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Conclusão

7º Curso de Licenciatura em Fisioterapia


4º Ano / 2º Semestre
Estágio Avançado em Fisioterapia
Estágio de Projecto

RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROJECTO

“Classe de Movimento para Osteoartrose da Anca e Joelho”

Ricardo Dias
Junho de 2011
Castelo Branco
Ricardo Dias
Conclusão2

Índice

Índice............................................................................................................................. 2

Resumo do Projecto e do Estágio..................................................................................3

Enquadramento Teórico.................................................................................................4

Objectivos do Projecto de Estágio.................................................................................5

Descrição....................................................................................................................... 5

Resultados Obtidos...........................................................................................9

Conclusão.................................................................................................................... 13

Referências Bibliográficas............................................................................................16

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Conclusão3

Resumo do Projecto e do Estágio

O módulo de Estágio Projecto insere-se na disciplina “Estágio Avançado em


Fisioterapia” e pretende incutir no aluno a responsabilidade e autonomia da criação e
aplicação de um projecto num local em que se adeqúe a aplicação da Fisioterapia.

As inscrições para a Classe ocorreram por telefone e permitiram juntar um grupo


de trabalho constituído por indivíduos com Osteoartrose da Anca e/ou Joelho que
apresentem sintomatologia limitadora das suas AVD’s. A Classe de Movimento
referida neste relatório teve a duração de 4 semanas (entre 11 de Maio e 2 de Junho
de 2011), num total de 8 sessões (2 por semana) com horário das 18h às 19h30 (1h30
de duração aproximadamente) na Sala de Movimento do Centro de Saúde São Miguel
de Castelo Branco. A avaliação dos outcomes foi realizada através da aplicação de
vários questionários e escalas (e.g.: EVA dor, SF-12v2, KOOS, HOOS) validados para
a população portuguesa. As estratégias de intervenção aplicadas foram várias
sessões teóricas de ensino e a realização de um plano de exercícios específicos para
a condição apresentada.

Apesar de nem tudo ter corrido conforme o planeado, os principais objectivos


foram alcançados. Os participantes da Classe de Movimento saíram desta com melhor
estado de saúde e mais conhecimentos relacionados com a patologia que os
acompanha.

Este Estágio é considerado uma mais-valia no desenvolvimento das


capacidades necessárias para singrar no mercado de trabalho que se avizinha. São
fomentadas as competências importantes para a profissão, no entanto, o método de
organização foi aquém do esperado.

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Conclusão4

Enquadramento Teórico

Este projecto foi aplicado na população abrangida pelo Centro de Saúde São
Miguel de Castelo Branco. Em 2000, o Índice de Envelhecimento do Concelho era de
163.2% repercutindo-se numa percentagem de 28.5% de pensionistas por cada 100
habitantes (superior à média nacional). Estes e outros dados permitem concluir que a
população de Castelo Branco, para além de estar a diminuir, se encontra envelhecida
e que, dessa forma, a incidência de Doenças do Envelhecimento será maior. Um
exemplo deste tipo de patologia é a Osteoartrose.
A Osteoartrose (OA) é uma patologia degenerativa crónica que afecta
primeiramente a cartilagem de articulações sinoviais, com eventual remodelação
óssea (osteófitos), podendo ser definida por sintomas clínicos e sinais radiográficos
pelo que é já considerada um problema de saúde pública (1)
. Não só é o tipo de artrose
(2,
mais comum, como também a patologia articular mais comum na população adulta
. Aproximadamente 50% dos indivíduos com mais de 65 anos padecem desta
3)

(4-6)
condição, aumentando a sua prevalência com a idade . Afecta mais mulheres que
homens e, nos idosos, é a patologia que mais contribui para as limitações na
mobilidade. Considera-se que a prevalência aumentará nos próximos anos devido ao
aumento de população obesa. Os factores de risco para a OA estão amplamente
descritos e já permitem não só averiguar o grau de risco do indivíduo como também
actuar no campo da prevenção (1).
(7)
O joelho é das articulações que mais é afectada por esta patologia . A
Osteoartrose do Joelho (OAJ) caracteriza-se, de uma forma geral, por dor articular,
rigidez e limitação funcional. Desta forma, os objectivos gerais da fisioterapia passam
pela diminuição da dor sentida e aumento da funcionalidade da zona afectada (8)
. A
progressão da OAJ é afectada principalmente pela idade avançada, obesidade e
presença de Artrose no geral . A Osteoartrose da Anca (OAA) afecta
(6)

