Você está na página 1de 54

Licenciatura em Fisioterapia

4º Ano / 1º Semestre

Unidade Curricular: Estágio em Fisioterapia III

Docente: Mestre Abel Rodrigues

Área de Estágio: Clínico

Intervenção em Fisioterapia nas


fracturas diafisárias tíbio-peronial

Orientanda: Inês Louro, nº 52008056

Orientador de estágio: Fisioterapeuta João Pedro Fonseca

Alcabideche

Dezembro 2011
Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

ÍNDICE

NOTA INTRODUTÓRIA 4
1. ENQUADRAMENTO TEÓRICO 4
1.1. Anatomia da Perna 4
1.2. Fracturas tíbio-peroniais 5
1.3. Etiologia e Mecanismo de lesão 5
1.4. Classificação das fracturas do plafond tibial 6
1.5. Avaliação e Diagnóstico 6
1.5.1. Exame Físico 7
1.5.2. Exame Radiológico 7
1.6. Tratamento 8
1.6.1. Não Cirúrgico 8
1.6.2. Cirúrgico 8
1.7. Status Pós-operatório 9
1.7.1. Reeducação e Reabilitação 9
1.7.2. Possíveis Complicações 10
1.8. Instabilidade da Tíbio-társica e Controlo Motor 12
2. APRESENTAÇÃO DO CASO CLÍNICO 13
2.1. Apresentação da Utente 13
2.2. Problemas da Utente 13
2.3. Diagnóstico em Fisioterapia 14
2.4. Definição dos Objectivos 14
2.4.1. A Curto Prazo 14
2.4.2. A Longo Prazo 15
2.5. Plano de Tratamento 15
3. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 17
4. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 21
5. CONCLUSÃO 23
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 24
APÊNDICES 28
Apêndice I – Consentimento Informado 28
ANEXOS 29
Anexo I – Ficha de Avaliação 29
Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 2
Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

Anexo II – Exame radiológico à perna esquerda 42


Anexo III – FAOS (7/11/11) 43
Anexo IV – FAOS (6/12/11) 49

Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 3


Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

NOTA INTRODUTÓRIA

Este trabalho surge no âmbito da disciplina Estágio em Fisioterapia III,


nomeadamente no contexto do módulo Clínico, do 1º Semestre, 4º ano da Licenciatura
de Fisioterapia.
O trabalho intitula-se de “Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias
tíbio-peronial”e tem como objectivo o estudo de um Caso Clínico que surgiu durante o
período de estágio na Clínica AlcaisFisio, em Alcabideche.
O presente trabalho, dividir-se-á em cinco partes fundamentais: i)
Enquadramento Teórico, onde será apresentada uma revisão da literatura acerca do
contexto das fracturas diafisárias tíbio-peronial; ii) Apresentação do Caso Clínico; iii)
Apresentação dos Resultados, da intervenção em Fisioterapia; iv) Discussão dos
Resultados e v) Conclusão.

1. ENQUADRAMENTO TEÓRICO

1.1. Anatomia da Perna

O aspecto lateral da tíbia, distalmente, apresenta uma face triangular que articula
com o perónio. A tíbia e o perónio são unidos por fortes ligamentos e por uma
membrana interóssea, que se estende pelo comprimento da perna (1). A superfície
articular distal da tíbia, ou seja, o plafond tibial, tem forma quadrangular e articula com
o calcâneo. Esta superfície é maior anteriormente e é côncava nos planos coronal e
sagital, sendo contínua com a superfície articular do maléolo interno, a qual fica
aproximadamente a 90º do plafond tibial e se estende distalmente 1,5 cm. O perónio
articula-se com a face lateral do calcâneo para completar o encaixe do tornozelo (1).
O suprimento de sangue dos tecidos moles que cobrem o aspecto distal da tíbia é
fornecido por artérias perfurantes, originadas nas artérias pediosa, tibial posterior e
peronial (2). O sistema venoso superficial da perna inclui a veia grande safena que
acompanha o nervo safeno anterior ao maléolo interno e ao longo da superfície interna
da tíbia para alcançar o joelho. A veia pequena safena e o nervo sural passam
posteriormente ao maléolo externo e próximo do centro do aspecto posterior da perna
entre os músculos gémeo interno e externo (2). A ruptura das veias no momento da
lesão ou cirurgia pode causar alterações tróficas subsequentes à estase venosa, edema
crónico e potencialmente ulceração (1).
Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 4
Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

1.2. Fracturas tíbio-peroniais

As fracturas do pilão tibial correspondem às fracturas da extremidade distal da


tíbia (3). Afectam a região supramaleolar e envolvem a superfície articular de
sustentação de carga (4).
O primeiro registo do uso do termo “pilão tibial” na literatura ortopédica ocorreu
em 1911, por Étienne Destot, que descreveu que esta região anatómica se estendia 5 cm
desde a linha articular da tíbio-társica. Em 1950, Bonnin, concentrou-se no
envolvimento da cartilagem articular tibiocalcanea, nomeando tais lesões de fracturas
do “plafond tibial” (5).
A fractura consiste numa longa interrupção oblíqua e envolve a superfície
articular distal da tíbia, estendendo-se ao longo da metáfise adjacente. O perónio pode
ou não ser envolvido (5). Estas fracturas são responsáveis por cerca de 1% das fracturas
dos membros inferiores e menos de 10% de todas as fracturas da tíbia (4, 6).
As fracturas do pilão tibial podem ser parciais, em que uma parte da epífise está
em continuidade com a diáfise, ou completas. As parciais podem ser divididas em
anteriores: simples (caracterizadas por um único fragmento articular, frequentemente
anterolateral, sendo que neste caso a epífise conecta posteriormente com a diáfise) ou
complexas (caracterizadas por múltiplas linhas de fracturas articulares); e posteriores:
geralmente com apenas um fragmento grande (5).

1.3. Etiologia e Mecanismo de lesão

As fracturas do plafond tibial podem resultar tanto de forças de compressão axial


como de torça da perna (1). As fracturas decorrentes de compressão axial resultam de
traumas de alta-energia, e na maioria das vezes, originam diversos fragmentos
articulares deslocados, cominuição da metáfise óssea e lesão grave dos tecidos moles (1,
7). Neste tipo de lesões, é comum a fractura conjunta do perónio. Normalmente,
ocorrem quando os indivíduos caem de determinada altura, estão envolvidos num
acidente de viação, ou durante um acidente industrial (1, 7).
As fracturas de baixa-energia da extremidade distal da tíbia, tipicamente,
ocorrem em espiral com reduzido envolvimento da metáfise óssea e poucos fragmentos
articulares deslocados. Estas fracturas, habitualmente, ocorrem durante a prática
desportiva (por exemplo, esquiar ou patinar), e pelo facto de serem de natureza de
Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 5
Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

baixa-energia, os tecidos moles ficam menos edemaciados e o perónio pode ou não


fracturar (1, 7).
A posição do pé relativamente à tíbia no momento da lesão apresenta, também,
uma influência considerável no tipo de fractura tibial (3). Na posição neutra do pé, a
lesão por compressão vertical com carga axial do calcâneo contra a extremidade distal
da tíbia produz uma fractura de compressão em forma de “Y”. Em dorsiflexão ocorre
compressão anterior do pilão, já em flexão plantar leva a lesão na parte posterior da
superfície articular. Carga em abdução causa compressão do aspecto lateral e em adução
do aspecto medial. Forças complexas são responsáveis pela destruição completa da
superfície articular distal da tíbia (3).

1.4. Classificação das fracturas do plafond tibial

Várias classificações têm sido propostas na literatura, embora as mais utilizadas


sejam a de Rüedi-Allgöwer e a de AO/OTA (8).
Rüedi-Allgöwer (1979), distinguiram as fracturas pela quantidade de fragmentos
articulares deslocados em: Tipo 1 – fracturas sem deslocamento da superfície articular;
Tipo 2 – deslocamento da superfície articular sem cominuição e Tipo 3 – deslocamento
e cominuição dos fragmentos articulares (9).
O sistema de classificação AO/OTA, adaptado pela Orthopaedic Trauma
Association, é mais detalhado, contudo mais complexo (10). Este classifica as fracturas
em: Tipo A – fracturas extra-articulares, que podem ser simples (A1), cominutivas (A2)
e severamente cominutivas; Tipo B – fracturas que envolvem apenas uma parte da
superfície articular, subclassificando-se em fracturas de divisão pura (B1), divisão e
depressão (B2) e depressão multifragmentária (B3); e Tipo C – fracturas articulares
totais com envolvimento da superfície articular e metáfise óssea, sem cominuição (C1),
com cominuição metafisária e fractura articular simples (C2) e com cominuição
metafisária e articular complexa (C3) (10).
Os esquemas de classificação promovem uma comunicação mais eficaz entre os
profissionais de saúde, fornecendo informações acerca do prognóstico da lesão, assim
como constituem um auxiliar no planeamento da intervenção (1).

1.5. Avaliação e Diagnóstico

Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 6


Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

1.5.1 Exame Físico

Inicialmente, a descrição do mecanismo de lesão é necessária para se obter


informação acerca do tipo de força que originou a fractura (3).
Dor, edema, deformidade e comprometimento funcional constituem os sinais
clínicos clássicos da maioria das fracturas. A incapacidade de sustentar o peso corporal
é particularmente indicativo (8).
A examinação dos tecidos moles é de fundamental importância para uma
correcta avaliação das fracturas do plafond tibial, devendo ser realizada de forma lógica,
consistente e circunferencial (11). O volume de edema, a gravidade da contusão, a
presença de abrasão, bolhas, feridas abertas, lesão vascular ou nervosa e síndrome
compartimental são aspectos a avaliar (8, 11).
Frequentemente, os fragmentos de fractura amplamente deslocados causam
tensão excessiva na pele, prejudicando a circulação local. Nestas situações, a correcção
manual destas deformidades deve ser efectuada rapidamente, antes do exame
radiográfico, de modo a minimizar o comprometimento vascular dos tecidos moles (11).
O estado circulatório da região fracturada é avaliado através da palpação e/ou
por meio de ultrassonografia vascular (Eco-Doppler), assim como pela análise da
coloração pigmentar e temperatura. As alterações de sensibilidade são examinadas nos
aspectos dorsal e plantar do pé. As feridas abertas são tratadas recorrendo a antibióticos,
devidamente desinfectadas, sendo removidos quaisquer corpos estranhos do local e
cobertas com um curativo estéril. Após completo o exame físico, o membro é
realinhado e imobilizado com uma tala provisória para posterior examinação radiológica
(11).
As ambições e expectativas futuras do utente, as quais devem ser respeitadas,
são, também muito importantes (3).

