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AUTORIA E COLABORAÇÃO

Autores
Luís Antônio Tobaru Tibana
Graduado em Medicina pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Preceptor
da residência de Radiologia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Título pelo
Colégio Brasileiro de Radiologia.

Marcos Costenaro
Graduado em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Representante
dos residentes de Radiologia da UNIFESP.

Paulo Aguiar Kuriki


Graduado em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Preceptor da
residência de Radiologia da UNIFESP. Título pelo Colégio Brasileiro de Radiologia.

Assessoria didática
Bruno Di Muzio
Graduado em Medicina pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Especialista em Radiolo-
gia e Diagnóstico por Imagem pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu
(UNESP). Médico radiologista do Hospital Santa Paula – Delboni Auriemo Medicina Diagnóstica.

Renê Keizo Arikawa


Graduado em Medicina e especialista em Radiologia pela Irmandade da Santa Casa de Mi-
sericórdia de São Paulo (ISCMSP). Título de especialista em Radiologia e Diagnóstico por
Imagem pela Associação Médica Brasileira (AMB) e pelo Colégio Brasileiro de Radiologia e
Diagnóstico por Imagem. Coordenador médico da equipe de Diagnóstico por Imagem dos
Hospitais Villa Lobos e Santa Paula – Delboni Auriemo Medicina Diagnóstica.

Fabrício Próspero Machado


Graduado em Medicina pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Especialista em Ra-
diologia Abdominal pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Médico radiologista
do Hospital Santa Paula.

Felipe Campos Kitamura


Graduado em Medicina pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Mestre em Genética
e Biotecnologia pela UFJF. Especialista em Radiologia e Diagnóstico por Imagem pela Univer-
sidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

Igor Santos
Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Especialista
em Radiologia e Diagnóstico por Imagem pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

Stenio Burlin
Graduado em Medicina e especialista em Radiologia e Diagnóstico por Imagem pela Universi-
dade Federal de São Paulo (UNIFESP). Médico preceptor dos Residentes de Neuroimagem do
Hospital São Paulo. Membro da equipe de Neurorradiologia do Grupo DASA e da Fundação
Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem (FIDI).
APRESENTAÇÃO

O objetivo do livro é auxiliar médicos e estudantes de Medicina no aprendi-


zado de padrões radiológicos, de forma simples e prática. Alguns conceitos
sobre Radiologia são de extrema importância para médicos generalistas, em
prontos-socorros, consultórios ou mesmo na preparação para os exames
de Residência Médica. Procuraremos abordar, nos casos clínico-radiológicos,
descrições sobre algumas das patologias com que frequentemente depara-
mos. Os casos serão divididos por temas, com finalidades organizacional e
didática, e serão abordados casos de Neurorradiologia, Cabeça e Pescoço,
Tórax, Abdome, Musculoesquelético e Ginecologia e Obstetrícia. No início de
cada tema, alguns conceitos anatômicos e técnicos serão introduzidos, se-
guindo-se os casos patológicos, com legenda didática e algumas dicas pro-
pedêuticas. Lembrando o “vocabulário radiográfico”:
- Tomografia computadorizada – hiperatenuante e hipoatenuante;
- Ressonância magnética – hipersinal e hipossinal;
- Raios X – radiopacos e radiotransparentes;
- Ultrassonografia – hiperecogênico, hipoecogênico e anecoico.
Dicas importantes: quando houver dúvida se é uma tomografia ou uma
ressonância magnética, deveremos lembrar que, na tomografia, o osso é
sempre branco! Como diferenciar ponderações T1 e T2 de ressonância mag-
nética? Na ponderação T1 da ressonância, brilham gordura, algumas fases
de sangramento e proteína de alto peso molecular. Na ponderação T2, brilha
a água (e tudo que é hidratado).

