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Resumo:
Introdução: As lesões músculo-esqueléticas relacionadas com o trabalho (LMERT) são um conjunto “de
doenças inflamatórias e degenerativas do sistema locomotor”, consequência de ações que causam
traumatismos repetitivos e/ou tensão muscular durante a realização da atividade profissional (Direcção-
Geral da Saúde, 2008). Objetivo: O objetivo desta revisão consiste em determinar o risco de lesão
durante os três tipos de contração (excêntrica, concêntrica e isométrica) e relacioná-los com o
aparecimento das LMERT. Metodologia: Para a realização desta revisão foi realizada uma pesquisa nas
bases de dados Google, Goggle sacholar, RCCAP, Researchgate e SciELO. Nestas bases de dados foram
utilizadas palavras chave como «contração isométrica», «contração excêntrica», «contração concêntrica»,
«risco de lesão durante uma contração», «fisiologia de uma contração». Resultados: Foram encontrados e
analisados perto de 50 artigos, mas somente 23 tinham informações pertinentes para o tema. Discussão:
Apesar de o ser humano estar otimizado para realizar movimentos altamente precisos e em alta
velocidade com o menor gasto energético em cada tarefa, o sistema músculo-esquelético possui limites
fisiológicos e, quando não há essa consciencialização, é possível que ocorram lesões. A compreensão do
risco de lesão durante os três tipos de contração (isométrica, concêntrica e excêntrica) permite que seja
mais eficaz a prevenção das lesões e possibilita uma melhor otimização dos locais de trabalho. Não é
possível determinar qual é o tipo de contração muscular que predispõe para um aumento de risco de
lesão. Este associado a uma contração, está relacionado com fatores extrínsecos e/ou pessoais tais como o
tipo de trabalho, a fadiga, os fatores psicológicos. Portanto, uma lesão tendinosa devido a uma postura
mantida terá uma lesão com alto grau de cronicidade (Metzker, 2010). Em contrapartida, a lesão muscular
tem um carácter súbito, logo apresenta-se numa fase mais aguda (Clebis & Natali, 2001).
Conclusão: Uma melhor compreensão dos mecanismos responsáveis pelo aparecimento e progressão das
LMERT é essencial para melhorar a sua prevenção, gestão e diagnóstico (Rothstein, et al., 2013).
“O universo não foi feito à medida do ser humano, mas tampouco lhe é adverso:
é-lhe indiferente.”
Carl Sagan
Índice
Introdução................................................................................................................................. 4
Objetivo .................................................................................................................................... 5
Metodologia.............................................................................................................................. 5
Resultados ................................................................................................................................ 6
Discussão.................................................................................................................................. 6
Conclusão ................................................................................................................................. 9
Bibliografia............................................................................................................................. 11
Riscos de lesões face a uma contração isométrica, concêntrica e excêntrica
28 de setembro de 2018
Introdução
As lesões músculo-esqueléticas relacionadas com o trabalho (LMERT) são um conjunto
“de doenças inflamatórias e degenerativas do sistema locomotor”, consequência de
ações que causam traumatismos repetitivos e/ou tensão muscular durante a realização da
atividade profissional (Direcção-Geral da Saúde, 2008).
Estas estão frequentemente associadas à exposição do trabalhador a um conjunto de
fatores de risco que contribuem para o desenvolvimento das LMERT, como, por
exemplo, fatores de risco físicos e biomecânicos que dizem respeito à aplicação de
força em tarefas como levantar, transportar, puxar, empurrar, a utilização de
ferramentas, os movimentos repetitivos e posturas forçadas ou estáticas, por exemplo,
mãos acima do nível dos ombros ou posição sentada ou de pé durante muito tempo. A
realização destas ações associada ao aumento da frequência, da duração e da intensidade
podem levar a uma situação de fadiga (Direcção-Geral da Saúde, 2008). Desta forma,
para compreender o mecanismo de lesão, é importante avaliar os antecedentes clínicos
do trabalhador, visto que as lesões musculares antigas, os distúrbios nutricionais e
hormonais, os desequilíbrios de força entre músculos agonistas e antagonistas
acompanhado de fadiga provocada pela repetibilidade onde se utilizem, por exemplo,
movimentos idênticos sem haver a preocupação de uma variabilidade gestual e a adoção
de posturas extremas mantidas por longos períodos de tempo pode provocar tensão e
compressão de estruturas, por exemplo, em tendões, aumentando a probabilidade da
ocorrência de lesão (Sadeghniiat-Haghighi & Yazdi, 2015). Portanto, a fadiga é um
fator que pode provocar alterações do estado de saúde do trabalhador e influenciar a
atividade profissional pondo em risco a sua produtividade (Direcção-Geral da Saúde,
2008).
