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Legislação Aplicada e Perícia Digital

Brasília-DF.
Elaboração

Deborah Farah Sobrinho

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 5

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7

UNIDADE I
DIREITO ELETRÔNICO............................................................................................................................. 9

CAPÍTULO 1
DIREITO E NOVAS TECNOLOGIAS............................................................................................... 9

CAPÍTULO 2
NATUREZA JURÍDICA................................................................................................................ 19

CAPÍTULO 3
CRIMES ELETRÔNICOS............................................................................................................ 37

CAPÍTULO 4
RELAÇÕES DE CONSUMO....................................................................................................... 45

CAPÍTULO 5
RESPONSABILIDADE CIVIL E PRIVACIDADE................................................................................ 52

UNIDADE II
PERÍCIA FORENSE................................................................................................................................. 73

CAPÍTULO 1
ANÁLISE FORENSE................................................................................................................... 73

PARA (NÃO) FINALIZAR...................................................................................................................... 78

REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 79
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos


conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da
área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que
busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica
impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

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Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para
aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Praticando

Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer


o processo de aprendizagem do aluno.

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Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Exercício de fixação

Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).

Avaliação Final

Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso,


que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber
se pode ou não receber a certificação.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução
Nesta disciplina, iremos verificar o papel do Direito Eletrônico na Perícia Forense, nas
perspectivas de uma estrita observância aos seus objetivos estratégicos e da estratégia
administrativa traçada, buscando conhecimentos sobre a natureza jurídica dos crimes
eletrônicos, relações de consumo, responsabilidade civil, privacidade e análise forense.

Este caderno, portanto, tem o objetivo de proporcionar informações acerca do Direito


Eletrônico e Perícia Forense, com o compromisso de orientar os profissionais da área de
Perícia Forense Aplicada à Informática, para que possam desempenhar suas atividades
com eficiência e eficácia.

Objetivos
»» Conhecer os conceitos básicos em direito eletrônico.

»» Identificar aspectos relevantes da natureza jurídica dos crimes eletrônicos.

»» Identificar os aspectos relevantes da responsabilidade civil e privacidade.

»» Identificar aspectos relevantes da análise forense.

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8
DIREITO UNIDADE I
ELETRÔNICO

CAPÍTULO 1
Direito e Novas Tecnologias

Figura 1.

A sociedade contemporânea conta com a tecnologia como instrumento facilitador


para lidar com as demandas e os anseios sociais e individuais. Na era da sociedade
da informação, a tecnologia se faz, talvez, o elemento mais importante para o
desenvolvimento das relações e comunicações contemporâneas.

O meio eletrônico ganha importância e cada vez maior abrangência. Com isso, emerge,
nesse contexto, a necessidade de regulamentação. As situações apresentadas no
meio virtual precisam ser avaliadas e, as eventuais violações de direito, evitadas ou
reprimidas, de forma adequada.

Juntamente com as benesses e vantagens, trazidas pela tecnologia e pelo meio virtual,
advêm, também, certos problemas. Um tema de grande repercussão são as chamadas
fraudes eletrônicas, em que criminosos adquirem o conhecimento necessário para
ludibriar cidadãos e consumidores na seara eletrônica.

Contribui, de certa forma, para a disseminação de tal tipo de fraude, a ausência de


conhecimento técnico necessário de muitas pessoas que utilizam o meio virtual, para se

9
UNIDADE I │DIREITO ELETRÔNICO

preservarem ou anteverem as possíveis tentativas de um golpe eletrônico. Além disso,


há certa descrença das pessoas e dos usuários em geral acerca do quanto o meio virtual
pode ser perigoso, às vezes mais que o mundo físico, presencial.

Uma das formas em que a fraude se desenvolve é por meio de envio de e-mail. O usuário
abre e o conteúdo malicioso e este instala, no computador, certo aplicativo, por meio do
qual se retiram informações pessoais e bancárias do indivíduo.

Evidente que as instituições financeiras vêm adotando medidas de proteção para si e


seus clientes, mas existem circunstâncias em que a atenção e alguns cuidados do usuário
são essenciais.

Os instrumentos de proteção comumente utilizados pelos bancos e clientes são os


programas antivírus e firewalls, além dos cuidados normais referentes à proteção que
todos que se utilizam da rede devem ter.

Outra questão que se aborda no âmbito do mundo virtual é a como se proteger o direito
do criador ou elaborador de programas de computador, os softwares. A legislação e as
teorias dos doutrinadores precisam delimitar a natureza e o âmbito dessa proteção e
as medidas punitivas em caso de violação. A repercussão legal recairia não apenas no
âmbito criminal, mas, inclusive, no que tange ao aspecto indenizatório.

Inicialmente, visando a proteger os direitos autorais e a propriedade intelectual na


Internet, foi editada a Medida Provisória no 2.200/2001, que apresentava o instrumento
da assinatura digital, auxílio para se constatar a existência real ou não dos contratantes
e a veracidade dos negócios jurídicos firmados em meio eletrônico.

A Medida Provisória no 2.200/2001 que trata da infraestrutura de chaves públicas


brasileira foi reeditada, conforme se pode observar a seguir.

MEDIDA PROVISÓRIA No 2. 200-1, DE 27 DE JULHO DE 2001

Reeditada pela MPv no 2.200-2, de 2001

Institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP-Brasil), e dá


outras providências

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere


o art. 62 da Constituição, adota a seguinte Medida Provisória, com força
de lei:

Art. 1o Fica instituída a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira


– ICP-Brasil, para garantir a autenticidade, a integridade e a validade
jurídica de documentos em forma eletrônica, das aplicações de suporte

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DIREITO ELETRÔNICO│ UNIDADE I

e das aplicações habilitadas que utilizem certificados digitais, bem como


a realização de transações eletrônicas seguras.

Art. 2o A ICP-Brasil, cuja organização será definida em regulamento,


será composta por uma autoridade gestora de políticas e pela cadeia de
autoridades certificadoras, composta pela Autoridade Certificadora Raiz
– AC Raiz, pelas Autoridades Certificadoras – AC e pelas Autoridades
de Registro – AR.

Art. 3o A função de autoridade gestora de políticas será exercida pelo


Comitê Gestor da ICP-Brasil, vinculado à Casa Civil da Presidência
da República e composto por cinco representantes da sociedade civil,
integrantes de setores interessados, designados pelo Presidente da
República, e um representante de cada um dos seguintes órgãos,
indicados por seus titulares:

I - Ministério da Justiça;

II - Ministério da Fazenda;

III - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior;

IV - Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão;

V - Ministério da Ciência e Tecnologia;

VI - Casa Civil da Presidência da República; e

VII - Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República.

§ 1o A coordenação do Comitê Gestor da ICP-Brasil será exercida pelo


representante da Casa Civil da Presidência da República.

§ 2o Os representantes da sociedade civil serão designados para períodos


de dois anos, permitida a recondução.

§ 3o A participação no Comitê Gestor da ICP-Brasil é de relevante


interesse público e não será remunerada.

§ 4o O Comitê Gestor da ICP-Brasil terá uma Secretaria-Executiva, na


forma do regulamento.

Art. 4o O Comitê Gestor da ICP-Brasil será assessorado e receberá apoio


técnico do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento para a Segurança das
Comunicações – CEPESC.

Art. 5o Compete ao Comitê Gestor da ICP-Brasil:

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UNIDADE I │DIREITO ELETRÔNICO

I - adotar as medidas necessárias e coordenar a implantação e o


funcionamento da ICP-Brasil;

II - estabelecer a política, os critérios e as normas técnicas para


licenciamento das AC, das AR e dos demais prestadores de serviço de
suporte à ICP-Brasil, em todos os níveis da cadeia de certificação;

III - estabelecer a política de certificação e as regras operacionais da AC


Raiz;

IV - homologar, auditar e fiscalizar a AC Raiz e os seus prestadores de


serviço;

V - estabelecer diretrizes e normas técnicas para a formulação de


políticas de certificados e regras operacionais das AC e das AR e definir
níveis da cadeia de certificação;

VI - aprovar políticas de certificados e regras operacionais, licenciar e


autorizar o funcionamento das AC e das AR, bem como autorizar a AC
Raiz a emitir o correspondente certificado;

VII - identificar e avaliar as políticas de ICP externas, negociar e


aprovar acordos de certificação bilateral, de certificação cruzada, regras
de interoperabilidade e outras formas de cooperação internacional,
certificar, quando for o caso, sua compatibilidade com a ICP-Brasil,
observado o disposto em tratados, acordos ou atos internacionais; e

VIII - atualizar, ajustar e revisar os procedimentos e as práticas


estabelecidas para a ICP-Brasil, garantir sua compatibilidade e
promover a atualização tecnológica do sistema e a sua conformidade
com as políticas de segurança.

Art. 6o À AC Raiz, primeira autoridade da cadeia de certificação,


executora das Políticas de Certificados e normas técnicas e operacionais
aprovadas pelo Comitê Gestor da ICP-Brasil, compete emitir,
expedir, distribuir, revogar e gerenciar os certificados das AC de nível
imediatamente subsequente ao seu, gerenciar a lista de certificados
emitidos, revogados e vencidos, e executar atividades de fiscalização e
auditoria das AC e das AR e dos prestadores de serviço habilitados na
ICP, em conformidade com as diretrizes e normas técnicas estabelecidas
pelo Comitê Gestor da ICP-Brasil.

Parágrafo único. É vedado à AC Raiz emitir certificados para o usuário


final.

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DIREITO ELETRÔNICO│ UNIDADE I

Art. 7o O Instituto Nacional de Tecnologia da Informação do Ministério


da Ciência e Tecnologia é a AC Raiz da ICP-Brasil.

Art. 8o Às AC, entidades autorizadas a emitir certificados digitais


vinculando pares de chaves criptográficas ao respectivo titular, compete
emitir, expedir, distribuir, revogar e gerenciar os certificados, bem
como colocar à disposição dos usuários listas de certificados revogados
e outras informações pertinentes e manter registro de suas operações.

Parágrafo único. O par de chaves criptográficas será gerado sempre pelo


próprio titular e sua chave privada de assinatura será de seu exclusivo
controle, uso e conhecimento.

Art. 9o Às AR, entidades operacionalmente vinculadas a determinada


AC, compete identificar e cadastrar usuários na presença destes,
encaminhar solicitações de certificados às AC e manter registros de
suas operações.

Art. 10. Observados os critérios a serem estabelecidos pelo Comitê


Gestor da ICP-Brasil, poderão ser licenciados como AC e AR os órgãos e
as entidades públicos e as pessoas jurídicas de direito privado.

Art. 11. É vedado a qualquer AC certificar nível diverso do imediatamente


subsequente ao seu, exceto nos casos de acordos de certificação lateral
ou cruzada, previamente aprovados pelo Comitê Gestor da ICP-Brasil.

Art. 12. Consideram-se documentos públicos ou particulares, para


todos os fins legais, os documentos eletrônicos de que trata esta Medida
Provisória.

§ 1o As declarações constantes dos documentos em forma eletrônica


produzidos com a utilização de processo de certificação disponibilizado
pela ICP-Brasil presumem-se verdadeiros em relação aos signatários,
na forma do art. 131 da Lei no 3.071, de 1o de janeiro de 1916 – Código
Civil.

§ 2o O disposto nesta Medida Provisória não obsta a utilização de outro


meio de comprovação da autoria e integridade de documentos em
forma eletrônica, inclusive os que utilizem certificados não emitidos
pela ICP-Brasil, desde que admitido pelas partes como válido ou aceito
pela pessoa a quem for oposto o documento.

13
UNIDADE I │DIREITO ELETRÔNICO

Art. 13. A utilização de documento eletrônico para fins tributários


atenderá, ainda, ao disposto no art. 100 da Lei no 5.172, de 25 de outubro
de 1966 – Código Tributário Nacional.

Art. 14. Para a consecução dos seus objetivos, o Instituto Nacional de


Tecnologia da Informação poderá, na forma da lei, contratar serviços
de terceiros.

§ 1o O Ministro de Estado da Ciência e Tecnologia poderá requisitar,


para ter exercício exclusivo no Instituto Nacional de Tecnologia da
Informação, por período não superior a um ano, servidores, civis
ou militares, e empregados de órgãos e entidades integrantes da
Administração Pública Federal direta ou indireta, quaisquer que sejam
as funções a serem exercidas.

§ 2o Aos requisitados nos termos deste artigo serão assegurados todos


os direitos e vantagens a que façam jus no órgão ou na entidade de
origem, considerando-se o período de requisição para todos os efeitos
da vida funcional, como efetivo exercício no cargo, posto, graduação ou
emprego que ocupe no órgão ou na entidade de origem.

§ 3o Fica o Ministério da Ciência e Tecnologia autorizado a custear as


despesas com remoção e estada para os servidores que, em virtude
de nomeação para cargos em comissão no Instituto Nacional de
Tecnologia da Informação, vierem a ter exercício em cidade diferente
da de seu domicílio, observados os limites de valores estabelecidos para
a Administração Pública Federal direta.

Art. 15. Ficam convalidados os atos praticados com base na Medida


Provisória no 2.200, de 28 de junho de 2001.

Os assuntos que permeiam o mundo digital são os mais variados. Cada um deles
nos direciona a discussões distintas, em que vários direitos se encontram inseridos.
Determinar o limite e as formas de preservação e de punição são grandes desafios dos
legisladores e estudiosos do Direito.

A modernidade que vem acompanhada das inovações tecnológicas enseja, também, a


modernização e atualização constante daqueles que lidam com a referida seara, tanto
profissional quanto estudante,

O Direito sempre deve ofertar as respostas e soluções que a sociedade busca para seus
conflitos, justamente para evitar um retorno da era da autotutela, em que a justiça
era realizada por qualquer um que se sentisse agredido, ofendido e da forma como

14
DIREITO ELETRÔNICO│ UNIDADE I

lhe aprouvesse. A legislação e a tutela jurídica vêm para preservar os direitos gerais e
individuais de cada cidadão, mas as regras são estabelecidas com anterioridade e as
punições também.

Como já esclarecido, o mundo virtual abarca e insere-se nos mais variados âmbitos de
nossas vidas, e as relações e situações apresentadas por este se disseminam por várias
áreas do Direito, como no Direito Penal, Direito Tributário, Empresarial, entre outras.

O problema surge quando o Direito não consegue regular ou estabelecer regras/normas


na mesma velocidade em que os problemas ou conflitos decorrentes do mundo virtual
emergem. Nesse momento, instala-se nos indivíduos uma sensação de desproteção e
de injustiça, como se não estivessem seus direitos sendo adequadamente tutelados pelo
Estado.

Mas a questão que deve ser compreendida é que o Direito responde aos anseios sociais
de proteção, mas a burocracia e os prazos de trâmite estipulados pela própria legislação
para certa gama de procedimentos atrasam essa resposta à sociedade.

Imprescindível, ainda, aduzir que, além do Direito estar sujeito a alterações de viés
técnico, relacionado às inovações tecnológicas, estas também são influenciadas
diretamente pelas modificações sociais e culturais que se desenvolvem na sociedade,
podendo até ser afirmado que a tecnologia e a formatação desse mundo virtual são
moldadas diariamente pelas forças e pelos movimentos sociais.

Vários exemplos são facilmente verificáveis da situação supracitada como na seara


empresarial e consumerista, em que as modificações vem ocorrendo com grande
velocidade e as inovações tecnologias vão se constituindo em torno desta como
ferramenta essencial.

Outro cuidado que se deve ter é não restringir o Direito da Tecnologia apenas ao âmbito
da rede virtual. Estamos aqui lidando e tratando das inovações tecnológicas em geral,
assim como também da destinada à Internet, mas sempre deve haver a consciência de
que o âmbito de estudo e aplicação é bem mais abrangente e segue ganhando cada vez
mais matizes.

Informação e comunicação como bem


jurídico
As formas tradicionais de difusão da informação que até então conhecíamos e que
utilizávamos eram a televisão e o radio, que era mais comum antes da invenção da
televisão ou do maior acesso a esta e, no âmbito da comunicação escrita, os jornais.

15
UNIDADE I │DIREITO ELETRÔNICO

Quando, nesse contexto de troca de informação, surge a Internet, ocorre uma verdadeira
revolução.

A disseminação da informação ganha velocidade e rapidez antes inimagináveis. É a


hora da universalização das notícias e dos fatos que tinham, até então, proporção e
abrangência menores e que não possuíam esse aspecto da voracidade de se espalhar
entre os indivíduos.
E possuir a informação passou a significar ter poder ou estar próximo de alcançá-lo. Na
contemporaneidade, muitos pesquisadores e doutrinadores afirmam que a informação
adquire um verdadeiro status de mercadoria, com valor que, apesar de não ser
contabilizado precisamente, tem natureza econômica.
A sociedade contemporânea tem a informação como ferramenta e elemento de facilitador
das relações sociais, comerciais e culturais. Entre a gama dos bens imateriais, hoje,
pode-se afirmar que a informação se encontra inserida nesse conglomerado.
As comunicações e interações dinamizaram-se com o meio digital. Com a rapidez dessas
novas relações, o mundo e as pessoas encontram-se cada vez mais próximos.
Ricardo Orlando explicitou as principais características que podem ser observadas na
comunicação digital: “ela é em rede, hipertextual, multimídia e interativa”.1 (2001, p. 31)
E o que seriam essas redes citadas? Seriam “estruturas abertas, capazes de expandir-se
de forma ilimitada, integrando novos nós, desde que consigam se comunicar dentro da
rede.”2 (CASTELLS, 1999, p.148 apud ORLANDO, 2001, p.34)
Na seara privada, a informação é um elemento basilar na constituição das organizações
e, também, grande ferramenta, transformando-se em um real capital estratégico,
adquirindo importância ainda para o âmbito governamental, pois guia e auxilia a
construção das políticas públicas.

