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Resumo
A cervicalgia ataca a área da coluna cervical, podendo conter diversas causa, tais como
alterações mecânicos-posturais, artroses, hérnias e protusões discais, artrites, espondilites
ou espasmos musculares, causando repercussões ortopédicas, reumatológicas ou até
neurológicas. Alterações mecânicos-posturais na maioria das vezes tem sido a causa de
dores na cervical. No Brasil têm se tornado comum o uso da quiropraxia por fisioterapeutas.
Este estudo teve como objetivo rever na literatura os efeitos do tratamento quiropráxico
sobre a cervicalgia. Para tanto, realizou-se pesquisa bibliográfica com base em artigos
científicos e diversas publicações voltadas para a área da saúde relacionada a Coluna
cervical, Cervicalgia e Quiropraxia, bem como, as bases virtuais de dados. Desta forma,
conclui-se que é necessária a realização métodos de avaliação mais fidedignos, a fim de
comprovar os seus reais efeitos no tratamento da cervicalgia.
1. Introdução
1
Pós-graduando em Fisioterapia em Ortopedia e Traumatologia com ênfase em Terapia Manual.
2
Orientador Fisioterapeuta, Especialista em Metodologia do Ensino Superior, Mestranda em Aspectos Bioéticos
e Jurídicos da Saúde.
3
Coorientador Especialista em Docência do Ensino Superior.
2
atividades de vida diária. Esta doença raramente se inicia de maneira súbita, em geral pode
estar relacionada com movimentos bruscos, longa permanência em posição forçada, esforço
ou trauma. As cervicalgias podem ser agudas ou crônicas e estão relacionadas a desordens
biomecânicas e musculares, resultando quadros de algias, inflamações e perda de amplitude
de movimento (SILVA et al. 2012).
Ainda segundo os autores, embora muito se tenha pesquisado, não existe consenso na
literatura com relação à melhor alternativa para o tratamento das dores na região cervical,
existindo forte discordância entre os recursos a serem utilizados, tendo surgido ultimamente
prática baseada em terapias manipulativas como a quiropraxia.
A Quiropraxia é uma profissão da área da saúde encontrada em mais de 90 países, com 38
faculdades reconhecidas pela Organização Mundial da Saúde e conta com aproximadamente
90.000 profissionais que atuam em todo o mundo. Está voltada para o diagnóstico, tratamento
e prevenção das desordens do sistema musculoesquelético e dos efeitos destas desordens na
saúde em geral, com ênfase em técnicas manuais, incluindo o ajuste e/ou manipulação
articular (KACHAN et al. 2011).
A partir desta análise, este trabalho tem por objetivo rever na literatura os efeitos do
tratamento quiropráxico sobre a cervicalgia.
Tal pesquisa desenvolver-se-á a partir da seguinte indagação: Como a utilização da
Quiropraxia pode trazer benefícios no tratamento da Cervicalgia?
Para tanto, cabe ao estudo a observação dos seguintes objetivos específicos: Construir o
referencial teórico do presente estudo, ou seja, abordar a anatomia e fisiologia da coluna
cervical; descrição da patologia da cervicalgia; Atuação da Quiropraxia na preservação e
restauração da saúde. Identificar os elementos que se relacionam com o tema abordado, tais
como as funções da coluna cervical, sinais e sintomas da cervicalgia, e as técnicas da
Quiropraxia. Verificar os resultados obtidos com a revisão da literatura.
Nesse contexto, a elaboração deste artigo justifica-se pela expectativa em contribuir para a
identificação dos benefícios que a utilização das técnicas da Quiropraxia pelos profissionais
pode auxiliar no combate a cervicalgia e na identificação de eventuais alternativas potenciais
que compõe a técnica para restaurar a relação e as funções articulares normais, reestabelecer a
integridade neurológica e influenciar os processos fisiológicos.
2. Coluna cervical
Conforme a evolução do Homo Erectus, e de acordo com a teoria de Darwin, o atual ser
humano galgou etapas de evolução que se iniciaram na aérea, vivendo em árvores para, em
um segundo estágio, passar a viver no solo firme, em quatro apoios, e deste para a atual
posição bípede. Porém, a coluna vertebral não se adaptou perfeitamente a esta nova
configuração no espaço. Somente às custas de algumas modificações em sua estrutura
original, que era quase ereta, este segmento corporal foi se acomodando a posição vertical.
