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Conteudistas
Darlim Saratt Mezomo
Patrícia Viana Cruz
Rebeca Moreira Rangel
Revisão Pedagógica
Ardmon dos Santos Barbosa
Márcio Raphael Nascimento Maia
Vânia Cecília de Lima Andrade
Coordenação de Produção
Francielli Schuelter
Coordenação de AVEA
Andreia Mara Fiala
Design Instrucional
Danrley Maurício Vieira
Marielly Agatha Machado
Design Gráfico
Aline Lima Ramalho
Douglas Wilson Lisboa de Melo
Sonia Trois
Taylizy Kamila Martim
Victor Liborio Barbosa
Linguagem e Memória
Cleusa Iracema Pereira Raimundo
Victor Rocha Freire Silva
Programação
BY NC ND
Jonas Batista Todo o conteúdo do Curso Saúde Mental do Profissional
Salésio Eduardo Assi de Segurança Pública, da Secretaria de Gestão e Ensino em
Thiago Assi Segurança Pública (SEGEN), Ministério da Justiça e Segurança
Pública do Governo Federal - 2020, está licenciado sob a Licença
Pública Creative Commons Atribuição-Não Comercial-Sem
Audiovisual Derivações 4.0 Internacional.
Luiz Felipe Moreira Silva Oliveira
Para visualizar uma cópia desta licença, acesse:
Rafael Poletto Dutra
Rodrigo Humaita Witte https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.pt_BR
APRESENTAÇÃO DO CURSO...............................................................................7
MÓDULO 1 – SAÚDE MENTAL E QUALIDADE DE VIDA........................................8
Apresentação.................................................................................................................9
Objetivos do módulo.............................................................................................................................. 9
Estrutura do módulo.............................................................................................................................. 9
Aula 1 – Saúde do Trabalhador.................................................................................10
Contextualizando... ............................................................................................................................. 10
Saúde biopsicossocial......................................................................................................................... 10
Saúde do trabalhador.......................................................................................................................... 16
Aula 2 – Prazer e Sofrimento no Trabalho.............................................................20
Contextualizando... ............................................................................................................................. 20
Prazer no trabalho................................................................................................................................ 21
Sofrimento no trabalho........................................................................................................................ 25
Aula 3 – Qualidade de Vida no Trabalho..................................................................33
Contextualizando................................................................................................................................. 33
Conceitos e variáveis........................................................................................................................... 33
Referências...................................................................................................................47
MÓDULO 2 – PRINCIPAIS CONCEITOS DA SAÚDE MENTAL: DO NORMAL AO
PATOLÓGICO......................................................................................................52
Apresentação...............................................................................................................53
Objetivos do módulo............................................................................................................................ 54
Estrutura do módulo............................................................................................................................ 54
Aula 1 – Da Ansiedade Saudável aos Transtornos da Ansiedade........................55
Contextualizando................................................................................................................................. 55
Ansiedade saudável............................................................................................................................. 55
Transtorno de ansiedade de separação............................................................................................. 63
Mutismo seletivo.................................................................................................................................. 65
Fobias específicas............................................................................................................................... 66
Transtornos de ansiedade social (fobia social)................................................................................. 69
Transtorno de pânico e agorafobia . ........................................................................72
Transtorno de ansiedade generalizada.............................................................................................. 74
Aula 2 – Do Estresse à Síndrome de Burnout.........................................................76
Contextualizando... ............................................................................................................................. 76
Estresse: conceitos e características................................................................................................. 76
Fases do estresse................................................................................................................................ 80
Estresse ocupacional.......................................................................................................................... 82
Estresse pós-traumático..................................................................................................................... 85
Enfrentamento do estresse................................................................................................................. 93
Síndrome de burnout: características e causas................................................................................ 99
Prevenção e tratamento da síndrome de burnout........................................................................... 104
Estudos sobre estresse em profissionais de segurança pública................................................... 106
Pesquisas realizadas no Brasil sobre estresse pós-traumático em profissionais de segurança
pública................................................................................................................................................ 112
Aula 3 – Da Tristeza à Depressão.......................................................................... 118
Contextualizando............................................................................................................................... 118
Diferenciação entre tristeza e depressão........................................................................................ 118
Características, sintomas e tratamento da depressão................................................................... 119
Depressão no contexto da segurança pública................................................................................. 122
Referências................................................................................................................ 128
MÓDULO 3 – RISCOS E AGRAVOS DA SAÚDE DO AGENTE DE SEGURANÇA
PÚBLICA...........................................................................................................141
Apresentação............................................................................................................ 142
Objetivos do módulo.......................................................................................................................... 142
Estrutura do módulo.......................................................................................................................... 142
Aula 1 – Riscos e Agravos da Saúde Mental do Agente de Segurança Pública:
Influências Organizacionais................................................................................... 143
Contextualizando............................................................................................................................... 143
Modelo de gestão.............................................................................................................................. 143
Excesso de carga de trabalho........................................................................................................... 158
Falta de treinamento e equipamento adequados............................................................................ 165
Falta de reconhecimento e apoio da instituição.............................................................................. 170
Aula 2 – Riscos e Agravos da Saúde Mental do Agente de Segurança Pública:
Influências Sociais.................................................................................................... 174
Contextualizando............................................................................................................................... 174
Estigmatização da sociedade........................................................................................................... 174
Preconceito e discriminação de gênero, raça, orientação sexual e religião.................................. 179
Uso de substâncias psicoativas: entre o uso nocivo e abusivo..................................................... 188
Manutenção da ordem num contexto de injustiça social............................................................... 191
Vitimização policial............................................................................................................................ 194
Referências................................................................................................................ 200
MÓDULO 4 – PRINCIPAIS SINTOMAS DO ADOECIMENTO.............................207
Apresentação............................................................................................................ 208
Objetivos do módulo.......................................................................................................................... 208
Estrutura do módulo.......................................................................................................................... 208
Aula 1 – Somatização Física.................................................................................... 209
Contextualizando............................................................................................................................... 209
Os sintomas físicos........................................................................................................................... 209
Vida sexual e disfunção sexual......................................................................................................... 211
Sono normal e transtornos do sono-vigília...................................................................................... 221
Irritabilidade em excesso e agressividade desmedida................................................................... 228
Aula 2 – Compulsões................................................................................................ 234
Contextualizando............................................................................................................................... 234
As compulsões.................................................................................................................................. 234
Uso abusivo de álcool e drogas........................................................................................................ 240
Referências................................................................................................................ 247
MÓDULO 5 – O SUICÍDIO.................................................................................250
Apresentação............................................................................................................ 251
Objetivos do módulo.......................................................................................................................... 251
Estrutura do módulo.......................................................................................................................... 252
Aula 1 – Entendendo o Comportamento Suicida ................................................ 253
Contextualizando............................................................................................................................... 253
Informações iniciais e Dados Estatísticos....................................................................................... 253
Entendendo o suicídio....................................................................................................................... 259
Comportamento suicida.................................................................................................................... 261
Aula 2 – O Comportamento Suicida: Fatores de Risco e Fatores de Proteção......263
Contextualizando............................................................................................................................... 263
Suscetibilidade ao suicídio................................................................................................................ 263
Fatores de risco................................................................................................................................. 267
FATORES DE PROTEÇÃO................................................................................................................... 291
Aula 3 – O Suicídio entre Profissionais de Segurança Pública no Brasil........ 293
Contextualizando... ........................................................................................................................... 293
Analisando os números..................................................................................................................... 293
Prevenção e posvenção.................................................................................................................... 303
Encaminhando o paciente................................................................................................................. 316
Referências................................................................................................................ 320
MÓDULO 6 – PREVENÇÃO, PROMOÇÃO E TRATAMENTO DA SAÚDE MENTAL ...324
Apresentação............................................................................................................ 325
Objetivos do módulo.......................................................................................................................... 325
Estrutura do módulo.......................................................................................................................... 325
Aula 1 – Descontruindo Rótulos: Crenças Equivocadas, Preconceitos e
Bullying...................................................................................................................... 326
Contextualizando............................................................................................................................... 326
Aspectos históricos relacionados ao tema de saúde mental......................................................... 326
Aula 2 – Psiquiatria e Psicologia........................................................................... 336
Contextualizando............................................................................................................................... 336
Psiquiatria........................................................................................................................................... 336
Psicologia........................................................................................................................................... 338
Aula 3 – Psicofarmacologia e Terapias Complementares ................................ 342
Contextualizando............................................................................................................................... 342
Psicofarmacologia............................................................................................................................. 342
Terapias complementares................................................................................................................ 345
Aula 4 – Rede de Assistência .................................................................................. 354
Contextualizando............................................................................................................................... 354
Rede de Assistência do SUS............................................................................................................. 354
Aula 5 – Responsabilidade do Cuidado.................................................................. 361
Contextualizando............................................................................................................................... 361
Institucional........................................................................................................................................ 361
Grupo.................................................................................................................................................. 363
Individual............................................................................................................................................ 366
Referências................................................................................................................ 369
Apresentação do Curso
Equipe do curso.
MÓDULO 1
SAÚDE MENTAL E
QUALIDADE DE VIDA
OBJETIVOS DO MÓDULO
Conhecer a base teórica do conceito de saúde no trabalho, o
que se define como prazer e o que se define como sofrimento
no trabalho, bem como caracterizar a qualidade de vida do
trabalhador no local de trabalho, sempre mantendo o foco na
qualidade de vida do profissional de segurança pública.
ESTRUTURA DO MÓDULO
• Aula 1 – Saúde do Trabalhador.
• Aula 2 – Prazer e Sofrimento no Trabalho.
• Aula 3 – Qualidade de Vida no Trabalho.
CONTEXTUALIZANDO...
Diversos estudos e relatórios publicados pela Organização
Mundial da Saúde (OMS) demonstram um crescimento
preocupante no número de pessoas com transtornos mentais
na sociedade atual, o que nos motiva a debater, conhecer
e enfrentar o problema de forma mais eficaz e profissional,
especialmente no que diz respeito à saúde mental dos
profissionais de segurança pública.
Dualista
Considera mente e corpo como
entidades distintas.
Figura 3:
Perspectiva
monista e dualista As oscilações entre ambas as concepções repercutem
de mente e corpo.
Fonte: labSEAD- também no pensamento médico. A mesma autora também
UFSC (2020). afirma que, na Grécia Antiga, Aristóteles e Hipócrates
consideravam o homem como uma unidade indivisível.
Palavra do Especialista
“Integralidade no cuidado de pessoas, grupos e coletividade
Procura do prazer e da
satisfação com suas
Reprodução Social FINALIDADES realizações, enfatizando
DO TRABALHO as potencialidades como
Possibilidade ser humano.
de satisfazer as NA VIDA DO
necessidades, a partir
da aquisição de bens INDIVÍDUO Expressão Como Sujeito
de consumo.
Figura 4:
Finalidades do
trabalho na vida do
indivíduo. Fonte:
Dessa forma, podemos dizer que na nossa sociedade o
labSEAD-UFSC
(2020). trabalho é mediador da integração social, tanto por seu valor
econômico quanto cultural, influenciando o modo de vida das
pessoas e, consequentemente, sua saúde física e mental.
