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Introdução as Telecomunicações

Brasília-DF.
Elaboração

Anderson Fagiani Fraga

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

Apresentação.................................................................................................................................. 5

Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa..................................................................... 6

Introdução.................................................................................................................................... 8

Unidade I
INTRODUÇÃO DAS TELECOMUNICAÇÕES............................................................................................. 11

Capítulo 1
História das telecomunicações....................................................................................... 13

Capítulo 2
União Internacional das Telecomunicações – ITU......................................................... 15

Capítulo 3
Gerência do espectro eletromagnético........................................................................ 18

Capítulo 4
Sinais analógicos e digitais............................................................................................... 21

Capítulo 5
Modulações analógicas e digitais.................................................................................. 28

Capítulo 6
Conceitos dos sistemas de transmissões........................................................................ 40

Unidade iI
SISTEMAS DE RADIODIFUSÃO DE TELEVISÃO E RÁDIOS........................................................................... 44

Capítulo 1
Sinais HD, SD e one-seg........................................................................................................ 46

Capítulo 2
Compressão de vídeo e áudio........................................................................................... 50

Capítulo 3
Multiplexação dos sinais de vídeo e áudio...................................................................... 58

Capítulo 4
Transmissão e recepção de televisão.............................................................................. 80

Unidade iii
REDES DE TELECOMUNICAÇÕES.......................................................................................................... 85
Capítulo 1
Conceitos de redes cabeadas com protocolos IP....................................................... 89

Capítulo 2
Introdução aos sistemas de VoIP, IPTV e OTT..................................................................... 93

Unidade iv
SISTEMAS DE TELEFONIA....................................................................................................................... 99

Capítulo 1
Comunicações de telefonia fixa e móvel..................................................................... 100

Referências................................................................................................................................. 102
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade


dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

6
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução
Telecomunicação significa o ato de se comunicar à distância. Assim, qualquer forma de
se estabelecer uma comunicação entre um ou mais receptores pode ser denominado de
um sistema de telecomunicações. Estes sistemas de telecomunicações estão presentes
em várias ações do nosso dia a dia. Por exemplo, no simples ato de assistirmos um
programa de televisão ou nos comunicar com um amigo por meio de uma chamada
telefônica, ou ainda o ato de conferimos uma transação bancária. Em uma época em
que o acesso à informação é tido como um dos bens mais valiosos do ser humano,
as telecomunicações exercem um papel fundamental nos aspectos sociais, econômicos
e políticos. Até o final dos anos 1970 as telecomunicações se resumiam em falar em
chamadas telefônicas ou sinais de rádio e televisão. E a partir deste ponto o processo
evolutivo das telecomunicações se tornou muito mais amplo. Por exemplo, revolução
causada pela chegada da internet, revolução esta somente se comparada com a revolução
industrial. As chamadas telefônicas atualmente podem conter sinais de vídeo entre as
pessoas que estão conversando. Os sinais de televisão estão com altas definições de
imagem e áudio. E outro exemplo, são as aulas como estas da Unyleya que possibilitam
o aluno e o professor se interagirem a quilômetros de distância.

A estrutura básica do sistema de telecomunicações envolve a transmissão de informação de


um ponto para outro por um canal de comunicação. Os processos básicos envolvidos são:

»» a geração da mensagem (voz, vídeo, imagem ou dados);

»» a descrição da mensagem por um conjunto de símbolos elétricos;

»» a codificação desses símbolos em uma forma de onda adequada ao canal


de comunicação;

»» a transmissão desses símbolos codificados para o destinatário ou destinatários


desejados;

»» a decodificação e reprodução dos símbolos recebidos;

»» a recriação da mensagem original com um grau de qualidade aceitável,


devido às imperfeições contidas no canal de comunicação utilizado.

Diante deste fato de extrema importância para o ser humano, até mesmo sendo
considerado como uma das necessidades básicas de sobrevivência, esta disciplina irá
de forma introdutória mostrar os principais sistemas de telecomunicações que são
envolvidos no dia a dia.

8
Objetivos
»» Promover ao aluno a oportunidade de adquirir senso crítico da importância
dos sistemas de telecomunicações e a sua utilização aplicada no dia a dia.

»» Analisar os conceitos relativos às telecomunicações bem como a solução


de problemas que envolvem as telecomunicações.

»» Compreender toda a teoria apresentada, tendo como um enfoque


prático nas questões relacionadas ao funcionamento dos sistemas de
telecomunicações.

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10
INTRODUÇÃO DAS Unidade I
TELECOMUNICAÇÕES

A palavra telecomunicações tem seu significado em duas outras palavras raízes, uma
originada do grego “tele” que significa distância e outra do latim “communicatio” que
quer dizer comunicação. Dessa forma, telecomunicações é o termo com o significado
de comunicação à distância, ou seja, transferência de informações entre dois ou
mais pontos distantes entre si. Nos dias atuais a palavra telecomunicações é o termo
utilizado na transferência de informações sobre um meio cabeado ou por radiodifusão
no ar (wireless), e isso inclui os hardwares e softwares necessários para transmissão e
recepção destes sinais.

Atualmente pode ser deparar com os sistemas de telecomunicações em uma frequência


explosiva e até mesmo chegando a ser assustadora. A transmissão (associada ao
processamento) da informação tornou-se uma das áreas mais importantes e
revolucionárias das últimas décadas. Onde o mundo está sofrendo uma transformação
radical em consequência das novas tecnologias que envolvem as telecomunicações.
Especialmente após a invenção internet, considerados por muitos a maior revolução
depois da escrita. O problema mundial ainda com as telecomunicações é que está sendo
distribuída ou utilizada de forma desigual. Dados indicam que no final do século, os
cinquenta países menos desenvolvidos existentes no mundo há cerca de 1,5 milhões
de linhas telefônicas, o equivale a menos de 1% das linhas telefônicas existentes nos
Estados Unidos. A densidade telefônica nos países desenvolvidos é superior a cem
terminais por 100 habitantes, enquanto nos países não desenvolvidos é apenas de
0,2 terminais a cada 100 habitantes. No Brasil a densidade 100 linhas telefônicas por
habitantes foi atingida somente no ano de 2010, entretanto este número vem sofrendo
um declive nos últimos anos, impulsionado pelas comunicações telefônicas móveis, ou
seja, pelos aparelhos celulares.

É de difícil se imaginar hoje alguma área de trabalho que não dependa de um serviço
efetivo de telecomunicações. Na aviação, por exemplo, depende fortemente das
telecomunicações e dos sistemas de radar (RAdio Detection And Ranging) nos controles
e seguranças dos tráfegos aéreos. Os controles de processos de processos industriais
automatizados muitas vezes necessitam da transmissão de informações para o
funcionamento de toda a cadeia de produção. Nas previsões meteorológicas, que fazem
uso de imagens de satélites, telemetrias e monitoramentos remotos nas prevenções de

11
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO DAS TELECOMUNICAÇÕES

catástrofes principalmente nos grandes centros urbanos. Ou nos auxílios imprescindível


de previsões meteorológica para a principal indústria brasileira que é o agronegócio.
Outro serviço de grande importância é o serviço de determinação de localização por
satélite conhecido como GPS (Global Position by Satellite), que permite determinar
com ótima precisão os sistemas monitorados de diversas naturezas veículos de carga
ou não, embarcações e aviões. A larga utilização de computadores tem demandado
intensas infraestruturas de transmissão de dados, para interligações locais, regionais e
até internacionais, assim estabelecendo a rede mundial de computadores. Nas áreas de
mineração também tem se beneficiado das transmissões de dados, voz e imagem para
a localização de novas jazidas de minérios. Além dos sistemas de comunicações em
massa como a televisão por satélite ou terrestre e as rádios modulas. Outras aplicações
de telessupervisão, telemetrias, telecomandos, comunicações militares, comunicações
marítimas são amplamente utilizadas.

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Capítulo 1
História das telecomunicações

A linha do tempo da história das telecomunicações diverge um pouco no ponto inicial


entre os profissionais da área. Entretanto, cabe aqui indicar o início da história das
telecomunicações mais recente, ou seja, aproximadamente dos últimos duzentos anos.
Os fatos mais significativos serão relatados na Tabela 1, importantes para os dias atuais
que estão praticamente se iniciando em uma nova era tecnológica. Outros personagens
e corporações também podem ser encontradas em outras literaturas para retratar a
história das telecomunicações, entretanto não são menos importantes que os principais
personagens indicados neste material.

Tabela 1.

Ano/inventor Descrição
1745 - Georg Von Kleist Desenvolvimento dos dispositivos para armazenamento de carga elétrica, conhecido como Leyden Jar.
Demonstrou com sucesso entre as cidades de Paris e Lille a operação de comunicação óptica por
1794 – Claude Chappe
meio de persianas que liberavam ou não pulsos de luz.
1800 – Alessandro Volta Demonstrou a existência da corrente elétrica e inventou a bateria.
Descobre o elemento químico selênio (conversor natural de energia luminosa em energia elétrica), fator
1817 – Jakob Berzelius
importante para transmissão nas imagens.
1820 – Hans Orested Demonstrou que o campo elétrico e o campo magnético estão relacionados.
Cria o telégrafo com transmissão de fios. O Código Morse utilizado nas comunicações de telégrafo foi
1830 – Samuel Finley Breese Morse
somente criado em 1839.
1831 – Michael Faraday Explorou os conceitos da indução eletromagnética.
1864 – James Maxwell Descreveu as equações das ondas eletromagnéticas.
1874 – Willoughby Smith Realiza transmissões de sinais de telégrafos por meios de cabos subaquáticos na cidade de Londres.
1876 – Alexandre Grahm Bell Invenção do telefone, entre as cidades de Boston e Cambridge.
1877 – Dom Pedro II Instala as primeiras linhas telefônicas no Brasil, no palácio da Quinta da Boa Vista (Rio de Janeiro).
Descrevem rápido esquadrinhamento, método utilizado até hoje para a geração e transmissões do sinal
1880 – Maurice Leblanc e W. E. Sawyer.
de vídeo.
1884 – Paul Nipkow Invenção da primeira televisão mecânica.
1887 – Heinrich Hertz Demonstrou um sistema básico de transmissão comum par de antenas de dipolo.
1888 – Almon Brown Strowger Inventou a chave comutadora para as centrais telefônicas.
1893 – Padre Roberto Landell de Moura Invenção do rádio (Brasil).
1894 – Oliver Joseph Lodge Inventa o detector sensitivo, ou seja, sintonizador de ondas eletromagnéticas “tunner”.
1896 – Guglielmo Marconi Realiza as primeiras transmissões por radiodifusão com sucesso na cidade de Bologna (Itália).
1901 – Karl Ferdinand Brun Invenção da válvula, dispositivo capaz de amplificar sinais elétricos alternados.
Realiza a primeira transmissão por radiodifusão transoceânica, Ilha da Cornualha (Inglaterra) a Nova York
1901 – Guglielmo Marconi
(Estados Unidos).
1914 – Edwin Howard Armstrong Desenvolve o receptor regenerativo de alta sensibilidade.

13
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO DAS TELECOMUNICAÇÕES

Ano/inventor Descrição
1918 – Edwin Howard Armstrong e
Inventam o receptor super heterodino.
Walter Schottky
Invenção da televisão eletrônica (Estados Unidos). Fato contestado por Vladimir Kosma Zworykin (Rússia)
1919 – Philo Taylor Farnsworth
que descreveu a televisão eletrônica em 1906, porém conseguiu o êxito somente em 1923/24.
1920 Iniciam-se os primeiros serviços por radiodifusão comercial na Inglaterra e Alemanha.
1924 A policia de Nova York implementa com sucesso a comunicação radiodifusão no ar.
Realiza as primeiras transmissões de radiodifusão televisiva (antes dessa data eram realizadas por par
1925 – John Logie Baird
de fios de telegrafo).
1926 – Julius Lilienfeld Patente do dispositivo transistor, que substituíra mais tarde a válvula com uma melhor eficiência energética.
1938 – Walter Schottky Investigações para a produção dos primeiros dispositivos semicondutores (Diodo de Schottky).
Introdução da comercialização dos serviços de telefones “móveis” ainda utilizavam par de fios na
1946
transmissão.
1946 – Vladimir Kosma Zworykine David
Invenção da televisão em cores.
Sarnoff
1948 Ocorrem as primeiras transmissões de testes no Brasil com a televisão monocromática (Juiz de Fora - MG)
1948 – Claude Shannon Publica a teoria da capacidade de transmissão por um canal de comunicação.
Realiza a compra dos equipamentos para formar a primeira emissora de televisão no Brasil (em 1950)
1949 – Assis Chateubriand
sendo o quarto o mundo (Estados Unidos, Inglaterra e França).
Desenvolve o primeiro telefone móvel celular, com transmissão via por radiodifusão (com alcance
1955 – Leonid Kupriyanovich
máximo de 1,5 km).
1956 – John Barden, Walter Brattain,
Produzem o primeiro transistor.
Walter Shockley
1957 Lançamento do primeiro satélite (Sputnik)
1969 – Alec H. Reeves Publica a modulação PCM (Pulse Code Modulation) para as futuras transmissões digitais.
O Brasil realiza as primeiras transmissões de televisão analógicas a cores, padrão de transmissão
1972 definido em 1967, na cidade de Caxias do Sul - RS. Onde em 1970 foram realizados de transmissões
a cores para somente 30 famílias de São Paulo.
1980 No Japão ocorrem as primeiras transmissões em alta definição de áudio e vídeo (projeto MUSE).
1990 É inicializada a primeira rede celular no Brasil (Rio de Janeiro).
1991 Ocorrem as primeiras transmissões de telefones celulares digitais (voz e SMS)
O Brasil realiza as primeiras transmissões de televisão digital na cidade de São Paulo (padrão definido
2007
em 2006).

Fonte: Autor, 2017.

14
Capítulo 2
União Internacional das
Telecomunicações – ITU

A União Internacional de Telecomunicações (ITU) é o organismo mais importante a


nível mundial em telecomunicações. Atualmente é constituído por três setores básicos:
setor de radiocomunicações (ITU-R) para a alocação e uso do espectro eletromagnético,
o setor de telecomunicações (ITU-T) para as questões técnicas e recomendações para
a padronização internacional, e o setor de desenvolvimento (ITU-D) no âmbito de
desenvolvimento em escala mundial.

Esta organização que hoje se encontra sediada na cidade de Genebra (Suíça), sofreu
uma importante reestruturação no ano de 1993, e passando a ser conhecida como
a União Internacional das Telecomunicações. Antes dessa data, as duas principais
organizações subsidiárias eram CCITT (International Consultive Committee on
Telephone and Telegraph) e o CCIR (International Consultive Committee on Radio).
Assim após o ano de 1993 o CCITT passou a ser o conhecido como ITU-T e o CCIR
passou a ser o ITU-R.

Existem outras organizações e associações que são envolvidas nos processos de


padronizações recomendadas pela ITU. E outras organizações que podem influenciar
diretamente decisões das recomendações feitas, como por exemplo, é o caso da
FCC (Federal Communications Commission) dos Estados Unidos. As organizações
mais proeminentes relacionadas à organização ITU nos aspectos regulatórios são:
ANSI (American National Standards Institute), EIA/TIA (Electronic Industries
Association/Telecommunications Industry Association), ISO/IEC (International
Standards Organization/International Eletrotechnical Commission), ETSI
(European Telecommunication Standards Institute), CEPT (European Conference
of Postal and Telecommunication Administrations), IEEE (Institute of Electrical
and Electronics Engineers), UL (Underwriters Laboratories), IETF (Internet
engineering Task Force), W3C (Word Wide Web Consortioum), 3GPP (3rd
Generation Partnership Project), ITSO (International Telecommunication Satellite
Organization) e conforme ilustrado na Figura 1.

A Tabela 2 lista as séries de documentos (ou recomendações) publicadas pela ITU-R


para a radiocomunicação, que são os resultados obtidos pelos grupos de estudos
organizados. De forma análoga a ITU-T também organiza as suas publicações utilizando
individualmente todas as letras do alfabeto, entretanto, não segue uma designação igual
e formal ao ITU-R.

15
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO DAS TELECOMUNICAÇÕES

Tabela 2.

Sigla Descrição
BO Distribuição por satélite.
BR Gravação para produção, arquivos e play-out, filme para televisão.
BS Serviço de radiodifusão sonora.
BT Serviço de radiodifusão televisiva.
F Serviços fixos.
M Serviços móveis de rádio determinação (rádio localização e rádio navegação) amadores e relacionados a serviços de satélites.
P Propagação de ondas de rádio.
RA Radio astronomia.
RS Sistemas de sensoriamento remoto.
S Serviço de satélite fixo.
SA Aplicações espaciais e meteorologia.
SF Compartilhamento de frequências e coordenação entre satélites fixos e sistemas de serviços fixos.
SM Gerenciamento de espectro.
SNG Coleta e distribuição de material com informação de natureza jornalística televisiva ou não, utilizando satélites.
TF Padrões de emissões de sinais no domínio da frequência e temporal.
V Vocabulário e assuntos relacionados.

Fonte: <http://www.itu.int/pub/R-REC>, 2017.

Figura 1.

Fonte: Autor, 2017.

Agência Nacional de Telecomunicações – ANATEL


Com o objetivo de promover o desenvolvimento das telecomunicações em todo o Brasil
a Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL) é uma autarquia especial criada
em 16 de junho de 1997 junto com a Lei Geral das Telecomunicações (Lei 9.472, de 16

16
INTRODUÇÃO DAS TELECOMUNICAÇÕES │ UNIDADE I

de junho de 1997). Antes dessa data, o órgão que regulava as telecomunicações no Brasil
era Departamento Nacional de Telecomunicações (DENTEL). A responsabilidade da
ANATEL é de promover uma moderna e eficiente infraestrutura de telecomunicações,
capaz de oferecer à sociedade os serviços adequados, diversificados e ao custo justo em
todo o território nacional. A ANATEL é uma agência administrativamente independente,
financeiramente autônoma, não se subordina a nenhum órgão do governo. As decisões
tomadas só podem ser contestadas de forma judicial.

Do antigo ministério das comunicações a ANATEL herdou os poderes de outorga,


regulação e fiscalização e uma diversidade de acervos técnicos e patrimoniais. Compete
à agência adotar as medidas necessárias para o atendimento do interesse público e para
o desenvolvimento das telecomunicações brasileiras, atuando com independência,
imparcialidade, legalidade, impessoalidade e publicidade.

Dentre as atribuições da ANATEL, as que merecem mais destaque:

»» implementar, em sua esfera de atribuições, a política nacional de


telecomunicações;

»» expedir normas quanto à outorga, à prestação e à fruição dos serviços de


telecomunicações no regime público;

»» administrar o espectro de radiofrequências e o uso de órbitas, expedindo


as respectivas normas;

»» expedir normas sobre prestação de serviços de telecomunicações no


regime privado;

»» expedir normas e padrões a serem cumpridos pelas prestadoras de


serviços de telecomunicações quanto aos equipamentos que utilizarem;

»» expedir ou reconhecer a certificação de produtos, observados os padrões


e normas por ela estabelecidos;

»» reprimir infrações dos direitos dos usuários;

»» exercer, relativamente às telecomunicações, as competências legais


em matéria de controle, prevenção e repressão das infrações da ordem
econômica, ressalvadas as pertencentes ao Conselho Administrativo de
Defesa Econômica (CADE).

17
Capítulo 3
Gerência do espectro eletromagnético

A sociedade cada vez mais vem demandando por tecnologias que dependem diretamente
ou indiretamente da utilização de radiofrequências para se comunicarem. Para grande
parte dos usuários finais somente é percebido com limitações nas utilizações de telefones
celulares e sinais de televisão ou rádios. Entretanto, as utilizações vão muito além dessas
aplicações finais, tais como alguns poucos exemplos: conexões de chamadas telefônicas
entre grandes centrais telefônicas, interligações entre os provedores de internet,
comunicação entre os continentes via satélites. Ou seja, para o desenvolvimento social
e tecnológico da sociedade destaca-se a enorme importância de se gerenciar o espectro
eletromagnético nos processos nacionais e internacionais de comunicação em todos
os âmbitos e sentidos. E assim com a finalidade de acomodar todos os usuários que
buscam a utilização do espectro de radiofrequências.

Para uma utilização eficiente e por questões administrativas do espectro de radiofrequências


a ITU dividiu o mundo em três grandes regiões para as alocações das bandas de
frequências de acordo com a tecnologia empregada. A Figura 2 indica essas três grandes
regiões feitas pela ITU. Outra grande importância de se ter dividido o mundo em três
grandes regiões é para evitar as interferências entre os sistemas de telecomunicações.
Contudo, isso não necessariamente irá implicar uma incompatibilidade de tecnologias
ou frequências nos sistemas de comunicação existentes entre as regiões.

No Brasil a responsabilidade de gerenciar o espectro de frequência é da ANATEL,


seguindo as convenções e os tratados e acordos firmados internacionalmente, ou seja,
seguindo as recomendações da ITU. A Figura 3 ilustra como está dividido o espectro
de radiofrequências no Brasil e na Tabela 3 como se dá a nomenclatura para cada faixa
de frequência. Entretanto, de origem dos equipamentos norte-americanos, e após a
segunda grande guerra, a Tabela 4 realiza uma outra nomenclatura também muito
utilizada nos dias atuais para designar a divisão do espectro de radiofrequências.

Figura 2.

Fonte: Autor, 2017.

18
INTRODUÇÃO DAS TELECOMUNICAÇÕES │ UNIDADE I

Tabela 3.

Limites de frequências Denominação oficial Denominação popular


30 Hz – 300 Hz ELF --
300 Hz – 3 kHz VF Frequências de voz
3 kHz – 30 kHz VLF Ondas muito longas
30 kHz – 300 kHz LF Ondas longas
300 kHz – 3 MHz MF Ondas médias
3 MHz – 30 MHz HF Ondas curtas
30 MHz – 300 MHz VHF Ondas muito curtas
300 MHz – 3 GHz UHF Micro-ondas
3 GHz – 30 GHz SHF Micro-ondas
30 GHz – 300 GHz EHF Micro-ondas
300 GHz – 3 THz Sem denominação --
3 THz – 375 GHz Infravermelho Comunicações ópticas

Fonte: Autor, 2017.

Tabela 4.

