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Patologias nos Métodos de Imagem

Brasília-DF.
Elaboração

Igor Duarte de Almeida

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

Apresentação................................................................................................................................... 4

Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa...................................................................... 5

Introdução...................................................................................................................................... 7
Unidade i
INTRODUÇÃO....................................................................................................................................... 9

CAPÍTULO 1
Patologia Geral................................................................................................................... 9

capítulo 2
Abreviações........................................................................................................................ 12

capítulo 3
Patologia e raio-X............................................................................................................. 13

Unidade iI
CORTES.............................................................................................................................................. 21

Capítulo 1
Planos de Secção............................................................................................................. 21

Capítulo 2
Membro Superior............................................................................................................... 25

Capítulo 3
Membro Inferior................................................................................................................ 30

Unidade iII
Cabeça e coluna............................................................................................................................ 36

Capítulo 1
Neurológicas.................................................................................................................... 36

Capítulo 2
Coluna vertebral............................................................................................................... 43

Unidade iV
Tronco............................................................................................................................................ 48

Capítulo 1
Tórax................................................................................................................................... 48

Capítulo 2
Abdome............................................................................................................................... 51

Referências..................................................................................................................................... 58
Apresentação
Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a
como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

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Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e
pesquisas complementares.

A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos
e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Praticando

Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer


o processo de aprendizagem do aluno.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

5
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Exercício de fixação

Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).

Avaliação Final

Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso,


que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber
se pode ou não receber a certificação.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução
Desde a descoberta dos Raios-X por Wilhelm Conrad Röntgen (1845-1923) a história do diagnóstico
médico deu um grande salto e revolucionou a maneira de lidar com doenças que antes só poderiam
ser visualizadas no procedimento cirúrgico ou após a necropsia.

Com o passar do tempo novas descobertas acrescentaram potencialidades à forma de observar a


anatomia interna sem a necessidade de invasão e com isso, diminui-se os riscos próprios das cirurgias
assim como infecções, além de não agredir o paciente que ora já esteja debilitado pela doença.

Nikolai Pirogov (1810-1881) também tem sua importância na história do diagnóstico médico. Foi ele
quem publicou um atlas de anatomia seccional denominado “Topographical Anatomy”, em 1852.
Sem saber que a ciência seria capaz de criar máquinas para observar o corpo humano sem tocá-lo
e tampouco por cortes, criou o livro com o corpo humano em fatias tomográficas. Estudo esse que
continua evidente até hoje.

Com o advento da radiologia digital, permitiu-se a manipulação das imagens pelo computador e
dessa forma tornou-se possível melhorar a qualidade do material por manipulação digital evitando
a repetição dos exames, além de acrescentar dados ao computador para ele replicar os órgãos
humanos em cortes só possíveis em estudos de necropsia. Esse fantástico fenômeno só foi possível
graças à descoberta de Godfrey Newbol Housfield (1919-2004). Housfield foi o inventor do exame
denominado tomografia computadorizada (DOMENICIS, 2008).

O método de diagnóstico por imagem obteve grande repercussão, particularmente pelas suas
propriedades de avaliação de tecidos moles como os músculos, vísceras e o parênquima cerebral,
até então difíceis de serem demonstrados. Em 1974, a técnica tomográfica foi ampliada e passou
também a ser utilizada nos demais sistemas e órgãos do corpo humano (NOBREGA, 2005).

A modalidade de Tomografia Computadorizada (TC) é uma ferramenta bastante útil na atualidade,


mesmo com exames mais avançados em que podemos diferenciar tecidos moles com maior precisão
como a ressonância magnética. Esse método permite a criação de cortes nos 3 planos ortogonais,
além de não emitir radiação, diminuindo o risco de lesões no paciente. A ressonância magnética RM
teve seu início por volta de 1937, quando o físico russo Isidor Rabi, trabalhando nos EUA, descobriu
um fenômeno importante ao qual ele denominou de ressonância magnética nuclear. Esse método
consiste em aplicar um campo magnético forte e capturar a radiação liberada pelas células do corpo
humano. Esse método é muito sensível aos tecidos como o parênquima cerebral e por isso é um dos
melhores métodos de imagem da atualidade.

Com muitos recursos não invasivos para o estudo de anatomia, tornou-se fundamental o estudo
dessa área para a investigação de doenças que agridam a formação do corpo humano. Nesse módulo
traremos informações relevantes sobre a formação normal do corpo humano e informações sobre
doenças que alteram a formação básica de diversos órgãos e sistemas do corpo humano. Analisaremos
vários sistemas do corpo humano com ênfase no sistema nervoso e sistema esquelético devido à sua
maior incidência nos consultórios e centros de diagnóstico, além de grande complexidade morfológica.

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Veremos alguns exames que jugarmos relevantes para o especializando, como os métodos de
ecografia e PET, porém se dará maior ênfase aos exames de RX, TC e RM.

Essa etapa contará com imagens de diversos órgãos e sistemas, evidenciando possíveis alterações
na forma, sugerindo à presença de doenças ou alterações dos segmentos anatômicos. A partir desse
estudo o aluno estará apto a interpretar as diversas doenças nos mais variados cortes e modalidades
de exames, permitindo o mesmo diagnosticar ou auxiliar no diagnóstico como determina o conselho
de sua profissão ou apenas obter informações úteis para ampliação do conhecimento de doenças e
anatomia por imagens.

Desejamos a todos um excelente e agradável estudo e muito sucesso no âmbito profissional.

Igor Duarte de Almeida.

Objetivos
»» Promover a capacitação dos alunos a identificar doenças do corpo humano através
de exames de imagem.

»» Analisar os diversos exames de imagem e interpretá-los de acordo com as patologias


sugeridas.

»» Compreender as diversas variações anatômicas impostas por doenças por meio de


exames de imagem.

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INTRODUÇÃO Unidade i

CAPÍTULO 1
Patologia Geral

Etimologia da Patologia
O termo Patologia deriva das palavras gregas Pathos = doença, sofrimento e Logia ou Logos =
estudo, doutrina. Significa o estudo das doenças e pode ser conceituada como a ciência que estuda
as causas das doenças e os mecanismos que as produzem, as sedes e as alterações morfológicas e
funcionais que apresentam. (BOGLIOLO, 2006) No dicionário temos o seguinte significado: É o
estudo das enfermidades em seus mais amplos e variados sentidos, como estado anormal de causa
conhecida ou desconhecida.

No passado, as doenças eram caracterizadas como um castigo de Deus ou a presença do demônio


na vida do indivíduo. Para se ter ideia, os Maias, com registros de 1500 a.C., realizavam cirurgias
neurológicas com a finalidade de liberar os demônios que residiam a cabeça das pessoas.

