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Biomecânica do Desporto – Alto Rendimento

Análise Biomecânica da
receção de um salto, para
estudo das lesões do LCA
Docente: Leandro Machado
Filipa Sousa
Leandro Machado

Discentes: Luís Martins (up201706008)


Luís Esteves (up201700604)
Nuno Azevedo (up201705231)
Pedro Rocha (up200600213)

1
Índice

Introdução..................................................................................................................... 3
Cinemetria .................................................................................................................... 4
Enquadramento Teórico ............................................................................................... 4
Tratamento e Análise de Ficheiro de Dados ................................................................. 5
Conclusão..................................................................................................................... 8
Dinamometria ............................................................................................................... 8
Enquadramento Teórico ............................................................................................... 8
Tratamento e Análise de Ficheiro de Dados ................................................................. 9
Conclusão................................................................................................................... 12
Eletromiografia............................................................................................................ 12
Tema e Enquadramento Teórico ................................................................................ 12
Resumo de 3 Artigos Publicados ................................................................................ 15
Conclusão................................................................................................................... 17
Conclusão Geral ......................................................................................................... 18
Bibliografia .................................................................................................................. 19

2
Introdução

No futebol, o joelho é uma articulação onde existe uma grande incidência de


lesões graças as violentas ações a que o mesmo é sujeito constantemente. Isto deve-
se ao facto desta modalidade ser uma modalidade de esforços de alta intensidade e de
um grande nível de exigência imposto aos jogadores. Aliado a isto, é uma modalidade
que exige muitos treinos e jogos, havendo por vezes pouco tempo para descansar,
levando a índices de sobrecarga e overtraining elevados, fatores estes que acabam por
ser determinantes na ocorrência de determinadas lesões. A solicitação mecânica é
elevada, estando associadas algumas lesões, como ruturas parciais ou totais, fissuras
e lesões dos meniscos, fraturas, etc. O joelho é constituído por três ossos: fêmur, tíbia
e rótula. Estes ossos estão interligados por uma série de ligamentos, nomeadamente o
ligamento colateral lateral, o ligamento colateral medial, o ligamento cruzado posterior
e o ligamento cruzado anterior, ligamentos estes importantes na estabilização da
articulação. Para além destes, ainda temos a presença de cartilagens articulares, a
cápsula sinovial, os meniscos e os músculos. A funcionalidade normal do joelho é
possível pela complexa interação entre todos estes componentes. Assim, qualquer
lesão ocorrida nos mesmos pode prejudicar toda esta dinâmica e comprometer todo o
sistema articular.
No que toca à sua cinemática do movimento, o joelho humano possui 6 graus de
liberdade, sendo a flexão e a extensão o principal movimento desta articulação. Para
além destes, executa translações superior e inferior, rotações internas e externas e
abdução e adução.
O LCA encontra-se presente na parte central da cápsula articular, e tem como
inserções a porção postero-lateral do fémur e a espinha da tíbia. Algumas das funções
do LCA é a estabilidade rotacional do joelho e o impedimento no deslocamento da tíbia
para a frente do fémur, promove a propriocepção e auxilia o joelho a girar o fêmur para
fora quando este é esticado. Apesar de não ser uma lesão muito frequente, dentro das
lesões graves, a lesão do LCA é a mais frequente nos futebolistas e aproximadamente
70% destas lesões ocorrem durante a prática desportiva. O conceito de lesão pode ser
definido como qualquer tipo de ocorrência sofrida por um jogador, no treino e/ou na
competição, que necessite de uma interrupção da prática desportiva e que o impeça de
participar em, pelo menos, num jogo ou num treino. As lesões do LCA levam a uma
paragem da prática desportiva de, no mínimo, 4 meses, sendo esta lesão considerada
muito grave, que necessita na maioria dos casos de tratamento cirúrgico. Lesões do
ligamento cruzado anterior (LCA) “sem contato” continuam a ser um problema sério
entre atletas de todas as modalidades, para além de uma incapacidade e uma retoma
de atividade de atividade demorada, os danos físicos e psicológicos são comprovados
(Ardern et al., 2014).
Dado estes fatores, esta lesão pode ser responsável em determinadas situações
pelo abandono da prática desportiva e pelo surgimento de complicações e limitações na
articulação do joelho. São vários os mecanismos de lesão do LCA, nomeadamente
provocadas por mecanismos de valgo-rotação externa, de varo-rotação interna, de
hiperextensão do joelho e trauma com joelho em flexão. Esta lesão ocorre muitas vezes
em situações de desacelerações, mudanças bruscas de direção e/ou quedas no solo
na sequência de saltos.