aproximadamente 20% dos indivíduos com mais de 55 anos e é normalmente mais


grave que a OAJ . O prognóstico da OAA é pior no sexo feminino que no
(9, 10)

masculino (6).
A Fisioterapia, no que trata à intervenção na OA, possui um conjunto vasto e
variado de técnicas e ferramentas que lhe permite actuar de forma eficaz nesta
condição . A literatura recomenda que pacientes com OA sintomática sejam
(11)

avaliados por um fisioterapeuta e sigam as suas instruções (e.g.: realização de

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(11)
exercícios, uso de tecnologias de apoio) . Este conjunto de instruções pode ser
inserido num Plano de Tratamento em Fisioterapia (7, 12).
O Exercício Terapêutico (ET) é a principal modalidade sugerida pela evidência. É
recomendado que pacientes com OA realizem regularmente vários tipos de exercícios
direccionados ao fortalecimento muscular, ganho de amplitude de movimento,
diminuição da dor, melhoria da funcionalidade, equilíbrio e endurance (capacidade
aeróbica), diminuição da medicação tomada e, em última instância, aumento da
qualidade de vida . O ET deve ser entendido não como um método de
(7, 8, 11-15)

tratamento localizado no tempo, mas como um hábito a adquirir por parte do paciente.
A intervenção em grupo (classe) aparenta ser mais económica que o exercício
individual ao serem tratados, em simultâneo, diversos pacientes (7, 16-18).
A educação do paciente é importante no tratamento da OA, devendo o programa
educativo ser talhado com base nas necessidades individuais do paciente e não só
pode como deve ser discutida a sua alteração ao longo do tratamento (19).

Objectivos do Projecto de Estágio

Os objectivos que se pretenderam atingir com este projecto relacionavam-se


com os problemas e necessidades da população abrangida pelo Centro de Saúde São
Miguel de Castelo Branco. De uma forma geral, e enquadrando-se no âmbito dos
Cuidados de Saúde Primários em Fisioterapia, os objectivos foram:

o Aumentar a Qualidade de Vida dos participantes;


o Aumentar a capacidade de realização das AVD’s pelos participantes;
o Aumentar a adesão da população às actividades realizadas pelo Centro de
Saúde São Miguel;
o Diminuir a necessidade de medicação e recurso a cuidados de saúde
institucionalizados por problemas relacionados com a OA;
o Melhorar os problemas de saúde relacionados com a OA (e.g.: dor, rigidez,
diminuição de amplitudes articulares, equilíbrio, descondicionamento físico);
o Ensinar estratégias de prevenção e controlo da sintomatologia existente.

Descrição

O planeamento inicial deste projecto (Anexo 1) referia a vertente publicitária


(cartazes, panfletos, notícia no jornal “A Reconquista” e contacto com os responsáveis

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do Centro de Saúde e médicos) (Anexos 2 e 3) e a vertente de intervenção (com início


a 2 de Maio, duração de 6 semanas – 12 sessões, com vertente teórica e prática) na
Sala de Movimento do Centro de Saúde São Miguel de Castelo Branco.

Devido a atrasos por razões externas ao aluno o contacto presencial com o


Centro de Saúde São Miguel apenas se realizou a 29 de Abril de 2011. Após a
explicação do projecto foi dada a autorização para distribuir publicidade pelo Centro e
para falar com os médicos da instituição (para encaminhamento de pacientes).
Durante o tempo de aplicação do projecto houve total disponibilidade do Centro de
Saúde para o que fosse necessário.

Os mesmos atrasos conduziram a que o início da publicidade “extra” Centro de


Saúde ocorresse tarde de mais, resultando em poucas inscrições (realizadas por
telefone para a recepção da ESALD, local para onde foram encaminhados todos os
potenciais participantes), de modo que se tornou necessário adiar uma semana (de 2
para 11 de Maio) o início da Classe e reduzi-la para apenas 4 semanas de duração
total. Com a adição desta semana foi possível obter 20 inscrições, recolhidas na
recepção da ESALD.

