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Autópsias médico-legais
As autópsias médico‑legais são realizadas por um médico perito coadjuvado por um auxiliar de
perícias tanatológicas. Havendo fundadas suspeitas de crime doloso, as autópsias médico‑legais
realizadas em comarca de outra área são obrigatoriamente executadas por dois médicos peritos,
coadjuvados por um auxiliar de perícias tanatológicas
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Morte violenta:
Homicídio: carta de despedida com letra diferente, sinais de luta, lesões de defesa,
sinais de violência objetivada, entrada forçada, ausência de arma no local, desordem
no vestuário
Suicídio: ausência de sinais de luta, ausência de lesões de defesa nem de lesões
traumáticas, aquisição recente de arma, ausência de desordem no vestuário e local
Acidente: ausência de lesões de defesa, antecedentes irrelevantes, informação
testemunhal compatível com esta etiologia, exame do vestuário e local em
conformidade, ausência de vestígios de outrem
Organização médico-legal
INML, sediado em Coimbra, criado em 2000
Competências dos gabinetes ML – realizar autópsias ML, ID cadáveres, embalsamentos
respeitantes aos óbitos ocorridos nas comarcas integradas na sua área de atuação; realizar exames e
perícias para descrição e avaliação do dano psicofísico, no âmbito do direito penal, civil e do trabalho
O conselho superior de ML não tem por função autorizar os diversos esquemas de
colaboração pedagógica entre os institutos de ML e as universidades ou escolas superiores, em
especial no que concerne ao ensino pós-graduado de ML
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Tanatologia
Estudo do cadáver, da morte e da sua causa; necro-identificação; tb pode determinar
idade dos vivos
Necro-identificação:
Vertente morfológica – mais fácil e acessível, descreve indivíduo, identificação
positiva
Vertente genética – mais difícil, é mais para exclusão
Podem ser feitas por:
o Método reconstrutivo – por recolha no próprio cadáver – permite desenhar
perfil de indivíduo – fatores genéricos de identificação
o Método comparativo – compara o perfil do desconhecido com os elementos
conhecidos em relação a um determinado suspeito – fatores
individualizantes de identificação – permite identificação positiva
Processo de necro-identificação em cadáver recente:
Exame geral – traços fisionómicos, sexo, idade aparente, peso (cuidado com a
putrefação), estatura, pelos, cor (cuidado, a córnea opacifica), cicatrizes,
malformações, tatuagens, espólio (roua e acessórios encontrados com o cadáver)
Exame odontológico forense – esmalte é o tecido mais resistente do corpo, resiste à
carbonização; dentição é única de cada um; comparar dentição com exames ante-
mortem
Dactiloscopia – são perenes, inalteráveis, únicas de cada um, bem conservadas nos
cadáveres, mesmo em estados avançados de putrefação
Exames radiológicos – características individuais; morfologia dos seios nasais (bastante
individualizada); desenvolvimento dentário (até aos 14 anos); pontos de ossificação
Lesões
1. Lesões modeladas/figuradas
Escoriações, erosões ou contusões superficiais que reproduzem a forma do agente que as
produziu. Permite Dx específico do agente traumático. Ex.: rasto de pneus, forma de ferradura,
estigmas ungueais (escoriações elípticas), mordeduras, estrias longitudinais (arrasto nos acidentes de
viação)
Mordedura – dois arcos interrompidos, opostos, rodeados por equimoses
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As três primeiras:
Não apresentam solução de continuidade da pele
Sem grande importância clínica
Têm uma enorme importância em termos médico-legais, devendo ser corretamente
estudadas, descritas e interpretadas.
Dão-nos informações valiosas, muitas vezes indispensáveis, para a resolução de casos
judiciais, tais como a produção vital ou post-mortem dos ferimentos, a direção e, por
vezes, o sentido do traumatismo, a ocorrência de luta, a forma do instrumento que as
produziu, etc...
Escoriação/ erosão
Traumatismo de pequena intensidade que atua tangencialmente à pele, sem produzir solução
de continuidade. A ação tangencial faz com que fiquem pontas levantadas na parte terminal do atrito
=> permite estabelecer sentido do movimento
Erosão – se a lesão se limita à epiderme
Escoriação se a derme também está lesada
Deslocamento subcutâneo
Aqui o traumatismo age tangencialmente sobre a pele, mas com maior intensidade embora
também não produzindo solução de continuidade.
Contusão superficial
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Nas pessoas idosas há maior fragilidade capilar e ficam com hematomas mais facilmente.
Se o traumatismo ocorre à distância da região em que aparecem as lesões, não se deve falar
em equimose, mas sim infiltração sanguínea.
Feridas contusas
Traumatismo vertical, violento, que produz solução de continuidade; bordos irregulares e
pontes tecidulares a unir os bordos (pequenos vasos e delicadas fibras)
Contusão profunda
Produzida por um traumatismo de grande intensidade, com infiltração hemorrágica em
profundidade, no plano muscular e/ou visceral
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No plano muscular, a infiltração pode ocorrer por contusão direta ou por infiltração
hemorrágica a partir de um foco de fratura vizinho.
A contusão visceral surge com mais frequência em órgãos maciços (cérebro, fígado, baço, rins)
Fraturas
Resultado de um traumatismo violento que dá origem a uma solução de continuidade do osso.
Devem ser abertos todos os focos de fratura existentes num cadáver (para ver se há contusões ou
secção medular)
Instrumentos perfurantes
Comprimento > diâmetro
Quanto ao orifício de entrada: se for instrumento fino, causa apenas ponto avermelhado, se
grosso o suficiente para ultrapassar a capacidade elástica da pele forma OE com orla de contusão (e
raramente há orla de contusão)
Quanto ao trajeto: se for ferimento vital apresenta infiltração sanguínea
Instrumentos cortantes
Instrumentos providos de uma lâmina. Aspeto fusiforme, linear, limpa com bordos regulares e
sem contusão. Cauda inicial (de ataque) e final (de saída, mais comprida e menos profunda)
Faca actua por deslizamento, não por perfuração.
Instrumentos corto-perfurantes
OE limpo, linear e fusiforme. Podem existir contusões ou escoriações.