Internet como meio de propagação da


informação
A Internet, como toda ferramenta poderosa e transformadora, possui seu lado benéfico
e, também, aspectos que podem ser tornar prejudiciais à sociedade como um todo e
aos indivíduos, a depender da forma de utilização e da finalidade que se vislumbra para
esta.

1 ORLANDO, Ricardo Augusto Silveira. A Comunicação On-Line e os Portais da Web: Uma abordagem Semiótica. Dissertação
apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Multimeios, na linha de pesquisa Multimeios
e Ciências do Departamento de Multimeios do Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas. São Paulo, 2001.
Disponível em: <http://libdigi.unicamp.br/document/?code=vtls000242106>.
2 CATELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999. 1v.

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DIREITO ELETRÔNICO│ UNIDADE I

As inúmeras vantagens trazidas com o disseminação da Internet e o maior e melhor


acesso da população a esta são marcas da era digital na sociedade contemporânea.

E, nesse cenário, podemos concordar com o entendimento de Capellari, (2000, p. 39)


observando as mudanças ocorridas no mundo e na sociedade a partir da alteração na
forma e no meio com que se lidava com o elemento informacional, sendo o propulsor
disso as ferramentas digitais, a Internet.

A informação passa a ser o motor das transformações [...] A combinação


de satélites, televisão, telefone, cabo de fibra ótica e microcomputador
enfeixou o mundo em um sistema unificado de conhecimento, que
provoca a superação das estruturas administrativas hierarquizadas e
verticalizadas em direção à horizontalização das relações de poder, que
tem na figura da rede, propriamente, a expressão da nova realidade.3
(CAPELLARI, 2000, p.39)

Castlells salienta sobre a velocidade e proporção da disseminação da Internet como


meio de comunicação.

A Internet tem tido um índice de penetração mais veloz do que qualquer


outro meio de comunicação na história. Nos Estados Unidos, o rádio
levou trinta anos para chegar a sessenta milhões de usuários; a TV
alcançou esse nível de difusão em 15 anos; a Internet o fez em apenas
três anos, após a criação da teia mundial.3

Interessante é a extensão da informação e das mensagens e como estas são dinâmicas


e modeláveis nessa era da sociedade de rede: “[...] todas as mensagens se tornam
interativas, ganham uma plasticidade e têm uma possibilidade de metamorfose
imediata”.4

Situações de prejuízo social e atos ilícitos são considerados a parte negativa da ferramenta
da Internet. Muitos crimes e atos ilícitos passaram a ser praticados nesse ambiente, em
que é mais difícil se detectar as autorias e até mesmo tipificar as condutas.

Por fim, as justificativas que contribuíram para a inserção da sociedade em si nas


tecnologias de informação e comunicação, visando a um aprimoramento e a uma
atualização da vida globalizada que nos cerca cotidianamente.

No que tange à comunicação digital, à informação adquirida e como deve se lidar com
esta, dispõe o autor.

3 CATELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999. 1v. p. 439,
4 LÉVY, Pierre. A Emergência do Ciberespace e as Mutações Culturais. Sociologia.de, Porto Alegre, out, 1994. Disponível em: <
http://www.sociologia.de/soc/index1.htm >

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UNIDADE I │DIREITO ELETRÔNICO

O mais importante seria colocar a informação em uma espécie de


balança, analisando-a e comparando-a com outras, o que se pode
chamar de contextualização. Além disso, as informações devem ser
discutidas e não simplesmente aceitas. Desse modo, não é qualquer
acontecimento que vai merecer destaque como notícia, e as pessoas
poderão fazer uma seleção mais rigorosa daquilo que estão recebendo
como informação, além de discutir os assuntos mais relevantes entre si,
em vez de aceitar sempre o que é passado por um meio de massa como
o certo, preciso e necessário.5 (PERNISA JÚNIOR; ALVES, 2010, p. 23)

As informações transmitidas, em grande parte das vezes, são enganosas por serem
incompletas ou porque já possuem tal natureza. Há sempre que se verificar e confirmar
situações e dados, para que não se promova um equivoco em grande escala.

5 PERNISA JÚNIOR, Carlos; ALVES, Wedencley. Comunicação Digital. Jornalismo, Narrativas, Estética. Rio de Janeiro:
Mauad X, 2010.

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CAPÍTULO 2
Natureza Jurídica

A proteção do hardware é tão importante quanto a que se refere aos softwares, tendo em
vista que, para o funcionamento e desenvolvimento desse segundo grupo, faz-se mister
e imprescindível que a estrutura material e os elementos que a constituem estejam em
ordem. É, assim, um produto considerado de origem industrial, sendo regulado pelas
normas que regem tais materiais.

Prosseguindo no tema da proteção dos softwares, a Convenção de Berna ratificaria que


os programas de computador seriam protegidos como obras de viés literário, ou seja,
teriam que ser protegidas pelas normas referentes aos Direitos Autorais.

A Convenção de Berna, criada com objetivo precípuo de proteger as criações literárias


e de natureza artística dos autores no âmbito de varias e distintas nações, teve sua
origem de formalização no ano de 1896, com alterações posteriores em anos seguintes.
A convenção no território brasileiro adquire força e se aplica concretamente a partir da
publicação do Decreto no 75.699/1975. Seguem partes do teor da referida convenção.

DECRETO No 75.699, DE 6 DE MAIO DE 1975

Promulga a Convenção de Berna para a proteção das Obras Literárias


e Artísticas, de 9 de setembro de 1886, revista em Paris, a 24 de julho
de 1971.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, havendo o Congresso Nacional


aprovado, pelo Decreto Legislativo no 94, de 4 de dezembro de 1974, a
Convenção de Berna para a Proteção das Obras Literárias e Artísticas,
concluída a 9 de setembro de 1886 e revista em Paris, a 24 de julho de
1971;

E havendo a referida Convenção entrado em vigor, para o Brasil, em 20


de abril de 1975;

DECRETA:

que a Convenção, apensa por cópia ao presente Decreto, seja executada


e cumprida tão inteiramente como nela se contém.

Brasília, 6 de maio de 1975; 154º da Independência e 87o da República.

ERNESTO GEISEL

19
UNIDADE I │DIREITO ELETRÔNICO

Antônio Francisco Azeredo da Silveira

Este texto não substitui o publicado no D.O.U de 9/5/1975.

CONVENÇÃO DE BERNA

Para a proteção das obras literárias e artísticas, de 9 de setembro de


1886, completada em Paris a 4 de maio de 1896, revista em Berlim a
13 de novembro de 1908, completada em Berna a 20 de março de 1914,
revista em Roma a 2 de junho de 1928, em Bruxelas a 26 de junho de
1948, em Estocolmo a 14 de julho de 1967 e em Paris a 24 de julho de
1971.

Os Países da União, igualmente animados do propósito de proteger de


maneira tanto quanto possível eficaz e uniforme os direitos dos autores
sobre as respectivas obras literárias e artísticas.

Reconhecendo a importância dos trabalhos da Conferência de revisão,


realizada em Estocolmo, em 1967.

Resolveram rever o Ato adotado pela Conferência de Estocolmo,


deixando, entretanto, sem modificações os artigos de 1 a 20 e de 22 a 26
do referido Ato.

Em consequência, os Plenipotenciários abaixo assinados, depois de


apresentar seus plenos poderes, reconhecidos em boa e devida forma,
acordaram no seguinte.

ARTIGO 1

Os países a que se aplica a presente Convenção constituem-se em União


para a proteção dos direitos dos autores sobre as suas obras literárias e
artísticas.

ARTIGO 2

1) Os temas “obras literárias e artísticas”, abrangem todas as produções


do domínio literário, científico e artístico, qualquer que seja o modo ou
a forma de expressão, tais como os livros, brochuras e outros escritos;
as conferências, alocuções, sermões e outras obras da mesma natureza;
as obras dramáticas ou dramático-musicais; as obras coreográficas
e as pantomimas; as composições musicais, com ou sem palavras;
as obras cinematográficas e as expressas por processo análogo ao da
cinematografia; as obras de desenho, de pintura, de arquitetura, de
escultura, de gravura e de litografia; as obras fotográficas e as expressas

20
DIREITO ELETRÔNICO│ UNIDADE I

por processo análogo ao da fotografia; as obras de arte aplicada; as


ilustrações e os mapas geográficos; os projetos, esboços e obras plásticas
relativos à geografia, à topografia, à arquitetura ou às ciências.

2) Os países da União reservam-se, entretanto, a faculdade de


determinar, nas suas legislações respectivas, que as obras literárias e
artísticas, ou ainda uma ou várias categorias delas, não são protegidos
enquanto não tiverem sido fixadas num suporte material.

3) São protegidas como obras originais, sem prejuízo dos direitos do


autor da obra original, as traduções, adaptações, arranjos musicais e
outras transformações de uma obra literária ou artística.

4) Os países da União reservam-se a faculdade de determinar, nas


legislações nacionais, a proteção a conceder aos textos oficiais de caráter
legislativo, administrativo ou judiciário, assim como as traduções
oficiais desses textos.

5) As complicações de obras literárias ou artísticas, tais como


enciclopédias e antologias, que, pela escolha ou disposição das matérias,
constituem criações intelectuais, são como tais protegidas, sem prejuízo
dos direitos dos autores sobre cada uma das obras que fazem parte
dessas compilações.

6) As obras acima designadas gozam de proteção em todos os países


unionistas. A proteção exerce-se em beneficio dos autores e de seus
legítimos representantes.

7) Os países da União, reservam-se a faculdade de determinar, nas


legislações nacionais, o âmbito de aplicação das leis referentes às obras
de arte aplicada e aos desenhos e modelos industriais, assim como as
condições de proteção de tais obras, desenhos e modelos, levando em
conta as disposições dos artigos da presente Convenção. Para as obras
protegidas exclusivamente como desenhos e modelos no país de origem
não pode ser reclamada, nos outros países unionistas, senão a proteção
especial concedida aos desenhos e modelos nesses países; entretanto,
se tal proteção especial não é concedida nesse país, estas obras serão
protegidas como obras artísticas.

8) A proteção da presente Convenção não se aplica às notícias do dia


ou à ocorrências diversas que têm o caráter de simples informações de
imprensa.

21
UNIDADE I │DIREITO ELETRÔNICO

ARTIGO 2

1) Os países da União reservam-se a faculdade de excluir, nas legislações


nacionais, parcial ou totalmente, da proteção prevista no artigo
anterior os discursos políticos e os discursos pronunciados nos debates
judiciários.

2) Os países da União reservam-se igualmente a faculdade de


estabelecer nas suas leis internas as condições em que as conferências,
alocuções, sermões e outras obras da mesma natureza, pronunciadas
em público, poderão ser reproduzidas pela imprensa, transmitidas pelo
rádio, pelo telégrafo para o público e constituir objeto de comunicações
públicas mencionadas no artigo 11 bis da presente Convenção, quando
tal utilização é justificada pela finalidade da informação a ser atingida.

3) Todavia, o autor tem o direito exclusivo de reunir em coleção as suas


obras mencionadas nos parágrafos anteriores.

ARTIGO 3

1) São protegidos por força da presente Convenção:

a) os autores nacionais de um dos países unionistas, quanto às suas


obras, publicadas ou não;

b) os autores não nacionais de um dos países unionistas, quanto


às obras que publicarem pela primeira vez num desses países ou
simultaneamente em um país estranho à União e num país da União.

2) Os autores não nacionais de um dos países da União mas que têm


sua residência habitual num deles são, para a aplicação da presente
Convenção, assimilados aos autores nacionais do referido país.

3) Por “obras publicadas” deve-se entender as obras editadas com


o consentimento de seus autores, seja qual for o modo de fabricação
dos exemplares, contanto que sejam postos à disposição do público em
quantidade suficiente para satisfazer-lhe as necessidades, levando-se em
conta a natureza da obra. Não constituem publicação a representação de
obras dramáticas, dramático-musicais ou cinematográficas, a execução
de obras musicais, a recitação púbica de obras literárias, a transmissão
ou a radiodifusão de obras literárias ou artísticas, a exposição de obras
de arte e construção de obras de arquitetura.

22
DIREITO ELETRÔNICO│ UNIDADE I

4) Considera-se publicada simultaneamente em vários países toda e


qualquer obra publicada em dois ou mais países dentro de trinta dias a
contar da sua primeira publicação.

ARTIGO 4

Por força da presente Convenção, são protegidos, mesmo se as condições


previstas no artigo. 3 não forem preenchidas,

a) os autores das obras cinematográficas cujo produtor tenha sua sede


ou sua residência habitual em um dos países da União;

b) os autores das obras de arquitetura edificadas num país da União ou


de obras de arte gráfica ou plástica incorporadas em um imóvel situado
em um país da União.

Regulamentação jurídica da informática no


Brasil: pontos controvertidos e polêmicos
Tratando da origem da informática e da Internet ou o momento de desenvolvimento
destas, Pierre Lévy (1989, p. 182) aduz que:

A história da informática (como, aliás, talvez qualquer história)


deixa-se discernir como uma distribuição indefinida de momentos e
de lugares criativos, uma espécie de metarrede esburacada, desfeita,
irregular, em que cada nó, cada ator, define, em função dos seus fins, a
topologia da sua própria rede e interpreta à sua maneira tudo o que lhe
vem dos vizinhos. [...] Nessa visão das coisas, as noções de precursor
ou de fundador, tomadas num sentido absoluto, têm pouca pertinência.
Em contrapartida, podem discernir-se certas operações da parte de
atores que desejam se impor como fundadores, ou designando, no
passado próximo ou no recente, antepassados prestigiosos de quem
se apropriam, proclamando-se seus descendentes. Não há “causas”
ou “fatores” sociais unívocos, mas circunstâncias, ocasiões, às quais
pessoas ou grupos singulares conferem significações diversas. Não há
“linhagens” calmas, sucessões tranquilas, mas golpes de espada vindos
de todos os lados, tentativas de embargo e processos sem fim em torno
das heranças.6

6 LÉVY, Pierre. A invenção do computador. In: SERRES, Michel (Org.). Elementos para uma História das Ciências III: de
Pasteur ao computador. Lisboa, Terramar,1989.

23
UNIDADE I │DIREITO ELETRÔNICO

A Lei no 7.232, de 29/10/1984, denominada de Lei de Informática, que teria por


finalidade de proteger os elementos e efeitos da informática no âmbito interno, institui
o Conselho Nacional de Informática e Automação – CONIN. Este seria um órgão
de assessoramento imediato do Presidente da República, integrando-o a setores do
Governo e da Iniciativa Privada, auxiliando na formulação de políticas voltada para
área de Informática.

O CONIN possuía como subordinada a Secretaria Especial de Informática – SEI, a


qual concretizaria as normas citadas pelo Conselho. A Lei no 8.090, de 13/11/1990,
em seu art. 4o, estabelece que a competência da SEI passaria a ser da Secretaria da
Ciência e Tecnologia – SCT. A Resolução no 22/1991 viria para facilitar a contratação
das tecnologias internacionais, que era uma modificação na estrutura que até então
dificultava e impedia tal procedimento.

A Resolução no 22/1991 deixou de lado o excesso de formalismo, simplificou o processos,


principalmente o de averbação de contratos de transferência de tecnologia; o requisito
da consulta previa não é mais obrigatório.

Outra novidade trazida na referida Resolução é o observado no parágrafo único do art.


7o, que prevê, nos contratos de fornecimento de tecnologia, as cláusulas de sigilo e de
indisponibilidade da tecnologia negociada. O licenciamento de tecnologia passa a ser
promovido e o Instituto Nacional de Propriedade Industrial - INPI expediu a Instrução
Normativa no 1. A Resolução CONIN no 19/90, referia-se à atuação do fornecedor de
tecnologia que determinava que este deveria participar do capital da empresa brasileiro,
entretanto, sem ter direito a veto ou voto. A Lei nos 8.248/1991 foi denominada a Nova
Lei de Informática, revogando a Lei no 7.232/1984.

A Lei no 8.248/91 foi revogada em 1999, sendo mantida por meio de medidas provisórias,
até 1/1/2002, quando entrou em vigor a Lei no 10.176/2001.

Consideradas como leis da Informática são as Leis nos 8.248/1991, 10.176/2001 e


11.077/2004, as quais tratam da questão dos incentivos fiscais para empresas do
setor de tecnologia (setores de hardware e automação), que invistam em Pesquisa e
Desenvolvimento.

Entre esses incentivos fiscais estão a redução do Imposto sobre Produto Industrializado
– IPI dos produtos incentivados, sendo esta uma medida governamental para promover
a inovação do setor. Observe o teor da lei mais recente.

