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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 4

1 ESPORTE X LESÕES ......................................................................................... 5

1.1 Lesões nos esportes coletivos ....................................................................... 6

2 LESÕES MUSCULARES .................................................................................... 7

2.1 Lesão Muscular X Mecanismos ..................................................................... 9

2.1.1 Classificação ......................................................................................... 11

2.1.2 Contusão ............................................................................................... 14

2.1.3 Ruptura Muscular .................................................................................. 16

2.2 Estiramento Muscular .................................................................................. 17

2.3 Cãibra .......................................................................................................... 20

3 TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO DAS LESÕES MUSCULARES ............ 21

3.1 Fase aguda .................................................................................................. 22

3.2 Pós-fase aguda X Tratamento ..................................................................... 23

3.3 Ultrassom .................................................................................................... 24

4 LESÕES ARTICULARES .................................................................................. 25

4.1 Tornozelo X entorses................................................................................... 25

4.2 As entorses e sua classificação ................................................................... 26

4.3 Mecanismo de inversão ............................................................................... 27

4.4 Prevenção ................................................................................................... 29

4.5 Tratamento .................................................................................................. 31

5 LESÕES DE JOELHO ....................................................................................... 34

5.1 Anatomofisiologia do joelho e a articulação femorotibial ............................. 34

5.1.1 Patelofemoral ........................................................................................ 35

5.1.2 Ligamentos ............................................................................................ 36

5.1.3 A articulação femorotibial e seus ligamentos ......................................... 36


5.1.4 Periféricos .............................................................................................. 37

5.2 Casos agudos .............................................................................................. 38

5.3 Patela fraturada ........................................................................................... 42

5.4 Tendinopatia patelar .................................................................................... 44

5.5 Tratamento conservador .............................................................................. 46

5.6 Tratamento fisioterápico .............................................................................. 47

5.7 Eletroterapia ................................................................................................ 47

5.8 Mobilidades da patela .................................................................................. 48

5.9 Crioterapia ................................................................................................... 48

5.10 Fortalecimento .......................................................................................... 49

6 ESPORTES X LESÕES DA COLUNA VERTEBRAL........................................ 49

6.1 Instabilidades da coluna cervical ................................................................. 52

6.2 Apofisite da coluna toracolombar................................................................. 53

6.3 Espondilólise traumática .............................................................................. 53

6.4 Lesões da coluna lombar em atletas ........................................................... 54

6.5 Diagnóstico diferencial................................................................................. 55

6.6 Lesões de tecidos moles ............................................................................. 57

7 FISIOTERAPIA E PREVENÇÃO DE LESÕES ESPORTIVAS .......................... 58

8 BIBLIOGRAFIA ................................................................................................. 64
INTRODUÇÃO

Prezado aluno,

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da


sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se
levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que
seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado.
O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos
ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as
perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe
convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e
prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

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1 ESPORTE X LESÕES

Fonte: fisioterapiamanual.com.br

O esporte está difundido em nossas vidas desde a antiguidade. Algumas modalidades


eram convenientes para a sobrevivência humana, como caça e a corrida. Outras eram mais
úteis para a elaboração de táticas de guerra, como as lutas. Porém, atualmente a prática
desportiva vai além da objetividade da ascensão física, podendo englobar lazer, saúde,
prazer e socialização interpessoal. Contudo, é considerável salientar que apesar de todos
os benefícios que a prática esportiva pode proporcionar, também traz associado o risco de
lesões (ATALAIA, 2009).
De acordo com o Conselho da Europa, lesão desportiva é toda patologia traumática
adquirida durante um jogo ou prática desportiva, causando uma ou mais das seguintes
condições: redução da atividade, necessidade de tratamento ou aconselhamento médico
e/ou consequências negativas do ponto de vista econômico e social. Usualmente, os estudos
sobre os mecanismos de lesões consideram apenas sete os fatores que podem
desencadear uma lesão desportiva: contato físico, sobrecarga dinâmica, excesso de uso ou
sobrecarga, vulnerabilidade estrutural, falta de flexibilidade, desequilíbrio muscular e
crescimento exacerbado (aplicado apenas a crianças e adolescentes). Sendo o contato
físico e o excesso de uso os principais fatores das lesões desportivas atualmente (FALCÃO,
2010).

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1.1 Lesões nos esportes coletivos

Tais lesões são classificadas a partir de diferentes critérios, como: localização, lado
do corpo, tipo e gravidade. As lesões podem ser caracterizadas em lesões de crônicas e
agudas. Lesões crônicas são aquelas causadas por esforço repetitivo de baixo impacto,
geralmente sendo observadas em atletas de natação, ciclismo e maratonistas. Já as lesões
agudas são originadas por um esforço repentino, onde a energia imposta é maior que a
capacidade de resistência do tecido. Lesões agudas estão presentes comumente durante
partidas de futebol, lutas, ginástica olímpica e levantamento de peso (CARVALHO, 2011).
Outros tipos de caracterização das lesões são de acordo ao seu grau anatômico.
Caracterizando-se em lesões articulares, lesões musculares e lesões ósseas. Lesões
articulares podem englobar: entorses, luxações, rompimento de ligamentos e rupturas de
menisco. Compreende as lesões musculares: câimbra, distensões, contusões e contratura.
E nas lesões ósseas podemos incluir as fraturas (CARVALHO, 2011). Sabe-se que nos
esportes coletivos o contato físico é inevitável e que lesões fazem parte da prática esportiva,
seja ela amadora ou profissional.

As lesões são em sua maioria de base muscular e diferentemente dos indivíduos que
praticam esportes por lazer ou saúde, os atletas de alto rendimento estão mais
suscetíveis a essas lesões, sendo quase inevitável a presença de inúmeras lesões
durante sua vida atlética. As lesões que se constatam na prática esportiva podem ser
reduzidas tanto em sua frequência, quando em sua gravidade se as devidas
precauções forem tomadas pela equipe médica ou até mesmo pelo próprio indivíduo.
É possível prevenir inúmeras lesões e acidentes se os fatores que as acompanham
forem estudados previamente (ATALAIA, 2009. Apud CARVALHO, 2011).

Toda atividade física gera uma sobrecarga em algum ponto do aparelho locomotor e
o aumento da prática esportiva também provoca um aumento considerável na incidência de
lesões. Além disso, a busca pela evidência e pelo sucesso impõe aos atletas necessária e
inevitável condição de serem submetidos a esforços físicos e psíquicos muito próximos dos
seus limites fisiológicos que os expõem a uma faixa de atividade potencialmente patológica
e resulta em alto número de lesões esportivas. O futebol é a maior causa de lesões em
atletas no mundo e essas são responsáveis por 50% a 60% de todas as lesões esportivas
na Europa (CARVALHO, 2013).
Dentre todos os traumas físicos tratados em hospitais europeus, entre 3,5% e 10%
são causados pelo futebol. Além disso, a idade tem sido um fator importante nos estudos de
exposição a fatores de risco de lesões, uma vez que se observa um número maior de lesões
nos adultos em relação a atletas jovens. Raramente as equipes de formação de atletas
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apresentam profissionais da saúde atuando diretamente na avaliação de fatores de risco e
reabilitação de lesões, bem como poucos trabalhos têm investigado a incidência de lesões
nesses atletas (CARVALHO, 2013).

2 LESÕES MUSCULARES

Fonte: esteticderm.com.br

A formação de atletas para o esporte de rendimento é dependente de um processo


organizado em longo prazo, que demanda enorme investimento financeiro e de tempo. Tal
processo constitui-se por um conjunto de recursos (instalações, contratação de profissionais
qualificados, alimentação, viagens, competições, tratamentos médicos, etc.) que são
propiciados por investimentos financeiros e que objetivam culminar em atletas que atinjam
bons resultados esportivos e consequentemente gerem benefícios econômicos futuros aos
clubes que detêm seus direitos (BANDEIRA et al., 2014).
Procura-se minimizar gastos para que se obtenha uma maior margem de lucro na
futura negociação dos direitos deste atleta. Lesões musculares são muito comuns e
costumam afastar os atletas da prática esportiva, o que obviamente, torna-se um transtorno
e gera gastos aos clubes. Esportes como futebol e rúgbi caracterizam-se por serem
atividades intermitentes de longa duração, com intensidade de exercício variável e ações
diversas: chutes, lançamentos de bola, tackles (fundamento técnico utilizado no rúgbi com a
intenção de derrubar e impedir o avanço do adversário que está com a posse da bola), saltos,
giros, fortes contrações para manutenção do equilíbrio, etc (BANDEIRA et al., 2014).

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Quando há um alongamento do músculo, concomitante à geração de tensão, esta
ação muscular é denominada ação excêntrica. Esses esportes envolvem, portanto, enorme
quantidade de ações de contrações excêntricas que causam alterações morfológicas nas
fibras musculares. O alto impacto das colisões, agregado à sobrecarga funcional de
intensidade e duração, pode causar lesões teciduais estruturais e como resposta do
organismo, ocorre a inflamação de fibras musculares. Disso resultam rupturas das estruturas
citoesqueléticas, causando alterações morfológicas e bioquímicas nas fibras musculares
tanto por causa das lesões nas fibras quanto pelo posterior processo inflamatório
(BANDEIRA et al., 2014).
Quando a lesão muscular ocorre, há uma variação térmica no local comprometido,
gerando um acréscimo da temperatura local, causado pelo aumento do fluxo sanguíneo nas
proximidades da área afetada, fazendo supor que estes pontos podem ser avaliados através
da mensuração da temperatura. Alguns estudos têm mostrado que este aumento de
temperatura sugere a utilização da termografia como método auxiliar de diagnóstico de
lesão. A termografia é um método não invasivo e sem contato utilizado para registrar padrões
térmicos corporais, utilizada para captar o calor emitido pelo corpo ou partes deste, e,
portanto, pode ser utilizado como diagnóstico de lesões causadas pelo treinamento ou
esporte (BANDEIRA et al., 2014).
A análise de imagens infravermelhas como diagnóstico tem como vantagens: baixo
custo; técnica não-invasiva; indolor; sem contato; não-intrusiva; sem radiação ionizante;
inócua; disponibilizar as temperaturas de uma superfície em imagens de tempo real;
possibilitar a localização da lesão e ser capaz de demonstrar mudanças metabólicas e
fisiológicas através de um exame funcional, e não estritamente dos detalhes anatômicos
como em outros métodos de análise. Existem diversos métodos para análise e diagnóstico
de lesões musculares causadas pela atividade física (BANDEIRA et al., 2014).
Medição da atividade de enzimas plasmáticas (por exemplo: creatina quinase (CK),
lactato desidrogenase (LDH), troponina I e mioglobina, registro da ação voluntária máxima,
aquisição de respostas subjetivas de dor por meio de escala de percepção, ressonância
magnética, ultrassonografia, tomografia, eletromiografia de superfície, termografia e amostra
do músculo são alguns dos métodos utilizados. A CK é uma enzima que catalisa reações
com transferência de energia com fosforilação reversível da creatina. Geralmente, esta
enzima está confinada no interior das células e sua concentração sérica é muito baixa. A

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atividade plasmática da CK depende tanto da prática de atividades físicas quanto de
algumas patologias (por exemplo: infarto do miocárdio) (BANDEIRA et al., 2014).
A CK vem sendo utilizada como biomarcador e parece ser um dos melhores
indicadores de lesão tecidual após o exercício. A CK tem sido utilizada como marcador de
lesão muscular em diversas pesquisas. Após danos nas fibras musculares causadas pelo
exercício intenso e exaustivo, ocorre a liberação da CK na corrente sanguínea, ocasionando
um aumento considerável em sua concentração sérica. Uma grande quantidade sérica da
CK sugere que ocorreu algum tipo de dano tecidual nessas células e permite, indiretamente,
determinar o grau de agressão causado pelo exercício (BANDEIRA et al., 2014).

2.1 Lesão Muscular X Mecanismos

Fonte: tudotimao.com.br

As fibras musculares geralmente surgem do osso ou tecido conjuntivo denso e se


ligam a outros ossos por meio da fixação de tendões. Existem músculos que cruzam uma
ou mais articulações para criar movimento.

Os músculos com função tônica ou postural geralmente são uni articulares, largos,
planos, com velocidade de contração baixa e com capacidade de geração e
manutenção de força contrátil grande. Geralmente estão localizados nos
compartimentos mais profundos (FERNANDES, PEDRINELLI, HERNANDEZ, 2011).

Os músculos biarticulares possuem menor resistência mediante à tensão, pois a


velocidade de contração bem como maior capacidade para mudança de comprimento,
contudo, estão localizados em compartimentos superficiais, que permitem os músculos

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fusiformes bem como uma maior amplitude de movimento, enquanto que os músculos
penados têm maior força contrátil.
O comprimento da fibra é um fator importante que determina o número de contrações
possíveis no músculo. Como as fibras musculares geralmente têm uma distribuição angular
no abdome muscular, elas geralmente são mais curtas que o comprimento total do músculo.
(FERNANDES, PEDRINELLI, HERNANDEZ, 2011).
As lesões musculares podem ocorrer por diversos mecanismos, seja por trauma
direto, laceração ou isquemia. Após a lesão, inicia-se a regeneração muscular, com uma
reação inflamatória, entre 6 e 24 horas após o trauma. O processo de cicatrização inicia-se
cerca de três dias após a lesão, com estabilização em duas semanas. A restauração
completa pode levar de 15 a 60 dias para se concretizar. As principais causas de lesão são:
o treinamento físico inadequado, a retração muscular acentuada, desidratação, nutrição
inadequada e a temperatura ambiente desfavorável (FERNANDES, PEDRINELLI,
HERNANDEZ, 2011).
As lesões musculares podem ser classificadas em quatro graus: grau 1 é uma lesão
com ruptura de poucas fibras musculares, mantendo-se intacta a fáscia muscular; grau 2 é
uma lesão de um moderado número de fibras, também com a fáscia muscular intacta; lesão
grau 3 é a lesão de muitas fibras acompanhada de lesão parcial da fáscia; grau 4 é a lesão
completa do músculo e da fáscia (ou seja, ruptura da junção músculo-tendínea. A lesão
muscular por estiramento pode ocorrer nas contrações concêntricas ou excêntricas, sendo
muito mais comum nesta última, com a falha frequentemente ocorrendo na junção
miotendíneas (FERNANDES, PEDRINELLI, HERNANDEZ, 2011).
O diagnóstico é realizado pelo exame clínico, em que se percebe a nítida impotência
funcional e pelos exames complementares que podem auxiliar também no tratamento e na
prevenção de novas lesões. Exames laboratoriais, como de Sódio, Potássio, Cálcio, Fosfato,
Magnésio, VHS, podem ser úteis em determinadas situações, a critério do médico. Na
suspeita de uma doença da tireoide, em que podem ocorrer lesões musculares de repetição,
pode se solicitar exames de marcadores desta glândula (FERNANDES, PEDRINELLI,
HERNANDEZ, 2011).
Na suspeita de lesões ósseas, como avulsões, os exames radiográficos podem ser
úteis. A Ultrassonografia, a Tomografia e a Ressonância Magnética também podem ser
consideradas para auxiliar no diagnóstico e tratamento, tendo em vista que a correta

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localização anatômica da lesão é fundamental para o tratamento e previsão de retorno ao
esporte (FERNANDES, PEDRINELLI, HERNANDEZ, 2011).
As lesões musculares por trauma direto são mais comuns em esportes de contato ou
em quedas (algum tipo de impacto), como as contusões ou lacerações. As lesões indiretas,
como os estiramentos, ocorrem principalmente em esportes que exigem grande potência
muscular, como o ciclismo (e mountain bike) e a corrida. O estiramento muscular ocorre
quando o músculo é exigido além da força que suas fibras podem gerar, geralmente em
movimentos de desaceleração ou por traumas repetitivos (stress) (FERNANDES,
PEDRINELLI, HERNANDEZ, 2011).