Trajeto único ou múltiplo, perpendicular ou oblíquo
Instrumentos corto-contundentes
Ex.: machado, pá
DD com feridas cortantes – bordos mais irregulares e com orla de contusão. Atingem planos
mais profundos, podem causar fratura e não tem cauda
DD com feridas contusas – não têm pontes tecidulares a unir os bordos e atingem estruturas
mais profundas
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Suicídio – locais vitais, feridas compatíveis com o gesto da vítima, feridas de ensaio (pouco
profundas e junto à ferida vital), vestuário poupado
Homicídio – feridas múltiplas e graves, locais pouco compatíveis com gestos do próprio,
vestuário danificado (pesquisar dedadas de sangue também)
Lesões de defesa, por exemplo feridas na palma da mão ou bordo ulnar do braço
Por exemplo, no exame do local a existência de sinais de luta (móveis desarrumados, objectos
partidos…)
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Direção do disparo:
Ter em conta forma da tatuagem, da orla de contusão e do trajeto
Se for difícil distinguir entrada da saída, pesquisar presença de restos de vestuário ou produtos
da decomposição da pólvora – característicos da entrada!
o No crânio, orifício de entrada destrói mais tábua interna, enquanto saída destrói mais a
tábua externa
Distância do disparo:
Nas feridas de bala
o Cano encostado – entrada estrelada (gases entram na pele e rebentam-na), paredes
negras, determinar produtos da pólvora
o Queima-roupa (teórico, 5 cm) – ao alcance da chama => queima a roupa e pode
queimar orifício de entrada
o Curta distância (60 a 70 cm) – orla de contusão com tatuagens (negro de fumo se
próxima, depósitos de pólvora se remota)
o Longa distância (> 70 cm) – só orla de contusão, sem tatuagens
Nas feridas de caçadeira
o Curta distância – tem tatuagens
o Longa distância – afeta várias partes do corpo pelos grãos de chumbo que se dispersam
(> 1 m)
1 a 5 m – só cabeça
5 a 10 m – cabeça e pescoço
10 a 15 m – cabeça, pescoço e tórax
15 a 25 m – cabeça, pescoço, tórax e abdómen
Natureza do disparo (homicídio, suicídio, acidente):
Exame do local, arma (armas de ocasião favorecem suicídio) e do cadáver:
o Suicida retira a roupa, tem pólvora na mão
o Ver nº de entradas, localização e distância
o Espasmo cadavérico – mão que empunha a arma fica na mesma posição
ECDs – Rx, pólvora, resíduos de fumo
o Reações de Guttman e Brucina
Pesquisa pólvora por deteção de nitratos e nitritos: Guttman – azul; Brucina –
vermelho
Traumatismos cranioencefálicos
Lesão de tecidos moles – contusões, equimoses, hematomas, feridas, escalpe (arrancar couro
cabeludo); pode complicar para hemorragia, infeção, tromboflebite
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Fraturas cranianas
Perfurantes (raras), cortantes, corto-contundentes, contundentes, por arma de fogo
Complicações imediatas: hematoma, hemorragia externa ou intracraniana
Complicações tardias: infeção, lesões neurológicas, perda de LCE
Lesões intracranianas
Por compressão, fratura, traumatismo torácico (causa apneia, que leva a hipoxia
cerebral), movimentos de aceleração e desaceleração (lesões vasculares, mecanismo
de contragolpe)
Comoção cerebral (com perda transitória de consciência nuclear), contusão (perda de
consciência > 6 h), laceração (cicatrização pode originar focos epiléticos), edema (HIC –
focos de contusão), lesão axonal difusa, hidrocefalia aguda traumática, hemorragias
cerebrais (mais frequente é a HSA)
Complicações – coma, infeção, síndrome pós-concussional
Sequelas – psicose, paresia espástica, afasia, epilepsia, perturbação neurótica
Traumatismos do pescoço
Lesões por compressão, por arma branca ou arma de fogo. Se houver solução de continuidade
da traqueia pode originar enfisema, embolia gasosa ou asfixia
Traumatismos do tórax
Fraturas das costelas e esterno, lesões cardíacas (contusões, lacerações, feridas, rotura, lesões
dos grandes vasos), lesões pulmonares (feridas ou arrancamentos em traumas violentos)
Traumatismos abdominais
Lesões da parede (equimoses, hematomas, erosões, feridas), lesões ósseas, lesões viscerais
(baço, fígado, estômago, pâncreas, rim), lesões genitourinárias (mais nos homens)
Lesões dos tecidos moles, ósseas, de vasos e nervos, embolia gorda (rotura de tecido adiposo
da MO + rutura de veias)
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Embrião = produto da conceção até serem formados os órgãos. O que afeta a fase embrionária
pode, portanto, afetar a formação dos órgãos.
Na fase de feto já tem os órgãos e vai crescer – se houver interrupção, há um “nascimento”
(viável ou não fora do ventre materno).
Há uns anos era pouco provável que com menos de 28 semanas sobrevivesse. Hoje, com 20
semanas consegue-se que o bebé cresça e seja viável.
Mas do ponto de vista médico-legal é em qualquer idade da gravidez.
Numa autópsia encontrar mulher grávida é um achado da autópsia. Uma das lesões que a
vítima pode sofrer é a interrupção da gravidez.
Descreve-se o achado como se fosse um fígado ou outro órgão, uma vez que não chegou a
nascer. Não tem entidade jurídica. Não se faz funeral à parte.
Durante o parto e após o parto = infanticídio.
1. Aborto provocado
1ª fase – exercício violento, quedas voluntárias, duches vaginais
2ª fase – substâncias tóxicas (aloés, açafrão, absinto, camomila)
3ª fase – procedimentos mecânicos ou genitais diretos
Evolução – depende das condições de assepsia, se houve profilaxia AB, do tempo de gravidez e
do estado físico e psicológico da mãe
Aborto simples: sintomas premonitórios (mal-estar, vómitos, debilidade, lipotimias) => dor =>
hemorragia => expulsão
Aborto complicado: pode haver morte súbita por inibição reflexa
Acidentes imediatos (choque, hemorragia, embolia gasosa, gorda)
Acidentes de Dx posterior (retenção de instrumentos, lesões no feto,
desprendimentos, ruturas, escaras, lesões perfurantes)
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Rutura uterina espontânea – ocorre geralmente numa gravidez de termo, sem lesões traumáticas
noutros órgãos da mulher e feto; grande solução de continuidade no útero com atingimento do colo e
debilidade anterior da parede
Infanticídio – mão que mata filho durante ou logo após o parto, punida com pena de prisão de 1 a 5
anos; requer exame ML – exame local, autópsia ML do RN
Características do RN de termo:
Maturidade morfológica – cabelos > 2 cm, unhas visíveis para além da polpa, genitais
externos, pavilhões auriculares
Parâmetros métrico-ponderais – comprimento total 50 cm; comprimento do pé 9 cm;
perímetro cefálico 35 cm; idade gestacional em dias = comprimento (cm) x 5,6 – de
Balthazard e Dervieux
Estado de ossificação – ponto de ossificação de Béclard (na extremidade distal do fémur,
visível a partir das 34-36 semanas; diâmetro de 6 mm no recém-nascido de termo;
vermelho, lenticular, muito resistente a putrefação; sinal de Billard – tabiques
interalvelares bem desenhados nos RN de termo
Estado visceral, Hx dos órgão e tecidos, sinais BQ
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o Descritivas do pulmão –se cor-de-rosa, maciços, não arejados, bem encaixados nos
sulcos parietais, é pq nunca respiraram
o Hidrostática – se pulmões flutuarem em água é pq já respirou; muitos falsos
positivos devido a putrefação
o Hx pulmonar – mais seguro
o GI – se flutuarem em água, é porque RN já comeu; se nasceu morto, não há flora
intestinal
o Falsos negativos – vida sem respiração, etc
o Falsos positivos – respiração sem vida, etc
Manchas de Tardieu – podem ocorrem em qq situação em que tenha havido sofrimento fetal,
não implica infanticídio obrigatoriamente; ponteado hemorrágico nas serosas pulmonares e
petéquias hemorrágicas no timo
Se o cordão der a volta ao pescoço, não pode morrer por asfixia nos pulmões, morre, de facto,
por asfixia, porque não recebe ar através dos vasos sanguíneos do cordão umbilical.