PROGRAMAÇÃO
PRODUÇÃO MOVIMENTOS DOS
EM SAÚDE NA
CIENTÍFICA TRABALHADORES
REDE PÚBLICA
Figura 5:
Configuração
da Saúde do
Trabalhador.
Fonte: labSEAD-
SAÚDE DO TRABALHADOR
UFSC (2020).
Figura 6: O
esgotamento
do trabalhador
relacionado ao
processo produtivo.
Fonte: Pixabay
(2020).
CONTEXTUALIZANDO...
Os problemas de saúde do trabalhador se devem a velhas
razões, mas isso não significa que não existam novas
situações que reflitam na saúde do trabalhador no mundo
do trabalho contemporâneo. Porém, alguns problemas
continuam a ser observados quando há falta de sintonia entre
os contextos de trabalho e os trabalhadores. Essa sintonia
não está dada ou pronta, mas deve ser construída. Nesse
contexto, regras e limites sempre existirão, e o problema não
é a existência dessas limitações, mas a impossibilidade de
negociá-las, de modificá-las e reconstruí-las, a partir não
apenas de uma lógica instrumental, mas também de uma
lógica dialogada (SATO, 2002).
Figura 8:
Cooperação entre
os colegas para
estimular o prazer
no trabalho. Fonte:
Pixabay (2020).
3 Cultura e respeito.
6
Mackie (2015).
Fonte: labSEAD- Relações interpessoais.
UFSC (2020).
SOFRIMENTO NO TRABALHO
Santos, Hauer e Furtado (2019) explicam que, ao longo da
história, o sofrimento humano recebeu várias significações, de
castigo dos deuses na Grécia antiga à bruxaria medieval como
consequência do pecado judaico-cristão, sempre exigindo do
ser humano uma explicação. A palavra sofrimento origina-se
do grego pathos, ou seja, aquilo que afeta o homem.
1
Nascimento da Psiquiatria
2
Nascimento da Psicanálise
Palavra do Especialista
“Nesse sentido, abordando o sofrimento psíquico do trabalhador,
a patologia surge quando ocorre o rompimento do equilíbrio
e o sofrimento deixa de ser contornável, ou seja, quando
Caracterizado por
comportamentos de teor
sexual desrespeitoso, em CONSEQUÊNCIAS
que geralmente o agressor As consequências são
– que pode ser um colega diversas: ansiedade, baixa
de trabalho ou um superior autoestima, redução da
hierárquico – manifesta o produtividade, absenteísmo,
assédio com insinuações, depressão, afastamento por
gestos e contato de doenças, demissão, entre
origem sexual, chantagens, outras (BRASIL, 2019).
ameaças e/ou promessas de
ASSÉDIO SEXUAL promoções, além de outros.
Redução ou
perda da força e É importante destacar que profissionais de segurança pública
resistência física. têm sua missão constitucional, os seus deveres, como a
preservação da ordem pública, a segurança e a proteção das
pessoas e do patrimônio. Essa missão se dá por meio de
policiamento ostensivo, prisão de sujeitos que transgridam a
lei, orientação e advertência à população e os mais diversos
tipos de ocorrência.
Erros
Absenteísmo
administrativos
Figura 12:
Consequências do
distúrbio do sono. Rompimento da Raiva de
Fonte: labSEAD- segurança por maneira
UFSC (2020).
conta da fadiga descontrolada
PREVENÇÃO SECUNDÁRIA
CONTEXTUALIZANDO...
De acordo com Almeida et al. (2014), nos últimos anos,
há uma preocupação cada vez maior com a melhoria da
qualidade de vida do trabalhador, bem como um alerta maior
aos riscos aos quais o trabalhador pode estar exposto e
que podem ocasionar doenças ocupacionais e o aumento
dos atendimentos e afastamentos médicos, ocorrência de
acidentes de trabalho, redução da eficácia e absenteísmo.
CONCEITOS E VARIÁVEIS
Existem inúmeros fatores que podem de alguma forma afetar
o ambiente de trabalho, gerando prejuízos no bem-estar e na
saúde do profissional e, consequentemente, na instituição a
que pertencem. Esses fatores podem ser considerados como
fontes de estresse e se diferem entre as profissões, atividades
desempenhadas e até mesmo entre os profissionais que
trabalham na mesma instituição, pois cada um terá a sua
percepção a respeito dos fatos, pessoas ou situações. Nesse
sentido, Santos (2010, p. 27) afirma que, “para algumas
pessoas, o local de trabalho pode trazer tranquilidade e
satisfação e para outras não”.
Relacionamento
interpessoal Satisfação com
a execução do
trabalho
Ambiente físico
e psicológico Possibilidades
de trabalho de progresso
Qualidade na organização
de vida no
Autonomia para trabalho
tomar decisões Remuneração
e benefícios
Possibilidades
de participar
ativamente das Reconhecimento
decisões da
organização
Figura 16:
Atividade física
é um dos fatores
determinantes para
qualidade de vida.
Fonte: Pixabay
(2020).
Saiba mais
Há países, por exemplo, onde há apenas um agente de
Figura 20: A
espiritualidade
é um importante
aspecto
fundamental para
qualidade de vida.
Fonte: Pixabay
(2020).
PRINCIPAIS CONCEITOS
DA SAÚDE MENTAL:
DO NORMAL AO PATOLÓGICO
52 • Módulo 2 Principais Conceitos da Saúde Mental: do Normal ao Patológico
Apresentação
ESTRUTURA DO MÓDULO
• Aula 1 – Da Ansiedade Saudável aos Transtornos da
Ansiedade.
• Aula 2 – Do Estresse à Síndrome de Burnout.
• Aula 3 – Da Tristeza à Depressão.
CONTEXTUALIZANDO...
Como vimos na apresentação deste módulo, a Organização
Mundial da Saúde (OMS) publicou, em 2017, um relatório
global intitulado “Depression and other common mental
disorders: gobal health estimates”, em que aponta o Brasil
como país com maior taxa de pessoas com transtorno de
ansiedade no mundo. São 9,3% dos brasileiros que, devido
à falta de auxílio em questões que envolvem a ansiedade,
desenvolveram transtornos (OPAS, 2017).
ANSIEDADE SAUDÁVEL
Os profissionais de segurança pública necessitam estar
em constante estado de alerta, pois passam por momentos
estressantes, elevam a ansiedade e estão propícios a terem
traumas e desenvolverem transtornos.
Figura 1:
Transtornos de
ansiedade podem
alterar o humor.
Fonte: Pixabay
(2020).
Na Prática
Olhe para seu cotidiano e relembre quais os momentos de lazer/
prazer que você reserva em sua semana para serem desfrutados.
Figura 2:
Questionamentos
relacionados à
ansiedade. Fonte:
Pixabay (2020),
adaptado por
labSEAD-UFSC
(UFSC).
Figura 3: É
importante que o
agente esteja atento
aos seus sintomas
de ansiedade.
Fonte: labSEAD-
UFSC (2020).
A comorbidade é a
ocorrência de duas O transtorno de ansiedade tem como característica o
ou mais doenças medo e/ou ansiedade crônica e intensa, perturbações no
relacionadas no comportamento e pode ser desproporcional em relação à
mesmo paciente e
situação. As pessoas que possuem transtorno de ansiedade
ao mesmo tempo.
fazem o possível para evitar as circunstâncias que provocam
o sofrimento emocional criado pelo medo (WHITBOURNE;
HALGIN, 2015).
Figura 4:
Sensação de
pânico por
esgotamento
mental. Fonte:
Pixabay (2020).
3
Figura 5: Principais Falta de controle dos pensamentos e/ou
sintomas de comportamentos.
transtorno de
ansiedade. Fonte:
labSEAD-UFSC
(2020). 4 Pavor em momentos difíceis.
TRANSTORNO DE ANSIEDADE DE
SEPARAÇÃO
O transtorno de ansiedade de separação é caracterizado
pela ansiedade em excesso e pelo medo de se afastar de sua
residência ou de se separar de alguém a quem possui apego.
Seus sintomas se desenvolvem normalmente na infância,
podendo se estender até a idade adulta e desencadear
outros transtornos de ansiedade e/ou de humor (AMERICAN
PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014).
Figura 6: Transtorno
de ansiedade por
separação. Fonte:
Pixabay (2020).
MUTISMO SELETIVO
Os indivíduos com mutismo seletivo são completamente
capazes de se comunicarem. Não há problemas em relação
à linguagem, entretanto, são pessoas extremamente
silenciosas, isso porque o principal aspecto desse transtorno
é o fato de o sujeito se recusar a falar em determinadas
situações (WHITBOURNE; HALGIN, 2015).
MÉTODOS BEHAVIORISTAS
Figura 8:
Tratamento GESTÃO DE CONTINGÊNCIAS
do mutismo
seletivo, conforme Um método de abordagem comportamental que pode
Whitbourne e
Halgin (2015). Fonte:
ser feito em casa, sendo dada uma recompensa de
labSEAD-UFSC interesse do paciente ao conseguir realizar a interação.
(2020).
FOBIAS ESPECÍFICAS
Segundo Whitbourne e Halgin (2015), fobia é o medo de
forma desproporcional e irracional motivado por um objeto
ou situação. E referente à fobia específica, afirmam que o
medo e a ansiedade criados por uma situação ou objeto são
extremantes acentuados e persistentes.
Palavra do Especialista
O transtorno de ansiedade social (antes denominado no DSM-
4 como fobia social) é justamente o medo acentuado e/ou a
Figura 12:
Diferenciações
de transtornos de
ansiedade social, Então, mas o que seriam essas situações comuns sociais?
conforme o DSM-5.
Fonte: labSEAD-
UFSC (2020). Qualquer interação/evento social em que se possa ser
observado e se desempenhar diante do outro; ou seja, um
simples ato social como ser observado durante uma refeição,
a necessidade de conversar com uma pessoa desconhecida,
apresentar um trabalho para a classe e tantas outras
situações do cotidianos que envolvam contato com pessoas
desconhecidas ou não tão próximas ao indivíduo.
Palavra do Especialista
A rotina diária do sujeito pode ser comprometida juntamente
• Taquicardia e sudorese.
• Calafrios ou calores súbitos.
• Tremores, hiperventilação, entre outros (CASTILLO et al., 2000).
Figura 13: A
frequência, a
intensidade e a
quantidade de
sintomas físicos,
psicológicos e
emocionais causam
transtornos. Fonte:
Pixabay (2020).
Palavra do Especialista
Embora a psicoterapia e métodos alternativos também sejam
ótimas formas de complementar o tratamento ou até mesmo
conduzi-lo de maneira única, apenas dependerá da disposição
e do desejo do indivíduo de aceitar os métodos (WHITBOURNE;
HALGIN, 2015).
