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Paleopatologia em pesquisas arqueológicas:


desenvolvimento de osteoartrite (OA) e diagnósticos a partir dos
Marcadores de Comprometimento Articular (MCA) e imagens
radiográficas

Orientanda: Juliana Maria Martins1


Orientadora: Profa. Dra. Patrícia Castelucci2

RESUMO

O principal objetivo deste artigo é associar a osteoartrite (OA) como resultado de


tensões biomecânicas desenvolvidas em vida, além de indagar a respeito dos
diagnósticos a partir dos Marcadores de Comprometimento Articular (MCA) e
imagens radiográficas. Os resultados obtidos através da revisão bibliográfica
apontam que o processo de desenvolvimento da OA é complexo, posto que esta
patologia da cartilagem deixa sinais diversos nos ossos à medida que avança.
Além de estar associada a fatores sistêmicos e biomecânicos, dependendo das
condições de preservação da série esquelética, é possível obter padrões de
atividades físicas que podem definir o processo adaptativo humano em
ambientes específicos. No que tange a metodologia de análises em
remanescentes ósseos, existe uma preferência pelas observações diretas, a
partir das alterações ósseas presentes na superfície articular, visto que as
técnicas aplicadas na radiografia para localizar indicadores de OA, não são
padronizadas para remanescentes ósseos humanos de interesse arqueológico.

Palavras-chave: Paleopatologia; Arqueologia; Osteoartrite (OA); Marcadores de


Comprometimento Articular (MCA) e Imagens Radiográficas.

Introdução

A arqueologia é a ciência que busca meios de compreender os indivíduos


através dos vestígios materiais e, algumas dessas evidências em contexto
arqueológico, são oriundas de remanescentes ósseos humanos. Pensando a
respeito do que os ossos podem nos informar sobre as sociedades no passado,

1
Mestra em Ciências Humanas e Especialista em Arqueologia, História e Sociedade
pela Universidade Santo Amaro (UNISA). O presente Trabalho de Conclusão de Curso
foi desenvolvido e apresentado à coordenação do programa de Especialização em
Anatomia Funcional: Humana e Comparada, desenvolvido pelo Instituto de Ciências
Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), como requisito para obtenção do
certificado de Especialista. E-mail:egito811@gmail.com. TCC apresentado no dia
11/12/2021.
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Professora Associada do Departamento de Anatomia, Instituto de Ciências Biomédicas
da Universidade de São Paulo (ICB-USP).
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Parker-Person (1999) aponta que são testemunhos de suma importância quando


se busca respostas sobre como viviam determinadas sociedades, quanto tempo
de vida atingiam, quais eram os hábitos alimentares ou doenças mais comuns.
As análises com foco em enfermidades identificáveis em ossos humanos
estão muito presentes nos estudos bioarqueológicos desde a década de 1970
(LARSEN, 1999; BUIKSTRA; BECK, 2006), especialmente com o apoio da
paleopatologia que vem ampliando o conhecimento sobre aspectos importantes
do comportamento das sociedades pretéritas, além de apontar padrões
específicos no âmbito do processo de subsistência e saúde (SOUZA, 2011).
A paleopatologia trouxe contribuições, no que concerne à compreensão do
estilo de vida na antiguidade. É importante observar que os estudos
paleopatológicos já respondiam a diagnósticos de doenças diversas,
fundamentados em técnicas e modelos da anatomia patológica. São pesquisas
que buscam averiguar as possíveis doenças, anomalias, infecções, traumas,
lesões ou epidemias que ocorriam em cenários específicos (LARSEN, 1999).
Levando em consideração que o corpo humano é composto por uma
estrutura formada por ossos, órgãos, músculos e tecidos que proporcionam
movimentos essenciais, para que possamos interagir com o meio físico que nos
cerca, no decorrer da vida, as estruturas ósseas sofrem processos diversos de
remodelações, que podem estar associadas às respostas biológicas ou
processos de adaptação a determinado ambiente. A partir daí, é possível
identificar marcas específicas nos ossos relacionadas ao seu desenvolvimento,
crescimento, doenças ou lesões oriundas de atividades diversas (BUZON et al.
2005 apud ALENCAR, 2015).
Pensando nos danos que as patologias ósseas podem causar, é comum a
ocorrência de desequilíbrio entre a formação e a destruição do tecido ósseo,
podendo resultar no aumento ou diminuição do mesmo. Os ossos são órgãos
que agregam tecidos cartilaginosos que se conectam a órgãos como músculos
e cérebro, nesse caso, qualquer alteração que venha a se desenvolver, pode
afetar, de maneira direta ou indireta, as características morfológicas dos ossos.
Por isso, à medida que os estudos paleopatológicos crescem com foco na
evolução das doenças ao longo do tempo, é possível compreender a maneira
como as sociedades conseguem adaptar-se diante das mudanças em
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ambientes específicos (ROBERTS; MANCHESTER, 2007 apud ALENCAR,