24
DIREITO ELETRÔNICO│ UNIDADE I

LEI No 11.077, DE 30 DE DEZEMBRO DE 2004

Altera a Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991, a Lei no 8.387, de


30 de dezembro de 1991, e a Lei no 10.176, de 11 de janeiro de 2001,
dispondo sobre a capacitação e competitividade do setor de informática
e automação e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte


Lei:

Art. 1o Os arts. 3o, 4o, 9o, 11 e 16-A da Lei no 8.248, de 23 de outubro de


1991, passam a vigorar com as seguintes alterações:

Art. 3o

§ 3o A aquisição de bens e serviços de informática e automação,


considerados como bens e serviços comuns nos termos do parágrafo
único do art. 1o da Lei no 10.520, de 17 de julho de 2002, poderá ser
realizada na modalidade pregão, restrita às empresas que cumpram o
Processo Produtivo Básico nos termos desta Lei e da Lei no 8.387, de 30
de dezembro de 1991.” (NR)

Art. 4o § 1o-A

IV - redução de 80% (oitenta por cento) do imposto devido, de 1o de


janeiro de 2004 até 31 de dezembro de 2014;

V - redução de 75% (setenta e cinco por cento) do imposto devido, de 1o


de janeiro até 31 de dezembro de 2015;

VI - redução de 70% (setenta por cento) do imposto devido, de 1o de


janeiro de 2016 até 31 de dezembro de 2019, quando será extinto.

§ 5o O disposto no § 1o-A deste artigo não se aplica a microcomputadores


portáteis e às unidades de processamento digitais de pequena capacidade
baseadas em microprocessadores, de valor até R$ 11.000,00 (onze
mil reais), bem como às unidades de discos magnéticos e ópticos, aos
circuitos impressos com componentes elétricos e eletrônicos montados,
aos gabinetes e às fontes de alimentação, reconhecíveis como exclusiva
ou principalmente destinados a tais equipamentos, que observarão os
seguintes percentuais:

25
UNIDADE I │DIREITO ELETRÔNICO

I - redução de 95% (noventa e cinco por cento) do imposto devido, de 1o


de janeiro de 2004 até 31 de dezembro de 2014;

II - redução de 90% (noventa por cento) do imposto devido, de 1o de


janeiro até 31 de dezembro de 2015;

III - redução de 70% (setenta por cento) do imposto devido, de 1o de


janeiro de 2016 até 31 de dezembro de 2019, quando será extinto.

§ 6o O Poder Executivo poderá atualizar o valor fixado no § 5o deste


artigo.

§ 7o Os benefícios de que trata o § 5o deste artigo aplicam-se, também,


aos bens desenvolvidos no País, que sejam incluídos na categoria de
bens de informática e automação por esta Lei, conforme regulamento.”
(NR)

Art. 9o

Parágrafo Único. Na eventualidade de os investimentos em atividades


de pesquisa e desenvolvimento previstos no art. 11 desta Lei não
atingirem, em um determinado ano, os mínimos fixados, os residuais,
atualizados e acrescidos de 12% (doze por cento), deverão ser aplicados
no Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Setor de Tecnologia da
Informação, de que trata o § 18 do art. 11 desta Lei.” (NR)

Art. 11. Para fazer jus aos benefícios previstos no art. 4o desta Lei, as
empresas de desenvolvimento ou produção de bens e serviços de
informática e automação deverão investir, anualmente, em atividades
de pesquisa e desenvolvimento em tecnologia da informação a serem
realizadas no País, no mínimo 5% (cinco por cento) do seu faturamento
bruto no mercado interno, decorrente da comercialização de bens e
serviços de informática, incentivados na forma desta Lei, deduzidos os
tributos correspondentes a tais comercializações, bem como o valor das
aquisições de produtos incentivados na forma desta Lei ou do art. 2o da
Lei no 8.387, de 30 de dezembro de 1991, conforme projeto elaborado
pelas próprias empresas, a partir da apresentação da proposta de
projeto de que trata o § 1oC do art. 4o desta Lei.

§ 6o

IV - em 20% (vinte por cento), de 1o de janeiro de 2004 até 31 de


dezembro de 2014;

26
DIREITO ELETRÔNICO│ UNIDADE I

V - em 25% (vinte e cinco por cento), de 1o de janeiro até 31 de dezembro


de 2015;

VI - em 30% (trinta por cento), de 1o de janeiro de 2016 até 31 de


dezembro de 2019.

§ 7o Tratando-se de investimentos relacionados à comercialização de


bens de informática e automação produzidos na região Centro-Oeste e
nas regiões de influência da Agência de Desenvolvimento da Amazônia –
ADA e da Agência de Desenvolvimento do Nordeste – ADENE, a redução
prevista no § 6o deste artigo obedecerá aos seguintes percentuais:

III - em 13% (treze por cento), de 1o de janeiro de 2004 até 31 de


dezembro de 2014;

IV - em 18% (dezoito por cento), de 1o de janeiro até 31 de dezembro de


2015;

V - em 23% (vinte e três por cento), de 1o de janeiro de 2016 até 31 de


dezembro de 2019.

§ 11. O disposto no § 1o deste artigo não se aplica às empresas cujo


faturamento bruto anual seja inferior a R$ 15.000.000,00 (quinze
milhões de reais).

§ 13. Para as empresas beneficiárias, na forma do § 5o do art. 4o desta


Lei, fabricantes de microcomputadores portáteis e de unidades
de processamento digitais de pequena capacidade baseadas em
microprocessadores, de valor até R$ 11.000,00 (onze mil reais), bem
como de unidades de discos magnéticos e ópticos, circuitos impressos
com componentes elétricos e eletrônicos montados, gabinetes e fontes
de alimentação, reconhecíveis como exclusiva ou principalmente
destinados a tais equipamentos, e exclusivamente sobre o faturamento
bruto decorrente da comercialização desses produtos no mercado
interno, os percentuais para investimentos estabelecidos neste artigo
serão reduzidos em 50% (cinquenta por cento) até 31 de dezembro de
2006.

§ 15. O Poder Executivo poderá alterar os valores referidos nos §§ 11 e


13 deste artigo.

§ 16. Os Ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior,


da Fazenda e da Ciência e Tecnologia divulgarão, a cada 2 (dois)

27
UNIDADE I │DIREITO ELETRÔNICO

anos, relatórios com os resultados econômicos e técnicos advindos da


aplicação desta Lei no período.

§ 17. Nos tributos correspondentes às comercializações de que trata o


caput deste artigo, incluem-se as Contribuições para o Financiamento
da Seguridade Social – COFINS e para os Programas de Integração
Social – PIS e de Formação do Patrimônio do Servidor Público – Pasep.

§ 18. Observadas as aplicações previstas nos §§ 1o e 3o deste artigo, até


2/3 (dois terços) do complemento de 2,7% (dois inteiros e sete décimos
por cento) do faturamento mencionado no caput deste artigo poderão
também ser aplicados sob a forma de recursos financeiros em Programa
de Apoio ao Desenvolvimento do Setor de Tecnologia da Informação, a
ser regulamentado pelo Poder Executivo.»(NR)

Art. 16-A

§ 2o

II - unidades de saída por vídeo (monitores), da subposição NCM


8471.60, próprias para operar com máquinas, equipamentos ou
dispositivos a que se refere o inciso II do caput deste artigo.

§ 3o O Poder Executivo adotará medidas para assegurar as condições


previstas neste artigo, inclusive, se necessário, fixando cotas regionais
para garantir o equilíbrio competitivo entre as diversas regiões do País,
consubstanciadas na avaliação do impacto na produção de unidades
de saída por vídeo (monitores), incentivados na forma desta Lei, da
Lei no 8.387, de 30 de dezembro de 1991, e do Decreto-Lei no 288, de
28 de fevereiro de 1967, da subposição NCM 8471.60, tendo em vista
a evolução da tecnologia de produto e a convergência no uso desses
produtos, bem como os incentivos fiscais e financeiros de qualquer
outra natureza, para este fim.

§ 4o Os aparelhos telefônicos por fio, conjugados com aparelho


telefônico sem fio, que incorporem controle por técnicas digitais, serão
considerados bens de informática e automação para os efeitos previstos
nesta Lei, sem a obrigação de realizar os investimentos previstos no § 1o
do art. 11 desta Lei.

§ 5o Os aparelhos de que trata o § 4o deste artigo, quando industrializados


na Zona Franca de Manaus, permanecerão incluídos nos efeitos
previstos no art. 7o e no art. 9o do Decreto-Lei no 288, de 28 de fevereiro

28
DIREITO ELETRÔNICO│ UNIDADE I

de 1967, sem a obrigação de realizar os investimentos previstos no § 3o


do art. 2o da Lei no 8.387, de 30 de dezembro de 1991.” (NR)

Art. 2o O art. 2o da Lei no 8.387, de 30 de dezembro de 1991, passa a


vigorar com as seguintes alterações:

Art. 2o

§ 2o-A Os bens de que trata este artigo serão os mesmos da relação


prevista no § 1o do art. 4o da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991,
respeitado o disposto no art. 16-A dessa mesma Lei.

§ 3o Para fazer jus aos benefícios previstos neste artigo, as empresas que
tenham como finalidade a produção de bens e serviços de informática
deverão aplicar, anualmente, no mínimo 5% (cinco por cento) do seu
faturamento bruto no mercado interno, decorrente da comercialização
de bens e serviços de informática incentivados na forma desta Lei,
deduzidos os tributos correspondentes a tais comercializações, bem
como o valor das aquisições de produtos incentivados na forma do § 2o
deste artigo ou da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991, em atividades
de pesquisa e desenvolvimento a serem realizadas na Amazônia,
conforme projeto elaborado pelas próprias empresas, com base em
proposta de projeto a ser apresentada à Superintendência da Zona
Franca de Manaus – SUFRAMA e ao Ministério da Ciência e Tecnologia.

§ 10. Na eventualidade de os investimentos em atividades de pesquisa


e desenvolvimento previstos neste artigo não atingirem, em um
determinado ano, os mínimos fixados, os residuais, atualizados e
acrescidos de 12% (doze por cento), deverão ser aplicados no Programa
de Apoio ao Desenvolvimento do Setor de Tecnologia da Informação na
Amazônia, de que trata o § 18 deste artigo.

§ 11. O disposto no § 4o deste artigo não se aplica às empresas cujo


faturamento bruto anual seja inferior a R$ 15.000.000,00 (quinze
milhões de reais).

§ 13. Para as empresas beneficiárias, fabricantes de microcomputadores


portáteis e de unidades de processamento digitais de pequena
capacidade baseadas em microprocessadores, de valor até R$ 11.000,00
(onze mil reais), bem como de unidades de discos magnéticos e ópticos,
circuitos impressos com componentes elétricos e eletrônicos montados,
gabinetes e fontes de alimentação, reconhecíveis como exclusiva ou
principalmente destinados a tais equipamentos, e exclusivamente sobre

29
UNIDADE I │DIREITO ELETRÔNICO

o faturamento bruto decorrente da comercialização desses produtos


no mercado interno, os percentuais para investimentos estabelecidos
neste artigo serão reduzidos em 50% (cinquenta por cento) até 31 de
dezembro de 2006.

§ 15. O Poder Executivo poderá alterar os valores referidos nos §§ 11 e


13 deste artigo.

§ 16. Os Ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior,


da Fazenda e da Ciência e Tecnologia divulgarão, a cada 2 (dois)
anos, relatórios com os resultados econômicos e técnicos advindos da
aplicação desta Lei no período.

§ 17. Nos tributos correspondentes às comercializações de que trata o


§ 3o deste artigo, incluem-se as Contribuições para o Financiamento da
Seguridade Social – COFINS e para os Programas de Integração Social
– PIS e de Formação do Patrimônio do Servidor Público – Pasep.

§ 18. Observadas as aplicações previstas nos §§ 4o e 5o deste artigo, até


2/3 (dois terços) do complemento de 2,7% (dois inteiros e sete décimos
por cento) do faturamento mencionado no § 3o deste artigo poderão
também ser aplicados sob a forma de recursos financeiros em Programa
de Apoio ao Desenvolvimento do Setor de Tecnologia da Informação na
Amazônia, a ser regulamentado pelo Poder Executivo.” (NR)

Art. 3o O art. 11 da Lei no 10.176, de 11 de janeiro de 2001, passa a vigorar


com a seguinte redação:

Art. 11. Para os bens de informática e automação produzidos na região


Centro-Oeste e nas regiões de influência da Agência de Desenvolvimento
da Amazônia - ADA e da Agência de Desenvolvimento do Nordeste
– ADENE, o benefício da redução do Imposto sobre Produtos
Industrializados – IPI, de que trata a Lei no 8.248, de 23 de outubro de
1991, deverá observar os seguintes percentuais:

I - redução de 95% (noventa e cinco por cento) do imposto devido, de 1o


de janeiro de 2004 até 31 de dezembro de 2014;

II - redução de 90% (noventa por cento) do imposto devido, de 1o de


janeiro até 31 de dezembro de 2015; e

III - redução de 85% (oitenta e cinco por cento) do imposto devido, de


1o de janeiro de 2016 até 31 de dezembro de 2019, quando será extinto.

30
DIREITO ELETRÔNICO│ UNIDADE I

§ 1o O disposto neste artigo não se aplica a microcomputadores portáteis


e às unidades de processamento digitais de pequena capacidade
baseadas em microprocessadores, de valor até R$ 11.000,00 (onze
mil reais), bem como às unidades de discos magnéticos e ópticos, aos
circuitos impressos com componentes elétricos e eletrônicos montados,
aos gabinetes e às fontes de alimentação, reconhecíveis como exclusiva
ou principalmente destinados a tais equipamentos, as quais usufruem,
até 31 de dezembro de 2014, o benefício da isenção do Imposto sobre
Produtos Industrializados – IPI que, a partir dessa data, fica convertido
em redução do Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI,
observados os seguintes percentuais:

I - redução de 95% (noventa e cinco por cento) do imposto devido, de 1o


de janeiro até 31 de dezembro de 2015;

II - redução de 85% (oitenta e cinco por cento) do imposto devido, de 1o


de janeiro de 2016 até 31 de dezembro de 2019.

§ 2o O Poder Executivo poderá atualizar o valor fixado no § 1o deste


artigo.

§ 3o Para as empresas beneficiárias, na forma do § 1o deste artigo,


fabricantes de microcomputadores portáteis e de unidades de
processamento digitais de pequena capacidade baseadas em
microprocessadores, de valor até R$ 11.000,00 (onze mil reais), bem
como de unidades de discos magnéticos e ópticos, circuitos impressos
com componentes elétricos e eletrônicos montados, gabinetes e fontes
de alimentação, reconhecíveis como exclusiva ou principalmente
destinados a tais equipamentos, e exclusivamente sobre o faturamento
bruto decorrente da comercialização destes produtos no mercado
interno, os percentuais para investimentos estabelecidos no § 7o do art.
11 da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991, serão reduzidos em 50%
(cinquenta por cento) até 31 de dezembro de 2006.

§ 4o Os benefícios de que trata o § 1o deste artigo aplicam-se, também,


aos bens desenvolvidos no País e produzidos na Região Centro-Oeste e
nas regiões de influência da Agência de Desenvolvimento da Amazônia
– ADA e da Agência de Desenvolvimento do Nordeste – ADENE, que
sejam incluídos na categoria de bens de informática e automação pela
Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991, conforme regulamento.” (NR)

31
UNIDADE I │DIREITO ELETRÔNICO

Art. 4o Os débitos decorrentes da não realização, total ou parcial, a


qualquer título, até o período encerrado em 31 de dezembro de 2003,
de aplicações relativas ao investimento compulsório anual em pesquisa
e desenvolvimento tecnológico, de que tratam o art. 11 da Lei no 8.248,
de 23 de outubro de 1991, e os §§ 3o e 5o do art. 2o da Lei no 8.387,
de 30 de dezembro de 1991, poderão ser objeto de parcelamento em
até 48 (quarenta e oito) parcelas mensais e consecutivas, conforme
regulamento. (Regulamento).

§ 1o Os débitos a que se refere este artigo serão corrigidos pela Taxa de


Juros de Longo Prazo – TJLP.

§ 2o Na hipótese da não realização de qualquer pagamento decorrente do


parcelamento previsto no caput deste artigo, será suspensa a concessão
dos benefícios previstos nesta Lei, sem prejuízo do ressarcimento
integral dos benefícios anteriormente usufruídos, atualizado e acrescido
das multas pecuniárias aplicáveis aos débitos fiscais relativos aos
tributos da mesma natureza.

Art. 5o As obrigações de investimentos em pesquisa e desenvolvimento


de que trata o art. 2o da Lei no 8.387, de 30 de dezembro de 1991, ficam
reduzidas em 50% (cinquenta por cento) no período de 14 de dezembro
de 2000 a 31 de dezembro de 2001.

Parágrafo Único. Os investimentos em pesquisa e desenvolvimento,


realizados no período de que trata o caput deste artigo, que excederem
o mínimo fixado poderão ser utilizados para comprovar o cumprimento
das obrigações decorrentes da fruição dos incentivos em outros
períodos.

Art. 6o Fica restaurada, a partir de 30 de dezembro de 2003, a vigência


dos §§ 1o ao 14 do art. 11 da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991, e
dos §§ 1o ao 14 do art. 2o da Lei no 8.387, de 30 de dezembro de 1991,
ressalvadas as modificações previstas nesta Lei.

Art. 7o A 1ª (primeira) avaliação de que trata o § 3o do art. 16-A da Lei


no 8.248, de 23 de outubro de 1991, com a redação dada por esta Lei,
será apresentada em até 180 (cento e oitenta) dias, contados da data de
publicação desta Lei, e se repetirá, a partir de então, anualmente.

Art. 8o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

32
DIREITO ELETRÔNICO│ UNIDADE I

Faz-se mister ressaltar que a “informática não é neutra, isto é, traz em si a cultura
de quem a originou. Portanto, é fundamental que cada país exerça crítica sobre
as informações que lhe atravessam as fronteiras [...]. O país que não se preocupa
com o controle das informações estratégicas que utiliza corre o risco de se tornar
intoleravelmente dependente, por meio das telecomunicações dos interesses de grupos
políticos e econômicos fora de suas fronteiras”.7 (DANTAS, 1988, p. 235)

Após reflexão da evolução da informática e sua regulamentação na legislação brasileira,


o primeiro tópico polêmico que pode ser desenvolvido é o equívoco no que se refere à
utilização do meio de prova e sua relação com a informática e o ambiente virtual.

