Mesmo não empregando a expressão, a ideia
a posteriori é muito empregada quando a argumentação não encontra fundamentos plenamente
claros na legislação.
A priori não tem o sentido de “principalmente”, “primeiramente” ou “antes de mais nada”. A expressão
latina deve ser empregada para demonstrar um pensamento que parte do geral para o particular.
Mesmo não empregando a expressão, a ideia a priori é empregada quando a argumentação encontra
fundamentos plenamente claros na legislação.
Inobstante
O vocabulário ortográfico não registra a palavra inobstante, embora empregada com certa
frequência no meio jurídico. Melhor usar “não obstante” ou “nada obstante”.
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UNIDADE I │ A LINGUAGEM JURÍDICA
De cujus – Decujo
De cujus é redução de Is de cujus successione agitur, que tem o sentido de “cuja sucessão se trata”.
No Brasil, criou-se o neologismo “decujo” com o mesmo sentido.
Aresto – Arresto
Aresto é substantivo e significa “acórdão”, “decisão de tribunal”:
Como sendo
Esta expressão é desnecessária e deve ser evitada:
Ante
A forma correta é ante, porque não se trata de uma locução; consequentemente, não cabe a
preposição ‘a’ depois da também preposição ‘ante’, que se comporta como ‘perante’, com o mesmo
significado de “diante de, em presença de alguém ou algo”:
Junto a
A locução junto a deve ser empregada no sentido de “ao lado de”, “perto de”, “adido a”:
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A LINGUAGEM JURÍDICA │ UNIDADE I
Perante o juiz
Não se trata de uma expressão com preposição. Dessa maneira, o “a” está inadequado no caso. O
correto é “perante o juiz”:
»» Perante o juiz; perante o tribunal; perante a justiça; ante o juiz; ante o tribunal; ante
a justiça.
Que nem
Que nem é expressão popular, não encontrando espaço na linguagem formal:
A expensas de tem o mesmo sentido de “à custa de”. Não aceita o s ao lado do a inicial:
Em via de tem o sentido de “a caminho de” ou “prestes a”. Não aceita a palavra “vias” na expressão:
Protocolar – Protocolizar
Ambas as formas encontram-se registradas no Volp e em outros dicionários, portanto, são corretas,
embora se diga que protocolizar seja variante dispensável, pois são consagradas as formas protocolar,
protocolado(s), protocolada(s), protocolando etc.
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UNIDADE I │ A LINGUAGEM JURÍDICA
Quando do (da)
A expressão é galicismo, por isso deve ser substituída por “no momento de”, “no tempo de”, “por
ocasião de”:
Seja da competência
O verbo competir “é pouco usado nas formas em que ao p se segue o i”, conforme o Moderno
Dicionário da Língua Portuguesa, de Michaelis. É recomendável empregar uma expressão
equivalente:
»» Ainda que seja de sua competência julgar o recurso, submeta o caso ao colegiado (e
não “Ainda que compita julgar”).
Apenar – Penalizar
Apenar significa “condenar à pena”, “castigar”, “punir”:
Penalizar quer dizer “causar pena ou desgosto a”, “sentir grande pena ou desgosto”:
»» Remeteu o processo ao Ministério Público com vista à (ou: com vistas à) elaboração
de parecer.
Custas – Custa
Para se referir a despesas em processo judicial, usa-se “custas”:
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A LINGUAGEM JURÍDICA │ UNIDADE I
Os particípios dado e visto usados como adjetivo concordam em gênero e número com o substantivo
a que se referem:
»» Dadas as circunstâncias...
Já a expressão haja vista, significa “uma vez que”, “seja considerado” ou “veja-se”:
Observação:
“Haja visto” com o sentido de “haja vista” é inovação oral brasileira, evidentemente descabida em
redação oficial.
Observação:
As locuções “de forma que”, “de maneira que”, “de modo que”, “de sorte que”, “de molde que”, “de
jeito que” não possuem plural.
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UNIDADE I │ A LINGUAGEM JURÍDICA
Em via de – Em vias de
A expressão correta é em via de, que significa “no caminho de”, “prestes a”. Usa-se somente no
singular:
Erário
Algumas pessoas falam em erário público. Isso constitui redundância, assim como: habitat natural,
manter o mesmo, continuar ainda, conviver junto, encarar de frente, goteira no teto. Não existe
erário privado; erário é sempre público. Alguns o chamam de Tesouro; outros de Fazenda (daí
Ministério da Fazenda). Engloba os recursos econômicos e financeiros do Estado.
No sentido de
A expressão não demonstra finalidade:
O significado correto está relacionado a “apresentar o sentido adequado”. Deve ser usado na
linguagem jurídica ao indicar uma interpretação de uma norma, por exemplo.
Opor veto
O correto é opor veto e não “apor veto”. Vetar é “opor veto”; apor é “acrescentar”; daí aposto (o)
que vem junto. O veto, a contrariedade são opostos, nunca apostos.
Pedir vista
O correto é pedir vista, no singular. Significa solicitar exame do processo:
Há que + infinitivo
Expressão típica de textos jurídicos, a expressão “há que + verbo no infinitivo” tem o sentido de “é
necessário”, “deve-se fazer”:
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A LINGUAGEM JURÍDICA │ UNIDADE I
Observação:
Barroso, Tocantins, Avenida São João, Senado Federal, Júpiter, Centro Educacional
Tiradentes...
Escrevem-se esses nomes com inicial minúscula quando designam direção ou limite
geográfico:
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UNIDADE I │ A LINGUAGEM JURÍDICA
Os títulos de obras artísticas, literárias e científicas, bem como os de artigos de jornais e revistas,
escrevem-se com letra minúscula, exceto a inicial da primeira palavra e os substantivos próprios:
Congresso por Congresso Nacional, Senado por Senado Federal, Câmara por Câmara dos
Deputados, Constituinte por Assembleia Nacional Constituinte, Supremo por Supremo
Tribunal Federal, Legislativo por Poder Legislativo, Executivo por Poder Executivo,
Judiciário por Poder Judiciário, Tribunal Superior por Tribunal Superior Eleitoral,
Tribunal Regional por Tribunal Regional Eleitoral, Tribunal de Contas por Tribunal de
Contas da União (de estado ou de município).
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A LINGUAGEM JURÍDICA │ UNIDADE I
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UNIDADE I │ A LINGUAGEM JURÍDICA
»» Nomes de meses:
janeiro, fevereiro...
carnaval, entrudo...
Porém, se vierem integrados aos nomes oficiais dos topônimos, devem ser grafados com
a inicial maiúscula:
Rio de Janeiro, Costa Rica, Cabo Verde, Monte Alegre, Cabo Frio...
»» Nomes gentílicos:
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A LINGUAGEM JURÍDICA │ UNIDADE I
Observação:
Não há consenso entre os gramáticos quanto ao uso de inicial maiúscula quando determinado ato,
após sua primeira citação no texto — no caso, acompanhado do respectivo número — é referenciado
em outras partes do texto, sem estar acompanhado do número. Neste curso, adotou-se o uso de
inicial maiúscula em tais casos, desde que fique subentendido que os referidos atos estejam
individualizados:
Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Lei Áurea, Lei Afonso Arinos, Lei Antitruste, Código Civil,
Lei de Responsabilidade Fiscal.
