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CONDROMALÁCIA PATELAR: ETIOLOGIA,

CAUSAS, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO.


Adriany Lima Alves¹
Alexandre Alves Pires
Carlos Alexandre Sousa Aood
Jadison da Silva Lima
Silvio Veras²

RESUMO
A condromalácia patelar é uma condição resultante do amolecimento, afinação e degradação da
cartilagem abaixo da patela, em virtude da importância que os joelhos tem para as mais diversas
atividades cotidianas, este trabalha procura estudar a condromalácia patelar por meio de uma
revisão bibliográfica, procurando suas causas, como se dá o seu diagnóstico e as principais formas
de tratamento utilizadas atualmente.

Palavras-chave: Condromalácia patelar, dor, joelhos. diagnóstico, tratamento

1. INTRODUÇÃO

O joelho trata-se de uma articulação imensamente exigida para as mais diversas tarefas em
seus diferentes níveis de intensidade, que vão desde uma simples caminhada ou de subir e descer as
escadas até a realização de atividades físicas e esportes que podem exigir esforços muito maiores
desta articulação, ou seja, praticamente todos os movimentos do corpo geram, em alguma
proporção, esforços sobre o joelho, nesse sentido entender as condições que podem vir a causar o
seu comprometimento ou limitar de alguma forma a capacidade dos pacientes é fundamental para
profissionais da área de saúde.
Este estudo foi desenvolvido com o intuito de destacar a condromalácia patelar (CP), por
meio de uma revisão de literatura procuramos elencar as principais causas, métodos diagnósticos e
algumas das principais formas de tratamento utilizadas, para um melhor entendimento a CP de
acordo com Hauser e Sprague (2014) resulta do amolecimento, afinação e degradação da cartilagem
abaixo da patela, sendo uma das principais causas em casos de dor patelofemoral e de acordo com
Paula et al. (2022) em sua revisão de literatura nos mostra que a condromalácia patelar chegar a
acometer um quarto da população em alguma fase da vida, sendo mais comumente vista em
mulheres e em pessoas que apresentam grau de treinamento mais elevado, assim nos mostrando a
relevância do estudo.
Diante das consequências derivadas da CP pergunta-se o quanto seus métodos de tratamento
atuais podem ser eficazes para trazer uma melhor qualidade de vida, pelo alívio de dores
provocadas e retomada das atividades cotidianas ou atividades físicas que acabam sendo
prejudicadas pelas limitações oriundas desta condição.
1 Nome dos acadêmicos
2 Nome do Professor tutor externo
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI – Curso (BEF1044) – Prática do Módulo I - 23/06/23
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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para se ter um melhor entendimento do assunto que está sendo abordado, é importante se ter
em mente que a condromalácia patelar está intimamente ligada a dor anterior considerável no
joelho, mas que, não é toda dor que pode ser considerada como condromalácia patelar, como
podemos ver nos estudos de Doberstein, Romeyn e Reineke (2008) o relato de que durante a maior
parte do século XX o termo condromalácia patelar teve seu uso indiscriminado, sendo empregado
em qualquer pessoa que possuísse dor anterior no joelho, sendo então superdiagnosticada e
supertratada, e que atualmente o termo é utilizado para lesões da cartilagem articular que podem ser
atribuídas artroscopicamente a 1 de 4 estágios.
A palavra condromalácia patelar deriva das palavras gregas chondros que significa
cartilagem e malakia que significa amolecimento, Habusta et al. (2023) definem a CP como sendo
“quando a superfície articular posterior da patela começa a perder sua densidade quando em um
estado saudável e torna-se mais macia com subsequente rasgo, fissura e erosão da cartilagem
hialina”, enquanto Doberstein, Romeyen e Reineke (2008), relatam que a condição caracteriza-se
por edema, amolecimento, fissura e erosão da cartilagem hialina que recobre a patela.
Etiologicamente falando as condições de surgimento da CP ainda não foram totalmente
esclarecidas, mas estudos apontam para várias possíveis origens, entre os principais motivos citados
por Habusta et al. (2023) temos: O mal alinhamento dos membros inferiores e desvio patelar,
fraqueza muscular e lesões patelares. Oliveira (2018) também inclui em seus estudos a displasia
troclear e a displasia patelar como fatores etiológicos da afecção e que incidem sobre a CP
condições como alterações de quadril, encurtamento da musculatura, microtrauma de repetição e
hiperpressão patelar.
O processo patológico da condromalácia foi evidenciado por Habusta et al. (2023, n.p) como
podemos ver:

A cartilagem hialina é composta por condrócitos que estão dispersos por uma matriz
extracelular. Essa matriz consiste em colágeno tipo 2, proteoglicanos e água. Os
condrócitos produzem proteoglicanos, que são então secretados na matriz extracelular. A
cartilagem hialina é avascular. Seus nutrientes se difundem na matriz a partir do líquido
sinovial. Não repara bem devido à falta de suprimento de sangue [...]. A destruição da
cartilagem hialina pode ocorrer em resposta a substâncias condrotóxicas injetadas em uma
articulação. Também pode ocorrer pela exposição a citocininas e enzimas proteolíticas
produzidas em resposta a infecções bacterianas intra-articulares. A degeneração da
cartilagem hialina também ocorre em resposta ao desgaste por microtrauma. Atividades
repetidas que criam estresse compressivo na articulação patelo-femoral ou cargas
aumentadas aplicadas à articulação podem levar à condromalácia. O envelhecimento
também afeta a cartilagem hialina. O número de condrócitos na cartilagem diminui, o que
se correlaciona com uma redução no número de proteoglicanos produzidos. Esta redução
leva a uma diminuição do teor de água da cartilagem. A perda das propriedades elásticas da
cartilagem se desenvolve devido à reticulação das fibrilas de colágeno que também ocorre
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com o envelhecimento[...]. A patologia da condromalácia patelar começa com


amolecimento, inchaço e edema da cartilagem articular.

Clinicamente falando, é comum que o paciente vá ao médico com queixas de dor anterior no
joelho, que geralmente piora com a prática de atividades que aumentem o estresse na articulação
patelofemoral, algumas vezes também se vê relatos de crepitações retropatelar, atrofia do
quadríceps, mas como vimos anteriormente nenhum desses sintomas é algo que seja característico
somente da CP, sendo desse modo inviável realizar o diagnóstico somente baseado em análises
clínicas e histórico do paciente, Habusta et al. (2023) elenca os principais exames realizados para
que se possa obter o diagnóstico adequado, dentre eles temos: radiografias convencionais,
tomografia computadorizada, artrografia com radiografias simples ou artrografia por TC,
Ressonância magnética, esse em especial, é a modalidade de escolha para avaliação da cartilagem
articular com os melhores resultados nas sequências T2, na qual uma cartilagem anormal apresente
alta intensidade de sinal e mesmo não sendo considerado o padrão ouro para o diagnóstico é
bastante aconselhável pelo fato de não ser invasivo, enquanto que a artroscopia é considerado o
padrão ouro para o diagnóstico da CP, entretanto, por ser altamente invasivo, não é aconselhado na
maioria dos casos.
Como vimos anteriormente na etiologia da doença, percebe-se naturalmente que como não
existe uma única causa consensual para o seu aparecimento, da mesma forma temos com o
tratamento, que não possui uma forma considerada universal para os casos, então o tratamento varia
de acordo com os achados no exame físico, mas é comum que se inicie com um tratamento
conservador por um determinado período que segundo Habusta et al. (2023, n.p) “isso inclui
repouso, restrição de atividades e medicação anti-inflamatória não esteróide, que provou ser mais
eficaz do que os esteróides”. 
Além do tratamento baseado em repouso e medicamentos, tem-se também aquele que
acontece por meio de exercícios físicos, como podemos ver em Habusta et al. (2023, n.p):
A reabilitação com fisioterapia deve se concentrar em exercícios de quadríceps de arco
curto de cadeia fechada e fortalecimento específico do vasto medial oblíquo, fortalecimento
muscular do núcleo e fortalecimento dos rotadores externos do quadril. O fortalecimento do
músculo quadríceps com diferentes exercícios reduz significativamente a dor anterior do
joelho em casos iniciais de CP.

