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RESUMO
No campo da saúde pública de atenção ao idoso, uma das grandes preocupações é com as
quedas decorrentes de fatores intrínsecos e extrínsecos ao indivíduo. As quedas, em sua
grande maioria, se relacionam com fraturas do quadril e do colo do fêmur, ocasião em que,
na maior parte dos casos, a cirurgia de artroplastia total do quadril é recomendada. A
atuação do Fisioterapeuta também se dá através de orientações quanto à prevenção de
futuras quedas, o que envolve inclusive a observação do ambiente familiar do idoso. O
objetivo da pesquisa foi de evidenciar a importância da participação do fisioterapeuta na
recuperação de idosos submetidos a cirurgia de artroplastia do quadril, em função de fratura
de colo do fêmur. A metodologia empregada foi totalmente bibliográfica, sendo utilizado,
para tanto, livros, artigos científicos, teses e dissertações disponíveis para domínio público. A
conclusão é de que o papel do Fisioterapeuta, tanto nos casos de tratamento para a
recuperação do idoso submetido a cirurgias de artroplastia total do quadril, quanto para a
prevenção de futuras quedas, representa uma condição importante, tendo em vista que
fratura de quadril decorrente de quedas representa um índice de mortalidade bastante
elevado nessa população.
Palavras-chaves: Fratura de quadril. Fratura de colo de fêmur. Artroplastia. Fisioterapia.
1. Introdução
As fraturas do quadril e da cabeça do fêmur são tidas como costumeiras - em índices de
prevalência - em relação a pacientes acima de 65 anos. Na maioria das vezes, essas fraturas
são derivadas de traumas de baixa energia, ou seja, queda da própria altura. Seu quadro
clínico costuma apontar sintomatologia dolorosa na região do quadril acometido, a qual pode
se irradiar para a região medial da coxa e do joelho (BARBOSA e NASCIMENTO, 2001).
Tendo em vista o crescimento da população idosa e da preocupação com a atenção integral á
saúde destes indivíduos, entende-se que essas fraturas representam uma questão de saúde
pública, sendo caracterizadas por quatro estágios de impactação na qualidade de vida dos
idosos acometidos. Em sua maioria, essas fraturas são tratadas cirurgicamente, sendo que os
procedimentos são identificados na literatura em clima de grande controvérsia (GUMARÃES
et al., 2007).
As fraturas incluídas na classificação de Estágio III – fraturas desviadas e com
desalinhamento entre as trabéculas ósseas do acetábulo e cabeça femoral – e Estágio IV –
fraturas desviadas, mas com alinhamento das trabéculas ósseas entre a cabeça femoral e o
acétabulo – onde não se consiga uma boa redução cruenta, devem ser submetidas a
artroplastia do quadril, no intuito de evitar-se a redução aberta para a osteossíntese
(GUIMARÃES et al., 2007).
1
Fisioterapeuta. Pós-Graduanda em Ortopedia e Traumatologia com ênfase em Terapia Manual
2
Fisioterapeuta. Especialista em Metodologia do Ensino Superior. Orientadora.
2
femoral); Estágio Iv (fraturas desviadas, mas com alinhamento das trabéculas ósseas entre a
cabeça femoral e o acetábulo).
3. Fraturas do quadril
No ponto de vista de Cunha et al. (2008), as fraturas de quadril são caracterizadas como
lesões traumáticas que acometem principalmente indivíduos na fase do envelhecimento, sendo
responsáveis por pelo menos 50% das internações devido a traumas.
Conforme explicitam Freitas et al. (2006) a Organização Mundial de Saúde (OMS) enquadra
esse tipo de fraturas como “fraturas do fêmur proximal”, ao tempo em que considera esse tipo
de lesão como um importante problema de saúde pública. Costumam se relacionar com a
osteoporose, apresentando consequências sérias para a qualidade de indivíduos idosos,
inclusive com indicadores de mortalidade em torno de 30% nos primeiros seis meses após o
trauma, além de perda de autonomia em quase 50% dos casos.