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UNIDADE I │ A LINGUAGEM JURÍDICA
Observação:
»» Após o parêntese, inicia-se com maiúscula somente quando o texto constitui oração
à parte, completa, caso em que vem precedido de ponto. A oração que está entre
parênteses tem o ponto dentro, antes de fechar o parêntese, e não fora:
Na portaria da fábrica o ambiente era de absoluta calma. (A indústria não trabalha aos
sábados.).
Substantivo Adjetivo
Acórdão Venerado Acórdão
Câmara Colenda Câmara
Defenso Nobre Defensor
Juiz Meritíssimo Juiz
Juízo Digníssimo Juízo
Julgado Ínclito Julgador
Patrono Culto Patrono
Promotor Nobre Promotor
Relator Culto Relator
Sentença Respeitável sentença
Grafia de horas
»» O símbolo de horas é “h”, o de minutos é “min” e o de segundos é “s”, sem ponto
nem “s” indicativo de plural, sem espaço entre o número e o símbolo.
»» Na menção de horas apenas, não se usa o símbolo, mas a palavra hora(s), por
extenso:
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A LINGUAGEM JURÍDICA │ UNIDADE I
Observações:
Quando a referência for a período de tempo e não a hora, não se usa o símbolo, mas as palavras
hora(s), minuto(s), segundo(s), por extenso:
A sessão terminou às 12h30 (na leitura: às doze horas e trinta minutos; às doze e trinta;
ao meio dia e meia).
As regras não se aplicam quando, em linguagem estritamente técnica, não corresponderem à praxe
ou às instruções específicas.
Gerúndio
O gerúndio é empregado com exagero nos textos jurídicos. Quase sempre de forma inadequada.
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UNIDADE I │ A LINGUAGEM JURÍDICA
Inadequado Adequado
Vou estar fazendo. Farei.
Texto contendo erros. Texto que contém erros.
O órgão analisou o caso, decidindo (...). O órgão analisou o caso e decidiu (...).
Linha pontilhada
Em textos legais que modificam outros textos legais, usam-se linhas pontilhadas para indicar a
omissão de texto do caput, de parágrafo, de inciso, de alínea ou de item de determinado artigo. Deve-
se usar uma linha pontilhada para indicar todo o texto suprimido, além da linha pontilhada que se
segue ao número do artigo modificado. Usa-se, ainda, uma linha pontilhada no final da emenda, se
o artigo modificado não encerrar no texto emendado.
Exemplos:
Emenda no caput:
“Art. 42. Durante 25 (vinte e cinco) anos, a União aplicará, dos recursos
destinados à irrigação: ...................................................................................”
(EC 43/04).
Art. 1o Os arts. 48, 57, 61, 62, 64, 66, 84, 88 e 246 da Constituição Federal
passam a vigorar com as seguintes alterações:
...................................................................................”
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A LINGUAGEM JURÍDICA │ UNIDADE I
Abreviaturas
A abreviatura é a escrita reduzida de uma palavra ou locução. É expressamente proibido, na prática
forense, o uso de abreviatura nos autos e nos termos do processo (Código de Processo Civil, art. 169,
parágrafo único). No entanto, difícil encontrar um texto sem o uso delas.
»» Se, na parte constante da abreviatura, aparece o acento gráfico da palavra, deve ele
permanecer:
»» Em palavras compostas ligadas por hífen, deve ele ser mantido na abreviatura.
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UNIDADE I │ A LINGUAGEM JURÍDICA
R. (Rua) das Laranjeiras; Dr. (Doutor) Albert Einstein; tel. (telefone); fl. (folha) ...
»» Os meses são abreviados com as três letras iniciais. Se forem escritos em letras
maiúsculas, dispensa-se o ponto. Se forem escritos apenas com a inicial maiúscula
ou todo em letras minúsculas, deverá aparecer o ponto abreviativo. Não se abrevia
o mês de maio.
»» Também não se abreviam palavras com menos de cinco letras. Exceções: h (hora),
id. (idem), S. (São), t. (tomo), v. (ver, veja, vide), S (Sul), conforme normas da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
Siglas
Salvo nos casos em que a sigla é bastante vulgarizada, ou seja, quando a instituição a que ela se
refere é mais conhecida pela própria sigla do que pelo nome completo (Petrobras, SBT etc.), o nome
da instituição deve ser escrito por extenso, antes da sigla, que deve vir a seguir, entre parênteses, na
primeira menção, usando-se apenas a sigla nas menções seguintes.
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A LINGUAGEM JURÍDICA │ UNIDADE I
Observações:
No caso de a sigla não se referir a uma instituição, só se escreverá o seu significado por extenso se o
contexto o exigir:
Não se usam aspas nem pontos de separação entre as letras que formam a sigla.
Com sigla empregada no plural, admite-se o uso de s (minúsculo) de plural, sem apóstrofo:
»» os TREs (Tribunais Regionais Eleitorais), 300 UPCs, 850 Ufirs (não: TRE’s, Ufir’s)
...
Essa regra não se aplica à sigla terminada com a letra s, caso em que o plural é definido pelo artigo:
os DVS (Destaques para Votação em Separado).
»» Siglas formadas por quatro ou mais letras cuja leitura seja feita letra por letra são
grafadas com maiúsculas:
»» Siglas formadas por quatro ou mais letras que formem palavra pronunciável são
grafadas preferencialmente como nomes próprios, ficando apenas a primeira letra
maiúscula:
»» Siglas em que haja leitura mista (parte é pronunciada pela letra e parte como
palavra) são grafadas com todas as letras em maiúsculas:
»» No caso de siglas consagradas que fogem às regras acima, deve-se obedecer à sua
grafia própria:
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UNIDADE I │ A LINGUAGEM JURÍDICA
»» Siglas que não mais correspondam com exatidão ao nome por extenso também
devem ser acatadas, se forem as siglas usadas oficialmente:
Símbolos
Constituem símbolos as abreviaturas fixadas por convenções, quase sempre internacionais, por
isso, não se subordinam às regras de abreviatura nem de ortografia.
»» os prefixos gregos:
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A LINGUAGEM JURÍDICA │ UNIDADE I
Numerais
Cardinais em algarismos
»» Quantias, grandezas e medidas:
»» Horários:
8h35min20s...
»» Endereços:
»» Porcentuais:
»» Idade:
»» Artigos e parágrafos de lei a partir do número 10: art. 10, art. 25.
Ordinais em algarismos
»» Zonas, sessões, distritos e regiões:
Hoje é 10-4-98
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UNIDADE I │ A LINGUAGEM JURÍDICA
3 capítulo, 50 andar
Observação:
»» Trigésima primeira folha por folha trinta e um, primeira casa por casa um.
Nesse caso, usam-se os cardinais sem flexão de gênero e de número por ficar subentendida a palavra
número:
Algarismos romanos
»» Nomes de papas, soberanos:
»» Dinastias reais:
II Dinastia...
»» Séculos:
Século XX...
V Bienal do Livro...
»» Incisos de leis:
inciso V...
