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Afonso Alves dos Santos; Daniella Rezende dos Reis; Jean Moreira de Medeiros; Leandro

Marques da Silva; Matheus Rodrigues da Cruz; Pedro Rodrigues Maciel Neto; Sarah Gabriella
Chaves Fernandes.

ANTROPOLOGIA FORENSE

Goiás, 2023
INTRODUÇÃO

A Antropologia Forense consiste na aplicação de princípios e técnicas da antropologia


física na tentativa de traçar um perfil biológico para ajudar na identificação de restos mortais
humanos em contextos legais e forenses. Seu principal objetivo é fornecer informações sobre a
identidade, idade, sexo, ancestralidade, trauma e outras características físicas das pessoas a
partir dos ossos e outros vestígios encontrados em cenas de crime ou sítios arqueológicos,
auxiliando a determinar a causa da morte e a estimativa do intervalo pós-morte.

A DETERMINAÇÃO DA IDADE, SEXO, ANCESTRALIDADE E CARACTERÍSTICAS


INDIVIDUAIS A PARTIR DOS OSSOS E DENTES:

1. Estimativa de idade e sexo: Os antropólogos forenses utilizam técnicas para estimar a


idade e o sexo da pessoa a partir de características dos ossos, como suturas cranianas e
características pélvicas.

a) Idade: A idade de um indivíduo pode ser definida pela análise das suturas
cranianas. As suturas cranianas são as articulações fibrosas que conectam os
ossos do crânio. Sua aparência é a de finas linhas irregulares que marcam os
limites entre os ossos. Elas desempenham um papel importante no
desenvolvimento e crescimento do crânio, permitindo que ele se expanda à
medida que o cérebro cresce. Existem diferentes tipos de suturas cranianas,
como a sutura coronal, sagital, lambdoide e a sutura bregmática “anterior”,
entre outras. Essas suturas são relativamente flexíveis durante a infância, mas
com o tempo, elas se tornam mais rígidas à medida que os ossos cranianos se
fundem. Para a análise e identificação da idade de um esqueleto humano através
do estudo das suturas do crânio é preciso saber onde cada sutura se localiza,
essas suturas podem ser analisadas internamente e externamente. Cada sutura se
fecha dentro de um período distinto onde ao serem observadas pode-se indicar a
idade aproximada de um esqueleto e com mais precisão se aliado com a análise
de outros determinantes presentes em outras partes dos ossos.

b) Sexo: O sexo de um indivíduo pode ser identificado através de determinados


aspectos observados na pelve, crânio e mandíbula.

Devido à sua função no processo reprodutor e por apresentar um grande número


de caracteres discriminantes, a pelve óssea é considerada o osso que apresenta
maior exatidão e eficácia, para a estimativa de gênero, sendo recomendado seu
uso recorrente em Antropologia Forense (BRUZEK et al., 2006).
Arbenz (1988) afirma que os ossos da pelve e do crânio constituem as
características mais confiáveis e precisas para a determinação do gênero a que
pertence determinada ossada. Os ossos longos geralmente possuem maior
espessura no sexo masculino e menor no sexo feminino.

2. Ancestralidade: Variações nas características antropológicas, incluindo diferenças


climáticas, genéticas, socioculturais e dietéticas entre populações, tornam desafiadora a
estimativa de ancestralidade pela Antropologia Forense (VEYRE-GOULET et al.,
2008). A craniometria, como destacada por Vanrell (2012), oferece medições dos ossos
cranianos para avaliar índices craniométricos e traços morfológicos, mesmo após a
miscigenação de grupos populacionais.

3. Estimativa da estatura: A estimativa da estatura é baseada na medição de ossos longos


como úmero, rádio, fêmur e tíbia, utilizando-se a tábua osteométrica de Broca, e análise
posterior dos dados encontrados, comparando-os com tabelas originadas de estudos
específicos, como as de Etienne-Rollet, Orfila, Dupertuis-Hadden, Pearson, dentre
outras (RABBI, 2000).