No Brasil, as estimativas são de que esse problema atinja pelo menos 100.000 indivíduos/ano,
com média de mortalidade nos mesmos patamares descritos acima. Para esses casos, a
abordagem curativa perpassa pela intervenção cirúrgica, particularmente de forma precoce,
uma vez que o atraso nesses procedimentos e na mobilização articular pode afetar
severamente a funcionalidade da articulação do quadril, bem como aumentar sobremaneira as
complicações que costumam se associar ao repouso prolongado.
Como ressaltam Cunha et al. (2008) é importante conduzir o idoso para níveis adequados de
restabelecimento, já que o acamamento pode implicar em tromboembolismo, infecções do
trato urinário, atelectasia e úlceras de pressão (escaras). Contudo, alerta o autor que a cirurgia
precoce prescinde de uma estabilização clínica, sob riscos de aumento das complicações
perioperatórias.
Para Roche et al. (2005), outras complicações advindas do repouso prolongado pós-operatório
podem ser, além das já citadas acima: pneumonia e delirium, insuficiência cardíaca, acidente
vascular cerebral, pico hipertensivo, arritmias cardíacas e infarto agudo do miocárdio.
Levando-se em conta o objeto do presente estudo, no que diz respeito à população-alvo, é
importante que se destaque o porquê dessa fase existencial ser mais propensa a fraturas. Nesse
sentido, o próximo capítulo aborda sobre os aspectos que determinam cuidados na saúde
física do idoso, enveredando pelos fatores que tornam o envelhecimento – em função das
várias alterações anatômicas produzidas – uma fase onde a saúde do idoso se torna mais
frágil, advindo daí a preocupação com as políticas públicas de saúde quanto a maiores
possibilidades de quedas, as quais levam, em consequência, a fraturas de quadril.
A seguir, são abordados os aspectos conceituais sobre a artroplastia de quadril, uma vez que
esta é reconhecidamente a mais indicada intervenção para os casos de fratura dessa natureza
em idosos.
a) Que pelo menos parte do corpo da pessoa acabe em contato com o chão ou com
algum nível mais baixo, isto é, abaixo da cintura pélvica; b) que se trate de um
acontecimento inesperado e não intencional; c) que as circunstâncias não sejam
capazes de provocar a queda de uma pessoa em boa forma, como seria, por exemplo,
escorregar sobre o gelo; d) que o evento não possa ser explicado como sendo
consecutivo a algum fator intrínseco sério, tal como derrame cerebral, lipotimia ou
ataque cardíaco (BARRIE, 2000, p. 378).
Como ressalta Papaléo Netto (2000), as quedas nem sempre são resultado de um contato
súbito e violento com o solo ou com objetos mobiliários. Às vezes, são precedidas por
movimentos vacilantes, onde a pessoa tenta agarrar-se aos móveis ou contra a parede, antes de
cair ao chão. Outras vezes, o indivíduo pode findar deitado ao piso de maneira lenta, mas
incontrolável, como ocorre, por exemplo, quando desliza sobre o chão depois de ter
adormecido dentro de uma cadeira escorregadia.
Quanto à etiologia, William (1995) indica que as causas de uma queda tanto podem ser de
ordem intrínseca – quando relacionadas com o indivíduo – quanto de natureza extrínseca –
quando se relaciona com o ambiente. Dentre os fatores intrínsecos, o autor classifica como
aqueles que são derivados das alterações fisiológicas próprias da fase do envelhecimento, mas
que também podem acontecer devido a doenças e tratamentos medicamentosos.
Por sua vez, as causas extrínsecas podem incluir perigos ambientais, tais como tapetes mal
posicionados, piso escorregadio, áreas pouco iluminadas, entre outros fatores. Somente pela
análise e interpretação de cada tipo de queda é que se pode, na opinião de Barrie (2000),
chegar a um plano funcional de tratamento.
