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UNIVERSIDADE NORTE DO PARANÁ (UNOPAR)

SUPERIOR TECNOLOGIA EM GERONTOLOGIA

MARCOS LEANDRO FORMAGIO

PRODUÇÃO TEXTUAL INTERDISCIPLINAR INDIVIDUAL –


PTI: OSTEOARTRITE

Londrina
2022
MARCOS LEANDRO FORMAGIO

PRODUÇÃO TEXTUAL INTERDISCIPLINAR INDIVIDUAL –


PTI: OSTEOARTRITE

Produção Textual Individual apresentado como requisito


parcial para aprovação do semestre.

Orientador: Prof. Dr. João Paulo Manfré dos Santos

Londrina
2022
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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 14
2 DESENVOLVIMENTO........................................................................................15
2.1 Desafio 1............................................................................................................17
2.2 Desafio 2............................................................................................................17
2.3 Desafio 3............................................................................................................17
2.4 Desafio 4............................................................................................................18
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................20
REFERÊNCIAS.........................................................................................................21
APÊNDICE A: situação geradora de aprendizagem (SGA)..................................23
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1 INTRODUÇÃO

Este Portfólio Interdisciplinar Individual baseia-se em uma Situação


Geradora de Aprendizagem (SGA) que foi compilada pelos docentes do Curso
Superior de Tecnologia em Gerontologia, com o objetivo avaliativo interdisciplinar,
considerando as seguintes disciplinas do semestre: farmacologia e cosmetologia;
acessibilidade e tecnologias assistivas para o idoso; reabilitação geriátrica;
psicologia aplicada a saúde; senescência e salinidade.
No presente semestre, a SGA teve como temática a Osteoartrite, e
trouxe a história de Joana, uma senhora de 73 anos de idade, que procurou
atendimento médico por conta de uma dor no pulso, que já estava presente em sua
vida há oito meses. Além disto, a paciente relatou dores nas articulações pequenas
de ambas as mãos, bem como incidentes em que teve dores nos joelhos e quadril,
dificultando a realização de suas atividades diárias. Após avaliações clínicas e
realização de alguns exames, a paciente foi diagnosticada com osteoartrite.
A partir desta SGA, foram propostos quatro desafios, que se
encontram respondidos no desenvolvimento deste relatório. Para responder estes
desafios foram realizadas pesquisas em artigos científicos e trabalhos acadêmicos
da área da saúde que abordaram esta temática.
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2. DESENVOLVIMENTO

Inicialmente foi realizada a leitura da SGA, que se encontra


disponível no Apêndice A. Posteriormente, foram respondidos os quatro desafios
propostos. Para que houvesse organização das discussões realizadas neste
capítulo, ele foi dividido em quatro tópicos, sendo que cada um se refere a um dos
desafios. Assim, inicialmente foram trazidos os desafios e, sequencialmente,
possíveis respostas.

2.1 Desafio 1

Desafio lançado: [...] descreva a fisiopatologia da osteoartrite e


explique de que maneira a reabilitação geriátrica pode auxiliar Joana. Se desejar
contextualizar sua resposta, você pode inserir imagens para diferenciar as estruturas
ósseas/cartilaginosas de uma pessoa saudável e de uma pessoa com osteoartrite,
além de dar exemplos de atividades de reabilitação.

Resposta: a osteoartrite (OA), conhecida popularmente como


artrose, é uma doença articular degenerativa e multifatorial, “que afeta as
articulações interfalângicas, os quadris, a coluna vertebral e o joelho” (PEDDADA et
al, 2015 apud DE PAULA, 2018, p. 18). Por conta disto, a AO pode acarretar
incapacidade de realização de atividades diárias e, consequentemente, “perda da
qualidade de vida, sobretudo na população idosa” (REZENDE; CAMPOS; PAILO,
2013, p. 120).
Se faz importante salientar que a OA atinge a cartilagem articular,
bem como estruturas adjacentes, como “ligamentos, membranas sinoviais, meniscos
e músculos periarticulares” (ARDEN; LEYLAND, 2013 apud ROSSETO, 2018, p. 7).
De modo a ilustrar esta doença, a imagem a seguir diferencia o joelho saudável de
um joelho acometido por OA:
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Figura 1: joelho saudável X joelho com OA

Fonte: Souza (2018).