“No exercício da sua profissão deve o médico cooperar com os serviços sanitários para defesa
da saúde pública, competindo-lhe designadamente (…) Verificar o óbito de pessoa a que tenha
prestado assistência médica”
Verificação do óbito: feita pelo médico que chegar primeiro junto do cadáver, ou por aquele
que seguia o doente no momento da morte, e verificar que houve cessação irreversível das funções
do tronco cerebral; feita em papel timbrado (se em ambulatório) ou no processo clínico; necessária a
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Certificação do óbito: modelo 1725 ou 1725ª (este para fetos mortos > 22 semanas, exceto
IVG e IMG) e recém-nascidos < 28 dias); deve constar info completa, com a causa e mecanismos de
morte:
Parte I
o Causa direta (a)
o Causa intermédia (b)
o Causa básica (c)
Parte II – outros estados mórbidos, fatores e estados fisiológicos que contribuíram para
falecimento
Estas duas tarefas são um ato único quando há logo conhecimento da causa da morte: morte
no domicílio, com assistência médica e conhecimento da causa; morte num estabelecimento saúde e
o médico assistente tenha chegado a Dx seguro da causa da morte
São atos distintos em casos de morte violenta, morte ignorada ou morte súbita (ou em curso
improvável para a doença de que padecia); aqui a autópsia interpõe-se obrigatoriamente entre a
verificação e a certificação do óbito, esta já sendo feita por um perito médico-legal.
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Precoces:
Livores – arroxeados; cerca de 15 min a 3 h após a morte; cessa força propulsora do
coração – sangue deposita-se nas zonas de declive; aspeto e intensidade dependem da
viscosidade do sangue
o Hemorragia severa interna ou externa – não há livores
o Zonas apertadas por roupa e de apoio – capilares colapsam – não há livores
o Cor carmim se intoxicação por CO; verdes se por ácido cianídrico
o Até às 6 h – móveis – aparecem 1º no lóbulo da orelha
o Entre as 6 e as 12 h – semimóveis
o Após 12 h – fixos
o Livores paradoxais – em regiões de não declive, com petéquias hemorrágicas (EAM,
asfixia mecânica)
o Hipostases viscerais – livores nas porções inferiores das vísceras
o Diferem das equimoses por estarem em declive, e à incisão com bisturi, nas
equimoses o sangue estar fortemente aderente aos tecidos e não ser lavável
DD entre trombos vitais e coágulos post-mortem:
Trombos vitais acinzentados, estriados, oclusão total do vaso, duros,
aderentes
Coágulos post-mortem vermelho vivo, lisos, brilhantes, oclusão
parcial, elásticos, não aderentes
Rigidez cadavérica – coagulação do plasma muscular, por desidratação, aumento de
lactato e menos ATP. Evolução:
o Flacidez inicial
o Rigidez inicial (2-4h), completa (6-12h), máxima (12-24h); primeiro mio liso, depois
estriados (1º é face); desaparece às 36h
o Flacidez secundária
o É precoce nas crianças e idosos, pouco acentuada e curta; nos adultos é tardia,
intensa e prolongada
o Se hemorragias crónicas ou atrofias musculares, é tardia, pouco acentuada e curta
o Espasmo cadavérico – variante da rigidez, logo após a morte, sem ser precedido de
flacidez; localizado, raramente generalizado
Suicídio, processos convulsivos/hemorragias centrais, armas de fogo, asfixia
mecânica
Se generalizado, atender à expressão da vítima – pode ajudar no DD ML
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Arrefecimento – o mais útil para determinar intervalo post-mortem nas primeiras 24h. Pés,
mãos e cara estão frios 2h após morte. As últimas a arrefecer são abdómen, axilas e
pescoço; as regiões cobertas estão frias após 4 a 5h
o Tempo post-mortem = 36,9 – (temp retal/0,8)
Como a temperatura ambiente e a massa corporal do indivíduo influenciam
o arrefecimento cadavérico, Hengsse elaborou um nomograma de simples
utilização que nos dá um fator corretivo do tempo post-mortem tendo em
conta os fatores, atrás descritos, que o influenciam
o Variações:
Nas doenças crónicas, hemorragias e grandes queimaduras arrefecimento é
mais rápido; é mais lento nas doenças agudas e sufocação, bem como no
tétano e intoxicação por estricnina (aumenta produção calor pelo músculo,
por excesso de atividade bacteriana)
É mais rápido em crianças, nos magros e em malnutridos
Desidratação
o Perda de peso – constante, mas só apreciável em recém-nascidos e crianças
pequenas
o Zonas de pele delgada e zonas que sofreram lesão imediatamente antes ou depois
da morte sofrem desidratação mais rápida – placas apergaminhadas
o Mucosas – lábios dos recém-nascidos e vulva das crianças
o Opacificação da córnea (após 45 min em olhos abertos, 24 h se fechados)
o Mancha esclerótica de Sommer-Larcher (só se olhos ficarem abertos)
o Afundamento e amolecimento do globo ocular
Coagulação intravascular e intracardíaca
Tardios:
Destrutivos
o Autólise – ação enzimática – esófago e estômago resistentes, pâncreas e cérebro
sensíveis; SR é a mais precoce
o Putrefação – fermentação pútrida de origem bacteriana
Fase cromática (vários dias) – Hb + ácido sulfídrico => sulfoHb (verde) – 24h
após a morte => mancha verde na FID, afogados no pescoço, fetos na face e
tórax e em zonas com lesões
Fase enfisematosa (dias – 2 semanas) – gases das bactérias acumula no
subcutâneo – cabeça incha, exoftalmia, procidência da língua, distensão
torácica e abdominal, dos genitais (prolapso uterino), rede venosa torna-se
aparente
Fase de liquefação/coliquativa (8 a 10 meses) – pele começa a desagregar-
se – bolhas subcutâneas com líquido escuro, pelos e unhas caem, gases
escapam
Fase esquelética (2-3 anos) – partes moles do cadáver desaparecem
Dificuldades na autópsia: impossibilita docimasias, pode mascarar lesões,
simula equimose, prejudica exames Hx, produz alcaloides cadavéricos,
impossibilita medição da alcoolémia
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Conservativos
o Naturais
Corificação/congelação
Saponificação (sobretudo em crianças) – obesidade + humidade + falta de
ventilação => formação de adipocera; não atinge vísceras; recente: untuosa
e moldável; antiga: dura, seca e quebradiça; odor amoniacal intenso
inicialmente; não é evidente nos primeiros 3 meses; melhora ID corpo,
preservação e reconhecimento de lesões, mas não permite ver tempo post-
mortem
Mumificação – magreza + boa ventilação + temperaturas elevadas =>
dessecação rápida do cadáver
o Artificiais – embalsamamento; refrigeração
2. Morte cerebral
Situação em que o indivíduo se encontra em coma profundo por lesão irreversível com
ausência de funções do SNC e com as restantes funções vitais mantidas por meios extraordinários de
suporte.