No intuito de apontar quais são as alterações de ordem senil que predispõem o indivíduo a
quedas, Papaléo Netto (2000) registra as seguintes:
Metabólicas Hipotireodismo
Hipoglicemia
Anemia
Desidratação
Hiponatremia geniturinária
Síncope miccional
Incontinência
Músculo-esqueléticas Artrite
Miosite
Deformidade espinhal
Fraqueza muscular
Descondicionamento
Psicológicas Depressão
Ansiedade
Induzido por drogas
Atribuíveis a diuréticos Anti-hipertensivos
Cardiotônicos
Hipnóticos
Sedativos
Psicotrópicos
Fonte: Adaptado de Papaléo Netto (2000)
No tocante à presbiacusia, Brito e Costa (2001) explicam ser um declínio na acuidade auditiva
advindo do envelhecimento, e que pode levar a quedas quando o indivíduo é incapaz de ouvir
os ruídos que alertam para a aproximação de um perigo iminente, não tendo, portanto, tempo
suficiente para evitá-lo.
Na explicação de Barbosa e Nascimento (2001), a fraqueza muscular no idoso corresponde a
uma incapacidade para andar sobre seus calcanhares ou artelhos, bem como levantar-se de
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uma cadeira ou após abaixar-se sem utilização dos braços ou segurar-se no assento da cadeira,
sendo, de forma frequente, associada a quedas e tropeços. Ademais, a debilidade muscular
também pode ocorrer em situações nas quais o indivíduo tenha que passar tempo prolongado
de repouso no leito.
Sobre a instabilidade postural, Brito e Costa (2001) asseguram que esta aumenta com o
envelhecimento, manifestando-se como uma perda de reflexos de correção e um aumento na
oscilação do corpo. A manutenção da estabilidade postural é uma função complexa, que
requer integração central apropriada de sensações visuais, vestibulares e proprioceptivas,
todas sofrendo declínio funcional com o envelhecimento. O tempo da reação também
aumenta, aumentando o intervalo entre a percepção do perigo e a ação para evitá-lo.
Por sua vez, Zinni e Pussi (2003) referem que acidentes vasculares encefálicos também são
preditores de quedas, uma vez que ocorre a perda de função motora ou sensorial em um dos
membros inferiores, além da alteração na percepção visual, e ao nível de consciência ou
convulsão. Nesses casos, podem originar tonturas e ataxias, que são fontes predisponentes de
quedas.
No que diz respeito à demência, Papaléo Netto (2000) adverte que esta é fator de frequência
no número de quedas em idosos, face à deficiência das capacidades do indivíduo em detectar
a presença de perigos ambientais.
No caso da Doença de Parkinson, Machado (2000) refere que esta patologia é comumente
associada a distúrbios de marcha e do equilíbrio postural, além de que os acometidos reagem
mais lentamente à presença de perigos ambientais, levando a quedas.
Finalmente, as arritmias também são consideradas como fatores predisponentes a quedas em
idosos, uma vez que, geralmente, são precedidas de tonturas ou palpitações, o que ocorre no
exercício de ficar em pé. Aliás, a literatura indica que as quedas podem se relacionar, em
idosos, a indícios de infarto agudo do miocárdio, bem como ataques cardíacos silenciosos,
principalmente em indivíduos diabéticos.
Brito e Costa (2001) também referem, entre os muitos fatores, as convulsões, principalmente
em idosos com histórico de epilepsia ou de acidente vascular encefálico recente, ou os que
fazem uso de medicamentos que podem desenvolver convulsões. Além disso, alguns
esteróides podem suscitar o aparecimento de osteoporose, que também é uma razão
importante para as quedas e fraturas de quadril.
Como identificado em seção anterior, fraturas decorrentes de quedas são mais comuns em
indivíduos idosos, pelas razões já expostas acima. Segundo Apley (1999), os tipos de fraturas
com grande número de incidências são: do úmero proximal; de Colles; do fêmur; do colo do
fêmur; intertrocantérica; e de vértebra.
No caso específico aqui estudado, delimita-se a discussão para os casos de fratura de quadril –
e por extensão do colo do fêmur – onde, de acordo com os achados literários mais recentes, o
tratamento mais indicado é a intervenção cirúrgica através da técnica de artroplastia do
quadril. Nesse sentido, o próximo tópico passa a enfatizar esse procedimento.