Palavra do Especialista
Ou seja, o transtorno de pânico se refere a ataques de pânico
Palavra do Especialista
Entretanto, diferentemente do transtorno de pânico, a
TRANSTORNO DE ANSIEDADE
GENERALIZADA
No início do módulo, vimos que a ansiedade é uma reação
natural do organismo diante de casos que podem provocar
medo, dúvidas ou expectativas. Já a ansiedade generalizada
é exatamente o excesso de preocupação e expectativa
(PIMENTA, 2018).
Inquietação
Irritabilidade Insônia
CONTEXTUALIZANDO...
Inicialmente, os estudos sobre o estresse davam ênfase aos
aspectos físicos do processo envolvido com a luta ou fuga
para justificar seus sintomas. Contudo, à medida que os
estudos sobre o tema se expandiram para explorar a relação
entre estresse e doença, passaram a sobrepor-se e até
mesclar-se com os campos da psicologia, sociologia, teologia,
antropologia, física, saúde e medicina clínica.
ESTRESSE: CONCEITOS E
CARACTERÍSTICAS
O novo paradigma do bem-estar é holístico, podemos
pensar nele como o equilíbrio, a integração e a harmonia dos
aspectos físicos, intelectuais, emocionais e espirituais que
ocorrem através da tomada de responsabilidade pela saúde
do próprio indivíduo. Nesse contexto, o todo é considerado
maior que a soma das partes.
Figura 16:
Abordagens de
gerenciamento de
estresse, conforme
Seaward (2009).
Fonte: labSEAD-
UFSC (2020).
Potencialidades Psicológicas
do Contexto Diz respeito à personalidade
Biopsicossocial individual, vivências sentimentais
e racionais, conscientes ou
inconscientes, da personalidade
de cada um.
Sociais
São incorporados os valores
Figura 17:
e crenças do meio que o
Potencialidades
sujeito vive.
do contexto
biopsicossocial,
conforme Seaward
(2009). Fonte: Assim, Seaward (2009) corrobora com essa percepção.
labSEAD-UFSC
(2020). Segundo ele, o estresse vem sendo considerado como
um fenômeno biopsicossocial, consequente da percepção
individual de desajustes entre as demandas do ambiente e
a capacidade de resiliência do indivíduo. Então, o estresse
tem causas e consequências fisiológicas, psicológicas
e comportamentais que são decorrentes da percepção
individual de cada sujeito.
1
Fase de alerta
2
Fase de resistência
3
Fase de exaustão
ESTRESSE OCUPACIONAL
O estresse ocupacional é um desequilíbrio entre as exigências
e expectativas do indivíduo e a capacidade de realização
diante das suas condições de trabalho, considerando que
no ambiente laboral pode ocorrer exigências excessivas e
recursos insuficientes.
Palavra do Especialista
O estresse ocupacional gera a percepção e a sensação de
ausência de controle em uma determinada situação, mesmo
frente ao esforço excessivo do trabalhador, podendo assim
Estresse
Consiste em um estresse
positivo no qual o excedente de
energia é empregado de modo
produtivo, sendo o estímulo
Figura 20: estressor percebido como um
Tipologias do desafio capaz de ser superado.
estresse, segundo
Cooper, Dewe e
O’Driscoll (2001).
Fonte: labSEAD- Esses autores identificam duas variáveis como determinantes
UFSC (2020).
da predisposição ao surgimento do quadro de estresse no
indivíduo: locus de controle e personalidade tipo A.
Figura 21:
Variáveis como
Locus de Controle Personalidade Tipo A
determinantes para Caracteriza indivíduos
o surgimento do Refere-se ao grau de
altamente competitivos,
estresse, segundo responsabilidade pessoal
Cooper, Dewe e impacientes e que vivem
que o indivíduo atribui
O’Driscoll (2001). com sentimento constante
aos eventos de sua vida.
Fonte: labSEAD- de urgência.
UFSC (2020).
ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO
O transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) tem seu início
após um trauma que o indivíduo tenha sofrido. As recordações
do ato estressor podem ocorrer por mais de um mês e se
iniciam até seis meses após o evento traumático. As pessoas
acometidas pelo TEPT revivem o trauma constantemente e
tendem a evitar tudo aquilo que possa remeter às lembranças
do ocorrido (GREIST, 2016).
Principais Fatores de
fatores de Eventos
risco
diagnósticos traumáticos
São destacados os
Sintomas intuitivos, acidentes graves, Eventos que são
sintomas de levitação, desastre natural, vivenciados diretamente
exposição e respostas ataques terroristas, ou testemunhados
ao trauma, alterações entre outros. pelo indivíduo, estando
negativas nas cognições relacionados à violência
e no humor. física, moral como
agressão pessoal.
Estudo de Caso
Um policial militar de 27 anos presenciou um amigo de sua
corporação sendo morto a tiros, em uma ação onde havia
helicópteros da Polícia Civil. Desde o evento presenciado, o
agente se joga ao chão tentando fugir e se proteger dos disparos
de arma de fogo, que são imaginados por ele.
Figura 25:
Representação
de movimentos
de mudanças na
estrutura neural,
após evento
estressor. Fonte:
Pixabay (2020).
Psicoeducação
Reestruturação
e outras
cognitiva
técnicas
Relaxamento
muscular
Figura 28: Técnicas
aplicadas na TCC
progressivo
utilizada no TEPT,
segundo Gonçalves
et al. (2010). Fonte:
labSEAD-UFSC
(2020).
Estudo de Caso
ENFRENTAMENTO DO ESTRESSE
Enfrentamento é uma palavra derivada do idioma inglês:
coping, do verbo to cope, que significa “lidar com”, “enfrentar”,
“contender”, “lutar”. A teoria de enfrentamento atual tem origem
nos estudos realizados a partir de 1970, entre os quais, o mais
conhecido é o de Lazarus e Folkman (1984), que propõem:
Palavra do Especialista
A capacidade de predizer determinados eventos quanto ao
• Fadiga e lentificação.
• Irritabilidade e inapetência.
• Dores, insônia e outras comorbidades.
SÍNDROME DE BURNOUT:
CARACTERÍSTICAS E CAUSAS
Em inglês o termo burn significa fogo e out significa fora.
Assim, a palavra burnout significa aquilo que deixou de
funcionar por falta de energia.
Palavra do Especialista
Ela se manifesta principalmente em profissões que exigem
envolvimento interpessoal direto e intenso, como profissionais
da educação, saúde e segurança pública (VARELLA, 2020).
Nível profissional
O ser humano atende o cliente de forma distante e
lenta, e o contato é impessoal com os colegas de
trabalho ou clientes.
Figura 32: Descrição
da síndrome em
diferentes níveis, Nível organizacional
segundo Trigo, Teng
e Hallak (2007). Há conflitos com as pessoas da equipe, rotatividade,
Fonte: labSEAD-
absenteísmo e diminuição da qualidade dos
UFSC (2020).
serviços ofertados.
Palavra do Especialista
Transtornos do sono, cefaleias, ansiedade, irritabilidade,
depressão, acidez estomacal ou azia também são indicativos
sintomáticos da síndrome de burnout em trabalhadores. Além
A reduzida realização
A exaustão profissional é sinônimo
emocional é a de insatisfação com as
sensação de atividades laborais.
esgotamento O trabalhador apresenta
físico e mental, A despersonalização baixa autoestima,
não existindo ocorre quando o desmotivação,
mais energia trabalhador apresenta insuficiência profissional,
para praticar continuamente sentimento de fracasso
Figura 33:
Características nenhuma contato impessoal e em todas as áreas.
da síndrome de atividade. frio com os usuários
burnout, segundo de seus serviços.
Benevides-Pereira
Torna-se indiferente
(2012). Fonte:
labSEAD-UFSC com os colegas e
(2020). demais ao seu redor.
PREVENÇÃO E TRATAMENTO DA
SÍNDROME DE BURNOUT
Conforme Pereira, Teixeira e Lopes (2013), para a prevenção
ou tratamento da síndrome de burnout, a primeira medida a
ser tomada deve ser a da informação. Palestras educativas
alertando sobre as causas e os sintomas permitem que
os profissionais envolvidos com a saúde do trabalhador
possam usar medidas preventivas e adequadas, fazendo
com que os trabalhadores se autoavaliem, restabelecendo
condições saudáveis de trabalho, e, se necessário,
procurando ajuda especializada.
Palavra do Especialista
Para evitar ou prevenir essa síndrome em seus trabalhadores,
as instituições devem proporcionar capacitações e apoio aos
profissionais para que eles estejam mais preparados e possam
lidar com situações subjetivas em suas atividades, prevenindo-
se contra essa síndrome (BULHÕES et al., 2008).
Palavra do Especialista
“Surgem novos padrões de comportamento, produzindo efeitos
na estrutura e funcionamento das organizações de trabalho.
Palavra do Especialista
Gerenciar os efeitos provocados por esses fatores que causam
danos físicos e psicológicos é a grande questão vivenciada
por esses profissionais, pois, dependendo das condições que
lhes são oferecidas e da disponibilidade da corporação para
amenizar os efeitos provocados pelo estresse, tais efeitos
poderão ser desastrosos (VASCONCELOS, 2011 apud MEZOMO;
OLIVEIRA, 2015).
“
“
em relação às informações que a mídia brasileira divulga:
cidade brasileira”.
Estudo de Caso
Estudo de Caso
Nesse estudo, participaram da pesquisa 24 policiais militares
de dois Batalhões da Polícia Militar do Estado de São Paulo.
Individualmente, foi aplicada uma escala com 30 questões
abordando assuntos pertinentes ao tema em questão. Com
base nos resultados, constatou-se que os participantes (91,7%),
sempre ou às vezes, percebiam-se estressados; uma parte (41,7%)
relatou já ter agido impulsivamente em alguma ocorrência;
88,3% sempre ou às vezes se sentiam emocionalmente cansados
após o dia de trabalho; 62,5% afirmaram que às vezes percebiam-
se agressivos no trabalho; 20,8% já pensaram em suicídio e 8,3%
nunca se sentiam realizados com a profissão. As pesquisadoras
sugerem novos estudos acerca da temática.
Estudo de Caso
Participaram da pesquisa 462 profissionais, o que corresponde
a 16,43% do efetivo total dos profissionais de segurança pública
de RR. Destes, 261 eram policiais militares, 100 bombeiros, 80
policiais civis e 21 agentes carcerários. Para a coleta de dados,
foram utilizados quatro instrumentos, o Inventário de Sintomas
de Stress para Adultos de Lipp (ISSL), o Questionário de Saúde
Geral de Goldberg (QSG), avaliação antropométrica, e, para
Estudo de Caso
Estudo de Caso
Participaram do estudo 270 policiais. O instrumento utilizado
para a coleta de dados foi o Inventario de Sintomas de Stress
para Adultos de Lipp (ISSL). Os dados foram sistematizados
e analisados através da análise estatística simples, não
paramétrica, na qual a análise inferencial por frequência
CONTEXTUALIZANDO...
Tristeza e depressão são termos bastante utilizados no
dia a dia, há quem ainda confunda uma com a outra, uma
vez que depressão se tornou uma palavra popularizada e
frequentemente atribuída a um indivíduo que se encontra em
estado de humor triste. Quem nunca ouviu dizer que alguém
estava deprimido por demonstrar-se mais triste, mesmo sem
nunca ter passado por um diagnóstico profissional?