4. Análise de trauma: A análise de trauma na antropologia forense envolve a investigação


de lesões em restos humanos para determinar a natureza, causa, momento e, por vezes,
até mesmo a sequência de eventos que levaram à lesão. Isso pode fornecer informações
cruciais em investigações criminais, identificação de vítimas e reconstrução de eventos.
Aqui estão os passos gerais envolvidos na análise de trauma na antropologia forense:

a) Exame visual e documentação: O primeiro passo é realizar um exame visual


detalhado dos restos mortais em busca de qualquer evidência de lesões. Isso
envolve observar cuidadosamente os ossos em busca de fraturas, cortes,
perfurações, marcas de queimadura ou outros sinais de trauma. As lesões são
documentadas por meio de fotografias, desenhos e anotações detalhadas.

b) Classificação de lesões: As lesões são classificadas em categorias, como fraturas,


feridas cortantes, feridas contundentes, lesões por arma de fogo, queimaduras, entre
outras. Cada tipo de lesão pode fornecer informações específicas sobre a causa e o
momento do trauma.

c) Avaliação das características das lesões: Os antropólogos forenses avaliam as


características das lesões, como a forma, tamanho, direção das forças aplicadas e
padrões de quebra óssea. Isso pode ajudar a determinar a natureza do objeto ou
força que causou a lesão.
5. Avaliação da causa da morte: A avaliação da causa da morte na antropologia forense é
um processo complexo que envolve a análise dos restos mortais de um indivíduo para
determinar como ele ou ela morreu. Essa análise pode ser realizada em casos de morte
recente, assim como em restos mortais de casos mais antigos, como ossos ou múmias.

5.1 Exame Externo: O exame externo na antropologia forense é uma parte


importante da investigação em casos de morte desconhecida ou não natural. Ele
envolve uma observação e a documentação de características físicas externas do
corpo da vítima, que fornecem informações específicas sobre a identidade da
pessoa, a causa da morte e outras situações relacionadas ao caso. A
documentação fotográfica é o primeiro passo a ser seguido no exame externo.
Tirar fotografias de todo o corpo da vítima, incluindo fotos de corpo inteiro,
bem como fotos projetadas de áreas específicas, como lesões, tatuagens,
cicatrizes e características distintivas. As fotografias são cruciais para registrar
as condições do corpo no momento da descoberta.

6. Estimativa de Intervalo pós-morte: A avaliação do tempo de morte em antropologia


forense é um processo complexo que envolve a análise de várias evidências físicas e
biológicas para estimar quando uma pessoa faleceu. Existem várias técnicas e métodos
que os antropólogos forenses utilizam para realizar essa avaliação. Aqui estão alguns
dos principais métodos e considerações que são chamados de tríade da morte.

 Algor mortis.

 Rigor mortis.

 Livor mortis.

Os antropólogos forenses geralmente trabalham em estreita colaboração com outros


especialistas forenses, como médicos legistas, odontologistas forenses, toxicologistas e
cientistas de DNA, para fornecer uma visão completa da identificação e das circunstâncias da
morte.

SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS:

Sítio arqueológico é um local onde foram encontrados vestígios de ocupação humana,


seja esta ocupação antiga ou recente. Portanto, não é qualquer lugar com vestígios que são
registrados como sítios arqueológicos, mas apenas aqueles que apresentam importância
científica para compreensão da história. São estes sítios arqueológicos (com raras exceções) que
são estudados pelos arqueólogos.
 Luzia

Luzia é o fóssil humano mais antigo encontrado na América do Sul. Ele fazia parte
do acervo do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, que pegou fogo, em 2018. O crânio de
Luzia resistiu ao fogo. Se chegamos a conhecer suas feições, foi graças a essa união de
conhecimentos que são aplicados nas ciências forenses.

Pesquisadores acharam o crânio de Luzia em uma gruta em Minas Gerais, em 1975.


As análises e pesquisas desse material permitiram descobrir que se tratava de uma mulher
que viveu há mais de 11 mil anos!

