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NECRÓPSIA

(NOTURNO)
PUTREFAÇÃO
Putrefação
É o processo de decomposição da matéria
orgânica por bactérias e pela fauna
macroscópica, que acaba por devolvê-la à
condição de matéria inorgânica. É necessária
a participação ativa de bactérias cujas
enzimas, em condições favoráveis, produzem
a desintegração do material orgânico. Daí,
que nas condições térmicas que impeçam a
proliferação bacteriana, ou pela ação de
substâncias anticépticas, o cadáver não se
putrefaz.
As bactérias encarregadas da putrefação do
cadáver, na sua maioria, são as mesmas que,
em vida, formam a flora intestinal do indivíduo.
Algumas das substâncias intermediárias
formadas durante o processo de decomposição
das proteínas são altamente fétidas, tornando-
se as responsáveis pelo cheiro característico dos
corpos em putrefação
Este processo de decomposição paulatina é bastante
lento. As larvas de insetos todas com atividade
necrofágica, se deixadas agir livremente, podem
destruir o cadáver em um tempo bem menor: de 4 a 8
semanas. Com efeito, em um cadáver exposto à
intempérie, a putrefação se vê acelerada, sendo certo
que os corpos enterrados, têm a sua decomposição
retardada até em oito vezes, com relação aos
primeiros.
Fases da putrefação
A putrefação se desenvolve em quatro fases ou períodos
distintos e consecutivos:

1º - Período cromático (período de coloração, período das


manchas). Tem início, em geral de 18 a 24 horas após o óbito,
com uma duração aproximada de 7 a 12 dias, dependendo
das condições climáticas. Inicia-se pelo aparecimento de uma
mancha esverdeada na pele da fossa ilíaca direita (mancha
verde abdominal), cuja cor é devida à presença de
sulfometahemoglobina. Nos recém-nascidos e nos afogados, a
mancha verde é torácica e não abdominal.
2º - Período enfisematoso (período gasoso, período
deformativo). Inicia-se durante a primeira semana e
se estende, aproximadamente, por 30 dias. Os gases
produzidos pela putrefação (notadamente gás
sulfídrico, hidrogênio fosforado e amônia) infiltram o
tecido celular subcutâneo modificando,
progressivamente, a fisionomia e a forma externa do
corpo. Esta distensão gasosa é mais evidente no
abdome e nas regiões dotadas de tecidos areolares
como face, pescoço, mamas e genitais externos. Os
próprios gases destacam a epiderme do córion,
formando extensas flictenas putrefativas, cheias de
líquido transudado.
3º - Período coliquativo (período de redução dos
tecidos). Inicia-se no fim do primeiro mês e pode
estender-se por meses ou até 2 ou 3 anos.
Caracteriza-se pelo amolecimento e desintegração
dos tecidos, que se transformam em uma massa
pastosa, semilíquida, escura e de intensa fetidez, que
recebe o nome de putrilagem. A atividade das larvas
da fauna cadavérica (miase cadavérica) auxilia
grandemente na destruição total dos restos de
matéria. Como mencionado, os insetos e suas larvas
podem destruir a matéria orgânica do cadáver com
extrema rapidez (4 a 8 semanas).
4º - Período de esqueletização. No final
do período coliquativo, a putrilagem
acaba por secar, desfazendo-se em pó.
Desta maneira, exsurge o esqueleto
ósseo, que fica descoberto e poderá
conservar-se por longo tempo. Todo
esse processo dura em torno de 24
meses. A esqueletização encerra o
processo de putrefação.
IDENTIFICAÇÃO
A identificação pode ser efetuada quanto:

(a) Espécie
Entre animal e ser humano. Pode-se chegar a essa
classificação pela análise dos ossos. Esta região é denominada
osso compacto ou diáfise. Vasos sanguíneos e células
nervosas em todo o osso comunicam-se, por osteócitos (que
emitem expansões citoplasmáticas que põem em contato um
osteócito com o outro) em lacunas (espaços dentro da matriz
óssea densa que contêm células ósseas)).
(b) Raça
Há cinco tipos étnicos fundamentais: caucasiano
(usado para denotar o tipo físico geral de algumas ou
todas as populações da Europa, Norte da África,
Chifre da África, Ásia Ocidental Oriente Médio, Ásia
Central e Sul da Ásia. Historicamente, o termo tem
sido usado para descrever toda a população dessas
regiões, sem levar em conta, necessariamente, a
tonalidade da pele), mongólico (asiáticos), negroide
(negros), indiano (Índia) e australóide (variedade
australiana). A raça é identificada pelo índice cefálico
(forma do crânio e ângulo facial).
(c) Sexo
O sexo do indivíduo pode ser identificado das seguintes maneiras:
- sexo cromossomial:
-Avaliação dos cromossomos. Ex.: sexo masculino: quem tem cromossomo XY; sexo feminino:
quem tem cromossomo XX;
- sexo gonadal:
Os indivíduos humanos que têm ovário são do sexo feminino; os que têm testículos são do sexo
masculino;
- sexo cromatímico:
Com a aplicação, nas células humanas, de corante que se adere ao corpúsculo cromatino. A
presença da cromatina indica o sexo feminino; sua ausência indica o sexo masculino.
- sexo da genitália interna:
Quem tem útero e ovário é do sexo feminino; quem tem próstata é do sexo masculino;
- sexo da genitália externa:
Quem tem vagina e clitóris é do sexo feminino; quem tem pênis e escroto é do sexo masculino;
- sexo jurídico:
É o sexo constante nos documentos do indivíduo. Pressupõe-se que alguém constatou o sexo do
indivíduo;
- sexo de identificação:
É o sexo psíquico, sexo do comportamento, é a sexualidade do indivíduo. Na maioria das vezes,
tem tudo a ver com o sexo físico. É o sexo que o indivíduo projeta no plano da sexualidade;
- sexo pericial:
É o sexo de avaliação, por meio de toda uma avaliação dá-se um laudo sopesando todos os
aspectos. Legalmente, no Brasil, o que vale é o sexo físico. O judiciário não pode autorizar a
mudança de sexo na documentação, pois poderia estar incorrendo em uma fraude.
1.1. Idade
Existem algumas faixas etárias juridicamente importantes: 13, 16, 18 e 21 anos. Especialmente a
faixa dos 18 anos, que é a faixa da imputabilidade (idade em que uma ação considerada crime
leva a punição judicial). Universalmente, hoje se aceita a Tabela de Grevlisch para determinar a
idade das pessoas. Grevlisch, ao radiografar os ossos dos braços das pessoas, chegou a um
padrão de calcificação para determinar as faixas etárias jurídicas. Esse processo de calcificação
dos ossos se encerra com 21 anos. Não é possível distinguir uma radiografia de uma pessoa com
25 anos de outra com 35 anos, porém, é possível identificar, pela radiografia, um indivíduo de 20
anos e 9 meses de outro indivíduo de 21 anos. Os ossos do antebraço são o rádio e o úmero.
Posição anatômica é a posição da pessoa voltada para frente, com os braços voltados para
frente e as pernas ligeiramente afastadas. Sendo essa a posição anatômica, o rádio localiza-se no
exterior do antebraço. Ossos do punho: escalóide, semilunar, piramidal, pisiforme, na primeira
fileira. Na segunda fileira: trapézio, trapezoide, grande osso e ganchoso ou unciforme.
Os ossos da mão são cinco e chamam-se metacarpianos. Dedos: indicador, polegar, médio,
anular e mínimo. O polegar tem dois ossos, duas falanges, que recebem o nome de proximal e
distal. Os quatro outros dedos possuem três falanges: proximal, medial e distal. Além disso,
existem pequenas esferas ósseas que ajudam no processo de articulação, chamados
semamóides. Temos então 32 (trinta e dois) pontos de observação (ossos) para identificar a
idade das pessoas. É por isso que se adota essa parte do corpo para proceder à identificação:
pela quantidade de detalhes e variedade de pontos de observação.
1.2. Altura
Existem tabelas para que se possa verificar a
altura do indivíduo. Ex.: se o fêmur mede 48,6
cm, o indivíduo vivo tinha 1,80 m. À tabela pode
ser aplicada sobre vários ossos: fêmur, tíbia etc.
1.3. Outros Tipos de Identificação
Para ajudar numa identificação individual, são valiosos os seguintes sinais:
(a) Sinais individuais: verrugas, manchas etc.;
(b) malformações: lábio leporino, desvio de coluna, consolidação viciosa de uma
fratura etc.;
(c) sinais profissionais: calosidade de sapateiros, calo nos lábios de sopradores devido
músicos de instrumentos de sopro etc.;
(d) cicatrizes: traumática (ação de agentes mecânicos, queimaduras), patológicas
(vacinas) ou cirúrgicas. A identificação pelos dentes, no morto, é relevante. Porém,
para que tal identificação seja possível, seria necessário dispor de uma ficha dentária
fornecida pelo dentista da vítima. Uma cárie com restauração de determinado
material, colocação de prótese, influem na identificação do indivíduo. Devem-se levar
em conta, também, as alterações adquiridas pelos agentes mecânicos, químicos,
físicos e biológicos (desgastes dos dentes, dentes manchados de fumo etc.). A
identificação por fotografia não é um método de grande segurança. Ele será usado
quando falhar os métodos mais significativos. Consiste na superposição de fotos do
indivíduo tiradas em vida sobre a foto do esqueleto do crânio.
TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA

Também como um método radiológico de aquisição de imagens, útil na identificação humana,


pode-se citar a tomografia computadorizada (TC), que pode ser obtida na forma tradicional, em
imagem bidimensional e em imagem tridimensional. A TC apresenta inúmeras vantagens em
relação à projeção radiográfica tradicional. Primeiramente, pelo fato de estar livre do problema
de superposição de estruturas além do plano de interesse e também por permitir a visualização
de pequenas diferenças de densidade.
A TC apresenta, ainda, outras vantagens, como a imagem segmentada, importante quando
pontos internos devem ser observados, facilidade na manipulação da imagem, qualidade da
imagem, com excelente escala de cores e transparência, obtenção de volume, área e medidas
angulares e lineares.
Uma TC ante-mortem proporciona informações que podem ser utilizadas na produção de uma
réplica post-mortem, considerando que os pontos craniométricos podem ser localizados com
precisão e as mensurações, obtidas com acurácia.
Além disso, a lâmina contém uma completa descrição do protocolo radiológico, incluindo a
orientação do paciente, a angulação, a espessura do corte, a quilo voltagem, o tempo de
exposição, o tamanho do campo visual, etc. O filme também exibe o nome, a idade e o sexo do
paciente, o nome do médico, o nome do hospital, o tipo de scanner usado e outras informações
relevantes. Lâminas, individualmente, indicam o plano e a espessura de cada corte. Atualmente,
cortes de espessura tão fina como 1,0 mm são possíveis.
IDENTIFICAÇÃO PELOS SEIOS DA FACE

A observação do padrão dos seios frontais já é uma técnica bem estabelecida de


identificação pessoal em antropologia forense. Variações em tamanho, forma,
simetria, bordas externas, e a presença e número de septos e células são comparadas
usando radiografias e tomografias ante-mortem e post-mortem.
Os seios frontais não estão presentes ao nascimento e começam a se desenvolver
entre dois e três anos de idade, quando são rudimentares, porém, de acordo com
Bensimon e Eloit, não podem ser detectados radiologicamente até a idade de quatro a
seis anos. O crescimento dos seios frontais é mais rápido na puberdade, completando-
se em torno dos 20 anos de idade, quando então cessa o seu crescimento, o que é
consenso entre todos os autores pesquisados.
Estudos relatam que, estatisticamente, os seios frontais são geralmente mais largos em
homens do que em mulheres, sendo que, nestas, as bordas superiores apresentam-se
mais fundas. Também outros fatores podem modificar a anatomia normal dos seios
frontais no adulto, tais como fraturas, traumas, cirurgias, doenças, mucoceles e algum
aumento em idosos, todos de incidência rara.
A configuração dos seios frontais é única para cada indivíduo, aspecto relatado pela
maioria dos estudiosos do assunto. Schüller verificou a individualidade dos seios
frontais em gêmeos idênticos, característica também atestada por outros autores.
CONCLUSÃO
Putrefação: É o processo de decomposição da matéria orgânica por bactérias e pela fauna macroscópica.
Isso acontece em fases diferenciadas: Período cromático (período de coloração, período das manchas).
Período enfisematoso (período gasoso, período deformativo). Período coliquativo (período de redução dos
tecidos). Período de esqueletização. No final do período coliquativo, a putrilagem acaba por secar,
desfazendo-se em pó. Desta maneira, exsurge o esqueleto ósseo, que fica descoberto e poderá conservar-se
por longo tempo. Todo esse processo dura em torno de 24 meses. A esqueletização encerra o processo de
putrefação.
No caso de reconhecimento de um cadáver isso pode ser realizado por meio de técnicas de identificação:
* Espécie
* Raça
* Sexo
* Idade
* Altura
* Outros Tipos de Identificação: Sinais individuais, malformações, cicatrizes.
TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA: ante-mortem proporciona informações que podem ser utilizadas na
produção de uma réplica post-mortem, considerando que os pontos craniométricos podem ser localizados
com precisão e as mensurações, obtidas com acurácia.
IDENTIFICAÇÃO PELOS SEIOS DA FACE: A observação do padrão dos seios frontais já é uma técnica bem
estabelecida de identificação pessoal em antropologia forense. Variações em tamanho, forma, simetria,
bordas externas, e a presença e número de septos e células são comparadas usando radiografias e
tomografias ante-mortem e post-mortem.
Cumpre-se o fim da Vida:
“Tu és pó e ao pó
voltarás!” (Genesis 3:19)

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