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LESÕES DO LCA

Bruno Andretto
Victor Baroni
Anatomia e função

• Possui dois feixes: anteromedial e posterolateral


• Se estendem da região posteromedial do côndilo lateral
femoral lateral à região intercondilar anterior da tíbia
Epidemiologia
• Pode atingir 3,5% da população num período de 4 anos,
predominante na população masculina

• Porém, quando comparados em esportes que participam


homens e mulheres, no gênero feminino pode ser até 6
vezes maior, dependendo do esporte.
Mecanismos de lesão
Mechanism of Non-Contact ACL Injury
Barry P. Boden, MD , Frances T. Sheehan, PhD

 Fatores de risco:
 Participação em esportes de alta intensidade;
 Correr em posse da bola ou defendendo contra quem
tenha a posse;
 Sofrer alguma perturbação discreta logo antes da
ocorrência da lesão (pequenas perturbações podem levar
a falhas de padrões motores que levem a posições do
membro inferior incorretas no momento de aterrisagem).
Stiff Landings, Core Stability, and Dynamic Knee Valgus: A
Systematic Review on Documented Anterior Cruciate
Ligament Ruptures in Male and Female Athletes
Larwa J et al.
 18 estudos analisados – 9 de vídeo-análise e 9 de pre-screening (testes realizados em
laboratório com atletas com follow up para analisar riscos de lesão)
 Resultados:
 1) Flexão de quadril: maior flexão de quadril durante contato, menos flexão nos
instantes subsequentes (menor absorção de forças no impacto).
 2) Abdução de quadril: elevados graus de abdução de quadril no momento de contato.
 3) Flexão de joelho: flexão de joelho reduzida no momento de contato + aterrisagem
dura (pobre absorção de forças no impacto).
 4) Abdução de joelho: graus elevados de abdução de joelho (valgo dinâmico).
 5) Movimento de tornozelo: flexão plantar reduzida no contato/ aterrisagem no
calcanhar (pobre absorção de forças pelo gastrocnêmio).
 6) Inclinação de tronco: maior inclinação / maior tempo para estabilizar tronco após
contato.
Tratamento conservador
x
cirúrgico
Treatment after ACL injury: Panther Symposium ACL
Treatment Consensus Group
Theresa Anita Diermeier et al. Br J Sports Med. 2021 Jan.
• Coper, Noncoper e Adapter

• Identificação de copers: testes de saltos, força


muscular, instabilidade subjetiva (cedência) e função de
joelho

• Estudo controlado randomizado: 121 pacientes jovens


ativos e não de elite com lesões isoladas do LCA,
comparando tratamento operatório e não operatório
entre dois grupos, não houve diferenças em 2 e 5 anos.
Porém, 40% desses pacientes classificados como não
operatórios precisaram operar

• KT-1000 (9,00mm x 6,6mm), Pivot shift (78% x 25%)


Evidence of ACL healing on MRI following ACL rupture treated with
rehabilitation alone may be associated with better patient-reported outcomes:
a secondary analysis from the KANON trial
Stephanie Rose Filbay et al. Br J Sports Med. 2023 Jan.

• Evidência de ressonância magnética de cura do LCA em 2 anos de


acompanhamento foi observada em 16 de 54 (30%, IC 95% 19 a 43%)
participantes randomizados para ACLR tardio opcional. Excluindo os
participantes que atrasaram o ACLR, 16 dos 30 (53%, 36-70%) participantes
tratados apenas com reabilitação exibiram evidências de ressonância
magnética da cura do LCA

• 30% das lesões totais do LCA apresentaram cicatrização, sendo que dos
tratados com fisioterapia, 53% apresentaram sinais de cicatrização
Tipos de enxerto
Autógrafo de osso – tendão patelar - osso

 Primeiro tipo de enxerto usado.