6. Artroplastia do quadril
Conforme explicado por Santos (2004), a artroplastia – também conhecida como prótese do
quadril – é representada pela substituição da articulação do quadril. Em seu contexto
histórico, foi idealizada com o intuito de restabelecer a funcionalidade da articulação coxo-
femoral, devido à alta incidência de doenças que acometem essa região, como a artrose de
quadril e as fraturas do colo de fêmur.
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No ponto de vista de Macedo (2009), existem dois tipos básicos de artroplastia: a parcial,
utilizada para substituição somente da cabeça do fêmur, comumente aplicada em fraturas que
permitem o aproveitamento do revestimento da cartilagem da cavidade acetabular, desde que
a mesma encontre-se sem desgaste e em boas condições (Figura 1).
Outro tipo de prótese – que interessa particularmente ao estudo ora promovido – é a total
(Figura 2). Também de acordo com Macedo (2009), é utilizada quando as cartilagens
articulares da cabeça do fêmur e da cavidade acetabular encontram-se irremediavelmente
comprometidas. Entre os vários modelos de próteses, as diferenças estão relacionadas com a
forma de fixação e os tipos de materiais com que são produzidos os corpos e as superfícies
articulares dos modelos.
Segundo Canella (2009), a artroplastia total do quadril foi desenvolvida na década de 1960,
pelo cirurgião-ortopedista John Charnley, com a ajuda de engenheiros ingleses, que
desenvolveram a técnica e o material correspondente para substituição da cabeça de fêmur,
que consistia em uma esfera metálica aplicada à ponta de uma haste – utilizada como
componente femoral – que se encaixava no interior do fêmur, o qual possui um canal oco que
permite essa inserção.
A fixação no acetábulo foi conduzida através do posicionamento de uma peça de plástico –
denominada componente acetabular – onde se articulava a cabeça metálica, sendo ambos os
componentes fixados ao osso com cimento ósseo - metilmetacrilato.
Ainda de acordo com Canella (2009), através do sucesso dessa empreitada, inúmeros estudos
passaram a ser conduzidos, o que suscitou uma série de novas técnicas e tipos de próteses,
mostrando a evolução da qualidade desse material, além de ser determinante na diminuição do
tempo cirúrgico, dos riscos anestésicos e no aumento da durabilidade das próteses.
De acordo com Alencar e Abagge (2008), o paciente que irá receber a artroplastia deve estar
hospitalizado e ter uma série de exames complementares. O tempo de cirurgia costuma ser
estimado em um total de três horas, sendo que, logo após os procedimentos, o paciente deve
permanecer na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), por pelo menos 24 horas.
Conforme Kisner e Colby (2005, p. 476), para a submissão à cirurgia de artroplastia total do
quadril, são necessárias as seguintes indicações:
7. Indicações e contra-indicações
Para Opitz (1994), as principais indicações para a intervenção de artroplastia total são para
pacientes que padecem de patologias articulares degenerativas, artrite reumatóide destrutiva e
em alguns casos de artrite pós-traumática. A substituição total para artrite pós-traumática se
limita atualmente apenas a quadril, joelho, polegar, ombro e cotovelo. Barbosa e Nascimento
(2001) acrescentam a este rol os casos de fratura de quadril e colo de fêmur.
Quanto às contra-indicações, Opitz (1994) afirma a restrição em pacientes com artrite séptica
recente, paralisia da articulação a ser substituída e doença articular neuropática. As contra-
indicações relativas se encontram em pacientes com osteoporose grave e alterações
ligamentares graves e incorrigíveis sobre a articulação e outras alterações fisiológicas e
psicológicas significantes.