Relação de no mínimo dois conjuntos de provas com intervalo adequado à situação clínica e à
idade
Realização de ECDs, sempre que for considerado necessário
A execução das provas de morte cerebral por dois médicos especialistas (em neurologia,
neurocirurgiões ou com experiência de cuidados intensivos) (nenhum dos médicos que executa as
provas poderá pertencer a equipas envolvidas no transplante de órgãos ou tecidos e pelo menos um
não deverá pertencer à unidade ou serviço em que o doente esteja internado).
Critérios:
Ausência na totalidade dos reflexos do tronco cerebral relevantes (já anteriormente
descritos), onde, no reflexo fotomotor, as pupilas deverão ter um diâmetro fixo, bem
como a realização da prova de apneia confirmativa da ausência de respiração
espontânea.
Para verificar o diagnóstico de morte cerebral, é necessário que previamente se
conheça a causa e a irreversibilidade da situação clínica, que se constate a estabilidade
hemodinâmica do indivíduo e que se confirme a ausência de fatores que possam ser
responsabilizados pela supressão das funções do tronco cerebral (hipotermia,
alterações endócrino-metabólicas, depressores do SNC, bloqueadores
neuromusculares).
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4. Não esquecer
Mesmo que a morte seja uma consequência previsível na evolução de um estado mórbido
bem caracterizado e conhecido do médico, não exclui a obrigatoriedade do exame hábito externo do
cadáver (autópsia propriamente dita é feita por um exame do hábito externo: equimoses,
amputações... e depois é que se faz a análise do hábito interno).
Por outro lado, o médico deve conhecer as situações em que se encontra habilitado a
certificar o óbito e as que obrigam a autópsia médico-legal, facultando, nestes casos, a necessária
informação.
Ex.: deve fazer sempre um exame do hábito externo, porque pode acontecer que por exemplo
a família tenha querido antecipar o momento da morte, ou por eutanásia – mesmo nos cadáveres em
que o MP dispensa autópsia, tem de haver exame do hábito externo.
Acidentes de viação
Tipos de acidentes: colisão, despiste (com colisão ou queda), capotamento, atropelamento,
outros (explosão, colapso de via)
1. Causas gerais
Fator humano
Avarias mecânicas dos veículos
Condições das vias de circulação
Condições atmosféricas
Estas causas podem ser simultâneas, sendo sem dúvida a mais frequente o facto humano (80-
95%).
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Lesões externas
Grande desproporção entre a gravidade aparente manifestada pelas lesões externas e a
gravidade das lesões internas. Violência extrema – extensas lacerações...
Lesões internas
Lesões craniomeningoencefálicas – fraturas, hemorragias, contusões, lacerações encefálicas, lesões
de contragolpe
Lesões medulares - podem não ser mortais – sequelas talvez das mais graves pela incapacidade
resultantes (tetraplegia e paraplegia). Efeito “chicote” nas lesões cervicais (cabeça faz hiperextensão
seguida de hiperflexão, o que lesa medula cervical
Lesões torácicas - fraturas da grelha costal, com/sem laceração de folheto parietal da pleura,
lacerações pulmonares, cardíacas, ruturas da aorta; pode complicar para hemo ou pneumotórax,
volet costal, broncopneumonia
Lesões abdominais e abdominopélvicas – lacerações do baço, fígado, rins, SR; fraturas da bacia
(hemorragia abundante)
Lesões dos membros – as dos MI são mais graves (fémur – hemorragia abundante)
3. Atropelamento
Lesões vão depender da massa, velocidade, tipo de rodado, estabilidade e manobralidade do
veículo atropelante. Atropelamento pode ser também por multidões.
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A identificação das lesões como sendo devidas a atropelamento é difícil e até impossível
A identificação do veículo atropelante também é difícil – não há “lesões típicas” de certos
veículos.
A legislação preventiva abrange não só a condução rodoviária mas também o fabrico dos
veículos automóveis.
Cinto de segurança
Uso obrigatório
Reduziu em mais de 25% o número de mortos e feridos graves, ao diminuir o risco de projeção
das vítimas
Reduziu drasticamente o número de feridos leves, com lesões faciais (especialmente
oftalmológicas)
Os cintos de segurança podem produzir lesões graves, por vezes a morte
Podem impedir que a vítima saia do veículo com rapidez, no caso de incêndio.
Casuisticamente, os acidentes de viação seguidos de incêndio ou explosão são em número muito
inferior aos acidentes por colisão, despiste ou capotamento.
Air bag
Impedem as lesões devidas ao impacto direto dos ocupantes do veículo com o volante e/ou
com o tablier; impedem as lesões devidas à hiperflexão dos ocupantes; não impedem a saída rápida
da vítima do interior do veículo.
Capacetes de proteção
Nos países desenvolvidos, o número de veículos motorizados de duas rodas é inferior ao
número de veículos de quatro rodas.
Evita os impactos diretos, e consequentemente, as fraturas da abóbada craniana. No entanto,
não evita fraturas da base do crânio, nem lesões meningoencefálicas devidas às forças de aceleração
e desaceleração
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Importância social
Ressonância nos meios de comunicação social
Riscos para a saúde pública
Riscos para a ordem pública
Situação emocional dos familiares
Exigências das investigações policiais
Queimaduras
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Por agentes químicos: queimaduras de grau uniforme, com sulcos; se ingeridos causam
escaras na boca e lábios; grau depende da concentração
Ácidos – escaras secas brancas, e depois negras se sulfúrico, amarelas se nítrico,
cinzentas se clorídrico (Hx – conservados, dilatação sanguínea e linfática)
Bases – escaras moles, translúcidas, húmidas, tornam-se saponosas (Hx – bem corados,
vasoconstrição, eritrólise, núcleos desfigurados)
Sais – escaras brancas
Gases bélicos – flictenas (bolhas)
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1.2. Carbonização
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Vísceras conservadas, quando não houve rotura das cavidades, mas com significativa
diminuição de peso
Fracturas ósseas (extremidades, tórax e crânio)
Hematoma epidural disseminado – por ação do calor
Depósitos de gordura nos vasos pulmonares por liquefação dos lípidos subcutâneos
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Direito penal – apenas considera os danos à integridade corporal ou saúde da vítima; o dano
não é personalizado nem se valoriza em termos futuros
Direito civil – já entra em linha de conta com danos patrimoniais e não patrimoniais; todo o
dano é indemnizável; prevê danos futuros (ao contrário do dano potencial, que por não ser certo, não
é contemplado na avaliação pericial); o dano é personalizado (pessoa como um todo); processos
difíceis de reabrir; custos suportados pela vítima
Direito do trabalho – vê a pessoa apenas como entidade produtiva (pode ficar desfigurado,
mas se puder trabalhar não tem direito a reparação); indemnização apenas compensa a incapacidade
de ganho; danos futuros não avaliados, dá-se um valor da incapacidade no exato momento; processos
podem ser reabertos nos 10 anos seguintes; custos não suportados pela vítima
Direito de trabalho
Reparação no direito de trabalho – quando houver acidentes dos quais resultam lesão
corporal, perturbação funcional ou doença quando se verifique a morte ou redução da capacidade de
ganho ou de trabalho. Danos reparáveis apenas se referem à incapacidade para o trabalho no
momento. O mesmo dano só pode ser reparado uma vez – quando ocorre outro acidente após o que
tinha deixado incapacidade, já não se contabiliza o dano partindo dos 100%, mas sim da capacidade
resultante do 1º acidente. Nas doenças profissionais (DD com acidente de trabalho: ocorrem
insidiosamente) também pode haver direito a recuperação – estão em listas e outras que sejam
provadas medicamente. As prestações de acidente de trabalho e doenças profissionais são
irrecusáveis – processo judicial é gratuito; há favorecimento da vítima em relação à prova (patrão é
que tem de provar o contrário). Para ser acidente, doente não pode ter responsabilidade na situação.