Fonte: portalcbncampinas.com.br

Existem grupos musculares mais propensos à lesão, como os músculos posteriores


da coxa, o gastrocnêmico (um dos músculos da panturrilha), os adutores do quadril
(musculatura interna da coxa) e o reto femoral (uma das porções do quadríceps). Após a
lesão, inicia-se a regeneração muscular, com uma reação inflamatória, entre 6 e 24 horas
após o trauma. O processo de cicatrização inicia-se cerca de três dias após a lesão, com
estabilização em duas semanas. A restauração completa pode levar de 15 a 60 dias para
se concretizar (FERNANDES, PEDRINELLI, HERNANDEZ, 2011).

2.1.1 Classificação

Quanto a atual classificação das lesões musculares, observa-se uma separação entre
as lesões leve, moderada e grave a partir dos aspectos clínicos revelados, por exemplo:
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Estiramentos e contusões leves (grau I)
Representam uma lesão de apenas algumas fibras musculares com pequeno edema e
desconforto, acompanhadas de nenhuma ou mínima perda de força e restrição de
movimentos. Não é possível palpar-se qualquer defeito muscular durante a contração
muscular. Apesar de a dor não causar incapacidade funcional significativa, a manutenção
do atleta em atividade não é recomendada devido ao grande risco de aumentar a extensão
da lesão (FERNANDES, PEDRINELLI, HERNANDEZ, 2011).
Estiramentos e contusões moderadas (grau II)
Provocam um dano maior ao músculo com evidente perda de função (habilidade para
contrair). É possível palpar-se um pequeno defeito muscular, ou gap, no sítio da lesão, e
ocorre a formação de um discreto hematoma local com eventual ecmose dentro de dois a
três dias. A evolução para a cicatrização costuma durar de duas a três semanas e, ao
redor de um mês, o paciente pode retornar à atividade física de forma lenta e cuidadosa.
Uma lesão estendendo-se por toda a sessão transversa do músculo e resultando em
virtualmente completa perda de função muscular e dor intensa é determinada como
estiramento ou contusão grave (grau III) (FERNANDES, PEDRINELLI, HERNANDEZ,
2011).

A falha da estrutura muscular é óbvia e o hematoma geralmente é extenso, muitas


vezes localizado longe do local da ruptura. Este tempo de cicatrização da ferida varia de
quatro a seis semanas. Esse tipo de lesão requer reabilitação intensa e de longo prazo de
até três a quatro meses.
Os pacientes ainda podem ter algum grau de dor por muitos meses após a lesão
ocorrer e ser tratada. O que distingue a cicatrização da lesão muscular da cicatrização óssea
é que o processo de reparo ocorre no músculo, enquanto no tecido ósseo ocorre a
regeneração. (FERNANDES, PEDRINELLI, HERNANDEZ, 2011).
A cicatrização musculoesquelética segue uma sequência contínua, sem grandes
alterações dependendo da causa (contração, tensão ou ruptura). Três etapas foram
identificadas neste processo: demolição, reparo e remodelação. As duas últimas etapas
(reparo e remodelação) se sobrepõem e estão intimamente relacionadas. (FERNANDES,
PEDRINELLI, HERNANDEZ, 2011).

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Fase 1: destruição
Caracterizada pela ruptura e posterior necrose das miofibrilas, pela formação do
hematoma no espaço formado entre o músculo roto e pela proliferação de células
inflamatórias.
Fase 2: reparo e remodelação
Consiste na fagocitose do tecido necrótico, na regeneração das miofibrilas e na produção
concomitante do tecido cicatricial conectivo, assim como a neoformação vascular e
crescimento neural.
Fase 3: remodelação
Período de maturação das miofibrilas regeneradas, de contração e de reorganização do
tecido cicatricial e da recuperação da capacidade funcional muscular.

Como as miofibrilas são fusiformes e muito alongadas, existe o risco de que a necrose
que começa no local da lesão se estenda por todo o comprimento da fibra. No entanto, existe
uma estrutura específica, chamada de banda de contração, que é uma condensação de
matéria celular que atua como um “sistema anti fogo”.
Passada a fase de destruição, o reparo do dano muscular na verdade começa com
dois processos simultâneos e simultâneos: a remodelação da miofibrila fraturada e a
formação do tecido conjuntivo cicatricial. A progressão equilibrada desses processos é um
pré-requisito para a restauração ideal da função contrátil do músculo. (FERNANDES,
PEDRINELLI, HERNANDEZ, 2011).

Fonte: hzm.com.br

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Embora as miofibrilas sejam geralmente consideradas não mitóticas, a capacidade
regenerativa do músculo esquelético é assegurada por um mecanismo intrínseco que
restaura o aparelho contrátil lesionado. Durante o desenvolvimento embrionário, uma
reserva de células indiferenciadas, denominadas células satélites, é armazenada sob a
camada basal de cada miofibrila. Em resposta à lesão, essas células primeiro proliferam,
diferenciam-se em miofibrilas e, finalmente, unem-se para formar miotúbulos
multinucleados. (FERNANDES, PEDRINELLI, HERNANDEZ, 2011).
Com o tempo, a cicatriz que se forma diminuirá de tamanho, fazendo com que as
bordas da lesão fiquem mais próximas umas das outras. No entanto, não se sabe se as
miofibrilas em lados opostos da cicatriz se fundirão permanentemente ou se um septo de
tecido conjuntivo se formará entre elas. Imediatamente após uma lesão muscular, o espaço
que se forma entre as fibras musculares rompidas é preenchido com um hematoma.
Desde o primeiro dia, as células inflamatórias, incluindo a fagocitose, entram no
hematoma e começam a organizar o coágulo. A fibrina e a fibronectina derivadas do sangue
se intercalam para formar tecido granulomatoso, um arcabouço primário e ponto de
ancoragem para fibroblastos selecionados. Mais importante, este tecido recém-formado
fornece a propriedade de estiramento inicial para neutralizar as contrações aplicadas contra
ele. (FERNANDES, PEDRINELLI, HERNANDEZ, 2011).
Cerca de 10 dias após a lesão, a cicatriz amadurece a ponto de deixar de ser o local
da lesão do músculo mais delicado. Embora a maioria das lesões musculoesqueléticas cure
sem a formação de calo fibroso, a proliferação de fibroblastos pode ser excessiva, resultando
na formação de tecido cicatricial denso dentro da lesão muscular.
Um processo importante para a regeneração do músculo lesado é a área vascular. A
restauração do suprimento da parede vascular é o primeiro sinal de regeneração e a
premissa para posterior recuperação morfológica e funcional. (FERNANDES, PEDRINELLI,
HERNANDEZ, 2011).

2.1.2 Contusão

A contusão muscular é uma lesão comum em modalidades coletivas e de contato,


sendo ocasionadas em decorrência a trauma direto local. Estas lesões, apesar de menos
comum, também ocorrem em esportes individuais. Os músculos mais comumente atingidos
são o quadríceps e gastrocnêmico, podendo também ocorrer em qualquer outro músculo.
Após a ocorrência do trauma, ocorre um processo inflamatório imediato, havendo edema,
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presença ou não de hematoma, dor localizada, impotência funcional com limitação da força
e da mobilidade articular, dor ao alongamento passivo e rigidez. Nos casos se contusão
muscular, a mesma pode ser classificada apenas com relação à restrição da mobilidade
articular apresentada, podendo ser leve ou grave (ROCCHI, 2013).
Nos casos de contusão leve, há diminuição de menos de um terço da mobilidade
articular normal ao redor da lesão. Nos casos de contusão grave, há diminuição de mais de
um terço da mobilidade articular ao redor da lesão. Outra classificação para as contusões
musculares, aplicada a lesões quadriciptais, foi proposta por Jackson e Feagin, na qual
fatores como a intensidade da dor, amplitude de movimentos e variações da marcha são
avaliados. Nos casos de contusão leve, a dor é localizada, a amplitude de movimentos é
maior do que 90°, a marcha é normal e o paciente é capaz de balançar o joelho (ROCCHI,
2013).
Nos casos de contusão moderada, a dor e edema são moderados, a amplitude de
movimentos está entre 45° e 90°, a marcha é antálgica, há impotência ao subir escadas e
ao se levantar de uma cadeira sem dor. Nos casos de contusão grave, a dor e o edema são
intensos, a amplitude de movimentos articular é menor do que 45°, a marcha é antálgica
(com o uso de muletas para deambular), além de haver dor no joelho ipsilateral. O hematoma
poderá ser intermuscular ou intramuscular. Nos casos de hematoma intermuscular, o sangue
apresenta contato com a fáscia muscular e septos intermusculares. Nos casos de hematoma
intramuscular, o sangue não extravasa a substância muscular (ROCCHI, 2013).

Fonte: buzzero.com.br

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Os casos de hematoma intramuscular não mais susceptíveis a complicações, e são
mais difíceis de serem resolvidos, podendo implicar em miosites ossificante e retrações
cicatriciais. Pode haver casos mais graves, mais raros, podendo ocorrer sangramento difuso,
o qual evolui, rapidamente, para um quadro de síndrome compartimental, necessitando
então de descompressão cirúrgica de urgência.
Das complicações nos casos de contusão muscular grave, a miosite ossificante é a
mais frequente, havendo uma ossificação dos tecidos moles ao nível da lesão, perceptível,
radiologicamente, no período de 2 a 4 semanas. Este tipo de complicação pode ocorrer em
até 20% dos casos de lesão quadriciptal, podendo simular, radiograficamente, tumores
ósseos e de partes moles, havendo, geralmente, reabsorção da lesão (ROCCHI, 2013).

2.1.3 Ruptura Muscular

É uma lesão de qualquer massa muscular, como consequência, em geral, de falta de


sinergismo entre a atividade dos músculos agonistas e antagonistas, de uma contração
violenta do músculo sobrepondo-se à sua capacidade contráctil, ou, menos frequente,
devida a uma contusão seguida de uma contração violenta de defesa. A ruptura pode ser
mais ou menos grave conforme a extensão de feixes afetados. Considera-se que os fatores
a seguir mencionados predispõem para este tipo de lesões: Biótipo do desportista (os
brevilíneo musculares e tônicos são os mais afetados). Inatividade prolongada. Execução de
exercícios intensos sem prévio e adequado aquecimento. Fadiga muscular (ROCCHI, 2013).
Sinais: No momento em que se produz a ruptura, o lesionado sente uma dor intensa
que abranda com o repouso e volta a aparecer quando se contrai novamente o músculo
lesionado. Pouco tempo depois aparece um inchaço devido ao hematoma produzido,
acompanhado de derrame sanguíneo (equimose). Tudo isso acarreta uma impotência, em
maior ou menor grau, do músculo afetado. Comportamento a seguir (Prevenção): Ter em
atenção aos atletas com dores musculares localizadas. Começar, sempre, qualquer sessão
ou competição com um aquecimento (geral e específico) adequado. Ter em atenção o
aparecimento da fadiga muscular (diminuir a intensidade ou terminar os exercícios)
(ROCCHI, 2013).

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2.2 Estiramento Muscular

O estiramento muscular é um dos tipos de lesão mais frequente e comum que ocorre
nos membros inferiores. Nestes casos, há um período de afastamento das atividades
esportivas por um período significativo, havendo limitação funcional, dor e redução do
rendimento esportivo. Há a possibilidade de recidiva da lesão, sendo este fato comum em
atletas. Este tipo de lesão é considerado uma lesão indireta, na qual há o alongamento
excessivo das fibras musculares, além dos limites fisiológicos, bem como pode decorrer de
uma contração muscular excêntrica ou concêntrica brusca (ROCCHI, 2013).
Nas contrações musculares excêntricas, o alongamento gradual das fibras
musculares em decorrência da força muscular é de menor intensidade que a resistência
oferecida ao músculo. Os esportes que mais causam este tipo de lesão são os que
demandam aceleração rápida, desaceleração, saltar, chutar e que necessitam de mudanças
bruscas de direção e rotações.
Dentro destas atividades, sobressaem-se o atletismo e o futebol. A musculatura mais
comumente acometida é biarticular e tem predomínio de fibras do tipo II (fibras de contração
rápida), como os músculos tríceps sural, quadríceps femoral e os isquiotibiais, sendo que a
localização mais frequente é na junção miotendíneas, em sua porção distal (ROCCHI, 2013).

Fonte: drmarcelotostes.com

A ocorrência de estiramentos no ventre muscular é menos comum, mas não rara.