3
Para este estudo, o objetivo é estudar o comportamento, do ponto de vista
biomecânico, do joelho na receção ao solo de um salto frontal e perceber a influência
do mesmo na lesão do Ligamento do Cruzado Anterior. Este movimento foi simulado no
Laboratório de Biomecânica de Desporto, onde o praticante tem colocado nos pontos
anatómicos marcadores, marcadores esses que foram trabalhados posteriormente no
programa QTM (Qualisys Track Manager), de forma a reconstruir o movimento
executado. Sendo o objetivo de estudo a lesão do LCA, e relacionado com o estudo da
cinemetria do movimento, optamos por escolher 3 marcadores: LTROC (posicionado no
quadril), o LFME (colocado na parte medial do joelho) e o LMA (colocado no tornozelo).
Estes 3 marcadores conseguem descrever o comportamento de cada articulação
da perna, de forma a conseguirmos ter uma perceção total daquilo que acontece durante
o movimento do membro inferior esquerdo durante a receção ao solo. No que toca à
dinamometria, foram analisados os dados da plataforma de força 3 e da plataforma de
força 4. A plataforma de força 3 registou os valores da receção do solo do membro
inferior esquerdo, que foi o primeiro apoio. Já a plataforma de força 4 registou os valores
referentes à receção ao solo do segundo apoio, que é o membro inferior direito. Estes
dados foram transferidos para o programa Microsoft Excel, onde posteriormente foram
tratados e analisados.

Cinemetria

Enquadramento Teórico

A cinemetria é uma área de estudo da Biomecânica que analisa os movimentos


a partir de imagens dos mesmos. Esta é uma análise qualitativa, mas também pode ser
quantitativa, através da observação do deslocamento e tempo de determinadas
referências anatómicas. A partir destes dados consegue-se também deduzir grandezas
como a velocidade e aceleração.
Sendo o nosso estudo a propósito da receção após salto e lesão do LCA, esta
área tem tentado ajudar a perceber em que posições e movimentos um atleta estará
mais propenso à lesão no LCA. Entende-se que esta propensão cresce, quando
aumenta também a carga exercida no joelho, ocorrendo normalmente lesão quando a
força de reação do solo alcança 3 a 4x mais a massa corporal, 2000-3000N (Della Villa,
F., Buckthorpe, M., Grassi, A., Nabiuzzi, A., Tosarelli, F., Zaffagnini, S., & Della Villa, S.
(2020)). Estudos têm sido efetuados com o intuito de perceber como os fatores
neuromusculares contribuem para a lesão e como a podem ajudar a prevenir. Sabe-se
que o joelho estará sujeito a maiores cargas: no momento de extensão do joelho; com
a força de cisalhamento na zona tibial anterior; no momento de rotação interna e externa
do joelho (Padua, D. A., DiStefano, L. J., Beutler, A. I., De La Motte, S. J., DiStefano, M.
J., & Marshall, S. W. (2015)); quando existe um aumento do valgo do joelho durante a
aterragem; com um menor ângulo de flexão na receção, usando os quadríceps para
estabilizarem a articulação do joelho; aquando de uma aterragem assimétrica; e,
também, quando o atleta tem pouca capacidade de controlo do seu tronco (Arundale,
A. J., Kvist, J., Hägglund, M., & Fältström, A. (2020)). Estes défices são mais frequentes
no sexo feminino, principalmente devido à falta de força do quadril para controlar joelhos
e pés durante a aterragem, à maior força dos quadríceps comparado com a dos

4
extensores do quadril, e ao joelho valgo que, bilateralmente, acontece mais do que no
sexo masculino (Arundale, A. J., Kvist, J., Hägglund, M., & Fältström, A. (2020).
Observa-se também que a lesão do LCA ocorre maioritariamente em ações sem
contacto, sendo que no caso particular da lesão aquando a receção, esta acontece mais
regularmente quando esta é feita a uma perna, pois nesta é exercida maior carga na
articulação e ligamentos. Também se verifica um padrão nestas lesões no que toca à
situação de jogo, em que maior parte ocorre quando os atletas realizam ações
defensivas nas respetivas modalidades (Waldén, M., Krosshaug, T., Bjørneboe, J.,
Andersen, T. E., Faul, O., & Hägglund, M. (2015)).
Assim, existe também estudos que refletem sobre o trabalho preventivo que
deve ser feito relativamente à lesão do LCA, trabalho este que deve focar-se no trabalho
neuromuscular e postural, por exemplo em situações de desequilíbrio, trabalho de
coordenação, técnica de corrida durante mudanças de direção e de receção após salto
(Waldén, M., Krosshaug, T., Bjørneboe, J., Andersen, T. E., Faul, O., & Hägglund, M.
(2015)).

Tratamento e Análise de Ficheiro de Dados


Os dados foram obtidos através da análise do movimento (salto e receção no solo)
em plataformas de força e posição de marcadores anatómicos. Uma vez adquiridos, os
dados foram tratados e os gráficos gerados através do Microsoft Excel. A cinemática da
salto e receção ocorreu da seguinte forma: o indivíduo correu em linha reta seguido de
uma desaceleração, seguida de uma travagem e salto. Por fim, a receção a uma perna
(esquerda). Salientar que a receção inicia-se no instante 6,63s e termina no instante
6,70s.
Os pontos anatómicos escolhidos foram representantes do quadril (LTROC), joelho
(LFME) e tornozelo (LMA) do lado da perna da receção (lado esquerdo).

Gráficos de Posição

LTROC
Como representado na figura, a posição do quadril (LTROC) manteve-se constante
no plano medial-lateral, no antero-posterior começa o movimento em -1,3 e termina em
1,3 e no vertical começa em 0,8, sofre um ligeiro aumento aquando do salto chegando
aos 1,4 e termina novamente nos 0,8.