A Constituição Federal é clara ao estabelecer que as provas são permitidas e admitidas;


a única ressalva diz respeito à forma, meio de obtê-la, que não pode ser ilícito. No que
se refere à legislação brasileira e à prova eletrônica:

Não há nenhuma legislação brasileira que proíba ou vete a utilização


de prova eletrônica. Ao contrário, o Código Civil e o Código de Processo
Civil aceitam completamente o seu uso, desde que sejam atendidos
alguns padrões técnicos de coleta e guarda, para evitar que esta tenha
sua integridade questionada ou que tenha sido obtida por meio ilícito.
Logo, o que realmente existe, novamente, é o preconceito quanto ao
tipo de prova, pois todos nós temos medo (insegurança) daquilo que
não conhecemos.8

Outro aspecto em discussão que gera polemica é a privacidade do usuário e o limite de


interferência e como isso afeta as mais variadas formas de relação humana, inclusive
a trabalhista, quando tratamos dos e-mails recebidos e remetidos no ambiente de
trabalho pelos funcionários e o posicionamento do empregador na verificação e no
acesso a estes.

Outra situação que se desenvolve de forma surpreendente no mundo virtual é o que


chamamos de processo de obtenção e comercialização de informações pessoais. As
informações obtidas são importantes e relevantes para uma gama enorme de pessoas e
instituições, como empresas, instituições publicas e privadas, setores da sociedade e para
o próprio Estado, todos em prol da melhoria e realização de seus próprios interesses,
seja de arrecadar indivíduos para certas situações, seja para aperfeiçoamento próprio
da empresa e instituição dentro da sociedade. Informação é conhecer, é se adiantar aos
demais no mundo competitivo.

7 DANTAS, Vera, 1988, Guerrilha Tecnológica: a verdadeira história da política nacional de informática. Rio de Janeiro, LTC.
Disponível em: <http://www.mci.org.br/biblioteca/ guerrilha_tecnologica.pdf>
8 PINHEIRO, Patrícia Peck. Direito Digital. 4. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 208.

33
UNIDADE I │DIREITO ELETRÔNICO

Mas esse processo de coleta e fornecimento de informações pessoais pode servir de


auxílio a setor setores da sociedade. Envolve a privacidade e inúmeros direitos que
devem e merecem ser respeitos, conforme afirma a própria legislação brasileira.

Reinaldo Demócrito Filho deixa assente que “(...) se, por um lado, a coleta de informações
pessoais pode favorecer negócios, facilitar decisões governamentais ou mesmo melhorar
a qualidade de vida material da sociedade como um todo, outros valores necessitam ser
considerados à luz da privacidade individual ”.9

Têmis Limberger traz uma importante acepção acerca da relação entre informática e
direito à intimidade:

A relação entre o direito à intimidade e a informática também apresenta


um lado negativo e positivo. O primeiro se configuraria com relação
ao resguardo geral dos dados, em particular dos dados sensíveis. Já o
segundo se caracteriza pelo direito ao acesso aos dados e pelo direito ao
esquecimento. Esse último é cada vez mais difícil de ocorrer, devido ao
armazenamento dos dados por longos períodos.10

O que seriam estes dados pessoais? “(...) O dado pessoal é uma informação que permite
identificar uma pessoa de maneira direta. A proteção do dado sensível tenta prevenir
ou eliminar discriminações. Pode-se dizer que é uma nova leitura do princípio da
igualdade, e sua intenção é a de que os dados armazenados não sirvam para prejudicar
pessoas”.11

No que tange aos dados sensíveis, a mesma autora assim explica:

Os dados de caráter pessoal contêm informação das pessoas físicas


que permitem sua identificação no momento ou posteriormente. Na
sociedade tecnológica, os cadastros armazenam alguns dados que
possuem um caráter especial e, por isso, são denominados dados
sensíveis. Tais dados podem referir-se a questões como ideologia,
relegião ou crença, origem racial, saúde ou vida sexual. Exige-se que os
cadastros que os armazenem contenham uma segurança especial, como
forma de evitar que sejam mal utilizados.12

Há informações que são coletadas e repassadas que possuem uma finalidade especial.
Estas se constroem em torno de pessoas identificáveis ou Personally Identifiable
9 REINALDO FILHO, Demócrito (coord.). Direito da Informática – temas polêmicos. 1a ed., Bauru: Edipro, 2002.
10 LIMBERGER, Têmis. O Direito à Intimidade na Era da Informática: a necessidade de proteção dos dados pessoais. Porto
Alegre: Livraria do Advogado, 2007. p. 54.
11 LIMBERGER, Têmis. O Direito à Intimidade na Era da Informática: a necessidade de proteção dos dados pessoais. Porto
Alegre: Livraria do Advogado, 2007. p. 61.
12 LIMBERGER, Têmis. O Direito à Intimidade na Era da Informática: a necessidade de proteção dos dados pessoais. Porto
Alegre: Livraria do Advogado, 2007, p. 61.

34
DIREITO ELETRÔNICO│ UNIDADE I

Information (PII), para que sejam elaborados os perfis com base no cruzamento de
dados, como os referentes aos seus dados. Assim, buscam certas empresas ou instituições
fornecer um atendimento personalizado, evitando a perda de tempo e facilitando as
negociações.

Novas questões surgem com a utilização da Internet. É o caso das


comunicações pessoais, da manipulação de dados, do cruzamento de
informações de banco de dados diferentes. Hoje, existem agências
de informações que são montadas com o único objetivo de vender
informação a respeito de qualquer coisa. Diante disso, a Internet é uma
ferramenta perigosa, quando utilizada indevidamente, para preservação
da esfera íntima do indivíduo.13

Proteção jurídica do software


A Lei no 9.609, de 1998, em seu art. 1o, define programa de computador, sendo que esse
artigo, em verdade, é uma repetição do parágrafo único do art. 1o da Lei no 7.646, de 1987.

Programa de computador é a expressão de um conjunto organizado


de instruções em linguagem natural ou codificada, contida em suporte
físico de qualquer natureza, de emprego necessário em máquinas
automáticas de tratamento da informação, dispositivos, instrumentos
ou equipamentos periféricos, baseados em técnica digital ou análoga,
para fazê-los funcionar de modo e para fins determinados.

A Secretaria Especial de Informática, no Relatório da Comissão Especial de Automação


de Escritórios, explicita que: “Estima-se que somente 1% de todo o software existente
no mundo pode ser considerado como original e inovativo para ser caracterizado como
patente”. Justamente por isso que os esforços para que os programas de computador
fossem resguardados pelas patentes foram improdutivos e não tiveram êxito pela
ausência da originalidade, sendo tutelados pelos direitos autorais.
A Lei no 7.232/1984 foi a primeira a dispor sobre o cadastramento de programas
de computador, sendo alterada, mais tarde, pelo Decreto-Lei no 2.203/1984. Essas
legislações ressaltavam além da questão da proteção da criação intelectual, mas também
da comercialização no país, tanto com produtos nacionais quanto estrangeiros, criando
regimes diferenciados, face da então orientação de reserva de mercado.
Em 1987, publica-se a Lei no 7.646, instituindo-se o registro de programas de computador
perante o Conselho Nacional de Informática – CONIN, o qual se vincula à Secretaria
Especial de Informática – SEI. A proteção atual encontra-se na Lei no 9.609/1998, que
13 MORI, Michele Keiko. Direito à intimidade versus informática. Curitiba: Juruá, 2010. p. 90-91.

35
UNIDADE I │DIREITO ELETRÔNICO

dispõe sobre a proteção da propriedade intelectual de programa de computador, sua


comercialização no País, e dá outras providências
A Lei no 9.610/1998 é a Lei do Direito Autoral. Em seu art. 41, aduz que os Direitos
Patrimoniais do autor perduram por 70 (setenta) anos, contados de 1o de janeiro do ano
subsequente a de seu falecimento.
Assim, cabe esclarecer que, primeiro, aplica-se a Lei do Software e, subsidiariamente,
aplica-se a Lei de Direitos de Autor. Seria um regime considerado sui generes na lei do
autor que pode sofrer exploração econômica como propriedade.

36
CAPÍTULO 3
Crimes Eletrônicos

Os atos ou as atividades considerados crime de informática, em geral, são aqueles que


se realizam em prejuízo e de maneira ilícita a sistemas de informática ou se utilizando
deste.

Haveria uma divisão dentro dessa nomenclatura genérica dos crimes de informática,
alguns doutrinadores e estudiosos do direito os separam em crimes de informática
próprios e crimes de informática impróprios.

No primeiro grupo, estariam aqueles que, para se configurarem, somente podem


ser no meio do ambiente virtual ou na seara da informática, ou seja, essa seara seria
considerada o meio de realizar a prática delituosa e nesta, também, se concentraria a
própria finalidade do crime. Seriam novas formas criminosas que teriam sido criadas a
partir das inovações tecnológicas e que passaram a exigir regulamentação.

Já no outro caso, estaríamos lidando com os crimes de informática impróprios,


conceituados como os que poderiam se realizar originariamente em qualquer ambiente,
porém o meio escolhido é o da informática ou virtual, ou seja, este apenas serve de
meio, mas não se articula como critério fundamental.

Colares (apud GOUVEIA, 2007) apresenta outra classificação dos crimes cometidos
com o uso do computador. Crimes eletrônicos – crimes tradicionais nos quais a Internet
é utilizada como meio para a sua prática, entre eles: pornografia infantil, racismo,
ofensas morais, plágio e incitação à violência e crimes informáticos – práticas ofensivas
que têm como fim a lesão de dados ou sistemas computacionais, especialidade dos
hackers, que não têm previsão legal no Brasil e, portanto, não poderiam ser chamados
de “crimes” no sentido jurídico da palavra.14

Em 2012, duas leis de extrema relevância foram publicas e trouxeram importantes


disposições acerca dos crimes cibernéticos, a Lei no 12.735 e a Lei no 12.737.

A Lei 12.735/2012 incluiu um novo dispositivo na Lei de Combate ao Racismo (Lei


no 7.716/1989), para obrigar que mensagens com conteúdo racista sejam excluídas de
forma imediata da Internet, da rede.

Alterou, também, outras legislações, como o Decreto-Lei no 2.848, de 7


de dezembro de 1940 – Código Penal, o Decreto-Lei no 1.001, de 21 de
14 GOUVEIA, Flávia. Tecnologia a serviço do crime. BR – Notícias do Brasil. Disponível em: <http://www.cienciaecultura.bvs.
br/pdf/cic/v59n1/aobv59n1.pdf>.

37
UNIDADE I │DIREITO ELETRÔNICO

outubro de 1969 – Código Penal Militar, e a Lei no 7.716, de 5 de janeiro


de 1989, para tipificar condutas realizadas mediante uso de sistema
eletrônico, digital ou similares.

LEI No 12.735, DE 30 DE NOVEMBRO DE 2012

Mensagem de veto Vigência

Altera o Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código


Penal, o Decreto-Lei no 1.001, de 21 de outubro de 1969 – Código Penal
Militar, e a Lei no 7.716, de 5 de janeiro de 1989, para tipificar condutas
realizadas mediante uso de sistema eletrônico, digital ou similares,
que sejam praticadas contra sistemas informatizados e similares; e dá
outras providências.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional


decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o Esta Lei altera o Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de


1940 – Código Penal, o Decreto-Lei no 1.001, de 21 de outubro de 1969
– Código Penal Militar, e a Lei no 7.716, de 5 de janeiro de 1989, para
tipificar condutas realizadas mediante uso de sistema eletrônico, digital
ou similares, que sejam praticadas contra sistemas informatizados e
similares; e dá outras providências.

Art. 2o (VETADO)

Art. 3o (VETADO)

Art. 4o Os órgãos da polícia judiciária estruturarão, nos termos de


regulamento, setores e equipes especializadas no combate à ação
delituosa em rede de computadores, dispositivo de comunicação ou
sistema informatizado.

Art. 5o O inciso II do § 3o do art. 20 da Lei no 7.716, de 5 de janeiro de


1989, passa a vigorar com a seguinte redação:

Art. 20.

§ 3o

II - a cessação das respectivas transmissões radiofônicas, televisivas,


eletrônicas ou da publicação por qualquer meio;” (NR)

Art. 6o Esta Lei entra em vigor após decorridos 120 (cento e vinte) dias
de sua publicação oficial.

38
DIREITO ELETRÔNICO│ UNIDADE I

A Lei no 12.737/2012, conhecida como Lei Carolina Dieckmann, tipifica os seguintes


crimes: invasão de computadores para obter vantagem ilícita; falsificação de cartões
e de documentos particulares; interrupção ou perturbação de serviço telegráfico,
telefônico, informático, telemático ou de informação de utilidade pública.

LEI No 12.737, DE 30 DE NOVEMBRO DE 2012

Vigência

Dispõe sobre a tipificação criminal de delitos informáticos; altera o


Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal; e dá
outras providências.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional


decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o Esta Lei dispõe sobre a tipificação criminal de delitos informáticos


e dá outras providências.

Art. 2o O Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código


Penal, fica acrescido dos seguintes arts. 154-A e 154-B:

“Invasão de dispositivo informático

Art. 154-A. Invadir dispositivo informático alheio, conectado ou não


à rede de computadores, mediante violação indevida de mecanismo
de segurança e com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou
informações sem autorização expressa ou tácita do titular do dispositivo
ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita:

Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.

§ 1o Na mesma pena incorre quem produz, oferece, distribui, vende


ou difunde dispositivo ou programa de computador com o intuito de
permitir a prática da conduta definida no caput.

§ 2o Aumenta-se a pena de um sexto a um terço se da invasão resulta


prejuízo econômico.

§ 3o Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo de comunicações


eletrônicas privadas, segredos comerciais ou industriais, informações
sigilosas, assim definidas em lei, ou o controle remoto não autorizado
do dispositivo invadido:

Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a conduta


não constitui crime mais grave.

39
UNIDADE I │DIREITO ELETRÔNICO

§ 4o Na hipótese do § 3o, aumenta-se a pena de um a dois terços se


houver divulgação, comercialização ou transmissão a terceiro, a
qualquer título, dos dados ou informações obtidos.

§ 5o Aumenta-se a pena de um terço à metade se o crime for praticado


contra:

I - Presidente da República, governadores e prefeitos;

II - Presidente do Supremo Tribunal Federal;

III - Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de


Assembleia Legislativa de Estado, da Câmara Legislativa do Distrito
Federal ou de Câmara Municipal; ou

IV - dirigente máximo da administração direta e indireta federal,


estadual, municipal ou do Distrito Federal.”

“Ação penal

Art. 154-B. Nos crimes definidos no art. 154-A, somente se procede


mediante representação, salvo se o crime é cometido contra a
administração pública direta ou indireta de qualquer dos Poderes da
União, Estados, Distrito Federal ou Municípios ou contra empresas
concessionárias de serviços públicos.”

Art. 3o Os arts. 266 e 298 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de


1940 – Código Penal, passam a vigorar com a seguinte redação:

“Interrupção ou perturbação de serviço telegráfico, telefônico,


informático, telemático ou de informação de utilidade pública

Art. 266.

§ 1o Incorre na mesma pena quem interrompe serviço telemático


ou de informação de utilidade pública, ou impede ou dificulta-lhe o
restabelecimento.

§ 2o Aplicam-se as penas em dobro se o crime for cometido por ocasião


de calamidade pública.” (NR)

“Falsificação de documento particular

Art. 298.

Falsificação de cartão

40
DIREITO ELETRÔNICO│ UNIDADE I

Parágrafo Único. Para fins do disposto no caput, equipara-se a


documento particular o cartão de crédito ou de débito.” (NR)

Art. 4o Esta Lei entra em vigor após decorridos 120 (cento e vinte) dias
de sua publicação oficial.

Existem outras legislação de grande importância para área do Direito


Processual Penal, como a Lei no 11.900/2009, a qual permite a
realização de atos processuais e, inclusive, interrogatório por meio de
videoconferência.

LEI No 11.900, DE 8 DE JANEIRO DE 2009

Altera dispositivos do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 –


Código de Processo Penal, para prever a possibilidade de realização de
interrogatório e outros atos processuais por sistema de videoconferência,
e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte


Lei:

Art. 1o Os arts. 185 e 222 do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de


1941 – Código de Processo Penal, passam a vigorar com as seguintes
alterações:

“Art. 185.

§ 1o O interrogatório do réu preso será realizado, em sala própria, no


estabelecimento em que estiver recolhido, desde que estejam garantidas
a segurança do juiz, do membro do Ministério Público e dos auxiliares
bem como a presença do defensor e a publicidade do ato.

§ 2o Excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamentada, de ofício


ou a requerimento das partes, poderá realizar o interrogatório do réu
preso por sistema de videoconferência ou outro recurso tecnológico de
transmissão de sons e imagens em tempo real, desde que a medida seja
necessária para atender a uma das seguintes finalidades:

I - prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita


de que o preso integre organização criminosa ou de que, por outra
razão, possa fugir durante o deslocamento;

41
UNIDADE I │DIREITO ELETRÔNICO

II - viabilizar a participação do réu no referido ato processual, quando


haja relevante dificuldade para seu comparecimento em juízo, por
enfermidade ou outra circunstância pessoal;

III - impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da


vítima, desde que não seja possível colher o depoimento destas por
videoconferência, nos termos do art. 217 deste Código;

IV - responder à gravíssima questão de ordem pública.