Limites de frequências Denominação Limites de frequências Denominação


300 MHz – 3 GHz UHF 18,0 GHz – 26,5 GHz K
1 GHz – 1,55 GHz L 26,5 GHz – 40,0 GHz Ka
1 GHz – 3,95 GHz S 33,0 GHz – 46,0 GHz Q
3,95 GHz – 5,85 GHz G 40,0 GHz – 60,0 GHz U
3,95 GHz – 8,20 GHz C 40,0 GHz – 80,0 GHz V
5,30 GHz – 8,20 GHz J 60,0 GHz – 90,0 GHz E
7,05 GHz – 10,0 GHz H 58,0 GHz – 110,0 GHz W
8,20 GHz – 12,4 GHz X 90,0 GHz – 140,0 GHz F
10,0 GHz – 15,0 GHz M 80,0 GHz – 170,0 GHz N
12,4 GHz – 18,0 GHz Ku Acima de 170,0 GHz A

Fonte: Autor, 2017.

19
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO DAS TELECOMUNICAÇÕES

Figura 3.

Fonte: <www.anatel.gov.br>, 2017.

20
Capítulo 4
Sinais analógicos e digitais

Os fenômenos que caracterizam a essência da interação e comunicação humana são


dados por sinais classificados como analógicos. Por exemplo, uma voz que se propaga
em um ambiente é uma onda do tipo mecânica gerada pela vibração das partículas
existentes no espaço entre o locutor e o receptor. E em nosso aparelho auditivo
(ouvido), por meio da cóclea e dos ossos martelo, estribo e bigorna, esta onda mecânica
propagada se converte em impulsos elétricos para a correta interpretação do cérebro da
mensagem sonora transmitida pela voz do locutor. De forma análoga pode-se dizer com
as imagens que observamos a todo instante, pois as imagens são informações de luzes,
recebidas pelos olhos e interpretadas pelo cérebro, que também são sinais classificados
como analógicos. Esses dois exemplos citados são os mais clássicos encontrados nas
literaturas. Mas, também se pode citar outros exemplos no meio tecnológico tal como
um simples sensor pluviométrico tem em sua escala de medição do índice de altura do
líquido, encontrado em um reservatório, de forma analógica. E ao detectar ou realizar
esta medida se transmite a informação para ser posteriormente processada e se tomar
alguma atitude de decisão com relação a esta informação, por exemplo, “fechar a válvula
de água, para não ocorrer transbordamento de água no reservatório”.

Um sinal analógico pode ser caracterizado em sua forma de onda, por apresentar infinitos
valores entre dois pontos quaisquer no sinal. Já um sinal digital é caracterizado por
apresentar valores definidos entre dois quaisquer no sinal. Ou seja, irá apresentar valores
nos pontos específicos da amostragem do sinal (o conceito de amostragem do sinal, nós
iremos estudar melhor nos parágrafos seguintes). A Figura 4 ilustra um sinal analógico
e outro digital por meio da forma de onda mais elementar, ou seja, forma de onda
senoidal. No sinal digital apresentado na Figura 4 irá possuir valores bem definidos entre
dois pontos no sinal, entretanto ao visualizar esta forma de onda em um equipamento
poderemos perceber o aspecto de uma “escada” devido ao conversor ser do tipo retentivo,
que é o mais comum de se encontrar, mas poderíamos não observar esta escada e ter
somente pontos nos valores amostrados para um conversor do tipo não retentivo.

Figura 4.

Fonte: Autor, 2017.

21
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO DAS TELECOMUNICAÇÕES

Contudo, o tratamento da informação no formato analógico se torna algo muito


dificultoso, pois, no meio de comunicação junto com sinal de informação transmitido
irão somar-se ruídos e distorções que no mundo analógico irá implicar que o sinal
transmitido deva possuir um nível de sinal muito superior ao provocado pelo ruído
para que a mensagem seja recebida com compreensão impactando principalmente uma
enorme ineficiência enérgica para realizar a comunicação. Então dessa forma, com um
sinal digitalizado é possível inserir diversos tipos de informações que irão recuperar a
informação transmitida mesmo com a forte presença de ruídos e distorções somados no
sinal. E esse processo de inserir informação para recuperar o sinal que denominamos
de codificação e irá significar uma enorme série de vantagens que no formato analógico
seriam totalmente impraticáveis. Na Figura 5 ilustra um sistema de transmissão digital
básico, entre o conversor A/D (conversor analógico – digital) até a modulação do sinal
de informação irá possuir características digitais, denominado de sinal digital em banda
base. Após o modulador o sinal de informação continua digital, mas, o translado para da
frequência de transmissão, ou seja, a frequência da portadora será com características
analógicas, este processo de modulação nós iremos compreender melhor no próximo
capítulo sobre modulações.

A relação entre potência do nível do sinal transmitido pela potência do sinal de


ruído denomina-se em telecomunicações como relação-sinal-ruído, simbolizado
por SNR (Signal Noise Ratio), S/N (Signal/Noise) para transmissões analógicas. Em
transmissões digitais é a mesma nomenclatura (relação-sinal-ruído), entretanto
simbolizado como CNR (Carrier Noise Ratio) ou C/N (Carrier/Noise).

Figura 5.

Fonte: Autor, 2017.

Sendo assim, conforme foi mencionado acima o sinal analógico será enormemente
dependente das condições de linearidade e dos ruídos do canal de comunicação. E essas
variáveis serão irreversíveis no sinal analógico. Entretanto, os ruídos e as distorções
devem estar no controle do operador; processo este que é feito na etapa de codificação.

22
INTRODUÇÃO DAS TELECOMUNICAÇÕES │ UNIDADE I

O sistema digital parte da discretização do sinal analógico da fonte, ou seja, para cada
tempo de amostragem é gerado um sinal analógico discreto no tempo. E para cada
amplitude desse sinal analógico discreto é atribuída uma amplitude equivalente ao
sinal de analógico de entrada do conversor. O sinal discretizado é quantizado, ou seja,
a cada amplitude discreta é atribuído um valor de nível de quantização, que por sua vez
são valores binários que correspondem a cada um dos níveis de quantização. A estes
valores binários que são transmitidos ou entregues a próximo bloco que é a codificação.
A Figura 6 ilustra todo processo básico de digitalização de um sinal.

Figura 6.

Fonte: Autor, 2017.

A frequência a qual o sinal é amostrado deve ser respeitar uma importante regra do
teorema de Nyquist, onde a frequência de amostragem deve ser duas vezes maior ou
igual a maior componente de frequência do sinal amostrado, ou seja:

fs = 2 × fm

Onde fs é a frequência de amostragem e fm é a frequência ou máxima frequência do sinal


analógico de entrada. Por exemplo: Um som de um apito cuja frequência é de 1 kHz, a
este sinal deve ser amostrado no mínimo por uma frequência de amostragem de 2 kHz
para ser recuperado de forma semelhante ao sinal original. Caso este teorema não seja
obedecido o sinal irá sofrer distorções o qual não será possível a sua recuperação no
receptor, ou seja, a mensagem não será entendível. Em sistemas práticos este processo
é aplicado a um filtro anti-aliasing no qual é irá controlar a largura de faixa do sinal
amostrado, a fim de minimizar as distorções no sinal recuperado. A Figura 7 ilustra no
domínio da frequência e do tempo um sinal sem distorções.

23
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO DAS TELECOMUNICAÇÕES

Figura 7.

Fonte: Autor, 2017.

A Figura 8 mostra um sinal tanto no domínio do tempo quanto no domínio da frequência


a qual possui distorções por não respeitar o teorema de Nyquist.

Figura 8.

Fonte: Autor, 2017.

O ser humano na média possui uma frequência audível de 20 Hz a 22 kHz.


Considerando essa faixa de frequência qual deve ser a menor frequência
de amostragem que se deve aplicar no sinal de voz para ser recuperado sem
distorções? Perceba nesse exemplo, que eu não estou indicando o sinal de voz
entendido com inteligibilidade onde a faixa de frequência é bem menor, por
exemplo, em sistemas telefônicos fixo são de no máximo de 4 kHz. Sendo assim,
fs = 2 x fm = 2 x 22 x 103 = 44 kHz. Para ampliar os seus conhecimentos na teoria da
amostragem acesse: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Teorema_da_amostragem_
de_Nyquist%E2%80%93Shannon>

Para entender melhor o porquê do sinal de voz inteligível, que se iniciou devido
aos sistemas telefônicos fixos, acesse: <http://www.teleco.com.br/tutoriais/
tutorialtelip/pagina_1.asp>

24
INTRODUÇÃO DAS TELECOMUNICAÇÕES │ UNIDADE I

O sinal reconstruído irá gerar uma nova forma de onda correspondente a cada um dos
valores binários transmitidos. Dessa forma esta nova forma de onda gerada não irá
corresponder com a forma de onda original, e sim irá se assemelhar a original. Portanto,
um erro entre as duas formas de ondas é observado. Este erro é introduzido na etapa de
quantização. Quanto maior for a quantidade de bits para representar uma amplitude
discretizada menor será o erro provocado (na Figura 6 foi representado com 3 bits
cada valor de amplitude discreta), entretanto isso pode comprometer a taxa de bits de
transmissão. A Figura 9 mostra este erro de quantização. Dessa forma se faz necessário
realizar uma relação de compromisso entre a quantidade de bits de quantização de seu
sistema digital pela máxima taxa de transmissão suportada no sistema.

Figura 9.

Fonte: Autor, 2017.

A fim de minimizar ainda mais o erro de quantização, cada nível pode receber
quantidades de bits diferentes para representar os seus respectivos valores. Na Figura
9 os níveis de quantização foram representados em uma escala linear, como também
pode ser observado na Figura 10. Entretanto, é comum que a maioria dos sistemas opere
com quantizações não lineares diminuindo o erro de quantização e consequentemente
diminui significativamente as distorções provocadas no sinal. Por outro lado, estas
quantizações não lineares podem exigir um pouco mais de complexidade dos hardwares
que envolvem o sistema de comunicação os tornando com um custo relativamente um
pouco maior se comparado os hardwares desenvolvidos com quantizações lineares.

Figura 10.

Fonte: Autor, 2017.

25
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO DAS TELECOMUNICAÇÕES

As leis de quantizações mais comuns de amplas utilizações e compatibilidades entre os


diversos sistemas são lei A e a lei µ. Ambas apresentam uma quantização não linear, ou
em outras literaturas também são chamadas de quantizações não uniforme. Outras leis
também podem ser encontradas nos dispositivos como as leis M, U, MU e outras, mas,
não são tão comuns quantos duas leis A e µ.

As leis A e µ foram utilizadas pela primeira vez no ano de 1972, nos sistemas de telefonia.
E ratificada mais tarde pela ITU-T na norma G.711. No início da década de 1980 foram
utilizadas pelo ITU para a codificação dos sinais de áudio digital. A lei µ teve maior
aceitação nos países como Japão e Estados Unidos e a lei A teve maiores penetrações
nos países europeus e da América do Sul, para compatibilizar com seus sistemas de
telefonia já implantados. Ambas as leis de quantizações são semelhantes em seus
processos. A Figura 11 mostra como qual deve ser o valor de quantização de um sinal
com uma determinada amplitude. O primeiro bit indica qual é a polaridade do sinal
(positivo (valor 0) ou negativo (valor 1)), os três próximos bits indicam qual o segmento
o sinal se encontra, e os quatro últimos bits indicam o código de quantização que o sinal
deva sofrer, ou seja, são 24 = 16 novos subníveis dentro para cada um dos segmentos.

Figura 11.

Fonte: Autor, 2017.

Por exemplo: um sinal discreto cuja amplitude equivaleu exatamente no ponto indicado
na Figura 12. O primeiro bit será 0 (zero). Os três bits próximos representarão o valor

26
INTRODUÇÃO DAS TELECOMUNICAÇÕES │ UNIDADE I

de segmento que se encontra a amplitude do sinal, neste caso será 101. Para os quatro
últimos bits, se deve identificar qual é o subnível de quantização se encontra a amplitude.
Como no exemplo da Figura 12 não foi indicado o subnível (entre 0 a 15-16 subníveis
totais), para fins de exemplificação considere que a amplitude do sinal seja identificada
no subnível 9 (em valor binário corresponde a 1001). Temos então, a representação da
amplitude da Figura 12 como o valor quantizado de 0 101 1001, ou seja, 01011001 para
ser transmitida ou enviada ao codificador.

Figura 12.

Fonte: Autor, 2017.

27
Capítulo 5
Modulações analógicas e digitais

O processo de modulação nos sistemas de comunicações consiste em alterar as


características de uma forma de onda senoidal (p(t)), pelo sinal de informações (i(t)).
O sinal (p(t)), que denominamos de portadora, irá possuir a expressão de caracterização:

p(t)=A(t) sin (ωot + θ(t))

Onde A(t) é a amplitude do sinal senoidal que pode variar com tempo, w0(t) é a frequência
angular dada em rad/s e calculada pela seguinte expressão w0 = 2pf sendo f a frequência
do sinal em Hz, e θ(t) é a fase do sinal que também pode ser em função a variável tempo.
As informações do sinal (i(t)), que denominamos sinal modulante, podem possuir as
características digitais se forem provenientes de codificadores ou multiplexadores.
Ou analógicas forem provenientes de um processador de sinal.

As características que são alteradas no sinal da portadora podem ser a sua amplitude
A(t) onde se obtém uma modulação na amplitude do sinal, na frequência w0 onde
se irá originar uma modulação em frequência. E também pode ocorrer na fase da
portadora θ(t), sendo esta última característica não muito comum de ocorrer se o sinal
de entrada for um sinal analógico. Pois, as alterações abruptas na fase podem impactar
em alterações na frequência do sinal, o qual irá se assemelhar com a modulação em
frequência. E também essas alterações muito abruptas na fase do sinal podem gerar
maiores quantidades de emissões espúrias no espectro eletromagnético devido o
sinal exceder a linearidade dos componentes de amplificação. A Figura 13 ilustra um
modulador na sua forma mais genérica possível.

Figura 13.

Fonte: Autor, 2017.

Assim, a modulação é um processo pelo qual a amplitude, frequência, fase ou uma


combinação de ambos são alterados no sinal da portadora de radiofrequência (RF) de
acordo com as informações que são desejadas para se transmitir na comunicação.

28
INTRODUÇÃO DAS TELECOMUNICAÇÕES │ UNIDADE I

Com o advento dos avanços tecnológicos, poucas tecnologias ainda persistem no formato
analógico tais como as transmissões de rádios em amplitude e frequência moduladas
sendo respectivamente transmitidas em 550 – 1.550 kHz e 88 – 108 MHz, a última
milha (ou quilômetro) das linhas de telefonia fixa e ainda algumas comunicações entre
aeronaves. Sendo, todos estes serviços se tornarem inevitáveis as suas transmissões
futuras no formato digitais ou serem substituídos por outras tecnologias disseminadas.
E devido a este fato, serão abordadas com maiores ênfases as modulações digitais, que
estão presente em quase todos os sistemas de comunicações existentes.

O desempenho das modulações digitais é determinado em termos da probabilidade


de erro, o qual se torna importante a definição de detecção coerente e não coerente,
uma vez que ambas as formas de detecção irão resultar em resultados diferentes de
desempenhos. Quando o receptor explora o conhecimento de fase da portadora para
detectar o sinal recebido, o processo é chamado de detecção coerente. E quando o
receptor não faz o uso da informação de fase da portadora para detectar o sinal recebido
o processo é chamado de detecção não coerente. A vantagem da detecção não coerente
sobre a detecção coerente é a menor complexidade de desenvolvimento do hardware.
Sendo assim, esta menor complexidade irá impactar em uma queda de desempenho, ou
seja, um aumento da taxa de erros de bits, considerando um valor de Eb/No constante
(Eb/No é a relação da energia de bit pela densidade de potência do ruído). É interessante
informar neste ponto, que em comunicações digitais os termos demodulação e detecção
são utilizados indistintamente, então o termo demodulação está relacionado com o
processo de recuperação da forma de onda da portadora e detecção com o processo de
recuperação do conjunto de bits (símbolo) que formam a mensagem da informação.

A primeira modulação digital que será tratada é a modulação em amplitude, conhecida


por modulação ASK (Amplitude Shift Keying) conforme ilustrado na Figura 14, onde a
amplitude da portadora assumirá valores de acordo com a fonte discreta de informações.
Na Figura 14 pode observar que uma modulação 4-ASK representada no domínio do
tempo e a seu respectivo diagrama de constelação. Perceba que para cada conjunto de
dibit (um símbolo com dois bits) teremos quatro variações distintas na amplitude da
portadora, o qual irá representar respectivamente esses símbolos. Vale ressaltar que
esses bits que irão formar um conjunto de bits que são chamados de símbolos, são
oriundos de uma fonte de informação que passou por um processo de digitalização.

Considerando a detecção ótima coerente, a probabilidade de erro de símbolo em função


de Eb/N0 para as modulações M-PSK é:

�−1 3 log � ��� ��


�� = ���� �� � �
� � − 1 ��

29
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO DAS TELECOMUNICAÇÕES

Onde M indica a ordem de modulação, ou seja, quantidade de símbolos presentes no


diagrama de constelações. A cada símbolo é formado por 2n bits, por exemplo, uma
modulação 16-ASK, corresponde 16 símbolos, e cada símbolo com 4 bits de informação
(24 = 16). Quando a constelação recebe um mapeamento, ou seja, cada símbolo da
constelação é um identificado pelo código Gray, conforme mostrado na Figura 14,
para valores relativamente altos de Eb/N0, a probabilidade de erro de bit pode ser
determinada aproximadamente por:
��
�� =
log � �

Onde Ps continua sendo a probabilidade de erro de símbolo. Conforme ainda observado


na Figura 14 é inerente que a modulação possua a sua envoltória variável em função
das informações digitais. A relação entre a energia de pico Ep pela energia média da
constelação Eav pode ser expressa por:

�� 3�� � ��
=
��� ���

Para entender melhor a função matemática erro complementar (erfc ou erf )


acesse: <https://www.youtube.com/watch?v=VKk-Qh7EcT0>.

Já a largura de faixa mínima teórica ocupada por uma modulação M-ASK, pode ser
calculada por:
��
�� �
log � �

Onde Rs é a taxa de símbolos transmitidos.

Figura 14.

Fonte: Gomes, 2013.

30
INTRODUÇÃO DAS TELECOMUNICAÇÕES │ UNIDADE I

A Figura 15 apresenta as curvas de probabilidade de erro de bit em função de Eb/N0 para


as modulações 4-ASK e 8-ASK ambas com mapeamento Gray. Pode-se exemplificar na
Figura 15 que para uma mesma probabilidade de erro de bit de 10-6 o valor de Eb/N0
será de aproximadamente 14 dB para a modulação 4-ASK e de 18 dB na modulação
8-ASK. Isso significa que ao aumentar a orem de modulação de 4 para 8, para se obter o
mesmo desempenho da modulação 8-ASK em relação a 4-ASK deve ser ter 4 dB a mais
de energia (potência). Em contrapartida, a modulação 8-ASK irá transmitir mais de
taxa de informações, pois cada símbolo possui três bits (23 = 8), já na modulação 4-ASK
são somente dois bits de informações para cada símbolo (22 = 4).

Figura 15.

Fonte: Gomes, 2013.

Para entender melhor o código Gray, muito utilizado em sistemas digitais acesse:
<https://www.youtube.com/watch?v=bcmD_nGWSQg>

A modulação PSK (Phase Shift Keying) o sinal de informações digitais, ou seja, os bits irão
alterar a fase do sinal da portadora. Em uma modulação 2-PSK ou BPSK, por exemplo, a fase
poderá assumir 0° ou 180° em relação a uma referência, dependendo do bit transmitido,
pois, cada símbolo irá transportar somente um bit (21 = 2). Em uma sequência extensa de

31
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO DAS TELECOMUNICAÇÕES

bits zeros ou de bits uns, a fase da portadora não será alterada. Entretanto, se a sequência
for alternada entre os bits zero e um, a portadora irá sofrer variações bruscas em sua fase, o
que irá poderá gerar distorções harmônicas no sinal transmitido.

A Figura 16 apresenta a modulação 4-PSK ou simplesmente QPSK (Quarter – Phase Shift


Keying) com mapeamento Gray, no domínio do tempo e a sua respectiva constelação.
Perceba que a modulação QPSK é formada pela soma de dois sinais BPSK. Nesta
modulação, a diferença de fase entre símbolo é de 90°, ou no máximo de 135° (do dibit
00 para o 11, ou vice-versa), situação esta inferior à modulação BPSK. Vale ressaltar que
o aumento da ordem de modulação irá gerar também um aumento de energia (potência)
para um mesmo desempenho se comparado com uma modulação M-PSK de ordem de
modulação inferior. Mas, em contrapartida a taxa de bits de transmissão é aumentada de
2n. Se considerada uma detecção ótima coerente, para as modulações BPSK e QPSK com
mapeamento Gray, a probabilidade de bit em função de Eb/N0 pode ser calculada por:

1 ��
�� = ���� �� �
2 ��

Figura 16.

Fonte: Autor, 2017.

32
INTRODUÇÃO DAS TELECOMUNICAÇÕES │ UNIDADE I

Já para as modulações M-PSK onde M é maior que quatro (M > 4) a probabilidade de


erro de símbolo pode ser determinada aproximadamente por:

�� �
�� � ���� �� log � ��� sen � ��
�� �

A largura de faixa mínima da modulação M-PSK, também pode ser determinada por:
��
�� �
log � �

A Figura 17 ilustra as curvas de desempenho das modulações BPSK, QPSK e 8-PSK


em função da probabilidade de erro de bit pelo valor de Eb/N0 em dB. Perceba que as
modulações BPSK e QPSK apresentam o mesmo desempenho energético, entretanto,
a modulação QPSK tem a vantagem de transportar o dobro de bits por símbolo, e isso
corresponde ao dobro da taxa de transmissão pela mesma potência. De forma análoga,
a modulação M-ASK, a modulação 8-PSK irá necessitar de aproximadamente 4 dB de
energia (potência) para o mesmo desempenho de probabilidade de erro de bits com
relação a modulação QPSK, entretanto, irá transportar também mais informações por
cada símbolo transmitido.

Figura 17.

Fonte: Gomes, 2013.

33
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO DAS TELECOMUNICAÇÕES

A modulação DQPSK (Differential - Phase Shift Keying) também conhecida por π/4-
DQPSK é um tipo de modulação coerente que admite que o receptor possua como
referência a portadora. Contudo, na prática, o receptor não irá possuir o conhecimento
da fase da portadora. Isso devido aos erros de fase introduzidos pelo ruído do canal de
comunicação e outro pela ambiguidade de fase da portadora recuperada. Para evitar
esses problemas pode-se transmitir informações pela codificação da mudança de fase
da portadora. E o resultado será uma modulação por deslocamento de fase codificada
diferencialmente. A Figura 18 apresenta a constelação para esta modulação, donde
então as informações são transmitidas entre as diferenças de fases do símbolo atual e o
símbolo anterior. Como a constelação da modulação DQPSK possui como característica
oito símbolos, pode-se afirmar que cada símbolo transporta três bits de informações cada
(23 = 8). A sua probabilidade de erro de símbolo aproximada é dada por (com M > 4):

�� �
�� � ���� �� log � ��� sen � ��
��� �

Para determinação da probabilidade de erro de bit, é o resultado da probabilidade de


erro de símbolo pelo total de bits em cada símbolo.