Dentre os músculos mais acometidos, o bíceps femoral, o semimembranoso e o
semitendinoso possuem lugar de destaque, uma vez que são músculos biarticulares,
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realizam movimentos combinados da extensão do quadril, flexão e rotação do joelho. Estes
músculos, durante a corrida, possuem a função de frenagem, através da sua contração
excêntrica. Neste movimento, há a predisposição para o surgimento do estiramento
muscular, uma vez que a tensão gerada neste tipo de ação é muito maior do que em
movimentos de contração concêntrica, favorecendo o surgimento deste tipo de lesão
(ROCCHI, 2013).
O estiramento do iliopsoas, por sua vez, ocorre em casos de contrações de grande
intensidade do referido músculo, em que a coxa esteja imóvel ou durante a extensão forçada
do quadril. Seu reflexo é uma sensação de sensibilidade aumentada na região inguinal e
desconforto profundo. Em jovens, este tipo de lesão pode implicar em fratura do trocanter
menor. Nos casos de estiramento muscular dos adutores do quadril, há a realização de
movimentos de contração intensa de adução do quadril, adução forçada ou rotação externa
com o membro inferior abduzido. Este tipo de lesão também é comum em movimentos de
contração excêntrica, sendo o adutor longo o músculo mais acometido. Já na perna, os
músculos mais acometidos são, por ordem de frequência, o gastrocnêmico medial (mais
acometido), gastrocnêmico lateral e sóleo (ROCCHI, 2013).
A capacidade de gerar uma resposta inflamatória aguda em decorrência a uma lesão
muscular se dá devido ao fato de o tecido muscular ser um tecido bem vascularizado. Nesse
interim, conforme o grau da lesão sofrida, maior ou menor é o sangramento resultante da
lesão. A intensidade do sangramento fica condicionada à quantidade de fibras lesadas.
Quanto maior o número de fibras lesadas, maior é o sangramento e, quanto menor o número
de fibras acometidas, menor é o sangramento. Quando a quantidade de fibras lesadas é
pequena, a intensidade do sangramento é pequena, não ocorrendo acúmulo, formando o
que se chama de equimose, à qual é mais visível no tecido celular subcutâneo (ROCCHI,
2013).
Quando a quantidade de fibras lesadas é maior, a intensidade do sangramento é
maior, formando o que se chama de hematoma, o qual geralmente se localiza no ventre
muscular lesado. A classificação dos estiramentos musculares leva em conta a gravidade
das lesões, dividindo-as de acordo como número e a extensão das fibras lesionadas. As
lesões de primeiro grau são as que acometem uma pequena quantidade de fibras. Nesses
casos, a dor é em um ponto específico, havendo danos estruturais mínimos e hemorragia
pequena. A resolução, nesses casos, é rápida. As lesões de segundo grau possuem os

18
mesmos achados das lesões de primeiro grau, com a diferença que a intensidade é maior
(ROCCHI, 2013).
Nesses casos, a lesão geralmente ocorre na junção miotendíneas. Há dor de maior
intensidade, hemorragia moderada, diminuição da função e processo inflamatório local,
podendo a lesão ser palpável. A sua resolução é mais lenta, uma vez que a gravidade da
lesão e o número de fibras acometidas é maior. As lesões de terceiro grau apresentam uma
ruptura completa do músculo, havendo perda completa da função do referido músculo, bem
como a lesão se torna palpável, com defeito estrutural local. Apesar da dor ser variada, a
hemorragia e o edema são grandes (ROCCHI, 2013).
Em lesões de primeiro e segundo graus, a dor geralmente se localiza no local da
lesão, sendo provocada pela contração ativa do músculo lesionado ou por alongamento
passivo do mesmo. Em lesões de terceiro grau, o músculo é totalmente incapaz de produzir
qualquer contração ou produzir força, uma vez que há a separação total de suas fibras.
Nestes casos, há a tentativa de compensar o músculo lesionado com a utilização de outros
grupamentos musculares. Conforme a localização do músculo lesionado, a equimose,
hematoma e o edema podem ser visíveis, surgindo geralmente distais ao local da lesão, em
decorrência da força da gravidade (ROCCHI, 2013).
Além de serem também palpáveis, as lesões de terceiro grau podem ser visíveis à
inspeção. A gênese das lesões musculares está associada, dentre outros fatores, a lesões
prévias e à fadiga muscular. Com a realização de treinamentos específicos, a ocorrência
destas lesões tem tido a sua frequência diminuída. Também há que se ressaltar a
importância do alongamento muscular prévio à atividade física, bem como o aquecimento
muscular, com o intuito de minimizar a ocorrência deste tipo de lesão (ROCCHI, 2013).

19
2.3 Cãibra

Fonte: drcarlosmattos.com.br

Trata-se de uma fasciculação de um determinado grupo muscular (ou associação dos


mesmos), ondo há a sua contração, de modo desordenado. Esta contração ocorre devido a
uma descarga de alta frequência direcionada para as fibras musculares, havendo uma
contração muscular intensa, implicando no encurtamento do músculo acometido. As cãibras
podem ocorrer durante a realização de atividade física, no repouso ou enquanto a pessoa
dorme. Mais frequentemente ocorrem durante a atividade física e após a mesma. O músculo
mais comumente afetado é o gastrocnêmio (ROCCHI, 2013).
A etiologia das cãibras é incerta, contudo, algumas teorias tentam explicar a sua
origem. É sabido que as cãibras estão associadas a alguns fatores que não possuem relação
com o exercício ou o esporte, como o suor e a diurese excessiva (implicam em
hiponatremia), como na insuficiência renal aguda e em pacientes que realizam hemodiálise.
Níveis séricos baixos de magnésio e cálcio também podem estar relacionados com o início
dos seus sintomas. Também é sabido que as cãibras podem ser prontamente interrompidas
e solucionadas com a contração ativa da musculatura antagonista do músculo acometido,
bem como com o alongamento passivo da musculatura que apresentar cãibras (ROCCHI,
2013).
Mesmo após a resolução do quadro de cãibra, a musculatura pode se mostrar
fasciculado por alguns minutos. A ocorrência de cãibras durante a atividade física, apesar
de permanecer de causa incerta e controversa, aparentemente possui explicação através da
hipótese de desidratação, da fadiga muscular e da ocorrência de distúrbios eletrolíticos. A
20
realização de hidratação pré-atividade física parece ser a melhor forma de prevenir a
ocorrência de cãibras (ROCCHI, 2013).

3 TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO DAS LESÕES MUSCULARES

Fonte:imagem.band.com.br

As diretrizes atuais para o tratamento de lesões musculares carecem de uma base


científica sólida. A motilidade prematura induz vascularização local ao nível da área lesada,
melhor remodelação das fibras musculares e melhor paralelismo entre as orientações das
miofibrilas regeneradas em relação à restrição do movimento.
No entanto, novas lacerações no local original da lesão são comuns se o movimento
ativo for iniciado logo após a lesão. A imobilização de curto prazo é recomendada com fita
adesiva forte ou similar. Este período de descanso permite que o tecido cicatricial se
reconecte com o músculo danificado. (ROCCHI, 2013).
O objetivo do tratamento das lesões musculares é a redução do quadro álgico e do
processo inflamatório local, a redução do espasmo muscular, auxiliar na regeneração e
reparação tecidual muscular, recuperar a flexibilidade e função contrátil da fibra muscular,
minimizar a chance de novas lesões e dar condições de retorno ao esporte. Para a realização
do correto tratamento da lesão muscular, primeiramente deve-se evitar que a lesão sofrida
possa aumentar, o que pode ocorrer caso haja um aumento da resposta inflamatória ou caso
o paciente realize exercícios não recomendados (ROCCHI, 2013).

21
Nesse modo, as primeiras 24 horas após a lesão são de importância fundamental no
processo de recuperação da lesão muscular. Quando há a mobilização precoce (logo após
três ou quatro dias da lesão), de modo passivo, há a propensão para o aumento da
vascularização no sítio da lesão, melhorando a regeneração das fibras musculares
lesionadas e induzindo a um maior paralelismo na orientação das fibras regeneradas quando
comparado em casos em que há a restrição de movimentos.
Nesse mesmo período de tratamento, caso a mobilização ocorra de modo ativo, a
chance de novas rupturas musculares no mesmo local da lesão é maior, bem como a
mobilização precoce pode causar um aumento do tecido cicatricial, dificultando a passagem
dos capilares (ROCCHI, 2013).
Desse modo, está indicada a imobilização com enfaixamento firme no local da lesão,
o que permite que o tecido cicatricial se conecte novamente à falha muscular apresentada,
bem como o uso de braces para mantar a imobilização. Contudo, a imobilização não deve
ser prolongada, uma vez que pode implicar em rigidez articular e hipotonia da musculatura
acometida. Também está indicada a utilização de duas muletas (em casos de lesão nos
membros inferiores), pelo período aproximado de três a sete dias, em casos de lesões
musculares com maior gravidade (ROCCHI, 2013).

3.1 Fase aguda

O tratamento rápido de lesões no músculo esquelético ou em qualquer tecido mole é


conhecido como princípio PRICE Proteção, Repouso, Gelo ou Ice, Compressão e Elevação.
O uso do princípio PRICE se justifica pelo fato de que essas cinco medidas objetivam
minimizar o sangramento do sítio da lesão, de forma que se coloca o membro lesionado em
repouso logo após o trauma, de forma a previnir uma retração muscular tardia ou formação
de um gap muscular maior por se reduzir o tamanho do hematoma e, subsequentemente, o
tamanho do tecido conectivo cicatricial (ROCCHI, 2013).

Com relação ao uso do gelo, mostrou-se que o uso precoce de crioterapia está
associado a um hematoma significativamente menor no gap das fibras musculares
rompidas, menor inflamação e regeneração acelerada. De acordo com os
conhecimentos atuais, é recomendada a combinação do uso de gelo e compressão
por turnos de 15 a 20 minutos, repetidos entre intervalos de 30 a 60 minutos, visto
que este tipo de protocolo resulta em 3º a 7ºC de decaimento da temperatura
intramuscular e a 50% de redução do fluxo sanguíneo intramuscular. Finalmente, a

22
elevação do membro acima do nível do coração resulta na diminuição da pressão
hidrostática, reduzindo o acúmulo de líquido no espaço intersticial (ROCCHI, 2013).

Passado o período de imobilização, que é de aproximadamente três a quatro dias,


inicia-se a mobilização do grupamento muscular lesionado. Esta mobilização deve ser de
modo passivo, sempre precedida por aquecimento e alongamento suave da musculatura.
Conforme dito anteriormente, a mobilização precoce ira favorecer o crescimento de novos
vasos capilares, melhorando a regeneração e a organização das células musculares
(ROCCHI, 2013).

3.2 Pós-fase aguda X Tratamento

Fonte: esportealternativo.com.br

No tratamento da fase pós-aguda pode ser observado 3 tipos:

Treinamento isométrico
Contração muscular em que o comprimento do músculo se mantém constante e a tensão
muda pode ser iniciado sem o uso de pesos e posteriormente com o acréscimo deles.
Especial atenção deve ser tomada para garantir que todos os exercícios isométricos sejam
realizados sem dor.
Treinamento isotônico

23
Contração muscular em que o tamanho do músculo muda e a tensão se mantém pode ser
iniciado quando o treino isométrico for realizado sem dor com cargas resistidas.
O exercício isocinético
Com carga mínima pode ser iniciado uma vez que os dois exercícios anteriores sejam
realizados sem dor.

Na fase pós-aguda utiliza-se aplicar a denominada "terapia de contraste" (quente e


frio) que, juntamente com o alongamento passivo e ativo do músculo afetado pode ser útil,
devendo qualquer atividade de reabilitação ser iniciada pelo aquecimento adequado do
músculo lesado.

Outra razão para o alongamento é distender o tecido cicatricial maduro durante a


fase em que ele ainda é plástico. Alongamentos da cicatriz sem dor podem ser
adquiridos por estiramentos graduais, começando com turnos de 10 a 15 segundos
e, então, progredindo para períodos de até um minuto (ROCCHI, 2013).

No entanto, se os sintomas decorrentes da lesão não melhorarem entre três e cinco


dias após a lesão, a possibilidade de hematoma intramuscular ou lesão tecidual extensa
deve ser considerada, exigindo atenção especial. Uma punção ou aspiração do hematoma
pode ser necessária (ROCCHI, 2013).

3.3 Ultrassom

Para ROCCHI (2013) o ultrassom terapêutico é amplamente recomendado e utilizado


no tratamento de lesões musculares, apesar das vagas evidências científicas de sua
eficácia. O fato de as ondas ultrassônicas produzirem micromassagens de alta frequência
parece ter um efeito analgésico.

24
4 LESÕES ARTICULARES

Fonte: domtotal.com.br

4.1 Tornozelo X entorses

Em relação a entorse de tornozelo é uma das lesões musculoesqueléticas agudas


mais comuns em trabalhadores. Observou-se que a articulação do tornozelo (talocrural) é
uma articulação sinovial sustentada por um disco rígido em sua estrutura, incluindo a tíbia e
o fibroma.

O tornozelo, junto com a articulação talocalcânea, é suportado medialmente pelo


ligamento deltoide (ou ligamento colateral medial) e lateralmente pelos ligamentos
talofibular anterior e posterior e calcaneofibular (KISNER, 2005).

Silva (2011) menciona que o mecanismo por inversão responsável por 70% a 85%
dos casos de articulações mais lesionada na vida diária bem como nas atividades esportivas,
é o tornozelo, o qual é:

O mecanismo de entorse lateral de tornozelo é relatado quando há supinação


excessiva do retropé combinado com rotação externa da tíbia no início do contato do
pé com o solo durante a marcha, corrida ou salto. Acredita-se que as lesões nas
estruturas relacionadas ao sistema sensório-motor presentes no tornozelo seja uma
das principais causas de recorrência das lesões em inversão. A classificação de
entorse de tornozelo é baseada no exame clínico da área afetada e divide a lesão
em três tipos: grau 1- estiramento ligamentar; grau 2- lesão ligamentar parcial e grau
3- lesão ligamentar total (RODRIGUES, 2009. Apud MEURER, 2010).