2015).
Para Tony Waldron (2009), existem diferentes articulações na estrutura
esquelética. As articulações são numerosas e, com frequência, sofrem danos
diversos em virtude de desequilíbrios mecânicos ou sistêmicos. A OA é
considerada uma das patologias mais antigas e comuns de serem identificadas
nas articulações ósseas, além das enfermidades dentárias (WALDRON, 2009;
WHITE; BLACK; FOLKENS, 2012), e atinge maior gravidade à medida que
progride ao longo da vida.
No Brasil, pesquisas desenvolvidas numa perspectiva de Marcadores de
Estresse Ocupacional (MEO), com foco em sociedades sambaquieiras, por
exemplo, vêm apontando indícios de patologias presentes nos esqueletos, além
de proporcionar informações biomecânicas desenvolvidas devido a algum tipo
de esforço físico regular prolongado que os indivíduos desenvolviam no cotidiano
(RODRIGUES-CARVALHO, 2004; RODRIGUES-CARVALHO; SOUZA, 2005;
STABILE, 2017).
No âmbito dos MEO existem os Marcadores de Comprometimento Articular
(MCA) (NEVES, 1984; RODRIGUES-CARVALHO, 2004) que possibilitam
diagnósticos de osteoartrite (OA), patologia desenvolvida por algum tipo de
limitação relacionada à sobrecarga excessiva, idade, dentre outros, além dos
Marcadores não patológicos como: Estresse Músculo-Esquelético (MEM) e
Marcadores de Estresse Mecânico-Postural (MEP).
Pensando no quesito critério de diagnóstico de OA em pesquisas
arqueológicas, a literatura aponta que as técnicas de imagens radiográficas são
pouco utilizadas em relação às análises efetuadas de maneira direta, com base
nos MCA presentes na superfície das articulações. Quanto maior for a
consciência em relação ao método aplicado no processo de análise, mais
precisos serão os resultados (LESSA, 2013; ROGERS; DIEPPE, 1990).
Diante do exposto, o principal questionamento que norteará este artigo é a
possibilidade de compreender o desenvolvimento de osteoartrite (OA),
ressaltado o potencial informativo de tensões biomecânicas desenvolvidas em
vida, além dos diagnóstico com base nos Marcadores de Comprometimento
Articular (MCA) identificados de maneira direta e por imagens radiográficas. A
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maneira como este tema foi desenvolvido se justifica, em parte, pela


necessidade de contribuir com informações que estabeleçam diálogos sobre
critérios diagnósticos.

Paleopatologia no âmbito das pesquisas arqueológicas

A bioarqueologia, que teve a sua consolidação na década de 1970, é


entendida como uma disciplina que procura obter informações das sociedades
pretéritas através dos remanescentes humanos em contexto arqueológico
(LARSEN, 1999; BUIKSTRA; BECK, 2006; SOUZA, 2019), com objetivos que
ultrapassaram as descrições da morfologia óssea, adotando estudos “[…] que
levassem em conta seu contexto e suas características, para inferir sobre estilos
de vida, comportamentos, práticas culturais, hereditariedade e outros aspectos”
(SOUZA, 2019, p. 25).
Ao contrário do que aconteceu anteriormente, o termo não é mais aplicado
de forma genérica ao estudo dos resíduos biológicos em sítios arqueológicos
(LARSEN, 1997 apud SOUZA, 2011). Os esqueletos humanos são vestígios
extremamente informativos, podendo apontar diagnósticos de saúde, doenças,
dieta alimentar, sexo, idade, atributos biológicos ou perfis demográficos. O que
tornaria a bioarqueologia uma disciplina com grande potencial informativo para
contextos arqueológicos é a sua capacidade de responder às questões
complexas em relação às sociedades (LARSEN, 2002).
De acordo com Mendonça de Souza (2019), muito antes do termo
bioarqueologia ser difundido e consolidado, é possível identificar que, no Brasil,
já existiam estudos que abordavam métodos e técnicas de análises relacionadas
à morfologia esquelética nos trabalhos de Peter Wilhelm Lund sobre os antigos
habitantes de Lagoa Santa, Minas Gerais.
As pesquisas brasileiras de grande interesse foram desenvolvidas e
difundidas por pesquisadores como: Ernesto Salles Cunha, no campo
biomédico; Dorath Pinto Uchôa, com trabalhos arqueológicos vinculados a
Universidade de São Paulo (USP) e Walter Alves Neves entre os anos de 1980
e 1990, com estudos morfológicos, evolutivos ou bioarqueológicos, que também
foram aplicados nas pesquisas desenvolvidas no sítio arqueológico em Lagoa
Santa (SOUZA, 2019).
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No quesito doenças e sociedades do passado, a bioarqueologia utiliza-se