A igreja teria impedido muitos portadores de doenças de conviver em sociedade por afirmar que
tal era possuído por demônios. Quem quer estar próximo do demônio? Ninguém. Por isso muitas
pessoas eram simplesmente abandonadas.

Com o avanço da tecnologia, a informação chega com velocidade e muitos desses mitos foram
eliminados e os distúrbios são vistos como a manifestação de uma doença por aquisição ou má
formação de células, tecidos, órgãos ou sistemas. No decorrer da evolução, muitos se esforçaram
em descrever os achados patológicos de alterações de comportamento ou variação da anatomia por
acreditarem em algum elemento que estaria alterando a característica do órgão.

Dentre muitos nomes da história da Patologia destacamos Giovanni Battista Morgagni (1682-
1771). Morgagni foi o fundador da Anatomia Patológica. Professor e anatomista na Universidade
de Pádua durante 56 anos, publicou sua monumental obra em cinco volumes “De sedibus et causis
morborum” (Da sede e causas das doenças) fruto de seus estudos e observações em necropsias
por ele realizadas ou orientadas. Procurou correlacionar os sintomas apresentados em vida pelos
enfermos com as lesões anatômicas encontradas nos diferentes órgãos. Dentre os seus relatos
mais importantes cumpre destacar os de aneurisma da aorta, câncer do estômago, úlcera gástrica,

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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO

endocardite, estenose mitral, insuficiência aórtica, estenose pulmonar, esclerose das coronárias
entre outras (TUBBS et al. 2012).

Métodos de estudo de Patologia

Microscópio
Desde a criação do microscópio ao final do século XVI por Johannes e Zacharias Jansen e melhorado
pelo físico inglês Robert Hooke e por Anton Leeuwenhouek, o estudo da Anatomia Microscópica
associada à coloração tornou-se indispensável para o estudo das doenças a nível celular. Observe a
importância dessa ferramenta nos estudos de Leeuwenhouek e Hooke. Foram eles quem descobriram
os espermatozoides e as células redondas do sangue, os glóbulos do sangue (PRATES 2010).

A partir dessa ferramenta, foi possível a compreensão de doenças que alteram a formação da
célula e trazem problemas ao funcionamento do sistema. A doença entitulada anemia falciformefoi
descrita por James Herrick, médico de Chicago a quem também é creditada a descrição das células
em foice no sangue de um estudante de medicina de raça negra com anemia severa. Veja que a
forma da célula passou de discoide para semidiscoide que é a forma de foice. Esse estudo foi
possível graças ao conhecimento adquirido dos experimentos de Herrick associados ao avanço
das ferramentas de aumento.

Raio-X
Assim como o microscópio, o raio-X permitiu o estudo anatomopatológico de partes duras do
corpo humano impossíveis antes desta descoberta. Os médicos reconheceram imediatamente a
importância da descoberta dos raios-X e sua a prática foi implementada rapidamente. A primeira
radiografia diagnóstica, com uma fratura de Colles, foi realizada nos Estados Unidos em 3 de
fevereiro de 1896, sendo creditada à Edwin Geada (1866-1935). A chegada da nova tecnologia foi
rapidamente acoplada às especialidades médicas, principalmente, Ortopedia pela sua importância
no estudo de tecidos duros, ossos e articulações. (FRANCISCO, 2005).

A partir daqui, o diagnóstico deu um salto em avanço e isso foi fundamental para descoberta e
tratamento de outras doenças em tecidos duros. Os raios-X contribuíram para o aparecimento de
métodos de exames sensíveis à tecidos moles como músculos e encéfalo.

Tomografia computadorizada
Godfrey Newbold Housfield (1919-2004) iniciou suas investigações sobre o reconhecimento
de imagens e técnicas de armazenamento de dados em um computador em 1967, tendo como
objetivo avaliar as medidas de transmissão de raios-X através de um corpo. Ainda em 1967, na
Inglaterra, realizou o estudo de um cérebro humano, conseguindo visualizar um tumor cerebral.
O sistema empregado para a obtenção das imagens foi por eles denominado como Tomografia
Computadorizada. Em setembro de 1971, em Londres, foi realizado o primeiro exame de crânio.

10
INTRODUÇÃO │ UNIDADE I

O método consiste na emissão de raios-X por uma ampola giratória e sensores ccd posicionados
na outra extremidade do arco giratório. Desse modo todo raio-X liberado é captado pelos sensores
e enviados ao computador. O tubo de raio-X gira 360° emitindo os raios e ao final de cada volta o
computador tem os dados para criar a imagem em um determinado plano de secção. Para cada corte
é necessário 360° de rotação (SOARES; LOPES, 2000).

Ressonância Magnética
Durante as décadas de 1950 e 1960, a RM foi utilizada simplesmente como ferramenta analítica
para os químicos e os físicos no estudo da estrutura, configuração e processos de reação química.
Em 1970, o médico americano Raymond Vahan Damadian descobriu que a ressonância magnética
poderia ser usada como ferramenta diagnóstica para estudos com tecidos cancerosos, os quais
exibem sinais mais longos do que os de tecidos sadios. Damadian concluiu que diferentes
enfermidades afetam a duração dos sinais de maneiras diversas. O método por ressonância
magnética consiste na aplicação de campo magnético muito forte o que fará com que as células
adotem uma posição uniforme. Após retirar o campo magnético, as células tendem a retornar à sua
posição original e isso gera uma radiação que é captada pelos sensores dispostos no equipamento
de RM. Os sinais são enviados ao computador que consegue criar as imagens em cortes nos planos
axial, coronal e sagital (TUOTO, 2006).

PET CT
A SPECT/CT (Single photon emission computed tomography) e a PET (Positron Emission
Tomography) começam a fazer parte da rotina de exames de Medicina Nuclear nos principais
centros médicos do Brasil e se difundem depois de 2009. A SPECT/CT é um equipamento de última
geração que permite realizar os exames tradicionais de Medicina Nuclear com o acréscimo da
localização precisa do foco de interesse com um alto nível de resolução.