Apesar dos contratempos, as estratégias de intervenção contempladas no


projecto inicial não sofreram alterações estruturais (apenas no seu conteúdo). Assim,
foram realizadas as seguintes componentes durante a aplicação da Classe de
Movimento:

o Introdução à Classe de Movimento: (20 minutos) (Anexo 4) onde se


descrevia a constituição, objectivos e desenvolvimento da Classe procurando
obter também sugestões, expectativas e o esclarecimento de potenciais
dúvidas dos participantes.
o Avaliação Inicial: (30 minutos) realizada na primeira sessão para obter dados
iniciais sobre os participantes de forma que sirvam como meio de comparação
com a avaliação final. Também utilizada para a avaliação de Indivíduos que
tenham suscitado dúvidas no contacto telefónico. Foram preenchidos /
realizados por cada participante:
 Questionário de Estado de Saúde (SF-12v2) (Anexo 8);
 Questionário KOOS sobre o Joelho (se aplicável) (Anexo 9);
 Questionário HOOS sobre a Anca (se aplicável) (Anexo 10);
 EVA dor (Anexo 11);
 Timed Up & Go Test (Anexo 12).

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o Parte Teórica: (30 minutos) estas sessões foram realizadas no início das
sessões respectivas (com retroprojector) antes da realização da parte prática.
Pretendiam expor sempre temas interessantes e diferentes para os
participantes promovendo o conhecimento da Patologia e o esclarecimento de
dúvidas. Os temas abordados nas duas sessões, respectivamente, foram:
 “Anatomia e Fisiopatologia da Osteoartrose da Anca e/ou Joelho”
(Anexo 5);
 “Estratégias de Prevenção e Tratamentos Existentes na Osteoartrose
da Anca e/ou Joelho” (Anexo 6).
o Parte Teórico-prática: (60 minutos) conjunto de exercícios específicos para a
OA (Anexo 7), realizados pelos participantes, sob orientação do aluno e
acompanhados de ensino teórico, de forma a promover a melhoria dos
diversos outcomes. Na realização dos exercícios utilizou-se algum material
(colchões e almofadas).
o Avaliação Final: (30 minutos) realizada na última sessão para obter dados
comparativos com a avaliação inicial e, assim, verificar os ganhos em saúde.
Foram preenchidos / realizados por cada participante:
 Questionário de Estado de Saúde (SF-12v2);
 Questionário KOOS sobre o Joelho (se aplicável);
 Questionário HOOS sobre a Anca (se aplicável);
 EVA dor;
 Timed Up & Go Test;
 Questionário de Satisfação do Doente Ambulatório de Fisioterapia
(PTOPS) (Anexo 13).
o Discussão Final: (20 minutos) conversa com os participantes, na última
sessão, acerca da Classe de Movimento desenvolvida, suas opiniões e
sugestões para a realização futura de outros projectos.

Após o alcance das 20 inscrições, foram contactados telefonicamente (custo


pessoal) todos os participantes inscritos para averiguar se se adequavam às
características da Classe de Movimento, e se sim, informá-los de aspectos
importantes (e.g.: data de início, local). Foram convocados 11 indivíduos.

A Classe de Movimento teve a duração de 4 semanas, num total de 8 sessões (2


por semana) com horário das 18h às 19h30 (1h30 de duração aproximadamente) na

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Sala de Movimento do Centro de Saúde São Miguel. A Classe desenvolveu-se entre


11 de Maio e 2 de Junho de 2011.

Para a primeira sessão surgiram os 11 indivíduos. Após a Introdução à Classe


de Movimento, a avaliação inicial de toda a gente excluiu da Classe 4 pessoas que
não apresentavam os requisitos mínimos considerados no projecto, apresentando falta
de autonomia, ausência de diagnóstico de OA (foi dada prioridade a quem tinha),
etiologia da dor diferente de OA e com necessidade de cuidados individualizados ou
incompatibilidade de horário. No entanto, todos participaram na sessão prática desta
sessão (adequando-se o plano de exercício aos indivíduos) apenas sendo informados
da exclusão no final da sessão por conversa particular.

Na segunda sessão, surgiram apenas 4 participantes (que continuaram até ao


final da Classe). Para além dos 4 eliminados anteriormente, os restantes 3 não
avisaram nem explicaram a razão da desistência. Foi apenas realizado o plano de
exercícios incidindo principalmente na componente de ensino.

As sessões 3 a 7 obedeceram a um padrão de trabalho explicitado na Tabela I,


excepto nos dois dias em que a sessão foi iniciada pela apresentação teórica de vários
temas. A intensidade dos exercícios foi aumentando ao longo das sessões.

A última sessão ocorreu no dia 2 de Junho de 2011, onde se realizou exercício


seguido da avaliação final e conversa com os participantes sobre vários aspectos
relacionados com a Classe desenvolvida. Foi fornecido a cada participante um
exemplar do “Plano de Exercícios”, “Tema Teórico 1” e “Tema Teórico 2”.