Saiba mais
Segundo a mitologia grega, Orestes havia recebido uma ordem
do Deus Apolo para que matasse sua própria mãe. Por não
obedecer à ordem, recebeu como castigo a depressão.
Figura 41:
Astrologia como
condutora da
depressão na Idade
Média. Fonte:
Pixabay (2020).
CARACTERÍSTICAS, SINTOMAS E
TRATAMENTO DA DEPRESSÃO
Atualmente, a classificação dos sintomas e sinais da
depressão distingue-se bastante de como era feita ao
longo da história. Hoje, existem manuais diagnósticos
e classificações internacionais que são utilizados por
psicólogos, psiquiatras, cientistas, pesquisadores e demais
Figura 42:
Sentimento
profundo de tristeza
como aspecto de
depressão. Fonte:
Pixabay (2020).
DEPRESSÃO NO CONTEXTO DA
SEGURANÇA PÚBLICA
No contexto da segurança pública, observa-se que os
policiais, por exemplo, são influenciados na maior parte do
tempo por variados fatores negativos que geram depressão.
Cansaço físico e mental, além da falta de equilíbrio
emocional, conduzem esses profissionais a tomarem atitudes
inconsequentes durante situações confusas, conforme
refletem Costa e Estevam (2014).
Suscetibilidade à Desmotivação
depressão clínica no desempenho
e à doença em educação e
orgânica. Risco de recaída esportes. Insatisfação no
em depressão. trabalho.
Melhorar
Aumentar a o estado
satisfação no intrapessoal Reduzir a Melhorar o
trabalho e a dos indivíduos, rotatividade desempenho
qualidade do reduzindo a e baixa operacional de
relacionamento depressão e persistência. indivíduos nas
interpessoal. a ansiedade, organizações.
quando
presentes.
Mais de 18,6 milhões de pessoas Henrique (2017) diz que, só no estado
(9,3% da população brasileira) têm de São Paulo, mais de 228 agentes
distúrbios relacionados à ansiedade, de segurança cometeram suicídio na
sendo essa previsão crescente para última década, o que equivale ao dado
os próximos anos. estarrecedor de um suicídio na polícia
a cada 17 dias.
Figura 46:
Consequências da Em nosso contexto de segurança pública, quando há suicídio
depressão. Fonte:
labSEAD-UFSC de um agente, a causa da morte é divulgada como uma
(2020). comorbidade equivalente.
RISCOS E AGRAVOS DA
SAÚDE DO AGENTE DE
SEGURANÇA PÚBLICA
141 • Módulo 3 Riscos e Agravos da Saúde do Agente de Segurança Pública
Apresentação
OBJETIVOS DO MÓDULO
Conhecer, por meio de base teórica, a causa e os principais
riscos e agravos da saúde mental dos profissionais de
segurança pública.
ESTRUTURA DO MÓDULO
• Aula 1 – Riscos e Agravos da Saúde Mental do Agente de
Segurança Pública: Influências Organizacionais.
• Aula 2 – Riscos e Agravos da Saúde Mental do Agente de
Segurança Pública: Influências Sociais.
CONTEXTUALIZANDO...
Para iniciarmos nosso estudo neste módulo, é importante
sabermos que o indivíduo é um ser biopsicossocial e seria
leviano afirmar que, se alguma pessoa adoece mentalmente, a
culpa é única e exclusivamente de um agente causador. O ser
humano tem história de vida, de aprendizado, histórico genético
e também desempenha papéis social e profissional, que
contribuem para sua saúde mental. Importante essa observação
para que não se acredite que apenas a atividade profissional,
ou a instituição, quase que exclusivamente, seja a causa do
adoecimento do agente de segurança pública.
MODELO DE GESTÃO
Entender o que é gestão é importante para saber qual o papel
de cada um num contexto organizacional. Portanto, segundo o
dicionário Houaiss (2001), gestão é:
Figura 1: Processo
de aprendizagem
de socialização na
infância. Fonte:
Pixabay (2020).
SECRETÁRIO
SECRETÁRIO ADJUNTO
DIRETOR EXECUTIVO
Núcleo Núcleo Núcleo Núcleo Núcleo Núcleo Núcleo Núcleo Núcleo Núcleo
apoio apoio apoio apoio apoio apoio apoio apoio apoio apoio
Interesse Exercício da
público cidadania
Saiba mais
O SUSP foi implantado pela Lei 13.675/2018, que dá arquitetura
uniforme ao setor em âmbito nacional e prevê, além do
compartilhamento de dados, operações e colaborações nas
estruturas federal, estadual e municipal.
Instaurar e presidir
procedimentos
policiais de
investigação.
Desempenhar
outras atividades, Orientar e comandar
semelhantes ou a execução de
investigações
destinadas a apoiar o
relacionadas com a
órgão na consecução prevenção e repressão
dos seus fins. de ilícitos penais.
Figura 5: Atribuições
do cargo de
delegado, conforme
informações da Participar do
Polícia Federal. planejamento de
Supervisionar operações de segurança
Fonte: labSEAD- e investigações e da
e executar
UFSC (2020). missões de execução das medidas
caráter sigiloso. de segurança
orgânica.
• Orçamento.
• Logística.
• Redução da criminalidade etc.
Figura 6: Atribuições
do cargo de capitão
da Policia Militar, Spode e Merlo (2006) também destacam a existência de
conforme Spode e
Merlo (2006). uma gama de prescrições e um sistema de punições e
Fonte: labSEAD- recompensas que incidem diretamente na execução do
UFSC (2020).
trabalho, nas relações que se estabelecem entre os policiais e
nos princípios que devem pautar a conduta deles, mesmo que
fora do ambiente de trabalho.
Saiba mais
O Guia de orientação para comandantes sobre o suicídio tem
como objetivo conscientizar e sensibilizar os comandantes
e o público interno quanto aos sinais e fatores de risco que
Figura 7:
Depoimentos
anônimos de Segundo Anchieta et al. (2011), em uma pesquisa realizada
agentes de
segurança em na Polícia Civil do Distrito Federal sobre trabalho e riscos
relação às chefias. de adoecimento, com a ótica dessa percepção gestora, foi
Fonte: labSEAD-
UFSC (2020). verificado que as maiores reclamações eram que os policiais
estavam excluídos das decisões porque existem dificuldades
na comunicação entre chefia e subordinado e falta apoio das
chefias para o desenvolvimento profissional.
Figura 9:
Adoecimento
mental por
consequência de
modelos atuais
de gestão. Fonte:
Pixabay (2020).
Saiba mais
Você sabe a quem se dirige a responsabilidade de solicitar novas
vagas dentro da organização de segurança pública?
Figura 10:
Sobrecarga devido
ao excesso de
trabalho. Fonte:
Pixabay (2020).
Figura 11: A
quantidade de
dinheiro imediato
obtido pelas
missões pode levar
o agente a entrar
num looping e
adoecer. Fonte:
Pixabay (2020).
Figura 12:
Consequências de Do ponto de vista emocional, os estudos levantados para esta
se “empurrar com a disciplina reafirmaram os efeitos do risco e do desgaste sobre o
barriga”.
Fonte: labSEAD- psiquismo dos agentes de segurança pública. As consequências
UFSC (2020). são as mais adversas e devemos ressaltar: o alcoolismo e uso
abusivo de drogas, insônia, estado de hipervigilância, aumento
da agressividade ou embotamento da sensibilidade, tentativa ou
ideação de suicídio, sendo o ponto de maior atenção os casos
em que o próprio policial se coloca em situação de estafa.
343 policiais
civis e militares
assassinados
em 2018.
Jornadas de trabalho
longas, com poucas pausas
destinadas ao descanso e/
Quadros ansiosos,
ou refeições de curta duração,
fadiga crônica e
em lugares desconfortáveis,
distúrbios do sono.
turnos de trabalho noturnos,
CAUSA DOS alternados ou iniciando muito
PROBLEMAS cedo com ritmos intensos.
FALTA DE TREINAMENTO E
EQUIPAMENTO ADEQUADOS
A realidade do policial trabalhador de ser exposto diariamente
ao risco e ser vítima da violência pode ser confirmada nos
Anuários Brasileiros de Segurança Pública (2016, 2017,
2018). Esses documentos demonstram que o Brasil tem sido
considerado um dos países mais violentos do mundo. Vejamos
alguns dados relacionados na imagem a seguir.
Quantidade
insuficiente de
colete a prova de
bala para toda
tropa.
Figura 17:
Pontuações diversas
relacionadas aos Coletes a Coletes à
coletes à prova prova de bala prova de balas
de balas. Fonte: vencidos. inadequados para
labSEAD-UFSC as mulheres.
(2020).
Figura 18:
Exemplos de Profissionais que se tornaram alcoolista: não têm
falta de apoio aos apoio e nem acompanhamento biopsicossocial, além
agentes. de ser afastado da função. O relato é de que se sentem
Fonte: labSEAD- completamente abandonados.
UFSC (2020).
CONTEXTUALIZANDO...
Iniciamos este módulo reforçando que riscos e agravos
presentes na organização não são os únicos causadores do
adoecimento mental. Isso porque, se assim fosse, teríamos
uma equipe de segurança pública praticamente toda adoecida, o
que também não é uma verdade. Mas a combinação de fatores
que serão estudados a seguir, aliados à história de vida de cada
indivíduo, também pode acelerar o adoecimento.
ESTIGMATIZAÇÃO DA SOCIEDADE
Observe as notícias a seguir, retiradas de um site de grande
veiculação sobre duas atuações:
Palavra do Especialista
Spode e Merlo (2006) sinalizaram, há uma década, um ponto
importante que é o desconhecimento da sociedade quanto à
Figura 20:
Discurso de um
infrator relacionado A lei é clara e é para todos!
à estigmatização
do agente.
Fonte: labSEAD- Além desse discurso, há relatos de pais que, quando acionados
UFSC (2020). pela polícia para comparecer a uma delegacia porque o filho,
menor de idade, está com drogas, argumentam que os filhos
estão em fase difícil e questionam se o policial não poderia ter
bom senso quanto a isso.
“
crime organizado.
PRECONCEITO E DISCRIMINAÇÃO DE
GÊNERO, RAÇA, ORIENTAÇÃO SEXUAL E
RELIGIÃO
Como já sinalizado anteriormente, poucas são as pesquisas a
respeito dos agentes de segurança pública e, para este tópico,
há muito pouco. Porém, não poderíamos deixar de abordar
assuntos referentes à estigmatização advinda do preconceito
e discriminação de gênero, raça, orientação sexual e religião.
“
Segundo Calazans (2003, apud BRASIL, 2013, p. 17):
Palavra do Especialista
“Consumo de tranquilizantes para aliviar a ansiedade é a
2
Figura 23: Dados 21,1% sofreram o mesmo por parte de colega
referentes a relatos
de humilhação
da mesma posição hierárquica.
e desrespeito de
agentes, segundo
Soares, Rolim e
Ramos (2009).