Conforme pode ser visualizado na ilustração, a OA acarreta


alterações na cartilagem e em suas estruturas adjacentes, levando ao desgaste e
erosão da cartilagem, osteofitose, meniscopatia e exposição óssea. Assim, há
formação de zonas com fissuras e microfraturas. Levando em consideração que a
função da cartilagem articular é promover o deslizamento de duas extremidades
ósseas, quando comprometida pode gerar edema, restrições funcionais e muita dor,
uma vez que haverá atrito entre os ossos (FISIOPATOLOGIA, 2016).
De acordo com De Paula (2018, p. 6), a fisiopatologia da OA é
“caracterizada pela degradação da cartilagem e apoptose dos condrócitos, através
da ação de mediadores inflamatórios, como a IL-1β, a IL-6 e o TNF-α”. Em outras
palavras, os condrócitos (células responsáveis pela formação e manutenção da
cartilagem), em situações de stress mecânico ou inflamatório produzem enzimas
capaz de degradar, degenerar a matriz cartilaginosa, levando as células a perderem
a adesão necessária para sobrevivência e, consequentemente, à morte celular
programada, também chamada de apoptose (HWANG; KIM, 2015).
O tratamento é multifatorial, combinando medidas farmacológicas
(medicamentosas) e não farmacológicas. O tratamento clínico, medicamentoso, se
baseia na utilização de “anti-inflamatórios não-esteroides (AINEs), opioides, injeções
de corticoides” (POULET et al, 2016 apud MUNIZ, 2017, p. 13-14).
Já o tratamento não farmacológico se refere à realização de
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fisioterapia e mudança do estilo de vida, especialmente no que tange a prática


regular de exercícios físicos. Assim, é imprescindível que a pessoa com OA
compreenda a importância da redução de peso, de modo a diminuir o impacto das
articulações, bem como seja encorajada a “praticar e manter prática regular de
exercícios aeróbios, de fortalecimento muscular e de ganho de amplitude de
movimento” (REZENDE; CAMPOS; PAILO, 2013, p. 121).

2.2 Desafio 2

Desafio lançado: [...] é possível afirmar que a osteoartrite caracteriza


o processo de senilidade ou senescência? Responda esta pergunta diferenciando os
dois processos.

Resposta: Em relação à saúde do idoso, tem-se de um lado a


senescência, caracterizada pelo envelhecimento como um “processo progressivo de
diminuição de reserva funcional” (BRASIL, 2006 apud CIOZAK, 2011, p. 1765); e do
outro, a senilidade, definida como o “desenvolvimento de uma condição patológica
por estresse emocional, acidente ou doenças” (BRASIL, 2006 apud CIOZAK, 2011,
p. 1765).
Como exemplos de senescência, destacam-se: aparecimento de
rugas; embranquecimento dos cabelos; perda de massa muscular; leve perda
auditiva e leve diminuição da visão; pequenas alterações na memória; redução da
estatura, entre outros. Já na senilidade, além de traumas físicos e acidentais, se
encontram as alterações decorrentes de doenças crônicas, como hipertensão,
insuficiência cardíaca, diabetes, câncer, demências, entre outros (QUIRINO, 2021).
Portanto, é possível afirmar que a osteoartrite caracteriza o processo
de senilidade, uma vez que é uma doença crônica degenerativa das cartilagens
presentes nos ossos.

2.3 Desafio 3

Desafio lançado: levando-se em consideração o caso de Joana, é


possível afirmar que os aspectos biopsicossociais (mais especificamente os fatores
psicológicos, emocionais) interferem na determinação desta dor e,
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consequentemente, desta doença? Se sim, de que forma? Justifique sua resposta.

Resposta: sim, é possível afirmar que os aspectos biopsicossociais


interferem na determinação da dor advinda da osteoartrite.
Um estudo desenvolvido por pesquisadores da UNICAMP, e
publicado no ano de 2019, constatou que os “fatores psicossociais influenciam a
intensidade com que a dor crônica é expressa” (CAMPOS, 2019, p. 404 – tradução
nossa). Na pesquisa, desenvolvida com 53 pacientes, verificou-se que os indivíduos
com características catastrofizantes – que possuem um conjunto mental negativo
exagerado, aplicado durante experiências dolorosas –, “apresentam mais dor, pior
função e pior qualidade de vida” (CAMPOS, 2019, p. 404 – tradução nossa).
Acerca dos aspectos psicossociais que se encontram atrelados à dor
crônica, Alexandre, Cordeiro e Ramos (2008, p. 327) esclarecem que:

[...] pessoas com dor crônica usam basicamente duas estratégias de


enfrentamento: a “reação passiva” ou o “pensamento tranquilizador”.
O primeiro comportamento pode ser considerado como negativo [...].
Já o segundo pode ser considerado como positivo, pois esses
indivíduos acreditam que sua condição clínica e funcional poderia ser
pior.