§ 3o Da decisão que determinar a realização de interrogatório por


videoconferência, as partes serão intimadas com 10 (dez) dias de
antecedência.

§ 4o Antes do interrogatório por videoconferência, o preso poderá


acompanhar, pelo mesmo sistema tecnológico, a realização de todos
os atos da audiência única de instrução e julgamento de que tratam os
arts. 400, 411 e 531 deste Código.

§ 5o Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz garantirá ao


réu o direito de entrevista prévia e reservada com o seu defensor; se
realizado por videoconferência, fica também garantido o acesso a canais
telefônicos reservados para comunicação entre o defensor que esteja no
presídio e o advogado presente na sala de audiência do Fórum, e entre
este e o preso.

§ 6o A sala reservada no estabelecimento prisional para a realização de


atos processuais por sistema de videoconferência será fiscalizada pelos
corregedores e pelo juiz de cada causa, como também pelo Ministério
Público e pela Ordem dos Advogados do Brasil.

§ 7o Será requisitada a apresentação do réu preso em juízo nas hipóteses


em que o interrogatório não se realizar na forma prevista nos §§ 1o e 2o
deste artigo.

§ 8o Aplica-se o disposto nos §§ 2o, 3o, 4o e 5o deste artigo, no que couber,


à realização de outros atos processuais que dependam da participação
de pessoa que esteja presa, como acareação, reconhecimento de pessoas
e coisas, e inquirição de testemunha ou tomada de declarações do
ofendido.

§ 9o Na hipótese do § 8o deste artigo, fica garantido o acompanhamento


do ato processual pelo acusado e seu defensor.” (NR)

42
DIREITO ELETRÔNICO│ UNIDADE I

“Art. 222. .

§ 1o (VETADO)

§ 2o (VETADO)

§ 3o Na hipótese prevista no caput deste artigo, a oitiva de testemunha


poderá ser realizada por meio de videoconferência ou outro recurso
tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, permitida
a presença do defensor e podendo ser realizada, inclusive, durante a
realização da audiência de instrução e julgamento.” (NR)

Art. 2o O Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 – Código de


Processo Penal, passa a vigorar acrescido do seguinte art. 222-A:

“Art. 222-A. As cartas rogatórias só serão expedidas se demonstrada


previamente a sua imprescindibilidade, arcando a parte requerente
com os custos de envio.

Parágrafo único. Aplica-se às cartas rogatórias o disposto nos §§ 1o e 2o


do art. 222 deste Código.”

Interessante salientar que a prática de duas formas de crimes de informática tiveram


um acréscimo, tanto os classificados como próprios quanto os impróprios.

Um exemplo de crime impróprio e que vem ocorrendo com bastante frequência no


ambiente virtual é o de injúria e de difamação, previstos no Código Penal. São crimes
que podem se concretizar na forma presencial ou virtual, não sendo o mesmo ambiente
o condicionador de sua tipificação ou não.

Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:

Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa.

Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:

Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa.

Houve, também, aumento de crimes de conotação sexual, em que são vitimados


menores de idade, recaindo a previsão deste como infração ao art. 241 do ECA, Lei no
8.069/1996. São os chamados mais comumente como crimes de pedofilia.

Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro registro que
contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou
adolescente: (Redação dada pela Lei no 11.829, de 2008)

43
UNIDADE I │DIREITO ELETRÔNICO

Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada


pela Lei no 11.829, de 2008)

Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir,


publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de sistema
de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que
contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou
adolescente: (Incluído pela Lei no 11.829, de 2008)

Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela Lei


no 11.829, de 2008)

§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei no 11.829, de


2008)

I - assegura os meios ou serviços para o armazenamento das fotografias,


cenas ou imagens de que trata o caput deste artigo; (Incluído pela Lei
no 11.829, de 2008)

II - assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de computadores às


fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste artigo. (Incluído
pela Lei no 11.829, de 2008)

§ 2o As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1o deste artigo


são puníveis quando o responsável legal pela prestação do serviço,
oficialmente notificado, deixa de desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito
de que trata o caput deste artigo. (Incluído pela Lei no 11.829, de 2008)

Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio,


fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de sexo
explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente: (Incluído
pela Lei no 11.829, de 2008)

Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído pela Lei


no 11.829, de 2008.

44
CAPÍTULO 4
Relações de Consumo

Com todas as mudanças ocorridas com a globalização e com as inovações tecnológicas,


seria inevitável que estas também atingissem ou influenciassem de maneiras variadas
o comércio. Surgindo este de forma diferenciada, apesar da essência ser a mesma,
estaríamos, assim, diante de um novo comércio eletrônico.

Importante acrescer que, muitas vezes, as empresas não cambiam de um modelo


presencial para o virtual, muitas, na contemporaneidade, já surgem em formato
eletrônico e sendo, em grande parte das vezes, a única forma pela qual esta se apresenta
ao consumidor.

Importa deixar assente que, no comércio eletrônico, aplicam-se as mesmas regras e os


mesmos princípios que são dirigidos ao comércio tradicional; esta não se isenta do teor
e alcance da Lei.

As distâncias foram reduzidas no mundo e o comércio não poderia se perder nesse


contexto. A comunicação foi drasticamente alterada e o comércio não poderia mais se
tornar refém de uma modalidade única e exclusivamente presencial.

Assim, o comércio cambia justamente com as novas repercussões e novos anseios sociais
de uma sociedade globalizada contemporânea. Os negócios, em geral, realizam-se com
maior rapidez, obtendo-se mais tempo para despender em outras searas, como na própria
concretização da negociação.

Como os contratos tradicionais, presenciais, a negociação também se divide em vários


momentos prévios e posteriores à contratação. O comércio virtual utiliza-se da das
homepages para apresentar seus produtos ou serviços e do correio eletrônico para se
comunicar com seu público consumidor interessado.

O e-commerce ou comércio eletrônico desenvolve-se a partir de sistemas e redes


eletrônicas que se estabelecem à distancia tanto para o caso de obtenção de produtos
quanto para aquisição de serviços.

Os contratos das negociações no comércio eletrônico também são considerados como


contratos de consumo que possuem sua prescrição normativa no Código de Defesa do
Consumidor (Lei no 8.078/1990).

45
UNIDADE I │DIREITO ELETRÔNICO

O Código de Defesa do consumidor aplica-se a tais relação, por ser notória sua natureza
consumerista, independente do meio em que esta se realiza ou concretiza. Observa-se, ainda,
a presença de um parte fragilizada e vulnerável de um lado da negociação desenvolvida.

E o que seria uma relação de consumo, quais os elementos a configurariam? Sempre


nessa relação se conta com dois lados, por mais que sejam integrados por vários
indivíduos. Haveria, assim, o fornecedor (art. 3o, caput) e, na outra ponta, estaria o
consumidor (art. 2o), tendo por objeto o fornecimento de um produto ou serviço (art.
3o, §§ 1o e 2o).

O Código de Defesa do Consumidor descreve a figura do consumidor, fornecedor e


define o que seria o produto ou/e serviço objeto da negociação:

Art. 2o Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou


utiliza produto ou serviço como destinatário final.

Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas,


ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de
consumo.

Art. 3o Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada,


nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que
desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção,
transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização
de produtos ou prestação de serviços.

§ 1o Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.

§ 2o Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo,


mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira,
de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter
trabalhista.

Há princípios que protegem a relação de consumo que nunca podem ser olvidados ou
relaxados. São estes o princípio da vulnerabilidade, o princípio da boa-fé objetiva, o
princípio da transparência e o princípio do equilíbrio.

Esses princípios existem devido à consciência do legislador brasileiro que observou que,
em uma relação de consumo, muitas das vezes, não há uma troca equilibrada, em que
cada um possui seus direitos respeitados. Importa assim, assentar a importância dessas
prescrições principiológicas, para que se proteja aquele que aparece na negociação de
forma mais frágil e vulnerável.

46
DIREITO ELETRÔNICO│ UNIDADE I

A finalidade é evitar os desequilíbrios, estimular os negócios realizados com boa-fé, e


promover a função social do contrato, reduzindo as vulnerabilidade daqueles que se
encontram em um dos polos.

O Código de Defesa do Consumidor é taxativo ao descrever e conceituar o que seriam


práticas abusivas, lembrando que essa aplicação também se direciona ao comércio
virtual. O art. 39 especifica as referidas atividades a seguir.

SEÇÃO IV

Das Práticas Abusivas

Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, entre outras


práticas abusivas: (Redação dada pela Lei no 8.884, de 11/6/1994)

I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento


de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites
quantitativos;

II - recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata


medida de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade
com os usos e costumes;

III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer


produto, ou fornecer qualquer serviço;

IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em


vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe
seus produtos ou serviços;

V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;

VI - executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e


autorização expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de
práticas anteriores entre as partes;

VII - repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo


consumidor no exercício de seus direitos;

VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em


desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes
ou, se normas específicas não existirem, pela Associação Brasileira de
Normas Técnicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional
de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – Conmetro;

47
UNIDADE I │DIREITO ELETRÔNICO

IX - recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente


a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento,
ressalvados os casos de intermediação regulados em leis especiais;
(Redação dada pela Lei no 8.884, de 11.6.1994)

X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços. (Incluído


pela Lei no 8.884, de 11.6.1994)

XI - Dispositivo incluído pela MPV no 1.890-67, de 22/10/1999,


transformado em inciso XIII, quando da conversão na Lei no 9.870, de
23/11/1999

XII - deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou


deixar a fixação de seu termo inicial a seu exclusivo critério.(Incluído
pela Lei no 9.008, de 21/3/1995)

XIII - aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou


contratualmente estabelecido. (Incluído pela Lei no 9.870, de
23/11/1999)

Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos remetidos ou


entregues ao consumidor, na hipótese prevista no inciso III, equiparam-se
às amostras grátis, inexistindo obrigação de pagamento.

Em seguida, o Código de Defesa do Consumidor salienta quais as cláusulas que poderiam


ser consideradas como abusivas, quando verificadas no interior de um contrato de
consumo. No art. 51, passa a expor quais seriam estas.

SEÇÃO II

Das Cláusulas Abusivas

Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais
relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:

I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do


fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou
impliquem renúncia ou disposição de direitos. Nas relações de consumo
entre fornecedor e consumidor pessoa jurídica, a indenização poderá
ser limitada, em situações justificáveis;

II - subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga,


nos casos previstos neste código;

III - transfiram responsabilidades a terceiros;

48
DIREITO ELETRÔNICO│ UNIDADE I

IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que


coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam
incompatíveis com a boa-fé ou a equidade;

V - (Vetado);

VI - estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor;

VII - determinem a utilização compulsória de arbitragem;

VIII - imponham representante para concluir ou realizar outro negócio


jurídico pelo consumidor;

IX - deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato, embora


obrigando o consumidor;

X - permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação do preço


de maneira unilateral;

XI - autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem


que igual direito seja conferido ao consumidor;

XII - obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua


obrigação, sem que igual direito lhe seja conferido contra o fornecedor;

XIII - autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo


ou a qualidade do contrato, após sua celebração;

XIV - infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais;

XV - estejam em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor;

XVI - possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias


necessárias.

§ 1o Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem que:

I - ofende os princípios fundamentais do sistema jurídico a que pertence;

II - restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza


do contrato, de tal modo a ameaçar seu objeto ou equilíbrio contratual;

III - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor,


considerando-se a natureza e conteúdo do contrato, o interesse das
partes e outras circunstâncias peculiares ao caso.

49
UNIDADE I │DIREITO ELETRÔNICO

§ 2o A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o


contrato, exceto quando de sua ausência, apesar dos esforços de
integração, decorrer ônus excessivo a qualquer das partes.

§ 3o (Vetado).

§ 4o É facultado a qualquer consumidor ou entidade que o represente


requerer ao Ministério Público que ajuíze a competente ação para ser
declarada a nulidade de cláusula contratual que contrarie o disposto
neste código ou de qualquer forma não assegure o justo equilíbrio entre
direitos e obrigações das partes.

O contrato eletrônico não consiste numa nova modalidade contratual, mas, sim, numa
nova forma de sua celebração. Ou seja, ele se destaca do contrato convencional justamente
por ser um contrato celebrado a distância, fora do estabelecimento comercial. Existem
a oferta, a aceitação e o pagamento, que podem ser realizados por meio da Internet,
cuja contratação é classificada como a distância.

Os pressupostos de validade (agente capaz; objeto lícito, possível, determinado ou


determinável; forma prescrita ou não defesa em lei) dos contratos presenciais são os
mesmos que os dos contratos virtuais e se guiam pela mesma principiologia.

No que tange a essa necessidade de proteção dos contratos e negócios realizados


com o consumidor devido a sua vulnerabilidade, Cláudia Lima Marques traz um
posicionamento interessante relativo a esta no comércio eletrônico, fato que enseja
maior preocupação da legislação em concretizar a proteção do consumidor:

A importante pergunta que se coloca é se esse meio eletrônico realmente


aumentou o poder decisório do consumidor/cibernauta. A resposta é
novamente pós-moderna, dúbia, porque a Internet traz uma aparência
de liberdade, com o fim das discriminações que conhecemos e o fim dos
limites do mundo real, mas a vulnerabilidade do consumidor aumenta.
Como usuário da net, sua capacidade de controle fica diminuída, é guiado
por links e conexões, em transações ambiguamente coordenadas, recebe
as informações que desejam lhe fornecer, tem poucas possibilidades de
identificar simulações e “jogos”, de proteger sua privacidade e autoria,
de impor sua linguagem. Se há uma ampla capacidade de escolher, sua
informação é reduzida, a complexidade das transações aumenta, sua
privacidade diminui, sua segurança e confiança parece desintegrarem-se

50
DIREITO ELETRÔNICO│ UNIDADE I

em uma ambiguidade básica: pseudossoberania do indivíduo e sofisticação


do controle.15

Sergio Cavalieri Filho expõe o tema da confiança existente no comércio eletrônico:


“confiança é a credibilidade que o consumidor deposita no produto ou no vínculo
contratual como instrumento adequado para alcançar os fins que, razoavelmente, deles
se espera. Prestigia as legítimas expectativas do consumidor no contrato”.16 Podendo
ser observado que esse é um fator fundamental nas relações comerciais virtuais
contemporâneas.

O direito de arrependimento previsto no art. 49 do Código de Defesa do Consumidor


é uma das formas de proteção mais relevantes ao consumidor no que tange a forma de
contratação a distância, virtual, sendo uma segunda chance ao consumidor para refletir
sobre aquela compra após observar se as características do produto realmente eram
conforme o esperado ou mesmo no caso de ter realizado a negociação por impulso.

15 MARQUES, Claúdia Lima. Confiança no comércio eletrônico e a proteção do consumidor. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2004.
16 CAVALIERE FILHO, Sérgio. Programa de Responsabilidade Civil. SãoPaulo: Revista dos Tribunais,2002,p.486.

51
CAPÍTULO 5
Responsabilidade Civil e Privacidade

Inúmeras situações indesejadas, ilícitas e prejudiciais decorrem da utilização ou da


exposição da rede. Afetam, na maior parte das vezes, a privacidade do usuário da
Internet, na questão de violações de direitos autorais, coleta de informações pessoais,
conteúdos ilícitos ou lesivos à honra e à dignidade.

Nesse ínterim, surgem dúvidas e questionamentos em relação à responsabilidade civil


de cada ator ou elemento que integra ou participa dessas interações virtuais. De quem
seria a responsabilidade de indenizar caso configurado o dano, a extensão deste, os
meios de prova, além disso, como proteger a privacidade em ambiente tão suscetível e
exposto.

Assim, algumas definições se fazem oportunas para que se compreenda quem são esses
atores virtuais que podem ser responsabilizados e quais as atividades e os serviços
ofertados.

Por que se confundem, então, essas variadas espécies de provedores de serviço?

Boa parte dos principais provedores de serviços de Internet funcionam


como provedores de informação, conteúdo, hospedagem, acesso e
correio eletrônico. Exemplificando: um usuário de um grande provedor
de acesso comercial que acessa o web site da empresa, normalmente
conhecido como “portal”, terá à sua disposição informações
criadas pelos funcionários do provedor e por ele disponibilizadas e
armazenadas, utilizando, para tanto, os serviços de conexão oferecidos
por esse provedor. Em tal hipótese, a mesma empresa provê acesso
ao usuário, armazena e disponibiliza informações criadas por seus
próprios funcionários.17

Assim, podemos realizar a afirmação de que o gênero seria o que denominamos de


provedor de serviço e haveria inúmeras espécies decorrentes desse espectro maior.

As espécies que podem ser observadas como subdivisões ou subclassificações dentro


desse ramo maior são os seguintes: provedor de hospedagem, provedor de backbone,
provedor de acesso, provedor de correio eletrônico e provedor de conteúdo.

Vamos às delimitações dos referidos termos.

17 Responsabilidade Civil dos Provedores de Serviços de Internet, 1. ed. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2005, p. 19.

52
DIREITO ELETRÔNICO│ UNIDADE I

O provedor de backbone somente pode ser explicado a partir de uma perspectiva técnica.
São empresas que possuem estruturas com alto grau tecnológico, o que possibilita a
manipulação de conteúdos e informações de grande monta, por meio de rede, auxiliada
por circuitos que realizam tais atividades com extrema rapidez, ou seja, são pessoas
jurídicas de grande aporte e vulto que se propõem a realizar atividades sistemáticas,
continuas e de alto nível tecnológico.