Reparação pode ser em capital (todo de uma vez, ou em pensão se incapacidade > 30%)
O relatório deve ser enviado no prazo de 30 dias
Tabelas nacionais de incapacidade (TNI) – objetivas, mas pouco adequadas – devia ser de um
procedimento pluridisciplinar – são um mal necessário. Não têm valor absoluto, servem como
referência e são um meio de controlo da indisciplina. Promovem uniformidade de critérios. Há
necessidade de justificar medicamente as taxas encontradas.
Os coeficientes de incapacidade previstos são bonificados, até ao limite da unidade,
com uma multiplicação pelo fator 1,5, segundo a fórmula IG + (IG × 0.5), se a vítima não for
reconvertível em relação ao posto de trabalho ou tiver 50 anos ou mais quando não tiver beneficiado
da aplicação desse fator.
Carácter redutor da regra de Balthazard (regra da capacidade restante) – o
politraumatizado com sequelas não sinérgicas está em desvantagem
Direito penal
DD entre ofensa à integridade física simples e grave:
Ofensa grave – privação de importante órgão ou membro; grave e permanente desfiguração;
tirar ou afetar capacidade trabalho, intelectual, de procriação e a possibilidade de uso do corpo,
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Direito civil
Danos patrimoniais
Há reparação integral do dano.
Patrimoniais – aqueles que têm referencial económico direto, com tradução matemática
(custo de prótese, faltas ao trabalho, etc)
Não patrimoniais – relacionados com prejuízos sentidos, experiência subjetiva, sem tradução
monetária (dor, por exemplo)
O direito civil avalia a incapacidade geral e profissional que as lesões provocam
Cura/consolidação em ML
Cura – implica recuperação total, sem quaisquer sequelas
Consolidação – estabilização da lesão, deixando sequelas e/ou limitações. Lesão é fixa e
permanente, de tal forma que qq Tx não é mais necessário a não ser para evitar agravamento e em
que é possível apreciar um dado prejuízo definitivo.
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Quantum doloris é avaliada por vários métodos, e incluídas num grau de 1 (muito ligeiro) a 7
(muito importante)
O quantum doloris só se avalia até à consolidação, a partir daí a dor entra noutros parâmetros:
IPP (incapacidade permanente parcial), dano estético, prejuízo da afirmação pessoal
Classificação do dano
Dano certo – atual + futuro => indemnizável
Dano futuro
Dano potencial – agravamento admissível, mas não provável. É hipotético. Se ocorrer há
reabertura do processo
Dano estético – é permanente, subjetivo, também tem 7 graus, sendo o 7 o “muito
importante”. Deve personalizar-se o dano (repercussão psicológica dessa dano nessa pessoa). Deve
ter-se em conta na avaliação o local, a repercussão com o indivíduo parado e se o dano se exacerba
com atos e gestos correntes do dia-a-dia
Prejuízo de afirmação pessoal – diminuição ou privação das satisfações e prazeres da vida.
Graus de 1 a 5
O perito chamado a intervir em Processo penal pode ter um papel decisivo na averiguação da
existência de crime, mas também é fundamental para determinar a consequência jurídica derivada
desse comportamento. A prova pericial é um meio de prova. Tem lugar quando a prova ou apreciação
dos factos exigir especiais conhecimentos técnicos, científicos ou artísticos.
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O perito apenas se deve pronunciar se a região que foi atingida aloja órgãos essenciais à vida,
e se tal agressão foi com instrumento que, pela sua natureza e pela violência de actuação, o tornavam
apto e adequado a produzir lesões mortais.
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O mtDNA não serve para estudos de paternidade, é herdado da mãe (bom para testes de
maternidade). É muito resistente à degradação, por isso é muito usado noutros estudos forenses.
Características vantajosas, nomeadamente quando há ossadas muito antigas, material biológico
muito degradado, porque é um tipo de ADN circular, de dimensões pequenas – último recurso
quando não são possíveis marcadores autossómicos.
Criminalística biológica
Exame do local, da vítima e do agressor.
Tipos de vestígios mais frequentes:
Manchas de sangue
Manchas de esperma
Pelos
Saliva
Dentes
Outras manchas
1. Colheitas
Estudo da forma, disposição, constituição, cheiro, cor, local, tamanho e idade da mancha.
Fotografar e marcar localização. Observar local para ver se há mais vestígios
Evitar conspurcação da mancha (não falar, tossir, espirrar)
Enviar a peça inteira ou recortar um bocado do tecido que tem a mancha. Secá-lo com ar frio
para evitar proliferação bacteriana e enviar em embalagem fechada de papel, refrigerado e sempre
sob cadeia de custódia
Se não for possível enviar peça ou recorte, colher: com algodão e água destilada se
absorvente, raspar com bisturi se se não absorvente
Manchas de sangue – possível usar durante anos; conservar a 4ºC (máx 2 dias) ou -20ºC.
Reações a fazer:
De orientação – colorimétricas, BQ, imunoeletroforese, Kastle-Meyer (fenolftaleína
reage na presença de Hb)
DD animal/hmano – Hx (difícil), imunológicas
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2. Colheitas no cadáver
Possibilidades de utilização
Esperma da cavidade bucal: horas
Esperma da cavidade vaginal: horas
Manchas de sangue: anos
Manchas de esperma: anos
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CROMOSSOMA Y
Tem várias sequências repetitivas, muito específicas – funciona como o mtDNA, mas na parte
masculina
Porque identifica material masculino, se houver dois alelos, é porque houve dois violadores,
por exemplo – serve para exclusão do suspeito em crimes sexuais
Não se deve fazer cálculo de likelihood-ratio nem teste de paternidade com este DNA
Morte súbita
As mortes de causa natural são com grande frequência objeto de autópsia médico-legal;
Quando mais tempo decorre entre o início dos sintomas premonitórios e a morte maior é a
probabilidade de o clínico fazer um diagnóstico que possibilite a emissão de uma certidão de óbito;
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Atitude ML na morte súbita – fazer exame macroscópico do cadáver, exame Hx e BQ; se não
derem indicações da causa de morte => autópsia negativa ou branca => fazer investigação
toxicológica
Morte por inibição – morte súbita (falência cardíaca aguda neurogénica) que ocorre em
indivíduos que não têm antecedentes patológicos (na maioria das vezes) – resulta da paragem
definitiva cardíaca ou respiratória, por excitação nervosa - Dx de exclusão (autópsia branca ou com
sinais específicos)
A função cardiovascular pode alterar-se de forma reflexa através do sistema nervoso
autónomo nas seguintes situações:
1. Emoção- emoções fortes têm efeitos inibitórios (parassimpáticos), enquanto medo pode
causar estimulação simpática
2. Variação da pressão nos seios carotídeos - pode causar intensa estimulação
parassimpática.