Posição do LTROC

0.65

-0.35 5.8 6 6.2 6.4 6.6 6.8


-1.35

LTROC ML mm 7 pts LTROC AP mm 7 pts LTROC VT mm 7 pts

1. Posição do marcador LTROC

5
LFME
Podemos observar que a posição do ponto do joelho (LFME) teve uma diferença
mínima passando de 0,5 para 0,3 no plano medial-lateral, no antero-posterior começa o
movimento em -1 e termina em 1,7 e no vertical começa em 0,5, sofre um ligeiro
aumento aquando do salto chegando a 1 e termina novamente nos 0,5.

Posição do LFME
1.6

0.6

-0.4 5.8 6 6.2 6.4 6.6 6.8 7

-1.4
LFME ML mm 7 pts LFME AP mm 7 pts LFME VT mm 7 pts

2. Posição do marcador LFME

LMA
O marcador do tornozelo (LMA) manteve-se praticamente constante no plano
medial-lateral ao longo do movimento, no antero-posterior começa o movimento em -1
e termina em 1,5 e no vertical começa em 0,1, sofre um ligeiro aumento aquando do
salto chegando a 0,6 e termina novamente nos 0,1.

Posição do LMA
1.5

0.5

-0.5 5.8 6 6.2 6.4 6.6 6.8 7

-1.5
LMA ML mm 7 pts LMA AP mm 7 pts LMA VT mm 7 pts

3. Posição do marcador LMA

6
Gráficos de Velocidade

LTROC
Como representado na figura, a velocidade do quadril (LTROC) no plano medial-
lateral manteve-se constante perto dos 0, no antero-posterior também se mantém
constante, mas perto dos 2, e no vertical começa e finda perto dos 0 mas com ligeiras
variações aquando do salto e da receção.

Velocidade do LTROC
5

0
5.8 6 6.2 6.4 6.6 6.8 7

-5

vel LTROC ML mm 7 pts (m/s) vel LTROC AP mm 7 pts (m/s) vel LTROC VT mm 7 pts (m/s)

4. Velocidade do marcador LTROC

LFME
Podemos observar que a velocidade do ponto do joelho (LFME) manteve-se
constante a rondar o 0 no plano medial-lateral, no antero-posterior começa e acaba o
movimento em 3 mas sofre um decréscimo para 0 aquando do momento de impulsão
para o salto, e no vertical começa e termina a rondar o 0, mas com leves variações
aquando do salto e da receção.

Velocidade do LFME
10

0
5.8 6 6.2 6.4 6.6 6.8 7
-5

vel LFME ML mm 7 pts (m/s) vel LFME AP mm 7 pts (m/s) vel LFME VT mm 7 pts (m/s)

5. Velocidade do marcador LFME

7
LMA
O marcador do tornozelo (LMA) manteve-se praticamente a velocidade constante e
próxima de 0 nos 3 planos, denotando apenas um ligeira variação no plano vertical
aquando da receção, algumas variações no plano antero-posterior na fase de voo e
após receção.

Velocidade do LMA
10

0
5.8 6 6.2 6.4 6.6 6.8 7
-5

vel LMA ML mm 7 pts (m/s) vel LMA AP mm 7 pts (m/s) vel LMA VT mm 7 pts (m/s)

6. Velocidade do marcador LMA

Conclusão
O que mais importa retirar, a partir destes gráficos, é que os dados não nos
fazem querer que o movimento analisado tenha estado próximo de uma lesão do LCA.
Considerando o momento de receção, que começa no instante 6,63 e termina no 6,70,
salientar que, no plano medial-lateral, o joelho não difere muito da posição do quadril e
do tornozelo durante aquele intervalo, indicando assim que não há movimento valgo que
poderia ser um alerta para a risco de lesão no LCA. Também podemos observar que,
no plano antero-posterior, no intervalo de receção do salto, o quadril situa-se
ligeiramente recuado em relação ao joelho e tornozelo, o que refuta que esta receção
tenha sido com a perna em extensão máxima, que seria mais um indicador de perigo
de ocorrência de lesão no LCA.
Também referir que o facto de o movimento ter sido feito de forma programada
e não numa situação complexa e caótica, como por exemplo acontece em jogo, pode
ter contribuído para que não houvesse grandes desvios nestas posições de diferentes
pontos anatómicos.

Dinamometria

Enquadramento Teórico
Proveniente da língua grega, “Dina” significa força e Métron representa medição,
onde a sua soma traduz a medição da força. A dinamometria, é o conjunto de processos
que compreende quaisquer tipos de medidas de força e de distribuição da pressão, por
outras palavras, estuda as causas do movimento, as forças que originam o movimento
por interação do corpo com o meio envolvente. Para Vilas-Boas JP (2016), podem ser
medidas as forças e pressões externas, forças e pressões internas, torques e momentos
de força.