Já tratando da seara dos provedores de acesso, este pode ser definido como o fornecedor
de atividades e serviços que proporcionam e facilitam o acesso de usuários à Internet,
também se estrutura na forma de pessoa jurídica.

A utilização de meios da rede pública de telecomunicações para acesso à Internet é


regulada pela Norma no 4/1995 , aprovada pela Portaria no 148/1995 do Ministério da
Ciência e Tecnologia.

Marco Aurélio Greco compreende o tema da responsabilização da seguinte forma:


“Tanto o provedor de acesso quanto o provedor de espaço (provedor de hospedagem)
não estão obrigados a acessar nem controlar o que está sendo trafegado pelo sistema
que disponibilizam; o primeiro tem autorização para fazê-lo, por razões de avaliação
da eficiência do sistema, otimização de fluxos etc., mas não por uma razão ligada ao
controle sobre o respectivo conteúdo.”18

Há, ainda, o chamado provedor de correio eletrônico. Destina-se a cuidar e se concentrar


em um serviço específico de troca de mensagens entre os que utilizam a rede virtual.
Facilita a comunicação imediata entre os usuários.

O provedor de hospedagem é uma ferramenta que vem sendo muito utilizada desde o
lançamento, o desenvolvimento e a disseminação da Internet, pois há a possibilidade
de hospedagem de sites de forma remota, em que o acesso fica disponível para todos
usuários que queiram acessá-los. Utilizam-se, também, de medidas contra vírus e
ataques, além da segurança de possuir cópias, backup.

No que se refere à responsabilidade do provedor de hospedagem: “Não é responsável,


como antes dito, pelo conteúdo dos sites que hospeda, uma vez que sobre eles não têm
qualquer ingerência. O site é como um cofre no qual seu proprietário guarda o que lhe
for conveniente ou útil; o provedor de hospedagem apenas o armazena. Como não tem
acesso ao conteúdo do cofre, por ele não pode responsabilizar-se. Nisso, também se
equipara ao provedor de acesso. Aberto, contudo, o cofre e verificada a ilegalidade do

18 GRECO. Marco Aurélio. Direito à intimidade em ambiente da Internet. In: DIREITO & INTERNET. 2000. p. 171.

53
UNIDADE I │DIREITO ELETRÔNICO

conteúdo, assiste ao provedor o direito de imediata interrupção do serviço, sob pena de


também ser corresponsabilizado”.19

O provedor de conteúdo não é o mesmo que um provedor de informação. É importante


que isso esteja bem assente, para evitar equívocos. A função deferida a este primeiro
é, primordialmente, a de disponibilizar os dados ou conteúdo desenvolvido por este
segundo provedor citado acima, que é o real autor das informações repassadas.

Decisões recentes dos Tribunais superiores se manifestam majoritariamente no


sentido de que o provedor responde solidariamente pelo dano, caso seja comunicado
extrajudicialmente sobre conteúdo impróprio e, apesar disso, após 24 horas, o mantenha
no ar.

É perfeitamente aceitável a aplicação do Código de Defesa do Consumidor, já que o site


é considerado um fornecedor de serviços e seus usuários consumidores desses serviços.
A responsabilidade seria a objetiva, que é a utilizada como regra no CDC, em casos de
danos causados aos seus usuários.

A relação jurídica existente entre o usurário e o provedor de acesso é


de consumo. O usuário é o destinatário final do serviço, enquanto que
o provedor de acesso, por prestar serviços, enquadra-se na categoria de
fornecedor. Note-se, ainda, que, normalmente, os contratos celebrados
entre provedores de acesso e usuários são contratos de adesão, não
permitindo a discussão ou modificação de suas cláusulas, restando ao
consumidor apenas optar pelas modalidades de serviço preestabelecidas
pelo fornecedor.20

O Direito à privacidade é de extrema importância para o desenvolvimento do ser


humano em sociedade. A legislação brasileira não poderia estar aquém dessa tendência
mundial de proteção a esse direito. Assim, por meio de seu texto constitucional, no art.
5o, inciso X, destaca o tema: “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação”.

As redes e a Internet são grandes facilitadores ou oportunizadores de violações desse


direito. Por isso, a cada dia vem sendo repensadas e formuladas novas legislações,
visando a normatizar o assunto e aprimorar sua proteção.

19 CASTRO FILHO, Sebastião de Oliveira. Da responsabilidade do provedor de internet nas relações de consumo. In: BRASIL.
Superior Tribunal de Justiça. Doutrina: Edição Comemorativa – 15 anos. Brasília: Brasília Jurídica, STJ, 2005. p. 173.
20 LEONARDI, Marcel. Responsabilidade civil dos provedores de serviços de Internet. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2005.p
25/26.

54
DIREITO ELETRÔNICO│ UNIDADE I

Outro assunto que vem ganhando espaço nas discussões contemporâneas entre
privacidade, divulgações de dados e Internet é o denominado “Direito ao Esquecimento”,
que é explicado pelo Doutrinador Greco como uma forma desrespeito à intimidade.

Não somente a divulgação de fatos inéditos pode atingir o direito de


intimidade das pessoas. Muitas vezes, mesmo os fatos já conhecidos
publicamente, se reiteradamente divulgados, ou se voltarem a ser
divulgados, relembrando acontecimentos passados, podem ferir o
direito à intimidade. Fala-se, nesses casos, no chamado direito ao
esquecimento. 21

Observe a ementa do julgamento do recurso ( REsp) 1.334.097 e a decisão do Superior


Tribunal de Justiça envolvendo o Direito ao Esquecimento e a preservação da privacidade
e intimidade.

RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL-CONSTITUCIONAL.


LIBERDADE DE IMPRENSA VS. DIREITOS DA PERSONALIDADE.
LITÍGIO DE SOLUÇÃO TRANSVERSAL. COMPETÊNCIA DO
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. DOCUMENTÁRIO EXIBIDO
EM REDE NACIONAL. LINHA DIRETA-JUSTIÇA. SEQUÊNCIA DE
HOMICÍDIOS CONHECIDA COMO CHACINA DA CANDELÁRIA.
REPORTAGEM QUE REACENDE O TEMA TREZE ANOS DEPOIS
DO FATO. VEICULAÇÃO INCONSENTIDA DE NOME E IMAGEM
DE INDICIADO NOS CRIMES. ABSOLVIÇÃO POSTERIOR POR
NEGATIVA DE AUTORIA. DIREITO AO ESQUECIMENTO DOS
CONDENADOS QUE CUMPRIRAM PENA E DOS ABSOLVIDOS.
ACOLHIMENTO. DECORRÊNCIA DA PROTEÇÃO LEGAL E
CONSTITUCIONAL DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E
DAS LIMITAÇÕES POSITIVADAS À ATIVIDADE INFORMATIVA.
PRESUNÇÃO LEGAL E CONSTITUCIONAL DE RESSOCIALIZAÇÃO
DA PESSOA. PONDERAÇÃO DE VALORES. PRECEDENTES DE
DIREITO COMPARADO.

(…)

2. Nos presentes autos, o cerne da controvérsia passa pela ausência de


contemporaneidade da notícia de fatos passados, que reabriu antigas
feridas já superadas pelo autor e reacendeu a desconfiança da sociedade
quanto à sua índole. O autor busca a proclamação do seu direito ao
esquecimento, um direito de não ser lembrado contra sua vontade,
21 GRECO, Rogério. Principiologia penal e garantia constitucional à intimidade. In: TEMAS ATUAIS DO MINISTÉRIO PÚBLICO.
4 ed. Salvador: Jus Podvm, 2013. p. 761.

55
UNIDADE I │DIREITO ELETRÔNICO

especificamente no tocante a fatos desabonadores, de natureza criminal,


nos quais se envolveu, mas que, posteriormente, fora inocentado.

3. No caso, o julgamento restringe-se a analisar a adequação do direito


ao esquecimento ao ordenamento jurídico brasileiro, especificamente
para o caso de publicações na mídia televisiva, porquanto o mesmo
debate ganha contornos bem diferenciados quando transposto para
Internet, que desafia soluções de índole técnica, com atenção, por
exemplo, para a possibilidade de compartilhamento de informações
e circulação internacional do conteúdo, o que pode tangenciar temas
sensíveis, como a soberania dos Estados-Nações.

(…)

5. Há um estreito e indissolúvel vínculo entre a liberdade de imprensa


e todo e qualquer Estado de Direito que pretenda se autoafirmar como
Democrático. Uma imprensa livre galvaniza contínua e diariamente
os pilares da democracia, que, em boa verdade, é projeto para sempre
inacabado e que nunca atingirá um ápice de otimização a partir do qual
nada se terá a agregar. Esse processo interminável, do qual não se pode
descurar – nem o povo, nem as instituições democráticas –, encontra na
imprensa livre um vital combustível para sua sobrevivência, e bem por
isso que a mínima cogitação em torno de alguma limitação da imprensa
traz naturalmente consigo reminiscências de um passado sombrio de
descontinuidade democrática.

(…)

7. Assim, a liberdade de imprensa há de ser analisada, a partir de


dois paradigmas jurídicos bem distantes um do outro. O primeiro,
de completo menosprezo tanto da dignidade da pessoa humana
quanto da liberdade de imprensa; e o segundo, o atual, de dupla tutela
constitucional de ambos os valores.

8. Nesse passo, a explícita contenção constitucional à liberdade de


informação, fundada na inviolabilidade da vida privada, intimidade,
honra, imagem e, de resto, nos valores da pessoa e da família, prevista
no art. 220, § 1o, art. 221 e no § 3o do art. 222 da Carta de 1988, parece
sinalizar que, no conflito aparente entre esses bens jurídicos de
especialíssima grandeza, há, de regra, uma inclinação ou predileção
constitucional para soluções protetivas da pessoa humana, embora o
melhor equacionamento deva sempre observar as particularidades

56
DIREITO ELETRÔNICO│ UNIDADE I

do caso concreto. Essa constatação se mostra consentânea com o fato


de que, a despeito de a informação livre de censura ter sido inserida
no seleto grupo dos direitos fundamentais (art. 5o, inciso IX), a
Constituição Federal mostrou sua vocação antropocêntrica no momento
em que gravou, já na porta de entrada (art. 1o, inciso III), a dignidade
da pessoa humana como – mais que um direito – um fundamento da
República, uma lente pela qual devem ser interpretados os demais
direitos posteriormente reconhecidos. Exegese dos arts. 11, 20 e 21 do
Código Civil de 2002. Aplicação da filosofia kantiana, base da teoria da
dignidade da pessoa humana, segundo a qual o ser humano tem um
valor em si que supera o das “coisas humanas”.

(...)

9. Não há dúvida de que a história da sociedade é patrimônio imaterial do


povo e nela se inserem os mais variados acontecimentos e personagens
capazes de revelar, para o futuro, os traços políticos, sociais ou culturais
de determinada época. Todavia, a historicidade da notícia jornalística,
em se tratando de jornalismo policial, há de ser vista com cautela. Há,
de fato, crimes históricos e criminosos famosos; mas também há crimes
e criminosos que se tornaram artificialmente históricos e famosos, obra
da exploração midiática exacerbada e de um populismo penal satisfativo
dos prazeres primários das multidões, que simplifica o fenômeno
criminal às estigmatizadas figuras do “bandido” vs. “cidadão de bem”.

10. É que a historicidade de determinados crimes, por vezes, é edificada


à custa de vários desvios de legalidade, por isso não deve constituir óbice
em si intransponível ao reconhecimento de direitos como o vindicado
nos presentes autos. Na verdade, a permissão ampla e irrestrita a que
um crime e as pessoas nele envolvidas são retratados indefinidamente
no tempo – a pretexto da historicidade do fato – pode significar
permissão de um segundo abuso à dignidade humana, simplesmente
porque o primeiro já fora cometido no passado. Por isso, nesses casos,
o reconhecimento do “direito ao esquecimento” pode significar um
corretivo – tardio, mas possível – das vicissitudes do passado, seja de
inquéritos policiais ou processos judiciais pirotécnicos e injustos, seja
da exploração populista da mídia.

(…)

57
UNIDADE I │DIREITO ELETRÔNICO

12. Assim como é acolhido no direito estrangeiro, é imperiosa a


aplicabilidade do direito ao esquecimento no cenário interno, com
base não só na principiologia decorrente dos direitos fundamentais e
da dignidade da pessoa humana, mas também diretamente do direito
positivo infraconstitucional. A assertiva de que uma notícia lícita
não se transforma em ilícita com o simples passar do tempo não tem
nenhuma base jurídica. O ordenamento é repleto de previsões em que a
significação conferida pelo Direito à passagem do tempo é exatamente
o esquecimento e a estabilização do passado, mostrando-se ilícito, sim,
reagitar o que a lei pretende sepultar. Precedentes de direito comparado.

(…)

16. Com efeito, o reconhecimento do direito ao esquecimento dos


condenados que cumpriram integralmente a pena e, sobretudo, dos que
foram absolvidos em processo criminal, além de sinalizar uma evolução
cultural da sociedade, confere concretude a um ordenamento jurídico
que, entre a memória – que é a conexão do presente com o passado –
e a esperança – que é o vínculo do futuro com o presente –, fez clara
opção pela segunda. E é por essa ótica que o direito ao esquecimento
revela sua maior nobreza, pois afirma-se, na verdade, como um direito à
esperança, em absoluta sintonia com a presunção legal e constitucional
de regenerabilidade da pessoa humana.

17. Ressalvam-se do direito ao esquecimento os fatos genuinamente


históricos – historicidade essa que deve ser analisada em concreto
–,cujo interesse público e social deve sobreviver à passagem do tempo,
desde que a narrativa desvinculada dos envolvidos se fizer impraticável.

18. No caso concreto, a despeito de a Chacina da Candelária ter se


tornado – com muita razão – um fato histórico, que expôs as chagas
do País ao mundo, tornando-se símbolo da precária proteção estatal
conferida aos direitos humanos da criança e do adolescente em situação
de risco, o certo é que a fatídica história seria bem contada e de forma
fidedigna sem que para isso a imagem e o nome do autor precisassem
ser expostos em rede nacional. Nem a liberdade de imprensa seria
tolhida, nem a honra do autor seria maculada, caso se ocultassem o
nome e a fisionomia do recorrido, ponderação de valores que, no caso,
seria a melhor solução ao conflito.

19. Muito embora tenham as instâncias ordinárias reconhecido que a


reportagem se mostrou fidedigna com a realidade, a receptividade do

58
DIREITO ELETRÔNICO│ UNIDADE I

homem médio brasileiro a noticiários desse jaez é apta a reacender a


desconfiança geral acerca da índole do autor, o qual, certamente, não
teve reforçada sua imagem de inocentado, mas sim a de indiciado. No
caso, permitir nova veiculação do fato, com a indicação precisa do nome
e imagem do autor, significaria a permissão de uma segunda ofensa à
sua dignidade, só porque a primeira já ocorrera no passado, uma vez
que, como bem reconheceu o acórdão recorrido, além do crime em
si, o inquérito policial consubstanciou uma reconhecida «vergonha»
nacional à parte.

(…)

21. Recurso especial não provido.

(REsp 1334097/RJ, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA


TURMA, julgado em 28/5/2013, DJe 10/9/2013)

Mas a tão esperada regulação do ciberespaço se realiza por meio da publicação da Lei no
12.965/2014, que estabelece princípios, direitos, garantias e diretrizes para a utilização
da internet no âmbito nacional.

LEI Nº 12.965, DE 23 DE ABRIL DE 2014

Estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da


Internet no Brasil.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte


Lei:

CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1o Esta Lei estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para


o uso da internet no Brasil e determina as diretrizes para atuação da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios em relação à
matéria.

Art. 2o A disciplina do uso da internet no Brasil tem como fundamento


o respeito à liberdade de expressão, bem como:

I - o reconhecimento da escala mundial da rede;

59
UNIDADE I │DIREITO ELETRÔNICO

II - os direitos humanos, o desenvolvimento da personalidade e o


exercício da cidadania em meios digitais;

III - a pluralidade e a diversidade;

IV - a abertura e a colaboração;

V - a livre iniciativa, a livre concorrência e a defesa do consumidor; e

VI - a finalidade social da rede.

Art. 3o A disciplina do uso da internet no Brasil tem os seguintes


princípios:

I - garantia da liberdade de expressão, comunicação e manifestação de


pensamento, nos termos da Constituição Federal;

II - proteção da privacidade;

III - proteção dos dados pessoais, na forma da lei;

IV - preservação e garantia da neutralidade de rede;

V - preservação da estabilidade, segurança e funcionalidade da rede, por


meio de medidas técnicas compatíveis com os padrões internacionais e
pelo estímulo ao uso de boas práticas;

VI - responsabilização dos agentes de acordo com suas atividades, nos


termos da lei;

VII - preservação da natureza participativa da rede;

VIII - liberdade dos modelos de negócios promovidos na internet, desde


que não conflitem com os demais princípios estabelecidos nesta Lei.

Parágrafo único. Os princípios expressos nesta Lei não excluem outros


previstos no ordenamento jurídico pátrio relacionados à matéria ou nos
tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja
parte.

Art. 4o A disciplina do uso da internet no Brasil tem por objetivo a


promoção:

I - do direito de acesso à internet a todos;

II - do acesso à informação, ao conhecimento e à participação na vida


cultural e na condução dos assuntos públicos;

60
DIREITO ELETRÔNICO│ UNIDADE I

III - da inovação e do fomento à ampla difusão de novas tecnologias e


modelos de uso e acesso; e

IV - da adesão a padrões tecnológicos abertos que permitam a


comunicação, a acessibilidade e a interoperabilidade entre aplicações
e bases de dados.