da paleopatologia como possibilidade de obter respostas (SOUZA, 2011), é
considerada uma disciplina com um “[…] campo híbrido, interdisciplinar,
multidisciplinar, transdisciplinar, a paleopatologia compartilha estudos médicos
e arqueológicos” (SOUZA, 2011, p. 53).
Os métodos de análises que envolvem paleopatologia são projetados para
ajudar em diagnósticos de doenças nas estruturas ósseas, fundamentando-se
em técnicas de análise que correspondem a modelos de anatomia patológica,
podendo ajudar no processo de identificação associados a mutilações, tipos de
anomalias, possíveis tumores, lesões ou traumas diversos (WALDRON, 2009).
Os estudos relacionados à história da paleopatologia de doenças antigas, a
princípio, se intensificaram no final do século XIX com estudos relacionados à
origem da sífilis. Após a virada do século e, conforme a tônica da época, novas
técnicas e pesquisas foram desenvolvidas, algumas particularmente notáveis
que traziam relatórios sobre doenças antigas (ORTNER, 1981), podendo ser
observados em pesquisas desenvolvidas por

[…] Sir Marc Armand Ruffer (1910) sobre múmias egípcias, e os


estudos sobre o material esquelético da Núbia por Wood-Jones
(1908a, 1910b), Elliot-Smith e Wood-Jones (1910). Nos Estados
Unidos, Hrdlicka (1914) publicou algumas observações sobre a
patologia dos antigos crânios peruanos. Em 1923, a introdução
de R. L. Moodie ao estudo de doenças antigas, que enfatizava
espécimes paleontológicos não humanos, apareceu. Uma breve
revisão geral da paleopatologia humana foi publicada por H. U.
Williams em 1929. (ORTNER, 1981, p. 5).

Esse tipo de estudo se tornaria importante no campo da arqueologia, à


medida que os dados descritivos se acumulassem e os critérios de diagnósticos
paleopatológicos fossem esclarecidos (Ortner, 1981). Um dos principais
simpósios relacionados à paleopatologia humana foi organizado por Jarcho em
1965, em Washington D.C., e, consequentemente, ajudou no desenvolvimento
da paleopatologia como disciplina (SANTOS, 1999/2000).
Por muito tempo, a definição da paleopatologia permaneceu desconhecida,
principalmente quando se procurava em dicionários de língua portuguesa
(Santos, 1999/2000). Foi mediante a publicação do Oxford English Dictionary em
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1987 que o seu significado passou a ser melhor definido, em especial quanto às
"[…] condições patológicas encontradas em seres humanos e animais do
passado […]” (COCKBURN, 1997 apud SANTOS, 1999/2000, p. 163). Apesar
desta definição, Ana Luísa Santos (1999/2000) acredita que faltou demonstrar o
quanto a disciplina poderia ser abrangente naquele momento.
No século XX, o que era antropologia física passou a ser antropologia
biológica, se estruturando em estudos com abordagens diversas no campo da
biologia humana, sob diferentes perspectivas que incluía a tafonomia,
epidemiologia, bioquímicas, medicina, dentre outras áreas do conhecimento
(SOUZA, 2009). Os estudos trouxeram compreensões acerca do processo
evolutivo das doenças em humanos e animais ao longo do tempo, mas teve
como prioridade as investigações nos ossos, tecidos calcificados, corpos
mumificados e coprólitos fossilizados (SANTOS, 1999/2000).
Quanto às evidências secundárias, é possível encontrar uma variedade de
opções “[…] sobre história de doenças, incluindo documentos médicos antigos,
registros históricos, arte e restos mortais de pessoas antigas, tanto de tecidos
moles como esqueletos” (ORTNER; PUTSCHAR, 1981, p. 2). No geral, os
estudos paleopatológicos, quando aplicados no campo arqueológico, resultaram
em um grande progresso nos estudos com remanescentes humanos,
disponibilizando interpretações que partiam do “[…] princípio da unidade
fisiopatológica, ou seja, de que não ocorreram mudanças nas principais
respostas orgânicas da espécie humana nos últimos milênios” (SOUZA;
ARAÚJO; FERREIRA, 1994, p. 23).
Quando se trata de construir eventos patológicos, é possível utilizar modelos
atuais mais adequados para as possíveis limitações impostas pelos dados
arqueológicos. Embora exista a hipótese de que, em termos metodológicos, a
paleopatologia não pode ser comparada à patologia médica da nossa atualidade
(SOUZA; ARAÚJO; FERREIRA, 1994), mesmo que “[…] não se constitua em
uma área de pesquisa experimental, a paleopatologia cresce com aquisições da
experimentação biomédica” (BUIKSTRA; COOK, 1980 apud SOUZA; ARAÚJO;
FERREIRA, 1994, p. 230).
Apesar dos arqueólogos ainda se depararem com problemas relacionados
à preservação de estrutura óssea em contexto arqueológico, tanto pelo tipo de
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sepultamento quanto pelas condições do solo que podem interferir na


preservação dos remanescentes (MUJICA; FERREIRA, 2014), a paleopatologia
ainda proporcionará diagnósticos importantes a partir dos vestígios ósseos
existentes (CAMPILLO, 1993, p. 48).