Observação:
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A LINGUAGEM JURÍDICA │ UNIDADE I
Quando o algarismo romano vier após o nome, até o X, lê-se como ordinal e, a partir daí, como
cardinal: Século III (lê-se século terceiro); século XII (lê-se século doze). Vindo antes do nome, lê-se
como ordinal: XII Bienal (lê-se décima segunda bienal).
Observação:
A Lei Complementar no 95, de 26 de fevereiro de 1998, em seu art. 11, II, f, determina que se deve
grafar por extenso quaisquer referências feitas, no texto [legal], a números e porcentuais.
Grafia mista
»» Usa-se grafia mista (algarismos e por extenso) na classe dos milhares, se não
houver número na classe inferior: 32 mil votos. Caso contrário, empregue apenas
algarismos: 32.420 votos. A partir da classe dos milhões, há dois procedimentos, se
não houver número na classe inferior:
Observações:
15.438.302 eleitores...
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UNIDADE I │ A LINGUAGEM JURÍDICA
3.004.987...
»» Nas datas, separam-se o dia, o mês e o ano por ponto separativo, dispensando-se o
zero à esquerda:
3.5.98...
2h35min15s; 80km...
86 =oitenta e seis...
1.001 = mil e um; R$ 4.005,28 = quatro mil e cinco reais e vinte e oito centavos...
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A LINGUAGEM JURÍDICA │ UNIDADE I
Assinatura
O traço que serve de suporte para a assinatura em documentos não é obrigatório e não deve ser
empregado em órgãos públicos. Não há necessidade de destacar o nome e a função com negrito ou
todas as letras maiúsculas.
A linguagem técnica, por sua vez, é aquela empregada pelo cientista para a
construção de uma linguagem especializada, que rompe com o senso comum
e requer precisão e rigor técnico-lógico, com o escopo de escapar dos vícios da
linguagem natural: vagueza, ambiguidade e incerteza.
Nem por isso, contudo, está isenta a linguagem jurídica da possibilidade da incidência
dos vícios da linguagem, próprios da linguagem natural. E para escaparmos dessa
armadilha, não basta que os textos normativos sejam formulados com a maior
clareza e precisão, sendo necessária, fundamentalmente, a interpretação jurídica
elaborada pelo operador do Direito. E assim é que os vícios da linguagem jurídica
somente serão sanados a partir da interpretação realizada pelo operador do Direito,
tratando-se de elementar atividade de reelaboração do Direito e permitindo
diminuir a distância entre o incerto e o certo, o indeterminado e o determinado e,
enfim, entre a injustiça e a justiça.
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UNIDADE I │ A LINGUAGEM JURÍDICA
Diante desse fato, insistem em utilizar termos arcaicos, rebuscados, a meu ver,
desnecessários, quando deveria ser o contrário. O falar difícil é resultado de uma
postura antiga dos advogados, que assim garantiam seu papel de “doutores”
na sociedade. Além disso, o próprio “uniforme” do advogado já lhe garante
um certo status; a formalidade de um terno já impõe um certo respeito e um
distanciamento maior.
É inegável a ideia de que o mundo tem caminhado para uma comunicação rápida e
eficaz. A Internet é prova disso. Então, a linguagem jurídica, para muitos, parou no
tempo, esqueceram-se de que a língua é um código social, em uso, “vivo”, que está o
tempo todo sofrendo alterações.
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A LINGUAGEM JURÍDICA │ UNIDADE I
volume que muitos deles têm. Ora, se podemos expressar uma ideia com duas ou
com cinco palavras, por que não expressamos com duas?
Convém salientar que escrever muito não significa escrever bem. A prolixidade é um
defeito e não uma qualidade. Ser prolixo no mundo atual é estar desatualizado, é
retroceder. Uma das minhas prioridades no Ensino Superior tem sido fazer com que
meus alunos sejam capazes de escrever textos claros e objetivos, pois a objetividade
é uma das principais características da comunicação eficiente, tanto oral quanto
escrita. “Uma grande história não precisa ser uma história grande”.
Além disso, discutia com os alunos em aula. A essência permanecia, mas o conteúdo
era modificado, muitas vezes, pelos alunos, sem a minha interferência. Tenho em
meu “corpus” textos belíssimos que foram construídos em sala de aula. Nesse
ínterim, eu estava cursando o mestrado, numa linha de pesquisa completamente
distante desse tema. Ao concluir o mestrado, desenvolvi um projeto de pesquisa
para o doutorado sobre o rebuscamento da linguagem jurídica, com base nesse
trabalho todo que eu já estava desenvolvendo.
Só não passava pela minha cabeça que, ao divulgar minhas ideias, as pessoas
manifestariam tanto interesse por elas. Tenho sido procurada, em especial, pelos
próprios juristas (promotores, desembargadores, juízes, entre outros). Isso é
estimulante, fundamental para que a minha pesquisa dê frutos. Quero salientar o
papel do ministro Ruy Rosado Aguiar (ministro aposentado do STJ) como meu maior
incentivador, pois, foi a partir de um e-mail que recebi dele, que passei a desenvolver
o meu projeto.
Como professora de Linguagem Jurídica procuro fazer com que meus alunos de
Direito fiquem livres do rebuscamento exagerado, do arcaísmo e da prolixidade,
comuns nos textos jurídicos. Para isso, levo-os a ter consciência de que o ponto mais
importante num processo comunicacional é se fazer entender.
Um dos ruídos existentes nesse processo é não falarmos a mesma língua. Apresento-
lhes uma peça processual recheada de arcaísmos, de termos rebuscados e com
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UNIDADE I │ A LINGUAGEM JURÍDICA
abuso do latinismo e vou reconstruindo esse texto, juntamente com eles, trocando
por sinônimos, por termos mais acessíveis e próximos da nossa época, sem que essas
substituições interfiram no sentido jurídico do texto. Além disso, analiso parágrafo
por parágrafo e tudo o que está a mais, que não acrescenta em nada à tese a ser
defendida, é eliminado. Enfim, um texto prolixo torna-se um texto exato, conciso,
mais enxuto. Essa técnica é simples e pode ser utilizada também pelos juristas,
desde que estejam dispostos a repensar o uso da linguagem.
Publicações:
PAIVA, Marcelo. Português Jurídico – Prática Aplicada. 5. ed. Brasília: Fortium, 2008.
XAVIER, Ronaldo Caldeira. Português no Direito. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1991.
Endereços eletrônicos:
http://www.portuguesjuridico.org
http://www.tj.rs.gov.br/noticias/comsoc/entendendo.pdf
http://www.amb.com.br/?secao=campanha_juridiques
http://mauricionardini.vilabol.uol.com.br/lgjur.htm
http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=dicas_portugues
Praticando 1
Com base em um dos textos prospostos, expresse sua opinião a respeito.
Praticando 2
Procure ampliar os conhecimentos adquiridos nesta unidade, realizando os
exercícios em questão.
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A LINGUAGEM JURÍDICA │ UNIDADE I
1. O processo está baseado nos incisos I e II, do art. 226, do Código Penal.
2. O advogado recorreu com base na alínea “d” do inciso III do art. 593 do
Código de Processo Penal.
4. Tal situação é regulada no art. 302, inc. III, do Código de Processo Penal.
5. O art. 5o, inc. XXXVI da Constituição de 1988 repete a regra do art. 153, §
3o, da Constituição de 1967.
