Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Recife -2017
2
Recife-2017
3
SUMARIO
Antecedentes...................................................................................................................04
Problema, Objetivos e Hipótese......................................................................................08
Metodologia e viabilidade de execução..........................................................................09
Bibliografia básica...........................................................................................................11
Cronograma.....................................................................................................................14
4
1 - Antecedentes
Os dados mortuários, segundo Monteiro da Silva (2014) são úteis para inferir algumas
das instâncias do sistema sociocultural de grupos humanos no âmbito da dimensão diacrônica.
Para muitos autores como Gnoli e Vernant (1982), Rakita et al (2008) Pearson
(1982,2002), Monteiro da Silva (2014) a arqueoloogia da morte procura estudar o fenômeno da
morte entre as sociedades pretéritas, em conjunto com informações bioantropológicas.
Informações estas que fazem parte da busca pela possível compreensão do contexto
funerário como um todo para que possamos entender mais sobre a vida destes indivíduos
através de seus restos mortais e a cultura material que os acompanham (enxoval) e a cova.
Para Brotwell et, al (2001), o osso cremado é frequentemente descrito como calcinado
ou oxidado. A aparência macroscópica do osso foi alterada, uma vez que a desidratação leva
ao encolhimento, fissuras e algumas vezes torção, geralmente padrões que são ditados pela
morfolologia óssea e as tensões impostas pelo tecido mole, em combinação com o agente
térmico.
Porém o termo cremação só pode ser usado quando o osso é um produto de uma série
de atos rituais que compõem a eliminação dos mortos pelo rito mortuário de cremação.
(BROTHWELL et al, 2001). Monteiro da Silva (2005/2006), ao discorrer sobre terminologias
e classificações usadas para descrição de sepultamentos humanos, cita Bray e Trump (1970),
que definem a cremação como a prática de queimar o cadáver que deixa no contexto
arqueológico estruturas formadas por conjuntos de ossos queimados, completos ou
fragmentados e desarticulados ou mesmo em cinzas, que eventualmente são acondicionadas
em recipientes para uma segunda ou terceira deposição funerária.
Estes ossos porém podem, mesmo assim, ter sido queimados através de processos
tafonômicos e interferência de fatores de degradação como os fisicos, quimicos, biologicos e
antrópicos.
Por isso, White, Black e Folkens (2012) e Monteiro da Silva (2014) reforçam a
importância da compreensão do esqueleto humano pelo arqueólogo, desde a ontogênese, com
processos de modelações e remodelações, antemortem até a diagênese post-mortem. Esse
conhecimento advém da osteoarqueologia, isto é, da osteologia e da anatomia do sistema
músculo-esquelético e da tafonomia aplicadas à arqueologia.
possibilita gerar conhecimento sobre uma prática cultural, sobre a forma e natureza dos ossos
queimados, sobre a pira de cremação, exigindo métodos e técnicas de análise macroscópica e
microscópica que possibilitem calcular o número de indivíduos cremados, a idade biológica, o
sexo, índices osteométricos, sinais de doenças, interpretação de instâncias tecnológicas e
rituais da cremação. Para Mac Kinley,
Através destas análises é possivel inferir uma serie de perguntas que contribuirão para
inferir sobre o contexto funerário apresentado.
É possivel dizer pela aparência dos ossos queimados se eles estavam ou não
descarnados quando expostos ao fogo? Pode haver indicações de
desarticulação intencional? Os sinais diferenciados de queima nos ossos
podem indicar a posição do restos durante a cremação e a intensidade do
calor? De que modo as evidências do contexto arqueológico e o tipo de
coleta permitem esclarecer aspectos importantes do rito funerário? Que
problemas são enfrentados na identificação de ossos cremados e nas
estimativas de idade e sexo? (MACHADO, 1990, p. 232)
Estas avaliações em ossos humanos que passaram por altas temperaturas, encontrados
em contexto arqueológico são muito comuns na Europa, como por exemplo, segundo
Brothwell et al (2001), na arqueologia experimental empreendida por Shipman et al. (1984 ) e
Holden et al. (1995b), que encontraram uma correlação entre a cor do osso e as temperaturas
atingidas durante a cremação experimental; como também nos estudos sobre o número minimo
de indivíduos em cremações, realizados por Holck (1986) e Lange et al. (1987).