3. Excitação dos nervos viscerais
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Violência – uso intencional de força física ou poder, real ou sob a forma de ameaça, contra o
próprio, outra pessoa, um grupo ou comunidade, que resulta ou tem um elevado potencial de
resultar em lesão, morte, dano psicológico, mau desenvolvimento ou privação
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Os estudos casuísticos baseiam-se nas denúncias efetuadas, pelo que a sua verdadeira
incidência permanece desconhecida.
Exame ML
Entrevista, exame do local se possível
Exame do vestuário – roupa deve ser conservada em sacos de papel a 4ºC; geralmente
há mais restos biológicos na roupa que no corpo
Exame corporal – geralmente negativos porque:
o Grande intervalo de tempo entre abuso e exame
o Cicatrização rápida ou hímen complacente
o Ato sexual não invasivo (não causa lesões)
o Uso de preservativo/ausência de ejaculação
o Lavagens frequentes das vítimas
Colheita das amostras biológicas (com zaragatoa sem meio de cultura)
Exame corporal:
DD com doenças dermatológicas, congénitas, adquiridas ou autoinfligidas
Especial atenção a zonas de apoio, zonas suscetíveis (face), zonas vitais e zonas de
proteção e contenção
Exame geral
Avaliar mucosa bucal (ao fim de 6/7 h sémen desaparece da cavidade oral)
Exame perineal masculino – púbis, pénis (com e sem glande descoberta; lesão do
meato urinário ou freio, corpos estranhos, edema do pénis ou prepúcio, sangue),
escroto (dor à palpação, hematomas, feridas), anal
Exame perineal feminino
o Caracteres sexuais secundários (avaliar estádios pubertários de Tanner)
o Exame genital – com face interna coxa, púbis, lábios, clitóris, uretra e região
sub-uretral, vagina e colo do útero
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Hímen complacente – permite introdução de 2 dedos, logo, do pénis, sem apresentar soluções
de continuidade traumáticas. Pode ter ostíolo naturalmente largo, entalhes congénitos que o
possibilitem ou possuir elasticidade tal que não rompe com a cópula
Urgências médico-legais
Em Coimbra, Lisboa e Porto, 24h por dia
Agressões ocorridas há menos de 72 horas independentemente do tipo de actividade
sexual referida;
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Agressões em que tenha ocorrido ejaculação, desde que a vítima não tenha feito
higiene pessoal;
Casos em que persista ou tenha existido hemorragia ou dor genital;
Possibilidade de uma gravidez em curso ou de ter contraído uma IST;
Relato de uso excessivo de violência física.
Para ML: crianças – 0 aos 14 anos; adolescentes – 14 aos 16 anos
Lesões genitais graves (violentas): lacerações perineais, do fundo de saco posterior com
hemorragia abundante e anais
Lesões genitais ligeiras: contusões vaginais ou cervicais, rasgões himeniais discretos,
escoriações, edema, restos de corpos estranhos
ETANOL
Absorção: 20% estômago, 80% ID. Eliminação pela urina, suor e ar expirado (2 a 10%). 90 a 98% é
metabolizado.
1 mg de etanol por L de ar expirado (TAE) = 2,3 g por L de sangue (TAS)
Colheitas para exame toxicológico de quantificação da TAS:
Vivo – volume de 10 cm3 de sangue venoso, em tubo de igual volume com anticoagulantes e
conservantes
Cadáver – mais do que 1 amostra de 10 cm3 da veia femoral, em tubo de igual volume com
conservante adequado
Cálculo retrospetivo da alcoolémia: não deve ser usado quando estão em causa limites legais, pois
cálculo não é muito correto (devido a β). Apenas aplicável na fase de eliminação.
C0 = C(t) + β , onde C0 – concentração de álcool para a hora pretendida; C(t) – concentração no
momento da extração; β – coeficiente de oxidação do etanol no sangue (varia de 0,09 a 0,36 g L-1 h-1,
intra e inter-individualmente; consumidores moderados – 0,15; consumidores habituais – 0,19;
consumidores excessivos – 0,22)
Antes do início da colheita pela veia, deve ser feita laqueação, de forma ao sangue não voltar
para trás.
A determinação da TAS no cadáver em hematomas não é correta! Deve ser feito em vasos
periféricos, e se tal não for possível, em vasos centrais, desde que intervalo post-mortem < 18 h, não
haja putrefação, trauma toraco-abdominal severo, aspiração de vómito ou presença de etanol no
conteúdo gástrico.
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Pode haver perda ou síntese post-mortem de etanol (por microrganismos, por exemplo).
A difusão passiva do álcool presente no conteúdo estomacal ou nas vias respiratórias
contaminada que poderá estar por aspiração de vômitos continua após a morte. A dosagem alcoólica
efetuada no sangue colhido do coração ou da cavidade torácica, poderá estar aumentada em relação
ao valor real dessa medida. Consequentemente, a concentração do álcool desses locais poderá ser
significativamente maior do que aquela contida no sangue colhido de veias periféricas. A produção
endógena de etanol ocorre pela ação de microrganismos sobre substratos endógenos principalmente
glicose e lactato. Temperaturas elevadas do meio externo, severa hiperglicemia terminal, septicemia,
lesões corporais produzidas por instrumentos perfurantes, cortantes, contundentes etc., representam
condições férteis para a síntese post-mortem de etanol; mutilação do corpo, como ocorre em
acidentes aeronáuticos, tem um elevado risco de produção de álcool, porque expõe os órgãos do
cadáver à contaminação pelos microrganismos do meio ambiente.
O tribunal, sabendo que foi encontrado um corpo há uma semana, em estado de putrefação,
não deve pedir exame de alcoolémia.
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Toxicologia
Tóxico – todo o agente suscetível de gerar efeitos nocivos sobre os seres vivos, alterando os
equilíbrios orgânicos que se sucedem normalmente
Veneno – substância tóxica empregue de maneira intencional
Fatores que influenciam toxicidade – DT50, DL50, latência, tempo letal, função renal (idosos,
crianças)…
Fatores que influenciam absorção – pH do meio, motilidade intestinal (diarreia é mecanismo
de defesa), vómitos, flora intestinal (ciclo entero-hepático prolonga tempo de permanência), diluição,
presença de alimentos, idade
As análises toxicológicas devem ser sempre feitas em sangue total e não em soro – para poder
ser avaliada a forma livre (a única capaz de atuar) do tóxico e a sua ligação às proteínas plasmáticas
Colheitas são acondicionadas em contentores específicos (para voláteis, não deve haver
câmara de ar), etiquetados, fechados e selados, mantidos ao abrigo da luz. Acompanhados de
requisição previamente preenchida.