25
Observa Cardoso (2005) que a maioria das lesões de tornozelo especialmente nos
casos dos esportistas, ou atletas, ocorrem no momento da aterrissagem de um salto, quer
seja após um bloqueio ou ataque, o que torna comum a necessidade de se observar o uso
de medidas profiláticas pelos atletas, tais medidas são conhecidas como tornozeleiras,
enfaixamentos e órteses, as quais tem por função evitar lesões de tornozelo.
Podendo as medidas citadas anteriormente serem usadas em qualquer estágio da
reabilitação especialmente quando se tratar da prevenção de entorses de tornozelo em
atletas saudáveis (SACCO, 2004).
Quantos às lesões, em primeiro lugar se encontra a entorse de tornozelo (30%), de
forma que a entorse de tornozelo é a lesão aguda mais comumente encontrada no voleibol,
com incidência variando entre 15 a 60%.
Destarte o tratamento da entorse de tornozelo é baseado na grande maioria dos casos
no método PRICE proteção, repouso, gelo, compressão e elevação, em alguns casos mais
graves o tratamento é geralmente cirúrgico, podendo ainda optar pelo tratamento
farmacológico, ou seja, por meio da imobilização e da cinesioterapia.
Para Sacco (2004) o objetivo de tratamento dessa lesão é que resulte ao retorno das
atividades diárias, dentro de um curto período de tempo, assim, a utilização de implementos
para o tornozelo, que tem por foco a prevenção são importantes, buscando assim evitar que
ocorra uma nova lesão.
Destaca-se ainda de acordo com os estudos de Sousa (2004), que entre os desportos
que mais causam lesão aos seus praticantes, levando-os a necessidade de procura uma
clínica médica, destacam-se:
 O futebol,
 O voleibol e
 O basquetebol, todos coletivos.

4.2 As entorses e sua classificação

Quanto as entorses Pacheco (2005) as classifica de acordo com a intensidade do


trauma em:

26
Grau I ou leve
A integridade de quase todas fibras ligamentares é mantida. Encontra-se pequena reação
vasomotora, caracterizada, geralmente, pelo edema. Há presença de dor leve na fase
aguda.
Grau II ou moderado
Há presença de hematoma e edema de maior dimensão, devido a uma maior lesão
vascular. Pelo teste de gaveta anterior, verifica-se pequena instabilidade quando a
articulação é submetida ao exame sob estresse.
Grau III ou grave
Apresenta-se com dor intensa, há grande área de ruptura de vasos mostrando edema
importante, hematoma de grande extensão e, ainda, tumefação na articulação do
tornozelo. Ocorre instabilidade radiológica por estresse de grande abertura, e pode haver
avulsões ósseas.
Fonte: PACHECO, 2005.

Ainda de acordo com o autor supracitado, no caso de teste de gaveta anterior, é


possível que se verifique a ocorrência de grande instabilidade, pois a ruptura das estruturas
capsulo ligamentares é completa, o que pode ser comprovado por artrografia devido ao
extravasamento de líquido para as regiões onde, ele não deve ser encontrado normalmente.
Quando já se encontra neste grau, o tratamento é geralmente cirúrgico (PACHECO, 2005).

4.3 Mecanismo de inversão

Fonte: ortopediamaterdei.com
27
De acordo Baroni (2010) o denominado mecanismo de inversão se dá nos casos, de
acordo com a severidade da lesão, assim para que ocorra o mecanismo de inversão foi
classificado três graus: o prognóstico e protocolo de tratamento.
Já para Suda (2009) o mecanismo mais comum de lesão é o complexo do tornozelo
supino, que ocorre quando o complexo articular apresenta inversão excessiva, espasticidade
e inversão exagerada do membro afetado.
Em uma entorse retrógrada, o trauma na espinha bífida anterior, na fáscia anterior,
no ligamento cartilaginoso e na espinha bífida posterior pode resultar em dor intensa,
diminuição da amplitude de movimento e função prejudicada.

O mecanismo de lesão para a entorse em inversão pode ocorrer durante a


deambulação, corrida, especialmente em terrenos irregulares, ou após aterrissar de
um salto ou queda caindo com o peso do corpo sobre o pé invertido. (GARRICK e
WEBB, 2001).

De acordo com Silva (2011) a lesão aguda reversível é aquela que resulta em danos
às estruturas laterais do tornozelo, incluindo ainda danos aos ligamentos laterais, a cápsula
subcondral e meniscal e o nervo superficial.
Observa-se ainda que estas alterações são de grande importância quando se trata de
um significado clínico, ou seja, a instabilidade funcional, onde a sensação de deslocamento
e lesões recorrentes pode ser observada em 15% dos casos após entorse primária.

Após um trauma, os ligamentos do tornozelo podem ficar distendidos ou rompidos.


O tipo mais comum de entorse é causado por uma sobrecarga em inversão e pode
resultar em laceração parcial ou completa do ligamento talofibular posterior (TFP); o
ligamento talofibular posterior (TFP) é rompido apenas com sobrecargas intensas em
inversão. Se os ligamentos tibiofibulares inferiores são rompidos após uma
sobrecarga no tornozelo, o encaixe torna-se instável. Sabe-se ainda que
aproximadamente 80% dos indivíduos apresentam lesão recorrente do tornozelo
após o primeiro episódio da entorse, e que a entorse responsável pela instabilidade
acontece quando ocorre a lesão combinada do ligamento talofibular anterior e o
calcâneo fibular (KISNER, 2005. Apud LUSTOSA, 2011).

Ainda segundo Dutton (2007) o trauma pode ser considerado micro ou macro trauma.
Uma vez que a maioria das entorses de tornozelo ocorre no momento em que o pé é
flexionado, revertido e adicionado.
Vale ressaltar que o mesmo mecanismo pode levar a condições mais graves, como
fraturas da clavícula ou do colo da unha.
Não obstante o mecanismo de reversão ocorre em altas velocidades, o que em muitos
casos não permite que o músculo responda a tempo de estabilizar a articulação, o que pode
28
causar uma sobrecarga contrária do complexo ligamentar lateral, afetando principalmente
os músculos fibular curto e fibular longo. Com esta estria, pode haver alterações na sensação
devido ao trauma e instabilidade da articulação. (MEURER, 2010).

4.4 Prevenção

Existem algumas formas de prevenir, ou seja, buscar evitar lesões no tornozelo, como
por exemplo o uso de medidas profiláticas pelos atletas, como tornozeleiras, bandagens e
talas. Tais medidas podem ser utilizadas em qualquer fase da reabilitação ou para prevenir
entorses em atletas saudáveis.
Segundo Cardoso (2005) outros meios de prevenção de entorses de tornozelo são:
tipos de calçados, curativos, talas de tornozelo e treinamento de atletas sensíveis.

As órteses de tornozelo têm principal objetivo promover um suporte externo adicional


aos ligamentos e músculos à articulação. Em uma investigação biomecânica sobre a
estabilidade do tornozelo com órtese (brace), verificou-se um aumento do torque da
articulação do tornozelo, neutralizando o movimento de inversão e mantendo a
articulação em uma posição anatômica apropriada, com melhor contato entre as
superfícies articulares. As órteses de tornozelo podem ser classificadas em: lace-up
(constituída de um material flexível, como couro, e de cadarços para melhor fixação),
stirrup (com dois apoios laterais constituídos de material plástico) e elástico
(CARDOSO, 2005).

Fonte: drgustavoarliani.com.br

29
Têm sido desenvolvidas, e bastante utilizada em atletas com o objetivo de prevenir a
recorrência da entorse, a bandagem funcional de tornozelo, devido à alta prevalência de
entorses de tornozelo como estratégias de prevenção.

O efeito das bandagens do tornozelo na entrada sensorial do sistema nervoso


central, na atividade do músculo do fundo do olho e na prevenção de movimentos
excessivos do tornozelo associados à limitação da inversão é importante na
prevenção de entorses. (MEURER, 2010).

Anjos (2009) menciona o uso das bandagens funcionais, conforme supracitado, que
são frequentemente utilizados com o fim de evitar a ocorrência da lesão, ainda, outras
medidas preventivas, como por exemplo o uso de estabilizadores dinâmicos de tornozelo –
EDT.
Ainda de acordo com o autor supracitado, as bandagens funcionais de tornozelo
demonstraram ser eficazes na redução do movimento de inversão, estudos mostram ainda
que a eficácia da fita diminui de forma rápida juntamente com o exercício, de 12 a 50% a
lesão, após os primeiros 10 minutos de uso.

Sendo assim, o uso do EDT promove maior estabilidade durante maior período de
tempo, torna-o um recurso profilático mais eficiente. Este tipo de suporte tem sido
preferido em detrimento da bandagem funcional, pois, ao contrário desta, o EDT não
perde seu poder de restrição de movimento após a atividade de salto vertical, além
de ser fácil aplicação, menos irritante para a pele e pode ser neutralizado (ANJOS,
2009).

A análise biomecânica indica ainda que bandagens e órteses podem limitar a


amplitude de movimento, especialmente inversão e inversão do pé, embora possam
aumentar o estresse mecânico longitudinal.
Mas deve-se levar em consideração que a estabilidade mecânica diminui
significativamente após um curto período de treinamento, principalmente relacionado ao
gelo.
Propõe-se que a intervenção fisioterapêutica precoce em jovens atletas possa ser
uma solução potencial para corrigir a postura das alterações observadas, bem como fornecer
orientação postural. (BELANGERO, 2010).

Tais medidas poderiam diminuir o risco da incidência de lesões decorrentes de


alterações posturais e também realizar reabilitação adequada após a lesão,
diminuindo assim o tempo de afastamento do jogador da prática esportiva e
melhorando o desempenho da equipe como um todo. Quando o paciente estiver
envolvido em atividades esportivas, o tornozelo deverá ser imobilizado com tala, faixa
ou bandagem, e deverão ser usados calçados apropriados para proteger o ligamento
de uma nova lesão (KISNER, 2005). É importante ressaltar que a bandagem, logo

30
que aplicada, tem efeito por tempo determinado e tudo depende do local de aplicação
e qual atividade está sendo exigida com a aplicabilidade desta bandagem (RIBEIRO,
2003. apud. MEURER, 2010).

4.5 Tratamento

Após uma avaliação minuciosa do paciente, por meio da qual irá obter todas as
informações possíveis para que se possa determinar um plano de tratamento seguro e eficaz
ocorre o tratamento.
Não obstante, tais informações do mecanismo devem incluir quando, onde e como a
lesão ocorreu, de forma que os detalhes do mecanismo da lesão permitem ao fisioterapeuta
tirar conclusões em relação ao estado da doença e suas estruturas associadas, embora
deva ser observado que a memória do mecanismo do paciente muitas vezes não coincide
com as das estruturas lesionadas. (DUTTON, 2007).
Dutton (2007) ressalta que é importante lembrar que a apresentação clínica das
fraturas menores pode ser semelhante à de uma entorse de tornozelo e que muitas vezes
essas fraturas passam despercebidas no exame inicial.
Embora alguns casos mais graves tenham indicações cirúrgicas controversas, a
grande maioria é tratada conservadoramente como PRICE proteção, repouso, gelo,
compressão e elevação, tratamento farmacológico (por exemplo, anti-inflamatórios não
esteroides), imobilização e fisioterapia (BARONI, 2010).

Fonte: ortopedistasaoluis.com.br

31
Por meio do examine do tornozelo antes que ocorra efusão celular, buscando
minimizar o edema, devendo assim fazer o uso da compressão, elevação e gelo, devendo o
tornozelo ser imobilizado na posição neutra ou em leve dorsiflexão e eversão. Além de
instruir o paciente:

Ensinar ao paciente a importância do repouso, do gelo, da compressão e da


elevação, e aplicação de gelo a cada duas horas nas primeiras 24 a 48 horas; ensinar
o apoio de peso parcial com muletas para diminuir a sobrecarga da deambulação;
ensinar técnicas isométricas e flexões ativas dos artelhos para ajudar a manter a
integridade muscular e assistir à circulação (KISNER, 2005).

Segundo Thomson; Skinner e Piercy (1994) no caso de entorses leves elas podem
ser tratadas com bandagem elástica, onde, lesões mais graves requerem compressão e em
casos de lesões mais graves o paciente deve descansar o membro, e ainda, realizar
exercícios de conversão do tornozelo além de usar muletas.
Além de se utilizar do treinamento avançado de inclinação que deve começar o mais
rápido possível, cujo objetivo é melhorar o equilíbrio bem como o controle neuromuscular do
tornozelo.
Ressalta-se que o tratamento de uma lesão ligamentar do tornozelo possui como
objetivo restaurar a atividade (esporte/trabalho), além de aliviar a dor, o inchaço e não
desestabilizar a articulação.
Onde o tratamento inicial para qualquer tipo de lesão inclui três dias de repouso, bem
como aplicação de gelo local, acompanhada de elevação do membro afetado e ainda
proteção da articulação com imobilizador ou gesso.
Para Rodrigues (2009) em caso de lesões menores, deve-se tratar sintomaticamente,
com imobilização contínua até que os sintomas melhorem, o que pode durar de uma a duas
semanas, de forma que caso os sintomas agudos desaparecerem, continue a proteger o
ligamento envolvido por meio do uso de uma tala de sustentação de peso.

Aplicar massagem transversa nos ligamentos conforme a tolerância; usar técnicas


de mobilização articular grau II para manter a mobilidade da articulação; ensinar ao
paciente exercícios para serem feitos dentro da tolerância dos tecidos pelo menos
três vezes ao dia. Progredir para alongamentos com apoio de peso quando a
recuperação do paciente permitir; à medida que o edema diminui e a tolerância ao
apoio de peso aumenta, progredir exercícios de fortalecimento, resistência à fadiga
e estabilização; incluir resistência isométrica para os fibulares, bicicleta ergométrica
e exercícios na prancha de equilíbrio com apoio de peso parcial a completo (KISNER,
2005. apud. RODRIGUES, 2009).

32
Ainda Segundo Kisner (2005) durante a fase de retorno à função, você deve realizar
exercícios de resistência que adicionam resistência elástica ao movimento das pernas
enquanto está sentado com os joelhos estendidos (não acorrentados) e os calcanhares no
chão para que os pés fiquem apoiados.
Se você tiver uma, deve usar resistência isocinética e terapia progressiva de equilíbrio
e estabilidade para estabilizar o tornozelo, sobre uma prancha de balanço, de oscilação ou
deslizante.
Dependendo do objetivo final da reabilitação, o treinamento deve ser feito por meio
de atividades de sustentação de peso no tornozelo, como caminhada, corrida leve e corrida,
e atividades rápidas, agilidade controlada, como virar, mudar de direção e deslocar o peso
para o lado. (KISNER, 2005).

Garrick e Webb (2001) expressam que a imobilização das entorses de grau I e II


somente compromete ainda mais os movimentos e causa atrofia, por desuso, nos
músculos envolvidos. Porém o emprego de uma tala pode ser necessário para o
prosseguimento das atividades rotineiras, mas a tala deve ser retirada várias vezes
ao longo do dia para que os exercícios apropriados sejam realizados. Segundo
Moreira & Antunes (2008) na fase de reeducação funcional o treino proprioceptivo
deve ser mantido indefinidamente. Restaura o reflexo antrocinético e é,
provavelmente, a medida isolada mais importante na redução do risco de recorrência
das entorses. (GARRICK e WEBB, 2001)

É importante realizar uma reabilitação adequada no caso de lesão ligamentar do


tornozelo de um atleta, buscando evitar a recorrência, pois isso pode gerar instabilidade
articular grave em caso de lesão caso ocorra entorses repetitivas, aumentando o tempo de
retorno desse atleta as atividades esportivas.