Tal fato foi conseguido com a mudança de uma curvatura espinhal simples para uma forma de
S. A coluna vertebral, se observada de perfil, apresenta quatro curvaturas fisiológicas, que tem
por objetivo distribuir as forças que atuam sobre o corpo humano (CARNEIRO; SOUSA &
MUNARO, 2005).
Segundo os mesmos autores, tais alterações anatômicas, já incorporadas à espécie e a
coluna vertebral, são novamente modificados com a idade, hábitos, tipo de trabalho, e outros
fatores. A evolução de cada ser humano, desde o período embrionário até a vida adulta, passa
por fases distintas, influenciadas por inúmeros fatores, desde os genéticos aos psicológicos,
fisiológicos, experiências físico-motoras e vícios posturais, sendo que estes últimos podem
contribuir negativamente para a posição final da postura do individuo, causando serias
perturbações da coluna vertebral.
3
A coluna cervical tem anatomia e fisiologia totalmente diversas da coluna lombar e dorsal.
As necessidades funcionais são diferentes e, uma vez mais, são elas que determinam a
anatomia e a fisiologia. A coluna cervical possui três funções: (1) provê suporte e estabilidade
à cabeça; (2) suas superfícies articulares dão mobilidade à cabeça e (3) abriga e conduz a
medula espinhal e artéria vertebral (BIENFAIT, 1999).
Figura 2 – Vertebras de C1 a C7
Fonte: Thompson & Floyd, 1997.
3. Cervicalgia
A cervicalgia se caracteriza pela dor no nível da coluna cervical. De acordo com Knoplich
(2003, p.124), quando a dor desta região se irradia para o ombro, braço e mão passa a se
denominar cervicobraquialgia, admitindo-se que o plexo braquial, formado das terminações
C2 a C8, tenha sido afetado (PEQUINI, 2005).
A dor cervical mecânica é problema comum na população em geral e engloba a dor
cervical aguda, as lesões em chicote, as disfunções cervicais e a dor cervical-ombro. A
limitação da amplitude de movimento, a sensação de aumento da tensão muscular, a cefaleia,
a braquialgia, a vertigem e outros sinais e sintomas são manifestações comuns e podem ser
agravados por movimentos ou pela manutenção de posturas da coluna cervical. A cervicalgia
pode ter várias origens, desde alterações posturais, traumas mecânicos, retificações,
5
compressões articulares, entre outras (FERREIRA; VAS et al. apud MENDONÇA et al.
2011, p.02).
Figura 3 – Cervicalgia
Fonte: William, 2010.
Esta patologia raramente se inicia de maneira súbita, em geral pode estar relacionada com
movimentos bruscos, longa permanência em posição forçada, esforço ou trauma. Também
pode ser definida como uma dor localizada na parte posterior do pescoço e superior das
escápulas ou zona dorsal alta, que não se acompanha de sinais característicos de radiculopatia
(SOBRAL et al. 2010).
Teixeira (2001, p.307) atribui a cervicalgia a atividades ocupacionais, posturas anormais,
estresses psíquicos, ansiedade e depressão e diz que outras afecções, como hérnias discais,
traumatismos, tumores, infecções regionais e ou sistêmicas, costumam ser precipitadas por
fadiga ou estresse psicológicos. Outros fatores importantes relacionados às cervicalgias,
lembra Teixeira, é a excessiva flexão ou extensão cervical em decorrência de estresses
emocionais, a sobrecarga funcional decorrente do manuseio ou transporte de objetos pesados
em um ombro e a execução de atividades que impliquem a elevação dos membros superiores
(PEQUINI, 2005).
A cervicalgia atinge atualmente grande parte da população por diferentes causas, que
podem ser desde problemas emocionais a patologias relacionadas ao trabalho. Na cervicalgia,
a coluna torácica é normalmente desviada em uma pequena cifose e com os músculos da
coluna quase sempre contraídos (BENASSI; GEREMIAS; PELAQUIM, 2009).
Segundo a Sociedade Brasileira para Estudo da Dor (SBED), (2009), Cervicalgia é um
problema comum em todo o mundo, pelo menos no mundo industrializado, e constitui causa
importante de incapacidade. O pescoço controla os movimentos da cabeça em relação ao resto
do corpo. Uma vez que os olhos e os órgãos vestibulares são localizados na cabeça,
informações vindas dos mecanorreceptores das estruturas do pescoço são cruciais para
interpretar os dados vestibulares e para controlar as funções motoras que dependem das
informações visuais. A cervicalgia pode, assim sendo, ter profundas consequências (SILVA
FILHO & MEJIA, 2012).