Os autores
ÍNDICE

1. Métodos de imagem......................................................................9
1. Radiografias (raios X)..................................................................................9
2. Radiografias contrastadas........................................................................9
3. Ultrassonografia ....................................................................................... 17
4. Tomografia computadorizada ...............................................................19
5. Ressonância magnética .......................................................................... 21
6. Nomenclatura ........................................................................................... 22
2. Neurorradiologia.........................................................................23
1. Anatomia radiológica básica...................................................................23
2. Trauma (traumatismo cranioencefálico)............................................. 24
3. Alterações vasculares...............................................................................27
4. Neoplasias...................................................................................................33
5. Alterações inflamatórias e infecciosas................................................35
3. Cabeça e Pescoço........................................................................39
1. Anatomia radiológica básica.................................................................. 39
2. Trauma......................................................................................................... 49
3. Alterações vasculares.............................................................................. 50
4. Alterações inflamatórias e infecciosas ...............................................53
5. Doenças neoplásicas ............................................................................... 54
4. Tórax............................................................................................. 57
1. Introdução....................................................................................................57
2. Anatomia radiológica básica.................................................................. 59
3. Trauma.......................................................................................................... 61
4. Alterações vasculares.............................................................................. 65
5. Neoplasias.................................................................................................. 70
6. Alterações inflamatórias e infecciosas ...............................................74
5. Abdome........................................................................................79
1. Anatomia radiológica básica...................................................................79
2. Trauma......................................................................................................... 83
3. Alterações vasculares.............................................................................. 84
4. Neoplasias.................................................................................................. 85
5. Alterações inflamatórias e infecciosas............................................... 88
6. Abdome agudo obstrutivo......................................................................97
7. Abdome agudo perfurativo.................................................................... 98
6. Musculoesquelético.................................................................. 101
1. Anatomia radiológica básica.................................................................101
2. Trauma....................................................................................................... 106
3. Alterações vasculares..............................................................................111
4. Neoplasias................................................................................................. 112
5. Alterações inflamatórias e infecciosas ............................................. 114
7. Ginecologia e Obstetrícia..........................................................117
1. Introdução.................................................................................................. 117
2. Anatomia radiológica básica................................................................. 117
3. Mama.......................................................................................................... 119
4. Gravidez.....................................................................................................126
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Métodos de imagem

1. Radiografias (raios X)
Ao contrário do que muitos pensam, as radiografias simples continuam presentes e com um
papel fundamental no diagnóstico e na avaliação clínica diária, sendo os exames de imagem
mais solicitados. Modalidades como ultrassonografia (USG), Tomografia Computadorizada
(TC) e Ressonância Magnética (RM) são complementares, e não excludentes, às radiografias.
As indicações para as diversas radiografias que podem ser realizadas já foram discutidas no
conjunto das especialidades clínicas.
Algumas dicas gerais para auxílio na prática clínica:
- Na dúvida de como solicitar ou quais incidências podem auxiliar em um contexto clínico
determinado, cheque se o serviço possui protocolos específicos já prontos ou converse com
o radiologista do serviço;
- Antes de solicitar o exame, cheque as condições clínicas do paciente e se há como ele ser
posicionado para as incidências solicitadas;
- Radiografias ósseas básicas de extremidades usualmente seguem a lógica das incidências
de AP + P (anteroposterior + perfil) para os ossos longos e AP + OBL (anteroposterior + oblí-
qua) para mãos e pés;
- Radiografias de coluna são divididas por segmentos: cervical, torácica, lombar e sacral. As
radiografias básicas são AP + P, porém radiografias oblíquas podem ser solicitadas para
avaliação foraminal, e radiografias dinâmicas (flexão e extensão), para a avaliação de ins-
tabilidades segmentares (listeses, isto é, o deslocamento anterior ou posterior do corpo
vertebral em relação ao corpo vertebral subjacente);
- A incidência padronizada do tórax é realizada em PA (posteroanterior). Isso é realizado
para reduzir o efeito de magnificação (aumento do tamanho) da área cardíaca, que ocorre
na incidência em AP. A incidência em AP é realizada usualmente em pacientes acamados,
à beira do leito. O termo incidência “frontal” é mais genérico e pode ser usado tanto para
incidências em PA quanto em AP.

