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UNIDADE 5

ODONTOLOGIA
LEGAL E DO
TRABALHO
IDENTIDADE E IDENTIFICAÇÃO HUMANA E
TANATOLOGIA

AUTORA
Priscila Martins Duarte Amorim
UNIDADE 5
INTRODUÇÃO

O conceito de identidade está diretamente ligado à ideia de ser o único. Poderia


ser definida como as características que tornam uma pessoa completamente
diferente das demais. Para Gomes (2003), identidade é o conjunto de elementos
individuais, positivos e estáveis, originários ou adquiridos, próprios de cada
indivíduo que possibilitam, mediante sua observação conveniente, a
caracterização individual. É muito relevante entender a diferença entre identidade
objetiva subjetiva. Identidade subjetiva pode ser definida como a noção que cada
indivíduo tem de si mesmo, sua autoavaliação no tempo e espaço. É a consciência
individual do “eu” de cada um. Essa identidade é abstrata, independe de fatores
físicos, e por vezes, pode ser perdida em algumas alienações, psicopatias,
degenerações mentais e outras perturbações psíquicas. Já a identidade objetiva, a
qual pretendemos tratar mais aprofundadamente, trata dos atributos físicos e
funcionais que qualificam cada indivíduo ÚNICO somente a ele e a nenhum outro.

O processo de identificação humana é aquele pelo qual conseguimos estabelecer


a identidade de alguém através da comparação de dados registrados em
momentos distintos. Para isso existem várias técnicas distintas, a Interpol em seu
guia Disaster Victim Identification (2009), orienta a conduta mediante eventos de
grande demanda. Para identificação dos corpos prevê inicialmente a identificação
por evidências circunstanciais, isso inclui informações sobre os pertences
pessoais, roupas, joias e até o reconhecimento visual por parentes. A seguir, vem
as evidências físicas fornecidas pelos exames externos (cor de pele, tatuagens,
cicatrizes e impressões digitais) e internos (fraturas consolidadas doenças,
tipagem sanguínea, DNA ou registros odontológicos). É consenso que a
identificação segue curso crescente ao descrito anteriormente sendo as
evidências circunstanciais menos confiáveis (seja pela vulnerabilidade de
localização de pertences ou pela imprecisão do exame visual do parente, dada a
carga emocional), diferente da identificação. É portanto através de características
biológicas que acompanham o indivíduo desde a vida intrauterina até a morte,
por vezes, ainda depois dela, que a antropologia forense consegue através uma
ossada determinar o sexo, estimar a idade, etnia e estrutura, estatura e assinalar
particularidades adquiridas ao longo do tempo, pintando um retrato do indivíduo
quando em vida e reunindo informações que muitas vezes apontam para um e
somente um indivíduo.

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Para que o processo de identificação seja considerado confiável é preciso


preencher 5 requisitos básicos:

Unicidade: as características analisadas devem apontar para apenas um indivíduo


entre todos

Imutabilidade: as características examinadas em um indivíduo devem permanecer


inalteradas até o fim da vida resistindo a ação do tempo e de incidentes químicos
ou mecânicos, que mesmo que possam ocorrer permitem a reconstrução

Perenidade: os mais relevantes elementos de identificação são aqueles formados


na vida intrauterina e não desaparecem com o envelhecimento

Praticabilidade: os procedimentos adotados para a identificação devem ser


simples rápidos e baratos

Classificabilidade: O critério aplicado para a identificação necessita permitir uma


classificação entre os registros, facilitando o seu arquivamento e a localização
quando houver necessidade

Uma das principais ciências que fazem a investigação da identidade é a


antropologia forense que tem a finalidade de determinar os indivíduos quando os
processos de decomposição, carbonização ou fragmentação impossibilitam a
identificação por meios tradicionais e pouca ou nenhuma informação pode ser
obtida pelo médico legista através do tecido mole. A interpretação das
características esqueléticas permite estimar aspectos do indivíduo como sexo,
idade, etnia e estatura, assim como eventos ósseos que aconteceram em sua vida
pregressa como fraturas ou lesões produzidas por armas de fogo, por exemplo.
Considerando ainda que esses indivíduos esqueletizados normalmente são
objeto de investigações legais, já que sofreram algum tipo de morte não assistida,
a análise de seus ossos normalmente fornece informações sobre a morte como:
tempo, local, agente e causa jurídica (natural, homicídio ou acidente).