Tabela I: Características das Sessões da Classe de Movimento

Nº de
Sessã
Data participante Actividades
o
s
11/05/201 Introdução à Classe de Movimento;
1 1 11 Avaliação Inicial;
(4ª Feira) Parte Teórico-prática (Ensino).
13/06/201
2 1 4 Parte Teórico-prática.
(6ª Feira)
17/05/201 1ª Sessão Teórica: “Anatomia e Fisiopatologia da Osteoartrose
3 1 4 da Anca e/ou Joelho”;
(3ª Feira) Parte Teórico-prática.
19/05/201
4 1 4 Parte Teórico-prática.
(5ª Feira)
24/05/201 2ª Sessão Teórica: “Estratégias de Prevenção e Tratamentos
5 1 3 Existentes na Osteoartrose da Anca e/ou Joelho”;
(3ª Feira) Parte Teórico-prática.
26/05/201
6 1 2 Parte Teórico-prática.
(5ª Feira)

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31/05/201
7 1 3 Parte Teórico-prática.
(3ª Feira)
02/06/201 Parte Teórico-prática;
8 1 4 Avaliação Final;
(5ª Feira) Discussão Final.

Resultados Obtidos

Utilizando os instrumentos de avaliação já referidos foi realizada na primeira


sessão a avaliação inicial (T0) dos 12 indivíduos para obter a sua caracterização.
Quatro semanas depois, no final, realizou-se outra avaliação comparativa (T1). Na
apresentação de resultados apenas serão considerados os 4 participantes efectivos da
Classe de Movimento.

Relativamente à medição do Estado de Saúde através do SF-12v2 (Anexo 8), o


desenvolvimento das pontuações obtidas pelos participantes está descrita no Gráfico
1. Relativamente à Componente Física apenas um participante considera que
diminuiu. Na Componente Mental, apesar de ligeiro, dois participantes diminuíram na
pontuação. No entanto, em média, houve uma melhoria significativa das duas
componentes. Esta situação pode dever-se ao facto de nem todos os participantes
terem participado em todas sessões.

Gráfico 1: SF-12v2
60

50

40
Pontuação

30

20

10

0
A B C D Média
Participante

Quando aplicável, o participante preencheu o questionário KOOS (Anexo 9) e/ou


HOOS (Anexo 10), cujos resultados se apresentam nos Gráficos 2 e 3,

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respectivamente. Conclui-se que, após a intervenção, todos os participantes


aumentaram a sua pontuação (indicando melhoria) em todos os aspectos abordados
por estes questionários (dor, sintomas, AVD’s, Desporto / Lazer, Qualidade de Vida).

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Gráfico 2: KOOS

C
Participante

0 20 40 60 80 100 120

Pontuação

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Gráfico 3: HOOS

C
Participante

0.0 10.0 20.0 30.0 40.0 50.0 60.0 70.0 80.0

Pontuação

Relativamente à dor na anca e/ou joelho, questionada usando a EVA dor (Anexo
11), os resultados obtidos (Gráficos 4 e 5) permitem concluir que todos os valores
sofreram um decréscimo após a intervenção de, em média, 1,6 pontos para o joelho e
2,7 pontos para a Anca, pelo que ocorreram melhorias significativas nos participantes.

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Gráfico 4: EVA dor - Joelho Gráfico 5: EVA dor - Anca


8 7

7 6
6
5
A
5
B 4 B
Pontuação

Pontuação
4 C C
D 3
3
2
2

1 1

0 0
T0 T1 T0 T1

No que trata ao “Timed Up & Go Test” (Anexo 12), os resultados obtidos estão
presentes na Tabela II concluindo-se que, apesar de inicialmente existirem dois
participantes considerados apenas “Maioritariamente Independentes” (entre 10-20s),
no final da Classe todos obtiveram a pontuação máxima (“Independente na
Mobilidade”).

Tabela II: Timed Up & Go Test

Participante T0 (s) T1 (s) T1-T0 (s)


A 6,04 6,38 -0,34
B 12,17 9,34 -3,83
C 8,17 7,53 -0,64
D 10,84 8 -2,84

Por último, quando exploradas as respostas dadas de forma anónima ao PTOPS


(Anexo 13) verificou-se alguma dificuldade no preenchimento dos questionários e
alguma falta de compreensão no que era pedido, apesar da explicação. Da mesma
forma, a percepção de que questões não se aplicavam à Classe não foi unânime. De
qualquer forma, tendo em conta os dados recolhidos e observados no Gráfico 6,
conclui-se que os participantes, de uma forma geral ficaram satisfeitos com o serviço
prestado e que a insatisfação não foi elevada (pontuação elevada significa maior
satisfação).