Assim, é possível afirmar que as alterações na determinação da dor


destes pacientes variam de acordo com a subjetividade de cada indivíduo, visto que
cada ser humano lida de uma forma diferente com as doenças crônicas e com a dor
sentida.

2.4 Desafio 4

Desafio lançado: para finalizarmos o desafio, cabe destacar o fato de


a senhora Joana fazer uso de vários medicamentos. Com o aumento da expectativa
de vida isso tem se tornado cada vez mais frequente, uma vez que a maior
prevalência de doenças crônicas entre indivíduos idosos resulta em uma maior
utilização simultânea de múltiplos medicamentos. Diante desse contexto, o que seria
a polifarmácia? Qual o impacto da polifarmácia na qualidade de vida do idoso?
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Resposta: a polifarmácia é definida por Secoli (2010, p. 137) como


“o uso de cinco ou mais medicamentos” de forma simultânea. Partindo da premissa
que a população idosa é a mais acometida por doenças crônicas, é frequente que
estes, além dos remédios prescritos, utilizem “automedicação [...], especialmente
para aliviar sintomas como dor e constipação intestinal” (SECOLI, 2010, p. 137).
Esta situação pode impactar a qualidade de vida do idoso, visto que
é capaz de ocasionar reações adversas e interações medicamentosas. Com relação
às reações adversas, a utilização simultânea de medicamentos pode levar o idoso a
“precipitar quadros de confusão, incontinências e quedas” (SECOLI, 2010, p. 137).
Secoli (2010, p. 137) complementa que a polifarmácia pode causar, ao idoso,
“toxicidade cumulativa, [...] ocasionar erros de medicação, [...] reduzir a adesão ao
tratamento e elevar a morbimortalidade”. Ou seja, o uso inadequado de inúmeros
medicamentos pode, além de afetar a qualidade de vida do idoso, até levar à morte.
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3. CONCLUSÃO

A partir deste Portfólio Interdisciplinar Individual foi avaliado, de


modo investigativo e analítico as situações enunciadas pelo SGA, ao passo que se
buscou na literatura científica modos de mitigar os problemas apresentados.
Ressalta-se a importância de trabalhos acadêmicos que visam o compromisso com
a prática profissional, nestas situações, que colocam o discente frente a situações
que ele poderá encarar no futuro. Assim, prepara-se o estudante, mais que
teoricamente, mas o mobiliza para gerir seu conhecimento e resolver problemas.
A partir da SGA, e da resolução das problemáticas lançadas foi
possível compreender a fisiopatologia da osteoartrite, suas formas de tratamento, e
alterações na qualidade de vida da pessoa idosa. A partir disto, se fez possível
compreender a importância do papel dos profissionais da saúde, inclusive da área
de gerontologia, no cuidado destes pacientes, sendo importante compreender o
sofrimento que a doença e a dor crônica pode gerar.
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REFERÊNCIAS

ALEXANDRE, T. da S.; CORDEIRO, R. C.; RAMOS, L. R. Fatores associados à


qualidade de vida em idosos com osteoartrite de joelho. Fisioterapia e Pesquisa,
São Paulo, v. 15, n. 4, p. 326-32, 2008.

CAMPOS, G. C.; PIETROBON, M. S.; ZORZI, A. R.; MIRANDA, J. B. Correlation


Between Catastrophizing and pain in knee osteoarthritis patients. Osteoarthritis and
Cartilage, [s. l.], v. 27, p. 373-516, 2019.

CIOZAL, S. I.; BRAZ, E.; COSTA, M. F. F. N. A.; NAKANO, N. G. R.; RODRIGUES,


J.; ALENCAS, R. A.; ROCHA, A. C. A. L. da. Senescência e senilidade: novo
paradigma na Atenção Básica de Saúde. Rev Esc Enferm, São Paulo, v. 45, ed.
esp. 2, p. 1763-1768, 2011.

Suely Itsuko Ciosak1 , Elizabeth Braz2 , Maria Fernanda Baeta Neves A. Costa3 ,
Nelize Gonçalves Rosa Nakano4 , Juliana Rodrigues5 , Rubia Aguiar Alencar6 , Ana
Carolina A. Leandro da Rocha7

DE PAULA, S. K. S. Avaliação in vitro da atividade imunomoduladora e anti-


apoptótica do miglustato na osteoartrite. 2018. 139 f. Dissertação (Mestrado em
Inovação Terapêutica) – Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2018.