Como seu nome sugere, ela é uma combinação entre a tecnologia de Medicina Nuclear
(proporcionada pela câmara de cintilação tomográfica) e da tomografia computadorizada multislice,
que produz imagens anatômicas (LOPES, 2011). A SPECT é utilizada quando se necessitam imagens
tomográficas de partes do corpo estudadas com radiofármacos emissores de raios-gama, podendo
ser realizada em quase todas as cintilografias de rotina. A SPECT/ CT é uma técnica similar à PET,
mas as substâncias radioativas usadas na SPECT (xenônio-133, tecnécio-99, iodo-123) possuem
tempos de decaimento mais longos, e emitem raios-gama simples ao invés de duplos. A SPECT pode
fornecer informações acerca da circulação sanguínea e da distribuição de substâncias radioativas no
organismo. Suas imagens são menos sensíveis e detalhadas, mas a técnica de SPECT é menos cara
que a PET. Além disso, os centros com SPECT são mais acessíveis, porque não necessitam estar
próximos a um acelerador de partículas (LOPES, 2011).

11
capítulo 2
Abreviações

Dentro da tomografia a HD (hipótese diagnóstica), indicada pelo médico solicitante é o que


determinará o protocolo a ser empregado, pois esta hipótese indica a suspeita de uma determinada
patologia, o técnico/ tecnólogo é o responsável pelo protocolo a ser empregado, sendo assim, deve
ter o conhecimento das patologias a serem estudadas e suas abreviações.

AA – Abdome Agudo

AAA – Aneurisma de Aorta Abdominal

AIT – Acidente Isquêmico Transitório

AVC/AVE – Acidente Vascular Cerebral/Encefálico

AVCI/AVEI – Acidente Vascular Cerebral Isquêmico/Encefálico Isquêmico

AVCH/AVEH – Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico/Encefálico Hemorrágico

BCP - Broncopneumonia

CA – Câncer

CCA – Colecestite Aguda

DPOC – Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica

FAB – Ferimento por Arma Branca

FAF – Ferimento por Arma de Fogo

FCC – Ferimento Corto-contuso

HAS – Hipertensão Arterial Sistêmica

HDA – Hemorragia Digestiva Alta

HSA – Hemorragia Subaracnoidea

HSD – Hematoma Subdural

IAM – Infarto Agudo do Miocárdio

ITU – Infecção do Trato Urinário

NEO – Novo(a) ex: Neoplasia = nova formação

TB – Tuberculose

TCE – Traumatismo Crânio Encefálico

TEP – Tromboembolismo Pulmonar

TU – Tumor

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capítulo 3
Patologia e raio-X

Luxação
Os raios-X permitem a visualização do seguimento ósseo para análise de fraturas e doenças
articulares como artrose. É muito importante saber posicionar a radiografia para não errar na hora
do diagnóstico. É sabido que ao posicionar o paciente para radiografá-lo, a etiqueta de identificação,
deve estar do seu lado direito.

Aí vem a dúvida porque a etiqueta de identificação deve estar do lado esquerdo do examinador
para que o exame se apresente em posição anatômica. Assim, não importa se o raio incidir AP ou
PA, se o examinador posicionar o exame com a etiqueta do seu lado esquerdo o paciente estará
em posição anatômica.

Figura 1. Raio-X ombro esquerdo. Imagem mostra uma luxação da articulação glenoumeral.

Observe que a imagem acima é fácil de ser identificada pela posição do identificador. Esse ombro
não apresenta disco epifisário o que sugere ser um adulto.

A imagem acima ilustra uma doença articular bastante conhecida pelo deslocamento de um osso
sobre o outro. A luxação pode trazer a ruptura da cápsula articular e ligamentos articulares. Nesse
caso há a necessidade de cirurgia para reconstrução de tais.

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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO

Artrose
É o termo designado para referir às doenças articulares onde há o desgaste da cartilagem que
reveste a superfície articular dos ossos. Como a cartilagem não aparece no raio-X por ser tecido
mole, seu espaço deve ser preservado no exame como um vazio entre os ossos. Se esse espaço estiver
diminuído, temos um caso de artrose.

Figura 2. Imagem à esquerda evidenciando a diminuição do espaço articular e joelho normal.

Fonte: orthopaedic-surgery.info

Talassemia
Doença óssea de ordem metabólica caracterizada pela baixa concentração de células vermelhas no
sangue, o que leva ao depósito de ferro nos ossos. A talassemia é um tipo de anemia provocada pela
baixa concentração de glóbulos vermelhos. Nesse caso tem-se excesso de ferro no sangue e como é
hiperdenso provoca um fenômeno semelhante a pelinhos na superfície óssea.

Figura 3. Talassemia. Acúmulo de ferro nos ossos por deficiência de glóbulos vermelhos

Fonte: Nevimed8.com

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INTRODUÇÃO │ UNIDADE I

Craniocinostose
É a fusão precoce das suturas do crânio. Tal fusão pode ocorrer em sutura sagital, sutura coronal
ou sutura lambdoide. Com o fechamento precoce dessa sutura e o cérebro em desenvolvimento
migra para a região flexível da cabeça. No caso de fusão da sutura sagital a cabeça crescerá no
sentido anteroposterior. A imagem a seguir mostra o fechamento precoce de um lado da sutura
coronal. Nesse caso, a sutura coronal lado direito fechou e obrigou o crescimento assimétrico do
osso frontal direito.

Figura 4. Plagiocefalia: órbita direita tracionada devido ao fechamento da sutura coronal.

Fonte: Rad.usuhs.edu

Aneurisma
Os aneurismas são comumente associados ao encéfalo devido à sua complexidade de tratamento e
ao índice de mortalidade da doença. Trata-se de uma fragilidade da fibra muscular lisa que compõem
a artéria.

Figura 5. Imagem mostra um aneurisma em artéria carótida próximo à artéria cerebral média.

Fonte: radiologyinfo.org

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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO

Como a pressão sanguínea é constante, temos um aumento nessa parte da artéria. Num termo
popular, o aneurisma é uma bolha na artéria. Para diagnosticá-lo com raio-X deve-se utilizar de
material (contraste) com alto peso molecular a base de iodo o que dificulta a passagem do raio-X.
Desse modo é possível fazer uma angiografia por raio-X.

Osteomielite
É uma infecção no tecido ósseo causada por bactérias. Acomete ossos longos como o fêmur, a tíbia,
a fíbula e o úmero. Produz gazes que são visualizados no exame de raio-X.

Figura 6. Imagem mostra a presença de gás no interior da tíbia, comum na osteomielite.

Fonte: paulomargotto.com.br

Escoliose
A coluna vertebral apresenta uma série de curvaturas fisiológicas numa visão perfil que são
as lordoses e as cifoses. Numa visão anterior temos de ver uma coluna reta que vai se afinando
no sentido caudocranial. Nessa visão anterior é possível visualizar os desvios laterais da coluna.
Esses desvios são, geralmente, seguidos por rotação (gibosidade) em casos extremos, a gibosidade
apresenta-se saliente na região dorsal superior e tem um nome popular de corcunda.