O estudo antropológico pode ser dividido em 2 métodos chamados


antropometria e antroposcopia, de acordo com o tipo de informação que se
pretende obter, dados quantitativos ou qualitativos respectivamente. A
antropometria estuda as características mensuráveis em escalas, centímetros ou
milímetros.

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Essas medidas são tomadas a partir do esqueleto constituem a osteometria, as


medidas feitas a partir da cabeça do indivíduo vivo ou cadáver são tema da
cefalometria e as realizadas no crânio seco craniometria; portanto, na
osteometria são analisados dados como altura, largura e comprimento dos ossos,
distancias lineares entre pontos fixos, curvas, ângulos e índices que em virtude da
sistematização, podem ser reproduzidos por qualquer pesquisador,
possibilitando a comparação de dados de diferentes estudos. A antroposcopia
por sua vez, analisa visualmente aspectos antropológicos qualitativos, ou seja,
diferentemente dos instrumentos utilizados na antropometria, a antroposcopia
emprega análise visual e tátil, não sendo menos relevante que a primeira.

Craniometria

Para que possamos reproduzir e comparar dados a necessidade da aplicação de


técnicas universais. isso implica na utilização de mesmos pontos de referência e
mesmas nomenclaturas análise osteológica de qualquer parte do esqueleto
implica, na necessidade de conhecimentos prévios de anatomia e nomenclatura
utilizados. dessa maneira precisamos relembrar a presença dos principais planos
anatômicos: sagital, longitudinal ou coronal e transversal ou horizontal. o crânio
pode ser dividido em neurocrânio (Crânio cerebral ou neural) e esplancnocranio
(crânio visceral ou facial). Para realizar as mensurações no crânio qual o
conhecimento dos pontos de referência, denominados pontos craniométricos.
esses pontos são pontos chaves são nos diversos acidentes anatômicos.
didaticamente os pontos craniométricos são divididos em laterais ou ímpares
(localizado sobre o plano sagital). Abaixo seguem os principais pontos
craniométricos:

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É possível também este mar o sexo e o grupo étnico a partir da craniometria. o


tamanho e forma dos crânios masculino e feminino são bastante divergentes
mulheres costumam ter ossos menores que os homens e morfologicamente um
aspecto mais delicado com extremidades articulares menores musculares menos
pronunciadas.

Tanatologia

É bastante difícil conceituar morte. Do ponto de vista jurídico: “e a extinção do


sujeito de direito”; do ponto de vista médico: morte é a sessão da vida. Do ponto
de vista legal é extremamente importante determinar o tipo de morte; se ela
acontece de forma súbita ou decorrente de um longo processo, se ela ocorreu
naturalmente ou se é decorrência de violência.

Podemos classificar morte quanto a realidade: morte real (quando a a cessão da


função neurológica) ou morte aparente, presença da tríade de Thoinot
(imobilidade, ausência parente da respiração e ausência de circulação). A morte
também pode ser classificada quanto a rapidez, em morte rápida ou súbita,
aquela em que temos um processo rápido (pode levar de segundos até horas) e
morte lenta processo que leva tempo normalmente decorrente de uma doença
ou traumatismo. Pode ser ainda classificada quanto a sua causa em natural,
aquela que decorre de um processo esperado e previsível, violenta decorrente de
homicídios, suicídios ou acidentes, e morte duvidosa Sendo esta última dividida
em 3 subclassificações. Morte duvidosa súbita, quando o processo de morte
acontece de forma rápida e de caráter inesperado, morte duvidosa sem
assistência, quando a morte acontece sem testemunho, em locais isolados ou em
pessoas que moram isoladas ou estão sozinhas no momento da morte e por
último morte duvidosa suspeita, pode acontecer com testemunha e ate com
alguns dados de diagnostico, porém duvidosa quanto a sua origem.