Figura 18.

Fonte: Autor, 2017.

Se comparados os desempenhos das modulações DQPSK e QPSK, a modulação QPSK irá


apresentar um desempenho superior. Entretanto, a complexidade de sua implementação
será também superior se comparada com a DQPSK. A Figura 19 mostra a comparação de
desempenho entre as curvas DQPSK e QPSK. É observado que para um probabilidade de
erro de bit de 10-6 a modulação DQPSK irá necessitar de pelo menos 4 dB para um mesmo
desempenho se comparado com a modulação QPSK. Mas, como indicado anteriormente
na modulação DQPSK irá possuir uma taxa de transmissão superior a QPSK. Dessa forma
deve manter uma relação de compromisso a ser analisada entre taxa de transmissão e
robustez do sinal transmitido pelo canal de comunicação.
34
INTRODUÇÃO DAS TELECOMUNICAÇÕES │ UNIDADE I

Figura 19.

Fonte: Gomes, 2013.

Na modulação (Frequency Shift Keying) a frequência da portadora é alterada em


função da informação digital ao qual se deseja transmitir. A Figura 20 apresenta uma
portadora com modulação 2-FSK no seu domínio temporal. Uma particularidade desta
modulação é que as frequências que a portadora pode assumir devem ser ortogonais,
ou seja, múltiplas inteiras da frequência fundamental o qual estão associadas ao
espaçamento entre frequências. Assim a frequência que irá representar o valor do bit 1
(um) é múltiplo inteiro do valor da frequência que irá representar o bit 0 (zero), onde
estas frequências são chamadas de sinais ortogonais da modulação FSK.

Figura 20.

Fonte: Autor, 2017.

35
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO DAS TELECOMUNICAÇÕES

A largura de faixa mínima ocupada por esta modulação FSK é:


�� �
�� �
2 log � �

Onde Rb é a taxa de bits que se deseja transmitir. A probabilidade de erro de bit é dado por:

1 ��
�� = ���� �� �
2 2��

A probabilidade de erro de símbolo da modulação FSK com detecção coerente é:

1 ��
�� = �� � 1����� �� log � ����
2 2��

E a probabilidade de erro de bit para uma detecção não coerente tem-se:


1 ��
�� = ��� �− �
2 2��

A Figura 21 mostra as curvas de desempenhos para as modulações FSK com ordem


de modulações com 2, 4 e 8. Podemos observar quanto maior a ordem de modulação
mais energia é necessário para se obter o mesmo desempenho de uma modulação que
possua ordem de modulação inferior.

Figura 21.

Fonte: Gomes, 2013.

36
INTRODUÇÃO DAS TELECOMUNICAÇÕES │ UNIDADE I

As modulações QAM (Quadrature Amplitude Moulation) são uma combinação entre as


modulações ASK e PSK. O qual consequentemente a portadora irá sofrer variações tanto
em sua amplitude quanto na sua fase, de forma simultânea ou não. Esta modulação é
uma das mais empregadas devido ao seu bom desempenho da relação Eb/N0 em relação
à taxa de erros de bits. Sendo assim, para ordens de modulações superiores a dezesseis
(16) os desempenhos são superiores se comparado com as modulações M-PSK, exigindo
assim uma menor relação-sinal-ruído na transmissão para uma mesma taxa de erro
de bits.

Como a modulação M-QAM são arranjados em um espaço bidimensional (amplitude


e fase) a constelação formada irá seguir um aspecto retangular conforme a Figura 22
apresenta, donde se tem duas constelações representadas a primeira uma modulação
16-QAM e a outra uma modulação 64-QAM. E dessa forma este tipo de modulação irá
necessitar de um conjunto mínimo de três bis (tribit) para que sua a portadora sofra
variações para transportar as informações desejadas. A figura a seguir mostra o sinal da
portadora no domínio temporal.
Figura 22.

Fonte: Autor, 2017.

Figura 23.

Fonte: Autor, 2017.

37
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO DAS TELECOMUNICAÇÕES

A probabilidade de erro de bit da modulação M-QAM com mapeamento Gray pode ser
obtida de forma aproximada por:

1 3 log � ��� ��
�� = 2 �1 − � ���� �� �
√� 2�� − 1� ��

Na grande maioria dos sistemas de comunicações as transmissões utilizando a modulação


M-QAM irá apresentar uma constelação retangular, contudo existe também a
possibilidade da modulação M-QAM não apresentar o formato retangular em sua
constelação conforme mostrado na Figura 24, com 32 símbolos transmitidos. E a sua
taxa de erro de símbolo pode ser determinada aproximadamente por:

1 ��
�� = 2 �1 − � ���� �� �
√2� ��

Figura 24.

Fonte: Autor, 2017.

E de forma análoga a modulação M-ASK na modulação M-QAM a sua largura de faixa


mínima teórica ocupada, pode ser determinada por:

��
�� �
log � �

As curvas de desempenhos das modulações M-QAM são apresentadas na Figura 25.


De forma idêntica de análises anteriores, pode observar que o aumento da ordem de
modulação se deve também aumentar a energia transmitida (potência transmitida) por
um mesmo desempenho, ou seja, uma mesma taxa de erro de bits.

Uma comparação entre as modulações digitais apresentadas é mostrada na Figura 26


ambas com detecção coerente e mapeamento Gray. Uma praxe de ser considerada no
momento de definição de qual modulação optar é analisar o sistema é limitado em
potência de transmissão optar por 16-FSK, 8-FSK ou QPSK. Se o sistema de transmissão
for limitado em largura de faixa optar por 8-PSK, 16-QAM, 64-QAM OU 128-QAM. Se
38
INTRODUÇÃO DAS TELECOMUNICAÇÕES │ UNIDADE I

o sistema de transmissão estiver limitado tanto em potência quanto em largura de faixa


a opção seria a modulação DQPSK.

Figura 25.

Fonte: Gomes, 2013.

Figura 26.

Fonte: Gomes, 2013.

39
Capítulo 6
Conceitos dos sistemas de transmissões

Os mecanismos da propagação das ondas eletromagnéticas dos sinais transmitidos são


diversos, mas geralmente podem ser caracterizados pela reflexão, difração e dispersão.
A maioria dos sistemas de radiocomunicação operados principalmente dentro do
perímetro urbano não se encontram em uma visada direta entre o transmissor e
receptor. Onde a presença é muito forte de obstáculos naturais ou não naturais,
que fazem com que a onda eletromagnética sofra difrações, múltiplos percursos, e
dentre outros fenômenos que irão provocar a atenuação do sinal. Esta atenuação
sempre aumentada à medida que a distância entre o transmissor e receptor também é
aumentada. Quando sinal transmitido se propaga em direção ao receptor em linha de
visada direta denominamos que o ambiente é do tipo LOS (line-of-sight) e caso não se
tenha uma visada direta entre o transmissor e o receptor é caracterizado um ambiente
do tipo NLOS (non-line-of-sight).

Os modelos de propagação apresentados pelas literaturas focam na intensidade


média do sinal recebido em uma determinada distância do transmissor. Também se
caracterizam a variabilidade do sinal em um determinado local em particular. Esses
modelos tentam prever a intensidade do sinal de cobertura, de acordo com estudos
realizados previamente.

Com isso, as transmissões que utilizam a atmosfera como meio de transmissão, o sinal
gerado pelo transmissor é enviado por meio de uma onda eletromagnética irradiada
por uma antena. As antenas podem ser omnidirecionais, que irradiam igualmente
em todas as direções, como a usualmente utilizada nos telefones móveis celulares, ou
serem caracterizadas por antenas direcionais, que concentram a irradiação em uma
determinada direção, como as antenas parabólicas. E em ambas as situações ponto a
ponto (com antenas direcionais) ou ponto área (antenas omnidirecionais) podem ser
realizados estudos de transmissão das ondas eletromagnéticas.

O modelo de propagação no espaço livre é muito utilizado para prever a intensidade


do sinal recebido quando entre o transmissor e o receptor estão em linha de visada
direta (LOS) e sem obstruções entre eles. Os sistemas de comunicações via satélite e de
radio enlaces terrestres normalmente podem considerar este tipo de propagação, com
resultados bem aproximados dos valores encontrados na prática. Este modelo prevê
que a intensidade do sinal propagado diminui com o quadrado da distância, que pode
ser descrita pela formula de Friis:

40
INTRODUÇÃO DAS TELECOMUNICAÇÕES │ UNIDADE I

�� �� �� ��
�� =
����� � � �

Onde PR é a intensidade de potência de recepção, GT e GR são respectivamente os ganhos


das antenas de transmissão e recepção. l2 é o comprimento de onda que equivale sendo
λ = c/f, c é a velocidade da luz no vácuo (c = 2,99792 x 108) e f é frequência de transmissão.
d é a distância de separação entre o transmissor e receptor, e L são as perdas adicionais
encontradas no sistema de comunicação. O ganho da antena está relacionado à sua área
efetiva (Ae) de irradiação seja para a transmissão ou recepção calculado por:

Ͷߨ‫ܣ‬௘
‫ܩ‬ൌ
ߣଶ

Que por vez esta área efetiva da antena é em função do comprimento de onda do sinal
transmitido.

Um irradiador isotrópico é uma antena que irradia por todas as direções de forma
uniforme, característica esta somente conseguida por um modelo matemático, mas que
é muito utilizado para referenciar ganhos de antenas em sistemas de comunicações.
Sendo assim a potência irradiada isotrópica efetiva pode ser determinada por:

EIRP = PT GT

Na prática a potência irradiada efetiva ERP é usada no lugar da EIRP para indicar a
potência máxima irradiada comparada com uma antena do tipo dipolo de meia onda.
Como a relação entre as antenas isotrópica e a dipolo é de 2,15 a potência ERP será 2,15
dB menor que o valor da potência EIRP para um mesmo sistema de transmissão. Na
prática os ganhos são encontrados em dBi (ganho em relação a antena isotrópica) ou
dBd (ganho em relação a antena dipolo de meia onda).

A perda no trajeto entre o transmissor e o receptor representa uma quantidade positiva,


medida em escala logarítmica (dB). Dessa forma pode se contabilizar essa perda pela
relação entre a potência de transmissão e recepção, e o qual não pode incluir os efeitos
dos ganhos das antenas envolvidas. Dessa forma a perda no trajeto entre o transmissor
e receptor pode ser definida em escala logarítmica por:

��
������ = 10 log � �
��

É comum nos sistemas de comunicações sem fio, que as potências de transmissão


e recepção sejam expressas em escalas logarítmicas referenciais pela potência
de 1 mW, ou seja em dBm. Sendo assim pode-se calcular:

��
������ = 10 log � �
1 × 10��

41
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO DAS TELECOMUNICAÇÕES

Onde P[dBm] é a potência de transmissão ou recepção com unidade em dBm, e PW


é a potência da em Watts.

Uma fórmula derivada da equação da fórmula de Friis, muito utilizada para calcular a
potência de recepção é dada por:

�� � �� − �32,44 + 20 log��� + 20 log��� − � ��

Onde a frequência é dada em MHz, a distância em km e é somatório dos ganhos das


antenas do sistema de comunicação. Por exemplo, considere a Figura 27, qual seria
nível de intensidade de potência recebida?

PR = 10 - (32,44 + 20 log(470) + 20 log(40) - (25+4)) = -78,9dBm

Onde esta potência de recepção deve ser maior que a sensibilidade mínima do receptor
dada por manual para que haja comunicação entre os dois pontos. Caso, esta condição
não seja satisfeita uma opção prática mais usual é elevar os ganhos das antenas,
principalmente a antena de recepção. Já que o ganho da antena de transmissão ou a
frequência utilizada são parâmetros mais difíceis de serem alterados devidos a questões
regulatórias por parte das operadoras ou emissoras.

Figura 27.

Fonte: Autor, 2017.

A reflexão de uma onda eletromagnética é quando a onda transmitida se colide com


um obstáculo e é parcialmente refletida, modificando sua direção e intensidade. E
neste caso, devido aos diversos obstáculos existentes no ambiente de propagação,
irão consequentemente resultar em diversos múltiplos percursos até o receptor. Cada
percurso que chegar até a antena do receptor irá possuir intensidades de potências
diferentes. Esses fenômenos eletromagnéticos eram facilmente percebidos nas
transmissões do sinal de televisão analógico, causando os efeitos fantasmas que
ocorriam na imagem (imagens duplicadas). Já nos sistemas digitais este problema foi
solucionado com a técnica de transmissão OFDM (Orthogonal Frequency Division

42
INTRODUÇÃO DAS TELECOMUNICAÇÕES │ UNIDADE I

Multiplexing), ou seja, a realização da transmissão por múltiplas portadoras dentro de


um mesmo canal de comunicação.

A difração também é um fenômeno natural da onda eletromagnética que diminui


consideravelmente a intensidade de sua amplitude, e esta na capacidade da onda
contornar os obstáculos existentes no canal de comunicação. De acordo com este
princípio é de se considerar que as ondas que possuírem comprimentos de onda
maiores (frequência menores) irão contornar melhor os obstáculos, e essas são as mais
adequadas para as transmissões ponto área como, por exemplo, sinais de televisão,
rádios e comunicações celulares. As ondas que possuírem comprimentos de onda
menores (frequências mais altas) são mais adequadas para as comunicações ponto a
ponto tal como radio enlaces terrestres e por satélites.

Dispersão do sinal transmitido se quando a onda eletromagnética se choca com os


obstáculos existentes no canal de comunicação e se espalha (é difundida) em todas as
direções. Esse sinal espalhado pode ou não chegar até o receptor, mas é evidente que
este sinal irá possuir uma amplitude muito menor do que se estiver em um ambiente
sem obstáculos.

Existe um ótimo software livre, utilizado por muito profissionais para os cálculos
e projetos de rádio enlaces terrestre ponto a ponto, chamado Radio Mobile que
pode ser acessado e feito o seu download em: <http://www.cplus.org/rmw/
rmonline.html ou http://radiomobile.pe1mew.nl/?Installation:Download>

43
SISTEMAS DE
RADIODIFUSÃO DE Unidade iI
TELEVISÃO E RÁDIOS
A indústria de radiodifusão televisiva e de rádios no Brasil tem como base o uso de
um bem público, ou seja, o uso espectro eletromagnético. Devendo por consequência,
ser submetidas às regras das agências reguladoras tais como ANATEL por questões
técnicas e Agência Nacional do Cinema (ANCINE) com as questões de programação.
Na atualidade as emissoras de televisão passaram e ainda estão passando por uma
enorme transformação que é o advento da transmissão digital de seus respectivos sinais.
Transição essa, de passagem de uma transmissão que ocorria no formato analógico
e agora para esta no digital se comparada somente com transição da transmissão
monocromática (com imagens em escalas de cinza preto e branco) para a tricromática
(imagens a cores) ocorrida em 1972.

Nos sistemas de rádios comerciais, comunitárias ou governamentais existem diversas


propostas também para ocorrer esta transição de analógico para digital, entretanto,
por ser uma transição que envolve um custo elevado para as rádios essa decisão irá se
estender um pouco mais adiante em um futuro breve, mas sem data certa para ocorrer.
Ou seja, as rádios brasileiras nos dias atuais ainda possuem uma transmissão de seus
sinais analógicos. Se comparando aos demais países, pouquíssimos conseguiram
realizar esta transição das rádios com transmissões analógicas para digital, tal qual como
Noruega, Suécia, Inglaterra e Coreia do Sul. Mesmo esses países terem conseguido uma
transmissão de rádio digital, alguns ainda persistem com uma transmissão de forma
híbrida, ou seja, com analógico e digital juntos.

Quando ocorrer as digitalizações das rádios um fato importante a ser indicado é com
relação às transmissões das rádios com frequências modulada em amplitudes, ou seja,
as rádios AM, elas irão migrar todas para as faixa de frequência de transmissão das
rádios com frequências moduladas, rádios FM, liberando o uso dessa atual faixa para
outro tipo de serviço ainda não definido. A nova faixa de frequências das rádios FM de
76 MHz a 108 MHz é conhecida como a faixa de frequências estendidas das rádios FM.

De forma análoga, a faixa de frequências destinada aos canais de televisão 52 ao 69 foram


e estão sendo alocados para as comunicações móveis de quarta geração (LTE). Existe
uma iniciativa dessa faixa de frequências ser também compartilhada com quinta geração
de comunicações móveis rurais. Entretanto, esta faixa para as comunicações móveis de
quinta estão em estudos e pesquisas ainda. Assim, as transmissões digitais do sinal de

44
SISTEMAS DE RADIODIFUSÃO DE TELEVISÃO E RÁDIOS │ UNIDADE II

televisão irão se concentrar na faixa de frequências de 470 MHz a 698 MHz (canais 14
ao 51). A faixa de frequência de 174 MHz a 216 MHz, conhecida como faixa do VHF alto de
televisão, irão comportar sinais de transmissão digitais de televisão somente em caráter
especial em lugares considerados já com utilizações e com espectro eletromagnético já
congestionado. Essa faixa possibilitará também a utilização compartilhada com outros
serviços. A Figura 28 ilustra essa transição espectral das faixas de frequências onde estão
concentradas as transmissões de televisão e rádio no Brasil.

A ampliação dos conhecimentos em televisão e rádio é muito importante para o


profissional da área de radiodifusão, este site <www.set.org.br> irá deixar você
atualizado com o que ocorre no mundo da radiodifusão no Brasil em conjunto
com o que esta ocorrendo no mundo.

Figura 28.

Faixas de frequências antes da implantação da TV Digital – Todas as operações analógicas. Canal 37

Rádios AM TV-A Canais 7 ao 13 TV-A Canais 14 ao 69


... TV-A Canais 2 ao 6 Rádios FM ... ... ...
550 kHz 1550 kHz 54 MHz 88 MHz 108 MHz 174 MHz 216 MHz 470 MHz 806 MHz

Faixas de frequências já com novas utilizações ou futuras - As operações hibridas. Canal 37

N. A. N. A. e TV-D TV-D 14 ao 51 4G e 5G
... N. A. 2 ao 4 Rádios FM ... ... ...
550 kHz 1550 kHz 54 MHz 76 MHz 108 MHz 174 MHz 216 MHz 470 MHz 698 MHz 806 MHz

N. A. – Novas atribuições, sem serviço definido ainda.


TV-A - Transmissão de televisão analógica.
TV-D - Transmissão de televisão Digital.
4G e 5G - Comunicações móveis de quarta, e possível quinta geração (ano de 2022).
Canal 37 (6 MHz) dentro da faixa de televisão é utilizado para o serviço de radioastronomia.

Fonte: Autor, 2017.

45
Capítulo 1
Sinais HD, SD e one-seg

O padrão de transmissão de TV digital ISDB-Tb (Integrated Services Digital


Broadcasting for Terrestrial – brazilian) foi projetado para transmitir dois ou mais
sinais simultâneos de televisão digital. Para as operações comerciais televisivas, todas
as transmissões devem ser abertas, ou seja, sem restrições de acesso. Esse sinal deve
conter duas resoluções de imagem, sendo uma com o sinal em alta definição chamado
de sinal HD (High Difinition) utilizado na recepção dos aparelhos de televisões fixos.
E uma segunda resolução de imagem com baixa definição chamada de LD (Low
Difinition) utilizada para a recepção nos dispositivos móveis tais como telefones
celulares e tablets. As programações transmitidas tanto pelo sinal HD quanto pelo
sinal LD devem ser os mesmos conteúdos e ao mesmo tempo, isto é ter as mesmas
programações e ao mesmo tempo em ambos os sinais HD e LD. Esse fato se deve por
razões regulatórias e não por questões técnicas.

Já que as emissoras de televisão pertencentes ao governo podem transmitir mais de


um conteúdo diferente ou canais em seu sinal transmitido dentro de uma mesma faixa
de frequências. Porém, estes conteúdos ou canais transmitidos não terão a mesma
qualidade de imagem que um sinal HD transmitido. Sendo então, estes canais que
ocupam uma mesma largura de faixa limitados a uma definição padrão chamada
de sinal SD (Standart Definition). O número máximo de canais suportados dentro
de uma mesma largura de faixa para uma qualidade de imagem SD aceitável para
os telespectadores é de quatro canais, além do sinal LD para a recepção móvel que
continua sendo obrigatória a sua transmissão. Entretanto, este sinal LD transmitido
junto com os canais de órgãos públicos segue a mesma programação de um dos canais
de resolução SD definido como o canal principal da transmissão.

O sinal em baixa definição LD também é popularmente conhecido por sinal


one-seg, ou seja, um segmento. Em analogia a sua transmissão que é realizada
em apenas um segmento de banda, na faixa de transmissão de 6 MHz.

O menor elemento de formação de uma imagem é o pixel, também conhecido como pel.
Estes elementos possuem uma estrutura interna capaz de gerar as três cores primárias, e
ao serem excitadas de forma distintas e controladas combinam estas cores e geram todas
as outras cores visíveis ao olho humano. Assim, o processo de geração de uma imagem é
iniciado pela excitação do primeiro pixel no canto superior esquerdo da tela e terminando
no último pixel no canto superior direito, e esta etapa do processo de geração da imagem

46
SISTEMAS DE RADIODIFUSÃO DE TELEVISÃO E RÁDIOS │ UNIDADE II

é formada a primeira linha da imagem. De forma análoga, o pixel imediatamente abaixo


ao primeiro pixel do canto superior esquerdo é excitado, e assim se forma a segunda
linha de geração da imagem. Todo o processo é repetido até formar toda a imagem, sendo
que nos sinais HD são 1080 linhas e no SD 525 linhas. Ao chegar ao final do total de
linhas tem-se um quadro de imagem (uma “fotografia”). Que para termos a cessação de
movimento da cena as imagens “fotografias” geradas são apresentadas a uma taxa de até
60 quadros por segundo dependendo do padrão adotado pelo país. A Figura 29 ilustra a
estrutura de formação de um quadro de imagens e exibição dos sucessivos quadros para
a geração da sensação de movimento da cena. A Tabela 5 mostra as diferentes resoluções
mais comuns encontradas no mercado de conteúdos visuais.
Figura 29.

Fonte: Autor, 2017.

Tabela 5.