Outra forma de tratamento, que mesmo não sendo considerada padrão, mas que em seu
trabalho Hauser e Sprague (2014), mostra como a proloterapia evidenciou uma notável melhora no
quadro de seus pacientes, entretanto, esse resultado não é considerado uma unanimidade como
podemos ver com Habusta et al. (2023) que diz que o tratamento não demonstrou uma melhora nos
resultados de forma consistente.
Habusta et al. (2023) ainda cita outras formas de tratamento quando os anteriores não têm
um efeito notório na melhoria do quadro, entre eles temos: a gestão operativa, avaliação
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artroscópica e desbridamento, liberação retinacular lateral artroscópica ou aberta, cirurgia de


realinhamento patelar, patelectomia, recapeamento patelar (esse foi abandonado devido a múltiplas
complicações), terapia celular e células-tronco mesenquimais.

Segundo Habusta et al. (2023) a CP pode ser classificada de acordo com a classificação
Outerbridge em 5 graus que variam de 0 a IV, na qual o grau 0 é uma cartilagem normal, grau I
temos a superfície articular intacta, mas mole, inchada e edematosa, grau II temos fissuras e
fragmentação da superfície articular, grau III temos efeito cartilaginoso focal de espessura parcial e
por fim o grau IV apresenta defeito de espessura total até o osso subcondral.

3. MATERIAIS E MÉTODOS
Este trabalho foi construído a partir de uma revisão de literatura pesquisando artigos e
periódicos, livros em fontes consideradas seguras em plataformas como SciELO, Google Scholar,
Google Livros, Pubmed, Lilacs, procurando por palavras-chave como: condromalácia patelar,
etiologia e diagnóstico condromalácia patelar, tratamento condromalácia patelar, entre outras
semelhantes, após esse procedimento foram encontrados diversos artigos e livros, que após serem
lidos foi feita uma triagem para escolher aqueles que estavam mais intimamente ligados com aquilo
que foi proposto neste trabalho.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dentre as fontes estudadas os autores foram unânimes ao afirmar que a condromalácia
patelar apresenta etiologicamente várias causas, e possivelmente algumas que podem ainda nem ser
conhecidas, devido a essa grande possibilidade de fatores o tratamento também não ocorre de forma
consensual, como vimos com Habusta et al. (2023) e Hauser e Sprague (2014) no que discorrem em
relação a proloterapia, desde a primeira vez em 1906 que trataram sobre alterações patológicas na
cartilagem patelar alguns tratamentos como o recapeamento patelar entraram em desuso, enquanto
outros como o moderno uso de células tronco mesenquimais hoje em dia se tornam mais uma opção
para a enorme variedade de opções para o tratamento da CP.
Os diversos tratamentos existentes para CP devem ser minuciosamente avaliados e
conduzidos por especialistas na área, pois um tratamento mal conduzido pode levar a uma piora
substancial no quadro clínico e assim uma diminuição na qualidade de vida do paciente, visto que o
joelho é fundamental para a grande maioria das atividades realizadas rotineiramente, segundo
Habusta et al. (2023) o prognóstico da condromalácia patelar pode ser reversível ou progredir para o
desenvolvimento de osteoartrite femoropatelar.
Durante a realização do trabalho foi visto que a artroscopia é o padrão ouro para o
diagnóstico da CP, mas que outras formas de exame não invasivas podem ser utilizadas para se
obter o diagnóstico adequado, por exemplo, nas imagens abaixo podemos ver a diferença entre a
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imagem artroscópica de uma patela normal (Figura I) e uma imagem artroscópica de uma patela
com CP grau III (Figura II), que devido a diferença de graus é notável o avanço da doença, mas que
em estágios iniciais dependendo do método de diagnóstico utilizado pode não ser tão notável.