33
5 LESÕES DE JOELHO

Fonte: boladetenisdelivery.com

O trauma e suas consequências são responsáveis por até 80% dos distúrbios do
joelho. O sistema osteoligamentar é complexo e inelástico, muitas vezes sujeito a traumas
diretos e indiretos. Acidentes de carro e esportes são os principais culpados de várias lesões
na articulação do joelho.
Esse processo de pesquisa de lesões, que está em andamento, é um grande impulso
para o estudo da anatomia, fisiologia e biomecânica do joelho. A fim de encontrar um
tratamento eficaz, a normalidade das funções ligamentares e articulares está sendo cada
vez mais estudada. Portanto, este capítulo começa com uma revisão dos conceitos
anatômicos e biomecânicos do joelho. (CAMANHO, HERNANDEZ, 2016).

5.1 Anatomofisiologia do joelho e a articulação femorotibial

O sistema ósseo do joelho determina seu alinhamento e absorve as cargas axiais. O


terço distal do fêmur tem um ângulo de deslocamento porque a cabeça femoral se alinha
com o centro da articulação do joelho, respeitando o ângulo formado pelo colo do fêmur e
definindo o eixo mecânico da extremidade inferior.

34
O terço proximal da tíbia tem aspecto angular em varo, pois atua como uma haste fixa
em ambas as extremidades sujeita a compressão axial, deformação proximal e distal.
(CAMANHO, HERNANDEZ, 2016).
A articulação do femorotibial deve ficar paralela ao solo. Assim, desvios axiais
estruturais, quando ocorrerem, acentuarão a valva tibial anterior ou femoral. O fêmur e a
tíbia, próximos ao joelho, apresentam espinhos anterior, medial e lateral muito finos,
associados a uma grande massa esponjosa.
Essa estrutura, semelhante à do calcâneo, é muito eficiente na função de absorver e
distribuir a carga. No entanto, quando acometido por trauma, é muito difícil reconstruí-lo. A
articulação do fêmur com a tíbia é assimétrica, devido à desproporção dos ossos e, portanto,
instável. (CAMANHO, HERNANDEZ, 2016).
O espaço medial se forma a partir do sulco medial convexo do fêmur com o espaço
côndilo medial da tíbia. A cavidade lateral é o produto da fusão do canal lateral em forma de
bola do fêmur com o canal lateral convexo da tíbia. Esse complexo articular, embora instável,
permite que o joelho realize flexo-extensão combinada com rotação externa e interna.
Tal movimento ocorre pela estabilização do complexo medial, que funciona como eixo
de rotação, e pela extrema mobilidade do côndilo lateral esférico do fêmur, que corre, como
um limpador, côndilo lateral convexo da tíbia. (CAMANHO, HERNANDEZ, 2016).

5.1.1 Patelofemoral

A rótula é um osso de tração muito forte, por esse motivo, apenas 2/3 de sua
superfície possui superfícies articulares, o restante corresponde a áreas de compressão
muscular por tração. A superfície articular é multifacetada, com até sete aspectos descritos.
Isso ocorre porque a excursão ocorre em vários ângulos diferentes em sua relação com o
fêmur, mais devido ao arrasto do que à congruência articular. A articulação femoral, que é o
resultado de uma depressão entre os côndilos do fêmur (CAMANHO, HERNANDEZ, 2016).
A articulação patelofemoral possui ligamentos os quais a partir da descrição de
Warren e Marshall, em 1979, como o ligamento patelofemoral medial - LPFM, houve
mudança na compreensão da estabilidade da articulação patelofemoral.
Entretanto, após 1998, surgiram vários estudos voltados ao ligamento patelofemoral,
tais estudos demonstraram que ele é o principal responsável pela estabilização da patela.
O LPFM que possui origem na borda súpero-medial da patela e na inserção no
epicôndilo medial, é então o mais importante restritivo à lateralização da patela, e suas
35
relações com o músculo vasto medial explicam, a nosso ver, a importância desse músculo
no mecanismo de estabilização da articulação patelofemoral (CAMANHO, HERNANDEZ,
2016).

5.1.2 Ligamentos

Esse complexo articular, para se tornar eficiente e estável na transmissão das


atividades musculares, recebe diversas inserções musculares e inclui vários ligamentos. Os
músculos de inserção do joelho estão próximos ao fulcro do movimento, ou seja, a linha
articular, o que resulta em uma enorme desvantagem mecânica em termos de torque.
Essa restrição leva a uma massa muscular muito forte que movimenta a articulação,
determinada por sua ação, frequentemente com queixa de tendinite. O sistema ligamentar
deve ser entendido em conjunto, por sua função e não por sua descrição anatômica. Nesta
base, separam-se os ligamentos, na articulação femoral, a parede central, a periférica e os
ligamentos da articulação femoral. (CAMANHO, HERNANDEZ, 2016).

5.1.3 A articulação femorotibial e seus ligamentos

Fonte: isaem.net/lesões-do-ligamento-colateral-medial-cm

Segundo HERNANDEZ (2016) os ligamentos centrais englobam os ligamentos


cruzados anterior - LCA e posterior - LCP, que são os principais responsáveis pela
consolidação no sentido anteroposterior os quais auxiliam na estabilização medial e lateral.

36
Onde o LCA apresenta comportamento mecânico individualizado, sendo o responsável por
85% da estabilização anterior do joelho.
Já o LCP possui uma estrutura anatômica a que sugere a existência de dois
ligamentos que possuem duas diferentes estruturas, estando tensa em flexão e a outra, em
extensão (CAMANHO, HERNANDEZ, 2016).
Ademais o LCP possui a função de impedir a posteriorização da tíbia em relação ao
fêmur e, exerce um importante papel no mecanismo desacelerador e frenador do joelho, cuja
função estática é sinérgica, ou seja, à mesma função do quadríceps, que é o grande
desacelerador e frenador dinâmico do joelho.
Segundo Hernandez (1994), não existe diferença entre o comportamento mecânico
nas estruturas que compõem o LCP e o LCA em relação à resistência, à elasticidade, onde
o LCP é responsável por 95% da estabilização posterior do joelho (CAMANHO,
HERNANDEZ, 2016).

5.1.4 Periféricos

Para CAMANHO, HERNANDEZ (2016) os denominados periféricos são os principais


responsáveis pela estabilidade medial, lateral e rotacional pois auxiliam na estabilização
anteroposterior.
Sendo o complexo medial composto por dois folhetos: o superficial, que é mais
delgado, e o profundo, mais espesso, dividido em menisco femoral e menisco tibial. O folheto
superficial é mais elástico, podendo ocorrer lesão de um dos folhetos profundos, sem haver
trauma no superficial.

O complexo medial é reforçado no canto póstero medial pela inserção do músculo


semimembranáceo, que forma o ligamento poplíteo oblíquo posterior. O complexo
ligamentar lateral é resultado de o espessamento da cápsula articular, reforçada pela
fáscia lata e por um forte complexo ligamentar posterolateral. Esse complexo,
formado pelo ligamento colateral da fíbula, pelo tendão do músculo poplíteo e pelo
ligamento arqueado, tem a importante função de limitar a rotação externa da tíbia em
relação ao fêmur, além de, obviamente, ser um estabilizador lateral. Nessa região,
ocorrem muitas variações anatômicas (CAMANHO, HERNANDEZ, 2016).

Já o complexo ligamentar lateral é o principal restritivo secundário da estabilização


anterior e posterior do joelho e como estabilizador secundário, ele é responsável por 58%
da estabilidade anterior e por 64% da estabilidade posterior, de forma que unindo as
estruturas ligamentares, ajustando e auxiliando a distribuição de carga das estruturas
ósseas, há os meniscos.
37
Quanto ao menisco medial o que se observa é que ele segue o comportamento do
compartimento medial, porém ele é mais estável e menos móvel, no menisco lateral, à
similaridade do compartimento lateral, é mais móvel.
Para o autor mencionado anteriormente os meniscos funcionam de forma harmônica,
embora eles sejam independentes, o que faz com que essa estrutura tão complexa
possibilite a estabilização em qualquer grau de movimento, uma vez que este mecanismo
se trata do resultado da interação do sistema ligamentar estático com o sistema muscular
dinâmico.
Assim, existe uma certa simetria em todo o conjunto que foi representada no esquema
proposto por Nicholas (1973) (CAMANHO, HERNANDEZ, 2016).

5.2 Casos agudos

Fonte: vita.org.br

Um dos principais pontos do tratamento, na conduta terapêutica se trata do exame


clínico seguido da radiografia simples. A RMN, deve ser realizada, sempre que possível, nos
casos agudos, uma vez que ocorre que a incidência de lesões osteoarticulares é maior do
que a detectada pelos métodos convencionais.
Ademais no caso da entorse de joelho, sem hemartrose e sem sinal clínico de
instabilidade, deve ser realizado o exame radiográfico convencional, pois se trata de uma
lesão leve, sem comprometimento da estabilidade do joelho.
Conforme menciona Camanho, Hernandez (2016), utiliza-se o protocolo resumido na
palavra “PREGO”, por 16 a 21 dias que se trata da: Proteção por meio do uso de muletas;
38
Repouso, que se trata da ausência de esforço sobre a articulação; Exercícios, que devem
ser iniciados imediatamente após o trauma, para que ocorra a manutenção dos tônus
musculares; Gelo, que deverá ser ministrado em 3 a 4 sessões de 20 minutos, durante 3 a
4 dias, pois o gelo, nesse caso e ministrado dessa forma, tem a função de agir como
analgésico e anti-inflamatório; e por fim, Observação, ela se trata do acompanhamento do
paciente, pois é por meio da observação que irá ser observado e relatado, os sinais clínicos
que podem se tornar positivos durante a evolução, após cessar o espasmo da musculatura
(CAMANHO, HERNANDEZ, 2016).
Outro motivo para que haja o acompanhamento dos pacientes, é o fato de que
aproximadamente metade das lesões agudas do LCA não produz hemartrose. Assim a
entorse de joelho com hemartrose e sem sinais clínicos de instabilidade, requer a realização
de exame radiográfico convencional.
Pois se sabe que 75% das hemartroses indicam lesão do LCA, associada, na metade
dos casos, com lesão meniscal ou osteocondral.
Camanho, Hernandez (2016) elucidam que alguns estudos que tinham por objetivo
determinar a evolução para instabilidade anterior, a partir da lesão isolada do LCA, indicam
como fatores de risco:
Atividade esportiva
Os pacientes em atividade esportiva evoluíram duas vezes mais para instabilidade anterior
do que aqueles que praticavam esportes de forma esporádica.
Intercôndilo estreito
Dividindo-se a medida de abertura do Intercôndilo (a qual é determinada por radiografia
que possibilite a visualização do túnel intercondilar) pela largura dos côndilos (definida no
nível da inserção do músculo poplíteo), obtém-se o índice intercondilar de Souryat e
colaboradores (apud Rezende et al., 1994). Nos pacientes com índices menores de 0,2, a
possibilidade de evolução para instabilidade anterior, a partir da lesão isolada do LCA, é
muito maior.
Varismo do joelho
Noyes, Barber e Simon (1993) determinaram que portadores de lesão do LCA e varismo
evoluem com maior frequência para instabilidade anterior.
Fonte: CAMANHO, HERNANDEZ (2016)

39
Assim, considerando-se tais fatores e o acompanhamento clínico indicação ou não de
tratamento cirúrgico ou de análise por artroscopia ou RMN deve ser feit, e, nos casos
submetidos a artroscopia, poderá se utilizar um critério mais preciso de indicação ou não
para a reparação das lesões de LCA.

Abdalla (1994) demonstrou que os portadores de lesão do LCA com extensa lesão
da membrana sinovial têm possibilidade muito maior de evoluir para instabilidade
anterior. De qualquer forma, para os portadores dessas lesões, a conduta inicial é o
protocolo PREGO, e, nos casos selecionados (ABDALLA, 1994. apud. CAMANHO,
HERNANDEZ, 2016).

Assim, conforme já citado anteriormente em casos de entorse do joelho com sinais


clínicos de instabilidade medial ou lateral, sem hemartrose, deverá ser realizado o exame
radiográfico convencional, e, nos pacientes afetados, ocorre lesão moderada dos complexos
ligamentares periféricos, sem comprometimento dos componentes centrais. É indicado o
protocolo PREGO por 21 dias (CAMANHO, HERNANDEZ, 2016).