Essa informação também foi fundamental para os estudos sobre a ocupação humana
do continente americano. Pela idade e características analisadas da Luzia, sabemos que os
homo sapiens povoaram as Américas antes do que os pesquisadores pensavam! Em outras
palavras, os conhecimentos aplicados na antropologia forense também ajudam no estudo
sobre nossa evolução. Estudos de datação apontaram que o fóssil abrigado no Museu
Nacional era uma mulher que estava na faixa dos 20 anos quando morreu, tinha 1,5m de
altura e possuía traços negroides, com nariz largo e olhos arredondados. A reconstituição de
seu rosto foi feita em 1999, por pesquisadores da Universidade de Manchester, na
Inglaterra, que usaram como base o crânio.

O fóssil gerou ainda a denominação Povo de Luzia, que se refere aos primeiros
homens e mulheres que habitaram a região arqueológica de Lago Santa. Porém, sabe-se,
hoje, que o grupo ao qual Luzia pertenceu foi apenas um dos vários povos que viveram no
lugar em diferentes períodos, vivendo da caça de animais de pequeno e médio portes e da
coleta dos recursos vegetais disponíveis na região.

 O Homem de Cherchen

O Homem de Cherchen, também conhecido como o Homem Tarim, é um


exemplo notável de descoberta arqueológica que desafia as noções convencionais
sobre os contatos entre a China e o Ocidente. De acordo com estudos de datação por
carbono radioativo, ele é datado de aproximadamente o século XI a.C., o que é
muito mais antigo do que se acreditava anteriormente.

Essa descoberta sugere que os contatos entre a China e o mundo ocidental


podem ter ocorrido muito antes do que se pensava. Historicamente, acredita-se que
os primeiros contatos entre a China e o Ocidente aconteceram por volta do século II
a.C. No entanto, a presença do Homem de Cherchen no século XI a.C. indica que a
interação entre essas regiões pode ter começado muito mais cedo.
Essas descobertas arqueológicas muitas vezes reescrevem nossa
compreensão da história e dos intercâmbios culturais entre diferentes civilizações. O
Homem de Cherchen é um exemplo fascinante de como a pesquisa arqueológica
pode revelar novas perspectivas sobre o passado humano.

 A Donzela

A Donzela”, em tradução livre, o famoso corpo mumificado e incrivelmente bem


preservado de uma jovem que foi sacrificada pelos incas há vários séculos. Seu cadáver
congelado foi encontrado juntamente com os de outras duas crianças a mais de 6,7 mil
metros de altitude, no cume do vulcão Llullaillaco, situado na Argentina, em 1999, e, desde
então, uma porção de coisas foram descobertas sobre como os três morreram — e como eles
viveram nos anos que antecederam seus falecimentos.

Mais especificamente, além do corpo mumificado da Donzela, as outras duas


crianças encontradas no cume do vulcão foram um garotinho e uma menina que foi
apelidada de “Menina do Raio”, uma vez que seu cadáver mostra sinais de ter sido atingido
por um. O trio foi sacrificado há mais de 500 anos e suas idades foram estimadas em cerca
de 13 anos para a Donzela, e entre 4 e 5 aninhos apenas para os outros dois pequenos.

Análises realizadas em amostras obtidas a partir de seus corpos apontaram que os


três passaram a ter acesso a uma dieta mais nutritiva e consumiram bebidas alcóolicas e
folhas de coca regularmente durante vários meses antes de serem sacrificados, em
preparação para o ritual, em especial a Donzela — que parece ter sido submetida a um
tratamento diferente ao das outras duas crianças.

Aliás, o consumo de folhas de coca parece ter sido intensificado seis meses antes
dos sacrifícios, e o de álcool nas semanas que antecederam o ritual, o que pode ter ajudado
as crianças a aceitarem melhor seu destino. A Donzela mesmo foi encontrada com uma
considerável quantidade de folhas de coca mastigadas em sua boca, o que sugere que ela
pode ter sido sedada antes de morrer.

