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HISTOLOGIA

Docente: Amândio Mutumula (MSc.)


INTRODUÇÃO
O que é histologia?

No mundo vivo, quanto mais desenvolvido se


apresenta um determinado grupo de
organismos, tanto maior é a divisão de trabalho
observada entre as células que os constituem. A
associação de células, que se verifica nos
indivíduos pluricelulares, permite o
desenvolvimento de um processo cooperativo.
Cont.

Esse processo impede a competição celular e


contribui para a sobrevivência do grupo de
células em condições nas quais células isoladas
poderiam não sobreviver. Além disso, a
associação celular permitiu, ao longo do
mecanismo evolutivo, o surgimento de grupos
celulares especializados na execução de
determinadas funções.
Cont.

Essa divisão de trabalho é consequência do


aparecimento de células diferenciadas, isto é,
especializadas na execução de determinadas
tarefas.

Os vegetais inferiores, como as algas, não


exibem uma organização de tecidos muito
especializada;
Cont.

há casos em que cada célula desempenha


todas as actividades vitais necessárias para a
sobrevivência e reprodução do indivíduo. Nos
vegetais superiores, é relativamente fácil
perceber a presença de tecidos especializados,
com funções geralmente bem definidas.
Cont.

No entanto, os tecidos vegetais apresentam


sempre um menor grau de diferenciação que os
tecidos animais e uma distinção anatômica
menos nítida.
Conceito de tecido

Tecido é um agrupamento de células


diferenciadas e especializadas na execução de
certa função.

Existem, porém, tecidos indiferenciados, cujas


células são dotadas de elevada capacidade
proliferativa (reprodutiva), sendo, por isso,
capazes de originar os diversos tecidos que
formam o organismo.
Cont.

Nos tecidos cujas células são muito


diferenciadas, por sua vez, a capacidade de
reprodução, quando existe, é normalmente
pouco significativa.

As células indiferenciadas são consideradas


totipotentes, por terem a potencialidade de
originar células novas, inclusive diferenciadas,
que farão parte de outros tecidos do organismo.
Desvantagens da estrutura unicelular

Os protozoários, são exemplos de organismos


unicelulares. Nesses casos, a célula sozinha é
capaz de executar todas as tarefas que
envolvem a manutenção de vida no organismo e
também a continuidade da espécie, através do
mecanismo reprodutivo.
Cont.

Entretanto, a estrutura unicelular traz algumas


desvantagens ao indivíduo. A perfuração, por
exemplo, da membrana celular, pode acarretar a
morte da célula e consequentemente do
organismo, o que não acontece com os
indivíduos pluricelulares, nos quais a morte de
uma célula ou mesmo de várias não implica,
necessariamente, a morte do indivíduo.
A origem dos tecidos animais

No ser humano e em todos os animais


complexos, seres de reprodução sexuada, os
tecidos têm origem a partir de uma única célula,
denominada célula-ovo ou zigoto. Através de
sucessivas divisões mitóticas, o zigoto produz
um grupo de células que darão início à
formação do embrião.
Cont.

Com excepção das esponjas e dos celenterados


(como a hidra), o embrião de outros animais
contém três tecidos ou folhetos embrionários,
que originam os demais tecidos do organismo.

A seguir, veremos os folhetos embrionários e os


exemplos de alguns tecidos que eles originam.
Cont.

 Ectoderme- folheto responsável pela formação


da epiderme e seus anexos(unhas, pêlos, etc) e
também do tecido nervoso;

 Endoderme- folheto responsável pela formação


dos tecidos de revestimento do tubo digestivo e
das glândulas anexas, do aparelho respiratório,
da bexiga, entre outros.
Cont.

 Mesoderme- folheto responsável pela formação


de vários tecidos internos do corpo animal,
como o tecido conjuntivo (sangue, linfa,
esqueleto, etc.) e o tecido muscular.
Os Tecidos Básicos dos Animais

Apesar da grande complexidade, o organismo


humano é constituído por apenas 4 tipos
básicos de tecidos: o epitelial, o conjuntivo, o
muscular e o nervoso; Junqueira & Carneiro
(2008:66).
Cont.