1.5.2. Exame Radiológico

As radiografias são essenciais para a avaliação das fracturas da extremidade


distal da tíbia (7). O exame radiográfico deve incluir as vistas antero-posterior e lateral
completas da tíbia, perónio e pé (4). O diagnóstico de fractura do plafond tibial é
realizado com base nessas radiografias (11). A presença e localização de uma fractura
peronial associada, o grau de ruptura articular e a direcção de deslocamento do
Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 7
Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

calcâneo, assim como os fragmentos de fractura associados, são características


importantes a reter (11).
Para avaliar fracturas complexas intra-articulares é utilizada a tomografia
computorizada, uma vez que fracturas nos planos sagital e coronal são de difícil
identificação. Através deste meio de diagnóstico a localização dos segmentos afectados
é precisa (3). A tomografia computorizada com reconstrução 3D é, actualmente
utilizada, no estudo e planeamento cirúrgico das fracturas de alta-energia (4, 8).
A ressonância magnética raramente é utilizada (4).

1.6. Tratamento

O conceito para o tratamento das fracturas do pilão tibial é a gestão dos tecidos
moles, a recriação das superfícies articulares e a restauração do alinhamento do membro
(3). As opções de tratamento destas fracturas incluem o método não cirúrgico e o
cirúrgico, sendo que a condição dos tecidos moles, tal com o grau de deslocamento
articular orientam a escolha terapêutica (3).

1.6.1. Não Cirúrgico

O tratamento não cirúrgico das fracturas do plafond tibial, baseado na tracção


transcalcaneal prolongada ou na imobilização com gesso, foi substituído por técnicas
cirúrgicas modernas e é limitado apenas a casos especiais (8).
Os primeiros resultados com o tratamento conservador de fracturas intra-
articulares tíbio-peroniais deslocadas de alta-energia revelaram-se decepcionantes (12).
Este tipo de tratamento é reservado para fracturas onde o deslocamento articular
é mínimo e onde o alinhamento do membro possa ser mantido com gesso (7), assim
como para indivíduos que têm contra-indicação absoluta à cirurgia (11). A sustentação
de peso é proibida durante 4-6 semanas, oferecendo um bom prognóstico (8).
Embora com algumas desvantagens, o tratamento fechado é indicado para
utentes acamados ou que tenham aptidão funcional mínima, como para indivíduos com
deficiente capacidade de cicatrização dos tecidos ósseo e mole (11).

1.6.2. Cirúrgico

Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 8


Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

As fracturas intra-articulares do plafond tibial estão entre os mais desafiantes


problemas ortopédicos. O tratamento óptimo destas fracturas permanece controverso,
uma vez que a evidência tem demonstrado altos índices de complicações pós-cirúrgicas
(13).
As opções cirúrgicas são a fixação interna, a fixação externa com ou sem fixação
interna limitada e a artrodese primária (14).
O tratamento cirúrgico através de redução aberta e fixação interna é, como em
todas as fracturas articulares, a forma mais segura para obter uma redução anatómica da
superfície articular (7). No entanto, esta opção terapêutica deve ser cuidadosamente
ponderada, não apenas no que respeita à condição dos tecidos moles (a vascularização
pode ser afectada pelo acto cirúrgico se prematuro), mas também pela cominuição e
quantidade de fragmentos articulares deslocados (5, 8).
As fracturas com envolvimento peronial reflectem um mecanismo de lesão de
alta-energia, causando aumento da instabilidade angular e rotacional, encurtamento do
membro e lesões das partes moles (15). O primeiro passo corresponde à fixação do
perónio, de modo a recuperar o comprimento correcto da tíbia e para facilitar a
orientação tridimensional e redução da tíbia (8). O desalinhamento angular e/ou a sub-
luxação do calcâneo comprometem ainda mais a função articular tibiocalcanea,
especialmente com incongruência articular associada, sendo um forte indicador para a
gestão cirúrgica (11).

1.7. Status Pós-operatório

1.7.1 Reeducação e Reabilitação

Após conclusão do procedimento cirúrgico, os utentes colocam uma tala


preenchida com gesso de modo a manter o pé em posição neutra (11). A cicatriz
cirúrgica, normalmente, é examinada na área ambulatorial aproximadamente 6-8 dias
depois (1). A tala com gesso mantém-se até ao momento da remoção da sutura, 2-3
semanas depois (1, 11). Após esse período, um programa de reabilitação de Fisioterapia
é iniciado. Deverá consistir na mobilização activa, activa-assistida e passiva das
articulações tíbio-társica, subtalar e metatarsofalângicas (1, 3, 16). Para evitar a
contractura equina, a remoção no período nocturno e descanso da tala é recomendado
(16). A sustentação de peso corporal, geralmente, é adiada por cerca de 12 semanas,
Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 9
Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

altura em que o utente começa a realizar carga parcial de peso com uma bota removível.
A partir deste momento, o principal objectivo da Fisioterapia, consiste na maximização
do movimento, controlo do edema, fortalecimento muscular, treino proprioceptivo,
treino de marcha e progressiva libertação dos auxiliares de marcha, como muletas ou
bengalas, com consequente aumento da funcionalidade do membro afectado (1, 11). A
carga total de peso apenas deve ser concretizada após 16 semanas do acto cirúrgico,
após ocorrer completa cicatrização óssea (1, 3). No pós-operatório, o edema pode ser
substancial e persistir por vários meses. Para além da educação do utente acerca deste
fenómeno normal, o uso de uma meia elástica é sugerido, para auxiliar na eliminação do
edema (11).

1.7.2. Possíveis Complicações

A incidência de complicações graves após tratamento cirúrgico das fracturas do


plafond tibial varia de 10 % a 55% (1). Estas complicações, normalmente, envolvem os
tecidos moles e variam de necrose superficial da pele na linha de sutura para perda de
pele de espessura total e infecção profunda (3, 4, 16). A evidência relata que o
desenvolvimento de problemas superficiais da pele aumenta o risco de infecção
profunda seis vezes (1).
Do processo de desvascularização traumática dos fragmentos de fractura, da
distracção e instabilidade local, resulta a não união da extremidade distal da tíbia (1). O
tratamento dessa complicação passa pelo enxerto ósseo e nova estabilização esquelética
(3). Uma fixação inadequada conduz ao alinhamento varo da tíbia, causando alterações
na mecânica do pé, dor e aceleramento da degeneração da cartilagem da articulação do
tornozelo. A taxa de consolidação viciosa representa 42% dos casos (1, 4).
A síndrome compartimental representa uma das possíveis complicações das
fracturas do plafond tibial. Esta caracteriza-se pelo aumento da pressão num espaço bem
definido (17). O aumento da pressão impede o fluxo venoso e linfático, retém os
fluidos, levando ao consequente aumento da pressão tecidular. Altas pressões podem
causar a lesão dos tecidos, impedindo a sua nutrição, e até mesmo conduzir à morte
(17). O desenvolvimento de síndrome compartimental depende do mecanismo causal e
ocorre principalmente em lesões de alta-energia com envolvimento diafisário (3, 16). O
tecido muscular e nervoso são os mais propensos ao desenvolvimento dessa condição.
Esta requer uma intervenção rápida, uma vez que provoca incapacidade funcional e
Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 10
Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

pode ameaçar a vida do utente (17). A anatomia da perna incrementa o desenvolvimento


de uma síndrome compartimental. Os músculos da perna estão separados em quatro
compartimentos bem definidos, rodeados e apertados por uma fáscia inflexível. A
acumulação de pressão num dos compartimentos não pode descomprimir noutro
compartimento ileso, não ocorrendo a dissipação de pressão. Em indivíduos com status
pós-fractura tíbio-peronial, a força da lesão conduz ao sangramento no local da fractura
e no músculo, juntamente com o edema adicional do músculo e dos tecidos moles da
perna. O edema pode comprometer o retorno venoso, o que pode levar ao
desenvolvimento de uma síndrome compartimental (17).
As complicações vasculares e nervosas são excepcionais e estão relacionadas
com a intensidade do trauma inicial (16).
A médio prazo, a complicação mais frequente é a rigidez articular
tibioastragalina, originando claudicação e incapacidade funcional (4). Esta rigidez pode
ser prevenida através da reabilitação precoce e um trabalho diário de restabelecimento
da flexão dorsal. O aparecimento de algodistrofia secundária, também é possível,
contudo não é específica neste tipo de condição (16). Alguma perda de mobilidade da
tíbio-társica é esperada após a cicatrização óssea da fractura do pilão tibial, devido às
lesões associadas dos tecidos moles, à artrofibrose e às contracturas musculares (1).
A longo prazo, o aparecimento de calos ósseos depende da qualidade da redução
e da síntese articular (16). A má redução articular pode levar à distribuição não
uniforme das forças de sustentação de peso sobre a cartilagem articular e pode acelerar
o desenvolvimento de artrite pós-traumática. O resultado funcional final correlaciona-se
fortemente com a precisão da redução articular (1). A distrofia de Sudeck constitui,
igualmente, uma complicação a longo prazo, que favorece de reabilitação conservadora
de Fisioterapia (3).
A falta de consolidação secundária e a exposição do material de osteossíntese
são complicações graves e temidas por todos os cirurgiões. Estas podem estar
relacionadas com uma gestão deficiente dos tecidos moles pelo cirurgião (intervenção
realizada num tornozelo edemaciado), um material muito volumoso e/ou uma
complicação séptica. A ruptura da placa ocorre automaticamente no caso de
pseudartrose, normalmente durante o primeiro ano. A alergia ao material de
osteossíntese é extremamente rara, manifestando-se por um aspecto inflamatório da
cicatriz (16).
Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 11
Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

1.8. Instabilidade da Tíbio-társica e Controlo Motor

A instabilidade da tíbio-társica pode ocorrer se quaisquer componentes


articulares (ossos, cápsula, ligamentos, tendões) estiverem comprometidos. Fracturas ou
luxações da tíbia e/ou do perónio podem conduzir a instabilidade no tornozelo (18).
A instabilidade da tíbio-társica apresenta-se como a alteração residual mais
comum após lesão cápsulo-ligamentar. Segundo a evidência, a alteração da estabilidade
mecânica articular devido a lesão da integridade cápsulo-ligamentar da tíbio-társica,
tendo como consequência alterações visíveis de défices no controlo neuromuscular,
designa-se por instabilidade crónica da tíbio-társica (19).
Estudos recentes indicam que mudanças centrais na função sensório-motora
estão presentes em indivíduos com instabilidade crónica da tíbio-társica, principalmente
modificações na marcha e alteração da excitabilidade dos motoneurónios alfa, o que
sugere que os mecanismos de controlo motor a nível espinal foram alterados (20). Além
disso, como medidas in vivo da função sensório-motora, exigem percepção consciente
das articulações periféricas e informação muscular, supõe-se que os aspectos supra-
espinais de controlo motor estejam também modificados (21).
A iniciação da marcha requer um controlo efectivo do equilíbrio, com uma
transição de postura estática para marcha continua (22). Especificamente, ajustes
posturais antecipatórios, através de múltiplas contracções musculares antes do início do
padrão locomotor (fase preparatória) e deslocação do centro de pressão para trás e para
o membro em balanço inicial, de modo a mover o centro de massa corporal para a frente
sobre o membro de apoio (23). A execução do primeiro passo (fase de apoio) começa
quando o centro de massa corporal é transferido para o membro de apoio (24). Mais
importante, a iniciação da marcha é modulada pelas vias supra-espinais, onde as áreas
motoras secundárias são responsáveis pela fase preparatória, enquanto o córtex motor
primário controla a fase de apoio (23).
Hass et al. (2010), num estudo cujo objectivo consistiu em determinar se os
aspectos supra-espinais de controlo motor se encontram modificados em indivíduos
com instabilidade crónica da tíbio-társica, demonstraram que lesão periférica crónica
articular, como a instabilidade crónica da tíbio-társica, altera negativamente os aspectos
supra-espinais de controlo motor durante uma destabilização interna postural (iniciação
da marcha) (25). As deslocações do centro de pressão durante a fase preparatória da
iniciação da marcha, moduladas por áreas motoras secundárias, foram reduzidas
Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 12
Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