Art. 5o Para os efeitos desta Lei, considera-se:

I - internet: o sistema constituído do conjunto de protocolos lógicos,


estruturado em escala mundial para uso público e irrestrito, com a
finalidade de possibilitar a comunicação de dados entre terminais por
meio de diferentes redes;

II - terminal: o computador ou qualquer dispositivo que se conecte à


internet;

III - endereço de protocolo de internet (endereço IP): o código atribuído


a um terminal de uma rede para permitir sua identificação, definido
segundo parâmetros internacionais;

IV - administrador de sistema autônomo: a pessoa física ou jurídica


que administra blocos de endereço IP específicos e o respectivo sistema
autônomo de roteamento, devidamente cadastrada no ente nacional
responsável pelo registro e distribuição de endereços IP geograficamente
referentes ao País;

V - conexão à internet: a habilitação de um terminal para envio e


recebimento de pacotes de dados pela internet, mediante a atribuição
ou autenticação de um endereço IP;

VI - registro de conexão: o conjunto de informações referentes à data


e hora de início e término de uma conexão à internet, sua duração e
o endereço IP utilizado pelo terminal para o envio e recebimento de
pacotes de dados;

VII - aplicações de internet: o conjunto de funcionalidades que podem


ser acessadas por meio de um terminal conectado à internet; e

VIII - registros de acesso a aplicações de internet: o conjunto de


informações referentes à data e hora de uso de uma determinada
aplicação de internet a partir de um determinado endereço IP.

Art. 6o Na interpretação desta Lei serão levados em conta, além dos


fundamentos, princípios e objetivos previstos, a natureza da internet,

61
UNIDADE I │DIREITO ELETRÔNICO

seus usos e costumes particulares e sua importância para a promoção


do desenvolvimento humano, econômico, social e cultural.

CAPÍTULO II

DOS DIREITOS E GARANTIAS DOS USUÁRIOS

Art. 7o O acesso à internet é essencial ao exercício da cidadania, e ao


usuário são assegurados os seguintes direitos:

I - inviolabilidade da intimidade e da vida privada, sua proteção e


indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

II - inviolabilidade e sigilo do fluxo de suas comunicações pela internet,


salvo por ordem judicial, na forma da lei;

III - inviolabilidade e sigilo de suas comunicações privadas armazenadas,


salvo por ordem judicial;

IV - não suspensão da conexão à internet, salvo por débito diretamente


decorrente de sua utilização;

V - manutenção da qualidade contratada da conexão à internet;

VI - informações claras e completas constantes dos contratos de


prestação de serviços, com detalhamento sobre o regime de proteção aos
registros de conexão e aos registros de acesso a aplicações de internet,
bem como sobre práticas de gerenciamento da rede que possam afetar
sua qualidade;

VII - não fornecimento a terceiros de seus dados pessoais, inclusive


registros de conexão, e de acesso a aplicações de internet, salvo
mediante consentimento livre, expresso e informado ou nas hipóteses
previstas em lei;

VIII - informações claras e completas sobre coleta, uso, armazenamento,


tratamento e proteção de seus dados pessoais, que somente poderão ser
utilizados para finalidades que:

a) justifiquem sua coleta;

b) não sejam vedadas pela legislação; e

c) estejam especificadas nos contratos de prestação de serviços ou em


termos de uso de aplicações de internet;

62
DIREITO ELETRÔNICO│ UNIDADE I

IX - consentimento expresso sobre coleta, uso, armazenamento e


tratamento de dados pessoais, que deverá ocorrer de forma destacada
das demais cláusulas contratuais;

X - exclusão definitiva dos dados pessoais que tiver fornecido a


determinada aplicação de internet, a seu requerimento, ao término da
relação entre as partes, ressalvadas as hipóteses de guarda obrigatória
de registros previstas nesta Lei;

XI - publicidade e clareza de eventuais políticas de uso dos provedores


de conexão à internet e de aplicações de internet;

XII - acessibilidade, consideradas as características físico-motoras,


perceptivas, sensoriais, intelectuais e mentais do usuário, nos termos
da lei; e

XIII - aplicação das normas de proteção e defesa do consumidor nas


relações de consumo realizadas na internet.

Art. 8o A garantia do direito à privacidade e à liberdade de expressão


nas comunicações é condição para o pleno exercício do direito de acesso
à internet.

Parágrafo único. São nulas de pleno direito as cláusulas contratuais que


violem o disposto no caput, tais como aquelas que:

I - impliquem ofensa à inviolabilidade e ao sigilo das comunicações


privadas, pela internet; ou

II - em contrato de adesão, não ofereçam como alternativa ao contratante


a adoção do foro brasileiro para solução de controvérsias decorrentes
de serviços prestados no Brasil.

CAPÍTULO III

DA PROVISÃO DE CONEXÃO E DE APLICAÇÕES DE INTERNET

Seção I

Da Neutralidade de Rede

Art. 9o O responsável pela transmissão, comutação ou roteamento tem


o dever de tratar de forma isonômica quaisquer pacotes de dados, sem
distinção por conteúdo, origem e destino, serviço, terminal ou aplicação.

63
UNIDADE I │DIREITO ELETRÔNICO

§ 1o A discriminação ou degradação do tráfego será regulamentada nos


termos das atribuições privativas do Presidente da República previstas
no inciso IV do art. 84 da Constituição Federal, para a fiel execução
desta Lei, ouvidos o Comitê Gestor da Internet e a Agência Nacional de
Telecomunicações, e somente poderá decorrer de:

I - requisitos técnicos indispensáveis à prestação adequada dos serviços


e aplicações; e

II - priorização de serviços de emergência.

§ 2o Na hipótese de discriminação ou degradação do tráfego prevista no


§ 1o, o responsável mencionado no caput deve:

I - abster-se de causar dano aos usuários, na forma do art. 927 da Lei no


10.406, de 10 de janeiro de 2002 – Código Civil;

II - agir com proporcionalidade, transparência e isonomia;

III - informar previamente de modo transparente, claro e suficientemente


descritivo aos seus usuários sobre as práticas de gerenciamento e
mitigação de tráfego adotadas, inclusive as relacionadas à segurança
da rede; e

IV - oferecer serviços em condições comerciais não discriminatórias e


abster-se de praticar condutas anticoncorrenciais.

§ 3o Na provisão de conexão à internet, onerosa ou gratuita, bem como na


transmissão, comutação ou roteamento, é vedado bloquear, monitorar,
filtrar ou analisar o conteúdo dos pacotes de dados, respeitado o
disposto neste artigo.

Seção II

Da Proteção aos Registros, aos Dados Pessoais e às Comunicações


Privadas

Art. 10. A guarda e a disponibilização dos registros de conexão e de


acesso a aplicações de internet de que trata esta Lei, bem como de dados
pessoais e do conteúdo de comunicações privadas, devem atender à
preservação da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das
partes direta ou indiretamente envolvidas.

§ 1o O provedor responsável pela guarda somente será obrigado a


disponibilizar os registros mencionados no caput, de forma autônoma

64
DIREITO ELETRÔNICO│ UNIDADE I

ou associados a dados pessoais ou a outras informações que possam


contribuir para a identificação do usuário ou do terminal, mediante
ordem judicial, na forma do disposto na Seção IV deste Capítulo,
respeitado o disposto no art. 7o.

§ 2o O conteúdo das comunicações privadas somente poderá ser


disponibilizado mediante ordem judicial, nas hipóteses e na forma que
a lei estabelecer, respeitado o disposto nos incisos II e III do art. 7o.

§ 3o O disposto no caput não impede o acesso aos dados cadastrais que


informem qualificação pessoal, filiação e endereço, na forma da lei,
pelas autoridades administrativas que detenham competência legal
para a sua requisição.

§ 4o As medidas e os procedimentos de segurança e de sigilo devem ser


informados pelo responsável pela provisão de serviços de forma clara e
atender a padrões definidos em regulamento, respeitado seu direito de
confidencialidade quanto a segredos empresariais.

Art. 11. Em qualquer operação de coleta, armazenamento, guarda e


tratamento de registros, de dados pessoais ou de comunicações por
provedores de conexão e de aplicações de internet em que pelo menos um
desses atos ocorra em território nacional, deverão ser obrigatoriamente
respeitados a legislação brasileira e os direitos à privacidade, à proteção
dos dados pessoais e ao sigilo das comunicações privadas e dos registros.

§ 1o O disposto no caput aplica-se aos dados coletados em território


nacional e ao conteúdo das comunicações, desde que pelo menos um
dos terminais esteja localizado no Brasil.

§ 2o O disposto no caput aplica-se mesmo que as atividades sejam


realizadas por pessoa jurídica sediada no exterior, desde que oferte
serviço ao público brasileiro ou pelo menos uma integrante do mesmo
grupo econômico possua estabelecimento no Brasil.

§ 3o Os provedores de conexão e de aplicações de internet deverão


prestar, na forma da regulamentação, informações que permitam a
verificação quanto ao cumprimento da legislação brasileira referente à
coleta, à guarda, ao armazenamento ou ao tratamento de dados, bem
como quanto ao respeito à privacidade e ao sigilo de comunicações.

§ 4o Decreto regulamentará o procedimento para apuração de infrações


ao disposto neste artigo.

65
UNIDADE I │DIREITO ELETRÔNICO

Art. 12. Sem prejuízo das demais sanções cíveis, criminais ou


administrativas, as infrações às normas previstas nos arts. 10 e 11 ficam
sujeitas, conforme o caso, às seguintes sanções, aplicadas de forma
isolada ou cumulativa:

I - advertência, com indicação de prazo para adoção de medidas


corretivas;

II - multa de até 10% (dez por cento) do faturamento do grupo econômico


no Brasil no seu último exercício, excluídos os tributos, considerados
a condição econômica do infrator e o princípio da proporcionalidade
entre a gravidade da falta e a intensidade da sanção;

III - suspensão temporária das atividades que envolvam os atos


previstos no art. 11; ou

IV - proibição de exercício das atividades que envolvam os atos


previstos no art. 11.

Parágrafo único. Tratando-se de empresa estrangeira, responde


solidariamente pelo pagamento da multa de que trata o caput sua filial,
sucursal, escritório ou estabelecimento situado no País.

Subseção I

Da Guarda de Registros de Conexão

Art. 13. Na provisão de conexão à internet, cabe ao administrador de


sistema autônomo respectivo o dever de manter os registros de conexão,
sob sigilo, em ambiente controlado e de segurança, pelo prazo de 1 (um)
ano, nos termos do regulamento.

§ 1o A responsabilidade pela manutenção dos registros de conexão não


poderá ser transferida a terceiros.

§ 2o A autoridade policial ou administrativa ou o Ministério Público


poderá requerer cautelarmente que os registros de conexão sejam
guardados por prazo superior ao previsto no caput.

§ 3o Na hipótese do § 2o, a autoridade requerente terá o prazo de 60


(sessenta) dias, contados a partir do requerimento, para ingressar com
o pedido de autorização judicial de acesso aos registros previstos no
caput.

66
DIREITO ELETRÔNICO│ UNIDADE I

§ 4o O provedor responsável pela guarda dos registros deverá manter


sigilo em relação ao requerimento previsto no § 2o, que perderá sua
eficácia caso o pedido de autorização judicial seja indeferido ou não
tenha sido protocolado no prazo previsto no § 3o.

§ 5o Em qualquer hipótese, a disponibilização ao requerente dos


registros de que trata este artigo deverá ser precedida de autorização
judicial, conforme disposto na Seção IV deste Capítulo.

§ 6o Na aplicação de sanções pelo descumprimento ao disposto neste


artigo, serão considerados a natureza e a gravidade da infração, os
danos dela resultantes, eventual vantagem auferida pelo infrator, as
circunstâncias agravantes, os antecedentes do infrator e a reincidência.

Subseção II

Da Guarda de Registros de Acesso a Aplicações de Internet na Provisão


de Conexão

Art. 14. Na provisão de conexão, onerosa ou gratuita, é vedado guardar


os registros de acesso a aplicações de internet.

Subseção III

Da Guarda de Registros de Acesso a Aplicações de Internet na Provisão


de Aplicações

Art. 15. O provedor de aplicações de internet constituído na forma


de pessoa jurídica e que exerça essa atividade de forma organizada,
profissionalmente e com fins econômicos deverá manter os respectivos
registros de acesso a aplicações de internet, sob sigilo, em ambiente
controlado e de segurança, pelo prazo de 6 (seis) meses, nos termos do
regulamento.

§ 1o Ordem judicial poderá obrigar, por tempo certo, os provedores de


aplicações de internet que não estão sujeitos ao disposto no caput a
guardarem registros de acesso a aplicações de internet, desde que se
trate de registros relativos a fatos específicos em período determinado.

§ 2o A autoridade policial ou administrativa ou o Ministério Público


poderão requerer cautelarmente a qualquer provedor de aplicações
de internet que os registros de acesso a aplicações de internet sejam
guardados, inclusive por prazo superior ao previsto no caput, observado
o disposto nos §§ 3o e 4o do art. 13.

67
UNIDADE I │DIREITO ELETRÔNICO

§ 3o Em qualquer hipótese, a disponibilização ao requerente dos


registros de que trata este artigo deverá ser precedida de autorização
judicial, conforme disposto na Seção IV deste Capítulo.

§ 4o Na aplicação de sanções pelo descumprimento ao disposto neste


artigo, serão considerados a natureza e a gravidade da infração, os
danos dela resultantes, eventual vantagem auferida pelo infrator, as
circunstâncias agravantes, os antecedentes do infrator e a reincidência.

Art. 16. Na provisão de aplicações de internet, onerosa ou gratuita, é


vedada a guarda:

I - dos registros de acesso a outras aplicações de internet sem que o


titular dos dados tenha consentido previamente, respeitado o disposto
no art. 7o; ou

II - de dados pessoais que sejam excessivos em relação à finalidade para


a qual foi dado consentimento pelo seu titular.

Art. 17. Ressalvadas as hipóteses previstas nesta Lei, a opção por não
guardar os registros de acesso a aplicações de internet não implica
responsabilidade sobre danos decorrentes do uso desses serviços por
terceiros.

Seção III

Da Responsabilidade por Danos Decorrentes de Conteúdo Gerado por


Terceiros

Art. 18. O provedor de conexão à internet não será responsabilizado


civilmente por danos decorrentes de conteúdo gerado por terceiros.

Art. 19. Com o intuito de assegurar a liberdade de expressão e impedir


a censura, o provedor de aplicações de internet somente poderá ser
responsabilizado civilmente por danos decorrentes de conteúdo
gerado por terceiros se, após ordem judicial específica, não tomar as
providências para, no âmbito e nos limites técnicos do seu serviço e
dentro do prazo assinalado, tornar indisponível o conteúdo apontado
como infringente, ressalvadas as disposições legais em contrário.

§ 1o A ordem judicial de que trata o caput deverá conter, sob pena de


nulidade, identificação clara e específica do conteúdo apontado como
infringente, que permita a localização inequívoca do material.

68
DIREITO ELETRÔNICO│ UNIDADE I

§ 2o A aplicação do disposto neste artigo para infrações a direitos de


autor ou a direitos conexos depende de previsão legal específica, que
deverá respeitar a liberdade de expressão e demais garantias previstas
no art. 5oda Constituição Federal.

§ 3o As causas que versem sobre ressarcimento por danos decorrentes de


conteúdos disponibilizados na internet relacionados à honra, à reputação
ou a direitos de personalidade, bem como sobre a indisponibilização
desses conteúdos por provedores de aplicações de internet, poderão ser
apresentadas perante os juizados especiais.

§ 4o O juiz, inclusive no procedimento previsto no § 3o, poderá antecipar,


total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial,
existindo prova inequívoca do fato e considerado o interesse da
coletividade na disponibilização do conteúdo na internet, desde que
presentes os requisitos de verossimilhança da alegação do autor e de
fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação.

Art. 20. Sempre que tiver informações de contato do usuário diretamente


responsável pelo conteúdo a que se refere o art. 19, caberá ao provedor de
aplicações de internet comunicar-lhe os motivos e informações relativos
à indisponibilização de conteúdo, com informações que permitam o
contraditório e a ampla defesa em juízo, salvo expressa previsão legal
ou expressa determinação judicial fundamentada em contrário.

Parágrafo único. Quando solicitado pelo usuário que disponibilizou o


conteúdo tornado indisponível, o provedor de aplicações de internet que
exerce essa atividade de forma organizada, profissionalmente e com fins
econômicos substituirá o conteúdo tornado indisponível pela motivação
ou pela ordem judicial que deu fundamento à indisponibilização.

Art. 21. O provedor de aplicações de internet que disponibilize


conteúdo gerado por terceiros será responsabilizado subsidiariamente
pela violação da intimidade decorrente da divulgação, sem autorização
de seus participantes, de imagens, de vídeos ou de outros materiais
contendo cenas de nudez ou de atos sexuais de caráter privado quando,
após o recebimento de notificação pelo participante ou seu representante
legal, deixar de promover, de forma diligente, no âmbito e nos limites
técnicos do seu serviço, a indisponibilização desse conteúdo.

Parágrafo único. A notificação prevista no caput deverá conter, sob


pena de nulidade, elementos que permitam a identificação específica

69
UNIDADE I │DIREITO ELETRÔNICO

do material apontado como violador da intimidade do participante e a


verificação da legitimidade para apresentação do pedido.