2. Radiografias contrastadas
A maioria das técnicas de radiografia contrastadas foi substituída, na prática clínica, por
outros métodos diagnósticos mais eficientes e acurados, com menor ou igual exposição à
10 ATLAS DE RADIOLOGIA

radiação ionizante. Embora sejam cada vez menos prevalentes, estes métodos continuam
sendo valorizados em questões de provas médicas.
Para a realização desses exames, é utilizado um aparelho de fluoroscopia, também conhe-
cido como raios X telecomandado, no qual as imagens obtidas são observadas em tempo
real por meio de uma tela (mesmo princípio da “escopia” utilizada no centro cirúrgico ou
nas intervenções endovasculares em centros de hemodinâmica). Ressalte-se, portanto, que
a radiação a que o paciente é submetido nesses exames é superior à das radiografias con-
vencionais e, em alguns exames, similar à de uma TC, principalmente devido ao tempo que o
paciente fica exposto à radiação.

Figura 1 - Esofagograma: afilamento alongado e regular da metade distal do esôfago, com estase da coluna de
bário (formação de nível hidroaéreo) demonstrando a dificuldade da progressão do contraste baritado pela área
de estenose. O contorno regular da estenose fala a favor de etiologia não neoplásica

Essa modalidade de imagem utiliza, basicamente, 2 tipos de contraste:


- Bário (sulfato de bário): administrado por via oral, é o contraste de 1ª escolha em estudos
radiográficos do trato gastrintestinal. Não deve ser utilizado em pacientes com suspeita de
perfuração gastrintestinal ou em quem sofreu cirurgia gastrintestinal recente, uma vez que
o bário pode causar uma mediastinite/peritonite caso extravase para o interior da cavidade
mediastinal/peritoneal;
2

Neurorradiologia

1. Anatomia radiológica básica


Muitos detalhes anatômicos são pertinentes em Neurorradiologia, sendo impossível abran-
ger todos eles dentro do escopo desta publicação. Destes, o que mais “assusta” o iniciante é
a anatomia da região do centro do encéfalo, onde se situam os núcleos da base, tálamos e
cápsulas internas. Por isso, os cortes tomográficos escolhidos ficam nessa região. Foi incluso,
também, corte axial no nível mesencefálico.
Só para relembrar, o núcleo lentiforme (formado pelo globo pálido e pelo putâmen), jun-
tamente com o núcleo caudado, formam o corpo estriado e têm a função de regulação da
motricidade extrapiramidal. Assim, patologias que os envolvem podem determinar coreias,
balismos e síndromes parkinsonianas. O braço posterior da cápsula interna contém o tra-
to piramidal (axônio do 1º neurônio motor). O
tálamo funciona como “gerenciador” das fibras
sensitivas recebidas. O córtex insular, o hipo-
campo, o giro do cíngulo e a amígdala fazem
parte do sistema límbico (envolvido com fre-
quência em patologias, como a encefalite her-
pética).
Nas radiações ópticas, correm os tratos geni-
culocalcarianos, responsáveis pela condução
das informações visuais colhidas pelos cones e
bastonetes da retina. No mesencéfalo, encon-
tram-se os pedúnculos cerebrais, que portam
a continuidade das fibras dos tratos piramidais
(continuidade das cápsulas internas). Tam-
bém em nível mesencefálico, encontram-se a
substância negra (primariamente envolvida
na doença de Parkinson), a substância reticu-
lar ascendente (centro de ativação cortical e Figura 1 - Tomografia de crânio – plano axial no
de extrema importância para manutenção do nível do mesencéfalo: (F) lobos Frontais; (T) lobos
nível de consciência), além de núcleos dos III Temporais; (O) lobos Occipitais; (H) Hipocampos;
(oculomotor) e IV (troclear) pares de nervos (U) Úncus; (M) Mesencéfalo; (C) Cisternas da base;
(VL) corno temporal do Ventrículo Lateral
cranianos.
24 ATLAS DE RADIOLOGIA

As doenças intracranianas frequente-


mente cursam com aumento (hipera-
tenuação) ou diminuição (hipoatenua-
ção) da atenuação dos feixes de raios
X. As hemorragias intracranianas são
hiperatenuantes (hiperdensas - bran-
cas), enquanto as lesões isquêmicas
(agudas ou crônicas) e o edema cere-
bral (de etiologia variável) são hipoa-
tenuantes (hipodensos - escuros).
Outro ponto importante é o efeito da
lesão sobre estruturas adjacentes. Em
geral, eventos agudos geram edema
na imagem e, portanto, ocupam es-
paço com efeito expansivo. Isso vale
para um AVC recente. Eventos crôni-
cos, pelo contrário, exibem redução de
dimensão, com efeito atrófico, como
observado numa isquemia antiga.