Estes tecidos, que são formados por células e


moléculas da matriz extracelular (MEC), não
existem como unidades isoladas, mas
associados uns aos outros, formando os
diferentes órgãos e sistemas do corpo;
Junqueira & Carneiro (2008:66).
Características principais dos quatro tipos
básicos de tecidos
Tecido Células Matriz Funções
Extracelular principais
Nervoso Longos Nenhuma Transmissão de
prolongamentos impulsos
nervosos
Epitelial Células Pequena Revestimento
poliédricas quantidade da superfície ou
justapostas de cavidades do
corpo, secreção
Muscular Células Quantidade Movimento
alongadas moderada
contrácteis
Conjuntivo Vários tipos de Abundante Apoio e
células fixas e protecção
migratórias
Tecidos Epiteliais

Os tecidos epiteliais ou epitélios, são os tecidos


que cobrem a superfície do corpo, revestem as
cavidades ou canais e fazem parte da formação
das glândulas.

São formados por células justapostas e


geralmente poliédricas.
Cont.

Essa justaposição celular, acarreta a escassez


de substâncias intercelulares nesses tecidos.
Por serem também desprovidos de vasos
sanguíneos, os epitélios são nutridos por
difusão, pelo tecido subjacente, que é o tecido
conjuntivo, daí que justifica-se o facto de se
encontrarem células vivas no epitélio, embora
este não seja vascularizado.
Cont.

Os tecidos epiteliais, portanto, estão sempre


apoiados sobre uma camada de tecido
conjuntivo subjacente. Essa camada de tecido
conjuntivo é denominada lâmina própria.

O epitélio não se encontra apoiado directamente


na lâmina própria. Entre ambos existe uma
camada acelular, constituída principalmente de
proteínas e glicoproteínas, chamada membrana
basal.
Cont.

A membrana basal, permeável aos nutrientes


provindos da lâmina própria, permite que o
epitélio seja convenientemente alimentado,
além de servir-lhe de suporte, promovendo sua
eficiente fixação no tecido conjuntivo.
Fig.1. Associação entre o tecido epitelial e a lâmina própria ou
tecido conjuntivo
Nota:

As células epiteliais são envolvidas por uma


camada delicada, constituída basicamente de
glicoproteínas. Essa camada, cujo nome é
glicocálix, serve para aumentar a adesão entre
as células.
Tipos de Tecidos Epiteliais

Os epitélios são divididos em dois grupos


principais, de acordo com a sua estrutura e
função: epitélios de revestimento e epitélios
glandulares. Esta divisão é arbitrária, pois há
epitélios de revestimento nos quais todas as
células secretam (por exemplo, o epitélio da
cavidade do estômago), ou em que há algumas
Cont.

células glandulares espalhadas entre as células


de revestimento (por exemplo, células mucosas
do intestino delgado ou traquéia); Junqueira &
Carneiro (2008:72).

Nos epitélios de revestimento as células são


organizadas em camadas que cobrem a
superfície externa do corpo ou revestem
cavidades do corpo; (Idem).
Cont.

Os epitélios glandulares são constituídos por


células especializadas na actividade de
secreção. As moléculas a serem secretadas são
em geral temporariamente armazenadas nas
células em pequenas vesículas envolvidas por
uma membrana, chamadas grânulos de
secreção; Junqueira e Carneiro (2008:74).
Epitélios de Revestimento e seus Critérios de
Classificação

Os epitélios de revestimento podem ser


classificados de acordo com o número de
camadas de células e conforme as
características morfológicas das células na
camada superficial; Junqueira & Carneiro
(2008:72).
Classificação de acordo com o número de
camadas celulares
Critério Designação Características
Número de camadas Simples Uma única camada de
celulares células.
Estratificado Várias camadas de
células.
Pseudoestratificado Uma única camada de
células, de tamanhos
diferentes, conferindo
ao epitélio uma
aparente
estratificação.
Classificação de acordo com a forma das
células superficiais
Critério Designação Características
Forma das células Pavimentoso, Células achatadas em
superficiais escamoso ou plano forma de ladrilho.
Cúbico Células em forma de
cubo.
Prismático, colunar ou Quando as células
cilíndrico estão em forma de
prismas
De transição Constituído por várias
camadas de células
dotadas de grande
flexibilidade e cujo
formato varia.
Classificação dos diferentes tipos de tecido epitelial e
sua localização

Número de camadas Forma das células Localização


de células
Simples Pavimentoso Cápsula de Bowman
(rim), endotélio e
mesotélio.
Cúbico Ovário, ductos de
glândulas, folículos
tireoidianos.
Prismático, cilíndrico Revestimento do
ou colunar intestino, vesícula
biliar (sem cílios), na
trompa (com cílios).
Cont.