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UNIDADE I │ A LINGUAGEM JURÍDICA
25. Poderá fazer por escrito o seu protesto, em petição dirigida ao juiz, e requerer
que do mesmo se intime a quem de direito.
30. Em que pese aos argumentos apresentados contra o acusado, ele será
absolvido.
32. Em que pese aos argumentos apresentados contra o acusado, ele será
absolvido.
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A LINGUAGEM JURÍDICA │ UNIDADE I
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UNIDADE I │ A LINGUAGEM JURÍDICA
Observam-se muitas vezes sentenças cujo teor não é possível que as partes
conheçam sem a interferência de seu advogado, porque a leitura da peça é de total
incompreensão, haja vista o abuso de termos jurídicos obsoletos, em manifesta
exacerbação estilística. Assim sendo, a liberdade das partes litigarem em sede de
Juizado Especial sem constituir advogado, respeitando o limite legal do valor da
causa, pode restar frustrada no campo da efetividade, diante do alheamento dos
cidadãos em relação às especificidades da linguagem jurídica.
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A LINGUAGEM JURÍDICA │ UNIDADE I
os direitos e informação nos Juizados Especiais, Procons etc., todos quantos atestadores
do primado da ética e da igualdade material nas atribuições do serviço público.
Ante o exposto, sem a pretensão de exaurir o rico tema posto em discussão, forçoso
concluir que o hermetismo da linguagem jurídica se justifica pelo tecnicismo desta,
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UNIDADE I │ A LINGUAGEM JURÍDICA
Publicações:
KASPARY, Adalberto. Linguagem do Direito. In: Vital Artigos. 30 jun. 2003. Disponível
na internet: www.fesmp.org.br. Acesso em: 20/12/05.
Endereços eletrônicos:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/manual.htm.
http://apache.camara.gov.br/portal/arquivos/Camara/internet/publicacoes/
manualredacao/ManualRedacao.pdf.
http://www.ana.gov.br/acoesadministrativas/resolucoes/resolucoes2005/101-
2005-anexoI.pdf.
http://www.saberjuridico.com.br/portugues.php.
http://www.marcelopaiva.com.br.
http://www.portuguesjuridico.org org.
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TIPOS DE TEXTOS UNIDADE II
CAPÍTULO 1
A Narração e a Argumentação Jurídica
A redação de um texto jurídico prioriza clareza, correção, linguagem formal (sem rebuscamentos),
objetividade e cortesia. Além das qualidades já citadas, o autor de um texto forense deve possuir
uma técnica profissional no uso da linguagem aplicada à redação.
Rodrigo Collaço
O operador do direito, ao escrever, expõe sua técnica profissional. Assim, deve dominar diferentes
linhas de raciocínio lógico (dedução, indução etc.) a fim de poder fundamentar com a necessária
consistência o seu pensamento. Ministro cursos a diversos órgãos públicos e encontro inúmeros
participantes que transmitem ideias aquém da sua capacidade real de pensar. Percebo que eles
sabem o assunto, interpretam adequadamente a legislação, mas o texto final apresenta uma distância
entre o pensamento e o sentido expresso literalmente.
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UNIDADE II │ TIPOS DE TEXTOS
Narração jurídica
A Lei Complementar no 95, de 26 de fevereiro de 1998, estabeleceu regras para redação de atos
normativos e serviu de base para os documentos jurídicos como um todo.
(...)
»» Os vocábulos selecionados devem ser, antes de tudo, claros ao leitor. Para determinar
essa clareza, é necessário que se conheça um mínimo de características do leitor
potencial do texto.
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TIPOS DE TEXTOS │ UNIDADE II
Nossa história começa na madrugada do dia 27 de outubro de 2005. Dois colegas de faculdade
estavam em uma confraternização de conhecidos. Estavam lá há pelo menos cinco horas, e a festa já
estava caminhando para o seu final. Fábio sabia que devia estudar no dia seguinte e procurou carona
para voltar. Encontrou Pedro, que morava próximo a sua casa, e lhe perguntou sobre a possível
carona. Pedro concordou e apenas pediu a Fábio que esperasse um pouco. Após quase uma hora de
espera, Pedro, então, chamou Fábio para irem embora. Este agradeceu e entrou no carro. No entanto,
no caminho de volta, Pedro tornou-se uma pessoa irreconhecível: corria desesperadamente, ria sem
parar e dizia que, antes de ir para casa, passaria, ainda, em um barzinho próximo, para beber mais
um pouco. Fábio lhe pediu que o deixasse ali então, pois desejava realmente ir embora. Pedro não
só não parou o carro como acelerou mais ainda o veículo até que este se chocou contra uma árvore,
causando vários danos em Fábio, que se encontra ainda no hospital.
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»» O que aconteceu?
»» Como ocorreu?
»» Quando ocorreu?
»» Onde ocorreu?
»» As consequências do fato.
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UNIDADE II │ TIPOS DE TEXTOS
Poucas horas antes do amanhecer, então, o réu chamou o autor para que ambos fossem embora. O
autor, já cansado, agradeceu a atitude e dirigiu-se ao carro, tomando assento no banco da carona.
Para seu espanto, o réu, ainda muito animado pelo ensejo da festa, saiu em alta velocidade. O vizinho
convidou o autor para que ambos fossem a um bar próximo, mas este se negou a acompanhá-lo,
dizendo estar cansado. O réu continuou, enquanto pilotava, a insistir, afirmando que haveria no
bar mulheres bonitas e que seria proveitoso para ambos. O autor, entretanto, expôs claramente
sua vontade de ir para casa, dizendo que deveriam se lembrar de que teriam prova na faculdade
na semana seguinte e que por isso seria bom descansar para poder estudar. O réu persistia no seu
intento de persuadir o autor a acompanhá-lo e, aparentemente descontrolado, fazia curvas em
alta velocidade, rangendo os pneus, atravessando semáforos fechados. O autor, por várias vezes,
pediu para que a velocidade do veículo fosse abrandada, mas não foi atendido. O acidente parecia
premente: o carro era dirigido no limite do controle humano, com freadas ríspidas e acelerações
repentinas, que faziam o veículo atingir velocidade absolutamente incompatível com as vias por
que passava. O descontrole mental do réu, talvez por causa de algum elemento alterador do humor
consumido na festa, aflorava naquele momento. Ao se aproximarem da curva que finaliza o eixo
monumental, o autor previu o pior. Percebendo que era por conta da sorte que até o momento não
se haviam acidentado, clamou para que a velocidade fosse retomada ao normal. Foi então que o réu
acelerou ainda mais e perdeu o controle do carro, que seguiu seu curso indo de encontro, em alta
velocidade, a uma árvore.
Revoltados porque a Prefeitura resolveu retirá-los das ruas do centro da cidade, camelôs fizeram
ontem manifestação agressiva, destruindo vitrines de lojas, tumultuando o centro da cidade e
ferindo transeuntes. A polícia foi obrigada a agir para evitar tumulto maior.
Camelôs, que foram expulsos de seu local de trabalho nas ruas do centro da cidade, fizeram ontem
manifestação na região central. A tropa de choque foi chamada para reprimir violentamente a
manifestação. Vários camelôs, que queriam apenas continuar trabalhando, saíram feridos.