Segundo os mesmos autores, A principal manifestação clínica da cervicalgia é a dor do
tipo choque, que segue os trajetos radiculares, piorando com os movimentos que distendem a
raiz, com o tórax ou com a coluna vertebral. As parestesias podem ocorrer na parte distal da
raiz. Alterações dos reflexos, do tônus, da força ou alterações tróficas podem faltar ou serem
tardias. O quadro clínico compõem-se da região cervical dolorida, limitação dos movimentos,
cervicobraquialgia e diminuição da força dos membros superiores.
6
O paciente com cervicalgia costuma adquirir uma atitude de defesa e rigidez dos
movimentos. Ocorre também uma alteração na mobilidade do pescoço e dor durante a
palpação da musculatura, podendo também ser abrangida a região do ombro e nos casos mais
graves ou prolongados haver irradiação para todo o membro superior (PUERTAS & CURTO,
2002).
4. Quiropraxia
A Quiropraxia teve início em 1895, em Davenport, Iowa. Neste ano, Daniel David Palmer,
um canadense, realizou uma manobra de manipulação articular em um paciente, com grande
sucesso. Este paciente, chamado Harvey Lillard, tinha uma deficiência auditiva, e melhorou
significativamente após a manobra. Palmer, então, cunhou o nome “Quiropraxia”, que vem do
grego “Queirós”, que significa mãos, e “Práxis”, que significa prática, ou atividade
(PETERSON apud FACCHINATO, 2006).
Segundo a mesma autora, a Quiropraxia desenvolveu-se inicialmente predominantemente
nos Estados Unidos e no Canadá. A partir da década de 1970-1980, entretanto, começou a
tornar-se uma profissão internacional. Hoje em dia, há mais faculdades de Quiropraxia fora
dos EUA do que nos Estados Unidos. Há hoje 37 faculdades de Quiropraxia no mundo, entre
as quais 15 nos EUA, 2 no Brasil, 2 na África do Sul, além de faculdades no Canadá,
Austrália, Nova Zelândia, Japão, México, Inglaterra, França, Dinamarca, Suécia, etc.
O termo “Quiropraxia” é derivado de duas raízes gregas: Quiro - mãos e Praxis - pratica,
assim “pratica com as mãos”; Esse é o nome da técnica utilizada para tratamento de dores e
sintomas relacionados à coluna e sistema músculo – esqueléticos, profissão ainda pouco
divulgada no Brasil, porém famosa por tratar problemas de saúde como estresse, desvios
posturais, DORT, enxaquecas, hérnia de disco, questões ligadas à coluna e todas as
articulações do corpo (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE QUIROPRAXIA, 2010).
A Quiropraxia se baseia na preservação e restauração da saúde com foco na eliminação da
disfunção articular por meio do ajuste, que é definido como uma manobra de alta velocidade e
baixa amplitude (SILVESTRINO et al. 2011).
A ciência da Quiropraxia trabalha com o relacionamento entre as articulações do esqueleto
e o sistema nervoso e com a integração desse relacionamento no restabelecimento e
manutenção da saúde. A preocupação primária da Quiropraxia é com as anormalidades de
natureza dinâmica na estrutura (coluna vertebral e demais articulações), que podem
desenvolver a entidade clínica conhecida como complexo de subluxação. O complexo de
subluxação inclui qualquer alteração na dinâmica biomecânica e fisiológica das estruturas
contíguas da coluna, as quais podem causar distúrbios neuronais (ASSOCIAÇÃO
NACIONAL DE QUIROPRAXIA, 2006).
O complexo de subluxação vertebral é uma relação aberrante entre duas estruturas
articulares adjacentes que podem ter sequelas funcionais ou patológicas, causando uma
alteração nos reflexos biomecânicos e/ou neurofisiológicos destas estruturas articulares e/ou
outros sistemas do organismo que podem ser afetadas direta ou indiretamente por elas (CID
10) (NUNES & NORO, 2011).
Ainda segundo as mesmas autoras, para corrigir o complexo de subluxação vertebral a
Quiropraxia se utiliza de ajustamentos, que podem ser entendidos como procedimentos que
utilizam força, velocidade, amplitude e direção para movimentar as articulações; estes
ajustamentos podem ser aplicados de diversas formas, dentre as diversas técnicas que a
Quiropraxia oferece.