2. Trauma (traumatismo
cranioencefálico)
Figura 2 - Tomografia de crânio – plano axial no nível dos
tálamos: (F) lobos Frontais; (J) Joelho do corpo caloso; (vl) cor-
Lesões advindas de trauma cranioen-
nos frontais dos ventrículos laterais; (Ca) núcleo Caudado; (L)
cefálico (TCE) estão relacionadas com
núcleo Lentiforme (putâmen + globo pálido); (T) Tálamos; (CI)
morbidade significativa em longo pra-
Cápsula Interna; (I) Ínsula; (3) Ventrículo; (s) cisternas silvia-
nas; (P) cisterna da Pineal zo e mortalidade elevada. O exame de
Tomografia Computadorizada (TC) é
essencial para a detecção de lesões que necessitem de intervenção neurocirúrgica imediata,
bem como aquelas que necessitam de observação hospitalar e acompanhamento médico
posterior. Cabe ressaltar que para pacientes com trauma craniano leve (escala de coma de
Glasgow, escore de 13 a 15) uma boa avaliação clínica baseada em critérios bem estabele-
cidos (exemplo: critérios de New Orleans – New England Journal of Medicine, 2000 – e os
Canadenses – Lancet, 2001) tem potencial de reduzir exames de TC desnecessários, com alta
sensibilidade para a detecção de lesões que requeiram intervenção neurocirúrgica.
Há consenso de que os pacientes identificados como de risco moderado ou alto risco de
lesão intracraniana devem ser submetidos a TC sem contraste o mais rápido possível para a
evidência de hematoma intracerebral, desvio da linha média ou aumento da pressão intra-
craniana.
É importante avaliar as imagens da tomografia também em janela óssea para a identificação
de eventuais fraturas ósseas da calota e da base do crânio.

A - Hematoma epidural versus hematoma subdural


O hematoma epidural ou extradural é o acúmulo de sangue entre a dura-máter (membrana
que reveste o cérebro) e o crânio. A causa mais comum do hematoma extradural é a rotura
da artéria meníngea média (com fratura do osso temporal), no entanto, em cerca de 15% dos
3

Cabeça e Pescoço

1. Anatomia radiológica básica


Para interpretar corretamente patologias de cabeça e pescoço, é necessário estar familiari-
zado com a anatomia radiológica dessa região. Iniciaremos com a descrição da anatomia do
pescoço.

A - Anatomia do pescoço

Figura 1 - Corte axial de tomografia computadorizada com contraste: porção alta do mediastino evidenciando os
ramos arteriais supra-aórticos e a Traqueia (T)
40 ATLAS DE RADIOLOGIA

Figura 2 - Corte axial de tomografia computadorizada com contraste: porção cervical média evidenciando a glân-
dula tireoide

Figura 3 - Corte axial de tomografia computadorizada com contraste: porção cervical média pouco acima da glân-
dula tireoide evidenciando a laringe ao nível da prega vocal

Figura 4 - Corte axial de tomografia computadorizada com contraste: porção cervical alta ao nível da epiglote
4