O réu ameaçava a vítima que, aos gritos, clamava por não ser morta. Ele pediu as joias e, ao ouvir a
negativa da vítima, que dizia não possuir nenhuma, não teve dúvida: com frieza desumana, puxou o
gatilho do revólver encostado à cabeça da vitimada, prostando-a no chão, sem vida, de forma cruel,
por motivo absolutamente fútil.
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TIPOS DE TEXTOS │ UNIDADE II
O réu, no intento de roubar, pediu à vítima joias e dinheiro. Assustado, temeroso e alterado, pois
não era um bandido profissional, e estava incidentalmente cometendo aquele equívoco, ouviu a
ríspida negação da vítima. Supondo que ela tinha chance de reação, o que por certo poria sua vida
em risco, em um ímpeto de emoção e medo apertou o gatilho, temendo por sua sobrevivência.
Ambos os textos trazem a narração da mesma cena, cada um com um ponto de vista implícito. O
vocabulário e os fatos selecionados por cada um dos narradores mostram o intento acusatório ou
defensivo.
Assim, a seleção dos fatos da narrativa, principalmente aqueles que dizem respeito ao reforço
ou às circunstâncias dos juridicamente relevantes, deve ser feita de acordo com as intenções da
argumentação daquele que a redige.
Argumentação jurídica
Direta ou indiretamente, o texto jurídico tende a ser argumentativo. Uma ideia sempre está presente
ao lado de argumentos (racionais ou emocionais) que procuram comprová-la ou justificá-la. Observe
os textos propostos e responda às questões sobre os argumentos presentes que confirmam a ideia
do autor.
Texto 1
É comum e procedente o comentário de que a justiça e o povo estão separados por um grande
abismo, o que torna praticamente impossível ao cidadão leigo, mesmo aquele com grau de instrução
superior à média do País, compreender os assuntos inerentes ao Judiciário.
Uma das razões que contribuem para esse triste distanciamento – que se confunde com seus
próprios efeitos e, por isso, engendra um círculo vicioso – reside na falta de cultura jurídica do povo
brasileiro. Falta de cultura jurídica não no sentido de que as pessoas leigas não têm o desejável
tirocínio para entender os meandros, o tecnicismo e os termos próprios do Direito, o que realmente
não têm. Refiro-me ao fato de que o brasileiro não tinha o costume de se interessar por assuntos
relativos à função judiciária do Estado.
Rogério Schietti Machado Cruz. Direito e Justiça, in: Correio Braziliense
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UNIDADE II │ TIPOS DE TEXTOS
Texto 2
Chegar ao posto mais alto de uma empresa não é tarefa para acomodados. Exige talento, dedicação,
persistência e principalmente uma boa dose de sacrifício. Segundo consultores de Recursos
Humanos, é justamente esse empenho e espírito de liderança que as empresas valorizam nos
ocupantes de cargos mais altos. “A pessoa deve ter iniciativa, capacidade de tomar decisões, fazer as
coisas acontecerem”, diz o diretor da Top Human Resources, de São Paulo.
A qualificação profissional também é um dos principais aspectos para se alcançar o posto mais alto.
“Qualquer executivo tem de investir sempre em sua educação”, enfatiza outro diretor de Recursos
Humanos. “Senão você será um computador sem software”, completa.
Traçar metas profissionais é outro aspecto fundamental para quem quer chegar ao topo. Nesse caso,
a ambição acaba sendo uma boa aliada.
A intuição também é uma boa arma na hora de dar um palpite em uma reunião. E, quem sabe, pode
valer aquela promoção esperada.
Conhecer passo a passo cada etapa do processo de produção da empresa e do setor é um dos
principais fatores que levaram M.C.P. a uma carreira bem-sucedida.
62
TIPOS DE TEXTOS │ UNIDADE II
Ele aponta ainda a importância de valorizar os colegas. “Ninguém consegue as coisas sozinho. É
fundamental reconhecer a participação do grupo e sempre motivá-lo.”
A primeira regra da cartilha daqueles que anseiam alcançar um alto cargo em uma corporação, de
acordo com esses consultores, é não permanecer estagnado em uma função ou empresa por um
longo período.
No Direito não prevalece a lógica formal, mas a lógica argumentativa, aquela em que não existe
propriamente uma verdade universal, não existe uma tese aceita por todos a todo o momento, como
ocorre em Matemática. Isso é notório para todo profissional que milita no Direito: alguns juízes
aceitam determinadas teses; outros não.
Conta-se que, em um plenário do júri, um promotor exibia aos jurados as provas processuais.
Mostrava a eles, com muita propriedade, que o laudo elaborado pela polícia técnica concluía que
havia 99% de chance de que o projétil encontrado no corpo da vítima fatal houvesse sido disparado
pelo revólver de propriedade do réu. Ser-lhe-ia impossível, então, diante de tal prova concreta,
negar a autoria do crime.
Diante desse fortíssimo argumento, o defensor, em tréplica, formulou aos jurados a seguinte
pergunta retórica: “suponhamos que eu tivesse um pequeno pote com cem balinhas de hortelã e que
eu, então, pegasse uma delas, tirasse do papel celofane que a envolve e, dentro dela, injetasse uma
dose letal de um veneno qualquer. Em seguida, eu a embrulhasse novamente e colocasse dentro
do pote, misturando-as. Teria algum dos jurados coragem de tirar do pote uma bala qualquer e
saboreá-la? Certamente que não. Pois, se ninguém se arrisca à morte, ainda que haja noventa e nove
por cento de chance de apenas se saborear uma bala, ninguém tem o direito de condenar o acusado
por noventa e nove por cento de chance de haver disparado sua arma contra a vítima”.
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UNIDADE II │ TIPOS DE TEXTOS
Quando se faz um texto a respeito de uma tese, deve-se partir da narração dos fatos completos. A
função narrativa é a de fazer o leitor compreender os fatos, ainda que expostos do ponto de vista do
autor. Ao entrar na parte argumentativa propriamente dita, fazem-se duas pretensões: a primeira
é a de que sejam comprovados os fatos narrados; a segunda é a de que, desses fatos, advenham
algumas consequências jurídicas determinadas. A argumentação aparece no Direito com essas duas
pretensões: comprovar os fatos e comprovar as consequências jurídicas que advêm desses mesmos
fatos. Entende-se, assim, que dois são os tipos distintos de argumentação no mundo jurídico.
Ordenando os argumentos
Para montar a argumentação, principalmente as mais complexas, é necessário que o profissional
faça um breve esboço das ideias que vai apresentar em seu texto.
Depois de narrar os fatos, deve-se proceder à elaboração da tese ou das teses. Com a tese elaborada,
procuram-se os argumentos que podem vir a fundamentá-la.
Os argumentos devem ser expostos de maneira ordenada, procurando-se que as ideias venham
encaixadas em um percurso.Por isso, é importante elaborar um esboço.
O texto a seguir é uma narração feita por um cliente, contando um caso que lhe ocorreu e que,
supostamente, teria algumas consequências jurídicas. Algumas vezes os fatos foram narrados
fora da ordem cronológica. Muitos deles são aproveitáveis para uma peça jurídica, mas outros são
absolutamente dispensáveis. Colha os fatos que entender relevantes para propor uma peça jurídica.