FISIOPATOLOGIA. Osteoartrose. Facebook, 2016. Disponível em:


https://www.facebook.com/fisiopatologiaa/photos/osteoartrose1-defini
%C3%A7%C3%A3osegundo-a-defini%C3%A7%C3%A3o-do-col%C3%A9gio-
americano-de-reumatologia-/1285656504798683/. Acesso em: 27 out. 2022.

HWANG, H. S.; KIM, H. A. Chondrocyte apoptosis in the pathogenesis of


osteoarthritis. Int J Mol. Sci., [s. l.], v. 16, p. 26035–26054, 2015.

MUNIZ, R. C. de S. Osteoartrite: uma revisão da literatura. 2017. 36 f. Trabalho de


Conclusão de Curso (Graduação em Medicina) – Universidade Federal do
Maranhão, São Luís, 2017.

QUIRINO, L. M. A influência comportamental do idoso frente ao processo de


senescência e senilidade: revisão da literatura. 2021. 24 f. Trabalho de Conclusão
de Curso (Bacharelado em Enfermagem) - Centro Universitário do Planalto Central
Apparecido dos Santos – UNICEPLAC, Gama, 2021.

REZENDE, M. U. de.; CAMPOS, G. C. de.; PAILO, A. F. Conceitos atuais em


osteoartrite. Acta Ortop Bras, São Paulo, v. 21, n. 2, p. 120-122, 2013.

ROSSETO, L. P.; MORAES, P. C.; CAMPLESI, A. C.; FACIN, A. C.; DIAS, L. G. G.


G. Alternativas no tratamento da osteoartrite. Investigação, Franca, v. 17, n. 3, p. 6-
12, 2018.
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SECOLI, S. R. Polifarmácia: interações e reações olifarmácia: interações e reações


adversas no uso de medicamentos por idosos adversas no uso de medicamentos
por idosos. Rev Bras Enferm, Brasília, v. 63, n. 1, p. 136-140, 2010.

SOUZA, L. Qual a diferença entre artrite, artrose, osteoartrite e osteoartrose?


Praticando Fisio, 2018. Disponível em: https://praticandofisio.com/qual-a-diferenca-
entre-artrite-artrose-osteoartrite-e-osteoartrose/. Acesso em: 27 out. 2022.
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APÊNDICE 1: SITUAÇÃO GERADORA DE APRENDIZAGEM (SGA)

Joana, 73 anos, secretária aposentada, procura atendimento em saúde com uma


história de dor no punho direito há oito meses, localizada na parte onde o punho se
encontra com o polegar. Ela também possui dores nas articulações pequenas de
ambas as mãos. A paciente descreve seu sintoma como uma dor intensa e latejante,
que é mais leve pelas manhãs e se agrava com o passar do dia. Ela menciona ter
essa dor há muitos anos, embora tenha se agravado depois de se mudar para a
casa de sua neta. Na semana passada, ao preparar uma refeição, deixou cair uma
panela com água depois de sua força, segundo ela, “desaparecer”. O simples ato de
abotoar suas roupas também se tornou particularmente difícil. Além das mãos e do
polegar, ela tem tido dor em ambos os joelhos e quadril, o que dificulta a realização
de certas atividades, como levantar de uma cadeira e subir escadas. Certa vez, sua
perna aparentemente ficou travada em uma posição estendida, fazendo com que ela
quase caísse. A paciente, além de ajudar a cuidar da bisneta, cozinha para toda a
família e está preocupada com a situação, pois pouco a pouco vem apresentando
limitação para realizar as atividades diárias e teme não conseguir realizá-las daqui
um tempo. Joana é hipertensa e faz uso de Hidroclorotiazida. Quanto ao uso de
analgésicos e anti-inflamatórios, a paciente relata intercalar dipirona, paracetamol e
ibuprofeno, conforme intensidade da dor. Em dias com muita dor, particularmente
quando sai de casa, faz uso de tramadol. A inspeção das mãos revela nódulos,
envolvendo principalmente as articulações interfalângicas proximais e distais. A
torção do polegar reproduz dor. Depois da avaliação clínica e solicitação de alguns
exames, a paciente recebe o diagnóstico de osteoartrite, será encaminhada a outros
profissionais, além de ser sugerido várias sessões de fisioterapia. Após a leitura da
situação-problema, responda a atividade proposta articulando-a em um relatório
final.

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