Para mensurar a inclinação de uma escoliose deve-se proceder assim:

Para mensurar o ângulo de Cobb devemos definir a convexidade da escoliose e as vértebras que
definem o limite superior e o limite inferior da convexidade, sendo estas vértebras as que mais estão
inclinadas em relação ao plano horizontal. Em seguida, traçamos uma linha tangente na superfície
superior do corpo da vértebra inferior e outra linha tangente na superfície inferior da vértebra
superior. O ângulo formado pela intersecção das linhas A e B é o ângulo de Cobb.

16
INTRODUÇÃO │ UNIDADE I

Figura 7. Escoliose.

Figura 8. Imagem ilustra a maneira de mensurar o grau de inclinação da escoliose.

Fonte: mskribeirao.com

Osteoporose
Doença caracterizada pela diminuição do índice de cálcio na parede dos ossos. É causada por fatores
como desnutrição, sedentarismo e fatores hormonais. Acomete idosos e principalmente mulheres
pós-menopausa. A doença deixa os ossos frágeis e susceptíveis à lesões.

17
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO

Figura 9. Imagem compara uma coluna com diminuição de massa óssea e uma coluna normal.

Adaptado de: olhartop.com

DPOC
A imagem a seguir mostra os ossos do ombro, costelas, coração e pulmões. Em um exame de tórax
é possível visualizar a ausência de ar nos pulmões, cardiomegalia e até calcificação de aorta. Das
doenças pulmonares o raio-X é importante nas pneumonias, tuberculose e DPOC. Na DPOC o ar
fica retido no tórax e as silhuetas dos pulmões apresentam-se com cor escura devido à presença de
ar em seu interior.

Figura 10. Imagem mostra a retenção de ar no interior dos pulmões provocada pelo tabagismo.

Fonte: pulmaosarss.wordpress.com

Mostramos um esboço da competência do exame de raio-X nos diversos sistemas do corpo humano,
porém destacamos que sua utilização na área de neurologia não é muito utilizada.

18
INTRODUÇÃO │ UNIDADE I

Tuberculose
A tuberculose é a doença infectocontagiosa provocada por bactéria, onde acomete principalmente
os pulmões. Apresenta-se com tosse seca contínua no início e depois com presença de secreção por
mais de quatro semanas, transformando-se em uma tosse com pus ou sangue. No raio-X manifesta-
se com opacidade pela presença de calcificação dos lobos pulmonares.

Figura 11. Imagem mostra calcificação em ápice e parte do 1/3 médio do pulmão direito.

Fonte: revista.hupe.uerj.br

Raio-X e Neurologia
Não é um exame muito difundido em Neurologia, pois não permite a visualização de órgãos
encefálicos. Nesse caso apresenta-se apenas como auxiliar no estudo da calcificação de glândula
pineal, traumatismo cranioencefálico ou calcificação dos giros cerebrais.

A deteriorização de dorso da sela turca pode indicar a presença de hipertensão intracraniana e é um


sinal que apresenta-se no raio-X.

Diminuição do seio sagital seguido por epilepsia e possíveis manchas no rosto é própria da síndrome
de Sturge Weber. Como mostra a imagem a seguir.

Figura 12. Imagem mostra pontos de calcificação nos giros cerebrais.

Fonte: Eulalia Baselga, 2004.

19
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO

Traumatismo cranioencefálico
Qualquer agressão que acarrete lesão anatômica ou comprometimento funcional do crânio meninges
e encéfalo.

Figura 13. Imagem evidencia múltiplas fraturas nos ossos do crânio.

Fonte: Claudio Viegas, 2010

20
CORTES Unidade iI

Capítulo 1
Planos de Secção

Plano Mediano ou PMS


O plano mediano é o corte que divide o corpo exatamente em 2 partes, direita e esquerda. Alguns
autores se referem a esse corte como Plano Médio Sagital (PMS). Como afirmar com precisão a
localização exata do plano mediano, esse termo não é utilizado comumente no setor de imagem.

Figura 14. Imagem evidencia o plano mediano ou PMS que divide o corpo exatamente ao meio.

O termo sagital é mais difundido entre os profissionais de imagem pois refere-se aos cortes paralelos
ao plano mediano ou PMS.

Plano Sagital
Qualquer corte paralelo ao plano mediano. Não importa se é muito próximo ou afastado do plano
mediano, todos são planos sagitais. O nome sagital refere-se à fontanela mediana dos bebês que se

21
UNIDADE II │ CORTES

chama sagita (significa seta). Esse termo é muito utilizado nos exames onde o computador reproduz
a imagem de qualquer parte do corpo humano na visão lateral. Alguns autores tratam o plano sagital
por plano parassagital.

Figura 15. Imagem evidencia o plano sagital.

Na imagem a seguir temos a recontrução do pescoço em um exame de TC, com janela de partes
moles, considerando o plano sagital.

Figura 16. Reconstrução no plano sagital (parassagital) do pescoço.

Fonte: Durá (2008)

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CORTES │ UNIDADE II

Plano Frontal/Coronal
O plano frontal, muito conhecido por coronal, é paralelo aos planos de delimitação ventral e dorsal.
Divide o corpo em 2 partes e o resultado são uma parte anterior e uma parte posterior.

Figura 17. Imagem evidencia o plano frontal/coronal.

Na imagem a seguir temos a recontrução do pescoço em um exame de TC, com janela de partes
moles, considerando o plano coronal.

Figura 18. Reconstrução no plano coronal do pescoço.

Fonte: Durá (2008)

23
UNIDADE II │ CORTES

Plano Transversal/Axial
O plano transversal, muito conhecido por axial, é paralelo aos planos de delimitação cranial e caudal.
Divide o corpo em 2 partes e o resultado são uma parte superior e uma parte inferior.

Figura 19. Imagem evidencia o plano transversal/axial.

Na imagem a seguir temos a recontrução do pescoço em um exame de TC, com janela de partes
moles, considerando o plano axial.

Figura 20. Reconstrução no plano axial do pescoço.

Fonte: Durá (2008)

24
Capítulo 2
Membro Superior

Síndrome do túnel do carpo


A síndrome do túnel do carpo é uma neuropatia causada pela compressão do nervo mediano da
palma da mão. É uma doença bastante frequente e acomete cerca de 1% da população principalmente
mulheres. O nervo mediano juntamente com os 9 tendões flexores, passam pelo estreito canal ósseo
localizado na superfície palmar do punho entre as eminências tenar e hipotênar. O aumento das
estruturas adjacentes podem levar à compressão do nervo mediano e causar parestesia, diminuição
de força e dor na região.