Fonte: isioterapia.com.br

Entorse do joelho com sinais clínicos de instabilidade em varo ou valgo, com


hemartrose
Exame radiográfico em busca de sinais de fratura ou de afundamento do platô tibial. O
tratamento das fraturas do platô tibial será abordado mais adiante neste capítulo
(CAMANHO, HERNANDEZ, 2016).
Entorse do joelho com hemartrose e sinal clínico de instabilidade anterior

40
Exame radiográfico convencional. Nos pacientes com tal condição, há sinais de lesão do
LCA já com instabilidade manifestada. São indicados o protocolo PREGO por 21 dias e a
reconstrução do LCA, com base na técnica que será descrita mais adiante (CAMANHO,
HERNANDEZ, 2016).
Entorse do joelho com ou sem hemartrose e com sinais de instabilidade posterior
Exame radiográfico convencional ou com sinais de arrancamento do LCP. As duas
condições possíveis são decorrentes de posteriorização, seja ela passiva ou não. Nos
casos de lesão do LCP sem posteriorização passiva, utiliza-se o protocolo PREGO e
observa-se a evolução dos pacientes. Naqueles com posteriorização passiva, a indicação
de reconstrução ou reinserção do LCP é necessária. O diagnóstico tardio de instabilidade
posterior costuma ser confundido com instabilidade anterior. A RMN não ajuda muito, pois
o LCP cicatriza, e são visualizadas imagens de integridade em ligamentos alongados
(CAMANHO, HERNANDEZ, 2016).
Lesões do aparelho extensor
As luxações da patela, sobretudo as agudas, são de difícil diagnóstico clínico. Como
consequência, são negligenciadas. O sinal clínico frequente é a hemartrose com dores
na aleta medial. A palpação da aleta e a tentativa de lateralização da patela produzem dor.
O exame radiográfico pode demonstrar pequenos arrancamentos ósseos na faceta medial.
Fraturas marginais podem acompanhar as luxações (CAMANHO, HERNANDEZ, 2016).
Lesões complexas do joelho
Nesse grupo, são incluídas as instabilidades complexas associadas ou não a fraturas do
platô tibial. Inicialmente, são consideradas as instabilidades complexas. As fraturas do
platô serão descritas mais adiante. As lesões ligamentares complexas do joelho ocorrem
por comprometimento dos complexos ligamentares periféricos associado a lesões de um
ou dos dois ligamentos centrais. Em tais situações, o correto é a reconstrução de todas as
estruturas comprometidas, utilizando todos os recursos cirúrgicos (CAMANHO,
HERNANDEZ, 2016).
Lesões osteocondrais
As lesões osteocondrais traumáticas têm assumido importância progressivamente maior
com a evolução dos meios diagnósticos. A RMN demonstrou incidência próxima a 80% de
lesões osteocondrais traumáticas nos portadores de hemartrose com lesão aguda do LCA.
Esses mesmos pacientes, submetidos a artroscopia, apresentam incidência de 20% de
lesões visíveis. Provavelmente, a alta incidência de artrose em portadores de lesão do

41
LCA esteja relacionada às lesões osteocondrais traumáticas. Pode-se considerar dois
tipos de lesões osteocondrais traumáticas: por impacção e por destaque (CAMANHO,
HERNANDEZ, 2016).
Lesões osteocondrais por impacção
São muito frequentes nas lesões agudas do LCA. Ocorrem, na maioria dos casos, no
fêmur. Não se conhece ainda o real significado dessas lesões e, como são estáveis, não
são submetidas a procedimento terapêutico. A ocorrência de lesões por impacção na tíbia,
em que se consideram os afundamentos do platô tibial, tem merecido maior atenção. Nos
casos de afundamentos de até 0,5 cm, a carga é retirada por seis semanas, orientando o
uso de muletas. Nas seis semanas seguintes, a descarga parcial é permitida ainda com
muletas. Após 12 semanas, é instituído o retorno progressivo às atividades anteriores ao
trauma. Nos casos de afundamentos maiores de 0,5 cm, indica-se o levantamento sob
controle radioscópico (CAMANHO, HERNANDEZ, 2016).

5.3 Patela fraturada

Fonte: brunoluciano.com.br

A patela se trata do maior osso sesamóide do corpo, com seu centro de ossificação
que passar a existir entre o segundo e o terceiro anos de vida ou, em casos eventuais, mais
tarde, ainda, em alguns casos, apresenta centro de ossificação secundário, a denominada
patela bipartida, que tem o formato triangular com o ápice voltado para baixo, e recebe
inserções dos componentes do quadríceps, que também a recobrem e formam o ligamento
42
da patela, que se origina no polo inferior desse osso, e sua disposição anatômica favorece
mecanicamente a função do quadríceps.
A face articular da patela apresenta a cartilagem mais espessa do corpo humano e,
durante a flexão-extensão, transmite ao seu ligamento e à superfície anterior do fêmur distal
(tróclea) a força gerada no quadríceps (CAMANHO, HERNANDEZ, 2016).

Sua vascularização vem de ramos das artérias superiores, média e inferiores do


joelho, que penetram em sua porção central e em seu polo inferior, fato considerável
na gênese da necrose avascular. Sua significância foi muito discutida na literatura,
havendo alguns que a consideram sem valor funcional e outros que enfatizam a
necessidade de sua reconstrução e preservação, devido a sua importância para o
aparelho extensor. (CAMANHO, HERNANDEZ, 2016).

Camanho, Hernandez (2016) menciona ainda que existem dois mecanismos


frequentes de lesão na patela:
O primeiro, devido ao fato de sua posição ser extremamente superficial na face
anterior do joelho, causa o trauma direto, muitas vezes lesionando a pele associadamente.
O segundo se trata do trauma indireto por tração violenta do aparelho extensor do
joelho, cuja existência de desvio ou não depende do grau de lesão de partes moles de tal
aparelho, cuja classificação das fraturas da patela depende, basicamente, do traço de fratura
e da ocorrência ou não de desvio.
Os autores supracitados mencionam ainda que as fraturas são divididas em
transversas, longitudinais, cominutivas e osteocondrais, sendo as transversas as mais
comuns, além de que ocorrem com mais frequência na porção média ou distal.
Sendo, todas elas divididas em fraturas com ou sem desvio e ainda correspondem a
cerca de 1% de todas as fraturas do corpo, com maior incidência entre os 20 e os 50 anos
de idade (CAMANHO, HERNANDEZ, 2016).

Clinicamente, o diagnóstico de fratura da patela é realizado pela história de trauma


direto ou de flexão violenta do joelho, seguidos de dor, edema e limitação, em grau
variável, da capacidade de extensão do joelho. A disposição anatômica da patela
costuma permitir boa avaliação mediante inspeção e palpação. A presença de edema
ou de hemartrose também sugere fratura. Durante a avaliação inicial, é de extrema
importância que se caracterize ou não a capacidade de extensão ativa do joelho
contra a resistência da gravidade (CAMANHO, HERNANDEZ, 2016).

De forma eventual, pode ocorrer a necessidade de infiltração intra-articular de


anestésico local para a observação, além de o exame radiográfico ser de fundamental
importância para que ocorra o diagnóstico, o qual deve ser realizado nas posições de frente

43
e de perfil, com flexão moderada, e, quando possível, na incidência axial, que permite a
visualização de fraturas longitudinais.
Sendo raramente indicados outros exames, exceto nos casos em eu haja a
necessidade de identificação de fraturas osteocondrais, em que a artrografia, a TC e a RMN
contribuem para o diagnóstico (CAMANHO, HERNANDEZ, 2016).

5.4 Tendinopatia patelar

A tendinopatia é causada devido a uma sobrecarga que acontece no aparelho


extensor do joelho, com isso há o aparecimento da dor quando o local é palpado
ocasionando um défice funcional. A região do joelho mais acometido é a porção profunda do
tendão patelar localizado no pólo inferior da patela.
Também chamado de JUMPER’s KNEE ou joelho de saltador, pode se acometido em
atletas que praticam esportes de salto. As causas devem ser avaliadas durante o tratamento.
A causa da tendinopatia patelar abrange vários fatores, que envolve causas intrínsecas e
extrínsecas (SANTANA, TEIXEIRA, PRADO, BORGES, 2015).
Fatores extrínsecos: ocorrem quando a um grande esforço em que haja repetições
durante as atividades que envolvem corrida e saltos. Essas afecções acometem atletas que
praticam modalidades esportivas como: basquetebol, vôlei, futebol, atletismo e tênis.
Estudos comprovaram que atletas que treinam mais de três vezes por semana tem
maior probabilidade de adquirir tendinopatia patelar, do que atletas que treinam com menor
frequência. Fatores intrínsecos: os fatores intrínsecos são classificados como características
físicas de cada indivíduo, e são verificados por fatores chamados de antropométricos como
(SANTANA, TEIXEIRA, PRADO, BORGES, 2015):
 Idade;
 Sexo;
 Peso;
 Altura.

44
Fonte: drmarciosilveira.com

Também podem ser verificadas morfologicamente, através da diminuição da


flexibilidade, diminuição da força muscular, forma da patela, com alterações do
alinhamento de membros inferiores e frouxidão ligamentar. Trabalhos realizados por
COOK 2004 usou 135 atletas juniores de basquetebol entre homens e mulheres,
verificou-se que a flexibilidade e a habilidade dos mesmos em saltar tinha algum tipo
de associação com a lesão. Segundo os autores, os saltos verticais são os maiores
causadores de tendinopatia patelar, devido ao encurtamento que acontece na
musculatura posterior da coxa dos praticantes de esportes que utilizam o salto na
pratica esportiva (FERRETTI, IPPOLITO e, MARIANI, 1983. Apud SANTANA,
TEIXEIRA, PRADO, BORGES, 2015).

A tendinopatia patelar é caracterizada por uma dor localizada na parte anterior do


joelho devido atividades físicas em excesso. A dor é de caráter gradual, insidioso, com o
aumento da intensidade dos treinos, devido ao excesso de movimentos repetitivos. A dor
geralmente aparece no final das atividades físicas, e desaparece quando o atleta volta a
fazer aquecimento ou novas atividades físicas.
Com a evolução da patologia pode ocasionar manifestações de dor noturna
atrapalhando ou dificultando o sono do paciente. Dor ao subir e descer escadas e quando o
paciente fica com os joelhos flexionados por um período extenso. A tendinopatia patelar é
classificada em graus de dor do paciente (SANTANA, TEIXEIRA, PRADO, BORGES, 2015).
 Grau I sente dor leve logo após as atividades físicas;
 Grau II sente dor logo o início dos exercícios, mas não tendo um
comprometimento de seu rendimento esportivo;
 Grau III sente dor durante e pós as atividades físicas, tendo uma piora muito
significativa, atrapalhando o rendimento esportivo;

45
 Grau IV neste grau ira ter uma ruptura parcial ou total do tendão patelar. Esta
classificação mostra apenas três graus de tendinopatia patelar, pois o grau
quatro será classificado como uma ruptura deste tendão (SANTANA,
TEIXEIRA, PRADO, BORGES, 2015).
A tendinopatia patelar acomete em maior grau os atletas como os jogadores de
basquete 15%, handebol 25% e vôlei 83% devido ao esporte que provoca movimentos
repetitivos de saltos, corridas com paradas bruscas, estas lesões ocorrer devido à pouca
capacidade do tendão em fazer uma extensão correta quando é solicitado em grande
intensidade.
Tendinite patelar acomete os jogadores numa certa faixa etária que pode variar entre
20 a 25 anos de idade ou pouco tempo de profissão 2 a 5 anos de pratica esportiva, havendo
uma maior predominância de lesões nos homens dos 30 a 39 anos e nas mulheres entre 15
a 24 anos, é uma das lesões mais acometida sendo superada apenas pelas lesões causadas
no tornozelo (SANTANA, TEIXEIRA, PRADO, BORGES, 2015).

5.5 Tratamento conservador

O tratamento conservador da tendinopatia patelar será a primeira alternativa,


deixando o joelho imobilizado com uma órtese evitando o estresse deste tendão patelar,
dando uma pausa nos exercícios esportivos, realizando fisioterapia, fazendo o uso de
analgésicos prescrito pelo médico, com a imobilização não ocorrerá à força de tração deste
tendão pelo músculo quadríceps assim ocorrendo o a tentativa regeneração deste tendão
patelar.
O tratamento conservador atua como um recurso benéfico para evitar um
procedimento cirúrgico, a meta será a recuperação da função, promover a analgesia através
dos métodos proposto pelo fisioterapeuta, alongamentos e fortalecimentos da musculatura
evitando uma perda de força ainda maior devido à imobilização (SANTANA, TEIXEIRA,
PRADO, BORGES, 2015).

46
5.6 Tratamento fisioterápico

Fonte: shopfisio.com.br

5.7 Eletroterapia

A eletroterapia se trata do uso de correntes elétricas aplicadas aos tecidos


humanos com a finalidade de tratamento de disfunções, é muito antigo e foi descoberto de
maneira ocasional, por meio do peixe-elétrico.
Quando se usa a eletroterapia na área da estética, ela é chamada de eletroestética.
O uso desses equipamentos pode ser uma modalidade de tratamento única ou associada a
outras modalidades na prevenção ou no tratamento de disfunções estéticas faciais ou
corporais, como: edema, gordura localizada, flacidez, lesões da pele, sinais de
envelhecimento, fibroedema geloide (FEG), etc.
Novos equipamentos surgem constantemente e propiciam ao profissional da área
tratamentos com maior efetividade e segurança a cada dia. Para tanto, é essencial que você
conheça os princípios da eletroterapia e como essas correntes elétricas agem sobre os
tecidos humanos, promovendo os efeitos desejados.
A eletroterapia é o uso de energia elétrica por meio de diferentes correntes emitidas
por aparelhos elétricos. Para tanto, utilizam-se correntes ditas terapêuticas, ou seja, com fins
de tratamento.

47
A corrente elétrica, ao passar pelos tecidos corporais, altera eventos fisiológicos,
ativando e estimulando sistemas, de maneira a prevenir disfunções e também a tratá-las.
Para que isso seja possível, é imprescindível que a corrente seja modulada.
O potencial de ação (PA) é um evento elétrico que ocorre em células excitáveis do
organismo humano. Esse processo desencadeia uma inversão na variação do potencial de
membrana da célula, de modo que alguns íons entram e outros saem. A corrente elétrica
terapêutica busca induzir esse processo nos tecidos humanos.
Conhecer como esse processo ocorre é essencial para posteriormente entender
como uma corrente elétrica pode agir sobre o corpo, de modo a produzir efeitos fisiológicos
no organismo, atuando nas disfunções estéticas corporais e faciais.
A aplicação de correntes elétricas nos tecidos humanos é essencial para o tratamento
de inúmeras disfunções. Conhecer as características dessas correntes e das ondas que
geram os efeitos fisiológicos é fundamental para o tratamento adequado.

5.8 Mobilidades da patela

A mobilidade patelar é de extrema importância, impedindo a rigidez durante a


imobilização tornando mais fácil a reabilitação, as manobras exercidas sobre a patela serão
com movimentos passivos, através de deslizamento látero-medial, o movimento proporciona
alongamento das estruturas laterais, a mobilização patelar será realizada com a região tênar
da mão apoiada na borda medial da patela (SANTANA, TEIXEIRA, PRADO, BORGES,
2015).

5.9 Crioterapia

A crioterapia é uma modalidade terapêutica que é acessível a toda a população, tendo


grande uso nas práticas esportivas por causar uma rápida analgesia no local da lesão,
provocando uma vasoconstrição local, os atletas podem ser orientados a utilizar a crioterapia
logo após da cinesioterapia (SANTANA, TEIXEIRA, PRADO, BORGES, 2015).

48
5.10 Fortalecimento

O exercício de fortalecimento na tendinopatia patelar será basicamente exercícios


excêntricos provocando um fortalecimento do tendão por estar estimulando os seus
mecanoceptores, ocorrendo um aumento do metabolismo no local por consequências tendo
um aumento na produção de colágeno pelos tenócitos (SANTANA, TEIXEIRA, PRADO,
BORGES, 2015).