 Presença de osso em ambas extremidades do enxerto
mantém a interface natural tendão-osso, e permite
cicatrização osso-osso.
 Caso o paciente tenha patela alta ou baixa, o enxerto
poderá ficar frouxo ou demasiado tenso.
 Enxerto com propriedades similares ao LCA, com
resistência tensil maior e diâmetro menor.
 Dor na porção anterior do joelho após a cirurgia é comum,
ocorrendo em 42% dos pacientes.
Autógrafo de tendão de isquiotibiais
 Menor morbidade no local de doação devido à menor incisão e por não haver
trauma adicional ao mecanismo extensor, em relação ao O-TP-O.
 Maior tempo de recuperação antes da integração do enxerto em comparação
com O-TP-O.
 Maior risco de ruptura do enxerto quando o mesmo tem baixo diâmetro.
 Traz risco de diminuição de força de flexores de joelho no PO.
 Risco aumentado de frouxidão do novo ligamento no PO em comparação com
enxertos O-TP-O.
 Maior risco de rompimento do novo tendão em comparação com enxertos O-
TP-O.
Autógrafo de tendão quadricipital
 Técnica mais recente, em que se remove terço central do
tendão quadricipital, e dependendo do cirurgião, parcela
da região superior da patela.
 Benefícios comparado com enxerto O-TP-O: diâmetro
maior, risco de dor na porção anterior do joelho e ao
ajoelhar reduzido, risco de fratura de patela reduzido.
 Comparado com enxerto de tendão de isquiotibiais, menor
chance de frouxidão do novo ligamento.
Enxertos alógrafos
 Nos EUA, 22 a 42% das reconstruções de LCA são feitas
com enxertos alógrafos.
 Há diversas opções, como O-TP-O, tendão de isquiotibiais,
quadricipital, de aquíles etc.
 Enxertos podem ser tratados de diferentes maneiras antes
de serem transplantados, como irradiação, esterilização
via feixe de elétrons, esterilização química. De modo
geral, quão menos tratado é o enxerto, maior será sua
estabilidade estrutural e biomecânica, mas risco de
infecções e rejeição aumentam.
 Estudos mostram que enxertos alógrafos, quando
comparados com seus equivalentes autógrafos, trazem
maior risco de novas rupturas/frouxidão.
Reabilitação Pré cirúrgica
Reabilitação pós-cirúrgica
How should clinicians rehabilitate patients
after ACL reconstruction? A systematic review
of clinical practice guidelines (CPGs) with a
focus on quality appraisal (AGREE II)
Andrade R, et al
 Meta-análise de diretrizes de prática clínca desenvolvidas por painéis
multidisciplinares de especialistas; voltados ao tratamento PO de reconstruções de
LCA; baseados em revisões sistemáticas da literatura científica atual.
 6 artigos foram inclusos na meta-análise.
 Resultados:
 1) Retorno ao esporte: a maioria dos CGPs não é claro quanto a quando isso é
seguro.
 2) Mobilização precoce do joelho (1ª semana) é crítica para garantir ADM completa.
 3) Treino de força/ reeducação neuromuscular precoces são também críticos.
 3) Benefício do uso de aparelho de CPM e imobilizadores de joelho articulados não é
suportado pela literatura, então não devem ser adicionados ao programa de
reabilitação.
Risco de relesão
Risk of Secondary Injury in Younger Athletes After
Anterior Cruciate Ligament Reconstruction: A
Systematic Review and Meta-analysis
Amelia J. Wiggins et al.
 19 estudos reportando lesões de LCA reincidentes pós cirurgias de reconstrução,
com informações sobre faixas etárias, foram analisados.
 Conclusões:
 1) Risco de lesão secundária de LCA para todos pacientes (ipsi ou contralat):
15%.
 2) Risco de lesão secundária de LCA para pacientes <20 a 25 anos: 21%.
 3) Risco de lesão secundária de LCA para pacientes que retornam ao esporte:
20%.
 4) Risco de lesão secundária de LCA para pacientes <20 a 25 anos que retornam
a esportes de alto risco (mudanças bruscas de direção, movimentos em pivô):
23%, geralmente precocemente.
 *Comparados com adolescentes não-lesionados, atletas jovens retornando ao
esporte após reconstrução do LCA têm 30 a 40 vezes mais chance de lesionar o
LCA ipsi ou contralateral.*
PREVENÇÃO

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