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Plano de lição nº Data: 15/09/2023

Escola: Secundária de Inhamissa


Disciplina: Língua Portuguesa Classe: 10ª
Unidade Temática: Textos Líricos
Tópico: Estrutura Formal (estrutura externa) e linguística do texto Duração: 45’
dramático (Texto de base “ O Lobolo Perdido”)
Elementos do texto dramático Tipo de aula: Continuação
Praticante: Raimo Sulemane Tancaria e Vasco Valentim Machava
Tutora: Hermenegilda Carvalho Louro Sobral Métodos de ensino: Elaboração Conjunta
Objectivo específico:
 Identificar as características formais e linguísticas dos textos Material didáctico: Giz, quadro, apagador, caderno, lápis, ficha de
dramático a partir do texto; leitura, e esferográfica, etc.
 Descrever os elementos do texto dramático
Objectivos comportamentais:
 O aluno identifica as características formais e linguísticas dos
textos dramático a partir do texto;
 O aluno o descreve os elementos do texto dramático.

Realização
Tempo Funções Didácticas Actividades/Estratégias Meios/Métodos/técnicas
1.1.Controlo de presenças
8’ Instrução: Responda oralmente à chamada Meios: Meios Básicos de Ensino
1.Introdução e

1.2. Revisão da aula anterior como forma de aproximação ao tema (MBE)


Motivação

Instrução: Usando os conhecimentos adquiridos na aula anterior sobre estrutura do texto


dramático, responda com clareza oralmente ao seguinte questionário: Método: Elaboração Conjunta
i. O que é um texto dramático?
ii. Diferencie texto principal ou réplicas do texto secundário ou indicações cénicas; Técnicas: debate e exposição
iii. Como é composta a estrutura externa do texto dramático?
1.3. Apresentação do tema, actividades e objectivos da aula.
2.Mediação 2.1. Estrutura externa do texto dramático
15’ e Instrução: Analise o texto prestando atenção à estrutura externa ou de superfície e responda
Assimilação ao questionário seguinte. Método: Elaboração conjunta
i. Quanto à estrutura externa, como se encontra organizado o texto dramático?
ii. O que são actos e cenas? Meios: Texto e MBE.
iii. Quando é que muda o cenário?
2.2. Elementos do texto dramático
Instrução: Todo e qualquer texto têm seus elementos. Partindo deste pressuposto, responda
às seguintes perguntas com clareza:
i. Quais são os elementos do texto dramático?
ii. Retire as personagens do texto.
3.Domínio 3.1. Exercícios de aplicação Meios: MBE
16’ e Instrução:. Junto do seu colega, responde ao seguinte questionário por escrito, sobre o
Consolidação texto Dramático: Método: Elaboração Conjunta
i. Localize a acção no tempo e espaço. Técnica: Debate, Trabalho em
ii. Diferencie actos e cenas grupo
iii. Em quantas cenas está dividido o texto?
4.Controlo 4.1. Correcção dos exercícios Meios: MBE
8’ e Instrução: Apresente a resolução dos exercícios para análise em plenário.
Avaliação 4.2. Aprimoramento dos conteúdos por meio de perguntas abertas. Método: Elaboração Conjunta
4.3. Marcação do TPC Técnica: Debate, Exposição
Ensaie a dramatização da peça O LOBOLO PERDIDO junto do seu grupo.

Conteúdo/Continuação
c) Estrutura externa b. Espaço
ACTOS: grandes divisões do texto dramático, que correspondem a um O espaço cénico é caracterizado nas didascálias onde surgem
espaço. Muda o acto, mudando o cenário. indicações sobre pormenores do cenário, efeitos de luz e som.
CENAS: quando há entrada ou saída de personagens. c. Tempo
i. Tempo da representação – duração do conflito em palco;
ELEMENTOS DO TEXTO DRAMÁTICO ii. Tempo da acção ou da história – o(s) ano(s) ou a época em que se
a.Personagens: são as pessoas que participam da acção. desenrola o conflito dramático;
a.a. Quanto ao relevo ou papel na obra: iii..Tempo da escrita ou da produção da obra – altura em que o
 protagonista ou personagem principal; autor concebeu a peça.
 personagens secundárias ou figurantes.
a.b. Caracterização das personagens Referências:
i. Direta – a partir dos elementos presentes nas didascálicas, da Cunha, C. e Cintra, L. (2005). Gramática do Português
descrição de aspectos físicos e psicológicos, das palavras de outras Contemporâneo. Fernão, I. A. e Manjate, N. J. (2010). Português 10ª
personagens, das palavras da personagem a propósito de si própria. Classe. Longman. Moçambique
ii. Indirecta – a partir dos comportamentos, atitudes e gestos que MEIC. (2010). Programa de Ensino de Português 10ª Classe. INDE
levam o espectador a tirar as suas próprias conclusões sobre as
características das personagens.
O Lobolo Perdido