Tecnologia Resolução
Ultra-HD 7680 x 4320 (8k)
Cinema digital 2048 x 1080 (2k); 4096 x 2160 (4k)
1080 HD 1920 x 1080 (16:9)
720 ED 1280 x 720 (16:9)
625 SD 720 x 576 (4:3)
525 SD 720 x 576 (4:3)
CIF 352 x 240; 352 x 180
Wide QVGA 368 x 208
QVGA 320 x 240; 320 x 180
QCIF 176 x 120; 176 x 144
SQVGA 160 x 120; 160 x 90

Fonte: Autor, 2017.

47
UNIDADE II │ SISTEMAS DE RADIODIFUSÃO DE TELEVISÃO E RÁDIOS

Pode-se concluir que um quadro de imagem é formado por um conjunto de pixels


dentro de uma mesma área, nos denotando o conceito de resolução, ou seja, quanto
maior o número de pixels dentro de uma mesma área maior será a definição da imagem
que nos leva a uma maior resolução. Subtendendo, que as disposições dos pixels na
tela formam um conjunto de linhas e colunas na tela. E de forma clássica um pixel é
definido classicamente como interseção entre uma linha e coluna.

Também como já foi dito nos parágrafos anteriores, a formação da imagem é o


resultado das formações de linha por linha, esta formação pode seguir um sequência de
formação direta, ou seja, construção da linha 1, linha 2, linha 3, linha 4, linha 5, ... até a
linha 1080, a este tipo de formação é denominado processo de varredura progressiva.
Quando o processo de formação é realizado primeiramente nas linhas ímpares linha 1,
linha 3, linha 5, linha 7, ... até a linha 1079, e logo após são construídas as linhas pares
linha 2, linha 4, linha 6, ... até a linha 1080 é percebido a formação de dois campos, o
primeiro é o campo ímpar e o segundo campo par, e a este tipo de processo é conhecido
como varredura entrelaçada. A varredura entrelaçada é uma herança do sistema de
transmissão de televisão analógica para o intuito de diminuir a largura de banda de
transmissão, e em contrapartida a sua qualidade de imagem formada é nitidamente
inferior se comparada com o processo de varredura progressiva. Essa perda de qualidade
é dada pelo não sincronismo exato entre os dois campos na formação de um quadro,
gerando o fliker na imagem que são “borrões” nos limiares entre duas cores diferentes.
No sistema digital este tipo de varredura só faz sentido para compatibilizar alguns
sistemas antigos que ainda estão em operação, mas existe uma forte tendência que este
tipo de varredura deixe de existir em poucos anos. A Figura 30 ilustra o processo de
varredura entrelaçada.
Figura 30.

Fonte: Richardson, 2003.

É importante também perceber que o advento da TV Digital o formato da tela ficou mais
largo se comparado com sistema analógico de televisão. No sistema analógico a relação

48
SISTEMAS DE RADIODIFUSÃO DE TELEVISÃO E RÁDIOS │ UNIDADE II

entre a altura pela sua base da tela é de 4:3, e no sistema digital esta relação passou a ser
de 16:9. Isso se deve ao fato que dentro do globo ocular do ser humano existe um ponto
onde se é concentrado quase todo o feixe luminoso das imagens que nós enxergamos
diariamente, ou seja, ponto este responsável por nossa visão principal. Este ponto
que possui um aspecto elipse é chamado de fóvea e possui também uma relação de
aspecto próxima de 16:9. Que consequentemente segue o mesmo padrão de relação de
aspecto para as formações das imagens, e nos leva a observamos uma imagem também
mais ampla, ou seja, mais no sentido vertical do que horizontal. A Figura 31 ilustra
esta relação denominada relação de aspecto da televisão. A sua respectiva medida na
diagonal é o valor comercial que define o tamanho da tela de seu aparelho televisor,
com unidade em polegadas (1 inch = 2,54 cm).

Figura 31.

das
ega
Pol

Fonte: Autor, 2017.

Em colorimetria existem dois conceitos distintos para cores primárias que irão
originar todas as demais cores vistas pelo ser humano. O primeiro é o conceito
de cores primárias subtrativas, o qual se trata do conceito de subtração entre
as cores primárias (magenta, cian e amarelo) para originar as demais cores, por
exemplo, sistema de tinta de uma impressora. O segundo conceito é de cores
primária aditivas, que é o caso de se somar a cores primárias (vermelho, verde,
vermelho) para gerar uma terceira cor, por exemplo, as luzes dos pixels que ao
serem excitados de forma distinta geram uma terceira cor somada.

49
Capítulo 2
Compressão de vídeo e áudio

Um fator crucial para a viabilização das transmissões do sinal de vídeo e áudio digitais
é a transmissão eficiente pelo canal de comunicação. Partindo deste princípio, nos
sinais correspondentes ao áudio e ao vídeo é verificada uma grande quantidade de
informações que se repetem, ou seja, são informações redundantes. Essas informações
redundantes, se transmitidas irão ocupar um espaço de transmissão que poderiam ser
melhor aproveitadas com outras informações que acrescentariam valor na informação
principal que é o vídeo e áudio, por exemplo, em televisão digital este espaço é ocupado
por guia de programação (EPG) ou dados de interatividade.

O padrão de compressão utilizado no sistema de televisão terrestre brasileiro é o


MPEG-4H que define um conjunto de ferramentas usadas na compressão dos sinais de
áudio e vídeo. O bloco responsável por eliminar as redundâncias do sinal é chamado de
codificador, a qual é exercida uma codificação de fonte. Este codificador é localizado na
parte interna do equipamento chamado encoder. Os processos de codificações de áudio
e vídeo são realizados separadamente, ou seja, irá existir um codificador para áudio e
outro para o vídeo. A fim de elucidar o funcionamento de cada uma das codificações,
primeiramente será tratada a codificação de fonte do sinal de vídeo e imediatamente
em seguida a codificação de fonte de áudio.

A compressão de vídeo explora as redundâncias existentes entre as cenas, seja a


redundância no mesmo quadro, ou entre quadros. A redundância existente no mesmo
quadro de imagem é denominada de redundância espacial e a redundância existente
entre os sucessivos quadros é denominada de redundância temporal, conforme é
apresentado na Figura 32. Dessa forma, é percebido que irão existir duas codificações
distintas, sendo cada uma especifica para cada tipo de redundância.

Figura 32.

Fonte: Autor, 2017.

50
SISTEMAS DE RADIODIFUSÃO DE TELEVISÃO E RÁDIOS │ UNIDADE II

A aplicação da codificação de fonte para eliminar a redundância espacial se faz


necessário dividir o quadro de imagens com a finalidade de reduzir a complexidade de
hardware do equipamento. Então blocos de pixels originados de um mesmo quadro
são formados com dimensões que irão variar de acordo com a dinâmica da cena que
está sendo exibida. As dimensões possíveis são de 16 x 16, 16 x 8, 8 x 16, 8 x 8, 8 x 4,
4 x 8 e 4 x 4, quanto maior for a dinâmica da cena como por exemplo uma corrida de
fórmula 1 irão gerar blocos menores para se obter uma qualidade de imagem melhor,
porém isso irá resultar em um aumento de taxa de bits de transmissão. Para as cenas
com pouca dinâmica, por exemplo, um simples apresentador de noticiário os blocos
assumem dimensões menores que irão resultar em baixas taxas de bits de transmissão.
As codificações realizadas possuem algoritmos que detectam estas dinâmicas no sinal
de vídeo e aplica de forma automática, que irá resultar em uma taxa de bits de saída do
encoder média.

A aplicação da codificação de fonte é aplicada nos blocos gerados, inicia-se com


a aplicação de uma ferramenta matemática chamada de DCT (Discrete Cosine
Transform). O seu objetivo é explorar a similaridade espacial entre os pixels presentes
no mesmo bloco. Ou seja, irá gerar um conjunto de valores chamado de coeficientes
para cada pixel e agrupar os que são informações importantes para serem transmitidas
em uma região do bloco e os valores cujas informações são redundantes em outra
região. A Figura 33 ilustra a aplicação da DCT, para exemplificar e por uma questão
simples de melhor visualização foi aplicada na imagem inteira, mas, nos casos reais isso
é aplicado no bloco que compõe a imagem. Pode ser observado que os coeficientes da
DCT que levam informações importantes da imagem, ou seja, não redundantes estão
localizados no canto superior esquerdo (vermelho) e são essas informações de valores
de coeficientes que devem ser extraídas e transmitidas. Ao receber estas informações no
receptor, e aplicar a operação inversa da DCT para reconstruir a imagem irá provocar
perdas, mas, não significativas para os olhos do ser humano que não possui resolução
suficiente para perceber. Mas, que é vital para o sistema de transmissão digital por
reduzir de forma significativa a taxa de bits de transmissão.

Figura 33.

Fonte: Autor, 2017.

51
UNIDADE II │ SISTEMAS DE RADIODIFUSÃO DE TELEVISÃO E RÁDIOS

Imediatamente após a aplicação da DCT no bloco de imagem, e ainda internamente no


codificador os valores de coeficientes que possuem informações para serem transmitidos
irão por um processo de leitura dos coeficientes de informações. Existem dois tipos de
leituras previstas uma zig-zag normal e a alternada conforme apresentado na Figura 34.
A leitura zig-zag normal é aplicada quando o tipo de varredura do quadro de imagem
for progressiva. A leitura zig-zag alternada é aplicada quando o tipo de varredura no
quadro (ou nos campos) é entrelaçada.

Figura 34.

Fonte: Autor, 2017.

Ao realizar a leitura somente dos coeficientes da DCT que levam informações não
redundantes. Os mesmos irão sofrer uma nova codificação com a finalidade de reduzir
ainda mais a taxa de bits de transmissão. Essa segunda codificação é chamada de
codificação entrópica. E no sistema de televisão digital existem dois tipos que podem
ser utilizadas, a primeira é a CABAC (Context Adaptative Binary Arithmetic Coding)
aplicada nos sinais de resoluções HD e SD e a segunda é a codificação CAVLC (Context
Adaptative Variable Length Coding), aplicada no sinal LD.

Todo o processo demonstrado até então, é utilizado para eliminar as redundâncias


no mesmo quadro, ou seja, eliminação das redundâncias espaciais. A eliminação das
redundâncias temporais, entre quadros sucessivos é feita por vetores de movimentos
que sinalizam as alterações entre os blocos ou pixels de um quadro referência e as suas
novas correspondências nos seus sucessivos, conforme ilustrado nas Figuras 35 e 36.
Uma sequência de quadros ao qual é eliminada a redundância temporal é denominada
de GOP (Group of Pictures). Cada vetor irá possuir um valor de posição inicial e final
sinalizando para onde ocorreu a alteração da imagem estes valores também recebem
uma codificação para serem transmitidos. E neste processo, os codificadores temporais
irão utilizar de algoritmos sofisticados para reconhecer a dinâmica da cena de vídeo e
aplicar a codificação temporal. Ao qual irá representar uma eliminação de redundância
bem maior se comparado com a codificação espacial.
52
SISTEMAS DE RADIODIFUSÃO DE TELEVISÃO E RÁDIOS │ UNIDADE II

Figura 35.

Fonte: Autor, 2017.

Figura 36.

Fonte: Autor, 2017.

O GOP é caracterizado pelo quadro de referência e os sucessivos que serão aplicados


à codificação temporal. O quadro de referência é um quadro do chamado de quadro
do tipo I (intracodificado). E dentre os sucessivos que irão formar GOP existem
os quadros do tipo P (predito) e B (bidirecionais). No quadro do tipo I é eliminada
somente a redundância espacial, enquanto nos quadros do tipo P e B são exploradas
todas as redundância espaciais e temporais. Sendo que no quadro do tipo B a retirada
das redundâncias são maiores se comparada com o quadro do tipo P.

O quadro do tipo I é o primeiro quadro a ser codificado será a referência para a


formação dos quadros P e B. O quadro do tipo P, a sua codificação são consideradas
as redundâncias temporais referentes ao quadro I. E desta forma, serão gerados
os vetores de movimentos que indicam as novas posições dos objetos da cena que,
consequentemente, irão eliminar as redundâncias temporais presentes entre os
quadros I e P. E ainda também o quadro P poderá servir de referência para a formação

53
UNIDADE II │ SISTEMAS DE RADIODIFUSÃO DE TELEVISÃO E RÁDIOS

do próximo quadro tipo B. Para a formação do quadro tipo B, são consideradas


as informações contidas nos quadros I e P para estimar as posições dos objetos
na cena.

Desta forma, conclui-se que, para formar o quadro B, são necessárias as informações
passadas (quadro I de referência) e futuras (quadro P). Neste tipo de quadro também
são utilizados os vetores de movimento para indicar os valores estimados das novas
posições dos objetos da cena. Para garantir uma qualidade de vídeo satisfatória e manter
a taxa de compressão otimizada, é comum o sistema operar com dois quadros do tipo B
entre os quadros I e P. A Figura 37 ilustra a formação do GOP, é comum encontrar a sua
extensão com valores típicos de 12 ou 15 quadros, na configuração dos equipamentos o
GOP pode receber uma nomenclatura popular de relação M/N. Ainda na Figura 37, é
apresentado logo abaixo do esquema de formação dos quadros, a proporção da taxa de
bits que cada tipo de quadro é gerado no codificador.

Figura 37.

Fonte: Autor, 2017.

A principal razão de adoção do MPEG-4 frente ao MPEG-2 na compressão de vídeo


e reduzir de forma muito significativa a taxa de bits de transmissão para uma mesma
qualidade de vídeo se deu ao fato de que o MPEG-4 é aplicado o conceito de objeto
de cena, conforme ilustrado na Figura 38. Diferentes partes da cena final podem ser
codificadas e transmitidas separadamente como objetos de vídeo, gerando um grande
número de novas possibilidades para codificações diferenciadas entre os objetos
(no MPEG-2 era aplicado somente no nível de bloco). Obviamente, diferentes tipos
de objetos podem ser codificados usando diferentes técnicas, e cada um pode ser
codificado com a ferramenta mais adequada de acordo com os interesses do operador
de vídeo.

54
SISTEMAS DE RADIODIFUSÃO DE TELEVISÃO E RÁDIOS │ UNIDADE II

Figura 38.

Fonte: Autor, 2017.

A ferramenta de compressão de vídeo mais avançada é o H.265 (também


conhecido como HEVC), com aplicações em especial nas resoluções de 4k e 8k.
Para conhecer um pouquinho mais dessa ferramenta de compressão promissora
acesse: <https://www.youtube.com/watch?v=Fawcboio6g4>

Para a codificação de áudio também é explorada a percepção auditiva humana. O som


captado pelo ouvido humano é interpretado se ultrapassar um limiar, conhecido como
limiar absoluto ou limiar de silêncio. E ainda, na parte interna auditiva para melhorar
compreensão do áudio, realiza-se uma divisão natural da banda total auditiva em 25
novas sub-bandas. Este comportamento do ouvido humano foi descrito pela primeira
vez por Fletcher em 1940 e revisto posteriormente por Sharf em 1970. O limiar máximo
auditivo corresponde a 140 dB pela escala SPL (Sound Pressure Level), que pode ser
calculado pela expressão logo abaixo e na Tabela 6 é indicado alguns exemplos.


������� = 20 log � �
��

Onde P é a pressão sonora que se deseja quantificar do ambiente, e P0 é a pressão sonora


de referência correspondente ao limiar de silêncio que corresponde aproximadamente
a 20 10-6 N/m2.
Tabela 6.

Exemplo Sonoro SPL (dB)


Decolagem de avião 140
Carro de fórmula 1 125
Martelo Pneumático 120
Passagem de um trem 110
Gritos de perto 100
Fones de ouvido 98
Ruídos de tráfego 80

55
UNIDADE II │ SISTEMAS DE RADIODIFUSÃO DE TELEVISÃO E RÁDIOS

Exemplo Sonoro SPL (dB)


Conversa normal 70
Conversa calma 50
Sussurros 30
Relógio trabalhando 20

Fonte: Autor, 2017.

Para retratar o modelo psicoacústico natural humano e realizar a compressão de


áudio o padrão MPEG subdivide a faixa de frequências em 32 sub-bandas a qual
denominamos de compressão MPEG camada 1 (MP-1 ou MPG-1), para melhorar
ainda mais a qualidade de áudio cada uma destas sub-bandas podem ser novamente
divididas em três outras gerando 96 sub-bandas e conhecido por compressão MPEG
camada 2 (MP-2 ou MPG-2), e por fim, a resultante para a melhor qualidade a banda
audível é dividida em 384 sub-bandas e conhecido por compressão MPEG camada 3
(MP-3 ou MPG-3).

No processo de digitalização da informação as frequências de amostragens padrão


podem assumir valores de 32 kHz, 44,1 kHz e 48 kHz. Entretanto, em equipamentos
profissionais de gravação, geração e edição de áudio das emissoras de televisão, rádios
e estúdios estes valores de frequências de amostragens são muito superiores, o qual
irá remeter a qualidade do áudio gerado pelo equipamento. O processo de quantização
dos valores digitalizados podem assumir desde 8 bits até 24 bits para os modelos
convencionais, e de forma análoga os equipamentos profissionais podem assumir
valores muito maiores.

Um áudio digitalizado com a frequência de 32 kHz e quantizado com 8 bits irá


gerar uma taxa de bits de saída de 256 kbps. De forma profissional, uma mesa
de edição de áudio pode chegar a uma frequência de amostragem de 64 kHz e
96 bits de quantização, a qual irá gerar uma taxa de 6,144 Mbps. Para ampliar
seus conhecimentos em áudio digital acesse: <https://www.tecmundo.com.
br/audio/7945-saiba-quais-sao-as-principais-diferencas-entre-formatos-de-
audio.htm>

A Figura 39 apresenta o diagrama em blocos básico do codificador de áudio, onde irá


diferir dos demais somente nas frequências de amostragens, bits de quantização, e
quantidade dos bancos de filtros para emular o modelo psicoacústico.

Este modelo de áudio digital é idêntico ao encontrado nos estúdios das rádios FM e
AM, entretanto, como no Brasil as transmissões ainda são analógicas este processo é
limitado ao tratamento interno do áudio, e não para a sua transmissão por radiodifusão.

56
SISTEMAS DE RADIODIFUSÃO DE TELEVISÃO E RÁDIOS │ UNIDADE II

Para complementar os estudos os padrões mundiais para o formato de áudio


e rádio digitais acesse: <https://pt.wikipedia.org/wiki/R%C3%A1dio_digital e
http://www.drm-brasil.org/>

Figura 39.

Fonte: Autor, 2017.

57
Capítulo 3
Multiplexação dos sinais de vídeo e áudio

O sistema de televisão digital adotado pelo Brasil o ISDB-Tb (Integrated Services Digital
Broadcasting Terrestrial-brazilian) teve pequenas alterações em seu sistema, com
relação ao sistema original proposto pelos japoneses, o ISDB-T (Integrated Services
Digital Broadcasting Terrestrial). Pois, as soluções tecnológicas desenvolvidas para
o Japão, todavia não são as mais adequadas para a situação no Brasil. Uma destas
alterações propostas se refere diretamente ao sistema de multiplexação dos sinais de
áudio, vídeo e dados, que são provenientes dos codificadores, para transformá-los
em um único fluxo ordenado de informações, para uma dada transmissão. Este fluxo
ordenado, de informações, na saída do multiplexador denominou-se BTS (Broadcasting
Transport Stream).

Cada sinal de entrada no multiplexer é denominado de TS (Transport Stream) que


tiveram suas origens nos encoders (etapa anterior de codificação de fonte – compressão
de vídeo e áudio) e são formados por pacotes de comprimentos fixos de 188 bytes,
conforme a descrição da Norma ISO/IEC 13818-1. As identificações de cada um dos
pacotes são feitas individualmente em um campo reservado do cabeçalho do pacote
de transport stream denominado PID (Packet Identifier). A multiplexação de todos
os pacotes de informações audiovisuais, mais os dados e parâmetros configuração
do sistema, irão formar o BTS (Broadcasting Transport Stream) sinal de saída do
multiplexer de TV digital brasileiro é irá apresentar uma taxa de bits de saída fixa em
32,508 Mbps.

Também é utilizado para a identificação e estruturação de todos os transport strems de


entrada do mux um conjunto de tabelas e descritores. As tabelas possuem uma sintaxe
de formação muito bem definida, com informações essenciais para o processamento
do receptor, estas definições normatizadas são encontradas na documentação MPEG-2
(camada de sistema). Os descritores são informações opcionais e adicionais no fluxo
dos streams nas formações das tabelas. Geralmente os descritores são dependentes de
implementações técnicas. A Figura 38 ilustra o sistema de multiplexação de televisão
digital. Vale ressaltar, que a ilustração da Figura 38 considera dois encoders (HD e
LD) que é a configuração típica utilizada nas emissoras comerciais. Nas operações das
emissoras públicas são utilizados até quatro encoders de resolução padrão (SD) e mais
o encoder LD.

Nas entradas de cada encoder (compressão do sinal, estudado no capitulo anterior)


podem ser encontrados diversos formatos de padrões de áudio e vídeo que não passaram

58
SISTEMAS DE RADIODIFUSÃO DE TELEVISÃO E RÁDIOS │ UNIDADE II

por nenhuma etapa de codificação de forma que obtivesse perdas significativas na


qualidade do sinal. Um exemplo, de sinal utilizado na entrada do encoder é conhecido
como sinal SDI (Serial Digital Interface), que existem diversas especificações
normatizadas pela SMPTE (Society of Motion Picture and Television Engineers) e
seguidas pelas Recomendações da ITU-R (International Telecommunication Union
– Radio). Este tipo de sinal sofre apenas perdas imperceptíveis às características
audiovisuais humanas.

Figura 40.

Fonte: Autor, 2017.

As saídas dos codificadores fornecem uma sequência elementar de bits (ES), que são
informações na qual foram eliminadas todas as redundâncias existentes no sinal de vídeo
e áudio, de acordo com as normas MPEG-4. A esta sequência elementar é “empacotada”
originando os pacotes PES com comprimentos variáveis de no máximo até 64 kbps.
Os pacotes PES recebem um cabeçalho do qual irá conter as informações referentes à
sincronização, identificação e caracterização dos sinais de áudio, vídeo e dados.