As crianças foram encontradas nas posições em que morreram, há mais de 5


séculos, e, como você viu nas imagens, a Donzela foi descoberta sentada com as pernas
cruzadas e com o corpo ligeiramente tombado para frente. Seus cabelos foram
cuidadosamente trançados e, junto de seu corpo, foram encontrados vários artefatos, e ao
que parece a garota sucumbiu devido ao frio. Os cientistas descobriam que a garota faleceu
com alimentos ainda em seu sistema, o que sugere que ela não estava muito ansiosa antes de
morrer.
 Serranópolis – GO

Pesquisadores da PUC e de outras instituições no Brasil e no exterior realizam


escavações no sítio arqueológico de Serranópolis, onde encontraram um fóssil que pode ser
o mais antigo já descoberto no Centro-Oeste do Brasil, com idade estimada de até 12 mil
anos. Isso se baseia na datação de amostras de carvão encontradas próximo ao esqueleto,
que foram analisadas e datadas entre 11.930 e 11.756 anos. O local já havia revelado a
descoberta de 10 crânios no ano anterior, o que é inédito na região. As escavações estão
fornecendo dados físicos e químicos significativos para estudos acadêmicos e contam com a
participação de 20 profissionais e 10 alunos de graduação da PUC Goiás. O trabalho é
financiado pelo CNPq, Fapeg e PUC Goiás e continuará com uma nova etapa de escavação
planejada para agosto/setembro deste ano. O sítio de Serranópolis é estudado desde a
década de 1970 e já resultou na pesquisa de 33 sítios arqueológicos.

 Datação por Carbono -14

Todo ser vivo tem em sua constituição partículas de carbono. Dentre as partículas
do carbono existe uma partícula específica que nos possibilita datar com relativa exatidão
em que época tais seres viveram. A técnica do carbono-14 foi descoberta na década de 1940
por Willard Libby. Ele percebeu que a quantidade de carbono-14 dos tecidos orgânicos
mortos diminui a um ritmo constante com o passar do tempo. Assim, a medição dos valores
de carbono-14 em um objeto fóssil nos dá pistas dos anos decorridos desde sua morte. Isso
equivale a dizer que o carbono-14 morre junto com o ser vivo e é a partir desta datação que
ele vai diminuindo de quantidade com o passar dos anos. Isso possibilita entendermos em
que época esses seres viveram. Hoje este é o método mais eficiente para estimar a idade de
espécimes arqueológicas de origem biológica. Esta técnica é aplicável à madeira, carbono,
sedimentos orgânicos, ossos, conchas marinhas, ou seja, todo material que conteve carbono
em alguma de suas formas. Como o exame se baseia na determinação de idade através da
quantidade de carbono-14 e esta diminui com o passar do tempo, ele só pode ser usado para
datar amostras que tenham idades estimadas em até 50 a 70 mil anos.

DESASTRES DE MASSA:

Desastre de massa é um evento inesperado que causa sérios danos e mortes a um grande
número de pessoas. Esses eventos podem ser desastres naturais, como terremotos, tsunamis
e tornados; desastres acidentais, por exemplo, quedas de aviões, colisões e descarrilamentos de
trens e incêndios; ou atos terroristas, tais como bombardeios, ataques suicidas e uso de armas
químicas e biológicas.

A identificação forense de vítimas de desastres de massa é essencial por razões não


apenas humanitárias, mas também devido à necessidade de investigação civil e/ou criminal, e é
essencialmente baseada em antropologia, odontologia e patologia forense utilizando análises de
radiografias, de tomografias e de perfil genético do DNA.

Nos desastres com origens antrópicas ou naturais em que as porções corporais são
misturadas ou reduzidas a fragmentos ósseos, é imprescindível a atuação do antropólogo forense
principalmente por sua capacidade e eficiência em realizar varreduras de sítios e, também, por
conseguir extrair importantes informações dos tecidos ósseos (MUNDORFF, 2012).

 Desastre em Fukushima, Japão (2011): Os terremotos, como sabemos, são abalos na


crosta terrestre manifestados, sobretudo, pela acomodação da litosfera em áreas de
encontro entre duas placas tectônicas ou pela manifestação de alguma falha geológica.

No dia 11 de março de 2011, um terremoto não apenas sacudiu como também deslocou
o Japão. Com 9 graus de magnitude, o "Grande Terremoto do Leste do Japão" —
também conhecido como "Grande Terremoto de Sendai" ou apenas "Terremoto de
Tohoku”.