(A cena passe-se no mesmo povoado, na casa de Muene Óssiua. É dia de casamento. Marqueio
manda suas madrinhas, Namanda e Ualamela, dar e vestir à noiva Grinane a mais luxuosa
roupa que ele, Marqueio, comprara para o efeito. Grinane é vestida e introduzida na palhota do
noivo, acompanhada da sua padrinha Fandeia e das madrinha do noivo, enquanto cá fora o
povo canta a dança batucada.)
Cena I
Machendhe (dirigindo-se aos nobre que iam felicitar o Muene Óssiua) – Digníssimos
conselheiros, amanhã cedinho, antes de mais ninguém falar com Muene Óssuia, vou pregar-lhe
uma mentira. Dir-lhe-ei que sua filha, graciosa Grinane, não foi encontrada virgem na noite de
núpcias. Quero ver a sua reacção…
Samaçoa Fache – Não faças tal, porque seria crime imperdoável que te levaria ao enforcamento.
Tu conheces bem Muene Óssuia…
Machendhe – Não haverá enforcamento nenhum, porque logo depois saberá que o lhe falei foi
uma simples mentira sem cunho de maldade. Somente quero ver como ele acolherá esta notícia.
Ele é acérrimo guardião dda virgindade.
Samaçoa Fache (falando em nome de todos) – Com mentiras de mau gosto jamais contes
connosco. (Saem).

Cena II
(Manhã cedo, antes de as madrinha irem com cânticos e danças apresentar ao Muene Óssuia a
prova da virgindade da filha , vai, sorraterirramente, o Machendhe apresentar a sua perversa
intenção.)
Machendhe – Saiba, - ó grande Óssiua, que se até a este momento ninguém o veio felicitar é
porque a sua filha não foi achada virgem. Todos têm medo de se aproximar de si e de lhe dar esta
notícia que, por certo, é muito triste.
Muene Óssiua – Que dizes?!!! Minha filha?!!! O quê?!!! Repete, por favor. Não ouvi bem.
Machendhe – Suya filha não foi encontrada virgem. As madrinhas têm medo de vir anunciar.
Perdeu o lobolo. (Faz sarcasticamente uma vénia e sai.)
Muene Óssiua (fora de si, agarrando com ambas mão a cabeça) – Oh! Será verdade?! Que dirá
o meu povo do meu nobre Nrúgula?!! Não, não, não é verdade (bate palmas e chama). Men-do-
so! Mu-sei-a! Men-do-so! Mu-sei-a!
Mendoso e Muzeia – Dizei, nobre Óssiua, que os vossos servos estão às vossas ordens.
Muene Óssiua – Ide trazer-me a Grinane. Já…já…já… e parem as danças.
Mendoso e Muzeia (aparte) – O Muene Óssiua parece que enlouqueceu. Está fora de si.
Mendoso (dirigindo-se ao companheiro) – Tu viste o seu aspecto, a boca, o ranger de dentes?!
Muzeia – E os olhos dele?! Metem medo.
Mendoso – Hoje vai correr sangue, com certeza, eu conheço o Muene Óssiua. Aqui nasci, aqui
cresci, nada me é estranho. Alguém o arreliou.
Mendoso e Muzeia (falando às madrinhas de núpcias) – Dizei à menina Grinane que o pai, o
grande Óssiua, a chama. Porém, parece que está muito irado. Desconhecemos a causa, nem ele
nos revelou. E, por sinal, mandou parar as danças.
Mendoso – Deve ser coisa grave, porque eu conheço - o muito bem.
Grinane (apresentando-se ao pai) – O pai mandou-me chamar?
Muene Óssiua – Vais morrer! Tu, tua mãe e tuas madrinhas, porque desonraram o meu nome e
o meu povo. Eu, Óssiua, ainda não nasceu quem me deve humilhar e não sereis vós, sangue do
meu sangue, os primeiros a zombar de mim.
Grinane – Como, meu pai!!!
Muene Óssiua – Não sabes como? Ah! Ah! Ah! Essa é que é boa. Ainda perguntas? Onde
deixaste a tua virgindade? Aquela pureza que eu esperava em ti como mestra, como expressão
viva perante o nosso povo e o povo do grande Muene Nrúngula, teu sogro.
Grinane – Quem disse ao pai que eu não era virgem? – Ó meu Deus! Pai, não me mate. Chame
as madrinhas… pergunte ao meu noivo. Pai…pai…pai, não me mate.
Muene Óssiua (agarrando e sacudindo brutalmente a filha) – Tuas madrinhas e tua mãe virão e
seguirão dentro em breve o mesmo caminho.
Grinane – Pai, pergunte!... pergunte!... (Cai sem sentidos).