Tipos de amostras: sangue (a mais útil), bílis (qdo não há urina), pulmão (nos tóxicos voláteis),
rins (intoxicação crónica por metal), fígado (qdo não há sangue, ou qdo são pesticidas), cérebro (nos
casos de morte por inalação de solventes), cabelo (fornece dados toxicológicos de um intervalo muito
alargado de tempo), humor vítreo (análise de etanol qdo não há sangue; resistente à contaminação
bacteriana)
Intoxicação por CO
CO é incolor, inodoro, insípido, não irritante e densidade 0,97 (difunde-se facilmente em
ambientes fechados)
Etiologia ML: acidental (a + comum), suicídio (muito frequente), criminal (muito raro)
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Liga-se à Hb com mais afinidade que O2 => carboxiemoglobina (ligação reversível e dissociável)
Na autópsia: livores carmim + tecidos vermelhos (pela HbCO) + hemorragias nas meninges e
córtex + sangue muito fluído e vermelho + face rosada + intensa congestão visceral + edema
carminado pulmonar (espuma sanguinolenta) + edema cerebral
Dados laboratoriais – coeficiente de Grehart para a HbCO: se > 0,2 é sintomática; se > 0,6
conduz à morte
Sintomas: cefaleias, vertigens, astenia intensa
Drogas de abuso
Morfina – opioide, depressão do SNC, depressão respiratória central, miose, antitússica, obstipante,
vasodilatadora periférica, taquicardia com bradicardia reflexa. Excreção sobretudo urinária –
detetam-se altos níveis de morfina e baixos de codeína
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Cocaína – inibidor da MAO e da recaptação das monoaminas - tem efeitos simpático-like; 1ª fase
(euforia, confiança, desinibição), 2ª fase (convulsões, taquicardia, HTA, cianose, dispneia), 3ª fase (
depressão SNC), morte por overdose
Dx de intoxicação – midríase + lesões traumáticas por convulsões + perfuração do septo nasal
+ sinais de punção recentes + queratite + erosões do esmalte + queimaduras superficiais,
hiperqueratose, escurecimento palmar
Consumo recente – cocaína na urina + alta [] no pulmão + alta [] no sangue ou saliva
Consumo não recente – baixa cocaína no sangue e cérebro, e altos de benzoilecgonina (BE) na
urina e sangue
Intoxicações medicamentosas
Pesquisar não só o medicamento suspeito, mas também os seus metabolitos ativos
Etiologia ML – acidental (mto frequente), suicído (90% dos casos de intoxicação grave), homicídio
(difícil administrar a dose letal sem que a vítima se aperceba)
Ansiolíticos – os mais detetados nas intoxicações; geralmente seguros, pouco potencial de abuso;
dose letal muito superior à terapêutica; causam dependência física e psíquica; se associados a álcool e
opioides podem causar morte; passam BHE e barreira placentar; intensa metabolização hepática; BZD
de ação curta e i.v. pode causar morte
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AAS – acidental, sobretudo em crianças; alt metabólicas, sintomas GI, alt SNC, alt hematológicas, IR
aguda, alt pulmonares e hepáticas; intoxicação crónica leva a agitação, problemas de visão e audição,
gastrite, hemorragia digestiva oculta, úlcera péptica, hipoglicémia, alergia, necrose e nefrite papilar
do rim
Paracetamol – metabolito intermediário muito tóxico (NAPQI), que em doses altas de paracetamol, a
taxa de metabolização pelo fígado não é suficiente para o metabolizar – necrose dos hepatócitos;
náuseas, vómitos, dor abdominal, sinais de hepatotoxicidade (12 a 36 h), icterícia (3º ou 4º dia);
insuficiência hepática, com alt consciência, confusão, hipoglicémia e hiperventilação
Pesticidas
Etiologia ML – acidental (profissões agrícolas, alimentos não lavados); suicídio (cada vez mais
frequentes, pela fácil aquisição); homicídio (pouco frequente)
Carbamatos – inibem reversivelmente colinesterases; poucos efeitos no SNC (difícil passar BHE);
intoxicação dura menos de 24 h)
Organoclorados – DDT – menos perigoso, dialdrin – mais perigoso; fora do mercado; agressão
hepática, nervosa, GI, coma
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Paraquato – geralmente envolvido em suicídio ou acidentes com crianças; sem absorção pulmonar
nem metabolização; excreção renal; ação cáustica direta, fibrose e densificação pulmonar, edema e
hemorragias das VAS; se crónica – parkinsonismo; forma sobreaguda – falência multiorgânica (máx 72
h sobrevivência)
Violência conjugal
Asfixias mecânicas
Sinais externos: sulco à volta do pescoço, abaixo da cartilagem laríngea; face tumefacta,
avermelhada, cianose das orelhas, língua entre arcadas dentárias, hemorragias auriculares (com ou
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sem rutura do tímpano), sufusões sanguíneas nos lábios, conjuntivas, face e pescoço. Se homicídio –
estigmas ungueais + equimoses/escoriações junto do sulco ou dispersas por todo o corpo
Constrição do feixe vasculonervoso do pescoço: se simétrica => face pálida; se assimétrica => face
cianosada, por sangue lá chegar mas não conseguir sair por colapso das jugulares
Sinais externos: sulco à volta do pescoço, face pálida e cianose perioral, espuma na boca e nariz,
língua entre arcadas ou propulsionada (pode ter lesões traumáticas ou estar negra por desidratação),
hemorragias auriculares com ou sem rutura do tímpano, hemorragias nasais, sufusões labiais,
conjuntiva e pescoço, livores cadavéricos, esperma no meato urinário (devido à fase de excitação
cortical e medular da asfixia, ocorre na última respiração possível)
Sinais internos: linha argentina (prateada), sufusões sanguíneas subcutâneas, hemorragias e ruturas
musculares; Sinal de Martin – infiltrações hemorrágicas do músculo e adventícia muscular; sinal de
Amussat – lacerações da túnica interna das carótidas (sinal de Otto se jugulares internas); fratura do
hioide e aparelho laríngeo, equimose retrofaríngea e rutura de ligamentos, ponteado hemorrágico na
face interna palpebral (também no estrangulamento)
DD com estrangulamento com laço – pelas características do sulco existente no pescoço e nas lesões
observadas internamente a este nível
Sufocação
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Oclusão dos orifícios respiratórios – morte por anoxia anóxica (mais comum), inibição reflexa,
inalação se solventes; sinais gerais de asfixia (sangue fluído e escuro, congestão visceral generalizada,
sufusões) ou patologia sugestiva de possível crise epilética
Oclusão interna das vias respiratórias – corpo estranho (pode ser de menor diâmetro, causa edema),
morte por anoxia anóxica ou inibição reflexa, sinais gerais asfíxicos, corpo estranho ou sinais de
soterramento
Permanência em espaço confinado – morte por anoxia anóxica; sinais gerais de asfixia + humidade do
vestuário e pele, lesões traumáticas de defesa + lesões nas unhas + defecações no local
Submersão
Paragem da respiração => hipercapnia => inspiração involuntária de água => anoxia
Mecanismo de morte: anoxia cerebral irreversível, alterações eletrolíticas (água doce – hipervolemia,
hemólise, hipercaliémia; água salgada – hemoconcentração, edema pulmonar, anoxia miocárdica);
laringospasmo (10 a 15%) – pulmões dilatados e crepitantes, mas secos; inibição cardíaca reflexa