Meia-hora depois do terremoto, as ondas chegaram à costa de Tohoku e outras regiões


do leste do Japão. Do alto de prédios muitos japoneses viam, impotentes, o momento
em que as primeiras ondas venciam os muros de proteção como se estes não existissem.

O terremoto seguido de tsunami deixou um total de 15.853 mortos e 3.282


desaparecidos, a maioria devido ao avanço do mar. A região com mais vítimas fatais foi
a de Miyagi.

E além desse desastre ambiental também houve um acidente nuclear em Fukushima,


consequência do tsunami.

 Brumadinho: No dia 25 de janeiro de 2019, rompe-se a barragem da empresa Vale do


município brasileiro denominado Brumadinho localizado no estado de Minas Gerais
(DE SOUZA; URTIAGA; FERREIRA; DA SILVA et al., 2022). Durante o evento a
lama despejada atinge uma extensa área, inclusive o rio Paraopeba expondo toda a
população à metais pesados e tragicamente diversas vidas são perdidas (SILVA ROTTA;
ALCÂNTARA; PARK; NEGRI et al., 2020). As identificações das vítimas fatais foram
realizadas através das análises das impressões digito-papilares, genéticas, odontológicas
e antropológicas (DE SOUZA; URTIAGA; FERREIRA; DA SILVA et al., 2022).
ANTROPOLOGIA CULTURAL COMO CIÊNCIA FORENSE:

Segundo estudiosos, a antropologia cultural tem o objetivo de compreender o aspecto


cultural da humanidade. Ou seja, como as pessoas desenvolvem mecanismos sociais para
interagirem entre si e o ambiente onde elas estão. Ela estuda a ligação entre os sistemas
simbólicos (comunicação entre indivíduos, o estabelecimento de significados compartilhados
por determinados grupos culturais), as religiões e o comportamento humano e a análise da
evolução dos seus costumes, crenças e manifestações artísticas.

A Antropologia cultural pode ser aplicada as ciências forenses para:

1. Interpretação da conduta do criminoso e seus próximos passos baseados na sua cultura e


todos os aspectos característicos que a envolvam (religião, rituais, crenças).

2. Identificação de objetos pertencentes à outras civilizações (sítios arqueológicos).

3. Auxiliar o psicólogo forense na interpretação da conduta do criminoso. O objetivo é


estabelecer as características da personalidade do criminoso que servirá para uma
detenção rápida.

4. O profissional da área vai ser responsável também pela análise de artefatos culturais,
que envolvam rituais, etc. Em sítios arqueológicos, a antropologia cultural é utilizada
para identificar o tipo de civilização, no caso quando se encontra objetos de alguma
época ou civilização não conhecida.

5. Com os conhecimentos sobre concepções culturais sobre a morte, os rituais funerários e


a morte em contextos rituais, o especialista pode saber quando ocorreu o crime, e os
próximos passos do criminoso.

6. Ele também vai conseguir identificar características distintas desse criminoso baseando
nas suas características culturais, vai saber se ele é bem-organizado ou se não possui
organização, mas focando sempre em aspectos culturais, religiosos e até mesmo em
rituais tratando sempre de distinguir as práticas culturais do mesmo. E todo esse estudo
é feito por análise comportamental.
EXEMPLOS DE CASOS FAMOSOS RESOLVIDOS COM A AJUDA DA
ANTROPOLOGIA FORENSE:

1. Caso de Jeffrey Dahmer (1991-1992): Nascido em 21 de maio de 1960, Jeffrey Lionel


Dahmer é responsável pela morte de 17 homens, jovens e adultos, sendo que a maioria
dos assassinatos aconteceu entre 1989 e 1991. Além de assassinar suas vítimas, Dahmer
também foi julgado por estupro, necrofilia e canibalismo. Mesmo com diagnóstico de
transtorno de personalidade borderline, transtorno de personalidade esquizotípica e
transtorno psicótico, Dahmer foi considerado são no julgamento e sentenciado a 16
prisões perpétuas em 1992. Em 28 de novembro de 1994, o assassino em série foi
espancado até a morte por Christopher Scarver, detento que também cumpria pena em
uma prisão de segurança máxima no Wisconsin. A Antropologia forense ajudou na
identificação nas vítimas através dos restos mortais encontrados na casa do criminoso.
Ele guardava os crânios em sua residência e os pintava para esconder seu real visual
com medo de ser descoberto, mas isso não impossibilitou os peritos forenses da época
de identificar os ossos.