3
Fonte: labSEAD-
UFSC (2020).
7,2%, por colega de posição
hierárquica inferior.
Palavra do Especialista
Estima-se que 187.100 das mortes no ano de 2013, no mundo,
estão relacionadas com as drogas. Em relação ao álcool,
em 2012, aproximadamente 5,9% das mortes no mundo
Palavra do Especialista
Nogueira (2007) reforça que a questão aqui envolvida é que,
no tocante a suas condições de saúde mental, parece que os
próprios servidores são vítimas dessa violência, em função do
fato de terem que conviver diariamente com ela.
VITIMIZAÇÃO POLICIAL
A Constituição brasileira aponta em seu texto diversos direitos
e garantias fundamentais dos cidadãos, como se pode
“
observar a seguir.
“
Vejamos o que Martins (2016) ainda afirma.
PRINCIPAIS
SINTOMAS DO
ADOECIMENTO
207 • Módulo 4 Principais Sintomas do Adoecimento
Apresentação
OBJETIVOS DO MÓDULO
Conhecer, por meio de base teórica, diversos transtornos e
os principais sintomas do adoecimento dos profissionais de
segurança pública.
ESTRUTURA DO MÓDULO
• Aula 1 – Somatização Física.
• Aula 2 – Compulsões.
CONTEXTUALIZANDO...
Os sintomas físicos sem explicação médica são frequentes e
estão associados ao sofrimento mental em vários contextos
médicos, especialmente na Atenção Primária à Saúde e na
população em geral.
OS SINTOMAS FÍSICOS
Sadock, Sadock e Ruiz (2017) afirmam que, apesar de não
apresentarem etiologia clara, certas doenças, mesmo com
lesões ou achados físicos — como a asma, a psoríase, a
Estudo das causas
das doenças. candidíase de repetição e outras — têm em seus fatores de
base elementos pouco passíveis de mensuração médica,
como os impactos estressores dos eventos da vida, as perdas,
separações, e outros acontecimentos aos quais o indivíduo
está sujeito, considerados, na quinta edição do Manual
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), de
2014, como transtornos de sintomas somáticos.
Palavra do Especialista
Acredita-se que fatores psicológicos e psicossociais desempenham
um papel importante na etiologia dessa condição. Em pacientes
com esses transtornos, há considerável sofrimento emocional,
além de as situações difíceis da vida serem experimentadas como
sintomas físicos (LAZZARO; ÁVILA, 2004).
Figura 2: Sintomas
físicos na vida
sexual do agente.
Fonte: Pixabay
(2020).
“
aproximar-se e separar-se do outro e de sentir-se valorizado.
Identidade sexual:
padrão das características sexuais
biológicas relacionadas às
características sexuais primárias e
secundárias (hormônios, genitálias etc.).
Identidade de gênero:
identificação de acordo com a
masculinidade ou feminilidade. É a
maneira como você se enxerga, o gênero
do qual você se identifica fazer parte.
Comportamento sexual:
Figura 3: Fatores é o conjunto das atitudes e
psicossexuais.
Fonte: labSEAD-
posicionamentos do ser humano em
UFSC (2020). relação ao sexo.
Disfunções sexuais
As disfunções sexuais se referem à dificuldade ou
incapacidade de responder à estimulação sexual, perturbação
no sentimento subjetivo de prazer ou experiências de dor
associadas ao ato sexual (SADOCK; SADOCK; RUIZ, 2017).
Palavra do Especialista
É caracterizada, ainda, por um distúrbio no desejo ou
Primária ou secundária:
quando ocorrem Situacional ou geral:
desde o início ou se só quando ocorrem em
surgem após período de determinada situação
funcionamento sexual ou em todas.
normal.
Transitória ou
permanente:
Figura 4: Fases de acordo com a
consideráveis nas duração.
disfunções sexuais.
Fonte: labSEAD-
UFSC (2020).
Fatores predisponentes:
Fatores precipitantes:
2 disfunção da parceria, depressão, ansiedade, que pode ter
desencadeado o problema em questão.
Figura 5: Fatores
que contribuem
para identificação
de disfunção sexual Fatores mantenedores:
masculina. Fonte:
labSEAD-UFSC 3 ansiedade de desempenho, discórdias na relação, medo de
intimidade, baixa autoestima, comunicação pobre.
(2020).
2
Disfunção erétil ou transtorno erétil
2
Dispareunia
3
Vaginismo
4
Transtorno do orgasmo feminino
Sono normal
O sono é um estado fisiológico completo que ocupa
aproximadamente um terço de nossas vidas. É durante o sono
que o organismo recupera o desgaste físico e mental, e ainda
cumpre tarefas essenciais para o seu bom funcionamento.
Figura 9: O sono.
Fonte: Pixabay
(2020).
Palavra do Especialista
De acordo com Sadock, Sadock e Ruiz (2017), enquanto estamos
dormindo, o organismo regula o sistema imunológico, o sistema
HORAS
DE SONO
Crianças Adultos devem
pequenas devem dormir de 5 a 8
Figura 10: Horas dormir de 10 a
de sono. Fonte: horas por dia.
12 horas por dia.
labSEAD-UFSC
(2020).
Transtornos do sono-vigília
Os transtornos de sono-vigília, segundo DSM-5 (AMERICAN
PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014), abrangem 10 tipos de
diagnósticos. Em todos eles há comum queixa em relação
à quantidade, qualidade e tempo de sono, além de relatos
de sofrimento e prejuízo resultantes durante o dia. Abaixo,
citaremos os mais comuns e que atingem a maior parte da
população em geral, principalmente agentes de segurança.
Transtorno de insônia
É definida pela dificuldade de iniciar, manter o sono ou
despertar antes do horário habitual com incapacidade para
retornar ao sono. É a mais comum entre as alterações do
sono, atingindo de 30 a 45% dos adultos. Para que possa
ser considerado um transtorno, necessita apresentar alguns
dos outros sintomas associados. Vamos conhecer esses na
imagem abaixo.
Temperamentais
Ansiedade, estilos cognitivos ou traços de
personalidade propensa a preocupações
(a exigência e cobranças de atenção
exacerbadas da atividade também influenciam
no caso dos agentes de segurança).
Ambientais
Ruído, iluminação, temperaturas
Fatores desconfortáveis (no caso dos profissionais
que atuam em turnos noturnos, observa-se
de Risco que a frequente exposição a alterações na
quantidade e qualidade do sono pode levar a
alterações mais graves e duradouras como
a insônia).
Genéticos e fisiológicos
Figura 12: Fatores Sexo feminino e idade avançada
de risco associados são características que aumentam a
à insônia. Fonte: suscetibilidade ao transtorno, mas ainda não
labSEAD-UFSC
(2020).
há conclusões sobre a interferência genética.
Transtorno de hipersonolência
O diagnóstico ocorre em decorrência do relato do próprio
indivíduo acerca de sonolência excessiva, apesar de o sono
durar 7 horas, no mínimo. Afeta não só o indivíduo como
também sua família e seu trabalho. A sonolência pode ser
consequência de:
• Sono insuficiente.
• Disfunção neurológica nos reguladores de sono.
• Sono perturbado.
• Fase do ritmo circadiano do indivíduo, que se refere ao
período de cerca de 24 horas sobre o qual o ciclo biológico
de quase todos os seres vivos se baseia.
TEMPO DE DURAÇÃO
hipersonolência.
Fonte: labSEAD-
UFSC (2020).
Narcolepsia
Pode ser descrita como a necessidade irresistível de dormir,
cair no sono ou cochilar em períodos recorrentes no decorrer do
dia, acontecendo pelo menos três episódios na semana, além
de duração de pelo menos três meses. Os episódios podem
levar de 10 a 20 minutos de sono, após os quais o paciente se
descreve como “revigorado”, pelo menos brevemente.
Temperamentais
sonambulismo, bruxismo (ranger de dentes ao
dormir), transtorno comportamental do sono
REM e enurese (urinar enquanto dorme) talvez
sejam mais comuns em indivíduos
com narcolepsia.
Fatores
de Risco
Ambientais
infecções, gripes, além de alterações
repentinas nos padrões do sono-
vigília (mudança de emprego, fim de
relacionamento, estresse).
Figura 14: Fatores
de risco associados
à narcolepsia.
Fonte: labSEAD-
UFSC (2020).
A narcolepsia também resulta em prejuízos nas atividades
de direção e de trabalho. Após o controle da alteração, o
indivíduo pode voltar a dirigir, mas deve evitar fazê-lo por
distâncias muito longas, além de evitar realizar atividades que
o coloquem em risco.
IRRITABILIDADE EM EXCESSO E
AGRESSIVIDADE DESMEDIDA
A apresentação dessas duas alterações de forma conjunta
se deve a ambas serem bastantes presentes em decorrência
do estresse presente nas atividades de profissionais de
segurança, além de, quando consideradas juntas, podem ser
vistas com demasiada preocupação por parte dos superiores,
das famílias e da sociedade em geral.
Agressividade
O termo agressividade ainda hoje provoca discussões e
controvérsias entre os mais diversos teóricos da psicologia.
A agressividade é considerada por alguns como uma
tendência em agir ou responder de forma violenta, sendo
relacionado com o conceito de acometividade, isto é, a
propensão para acometer, atacar e criar confusão.
Figura 16:
Agressividade.
Fonte: Pixabay
(2020).
CONTEXTUALIZANDO...
As compulsões, de modo geral, podem ser descritas como
comportamentos com elevado número de repetições em
pequenos períodos de tempo. A etiologia das compulsões
pode estar relacionada tanto com desequilíbrios da vida
Estudo das causas
das doenças. pessoal e emocional do indivíduo quanto com transtornos
mentais como: transtorno depressivo, transtorno afetivo
bipolar, transtorno de ansiedade, dentre outros.
AS COMPULSÕES
Em se tratando do público de profissionais de segurança,
devido às alteradas rotinas de sono, dificuldade na manutenção
das práticas de exercícios, dificuldade em manter uma
rotina alimentar adequada, convívio contínuo com situações
de estresse e violência, percebe-se uma maior incidência
de comportamentos compulsivos, o DSM-5 (AMERICAN
PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014) destaca principalmente os
relacionados ao financeiro e ao consumo abusivo de álcool e
drogas, que apresentam como consequência adoecimentos
por vezes bastante graves, sendo inclusive considerados como
fatores de risco para o comportamento suicida.
Compulsões alimentares
Compulsão alimentar se refere ao consumo recorrente de
grande quantidade de alimentos em curto período de tempo,
vinculado ao sentimento de falta de controle sobre a ingestão
desses alimentos.
4
Figura 17: Aspectos
associados Comer sozinho por vergonha do quanto se está comendo.
à compulsão
alimentar.
Fonte: labSEAD-
UFSC (2020). 5 Sentir-se desgostoso de si mesmo ou culpado em seguida.
“
observou que há:
Compulsões financeiras
As compulsões financeiras podem ser descritas como a
dificuldade em controlar gastos, usualmente promovendo
compras e mais compras, em sua maioria desnecessárias.