Desenvolvimento da osteoartrite (AO)

Existem dois tipos de células que formam o tecido ósseo, são os


osteoblastos e osteoclastos. Todo processo de atividade óssea é contínuo e é
alcançado por meio da remodelação óssea, no qual os ossos são removidos por
osteoclastos e substituídos por osteoblastos. A remodelação pode ser iniciada
para reparar pequenos defeitos ou rachaduras nos ossos em resposta a algum
tipo de estresse, ou para liberar íons de cálcio necessários para outros processos
metabólicos (WALDRON, 2009).
As doenças que afetam os ossos perturbam o equilíbrio do processo de
remodelação, possibilitando obter sinais de determinadas doenças, traumas por
estresse ou anomalias diversas (ORTNER; AUFDERHEIDE, 1991; WALDRON,
2009). Uma das doenças que podemos observar nas articulações, é a
osteoartrite (OA), patologia da cartilagem articular que pode deixar sinais à
medida que progride ao longo do tempo. Este distúrbio inflamatório sistêmico
multifatorial pode ocasionar rigidez articular, perda de cartilagem, diminuição
óssea ou supercrescimento do mesmo (WALDRON, 2009; DAVID; MAXIME,
2012).
Para sistematizar as informações, é importante observar que existem
estágios específicos que nos levam à identificação da OA, por ser um processo
que estimula a quebra enzimática localizada na matriz da cartilagem articular.
Esse é o momento que afeta o metabolismo dos condrócitos que leva à liberação
de enzimas como as metaloenzimas, uma das causadoras do processo de
degradação na matriz. As células presentes nos tecidos cartilaginosos também
produzem inibidores enzimáticos, entretanto, em quantidade insuficiente para
evitar os efeitos proteolíticos (WALDRON, 2009).
O que podemos considerar como um segundo estágio, é quando a
cartilagem começa a fibrilar, tanto na horizontal quanto na vertical, logo, a
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superfície cartilaginosa sofre erosões que estimulam a produção de colágeno e


proteoglicanos na cavidade articular óssea. Na terceira fase, tem-se a resposta
inflamatória na membrana sinovial que causa a produção de citocinas e
metaloproteinases que se difundem na matriz, ocasionando a sua destruição
com a liberação de enzimas proteolíticas. Neste caso, considera-se que os ossos
localizados no interior das articulações respondem à tentativa de um reparo
(WALDRON, 2009), podendo passar pelas seguintes etapas:

1. a formação de novo osso ao redor das margens da


articulação, o chamado osteófito marginal; 2. a formação de
novo osso na superfície articular devido à vascularização do
osso subcondral; 3. corrosão na superfície articular que se
manifesta como uma série de orifícios na superfície articular,
alguns dos quais podem se comunicar com cistos subcondrais;
4. mudanças no contorno da junta, frequentemente alargando e
achatando; e 5. a produção de eburnação, uma área altamente
polida na superfície da junta, geralmente bem demarcada em
relação a superfície não eburnada. A superfície desgastada é a
mais importante dessas alterações para o paleopatologista. Ela
se desenvolve em áreas da articulação onde a cartilagem
articular foi completamente perdida e o osso descoberto entra
em atrito com o osso nu […] (WALDRON, 2009, p. 27-28).

Em estudos epidemiológicos e antropológicos é possível observar que


existe maior ocorrência de OA em jovens adultos e indivíduos mais velhos.
Populações que habitam ambientes com climas mais quentes são menos
afetadas, mas isso pode estar relacionado ao hábito de se expor ao sol com
maior frequência, volume de roupas que determinado grupo vestia ou o fator
peso. Quando existe maior número de incidência em mulheres, não podemos
desconsiderar fatores inerentes ao peso e questões hormonais, além de outros
indicadores como: metabólicos, nutricionais, densidade óssea, deficiências
vasculares, infecções, traumas ou a hereditariedade que podem ser
determinantes para este tipo distúrbio. Na figura 1 estão presentes elementos
diversos que podem influenciar no desenvolvimento da OA (LARSEN, 1999).
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Figura 1- Esquema de predisposição ao aparecimento da OA

Fonte: Rogers; Waldron (1995, p. 34).

Ao diagnosticar a OA em vestígios ósseos oriundos de contextos


arqueológicos, é importante ter em mente que existem variações no que toca à
incidência e gravidade. Entre os caçadores-coletores e as sociedades que
levavam uma vida baseada na agricultura, por exemplo, é necessário observar
o grau de complexidade inerente ao estilo de vida, aspectos culturais e
ambientais (LARSEN, 2002). Larsen (1999) em Bioarchaeology, Interpreting
Behavior from the Human Skeleton aponta que as atividades físicas
desenvolvidas em ambientes específicos são definidoras para o processo
adaptativo humano.