8
O mesmo autor divide a dinamometria em interna e externa, definindo a interna
como a que está diretamente associada às forças que se manifestam e atuam no interior
do sistema biomecânico, apresentando meios indiretos de intervenção e métodos
invasivos ao sistema biológico. A dinamometria externa, é bem menos complexa,
caracterizando-se por recorrer a recursos dinamométricos por intermédio de intrusão da
física e de aplicabilidade externa, que nos permite a medição das forças externas
exercidas pelos sistemas biomecânicos.
A dinamometria é o produto da relação entre a deformação de um transdutor e
alguma grandeza elétrica. Tem como instrumento básico, as plataformas de força que
medem a mesma relativamente ao solo, nas suas diversas componentes e ao seu ponto
de aplicação. Esses sensores podem ser divididos como: piezoelétricos, capacitivos e
resistidos (Vilas-Boas JP ,2016; Hall, 2016). Ao mesmo tempo, utilizado com as
plataformas de força, os sistemas podobaramétricos, de acordo com Amadio e Serrão
(2007) é uma forma diferenciada de abordar a força, onde utiliza-se plataformas e
palmilhas para a medição da pressão, ou seja, relação entre a força e a área de
contacto.
Segundo Vilas-Boas JP (2016), outra ferramenta muito utilizada na medição da
força, é o dinamômetro isocinético, que permite explorar diferentes movimentos
corporais isolados avaliando os mesmos, quando aplicada a um grupo muscular que se
move em velocidade constante.
Outro contexto para a utilização de dinamometria é a estabilometria, que
segundo o mesmo autor acima citado e Amadio e Serrão (2007), consiste na técnica de
avaliação do equilíbrio, onde representa a migração do centro de pressão numa elevada
sustentação. No desporto, a estabilometria tem por objetivo a análise e estudo da
técnica do movimento, da condição física, do controlo da sobrecarga, da relevância dos
fatores internos e externos, da monitorização dos atletas e indicadores de deteção de
talentos desportivos. (Amadio e Serrão, 2007).
Para a existência de lesões no LCA aquando da receção no solo a carga
exercida no joelho, é necessária a produção de uma força de reação do solo de 3 a 4x
a massa corporal do sujeito, atingindo em média 2000 a 3000N. É possível verificar que
a maioria das lesões do LCA ocorre sem contacto, com um choque forte na receção ao
solo como referido anteriormente, acontecendo mais frequentemente quando esta é
feita a uma perna, devido a uma maior exerção de carga na articulação e ligamentos.

Tratamento e Análise de Ficheiro de Dados

Os dados foram obtidos através da análise do movimento (salto e receção no solo)


em plataformas de força e posição de marcadores anatómicos. Uma vez adquiridos, os
dados foram tratados e os gráficos gerados através do Microsoft Excel. A cinemática do
salto e receção ocorreu da seguinte forma: o indivíduo correu em linha reta seguido de
uma desaceleração, seguida de uma travagem e salto. Por fim, a receção a uma perna
(esquerda). Salientar que a receção inicia-se no instante 6,63s e termina no instante
6,70s.
Os pontos anatómicos escolhidos foram representantes do antero-posterior (FAP),
medial-lateral (FML) e vertical (FVT) do lado da perna da receção (lado esquerdo).
A plataforma dinamométrica possuía 4 placas para averiguar a força de reação ao
solo, contudo, durante a recolha de dados acerca da receção no solo foram utilizadas

9
somente duas placas. Portanto, as figuras a seguir mostram apenas os valores obtidos
na plataforma 3 e 4.

Analisando os gráficos de força exercida na plataforma 3, como podemos ver abaixo


na figura 7, podemos observar a força de reação ao solo realizado na plataforma 3. Foi
na componente vertical que ocorreu o maior pico de força (4000 N), durante o momento
de 5,911. No início dos resultados, tanto na componente antero-posterior como na
medial-lateral ocorreram resultados negativos, possivelmente sendo o momento prévio
à impulsão, onde ocorreram os valores mais altos de força exercida em todas as
componentes. O pico de força das componentes AP e ML foi cerca de 1000N, havendo
uma média superior de força exercida pela componente AP comparando à componente
ML.

Força Exercida na Plataforma 3


6000
4000
2000
0
-20005.905 5.907 5.909 5.911 5.913 5.915 5.917 5.919 5.921

P3 FAP (N) P3 FML (N) P3 FVT (N)

7. Força Exercida na Plataforma 3.

A figura 8 apresenta a aceleração da impulsão antero-posterior na plataforma 3,


podendo se observar que a aceleração saiu do valor inicial de 0 N a cerca de 38N num
intervalo de tempo de cerca de 6,66 a 6,76 segundos. Conclui-se que em 0,10 segundos
o sujeito foi capaz de acelerar dos 0 aos 38N.

Impulsão AP Plataforma 3
40
35
30
25
20
15
10
5
0
-5 6.62 6.64 6.66 6.68 6.7 6.72 6.74 6.76
-10

P3 sum.trap FAP neg (N*s) P3 sum.trap FAP pos (N*s)

8. Impulsão Antero-Posterior na Plataforma 3.

10
A figura 9 apresenta o comportamento da força de reação ao solo mensurados na
plataforma quatro, obtendo um pico de cerca de 2000N no eixo vertical, assegurando
uma média de força exercida na ordem dos 1200N. A componente medial-lateral
apresenta um comportamento negativo constante, chegando próximo a cerca de -200N.
Por fim, o eixo anteroposterior apresenta 2 momentos positivos e 2 momentos
negativos, sendo que vence o peso aos 5,913 (s) ao atingir cerca de 1300 N na
componente vertical.