Figura 20:
Compulsão
financeira. Fonte:
Pixabay (2020).
• Psicoterapia.
• Grupos de mútua ajuda: possibilidade de o indivíduo se
identificar com os demais, não se sentindo o único a
apresentar essa dificuldade.
• Acompanhamento financeiro: já ocorrem, em algumas
instituições de saúde, propostas de acompanhamento e
educação financeira para profissionais que apresentam
dificuldades em controlar sua vida econômica. No caso da
segurança pública, há programas em alguns estados que
promovem eventos de esclarecimentos e oferta de ajuda
para uma reorganização financeira.
Natureza do dano é
identificável: no consumo
nocivo, há percepção das
alterações causadas pelo
consumo das substâncias.
Uso Nocivo
Uso responsável
por dano físico ou
psicológico: o álcool e Não satisfaz critérios
Figura 21: Uso muitas das substâncias para dependência: há o
psicoativas geram, consumo, porém não há
nocivo de dependendo da quantidade
substâncias
indícios de dificuldade em
do uso e da substância controlar o uso.
psicoativas. Fonte: ingerida, efeitos físicos
labSEAD-UFSC e/ou psicológicos.
(2020).
Depressoras
Perturbadoras
Elas fazem com que alguns órgãos passem a funcionar fora de seu
normal, ou seja, a pessoa fica com a mente perturbada. São também
Figura 24: Efeitos
fisiológicos do uso
chamadas de alucinógenas. Algumas drogas desse tipo são de
de substâncias. origem vegetal como o THC (contido na maconha), a mescalina,
Fonte: labSEAD- certos tipos de cogumelos, lírio, trombeteira, e outras são de origem
UFSC (2020). sintética, como o LSD-25, o ecstasy e os anticolinérgicos.
Psicoterapia
Tratamento
Grupos Farmacoterapia
de apoio Multiprofissional (pelo menos inicial)
Figura 25:
Tratamento
multiprofissional Internamento
para pessoas (em alguns casos)
dependentes.
Fonte: labSEAD-
UFSC (2020).
O SUICÍDIO
Olá, cursista!
OBJETIVOS DO MÓDULO
Refletir sobre o suicídio e entender como ocorre o
comportamento suicida; conhecer os números que refletem
os casos de suicídio no Brasil e como os fatores de riscos
e os fatores de proteção funcionam, além de compreender
a discussão dentro da realidade dos agentes de segurança
pública no Brasil; por fim, visualizar o suicídio como um
problema de saúde pública e que é algo que pode ser evitado.
CONTEXTUALIZANDO
O suicídio sempre existiu, sendo já observado nas sociedades
antigas com diferentes representações que variam de acordo
com a cultura, a sociedade e o período histórico. Assim, ao
longo dos anos, surgiram muitos estudos abordando o tema.
65 mil nas
Américas
Ingestão de pesticidas
Enforcamento
Figura 3: Métodos
mais comuns de
suicídio segundo a
OMS (2014). Fonte:
labSEAD-UFSC Uso de arma de fogo
(2020).
2011 5,1
Figura 4: Números
referentes ao
suicídio no Brasil,
2018 5,8
segundo dados
do Sistema de
Informação de
Mortalidade do
Ministério da
Saúde (2018). Fonte: 205.990
labSEAD-UFSC suicídios no Brasil nas
(2020).
últimas três décadas
2014 – 8º lugar no
ranking dos países do
Figura 5: A mundo em número
posição do Brasil
nos rankings de suicídios.
de suicídio e
depressão. Fonte:
labSEAD-UFSC
(2020).
ENTENDENDO O SUICÍDIO
O suicídio é considerado como a consequência final de
vários fatores que se acumulam na vida de um indivíduo, um
somatório de frustrações e problemas decorrentes de várias
áreas da vida de uma pessoa.
Sociais Culturais
Biológicos Genéticos
Figura 7: O suicídio
é o resultado de
uma complexa MULTIFATORIAL Ambientais
interação de vários Psicológicos
fatores. Fonte: ABP
(2014), adaptado
labSEAD-UFSC
(2020).
Ainda nos dias de hoje, por mais que o suicídio esteja mais
evidente e sendo mais discutido, existe muita dificuldade em
se falar sobre o tema.
Palavra do Especialista
Conforme relata Botega (2015), há ainda muito desconhecimento
sobre o suicídio, sobre comportamentos suicidas e sobre tudo
o que envolve o assunto, pois o suicídio provoca nas pessoas
(parentes, amigos, colegas) vários sentimentos, entre eles, o de
culpa sobre o que poderia ter sido feito para evitar o ato.
1
Ideação suicida
2
Tentativa de suicídio
CONTEXTUALIZANDO...
Como vimos na aula anterior, a compreensão do fenômeno
do suicídio acontece a partir do entendimento sobre
possíveis comportamentos suicidas, associado ao que
compreendemos como fatores que podem influenciar positiva
ou negativamente para a ocorrência do ato.
SUSCETIBILIDADE AO SUICÍDIO
Embora haja uma vinculação entre suicídio e distúrbios mentais,
como depressão, abuso de álcool e drogas ou esquizofrenia,
em países de alta renda, a maioria dos casos ocorrem de forma
impulsiva, em decorrência de um momento de crise.
Palavra do Especialista
É uma perspectiva comum entre autores e órgãos de
representantes da saúde, como a Organização Mundial da Saúde
(2000), Organização Pan-Americana da Saúde, Botega (2006),
Sousa (2016), que a prevenção do suicídio acontece por meio de
reforço dos fatores que são chamados protetores, e diminuição
dos fatores de risco, tanto no que se refere ao indivíduo quanto
ao que se refere ao coletivo.
pertencimento O sentimento de
O isolamento, pertencimento
por outro lado, é um fator
deixa o sujeito que pode ser
mais vulnerável considerado
e é considerado como protetor.
fator de risco. isolamento
FATORES DE RISCO
Vamos entender como funcionam os fatores de risco para o
suicídio. São cinco fatores principais que vão constituir nossa
reflexão ao longo desta aula: fatores sociodemográficos, fatores
sociais, fatores psicológicos, condições clínicas incapacitantes e
transtornos mentais. Além desses fatores, temos o principal fator
de risco para o suicídio: a tentativa prévia.
Fatores sociodemográficos
Os fatores sociodemográficos são: sexo, idade, situação
financeira, situação laboral, residência urbana ou rural e
estado civil, os quais estão representados na figura a seguir.
Fatores sociais
O ser humano é social, e sua ligação a outros indivíduos e grupos
ou separação destes pode ser percebida como fator de risco.
Figura 14:
Isolamento do
contexto social
pode ser sinal
de fator de risco.
Fonte: Pixabay
(2020), adaptado
por labSEAD-UFSC
(2020).
Fatores psicológicos
O suicídio geralmente não se dá de forma inesperada, mas
isso também pode ocorrer em poucos casos.
Palavra do Especialista
Para compreendermos os fatores psicológicos ligados
ao suicídio, faz-se necessária a explanação sobre as três
características próprias do estado em que se encontram a
maioria das pessoas sob risco de suicídio, conhecidas como os
“tentantes” (pessoas que tentaram o suicídio) (SOUSA, 2018).
1
Ambivalência
2
Impulsividade
3
Rigidez/constrição
Epilepsia.
Transtornos mentais
Assim como os fatores anteriores, os transtornos mentais não
estão presentes em todos os casos de suicídios consumados,
mas, segundo estudos, há a associação de transtornos mentais
em uma grande parcela dos casos. Veremos a seguir os
transtornos com maior grau de congruência com o suicídio.
Transtornos de humor
Entre os transtornos de humor mais associados ao ato suicida
encontram-se: o transtorno depressivo e o transtorno afetivo
bipolar (TAB).
“
menor será a chance de cronificação do quadro.
Entre os
gravemente
deprimidos, 15%
se suicidam
15%
Figura 20:
Diferenciação da
tristeza e do luto. O tratamento da depressão demora, em geral, de cerca de
Fonte: labSEAD-
UFSC (2020). duas a três semanas para início de ação dos antidepressivos,
período em que pode ser utilizado ansiolítico em associação
para auxiliar nessa fase inicial. Após a remissão dos sintomas,
é fundamental dar continuidade ao tratamento, o que
chamamos de fase de manutenção.
Figura 21:
Temporariedade
relacionada ao
tratamento com
ansiolíticos. Fonte:
labSEAD-UFSC
(2020).
Autoimagem inflada ou
grandiosidade
Pôr-se em situações de
Pensamento de grandeza
risco (inadequação social,
hipersexualidade, compras
inadequadas)
Aumento da velocidade do
pensamento
Figura 23:
Classificação do
humor eufórico. Assim, para o estabelecimento do diagnóstico, faz-se
Fonte: labSEAD-
UFSC (2020). necessário que o indivíduo tenha apresentado pelo menos um
episódio maníaco ao longo da vida.
Palavra do Especialista
Mais de 90% dos indivíduos que tiveram pelo menos um
Palavra do Especialista
Geralmente o lítio é a primeira opção para o tratamento,
porém, deve ser administrado com cuidado, pois a ingestão
excessiva de lítio pode ser fatal. Por isso, em casos de risco
de suicídio, é aconselhável que alguém próximo do paciente
controle a medicação.
ATITUDES
CULTURAIS
ESTRESSE DISPONIBILIDADE
Sinais e sintomas
de abstinência
quando o uso cessa
ou é reduzido, ou
uso da substância
Persistência do Identificação do para evitar ou
uso a despeito de transtorno por aliviar sintomas de
consequências que abstinência.
causem mal.
uso de álcool
Evidência de
tolerância.
Boca seca
SINTOMAS
APRESENTADOS
Complicações
clínicas DEPOIS DE RETIRADA Agitação
DO ÁLCOOL NO
ORGANISMO
Convulsão Insônia
Esquizofrenia
No senso comum, a esquizofrenia é muitas vezes associada
ao que conhecemos como “loucura”, devido à presença de
alucinações e delírios. É importante esclarecermos que,
dependendo do grau do transtorno e de um tratamento
adequado, indivíduos com esquizofrenia podem dar
continuidade às suas atividades normalmente.
Discurso desorganizado:
o paciente apresenta
desorganização no Alucinações: alterações de percepção em que
pensamento e no discurso, não há um objeto presente. São vívidas, claras,
sendo difícil compreender como se fossem percepções normais. Podem ser
o que ele fala. táteis, visuais, olfativas, auditivas e gustativas.
1
PERÍODO INTERCRISE
Quando o indivíduo percebe e não elabora toda a
limitação e o prejuízo que a doença acarretou à sua vida.
2
DURANTE A CRISE
Por exemplo, ao seguir vozes de comando que o
mandam se matar
Figura 31:
Momentos de
3
maior risco. Fonte: PÓS INTERNAÇÃO
labSEAD-UFSC Casos de suicídio podem acontecer após a alta de uma
(2020 ). internação psiquiátrica
Transtornos de personalidade
Segundo o DSM-5 (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION,
2014), os transtornos de personalidade são padrões
de comportamento e experiência interna que desviam
acentuadamente da cultura do indivíduo, tendo seu início
na adolescência ou no início na fase adulta, apresentando
as seguintes características básicas: o indivíduo sofre e faz
sofrer, além de não aprender com a experiência.