Para que um profissional possa diagnosticar a morte é necessário o exame do


corpo. O diagnóstico de morte não é subjetivo ele se baseia no estudo de vários
fenômenos objetivos, mais ou menos imediatos que ocorrem no corpo. Esses
fenômenos podem ser divididos em dois grandes grupos: sinais de cessação da
vida ou sinais abióticos e sinais positivos de morte ou fenômenos cadavéricos.

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Causa Mortis Jurídica (de causa violenta)

Homicídio - morte de um indivíduo em mãos de outro, informa dolorosa, culposa


o preterintencional

Suicídio - morte de um indivíduo pelas lesões que se auto infringe com o objetivo
de pôr fim à sua vida

Acidente - morte que sofre um indivíduo por causas fortuitas e não previsíveis, ou
que, sendo previsíveis, não o foram por ignorância, negligência ou imprudência,
isto é, por culpa

Falamos em módulos anteriores da a importância da avaliação das lesões


encontradas tanto na vítima quanto meu local de crime. Portanto, para o Direito,
é de fundamental importância saber se as lesões que são observadas no cadáver
encontrado no local de crime ocorreram quando a vítima ainda estava viva (intra
vitam) Ou depois de ter ocorrido o decesso (post-mortem).

Por isso é relevante estudar determinados indicadores característicos da reação


vital, sejam eles macroscópicos (hemorragia, coagulação sanguínea, retração
tecidual, resposta inflamatória, etc.) ou microscópicos (afluxo de leucócitos nos
locais das lesões, isto química, etc).

Sinais abióticos

Desde antiguidade os critérios de realidade de morte (provas da morte) se


estabeleceram esses critérios podem ser circulatórios respiratórios químicos
dinamoscópicos e neurológicos. As provas circulatórias se baseiam na pesquisa
da parada da circulação, as provas respiratórias na pesquisa da parada
respiratória, as provas químicas fazem a pesquisa de substâncias ou modificações
que se originam das fases iniciais da decomposição cadavérica, as provas
dinamoscópicas na ausência de movimentos ou respostas dinâmicas de defesa e
as neurológicas na ausência da atividade cerebral.

O mecanismo da morte é a sequência, quer seja de alterações fisiopatológicas ou


de desequilíbrios bioquímicos, que são desencadeados pela causa da morte
(causa mortis médica) e que se tornam incompatíveis com a vida.

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Dentre as causas causa mortis médicas mais comuns temos: anemia aguda,
asfixia, assistolia ou fibrilação ventricular, choque metabólico, choque toxêmico,
choque traumático-neurogênico, depressão ou paralisia respiratória,
envenenamento, síncope e traumatismos crânio-encefálicos. Podemos ter
também, causa mortis jurídica: homicídio (morte de um indivíduo em mãos de
outro em forma dolosa, culposa, ou preterintensional), suicídio (morte de um
indivíduo pelas lesões que se autoinflinge, com objetivo de pôr fim a sua vida) ou
acidente (quando a morte de um indivíduo ocorre por causas fortuitas e não
previsíveis ou, que sendo previsíveis, não o foram por ignorância, negligência ou
imprudência, isto é, por culpa.

Fenômenos Cadavéricos

Como decorrência do fim da vida, começa a ocorrer no corpo uma série de


modificações que caracterizam a evolução e as transformações que sofre o
cadáver algumas dessas essas modificações recebem a denominação fenômenos
cadavéricos que são úteis para caracterizar, com boa aproximação, o tempo
transcorrido desde o óbito (cronotanatognose).