(comprometidas) em utentes com instabilidade crónica da tíbio-társica, assim como a


fase de apoio, modulada pelo córtex motor primário, também se verificou reduzida
(limitada). Tais modificações sugerem fortemente que alterações na mediação central do
controlo motor podem ser um importante contribuinte para o mecanismo
neurofisiológico subjacente da instabilidade crónica da tíbio-társica (25). Além disso,
esses dados indicam a necessidade de uma reabilitação global e não local em indivíduos
com instabilidade crónica da tíbio-társica, de modo a restaurar o controlo motor
adequado após lesão periférica articular (25).

2. APRESENTAÇÃO DO CASO CLÍNICO (Anexo I)

2.1. Apresentação da Utente

A utente A.S.F., que consentiu em publicar os seus dados para este estudo
(Apêndice I), é uma senhora de 33 anos de idade, com residência em Luanda e
licenciada em Psicologia. Actualmente, reside com o marido e duas filhas em casa dos
pais, que a auxiliam nas suas actividades de vida diárias. A utente a 20 de Setembro de
2011 cai num degrau, em Luanda, realizando lesão grave na perna esquerda com torção
da tíbio-társica. Foi levada para uma clínica onde recebeu os primeiros socorros,
realizou exame radiológico e colocou tala para imobilização. No mesmo dia, consultou
um ortopedista que lhe confirmou fractura da tíbia e perónio e a informou da
necessidade de realizar intervenção cirúrgica para colocação de material de
osteossíntese. No dia seguinte regressou a Portugal, sendo internada no Hospital
Ortopédico do Outão. No dia 26 de Setembro foi operada no mesmo Hospital, tendo alta
a 28 do mesmo mês. A 25 de Outubro iniciou tratamento de fisioterapia, uma semana
após ter retirado os agrafos cirúrgicos. A utente apresentou-se com edema na
extremidade distal da perna e pé esquerdo, a realizar marcha com auxílio de 2
canadianas (sem carga). A 7 de Novembro de 2011, a utente já realizava marcha
recorrendo apenas a uma canadiana (com 50% de carga).

2.2. Problemas da Utente

Pela análise do exame da utente foi possível a identificação dos principais


problemas:
- Edema na região distal da perna e pé esquerdo;
Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 13
Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

- Aderência da cicatriz e tecidos moles da região distal da perna esquerda;


- Amplitudes articulares limitadas da tíbio-társica esquerda, principalmente a de
flexão dorsal [0º (20º)];
- Força muscular diminuída dos grupos musculares do joelho e tíbio-társica
esquerda;
- Dor em movimento (4/10 Escala Numérica da Dor) na região calcânea esquerda;
- Alteração do padrão de marcha;
- Funcionalidade do tornozelo e pé com resultados diminuídos na escala FAOS:
o Sintomas/Rigidez: 46.4 (100);
o Dor: 72.2 (100);
o Funcionalidade, vida diária: 67.6 (100);
o Funcionalidade, desporto e actividades de lazer: 10 (100);
o Qualidade de Vida: 31.2 (100);
o TOTAL: 45.5 (100);
- Diminuição da Qualidade de Vida.

2.3. Diagnóstico em Fisioterapia

Utente do sexo feminino de 33 anos de idade, com funcionalidade reduzida do


tornozelo e pé esquerdo devido a fractura do plafond tibial. Apresenta dor em
movimento (4/10 Escala Numérica da Dor), amplitudes articulares da tíbio-társica
diminuídas e força muscular também diminuída. Realiza marcha com o auxílio de uma
canadiana.

2.4. Definição dos Objectivos

2.4.1. A Curto Prazo:

- Diminuir o volume de edema na região distal da perna e pé esquerdo (em 9


sessões de tratamento);
- Aumentar a mobilidade da cicatriz e tecidos moles da região distal da perna
esquerda (em 15 sessões de tratamento);
- Aumentar as amplitudes articulares limitadas da tíbio-társica esquerda,
principalmente a de flexão dorsal, em 10º (20 sessões de tratamento);

Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 14


Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

- Aumentar a força muscular dos grupos musculares afectados em 2 graus (15


sessões de tratamento);
- Extinguir a dor em movimento na região calcânea esquerda (em 20 sessões de
tratamento).
- Promover um padrão de marcha normalizado, sem auxiliares de marcha,
diminuindo o uso de compensações (em 20 sessões de tratamento);
- Aumentar a funcionalidade do tornozelo e pé, incrementando pelo menos 10
valores em cada item da Escala FAOS (em 20 sessões de tratamento);
- Educação da utente e ensino de exercícios domiciliários.

2.4.2. A Longo Prazo:

- Eliminar o edema residual na região distal da perna e pé esquerdo;


- Restituir a total mobilidade da cicatriz e tecidos moles da região distal da perna
esquerda;
- Restabelecer as amplitudes articulares e força muscular normais;
- Normalizar o padrão de marcha, sem compensações;
- Restaurar a funcionalidade do tornozelo e pé;
- Aumentar o nível de Qualidade de Vida.

2.5. Plano de Tratamento

Com base nos problemas da utente e na revisão da literatura já realizada, após a


primeira avaliação a 7 de Novembro de 2011, foi elaborado o seguinte plano de
tratamento:
 Massagem para drenagem do edema na região distal da perna e pé esquerdo;
 Mobilização acessória:
o Articulação tíbio-peronial superior (A.P e P.A);
o Articulação tíbio-peronial inferior (A.P e P.A);
o Articulação tíbio-társica (A.P, P.A, longitudinal cefálico e caudal);
o Astrágalo e calcâneo;
 Aplicação de ligadura de contenção elástica para facilitar a drenagem;
 Exercícios activos de fortalecimento muscular:

Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 15


Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

o Em decúbito dorsal com joelho em extensão 0º, realizar elevações do MIE


com componente de rotação externa e carga na extremidade distal da perna (2
séries de 20 repetições);
o Em decúbito dorsal com anca e joelhos flectidos a 90º e apoio distal em bola
terapêutica, realizar o exercício da ponte (2 séries de 20 repetições);
o Em decúbito lateral direito com anca e joelho e extensão 0º, realizar
elevações do MIE (2 séries de 20 repetições);
o Em decúbito ventral, com anca em extensão 0º, levar calcanhares à região
glútea, alternadamente, com carga na extremidade distal da perna esquerda (2
séries de 20 repetições);
o Em decúbito ventral com anca e joelho em extensão, realizar flexão plantar
esquerda resistida e posterior alongamento para flexão dorsal (10 repetições);
o Em pé com pés afastados realizar transferências de peso bilateralmente
usando a anca da terapeuta como referência do lado afectado (2 séries de 20
repetições);
o Sentada com joelho flectido a 90º resistir o movimento de flexão dorsal com
eversão (3 séries de 10 repetições);
 Movimento passivo para ganho de amplitudes de flexão plantar e flexão dorsal
da tíbio-társica (Grau II) em decúbito ventral com flexão do joelho;
 Massagem cicatricial;
 Treino de marcha a 3 pontos;
 Educação da utente e ensino de exercícios domiciliários.

A 15 de Novembro, a utente teve consulta de ortopedia. Efectuou exame


radiológico à perna esquerda, onde se verificou total consolidação óssea (Anexo II).
Teve indicação médica para iniciar marcha sem auxiliares, realizando carga total sobre
o membro inferior esquerdo. Ocorreu, desse modo, a necessidade de reformular o plano
terapêutico, tendo em conta os objectivos de tratamento previamente formulados:
 Mobilização acessória:
o Articulação tíbio-peronial superior (A.P e P.A);
o Articulação tíbio-peronial inferior (A.P e P.A);
o Articulação tíbio-társica (A.P, P.A, longitudinal cefálico e caudal);
o Astrágalo e calcâneo;
Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 16
Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

 Alongamento da fáscia plantar;


 Movimento passivo para ganho de amplitudes de flexão plantar e flexão dorsal
da T-T (Grau II) em decúbito ventral com flexão do joelho;
 Massagem para drenagem do edema residual na região distal da perna e pé
esquerdo;
 Aplicação de ligadura de contenção elástica para facilitar a drenagem;
 Exercícios de carga, com utilização de altura sob o pé esquerdo (3 séries; 10
repetições);
 Exercício de semi-passos (3 séries; 10 repetições);
 Marcha lateral (3 séries; 10 repetições);
 Circuito com obstáculos e mudanças de direcção (para a frente, para trás e para
os lados) (3 séries; 2 repetições);
 Exercícios activos de fortalecimento muscular – treino ergonómico:
o Bicicleta;
o Passadeira;
o Elíptica;
 Treino de subir/descer escadas;
 Treino de levantar/sentar sem apoio de membros superiores;
 Treino de marcha sem auxiliares de marcha (com auxílio de bastões para
dissociação de cinturas e bola terapêutica);
 Massagem cicatricial;
 Aplicação de banda adesiva hipoalérgica de seda sintética sobre a cicatriz para
promover o correcto processo cicatricial;
 Educação da utente e ensino de exercícios domiciliários.

3. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Para aferir os resultados deste Estudo de Caso foram utilizados diversos


instrumentos de medida, para proporcionar a obtenção de dados quantificáveis e
comparáveis entre a avaliação inicial e as reavaliações obtidas, verificar a evolução da
utente e constatar se os objectivos propostos foram alcançados.
A primeira reavaliação da utente, realizada a 17 de Novembro de 2011, focou a
diminuição do volume de edema na região distal da perna e pé esquerdo, através da
Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 17
Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

análise da perimetria. A perimetria é um método simples, barato e de alta fiabilidade,


que permite a identificação de mudanças na dimensão dos membros secundárias ao
edema (26). Através deste método, o volume do membro é avaliado pela medida da
circunferência do segmento analisado, a partir de pontos anatómicos de referência
previamente seleccionados (26):

Diferença
Direito Esquerdo
17/11/11 8/11/11
Sobre maléolos 26 cm 27 cm + 1 cm + 2,5 cm
 5 cm maléolos 24,5 cm 25 cm + 0,5 cm + 1,5 cm
 10 cm maléolos 27,5 cm 28 cm + 0,5 cm + 1 cm
Base dos metatarsos 24,5 cm 25 cm + 0,5 cm + 1 cm
Cabeça dos metatarsos 21 cm 22 cm + 1 cm + 1,5 cm

Verifica-se, após 9 sessões de tratamento, a redução do volume de edema,


predominantemente sobre a região maleolar.
A 28 de Novembro, foi conseguida a segunda reavaliação da utente, após 15
sessões de tratamento, no que respeita à mobilidade cicatricial e também à força
muscular. A força muscular foi avaliada por meio do teste muscular manual. Este
método é baseado num sistema de graduação do movimento contra a resistência do
examinador ou da gravidade e foi utilizado pela primeira vez em 1912 por Lovett (27).
O teste muscular manual é clinicamente versátil e sem custo, exigindo apenas uma base
de suporte estável para a sua execução. Constitui um método de avaliação da força
muscular preciso e fidedigno (27).
Observa-se substancial aumento da mobilidade da cicatriz, apenas com ligeira
aderência no terço distal da linha cicatricial. Verifica-se, do mesmo modo, o incremento
de força muscular nos grupos musculares testados, com aumento de 2 graus de força nos
flexores plantares e dorsais, como se pode constatar na seguinte tabela:

Grupos Esquerdo
Articulação Direito
Musculares 28/11/11 17/11/11
Joelho Flexores 5 5 4+

Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 18


Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

Extensores 5 5 4+
Flexores plantares 5 4+ 4-
Flexores dorsais 5 4- 3+
Tíbio-társica
Inversores 5 4 4-
Eversores 5 4 4-

A localização e caracterização dos sintomas, as amplitudes articulares da tíbio-


társica, o padrão de marcha, assim como a funcionalidade do pé e tíbio-társica, foram
outcomes analisados na terceira reavaliação da utente, a 6 de Dezembro de 2011.
No que respeita à sintomatologia, ocorreu a abolição da dor em movimento na
região calcânea esquerda, com intensidade 0 (zero) na Escala Numérica da Dor. A
Escala Numérica da Dor é um instrumento de medida genérico auto-administrado para
avaliar a Dor (28). Esta escala é aplicada a indivíduos conscientes e colaborantes com
idade superior a três anos. Consiste numa régua dividida em onze partes iguais,
numeradas sucessivamente de 0 a 10. Esta régua pode apresentar-se ao utente na
horizontal ou na vertical. Pretende-se que o utente faça a equivalência entre a
intensidade da sua Dor e uma classificação numérica, sendo que a 0 corresponde a
classificação “Sem Dor” e a 10 a classificação “Dor Máxima” (Dor de intensidade
máxima imaginável). A classificação numérica indicada pelo utente será assinalada na
sua folha de registo (28).
Para recolher as amplitudes articulares da tíbio-társica utilizou-se um
goniómetro universal, instrumento de medida adequado à medição das amplitudes
articulares das diversas articulações corporais, sendo, por isso, um instrumento válido
para o seu efeito (29). Obtiveram-se as seguintes amplitudes articulares:

Amplitudes Articulares
Movimento e
Articulação Direito Esquerdo
Amplitudes Normais
6/12/11 7/11/11
Flexão Dorsal (20º) 20º 10º 0º
Tibio- Flexão Plantar (40-50º) 50º 46º 40º
Társica Inversão (30-35º) 30º 32º 24º
Eversão (15-20º) 18º 18º 10º

Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 19


Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

Verifica-se, após 20 sessões de tratamento, incremento das amplitudes de


movimento da articulação tíbio-társica, com aumento de 10º no movimento de flexão
dorsal.
O padrão de marcha da utente encontra-se, do mesmo modo, com alterações
positivas, sendo que a principal é a ausência de auxiliares de marcha. As inclinações do
tronco e cabeça para a direita foram eliminadas e a claudicação do membro inferior
esquerdo é mínima.
A funcionalidade do tornozelo e pé foi avaliada através da escala Foot and Ankle
Outcome Score (FAOS). A FAOS é um instrumento de avaliação específico,
desenvolvido para medir a opinião dos utentes sobre uma variedade de problemas
ligados à funcionalidade do pé e tíbio-társica (30). A FAOS é de auto-preenchimento
pelo utente e consiste em 42 questões distribuídas em cinco sub-escalas: Dor, Outros
Sintomas, Funcionalidade na vida diária, Funcionalidade no desporto e lazer, e
Qualidade de Vida relacionada com o pé e tíbio-társica. São apresentadas opções
estandardizadas de resposta e cada questão tem uma pontuação de 0 a 4. É calculada
uma pontuação normalizada (100 indicando ausência de sintomas e 0 indicando
sintomas extremos) para cada sub-escala. No final obtém-se uma pontuação total através
do somatório das pontuações de cada sub-escala. Esta escala foi validada em 2008 para
a Realidade Portuguesa e apresenta bons índices de validade de conteúdo, de fiabilidade
intra-observador e de consistência interna (30). Constatou-se aumento das pontuações,
em pelo menos 10 valores, em quatro das cinco sub-escalas da FAOS, com incremento
de 21.6 valores na pontuação total, após aproximadamente um mês de intervenção
(Anexo III e IV). A tabela abaixo apresentada revela tais diferenças:
Pontuação
Sub-escala
6/12/11 7/11/11 Diferença
Sintomas/Rigidez 78.6 46.4 + 32.2
Dor 83.3 72.2 + 11.1
Funcionalidade, vida diária 91.2 67.6 + 23.6
Funcionalidade, desporto e
45 10 + 35
actividades de lazer
Qualidade de Vida 37.5 31.2 + 6.3
TOTAL 67.1 45.5 + 21.6

Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 20


Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

4. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Depois da exposição dos resultados obtidos pós-intervenção de Fisioterapia,


pode constatar-se, que os objectivos de tratamento formulados a curto prazo foram
atingidos.
O edema, como anteriormente referido, constitui uma das características do
status pós-operatório das fracturas do plafond tibial (11). A diminuição do volume de
edema na região distal da perna e pé esquerdo foi conseguida através da massagem de
drenagem linfática manual realizada durante a intervenção, bem como pela aplicação de
uma ligadura de contenção elástica durante a execução dos exercícios. A drenagem
linfática manual é uma técnica de massagem que envolve apenas a superfície cutânea e
que segue as vias linfáticas do organismo (31). Esta técnica vai permitir o escoamento
dos líquidos excedentários que banham as células, mantendo assim o equilíbrio hídrico
dos espaços intersticiais e, por outro lado, possibilita também a eliminação dos produtos
de degradação provenientes do metabolismo celular. A execução da massagem assenta
essencialmente em duas manobras diferentes: manobra de captação ou reabsorção
(realizada ao nível da infiltração) e manobra de evacuação ou de chamada (transferência
dos líquidos captados longe da zona de captação) (31).
Após uma lesão tecidual, um processo de reparo dinâmico, interactivo e
complexo se instala para a formação de uma cicatriz (32). Tal lesão pode ser provocada
de diversas formas, como um acto cirúrgico, agentes físicos ou químicos e
microrganismos patogénicos. As reacções teciduais poderão ocorrer na forma de reparo
ou regeneração, com restabelecimento total ou parcial da vitalidade, da funcionalidade e
da estética dos tecidos lesados. O processo de cicatrização de uma ferida não é um
fenómeno isolado, mas um conjunto complexo de eventos biológicos, cujo objectivo
final é a preservação da vida (32). Este processo envolve três fases: Fase inflamatória
(tem como principal finalidade a limpeza da ferida, com a remoção de tecidos
desvitalizados e bactérias; inicia-se logo após o ferimento com a formação de uma rede
de fibrina e migração de neutrófilos e linfócitos), Fase proliferativa (corresponde ao
inicio da recuperação das estruturas lesadas, com formação de novos vasos, constituindo
o tecido de granulação; inicia-se ao 2º dia, com a migração de fibroblastos e
consequente deposição de colagénio, e termina ao 15º dia) e Fase de maturação
(responsável pelo aspecto final da cicatriz; inicia-se ao 6º dia, podendo levar até 6
meses ou mais; por acção dos fibroblastos ocorre a transformação do colagénio do
Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 21
Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

tecido de granulação em tecido cicatricial e a epitelização por queratinócitos) (33). Para


o incremento da mobilidade cicatricial, bem como para a prevenção do desenvolvimento
de cicatriz hipertrófica e quelóide, foi realizada massagem cicatricial e aplicada uma
banda adesiva hipoalérgica de seda sintética sobre a cicatriz para promover o correcto
processo cicatricial durante a fase de maturação. A fricção e o deslizamento com o
polegar, assim como a vibração, constituem técnicas de massagem eficazes no
alongamento e libertação de aderências, com consequente aumento da mobilidade
articular (34).
Como descrito na evidência, o plano de reabilitação, deve incluir o
fortalecimento muscular (1, 11). Para o efeito, foram realizados exercícios de carga,
com utilização de altura sob o pé esquerdo, assim como treino ergonómico em
passadeira, bicicleta e elíptica.
A dor em movimento na região calcânea esquerda referida no início da
intervenção, resultante do processo traumático, foi eliminada por meio da mobilização
articular realizada, uma vez que este procedimento influencia a dinâmica dos fluidos,
auxiliando na redução da acumulação de subprodutos inflamatórios, modulando o
processo de dor.
Através da mobilização articular acessória e passiva da tíbio-társica, sugerida
pela evidência (1, 3, 16), bem como do alongamento da fáscia plantar foi conseguido o
aumento da mobilidade articular do tornozelo e pé. Também por meio desta técnica
manual, pelo restabelecimento da flexão dorsal, a rigidez articular tibioastragalina, pode
ser prevenida, uma vez que a médio prazo, constitui uma possível complicação do status
pós-cirúrgico, originando claudicação e incapacidade funcional (4). A síndrome
compartimental, possível complicação do status pós-fractura tíbio-peronial em lesões de
alta-energia com envolvimento diafisário (3, 16, 17), foi, igualmente, prevenida através
da mobilização acessória tíbio-peronial superior, assim como pelo controlo do volume
de edema, uma vez que esta síndrome pode ser despoletada pelo incremento da pressão
tecidular, consequência do aumento de pressão num espaço bem definido com estase
venosa e linfática (17).
O plano de intervenção incluiu, do mesmo modo, a reabilitação do padrão de
marcha, como enunciado na evidência (1, 11), por meio da realização de treino
deambulatório sem auxiliares de marcha (com auxílio de bastões para dissociação de
cinturas e bola terapêutica), marcha lateral e também exercícios de semi-passos.
Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 22
Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