Força exercida na Plataforma 4


2100

1100

100
5.91 5.912 5.914 5.916 5.918 5.92 5.922
-900

P3 FAP (N) P3 FML (N) P3 FVT (N)

9. Força Exercida na Plataforma 4.

A figura 10 apresenta os valores da impulsão antero-posterior da plataforma 4,


conforme ilustrado abaixo. Houve uma primeira fase de uma aceleração negativa que
atingiu os -21N após um ponto de partida de -8N, isto em apenas 0,08s (ponto de partida
de 6,62 e momento final da aceleração aos 6,7s). Existe após isto, um momento de
aceleração positivo pouco significativo, uma vez que apenas atinge os 3N de força em
0,02s. Existe por último um momento de aceleração negativa, o 2º deste gráfico, em
que existe uma origem nos 0N e atinge-se os -11N após 0,04s.

Impulsão AP Plataforma 4
3

-2 6.62 6.64 6.66 6.68 6.7 6.72 6.74 6.76

-7

-12

-17

-22
P3 sum.trap FAP neg (N*s) P3 sum.trap FAP pos (N*s)

10. Impulsão AnteroPosterior na Plataforma 4.

11
Conclusão

Em jeito de conclusão, podemos aferir que na força exercida na Plataforma 3


existiu um pico de força muito forte, com cerca de 4000N, tendo sido o único momento
com possibilidade de lesão no LCA, uma vez que, a partir dos 2000N-3000N a
probabilidade de lesão aumenta significativamente, força resultante do impacto no solo
após uma impulsão e uma receção ao mesmo. Excetuando este momento, nunca se
observou forças possíveis sequer de causar incómodo ou perigo no LCA. A plataforma
3 foi sempre a plataforma de força onde se verificaram maiores valores,
comparativamente à plataforma 4. Em média, a componente vertical foi onde se
verificaram maiores valores de força, seguindo-se a componente antero-posterior,
terminando com os valores mais baixos e por vezes negativos, a componente medial-
lateral.
Percebemos e concluimos que cada membro apresenta um pico de força, podendo
eles apresentar valores diferentes, sendo que o maior aparecerá sempre na perna
dominante. Verificamos assim que o suporte, estabilidade e a força acontecem em
apenas um dos membros.
Concluindo, foi possível observar que apenas num momento, poderia ter existido a
probabilidade de lesão no LCA, tendo todos os outros momentos sido pouco
representativos dessa possibilidade. Também referir que o facto de o movimento ter
sido feito de forma programada e não numa situação complexa e caótica, como por
exemplo acontece em jogo, pode ter contribuído para que não houvesse grandes
desvios nestas posições de diferentes pontos anatómicos.

Eletromiografia

Tema e Enquadramento Teórico

A atividade eletromiografia tem dado um contributo importante para o


conhecimento sobre a velocidade de condução nervosa, através de aplicação de
estímulos elétricos ao nervo, e sobre a atividade muscular em repouso ou durante a
contração voluntária numa atividade física.
Como visto anteriormente a nossa opção requereu estudar a lesão do LCA no
momento de salto e receção no solo. Uma pesquisa aprofundada do estudo da arte
mostrou que os movimentos que implicam mais riscos de lesão do LCA sem contacto
são as mudanças abruptas de direção, onde estão descritos movimentos como
rotações; corte lateral e receção no solo. Descartamos o momento de impulsão e voo
pois não acarretam risco de lesão do LCA.
A maioria dessas lesões ocorrem em condição sem contacto, este tipo de lesões
parece estar intimamente ligado a fatores neuromusculares que influenciam a carga
biomecânica do joelho, uma vez que esses fatores vão afetar a magnitude e o tempo de
produção de força muscular que pode servir para estabilizar o joelho (Hewett et al.,
2005).

12
Ao aprofundarmos o estudo percebemos que existem músculos importantes
para a estabilização da articulação do joelho permitindo uma absorção dos impactos
provenientes da receção no solo.
Faremos uma descrição eletromiográfica do que acontece nos diferentes planos e do
estado da arte.

Proximal
Uma ativação assíncrona muscular proximal poderá alterar a posição do joelho
durante o momento de receção no solo. Uma ativação reduzida do tronco e dos
músculos do quadril podem implicar cargas adicionais para o ligamento, sendo a rotação
interna do tronco e o valgo aumentado devido as cargas da receção no solo, um
momento de sobrecarga e de elevada tensão no LCA.
Os músculos estabilizadores proximais tem um papel fundamental,
nomeadamente os glúteos, controlando a posição dos membros inferiores, absorção de
energia e funcionam como rotadores externos e abdutores poderosos do quadril durante
o impacto no solo (Zazulak et al., 2005).