Fenômenos Abióticos do Cadáver

As ocorrências mais precoces, os fenômenos abióticos imediatos, mais que


modificações no cadáver, são elementos ou sinais que que possibilitam identifica-
lo como tal. São os fenômenos que tornam possível realizar o diagnóstico positivo
de morte real e o diagnóstico diferencial com morte aparente. Eles caracterizam a
interrupção das funções da tríade vital por meio de parada respiratória, parada
cardiovascular e cessação da atividade do sistema neural central. Logo após a
morte, observa-se a perda do tônus muscular que leva a flacidez inicial e ao
desaparecimento das tensões de expressão da musculatura facial e nos olhos a
dilatação das pupilas pelo relaxamento do da íris. Os fenômenos consecutivos de
morte instalam-se progressivamente, podendo ser verificado somente depois de
transcorrido pelo menos 1 hora da morte. Compreendem entre eles a rigidez
cadavérica, o esfriamento do cadáver e os livores hipostáticos. Em cadáveres
adultos a desidratação oscila entre 10 e 18 g/kg de peso/dia. Uma das principais
formas de perceber a desidratação é através do apergaminhamento da pele. O
cadáver perde calor progressivamente até se igualar a temperatura do meio
ambiente, a queda da temperatura varia de 0,8 a 1°C/hr nas primeiras 12 horas e
de 0,3 a 0,5°C/hr nas 12 horas seguintes. Na ausência de impulsão cardíaca o
sangue para de circular, mas isso não impede que o sangue flua através dos
vasos preenchendo vênulas e capilares. Esse movimento acontece apenas pelo
efeito da força da gravidade e por isso o sangue acaba acumulando-se nas
regiões que ocupam uma posição mais baixa no cadáver. Esse acúmulo passivo
inicia-se de 20 a 30 minutos após a morte, sobre a forma de um pontilhado
arrochado fino denominado sugilação hipostática.

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Esse pontilhado por coalescência transforma-se em manchas maiores com


coloração cada vez mais escura. Atingindo o máximo de intensidade e extensão
aproximadamente de 12 a 15 horas após o óbito. A coloração das manchas de
hipóstase é arroxeada, a hemoglobina reduzida confere ao sangue cor mais
escura. Os livores não aparecem nas regiões de apoio, nem quaisquer outras
partes da pele que estejam submetidas a pressão, de regra quando isso acontece
a região guarda coloração mais clara com formato do objeto ou da dobra que a
pressionou. Nas primeiras 12 horas após a morte os livores podem deslocar-se
para novas regiões se o cadáver for mudado de posição, esse fenômeno é
chamado de migração das hipóstases. Após 12 horas do óbito, quer seja pela
coagulação intra vascular do sangue, quer pela ação da hemoglobina que
impregna os tecidos, as mudanças de posição do corpo não mais acompanham
modificações na localização dos livores, diz-se então, que ocorreu a fixação das
hipóstases. A flacidez muscular inicial do corpo, com o passar das horas,
transforma-se em rigidez muscular. O tempo de surgimento das primeiras
manifestações de rigidez cadavérica, embora variável, gira em torno de 2 horas
(tempo mínimo de 3º min e tempo máximo de 6 horas). A rigidez dura em torno
de 24 a 36 horas, depois inicia-se o processo inverso, a resolução da rigidez, que
se completa entre 42 e 72 horas.

Fenômenos Transformativos do Cadáver

São processos abióticos que transformam um cadáver podendo ser pela sua
destruição ou pela sua conservação.

Fenômenos Destrutivos

Autólise - processo autodestrutivo de células e tecidos que acontece sem


interferência externa, decorrente do aumento da permeabilidade das membranas
plasmática, o que possibilita a liberação de enzimas proteolíticas contidas nos
lisossomos. Esse processo leva umas a uma acidez temporária, que pela
putrefação, neutraliza-se, e inverte pela alcalinização progressiva com valores de
PH na ordem de 8 e 8,5.