Texto 3
Meu avô tinha deixado para minha avó uma casa em Sobradinho. Tinha deixado, porque meu avô
morreu, e isso já faz bem uns quinze anos. Mais um pouco, talvez. Sei que minha avó herdou tudo
do velho, inclusive essa casa de que estou falando. Bem, a velha ficou morando lá depois da morte do
marido e não demorou mais que oito ou dez meses, quem sabe um ano, para que ela fosse encontrar
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TIPOS DE TEXTOS │ UNIDADE II
o vovô, lá no andar de cima. Saudades, você sabe. Foi aí que minha mãe contratou advogado, para
saber dos bens da mãe dela. Eu sei que foi feito tudo nos conformes, e a minha mãe agora é dona
legítima da casa em Sobradinho. A irmã dela, minha tia, aceitou ficar com um apartamento bem
pequeno na Asa Sul, em um prédio velho. É trouxa a titia, a casa em Sobradinho é tão melhor.
Mais longe, tudo bem, mas com três quartos, uma cozinha novinha e um quintal imenso. A casa
tinha uma cozinha novinha, comprada na melhor loja da cidade. Do apartamento no Plano Piloto
ninguém cuidava, também, pudera, já foi comprado caindo aos pedaços. Mas acontece que naquela
casa, como ninguém foi morar lá, mamãe colocou um caseiro. No começo, bom menino, ele, a
esposa e um filhinho. Eu joguei muita bola com o filho, hoje grandão, o desgraçado, foi criado com
leite Ninho à custa do dinheiro que deveria ser meu. Mas o pai dele, seu Assis, diz hoje que não vai
sair de lá não. Diz que está lá há mais de dez anos e ninguém foi ver o imóvel, o que é mentira, eu
bem lhe disse que eu jogava com o filho, faz no máximo sete anos, e era no campo de futebol do
quintal da própria casa. Bom, eles não querem mais sair de lá, alegando que a casa agora é deles.
Meu pai pagava o salário deles todos os meses, depois parou e os deixou morando por lá em troca
de vigiar a casa. Ficamos meio sem dinheiro, mas pagamos os impostos. Acho que o fato de não
termos dinheiro não justifica ele querer ficar com a casa. Na verdade, o vizinho diz que ele usa a casa
para fazer uns cultos estranhos e incorpora uns espíritos do além. Mas isso não importa: eu quero
tirar todos eles da casa porque vou morar lá, eu e a minha futura esposa. Eu me caso mês que vem
e não posso adiar o casamento. O doutor sabe, essas coisas precisam ser rápidas, me precipitei e...
Esquece, tem como me ajudar? Eu já disse que estou meio desprevenido.
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Iniciando a argumentação.
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UNIDADE II │ TIPOS DE TEXTOS
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TIPOS DE TEXTOS │ UNIDADE II
jurídico tradicional. É uma prática herdada de outros tempos, arraigada nos liames
forenses, cujo emprego corrente parece justificar qualquer inadequação gramatical.
Vem esse maneirismo da mesma época em que a autoridade devia ser temida em
vez de respeitada. Ou seja, é algo superado.
Tais exemplos demonstram o tipo de linguagem ainda usada pela maioria dos
operadores do Direito em nossos dias. Rebuscamento e preciosismo norteiam a
escolha das palavras; frases demasiado longas e parágrafos cansativos tornam o
texto prolixo em detrimento da comunicação eficaz.
67
UNIDADE II │ TIPOS DE TEXTOS
Duas coisas devem ser consideradas na hora de escrever: técnicas básicas de redação
e destinatário da mensagem. No tocante ao destinatário da peça judicial, trata-se
de qualquer um, seja a autoridade judiciária ou o cidadão comum, o cliente, que
deseja e tem o direito de acompanhar o serviço contratado e a evolução do seu
processo junto à justiça competente. Para que o destinatário da mensagem logre
êxito na decodificação, o melhor meio é valer-se o profissional de algumas técnicas
de redação muito úteis na construção de qualquer texto.
A frase é um dos galhos da árvore textual, cujo fruto é a comunicação. Quanto mais
longa, mais frágil; poderá dar muitos frutos, mas quebrará ao se tentar apanhá-los. Frases
breves ou curtas, ao contrário, dão maior consistência à estrutura do texto e resistem
mais facilmente às forças que atuam sobre a comunicação. Sejam essas forças oriundas
do calor na discussão de uma lide ou da argumentação em torno de uma sentença que
se deseja mudar, as chances de êxito no resultado serão maiores com o uso eficiente
de frases menores. Uma frase breve ajuda quem escrever a dar continuidade às ideias
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TIPOS DE TEXTOS │ UNIDADE II
Além da palavra e da frase, outra célula que compõe o texto é o parágrafo. O parágrafo
deve ser muito bem planejado, uma vez que é parte integrante de toda redação
jurídica e responde pela estética e pela efetiva qualidade do texto. A respeito do
parágrafo, a melhor lição que se pode aplicar é a que ensina o Professor Othon M.
Garcia, no seu livro “COMUNICAÇÃO EM PROSA MODERNA” (13 ed., p. 206).
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UNIDADE II │ TIPOS DE TEXTOS
É preciso ter em conta que a linguagem jurídica faz parte de um contexto maior,
está inserida no âmbito de toda a sociedade. Além dos sagazes profissionais que
a ventilam, atinge a massa social, que recorre à esfera judicial incessantemente.
Tendo em mente o cidadão comum, que busca socorro na justiça, é possível facilitar
a linguagem e, com pequeno esforço, será cada vez menos difícil escrever o direito.
Ainda vale o que disse Padre Antônio Vieira (1608 – 1697):
Publicações:
PAIVA, Marcelo. Português Jurídico – Prática Aplicada. 5. ed. Brasília: Fortium, 2008.
XAVIER, Ronaldo Caldeira. Português no Direito. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1991.
Endereços eletrônicos:
http://www.portuguesjuridico.org.
http://www.tj.rs.gov.br/noticias/comsoc/entendendo.pdf.
http://www.amb.com.br/?secao=campanha_juridiques.
http://mauricionardini.vilabol.uol.com.br/lgjur.htm.
http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=dicas_portugues
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TIPOS DE TEXTOS │ UNIDADE II
CAPÍTULO 2
A Peça Jurídica
Nizaldo P. Costa
Joseval Viana
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UNIDADE II │ TIPOS DE TEXTOS
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TIPOS DE TEXTOS │ UNIDADE II
A redação de um texto jurídico segue princípios já estabelecidos por uma padronização. É linguagem
técnica. Não se escreve uma peça ou parecer para se tornar um grande escritor. O próprio CPC
apresenta regras básicas para a confecção da petição inicial na forma de silogismo. Assim, o art. 282
do CPC prescreve os requisitos da inicial, entre eles:
1. o fato;
»» o valor da causa;
»» as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;
Observação:
Além desses requisitos, a petição inicial deverá ser instruída com os documentos indispensáveis à
propositura da ação (art. 283 do CPC).