Anteroposterior
Uma ativação aumentada do quadríceps em relação aos antagonistas
isquiotibiais, provocará um recrutamento desajustado dos vastos aumentando as forças
de cisalhamento na parte anterior da tíbia por baixo do angulo de flexão do joelho
durante a aterragem. O quadríceps através da tração anterior do tendão rotuliano na
tíbia contribui para uma sobrecarga do LCA quando a flexão do joelho é inferior a 30º
(Hewett et al., 1996) , o recrutamento apropriado dos isquiotibiais é importante para
evitar o aumento de carga crítica sobre o LCA.

Medial-lateral
A compressão articular por meio da contração muscular permite que a carga em
valgo seja transportada por forças de contato articulares, protegendo os ligamentos. A
diminuição das forças de compressão da articulação medial pode limitar a resistência
passiva ao valgo dinâmico do joelho. Atletas que apresentam disparos desproporcionais
dos isquiotibiais laterais durante a receção no solo mostraram uma diminuição da
proporção de recrutamento do quadríceps medial e lateral, é o caso específico das
mulheres. Esta diminuída proporção, combinada com o recrutamento desequilibrado
dos isquiotibiais mediais pode diminuir o controle das forças do plano coronal no joelho.
Estudos mostram que a contração muscular pode diminuir a frouxidão em valgo e varo
do joelho, aumentando a proteção do atleta.
Uma baixa proporção de recrutamento do quadríceps medial e lateral combinada
com picos de força dos isquiotibiais laterais podem comprimir a articulação lateral, abrir
a articulação medial e aumentar as forças de cisalhamento anterior incidindo
diretamente no LCA (Hewett et al., 2005).

13
Distal
O músculo da perna e do tornozelo desempenham um papel importante na
estabilização dinâmica da articulação do joelho, a. ativação seletiva da musculatura
medial do joelho, incluindo o gastrocnémio medial, durante tarefas de passo lateral com
valgo e momentos de rotação externa.
Mulheres com problemas de LCA apresentaram uma ativação menor do gastrocnémio
lateral.
A resposta neuromuscular a uma perturbação imposta durante exercícios de
suporte de peso, como a extensão do tronco e do fémur repentino à frente mostrou que
o gastrocnémio teve uma ativação mais rápida que o tendão da coxa, que por sua vez
ativou mais rapidamente que o quadríceps, mostrando a tendência dos músculos distais
dispararem primeiro que os músculos proximais (Shultz et al., 2000).

O treino como método preventivo


O treino tem uma componente neuromuscular que se assemelha aos que se
encontra em competição, deste modo há um desenvolvimento da velocidade de
ativação neuromuscular reativa, que consuma em uma excelente proteção articular do
joelho.
Exercícios pliométricos submetem a articulação a cargas intensas e curtas que
podem melhorar este ciclo de resposta das unidades motoras por adaptação dos
recetores de alongamento muscular. Exercícios de equilíbrio e de core, provocam
instabilidade, provocando um reajuste da musculatura, reagindo às diferentes
perturbações.
Se o treino neuromuscular parece aumentar o controlo neuromuscular da
articulação e diminuir o risco de lesão do LCA, então é provável que os mecanismos
subjacentes ao aumento do risco sejam de natureza neuromuscular (Hewett et al.,
2005). Vários estudos prospetivos têm mostrado que o treino neuromuscular tem o
potencial de diminuir as lesões nos joelhos em geral, e a lesão do LCA em atletas, em
particular.

Homens vs Mulheres
Estudos mostram que a incidência da lesão é de 4 a 6 vezes mais elevada no
sexo feminino do que no masculino. Através da eletromiografia podemos observar que
para os mesmos padrões de movimento, a ativação neuromuscular é diferente entre
atletas masculinos e femininos.
Atletas do sexo feminino tem uma exagerada ativação do quadricípite momentos
antes da receção do solo, este aumento de ativação do quadríceps está associado ao
aumento das forças de cisalhamento da parte anterior da tíbia e maior tensão no LCA,
além disso as atletas do sexo feminino tendem a demonstrar níveis reduzidos de
ativação dos músculos isquiotibiais durante movimento de alto risco (corte lateral e
receção no solo), o que fornece ainda menos capacidade de proteção sobrecarregando
o LCA (Bencke et al., 2018).
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Resumo de 3 Artigos Publicados

“The effects of isometric and isotonic training on hamstring stiffness and


anterior cruciate ligament lo ading mechanisms”