Os caçadores-coletores, por exemplo, são frequentemente


caracterizados como altamente móveis, trabalhadores e mal
capazes de sobreviver. Em contraste, os agricultores são vistos
como tendo uma vida muito boa - eles estão assentados em um
lugar, têm muito o que comer e suas cargas de trabalho são
leves. (LARSEN, 1999, 161).

Em ocasiões específicas, a maior incidência de OA pode ser mais comum


nos homens do que em mulheres, considerando que, em questões de “[…] carga
de trabalho e a mobilidade - pelo menos na medida em que afeta as articulações
- são maiores nos homens do que nas mulheres nas sociedades antigas”
(LARSEN, 2002, p. 134). São recorrentes as análises que associam esta
patologia ao fator idade, entretanto, Gestsdóttir (2014) afirma que a intensidade
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de atividades exercidas durante à infância devem ser levadas em consideração,


visto que são determinantes para o desenvolvimento da osteoartrite.

Principais articulações do esqueleto humano e indícios de OA

As articulações presentes na estrutura esquelética são classificadas em três


grupos, apesar de existirem variações entre elas (WALDRON, 2009; ROGERS;
WALDRON, 1995; FILHO; PEREIRA, 2015). A primeira delas é a fibrosa
(sinartrose), a mais comum de ser localizada no crânio (suturas, dentes, maxilar),
com exceção da Articulação Temporomandibular (ATM). No segundo grupo
estão as articulações cartilagíneas (anfiartroses), cujos ossos são unidos por
cartilagem, permitindo que obtenha pequenos movimentos nessa articulação,
podendo ser localizadas nos ossos do quadril e vértebras (FILHO; PEREIRA,
2015).
Por fim, existem as articulações sinoviais (diartrose) que possuem cobertura
de cartilagem unidas por ligamentos e revestimentos de membrana sinovial, “[…]
que forma a maioria do esqueleto, na inclusão do quadril, joelho e articulações
apofisárias da coluna vertebral” (ROGERS; WALDRON, 1995, p. 1). Na figura 2
é possível ter uma visão ampla das articulações presentes nos membros
superiores e inferiores do esqueleto humano.
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Figura 2 - articulações no esqueleto humano

Fonte: Sobotta (2011 apud ALENCAR, 2015, p. 29).

Como já foi citado anteriormente, a possibilidade de identificar lesões


oriundas de OA, vai depender do estilo de vida que os indivíduos eram
submetidos em determinada sociedade. De acordo com Waldron (2009), no que
tange as articulações ósseas, as regiões prováveis de serem identificadas com
lesões de OA são: articulações temporomandibular (ATM), acromioclavicular,
esternoclavicular, coluna vertebral, ombro, cotovelo, ossos do pulso e do carpo,
mão, joelho, quadril, tornozelo e pé.
Na ATM, as lesões surgem em resposta a distúrbios internos do disco
mandibular, com alterações que podem causar erosões, e “[…] ocorre com
frequência em culturas que usam seus dentes como ferramentas e também está
relacionado ao excesso de desgaste dos dentes” (WALDRON, 2009, p. 34). No
caso da articulação acromioclavicular (região distal da clavícula, entre o acrômio
e a clavícula), são mais comuns quando existe a síndrome do manguito rotador.
Esta atinge indivíduos que foram afetados por doença renal crônica e,
geralmente, são articulações cujos idosos são mais afetados. Com relação à
articulação esternoclavicular, são lesões menos severas perceptíveis na região
clavicular da própria articulação, com maior taxa de incidências no sexo
masculino (WALDRON, 2009).
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Na região do ombro, as ocorrências são menores (LIORENS; MORERA,


2003), mas quando são identificadas (na articulação glenoumeral), pouco estão
associadas a algum tipo de trauma. Ademais, quando há traumas, vê-se que as
mulheres são mais afetadas, além de existir a possibilidade de identificar OA
atrófica, aquela que pode causar uma rápida destruição na glenoumeral articular,
acromioclavicular e cabeça do úmero proximal. No cotovelo, raramente vamos
obter sinais de OA, apenas se houver algum tipo de trauma (LIORENS;
MORERA, 2003; SILVA; MONTANDON; CABRAL, 2008), embora as evidências
mais comuns possam se concentrar na articulação rádio-ulnar, com maior
frequência no braço direito do que no esquerdo. No que corresponde às
vértebras, existe maior incidência na região cervical e lombar, embora as
mulheres possam ser afetadas na região torácica inferior (WALDRON, 2009).
No punho, na porção distal do rádio, na articulação com os ossos semilunar
e o escafóide são as regiões com maior foco de OA. Existe uma regra geral
quanto à patologia em questão. Principalmente quanto à localização de OA no
carpo, de maneira geral, a região da articulação radial pode ser mais afetada se
comparado a região ulnar. Os ossos do carpo, em especial o trapézio, por sua
vez, pode apresentar muitas alterações osteoartríticas (WALDRON, 2009).
Quanto ao quadril, é possível que apresente indicadores de estresse na
articulação, eburnição no polo superior, protrusão acetabular, crescimento ou
diminuição da anteversão do fêmur. A região articular do joelho composta pelo
patela-fêmur, tibiofemoral medial e lateral, a patelo-femoral pode ser mais
afetada ao ser comparada com a tibiofemoral. Por fim, a articulação do tornozelo
é uma região que pouco apresenta algum tipo de doença, a menos que tenha
passado por traumas severos (WALDRON, 2009; SILVA; MONTANDON;
CABRAL, 2008).