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Putrefação - Processo de decomposição da matéria orgânica por bactérias e pela


fauna macroscópica que acaba por devolver a comissão de matéria inorgânica. A
putrefação não é um processo resultante da morte é necessária a participação
ativa de bactérias cuja as enzimas em condições favoráveis produzem a
desintegração de toda matéria orgânica. A putrefação pode ser dividida em 4
fases: período cromático (período de coloração, período das manchas , tem início
de 18 a 24 horas após o óbito e pode durar de 7 a 12 dias dependendo das
condições climáticas inicia se pelo surgimento de manchas verde na pele da fossa
ilíaca esquerda. A cor se deve a presença de sulfohemoglobina), período
enfizematoso (período gasoso, período de formativo, inicia se na primeira semana
e estende-se aproximadamente por 30 dias. Os gases produzidos pela putrefação
(gás sulfídrico, hidrogênio fosforado e amônia) infiltram no tecido celular
subcutâneo, modificando progressivamente corpo. Essa distenção é mais
evidente no abdômen e nas regiões dotadas de tecidos auriculares como face,
pescoço, mamas e genitais externos. Os próprios gases destacam a epiderme do
córion, formando flictenas putrefativas extensas preenchidas por líquido.),
período coliquativo (período de redução dos tecidos, inicia-se no fim do primeiro
mês e pode se estender por meses ou até 3 anos. É caracterizado pelo
amolecimento e desintegração dos tecidos, que se formam em uma massa
pastosa semi líquida, escura e com fetidez intensa, que recebe o nome
putrilagem) e por fim período de esqueletização (após o período coliquativo, a
putrilagem acaba por secar, desfazendo-se em pó, surgindo o esqueleto).

As 4 fases da putrefação são:

Período Cromático – tem início, em geral, de 18 a 24 horas após o óbito, podendo


variar de 7 a 12 dias, dependendo do clima em que o cadáver encontrava-se.
Início com surgimento de mancha esverdeada na pele da fossa ilíaca esquerda
(mancha verde abdominal), cuja coloração se deve a presença de
sulfohemoglobina. Em recém-nascidos e afogados a mancha é toráxica e não
abdominal.

Período enfisematoso – (período gasoso, período deformativo) inicia-se durante a


primeira semana e estende-se, aproximadamente, por 30 dias. os gases
produzidos na putrefação infiltram no tecido celular subcutâneo modificando,
progressivamente a fisionomia e a forma externa do corpo. Essa distensão gasosa
é mais evidente no abdômen e nas regiões dotadas de tecidos aureolares, como
face, pescoço, mamas e genitais externos. Estes mesmos gases destacam a
epiderme do córion, formando flictenas putrefativas extensas, preenchidas por
líquido transudado.

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Período Coliquativo – (período de redução dos tecidos) inicia-se no fim do


primeiro mês e pode estender-se por meses ou até 2 ou 3 anos. caracteriza-se
pelo amolecimento e desintegração dos tecidos, que se transforma em uma
massa pastosa semi líquida, escura e com fetidez intensa, que recebe o nome de
putrilagem. atividade das lavas no cadáver auxilia grandemente na destruição
total dos restos de matéria.

Período de esqueletização - no final do período coliquativo, a putrilagem acaba


por secar, desfazendo se em pó. desta maneira o esqueleto ósseo fica
descoberto e pode conservar se por longo período de tempo.,

Maceração - Processo de transformação destrutiva em que ocorre o


amolecimento dos tecidos e órgãos quando ficam submersos em meio liquido e
nele se embebem, é mais frequente que aconteça com água e líquido amniótico.
Na maceração, a pele torna-se esbranquiçada, friável, corruga-se e faz a epiderme
soltar-se da derme e até mesmo se rasgar em grandes fragmentos. Mais comum
nas mãos onde a pele se desprende como “luvas”

Fenômenos Conservadores

Nem sempre há a transformação destrutiva do cadáver, muitas vezes a forma do


corpo pode ser conservada pela ocorrência de processos biológicos ou físico-
químicos, naturais ou artificiais, incluindo a saponificação, a mumificação, a
petrificação e a coreificação.