Relativamente aos fatores de risco organizacionais e psicossociais, destacam-se o
trabalho exigente, monótono e repetitivo, acompanhado de falta de autonomia nas
tarefas executadas, levando a um baixo nível de satisfação no trabalho. O
relacionamento com os colegas e os chefes é outro fator relevante que pode contribuir
para o desenvolvimento do stress e da depressão (Razza, et al., 2010). Como
consequência, estas alterações psicossociais poderão levar o Sistema Nervoso Simpático
(SNS) a estimular a produção de Adrenalina (através das glândulas suprarrenais),
podendo promover um aumento da frequência cardíaca e respiratória (Porth & Matfin,
2010). Por outro lado, como resposta ao stress, pode ocorrer uma vasoconstrição
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sanguínea e consequente aumento da tensão arterial. Desta forma, o organismo poderá
orientar determinados nutrientes como a glicose e oxigénio para o cérebro e o
miocárdio, reduzindo/suspendendo atividades como a inflamação (Porth & Matfin,
2010), reduzindo, assim, a capacidade de regeneração dos tecidos (Ikemoto, et al.,
2007).
Por último, os fatores de risco individual englobam as características individuais do
indivíduo: o género, a idade, as caraterísticas antropométricas, antecedentes clínicos,
obesidade, tabagismo, a relação entre a atividade profissional e a inaptidão física para
desempenhar a tarefa e/ou atividade em questão (Direcção-Geral da Saúde, 2008).
Com um aumento da idade e uma exposição prolongada a diferentes fatores que
favorecem o aparecimento de lesões músculo-esqueléticas relacionadas com o trabalho
(LMERT), verifica-se uma antecipação do processo de envelhecimento do sistema
músculo-esquelético. Por exemplo, uma inadequação das medidas de uma secretária e
cadeira às características antropométricas de uma tradutora pode levar a uma
diminuição da tolerância dos tecidos, da força, da mobilidade muscular e articular
(Fidelis, et al., 2013). Consequentemente, uma alteração da mobilidade e estabilidade
vão influenciar a estrutura-função de uma determinada estrutura, levando a uma
alteração na biomecânica (diminuição da massa muscular, aumento da rigidez da
cartilagem, diminuição da densidade óssea e estatura), vascularização (diminuição da
utilização de O2 pelos tecidos) e neurologia (diminuição do número e do tamanho dos
neurónios, diminuição do tempo de reação, diminuição da velocidade de movimento) de
uma determinada articulação (Maciel, 2010).
Objetivo
O objetivo desta revisão consiste em determinar o risco de lesão durante os três tipos de
contração (excêntrica, concêntrica e isométrica) e relacioná-los com o aparecimento das
LMERT.
Metodologia
Para a realização desta revisão foi realizada uma pesquisa nas bases de dados Google,
Goggle sacholar, RCCAP, Researchgate e SciELO. Nestas bases de dados foram
utilizadas palavras chave como «contração isométrica», «contração excêntrica»,
5
«contração concêntrica», «risco de lesão durante uma contração», «fisiologia de uma
contração».
Resultados
Foram encontrados e analisados perto de 50 artigos, mas somente 23 tinham
informações pertinentes para o tema.