COGNIÇÃO
A forma de perceber e interpretar
a si e a ao outro.
AFETIVIDADE
Há variação e intensidade das respostas
emocionais, além de rápidas alterações de humor.
FUNCIONAMENTO INTERPESSOAL
Figura 32: Áreas
de manifestação
do transtorno de
personalidade.
Fonte: labSEAD- CONTROLE DE IMPULSOS
UFSC (2020).
Relações interpessoais
Possibilidade de instáveis e intensas
repetidos atos com momentos
autolesivos. de aproximação e
distanciamento.
Transtorno de
personalidade
borderline
Sentimento crônico
de vazio.
Instabilidade afetiva.
Figura 34:
Intervenção dos
pacientes. Fonte:
labSEAD-UFSC
(2020). Agora que refletimos sobre os fatores de risco relacionados ao
suicídio, vamos falar dos fatores de proteção, ou seja, vínculos
positivos que diminuem a possibilidade de desenvolvimento de
comportamentos suicidas. Vamos adiante!
FATORES DE PROTEÇÃO
A prevalência dos estudos sobre suicídio recai na análise dos
fatores que podem ter contribuído direta ou indiretamente para
o ato suicida. No entanto, dentro dessa reflexão, é importante
pensar nos fatores de proteção que podem agir de forma
oposta às condições de risco.
Boas Relações
condições físicas sociais estáveis
com ausência e inserção em
de doenças grupos sociais e
incapacitantes de convivência
Apresentar
boa capacidade de
reagir às adversidades FATORES DE Espiritualidade
(resiliência) e resolver
problemas
PROTEÇÃO desenvolvida
Estar em
relacionamentos Estar
amorosos fixos empregado
Sentimento
de utilidade e de
responsabilidade
CONTEXTUALIZANDO...
Os estudos sobre suicídio direcionados aos profissionais
de segurança pública ainda são bastante incipientes no
Brasil. Alguns autores se destacam a partir de produções
regionalizadas acerca do tema, mas ainda há muito o que se
compreender sobre a especificidade desse fenômeno em se
tratando de profissionais que convivem constantemente com
estresse em graus elevados, riscos físicos e psicológicos.
ANALISANDO OS NÚMEROS
Os estudos sobre suicídio direcionados aos profissionais de
segurança pública no Brasil destacam que esses profissionais
apresentam de 3 a 4 vezes mais propensão a consumarem o
suicídio do que as demais categorias profissionais.
Palavra do Especialista
A partir do estudo realizado, foi constatado que a taxa de
Civil
labSEAD-UFSC
(2020).
Sexo
masculino
89% Arma de
31 a 35 anos
fogo
26% 85%
Trabalhavam
na capital Enforcamento
49% 11%
Aposentados e inativos
Idade 18% 31 a 35 anos
Sexo 92% Masculino
Instrumento 83% Arma de fogo
Local de operação 47% Capital
Tabela 1:
Aposentados e 55% Sargentos
inativos.
Polícia Militar
10% Coronéis
Fonte: São Paulo
(2019), adaptado Polícia Civil 40% Investigadores
por labSEAD-UFSC
(2020). Escolaridade 80% Ensino Médio
Figura 40:
Percepções dos Dificuldade de esquecerem determinadas situações
fatores de risco vivenciadas no trabalho.
entre policiais civis.
Fonte: labSEAD-
UFSC (2020).
Também podemos considerar que a maioria dos policiais
militares ativos e inativos eram católicos, esses dados
não foram possíveis de serem levantados entre policiais
civis. Em relação às percepções dos fatores de risco entre
policiais militares, podemos observar o seguinte.
Palavra do Especialista
Segundo os autores da pesquisa: “A atividade policial requer de
seu profissional o constante firmamento de uma conduta heroica,
que não permite falhas e/ou ‘fraquezas’.” (SÃO PAULO, 2019, p. 36).
Ressaltam ainda que, por vezes, os agentes sentem a necessidade
de pedir ajuda, mas têm receio de serem ridicularizados entre
seus pares e/ou demonstrar inaptidão para as tarefas diárias.
Palavra do Especialista
A exposição de alguém a situações humilhantes e
constrangedoras, repetitivas e prolongadas, praticadas por
Meia idade
63,2%
Casado Sexo
masculino
61,4% 98,2%
Utilizaram
como
instrumento a Ensino
arma de fogo Fundamental
73,7% 63,2%
Local
do suicídio Renda
diferente do de até
Figura 42: Perfil
dos agentes que trabalho e casa três salários
mínimos
consumaram o 63,2%
suicídio. Trabalhavam Patente: 75,4%
Fonte: Sousa (2016)
no serviço 36,8% Cabos
adaptado por
labSEAD-UFSC
operacional
33,3% Soldados
(2020). 64,8%
10%
já haviam
22% 68%
pensaram, não pensaram
tentado mas não e não
suicídio tentaram tentaram
59% 64%
30 e 39 anos 30 e 39 anos
55% 64%
50% 46%
Figura 43: Dados
da pesquisa de
Miranda (2016). Sargentos Cabos
Fonte: labSEAD-
UFSC (2020).
12
Questões 7
familiares
Conflitos no
ambiente de
trabalho
2
Figura 45: Fatores Questões 1
de motivação. de saúde
Fonte: labSEAD-
Problemas
UFSC (2020).
financeiros
PREVENÇÃO E POSVENÇÃO
Ao pensarmos sobre a prevenção e posvenção do suicídio,
faz-se necessário discutirmos acerca dos mitos que cercam
esse fenômeno, para, só então, conseguirmos clarificar
como podemos contribuir para a erradicação ou diminuição
dos suicídios.
Mitos Verdades
Ao invés de encorajar, conversas abertas podem
Conversar sobre suicídio pode
esclarecer, dar outras opções e tempo para que a
encorajar alguém a fazê-lo.
decisão seja repensada.
A maioria dos suicídios acontece A maioria dos suicídios é precedida por sinais e
repentinamente, sem avisos. comportamentos.
Introdução de políticas para reduzir o uso nocivo do álcool, visto ser, dentre
as substâncias que geram dependência, a de maior consumo.
Figura 46: Medidas Acompanhamento de pessoas que tentaram suicídio, de modo a evitar
de proteção e tentativas futuras. Pode se dar por meio de apoio psicológico, social,
prevenção. financeiro e de saúde em geral, dependo das motivações citadas pelos
Fonte: labSEAD- indivíduos como associadas à tentativa.
UFSC (2020).
Sinais de alerta
A maioria das pessoas com ideações suicidas comentam sua
intenção de tirar a própria vida, seja de forma direta ou indireta.
Figura 47:
Comentários
ocorrentes. Fonte:
labSEAD-UFSC
(2020).
Comportamento
retraído,
dificuldade de
Uso abusivo
Tentativa relacionamento Existência de Crises de
de álcool ou
de suicídio social, com transtorno ansiedade ou
de outras
anterior. família ou psiquiátrico. de pânico.
drogas.
amigos, até
mesmo com
colegas de
trabalho.
Baixa autoestima,
Uma perda
sentimento de
Mudança no recente
menosvalia,
comportamento, Alteração importante –
sentimento de
irritabilidade, no hábito morte, divórcio,
culpa, de se sentir
pessimismo, alimentar separação
sem valor ou
depressão ou e de sono. ou alteração
com vergonha,
apatia. nos postos de
sentimentos de
trabalho.
solidão, impotência,
desesperança.
Desejo súbito
de concluir
os afazeres
Doença física Menção
Histórico pessoais, Escrita
crônica, repetida de
familiar de organizar de cartas de
limitante ou morte ou
suicídio. documentos, despedida.
dolorosa. suicídio.
escrever um
testamento, sem
nenhum motivo
aparente.
1
Primeira atitude
2
Segunda atitude
Abordagem correta
Abordagem incorreta
• Ouvir atentamente, com calma e sem • Interromper a fala frequentemente.
demonstrar pressa. • Demonstrar espanto ou emoção com o
• Demonstrar a preocupação em entender os que está sendo ouvido.
sentimentos da pessoa (empatia). • Não se mostrar disponível para ouvir,
• Dar mensagens não verbais de aceitação e dizer que você está ocupado.
respeito (comunicação ativa). • Fazer o problema parecer simples,
• Expressar respeito pelas opiniões e pelos desmerecendo o sofrimento do outro.
valores da pessoa, evitando julgamentos • Tratar a pessoa com ar de superioridade.
ou simplificação da situação.
• Dizer simplesmente que tudo vai
• Conversar honestamente e com ficar bem, ou fazer promessas para o
autenticidade. paciente para demovê-lo.
• Mostrar sua preocupação, seu cuidado e • Fazer perguntas indiscretas.
sua afeição.
• Emitir julgamentos (certo x errado).
• Focalizar nos sentimentos da pessoa.
Figura 50:
Abordagem correta A maioria das pessoas acredita que é complicado falar sobre
e incorreta. Fonte:
labSEAD-UFSC o suicídio e questionar sobre possíveis ideações suicidas, e
(2020).
muitos não se sentem preparados para isso.
Você se sente
triste?
Você sente
que ninguém se
preocupa com
você?
Você sente que a
Já pensou vida não vale mais a
que seria pena ser vivida?
Figura 51: Reflexões melhor estar
que colaboram para
o contato. Fonte:
morto ou tem
labSEAD-UFSC vontade de
(2020). morrer?
Mas caso não fique claro que o risco é baixo ou médio, faça os
encaminhamentos necessários como forma de prevenção.
Gentilmente Fazer um
explicar para a contrato,
pessoa que você como descrito
está ali para ajudá- anteriormente,
la, protegê-la e que Falar com a e tentar ganhar
Estar junto da no momento ela pessoa e remover tempo.
pessoa, nunca parece estar com quaisquer meios
deixando-a que possam Informar a
muita dificuldade
sozinha, ser utilizados família e
para comandar a
inclusive em para cometer o reafirmar
própria vida.
situações como suicídio: pílulas, seu apoio,
ir ao banheiro, se faca, arma, conforme já
alimentar, dormir, venenos etc. descrito.
entre outras.
Figura 53: Atitudes Caso não haja equipe de saúde mental adequada para atender
que acolhem. Fonte:
labSEAD-UFSC
o paciente, entre em contato com locais de atendimento
(2020). emergenciais, pois essa é uma emergência.
conversar, sob total sigilo, por telefone (basta discar 188), e-mail
e chat 24 horas todos os dias.
Posvenção do suicídio
Um suicídio deixa marcas, muitas vezes tão fortes que podem
vir a adoecer parentes, colegas e amigos, e pode até mesmo
levar estes que ficaram a tentativas de suicídio.
PREVENÇÃO, PROMOÇAO
E TRATAMENTO DA
SAÚDE MENTAL
324 • Módulo 6 Prevenção, Promoção e Tratamento da Saúde Mental
Apresentação
OBJETIVOS DO MÓDULO
Conhecer, por meio de base teórica, diversos temas
relacionados a prevenção, promoção e tratamento da saúde
mental do agente de segurança pública.