8. Complicações
Apesar da artroplastia total do quadril ser considerada um sucesso em pelo menos 95% dos
casos, Canella (2009) refere que alguns incidentes podem ocorrer, seja durante os
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Segundo descreve ainda Padilha (2002), a prótese cimentada consiste na utilização de cimento
ósseo para fixação do componente acetabular na bacia e a parte femoral no fêmur, sendo a
mais conhecida a de Charnley, onde o acetábulo é confeccionado com polietileno de alta
densidade e a parte femoral é feita de liga metálica cobalto-cromo-titânio, recomendada
particularmente para pacientes com idades mais avançadas.
Em relação à prótese não-cimentada, caracteriza-se pela fixação de suas partes - acetábulo e
componente femoral - diretamente na superfície óssea, sem a utilização de cimento, sendo
indicada para pessoas mais jovens, com boa qualidade óssea.
A prótese híbrida, explicada por Santos (2004), é aquela onde o componente acetabular é
fixado à bacia através de parafusos, sendo o componente femoral fixado com cimento ao
fêmur, recomendada para pacientes com até 75 anos de idade.
Também na explicitação do autor acima, as próteses uni e bi-polares são utilizadas em
pacientes idosos, com fratura do colo do fêmur e que necessitam sair do leito o mais
precocemente possível.
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Por sua vez, Padilha (2002) considera que as endo-próteses são utilizadas para a substituição
de grandes segmentos ósseos, como no caso de um tumor que comprometa a parte superior do
fêmur.
Também refere que as próteses em copa estão em desuso, sendo utilizadas eventualmente em
pacientes com fratura de acetábulo em péssimas condições de saúde, pois uma prótese total
necessita de maior tempo cirúrgico e anestésico, dificilmente suportado por esse tipo de
paciente.
Segundo Santos (2004), novas próteses têm surgido no mercado para atender às pessoas mais
jovens que, por diversas razões, precisam fazer uma artroplastia, e precisam ser aperfeiçoadas,
pois o organismo tem reações celulares às pequenas partículas que são liberadas pelo encaixe
plástico (polietileno) ou pelas partículas de metal ou do próprio cimento ortopédico que foi
usado para fixação. Todos esses produtos causam reação óssea tipo osteoporose, que deixa a
prótese frouxa, causa dores ou quebra o osso.
De acordo com Kisner e Colby (2005), alguns pacientes podem beneficiar-se de um programa
de exercícios a longo prazo, mesmo depois de retornar ao nível completo de atividade
funcional. No intuito de prolongar a vida da prótese, em particular em pacientes que ainda não
entraram na faixa dos 50 aos 60 anos, recomenda-se a abstenção de esportes e atividades
recreativas de alto impacto.
No geral, verifica-se na literatura uma unanimidade quanto ao fato do tratamento
fisioterapêutico iniciar-se ainda nas fases precoces pós-operatórias, principalmente no sentido
de evitar o que Zinni e Pussi (2003) denominam de “síndrome do imobilismo”, registrando
que, quando o idoso fica imobilizado em função da queda, fratura e intervenção cirúrgica, o
repouso pode beneficiar a região afetada, mas seu prolongamento pode prejudicar outros
sistemas orgânicos.
Complicações como as que afetam o sistema cardiorrespiratório, vascular, endócrino,
gastrointestinais, urinário, muscular, esquelético e neurológico já foram referidas no capítulo
anterior. Para a prevenção e/ou tratamento destas, a intervenção fisioterapêutica é considerada
como indispensável (SANTOS, 2004).
Guardadas as devidas proporções, a literatura aponta três tipos de procedimentos relacionados
a treinamentos de exercícios resistidos que podem ser aplicados a pessoas que passaram por
intervenções cirúrgicas do tipo artroplastia total, como visto a seguir. Ressalte-se, todavia, que
o tratamento isométrico costuma ser mais indicado para essas situações.
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12. Metodologia
Como procedimento metodológico adotado para a elaboração desse artigo, optou-se pela
revisão literária não sistemática, a partir da seleção de autores que contemplam a temática,
apresentados em obras editoradas e artigos extraídos do banco de dados de publicações de
caráter científico, disponíveis ao domínio público. Os descritores utilizados para pesquisas em
obras indexadas foram: idosos, fratura de quadril, fratura de colo de fêmur, artroplastia,
fisioterapia pós-artroplastia.