Esforço repetitivo

Figura 21. RM túnel do carpo.

Fonte: Durá (2008)

Figura 22. TC axial túnel do carpo.

Fonte: Durá (2008)

25
UNIDADE II │ CORTES

A imagem de ressonância magnética evidencia as estruturas que passam pelo espaço chamado de
túnel do carpo. A imagem apresenta os 4 quatro ossos do carpo iniciado pelo trapézio e no lado
direito é possível visualizar o hâmulo do hamato e o músculo abdutor do dedo mínimo. Com um
sinal temos o nervo mediano com seu tamanho normal envolto pelos tendões flexores. A ecografia
também é utilizada como método de imagem auxiliar no diagnóstico.

Epicondilites
É a inflamação na origem dos músculos flexores e extensores da mão devido ao excesso de
movimentos ou carga em demasia no movimento de flexão e extensão da mão e dedos. Ocorre a
ruptura das fibras de colágeno dos tendões e posterior inflamação seguida de dor.

Figura 23. TC coronal cotovelo.

Fonte: Durá (2008)

Figura 24. RM T2 coronal cotovelo com edema no tendão do músculo extensor comum.

A imagem 24 mostra claramente a presença de líquido na origem dos músculos extensores típico
de tendinite. O exame acima refere-se à epicondilite lateral comum nos jogadores de tênis devido à
repetição de movimentos.

26
CORTES │ UNIDADE II

Tendão do bíceps braquial


Vários são os motivos que levam à inflamação do tendão. A imagem a seguir evidencia a lesão do
tendão do músculo bíceps braquial com aumento do volume e presença de líquidos na região afetada.

Figura 25. RM sagital do cotovelo com lesão do bíceps braquial.

Fonte: http://www.milton.com.br

Figura 26. RM axial do cotovelo com lesão do bíceps braquial.

Fonte: http://www.milton.com.br

Síndrome do impacto
Ocorre pelo estreitamento do túnel do músculo supraespinhal e compressão de seu tendão e bursa
com a superfície inferior do acrômio. É a segunda maior reclamação nos consultórios de ortopedia,
ficando atrás somente das dores lombares.

27
UNIDADE II │ CORTES

Figura 25. RM coronal de ombro evidenciando lesão no tendão do músculo supraespinhal.

Fonte: www.lesaoesportiva.com.br

Figura 26. TC coronal de ombro.

Fonte: Durá (2008).

A imagem superior mostra a presença de inflamação no tendão do supraespinhal típico de tendinite


da síndrome do impacto. A figura 26 trata-se de uma TC com janela para partes moles onde permite
visualizar o espaço íntegro do túnel do supraespinhal. Abaixo da estremidade acromial da clavícula
e acrômio é possível visualizar o músculo supraespinhal e seu tendão de inserção íntegro.

28
CORTES │ UNIDADE II

Lesão de Bankart
É a lesão do lábio glenoidal. Esse órgão, aumenta a cavidade articular da glenoide, dando maior
estabilidade à instável articulação glenoumeral. Essa instabilidade fisiológica permite a essa
articulação movimentos com até 180° de amplitude de movimento. Porém, a lesão do lábio glenoidal,
propicia luxações reincidivas por motivos simples.

Figura 27. RM sagital do ombro.

Fonte: Dr Gervásio Mikami.

Figura 28.

Fonte: gehealthcare.com

A figura 27 evidencia a lesão posterior do lábio glenoidal. A figura 28 mostra o lábio glenoidal íntegro.
Lesão de Bankart não tem cura, porém existem tratamentos alternativos como a fisioterapia. Porém
para o reparo do lábio glenoidal, somente através de procedimento cirúrgico.

29
Capítulo 3
Membro Inferior

Síndrome do túnel do tarso


A síndrome do túnel do tarso caracteriza-se por dor no tornozelo que irradia para os dedos provocando
parestesia ou ardor de intensidade variável que dificultam a marcha. Registra-se uma diminuição
da flexão dos dedos com a consequente dificuldade de separação resultante da compressão do nervo
tibial posterior. O túnel do tarso é formado pelo retináculo dos flexores, nervo tibial posterior além
de artérias, veias e tendões.

Figura 29. TC sagital com janela de tecidos moles. Imagem mostra a presença de osteófito inferior de calcâneo.

Figura 30. Imagem ilustra suposta alteração do diâmetro do nervo tibial posterior.

30
CORTES │ UNIDADE II

Ligamento cruzado anterior LCA


O LCA fixa o platô tibial na fossa intercondilar e é responsável por estabilizar a tíbia e impedir sua
translação anterior, estando o joelho liberado apenas para o movimento de flexoextensão. A lesão
de LCA está relacionada à esportes de grande contato físico. O futebol apresenta grande incidência
dessa lesão e o mecanismo para que ocorra é a rotação da tíbia no eixo longitudinal com o pé fixo no
chão. Golpes laterais no joelho também podem comprometer a integridade do LCA.

Figura 31. Janela de tecidos moles. Visualização de LCA íntegro.

Fonte: Durá (2008).

Figura 32. RM T1 evidencia a ruptura de LCA.

Fonte: lesaoesportiva.com.br

Nesse caso a cirurgia de reconstrução do ligamento é a única opção de tratamento.

31
UNIDADE II │ CORTES

Ligamento cruzado posterior LCP


Assim como o LCA, o LCP está ligado à fossa intercondilar do fêmur e tem grande importância na
estabilização da tíbia impedindo sua translação posterior. O mecanismo de lesão é o mesmo do LCA.
Em muito dos casos ambos os ligamento são rompidos e sua reconstrução se dá pelo enxerto dos
tendões dos músculos semitendíneo e grácil ou parte do ligamento infrapatelar.

Figura 33. Fontejanela de tecidos moles. Visualização de LCP íntegro.

Fonte: Durá (2008).

Figura 34. Lesão incompleta de LCP.

Fonte: lesaoesportiva.com.br

32
CORTES │ UNIDADE II

Condromalácia
Também conhecida como dor patelofemoral, é caracterizada por desgaste da face articular da
patela. É uma doença que acomete mais as mulheres. Além de dor referem-se à barulho durante os
movimentos do joelho.

Figura 35. Corte axial com janela de partes moles mostra joelho com cartilagem patelar íntegra.

Fonte: Durá (2008).