Número de Forma das Localização


camadas de células
células
Pseudoestratificado Cilíndrico Revestimento
(Cont.)
da traquéia,
brônquios,
cavidade nasal.
Cont.

Número de Forma das Localização


camadas das células
células
Estratificado Pavimentoso Córnea, pele,
vagina.
Cúbico Ductos das
glândulas
sudoríparas.
Prismático Uretra masculina.
De transição Bexiga, ureteres.
Fig. 2. Tipos de epitélio: pela forma e arranjo das células
Epitélios Glandulares e seus Critérios de
Classificação

Os epitélios glandulares são constituídos por


células especializadas na actividade de
secreção. Eles se originam de grupos de células
que proliferam a partir dos epitélios de
revestimento, formando as glândulas.
Fig. 3. Glândula formada a partir da invaginação do epitélio
Critérios de classificação das glândulas

Existem três critérios de classificação das


glândulas:

 Local onde a secreção é eliminada;

 Modo de eliminar as secreções e;

 Número de células que formam a glândula.


Quanto ao local de eliminação das secreções

 Exócrinas- eliminam o produto elaborado na


superfície do epitélio de revestimento que
originou a glândula. Elas são dotadas de dutos
ou canais que transportam a secreção desde a
glândula até o epitélio. Exemplos: glândulas
sudoríparas, mamárias, lacrimais, sebáceas e
salivares.
Nota:

As glândulas sudoríparas estão presentes


apenas nos mamíferos. Em alguns deles
ocorrem de forma escassa, como nos cães,
onde se distribuem mais nas patas. No homem,
existem cerca de dois milhões, com uma
distribuição mais acentuada nas palmas das
mãos, na planta dos pés e nas axilas.
Cont.

As glândulas sebáceas também ocorrem


apenas nos mamíferos. No homem, não
aparecem na palma das mãos e na planta dos
pés; são mais frequentes no rosto e no couro
cabeludo. Libertam um material gorduroso que
lubrifica os pêlos e a pele.
Cont.

 Endócrinas- não têm contacto com o epitélio


que as originou: são desprovidas de ductos ou
canais transportadores, sendo suas secreções
colectadas pelos vasos sanguíneos; tais
secreções são chamadas de (hormonas).
Exemplos: hipófise, tireóide, adrenais, ovários e
testículos.
Cont.
 Anfícrinas ou mistas- apresentam duplo
comportamento, isto é, são ao mesmo tempo
exócrinas e endócrinas. O pâncreas por
exemplo, tem actividade exócrina quando
elabora e elimina no interior do intestino o suco
pancreático, com função digestiva; tem
actividade endócrina ao elaborar a insulina e a
glucagona, hormonas que regulam a glicémia
(taxa de glicose no sangue).
Quanto ao modo de eliminação das secreções
 Merócrinas- as células eliminam
exclusivamente os produtos secretados. Exs.:
glândulas lacrimais, salivares e sudoríparas.

 Holócrinas- as células desintegram e são


eliminadas juntamente com o produto
elaborado. Neste caso, a actividade da glândula
é mantida por um contínuo processo de
renovação celular. Ex. glândulas sebáceas.
Cont.

 Apócrinas ou holomerócrinas- as células


eliminam a secreção juntamente com parte de
seu conteúdo protoplasmático; em seguida, a
célula secretora regenera-se. Exemplo:
glândulas mamárias.
Fig. 4. A eliminação das secreções em glândulas merócrinas,
holócrinas e apócrinas
Quanto ao número de células

 Unicelulares- compõem-se de uma única


célula. Exemplo: glândulas caliciformes das
fossas nasais, cuja função é secretar o muco,
uma substância de carácter viscoso que retém
as partículas sólidas do ar que penetra no tubo
respiratório.
Cont.