Barrie (2000) sintetiza os objetivos fisioterapêuticos que podem ser aplicados em idosos
sujeitos a riscos de queda, a saber: melhorar a capacidade do indivíduo para resistir às
ameaças ao seu equilíbrio; aumentar a segurança deste indivíduo em seu ambiente; e
recuperar a confiança do idoso e das pessoas cuidadoras deste, no que diz respeito a sua
capacidade de se locomover da maneira mais segura e eficaz em seu ambiente.
Em outro enfoque, Apley (1999) afirma que o fisioterapeuta pode auxiliar ao idoso,
possibilitando a este o aumento da estabilidade postural e do equilíbrio. Ao nível hospitalar,
encontra-se certa limitação quanto à disponibilidade de tempo, portanto, o autor acima
recomenda que o fisioterapeuta se dedique aos movimentos e as atividades nas quais o
paciente deseja adquirir maior estabilidade, aplicando os princípios da especificidade e da
sobrecarga que regem a fisiologia do esforço. A intensidade do regime de exercícios deve ser
a maior que o paciente puder tolerar, no que diz respeito ao número de repetições por sessão e
de sessões por dia.
Nesse sentido, a atuação em nível hospitalar pode se dar no auxílio do idoso debilitado quanto
à melhora de sua capacidade para:
a) Ficar em pé sem apoio ou apenas com um mínimo de apoio, progredindo daí para a
capacidade de manter-se em pé enquanto abrir cintos e botões, de procurar objetos colocados
em prateleiras cada vez mais altas ou pegar objetos do assento de uma cadeira ou do piso;
b) Opor-se às perturbações do equilíbrio, dando passos compensadores em resposta a um
empurrão leve contra o esterno ou contra a face lateral da pelve;
c) Andar firmemente - sem ajuda de terceiros - na maior distância necessária dentro da própria
residência – deve-se insistir, inclusive, na amplitude do passo. O treinamento deve começar
pela menor distância que o paciente se considera capaz de vencer;
d) Virar-se no mesmo ponto, dando número cada vez menor de passos, quatro a seis no
máximo.
No trabalho visando ao equilíbrio corporal, Alencar e Abbage (2008) recomendam o trabalho
com o idoso, através de atividades de transferência de peso de um lado para o outro, de
preferência marchando sobre uma esteira de equilíbrio, além da aplicação de exercícios de
agilidade e manobras com obstáculos.
Quanto ao restabelecimento da confiança, Papaléo Neo (2000) indica que os programas
educacionais e de tratamento devem inspirar sentimentos de auto-eficácia no paciente idoso,
de modo a restabelecer sua confiança na própria capacidade para dar conta da situação. Mas
também é preciso diminuir o receio de queda e o medo de não conseguir levantar-se. Desta
forma, pode-se aumentar a segurança durante a marcha e reduzir o risco de queda.
Para Simões (2009), a abordagem para esses casos pode ser combinada, ou seja, de forma
psicológica e fisioterapêutica. É importante que o fisioterapeuta escolha uma tarefa que não
ultrapasse a competência do cliente, e depois dela ter sido realizada com êxito, o cliente deve
ser animado a reconhecer o próprio desempenho e a sua competência afetiva.
Além disso, a orientação fisioterapêutica pode incluir o manejo dos dispositivos auxiliares
para a melhora da marcha comprometida. Como indica Apley (1999), são três as categorias de
dispositivos deambulatórios auxiliares: bengalas, muletas, e andadores. Esses artefatos podem
ser prescritos para a prevenção ou tratamento de problemas relativos a equilíbrio, dor, fadiga,
fraqueza, instabilidade articular e carga esquelética excessiva. A função principal desses
dispositivos é de eliminar a carga de modo parcial ou completo, sobre um segmento corpóreo,
e isto se da pela transmissão da força dos membros superiores até o piso, pela pressão dirigida
para baixo e exercida sobre o dispositivo auxiliar.