Cena III
(Entram as madrinhas de núpcias para felicitar Muene Óssiua, apresentando-lhe a prova da
virgindade da filha. Encontram a linda Grinane caída no chão e sem sentidos, enquanto o pai na
mão uma zagaia. Ficam extremamente aterrorizadas).
Muene Óssiua – Quem vem lá? Não entre… senão será alvo da minha mortal zagaia.
(As madrinhas de núpcias, apavoradas, correm a chamar a rainha Sivira, única pessoa a que ele
pode ouvir em tais momentos.)
Fandeia – Rainha Sivira, rainha Sivira, seu filho enlouqueceu. Matou a filha, a nossa linda
Grinane. Não quiseste que se apaixonassem. Prometeste atravessá-las no coração com tua
azagaia. Fugiram aterrorizadas. Afinal o que te aconteceu? Porque fizeste tudo isto?
Muene Óssuia (todo perplexo) – Mãe, mãe da minha alma. Mãe querida. Pergunte ao
Machendhe, ele te poder esclarecer. (Aparte) Será verdade que minha filha foi encontrada
virgem?! (Em voz alta) Ele disse-me que a Grinane tinha perdido a virgindade antes do
casamento e as madrinhas tinham medo de me dizer.
Rainha Siviri – É mentira. Ele quis perfidamente difamar a tua casa. E eu não vejo o motivo
desta difamante mentira. Também tu foste muito precipitado, porque segundo, porque, segundos
nossos costumes, seriam as madrinhas de núpcias a vir anunciar a triste noticia. E, como vais ver,
a nossa Grinane foi a mais pura donzela destas terras e, para prova, lá vêm as madrinhas para te
felicitar e estão la fora , à tua espera, os teus conselheiros e os membros do governo do mui
nobre Nrúngula para i mesmo fim, querem saudar - te.
Muene Óssuia – Mãe adorada, manda reanimar a nossa linda Grinane. Chame o nosso nhanga
privado. E atenda aos demais. Preciso de repouso.
(A rainha Sivila manda transportar a bela Grinane para o seu quarto e sai.)

CENA IV
Muene Óssiua – Muzeia, Mendoso, trazei-me o Machendhe amarrado até aos dentes.
Mendoso e Muzeia – Grande Óssiua, ordem cumprida. Aqui está o Machendhe.
Machendhe (aterrorizado) – Tenha misericórdia de mim. Sim, menti. Mas foi sem pensar e sem
medir as consequências…
Meune Óssiua – Ah! Sim! Ah! Ah! Ah! Foi sem pensar?! Então sem pensar, vais morrer. Olha
que ainda não nasceru quem vai zombar de mim. Veis ver. Vais ver e já…
Machendhe (cada vez mais aterrada) – Tenha misericórdia de mim. Prometo nunca mais
mentir. Tenha compaixão de mim.

CENA V
(Mendoso e Muzeia arrastan-no para fora a fim de cumprirem as ordens. Ele não se pode
manter em pé. As pernas tremem-lhe como varas verdes. Sente aproximar-se o castigo e a morte.
Vê os companheiros do Muene Óssiua e adarra-se a eles como última tábua de salvação e pede-
lhes)
Machendhe – Caros conselheiros e vós amigos da infância, ida pedir ao Muene Óssiua que
tenha compaixão de mim e me perdoe pela difamação. Foi sem pensar…
Samaçoa Fache (em nome de todos, respondendo ao apelo) – Já te tínhamos avisado. Tu
zombaste do nosso conselho. Agora aguenta. Quando a cabeça não regula, o corpo paga.
(Machendhe, ouvindo esta resposta, sente calafrios de morte e cai pesadamente no chão sem
sentidos.).

João Inroga – Pai,


In O Lobolo Perdido e Machona, o Emigrante

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