Encaminhamento
Para efeitos didáticos, o endereçamento poderá ser da seguinte forma:
73
UNIDADE II │ TIPOS DE TEXTOS
Exemplo:
Logo em seguida, o advogado deverá demonstrar que houve violação ou ameaça de violação ao
direito do autor.
Exemplo:
2. O réu deixou de pagar os aluguéis dos meses de março, abril e maio de 2006 e
totalizou um débito de R$ 1.500,00 (um mil e quinhentos reais).
Observe que, no corpo do texto, basta identificar as partes como autor e réu, sem necessidade de
repetir nomes e prenomes.
74
TIPOS DE TEXTOS │ UNIDADE II
O pedido deve ser claro e objetivo. É possível, no entanto, fazer pedido genérico (em ações universais,
quando o autor não puder individuar no texto os bens demandados; quando não for possível
determinar, de modo definitivo, as consequências do ato ou do fato ilícito; quando a determinação
do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu).
Exemplo:
Isso posto, requer-se a decretação do despejo do réu, com o consequente pagamento dos aluguéis
vencidos e acessórios até a data da efetiva desocupação do imóvel.
Os juros legais, a correção monetária, os honorários advocatícios e as custas judiciais não precisam
constar do pedido, pois são devidos por força de lei (arts. 20 e 293 do CPC).
Valor da causa
O valor da causa deverá constar na petição, mesmo que o pedido não contenha conteúdo econômico
imediato (art. 258 do CPC). O valor refletirá nas custas judiciais, no ônus da sucumbência, na fixação
de competência e pode influenciar no tipo de procedimento da ação: ordinário ou sumário (art. 275,
I, do CPC).
Exemplo:
Exemplo:
Protesta provar o alegado por todos os meios permitidos em direito, em especial pela juntada de
documentos, depoimento pessoal do réu, oitiva de testemunhas e perícia técnica
75
UNIDADE II │ TIPOS DE TEXTOS
não exercia funções de gerência, que cabiam exclusivamente aos outros dois sócios,
e, portanto, não participou da elaboração do balanço, nem o aprovou. Não havia
cláusulas contratuais disciplinando os critérios para a apuração dos haveres, nem
estabelecendo quorum especial para alterações do contrato social. Ao mesmo
tempo, sabe-se que a sociedade é detentora de ativo imaterial valioso, consistente
na titularidade da marca “Caninha Flor da Hélade”, avaliada no mercado em R$
500.000,00 (quinhentos mil reais). A sociedade tem sede em São José dos Campos,
local de domicílio dos três sócios.
Pedido de citação
A regra geral da citação prevista na lei processual é via correio (art. 222 do CPC). No entanto, o autor
poderá requerê-la por oficial de justiça (art. 224 do CPC) ou por edital (art. 231 do CPC).
Endereço do advogado
Dispõe o art. 39, inciso I, do CPC, que compete ao advogado declarar, na petição inicial ou na
contestação, o endereço em que receberá as intimações. No exame da OAB, é recomendável que
conste na petição inicial o endereço do escritório do advogado, após o nome e a qualificação do
autor. Já na prática forense, esse requisito estará cumprido se o endereço constar na procuração.
Hércules, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da cédula de identidade Registro Geral n0
____, inscrito no Cadastro de Pessoas Físicas do Ministério da Fazenda sob n0 _____, residente
e domiciliado na Rua _________, n0___, bairro ______, São José dos Campos, CEP ______,
por seu advogado infra-assinado (instrumento de mandato anexo), com escritório na Rua ______,
n0______, bairro ______, cidade, CEP ____, vem respeitosamente à presença de Vossa
Excelência, com fundamento no artigo 668 do Decreto-Lei n0 1.608, de 18-9-1939, e nos artigos 282
e seguintes, combinados com o artigo 1.218, inciso VII, do Código de Processo Civil, propor AÇÃO
DE APURAÇÃO DE HAVERES, pelo rito ORDINÁRIO, em face de APOLO, nacionalidade, estado
civil, profissão, portador da cédula de identidade Registro Geral n0 ____, inscrito no Cadastro
de Pessoas Físicas do Ministério da Fazenda sob n0 ____, residente e domiciliado na Rua ____,
n0____, bairro São José dos Campos, CEP ____; TESEU, nacionalidade, estado civil, profissão,
portador da cédula de identidade Registro Geral n0 ____, inscrito no Cadastro de Pessoas Físicas
do Ministério da Fazenda sob n0 ____, residente e domiciliado na Rua ____, n0____, bairro São
José dos Campos, CEP _____; e INDÚSTRIA DE BEBIDAS FLOR DA HÉLADE LTDA., inscrita
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TIPOS DE TEXTOS │ UNIDADE II
no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica do Ministério da Fazenda sob n0 ___, inscrição estadual
n0 _______, com sede na Rua _____, bairro São José dos Campos, CEP ______, pelos motivos
a seguir aduzidos.
DOS FATOS
3. O autor não exercia funções de gerência, que cabiam exclusivamente aos dois
sócios corréus, e, portanto, não participou da elaboração do referido balanço,
nem o aprovou. Ademais, não havia cláusulas contratuais que disciplinassem os
critérios para a apuração dos haveres, nem que estabelecessem quorum especial
para alterações do contrato social.
DO DIREITO
“Súmula n0 265. Na apuração de haveres não prevalece o balanço não aprovado pelo
sócio falecido, excluído ou que se retirou.”
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UNIDADE II │ TIPOS DE TEXTOS
8. Cabe salientar que o valor do ativo imaterial da sociedade corré também deve
ser considerado na apuração dos haveres do autor, conforme entendimento
jurisprudencial predominante, in verbis:
9. Portanto, para a apuração dos haveres do autor deve ser considerada a marca
Caninha Flor de Hélade, de propriedade da sociedade corré, avaliada em R$
500.000,00 (quinhentos mil reais), além de elaborado o balanço real para a plena
verificação física e contábil dos valores do ativo a ser apurado pelo senhor perito
judicial na fase de liquidação de sentença.
DO PEDIDO
Diante do exposto, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência requerer a citação dos
réus, por oficial de justiça, para que, caso queiram, apresentem resposta no prazo de 15 (quinze)
dias, sob pena de sofrerem os efeitos da revelia e, ao final, a procedência da ação a condenar os réus
ao pagamento dos haveres que forem apurados em liquidação de sentença na proporção da quota
parte de 30% (trinta por cento) pertencente ao autor, acrescidos de juros e correção monetária, na
forma da lei, bem como dos honorários advocatícios.
Requer que as diligências sejam realizadas com os benefícios previstos no art. 172, parágrafo
segundo, do Código de Processo Civil.
Protesta por todos os meios de prova em direito admitidos, em especial, depoimento pessoal do réu,
oitiva de testemunhas, perícia judicial e demais que se fizerem necessários.
Termos em que
Pede deferimento.
Local e data.
Advogado
OAB/SP n0 ______
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TIPOS DE TEXTOS │ UNIDADE II
Alguns cuidados
»» Não usar abreviatura no cabeçalho.
»» Evitar abreviaturas. Algumas são consagradas (art., p.), mas não abrevie os códigos,
a constituição ou as expressões de referência (r. sentença, v. acórdão).