Quanto aos fatores de ordem ambiental – extrínsecos – Zinni e Pussi (2003) recomendam
especial atenção quanto a:
a) Mobiliário: arrumar os móveis de forma que os caminhos não fiquem obstruídos; evitar
corredores atravancados ajuda a mobilidade de pessoas com visão periférica comprometida;
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cadeiras e mesas instáveis precisam ser suficientemente estáveis para suportar o peso da
pessoa apoiada sobre as bordas de mesa ou encosto e braços das cadeiras, uma vez que
pessoas com comprometimento de equilíbrio usam a mobília como apoio;
b) Cozinha: manter os itens usados frequentemente ao nível da cintura; instalar prateleiras e
armários a uma altura acessível reduz o risco de cair por causa de tentar alcançar ou subir em
escadas ou cadeiras instáveis; evitar cadeiras com rodas; consertar pernas frouxas de cadeiras;
instalar mesa com pernas resistentes de boa altura; evitar mesa sobre tripés ou pedestais, uma
vez que pessoas com comprometimento da marcha freqüentemente usam a mesa como apoio;
c) Banheiro: instalar faixas antiderrapantes ou capacho de borracha; usar chinelos para
chuveiro ou cadeiras para banho evita escorregar na banheira molhada; fixar grades de apoio
em pinos na parede próximo ao vaso sanitário ajuda a transferência para o vaso sanitário e
dele para outro local; usar assento sanitário elevado ajuda a transferência para o vaso sanitário
e para fora dele;
d) Portas e fechaduras: evitar fechaduras nas portas do banheiro ou usar apenas as que podem
ser abertas dos dois lados da porta permite o acesso de outras pessoas no caso de ocorrer uma
queda;
e) Iluminação: instalar iluminação adequada no topo e na base da escada; luzes noturnas ou
faixas adesivas coloridas podem ser usadas para assinalar claramente os degraus; definir a
localização dos degraus, especialmente para pessoas com comprometimento de visão ou da
percepção.
13. Conclusão
No Brasil, a população acima dos 60 anos de idade vem crescendo mais rapidamente que o
restante da população, o que promove o aumento significativo do número de idosos, sendo
este crescimento o mais acelerado do mundo.
Diante deste crescimento, surgem várias consequências sociais, culturais e epidemiológicas
que prejudicam a qualidade de vida do idoso. O envelhecimento tem como característica
marcante a dependência nas atividades da vida diária. Por isso, a dependência nas atividades
básicas da vida além de ser objetivada por todos os idosos, é um importante indicador do
estado de saúde e também da qualidade de vida dos idosos.
A manutenção do equilíbrio, da postura e da marcha sofre declínio natural com o processo de
envelhecimento, e acaba sendo um dos fatores responsáveis pelas quedas, prejudicando a
independência do idoso. As quedas frequentes na população idosa por consequências da perda
do equilíbrio têm sido atribuídas à diminuição da estabilidade do corpo.
São considerados fatores de risco intrínsecos que predispõem às quedas: diminuição da força
e da massa muscular, o sedentarismo, as deformidades dos pés, o efeito colateral de
medicamentos, distúrbios cardiovasculares, neurológicos, pulmonares e endócrino-
metabólicos.
Como fatores extrínsecos, tem-se: ambiente, iluminação inadequada, pisos escorregadios,
degraus altos e calçados inadequados, podendo ser responsáveis por até metade de todas as
quedas em idosos.
A possibilidade de queda e a instabilidade postural predispõem o idoso a limitar suas
atividades. Entre as lesões físicas, as mais temidas são as fraturas, sendo que a fratura do colo
de fêmur e quadril representam as principais causas de hospitalização aguda por queda.
Cerca de 50% dos idosos que sofrem este tipo de fratura falecem dentro de um ano e a metade
dos que sobrevivem ficam totalmente dependente dos cuidados de outras pessoas. Estas
fraturas ocorrem mais em mulheres, não só por possuírem uma maior expectativa de vida
mais principalmente devido à osteoporose que é mais proporcionada neste sexo.
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