Figura I: Imagem artroscópica de uma patela normal


Fonte: Doberstein, Romeyen e Reineke (2008)

Figura II: Imagem artroscópica de patela com condromalácia patelar grau III
Fonte: Doberstein, Romeyen e Reineke (2008)
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5. CONCLUSÃO
Este estudo foi realizado com o propósito de elencar as principais causas, formas de
diagnóstico e tratamentos para a condromalácia patelar, afecção que acomete a cartilagem do
joelho, que é uma das articulações mais utilizadas no cotidiano das pessoas, seu uso varia desde as
atividades mais simples como o levantar de uma cama até as mais complexas atividades exercidas
nos mais diversos esportes, desse modo a saúde dos joelhos é de imensurável importância para que
o paciente tenha qualidade de vida em todas suas atividades, assim podemos perceber o quanto a CP
implica em uma piora substancial na qualidade de vida, pois além do incomodo da dor presente,
pode vir acompanhada a limitação dos movimentos.
É fundamental destacar que em todas as bibliografias lidas, não temos apenas uma causa
para o surgimento da CP, geralmente ela ocorre por um ou mais fatores associados que podem
contribuir para o seu aparecimento, ou seja, eles devem ser minuciosamente analisados pelo seu
médico para que se tenha um diagnóstico preciso, pois, somente assim é que pode ser selecionado o
tratamento adequado, sendo geralmente utilizado os diagnósticos por imagem devido sua natureza
não invasiva.
Fica evidente que o estudo da condromalácia patelar envolve uma grande diversidade de
profissionais da área da saúde, como médicos em várias especializações, fisioterapeutas,
profissionais da educação física, radiologistas, entre outros, desse modo, este trabalho serve para
instigar tanto a continuação dos estudos por parte dos discentes à respeito do tema, que é amplo e
ainda tem muito o que ser estudado seja em função das causas, quanto diagnóstico, quanto
tratamento, podemos perceber que é um campo aberto para futuros aprofundamentos e
desdobramentos nesse assunto.

REFERÊNCIAS

DOBERSTEIN, Scott T.; ROMEYN, Richard L.; REINEKE, David M.. The Diagnostic Value of
the Clarke Sign in Assessing Chondromalacia Patella. Journal Of Athletic Training, [S.L.], v. 43,
n. 2, p. 190-196, 1 mar. 2008. Journal of Athletic Training/NATA. http://dx.doi.org/10.4085/1062-
6050-43.2.190.

HABUSTA, Steven F.; COFFEY, Ryan; PONNARASU, Subitchan; MABROUK, Ahmed;


GRIFFIN, Edward E. Chondromalacia Patella. 2023 Apr 22. In: StatPearls [Internet]. Treasure
Island (FL): StatPearls Publishing; 2023 Jan–. PMID: 29083563.

HAUSER, Ross A.; SPRAGUE, Ingrid Schaefer. Outcomes of Prolotherapy in Chondromalacia


Patella Patients: improvements in pain level and function. Clinical Medicine Insights: Arthritis and
Musculoskeletal Disorders, [S.L.], v. 7, p. 13-20, jan. 2014. SAGE Publications.
http://dx.doi.org/10.4137/cmamd.s13098.
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OLIVEIRA, Márcio Tadeu Rodrigues Raulino de et al. ETIOLOGIA E DIAGNÓSTICO DA


CONDROMALÁCIA PATELAR: REVISÃO DA LITERATURA: revisão da literatura. 2018.
40 f. Monografia (Especialização) - Curso de Residência em Ortopedia e Traumatologia, Hospital
do Servidor Público Municipal, São Paulo, 2018.

PAULA, Luciana Fonteles Barros de et al. EFICÁCIA DO TREINAMENTO RESISTIDO NO


TRATAMENTO DA CONDROMALÁCIA PATELAR: revisão sistemática da
literatura. RBPFEX: Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo, v. 16, n.
101, p. 63-72, jan/fev. 2022. Bimestral.

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