 Pluricelulares- constituídas por grupos de


células, podendo ser tubulares (região
secretora em forma de tubo), alveolares ou
acinosas (região secretora arredondada) e
túbulo-alveolares (região secretora com forma
intermediária entre as duas).
Fig. 5. tipos de glândulas quanto ao número de células
Fig. 6. Formação de glândulas a partir de epitélios de
revestimento
Considerações sobre os epitélios

• As células epidérmicas mais externas dos


animais como os répteis, as aves e os
mamíferos, principalmente, são impregnadas
por uma proteína impermeabilizante
denominada queratina. Uma vez
impermeabilizadas, tais células ficam impedidas
de receber nutrientes e morrem.
Cont.

Esse conjunto morto, descamativo e


queratinizado de células constitui a chamada
camada córnea. A presença de queratina na
epiderme garante uma eficiente protecção ao
animal contra uma desidratação excessiva. Por
esse motivo, pode-se dizer que a queratina
contribui para a adaptação à vida terrestre. Além
Cont.

disso, por ser de difícil decomposição, a


queratina aumenta a resistência do epitélio
contra a invasão microbiana.
Pele e Pêlos

A pele é considerada maior órgão do corpo


animal; constitui uma barreira impermeável que
protege as estruturas internas contra infecções,
lesões e raios solares prejudiciais. É ainda, um
importante órgão sensorial e auxilia o controlo
da temperatura corpórea. A camada externa da
pele, conhecida como epiderme, é recoberta
Cont.

por queratina, que é também o principal


constituinte de pêlos e unhas. Esta região da
pele, produz ainda o pigmento cutâneo
chamado melanina. A derme contém a maior
parte das estruturas vivas da pele, incluindo
terminações nervosas, vasos sanguíneos, fibras
elásticas, glândulas sudoríparas (resfriam a
pele) e glândulas sebáceas(lubrificam e
protegem a superfície).
Cont.

Abaixo da derme, encontra-se o tecido


subcutâneo (hipoderme), o qual é rico em
gordura e vasos sanguíneos. Obs: a hipoderme
não faz parte da pele.

Os pêlos crescem em toda a superfície da pele,


com excepção da palma das mãos e da planta
dos pés.
Fig. 7. Corte da pele
Tecidos Conjuntivos

Os tecidos conjuntivos são tecidos


responsáveis pelo estabelecimento e
manutenção da forma do corpo. Este papel
mecânico é dado por um conjunto de moléculas
(matriz extracelular) que conecta e liga as
células e órgãos, dando, desta maneira, suporte
ao corpo.
Cont.

Diferente de outros tipos de tecidos (epitelial,


muscular e nervoso), que são formados
principalmente por células, o principal
constituinte do tecido conjuntivo é a matriz
extracelular. As matrizes extracelulares
consistem em diferentes combinações de
proteínas fibrosas e de substância
fundamental.
Constituição da matriz extracelular

Também chamada de substância intercelular ou


intersticial, a matriz extracelular dos tecidos
conjuntivos preenche os espaços entre as
células e apresenta-se constituída de duas
porções: substância intercelular amorfa ou
fundamental e fibras de proteínas.
Cont.

A substância fundamental é constituída


principalmente por água, polissacarídeos e
proteínas. Às vezes, como acontece no tecido
ósseo, a substância fundamental é sólida, com
uma rigidez considerável; outras vezes, como
no plasma sanguíneo, apresenta-se líquida.
Cont.

As fibras são de natureza protéica e se


distribuem conforme o tipo de tecido. O tipo de
fibras predominante pode determinar certa
característica do tecido. Assim, na substância
intercelular destacam-se os seguintes tipos de
fibras:
Cont.

 Fibras colágenas- são as mais frequentes do


tecido conjuntivo, formadas pela proteína
colágeno de alta resistência à tracção, com
coloração esbranquiçada;

Nota: quando se ferve um osso, as fibras


colágenas se convertem numa substância
gelatinosa semelhante a uma cola. Daí o nome:
fibras colágenas, isto é, que “formam cola”.
Cont.