O treino de subir/descer escadas, o treino de levantar/sentar, bem como o


circuito com obstáculos e mudanças de direcção, foram técnicas utilizadas com o
objectivo de optimização funcional e recuperação da independência. Um estudo de
Castillo et al. (2008), demonstrou que indivíduos que realizaram tratamento de
Fisioterapia após trauma do membro inferior, apresentaram resultados estatisticamente
significativos em cinco medidas de deficiência física e limitação funcional (nível de
comprometimento de amplitude de movimento do joelho e tíbio-társica, padrão
recíproco na subida de escadas, desvios na marcha ao caminhar, velocidade da marcha
auto-seleccionada maior que 1.2m/s e pontuação do instrumento Functional
Independence Measure) comparativamente a indivíduos que não receberam intervenção,
beneficiando dos cuidados dos profissionais de Fisioterapia (35).
Tal como mencionado anteriormente, as fracturas tíbio-peroniais podem
conduzir a instabilidade no tornozelo (18). A instabilidade crónica da tíbio-társica, por
sua vez, conduz a mudanças centrais na função sensório-motora, principalmente
modificações na marcha e alteração da excitabilidade dos motoneurónios alfa, o que
sugere que os mecanismos de controlo motor a nível espinal foram alterados (20). Deste
modo, existe a necessidade de uma reabilitação global e não local em indivíduos com
instabilidade crónica da tíbio-társica, de modo a restaurar o controlo motor adequado
após lesão periférica articular (25), como descrito no plano de intervenção.
A educação da utente e o ensino de exercícios domiciliários foram estratégias de
tratamento utilizadas durante o período de reabilitação, uma vez que a estimulação
frequente e a repetição melhoram a consciencialização e a habilidade para a activação.

5. CONCLUSÃO

Após finalizar o presente trabalho e da análise dos resultados, posso concluir que
a intervenção realizada surtiu efeitos positivos. A pesquisa e execução do
enquadramento teórico permitiu-me clarificar e compreender todo o contexto das
fracturas diafisárias tíbio-peronial, particularmente a importância do Fisioterapeuta na
reabilitação destes indivíduos.
Com a realização do Estudo de Caso pude compreender novos conceitos,
expandir os meus conhecimentos e desenvolver o meu raciocínio clínico.
A reabilitação contou com grande envolvimento e força de vontade por parte da
utente, sendo uma mais-valia não só para esta, mas também para mim, sendo altamente
Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 23
Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

gratificante e recompensador observar os resultados alcançados e a mudança no estilo


de vida da utente pós-intervenção.
O planeamento da intervenção em Fisioterapia deve ser efectuado sempre
segundo a evidência científica e de acordo com o utente, pois só assim é possível
adquirir os melhores resultados e ter a capacidade de esclarecer o utente de quais as
melhores estratégias a adoptar. Em Fisioterapia é essencial olhar para o utente como um
todo, e não individualizar a patologia, tendo em conta a perspectiva bio-psico-social.
O ambiente da Clínica é bastante acolhedor e o Fisioterapeuta Orientador João
Fonseca demonstrou-se sempre disponível para qualquer esclarecimento e facilitou toda
pesquisa de material bibliográfico para a fundamentação do tema e para todas as
intervenções durante o período de estágio. Um aspecto positivo a salientar foi a relação
estabelecida com as outras estagiárias, assim como o intercâmbio de conhecimento. A
autonomia concedida na gestão dos horários e períodos de tratamento constituiu,
igualmente, um aspecto positivo do estágio clínico.
Este estágio de 6 semanas na Clínica AlcaisFisio foi uma experiência bastante
enriquecedora e proveitosa, revelando-se um grande momento de aprendizagem não só
a nível da compreensão da dinâmica e organização deste estabelecimento, intervenção
em Fisioterapia e importância da evidência científica, como também na elaboração do
Estudo de Caso.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Borrelli J, Ellis E. Pilon Fractures: Assessment and Treatment. Orthopedic Clinics


of North America. 2002;33(1):231-45.
2. Tolhurst D, Haeseker B, Zeeman R. The development of the fasciocutaneous flap
and its clinical applications. Plast Reconstr Surg. 1983;71(5):597-606.
3. Seggl W, Szyszkowitz R, Grechenig W. Tibial pilon fractures. Trauma.
1999;13:42-52.
4. Fernández-Hernández Ó, Álvarez-Posadas I, Betegón-Nicolás J, González-
Fernández JJ, Sánchez-Herráez S. Fractures of the tibial pilon. Long-term functional
results. Revista española de cirugía ortopédica y traumatología 2008;52:152-60.
5. Calori GM, Tagliabue L, Mazza E, Bellis Ud, Pierannunzii L, Marelli BM, et al.
Tibial pilon fractures: Which method of treatment? Injury. 2010;41 1183–90.

Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 24


Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

6. Boern Pd, R.Metcalfez. (iv) Pilon fractures of the tibia. Current Orthopaedics.
2003;17:190-9.
7. Sirkin M, Sanders R. The Treatment of Pilon Fractures. Orthopedic Clinics of
North America. 2001;32(1):91-102.
8. Mauffrey C, Vasario G, Battiston B, Lewis C, Beazley J, Seligson D. Tibial pilon
fractures: A review of incidence, diagnosis, treatment, and complications. Acta Orthop
Belg 2011;77:432-40.
9. Rüedi T, Allgöwer M. The operative treatment of intra-articular fractures of the
lower end of the tibia. Clin Orthop Relat Res. 1979;138:105-10.
10. Fracture and dislocation compendium. Orthopaedic Trauma Association Committee
for Coding and Classification. J Orthop Trauma. 1996;10(Suppl 1: v-ix):1-154.
11. Barei DP, Nork SE. Fractures of theTibial Plafond. Foot Ankle Clin.
2008;13(4):571–91.
12. Ayeni J. Pilon fractures of the tibia: A study based on 19 cases. Injury.
1988;19:109-14.
13. Wyrsch B, McFerran MA, McAndrew M, Limbird TJ, Harper MC, Johnson KD, et
al. Operative treatment of fractures of the tibial plafond. The Journal of Bone and Join!
Surgery. 1996;78-A(11):1646-57.
14. John E. Femino, Tanawat Vaseenon. THE DIRECT LATERAL APPROACH TO
THE DISTAL TIBIA AND FIBULA: A SINGLE INCISION TECHNIQUE FOR
DISTAL TIBIAL AND PILON FRACTURES. The Iowa Orthopaedic Journal.
2009;29:143–8.
15. Labronici P, Franco J, Silva A, Pina Cabral F, Soares M, Lourenço P, et al.
Treatment of distal fractures of the tibia. Acta Ortop Bras 2008;17(1):40-5.
16. Dujardin C, Goldzak M, Simon P. Fractures du pilon tibial. EMC (Elsevier Masson
SAS), Techniques chirurgicales - Orthopédie -Traumatologie. 2009:44-878.
17. Semer NB. Practical Plastic Surgery for Nonsurgeons. Hanley & Belfus I, editor.
Philadelphia2001.
18. Topliss C, Jackson M, Atkins R. Anatomy of pilon fractures of the distal tibia. The
Journal of Bone and Joint Surgery. 2005;87-B(5):692-7.
19. Gribble PA, Hertel J, Denegar CR, Buckley WE. The Effects of Fatigue and
Chronic Ankle Instability on Dynamic Postural Control. J Athl Train. 2004
Dec;39(4):321-9.
Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 25
Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

20. Delahunt E, Monaghan K, Caulfield B. Altered neuromuscular control and ankle


joint kinematics during walking in subjects with functional instability of the ankle joint
Am J Sports Med. 2006;34(12):1970-6.
21. Hertel J. Sensorimotor deficits with ankle sprains and chronic ankle instability. Clin
Sports Med. 2008 Jul;27(3):353-70, vii.
22. Hass CJ, Waddell DE, Wolf SL, Juncos JL, Gregor RJ. Gait initiation in older
adults with postural instability. Clin Biomech (Bristol, Avon). 2008 Jul;23(6):743-53.
23. Massion J. Movement, posture and equilibrium: interaction and coordination. Prog
Neurobiol. 1992;38(1):35-56.
24. Ito T, Azumab T, Yamashita N. Anticipatory control in the initiation of a single
step under biomechanical constraints in humans. Neuroscience Letters.
2003;352(3):207-10.
25. Hass CJ, Bishop MD, Doidge D, Wikstrom EA. Chronic Ankle Instability Alters
Central Organization of Movement. The American Journal of Sports Medicine.
2010;38(4):829-34.
26. Oliveira A, Lara C, Lins S, Cunha-Filho I. Comparação entre as medidas
inferenciais de edema de membros inferiores utilizando o Leg-O-Meter e o deslocador
de água. Revista Brasileira de Fisioterapia. 2006;10(1):43-9.
27. Wadsworth CT, Krishnan R, Sear M, Harrold J, Nielsen DH. Intrarater Reliability
of Manual Muscle Testing and Hand-held Dynametric Muscle Testing. Physical
Therapy. 1987;67(9):1342-7.
28. A dor como 5º Sinal Vital. Registo sistemático da intensidade da Dor. Ministério da
Saúde. 2003;Circular Normativa nº 9/DGCG de 14/6/2003.
29. Brosseau L, Balmer S, Tousignant M, O'Sullivan JP, Goudreault C, Goudreault M,
et al. Intra- and intertester reliability and criterion validity of the parallelogram and
universal goniometers for measuring maximum active knee flexion and extension of
patients with knee restrictions. Archives of Physical Medicine and Rehabilitation.
2001;82(3):396-402.
30. Domingues F, Esteves J, Pereira JP. Contributo para a Adaptação e Validação do
Instrumento de Medida, Foot And Ankle Outcome Score (FAOS), para a Realidade
Portuguesa. Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto. 2008;2(1):23-32.
31. Veiros I, Nunes R, Martins F. Complicações da Mastectomia: Linfedema do
Membro Superior. Acta Med Port. 2007;20:335-40.
Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 26
Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

32. Kreisner P, Oliveira M, Weismann R. Cicatrização Hipertrófica e Quelóides:


Revista de Literatura e Estratágias de Tratamento. Rev Cir Traumatol Buco-Maxilo-Fac.
2005;5(1):9-14.
33. Pereira J. Tratamento de cicatrizes patológicas com a associação de cepalin,
heparina e alantoína. REV BRAS MED. 2003;60(8):603-8.
34. Cassar M. Manual de Massagem Terapêutica. 1ª ed. Manole, editor. Brasil2001.
35. Castillo R, MacKenzie E, Archer K, Bosse M, Webb L. Evidence of Beneficial
Effect of Physical Therapy After Lower-Extremity Trauma. Arch Phys Med Rehabil.
2008;89:1873-9.

Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 27


Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

APÊNDICES

Apêndice I – Consentimento Informado

Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 28


Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

ANEXOS

Anexo I – Ficha de Avaliação

Identificação do utente:
Nome: A.S.F.
Sexo: Feminino
Idade: 33
Estado Civil: Casada
Profissão: Psicóloga/Formadora
Morada: Luanda

Regime de Atendimento:
Frequência de Atendimento: Diário
Fisioterapeuta Responsável: João Pedro Fonseca
Fisioterapeuta Estagiário: Inês Louro
Inicio da Fisioterapia: 25/10/2011
Data da avaliação: 7/11/2011
Sessões realizadas até à data da avaliação: 9

Exame Subjectivo (7/11/11)

Forma como o utente se apresenta ao serviço: A realizar marcha com uma canadiana,
trazida pelo pai de transporte particular.

História da Condição Actual: Utente a 20 de Setembro de 2011 cai num degrau, em


Luanda, realizando lesão grave na perna esquerda com torção da tíbio-társica. Foi
levada para uma clínica onde recebeu os 1ºs socorros, realizou Rx e colocou tala para
imobilização. No mesmo dia, consultou um ortopedista que lhe confirmou fractura da
tíbia e perónio e a informou da necessidade de realizar intervenção cirúrgica para
colocação de material de osteossíntese. No dia seguinte regressou a Portugal, sendo
internada no Hospital Ortopédico do Outão. No dia 26 de Setembro foi operada no
mesmo Hospital, tendo alta a 28 de Setembro. A 25 de Outubro iniciou tratamento de
fisioterapia, uma semana após ter retirado os agrafos cirúrgicos. A utente apresentou-se
Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 29
Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

com edema na extremidade distal da perna e pé esquerdo a realizar marcha com auxílio
de 2 canadianas (sem carga). A 7 de Novembro de 2011, a utente já realizava marcha
recorrendo apenas a uma canadiana (com 50% de carga).

História Anterior: Nada a referir.

Localização dos Sintomas:

Direito Esquerda Esquerda Direito

Legenda:
Dor

Cicatriz

Caracterização da dor:

Tipo de dor: Moinha

Comportamento da dor:
Ao longo do dia: sem variações;
Actividades/posturas que agravam a dor: carga por períodos prolongados;
Actividades/posturas que aliviam a dor: repouso.

Intensidade da dor (Escala Numérica da Dor):


Em repouso:

0 X 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 30


Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

Em movimento:

0 1 2 3 4 X 5 6 7 8 9 10

Medicação: Não toma.

Exames Complementares de Diagnóstico: Realizou Rx antes da intervenção cirúrgica.

Antecedentes pessoais: Nada a referir.

Antecedentes familiares: Nada a referir.

Condições habitacionais/ Meio envolvente: Refere que a sua habitação em Luanda é


um 4º andar sem elevador. Actualmente a residência não apresenta barreiras
arquitéctonicas.

Situação Sócio-económica e Familiar: Actualmente reside com os pais, que a auxiliam


nas suas AVD’s.

Actividades/ Passatempos: Não refere.

Hábitos de Saúde/Comportamentos de Risco: Nada a referir.

Principais problemas referidos pelo utente: Incapacidade de conduzir e de


subir/descer escadas; incapacidade de cuidar da filha de 1 ano.

Principais objectivos do utente: Conduzir; subir/descer escadas com confiança; voltar


à vida normal.

Exame Objectivo (07/11/11)

Estado geral: A utente apresenta-se participativa e colaborante. Encontra-se orientada


no espaço e no tempo.

Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 31


Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

Características Antropométricas:
Peso: 69 kg Altura: 1,68 m IMC: 24,4 kg/m2

Lado dominante: Direito

Inspecção (Perna, Tornozelo e Pé esquerdo):


Contornos ósseos: Alterados
Vascularização: Não alterada
Volumes: Edema organizado na extremidade inferior da perna, região maleolar
e face dorsal do pé
Exame da pele:
 Cor: Avermelhada
 Temperatura: Normal
 Textura: Fina/Lisa
 Secreções sudoríparas: Não apresenta
Cicatriz: Na região distal da perna lateralmente, aderente; comprimento: 20 cm

Palpação (Perna, Tornozelo e Pé esquerdo):


Dor à palpação – Não apresenta
Crepitação ao movimento – Não apresenta

Comprimento dos membros (EIAS – Maléolo peroneal, decúbito dorsal):


Direito – 90 cm
Esquerdo – 92 cm

Testes de integridade articular:


Articulação Teste Resultado
Tornozelo e Teste de gaveta anterior Negativo
pé Inclinação do astrágalo Negativo

Movimentos fisiológicos activos (e aplicação de pressão adicional, caso os sintomas


não sejam severos):

Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 32


Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

Art. T-T: Não realiza o movimento de flexão dorsal; a flexão plantar, inversão e
eversão encontram-se limitados;
Art. metatarso-falângicas: Sem alterações.

Movimentos fisiológicos passivos:


Art. T-T: O movimento de flexão dorsal encontra-se muito limitado devido a
rigidez articular. A flexão plantar, a inversão e a eversão encontram-se ligeiramente
limitadas;
Art. metatarso-falângicas: Sem alterações.

Testes Musculares:
Força muscular:

Articulação Grupos Musculares Direito Esquerdo

Flexores 5 4+
Joelho
Extensores 5 4+
Flexores plantares 5 4-
Flexores dorsais 5 3+
Tíbio-társica
Inversores 5 4-
Eversores 5 4-

Movimentos acessórios:
Art. Tíbio-peroneal superior: A.P e P.A limitados
Art. Tíbio-peroneal inferior: A.P e P.A limitados
Art. Tíbio-társica: A.P e P.A limitados; Longitudinal caudal e cefálico sem
limitação

Perimetria:
Direito Esquerdo Diferença
Sobre maléolos 26 cm 28,5 cm + 2,5 cm
 5 cm maléolos 24,5 cm 26 cm + 1,5 cm

Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 33


Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

 10 cm maléolos 27,5 cm 28,5 cm + 1 cm


Base dos metatarsos 24,5 cm 25,5 cm + 1 cm
Cabeça dos metatarsos 21 cm 22,5 cm + 1,5 cm

Goniometria (amplitude de movimento activo-assistido):

Movimento e Amplitudes Articulares


Articulação
Amplitudes Normais Direito Esquerdo
Flexão Dorsal (20º) 20º 0º
Flexão Plantar (40-50º) 50º 40º
Tibio-Társica
Inversão (30-35º) 30º 24º
Eversão (15-20º) 18º 10º

Avaliação funcional do tornozelo e pé – Escala funcional FAOS (Foot and Ankle


Outcome Score), em que 100 = ausência de sintomas e 0 = sintomas extremos:
1. Sintomas/Rigidez: 46.4 (100)
2. Dor: 72.2 (100)
3. Funcionalidade, vida diária: 67.6 (100)
4. Funcionalidade, desporto e actividades de lazer: 10 (100)
5. Qualidade de Vida: 31.2 (100)
Total = 45.5 (100)

Marcha: A utente realiza marcha com uma canadiana (3 pontos) a 2 tempos (1º avança
a canadiana e a perna operada e depois a perna sã) com 50% de carga. Apresenta
claudicação do membro inferior esquerdo e o passo simétrico. Verifica-se ligeira
inclinação do tronco e cabeça para a direita. A utente não apresenta dissociação de
cinturas, realizando marcha cognitiva.

Diagnóstico em Fisioterapia: Utente do sexo feminino de 33 anos de idade, com


funcionalidade reduzida do tornozelo e pé esquerdo devido a fractura do plafond tibial.
Apresenta dor em movimento (4/10 Escala Numérica da Dor), amplitudes articulares da
tíbio-társica diminuídas e força muscular também diminuída. Realiza marcha com o
auxílio de uma canadiana.

Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 34


Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

Principais problemas:
- Edema na região distal da perna e pé esquerdo;
- Aderência da cicatriz e tecidos moles da região distal da perna esquerda;
- Amplitudes articulares limitadas da tíbio-társica esquerda, principalmente a de
flexão dorsal [0º (20º)];
- Força muscular diminuída dos grupos musculares do joelho e tíbio-társica
esquerda;
- Dor em movimento (4/10 Escala Numérica da Dor) na região calcânea esquerda;
- Alteração do padrão de marcha;
- Funcionalidade do tornozelo e pé com resultados diminuídos na escala FAOS:
o Sintomas/Rigidez: 46.4 (100);
o Dor: 72.2 (100);
o Funcionalidade, vida diária: 67.6 (100);
o Funcionalidade, desporto e actividades de lazer: 10 (100);
o Qualidade de Vida: 31.2 (100);
o TOTAL: 45.5 (100);
- Diminuição da Qualidade de Vida.

Objectivos do tratamento:
A Curto Prazo:
- Diminuir o volume de edema na região distal da perna e pé esquerdo (em 9
sessões de tratamento);
- Aumentar a mobilidade da cicatriz e tecidos moles da região distal da perna
esquerda (em 15 sessões de tratamento);
- Aumentar as amplitudes articulares limitadas da tíbio-társica esquerda,
principalmente a de flexão dorsal, em 10º (20 sessões de tratamento);
- Aumentar a força muscular dos grupos musculares afectados em 2 graus (15
sessões de tratamento);
- Extinguir a dor em movimento na região calcânea esquerda (em 20 sessões de
tratamento).
- Promover um padrão de marcha normalizado, sem auxiliares de marcha,
diminuindo o uso de compensações (em 20 sessões de tratamento);

Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 35


Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

- Aumentar a funcionalidade do tornozelo e pé, incrementando pelo menos 10


valores em cada item da Escala FAOS (em 20 sessões de tratamento);
- Educação da utente e ensino de exercícios domiciliários.

A Longo Prazo:
- Eliminar o edema residual na região distal da perna e pé esquerdo;
- Restituir a total mobilidade da cicatriz e tecidos moles da região distal da perna
esquerda;
- Restabelecer as amplitudes articulares e força muscular normais;
- Normalizar o padrão de marcha, sem compensações;
- Restaurar a funcionalidade do tornozelo e pé;
- Aumentar o nível de Qualidade de Vida.