Figura 36. A seta da imagem mostra a degeneração da cartigem da articulação típica da condromalácia patelar.

Fonte: lesaoesportiva.com.br

33
UNIDADE II │ CORTES

Bursite trocantérica
Várias articulações possuem bolsas com líquido sinovial (bursas) com a finalidade de proteger do
atrito entre as estruturas articulares. Por várias razões, gera-se um processo inflamatório e doloroso
no quadril na sua face lateral. Esse processo inflamatório doloroso é denominado bursite trocantérica.

Figura 37. Imagem evidencia a inflamação na bursa.

Fonte: milton.com.br

Figura 38. Corte axial coronal com janela de partes moles.

Fonte: Durá (2008).

34
CORTES │ UNIDADE II

Lesão labral
A cavidade acetabular recebe a cabeça do fêmur para formar a articulação coxofemoral. Tem uma
estrutura de partes moles que contorna seu rebordo (labrum) e a lesão desta estrutura leva a
desconforto e dor. O diagnóstico é feito por imagem.

Figura 39. Lesão de lábio acetabular.

Fonte: Durá (2008).

Figura 40. Imagem evidencia lesão labral e aumento da proeminência de colo do fêmur.

Fonte: physio4health.wordpress.com

35
Cabeça e coluna Unidade iII

Capítulo 1
Neurológicas

Hematoma extradural
Hematoma extradural (epidural) é o acúmulo de sangue entre a meninge duramáter e a tábua óssea.
É comumente ocasionado por trauma na cabeça com roptura da artéria meníngea média. Como não
há espaço para se alastrar, apresenta-se como uma massa regular localizada.

Figura 41.

Fonte: trialx.com

A figura 41 mostra um hematoma extradura em lobo parietal D com diminuição do ventrículo do


mesmo lado. Nesses casos a cirurgia pode salvar a vida e evitar lesões permanentes. A diminuição

36
Cabeça e coluna │ UNIDADE III

do ventrículo se dá pela herniação do hemisfério cerebral e pode levar o indívíduo ao coma por
compressão de mesencéfalo e ponte.

Hematoma subdural
Hematoma subdural é o acúmulo de sangue entre as meninges aracnoide e duramáter. Entre essas
meninges, existe um espaço virtual permitindo a disseminação do sangue em uma área relativamente
maior.

Figura 42.

Fonte: www.uiowa.edu

A figura 42 mostra uma concentração disseminada de sangue no hemisfério cerebral D. Nessa


imagem, existe o deslocamento da fissura longitudinal ocasionada pelo acúmulo de sangue e pelo
edema residual por lesão dos tecidos. Nesse caso a craniotomia é fundamental.

Em idosos, é comum o hematoma subdural crônico. Com a idade existe a atrofia cerebral fisiológica
e com isso, pode haver o sangramento por semanas sem sintoma. Em ambos os casos o diagnóstico
é feito pela tomografia computadorizada.

37
UNIDADE III │ CABEÇA E COLUNA

Hemorragia subaracnoide
É o extravazamento de sangue no espaço entre as meninges piamáter e aracnoide. Esse espaço é
denominado espaço subaracnoide e permite o trânsito do líquido cerebroespinhal. Diferentemente
dos hematomas anteriores, a hemorragia subaracnoide não é resultado de golpe ou pancada e sim
pelo rompimento de aneurisma cerebral. Nesse caso, o sangue ocupa o espaço subaracnoide se
misturando ao líquido.

Figura 43.

Fonte: http://www.neuroradiologycases.com

A punção lombar ou nucal é indicada para verificar a presença de sangue no líquido cerebroespinhal.
A tomografia é o melhor método de imagem por sua sensibilidade ao sangue.

Observe o aumento dos ventrículos cerebrais e a disseminação do sangue hiperdenso (cor clara)
onde normalmente é escura pela ocupação apenas do líquido.

Lesão axonal difusa


É a ruptura dos neurônios provocada por uma desaceleração brusca. Sabe-se que a substância
cinza é composta por corpos de neurônios e a substância branca por axônios mielinizados. Esses
materiais reagem de maneira diferente à desaceleração ocorrendo a lesão do axônio no encontro
entre as duas substâncias.

38
Cabeça e coluna │ UNIDADE III

Figura 44.

Fonte: http://tidsskriftet.no

Alguns dias após a lesão, a tomografia pode apresentar focos na junção corticosubcortical e também
próximo à região de corpo caloso. Esses pequenos nódulos, chamados por gliose, são como uma
cicatriz no tecido nervoso. Em tecidos com células que produzem colágeno ocorre a fibrose. Como
no SNC não há fibrócitos e sim células da glia, temos a gliose.

Assista ao vídeo sobre a lesão axional difusa, disponível em: <http://www.youtube.


com/watch?v=k_MktbTuEdI>.

Esclerose múltipla
É uma doença autoimune e degenerativa do SNC. Acomete a bainha de mielina e leva a várias
limitações, inclusive a atrofia cerebral. Nos exames de imagem é comum as lesões em labareda e
diminuição de corpo caloso.

39
UNIDADE III │ CABEÇA E COLUNA

Figura 45.

Fonte: http://anatpat.unicamp.br

Figura 46.

Fonte: http://anatpat.unicamp.br

A figura 45 é uma ressonância magnética T1. Nessa imagem é possível verificar a atrofia acentuada
de corpo caloso. A figura 46 mostra as lesões da coroa radiada.

40
Cabeça e coluna │ UNIDADE III

AVE Isquêmico
É a falta de oxigênio no tecido nervoso ocasionado por obstrução das artérias.

Figura 47. Obstrução de artéria cerebral média esquerda.

Fonte: http://anatpat.unicamp.br

A figura 47 evidencia a obstrução da artéria cerebral média esquerda. Devido a diminuição do fluxo
de sangue, há o aumento de células vermelhas (hemácias) e consequentemente, excesso de ferro no
local. Como o ferro é hiperdenso, torna a artéria visível no exame de TC.

Existe uma maior incidência de AVEI do lado E. Tal fenômeno pode ser explicado pela anatomia
hidráulica do SNC. Se mensurar a pulsação nas artérias carótidas internas, verá que a esquerda
tem mais força e consequentemente, conduz mais nutrientes que podem contribuir para a
obstrução arterial.

Aneurisma cerebral
Aneurisma é uma dilatação anormal da parede de um vaso sanguíneo. Pode ocorrer em qualquer
parte do corpo, porém, quando aparecem na artéria aorta ou no cerebro, os riscos de complicações
são maiores.

41
UNIDADE III │ CABEÇA E COLUNA

Figura 48.