 Fibras elásticas- são formadas


fundamentalmente pela proteína elastina,
dotadas de elasticidade, cedendo, (ao contrário
das colágenas) facilmente à tracção, porém, na
ausência de forças deformantes, elas voltam à
normalidade. São mais delicadas que as fibras
colágenas e têm coloração amarelada.
Cont.

 Fibras reticulares- as fibras mais finas do


tecido conjuntivo; são constituídas por uma
proteína chamada reticulina, muito semelhante
ao colágeno.
Células dos tecidos conjuntivos e suas funções
Tipo de células Funções mais representativas
Fibroblástos, condrócitos, Produção de moléculas da matriz
osteócitos extracelular (fibras e substância
fundamental)
Plasmócito Produção de anticorpos
Linfócitos Participação na resposta
imunológica
Eosinófilo Participação em reacções
alérgicas; destruição de parasitas;
modulação da actividade dos
mastócitos
Neutrófilo Fagocitose de substâncias e
organismos estranhos (bactérias)
Macrófago Fagocitose de substâncias estranhas
e bactérias; processadora e
apresentadora de antígenos; secreção
de citocinas e factores quimiotáticos
Cont.

Mastócitos e basófilos Libertação de moléculas


farmacologicamente
activas; participação em
reacções alérgicas
Célula adiposa Estocagem de gordura
neutra; reserva de energia,
produção de calor
Classificação dos tecidos conjuntivos

Os elementos que constituem os tecidos


conjuntivos (células e substâncias
intercelulares), variam de acordo com as
diversas modalidades desses tecidos.
Considerando essa variação e, ainda, a função
do tecido, pode-se classificar os tecidos
conjuntivos da seguinte maneira:
Cont.

 Conjuntivo frouxo;

 Conjuntivos densos e;

 Conjuntivos especializados.
Tecido conjuntivos frouxos

Os tecidos conjuntivos frouxos apresentam


fibras pouco entrelaçadas, que deixam muita
matriz livre. Têm função de preenchimento de
espaços entre tecidos e órgãos. Eles pode ser:
areolar, adiposo (gordura) e reticular.
Cont.

Tecido conjuntivo frouxo areolar- o mais


frequente, muito flexível, com uma rede de
filamentos pouco compacta, relativamente
elástico e resistente. Inclui vários tipos celulares:
Fibroblastos, Macrófagos ou “Histiócitos”, Mastócitos
e Células mesenquimais.
Cont.

Tecido conjuntivo frouxo adiposo- Tipo de


tecido areolar especializado na protecção
mecânica dos órgãos e no isolamento térmico
destes. Composto principalmente de Adipócitos.
Cont.

Tecido conjuntivo frouxo reticular- Com uma


matriz de fibras reticulares que suportam
“células reticulares primitivas”, pouco
diferenciadas, capazes de originar células
fagocitárias (macrófagos). Forma a estrutura do
tecido linfóide, fígado e medula óssea.
Tecidos conjuntivos densos

Os Tecidos conjuntivos densos- Com fibras


colágenas e elásticas, compactas (com pouca
matriz livre), intimamente arranjadas, com
células menores que as anteriores. Inclui:

 Tecido conjuntivo denso irregular: Grandes


quantidades de colagénio em cordões grossos,
formando uma rede. Na derme da pele e nas
cápsulas dos órgãos.
Cont.

 Tecido conjuntivo denso regular: Colágeno


ordenado em paralelo, com grande resistência
às forças de tracção. Nos tendões, ligamentos e
fáscias.

 Tecido conjuntivo elástico: Elastina ordenada


em paralelo, com grande elasticidade. Nas
cordas vocais, broncos, etc.
Fig. 8. Tipos de tecido conjuntivo básicos
Tecidos conjuntivos especializados

Os Tecidos conjuntivos especializados,


Incluem uma série de tecidos de origem comum,
mas com funções muito diferentes, para as que
se adaptaram morfologicamente. Eles podem
ser:
Tecido cartilaginoso

O tecido cartilaginoso, apresenta matriz muito


firme, com fibras colágenas e elásticas
organizadas, que dão propriedades de
elasticidade e resistência. Com células grandes
arredondadas produtoras da matriz
(condrócitos). Não têm vasos, pelo que recebe o
oxigénio e os nutrientes desde os tecidos
vizinhos. Há três tipos de cartilagem:
Cont.