Plano de tratamento:
 Massagem para drenagem do edema na região distal da perna e pé esquerdo;
 Mobilização acessória:
o Articulação tíbio-peronial superior (A.P e P.A);
o Articulação tíbio-peronial inferior (A.P e P.A);
o Articulação tíbio-társica (A.P, P.A, longitudinal cefálico e caudal);
o Astrágalo e calcâneo;
 Aplicação de ligadura de contenção elástica para facilitar a drenagem;
 Exercícios activos de fortalecimento muscular:
o Em decúbito dorsal com joelho em extensão 0º, realizar elevações do MIE
com componente de rotação externa e carga na extremidade distal da perna (2
séries de 20 repetições);
o Em decúbito dorsal com anca e joelhos flectidos a 90º e apoio distal em bola
terapêutica, realizar o exercício da ponte (2 séries de 20 repetições);
o Em decúbito lateral direito com anca e joelho e extensão 0º, realizar
elevações do MIE (2 séries de 20 repetições);
o Em decúbito ventral, com anca em extensão 0º, levar calcanhares à região
glútea, alternadamente, com carga na extremidade distal da perna esquerda (2
séries de 20 repetições);

Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 36


Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

o Em decúbito ventral com anca e joelho em extensão, realizar flexão plantar


esquerda resistida e posterior alongamento para flexão dorsal (10 repetições);
o Em pé com pés afastados realizar transferências de peso bilateralmente
usando a anca da terapeuta como referência do lado afectado (2 séries de 20
repetições);
o Sentada com joelho flectido a 90º resistir o movimento de flexão dorsal com
eversão (3 séries de 10 repetições);
 Movimento passivo para ganho de amplitudes de flexão plantar e flexão dorsal
da tíbio-társica (Grau II) em decúbito ventral com flexão do joelho;
 Massagem cicatricial;
 Treino de marcha a 3 pontos;
 Educação da utente e ensino de exercícios domiciliários.

Registo: A 15 de Novembro a utente teve consulta de ortopedia no Hospital do Outão.


Realizou radiografia à perna esquerda, onde se verificou total consolidação óssea. A
utente teve indicação médica de começar a efectuar carga total sobre o membro inferior
esquerdo e sem auxiliares de marcha. Desse modo, existe a necessidade de reformulação
do plano de tratamento, tendo em conta os objectivos de tratamento enunciados.

Plano de tratamento:
 Mobilização acessória:
o Articulação tíbio-peronial superior (A.P e P.A);
o Articulação tíbio-peronial inferior (A.P e P.A);
o Articulação tíbio-társica (A.P, P.A, longitudinal cefálico e caudal);
o Astrágalo e calcâneo;
 Alongamento da fáscia plantar;
 Movimento passivo para ganho de amplitudes de flexão plantar e flexão dorsal
da T-T (Grau II) em decúbito ventral com flexão do joelho;
 Massagem para drenagem do edema residual na região distal da perna e pé
esquerdo;
 Aplicação de ligadura de contenção elástica para facilitar a drenagem;
 Exercícios de carga, com utilização de altura sob o pé esquerdo (3 séries; 10
repetições);
Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 37
Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

 Exercício de semi-passos (3 séries; 10 repetições);


 Marcha lateral (3 séries; 10 repetições);
 Circuito com obstáculos e mudanças de direcção (para a frente, para trás e para
os lados) (3 séries; 2 repetições);
 Exercícios activos de fortalecimento muscular – treino ergonómico:
o Bicicleta;
o Passadeira;
o Elíptica;
 Treino de subir/descer escadas;
 Treino de levantar/sentar sem apoio de membros superiores;
 Treino de marcha sem auxiliares de marcha (com auxílio de bastões para
dissociação de cinturas e bola terapêutica);
 Massagem cicatricial;
 Aplicação de banda adesiva hipoalérgica de seda sintética sobre a cicatriz para
promover o correcto processo cicatricial;
 Educação da utente e ensino de exercícios domiciliários.

Registo: A 17 de Novembro de 2011, foi realizada a 1ª reavaliação da utente, no que


respeita à perimetria.

Perimetria:
Diferença
Direito Esquerdo
17/11/11 7/11/11
Sobre maléolos 26 cm 27 cm + 1 cm + 2,5 cm
 5 cm maléolos 24,5 cm 25 cm + 0,5 cm + 1,5 cm
 10 cm maléolos 27,5 cm 28 cm + 0,5 cm + 1 cm
Base dos metatarsos 24,5 cm 25 cm + 0,5 cm + 1 cm
Cabeça dos metatarsos 21 cm 22 cm + 1 cm + 1,5 cm

Verifica-se, após 9 sessões de tratamento, a redução do volume do edema,


embora sem resolução total. Prevê-se a eliminação do edema residual presente nas
próximas 10 sessões de tratamento.

Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 38


Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

Registo: A 28 de Novembro, foi realizada a 2ª reavaliação da utente, no que respeita à


força muscular e também à mobilidade cicatricial.

Teste Muscular:
Força muscular:

Grupos Esquerdo
Articulação Direito
Musculares 28/11/11 17/11/11
Flexores 5 5 4+
Joelho
Extensores 5 5 4+
Flexores plantares 5 4+ 4-
Flexores dorsais 5 4- 3+
Tíbio-társica
Inversores 5 4 4-
Eversores 5 4 4-

Mobilidade cicatricial: Cicatriz ligeiramente aderente apenas no seu terço inferior.

Verifica-se, após 15 sessões de tratamento, o incremento de força nos grupos


musculares testados, com aumento de 2 graus de força nos flexores plantares e dorsais,
embora se mantenha como objectivo de tratamento a normalização dos graus de força
muscular. No que respeita à cicatriz, observa-se aumento da sua mobilidade, apenas
com ligeira aderência no terço distal da linha cicatricial.

Registo: A 6 de Dezembro, foi realizada a 3ª reavaliação da utente, no que respeita à


localização e caracterização dos sintomas, às amplitudes articulares da tíbio-társica,
padrão de marcha, e também à funcionalidade do tornozelo e pé, através do auto-
preenchimento da escala FAOS.

Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 39


Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

Localização dos Sintomas:


Direito Esquerda Esquerda Direito

Legenda:

Cicatriz

Caracterização da dor:

Intensidade da dor (Escala Numérica da Dor):


Em repouso:

0 X 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Em movimento:

0 X 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Goniometria (amplitude de movimento activo-assistido):


Amplitudes Articulares
Movimento e
Articulação Direito Esquerdo
Amplitudes Normais
6/12/11 7/11/11
Flexão Dorsal (20º) 20º 10º 0º
Tibio- Flexão Plantar (40-50º) 50º 46º 40º
Társica Inversão (30-35º) 30º 32º 24º
Eversão (15-20º) 18º 18º 10º

Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 40


Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

Marcha: A utente realiza marcha sem auxiliares com carga total sobre o membro
inferior esquerdo. Apresenta ligeira claudicação do membro inferior esquerdo e base de
sustentação ligeiramente aumentada. O passo é assimétrico, com menor comprimento
do passo direito. A utente não apresenta dissociação de cinturas e a sua marcha é de
carácter cognitivo.

Avaliação funcional do tornozelo e pé – Escala funcional FAOS (Foot and Ankle


Outcome Score), em que 100 = ausência de sintomas e 0 = sintomas extremos:
1. Sintomas/Rigidez: 78.6 (100)
2. Dor: 83.3 (100)
3. Funcionalidade, vida diária: 91.2 (100)
4. Funcionalidade, desporto e actividades de lazer: 45 (100)
5. Qualidade de Vida: 37.5 (100)
Total = 67.1 (100)

Verifica-se, após 20 sessões de tratamento, abolição da dor em movimento na


região calcânea esquerda, tal como pretendido, aumento substancial das amplitudes
articulares da articulação tíbio-társica esquerda, padrão de marcha independente, assim
como incremento da funcionalidade da tíbio-társica e pé (pontuação total FAOS passou
de 45.5 para 67.1).

Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 41


Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

Anexo II – Exame radiológico à perna esquerda

Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 42


Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

Anexo III – FAOS (7/11/11)

FAOS – Foot and Ankle Outcome Score


IAPT – Inquérito Ao Pé & Tornozelo

Instruções: Este inquérito solicita-lhe a opinião sobre o seu pé/tornozelo. Esta


informação ajudar-nos-á a acompanhar a forma como se sente em relação ao seu
pé/tornozelo, bem como a sua opinião para realizar as actividades do dia-a-dia.
Responda a cada questão assinalando com uma cruz o quadrado apropriado.
Deverá inscrever apenas uma cruz para cada questão. Se tiver dúvidas quanto à forma
de responder a alguma questão, dê por favor a melhor resposta que conseguir.

SINTOMAS: Estas questões referem-se aos sintomas que experienciou no seu


pé/tornozelo na última semana.

S1. Tem inchaços no seu pé/tornozelo?


Nunca Raramente Por vezes Frequentemente Sempre

S2. Sente ranger ou ouve estalar, ou qualquer outro tipo de ruído, quando movimenta o
seu pé/tornozelo?
Nunca Raramente Por vezes Frequentemente Sempre

S3. O seu pé/tornozelo prende ou bloqueia quando se move?


Nunca Raramente Por vezes Frequentemente Sempre

S4. Consegue endireitar completamente o seu pé/tornozelo?


Sempre Frequentemente Por vezes Raramente Nunca

S5. Consegue flectir completamente o seu pé /tornozelo?


Sempre Frequentemente Por vezes Raramente Nunca

Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 43


Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

RIGIDEZ: As questões seguintes dizem respeito ao grau de rigidez que sentiu no seu
pé/tornozelo na última semana. Por rigidez entende-se a sensação de restrição ou de
lentidão aquando da movimentação das articulações.

S6. Qual é a gravidade da rigidez no seu pé/tornozelo de manhã logo após acordar?
Nenhuma Ligeira Moderada Grave Extrema

Esta questão refere-se aos sintomas que experienciou no seu pé/tornozelo na última
semana.
S7. Qual é a gravidade da rigidez no seu pé/tornozelo após estar sentado, deitado ou
após ter repousado no final do dia?
Nenhuma Ligeira Moderada Grave Extrema

DOR

P1. Com que frequência sente dor no seu pé/tornozelo?


Nunca Mensalmente Semanalmente Diariamente Sempre

Qual a intensidade de dor que sentiu no seu pé/tornozelo na última semana, durante as
seguintes actividades?
P2. Torcer ou rodar sobre o pé/tornozelo
Nenhuma Ligeira Moderada Grave Extrema

P3. Esticar completamente o pé/tornozelo


Nenhuma Ligeira Moderada Grave Extrema

P4. Dobrar completamente o pé/tornozelo


Nenhuma Ligeira Moderada Grave Extrema

P5. Caminhar numa superfície plana


Nenhuma Ligeira Moderada Grave Extrema

Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 44


Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

P6. Subir ou descer escadas


Nenhuma Ligeira Moderada Grave Extrema

P7. À noite quando está deitado na cama


Nenhuma Ligeira Moderada Grave Extrema

P8. Sentado ou deitado


Nenhuma Ligeira Moderada Grave Extrema

P9. Na posição de pé
Nenhuma Ligeira Moderada Grave Extrema

FUNCIONALIDADE, VIDA DIÁRIA: As questões seguintes dizem respeito à sua função


física. Por isto queremos dizer a sua capacidade para se deslocar e para cuidar de si
próprio. Para cada uma das seguintes actividades, indique por favor o grau de
dificuldade que sentiu na última semana devido ao seu pé/tornozelo.