Saponificação - fenômeno cadavérico que depende de o corpo ou parte dele ser


colocado em um meio que apresente as seguintes exigências: ambiente muito
úmido (pântano, fossa séptica, alagado ou terra argilosa) e ausência de ar ou
escassa ventilação. O processo tem início por volta de 2 meses não e completa-se
com 1 ano. A putrefação sofre um desvio e as enzimas microbianas provocam
mudanças nos tecidos moles que se transformam em sabões de baixa
solubilidade conhecido pela denominação de adipocera. É uma substância
inicialmente branco-amarelada, com consistência mole, aspecto característico, de
sabão ou de queijo, e com cheiro próprio, rançoso. Com o passar do tempo, essa
massa apresenta uma cor mais escura, amarelada-pardacenta, tornando-se mais
seca, dura, friável e quebradiça.

Mumificação - fenômeno cadavérico em que há uma dissecação rápida, cujo


surgimento depende exclusivamente das condições em que o corpo está
colocado: ambiente muito seco (em torno de 6% de umidade relativa do ar),
temperatura alta (acima dos 40°C) e ventilação abundante. O processo tem início
imediato, uma vez que se impede a putrefação, completa se entre 6 meses e um
ano, podendo ocorrer até antes de acordo com o clima. Em decorrência da perda
de água, a pele fica coriácea, retrai-se, enruga e endurece, adquirindo coloração
terrosa, entre o castanho e o marrom.

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Petrificação - processo transformativo raro (devido aos avanços da medicina), em


que ocorre a infiltração dos tecidos do cadáver por sais de cálcio, que acabam
por precipitar em meio às estruturas celulares gerando um aspecto de
calcificação generalizada. A petrificação ocorre quase exclusivamente em
embriões ou fetos mortos intra útero e mais frequentemente em casos de
gravidez ectópica, tubária ou peritoneal. O resultado desse processo é a
formação de um litopédio (criança de pedra), somente passível de retirada
cirúrgica.

Coreificação - processo transformativo que ocorre em cadáveres conservados em


urnas metálicas ( normalmente de zinco galvanizado) hermeticamente seladas. O
ambiente criado dentro da urna e inibe parcialmente os fenômenos de
decomposição. A pele assume o aspecto, cor e consistência de couro
recentemente curtido. Este fenômeno é inicialmente observado no primeiro ano
de cadaver na urna metálica, atingindo o seu máximo no segundo ano.

Cronotanatognose

Área da tanatologia que estuda os meios de determinação do tempo transcorrido


entre a morte e o exame necroscópico. Essas determinações se baseiam nos
diversos fenômenos transformativos, sejam eles ou conservativos, do cadáver. É
importante ressaltar que a maioria das avaliações aproximado, já que são várias
as variáveis que influenciam, ora acelerando, ora retardando, ora apenas
alterando, o fluxo natural dos fenômenos cadavéricos. É importante ressaltar que
quanto maior o tempo entre o óbito e o exame necroscópico maior será
determinar precisamente o lapso de tempo transcorrido em horas ou dias.

As técnicas cronotanatognáticas compreendem a observação de modificações e


fenômenos que se instalam progressivamente no cadáver, Assim como exames
complementares que possibilitam datar, com relativa precisão de tempo o
momento do óbito.