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Gráfico 6: PTOPS
180

160

140

120
Satisfação
100 Insatisfação
Localização
80

60

40

20

0
? ? ? ?

Conclusão

Considero que este Estágio vai de encontro com as necessidades do aluno


enquanto “quase” fisioterapeuta, pois incide na vertente prática que é necessário
dominar para poder caracterizar a prática pelos resultados e qualidade.

Relativamente ao Projecto desenvolvido considero que se encontrava bem


organizado pois contemplava as estratégias de maior evidência de efectividade na OA,
mas principalmente porque permitia uma actuação abrangente e completa de todos os
aspectos relacionados com este tipo de pacientes. A transposição para a prática foi
difícil pois factores externos desnecessários não permitiram que tudo fosse
desenvolvido como projectado.

Quanto à minha intervenção durante as Classes, pude averiguar e combater os


aspectos em que sinto mais dificuldade quando intervenho com pacientes. A
importância da capacidade de se relacionar afectivamente e, ao mesmo tempo,
desenvolver a componente terapêutica é uma das preocupações em que pude
trabalhar durante estas 4 semanas.

Tentar actuar no campo da prevenção da Incapacidade (prevenir a necessidade


de cuidados de saúde) nem sempre é o primeiro passo do utente e do fisioterapeuta,
no entanto, a importância desse tipo de intervenção é verificada neste projecto.

Revendo a minha intervenção, aponto principalmente os seguintes pontos fortes:

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o Conhecimento relativamente à área da Osteoartrose que me permitiu


apresentar as componentes teóricas e responder com clareza às dúvidas
levantadas pelos participantes;
o Capacidade de organização e desenvolvimento de todos os aspectos
relacionados com o Projecto (e.g.: publicidade, inscrições, organização do
espaço, realização da Classe de Movimento e aplicação dos instrumentos de
avaliação);
o Bom ambiente com o pessoal do Centro de Saúde permitindo ajuda mútua
sempre que necessário.

Os principais pontos fracos da minha intervenção foram:

o Incapacidade de realizar as 6 semanas projectadas, pelo que os resultados


verificados nos participantes não foram tão marcados como pretendido;
o O facto de não terem sido previamente realizadas sessões individuais de
avaliação com todos os participante pode ter conduzido a uma adaptação não
tão correta dos exercícios aos sujeitos.

Apesar deste modelo de Estágio possuir pressupostos fortes, correctos e


adequados às preocupações dos alunos neste momento da sua formação académica,
como por exemplo, o fomento da autonomia, considero que a sua transposição para a
prática ficou aquém das minhas expectativas pessoais. O que pretendia com este
estágio era ter a oportunidade de criar um projecto da minha total autoria, aplicá-lo e
ter o feedback por parte da escola da forma como o desenvolvi e apliquei na prática,
para que no futuro, em que não existirá ajuda tão “directa”, possa criar novos projectos
com uma maior base de conhecimento. Durante este Estágio não me senti
acompanhado por um professor avaliador, principalmente pelo facto de não ter sido
visualizada nenhuma das minhas sessões, pelo que apenas este relatório serve como
meio de avaliação. Não considero isso correcto quando é a capacidade prática que se
pretende avaliar. A falta de tempo que também se verificou por parte dos professores
responsáveis não foi uma mais-valia para os alunos, quando isso significava atraso no
seguimento dos cronogramas de actividades e consequente atraso de momento
fulcrais para a realização do pretendido.

Como percebe, na minha opinião existem alguns pontos fracos neste modelo de
Estágio. Assim, para os contrapor sugeria o seguinte:

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Conclusão16

o Disponibilização de recursos passíveis de ser usados pelo aluno (e.g.: telefone,


fotocópias) desde que devidamente enquadrado no projecto, para suportar os
gastos de uma intervenção eficaz.
o Fomento da autonomia e responsabilidade do aluno ao ser ele a realizar todo o
trabalho e contactos individualmente (sem “vínculo” com a escola) para que
este não saia prejudicado com os atrasos e irresponsabilidades alheias a ele.
Desta forma é avaliado o trabalho do aluno e não da instituição.
o Obrigatoriedade de assistir a pelo menos parte das actividades desenvolvidas
pelo aluno como forma de avaliação (por observação), ou equivalente caso
seja impossível assistir;
o O enquadramento deste módulo juntamente com outros que não apresentam
relação aparente numa mesma disciplina (e com ponderações diferentes) não
surge como um método de motivação para o aluno.

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