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Resumo

Resumo de Antropologia Forense 0

Antropologia
Forense

Gabriella Amância Matos


Universidade Federal de Campina Grande

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1. Definição
É o ramo da medicina-legal que estuda a identidade e identificação do ser
humano através de um processo técnico-cientifico organizado de individualização da
idade, do sexo, do padrão racial e da estatura, determinado assim causa, data e
circunstancias de morte. Hoje, graças a ciência forense é possível uma estruturação da
identificação de vivos (desaparecidos, pacientes com condições mentais demenciais,
menores de idade) e mortos (cadáveres em putrefação avançada, desastres em massa,
mutilados) a fim de facilitar o processo de reconhecimento.

2. Identidade e Identificação
Identidade é definida por um conjunto de caracteres que individualiza uma
pessoa fazendo-a distinta das demais. Identificação é o processo pelo qual se determina
a identidade de um ser humano ou de uma coisa, é identificar a individualidade de
alguém e estabelecer caracteres que a fazem diferente das outras pessoas e igual
somente a si mesma.

A importância da identificação reside nas relações sociais, como no foro penal


(na identificação de criminosos através de pistas); no foro civil (casamento, investigação
de paternidade); na justiça eleitoral (identificação de cada eleitor); foro internacional
(controle de estrangeiros e clandestinos).

3. Fundamentos dos Métodos de Identificação


Qualquer processo de identificação tem que se basear em sinais e dados
peculiares do indivíduo. Os sinais e dados utilizados na identificação são elementos
sinaléticos, que em conjunto são capazes de identificar um indivíduo. O conjunto de
elementos sinaléticos deve preencher a 4 quesitos técnicos: 1- Unicidade: exclusivo do
indivíduo; 2- Imutabilidade: não se modificar facilmente pela ação do meio ambiente,

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idade ou outras doenças; 3- Praticabilidade: serem fáceis de registrar, ex. estudo de


impressões digitais; 4- Classificabilidade: processos de identificação devem valer-se de
elementos de racional localização de arquivos.

4. Métodos de Identificação
• Mutilações, marcas e tatuagens

As pessoas podem apresentar marcas congênitas ou adquiridas como


consequência de traumatismos e doenças, como exemplo de certos sinais distribuídos
pelo corpo, cicatrizes e deformidades articulares. Além dessas marcas, as tatuagens,
com suas diferentes formas e cores podem definir um pouco sobre a identidade do
indivíduo, assim como definir sua religião e relações sociais e têm valor em corpos em
estado de decomposição por se situarem na derme. Tais métodos tem valor, por
exemplo, na hora de identificação de corpos em acidentes em massa.

• Espécie

Esse estudo leva em consideração o estudo do sangue e dos ossos sendo a


diferença desse entre as espécies dada pela análise da disposição do tamanho dos canais
de Havers, que são em menor número e mais largos no homem.

• Elementos de caracterização racial

Observam-se forma do crânio, índice craniano, índice tibiofemural, índice


radioumeral, além do ângulo facial (determinação do prognatismo).

• Sexo

No cadáver mutilado ou em fase de putrefação avançada, a técnica mais comum


é a de abrir a cavidade abdominal, para observar presença de útero e ovários ou de
próstata. No esqueleto, a separação sexual faz-se pela discriminação dos ossos,
principalmente os do crânio, da mandíbula, do tórax e da pelve. O esqueleto do homem
geralmente é maior e seu crânio apresenta estrutura óssea mais pronunciada arcos

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superciliares mais salientes e mandíbula mais proeminente. Na mulher, a fronte é mais


vertical, a glabela menos pronunciada, os arcos superciliares menos salientes e a
mandíbula menos robusta. Na pelve o diâmetro transversal supera a altura da bacia,
além do ângulo sacrovertebral na mulher ser mais fechado e saliente para diante que
no homem.

FONTE: HÉRCULES, Hygino de Carvalho. Medicina Legal – Texto e atlas 2. ed., São Paulo: Atheneu,

2014
• Idade

Buscar elementos como aparência, pele, pelos, orelha, globo ocular, dentes/
ângulo mandibular e radiografia dos ossos para determinação da idade óssea.

• Retrato Falado

Antigamente, era um artifício que auxiliava a captura de pessoas suspeitas por


meio de desenhistas. Atualmente, foi substituída pela computação gráfica, onde os
elementos são melhor observados pela vítima e que na ausência de fotografia é um
artifício excelente para pessoas perdidas ou sequestradas.