Cartilagem hialina- Base do sistema


esquelético no embrião (sendo substituído por
tecido ósseo durante a infância), tem matriz
muito celular e pouco fibrosa. No adulto está
apenas nas superfícies articulares, anéis
traqueio-bronquiais, costelas e nariz.
Cont.

Cartilagem fibrosa- Cordões colagénios com


células em fileiras, em um tecido pouco elástico
e muito resistente, que une ossos (sínfise
pubiana, intervertebrais.

Cartilagem elástica- Predominam fibras


elásticas, como nas orelhas e na laringe.
Tecido ósseo

O tecido ósseo apresenta uma matriz


endurecida (“ossificada”) pelos depósitos de
sais (Ca++ e H2PO4-) sobre as fibras
extracelulares. Muito activo, bem vascularizado
e em constante remodelação. Tem dois tipos,
presentes ao mesmo tempo em todos os ossos,
em diferentes proporções e arranjos (que
definem o tipo e função de cada osso):
Cont.

Tecido ósseo compacto ou denso, com fibras


ossificadas mais densamente apertadas, na
parte mais periférica do osso, dando a dureza
típica do osso. Está recoberto pelo periósteo,
membrana de tecido conjuntivo denso, que o
protege e nutre.
Cont.

Tecido ósseo esponjoso ou trabecular- com


estrutura mais leve, no interior do osso, para
diminuir o peso deste e dar suporte à medula
óssea.
Membranas sinoviais

Revestem as cavidades de articulações e


bolsas e bainhas de tendões, diminuindo a
fricção e facilitando os movimentos entre
tecidos. Vascularizadas, produzem o “líquido
sinovial”, lubrificante das articulações.
Tecido linfóide

O tecido linfóide apresenta matriz reticular,


que suporta células linfóides (“linfócitos”) que
desempenham um papel principal na defesa do
organismo (sistema imune). Forma órgãos
completos (gânglios linfóides, baço, timo,
tonsilas) ou está presente em outros tecidos
(mucosas respiratórias e digestivas).
Tecido sanguíneo e medula óssea
O sangue considera-se como um tecido
conjuntivo líquido (o plasma é a matriz
extracelular) com três estirpes celulares
sanguíneas:

 Eritrócitos ou células vermelhas, com função de


transporte de oxigénio;

 Leucócitos ou células brancas, com função de


defesa (sistema imune) e;
Cont.

 Plaquetas, com função na coagulação do


sangue.

A medula óssea contém as células precursoras


das estirpes sanguíneas, sendo uma autêntica
fábrica de sangue (“tecido hematopoiético”).
Sistema retículo-endotelial

Sistema retículo-endotelial (SER)- Tecido


conjuntivo dispersado em todos os tecidos do
corpo, com função de limpeza de restos
celulares e corpos estranhos, mediante
fagocitose.
Fig. 9. Tipos de tecido conjuntivo especializado
Tecidos Musculares
Cont.

O tecido muscular é constituído por células


alongadas, altamente especializadas e de
capacidade contráctil, denominadas fibras
musculares.

As células (fibras) musculares têm nomes


específicos para as suas estruturas. Assim, a
membrana plasmática é denominada
sarcolema, e o citoplasma é denominado
sarcoplasma.
Características do tecido muscular
 Têm abundantes vasos sanguíneos e nervos,
que circulam pelo tecido conjuntivo associado, o
qual divide os grupos de fibras em “feixes”;

 Células muito alongadas (filamentosas), com


um ou vários núcleos periféricos, com
membrana sensível a estímulos eléctricos e com
citoplasma preenchido por elementos
contrácteis (“miofibrilas”);
Cont.

 Proteínas filamentosas com capacidade para se


deslizar umas com outras, produzindo a
contraceção da célula.
Tipos de tecidos musculares

De acordo com as suas características


morfológicas e funcionais, distinguem-se três
tipos de tecidos musculares: tecido muscular
liso, tecido muscular estriado esquelético e
tecido muscular estriado cardíaco.
Fig. 10. Tipos de tecidos musculares
Tecido muscular liso

Características

 Apresenta aglomerados de células fusiformes;

 Apresentam um núcleo alongado e central;

 Não possuem estrias transversais;

 Contração fraca, lenta e involuntária.