Aos pacotes de PES irão originar os pacotes de transport stream (TS) com comprimentos
fixos de 188 bytes, e serão acrescidos novamente um outro cabeçalho que irá conter as
informações de referentes ao sistema de transmissão.
59
UNIDADE II │ SISTEMAS DE RADIODIFUSÃO DE TELEVISÃO E RÁDIOS

Os cabeçalhos dos pacotes PES são responsáveis por conter as informações essenciais
de codificação e decodificação dos sinais de áudio, vídeo e dados. É iniciado por 32
bits denominados de start_code_prefix, dos quais os 24 primeiros bits identificam o
código prefixo e os próximos 8 bits identificam os dados transportados pelo pacote
PES. Logo após os campos do prefixo e identificação da carga do pacote, tem-se outro
campo de 16 bits, na qual identificará o comprimento do pacote PES. Resultando em 48
bits obrigatórios para todos os pacotes PES independentes da informação transportada
ou do meio na qual se originou. A Figura 41 ilustra um pacote PES, com os campos do
cabeçalho e a carga das informações transportadas (PES_packet_data_byte).

Figura 41.

Fonte: Autor, 2017.

start_code_prefix – O cabeçalho PES é sempre iniciado por um código prefixo, de


24 bits (0x 00 00 01), que indicará o início do pacote PES, que é utilizado por um
sistema de transmissão por radiodifusão terrestre de televisão digital no padrão
nipo-brasileiro. Existem outros 66 possíveis códigos de inicialização dos pacotes PES,
porém são utilizados para outros tipos de dados e serviços, como por exemplo, IPTV ou
DVB, que saem do propósito deste texto.

stream_id – O campo do stream_id de 8 bits, que tem a finalidade de identificar e


definir as informações transportadas pelo pacote PES, como por exemplo se é áudio,
vídeo ou dados. A faixa dinâmica de valores utilizados para identificação do tipo do
stream, é de 0xBC até 0xFF, e estão descritos na Tabela 7.

60
SISTEMAS DE RADIODIFUSÃO DE TELEVISÃO E RÁDIOS │ UNIDADE II

Tabela 7.

Stream_ID
Nota Stream Coding
Hex Bin
BC 1011 1100 1 Mapeador de stream de programa (program_stream_map)
BD 1011 1101 2 Stream privado 1 (private_stream_1)
BE 1011 1110 - Stream de preenchimento (padding_stream)
BF 1011 1111 3 Stream privado 2 (private_stream_2)
Número do stream de áudio ‘X XXXX’de acordo com a ISO/IEC 13818-3 ou 11172-3 ou
-- 110X XXXX 4
13818-7 ou 14496-3 ou ainda ABNT NBR 15602-2.
EX 1110 XXXX 5 Número do stream de vídeo ‘XXXX’ de acordo com a ISO/IEC 13818-3 ou 11172-2 ou 14496-2.
F0 1111 0000 3 Stream ECM (ECM_stream)
F1 1111 0001 3 Stream EMM (EMM_stream)
F2 1111 0010 6 Stream DSM-CC (DSMCC_stream)
F3 1111 0011 2 Stream ISO/IEC 13522 (ISO/IEC_13522_stream)
F4 1111 0100 7 Stream de acordo com o tipo A descrito na Recomendação H.222-1:1996.
F5 1111 0101 7 Stream de acordo com o tipo B descrito na Recomendação H.222-1:1996.
F6 1111 0110 7 Stream de acordo com o tipo C descrito na Recomendação H.222-1:1996.
F7 1111 0111 7 Stream de acordo com o tipo D descrito na Recomendação H.222-1:1996.
F8 1111 1000 7 Stream de acordo com o tipo E descrito na Recomendação H.222-1:1996.
F9 1111 1001 8 Stream auxiliar (anciliary_stream)
FA 1111 1010 9 Stream SL (SL_packet)
FB 1111 1011 10 Stream FlexMux (FlexMux_packet)
1111 1100 ...
FC ... FE -- Reservado para streams de dados.
1111 1110
FF 1111 1111 11 Diretório de stream de programa (program_stream_directory)
Notas:
Pacotes PES do tipo program_stream_map possuem uma sintaxe única especificada no item 2.5.4.1 da norma H.222-0 (Tabela 2.35 resumida do
pacote PES da referida norma).
Pacotes PES com stream privado tipo 1 e o stream ISO/IEC 13522, seguem a sintaxe da Recomendação ITU-T H.262; ISO/IEC 13818-2 (vídeo) e
ISO/IEC 13818-3 (áudio). Somente é utilizado para uma transmissão de informações privadas, que estejam sincronizadas com outros pacotes.
Pacotes PES com os streams: privado tipo 2, ECM e EMM são similares ao stream privado tipo 1, porém imediatamente após a especificação do
comprimento do pacote nenhum outro campo é preenchido.
O stream privado 2, somente é utilizado para uma transmissão de informações privadas, que não estejam sincronizadas com outros pacotes. E os
streams tipo ECM (Entitlement Control Message) e EMM (Entitlement Management Message) contêm as informações de criptografia do sinal transmitido.
Valores numéricos entre 0xC0 à 0xDF, que identificam o tipo do áudio.
XXXX = 1111 código utilizado para a gravação em DVD.
O stream do tipo DSM-CC (Digital Storage Media – Command and Control) seguem o Anexo A da Recomendação H.222-0:2006 ou ISO/IEC 13818-6.
Estes streams estão associados com o stream_type 0x09, que segue a Recomendação ITU-T H.222-1.
Este somente é usado nos pacotes PES, que transportam dados de um PS (Program Stream) ou que estejam no padrão ISO/IEC 11172-1.
Os streams do tipo SL (Sync Layer) especifica uma sintaxe para o empacotamento dos elementary stream, na qual é utilizada como unidade básica
de sincronização, de acordo com a ISO/IEC 14496-1.
Os streams do tipo FlexMux (Multiplexer Flexível), é um multiplexador flexível o qual irá fornecer a identificação dos pacotes do tipo SL, de acordo
com a ISO/IEC 14496-1.
Os streams do tipo program_stream_directory são requeridos pelos quadros do tipo I (intracodificado “referência”) para serem transportados
conforme a recomendação ITU-T H.262; ISO/IEC 13818-2 e 11172-2.

Fonte: ISO/IEC, 2017.

61
UNIDADE II │ SISTEMAS DE RADIODIFUSÃO DE TELEVISÃO E RÁDIOS

PES_packet_lengh – o campo PES_packet_lengh de 16 bits são utilizados para


identificar o comprimento do pacote PES. O comprimento máximo que um pacote PES
pode assumir é de 216 = 65.536 bytes 64 kbps. O valor zero para todos os dezesseis
bits deste referido campo implica que o pacote não tem um comprimento especificado,
porém este valor somente pode ser utilizado quando o stream_id é um sinal de vídeo.

PES_scrambling_control – são dois bits utilizados para indicar se a carga útil


das informações que se encontram nos pacotes PES estão ou não criptografados. Esta
criptografia também é realizada em um processo idêntico nos pacotes de transport
stream e, por conseguinte são até mais indicados a sua realização nestes pacotes devido
a possuírem comprimentos fixos, facilitando o processamento do hardware. O primeiro
bit indica se embaralhamento está ou não presente na carga útil dos pacotes PES.
O segundo bit irá indicar o tipo de criptografia utilizada no processo de embaralhamento
even key ou odd key, conforme a Norma ETR 298-5 (ETSI Technical Report –
European Broadcasting Union). As funções dos bits do PES_scrambling_control são
encontrados na Tabela 8.

Tabela 8.

Bin Função
00 Indica que o embaralhamento da carga útil do pacote PES, não está presente.
01 Reservado.
10 O embaralhamento utiliza a criptografia do tipo even key.
11 O embaralhamento utiliza a criptografia do tipo odd key.

Fonte: ISO/IEC, 2017.

PES_priority – quando o campo PES_priority está em nível lógico alto, indica que
o pacote PES tem prioridade sobre os demais pacotes PES. Este campo é utilizado
quando se julgar que a informação contida no pacote PES é necessária e essencial
na decodificação das informações audiovisuais. Entretanto este campo não deve ser
utilizado para definir como, por exemplo, a prioridade dos pacotes que contêm as
informações de vídeo em alta definição sobre o vídeo de baixa definição, isto será
definido nos pacotes de transport stream.

Também vale informar que em alguns sistemas de televisão digital este campo pode
ser ignorado pelo decodificador, desta forma não surge nenhum efeito esperado de
prioridade. Como por exemplo, o sistema de televisão digital europeu, o DVB, que
ignora este campo na recepção.

data_alignment_indicator – o campo de data_alignment_indicator, quando está


em nível lógico alto representa que a carga útil transportada inicia-se com um “start_
code” para os pacotes que contêm as informações de vídeo ou uma palavra código de

62
SISTEMAS DE RADIODIFUSÃO DE TELEVISÃO E RÁDIOS │ UNIDADE II

sincronismo para os pacotes que contêm as informações de áudio “sync-word”. O valor


binário contido no start_code ou no sync_word deve ser especificado no data_stream_
alignment_Des-criptor, que por sua vez deve estar obrigatoriamente presente, caso o
campo data_alignment_indicator no cabeçalho PES seja utilizado.

Os descritores são implementações técnicas opcionais nas formações das tabelas sobre
o sistema de transmissão, que serão melhores detalhados nos próximos capítulos.

Desta forma este campo no cabeçalho PES somente será definido quando os pacotes
PES transportar áudio ou vídeo, no padrão MPEG utilizado no ISDB-TB. No padrão
americano de televisão digital, o ATSC, este campo é definido como nível lógico baixo,
ou seja, definido como zero, independente se o transporte é áudio ou vídeo.

Copyright – o campo de copyright com nível lógico alto indica que a informação
transportada pelo pacote PES está protegida por direitos autorais. As leis e regras de
direitos autorais de conteúdos audiovisuais seguem os acordos firmados nas convenções
mundiais do comércio. Dessa forma, os órgãos governamentais dos países criaram
mecanismos ou leis para que estes direitos sejam preservados e assim não sofram as
sanções previstas.

original_or_copy – o campo de original_or_copy quando se encontra com nível


lógico alto indica que a informação da programação transportada pelo pacote PES é
original. Caso contrário, o nível lógico baixo indica que a informação transportada pelo
pacote PES é uma cópia.

PTS_DTS_flags – a bandeira PTS_DTS_flags é um campo de dois, quais indicam se


os campos “PTS” ou “PTS e DTS” estão presentes ou não, no cabeçalho do pacote PES.
As funções dos campos PTS (Presentation Time Stamp) e DTS (Decode Time Stamp)
serão descritos respectivamente nos próximos subitens adiante. A Tabela 9 indica as
configurações possíveis do PTS_DTS _flag.

Tabela 9.

Bin Função
00 Indica que o PTS e o DTS não estão presentes no cabeçalho do pacote PES.

01 Não utilizado.

10 Indica que somente o PTS está presente no cabeçalho do pacote PES.

11 Indica que o PTS e o DTS estão presentes no cabeçalho do pacote PES.

Fonte: ISO/IEC, 2017.

ESCR_flag – a bandeira ESCR_flag é um campo de 1 bit, quando está em nível lógico


alto é utilizado para indicar que o Elementary Stream Reference Clock (ESCR) está

63
UNIDADE II │ SISTEMAS DE RADIODIFUSÃO DE TELEVISÃO E RÁDIOS

presente no cabeçalho do pacote PES. Caso contrário, a bandeira em nível lógico baixo
indica que o ESCR não está presente.

ES_rate_flag – a bandeira ES_rate_flag quando está em nível lógico alto indica que
o campo ES_rate está presente no cabeçalho do pacote PES.

DSM_trick_mode_flag – a bandeira DSM_trick_mode_flag quando presente e em


nível lógico alto indica que o campo trick_mode_control esta presente no cabeçalho do
pacote PES.

additional_copy_info_flag – esta bandeira de um bit, quando se encontra em nível


lógico alto, indica que o campo additional_copy_info esta presente no cabeçalho do
pacote PES.

PES_CRC_flag – esta bandeira também de um único bit, quando se encontra em


nível lógico alto, indica que o campo previous_PES_packet_CRC está presente no
cabeçalho do pacote PES.

PES_extension_flag – a bandeira PES_extension_flag com nível lógico alto indica


que existe um campo estendido no cabeçalho do pacote PES. Caso contrário, em nível
lógico baixo, este campo estendido não está presente.

PES_header_data_length – as bandeiras “flags” indicarão a presença ou não dos


seus campos respectivos campos. Contudo o total de bytes transportados por estes
campos do cabeçalho PES é indicado no campo PES_header_data_length. E neste total
também inclui a contagem dos bits de sttufing (enchimento).

Caso o stream_id do pacote PES não for identificado pelo stream de preenchimento
(padding_stream), deve-se existir um campo que delimitará o cabeçalho do pacote PES
e sua respectiva carga útil. Este campo é chamado de PES_packet_data, e seus bytes
não são informados pelo PES_header_data_length. Este campo PES_header_data_
length é composto por 8 bits, que poderá expressar até 28 = 256 bytes.

PTS – o campo PTS (Presentation Time Stamps), é formado por 33 bits, que é
utilizado como referência pelo campo PCR (Program Clock Reference) presente no
cabeçalho do pacote de Transport Stream, para a decodificação. Na qual irão gerar o
sincronismo entre as informações de áudio, vídeo e dados na saída do decodificador.
Esta sincronização na saída do decodificador é essencial para manter o chamado
sincronismo labial das cenas.

São geradas e transmitidas, a uma frequência a cada 700ms uma nova palavra binária,
para o campo PTS, que é referenciada pelo STC (System Time Clock), a cada estampa

64
SISTEMAS DE RADIODIFUSÃO DE TELEVISÃO E RÁDIOS │ UNIDADE II

de tempo gerada o decodificador utiliza para identificar a sincronização dos pacotes


PES em sua saída. A figura a seguir ilustra a formação do campo PTS.

Figura 42.

 300

Fonte: Autor, 2017.

DTS – de forma semelhante ao PTS, o DTS (Decoding Time Stamps) também é formado
por 33 bits, gerados a partir da mesma base de clock do PTS, ou seja, providos do STC.
Devido à ordem de formação dos diferentes tipos de quadros de vídeo MPEG não ser a
mesma da apresentação, o campo DTS possibilita ao decodificador identificar quais são
os quadros armazenados no buffer de sua entrada, sejam decodificados na sequência da
ordem de apresentação correta.

Ressalta-se o fato de que os pacotes de áudio nunca são transmitidos fora de sua
sequência de formação, dessa forma não existe DTS nos pacotes que carregam as
informações de áudio.

ESCR – O ESCR (Elementary Stream Clock Reference) é um campo composto por


42 bits, gerados também pela mesma base de clock do STC (System Time Clock). Este
campo irá transferir a base de clock do codificador para o decodificador, para manter a
sincronização entre os elementary streams. A transmissão do valor contido no campo
ESCR para o decodificador deve ser menor que 100 ms.

O ESCR é dividido em duas partes em que a primeira constitui o CR_base, formados


por 33 bits, cuja a base de clock é o STC dividido por 300. E a segunda parte é composta
de 9 bits, denominado CR_ext, que representa o restante a divisão. Conforme ilustrado
na Figura 43.

ES_rate – o campo ES_rate transporta um valor numérico inteiro, representados


por 22 bits. Este valor irá especificar com que taxa o decodificador deverá identificar
os bytes dos pacotes PES. Caso os pacotes PES subsequentes não tenham a presença

65
UNIDADE II │ SISTEMAS DE RADIODIFUSÃO DE TELEVISÃO E RÁDIOS

deste campo o ultimo valor recebido que é considerado, ou seja, a taxa no decodificador
permanece inalterada até que um novo valor seja identificado.

O valor numérico identificado no campo ES_rate, é medido em unidades de 50 bytes/


segundo. E o valor zero não é permitido a sua utilização.

Figura 43.

 300

Fonte: Autor, 2017.

A máxima taxa em bytes que um decodificador de pacotes PES poderá identificar


em sua entrada é representada por 22 bits, assim Rmáx = 222 / 50 = 4,194 M bytes.

trick_mode_control – a presença deste campo indica que o stream de informação


é de caráter especial como, por exemplo, um Video on Demand (VoD). O campo trick_
mode_control é composto por 8 bits, que definem as funções especiais para o stream
transportado, como: fast-forward, slow motion, fast ou slow reverse etc. A Tabela 10
indica algumas destas funções já previstas com relação aos valores do trick_mode_
control. Pode-se observar que o campo trick_mode-control somente utiliza-se de três
bits dos oito que o compõem.

Tabela 10.

Valor Função
000 Fast forward
001 Slow motion
010 Freeze frame
011 Fast reverse
100 Slow reverse
101 a 111 Reservados

Fonte: ISO/IEC, 2017.

66
SISTEMAS DE RADIODIFUSÃO DE TELEVISÃO E RÁDIOS │ UNIDADE II

additional_copy_info – contém 7 bits de informações privadas, relativas as


propriedades dos direitos autorais (copyright), dos conteúdos que são transportados
pelos pacotes PES.

previous_PES_packet_CRC – o previous_PES_packet_CRC é um campo de


16 bits que contém o valor do CRC (Cyclic Redundancy Check), para a detecção da
exatidão dos dados transmitidos. Ou seja, este código não corrige erros, provocados
pelas degenerações no sinal transmitido, provocados pelo canal de comunicação.

A aplicação do código CRC, é feita somente na carga útil das informações do pacote PES,
devido ao fato de que as informações contidas no cabeçalho sejam sujeitas alterações,
durante o processo de transmissão.

O código CRC também é conhecido como código polinomial, pois as suas strings de
bits de saída, são tratadas como representações de polinômios com coeficientes 0 e 1.
O polinômio gerador do código CRC para os pacotes PES é dado pela expressão:

x16 + x12 + x5 + 1

E o seu princípio de funcionamento e aplicação, serão melhores detalhados no capítulo


de correção de erros em sistemas digitais.

PES extension – o campo PES extension é a extensão do cabeçalho PES, subdivididos


também em cinco bandeiras “flags” que indicaram a presença ou não de mais oito
campos de informações como por exemplo tamanho do buffer, contadores, tipo do
stream de transporte.

PES_private_data_flag – a bandeira PES_private_data_flag quando está em nível


lógico alto, indica a presença do campo PES_private_data, caso contrário se o nível
lógico for baixo, este campo não estará presente.

pack_header_field_flag – a bandeira pack_header_field_flag quando apresentar


nível lógico alto irá indicar que as informações transportadas no pacote, são de natureza
do padrão ISO/IEC 11172-1 ou que contém informações do cabeçalho do Program
Stream (PS). Caso a natureza das informações seja diferente das citadas, este bit deve
permanecer em nível lógico baixo.

program_packet_sequence_counter_flag – a bandeira program_packet_


sequence_ counter_flag quando estiver em nível lógico alto indicará que os campos
program_sequence_counter, MPEG1_MPEG2_identifier e original_stuff_length estão
presentes no pacote PES.
67
UNIDADE II │ SISTEMAS DE RADIODIFUSÃO DE TELEVISÃO E RÁDIOS

P-STD_buffer – a bandeira P-STD_buffer quando apresentar nível lógico alto indica


que os campos P-STD_buffer_scale e o campo P-STD_buffer_size estão presentes no
pacote PES.

PES_extension_flag_2 – esta bandeira PES_extension_flag_2 quando estiver em


nível lógico alto, indicará a presença do campo PES_extension_field_length.

PES_private_data – este campo possui 128 bits de dados privados. A estes dados
privados, e uma combinação com seus respectivos campos anterior e posterior, não
deve coincidir com o valor contido no campo start_code_prefix, do início do cabeçalho
do pacote PES.

pack_private_data – o campo pack_private_data contém 8 bits, que irá informar


o comprimento, em bytes, das informações indicadas pelo campo Pack_header_filed.

program_packet_sequence_counter – o campo program_packet_sequence_


counter contém 7 bits, utilizados na contagem de uma sequência de pacotes PES. A cada
pacote PES a contagem é incrementada de uma unidade, desde que a informação seja
originada de um Program Stream, da Norma ISO/IEC 11172-1 ou ainda de um fluxo de
pacotes PES associados a um único transporte.

Este campo irá proporcionar uma funcionalidade semelhante à de um contador de


continuidade, pois cada pacote PES irá possuir seu próprio valor, isto facilitará a
decodificação e impedir a repetição dos pacotes. Pois dois pacotes de valores idênticos
dentro de uma mesma contagem, não irão existir.

A contagem irá retornar ao valor inicial (zero), após o contador atingir a sua contagem
máxima. Mesmo que uma sequência de pacotes PES não tenha chegado ao fim.

MPEG1_MPEG2_identifier – o campo MPEG1_MPEG2_identifier apresenta


apenas 1 bit, quando apresentado em nível lógico alto indica que a informação segue a
Norma ISO/IEC 11172-1. Caso contrário, se este campo apresentar nível lógico baixo, a
informação contida é referente a um Program Stream.

original_stuff_length – com 6 bits o campo original_stuff_length específica a


quantidade de bytes de enchimento que serão utilizados no cabeçalhos dos pacotes
PES, desde que seja seguida as seguintes Recomendações: H.222.0, ISO/IEC 13818-1
ou ISO/IEC 11172-1.

P-STD_buffer_scale – este campo possui apenas 1 bit, utilizado como um fator de


escala para a decodificação do campo seguinte P-STD_buffer_size, caso também se o
pacote PES pertencer a uma sequência de Program Stream.

68
SISTEMAS DE RADIODIFUSÃO DE TELEVISÃO E RÁDIOS │ UNIDADE II

Dessa forma se o stream_id indicar que as informações são referentes a um sinal


de vídeo o campo P-STD_buffer_scale irá apresentar nível lógico alto. Agora, se o
stream_id identificar que as informações são referentes a um sinal de áudio este campo
apresentará nível lógico baixo. Para informações de qualquer outra natureza este campo
não será considerado na decodificação.

P-STD_buffer_size – o campo P-STD_buffer_size possui 13 bits no qual irá


especificar o buffer de entrada do decodificador. Com isto se o P-STD_buffer_scale ao
apresentar nível lógico alto, para cada unidade de contagem deste campo representará
um fator de escala de 1024 bytes. Caso o P-STD_buffer_scale apresentar nível lógico
baixo o fator de escala é de 128 bytes, para cada unidade de contagem deste campo.
Vale ressaltar que é o buffer de entrada do decodificador de pacotes PES.

PES_extention_field_length – este campo de 7 bits irá especificar o comprimento


total de bytes, referentes aos campos do presentes no PES extension.

stuffing_byte – o campo de stuffing_byte, é utilizado para inserir bits no pacote PES,


com a intenção de melhorar o sinal transportado com relação a alguns requisitos que se
caracterizam com o canal de comunicação. O comprimento deste campo é , onde m não
deve ser no máximo igual a 32, dentro de um cabeçalho do pacote PES. Ou seja, o valor
máximo de bits de stuffing que podem estar presentes no cabeçalho do pacote PES é de
256 bits, dos quais todos devem sempre apresentar nível lógico alto.