6 ESPORTES X LESÕES DA COLUNA VERTEBRAL

Fonte: acafisioterapia.net

Qualquer lesão da coluna vertebral comum entre não atletas também pode ser
encontrada entre os participantes da prática esportiva, mas observa-se que, algumas lesões
são mais características no caso dos atletas que apresentam peculiaridades que justificam
uma abordagem mais específica.
Assim, entre as lesões da coluna vertebral mais características entre os atletas
JÚNIOR e tal., (1999) destaca as seguintes:
 Instabilidades da coluna cervical;
 Tetraparesia transitória;
 Apofisite da coluna toracolombar;
 Espondilólise traumática;
49
 Fraturas do arco vertebral.
Observa-se ainda que os mecanismos de lesão incluem forças de flexão, extensão,
cisalhamento, torção e microtraumas repetitivos, assim via de regra, existe uma combinação
de forças produzindo a lesão.
Pode-se observar por exemplo, no golfe atuam forças de compressão, cisalhamento,
torção e inclinação lateral, podendo ainda haver lesões de partes moles, disco intervertebral
e osso.
No caso das lesões das partes moles que são as mais comuns, ocorre em músculos
e ligamentos, já as lesões do disco intervertebral podem-se traduzir na forma de discopatia
precoce ou hérnia de disco traumática, já as lesões ósseas podem ocorrer na forma de
microfraturas, avulsões ou fraturas propriamente ditas (JÚNIOR e tal., 1999).
Não obstante a coluna vertebral e sua musculatura se tratam de uma estrutura
biológica e mecânica complexa, que é composta de dois tipos básicos de tecido: osso e
partes moles, sendo uma estrutura anisotrópica.
Cujas propriedades mecânicas dependem da orientação específica e carga aplicada.

A resistência do osso é maior em flexão e menor em tensão. O oposto é válido


quando se trata das partes moles. Outra propriedade importante dos materiais
biológicos é a viscoelasticidade, característica dos materiais viscosos. Existe uma
deformação contínua dependendo do tempo de aplicação da carga. O sistema
absorve energia em determinado tempo, em geral por mecanismo hidráulico, o que
ocorre no disco quando a água é eliminada (JÚNIOR e tal., 1999).

Observa-se no caso do osso esponjoso, que ocorre o mesmo, onde, a medula óssea
atua como uma bomba hidráulica, por meio de atividades contínuas ou cíclicas que podem
prejudicar esse mecanismo ou mesmo impedi-lo, podendo desencadear degeneração
precoce do disco intervertebral lombar. Onde o principal elemento na capacidade da vértebra
para suportar carga é o osso esponjoso.
Ainda de acordo com o que elucida o autor supracitado o osso cortical contribui com
10% da resistência à compressão e o esponjoso, com 50%, cujas atividades cíclicas podem
produzir fraturas da placa vertebral e do anel apofisário, na osteoporose a resistência da
vértebra diminui, podendo haver fratura ou mesmo colapso dela, o que pode ocorrer no atleta
idoso (JÚNIOR e tal., 1999).
No caso dos discos intervertebrais que são extremamente complexos em sua
anatomia, fisiologia e propriedades mecânicas, o ânulo se trata de uma estrutura laminada
composta de fibras colágenas orientadas a 30º do eixo horizontal.

50
Já as fibras internas estão ligadas à placa de cartilagem, enquanto as fibras externas
se ligam à estrutura óssea dos corpos vertebrais e as fibras colágenas só resistem à tensão.
Na rotação as fibras são colocadas em direção horizontal porque aumenta sua resistência à
tensão (JÚNIOR e tal., 1999).
Quanto ao núcleo pulposo que apresenta matriz proteica, proteoglicanos e água que
atua como gel não compressivo, o que ocorre durante a compressão é que o núcleo e as
fibras internas do anel transmitem forças de vértebra a vértebra, provocando deflexão dos
platôs vertebrais adjacentes, protrusão discal e o desenvolvimento de tensão no ânulo.
Desse modo a compressão pura não causa a hérnia discal, pelo contrário no caso do
disco jovem, a compressão excessiva pode conduzir à fratura da placa vertebral,
principalmente nas atividades que promovem a carga rápida ou quando há fraqueza no platô
vertebral decorrente da idade, ocorrendo, então, um defeito referido como nódulo de Schmorl
(JÚNIOR e tal., 1999).
Quanto ao anel apofisário é ainda presente, a compressão excessiva que pode
resultar em dissecção e separação do núcleo apofisário, podendo ocorrer roturas anulares
na flexo-torção, não acompanhados de protrusão, onde os ligamentos espinais atuam como
estabilizadores da coluna.
Assim, os músculos atuam como estabilizadores ativos e passivos, que isoladamente
não conseguem suportar a coluna, onde existe a necessidade de suporte externo através da
musculatura (JÚNIOR e tal., 1999).
Destarte, os músculos da coluna vertebral são descritos em termos de flexores e
extensores, onde os flexores são compostos de duas camadas, sendo que, a primeira
camada é o músculo psoas, cujo momento de atuação é pequeno, já a segunda camada são
os músculos abdominais, que apresentam um grande momento de atuação.
Os músculos abdominais também atuam como uma estrutura hidráulica, suportando
as vísceras abdominais de conteúdo aquoso e os músculos para vertebrais atuam como
extensores, tendo pequeno momento de atuação, sendo limitada sua atuação como
estabilizadores da coluna (JÚNIOR e tal., 1999).

51
6.1 Instabilidades da coluna cervical

Fonte: interfisio.com.br

Quanto aos parâmetros que avaliam a instabilidade da coluna cervical em atletas,


principalmente os praticantes de esportes de contato, devem ser avaliados e acompanhados
de perto, por meio dos valores dados por White e Panjabi estabelecidos, por meio de estudos
biomecânicos.

Para o segmento cervical baixo da terceira vértebra cervical à transição


cervicotorácica, a distância de deslocamento nas radiografias de perfil não deve
ultrapassar 3,5mm e a angulação entre dois níveis adjacentes não deve ser maior
que 11º. Valores acima desses indicam instabilidade do segmento cervical e
necessitam de tratamento (JÚNIOR e tal., 1999). Para a coluna cervical alta, o
conjunto occipito-atlanto-axial, particular interesse deve ser dado às instabilidades
entre C1 e C2, que costumam ocorrer em algumas síndromes, em especial a
síndrome de Down. Em razão da grande participação que os portadores dessa
síndrome têm em atividades esportivas, inclusive em eventos de grande porte como
as Paraolimpíadas, é importante que todos eles sejam submetidos a radiografias de
coluna cervical dinâmica, ou seja, incidência de perfil com flexão e extensão
máximas, para observar se existem ou não instabilidades entre o atlas e o áxis
(JÚNIOR e tal., 1999).

Alguns estudos mostram uma taxa de instabilidade de 9 a 30% neste segmento em


crianças com síndrome de Down. A recomendação do Comitê de Medicina Esportiva da
Academia Americana de Pediatria nessas situações é orientar as crianças a ter uma
distância maior que 5 mm entre o atlas e o eixo esportivo, ou quando o processo odontóide
estiver anormal. (JÚNIOR e tal., 1999).

52
6.2 Apofisite da coluna toracolombar

As apófises dos fragmentos vertebrais, craniais e caudais estão localizadas em sua


periferia como um anel, iniciam a calcificação por volta dos 6 anos de idade e se fundem
com o corpo vertebral por volta dos 17 anos de idade. Eles não participam do crescimento
longitudinal do corpo vertebral e, em vez disso, atuam como um processo de tração.

Dois mecanismos tentam explicar a maior incidência das anormalidades observadas


na parte anterior dessas apófises nos segmentos torácico e lombar da coluna
vertebral: o primeiro, por herniação discal intravertebral, como nos nódulos de
Schmorl, e o segundo, na osteocondrose de Osgood-Schlatter (JÚNIOR e tal., 1999).
As forças de tração atuam na porção anterior da coluna lombar por contração do
diafragma, atuando em sentido cranial. Esportes que exigem extensão forçada desse
segmento vertebral apresentam maior incidência de lesões das apófises vertebrais.
Esse fato tem sido descrito em ginastas, tenistas, jogadores de futebol e participantes
de luta romana, entre outros (JÚNIOR e tal., 1999).

Observa-se então que as apófises dos fragmentos vertebrais, ocorrem mais


especificamente em atletas que forçam, ou seja, utilizam mais o segmento vertebral, são
aqueles esportes que exigem um maior esforço por parte da coluna, conforme supracitado.

6.3 Espondilólise traumática

Em relação a espondilólise traumática, o istmo vertebral se trata de uma região mais


vulnerável aos microtraumas repetitivos os quais ocorrem nas várias atividades físicas de
um paciente em crescimento.

A espondilólise traumática é uma fratura de fadiga do istmo, em geral na quinta


vértebra lombar. Jackson et al. referem incidência de 11% em ginastas submetidos
a treinamento intensivo. A queixa mais comum é de dor nas regiões para vertebral
lombossacra, acompanhada de certa restrição de movimentos. No exame físico,
pode ser palpado ponto doloroso na região paravertebral, ao nível da vértebra
afetada. O diagnóstico é realizado com radiografias da região lombossacra, nas
incidências de frente, perfil e oblíquas. Na fase inicial, a radiografia pode ser normal.
Atualmente, utilizamos para o diagnóstico a tomografia axial computadorizada, com
cortes paralelos ao istmo de L3, L4 e L5 (JÚNIOR e tal., 1999).

Assim, quanto ao observado pelos autores é necessário um diagnóstico atento para


que o tratamento seja realizado de acordo com a necessidade do paciente de espondilólise
traumática.

53
6.4 Lesões da coluna lombar em atletas

Fonte: drauziovarella.uol.com.br

Lesões na coluna lombar têm sido observadas no jovem atleta e atualmente estão
aumentando em frequência nas clínicas esportivas. Lesão e dor recorrente nas costas
podem limitar drasticamente a capacidade do atleta de participar em sua modalidade.
Enquanto a anatomia relativamente normal da coluna possa permitir amplitude aumentada
da performance antes que o dano de estrutura ocorra, a dor nas costas ainda é relativamente
comum. São exemplos a dança, a ginástica e a patinação artística. Sward et al. observaram
que, de 142 atletas de elite na Suécia, a incidência de dor lombar variou de 5 a 85%,
dependendo do esporte (MICHELI, ALLISON, 1999).
Anteriormente, a coluna lombar tem cinco corpos vertebrais ligados pelos discos
intervertebrais. O canal neural fica centralmente, contendo nervos periféricos com
revestimento dural. Dorsalmente, estão localizados os elementos posteriores da espinha: as
facetas, os processos transversos, os processos articulares e os pedículos. A lordose lombar
normal é de 45 a 50 graus. Alinhamentos estruturais anormais, como hiperlordose da
espinha lombar ou “coluna estruturalmente plana”, podem ser fatores para provocar dor
lombar (MICHELI, ALLISON, 1999).
Lesões da coluna lombar geralmente resultam de dois padrões de geração de força:
evento único, macrotrauma agudo ou microtraumas repetitivos com o resultado de lesões de
overuse. Lesões de overuse são vistas, mais comumente, nos elementos ósseos
posteriores, particularmente nos processos articulares. Alguns pesquisadores têm sugerido
que são a flexão e a extensão repetitiva que levam à concentração de estresse nessa região,
54
já que este é o local da rotação da espinha durante a flexão e extensão (MICHELI, ALLISON,
1999).
Uma série de estudos recentes tem empregado a imagem por ressonância magnética
(RM) para demonstrar mudanças na coluna causadas por microtraumas repetitivos. Sward
et al., em recente estudo, compararam 24 ginastas masculinos de elite com 16 homens não
atletas de idades semelhantes. Através da RM, os autores encontraram evidência de
aumento significativo de degeneração de disco nos atletas (75%) em comparação com os
não atletas (31%).
Os ginastas tinham também maior incidência de outras anormalidades na coluna
toracolombar. Em estudo similar, Goldstein et al. Sugeriram que ginastas que treinam mais
que 15 horas por semana mostram aumento significativo da incidência de alterações
degenerativas na coluna lombar (MICHELI, ALLISON, 1999).
O padrão das lesões lombares é completamente diferente no atleta idoso, no qual a
coluna já passou pela degeneração segmentar relacionada com a idade. A lesão é mais
comumente iniciada nos elementos da parte anterior do disco, ocasionando dor discogênica
e ciática.
O crescimento excessivo do osso nas facetas pode comprometer os recessos laterais
ou o forame intervertebral, resultando em compressão do nervo espinhal. Uma mínima
torção ou lesão pode resultar em lesão do nervo espinhal ou irritação associada com inchaço
e dor (MICHELI, ALLISON, 1999).

6.5 Diagnóstico diferencial

Existem quatro categorias principais de dor na coluna lombar observadas em jovens


atletas: mecânica, discogênica, espondilolítica e fratura do corpo vertebral. A dor mecânica
da coluna é a etiologia mais frequente, sendo usualmente um diagnóstico de exclusão no
jovem atleta, uma vez que o exame físico tenha descartado espondilólise, doença de disco
ou fratura.
A dor pode resultar de estimulação anormal do nervo na faceta. Fatores mecânicos e
musculoesqueléticos, como lordose postural e tensão excessiva da musculatura extensora
ou fraqueza dos abdominais, podem ser fatores de risco para essa etiologia (MICHELI,
ALLISON, 1999).

55
A postura hiperlordótica é usualmente vista em bailarinas e ginastas. Em muitas
dessas atletas, a hiperlordose é geralmente postura adquirida e potencialmente reversível
com exercícios terapêuticos adequados. As únicas queixas podem ser coluna dolorida
associada com posição prolongada de pé ou sentada, ou após atividades de treinamento
esportivo.
Técnicas de diagnóstico como radiografias simples e cintilografias são normais. Em
muitos atletas jovens, essa condição pode representar uma “síndrome de supercrescimento”
transitório (MICHELI, ALLISON, 1999).