• Fotografia sinalética

Úteis no reconhecimento,que passou a ser utilizada na maioria dos documentos


de identificação, porém como método de identificação carecem de unicidade,
imutabilidade e classificabilidade. Na fotografia sinalética são retiradas uma foto de
perfil e outra de frente, em que é difícil datação correta e arquivamento.

• Antropometria

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É um método muito utilizado na França no século XIX, a fim de caracterizar a


reincidência criminal, em que baseia-se na associação de determinadas medidas do
esqueleto com sinais particulares e impressões digitais. As fichas continham
informações sobre estatura, envergadura, diâmetros longitudinal, biparietal e
bizigomático da cabeça, altura das orelhas, cor dos olhos, comprimento dos cabelos,
idade e sinais particulares (tatuagens, cicatrizes, impressões digitais), dentre outros
aspectos.

• Método Datiloscópico

Nossa pele é constituída por derme e epiderme, sendo o epitélio de


revestimento da pele formado por camadas superpostas de células, sendo as mais
superficiais de forma achatada que em contato com o meio ambiente são um material
duro chamada de queratina. A parte do tecido conjuntivo da derme que está em contato
com a epiderme é mais frouxa e apresenta projeções que elevam a epiderme. Nas
regiões palmar e plantar, essas projeções assumem a forma de cristais sinuosas e
separadas por sulcos pouco profundos cujas linhas formam as impressões digitais.

O método datiloscópico de identificação é um dos melhores métodos já criados


e obedece aos requisitos de unicidade, imutabilidade, praticabilidade e
classificabilidade.

Unicidade: A análise de uma impressão digital deve levar em consideração


elementos qualitativos (desenhos formados pelas cristas, que são chamadas de pontos
característicos como ilhotas, bifurcações e forquilhas), quantitativos (a contagem de
linhas existentes entre dois ou mais pontos característicos) e topográficos (distribuição
dos pontos na figura e seu posicionamento)sendo praticamente impossível 2 pessoas na
terra com as mesmas impressões digitais.

Imutabilidade: As impressões digitais guardam o mesmo desenho desde o sexto


mês de vida até alguns dias após a morte, por isso recomenda-se que seja feita em
crianças desde cedo a carteira de identidade, com benefícios óbvios de extravio em
multidões, tumulto, praias lotadas, etc. Para que elas sejam destruídas é necessário um

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ferimento que atinja a derme profunda, levando a formação de tecido cicatricial mais
profundo, porém geralmente mesmo com tais ferimentos o desenho pode ser
restaurado com falhas nas cristas papilares.

🛑 Medicina Legal – Texto e atlas 2. ed., São Paulo: Atheneu,


FONTE: HÉRCULES, Hygino de Carvalho.

🛑
Praticabilidade: A🛑
colheita de impressões digitais é feita de forma rápida, segura
e não expõe a pessoa a qualquer tipo de constrangimento.
🛑

🛑
Classificabilidade: Apesar da infinidade de padrões observados nas impressões
digitais há determinados🛑
padrões que se repetem e se constituem tipos fundamentais.
A classificação adotada no Brasil
A é a Vucetich, que tem como elemento principal a
presença ou ausência e aVIS
posição da figura chamada delta, sendo essa denominada:

1- Arco O Ausência de delta


PA
2- Presilha Interna Presença de delta à direita do observador
RA
3- Presilha Externa Presença de delta à esquerda do
OS
observador
FO
4- Verticilo Presença de dois deltas um a esquerda e
RM outro à direita
AN
Os encontrados no polegar são representados na ficha pelas letras A, I, E e V. Os
DO
observados nos demais dedos por 1,2, 3 e 4, respectivamente.
S

B
oa
noi
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te,
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A classificação da ficha de cada pessoa está baseada nos tipos fundamentais


encontrados nos 10 dedos. A fórmula datiloscópica é formada por uma fórmula cujo
numerador é a mão direita, chamada de série, e o denominador é a mão esquerda
chamada de seção. Na presença de suspeitos em algum crime as impressões digitais
coletadas no local devem ser analisadas vendo-se o tipo fundamental e depois
procurando-se pontos coincidentes.