Os bits de stuffing podem assumir valores variáveis, de acordo com a necessidade


ou algumas características impostas pelo canal de comunicação, mas todos serão
desconsiderados durante o processo de decodificação.

PES_packet_data_byte – o campo PES_packet_data_byte será utilizado para


transportar a sequência dos Elementary Streams, na qual foi identificado pelo stream_
id ou pelas Recomendações H.262, H.264, ISO/IEC 13818-2 ou ISO/IEC 13818-3.

Caso o stream_id for identificado por private_stream_1, private_stream_2, ECM_


stream ou EMM_stream, os conteúdos transportados pelo pacote PES serão definidos
pelo usuário. Porém, independemente da informação transportada o comprimento não
deve ultrapassar o valor indicado pelo campo PES_packet_length.

padding_byte – o campo padding_byte é formado por 8 bits de valor 0xFF, que serão
descartados pelo decodificador.

Para a formatação do pacote de TS o sistema MPEG-2 define dois tipos de streams para o
transporte (transmissão) das informações de áudio, vídeo e dados, contidos nos pacotes
PES. A estes streams são chamados de Transport Streams e Program Streams.

69
UNIDADE II │ SISTEMAS DE RADIODIFUSÃO DE TELEVISÃO E RÁDIOS

Para adequar ao processamento do hardware e também de adequar aos códigos


corretores de erros que são inseridos no sinal para prover ao mesmo a robustez
necessária frente às degenerações encontradas no meio de comunicação, os pacotes
PES são fragmentados e novamente empacotados em pacotes de comprimentos fixos de
188 bytes. Dessa forma os cabeçalhos dos pacotes de TS devem conter as informações
essenciais para o sistema de transmissão. A Figura 44 ilustra um pacote de TS, e os seus
respectivos campos do cabeçalho.

Figura 44.

Fonte: Autor, 2017.

sync_byte – o primeiro campo do cabeçalho de transport stream é composto por 8


bits de valor 0x 47 (‘01000111’), valor padrão para o sistema de transmissão de televisão
digital, este campo será utilizado pelo receptor no processo de decodificação do sinal.
Para que os receptores ou até mesmo os analisadores de TS validem a decodificação
dos transport stream inicialmente é comum o descarte de alguns pacotes de transport
stream. Ou seja, os receptores devem encontrar sincronismo do início de cada pacote
de TS antes que seja validada a saída do decodificador. Com isto não se recomenda a
utilização ou identificação nos demais campos do cabeçalho do pacote de TS com o
mesmo valor encontrado no campo do sync_byte.

transport_error_indicator – o campo transport_error_indicator é formado por


apenas 1 bit, que ao apresentar nível lógico alto indica que no pacote de TS contém erro
de pelo menos um bit, ocasionados durante o processo de transmissão. Caso contrário,
se este campo apresentar nível lógico baixo o pacote de transporte stream não possui
erro de bit.

Este campo indica se pacote contém erro ou não, porém o mesmo não realiza a correção.
A correção é feita através de outros blocos subsequentes ao sistema de recepção,

70
SISTEMAS DE RADIODIFUSÃO DE TELEVISÃO E RÁDIOS │ UNIDADE II

específicos para tal, entretanto dentro dos limites de correção. Pode deparar-se também
com alguns algoritmos de implementados nos decoders que podem descartar tais
pacotes que possuem este campo com nível lógico alto.

payload_unit_start_indicator – este campo também possui apenas 1 bit, que ao


apresentar nível lógico alto indica que a informação contida no payload do pacote de TS
representa o início de um novo pacote PES ou de uma nova seção PSI (Program Specific
Information), caso contrário, este campo deve permanecer com nível lógico baixo.

Para a inicialização de um pacote PES o valor correspondente é (0x 00 00 01), porém


quando se trata de uma seção PSI o valor inicial pode variar, cujo o primeiro byte do
payload do pacote de TS especificará o tipo de seção em questão que está sendo inicializada.
Este byte inicial a que se refere à seção PSI é denominado point_field e é dado pela Norma
ISO/IEC 13818-1. Para os pacotes de transport stream, cujas informações são nulas, o
campo payload_unit_start_indicator deve permanecer com nível lógico baixo.

transport_priority – o campo transport_priority também é um campo de 1 bit. O


pacote de TS que apresentar nível lógico alto neste campo do cabeçalho, implicará que
o mesmo terá uma prioridade superior aos demais pacotes que possuírem nível lógico
baixo e a mesma identificação (PID - Packer Identifier).

PID – o campo PID (Packet Identifier) é utilizado na identificação dos pacotes de


transport stream. Cada informação diferente transportada seja de áudio, vídeo ou
dados são atribuídos valores de identificações diferenciadas.

Este campo possui 13 bits, onde todos são utilizados para a identificação, na qual é
de particularidade de cada operador definir o valor mais adequado as suas estratégias
de aplicações. Porém alguns valores não podem ser utilizados, pois são reservados na
identificação de algumas tabelas do sistema de transmissão, conforme alguns exemplos
descritos na Tabela 11. Também não se deve utilizar o valor 0x47 por indicar o início do
pacote de transport stream.

Tabela 11.

Valor Tabela
0x 0000 Pacote que transporta a tabela PAT (Program Association Table)
0x 0001 Pacote que transporta a tabela CAT (Conditional Association Table)
0x 0002 Pacote que transporta a tabela TSDT (Transport Stream Description Table)
0x 0010 Pacote que transporta a tabela NIT (Transport Stream Description Table)
0x 0011 Pacote que transporta a tabela BAT (Bouquet Association Table) Table_id = 0x4A
0x 0011 Pacote que transporta a tabela SDT (Service Description Table) Table_id = 0x42 ou 0x 46
0x 0012, 0x 0026 e 0x 0027 Pacote que transporta a tabela EIT (Event Information Table)

71
UNIDADE II │ SISTEMAS DE RADIODIFUSÃO DE TELEVISÃO E RÁDIOS

Valor Tabela
0x 0013 Pacote que transporta a tabela RST (Running Status Table)
0x 0014 Pacote que transporta a tabela TDT (Time and Date Table) Table_id = 0x70
0x 0014 Pacote que transporta a tabela TOT (Time Offset Table) Table_id = 0x73
0x 0003 a 0x 000F Valores de PIDs reservados.
0x 1FFF Identificação do pacote nulo.

Fonte: ISO/IEC, 2017.

A lista completa dos valores dos PIDs, cujos são reservados, é encontrada na Norma
ABNT NBR 15603-1. Os pacotes cujas identificações são 0x0000, 0x0001, 0x0010 e
0x1FFF também podem transportar o valor do PCR (Program Clock Reference), em
casos específicos, conforme a Norma ISO/IEC 13818-1.

transport_scrambling_control – este campo transport_scrambling_control


possui 2 bits, que indicam se o pacote de transport stream possui ou não criptografia,
conforme indicado na Tabela a seguir. Este tipo de embaralhamento criptográfico
pode ser realizado também de forma idêntica nos pacotes PES. Porém para o processo
de criptografia aplicado nos pacotes PES são mais trabalhosos, quando se refere ao
hardware, devido ao fato de possuírem comprimentos variáveis.

A criptografia é realizada no bloco CSA (Common Scrambling Algorithm) e padronizado


pela Norma ETR 298-5 (ETSI Technical Report – European Broadcasting Union).
Embora este processo seja normatizado, seus detalhes mais específicos de execução
estão acordados a não divulgação, devido a direitos autorais.

Tabela 12.

Valor Função
00 Indica que o embaralhamento da carga útil do pacote PES, não está presente.
01 Reservado
10 A criptografia utiliza chave do tipo even key.
11 A criptografia utiliza chave do tipo odd key.

Fonte: ISO/IEC, 2017.

A criptografia não justifica a sua utilização em sistemas de transmissão por radiodifusão


terrestre aberto, mas é muito difundido em sistemas de transmissão por satélite, como
por exemplo, no padrão DVB-S2 (Digital Video Broadcast – Satellite 2). Com isto, o
processo genérico de criptografia, na qual se utiliza este campo de embaralhamento do
pacote de transporte stream será abordado no tópico segurança na transmissão.

adaptation_field_control – o campo adaptation_field_control é um campo de


2 bits que irão identificar a presença ou não entre o campo adaptativo e o payload,

72
SISTEMAS DE RADIODIFUSÃO DE TELEVISÃO E RÁDIOS │ UNIDADE II

do pacote de transport stream. Conforme indicado na Tabela a seguir. Ressalta-se


que o cabeçalho do pacote de TS é sempre obrigatório, independente da combinação
encontrada no campo adaptation_field_control.

Os decodificadores que seguem a Recomendação ITU H.222-0 / ISO/IEC 13818-1,


devem descartar os stream que neste campo estiverem configurados com o valor
“00”. Entretanto se o payload do pacote de transport stream conter valores nulos para
stuffing, o campo adaptation_field_control deve ser obrigatoriamente ser identificado
com a configuração “01”.

Tabela 13.

Valor Função
00 Reservado

01 Sem o campo adaptativo, apenas o payload.

10 Apenas o campo adaptativo, sem o payload.

11 Campo adaptativo e o payload.

Fonte: ISO/IEC, 2017.

continuity_counter – o continuity_counter é um campo dentro do cabeçalho de


transport stream, composto por 4 bits que serão incrementados no decodificador
de uma unidade a cada pacote de transport stream recebido e que possui a mesma
identificação (PID). De caráter obrigatório o início da contagem deve ser “0000” e
terminar em “1111”, e sequencial.

O codificador pode transmitir até duas vezes o mesmo pacote de informações dentro
de uma mesma fila (contagem), porém o decodificador não deve incrementar sua
contagem. Dessa forma quando ocorrer a necessidade de uma transmissão de informação
duplicada, o campo adaptation_field_control do pacote de transport stream duplicado
estará configurado para os valores “01” ou “11”.

Caso do payload do pacote de transport stream possuir valores nulos, o valor do campo
do continuity_counter é indefinido, podendo assumir qualquer valor dentro das
possibilidades de combinações dos quatro bits.

adaptation field – o adaptation field é uma área de adaptação dentro do pacote de


transport stream, imediatamente após o cabeçalho, na qual pode ou não estar presente.
Quando presente é subdividida em outros campos responsáveis pelas informações de
controle e sincronismo do sistema de transmissão.

adaptation_field_length – o campo adaptation_field_lenght é composto por


8 bits, que irá identificar o comprimento em bytes da área adaptation field e do

73
UNIDADE II │ SISTEMAS DE RADIODIFUSÃO DE TELEVISÃO E RÁDIOS

payload (desconsiderando os bytes de stuffing, ou seja, somente a informação útil),


imediatamente após o campo adaptation_field_lenght.

O valor 0 identificado no campo adaptation_field_lenght, somente é utilizado quando


existe a inserção de um único byte de stuffing no pacote de TS. Porém quando as informações
dos pacotes PES são insuficientes para completar a carga do pacote de transporte stream,
deve-se acrescentar bytes de stuffing até completar a carga de 188 bytes, e estes bytes de
stuffing não entraram na contagem do campo adaptation_field_length.

Como o pacote de transporte stream possui um comprimento fixo e o cabeçalho é algo


sempre obrigatório estar presente, irá resultar em um comprimento máximo para
ser definido pelo adaptation_field_length de até 182 bytes. E nesta situação o campo
adaptation_field_control deve permanecer configurado em “11”. Porém se o campo
adaptation_field_control for configurado para o valor “10” o comprimento identificado
pelo adaptation_field_lenght deve ser de 183 bytes.

discontinuity_indicator – este campo de somente 1 bit, quando presente e estiver em


nível lógico alto indica que existe uma descontinuidade na base de tempo de referência
(PCR) e/ou no contador (continuity_counter), caso contrário à descontinuidade é falsa.

random_access_indicator – o campo random_access_indicator também é de 1 bit,


que ao apresentar nível lógico alto informa que o próximo pacote de transport stream em
seu payload irá conter o início de uma nova sequência de vídeo ou áudio. Dessa forma, as
informações das estampas de tempo (time stamps) encontradas no PTS (Presentation
Time Stamps) e no DTS (Decoding Time Stamps) devem obrigatoriamente estar
presentes no próximo pacote de TS, seja para vídeo e/ou áudio.

elementary_stream_priority_indicator – o campo elementary_stream_


priority_indicator contém apenas 1 bit. Ao definir, o mesmo, para nível lógico alto
indicará que entre os pacotes de transporte que possuírem as mesmas identificações
(PID) a maior prioridade entre os elementary streams – ES. O nível lógico baixo informa
que a prioridade é a mesma para todos os elementary streams.

Para o sinal de vídeo, sempre irá apresentar nível lógico alto neste campo, quando o
payload do pacote de transport stream em questão conter as informações de um slice
intracodificado.

PCR_flag – o campo PCR_flag é de apenas 1 bit, que definido em nível lógico alto irá
indicar a presença do campo PCR (Program Clock Reference).

OPCR_flag – o campo OPCR_flag também é de 1 bit, que ao apresentar nível lógico


alto irá indicar a presença do campo OPCR (Original_Program Clock Reference).

74
SISTEMAS DE RADIODIFUSÃO DE TELEVISÃO E RÁDIOS │ UNIDADE II

splicing_point_flag – o campo splicing_point_flag é outro campo de apenas 1


bit, que ao ser definido em nível lógico alto irá indicar a presença do campo splice_
countdown.

transport_private_data_flag – o campo transport_private_data_flag outro campo


de 1 bit, que ao estar presente e definido em nível lógico alto indica a presença dos
campos transport_private_data_length e transport_private_data_byte.

adaptation_field_extension_flag – o campo adaptation_field_extension_flag


é composto por 1 bit, que irá indicar a presença da área adaptation fields extension
quando estiver em nível lógico alto. Para que este campo apresente esse nível lógico
alto basta apenas que uma das bandeiras citadas anteriormente da área de adaptação
do pacote de transport stream esteja definida em nível lógico alto.

optinal adaptation field extension – esta área irá conter as informações de


controle e sincronismo indicadas pelas bandeiras anteriores à bandeira adaptation_
field_extension_flag, e também irá conter mais quatro bandeiras adicionais e opcionais
de informações complementares a área adaptation field.

PCR – com o advento da transmissão digital para televisão, podem-se ter vários
programas inseridos em um mesmo transport stream. Dessa forma se faz necessário
a sincronização dos receptores na mesma base de tempo, ou seja, o valor numérico
transportado pelo campo PCR é utilizado na reconstrução do STC dos receptores.

Com isto, a Norma ISO/IEC 13818-1 indica o máximo espaçamento de tempo entre
PCRs transmitidos (time interval) seja de 40ms e que os erros ocasionados por
imprecisão não ultrapasse os ±500 ns. Estas imprecisões podem ser ocasionadas no
sistema, por exemplo, nas modificações dos valores durante a re-multiplexagem ou até
mesmo imperfeições nos valores gerados pelo codificador. Por outro lado, o sistema de
transmissão de televisão digital no padrão ISDB-TB admite um espaçamento de entre
PCRs maiores do que 60 ms, mas já presenciado com medidas em campo um valor de
100 ms.

O campo PCR (Program Clock Reference) é composto por 42 bits, divididos em duas
partes: o program_clock_reference_base (PCR_base) com 33 bits e o program_
clock_reference_extension (PCR_ext) com 9 bits. O valor atribuído ao PCR_base é
o quociente da divisão do valor contido no STC (System Time Clock) pela constante
300 e o valor atribuído ao PCR_ext é o restante desta divisão (valor correspondente
entre 1 a 299). A divisão pela constante 300 se faz necessária para a compatibilização
entre as versões MPEG. A Figura 45 ilustra a formação do valor que irá compor os 42
bits do PCR.

75
UNIDADE II │ SISTEMAS DE RADIODIFUSÃO DE TELEVISÃO E RÁDIOS

Figura 45.

 300

Fonte: Autor, 2017.

Se um valor extraído do contador é, por exemplo, de 1513172. O valores


correspondentes em hexadecimais para os campos PCR_base e PCR_ext são:

151317 / 300 = 5043,91

Parte inteira da divisão = 5043 ≡ 0x13B3

Restante da divisão = 272 ≡ 0x110

Resultando então em:

CR_base 0x0000013B3

CR_ext 0x110

Alguns sistemas de transmissão, por exemplo, o DVB (Digital Video Broadcasting) na


qual também utilizam o MPEG-2 sistemas para transporte das informações, é comum
a inserção de 6 bits a mais no campo PCR. Totalizando 48 bits neste campo. Estes bits
são utilizados para separar as partes PCR_base e a PCR_ext. E são configurados para
nível lógico alto.

OPCR – o campo PCR como já mencionado anteriormente pode sofrer alterações do


seu valor contido durante o processo transmissão, de acordo com a conveniência do
momento. Com isto pode-se obter novas bases tempo de sincronismo. Entretanto estas
novas bases de tempo podem afetar os sincronismos gerados anteriormente a esta nova
formação. Dessa forma o campo OPCR (Original Program Clock Reference), transporta
o valor original do campo PCR, ou seja, o primeiro valor gerado.

76
SISTEMAS DE RADIODIFUSÃO DE TELEVISÃO E RÁDIOS │ UNIDADE II

Então o campo OPCR também é composto por 42 bits, e de forma análoga ao campo
PCR é dividido em duas partes: o original_program_clock_reference_base (OPCR_
base) com 33 bits e o original_program_clock_reference_extension (OPCR_ext)
com 9 bits, e a atribuição dos valores que irão compor estas duas áreas também
são idênticas.

De forma semelhante o que ocorre no campo PCR, no campo OPCR também pode ser
inseridos mais 6 bits para a separação das partes OPCR_base e OPCR_ext. Mas vale
ressaltar uma fez configurado o campo PCR com 48 bits o campo OPCR deve também
ser configurado com a mesma quantidade de bits, ou vice-versa. E isto implica também
ainda que não necessariamente os sistemas de comunicações devam ser compatíveis de
42bits para 48bits, ou vice-versa.

splice_countdown – devido ao sistema de compressão MPEG apresentar diferentes


características de compressão para cada tipo de quadro (I, P e B), slices, relação dos
GOPs, adequação aos níveis e perfis etc., tudo isto irá resultar em diferentes situações,
impactando em diferentes taxas de bits na saída do encoder para cada situação. Dessa
forma, para melhor auxiliar na decodificação, foram-se criados pontos específicos
para indicar o início e término de cada uma destas características. Estes pontos são
denominados splicing point.

O campo splice_countdown que contém 8 bits, que irá representar um valor numérico
de uma contagem, de pacotes de TS que possuam a mesma identificação (PID). E estes
pacotes devem estar compreendidos entre dois splicing point. Com isto, é gerada
uma contagem de pacotes entre dois pontos especificados, e ao identificar o segundo
splicing point à contagem é inicializada novamente. Porém não serão incrementados
nesta contagem, os pacotes cuja carga seja de stuffing ou possuam suas identificações
duplicadas.

A Norma ISO/IEC 13818-1, específica dois tipos de splicing point: ordinary splicing
point e seamless splicing point, para a utilização no sistema MPEG. Porém as definições
das semânticas são encontradas na Norma SMPTE 312M.

Vale ressaltar que entre quadros de mesmo áudio também são utilizados splicing point.

transport_private_data_length – o campo transport_private_data_length é


composto por 8 bits que irão especificar o comprimento em bytes do campo transport_
private_data_byte.

transport_private_data_byte – o campo transport_private_data_byte é um campo


de 8 bits que podem ser utilizados para o transporte de informações não especificadas
pela ITU ou ISO/IEC.

77
UNIDADE II │ SISTEMAS DE RADIODIFUSÃO DE TELEVISÃO E RÁDIOS

adaptation_field_extension_length – o adaptation_field_extension_length é
um campo de 8 bits utilizados para informar o comprimento em bytes dos campos
imediatamente após a este campo, incluindo as bandeiras.

ltw_flag – o campo ltw_flag é um campo de apenas 1 bit, que ao ser definido em nível
lógico alto irá indicar a presença do campo ltw_offset.

piecewise_rate_flag – o campo piecewise_rate_flag também é um campo de apenas 1


bit, que ao ser definido em nível lógico alto irá indicar a presença do campo piecewise_rate.

seamless_splice_flag – o campo seamless_splice_flag contém 1 bit, que ao apresentar


nível lógico alto irá indicar as presenças dos campos splice_type e DTS_next_au. Caso
contrário, se este campo estiver em nível lógico baixo nenhum deste dois estarão presentes.

Sempre que a bandeira splicing_point_flag estiver definida em nível lógico alto,


a bandeira seamless_splice_flag deve ser definida em nível lógico baixo, para não
ocasionar imprecisão na contagem realizada no campo splice_countdown.

ltw_valid_flag – o campo ltw_valid_flag é um campo de 1 bit, que ao ser definido


em nível lógico alto irá indicar que a informação contida no campo ltw_offset é uma
informação válida.

ltw_offset – o campo ltw_offset é um campo composto por 15 bits, que irá transportar
um valor numérico cuja unidade será expressa em (300 / fs) segundos, fs onde é a
frequência de clock do sistema que gerou o pacote de transport stream. O valor contido
neste campo será utilizado pelo re-multiplexador na necessidade de reconstruir o
estado do MB (Multiplexing Buffer). A perda da configuração do estado do buffer
poderá acarretar em perdas de pacotes, por outro lado o super dimensionamento
poderá impactar em baixas taxas de transmissão.

Para os sistemas de radiodifusão de TV Digital este valor será constante, pois a


frequência de clock do sistema é a frequência gerada pelo STC. Contudo este campo tem
grande importância em outros sistemas como, por exemplo, IPTV (Internet Protocol
Television) ou DTH (Direct To Home). Em que cada empresa tem seu modelo de
negócio próprio.

2 bits – os dois bits que estão entre os campos ltw_offset e piecewise_rate cujas suas
combinações são indiferentes, e suas utilizações não são especificadas pela Norma
ISO/IEC 13818-1.

piecewise_rate – o campo piecewise_rate contém 22 bits, que irá representar um


valor hipotético de taxa de bits, na qual será utilizado para definir o final da janela

78
SISTEMAS DE RADIODIFUSÃO DE TELEVISÃO E RÁDIOS │ UNIDADE II

de tempo legal (ltw – Legal Time Window) no Multiplexing Buffer no seu processo
de reconstrução. Com isso, esta é uma informação que deve ser utilizada em conjunto
com o campo ltw_offset. E implica que este campo somente irá estar presente se as
bandeiras ltw_flag e a bandeira ltw_valid_flag também estiverem configuradas para
nível lógico alto.

splice_type – o campo Splice_type é um campo que possui 4 bits, utilizados para


indicar a quantidade de pacotes subsequentes que irão possuir a mesma identificação
(PID), esta contagem inclui também o pacote em questão que estiver configurado. Esta
informação tem por finalidade auxiliar o decodificador a evitar o estouro de capacidade
do buffer VBV (Vídeo Buffering Verifier).