Segundo Mays (2010), alterações na composição do osso podem ocorrer pela ação do
calor. Ocorre a evaporação da água até 250 oC; combustão do colágeno (275oC a 600oC); perda
de carbonato estrutural em dióxido de carbono (350oC a 750oC). Os ossos sofrem fragmentação
e redução, que pode chegar a 30% do osso em tempraturas de 900 oC. O estudo de ossos
queimados inclui os estudos de difração de rios X, identificação dos fragmentos,estimativa de
idade da morte, sexo, variações de normalidade e patologia no esqueleto, análise química,
determinação da temperatura de queima e inferências arqueológicas sobre a prática funerária
de cremação.
Para o estudo de ossos nesta situação temos hoje no Brasil, vestígios e contextos
funerários diversos. Monteiro da Silva (2005) descreveu cremações do sítio conchífero Mar
Virado, litoral de São Paulo, relacionando essa prática aos pescadores-coletores pré-historicos
por volta de 3.000 B.P. Cisneiros (2004), ao estudar as praticas mortárias pré-históricas do
nordeste brasileiro, apresentou um conceito de cremação, assim como os principais sítios com
presença dessa prática funerária: um deles é o sítio Alcobaça, em Buique, PE.
Figura 1 : Mapa da localização do sitio arqueológico Alcobaça -Buíque –PE e a localização do sítio.
Fonte: Google /maps.
Desde os anos 70, foram iniciadas pesquisas arqueológicas na região regidas por Alice
Aguiar e Gabriela Martin na área do vale do Ipanema e neste período, inúmeros sítios
arqueológicos foram registrados em Pernambuco, os quais foram classificados como sendo da
tradição Agreste. Com a abrangência das pesquisas, houve um projeto que visava a
identificação de estruturas arqueológicas e o tipo de habitat dos grupos étnicos moradores da
região.
O Sítio Alcobaça foi um dos primeiros pesquisados pela equipe do Núcleo de Estudos
Arqueológicos (NEA) da Universidade Federal de Pernambuco nesta área. Foi estudado pois
apresentava painéis de pinturas e gravura rupestres, com excelentes condições para uma
escavação.
Este material tem potencial de análise, porém pouco se sabe sobre questões como as
feitas por Machado (1990), sobre o que realmente os dados obtidos através dos próprios
remanescentes podem responder sobre o contexto funerário como um todo.
Quais atributos do perfil biológico podem ser obtidos através da análise sistemática dos
remanescentes humanos do sítio Alcobaça – Buíque –PE, uma vez que os mesmos passaram por
processos modificação ou remodelação óssea referente aos efeitos da queima?
Hipótese:
Os atributos do perfil biológico nos ossos humanos encontrados no sítio Alcobaça – Buique -
PE, que podem ser obtidos são identificação anatômica, sexo, idade, número mínimo de
indivíduos (N.M.I), mensurações, composição química, paleopatologias, e aspectos gerais do
osso, ligadas ao contexto como padrões de queima e fraturas. Assim como os tipos de análises
possíveis em ossos que sofreram modificações ou remodelações ósseas provindas dos efeitos da
queima como os aspectos físicos ligados diretamente a remodelação óssea citada por Brothwell
et al (2001)
10
Objetivo Geral
Objetivos específicos
Caracterizar o perfil biológico dos esqueletos do sítio Alcobaça: espécie, número mínimo de
indivíduos, sexo, idade, estatura, traumas, anomalias e sinais de doenças ósseas e dentárias.
Reconstituir características osteomorfológicas necessárias para obtenção desses atributos do
perfil biológico. Confeccionar um mapeamento das características morfológicas e físico-
químicas que mostrem uma relação com processos de redução corporal.