A1. Descer escadas


Nenhum Ligeiro Moderado Grave Extremo

A2. Subir escadas


Nenhum Ligeiro Moderado Grave Extremo

A3. Erguer-se após ter estado sentado


Nenhum Ligeiro Moderado Grave Extremo

A4. Estar de pé
Nenhum Ligeiro Moderado Grave Extremo

A5. Baixar-se até ao chão/apanhar um objecto


Nenhum Ligeiro Moderado Grave Extremo

Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 45


Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

A6. Caminhar numa superfície plana


Nenhum Ligeiro Moderado Grave Extremo

A7. Entrar/sair do carro


Nenhum Ligeiro Moderado Grave Extremo

A8. Ir às compras
Nenhum Ligeiro Moderado Grave Extremo
A9. Calçar peúgas/meias
Nenhum Ligeiro Moderado Grave Extremo

A10. Erguer-se da cama


Nenhum Ligeiro Moderado Grave Extremo

A11. Tirar peúgas/meias


Nenhum Ligeiro Moderado Grave Extremo

Para cada uma das seguintes actividades, indique por favor o grau de dificuldade que
sentiu na última semana devido ao seu pé/tornozelo.
A12. Estar deitado na cama (virar-se, mantendo a posição de joelhos)
Nenhum Ligeiro Moderado Grave Extremo

A13. Entrar/sair do banho


Nenhum Ligeiro Moderado Grave Extremo

A14. Sentar-se
Nenhum Ligeiro Moderado Grave Extremo

A15. Sentar-se/erguer-se da sanita


Nenhum Ligeiro Moderado Grave Extremo

A16. Tarefas domésticas que impliquem esforço (mover caixas pesadas, esfregar o
chão, etc.)
Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 46
Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

Nenhum Ligeiro Moderado Grave Extremo

A17. Tarefas domésticas leves (cozinhar, limpar o pó, etc.)


Nenhum Ligeiro Moderado Grave Extremo

FUNCIONALIDADE, DESPORTO E ACTIVIDADES DE LAZER: As questões seguintes dizem


respeito à sua função física quando desenvolve uma actividade mais exigente em termos
de esforço. As questões devem ser respondidas considerando o grau de dificuldade que
sentiu na última semana devido ao seu pé/tornozelo.

SP1. Agachar-se
Nenhum Ligeiro Moderado Grave Extremo

SP2. Correr
Nenhum Ligeiro Moderado Grave Extremo

SP3. Saltar
Nenhum Ligeiro Moderado Grave Extremo

SP4. Torcer/rodar sobre o pé/tornozelo lesado


Nenhum Ligeiro Moderado Grave Extremo

A questão deve ser respondida considerando o grau de dificuldade que sentiu na última
semana devido ao seu pé/tornozelo.
SP5. Ajoelhar-se
Nenhum Ligeiro Moderado Grave Extremo

QUALIDADE DE VIDA

Q1. Com que frequência se apercebe do seu problema no pé/tornozelo?


Nunca Mensalmente Semanalmente Diariamente Sempre
Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 47
Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

Q2. Modificou o seu estilo de vida de forma a evitar actividades potencialmente


prejudiciais ao seu pé/tornozelo?
Nada Ligeiramente Moderadamente Muito Totalmente

Q3. Até que ponto está preocupado com a falta de confiança no seu pé/tornozelo?
Nada Ligeiramente Moderadamente Muito Totalmente

Q4. Em geral, qual o grau de dificuldade que sente no seu pé/tornozelo?


Nenhum Ligeiro Moderado Grave Extremo

Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 48


Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

Anexo IV – FAOS (6/12/11)

FAOS – Foot and Ankle Outcome Score

IAPT – Inquérito Ao Pé & Tornozelo

Instruções: Este inquérito solicita-lhe a opinião sobre o seu pé/tornozelo. Esta


informação ajudar-nos-á a acompanhar a forma como se sente em relação ao seu
pé/tornozelo, bem como a sua opinião para realizar as actividades do dia-a-dia.
Responda a cada questão assinalando com uma cruz o quadrado apropriado.
Deverá inscrever apenas uma cruz para cada questão. Se tiver dúvidas quanto à forma
de responder a alguma questão, dê por favor a melhor resposta que conseguir.

SINTOMAS: Estas questões referem-se aos sintomas que experienciou no seu


pé/tornozelo na última semana.

S1. Tem inchaços no seu pé/tornozelo?


Nunca Raramente Por vezes Frequentemente Sempre

S2. Sente ranger ou ouve estalar, ou qualquer outro tipo de ruído, quando movimenta o
seu pé/tornozelo?
Nunca Raramente Por vezes Frequentemente Sempre

S3. O seu pé/tornozelo prende ou bloqueia quando se move?


Nunca Raramente Por vezes Frequentemente Sempre

S4. Consegue endireitar completamente o seu pé/tornozelo?


Sempre Frequentemente Por vezes Raramente Nunca

S5. Consegue flectir completamente o seu pé /tornozelo?


Sempre Frequentemente Por vezes Raramente Nunca

Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 49


Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

RIGIDEZ: As questões seguintes dizem respeito ao grau de rigidez que sentiu no seu
pé/tornozelo na última semana. Por rigidez entende-se a sensação de restrição ou de
lentidão aquando da movimentação das articulações.

S6. Qual é a gravidade da rigidez no seu pé/tornozelo de manhã logo após acordar?
Nenhuma Ligeira Moderada Grave Extrema

Esta questão refere-se aos sintomas que experienciou no seu pé/tornozelo na última
semana.
S7. Qual é a gravidade da rigidez no seu pé/tornozelo após estar sentado, deitado ou
após ter repousado no final do dia?
Nenhuma Ligeira Moderada Grave Extrema

DOR

P1. Com que frequência sente dor no seu pé/tornozelo?


Nunca Mensalmente Semanalmente Diariamente Sempre

Qual a intensidade de dor que sentiu no seu pé/tornozelo na última semana, durante as
seguintes actividades?
P2. Torcer ou rodar sobre o pé/tornozelo
Nenhuma Ligeira Moderada Grave Extrema

P3. Esticar completamente o pé/tornozelo


Nenhuma Ligeira Moderada Grave Extrema

P4. Dobrar completamente o pé/tornozelo


Nenhuma Ligeira Moderada Grave Extrema

P5. Caminhar numa superfície plana


Nenhuma Ligeira Moderada Grave Extrema

Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 50


Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

P6. Subir ou descer escadas


Nenhuma Ligeira Moderada Grave Extrema

P7. À noite quando está deitado na cama


Nenhuma Ligeira Moderada Grave Extrema

P8. Sentado ou deitado


Nenhuma Ligeira Moderada Grave Extrema

P9. Na posição de pé
Nenhuma Ligeira Moderada Grave Extrema

FUNCIONALIDADE, VIDA DIÁRIA: As questões seguintes dizem respeito à sua função


física. Por isto queremos dizer a sua capacidade para se deslocar e para cuidar de si
próprio. Para cada uma das seguintes actividades, indique por favor o grau de
dificuldade que sentiu na última semana devido ao seu pé/tornozelo.

A1. Descer escadas


Nenhum Ligeiro Moderado Grave Extremo

A2. Subir escadas


Nenhum Ligeiro Moderado Grave Extremo

A3. Erguer-se após ter estado sentado


Nenhum Ligeiro Moderado Grave Extremo

A4. Estar de pé
Nenhum Ligeiro Moderado Grave Extremo

A5. Baixar-se até ao chão/apanhar um objecto


Nenhum Ligeiro Moderado Grave Extremo

Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 51


Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

A6. Caminhar numa superfície plana


Nenhum Ligeiro Moderado Grave Extremo

A7. Entrar/sair do carro


Nenhum Ligeiro Moderado Grave Extremo

A8. Ir às compras
Nenhum Ligeiro Moderado Grave Extremo
A9. Calçar peúgas/meias
Nenhum Ligeiro Moderado Grave Extremo

A10. Erguer-se da cama


Nenhum Ligeiro Moderado Grave Extremo

A11. Tirar peúgas/meias


Nenhum Ligeiro Moderado Grave Extremo

Para cada uma das seguintes actividades, indique por favor o grau de dificuldade que
sentiu na última semana devido ao seu pé/tornozelo.
A12. Estar deitado na cama (virar-se, mantendo a posição de joelhos)
Nenhum Ligeiro Moderado Grave Extremo

A13. Entrar/sair do banho


Nenhum Ligeiro Moderado Grave Extremo

A14. Sentar-se
Nenhum Ligeiro Moderado Grave Extremo

A15. Sentar-se/erguer-se da sanita


Nenhum Ligeiro Moderado Grave Extremo

A16. Tarefas domésticas que impliquem esforço (mover caixas pesadas, esfregar o
chão, etc.)
Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 52
Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

Nenhum Ligeiro Moderado Grave Extremo

A17. Tarefas domésticas leves (cozinhar, limpar o pó, etc.)


Nenhum Ligeiro Moderado Grave Extremo

FUNCIONALIDADE, DESPORTO E ACTIVIDADES DE LAZER: As questões seguintes dizem


respeito à sua função física quando desenvolve uma actividade mais exigente em termos
de esforço. As questões devem ser respondidas considerando o grau de dificuldade que
sentiu na última semana devido ao seu pé/tornozelo.
SP1. Agachar-se
Nenhum Ligeiro Moderado Grave Extremo

SP2. Correr
Nenhum Ligeiro Moderado Grave Extremo

SP3. Saltar
Nenhum Ligeiro Moderado Grave Extremo

SP4. Torcer/rodar sobre o pé/tornozelo lesado


Nenhum Ligeiro Moderado Grave Extremo

A questão deve ser respondida considerando o grau de dificuldade que sentiu na última
semana devido ao seu pé/tornozelo.
SP5. Ajoelhar-se
Nenhum Ligeiro Moderado Grave Extremo

QUALIDADE DE VIDA

Q1. Com que frequência se apercebe do seu problema no pé/tornozelo?


Nunca Mensalmente Semanalmente Diariamente Sempre

Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 53


Intervenção em Fisioterapia nas fracturas diafisárias tíbio-peronial

Q2. Modificou o seu estilo de vida de forma a evitar actividades potencialmente


prejudiciais ao seu pé/tornozelo?
Nada Ligeiramente Moderadamente Muito Totalmente

Q3. Até que ponto está preocupado com a falta de confiança no seu pé/tornozelo?
Nada Ligeiramente Moderadamente Muito Totalmente

Q4. Em geral, qual o grau de dificuldade que sente no seu pé/tornozelo?


Nenhum Ligeiro Moderado Grave Extremo

Inês Louro | Estágio em Fisioterapia III – AlcaisFisio 54

Você também pode gostar