Apesar da contagem deste campo não ter correlação com a contagem realizada no
campo splice_countdown, o final das duas contagens devem ser coincidentes.

DTS_next_au – o campo DTS_next_au possui 33 bits que são utilizados decodificar


as Time Stamps da próxima unidade de acesso, ou seja, realizam a junção entre pacotes
de TS cujas as informações são uma continuidade uma da outra. Dessa forma, evita-se
que a informações contidas no cabeçalho do pacote PES sejam abertos, para verificar a
correta sequência das informações transmitidas.

sttuffing bytes – pode-se deparar que em algumas circunstâncias é interessante


realizar uma transmissão cuja taxa de bits seja constante, devido às características
impostas pelo canal de comunicação. Então a inserção no sistema de pacotes cujas
informações sejam nulas é a solução encontrada para o problema. Estas informações
devem apresentar valor 0x FF, e serão descartadas pelo decodificador.

79
Capítulo 4
Transmissão e recepção de televisão

O sistema ISDB-Tb que foi uma evolução do sistema DVB-T, usando o mesmo sistema
de transmissão com multiportadoras e inserção de intervalo de guarda. O padrão
ISDB possui três modos de multiportadoras: 2K, 4K e 8K em sua operação, que irão
auxiliar na proteção do sinal transmitido com os efeitos que o canal pode provocar.
Uma inovação deste sistema é a segmentação de banda que divide a largura de 6 MHz
do canal em 13 segmentos e, conforme o tipo de transmissão escolhida, utiliza um ou
mais segmentos para cada camada, com a possibilidade de transmitir até três feixes
de dados simultâneos com modulações diferentes entre si. A figura a seguir ilustra a
segmentação do canal de RF em 13 segmentos de banda. O segmento central é sempre
utilizado para a transmissão do sinal móvel, e por este motivo o encoder LD responsável
por gerar o sinal que será recebido pelo receptor móvel é chamado encoder one-seg
(um segmento).

Figura 46.

Fonte: Autor, 2017.

O modulador recebe três sequências de pacotes de Transport Stream (TS) que contém
informação multiplexada e comprimida de vídeo, áudio e dados em sua entrada e
direciona para uma das camadas A, B e C, conforme apresentado na Figura 47. Na
transmissão hierárquica, essas camadas são utilizadas realizando-se atribuições aos
13 segmentos de RF para cada feixe de dados das camadas. O estágio de codificação
é dividido por um bloco de codificação externa e interna. O estágio de codificação
externa é fixo, formado por um aleatorizador de dados e um codificador Reed Solomon
com entrelaçador de bytes. O estágio de codificação interna é flexível, formado pelo
codificador convolucional de taxa-mãe 1/2 com ajuste de puncionamento para 1/2, 2/3,

80
SISTEMAS DE RADIODIFUSÃO DE TELEVISÃO E RÁDIOS │ UNIDADE II

3/4, 5/6, 7/8 com entrelaçamento de bits e símbolos. O primeiro estágio de modulação
é formado por uma modulação primária que pode ser escolhida entre QPSK, 16-QAM
ou 64-QAM. As camadas A, B e C são combinadas e entrelaçadas no tempo (100, 200 ou
400 ms) e em frequência por um algoritmo aleatorizador. Uma estrutura de sincronismo
é adicionada com a inserção de pilotos de referência, sinalização e controle.

Figura 47.

Fonte: Autor, 2017.

O segundo estágio de modulação é formado por um modulador OFDM que opera com
IFFT de tamanho 2k, 4k ou 8k. Na saída do modulador OFDM é adicionado um prefixo
cíclico que garante a robustez do sistema contra interferência intersimbólica. A taxa
útil de transmissão considerada o tipo de modulação, codificação interna, e a razão do
intervalo de guarda é apresentada na tabela a seguir. A Figura 48 mostra a relação de
desempenho taxa de erro de bit e a relação sinal ruído, entre as possíveis configurações.

Tabela 14.

Taxa de bit total para os 13 segmentos (Mbps)


Modulação Codificação interna
1/4 1/8 1/16 1/32
1/2 3,651 4,056 4,295 4,425

2/3 4,868 5,409 5,727 5,900


DQPSK
3/4 5,476 6,085 6,443 6,638
OPSK
5/6 6,085 6,761 7,159 7,376

7/8 6,389 7,099 7,517 7,744

1/2 7,302 8,113 8,590 8,851

2/3 9,736 10,818 11,454 11,801

16-QAM 3/4 10,953 12,170 12,886 13,276

5/6 12,170 13,522 14,318 14,752

7/8 12,779 14,198 15,034 15,489

81
UNIDADE II │ SISTEMAS DE RADIODIFUSÃO DE TELEVISÃO E RÁDIOS

Taxa de bit total para os 13 segmentos (Mbps)


Modulação Codificação interna
1/4 1/8 1/16 1/32
1/2 10,953 12,170 12,886 13,276
2/3 14,604 16,227 17,181 17,702

64-QAM 3/4 16,430 18,255 19,329 19,915


5/6 18,255 20,284 21,477 22,128
7/8 19,168 21,298 22,551 23,234

Fonte: Autor, 2017.

Figura 48.

Fonte: <www.cpqd.com.br>, 2017.

Dentre os vários desafios encontrados pelos profissionais de radiocomunicação, para


implantar a televisão digital no Brasil, existe um que vem a destacar-se, que é de
estimar e modelar matematicamente a possível área de cobertura do sinal que vai ser
transmitido. Este sinal estimado é baseado em modelos empíricos que foram realizados
pelo órgão de padronização internacional o ITU-R. Aqui no Brasil o CPqD também
realizou um trabalho semelhante, porém foi para apresentar algumas considerações
técnicas na proposta do Plano de Distribuição dos Canais de Televisão Digital.

O modelo de propagação definido pelo órgão internacional ITU-R é a sua recomendação


P.1546 que descreve o método de estimativa de propagação ponto-área para os serviços
terrestres compreendidos na faixa de frequências entre 30 MHz à 3 GHz. Os resultados
foram obtidos, através de medidas em campo nos Estados Unidos e Europa, nas quais as
82
SISTEMAS DE RADIODIFUSÃO DE TELEVISÃO E RÁDIOS │ UNIDADE II

informações são disponibilizadas de formas gráficas. Dessa forma os resultados de interesse


que não se constam nesta recomendação se deve fazer uma extrapolação ou interpolação
com os resultados apresentados para se obter o resultado desejado. O algoritmo de
extrapolação ou interpolação é encontrado no próprio escopo da recomendação.

Com relação aos resultados apresentados pelo instituto CPqD aqui no Brasil, partiu
de um convênio entre CPqD e a ANATEL com o objetivo de fornecer considerações
técnicas para um plano básico de distribuição de canais de televisão digital, conhecido
pela sigla PBTVD (Plano Básico de Distribuição de Canais de Televisão Digital).
Estes resultados encontrados também foram obtidos em campo, ou seja, de forma
empírica. Contudo os critérios para a estimativa da área de cobertura seguiu a
Recomendação ITU-R P.1546. E o plano de canalização e os critérios técnicos seguirão
a Resolução 398 e 583 da ANATEL. Sendo dos canais 7 ao 13 pertencente a faixa do
VHF alto, e 14 ao 51 na faixa de UHF, conforme mostra a Tabela 15.

Tabela 15.

Canal Faixa de frequências (MHz) Canal Faixa de frequências (MHz)


07 174 – 180 29 560 – 566
08 180 – 186 30 566 – 572
09 186 – 192 31 572 – 578
10 192 – 198 32 578 – 584
11 198 – 204 33 584 – 590
12 204 – 210 34 590 – 596
13 210 – 216 35 596 – 602
14 470 – 476 36 602 – 608
15 476 – 482 38 614 – 620
16 482 – 488 39 620 – 626
17 488 – 494 40 626 – 632
18 494 – 500 41 632 – 638
19 500 – 506 42 638 – 644
20 506 – 512 43 644 – 650
21 512 – 518 44 650 – 656
22 518 – 524 45 656 – 662
23 524 – 530 46 662 – 668
24 530 – 536 47 668 – 674
25 536 – 542 48 674 – 680
26 542 – 548 49 680 – 686
27 548 – 554 50 686 – 692
28 554 – 560 51 692 – 698

Fonte: Autor, 2017.

83
UNIDADE II │ SISTEMAS DE RADIODIFUSÃO DE TELEVISÃO E RÁDIOS

Transmissão das rádios AM e FM


Os sinais de áudio digital já foram tratados em nosso estudo (capítulo de compressão
de áudio e modulações), como as informações colocadas são as mesmas para este
capítulo, aqui serão focadas somente as tecnologias envolvidas nas transmissões de
rádios digitais.

O rádio digital ou DAB (Digital Audio Broadcasting) irá substituir as rádios de frequência
e amplitude moduladas no Brasil, de forma análoga ao ocorrido com o sistema de
televisão digital substituiu o analógico. Entretanto, é esperado que esta transição ocorra
de maneira muito mais ainda suave e gradativa se comparado com sistema de televisão.
Isso deve principalmente por razões econômicas. Atualmente existem no mundo quatro
principais padrões de rádios,

»» IBOC sistema de rádio americano;

»» DRM sistema de rádio europeu;

»» ISDB-Tsb sistema de rádio japonês.

Existem outros padrões também, como Chinês (China Digital), mas, menos expressivo
na adoção nos demais países.

O sistema americano IBOC também conhecido por HD Radio opera com uma largura de
faixa de 400 kHz e uma capacidade de transmissão de 96-124 kbps e até 4 canis de voz.
Opera com uma transmissão em múltiplas portadoras, o que garante robustez do sinal
frente aos múltiplos percursos do canal, e moduladas em 4-QAM. Possui compatibilidade
de transmissões nas faixas de frequências de 55-1705 MHz e 87,5-108 MHz.

O sistema europeu DRM (Digital Radial Mondiale) suas transmissões permite também
até quatro canais de voz em uma largura de banda de 96 kHz e taxa de transmissão de
96 kbps. As transmissões são múltiplas portadoras moduladas em 4-QAM ou 16-QAM.
As faixas de frequências operações são de 47- 68 MHz, 87,5-108 MHz, 174-230 MHz.

O padrão de radio japonês ISDB-Tsb (Integrated Services Digital Broadcasting,


Terrestrial, Segmented Band) é um serviço de rádio integrado ao sistema de televisão
já existente, dessa forma suas faixas de frequências de operação coincidem com a faixa
de frequências do sistema de televisão digital ISDB-T. Opera com largura de faixa de
430 kHz ou 1,29 MHz com respectivamente 330 kbps e 1,32 Mbps. Sua portadora é
modulada em QPSK.

84
REDES DE Unidade iii
TELECOMUNICAÇÕES
As redes de telecomunicações devem prover um serviço de qualidade e confiável dessa
forma os meios de transmissão, ou seja, o canal de comunicação, os principais meios
utilizados nas comunicações são: por cabos (por exemplo: coaxial ou par trançado), o
ar (transmissões terrestres, enlaces ponto a ponto ou por satélites), ou as fibras ópticas.

O sistema de transmissão por cabo por par trançado consiste em par de fios metálicos
trançados (ou entrelaçados) entre si, cada trança são distanciadas de nλ onde λ é o
comprimento de onda na frequência de operação e n é múltiplo inteiro do comprimento
de onda com a finalidade de anular interferências eletromagnéticas. Tem como
principal aplicação em redes com pequenos comprimentos devido à capacidade de taxa
de transmissão ser baixa, ou seja, existirá uma redução na taxa de transmissão e da
largura de banda com o aumento da distância do transmissor e receptor utilizando o
par trançado. A Figura 49 ilustra um cabo par trançado.

Figura 49.

Fonte: <www.hardware.com.br>, 2017.

As utilizações mais comuns do par trançado são em redes telefônicas, conectando a


central telefônica ao assinante, e redes de PABX.

O cabo coaxial consiste em um fio cujo núcleo é de cobre isolado, revestido em sua volta
por uma malha metálica que irá também servir de blindagem contra as interferências
eletromagnéticas, conforme apresentado na figura a seguir. Suas utilizações são
principalmente encontradas em redes telefônicas de longas distâncias, e distribuições
de sinais de circuito fechado de televisão. Suas principais características são de possuir
uma grande capacidade de transmissão se comparado com o par trançado e não ser
susceptível ao ruído. Considerado de fácil manuseio, mas, em contra partida tem um
custo mais elevado de que o par trançado.

85
UNIDADE III │ REDES DE TELECOMUNICAÇÕES

Figura 50.

Fonte: <www.radiocomunicacaopxvhf.blogspot.com.br>, 2017.

A fibra óptica pode ser considerada como um guia de onda sob a forma de luz, devido a
este fato sua frequência de operação ser alta na ordem de Terahertz (luz infravermelho).
E isso leva a uma enorme capacidade de transmissão. Suas aplicações e envolvem longas
distâncias por apresentarem baixas perdas. A fibra óptica também tem uma vantagem ter
possuir um baixo peso, o que facilita a sua instalação em rede suspensas. A desvantagem
relacionada à fibra óptica é o alto custo para transmissões de baixa capacidade e de difícil
manutenção. Suas aplicações são encontradas normalmente entre centrais telefônicas
de longas distâncias e metropolitanos, também vem destacando a suas utilizações redes
de acesso de dados locais (GPON – internet para clientes residenciais atendidos via
fibra óptica). A Figura 51 mostra a formação de uma fibra óptica.

Figura 51.

Fonte: <www.oficinadanet.com.br>, 2017.

Os sistemas que dependem do ar como meio de transmissão é utilizado em situações


onde o usuário deseja mobilidade ou onde não permite a passagem de cabos. Por ser
modo não guiado visa às características das antenas de transmissão e recepção. Suas
aplicações básicas são em serviços de TV e rádios, enlaces digitais de micro-ondas e
satélites, telefonia móvel, e transmissões na faixa do infravermelho.
86
REDES DE TELECOMUNICAÇÕES │ UNIDADE III

A Tabela 16 resume uma comparação entre os meios mais utilizados nas redes de
telecomunicações.

Tabela 16.

Par trançado Cabo coaxial Fibra óptica Ar


Capacidade de
Baixa Maior que o par trançado Alta Depende da frequência
transmissão
Somente com
Ruído Boa imunização Alta imunização Ruim
revestimento metálico
Distâncias Curtas Médias Grandes Grandes
Manuseio Fácil Fácil Difícil Médio
Alto para baixa
Custo Baixo Maior que o par trançado Alto
capacidade de TX

Fonte: Autor, 2017.

As principais topologias das redes de acesso conhecidas são do tipo barramento, anel,
estrela, malha completa e incompleta, e hierárquica. A topologia em barramento é uma
topologia das redes de acesso na qual cada equipamento fica conectado em um único
barramento de tráfego de informação. Devido ao fato de ser um único barramento
para o tráfego dos sinais elétricos de informações tem-se um conflito gerado entre os
diversos sinais presentes, ou seja, uma degradação dos sinais elétricos pelo tráfego em
um mesmo meio denominado de domínio de colisão. Dessa forma, esta topologia esta
limitada ao número de equipamentos conectados ao barramento.

A topologia em anel das redes de acesso tem seus dois extremos conectados. Possui a
vantagem de transmitir em ambos os sentidos e em um eventual rompimento de um
dos sentidos de tráfego de sinais a rede se comporta como uma rede de barramento.
Existem dois tipos de domínio nesta topologia de rede domínio de difusão e o domínio
de colisão. Domínio de difusão ocorre entre transmissor e receptor retransmitindo os
sinais para os demais componentes da rede, devido a este fato cada pacote de informação
tem de esperar a sua vez de ser enviado, e ainda para haver comunicação entre os
equipamentos deve existir uma reserva de canal para a comunicação. O domínio de
colisão também existente neste tipo de topologia é idêntico ao encontrado na topologia
de barramento.

A topologia em estrela é caracterizada por um elemento central (concentrador) que


interliga os equipamentos. Este tipo de topologia é muito utilizado quando é necessária
a concentração e segurança da rede por um único ponto.

As topologias em malhas podem ser caracterizadas por completa e incompleta.


Na configuração completa cada equipamento de transmissão tem a sua própria
conexão com outro equipamento. Na configuração incompleta somente as conexões

87
UNIDADE III │ REDES DE TELECOMUNICAÇÕES

consideradas prioritárias são consideradas. Dessa forma, o domínio de colisão não irá
existir neste tipo de topologia.

A topologia hierárquica é um modelo híbrido entre a topologia estrela e a topologia de


malha incompleta, onde se usa a topologia em estrela nos extremos da rede e no seu
centro utiliza a topologia de malha incompleta, este tipo de rede de acesso é comum
encontrar nas centrais telefônicas.

A figura a seguir ilustra estas topologias de redes de acesso em telecomunicações.

Figura 52.

Fonte: Autor, 2017.

88
Capítulo 1
Conceitos de redes cabeadas com
protocolos IP

Os protocolos da arquitetura TCP/IP oferecem uma solução simples, porém, bastante


funcional para o problema de interconexão de sistemas abertos. O fato das implementações
de seus protocolos terem sido a primeira opção de solução “não proprietária” para
interconexão de sistemas, fez com que essa arquitetura se tornasse um padrão de fato.

A arquitetura Internet TCP/IP dá uma ênfase toda especial à interconexão de


diferentes tecnologias de redes. A ideia baseia-se na seguinte constatação: não existe
nenhuma topologia de rede que atenda aos anseios de toda a comunidade de usuários.
Alguns precisam de redes de alta velocidade, já outros, se contentam com redes de
baixa velocidade que conectam equipamentos distantes milhares de quilômetros uns
dos outros etc. Portanto, a única forma de permitir que um grande número de usuários
possa trocar informações é interconectar as redes às quais eles estão conectados,
formando assim uma inter-rede.

Em resumo, podemos dizer que o conjunto de protocolos TCP/IP foi projetado


especialmente para ser o protocolo utilizado na Internet. Sua principal característica é
o suporte direto a comunicação entre redes de diversos tipos. Neste caso, a arquitetura
TCP/IP é independente da infraestrutura da rede física ou lógica empregada.

Em 1966, o Departamento de Defesa do governo americano iniciou, através de sua agência


DARPA (Defense Advanced Research Projects Agency), projetos para a interligação de
computadores em centros militares e de pesquisa, com o objetivo de criar um sistema de
comunicação e controle distribuído com fins militares. Esta iniciativa teve como um dos
motivadores o surgimento de minicomputadores com grande poder de processamento,
que poderiam ter seu emprego enriquecido com o acesso a uma grande rede de
comunicação. Esta rede recebeu o nome de ARPANET. O principal objetivo teórico da
ARPANET era formar uma arquitetura de rede sólida e robusta que pudesse sobreviver
a uma perda substancial de equipamento e ainda operar com os computadores e enlaces
de comunicação restantes. Para alcançar este objetivo, o sistema de comunicação deveria
suportar diversos tipos de equipamentos distintos, ser dividido em diversos níveis
de protocolos distintos para permitir a evolução independente de cada um deles e ser
baseado em transferência de pacotes de informação.

Durante a década de 1970 até 1983, a ARPANET era baseada em IMPs (Interface
Message Processors), rodando diversos protocolos, sendo o principal o NCP (Network

89
UNIDADE III │ REDES DE TELECOMUNICAÇÕES

Control Protocol). O TCP/IP ainda estava sendo projetado e a Internet era formada por
máquinas de grande porte e minicomputadores ligados aos IMPs. O roteamento fora
dos IMPs não existia, impedindo a conexão de máquinas em rede local que surgiam. Ou
seja, para se ligar à ARPANET era necessária a ligação direta a um IMP.

No começo de 1980, a ARPANET foi dividida em ARPANET e MILNET, separando


a porção acadêmica e militar. Nesta época, a ARPA decidiu adotar o Unix como
sistema operacional prioritário para o suporte de seus projetos de pesquisa (dos quais
a ARPANET era um deles), escolhendo a Universidade da Califórnia-Berkeley como
centro de desenvolvimento.

O protocolo TCP/IP começou a ser projetado em 1977 com o objetivo de ser o único
protocolo de comunicação da ARPANET. Em 1/1/1983, todas as máquinas da
ARPANET passaram a utilizar o TCP/IP como protocolo de comunicação. Isto permitiu
o crescimento ordenado da rede, eliminando as restrições dos protocolos anteriores.
Em 1986, a NSF (Network Science Foundation) passou a operar o backbone (espinha
dorsal) de comunicações com o nome de NSFNet e iniciou a formação de redes
regionais interligando os institutos acadêmicos e de pesquisa. Desde 1983 começaram
a surgir diversas redes paralelas nos Estados Unidos financiadas por órgãos de fomento
à pesquisa como a CSNET (Computer Science Net), HEPNet (High Energy Physics
Net), SPAN (Nasa Space Physics Network) e outras. Estas redes foram integradas ao
NSFNet e adicionadas a redes de outros países, caracterizando o início de uso do termo
Internet em 1988.

Em 1993, foram criados os protocolos HTTP e o browser Mosaic, dando início ao World
Wide Web (WWW). O World Wide Web foi o grande responsável pelo crescimento
exponencial da Internet, pois permitiu o acesso a informações com conteúdo rico em
gráficos e imagens e de forma estruturada. O WWW foi também o grande motivador do
uso comercial da Internet, permitindo às empresas disponibilizar informações e vender
produtos via Internet.

A NSFNet foi privatizada em 1995, e o backbone passou a ser distribuído e complexo,


formado por múltiplas redes de prestadoras de serviços de telecomunicações como
AT&T, MCI, Sprint e outros. Hoje a Internet não é mais formada por um único backbone
central, mas por um conjunto de grandes provedores de acesso. Em 1995 foi permitido
também o tráfego de informações comerciais na Internet.

Na mesma época que a DARPA estava pesquisando um conjunto de protocolos


inter-redes em resposta à exigência para o estabelecimento de padrões de rede (que
eventualmente levou ao TCP/IP e à Internet), uma abordagem de padrões alternativos
estava sendo proposta pelo CCITT (Consultative Committee on International Telephony

90
REDES DE TELECOMUNICAÇÕES │ UNIDADE III

and Telegraph) e pela ISO (International Organization for Standardization).