J. Troy Blackburn, Marc F. Norcross

Possuir isquiotibiais rígidos (e não fortes) está associado a ter menos


mecanismos de sobrecarga no ligamento cruzado anterior do joelho. A rigidez é
aumentada com o treino, mas os estudos anteriores mostravam mais a rigidez dos
tendões e menos dos músculos e nenhum tinha estudado os isquiotibiais. Trinta e seis
voluntários saudáveis foram aleatoriamente divididos para grupos isométricos,
isotónicos e controle. Foram medidas a rigidez muscular antes e depois do programa.
É essencial distinguir rigidez muscular de força, enquanto a força quantifica a
capacidade de produzir força, a rigidez quantifica a capacidade de resistir ao
alongamento.
O treino isométrico (15%) foi mais eficaz do que o treino isotónico (13%) para
aumentar a rigidez muscular, a literatura que quanto mais longo o programa de treino
maiores serão as diferenças entre o treino isométrico e isotónico. O treino isométrico
também é superior ao treino pliométrico no aumento da rigidez do tendão. A pesar da
rigidez muscular afetar de forma indireta a sobrecarga do LCA em movimentos de risco
de lesão, os resultados não foram estatisticamente significativos, muito provavelmente
devido à amostra reduzida. O mesmo ocorreu no programa de treino isotónico.
O treino isométrico dos isquiotibiais desta investigação provavelmente não é
viável em ambientes de treino comum, a menos que o plano de treino seja implementado
fora do ambiente da prática. No entanto, treino semelhante ao protocolo isotónico nesta
investigação na forma de exercícios nórdicos para isquiotibiais, poderão ser
implementado como aquecimento por parte de equipas de atletas.
Pesquisas futuras usando amostras maiores e intervenções mais longas são
necessárias para determinar os efeitos do aumento da rigidez dos isquiotibiais no LCA.
Por outro lado, estudos futuros são necessários para permitir comparações com
outros métodos de treino conhecidos por influenciar a rigidez como o treino excêntrico
e treino de resistência.

“The effects of postseason break on knee biomechanics and lower extr emity EMG
in a stopjumptask: implications for ACL injury”

Jonathan D Chappell, R Alexander Creighton, Carol Giuliani, Bing Yu, William Garrett

Os investigadores pretendiam avaliar os efeitos de uma pausa após a temporada


de um mês, na biomecânica do joelho e na eletromiografia (EMG) dos membros
inferiores, durante um exercício de salto. O intervalo de pós-temporada é a fase entre
duas temporadas em que a rotina de treino reduz drasticamente. A amostra era

15
composta por 12 jogadoras de voleibol da Liga Americana, e consistia em realizar dois
testes de salto antes e após do período de férias.
Foi avaliada a cinemática e cinética do salto com incidência no joelho, a atividade
eletromiografia dos quadríceps e isquiotibiais. Após um mês de intervalo, as jogadoras
demonstraram diminuição significativa da altura do salto, diminuição do ângulo de flexão
do joelho inicial, diminuição do ângulo de flexão do joelho no pico da força resultante no
tibial anterior, resultante diminuição da atividade do vasto lateral e diminuição da
atividade muscular no pré-pouso do bíceps femoral em comparação com os testes
iniciais.
Não foram observadas diferenças significativas para a biomecânica no plano
frontal e da atividade neuromuscular durante a receção no solo, a nível do quadríceps
e dos isquiotibiais entre os dois testes.
Dado que força de cisalhamento anterior na tíbia não foi medida diretamente no
estudo atual, é desconhecido se existe uma sobrecarga a nível do LCA, portanto, nossos
resultados podem apenas sugerir que o padrão de movimento do joelho mais estendido
demonstrado pelos atletas após o intervalo de um mês pode representar um fator de
risco aumentado para lesões do LCA. No entanto, a relação entre o ângulo de flexão do
joelho e a deformação do LCA é um princípio teórico sem considerar outros mecanismos
de sobre a sobrecarga do LCA.

“Sex differences in kinetic and neuromuscular control during jumping and


landing”

G. Márquez, L.M. Alegre, D. Jaén, L. Martin-Casado and X. Aguado

Este estudo apresenta uma análise do perfil cinético em conjunto com o padrão
de ativação eletromiográfica dos membros inferiores durante um counter movement
jump e sua respetiva fase de receção no solo, entre atletas masculinos e femininos.
Realizou-se uma sessão experimental para registar os parâmetros cinéticos e
eletromiográficos (EMG) durante um salto com contramovimento (CMJ) e a fase de
pouso.
O presente estudo mostra que durante os saltos de contramovimento realizados,
foram encontradas diferenças significativas entre homens e mulheres na cinética e no
controle neuromuscular. A análise revelou que os homens registaram um desempenho
superior do que as mulheres em termos de altura do salto e produção de força. Durante
a fase concêntrica, os atletas masculinos demonstraram maior atividade EMG do que
as mulheres no músculo reto femoral, esses dados sugerem que o número de unidades
motoras ativadas por unidade de tempo foi menor no sexo feminino, um aspeto que
afeta a capacidade do sistema neuromuscular de desenvolver altos níveis de força o
mais rápido possível pelos músculos extensores do joelho durante o desempenho do
CMJ.
Os valores de rigidez foram menores nos homens do que nas mulheres devido
ao maior deslocamento do centro de massa durante o contramovimento. De acordo com
a atividade EMG, os homens demonstraram maior ativação durante a fase concêntrica
do salto, contudo, as mulheres revelaram uma razão de cocontração (= EMG agonistas

16
/ EMG antagonistas) mais alta nos flexores plantares durante a fase descendente
anterior ao salto. Durante a receção no solo, os machos mostraram forças de reação do
solo mais altas, maior rigidez e maior deslocamento máximo do centro de massa do que
as mulheres. A análise EMG revelou maior atividade EMG no tibial anterior e reto
femorais músculos em homens. Maior co-ativação dos flexores plantares durante a
aterragem, também foi superior nos atletas masculinos.
Em conclusão, diferenças baseadas no sexo foram observadas no desempenho
e controle neuromuscular durante o salto e aterragem. Embora sejam necessárias mais
pesquisas para perceber os mecanismos finais responsáveis pelo aumento do risco de
lesão do LCA nas mulheres, este estudo parece apontar para diferentes estratégias de
controle neuromuscular adotadas durante a realização do salto e sua respetiva receção.
as diferenças baseadas no sexo na cinética e no controle neuromuscular durante a fase
de queda de uma atividade pliométrica, como o salto com contramovimento (CMJ),
estão a ser cada vez mais estudadas em profundidade, aguardamos dados recentes
para melhor compreendermos os resultados obtidos.