Discussão
As principais causas para a ocorrência de lesões musculares relacionadas com o trabalho
(LMERT) estão relacionadas com a adoção de posturas e movimentos mantidas por
longos períodos de tempo (Direcção-Geral da Saúde, 2008). Essa repetibilidade provoca
stress nas estruturas moles, levando à fadiga dessas mesmas estruturas (Sadeghniiat-
Haghighi, 2015). Associadas a fatores de ordem organizacional, tais como a falta de
repouso e a execução de tarefas a um ritmo rápido levam a uma diminuição da
capacidade funcional do trabalhador, aumentando o risco de ocorrência de lesão. Desta
forma, é necessário o desenvolvimento de um programa ergonómico que seja capaz de
harmonizar a relação homem-máquina-ambiente. Para isso, é necessário realizar uma
análise da atividade profissional com base na contribuição de diferentes disciplinas,
como a biomecânica (Pizo & Menegon, 2010). Apesar de o ser humano estar otimizado
para realizar movimentos altamente precisos e em alta velocidade com o menor gasto
energético em cada tarefa, o sistema músculo-esquelético possui limites fisiológicos e,
quando não há essa consciencialização, é possível que ocorram lesões. A compreensão
do risco de lesão durante os três tipos de contração (isométrica, concêntrica e
excêntrica) permite uma prevenção das lesões mais eficaz e uma melhor otimização dos
locais de trabalho.
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lavaria consequentemente à perda de controlo no acúmulo de metabólitos
intramusculares. O mesmo autor, referiu também que estas alterações em cascata
provocariam mudanças no processo de acoplamento entre os miofilamentos, pela
incapacidade do retículo sarcoplasmático de liberar iões Ca2+ no interior da fibra
muscular, comprometendo a mecânica contrátil. Assim, há uma diminuição na
capacidade de produção de força. Como exemplo, podemos expor o caso de um
eletricista que, ao realizar uma instalação elétrica num teto, vai estar a desempenhar
uma tarefa durante um período de tempo considerável, numa postura desconfortável,
com os membros superiores com amplitudes articulares para alem dos 90º. Neste caso,
para além dos músculos do ombro estarem em contração isométrica para a manutenção
da postura de trabalho, a articulação do ombro se encontrar-se acima dos 90º graus,
provoca uma desvantagem mecânica sob os músculos da coifa dos rotadores(Bertoti &
Houglum, 2014).
Sendo a idade um fator de risco para a ocorrência de LMERTs, podemos justificar que o
envelhecimento contribui para o aumento do risco de lesões durante a contração
isométrica, visto que a força isométrica máxima que o músculo é capaz de produzir
pode torna-se mais reduzida nas faixas etárias mais avançadas, levando a que a
fatigabilidade aumente (Kronbaue, et al., 2010).
A contração isométrica também pode evidenciar-se lesiva uma vez que a adoção de
posturas extremas e certos movimentos articulares, mantidas por longos períodos de
tempo, a má conceção de postos de trabalho e a realização de tarefas que exigem do
trabalhador a adoção dessas mesmas posturas provocam tensão e compressão dos
tendões e concorrem para um risco potencial que pode conduzir ao aparecimento de
lesão (Pombeiro, 2011). Outro exemplo, seria um operário civil transportar um saco de
cimento com os braços ao nível da cabeça desde o camião até ao primeiro andar da
obra.
Não é possível determinar dizer que o risco de lesão e maior consoante o tipo de
contração muscular mas sim, que esta pode ter um caracter mais agudo ou crónico.
Nesse caso uma lesão tendinosa devido a uma postura mantida terá uma lesão com alto
grau de cronicidade (Metzker, 2010). Já a lesão muscular tem um caracter súbito e
portanto apresenta-se numa fase mais aguda (Clebis & Natali, 2001).
Conclusão
A identificação dos fatores de risco para o desenvolvimento das lesões músculo-
esqueléticas relacionadas com o trabalho (LMERT) deve ser uma preocupação fulcral
para promover a saúde no local de trabalho, quer a nível individual quer em relação à
produtividade nas próprias empresas.