Tórax

1. Introdução
Todo e qualquer clínico precisa conhecer o mínimo de uma radiografia de tórax. A incidência-
-padrão é a posteroanterior (PA), em que o feixe de raios X é projetado sobre as costas do
paciente, que permanece de pé e em apneia inspiratória. Dependendo das suas condições
clínicas, outras variações podem ser feitas, como a incidência em anteroposterior (AP), usada
nas radiografias no leito.
A incidência em perfil (P) é complementar à radiografia em PA, auxiliando na caracterização
da localização e na diferenciação das lesões pulmonares. Por convenção, a incidência em
perfil é obtida com o lado esquerdo do paciente contra o chassi e os raios X o atravessando
da direita para a esquerda. Cumpre salientar que, devido à natureza complexa da anatomia,
é necessário seguir a convenção das incidências de forma rigorosa. Aquelas incidências não
habituais impõem uma dificuldade à interpretação a quem não está familiarizado com elas.
As incidências do tórax em decúbito lateral (esquerdo ou direito – incidência de Laurell) com
raios horizontais são utilizadas quando da suspeita de derrame pleural. A mudança do nível
líquido com a alteração do decúbito demonstra um derrame livre (não loculado). O paciente
é colocado em decúbito lateral sobre o lado a ser examinado.
A incidência apicolordótica é usada para melhor avaliação dos ápices pulmonares, por retirar
a projeção das clavículas sobre os campos pulmonares superiores. Já as incidências oblíquas
do tórax são usualmente realizadas para melhor caracterização de fraturas de costelas.
É importante criar uma sistematização da avaliação da radiografia de tórax, de forma a evi-
tar o esquecimento de algum item. Uma sugestão é começar de “fora para dentro”: avalie
primeiramente o arcabouço ósseo e partes moles, depois siga com os olhos por ambos os
contornos do mediastino (traqueia, vasos mediastinais e coração) e, por último, avalie cada
pulmão individualmente, de “cima para baixo”; a seguir, compare os pulmões em busca de
assimetrias.
A ultrassonografia é bastante sensível e específica para a detecção e a qualificação do
derrame pleural, de grande valia em pacientes acamados em UTI, cujas radiografias reali-
zadas no leito não permitem uma adequada avaliação das bases pleurais, ou naqueles em
58 ATLAS DE RADIOLOGIA

que há dúvida se há derrame ou atelectasia. Esse método permite caracterizar a presença


de conteúdo espesso ou de septações em meio ao derrame pleural. Além disso, é um bom
método para guiar a punção de derrames, mas que não se presta para a quantificação do
derrame pleural.
É possível utilizar o modo M da ultrassonografia para avaliar a mobilidade diafragmática,
com o chamado teste de sniff, em que se pede ao paciente uma inspiração profunda. O espe-
rado é um rebaixamento do diafragma. Caso seja encontrado movimento paradoxal (subida
do diafragma), o teste é positivo. A principal indicação é a pesquisa de paralisia do nervo
frênico.
A Tomografia Computadorizada (TC) tem seu espaço no contexto de neoplasias, e seu es-
tadiamento, nas pneumonias intersticiais e em situações específicas discutidas nos tópicos
deste capítulo.

Figura 1 - Nos estudos de tomografia, o radiologista manipula os tons de cinza da imagem para avaliar melhor a
estrutura de seu interesse. Essas são as famosas “Janelas” da tomografia: (A) janela de partes moles (mediastino)
utilizada para avaliar por exemplo o coração e os grandes vasos; (B) janela de pulmão: repare que o parênquima
pulmonar é visto com maior nitidez nesta janela, com detalhes para os pequenos vasos e brônquios, mas o restante
assume tonalidades mais claras e não é visto bem nessa janela; (C) janela óssea: boa, por exemplo, para pesquisar
fratura; na janela óssea o osso é visto com nitidez, enquanto as demais estruturas adquirem uma tonalidade es-
cura, limitando sua análise

A TC de Alta Resolução (TCAR) é um protocolo em que são adquiridos cortes finos (geralmen-
te, de 0,625 a 1,25mm de espessura), reconstruídos usando-se um algoritmo específico. Esse
protocolo é útil para a avaliação das doenças pulmonares intersticiais.
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Abdome

1. Anatomia radiológica básica

A - Radiografia

Figura 1 - Radiografia simples de abdome em anteroposterior: (F) Fígado; (B) Baço; (RD) Rim Direito; (RE) Rim Es-
querdo; (Ps) músculo Psoas; (P) Pequena pelve

Normalmente, visualiza-se gás na radiografia de abdome apenas no estômago e na moldura


cólica. Quando há distensão gasosa do jejuno, observa-se o aparecimento das pregas coni-
ventes (“empilhamento de moedas”). Quando há distensão gasosa cólica, tornam-se visíveis
as haustrações do intestino grosso.
80 ATLAS DE RADIOLOGIA

Figura 2 - Radiografia simples de abdome em anteroposte-


rior: presença de objeto com densidade de metal projetado
no epigástrio à esquerda – corpo estranho (engoliu uma
moeda)