Conclusão

A atividade eletromiografia tem dado um contributo importante para o


conhecimento sobre a velocidade de condução nervosa, através de aplicação de
estímulos elétricos ao nervo, e sobre a atividade muscular em repouso ou durante a
contração voluntária numa atividade física.
Através da eletromiografia podemos observar que para os mesmos padrões de
movimento, a ativação neuromuscular é diferente entre atletas masculinos e femininos,
contudo não podemos afirmar, que o risco mais elevado de lesão (4 a 6 vezes) nos
elementos do sexo feminino é explicada exclusivamente deste facto, pois os dados de
analise de movimento e organização das estruturas anatómicas são diferentes.
Ao estudarmos a receção no solo, compreendemos melhor os músculos envolvidos no
processo de absorção de impactos que poderão ser nocivos para o LCA.
Os glúteos são importantes na estabilização dos membros inferiores e
importantes na função de rotadores externos e abdutores do quadril durante o contacto
com o solo. Atletas que apresentam disparos desproporcionais dos isquiotibiais laterais
durante a receção no solo mostraram uma diminuição da proporção de recrutamento do
quadríceps medial e lateral, é o caso específico das mulheres. Esta diminuída
proporção, combinada com o recrutamento desequilibrado dos isquiotibiais mediais
pode diminuir o controle das forças do plano coronal no joelho, com prejuízos para o
LCA.
Uma ativação aumentada do quadríceps em relação aos antagonistas
isquiotibiais, provocará um recrutamento desajustado dos vastos laterais aumentando a
força de cisalhamento na parte anterior da tíbia por baixo do angulo de flexão do joelho
durante a aterragem.
Os músculos da perna também desempenham um rol importante na
estabilização dinâmica da articulação do joelho, um dos músculos importantes e muito
estudado neste papel, é o gastrocnémio medial.
O treino é a reprodução dos padrões motores da competição, se por um lado
sujeita a articulação do joelho a uma sobrecarga adicional, por outro lado, o treino cria
adaptações crónicas que ajudam a proteger a articulação do joelho. Planos de treino
com exercícios pliométricos, exercícios excêntricos e trabalhos de resistência possuem

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evidencias científicas que possuem uma forte componente neuromuscular, e ao que
parece, esse processo contribui para aumentar o controlo neuromuscular da articulação
e diminuir o risco de lesão do LCA. Estudos mais recentes mostram que o treino
isométrico parece ter influência no aumento de rigidez muscular, contudo são
necessários mais estudos para que essas evidencias consigam ganhar consistência e
possuir fundamentação científica.
Através da eletromiografia podemos observar que para os mesmos padrões de
movimento, a ativação neuromuscular é diferente entre atletas masculinos e femininos.
As diferenças são explicadas não só pelos dados eletromiográficos mas também pela
análise biomecânica do movimento; pelas das diferenças anatómicas entre sexos e
pelas disparidades na capacidade de gerar força.

Conclusão Geral

O nosso estudo ajudou a perceber qual a importância da Cinemetria,


Dinamometria e da Eletromiografia no auxílio dos estudos biomecânicos das mais
diversas modalidades desportivas. Através destas ferramentas, podemos entender
melhor quais são os músculos mais recrutados nos vários padrões de movimento
desportivos, quais as forças que mais os influenciam e, através disso, auxiliar
treinadores, preparadores físicos, fisiologistas e fisioterapeutas, por exemplo, a puder
escolher os melhores exercícios, e corrigir possíveis erros posturais para cuidar da
saúde física dos atletas e também potencializar as suas performance desportivas.
Através deste trabalho conseguimos aprofundar o estudo do salto e da receção
e conseguimos reproduzir um movimento de extremo risco para a articulação do joelho,
em ambiente controlado.
O movimento realizado não acarretou problemas para o participante, contudo
percebemos que através de uma técnica de recepção deficitária, uma posição elevada
da bacia, a existência de um joelho valgo, um recrutamento assíncrono de grupos
musculares e/ou uma queda no solo com impactos criados na receção superiores a
2000N/3000N pode acarretar consequências devastadoras para os atletas,
essencialmente nas lesões do LCA.
Como sugestão, gostaríamos de ter tido acesso a um maior número de ensaios,
que nos permitisse perceber se existiriam diferenças significativas entre atletas e não
atletas, ou entre elementos do sexo masculino e feminino, encontrando enquadramento
na literatura atual.

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