2. Jornalista Britânico assassinado no Brasil (2022): Em 5 de junho de 2022, o


indigenista brasileiro Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips foram
assassinados durante uma viagem pelo Vale do Javari, segunda maior terra indígena do
Brasil, no extremo-oeste do Amazonas. Bruno e Dom visitaram o Lago do Jaburu, uma
localidade próxima da Base de Vigilância da Fundação Nacional do Índio (Funai) no rio
Ituí, para entrevistar indígenas e ribeirinhos para um livro sobre a Amazônia. Mais
tarde, com a expedição praticamente concluída, eles se deslocaram para a comunidade
São Rafael, onde fariam uma reunião com um pescador local. O crime ocorreu no
trajeto entre a comunidade e o município de Atalaia do Norte. Após 10 dias de buscas,
um dos suspeitos presos pela Polícia Federal (PF) confessou o envolvimento nos
assassinatos e indicou a localização dos corpos. Os restos mortais encontrados foram
levados a Brasília, periciados e confirmados como pertencentes a Bruno Pereira e Dom
Phillips.

O exame médico-legal, realizado pelos peritos da PF, indica que a morte do Sr. Dom
Phillips foi causada por traumatismo toracoabdominal por disparo de arma de fogo com
munição típica de caça, com múltiplos balins, ocasionando lesões principalmente
sediadas na região abdominal e torácica (1 tiro). Os trabalhos dos peritos do Instituto
Nacional de Criminalística, nos dias que seguiram, foram concentrados nos exames de
Genética Forense, Antropologia Forense e métodos complementares de Medicina Legal,
para identificação completa dos remanescentes e compreensão da dinâmica dos eventos.
3. Caso de Jonestown (1978): Em 18 de novembro de 1978, 918 pessoas morreram em
um misto de suicídio coletivo e assassinatos em Jonestown, uma comuna fundada por
Jim Jones, pastor e fundador do Templo Popular, uma seita pentecostal cristã de
orientação socialista.

Embora algumas pessoas tenham sido mortas a tiros e facadas, a grande maioria
pereceu ao beber, sob as ordens do pastor, veneno misturado a um ponche de frutas.

Nesse caso os peritos da área forense, foram de extrema importância para definir com
clareza que a vários corpos ali tiveram os ossos perfurados a facadas, ajudando na
identificação de corpos.

BIBLIOGRAFIA:

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diagnóstico original do serial killer era impreciso? Disponível em:
https://newslab.com.br/caso-jeffrey-dahmer-por-que-o-diagnostico-original-do-serial-
killer-era-impreciso/. Acesso em: 15/09/2023.

22. G1 – Profissão Repórter. Por Profissão Repórter. 22/06/2022. Assassinato de Bruno


Pereira e Dom Phillips: Profissão Repórter acompanhou buscas no Vale do Javari.
Disponível em: https://g1.globo.com/profissao-reporter/noticia/2022/06/22/assassinato-
de-bruno-pereira-e-dom-phillips-profissao-reporter-acompanhou-buscas-no-vale-do-
javari.ghtml. Acesso em: 15/09/2023.

23. G1 – Distrito Federal. Vladimir Netto, TV Globo. 18/06/2022. PF confirma que restos
mortais encontrados na Amazônia são do indigenista Bruno Pereira. Disponível em:
https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2022/06/18/exame-confirma-que-restos-
mortais-encontrados-na-amazonia-sao-do-indigenista-bruno-pereira.ghtml. Acesso em
15/09/2023.
24. BBC News Brasil. 19 de novembro de 2018. Jonestown, 40 anos: o que levou ao maior
suicídio coletivo da história Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-
46258859. Acesso em: 15/09/2023.

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