Potencial informativo e diagnóstico com base nos MCA e imagens


radiográficas

Antes de discorrer a respeito dos Marcadores de Comprometimento Articular


(MCA), é importante ressaltar que esse termo foi difundido como uma das
categorias de investigação dos Marcadores de Estresse Ocupacional (MEO). Os
tipos de MEO podem ser estudados a partir de uma perspectiva populacional
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das sociedades pretéritas, indicando diferenças específicas e padrões que


apontam as principais demandas mecânico-musculares e divisões ocupacionais
culturalmente estabelecidas em determinada sociedade (LIORENS; MORERA,
2003; RODRIGUES-CARVALHO, 2004; STABILE, 2017).

No âmbito dos MEO é possível selecionar categorias distintas como:


Marcadores de Comprometimento Articular (MCA), que estão associados ao
processo degenerativo das articulações e ao surgimento da osteoartrite;
Marcadores de Estresse Músculo-Esquelético (MEM) e Marcadores de Estresse
Mecânico-Postural (MEP), os dois últimos com foco nas áreas onde se fixam os
músculos e ligamentos (RODRIGUES-CARVALHO; SOUZA, 2005).

No tocante aos MEM e MEP, considera-se que não estão relacionados a


eventos patológicos, porque é possível observar que os ossos dão indícios de
lesões ocasionadas por estresse e ossificações, ambos podem ocorrer devido a
algum tipo de evento traumático que afeta a região específica da fixação
muscular do corpo humano ( HAWKEY, 1998 apud RODRIGUES-CARVALHO,
2004).

A partir do que foi mencionado até o momento, quando se trata de


compreender o potencial informativo e critérios de análises com base nos MCA,
os indicadores mais comuns de serem identificados em vestígios ósseos são:
porosidade, eburnição, erosão, labiamento, osteófito, protuberância óssea,
dentre outros (NEVES, 1984; ROGERS; WALDRON, 1995; RODRIGUES-
CARVALHO, 2004). Stabile (2017), ao analisar os critérios de diagnósticos
definidos pelos autores: Lyrio (2008), Estanek (2008) e Lessa (2013), em sua
dissertação intitulada Ossos do Ofício: análise de marcadores de estresse
ocupacional em série esquelética de sambaquis da Baixada Santista – SP, o
autor detalha as características dos indicadores da seguinte maneira:

Porosidade: conjunto de orifícios regulares de tamanho variável


com contorno das bordas arredondados […];
Eburnação: áreas de osso denso, com aspecto polido, de
coloração perolada, que apresentam brilho quando o osso é
movimentado contra a luz, podendo apresentar estrias
correspondentes a direção do movimento da articulação;
Erosão: áreas deprimidas da superfície articular de tamanhos e
formas variadas e limites irregulares, que correspondem a
processos de reabsorção óssea;
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Exostose: neoformação óssea na superfície articular com


formas e proporções irregulares;
Labiamento: neoformação óssea ao redor da margem articular
na forma de linhas discretas, ou projeção na forma de bordos,
visíveis a olho nu;
Osteófito: deposição óssea em porção da margem articular com
a forma de projeções acentuadas com tamanhos e formas
variadas. (STABILE, 2017, p. 74-75, grifos do autor).

As observações diretas a respeito dos MCA podem ocorrer a partir das


principais articulações localizadas nos membros superiores e inferiores como:
ombro, cotovelo, quadril, joelho e tornozelo (RODRIGUES-CARVALHO, 2004;
LESSA, 2013), entretanto, dependendo do objetivo da pesquisa, as prioridades
podem mudar, uma vez que o pesquisador depende do estado de conservação
dos ossos para dar andamento ao processo de análise.
A preservação dos vestígios ósseos está sujeita a de fatores diversos,
sobretudo a modificações culturais (antrópicas) ou tafonômicas que afetam as
características anatômicas do esqueleto (SULLIVAN, 1978; HOLZ, 2002;
MACHADO, 2006; BARTOLOMUCCI, 2008), podem prejudicar o processo de
diagnóstico associados a patologia óssea. Lessa (2013) aponta que são poucos
os estudos que buscam detalhar a ausência de determinada parte da área
articular, sobretudo por motivos de processos tafonômicos, mesmo que sejam
relevantes. Com isso, a autora acredita que o “[…] estado de preservação das
articulações, no entanto, é, ou deveria ser, um dos critérios para eleição das
articulações adequadas para análise” (LESSA, 2013, p. 572).
No Brasil, existem muitos estudos arqueológicos desenvolvidos em vestígios
esqueléticos oriundos de sociedades sambaquieiras3, com foco nos MEO, que
buscam compreender o estilo de vida, através das atividades biomecânica
desenvolvidas (RODRIGUES-CARVALHO, 2004; STABILE, 2017). A literatura
construída a partir das evidências arqueológicas demonstra que, em sítios
arqueológicos sambaquieiros, pode haver ossos, conchas, pedras, cerâmicas,
dentre outros vestígios. Esse tipo de população ocupava espaços próximos a
rios, mangues e lagunas, lugares com recursos favoráveis ao meio de
subsistência, tanto terrestres quanto marinhos (PROUS, 1992).