Fonte: cbnrecife.com.br

Os elementos ósseos crescem mais do que os ligamentos e tendões durante esse


segundo estirão de crescimento da adolescência, resultando em combinação de aperto da
fáscia toracolombar e dos isquiotibiais posteriores, músculos abdominais anteriores fracos e
deslocamento posterior do dorso sobre a pelve.
Demandas anormais podem então ser colocadas na coluna torácica durante a flexão
anterior, considerando a contratura a extensão da coluna lombar. Pode-se compensar esse
desequilíbrio estrutural adotando postura curvada para trás (MICHELI, ALLISON, 1999).
A dor discogênica da coluna é rara na criança pré-púbere, mas a incidência no
adolescente, particularmente no adolescente atleticamente ativo, parece estar aumentando.
Isso deve ser também incluído no diagnóstico diferencial.
Um estudo desenvolvido na Clínica Mayo mostrou correlação no aumento da
incidência de doença discal resultando em dor lombar e compressão do nervo isquiático com
o aumento da participação em atividades esportivas nesse período em um grupo de
56
adolescentes. Esportes envolvendo a compressão axial e flexão estão tipicamente
associados a essa lesão. O aumento da disponibilidade e a segurança da técnica de imagem
por ressonância magnética têm geralmente ajudado no diagnóstico precoce dessa condição
(MICHELI, ALLISON, 1999).
A apresentação clínica dessa doença no atleta jovem é geralmente muito diferente
daquela do adulto. A dor nem sempre é a queixa principal. A maior queixa pode ser
contratura nas costas, passadas anormais ou perda notável na flexibilidade dos isquiotibiais.
Ao exame, contratura dramática da fáscia toracolombar e dos isquiotibiais
frequentemente é encontrada, geralmente associada com escoliose lombar reativa ou
escoliose toracolombar. Teste positivo ao levantar a perna esticada ou sinal de Lasègue
pode refletir irritação ciática. Encurtamento assimétrico de isquiotibiais pode, às vezes, ser
o único aviso da hérnia de disco (MICHELI, ALLISON, 1999).
A perda de reflexos ou a diminuição da massa muscular são incomuns. Radiografias
da coluna lombar no início são geralmente insignificantes, apesar de poderem
ocasionalmente mostrar diminuição do espaço discal ou irregularidade das superfícies dos
corpos vertebrais no nível do envolvimento.
A tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RM) geralmente
fornecerão o diagnóstico. Exposição excessiva à radiação da região lombar com a TC faz
com que a RM seja o exame de escolha para essa faixa de idade. Atletas mais jovens com
dor discogênica podem ter tendência genética para deterioração da coluna lombar
(MICHELI, ALLISON, 1999).

6.6 Lesões de tecidos moles

A principal lesão observada na coluna torácica de atletas está relacionada ao


acometimento de tecidos moles, como: distensões, contraturas e contusões de trauma
direto. O diagnóstico destas lesões é realizado por meio de anamnese completa,
interrogando a respeito do protocolo de treinamento do atleta, aumento na prática de
determinado exercício com sobrecarga da região e possíveis traumatismos. O exame físico
é focado na região da dor, procurando com a inspeção e palpação localizar e delimitar a
área afetada (MICHELI, ALLISON, 1999).
Caso a região dolorosa for extensa e mal delimitada, parece indicar distensão ou
contratura muscular; no entanto caso haja um ponto doloroso bem delimitado deve-se

57
suspeitar de contusão local ou fratura. Radiografias simples são realizadas para identificação
de possíveis fraturas, nas lesões traumáticas.
Na ausência de trauma deve ser imediatamente instituído tratamento conservador. O
objetivo principal deste é o retorno às atividades o mais breve possível, mantendo
condicionamento cardíaco e pulmonar adequado durante o período que permanecer
afastado dos esportes, e reabilitação precoce, inicialmente com exercícios isométricos, e
alongamentos progressivos. O uso de órteses (coletes) não tem influência em sua
recuperação. Medidas no sentido de atuar sobre o fator desencadeante podem evitar
recidivas (MICHELI, ALLISON, 1999).

7 FISIOTERAPIA E PREVENÇÃO DE LESÕES ESPORTIVAS

Fonte: hammeracademia.com

Em decorrência de seus benefícios físicos, psicossociais e, portanto, de melhoria na


qualidade de vida, a atividade física tem passado por uma transformação social relevante e
vem sendo amplamente desenvolvida por crianças, jovens e adultos em seu cotidiano.
Grupos pouco comuns, como os indivíduos da terceira idade e os portadores de deficiência
física, que raramente eram abordados na discussão do esporte, ganharam espaço
considerável.
O próprio conceito de esporte encontra-se ampliado, tendo suas facetas de lazer, ou
de rendimento (competição), desmembradas (RESENDE, CAMARA, CALLEGARI, 2014).

58
O atleta de alto nível, por exemplo, é constantemente submetido a pressões e
cobranças sobre seus resultados e retorno à prática esportiva. Seu afastamento,
invariavelmente, representa prejuízos substanciais à equipe, aos patrocinadores e a todos
os atores envolvidos em suas competições.
Dessa forma, uma vez diante de uma lesão inevitável, a fisioterapia tem como objetivo
principal a devolução rápida do atleta a prática do esporte, o que torna o trabalho bastante
peculiar e de risco, visto que o tempo necessário ao restabelecimento morfofisiológico das
estruturas nem sempre é respeitado da maneira ideal (RESENDE, CAMARA, CALLEGARI,
2014).
Nesse contexto, o aspecto preventivo do tratamento de lesões esportivas é
imprescindível para a atuação do fisioterapeuta, que necessita redirecionar seu foco de
atenção, das lesões já instaladas, para situações de risco.
Através de avaliações individualizadas e acompanhamento dos atletas, esse
profissional deve identificar desequilíbrios musculares, alterações posturais, e déficits
biomecânicos importantes e que demandem de intervenção. Assim, o aspecto preventivo
busca a execução segura e eficiente de um gesto esportivo além de garantir desempenho
ao atleta de alto nível (RESENDE, CAMARA, CALLEGARI, 2014).
Algumas necessidades e demandas esportivas apontam para um enfoque cada vez
mais prioritário à fisioterapia preventiva. Aumentar a longevidade esportiva de um atleta,
extrair o máximo de seu rendimento e garantir as conquistas inerentes ao esporte são tarefas
que demandam trabalho árduo.
É necessário um treinamento seguro, para que uma lesão não inviabilize o andamento
dos treinos ou represente perda nas conquistas adquiridas. Até mesmo o esporte amador
precisa ser acompanhado uma vez que a cada dia há maior indicação terapêutica de
atividade física e maior número de pessoas que querem usufruir de seus benefícios
(RESENDE, CAMARA, CALLEGARI, 2014).
Lesões de coluna, embora altamente incapacitantes para o esporte, relacionam-se
mais com a manutenção de posturas estáticas inadequadas, do que com o esporte em si.
Estudos avaliando a incidência dessas lesões em estudantes sedentários e atletas
mostraram que os primeiros estão mais propensos a apresentá-las que os atletas.
Não apenas a competição está relacionada ao aparecimento de lesões. O treinamento
é um processo intenso de repetições de movimentos e incremento de desafios que tem

59
mostrado, na literatura, maior risco que a competição (RESENDE, CAMARA, CALLEGARI,
2014).

Fonte: previva.com.br

Se um jogador de vôlei que realiza, diariamente, até 500 saltos para treinar o bloqueio
de bola junto à rede, de maneira despercebida, aterrissam no chão com um membro inferior
0,01 segundo atrasado em relação ao outro, 100% de sobrecarga adicional está sendo
imposta no tendão patelar desse membro. Aí está um exemplo do papel do fisioterapeuta,
nesse caso, na detecção precoce de um movimento equivocado, que cria sobrecarga e
predispõe ao aparecimento da lesão.
Outros fatores, além do tipo de esporte, também interferem no aparecimento de
lesões. As mulheres são mais propensas a lesões como fratura por esforço, pois podem ter
distúrbios de densidade óssea hormonais (RESENDE, CAMARA, CALLEGARI, 2014).
O jovem atleta tem maior propensão a contusões, entorses e estiramentos, enquanto
a idade favorece o aparecimento de lesões degenerativas e rupturas de tendão. A base para
a prevenção de lesões envolve o conhecimento das limitações de um determinado atleta,
assim como as características inerentes ao esporte que ele pratica e a magnitude da
sobrecarga imposta.
Dessa forma, existem aspectos intrínsecos e extrínsecos que se relacionam aos
fatores de risco e com o surgimento de lesões no esporte. Os fatores intrínsecos se
relacionam ao atleta, como seu biótipo, a presença de lesões prévias, capacidades físicas
adquiridas, presença de alterações corporais e desequilíbrios musculares (RESENDE,
CAMARA, CALLEGARI, 2014).
60
Geno valgo de joelho, por exemplo, pode predispor a lesões de menisco ou ligamento
colateral medial por concentrar a sobrecarga em pontos anatômicos do joelho, criar
condições de desgaste e utilização excessiva de estruturas que estariam preservadas com
a distribuição correta das forças sobre a articulação.
O fisioterapeuta deve estar atento às medidas preventivas necessárias a cada
situação, de modo a possibilitar a menor exposição aos fatores de risco. Os fatores
extrínsecos se relacionam ao esporte, como o tipo de material utilizado, regras, quantidade
e tipo de treinamento ministrado (RESENDE, CAMARA, CALLEGARI, 2014).
O tenista, por exemplo, deve ser orientado quanto à escolha da raquete adequada a
ser utilizada, preocupando-se com a distribuição correta de peso entre o cabo e a cabeça,
de modo a não criar sobrecargas na região do epicôndilo lateral, o que acarretaria lesões
comuns desse esporte.
Nesse exemplo, a avaliação da amplitude de movimento, força e flexibilidade dos
movimentos do cotovelo, incluindo a análise da cinemática e biomecânica do momento de
impacto da raquete com a bola, são intervenções do fisioterapeuta que poderão proporcionar
a adequada adaptação do atleta a sua raquete (RESENDE, CAMARA, CALLEGARI, 2014).
O local da aplicação das maiores sobrecargas deve ser investigado e podem subsidiar
programas de prevenção. Os corredores, por exemplo, têm grandes forças de tração na
planta dos pés e comumente desenvolvem fasciite plantar.
Existem ainda outros tipos de força como as friccionais no ombro de arremessadores
e que podem desencadear bursites, sobrecarga cíclica que podem levar a fraturas por
estresse, ou ainda o contato direto, como acontece no futebol americano e que pode levar a
contusões, fraturas e até lesões neurológicas. Conhecer o meio ambiente, o piso, o tipo de
calçado também é importante (RESENDE, CAMARA, CALLEGARI, 2014).
O fisioterapeuta deve manter medidas preventivas coerentes, como indicar o uso de
roupas e calçados adequados, alimentação equilibrada, reequilíbrio hídrico, repouso e
recuperação entre outras.
Pode promover a proteção das áreas mais suscetíveis a lesões específicas por meio
de enfaixamento ou uso de órteses. Um exemplo ocorre com os atletas do vôlei que se
utilizam de bandagens funcionais nas articulações Inter falangeanas. Atividades físicas
compensatórias devem ser prescritas: atletas de esporte coletivo costumam praticar
natação, e tenistas fazem musculação (RESENDE, CAMARA, CALLEGARI, 2014).

61
Em nível secundário o fisioterapeuta deve procurar detectar precocemente o
aparecimento de lesões e ainda evitar o aparecimento de complicações que prolonguem o
afastamento do atleta do esporte praticado.
Algumas vezes é necessário modificar a rotina de treinamento de modo a não afastar
completamente o atleta da prática esportiva, porém preservando regiões críticas. Envolve o
controle da dor e do processo inflamatório, a restauração da amplitude de movimento, a
melhora da força muscular e da resistência, e desenvolvimento de padrões adequados de
habilidades relacionadas ao esporte praticado (RESENDE, CAMARA, CALLEGARI, 2014).
É importante empregar o conceito de especificidade do exercício, não é possível, por
exemplo, reeducar um atleta que precisa de força e habilidade biomecânica para a corrida
somente usando a piscina terapêutica.
Um dos componentes de atenção do fisioterapeuta, no esporte, consiste no trabalho
muscular, lembrando que não há um movimento executado por apenas um músculo e que
sempre existe um músculo antagonista modulando a execução deste movimento. O trabalho
muscular deve ser o mais específico possível para o esporte praticado (RESENDE,
CAMARA, CALLEGARI, 2014).

Fonte: revistavitale.com.br

O músculo deve desenvolver capacidades necessárias para a execução repetitiva dos


atos motores sequenciais determinados pelo esporte. Um exemplo é o fortalecimento do
músculo vasto medial oblíquo, em jogadores de futebol, para garantir o correto equilíbrio de
forças na patela e evitar luxações laterais. A manutenção do equilíbrio entre musculatura
antagonista e agonista de um movimento é condição essencial para que este movimento
62
seja executado sem sobrecargas biomecânicas articulares. Atualmente já existem sistemas
computadorizados como o Cybex, que podem aferir com precisão dados como: trabalho
executado, equilíbrio muscular, picos de torque, dentre outros (RESENDE, CAMARA,
CALLEGARI, 2014).
O programa de fortalecimento não pode prescindir de a flexibilidade articular, pois sua
perda diminui a eficiência mecânica do movimento. O fisioterapeuta utilizará protocolos de
alongamento para melhorar a flexibilidade, garantindo a mobilidade necessária e auxiliando
na preparação do músculo para o exercício e sua recuperação.
Outra capacidade que precisa ser considerada no programa de prevenção é a
cardiorrespiratória, dividida nos componentes aeróbios e anaeróbios. O componente aeróbio
é aquele de características metabólicas oxidativas, responsável pelos exercícios de longa
duração (RESENDE, CAMARA, CALLEGARI, 2014).
O anaeróbio é caracterizado por vias glicolíticas (ATP - CP e ácido lático), responsável
por exercícios de curta duração. É por meio de exercícios de intensidades variadas que se
preconiza o treinamento em uma das vias de transferência de energia. O treino
proprioceptivo é frequentemente usado na reabilitação de lesões relacionadas ao esporte, e
também um elemento importante na prevenção de lesões (RESENDE, CAMARA,
CALLEGARI, 2014).
Afirma-se que a consciência do movimento e do posicionamento articular é essencial
para a função articular apropriada no esporte e nas atividades físicas e educação
proprioceptiva, que tem por finalidade arquivar uma série de novos esquemas de
coordenação neuromuscular, assegurando assim a base da segurança fisiológica.
Por fim, o acompanhamento e as reavaliações frequentes das capacidades
individuais dos atletas, suas características biomecânicas, assim como as do esporte são
importantes para que se possa maximizar o desempenho esportivo minimizando o número
de lesões (RESENDE, CAMARA, CALLEGARI, 2014).

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