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Dentre as principais técnicas cronotanagnóticas temos: o esfriamento do cadáver


(também conhecido como algor mortis pode ser utilizado com grandes ressalvas
já que o cadáver perde de 1 a 1,5 °C por hora falando em termos gerais a
temperatura ambiente até a 14ª hora após o óbito. No entanto, diversos fatores
como temperatura ambiente, arejamento do local, temperatura do corpo no
momento do óbito, estado nutricional entre outros, podem modificar os tempos
descritos anteriormente), rigidez cadavérica (chamado de rigor mortis, também
pode ser utilizado para determinar o tempo transcorrido desde o óbito.
semelhante ao que acontece com o esfriamento do corpo, podemos ter variações
da rigidez do cadáver.), crescimento do pelo (mesmo após a morte pêlos e unhas
continuam a crescer), alterações oculares, conteúdo gástrico, etc.

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ODONTOLOGIA LEGAL E DO TRABALHO

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DICA DO
PROFESSOR
É incontestável que nas últimas décadas a Odontologia Legal vem se
sobressaindo como uma ciência forense fundamental na área legal. Em virtude da
evolução, a identificação humana, se faz necessária em inúmeras circunstâncias,
dentre as quais destacam-se os acidentes, desastres em massa e em estágios
avançados de putrefação, onde o reconhecimento visual se torna impossível.
Como prova as identificações realizadas por odontolegistas nos desastres em
massa, alcançam aproximadamente 70% das identificações que se tem realizado
mundialmente, sendo imprescindível citar que os elementos dentais são os
órgãos mais duráveis do corpo humano. Por esse motivo e entre outros, todo
Instituto Médico Legal possui habitualmente um profissional responsável pelo
setor de Antropologia Forense, sendo a presença do odontolegista indispensável
nessa equipe. Os métodos tradicionais de identificação, tais como a visual, a
datiloscopia ou o exame de DNA, nem sempre estão disponíveis. Situações como
essas, ressaltam a importância do cirurgião-dentista relevando as técnicas de
identificação utilizadas em Odontologia Forense, área esta que vem se
aprimorando, a cada dia, na busca de tecnologias que permitam resultados mais
sensíveis, específicos e, a cada vez, mais rápidos.

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EXERCÍCIOS DE
FIXAÇÃO

Questão 1

ANO: 2020 BANCA: PREFEITURA DE SÃO ROQUE DO CANAÃ - ES ÓRGÃO:


PREFEITURA DE SÃO ROQUE DO CANAÃ - ES PROVA: PREFEITURA DE SÃO ROQUE
DO CANAÃ - ES - 2020 - PREFEITURA DE SÃO ROQUE DO CANAÃ - ES - AUXILIAR
EM SAÚDE BUCAL

De acordo com o código de ética odontológico, assinale a seguir a alternativa que


expõe uma infração ética.

A) Exercer a profissão mantendo comportamento digno.


B) Zelar pela saúde e pela dignidade do paciente, além de resguardar o sigilo
profissional
C) Manter atualizados os conhecimentos profissionais, técnico-científicos e
culturais, necessários ao pleno desempenho do exercício profissional.
D) Zelar e trabalhar pelo perfeito desempenho ético da Odontologia e pelo
prestígio e bom conceito da profissão.
E) Deixar de arcar com o compromisso financeiro para com o conselho regional
de odontologia (CRO).

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EXERCÍCIOS DE
FIXAÇÃO

Questão 2

Ano: 2009 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-PB Prova: CESPE / CEBRASPE -
2009 - PC-PB - Perito Oficial Odonto-Legal

A craniometria é importante para a caracterização étnica. Acerca dos pontos


craniométricos e da craniometria, assinale a opção correta.

Alternativas

A. O ponto básion situa-se na borda posterior do forame magno, no plano sagital.


B. O ponto bregma situa-se na parte superior do crânio.
C. O ponto eurion situa-se no osso parietal ou no osso temporal.
D. O ponto gnátio situa-se na porção mais anterior da mandíbula.
E. O triângulo de Rivet tem como vértices os pontos básion, bregma e próstion.