Este esforço resultou no Modelo de Referência OSI (Open Systems Interconnect)
(ISO 7498) que definiu um modelo de sete camadas de comunicação de dados com
transporte físico na camada mais baixa e protocolos de aplicação nas camadas mais altas.
Este modelo é amplamente aceito como uma base para compreensão de como uma
pilha de protocolos de rede deve operar e como uma ferramenta de referência para
comparação de implementação de pilhas de rede. Conforme apresentada na Figura 53.

Figura 53.

Fonte: Autor, 2017.

Em cada camada da pilha se encontram protocolos responsáveis por serviços correlatos.


Por exemplo, os protocolos responsáveis pelo roteamento dos dados através da rede
são agrupados em uma camada, enquanto que os protocolos responsáveis por prestar
serviços aos usuários são agrupados em uma outra camada, e assim por diante.

Um protocolo em uma determinada camada utiliza serviços providos por protocolos


nas camadas inferiores e presta serviços a protocolos nas camadas superiores. As sete
camadas do Modelo OSI são:

Camada Física: define aspectos relacionados às características funcionais, mecânicas


e elétricas do meio de transmissão e da interface com o meio. Por exemplo: Função e
quantidade de pinos nos conectores, características elétricas dos sinais e tipos de cabos
que podem ser usados. Uma unidade de dados nesta camada consiste em um bit (serial)
ou “n” bits (paralela). Esta camada dedica-se a transmissão de uma cadeia de bits pela
91
UNIDADE III │ REDES DE TELECOMUNICAÇÕES

rede sem se preocupar com o seu significado, se a transmissão será half-duplex ou


full-duplex etc.

Camada de Enlace: organiza os dados transferidos pela rede em quadros, identifica


erros e controla o fluxo dos dados que possibilita ao transmissor saber qual é o espaço
disponível no buffer do receptor em um dado momento.

Camada de Rede: é responsável pelo roteamento dos dados através da rede. Existem
duas filosofias quanto ao serviço oferecido por esta camada: Datagrama (serviço não
orientado à conexão) e Circuito Virtual (serviço orientado à conexão).

Camada de Transporte: possibilita a comunicação fim a fim confiável dos dados.


Duas funções importantes desta camada são: A multiplexação (várias conexões de
transporte compartilhando a mesma conexão de rede) e a segmentação dos dados
provenientes das camadas superiores.

Camada de Sessão: possibilita o controle do diálogo entre as aplicações nas


máquinas e provê mecanismos através dos quais é possível organizar e estruturar os
dados trocados.

Camada de Apresentação: transforma o formato dos dados trocados entre aplicações


(criptografia, padrões de caracteres, compressão de textos etc.).

Camada de Aplicação: contém protocolos usados em aplicações como: emulação


de terminal, transferência de arquivos, correio eletrônico etc. Para cada aplicação, ou
classe de aplicações, é definido um protocolo nesta camada.

92
Capítulo 2
Introdução aos sistemas de VoIP,
IPTV e OTT

O serviço de IPTV é definido como entrega dos serviços de multimídia tais como:
televisão, vídeo, áudio, textos, jogos etc. sobre uma rede IP gerenciada para prover um
nível requerido de qualidade de serviço, segurança, interatividade e confiabilidade.
No Brasil, o artigo 3o da Resolução n o 614, de 28 de maio de 2013 o serviço de IPTV
é considerado como um serviço de SCM (Serviço de Comunicação Multimídia), ou
seja, um serviço fixo de telecomunicações de interesse coletivo, prestado em âmbito
nacional e internacional, no regime privado, que possibilita a oferta de capacidade de
transmissão, emissão e recepção de informações multimídia, permitindo inclusive o
provimento de conexão à internet, utilizando quaisquer meios, a assinantes dentro de
uma Área de Prestação de Serviço. Embora já possua algumas empresas que estejam
prontas para ofertar a tecnologia de IPTV, ainda não disponibilizam o serviço em toda
a sua totalidade, conforme apresentado na Tabela 17.

Tabela 17.

Aplicação Payload Transmissão QoS Trafego


IPTV channels A, V, D P2M P A
HDTV A, V, D P2M P A
Pay per view TV A, V, D P2M P A
VoD on STB D P2P B A
VoD on network A, V, D P2P P A
Channel search D P2P B A
Pseudo VoD A, V, D P2M P A
Video Conference A, V, D M2M G B
Interactive television D M2P B A
Second screen D M2P B A
3D A, V, D P2M P A
4K A, V, D P2M P A
8K A, V, D P2M P A
Voice over IP A, D P2P G S
Broadcast radio A, D P2M P A
Streaming radio A P2M P A
Voice mail D P A
Hi Fi audio A P2P P A
Audio downloading A P2P B A

93
UNIDADE III │ REDES DE TELECOMUNICAÇÕES

Aplicação Payload Transmissão QoS Trafego


Game individual D P2P G A
Game group D M2M G S
Fax D P2P B A
e-Commerce D M2P B A
VPN services D M2M P S
Hi-Speed Internet D P2P B A
Storage Services D P2P G A
Surveillance (residential alarms) D P2P B A
Home automation D P2M B A
»» A= áudio, V = Vídeo, D = Digital.
»» P2P = Ponto a Ponto, M2M = Multiponto-Multiponto, P2M = Ponto-Multiponto, M2P =
Multiponto-Ponto.
»» P = Prioritário, G = Garantido, B = Melhor esforço.
»» A = Assimétrico, S = Simétrico, B = Bidirecional, U = Unidirecional.

Fonte: Autor, 2017.

O serviço de OTT (Over-The-Top) é semelhante ao serviço de IPTV com o fornecimento


de streams de vídeo e áudio (música). Entretanto, a rede utilizada por este tipo de
serviço não é proprietária do provedor de serviços, ou seja, a rede de fornecimento de
conteúdo é pertencente a uma operadora.

Redes ópticas
A tecnologia em comunicações ópticas tem crescido rapidamente nos últimos anos.
Conseguiram-se avanços significativos no tipo de guias de ondas para as frequências do
infravermelho identificado como fibra óptica. Os modelos mais aperfeiçoados apresentam
baixa atenuação, baixa dispersão e pequenos efeitos não lineares. A aplicação dessas fibras
nos diversos setores da tecnologia da informação é muito difundida. Nas últimas
décadas, os sistemas ópticos têm passado por grande evolução, elevando sua capacidade
a taxas de cerca de 100 vezes por década, superando muito os sistemas eletrônicos com
circuitos integrados. Atingiram-se transmissões de dezenas de gigabits por segundo,
sendo o limite determinado pelos circuitos eletrônicos de processamento do sinal de
modulação. Com o advento da tecnologia de multiplexagem por comprimentos de
onda (WDM), ampliou-se ainda mais a largura de faixa, mesmo com as limitações dos
circuitos eletrônicos, possibilitando a transmissão de taxas de terabits por segundo em
uma única fibra.

Pequena atenuação: a fibra óptica apresenta uma perda de potência por quilômetro,
muito menor do que os sistemas que utilizam cabos coaxiais, guias de ondas ou

94
REDES DE TELECOMUNICAÇÕES │ UNIDADE III

transmissão pelo espaço livre. Um cabo coaxial operando em 5GHz pode apresentar
perda superior a 100dB/km, enquanto as modernas fibras ópticas podem apresentar
atenuações na ordem de 0,2 dB/km, operando no comprimento de onda de 1,55
micrometros. Nos sistemas radioelétricos operando na faixa de micro-ondas , com
antenas parabólicas de alto ganho, a perda por quilômetro é menor do que nos sistemas
a cabos coaxiais ou a guias de onda, mas ainda assim, muito maiores do que nos
sistemas de fibras ópticas. Isto significa que será necessário uma quantidade menor de
repetidores para a cobertura total do enlace. Além disto, podemos aumentar ainda mais
o enlace óptico com a utilização de amplificadores ópticos, se for necessário.

Maior capacidade de transmissão: na transmissão por fibras ópticas as portadoras


possuem frequência na faixa de luz, valores na casa de centenas de terahertz. Este fato
permite que se preveja a possibilidade de elevadíssimas velocidades de transmissão, a
uma taxa de dezenas ou até centenas de gigabits/segundo por portadora. Esta propriedade
implica em um brutal aumento na quantidade de canais de voz sendo transmitidos
simultaneamente. A principal limitação no número de canais fica por conta da interface
eletrônica, necessária para imprimir a modulação e a retirada da informação no ponto
de chegada do sinal. A capacidade pode ser aumentada ainda mais utilizando-se a
técnica de multiplexagem em comprimento de onda, na qual vários comprimentos de
onda são transmitidos pela mesma fibra óptica, cada um transportando diversos canais
de voz como modulação. Neste caso, já existem sistemas comerciais em operação, com
taxas de alguns terabits/segundo.

Grande redução nas dimensões e no peso dos cabos: o diâmetro externo da


fibra óptica é muito menor do que o dos cabos coaxiais convencionais das faixas de
micro-ondas, tipicamente, uma fibra óptica possui um diâmetro próprio de 0,125 mm.
Com o acréscimo de camadas de proteção, geralmente acrilato, o diâmetro final costuma
ser de 0,25 mm, mas pode alcançar entre 0,5mm e 1 mm, dependendo da técnica de
fabricação e do tipo de fibra óptica. Resulta, pois, em um peso muito reduzido, maior
flexibilidade mecânica, menor espaço para instalação, menor custo de transporte e
armazenagem etc.

Condutividade elétrica nula: a fibra óptica é constituída de vidro altamente


transparente, com elevadíssima resistência elétrica. Portanto, não necessita ser alterada
nem protegida contra descargas elétricas. Além do aspecto da segurança no manuseio
durante a instalação, na manutenção e na operação, a fibra é capaz de suportar
elevadíssimas diferenças de potencial sem riscos para o sistema, para o operador ou
para o usuário.

Imunidade às interferências eletromagnéticas: sendo um meio altamente


isolante, não é possível a indução de correntes na fibra óptica por quaisquer sinais
95
UNIDADE III │ REDES DE TELECOMUNICAÇÕES

que estiverem próximos. Por conseguinte, a transmissão é completamente imune às


interferências eletromagnéticas externas. Isto permite sua instalação em ambientes
altamente ruidosos do ponto de vista eletromagnético, sem que este fato cause
qualquer deterioração na qualidade de sua transmissão. Esta propriedade permitiu o
desenvolvimento de cabos especiais de fibras ópticas que acompanham paralelamente
as linhas de transmissão de energia elétrica de alta tensão.

Elevada qualidade de transmissão: como resultado imediato da imunidade às


interferências eletromagnéticas, os sistemas a fibra óptica garantem uma qualidade de
transmissão várias ordens de grandeza melhores do que os enlaces de micro-ondas ou
com cabos coaxiais e guias de ondas. O padrão básico em um sistema de comunicações
digitais empregando fibras ópticas estabelece uma taxa de erro de bit de 10-9, que
corresponde a no máximo 1 bit errado para cada 1.000.000.000 de bits transmitidos,
sendo o valor 10-11, ou mesmo melhor um objetivo normalmente alcançado. Trata-se
de uma qualidade significativamente superior à dos sistemas convencionais, em que os
valores típicos situam-se entre 10-5 e 10-7 .

Sigilo na transmissão: da mesma forma que o sinal óptico guiado não sofre
interferências externas, não poderá também perturbar um sinal próximo, a não ser
que haja um contato físico ou que a fibra tenha sofrido algum tipo de deformação.
Em condições normais de propagação, a luz não é irradiada pela fibra óptica, não
podendo ser captada por um equipamento externo. Uma das principais consequências
desta vantagem é a garantia de um sigilo quase absoluto para a informação transmitida.
O sistema fica particularmente interessante para comunicações militares, transmissão
de dados entre bancos e quaisquer outras aplicações onde o sigilo seja de importância
fundamental para a eficiência da comunicação.

Facilidade de obtenção da matéria prima: a fibra óptica é construída a partir


da sílica (SiO2), um dos materiais mais abundantes da Terra. Utiliza-se normalmente o
quartzo cristalino, do qual existem gigantescas reservas, sendo que o Brasil possui uma
das mais importantes jazidas do planeta. Tem-se, por conseguinte, uma garantia contra
eventuais escassez de matéria-prima, o que poderia elevar o custo final do sistema.

Grande produto largura de faixa x extensão do enlace: as fibras ópticas


modernas apresentam largura de faixa muito grande e baixa atenuação. Por estas
características, os sistemas à fibra são os que apresentam o menor custo por quilômetro
por canal instalado.

Embora as características vantajosas das fibras ópticas superem em muito suas


desvantagens, alguns efeitos indesejáveis devem ser conhecidos, a fim de que se possa
orientar adequadamente a sua utilização.

96
REDES DE TELECOMUNICAÇÕES │ UNIDADE III

Custo elevado para sistemas de pequenas larguras de faixa: a redução no


custo de um sistema óptico só é sentida quando puderem ser aproveitadas sua elevada
capacidade de transmissão e pequena atenuação. Isto é, ao se empregar uma fibra de
baixa atenuação e grande largura de banda em um sistema de pequena distância e
baixa capacidade. O seu custo pode ser superior aos que empregam cabos de cobre,
por exemplo. Só se justificaria nos casos em que as outras propriedades da fibra
óptica fossem exigidas características específicas, como por exemplo imunidade às
interferências eletromagnéticas.

Dificuldades nas emendas e conectores: frequentemente, os cabos de fibras


ópticas necessitam ser emendados para a complementação de um determinado
lance. Isto exige uma tecnologia incomparavelmente mais sofisticada do que
a tradicionalmente aplicada nos cabos com condutores de cobre. Já existem
equipamentos que permitem a execução rápida da emenda da fibra. O sistema mais
comum é o que emprega a máquina de fusão por arco voltaico, capaz de executar uma
ligação entre duas pontas da fibra de forma quase perfeita. Todavia, o seu custo é
bastante elevado, dado o valor muito baixo da perda final que deve garantir a emenda.
Para a ligação dos conectores, têm-se dificuldades semelhantes. A precisão mecânica
deve ser bastante rigorosa e o componente tem de dispor de recursos que facilitem o
alinhamento correto da fibra óptica. A colocação e fixação nas extremidades exigirão
ferramentas especializadas, sem as quais corre-se o risco de se aumentar as perdas de
potências nesses pontos.

Absorção de hidrogênio: pode ocorrer difusão de moléculas de hidrogênio para o


interior da sílica, acarretando alterações em suas características de transmissão. Será
afetada principalmente a atenuação do sinal guiado. O aumento da perda é devido
principalmente a dois fatores. Em primeiro lugar, moléculas de hidrogênio que não
reagem com a sílica absorvem parte da energia da luz em movimentos de vibração
dentro do vidro. Em segundo lugar, o hidrogênio pode reagir com a sílica formando
íons hidroxilas acumulados em determinados pontos do vidro. A concentração desses
íons depende da composição da fibra, da temperatura e da pressão do gás hidrogênio.
A perda apresenta um valor máximo em um comprimento de onda de 1,4µm e este
máximo está diretamente ligado à pressão do gás. As fibras multimodos, cujo núcleo
possui um grande diâmetro em relação ao comprimento de onda da luz transmitida e é
dopado com uma taxa elevada de fósforo, são mais sensíveis a este problema. Nas fibras
monomodos, que possuem diâmetros de núcleo muito menor, em geral este efeito é
desprezível. Experiências realizadas nos laboratórios da BTRL, por um período de 25
anos, mostraram que a fibra monomodo operando em 1,3µm, com uma difusão de 1000
partes por milhão (ppm) da molécula de hidrogênio, aumentaram a perda em somente
0,05dB/km na temperatura de 25ºC.

97
UNIDADE III │ REDES DE TELECOMUNICAÇÕES

Sensibilidade à irradiação: quando bombardeada por partículas nucleares de


grande energia a fibra óptica fica mais opaca, dificultando a transmissão da luz. Ao ser
submetida a uma irradiação de alta intensidade, primeiramente a fibra óptica brilha e
logo em seguida escurece rapidamente. Cessada a irradiação, a perda na transmissão
vai se reduzindo gradativamente, mas estabiliza-se em um valor intermediário maior
do que o existente antes do evento. Ou seja, ocorre um dano permanente no guia óptico.
A rapidez com que a fibra tende a recuperar as características de transmissão depende
da temperatura, levando um tempo menor em temperaturas mais elevadas. O valor final
da atenuação depende do tipo e da quantidade de dopantes utilizados no vidro com o
qual a fibra é construída. As fibras com núcleo de sílica levemente dopada com GeO2 ou
mesmo sem dopagem são menos afetadas. A influência será maior nos comprimentos
de ondas de menores.

Impossibilidade de conduzir corrente elétrica: como a fibra óptica é constituída


de um material isolante, não permite a transmissão de energia elétrica. Em algumas
circunstâncias, isto é uma vantagem, mas em outras ocasiões pode representar um
inconveniente. Por exemplo, dificulta seu emprego quando houver necessidade de se
alimentar o equipamento eletrônico em suas extremidades. Nestes casos, o cabo de
fibras ópticas deve prever condutores separados exclusivamente para este objetivo.
A produção destes cabos é mais complexa do que os cabos convencionais, constituídos
somente com condutores de cobre.

A escolha da frequência de transmissão: a transmissão e a detecção em um


sistema a fibras ópticas devem ser feitas em certos comprimentos de onda, fixados
pelas características das fontes de luz, dos fotodetectores e pelas faixas que permitem
baixa atenuação e baixa dispersão nas fibras ópticas. Assim sendo, em sistemas de
comunicações ópticas não é possível, por enquanto, ajustar-se a frequência de operação
a qualquer valor que seja mais conveniente. Nos sistemas tradicionais esse parâmetro
é facilmente controlado variando-se alguns elementos dos circuitos que comandam um
oscilador eletrônico e no receptor.

Não permitir mobilidade: considerando que atualmente a mobilidade dos usuários


é um pré-requisito para diversas aplicações que utilizam sistemas de telecomunicações,
a aplicação de fibras ópticas se restringe a interligar os equipamentos e as estações que
fornecem estes serviços.

98
SISTEMAS DE TELEFONIA Unidade iv

Pode-se definir Comunicação como sendo o ato da transmissão de informações de um


ponto a outro. As telecomunicações se iniciaram verdadeiramente em 1844, quando
Samuel Morse transmitiu a primeira mensagem em uma linha entre Washington e
Baltimore nos Estados Unidos. Estava inventado o Telégrafo! Neste processo cada letra
foi codificada por uma combinação de sinais longos e breves conhecido por Código
Morse, onde se prevaleceu por mais de 30 anos como único meio de telecomunicação.
Em 1876, Grahan Bell, utilizando uma técnica de conversão de sinais acústicos em
elétricos, desenvolveu um aparelho capaz de concretizar os princípios operacionais da
transmissão telefônica, chamado de telefone. Este invento primeiramente permitia que
apenas que duas pessoas se comunicassem a distância. Para exemplificação do primeiro
sistema telefônico em que seis pessoas em uma determinada localidade quisessem
se interligar, como apresentado na figura a seguir. Percebe-se que os usuários sendo
ligados uns aos outros, vão precisar de 15 pares de fios e 05 telefones cada um, no total
de 30 telefones.

Figura 54.

Fonte: Autor, 2017.

99
Capítulo 1
Comunicações de telefonia fixa e móvel

Modernização e proliferação das mesas telefônicas. Era necessário automatizar o


serviço telefônico. A evolução começou por automatizar as funções da telefonista.
Em 1891 foi desenvolvida a primeira chave seletora automática. Era a primeira chave
central telefônica automática, denominada central passo a passo. Na década de 1920 até
1950 foram desenvolvidos os sistemas rotativos, que foram substituídos pelos sistemas
Crossbar.

Os sistemas Crossbar permaneceram até a década de 1970 quando surgiram as primeiras


centrais telefônicas processadas, ou seja, com controle automáticos das conexões
entre os usuários. As primeiras centrais CPA eram chamadas analógicas, uma vez
que toda informação de voz que trafegava pela central era analógica. Depois surgiram
as centrais CPA digitais, nas quais as informações de áudio que trafegam na central
são digitais. Atualmente, várias tecnologias são utilizadas com o objetivo de atender
às demandas de comunicação existentes. Entre estas tecnologias, podemos citar
os comutadores de pacotes redes ATM. As centrais automáticas substituem com
vantagens as manuais no que diz respeito a sigilo, velocidade em estabelecer ligações,
menor despesa de operação etc.

Gerações de comunicações móveis


Inicialmente, os sistemas móveis tinham como objetivo alcançar uma grande área de
cobertura através de um único transmissor de alta potência, e utilizavam a técnica de
acesso conhecida como Frequency Division Multiple Access (FDMA), na qual cada
usuário era alocado em uma frequência diferente. Embora essa técnica possuísse uma
cobertura de área muito boa, o número de usuários eram limitados à quantidade de
frequências disponíveis. Esses sistemas celulares analógicos considerados de 1a geração
(1G) não tinham capacidade de resposta para a procura do usuário existente. Pelo
contrário os sistemas digitais permitem uma melhor gestão e partilha dos recursos o
que leva a uma maior capacidade, além de oferecerem uma qualidade mais elevada na
qual se permitindo ainda oferecer serviços mais avançados.

Assim foram desenvolvidos os sistemas de 2a geração (2G) que fornecem serviços


avançados de voz e dados compatíveis, assim como no caso europeu o sistema adoptado
é o GSM (Global System for Mobile Communications). Os sistemas de 3a geração
oferecem maior capacidade de canais com maior largura de banda e ainda permitem as

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SISTEMAS DE TELEFONIA │ UNIDADE IV

utilizações com todos os serviços integrados de voz, dados, imagens e vídeo. O sistema
proposto pela Europa é o UMTS (Universal Mobile Telecommunications System), mas,
como se sabe, a entrada deste sistema no mercado tem deparado com dificuldades.
Neste período de transição para o UMTS têm surgido novos serviços suportados no
GSM, por exemplo, o MMS (Multimedia Messaging Service), que podem ser vistos
como uma forma de motivar o mercado para a 3G. A 4a geração continuou provendo
maiores taxas de dados aos usuários, e com destaque de integrar sistemas de rádio e
televisão. A 5a geração de comunicações móveis, prevista para o ano 2022, tem como
objetivo atender a crescente demanda de usuários por altas velocidades nas conexões
de dados. A Figura 55 apresenta a evolução das comunicações móveis.

Figura 55.

1980 1990 2000 2010 2022

1G - AMPS
2G – GSM / GPRS / EDGE

3G – WCDMA / HSPA / HSPA+

4G – LTE / LTE advanced

5G
Fonte: Autor, 2017.

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Referências

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