Pacientes de pronto-socorro com quadro de distensão abdominal ou quadro de abdome


agudo obstrutivo se beneficiam do exame de radiografia de abdome; usualmente, são adqui-
ridas radiografias em decúbito dorsal, em ortostase e com foco para cúpulas diafragmáticas
ou abrangendo todo o tórax (pesquisa de pneumoperitônio e derrame pleural).
A seguir, radiografia de tórax em paciente com abdome agudo perfurativo secundário a per-
furação de úlcera gástrica:

Figura 3 - Ar entre o fígado e o diafragma – cuidado: eventualmente, a alça colônica pode se interpor nessa loca-
lização (síndrome de Chilaiditi), simulando o diagnóstico de pneumoperitônio. Tal diferenciação será realizada a
partir do momento em que for caracterizado que se trata de “ar dentro de uma haustração”, e não ar livre
6

Musculoesquelético

1. Anatomia radiológica básica

Figura 1 - Radiografia em anteroposterior do ombro esquerdo: (1) extremidade acromial da clavícula; (2) acrômio;
(3) cabeça do úmero; (4) tubérculo maior; (5) tubérculo menor; (6) processo coracoide; (7) colo cirúrgico do úmero;
(8) margem lateral da escápula
102 ATLAS DE RADIOLOGIA

Figura 2 - Radiografia em anteroposterior do cotovelo Figura 3 - Radiografia em anteroposterior do antebra-


direito: (1) diáfise distal do úmero; (2) fossa do olécra- ço direito (15 anos): (1) cabeça do rádio; (2) tuberosi-
no e fossa coronoide (superpostas); (3) epicôndilo late- dade do rádio; (3) porção diafisária média do rádio;
ral do úmero; (4) cabeça do rádio; (5) tuberosidade do (4) processo estiloide do rádio; (5) cabeça da ulna; (6)
rádio; (6) processo coronoide; (7) epicôndilo medial do porção diafisária média da ulna; (7) processo coronoi-
úmero; (8) olécrano de da ulna

Figura 4 - Radiografia em anteroposterior do punho esquerdo: (1) escafoide; (2) semilunar; (3) piramidal; (4) pisifor-
me; (5) trapézio; (6) trapezoide; (7) capitato; (8) hamato; (9) hâmulo do hamato
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Ginecologia e Obstetrícia

1. Introdução
Em Ginecologia, a Radiologia é aplicada principalmente ao estudo das mamas e da pelve. A
mamografia é o principal exame de rastreio do câncer de mama e pode ser complementada
com ultrassonografia (USG) e Ressonância Magnética (RM). O estudo dos órgãos ginecológi-
cos localizados na pelve é realizado com a USG ou com a RM. A tomografia computadorizada
tem pouca acurácia na avaliação dos órgãos pélvicos, sendo raramente indicada para esse
fim.
Em Obstetrícia, a imagem é basicamente toda centrada na USG. A RM fetal apresenta diver-
sas aplicações, notadamente na avaliação de malformações.

2. Anatomia radiológica básica

Figura 1 - Ultrassonografia pélvica por via transvaginal evidenciando o útero em corte sagital mediano
118 ATLAS DE RADIOLOGIA

Figura 2 - Ultrassonografia pélvica por via transvaginal evidenciando o ovário esquerdo em cortes transverso e
longitudinal; notar os pequenos focos anecoicos regulares que correspondem a pequenos cistos foliculares

Para a avaliação da pelve feminina, a USG é um exame excelente e fornece dados precisos do
útero (miométrio e endométrio) e dos ovários. Pode ser realizada por via suprapúbica (SP)
ou transvaginal (TV), esta última mais sensível a quase todos os tipos de alterações pélvicas;
no entanto, a USGTV não pode ser realizada em pacientes virgens. A USGSP deve ser feita
com a bexiga cheia, enquanto a USGTV deve ser feita com a bexiga vazia. Outra das raras
vantagens dessa via em relação à USGTV é a mensuração uterina em pacientes com útero
volumoso por miomas.

Figura 3 - Ultrassonografia pélvica por via transvaginal evidenciando o ovário esquerdo com cisto simples

Cistos anecoicos são frequentes nos exames ultrassonográficos e geralmente fisiológicos


(foliculares), denominados cistos “simples”. Quando são volumosos ou apresentam espes-
samento de parede, nodulação interna ou septações grosseiras, devemos incluir neoplasias
dentre os diagnósticos possíveis, sendo usualmente descritos como “complexos”.

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