Tecido muscular estriado esquelético

Características

 Formado por feixes de células cilíndricas muito


longas;

 Células multinucleadas;

 Apresentam estriações transversais;

 Contração forte, rápida, descontínua e


voluntária.
Tecido muscular estriado cardíaco

Características

 Formado por células alongadas e ramificadas


que se unem por intermédio de discos
intercalares (encontrados exclusivamente no
músculo cardíaco);

 Com estrias transversais;

 Contração forte, rápida, contínua e involuntária.


Nota:

Os músculos estriados são às vezes chamados


de músculos vermelhos, devido à presença de
uma proteína chamada mioglobina (semelhante
à hemoglobina), de cloração vermelha. A
mioglobina funciona como um reservatório de
O2 para a actividade muscular.
Cont.

Em certas partes do organismo (como


acontece, por exemplo, no peito de perú), a
presença da mioglobina é insignificante, daí a
cloração branca da carne. De modo geral,
quanto maior a presença de mioglobina, maior a
actividade do músculo.
Estrutura do músculo estriado

A fibra muscular estriada é envolvida por uma


bainha de tecido conjuntivo denominada
endomísio. Um aglomerado de fibras forma um
feixe muscular. Cada feixe envolve-se por outra
bainha de tecido conjuntivo chamada perimísio.
O conjunto de feixes constitui o músculo, que,
também, é envolvido por uma bainha conjuntiva
denominada epimísio.
Fig. 11. As bainhas musculares
Mecanismos de contração muscular
As fibras musculares são dotadas de inúmeras
miofibrilas contrácteis constituídas basicamente
por dois tipos de proteínas: actina e miosina.

Na musculatura lisa, as miofibrilas são muito


finas e não se organizam em feixes, de maneira
que são dificilmente observadas. Assim, o
sarcoplasma apresenta-se com aspecto
homogéneo, sem estrias; por isso são fibras.
lisas.
Cont.

Na musculatura estriada, as miofibrilas


organizam-se em feixes, delimitando um
intercalamento de faixas claras e escuras, o que
confere à fibra um aspecto estriado.

Veja a seguir, a descrição da estrutura de uma


fibra muscular estriada, através das figs. 12 e
13.
Fig. 12. A estrutura muscular estriada
Fig. 13. Miofibrila em corte, mostrando a disposição dos
filamentos de actina e miosina
Cont.

A fibra estriada é constituída por inúmeras


miofibrilas contrácteis, entre as quais pode-se
observar a presença de numerosas
mitocôndrias.

Cada miofibrila apresenta faixas claras e


escuras, de maneira alternada.
Cont.

As faixas claras (Banda I) apresentam no seu


centro uma estria mais escura (Estria Z). As
faixas escuras (Banda A) são maiores e
apresentam na região central uma zona mais
clara (Estria H).

O conteúdo existente entre duas estrias Z é


denominado sarcómero.
Cont.

Inseridos na estria Z, encontram-se filamentos


delicados constituídos da proteína actina. Esses
filamentos terminam ao redor da estria H.
intercalados aos filamentos de actina estão os
filamentos grossos, constituídos da proteína
miosina.
Cont.

Na faixa A existem filamentos de actina e


miosina, determinando uma faixa mais densa, o
que justifica a cloração escura, quando se
observa a fibra ao MO. Na estria H, um pouco
mais clara, não existe actina. A faixa I é
constituída apenas pelos filamentos finos de
actina, daí sua cloração clara (uma região
pouco densa).
Cont.

Quando a fibra muscular se contrai, os


filamentos finos de actina deslizam sobre os
filamentos grossos de miosina. Dessa maneira,
a faixa I diminui (podendo até desaparecer); a
estria H também diminui e pode desaparecer,
embora a faixa A não se altere. É evidente que,
na fibra contraída, as estrias Z se aproximam, o
que determina o encurtamento do sarcómero.
Cont.