Fonte: Springernew (2013).

Figura 49. Aneurisma de artéria aorta abdominal.

Fonte: Springernew (2013).

42
Capítulo 2
Coluna vertebral

Espinha bífida
É a mau formação do arco vertebral o que permite a fuga do conteúdo medular ao meio externo. De
acordo com o nível da fuga, classificamos em:

1. Espinha bífida.

2. Meningocele.

3. Mielomenigocele.

A espinha bífida apresenta a má formação do arco da vértebra, porém não há fuga das estruturas
nervosas. A meningocele permite a saída das meninges e líquor, porém, a medula continua
internamente.

Figura 50.

Fonte: Medicosdehoy.com

A figura 50 apresenta corte sagital em exame de ressonância magnética T1 e T2 respectivamente.


Observe posteriormente ao osso sacro, uma bolsa contendo líquido cerebroespinhal.

43
UNIDADE III │ CABEÇA E COLUNA

A mielomeningocele tem a mesma característica, porém a medula espinhal também está projetada
para fora. Isso é possível de se ver em uma ressonância magnética.

Figura 51.

Fonte: Medicosdehoy.com

Veja a fuga do conteúdo medular característico da mielomeningocele.

Hérnia de disco
No dicionário, encontramos uma definição para o termo hérnia: Deslocamento parcial ou total de
um órgão por orifício patológico. A hérnia de disco consiste no deslocamento parcial ou total do
núcleo puposo do disco intervertebral.

44
Cabeça e coluna │ UNIDADE III

Figura 52.

Fonte: http://tidsskriftet.no

Figura 53.

Fonte: http://tidsskriftet.no

A figura 52 mostra um casos de hérnia de disco avançada com provável ruptura do anel fibroso.

A figura 53 mostra um caso de hérnia de disco com anel fibroso preservado.

Espondilolistese
Em um termo popular, a espondilolistese é o desvio anterior (escorregamento) que uma vértebra
faz em relação à sua vizinha. Como há compressão das estruturas nervosas, pode apresentar dor,

45
UNIDADE III │ CABEÇA E COLUNA

parestesia, incapacidade de caminhar e perda de força. Em casos extremos pode haver a ruptura da
medula espinhal, comprometendo completamente a função.

A espondilolistese é classificada de acordo com o grau de comprometimento em:

»» Grau I de zero a 25% de deslizamento anterior.

»» Grau II de 25% a 50% de deslizamento anterior.

»» Grau III de 50% a 75% de deslizamento anterior.

»» Grau IV de 75% a 100% de deslizamento anterior.

Figura 54.

Fonte: Osborn (1994).

Figura 55.

Fonte: http://tidsskriftet.no

46
Cabeça e coluna │ UNIDADE III

A figura 55 mostra uma espondilolistese gra l-ll com comprometimento da calda equina, com
potencial para problemas de ordem sensitiva e motora.

Seringomielia
A seringomielia é uma cavidade no interior da medula espinhal. Essa cavidade é preenchida
por líquor.

Essa doença é causada por má formação craniocervical o que resulta na dificuldade de circulação
liquórica. O excesso de líquor que fica na medula provoca a cavitação. Essa doença pode trazer
inúmeros problemas como anestesia tátil e vibratória, paresia, além de relatos de dor,
principalmente em ombros e pescoço.

Figura 56.

Fonte: aemc-chiai.com

Figura 57.

Fonte: aemc-chiai.com

A figura 56 apresenta 3 casos de seringomielia, sendo qua a letra A é um caso muito avançado
com potencial de compressão de ponte. Isso pode afetar tratos sensitivos, inclusive comprometer
a respiração.

47
Tronco Unidade iV

Capítulo 1
Tórax

Derrame pleural
O derrame pleural não é uma doença, mas uma complicação que várias doenças podem causar.
Consiste no aumento do volume de líquido no espaço entre as pleuras (espaço pleural) e causa entre
outros sintomas, a clássica falta de ar (dispneia).

Figura 58.

Fonte: http://anatpat.unicamp.br

O tratamento do derrame pleural não é voltado para ele e sim para a doença que o causou. Se houve
um derrame pleural por uma atelectasia, deve-se tratá-la e como consequência a melhora do quadro
de derrame pleural. A punção pleural é indicada para fins de diagnóstico e terapêutico.

O estudo do líquido pode auxiliar no diagnóstico e o esvaziamento melhora a capacidade respiratória.

48
Tronco │ UNIDADE IV

Atelectasia
É o colapso tecidual de parte do pulmão ou de todo o pulmão. O pulmão reduz seu volume pela
dificuldade de penetração do ar. O pulmão apresenta-se com aspecto murcho no exame de imagem.
Essa é uma desordem que acomete principalmente pessoas hospitalizadas. Nessa doença, o exame
de imagem é fundamental para fechar o diagnóstico.

Figura 59.

Fonte: http://anatpat.unicamp.br

A seta mostra o espaço que surgiu pela retração do pulmão esquerdo. O tratamento consiste em
oxigênio e fisioterapia respiratória. Porém, a respiração mecânica pode trazer bons resultados.

Figura 60.

Fonte: http://anatpat.unicamp.br

49
UNIDADE IV │ TRONCO

Embolia pulmonar
A tromboembolia pulmonar (TEP) é uma condição grave em que um trombo (coágulo sanguíneo)
geralmente formados nos membros inferiores, se desprende (êmbolo) e migra para a circulação
pulmorar causando a interrupção parcial ou total. Essa obstrução, comumente em artérias
pulmonares, pode levar a insulficiência respiratória e até mesmo a morte súbita.

Figura 61.

Fonte: Serra et al. (2007).

As duas setas evidenciam a presença de êmbolos nas artérias pulmonares. Os êmbolos aparecem
como manchas no interior das artérias. Na artéria pulmonar esquerda, parece haver a obstrução
total, enquanto que na artéria pulmonar direita, há obstrução parcial.

O tratamento para esse caso requer internação imediata e consiste na oxigenoterapia, ingestão de
medicamentos anticoagulantes e cirurgia para extração do êmbolo, podendo implantar um filtro
preventivo na veia cava inferior.

50
Capítulo 2
Abdome

Cirrose hepática
É conhecida por transformar o tecido hepático fisiológico em tecido com nódulos fibrosos. A cirrose
hepática é uma cicatriz no tecido hepático. Como esta região calcificada não tem função, quanto
maior sua extensão, menor área funcional. A cirrose hepática está associada com agressões ao fígado
por fatores como etilismo, hepatites virais e até mesmo cálculos biliares.

Figura 62.