A quiropraxia prevê a correção de tais subluxações através de ajustes quiropráticos que
devolvem a mobilidade para a articulação afetada, inibem a hiperreatividade dos músculos e
evitam que a região comprometida torne-se incapacitada. Conforme a Organização Mundial
7
da Saúde (2006) a quiropraxia, com procedimentos não invasivos, enfatiza que o indivíduo
responda ao tratamento espontaneamente, excluindo o uso de medicamentos e cirurgia
(CHAPMAN-SMITH, 2001).
alívio imediato ao paciente. Internacionalmente, a faixa etária acima de 60 anos é a que mais
procura o tratamento quiroprático, sendo certo que 95% desta população alegam ter recebido
tratamento convencional, mas sem a adequada adaptação (OSAKI et al. 2011).
Assim como as demais profissões da área busca tratar seus pacientes a partir de um
conjunto de sinais e sintomas apresentados pelo paciente, para tal, é de vital importância uma
avaliação bem realizada para se obter o máximo de informações para realizar um diagnóstico
preciso e providenciar um tratamento eficaz para o paciente. Para isto, o profissional deve
usar como parte básica do seu trabalho, um prontuário de atendimento que abranja a
totalidade dos itens inspecionados na avaliação inicial, para que os detalhes observados
sirvam de referência para todo o tratamento. O Quiropraxista por ser um profissional de
intervenção primária na área da saúde, precisa ter o conhecimento e o discernimento para
reconhecer a necessidade de encaminhamento do paciente para a avaliação específica de um
médico especialista (WASSAL; PAIVA; FAGUNDES, 2011).
O tratamento realizado pela Quiropraxia tem como objetivo reduzir a dor nos primeiros
dias de seu surgimento, seguido pela restauração da função do sistema neuro-músculo-
esquelético, impedir uma perda de tônus muscular e evitar a incapacidade. Isto inclui:
restaurar a mobilidade normal das articulações; inibir hiperatividade da musculatura; melhorar
a flexibilidade muscular; a coordenação; força e resistência; alongamento de tecidos moles
retraídos; reeducação proprioceptiva (treinamento neuromuscular da posição do corpo,
equilíbrio e movimento); treinamento cardiovascular e reeducação postural (BAROSSI,
PAIVA & CABRAL, 2010).
Metodologia
Resultados e Discussão
acima de 45 anos, esta proporção sobe significativamente para 50% da população (BARROS
FILHO; MENDONÇA NETTO apud BENASSI; GEREMIAS; PELAQUIM, 2009).
De acordo Silva et al. (2012) em um estudo com 6 artigos do tipo ensaio clínico aleatório e
controlado para avaliação dos efeitos das técnicas de quiropraxia no tratamento da dor
cervical, foram caracterizados quanto à forma de tratamento e resultados (Tabela 1) e ao
método de avaliação, tempo de tratamento e acompanhamento (Tabela 2). Esse estudo avaliou
366 pacientes que apresentavam dor na região cervical, cuja origem não era artrose, hérnia de
disco ou fratura das vértebras, foram separados aleatoriamente em 3 grupos, nos quais foi
realizada manipulação cervical, mobilização articular e fisioterapia convencional.
Conclusão
A dor cervical é ocasionada na maioria das vezes por alterações mecânicos-posturais. Dentre
diferentes técnicas terapêuticas realizadas por fisioterapeutas a quiropraxia têm se tornado
comum no Brasil.
A utilização da quiropraxia no tratamento da cervicalgia mostrou resultados satisfatórios.
Com o tratamento por meio da técnica quiropráxica houve aumento da amplitude de
movimento da coluna cervical. Com a manipulação dos tecidos moles obteve-se uma redução
considerável dos sintomas dolorosos da região cervical com apenas uma sessão de tratamento.
Sugere-se a realização de novos trabalhos, com um maior número de ensaios clínicos
controlados e aleatórios envolvendo a quiropraxia e analisando concomitantemente a
amplitude de movimento de outras regiões como torácica e lombar a fim de constatar de
forma eficaz dos benefícios do tratamento da quiropraxia em pacientes com cervicalgia, bem
como a utilização de métodos de avaliação mais fidedignos, a fim de comprovar os seus reais
efeitos no tratamento da cervicalgia.
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