FONTE: HÉRCULES, Hygino de Carvalho. Medicina Legal – Texto e atlas 2. ed., São Paulo: Atheneu,
2014

FONTE: FRANÇA, Genival Veloso de. Medicina Legal. 8. ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2008. p. 01

• Poroscopia

Examinando-se certas impressões digitais, podem-se notar, além dos desenhos


das linhas negras papilares e dos espaços correspondentes aos sulcos interpapilares,
algumas linhas brancas, de forma, direção e tamanho os mais variados, as quais, em seu
conjunto, são conhecidas sob a denominação de “albodactilograma”

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FONTE: FRANÇA, Genival Veloso de. Medicina Legal. 8. ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.

• Identificação pelos dentes

Esse método é extremamente relevante, principalmente em corpos


carbonizados ou em avançado grau de decomposição, entretanto é necessário uma ficha
dentária anterior fornecida pelo dentista da vítima. Observa-se a posição e as
características de cada dente, as cáries em sua precisa localização, a ausência de peças,
a colocação de uma prótese ou de um aparelho ortodôntico, os detalhes de cada
restauração, a condição dos dentes no que diz respeito a cor, erosão, limpeza e
malformações, tudo é importante no processo de uma identificação. Além disso é
visualizado o conjunto de dentes, o arco dentário.

• Palatoscopia

Processo pelo qual pode-se obter a identificação humana, inspecionando as


pregas palatinas transversas encontradas na abóbada da boca.

Outros métodos bastante utilizados são Oftalmoscopia, identificação pelo


pavilhão auricular, superposição de imagens e queiloscopia.

• Hemogenética Médico-Legal

É uma área de grande crescimento no mundo. Além das perícias de investigação


do vínculo genético de paternidade, abriu-se um novo campo na Criminalística, em há o
uso dos marcadores genéticos e da aplicação do polimorfismo do DNA. Neste sentido,
manchas de sangue, de sêmen, pelos, saliva e partes cadavéricas podem ser objetos de
identificação de indivíduos, para quem as técnicas mais tradicionais mostravam-se
precárias e inconclusivas.

• Osteologia subjetiva

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Além de podermos determinar grosseiramente a idade através do estudo dos


ossos, a maioria das condições patológicas encontradas no esqueleto são:
anormalidades da forma e tamanho, perda e formação óssea anormal, fraturas,
infecções e artrites e podem ser úteis para estudo da osteologia subjetiva. Ademais,
muitos dos princípios paleontológicos e arqueológicos têm utilidade direta na
antropologia forense, pois são capazes de gerar a estimativa do intervalo post mortem
(tempo desde a morte) e a diferenciação entre as alterações tafonômicas e as
traumáticas, pois consolida-se uma relação intrínseca com os aspectos ambientais que
influenciam no cadáver como embalsamento, cremação, temperatura ambiente,
umidade, etc.

Os diagnósticos diferenciais que influenciam no estudo da cor dos ossos são a


cor, que ao ser exposto a temperaturas elevadas transformam-se em cor
acastanhada/preta, e ao ser expostos a certos metais podem mudar para cor vermelha,
além de sofrer ação de bactérias, fungos . A textura pode ser alterada por calor,
umidade, raízes de plantas, insetos e vermes. A modificação da forma pode vir em
decorrência de pressão atmosférica, e os traumas post mortem podem ser decorrentes
de desidratação, acúmulo de sal, carbonização, pressão exercida pelo solo, etc.

Podemos distinguir ossos de animais dos de humanos que estejam despedçados


através do estudo da histologia, em que sabemos que os ossos de animais têm aspecto
externo grosseiro e camadas corticais mais compactas. A determinação do sexo também
é possível através do entendimento do desenvolvimento do esqueleto, por exemplo o
fato de observarmos no esqueleto feminino o maior desenvolvimento de chanfraduras
isquiáticas. Na distinção da idade, podemos observar o conjunto de características
morfológicas do esqueleto que apresentam mudanças ao longo da vida, como o
diferente número de ósteons em cortes finos do osso.

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Referências Bibliográficas

1. FRANÇA, Genival Veloso de. Medicina Legal. 8. ed., Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2008. p. 01.

2. HÉRCULES, Hygino de Carvalho. Medicina Legal – Texto e atlas 2. ed., São Paulo:
Atheneu, 2014

3. JÚNIOR, Delton Croce e CROCE, Delton . Manual de Medicina Legal 8. ed., São
Paulo: Saraiva, 2012

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