Fonte: montesinos (2011).

Ascite hepática
A cirrose hepática pode evoluir com outras complicações como ascite hepática. Ascite é o termo
técnico para a popular barriga dágua. Portanto é a presença de líquido na cavidade abdominal
decorrente de vários fatores, inclusive a cirrose com hipertensão portal.

Figura 63.

Fonte: Montesinos (2011).

51
UNIDADE IV │ TRONCO

Hipertensão portal
A veia porta hepática ou simplesmente veia porta é responsável pela drenagem do sangue da
circulação esplênica. É uma afecção causada por alterações no fígado como a cirrose que aumenta a
resistência tecidual ocasionando o aumento da tensão portal ou por trombose hepátca.

Figura 64.

Fonte: montesinos (2011).

A figura 64 evidencia uma hepatomegalia provocada pela presença de trombo em veia hepática
direita.

Figura 65.

Fonte: Montesinos (2011).

A figura 65 mostra uma hepatomegalia num corte coronal.

52
Tronco │ UNIDADE IV

Colecistite
É a inflamação da vesícula biliar causada pela presença de cálculos biliares. Trata-se de uma
emergência médica, e se não tratada pode trazer sérias consequências e até a morte.

Figura 66.

Fonte: Meirelles, D’Ippolito (2003).

Figura 67.

Fonte: Meirelles, D’Ippolito (2003).

As figuras acima mostram o aumento do volume da vesícula biliar pela concentração de cálculos.
Nesse caso a cirurgia deve ser realizada imediatamente.

53
UNIDADE IV │ TRONCO

Esplenomegalia
É o nome que se dá ao aumento patológico do baço. Esse aumento ocorre devido à fatores como a
cirrose hepática pela hipertensão portal ou por doenças infecciosas.

Figura 68.

Fonte: Meirelles, D’Ippolito (2003).

Pancreatite
Embora o diagnóstico da pancreatite seja clínico, os exames de imagem podem auxiliar no
diagnóstico quando a situação não está clara. Na imagem a seguir observa-se claramente o aumento
do volume do pâncreas.

Figura 69.

Fonte: Filho et al. (2006).

O principal sintoma é dor abdominal repentina e intensa. Essa dor impossibilita a pessoa de realizar
qualquer atividade.

54
Tronco │ UNIDADE IV

Litíase ou Nefrolitíase
Também conhecida por cálculo renal ou popularmente por pedra no rim. Ocorre pelo acúmulo de
sais eliminados na urina, derivados de uma dieta rica em cálcio e sais em geral.

Figura 70.

Fonte: <http://www.hospitalsiriolibanes.org.br>

Figura 71.

Fonte: Monteiro, Lima, Ribeiro (2014).

A figura 71 corresponde ao corte coronal de tomografia computadorizada e mostra, na seta, a


presença de cálculo ureteral esquerdo.

55
UNIDADE IV │ TRONCO

Estenose de Jup
Estenose de junção pielo ureteral (JUP) é o termo utilizado para descrever um bloqueio na região da
pelve renal com o ureter, levando o rim a ter dificuldade para drenar a urina para a bexiga urinária,
provocando a dilatação renal (hidronefrose).

Figura 72.

Fonte: Monteiro, Lima, Ribeiro (2014).

Tanto a litíase quanto a estenose JUP podem levar o rim ao quadro de hidronefrose.

Hidronefrose
É a dilatação do rim pelo excesso de urina ocasionado por dificuldade de drenagem, ou por JUP ou
pro cálculo renal.

Figura 73.

Fonte: Monteiro, Lima, Ribeiro (2014).

56
Tronco │ UNIDADE IV

Apendicite
É a inflamação do apêncice vermiforme, normalmente causado por pela permanência do alimento
em seu interior. Como é uma região altamente contaminada, seu rompimento e extravazamento
pode causar septsemia e levar à morte. Embora o método mais comum de diagnóstico seja o
ultrassom, podemos identificar por meio de tomografia computadorizada.

Figura 74.

Fonte: www.sonimage.com.br

HPB
A hiperplasia prostática benigna é o aumento fisiológico da próstata que se inicia por volta dos 40
anos. Seu único problema está relacionado com a dificuldade de urinar, uma vez que aumentando seu
tamanho, comprime a uretra. Porém isso pode ser tratado com medicamentos dilatadores da uretra.

Figura 75.

Fonte: <http://martinspisco.hslouis.pt>

Esse aumento é normal no período, porém pode se confundir com tumor na próstata. Nesse caso,
ressonância magnética é um coadjuvante no diagnóstico.

57
Referências
BOGLIOLO, G. B. F. Patologia. 7 ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2006.

DURÁ, S. T. Atlas de anatomía por la imagen seccional. 2008.

TUBBS, R. S.; STECK, D. T.; MORTAZAVI, M. M.; SHOJA, M. M.; LOUKAS, M.; COHEN-GADOL,
A. A. Hieronymus Brunschwig (c. 1450-1513): his life and contributions to surgery. In: Childs Nerv
Syst. 2012.

OSBORN, A. G. Diagnostic neuroradiology. St. Louis: Mosby, 1994.

SERRA, W.; De LACO, G.; , REVERBERI, C.; GHERLI, T. Pulmonary embolism and patent
foramen ovale thrombosis: the key role of TEE. Cardiovascular Ultrasound 2007, 5:26.
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MEIRELLES, G. S. P.; D’IPPOLITO, G. Pseudolesões hepáticas na tomografia computadorizada


helicoidal: ensaio iconográfico. In: Radiol Bras. vol.36 no 4. São Paulo, 2003.

MONTESINOS, R. R. ARIAS, V. M. DURA, T. S. CLOTET. E. P. Síndrome de Budd Chiari agudo.


Acute Budd Chiari Syndrome. In: Rev Clin Med Fam. vol.4 no 3. Albacete,  2011.

FILHO. E. O. F.; JESUS, P. E. M.; D’IPPOLITO, G.; SZEINFELD. J. Tomografia computadorizada


sem contraste intravenoso no abdome agudo: quando e por que usar. In: Radiol Bras. vol.39 no
1 São Paulo, 2006.

MONTEIRO, A. M. V.; LIMA, C. M. A. O.; RIBEIRO, E. B. Diagnóstico por imagem no abdome


agudo não traumático. In: Rev. HUPE. v.8 no 1. Rio de Janeiro, 2014.

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<http://www3.gehealthcare.com>

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<http://www.aemc-chiari.com/>

<http://www.hospitalsiriolibanes.org.br>

<www.sonimage.com.br>

59

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