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RESUMO
Introdução
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Mestra em Ciências Humanas e Especialista em Arqueologia, História e Sociedade
pela Universidade Santo Amaro (UNISA). O presente Trabalho de Conclusão de Curso
foi desenvolvido e apresentado à coordenação do programa de Especialização em
Anatomia Funcional: Humana e Comparada, desenvolvido pelo Instituto de Ciências
Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), como requisito para obtenção do
certificado de Especialista. E-mail:egito811@gmail.com. TCC apresentado no dia
11/12/2021.
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Professora Associada do Departamento de Anatomia, Instituto de Ciências Biomédicas
da Universidade de São Paulo (ICB-USP).
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1987 que o seu significado passou a ser melhor definido, em especial quanto às
"[…] condições patológicas encontradas em seres humanos e animais do
passado […]” (COCKBURN, 1997 apud SANTOS, 1999/2000, p. 163). Apesar
desta definição, Ana Luísa Santos (1999/2000) acredita que faltou demonstrar o
quanto a disciplina poderia ser abrangente naquele momento.
No século XX, o que era antropologia física passou a ser antropologia
biológica, se estruturando em estudos com abordagens diversas no campo da
biologia humana, sob diferentes perspectivas que incluía a tafonomia,
epidemiologia, bioquímicas, medicina, dentre outras áreas do conhecimento
(SOUZA, 2009). Os estudos trouxeram compreensões acerca do processo
evolutivo das doenças em humanos e animais ao longo do tempo, mas teve
como prioridade as investigações nos ossos, tecidos calcificados, corpos
mumificados e coprólitos fossilizados (SANTOS, 1999/2000).
Quanto às evidências secundárias, é possível encontrar uma variedade de
opções “[…] sobre história de doenças, incluindo documentos médicos antigos,
registros históricos, arte e restos mortais de pessoas antigas, tanto de tecidos
moles como esqueletos” (ORTNER; PUTSCHAR, 1981, p. 2). No geral, os
estudos paleopatológicos, quando aplicados no campo arqueológico, resultaram
em um grande progresso nos estudos com remanescentes humanos,
disponibilizando interpretações que partiam do “[…] princípio da unidade
fisiopatológica, ou seja, de que não ocorreram mudanças nas principais
respostas orgânicas da espécie humana nos últimos milênios” (SOUZA;
ARAÚJO; FERREIRA, 1994, p. 23).
Quando se trata de construir eventos patológicos, é possível utilizar modelos
atuais mais adequados para as possíveis limitações impostas pelos dados
arqueológicos. Embora exista a hipótese de que, em termos metodológicos, a
paleopatologia não pode ser comparada à patologia médica da nossa atualidade
(SOUZA; ARAÚJO; FERREIRA, 1994), mesmo que “[…] não se constitua em
uma área de pesquisa experimental, a paleopatologia cresce com aquisições da
experimentação biomédica” (BUIKSTRA; COOK, 1980 apud SOUZA; ARAÚJO;
FERREIRA, 1994, p. 230).
Apesar dos arqueólogos ainda se depararem com problemas relacionados
à preservação de estrutura óssea em contexto arqueológico, tanto pelo tipo de
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De acordo com André Prous (1992, p. 204) “[…] a palavra sambaqui seria derivada de
tamba (marisco) e A:/(amontoamento) em tupi. Trata-se, portanto, de uma acumulação
artificial de conchas de moluscos, vestígios da alimentação de grupos humanos”.
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O potencial informativo dos MCA está nas evidências deixadas pelos efeitos
cumulativos de intensas atividades desenvolvidas no cotidiano sambaquieiro, e
que foram desencadeados por “[…] stress mecânico, trauma, e raramente de
fatores genéticos. Altas prevalências indicam esforço intenso e/ou continuado ou
idade avançada. Nos membros superiores sugere nado, remo e lançamento de
redes” (BRIDGES, 1991 apud SCHEEL-YBERT et al. 2003, p.116).
Tendo como exemplo as pesquisas desenvolvidas por Rodrigues-Carvalho
(2004) em sambaquis do Rio de Janeiro e Santa Catariana, para os vestígios
com indícios de estresse no pulso ou cotovelo, existe a hipótese de que foi
devido a atividades desenvolvidas no processo de confecção de artefatos
diversos, além da prática de construir canoas, embarcações leves que eram
utilizada para o deslocamento no mar (RODRIGUES-CARVALHO, 2004 apud
CALIPPO, 2010).
Ao analisar a pesquisa de Rodrigues- Carvalho (2004), Calippo (2010)
observa que, além do pulso e cotovelo, o ombro apresentou maior desgaste, mas
autor destaca que “[…] tais alterações articulares indicam também certa relação
com a prática de atividades náuticas (arremesso de arpões e lanças), a
fabricação de canoas (machados e enxós4) e aquelas relacionadas aos
ambientes aquáticos (natação) […]” (CALIPPO, 2010, p. 34). A figura 3 ilustra
atividades comumente praticadas pelas sociedades sambaquieiras. A primeira
delas é o uso da canoa como meio de se locomover e para a prática da pesca,
confecção de rede de pesca e coleta de matéria-prima para produção de
material lítico.
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Segundo Calippo (2010), esta é uma ferramenta que foi bastante utilizada pelos povos
sambaquieiros no processo de escavar a parte interna das canoas monóxilas indígena.
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Considerações finais
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Bibliografia