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De acordo com André Prous (1992, p. 204) “[…] a palavra sambaqui seria derivada de
tamba (marisco) e A:/(amontoamento) em tupi. Trata-se, portanto, de uma acumulação
artificial de conchas de moluscos, vestígios da alimentação de grupos humanos”.
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Nos sambaquis brasileiros, tal como em sítios semelhantes em


outras partes do mundo, o achado de remanescentes funerários
proporciona farto material e oportunidade para diferentes
análises e inferências baseadas na forma. Os ossos e dentes
humanos permitem duas vertentes principais de estudos: sobre
as origens e modificações evolutivas representadas no corpo,
que ajudam a responder sobre quem eram, quando e de onde
teriam vindo os indivíduos ou grupos estudados; e sobre as
condições e estilos de vida, que ajudam a responder sobre como
eram e porque eram como eram aqueles indivíduos e grupos.
(SOUZA, 2018, p. 219).

O potencial informativo dos MCA está nas evidências deixadas pelos efeitos
cumulativos de intensas atividades desenvolvidas no cotidiano sambaquieiro, e
que foram desencadeados por “[…] stress mecânico, trauma, e raramente de
fatores genéticos. Altas prevalências indicam esforço intenso e/ou continuado ou
idade avançada. Nos membros superiores sugere nado, remo e lançamento de
redes” (BRIDGES, 1991 apud SCHEEL-YBERT et al. 2003, p.116).
Tendo como exemplo as pesquisas desenvolvidas por Rodrigues-Carvalho
(2004) em sambaquis do Rio de Janeiro e Santa Catariana, para os vestígios
com indícios de estresse no pulso ou cotovelo, existe a hipótese de que foi
devido a atividades desenvolvidas no processo de confecção de artefatos
diversos, além da prática de construir canoas, embarcações leves que eram
utilizada para o deslocamento no mar (RODRIGUES-CARVALHO, 2004 apud
CALIPPO, 2010).
Ao analisar a pesquisa de Rodrigues- Carvalho (2004), Calippo (2010)
observa que, além do pulso e cotovelo, o ombro apresentou maior desgaste, mas
autor destaca que “[…] tais alterações articulares indicam também certa relação
com a prática de atividades náuticas (arremesso de arpões e lanças), a
fabricação de canoas (machados e enxós4) e aquelas relacionadas aos
ambientes aquáticos (natação) […]” (CALIPPO, 2010, p. 34). A figura 3 ilustra
atividades comumente praticadas pelas sociedades sambaquieiras. A primeira
delas é o uso da canoa como meio de se locomover e para a prática da pesca,
confecção de rede de pesca e coleta de matéria-prima para produção de
material lítico.

4
Segundo Calippo (2010), esta é uma ferramenta que foi bastante utilizada pelos povos
sambaquieiros no processo de escavar a parte interna das canoas monóxilas indígena.
16

Figura 3: Atividades de pesca

Fonte: Jessica Cardoso (2019, p. 13-17).

No tocante as articulações do tornozelo, quando são afetadas com menor


intensidade do que em outras regiões articulares, sugere-se que foram poucas
as atividades de caminhamento (RODRIGUES-CARVALHO, 2004 apud
CALIPPO, 2010).
Quando se trata de estabelecer uma metodologia para diagnosticar sinais
de OA, a literatura aponta que, análises mais precisas são realizadas de maneira
direta, com observações macroscópicas a partir da superfície articular.
Entretanto, por que as imagens radiográficas são consideradas pouco
apropriadas neste processo? Em clínicas, utiliza-se como diagnóstico principal o
estreitamento do espaço articular, mas é pouco provável que contribua com
informações a partir de ossos humanos coletados em sítios arqueológicos,
considerando que a referida técnica de análise é aplicada em indivíduos vivos
(ROGERS; WALDRON, 1995 apud GESTSDÓTTIR, 2014).
Existe um grande número de pesquisadores com qualificação médica
interessados em contribuir com pesquisas direcionada a paleopatologia
17