Para isso, a análise do trabalho permite não só identificar os fatores de riscos como
também a dose de exposição dos trabalhadores aos mesmos, de modo a avaliar o efeito
adverso na população exposta (Direcção-Geral da Saúde, 2008). Contudo, segundo
(Uva, 2006), deve-se ter em conta, em primeiro lugar, procurar adequar as
características de carácter individual tais como a idade, o género, constituição física,
características antropométricas às características específicas de cada atividade de
trabalho ao trabalhador, de forma a evitar o desenvolvimento das LMERT. Assim, há
uma necessidade de adoção de medidas preventivas e de um controlo contínuo da
eficácia dessas medidas, que incidam em fatores tanto individuais como ao nível
organizacional (Uva, 2006). Deste modo, para uma empresa/instituição oferecer
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ambientes laborais favoráveis para a realização da atividade de um trabalhador, deve
haver uma equipa multidisciplinar que seja responsável pela implementação de um
programa que permita uma reorganização quer do local de trabalho quer das condições
de trabalho, tendo em conta as diferentes dimensões que engloba a atividade
profissional (física, cognitiva, efetiva) (Pizo & Menegon, 2010). Durante todo esse
processo de desenvolvimento de um programa ergonómico deve-se ter em conta o
envolvimento dos trabalhadores no que diz respeito às suas necessidades e aos seus
pontos de vista (Rothstein, et al., 2013). A aplicação da ergonomia nas
empresas/instituições oferece segurança, visando a satisfação e bem-estar dos
trabalhadores no seu relacionamento Homem-máquina-ambiente, levando ao aumento
da produtividade (Silva, et al., 2009).
A análise da atividade profissional tem como objetivo identificar uma situação do
trabalho em que o organismo esteja em funcionamento de forma crítica, procurando
observar os sinais e sintomas antes do aparecimento de lesões irreversíveis. Para isso, a
ergonomia como uma disciplina transdisciplinar necessita de dominar diferentes áreas
de conhecimento tais como a anatomia, fisiologia, biomecânica, antropométrica,
psicologia (Pizo & Menegon, 2010) para que seja capaz de promover a conscientização
do trabalhador, de forma a provocar uma mudança comportamental e
consequentemente, ajudá-lo a desenvolver competências de autocorreção (Rothstein, et
al., 2013).
Assim, uma melhor compreensão dos mecanismos responsáveis pelo aparecimento e
progressão das LMERT é essencial para melhorar a sua prevenção, gestão e diagnóstico
(Rothstein, et al., 2013).
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Bibliografia
Canadian Center for Occupational Helth and Safety, 2014. Canadian Center for
Occupational Helth and Safety. [Online]
Available at: https://www.ccohs.ca/oshanswers/diseases/rmirsi.html
[Acedido em 26 Setembro 2018].
Clebis, N. & Natali, M., 2001. Lesıes musculares provocadas por exercícios
excêntricos. Revista Brasileira Ciências e Movimento, 9(4), pp. 47-53.
Diniz, L. & Barros, M., 2009. Caracteristicas da contração muscular excentrica e sua
relação com as lesões musculares por estiramento: Uma revisão da literatura, Belo
horizonte: Escola de Educação Fisíca e Fisioterapia e Terapia Ocupacional -
Universidade de Minas Gerais.
Hall, S., 2013. Biomecânica Básica. 5ª Edição ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan .
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Kronbaue, G. A., Castro, F. A. d. S. & Ohlweiler, Z. N. C., 2010. Análise
eletromiografica da contração isómetrica em idosos e adultos jovens. Geriatria &
Gerontologia, 4(2), pp. 57-61.
Maciel, M. G., 2010. Atividade física e funcionalidade do idoso. 16(4), pp. 1024-1032.
Porth, C. M. & Matfin, G., 2010. Pathophysiology: Concepts of Altered Health States.
8ª edição ed. Las Cruces, NM, U.S.A: Lippincott Williams & Wilkins .
Rothstein, J. R., Berndt, A., Moraes, J. C. d. S. & Lanferdini, F. J., 2013. Impacto de
uma metodologia interativa de ergonomia de conscientização. Fisioter Pesq., 20(1), pp.
11-16.
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Sadeghniiat-Haghighi, K. & Yazdi, Z., 2015. Fatigue management in the workplace. Ind
Psychiatry J, 24(1), pp. 12-17.
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