Como o sarcômero é a menor porção da fibra


capaz de sofrer contração (encurtamento), é
considerado a unidade contráctil da fibra
muscular.

O mecanismo de deslizamento dos filamentos


de actina sobre os de miosina é conhecido
como Teoria dos Filamentos Interdigitados
Deslizantes.
A energia para a contração muscular
Os músculos armazenam glicogénio que a partir
do mecanismo respiratório, as moléculas de
glicose provenientes do glicogénio libertam
energia para a síntese de ATP. A energia
libertada pelo ATP permite o deslizamento da
actina sobre a miosina, determinando a
contração muscular. O estoque de ATP nas
fibras musculares, é, porém, limitado.
Cont.

Quando a actividade muscular é intensa, esse


estoque é rapidamente consumido e, nessas
condições, a energia oriunda do mecanismo
respiratório não consegue, normalmente,
restaurar as moléculas de ATP. Ocorre, no
entanto, que a fibra muscular contém grande
quantidade de uma substância orgânica
denominada creatina.
Cont.

A creatina é capaz de ser fosforilada e


armazenar fosfatos de alta energia que, quando
o suprimento de ATP diminui, a creatina-fosfato
fornece fosfatos de alta energia para o ADP,
permitindo a rápida formação de novas
moléculas de ATP. Quando o músculo se
encontra em repouso, o mecanismo respiratório
fornece energia, permitindo a formação de
novas moléculas de creatina-fosfato.
As células musculares e a fermentação láctica

Em caso de exercício intenso e prolongado, o


aporte de oxigénio não é suficiente, produzindo-
se a energia por outra via (“via anaeróbia”) de
menor rendimento, mas que não precisa de
oxigénio. Produz ácido láctico como metabolito,
que é o responsável da fadiga e dores
musculares no dia seguinte de um exercício
intenso.
Cont.

O ácido láctico assim formado, será lentamente


oxidado até desaparecer, à medida que o
músculo recebe oxigénio. Entretanto, parte do
ácido láctico produzido passa para o sangue;
nesse caso, o fígado promove sua conversão
em moléculas de glicose, que serão
armazenadas na forma de glicogénio.
Tecido Nervoso

O Tecido nervoso é o mais altamente


organizado do organismo, iniciando, controlando
e coordenando a capacidade do corpo de
adaptar-se ao seu meio ambiente, e dirigindo a
função do resto dos tecidos do corpo.

Encontra-se subdividido em encéfalo, medula


espinal e nervos periféricos.
Cont.

 Encéfalo (cérebro e estruturas intracraniais


associadas), responsável pelo controle superior
de todas as funções do corpo;

 Medula espinal (estrutura nervosa de dentro da


coluna vertebral), responsável pela transmissão
dos comandos desde o encéfalo e pela
produção de comandos simples independentes
chamados “reflexos”.
Cont.

 Nervos periféricos (fios nervosos que se


estendem desde o encéfalo e a medula até
todos os tecidos corporais), que transmitem
informação desde a periferia até os órgãos
centrais (nervos sensitivos ou aferentes) e que
transmitem comandos desde os órgãos centrais
até a periferia (nervos motores ou eferentes).
Células do tecido nervoso

O tecido nervoso é composto por dois grupos


de células que são: neurônios e neuroglia.

Neurónios- unidades estruturais e funcionais


nervosas, especializadas na transmissão rápida
de informação, mediante impulsos
electroquímicos (excitáveis electricamente). O
neurônio é compostas por:
Cont.

 Corpo celular, que contém o núcleo e a maior


parte do citoplasma;

 Axónio e dendritos, extensões citoplasmáticas


capilares, que transmitem os impulsos, estando
ligados a outros de outros neurónios nas
sinapses (pontos de contacto entre neurónios)
pelos que transitam sinais químicos mediante
moléculas especializadas ou
neurotransmissores.
Cont.

 Bainha de mielina, espessamento lipídico-


protéico da membrana do axónio, que o isola
electricamente, conseguindo uma transmissão
mais rápida do impulso.

Neuroglia- conjunto de células não excitáveis,


que formam a estrutura de suporte, sustentação,
defesa, limpeza e alimentação das células
neuronais.
Fig. 14. Célula nervosa (neurônio)
FIM

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