(estímulo vagal por entrada rápida de água na laringe)
Sinais externos: livores claros, sem localização definida, maceração cutânea, cútis anserina (pele de
galinha – rigidez cadavérica), cogumelo de espuma
Psiquiatria forense
Um indivíduo, para ser julgado como criminoso, deve possuir inteligência, liberdade e vontade
próprias, que o tornem responsável pelos seus atos
Inimputabilidade:
Menores de 16 anos
Doentes com anomalias psíquicas, que os tornem incapazes de avaliar a ilicitude dos atos que
cometem – não é excluída inimputabilidade mesmo que a anomalia psíquica tenha sido
provocada pelo próprio de modo a poder cometer o ato licitamente
o Perturbações afetivas e de personalidade não são inimputáveis, mas as psicóticas já
são
É para um ato específico, e não para toda a vida
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Perigosidade – não é um Dx nem Px; é uma previsão, baseada em indícios médico-psicológicos, legais
(antecedentes judiciais) e sociais (fatores do meio). A opinião do perito deve ser sempre reservada
até que se verifique a resposta Tx. Segundo a legislação, todo o inimputável será considerado
perigoso quando é de esperar que venha a cometer outros fatores típicos graves
Internamentos psiquiátricos:
Indivíduo que ainda não cometeu crime, mas a lei antecipa-se com internamento preventivo
Indivíduo que cometeu crime e por razões psiquiátricas cumpre a pena num estabelecimento
de saúde mental com medidas de segurança
Quando houver fundado receio que venha a cometer outros crimes graves
Internamento superir a 3 anos caso tenha praticado homicídio
De 2 em 2 anos situação do doente é revista
Quase sempre em regime aberto
o Exceções: primeiros 4 ou 5 dias, graves alterações do estado de consciência, risco de
suicídio, agitação psicomotora grave, agressividade auto e hetero dirigida)
DIREITO MÉDICO
Normas de preenchimento de alguns documentos médicos
Atestado médico
Por doença
Para assistência a familiares
De robustez (psíquica e física)
Indicar sempre data de ínicio, os impedimentos e o tempo provável de incapacidade que
determina. Nos atestados de robustez, é essencial mencionar sempre a função que a pessoa
vai desempenhar
O atestado não deve especificar o mal de que o doente sofre, salvo por solicitação expressa
deste, devendo o médico fazer constar o condicionalismo previsto.
Receitas - de acordo com o art. 96º do CDOM as receitas devem ser redigidas em língua portuguesa,
manuscritas a tinta com letra bem legível, ou dactilografadas de forma bem percetível, sem
abreviaturas não consagradas e devidamente datadas.
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Perícias médico-legais
Perito – deve ter sólida preparação médica, conhecimentos jurídicos, domínio da peritagem ML
Poderão ser realizadas, por indicação do INML, em serviço de saúde.
Perícias urgentes – 1 perito em serviço de escala em cada delegação e gabinete ML, desde que
haja nº de peritos suficiente para assegurar período de prevenção
Denúncia de crimes – delegações e gabinetes ML devem remetê-las o mais rapidamente
possível ao MP, podendo praticar atos cautelares necessários e urgentes para assegurar os meios de
prova, procedendo ao exame, colheita preservação de vestígios, sem prejuízo das competências legais
da autoridade policial à qual competir a investigação, sempre que necessário
Responsabilidade – são autónomos e são responsáveis pelos atos por si efetuados; são obrigados
a respeitar normas, modelos e metodologias periciais
Obrigatoriedade de sujeição a exames – sempre que se mostrar necessário ao inquérito ou à
instrução de qualquer processo, e desde que ordenado pela autoridade judiciária competente nos termos
da lei
Denúncia de crimes
Tramitação do processo penal: inicia-se com a aquisição da notícia da prática de crime => abertura da
fase de inquérito => MP deduz acusação se provas suficientes (com posterior julgamento e decisão
de absolvição ou condenação), ou profere despacho de arquivamento
Princípio da oficialidade – iniciativa de investigar infração e decisão de a submeter a julgamento
competem a entidade pública, estadual (MP). Tem desvios, devido aos tipos de crime
Existem 3 tipos legais de crimes:
Públicos – basta notícia do crime para MP exercer ação penal, independentemente da vontade do
ofendido; denúncia destes crimes é obrigatória; são eles: violência doméstica, maus-tratos, crimes
sexuais contra menores
Semipúblicos – o ofendido tem de apresentar queixa (não é de denúncia obrigatória), mas é o MP
que deduz a acusação; são eles: atos sexuais com adolescentes (14 aos 16 anos) com abuso de
inexperiência, crimes sexuais contra maiores – quando um destes crimes resulta em suicídio ou
morte da vítima, passa a ser considerado crime público
Particulares – é necessário que a vítima se queixe (não é de denúncia obrigatória), se constituam
assistentes e deduzam acusação particular – é o assistente que decide, no fim do inquérito, sobre
a dedução da acusação; ofendido pode desistir da queixa
Conflito entre o dever de denúncia e o dever de guardar segredo profissional – critério de resolução
de conflito passará sempre por uma ponderação, caso a caso => sempre que a quebra do segredo
semostre justificada, segundo o princípio de prevalência do interesse preponderante, o tribunal pode
decidir que haja prestação de testemunho
Os serviços médico-legais intervêm:
Mediante despacho da autoridade judiciária competente
Mediante solicitação dos órgãos de polícia criminal
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Homicídio por negligência – até 3 anos ou multa; se negligência grosseira => até 5 anos
Tipos legais de crime: homicídio por negligência, ofensa à integridade física por negligência,
intervenções médico-cirúrgicas arbitrárias, eutanásia, auxílio ao suicídio, aborto, violação de segredo
profissional, recusa de médico, atestado falso
Deveres: leis gerais, código deontológico, estatuto da OM, estatuto disciplinar dos médicos,
Pilares:
Poder disciplinar
Infração disciplinar
o O médico que, por ação ou omissão, viola os deveres decorrentes da OM e/ou do
código deontológico
Sanção disciplinar:
o Consequência da infração, adequada à finalidade da responsabilidade disciplinar,
adequada à gravidade do comportamento
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Procedimento disciplinar
O direito de instaurar procedimento disciplinar prescreve em 3 anos; este prazo pode ser
alargado caso a infração constitua um ilícito penal, sendo idêntico ao processo-crime se este
for superior
Os profissionais de saúde em regime liberal devem ser titulares de seguro contra os riscos
decorrentes do exercício das suas funções
Seguro de responsabilidade extracontratual (delitual ou aquiliano) (quando violação de
direitos absolutos ou da prática de certos actos que, embora lícitos, causam prejuízo a
outrem
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Pressupostos gerais: o fator voluntário, o facto ilícito, o dano, o nexo de causalidade entre o
facto e o dano, a culpa.
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