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EXERCÍCIOS DE
FIXAÇÃO

uestão 3

Ano: 2016
Banca: Instituto Americano de desenvolvimento - IADES
Prova: IADES - PCDF - Perito Criminal - Área Odontologia - 2016

A identificação craniométrica é de fundamental importância nos Institutos


Médicos Legais por seu custo-eficiência. Por meio dela, pode-se apontar provável
constituição física, raça, sexo e idade do indivíduo. A respeito do tema, assinale a
alternativa correta.

A) Os pontos craniométricos bregma, obélio, ófrio, ínio e násio são ímpares ou


medianos, enquanto dácrio, ptério, astério, êurio e gônio são pontos pares ou
laterais.
B) Os pontos opistocrânio e vértex são pontos de referência para várias medidas,
e os respectivos locais são fixos na abóbada.
C) O índice condíleo de Baudoin é de excelência para discriminação sexual, pois
atinge níveis estatisticamente significantes, girando entre 85% e 95% dos casos.
D) Os platicrânios são aqueles que apresentam a dimensão anteroposterior
menor que a dimensão inferossuperior.
E) Os crânios braquifaciais são aqueles que possuem o terço médio da face com a
dimensão da altura muito maior que a largura.

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EXERCÍCIOS DE
FIXAÇÃO

Questão 4

Ano: 2022 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-PB Prova: CESPE / CEBRASPE -
2022 - PC-PB - Delegado de Polícia Civil
Assinale a opção em que os dois tipos de fenômenos transformativos verificados
nos cadáveres em estado de decomposição estão correta e respectivamente
exemplificados
Alternativas

A) conservadores: autólise, putrefação e maceração; destrutivos: mumificação e


saponificação
B) conservadores: mumificação e saponificação; destrutivos: autólise, putrefação
e maceração
C) conservadores: mumificação e maceração; destrutivos: saponificação e autólise
D) conservadores: putrefação e maceração; destrutivos: autólise e maceração
E) conservadores: autólise, mumificação e saponificação; destrutivos: putrefação e
maceração

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EXERCÍCIOS DE
FIXAÇÃO

Questão 5

Ano: 2022 Banca: FGV Órgão: PC-RJ Prova: FGV - 2022 - PC-RJ - Técnico Policial de
Necropsia

A putrefação é dividida em quatro períodos, sendo o último a esqueletização, no


qual há exposição de ossos e dentes. Sua concretização pode durar mais de três
anos e com o tempo essas estruturas se tornam mais leves, frágeis e
quebradiças.

Com relação aos ossos longos humanos, analise as afirmativas a seguir.


I. O periósteo é formado por uma membrana branca resistente e fibrosa. Nele se
fixam ligamentos e tendões.
II. A diáfise corresponde à extremidade de um osso longo.
III. Ossos possuem espaços, ainda que microscópicos, que permitem a passagem
de vasos sanguíneos necessários à manutenção da vida das células ósseas.

Está correto o que se afirma em:


Alternativas

A) somente I;
B) somente II;
C) somente III;
E) somente I e III;
D) I, II e III.

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ANOTAÇÕES

20
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
VANRELL, J. P. Odontologia Legal e Antropologia Forense. 3ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2019.
DARUGE, E.; DARUGE Júnior, E.; FRANCESQUINI Júnior, L. Tratado de Odontologia Legal e
Deontologia. São Paulo: Santos, 2017.
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MESDI, 1997.
RODRIGUES, Sílvio. Direito civil. Parte geral. 22. ed. atual. São Paulo: Saraiva, 1991. p.
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Kümmel, M. B. A Classificação dos Fatos Jurídicos. Revista Unijui Ano XI, nº 18, jul./dez.,
2002 - nº 19, jan./jun., 2003.
http://www.planalto.gov.br
https://website.cfo.org.br/normas-cfo-cros/

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GABARITOS

1- Gabarito: E
2- GABARITO: C
3- Gabarito: A
4- Gabarito: B
5- Gabarito: D

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