ESTRUTURA DO MÓDULO
• Aula 1 – Descontruindo Rótulos: Crenças Equivocadas,
Preconceitos e Bullying.
• Aula 2 – Psiquiatria e Psicologia.
• Aula 3 – Psicofarmacologia e Terapias Complementares.
• Aula 4 – Rede de Assistência.
• Aula 5 – Responsabilidade do Cuidado.
CONTEXTUALIZANDO...
O preconceito deixa de existir quando passamos a ter
conhecimento, quando entendemos o que é a saúde
mental, e, a partir de então, torna-se obrigatória a emissão
de comportamento de ajuda, desconstruindo rótulos e
minimizando preconceitos e bullying.
Philippe Pinel
Palavra do Especialista
Tal ato ocorreu a partir do aparecimento de denúncias sobre as
condições precárias de tratamentos aos usuários de internações
hospitalares psiquiátricas, que foram influenciadas pelo processo de
Palavra do Especialista
Apesar de rudimentar, o manual serviu para motivar uma série de
revisões sobre questões relacionadas às doenças mentais.
O DSM-II, desenvolvido paralelamente com o CID-8, foi publicado
em 1968 e era bastante similar ao DSM-I, trazendo discretas
alterações na terminologia (ARAUJO; LOTUFO NETO, 2014).
Figura 4: Índice da
quinta edição do
Manual Diagnóstico
e Estatístico
de Transtornos
Mentais. Fonte:
DSM-5 (ARAUJO;
LOTUFO NETO,
2014), adaptado
por labSEAD-UFSC
(2020).
Figura 5: Chico
Anysio. Fonte:
Chico... (2020), Chico Anysio
adaptado por
labSEAD-UFSC
(2020).
A palavra foi criada em parceria com o mestre do humor brasileiro
Chico Anysio, que tratava da depressão há 24 anos e fez questão
de gravar um depoimento para ABP contando a sua história e
falando sobre a importância do tratamento psiquiátrico. Segundo
ele, se não fosse o tratamento psiquiátrico, não teria feito nem
20% do que fez em vida. Chico chamou atenção para a falta de um
nome para descrever esse preconceito, assim como existe para
Atitudes homofobia e racismo. E foi uma ideia de gênio, como todas as que
preconceituosas ele tinha, e ficou estabelecido o dia 12 de abril como Dia Nacional de
e discriminatórias Enfrentamento à Psicobofia.
contra os
deficientes e
os portadores
transtornos Importante alertar também sobre o Projeto de Lei n.º 74, de
mentais. 2014, de autoria do senador Paulo Davim, que visa tornar a
psicofobia um crime, assim como são crimes a homofobia
e o racismo. O que se pretende com isso é divulgar que
existe o preconceito, que até então era encoberto, e que se
deve combatê-lo para ajudar 50 milhões de portadores de
transtornos mentais que sofrem discriminação no Brasil.
entenda mais sobre o tema por meio de depoimentos de pessoas
que vivem na pele esse preconceito.
CONTEXTUALIZANDO...
No Brasil, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) mostra que
cerca de 23 milhões de pessoas possuem algum transtorno
mental, e cinco milhões desses brasileiros sofrem de
transtornos persistentes e graves. De acordo com a ABP, a
política de saúde mental prioriza a esquizofrenia e o transtorno
bipolar como as doenças mais graves, e a depressão, a
ansiedade e a dependência como as mais prevalentes.
PSIQUIATRIA
A psiquiatria é uma especialidade da medicina que trabalha
com prevenção, atendimento, diagnóstico, tratamento e
reabilitação das diferentes formas de sofrimentos mentais,
seja de cunho orgânico ou funcional, com manifestações
psicológicas severas. É também atribuição do psiquiatra,
por meio de exames clínicos, físicos e demais avaliações, o
diagnóstico de adoecimento mental.
PSICOLOGIA
A psicologia é uma ciência que, dentre tantas possibilidades de
atuação profissional, atua com o atendimento clínico psicológico,
que pode ser realizado de forma individual, em grupo, familiar ou
casal, e pode ser feito presencialmente ou on-line, em clínicas,
consultórios psicológicos, hospitais de apoio, centros de
internação, hospitais-dia, policlínicas e outros.
Saiba mais
Existem diferentes abordagens teóricas utilizadas por
psicólogos, elas são importantes para direcionar o tratamento
adequado para cada paciente.
CONTEXTUALIZANDO...
A terapia medicamentosa para o tratamento de transtornos
mentais é feita pelo uso de psicofármacos, que são
medicamentos que alteram a atividade cerebral aliviando
os sintomas dos transtornos psiquiátricos e ajudando na
reintegração do indivíduo ao meio familiar e social. Leonardo
et al. (2014) referem que os medicamentos podem, ainda,
contribuir para a diminuição do número de recaídas e para
maior adesão ao tratamento, e existe uma grande prevalência
de uso de psicofármacos pela população mundial, os quais
são ferramentas importantes no tratamento de pessoas com
transtornos mentais.
PSICOFARMACOLOGIA
O aumento do uso desses medicamentos vem sendo atribuído
ao crescimento de diagnósticos de transtornos mentais na
população, bem como à introdução de psicofármacos novos
no mercado farmacêutico e às novas indicações terapêuticas
dos psicofármacos já existentes. Porém, o uso deles é um
dos maiores tabus atrelados aos preconceitos que rodeiam o
tratamento dos transtornos mentais.
Ansiolíticos Antidepressivos
São utilizados para Usados para
ansiedade. depressão.
Figura 9:
Ansiolíticos atuam
no sintoma da
doença. Fonte:
Pixabay (2020).
TERAPIAS COMPLEMENTARES
As terapias complementares, como a própria denominação
sugere, servem como complemento às terapias com uso de
psicofármacos. Por meio delas, pode-se estimular prevenção
e tratamento às doenças e transtornos mentais, mas o mais
importante é a manutenção e motivação da saúde mental
proporcionada por essas práticas. Vamos conhecer algumas
delas, a partir de agora.
Psicanálise
Humanista, que
Terapia cognitivo- se caracteriza pela
comportamental psicologia centrada
(TCC) na pessoa
Psicoterapia
Figura 11: O que
a psicoterapia
representa. Fonte: A psicoterapia ilustra de maneira nítida os pontos que
Freepik (2020),
adaptado por
necessitam de atenção e reparo em nosso cotidiano, para
labSEAD-UFSC que possamos gerar mudanças.
(2020).
Atividade física
Com o envelhecimento da tropa e o aumento da expectativa de
vida, o objetivo principal da atividade física deixa de ser apenas
prolongar a vida, mas principalmente manter a independência
e autonomia do agente pelo maior tempo possível. E uma vez
que o estilo de vida dos agentes de segurança pública tem sido
caracterizado por um conjunto de fatores comportamentais
que trazem risco para a sua saúde, faz-se necessário
considerar intervenções que reduzam o comportamento
sedentário e aumentem o nível de atividade física.
Está esperando o quê? Procure ainda hoje algo que você goste
de fazer e movimente seu corpo. A atividade física sempre
contribuirá para sua saúde mental.
Comportamento alimentar
O comportamento alimentar diz muito sobre os hábitos e estilo
de vida de cada indivíduo e a sua alimentação está associada
à saúde e à doença. Segundo Viana (2002), algumas das mais
assustadoras doenças do nosso tempo são em grande parte
atribuíveis a hábitos alimentares não saudáveis adquiridos na
infância e na adolescência.
Figura 14: A
importância de
alimentação
saudável para
a saúde. Fonte:
Freekpik (2020),
adaptado por
labSEAD-UFSC
(2020).
Palavra do Especialista
Viana (2002) também reforça sobre a importância da história
CONTEXTUALIZANDO...
Em 1988, proclamou-se a nova constituição, e a saúde passou
a ser direito de todos e dever do Estado. Aprovou-se, então,
o Sistema Único de Saúde (SUS), que foi regulamentado
em 1990, com a Lei Orgânica da Saúde (Lei 8080/1990).
Segundo Almeida e Campos (2019), as ações em saúde
mental foram integradas à atenção em saúde e visavam à
substituição do modelo manicomial. A proposta era construir
uma rede substitutiva, consoante aos princípios do SUS
(regionalização, integralidade das ações, ações de referência e
contrarreferência, participação popular).
2
Atenção Secundária
3
Atenção Terciária
CONTEXTUALIZANDO...
Em resumo, depois de toda a contextualização dada neste
curso, sinalizamos a importância da responsabilidade do
Estado e das instituições para que provenham o necessário.
Cabe ao Estado disponibilizar e manter a Rede de Assistência
sinalizada na aula anterior, bem como garantir os direitos da
Constituição Federal Brasileira.
INSTITUCIONAL
Ao Estado, cabe disponibilizar a Rede de Assistência e, à
instituição, zelar pelos seus servidores. Para tanto, é de suma
importância promover capacitação de gestores, revisão da
questão de cargos e salários e equiparação salarial, inclusive
das forças estaduais, capacitar todos os agentes de segurança
pública de forma continuada e lutar para autorização do
aumento do quadro de servidores, a fim de garantir uma escala
de trabalho mais adequada. É necessário também controlar a
quantidade de extras e voluntários que os agentes têm feito,
garantindo que eles não se sobrecarreguem e cometam erros
Suporte à saúde
Figura 17: Suporte
à saúde pela A instituição de segurança pública precisa ter condições de dar
instituição. Fonte: suporte à saúde ao seu servidor, ou seja, ser credenciada com
Freepik (2020), o maior número de redes de hospitais e clínicas, possibilitando,
adaptado por
labSEAD-UFSC assim, ao servidor que tenha acesso aos profissionais
(2020). necessários para a manutenção da sua saúde.
GRUPO
Partindo do pressuposto de que o Estado e as instituições
façam o que tem que ser feito, pouco ou nada adiantará se
o comportamento dos agentes de segurança pública, em
especial quando em grupo, não mudar. Mas, para falar do
grupo, vamos entender que grupos são interações entre três ou
mais pessoas, em relações sociais.
“
ou o ideal de sociedade sem violência é algo utópico.
INDIVIDUAL
“Sabe o que é doutor? Eu não queria fugir da vida, eu só quero
que ela me deixe em paz um pouquinho.” (CORTELLA, 2019).
Pode até soar como frase de autoajuda, mas o que falta nas
pessoas é responsabilização por si. E não só na saúde mental,
mas também em outras áreas da vida como: financeira,
alimentar, física, espiritual, de conhecimento, de cultura etc.
A velocidade com que as coisas estão acontecendo garante
a todos rápido acesso à informação, e é por meio dela que o
conhecimento acontece. E o conhecimento, por sua vez, leva a
mudança comportamental.
Na Prática
Para encerrar, convido-o a fazer a seguinte reflexão: depois de
fazer este curso e com tantas informações, você se enquadrou
em algum momento da leitura? Seu amigo do lado parece