Metodologia
Será utilizada a documentação bibliográ fica além das análises, para repósitos
específicos dentro da pesquisa.
a) Documentação arqueológica- que irá fornecer postulados teóricos, os dados sobre o
sítio trabalhado (escavação, dados sobre os remanescentes, condição em que foram
encontrados), para que haja uma discursão sobre os dados obtidos nas analises
realizadas durante a pesquisa em relação ao contexto arqueológico.
b) Pesquisa bibliografica para que se possa, investigar e discutir os métodos utilizados até
então para obtenção de dados bioantropológicos em osso calcinados.
c) Análises de inspeção óptica direta ou inspeção abrupta dos fragmentos ósseos dos 5
enterramentos do sítio Alcobaça- Buique -PE –
d) A busca por elementos indicadores do perfil biologico será realizada através de uma
metodologia sistemática na inspeção optica direta dos fragmentos ósseos e uso de
instrumentos de medição ósseos com base nas metodologias de Buikstra et Ubelaker
(1994), Brotwell (1981), McKinley (1993), Holck (1986). Lange et al., (1987), Rosing,
(1977) , Holck (1986). Serão efetuadas as seguintes ações:
11
4- Bibliografia básica
ADAMS, B.; BYRD, J. (Eds.). Recovery, analysis, and identification of commingled human
remais. Totowa: Humana Press, 2008.
ADAMS, B.; KONISBERG, L. How Many People? Determining the Number of Individuals
Represented by Commingled Human Remains. In: ADAMS, B.; BYRD, J. Recovery, Analysis,
and Identification of Commingled Human Remains. Totowa: Humana Press, 2008. Cap. 12.
BASS, W. Human Osteology: A Laboratory and Field Manual. 3ª. ed. Missouri: Missouri
Archaeological Society, 1987.
BRICKLEY, M.; IVES, R. The Bioarchaeology of Metabolic Bone Disease. San Diego:
Academic Press, 2008.
BROTHWELL, D. Notes for guidance in excavating and reporting on human remains. In:
______ Digging Up Bones. New York: Cornell University Press, 1981. Cap. 1.
BUIKSTRA, J. E.; UBELAKER, D. H. Standarts for data collection from human skeletal
remains. Arkansas: Arkansas Archaeological Survey, 1994.
JUNQUEIRA L,C; CARNEIRO, J. Histologia Básica. Editora Guanabara Koogan. Ed. 11.Rio
de Janeiro . 2008 . Cap. 1.
MAC KINLEY, J. The analysis of cremated bone. In. COX, M.; MAYS, S. Human osteology
in archaeology and forensic science. Cambridge: Cambridge University Press, p. 403-421,
2002.
MOORE, M. Sex Estimation and Assessment. In: DIGANGI, E.; MOORE, M. Research
Methods in Human Skeletal Biology. New York: Elsevier Inc., 2013. Cap. 4.
PINHASI, R.; MAYS, S. Advances in Human Paleopathology. USA: John Wiley & Sons,
2008.
SPRAGUE, R. Burial Terminology: A guide for researchers. New York: AltaMira Press,
2005
15
.
STEELE, D. G., & BRAMBLETT, C. (1988). The Anatomy and Biology of the Human
Skeleton. Texas: Texas A&M University Press.
TULLER, H., HOFMEISTER, U., & DALEY, S. (2008). Spatial Analysis of Mass Grave
Mapping Data to Assist in the Reassociation of Disarticulated and Commingled Human
Remains. In: B. ADAMS, & J. BYRD (Eds.), Recovery, Analysis, and Identification of
Commingled Human Remains. Totowa: Humana Press.
WHITE, T. D.; FOLKENS, P. A. The Human Bone Manual. USA: Academic Press, 2005.
WHITE, T.; BLACK, M.; FOLKENS, P. Human Osteology. 3ª. ed. New York: Elsevier Inc.,
2012.
WHITE, T.; FOLKENS, P. Field Procedures for Skeletal Remains. In:The Human Bone
Manual. USA: Academic Press, 2005. Cap. 2.
5- CRONOGRAMA
Pesquisa bibliográfica x x x
Redação da dissertação x x x
Qualificação da Dissertação x
Defesa da Dissertação x