esquelética, entretanto, são a minoria, assim como os radiologistas que


disponibilizam o seu conhecimento para os estudos arqueológicos e
antropológicos, com o objetivo descobrir doenças presentes em épocas remotas
(ROGERS; DIEPPE, 1990).
Em uma pesquisa publicada pelos autores Rogers, Watt e Dieppe (1990),
foram selecionadas 24 articulações de joelhos de 14 esqueletos com alterações
distintas associadas à OA, classificadas como: osteófitos, eburnação, corrosão
e alteração do contorno ósseo, a partir das avaliações realizadas por um
paleopatologista. Após os vestígios serem analisados pelo radiologista, os
resultados obtidos comparados demonstraram diferenças entre os achados
identificados de maneira direta pelo paleopatologista e por diagnósticos
resultante de imagens radiográficas, especialmente na identificação de osteófito
e eburnação que, muitas vezes, não foram visíveis no raio-x. No total, “[…] o
paleopatologista registrou anormalidades óbvias em 16 casos, enquanto o
radiologista só viu alterações em dois” (ROGERS; WATT; DIEPPE, 1990).
São poucos as pesquisas que abordam diagnósticos comparados entre
paleopatologistas e radiologistas, mas as poucas evidências demonstram que
“[…] não é apropriado relacionar estudos de prevalência de doenças registradas
em esqueletos a levantamentos epidemiológicos modernos baseados em outros
dados, como a radiologia” (ROGERS; DIEPPE, 1990, p. 885). O que justificaria
essa afirmação, é o fato de

[…] os marcadores associados às alterações ósseas


apresentam variações quando observados nos indivíduos vivos
por meio de técnicas de imagem, ou diretamente no osso. A falta
de correspondência entre os marcadores e os sistemas
radiográficos de escores para diagnóstico, amplamente aceitos
e utilizados na clínica, e o conjunto de evidências observáveis
diretamente no osso subcondral resultaram na aplicação de
metodologias não padronizadas para diagnóstico em séries
esqueléticas arqueológicas. (LESSA, 2013, p. 569).

Isso significa que, na arqueologia, as doenças degenerativas das


articulações são analisadas “[…] de forma direta e apenas a partir de alterações
ósseas nas superfícies articulares, logo, os critérios diagnósticos são distintos
daqueles utilizados na clínica” (LESSA, 2013, p. 569).

Considerações finais
18

O artigo foi desenvolvido com o intuito de compreender o processo de


desenvolvimento da patologia articular denominada osteoartrite (OA), como
resultado de atividades biomecânicas que podem trazer respostas quanto ao
estilo de vida das sociedades pretéritas, tendo como fontes de pesquisa os
vestígios ósseos humanos. Como complementação, foi posto em discussão o
potencial informativo dos Marcadores de Comprometimento Articular (MCA) e
diagnósticos com base nas observações diretas nas articulações e por imagens
radiográficas, para que pudéssemos obter critérios diagnósticos.

Os resultados obtidos apontam que, para que possamos compreender o


processo de desenvolvimento da doença articular degenerativa, é importante
saber que os MCA se formam a partir de um processo de remodelação óssea. A
remodelação pode ocorrer por motivos diversos, incluindo a reparação óssea
inerente a algum tipo de estresse e, qualquer doença que atinge os ossos,
consequentemente causará desequilíbrios no processo de remodelação, com
isso, surgem os indicadores ósseos associados a uma doença específica.

Quando os ossos das articulações respondem a tentativa de reparos, podem


passar pela formação de porosidade, eburnação, erosão, exostose, labiamento,
osteófito, e esses marcadores podem ser observados em articulações como:
ombro, cotovelo, quadril, joelho, tornozelo, dentre outros. O potencial informativo
de patologias degenerativas pode revelar padrões diversos de estilo de vida, em
sociedades distintas ao longo do tempo. Mesmo que os indicadores nos
permitam “[...] inferir padrões de atividade e mobilidade, é essencial que
circunstâncias locais envolvendo mudanças adaptativas sejam consideradas”
(LARSEN, 2002, p. 132).

Como foi possível observar, estudos aplicados em sociedades


sambaquieiras, por exemplo, contribuem para o entendimento das atividades
que cada indivíduo exercia, podendo estar associadas às condições do ambiente
e/ou processo de subsistência. A metodologia utilizada em diagnósticos de MCA
ocorre a partir das observações diretas nas articulações, com foco nos
indicadores de OA citados ao longo do texto, não é comum ter como preferência
a utilização das imagens radiográficas.
19

Em termos gerais, para que as imagens geradas no processo radiográfico


possam ser utilizadas nas pesquisas, seria necessário que houvesse a
elaboração de padrões de diagnóstico de OA para vestígios esqueléticos
humanos, por esse motivo, cabe ao arqueólogo levar em consideração que
existe a falta de sensibilidade nas imagens radiográficas, e isso pode afetar de
maneira negativa o resultado final da pesquisa.

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