»» Nas qualificações, usar o nome do autor e da ação a ser proposta em caixa alta.
A esse propósito, faz-se mister trazer à colação o entendimento do eminente Sicrano, que
assevera, ipsis litteris (...).
Nesse contexto, urge trazer à baila a respeitável ementa da judiciosa decisão proferida
pelo Egrégio Tribunal, cuja transcrição segue, in verbis (...).
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UNIDADE II │ TIPOS DE TEXTOS
É necessário não perder de vista a posição que a jurisprudência pátria vem assumindo
diante da matéria sub examine, conforme se depreende da ementa abaixo transcrita (...).
»» Com efeito, translúcida a agressão aos artigos em comento, não há que falar em (...).
»» É bem verdade que o Autor não logrou provar os fatos; no entanto, mais indubitável,
ainda, apresenta-se a falta de nexo na argumentação contida nos autos.
»» À guisa de exemplificação, urge trazer aos autos situações semelhantes à que se lhe
apresenta.
»» Ao concluir, não usar “sendo assim” ou “assim sendo”, pois são expressões que não
pertencem à linguagem culta e sequer possuem o sentido de conclusão. Procure
usar: posto isso, ante o exposto, em face do exposto, perante o exposto.
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TIPOS DE TEXTOS │ UNIDADE II
Mais importante do que falar é se fazer entender. Aquilo que se fala só tem
relevância se dirigido a um interlocutor que assimile os conteúdos transmitidos.
Sob a perspectiva da norma jurídica positivada, bem como do discurso jurídico
verbalizado, o Direito é uma linguagem e, por esse motivo, precisa ser inteligível
para que esteja ao alcance de todos. É preciso que haja uma democratização do
discurso jurídico, pois só desse modo a sociedade poderá exercer mais efetivamente
a sua cidadania. É inadmissível que, numa sociedade que tem por sustentáculo a
igualdade, seja o Direito utilizado como instrumento de perpetuação do poder,
constituindo um discurso monopolizado.
É claro que o discurso jurídico comporta certas expressões que têm a sua razão de
ser e, de si, essas expressões traduzem conceitos que determinam alguma categoria
ou algum instituto jurídico. Se não é possível a substituição de tais expressões por
outras mais compreensíveis, é preciso, pelo menos, que elas sejam claramente
explicadas. É preciso que, ao lado de cada expressão que integre o discurso jurídico,
haja uma explicação detalhada. Por não ser dessa forma, por haver essa “opacidade”
do discurso jurídico é que comumente as pessoas fazem escolhas pouco acertadas.
Se falta o conhecimento, não há como saber o que é melhor ou o que é pior. Essa
pouca transparência do discurso jurídico faz com que o cidadão comum fique de
mãos atadas frente às inúmeras situações com que se defronta no seu dia a dia.
Mesmo os operadores do Direito, que, em tese, têm domínio sobre o discurso jurídico,
muitas vezes esbarram no obstáculo da impossibilidade de uma transmissão efetiva
dos conteúdos que lhes são consultados. Essa dificuldade começa nos bancos
escolares, quando os conteúdos jurídicos são repassados aos estudantes de direito
recheados de expressões latinas e termos arcaicos, que só sobrevivem nos dias
atuais porque compõem justamente o rebuscado discurso dos juristas. Quantas
pessoas falam latim? É raríssimo alguém que conheça tal idioma. Na prática, a
inserção de expressões oriundas do latim acaba servindo, muitas vezes, de meio
para camuflar a fragilidade do discurso daqueles que têm um conhecimento jurídico
raso. Do mesmo modo, há certas expressões utilizadas apenas no discurso jurídico
que possuem sinônimos que as poderiam substituir e cujo emprego não afetaria
em nada a inteligibilidade daquilo que se pretendia expressar, muito pelo contrário,
a ampliaria, na medida em que o que antes estava ao alcance de poucos passaria a
estar ao alcance de muitos.
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UNIDADE II │ TIPOS DE TEXTOS
Publicações:
PAIVA, Marcelo. Português Jurídico – Prática aplicada. 5. ed. Brasília: Fortium, 2008.
XAVIER, Ronaldo Caldeira. Português no Direito. 9. ed. Rio de janeiro: Forense, 1991.
Endereços eletrônicos:
http://www.portuguesjuridico.org.
http://www.tj.rs.gov.br/noticias/comsoc/entendendo.pdf.
http://www.amb.com.br/?secao=campanha_juridiques.
http://mauricionardini.vilabol.uol.com.br/lgjur.htm.
http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=dicas_portugues.
82
Para (não) Finalizar
Caro participante,
Chegamos ao fim desta disciplina e, como você deve ter percebido, é apenas o começo. A linguagem
jurídica mostra-se como necessidade urgente para o aprimoramento do exercício profissional e
acadêmico. Impossível não relacionar Direito e Linguagem.
Ministro curso aos principais órgãos jurídicos no Brasil e em Portugal e sempre encontro servidores,
desembargadores, ministros e diversos outros profissionais do Direito com dúvidas e ansiosos por
melhorar o texto jurídico. Espero que você também passe a ter essa vontade.
Um abraço,
Marcelo Paiva\
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Referências
ABREU, Antônio Suarez. Curso de redação. São Paulo: Ática, 1998.
ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Dicionário de questões vernáculas. São Paulo: Caminho
Suave, s/d.
ARIOSI, Mariângela de F. Manual de redação jurídica. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2000.
177 p. ISBN 8530911016.
BARRETO, Celso de Alburquerque. Linguagem forense: estilo e técnica. Rio de Janeiro: Lumen
Juris, 1998.
CASTELO BRANCO, Vitorino Prata. O advogado no tribunal do júri. São Paulo: Saraiva, 1991.
CHALITA, Gabriel. A sedução no discurso: o poder da linguagem. São Paulo: Maxlinonad, 1998.
DAMIÃO, R.; HENRIQUES, Antônio T. Curso de português jurídico. São Paulo: Atlas, 1999.
FAGUNDES, Valda Oliveira (Org.). O discurso no júri: aspectos linguísticos e retóricos. São
Paulo: Cortez, 1987.
FÁVERO, Leonor Lopes. Coesão e coerência textuais. São Paulo: Ática, 1993.
FERRAZ JÚNIOR, Tercio Sampaio. Direito, retórica e comunicação. 2. ed. São Paulo: Saraiva,
1997. 188 p.
JUNQUEIRA, Eliane B. Literatura e Direito: uma outra leitura do mundo das leis. Rio de Janeiro:
Letra Capital, 1998.
84
REFERÊNCIAS
MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. São
Paulo: Atlas, s/d.
NASCIMENTO, Edmundo Dantés. Linguagem forense. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 1980.
ROSA, Eliasar. Os erros mais comuns nas petições. 8.ed. rev. e aum. Rio de Janeiro: Freitas
Bastos, 1987.
SAVIOLI, Francisco P.; FIORINI, José L. Para entender o texto. São Paulo: Ática, 1998.
Sites de pesquisa:
www.marcelopaiva.com.br.
www.portuguesjuridico.org.
www.academia.org.br.
www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/manual.htm.
www.tc.df.gov.br/Manuais/ManualRedacao2003.pdf.
85