Seção IV

Da Requisição Judicial de Registros

Art. 22. A parte interessada poderá, com o propósito de formar conjunto


probatório em processo judicial cível ou penal, em caráter incidental
ou autônomo, requerer ao juiz que ordene ao responsável pela guarda
o fornecimento de registros de conexão ou de registros de acesso a
aplicações de internet.

Parágrafo único. Sem prejuízo dos demais requisitos legais, o


requerimento deverá conter, sob pena de inadmissibilidade:

I - fundados indícios da ocorrência do ilícito;

II - justificativa motivada da utilidade dos registros solicitados para fins


de investigação ou instrução probatória; e

III - período ao qual se referem os registros.

Art. 23. Cabe ao juiz tomar as providências necessárias à garantia do


sigilo das informações recebidas e à preservação da intimidade, da
vida privada, da honra e da imagem do usuário, podendo determinar
segredo de justiça, inclusive quanto aos pedidos de guarda de registro.

CAPÍTULO IV

Da Atuação do Poder Público

Art. 24. Constituem diretrizes para a atuação da União, dos Estados,


do Distrito Federal e dos Municípios no desenvolvimento da internet
no Brasil:

I - estabelecimento de mecanismos de governança multiparticipativa,


transparente, colaborativa e democrática, com a participação do
governo, do setor empresarial, da sociedade civil e da comunidade
acadêmica;

II - promoção da racionalização da gestão, expansão e uso da internet,


com participação do Comitê Gestor da internet no Brasil;

III - promoção da racionalização e da interoperabilidade tecnológica dos


serviços de governo eletrônico, entre os diferentes Poderes e âmbitos da

70
DIREITO ELETRÔNICO│ UNIDADE I

Federação, para permitir o intercâmbio de informações e a celeridade


de procedimentos;

IV - promoção da interoperabilidade entre sistemas e terminais


diversos, inclusive entre os diferentes âmbitos federativos e diversos
setores da sociedade;

V - adoção preferencial de tecnologias, padrões e formatos abertos e


livres;

VI - publicidade e disseminação de dados e informações públicos, de


forma aberta e estruturada;

VII - otimização da infraestrutura das redes e estímulo à implantação


de centros de armazenamento, gerenciamento e disseminação de dados
no País, promovendo a qualidade técnica, a inovação e a difusão das
aplicações de internet, sem prejuízo à abertura, à neutralidade e à
natureza participativa;

VIII - desenvolvimento de ações e programas de capacitação para uso


da internet;

IX - promoção da cultura e da cidadania; e

X - prestação de serviços públicos de atendimento ao cidadão de forma


integrada, eficiente, simplificada e por múltiplos canais de acesso,
inclusive remotos.

Art. 25. As aplicações de internet de entes do poder público devem


buscar:

I - compatibilidade dos serviços de governo eletrônico com diversos


terminais, sistemas operacionais e aplicativos para seu acesso;

II - acessibilidade a todos os interessados, independentemente de


suas capacidades físico-motoras, perceptivas, sensoriais, intelectuais,
mentais, culturais e sociais, resguardados os aspectos de sigilo e
restrições administrativas e legais;

III - compatibilidade tanto com a leitura humana quanto com o


tratamento automatizado das informações;

IV - facilidade de uso dos serviços de governo eletrônico; e

V - fortalecimento da participação social nas políticas públicas.

Art. 26. O cumprimento do dever constitucional do Estado na prestação


da educação, em todos os níveis de ensino, inclui a capacitação,

71
UNIDADE I │DIREITO ELETRÔNICO

integrada a outras práticas educacionais, para o uso seguro, consciente e


responsável da internet como ferramenta para o exercício da cidadania,
a promoção da cultura e o desenvolvimento tecnológico.

Art. 27. As iniciativas públicas de fomento à cultura digital e de


promoção da internet como ferramenta social devem:

I - promover a inclusão digital;

II - buscar reduzir as desigualdades, sobretudo entre as diferentes


regiões do País, no acesso às tecnologias da informação e comunicação
e no seu uso; e

III - fomentar a produção e circulação de conteúdo nacional.

Art. 28. O Estado deve, periodicamente, formular e fomentar estudos,


bem como fixar metas, estratégias, planos e cronogramas, referentes ao
uso e desenvolvimento da internet no País.

CAPÍTULO V

Disposições Finais

Art. 29. O usuário terá a opção de livre escolha na utilização de programa


de computador em seu terminal para exercício do controle parental de
conteúdo entendido por ele como impróprio a seus filhos menores,
desde que respeitados os princípios desta Lei e da Lei no 8.069, de 13 de
julho de 1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente.

Parágrafo único. Cabe ao poder público, em conjunto com os provedores


de conexão e de aplicações de internet e a sociedade civil, promover
a educação e fornecer informações sobre o uso dos programas de
computador previstos no caput, bem como para a definição de boas
práticas para a inclusão digital de crianças e adolescentes.

Art. 30. A defesa dos interesses e dos direitos estabelecidos nesta Lei
poderá ser exercida em juízo, individual ou coletivamente, na forma da
lei.

Art. 31. Até a entrada em vigor da lei específica prevista no § 2o do


art. 19, a responsabilidade do provedor de aplicações de internet por
danos decorrentes de conteúdo gerado por terceiros, quando se tratar
de infração a direitos de autor ou a direitos conexos, continuará a ser
disciplinada pela legislação autoral vigente aplicável na data da entrada
em vigor desta Lei.

Art. 32. Esta Lei entra em vigor após decorridos 60 (sessenta) dias de
sua publicação oficial.

72
PERÍCIA FORENSE UNIDADE II

CAPÍTULO 1
Análise Forense

A Perícia Forense integra a denominada Ciência Forense, a qual se utiliza de inúmeras


ferramentas e inúmeros instrumentos para prosseguir com investigações e análises por
meios, métodos científicos, para responder tecnicamente a dúvidas e questionamentos
surgidos varias áreas.

A perícia é todo trabalho de natureza específica, especializado, que pode


haver em qualquer área do conhecimento humano. É aplicado sempre
que existirem controvérsias, e é realizado com o objetivo de obter prova
ou opinião técnico-científico. Por meio de um exame, uma investigação,
que resulta em um parecer, laudo pericial ou relatório, devidamente
fundamentados, mostrando a verdade de forma imparcial e merecedora
de fé, a fim de orientar uma autoridade formal, no julgamento de um
fato.22 (FREITAS, 2006, p.1)

Inúmeras searas profissionais, instituições e órgãos públicos e privados necessitam se


utilizar de análises e conhecimentos forenses para deslinde das mais variadas questões,
dotando as decisões de maior base de respeitabilidade diante dos conhecimentos e
laudos técnicos apresentados.

As análises forenses sempre são relacionadas a procedimentos prévios e de caráter


multidisciplinar, utilizados por vários ramos para solução de dúvidas ou assuntos que
necessitam conhecimentos prévios e específicos.

Uma espécie de análise forense em computadores vem ganhando grande notoriedade


nesta era digital. É utilizada para fins específicos, como preocupação com a obtenção
e preservação de dados, além de atividades, também de tamanha importância, como
recuperação e análise de dados que se encontram inseridos em sistemas e computadores.
22 FREITAS, Andrey Rodrigues de. Perícia Forense aplicada à Informática: Ambiente Microsoft. Rio de Janeiro: Editora Brasport,
2006.

73
UNIDADE II │PERÍCIA FORENSE

Vem auxiliando nos combates às fraudes realizadas no ambiente eletrônico ou mesmo


como meio de prova de vários crimes virtuais ou como forma de evitar certas ameaças
presentes na rede.

Vários elementos são analisados por essa ciência, como a criptografia dos dados, a forma
de arquivamento de informações, em que se podem obter informações relevantes ainda
que algum indivíduo tente frustrar sua divulgação ou obtenção, além das mensagens e
informações trocadas entre empresas e usuários.

Esse ramo da ciência permite que indícios se tornem certezas avaliadas tecnicamente,
passando ao status de evidência real de um fato investigado ou sob o qual se requer uma
resposta dotada de veracidade.

Entretanto, não se pode olvidar do que estabelece o art. 131 do Código de Processo Civil,
que ressalta a existência de uma análise judicial dos autos e das provas por meio do livre
convencimento do julgador. “Art. 131. O juiz apreciará livremente a prova, atendendo
aos fatos e circunstâncias constantes dos autos, ainda que não alegados pelas partes,
mas deverá indicar, na sentença, os motivos que lhe formaram o convencimento”.

Assim, a prova pericial constitui-se em mais um subsídio para decisão. Há liberdade,


no entanto, no momento da decisão do julgador, não sendo obrigado a julgar conforme
a prova apresentada nos autos, ou mesmo quando esta seja um tipo de prova pericial.

A análise forense desenvolve-se de inúmeras maneiras, mas há alguns aspectos ou


critérios gerais mínimos pelos quais o perito parte, para realizar a análise devida.
Primeira das primeiras preocupações seria conhecer o sistema legislativo acerca da
seara que se encontra atuando, para que as evidências não sejam invalidadas por terem
sido obtidas por meio ilícito. Em seguida, possuindo plena consciência dessa dimensão,
começa sua busca por dados e evidências. Encontrando-os, escolhe-se o melhor método
para preservá-las, e realiza-se a análise sobre esta. O processo é finalizado com a
apresentação dos resultados ou das respostas técnicas obtidos no procedimento.

A importância de se seguir um procedimento científico e delimitado previamente,


assim como de acordo com o sistema jurídico, é o fundamento e a credibilidade dessa
forma de análise, pois esta deve ser adequadamente realizada, tendo em vista que seus
resultados podem servir de base fundante para responsabilizações futuras. Por isso,
requer conhecimento e comprometimento dos que realizam tal modalidade de trabalho
de cunho técnico.

A Internet e o uso de redes integraram e interligaram todo sistema mundial, trazendo


inúmeras vantagens e boas perspectivas, por conta de sua interação rápida e dinâmica,

74
PERÍCIA FORENSE│UNIDADE II

além das novas formas de armazenamento e obtenção de dados e informações.


Proporcionou, entretanto, certos efeitos ou certas consequências negativas, como
maior facilidade para práticas delituosas e certas dificuldades em sua comprovação ou
autoria.

Gerou, ainda, outros problemas no que concerne ao surgimento de conflitos legais e


crimes que ultrapassam fronteiras de Estados Nacionais, pois os crimes podem estar
ocorrendo em vários locais ao mesmo tempo ou em searas temporais diferenciadas e por
criminosos ou autores de ação delituosa que se encontram em distintos países, surgindo,
assim, inúmeros problemas jurídicos relacionados à lei aplicável e à competências dos
agentes para aplicá-la.

Por isso, a depender de como a evidência é obtida, está pode ser descartada e não
utilizada, por não ter sido coletada ou utilizada da maneira que se estipulava. Assim,
busca-se certo padrão para lidar com toda essa transnacionalidade.

Há algumas entidades que vêm se esforçando nessa atividade de padronização


relacionadas às trocas de informações entre instituições de esferas internacionais
e da forma de investigar os crimes digitais espalhados pelo mundo. Um exemplo é o
IOCE – International Organization on Computer Evidence. Há, ainda, outras, como
SWGDE – Scientific Working Group on Digital Evidence, HTCIA – High Technology
Crime Investigation Association e, no âmbito nacional, a SACC – Seção de Apuração
de Crimes por Computador, ligada à Polícia Federal.

Por isso, o aperfeiçoamento constante nessa área se demonstra fundamental não


apenas pelas inovações tecnológicas que ocorrem a todo tempo, mas, inclusive, pelas
mudanças nas legislações dos países referente ao tema da proteção na rede e dos dados
computacionais.

Os computadores podem conter provas de invariáveis crimes como até mesmos os mais
graves, como os de homicídios. Por isso, torna-se tão importante a função e o exercício
da atividade da perícia computacional.

Os crimes e os criminosos aperfeiçoam-se, também, por meio da informática, além de


utilizar inúmeros sistemas, softwares e redes que se tornam grandes ferramentas e
auxiliadoras na contemporaneidade para tal tipo de prática.

Ferramentas de busca infrações de violadores e criminosos virtuais também devem


sempre ser melhoradas e modificadas, para alcançar os instrumentos que passam a ser
utilizados para realização de práticas criminosas. Estas são as mais variadas possíveis,

75
UNIDADE II │PERÍCIA FORENSE

como fraudes de todo tipo de natureza externa ou interna no âmbito da própria empresa
ou organização, pirataria, violações de direitos autorais, entre outras.

Algumas ferramentas técnicas vêm sendo utilizadas pelos peritos em suas análises,
denominadas de Open Source, nas quais se encontram as ferramentas de análise de
memória RAM; as Ferramentas de análise de captura de disco (offline); e os Live CDs.

Os peritos forenses também fazem uso de outros métodos e outras ferramentas


auxiliares para seu trabalho, como o caller IP, que possui a função mister de monitorar
a entrada, saídas e possíveis invasões de IPs; outra seria a denominada recoverMyFiles,
a qual recupera dados deletados ou formatados; outra ferramenta que pode ser citada é
a smartWhois, que demonstra o endereço IP e de domínio; o e-mailTracker é utilizado
para se obter de onde possa ter sido originado um e-mail, de onde este teria partido para
tal mister; por fim, ainda é oportuno lembrar do enCase, o qual permite a recuperação
de dados, banco de dados de evidências, verifica hardwares e logs, proporciona a
elaboração de laudos dotados de padronização técnica e torna a perícia eficiente e
responsável.

Cabe ressaltar que essas ferramentas são dinâmicas e se cambiam a todo tempo para
se aperfeiçoarem. Suas nomenclaturas também podem estar sujeitas a alterações
futuras e remodelagens. Além disso, surgem muitas empresas que objetivam fornecer
outros instrumentos com as mesmas boas funcionalidades dos anteriores, porém com
acréscimo de outras para valorização e disseminação maior de sua gama de produtos e
pacotes.

Na seara empresarial, vem sendo muito comumente utilizada a denominada auditoria


forense, que se pauta em métodos e critérios objetivos, visando a investigar possíveis
fraudes advindas seja do ambiente externo, seja interno da instituição ou da empresa,
sendo, também, uma atividade que pressupõe conhecimentos específicos e de
característica multidisciplinar.

Já o processo forense relacionado à seara criminal é aquele voltado, especificamente,


para deslinde de situações e circunstâncias que têm ligações com atos criminosos.
Observe, a seguir, um organograma de como ocorre essa forma de trabalho pericial.

76
PERÍCIA FORENSE│UNIDADE II

Fonte: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-530X2010000400016&script=sci_arttext>.

Como já explicado, a perícia forense desenvolve-se nas mais diversas áreas. A estudada
acima, na área computacional, utiliza-se de metodologias e ferramentas próprias,
especificas. Já outros âmbitos de estudo sob os quais pode recair a perícia forense,
como na seara criminal ou empresarial, irão se utilizar de outros padrões, critérios
e ferramentas, não querendo, aqui, eliminar a possibilidade das ferramentas se
interagirem em muitas situações. O que deve ser compreendido, além do todo exposto,
é a abrangência de aplicação da perícia forense, não se contendo em observá-la sob um
viés estrito, possuindo consciência de sua importância no contexto contemporâneo.

77
Para (não) finalizar

Parabéns! Você chegou ao final de mais um Caderno do nosso curso. Esperamos que
tenha aproveitado as leituras, debatido com seus colegas e seu tutor sobre os temas
abordados e que tenha compreendido a importância da natureza jurídica dos crimes
eletrônicos, as relações de consumo, a responsabilidade civil, a privacidade e a análise
forense.

Neste Caderno, procuramos fazer com que você tenha conhecimento sobre a atuação
do perito forense e esperamos que esteja apto a identificar a importância do Direito
Eletrônico e Perícia Forense.

Muito obrigado pela oportunidade de interagir com você!

78
Referências

BENAKOUCHE, Tamara. Fatores sociais e culturais na utilização diferenciada


de redes eletrônicas no Brasil: notas para discussão. <http://www.alternex.com.
br/~esocius/t-tamara.html>.

BLUM, Renato Opice (Coord.). Direito em internet. Aspectos jurídicos. São Paulo:
Edipro, 2000.

BRUNO, Marcos Gomes da Silva e outros. Manual de direito eletrônico e internet.


São Paulo: Aduaneiras, 2006.

CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede – a era da informação: economia,


sociedade e cultura. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

CHAVES, Eduardo. Informática, educação e trabalho. 2000. <http://www2.


mindware.com.br/textself/comput/whorta.htm>.

LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34,1999.

LUCCA, Newton de; FILITO, Adalberto Simão (Coord.). Direito e internet. Aspectos
jurídicos relevantes. Bauru: Edipro, 2000.

PAESANI, Liliana Minardi. Direitos e internet. São Paulo: Atlas, 2006.

_________. Direito de informática. São Paulo: Atlas, 2005.

_________. Direito na sociedade da informação. São Paulo: Atlas, 2007.

PRETTO, Nelson De Luca (Org.). Globalização & educação: mercado de trabalho,


tecnologias de comunicação, educação a distância e sociedade planetária. 2. ed. Ijuí:
Unijuí. (Série Terra Semeada).

________. Linguagens e tecnologias na educação. <http://www.ufba.


br/~Pretto/textos/endipe2000.htm>.

SILVA, Marco. Sala de aula interativa. Rio de Janeiro: Quartet, 2000.

VENTURA, Luis Henrique. Comércio e contratos eletrônicos: aspectos jurídicos.


São Paulo: Edipro, 2001.

79

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