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AGR042 - Zoologia e Entomologia Geral

Prof. Dr. Antonio Cesar Silva Lima

Boa Vista, RR – 2021


AGR02 _Zoologia e Entomologia Geral 2

SUMÁRIO

Página
I. O ESTUDO DA ZOOLOGIA............................................................................ 03
II. POSIÇÃO SISTEMÁTICA DOS INSETOS, DEFINIÇÕES E DIVISÃO DA
ENTOMOLOGIA............................................................................................... 11
III. RELAÇÕES ENTRE OS INSETOS E O HOMEM............................................ 14
IV. ESTRUTURA GERAL DE UM INSETO.......................................................... 20
V. MORFOLOGIA DA CABEÇA DE UM INSETO................................................ 24
VI. APARELHO BUCAL DOS INSETOS............................................................... 29
VII. AS ANTENAS................................................................................................... 36
VIII. MORFOLOGIA DO TORAX............................................................................. 40
IX. AS PERNAS DOS INSETOS........................................................................... 42
X. AS ASAS DOS INSETOS................................................................................ 46
XI. MORFOLOGIA DO ABDOME.......................................................................... 53
XII. BASES DA BIOLOGIA DE INSETOS.............................................................. 60
XIII. REPRODUÇÃO DOS INSETOS...................................................................... 66
XIV. ALIMENTAÇÃO DOS INSETOS...................................................................... 68
XV. ANATOMIA INTERNA DOS INSETOS............................................................ 70
XVI. TAXONOMIA E REGRAS DE NOMENCLATURA ZOOLÓGICA APLICADA
A ENTOMOLOGIA........................................................................................... 90
XVII. ORDEM ORTHOPTERA................................................................................. 96
XVIII. ORDEM HEMIPTERA..................................................................................... 97
XIX. ORDEM COLEOPTERA.................................................................................. 98
XX. ORDEM LEPIDOPTERA.................................................................................. 99
XXI. ORDEM DIPTERA........................................................................................... 100
XXII. ORDEM HYMENOPTERA............................................................................... 101
XXIII. ORDEM ISOPTERA......................................................................................... 102
XXIV. ORDEM TYSANOPTERA................................................................................ 103
XXV. INFORMAÇÕES BÁSICAS PARA A COLETA, MATANÇA, MONTAGEM E 104
CONSERVAÇÃO DE INSETOS.....................................................................
XXVI. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA....................................................................... 108
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O ESTUDO DA ZOOLOGIA

A humanidade já adquiriu, a cerca dos animais, conhecimentos suficientes para encher


uma grande biblioteca, mas muito ainda resta a aprender e há muitas questões a serem
respondidas.
 Como evoluímos?
 Como o homem é influenciado pelos animais e como estes sofreram
e sofrem os efeitos da atividade do homem?
A(s) resposta(s) a muitas destas perguntas pode(m) ser fornecida(s) pela a CIÊNCIA
DA ZOOLOGIA, do grego Zoon = Animal; Logos = Discurso, Estudo; e que, portanto, trata
da vida animal, ou melhor, do estudo dos animais e sua evolução.

1. A DIVERSIDADE DA VIDA ANIMAL

Ninguém sabe a certo, exatamente quantos diferentes tipos (espécies) de organismos


habitam nosso planeta.
 LINEU em 1758

 AGASSIZ e BRONN em 1859

 PRATT em 1911

 Atualmente (?)

2. CAMPOS ESPECIALIZADOS

Em tempos antigos, um só homem, como ARISTÓTELES (Grego, 384-322 a.C., Pai da


Zoologia), podia dominar todo o campo da ciência. Mesmo a um século atrás, alguns
estudiosos conheciam e podiam ensinar todas as ciências naturais. Contudo, com o grande
avanço da tecnologia e conseqüentemente, do aumento do conhecimento, isto não é mais
possível, e os campos científicos foram, necessariamente divididos e redivididos. Agora um
cientista precisa especializar-se num campo ou em partes correlatas de alguns.

Exemplo de Campos de Estudo da Zoologia:


 Citologia, Embriologia e Histologia  Zoogeografia
 Morfologia e Fisiologia  Nutriçao
 Taxonomia e Sistemática  Parasitologia
 Genética e Evolução  Entomologia, Acarologia, etc...
 Ecologia e Etologia
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3. AS PUBLICAÇÕES CIÊNTÍFICAS

São os meios de comunicação entre os cientistas através do mundo. Cresceram


progressivamente ao longo dos anos e atualmente acredita-se que mais de um milhão de
artigos sejam publicados anualmente.
O advento da “internet” tem propiciado comunicação e troca mais rápida do
conhecimento científico, gerado entre pesquisadores dos quatro cantos do mundo, de
maneira que hoje é uma das grande e indispensável ferramenta de comunicação científica.

4. CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS

4.1. Os Reinos dos Organismos Vivos


Desde a época de Lineu até algumas décadas atrás todos os organismos eram
geralmente classificados em dois Reinos: Vegetal ou Animal.
Vegetal  Animal

Autotróficos Metabolismo Heterotróficos

Variável Forma Constante

Estrutura
Órgãos formam-se Órgãos em sua maioria
externamente; células internos; células
limitadas por uma parede delicadas; líquido do
rígida de celulose. corpo contem NaCl.

Característica inexistente Sistema Nervoso Característica comum à


nos vegetais. e Movimento maioria dos animais.

Os problemas principais da seqüência de dois Reinos surgiram quando foram


encontrados e estudados os seres microscópicos, tornando-se impossível acomodar os
novos seres nos referidos Reinos.
Devido às diferenças aparentemente fundamentais diversas cientistas propuseram
dividir os seres vivos em três a cinco Reinos, a saber:

CINCO REINOS QUATRO REINOS TRÊS REINOS


MONERA MONERA
PROTOCTISTA
PROTISTA PROTISTA
FUNGI
PLANTAE PLANTAE
PLANTAE
ANIMALIA ANIMALIA ANIMALIA
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CARACTERÍSTICA DOS CINCOS REINOS DOS SERES VIVOS

Tipo de Organelas Tipos de Organização


Reino Reprodução Mobilidade Representantes
Célula Celulares Nutrição Celular

MONERA Procariótica Sem membrana; Absortiva ou Unicelular Assexual por Móveis Algas azuis;
plastos ausentes; Fotossintética e/ou colonial fissão usando Bactérias
mitocôndrias flagelos
ausentes

PROTISTA Eucariótica Todas as Absortiva, Unicelular Assexual e Imóveis ou Filo Protozoa


organelas ingestiva, e/ou colonial sexual usando cílios (Protozoários)
presentes Fotossintética ou flagelos

PLANTAE Eucariótica Presentes, mas Principalmente Pluricelular Sexual e Imóveis Plantas


com paredes células mais Fotossintética com tecidos assexual superiores
simples

FUNGI Eucariótica Plastos e Absortiva Sincicial (sem Sexual e Imóveis Fungos


pigmentos limites assexual
fotossintetizantes definidos
ausentes entre as
células)

ANIMALIA Eucariótica Plastos e Ingestiva Pluricelular Geralmente Móveis Qualquer animal


sem paredes pigmentos com tecidos sexual usando fibras
fotossintetizantes contráteis
ausentes
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5. TERMOS BÁSICOS RELACIONADOS À ZOOLOGIA

Serão considerados alguns termos relacionados à morfologia e a certas características


embrionárias dos animais, que muito auxiliaram a compressão dos vários tópicos a serem
expostos ao longo do curso.

5.1. Simetria
Refere-se a distribuição das partes do corpo de um animal, em relação a um
determinado plano. É, portanto, a divisão imaginária do corpo em metades semelhantes.

a) Simetria bilateral – tipo de simetria em que um corpo ou uma parte pode ser
dividido por plano mediano em parte equivalentes, direita e esquerda, sendo cada
uma a imagem especular da outra;

b) Simetria radial ou radiata – tipo de simetria em que um corpo pode ser dividido
em partes similares arranjas ao redor de um eixo central comum;

c) Assimetria – ocorre quando não existe simetria, neste caso o organismo tem
forma bastante irregular.

5.2. Segmentação do corpo


Alguns animais apresentam o corpo formado por uma série de segmentos
denominados, Metâmeros ou Somitos, distribuído longitudinalmente, sendo cada um
semelhante ao que precede.
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Exemplo:

Filo Annelida Filo Arthropoda

Filo Chordata

OBS.1: Nos animais metaméricos existe uma tendência de agrupamento de determinados


segmentos nas formas mais evoluída, os quais apresentam-se morfologicamente
diferentes de outros agrupamentos e especializados para a realizar determinadas
funções no animal. Esta regionalização de segmentos é chamada Tagmatização.
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Exemplo:

5.3. Apêndices
São partes salientes do corpo de um animal, que servem na locomoção,
alimentação e outras finalidades (ex. sentido tátil).

5.4. Esqueleto
Estrutura que serve para a sustentação ou proteção do corpo dos animais.
 interno
 Pode ser
 Externo
5.5. Sexo
Relativo a presença de órgãos genitais masculinos e/ou femininos, em um
organismo;
a) Monóico
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b) Dióico

5.6. Aspectos Embrionários


Ectoderme
a) Folhetos germinativos Endoderme
Mesoderme
b) Diploblásticos
c) Triploblásticos
OBS.2: A presença do MESODERMA, abriu a possibilidade da existência de uma cavidade por
ela delimitada – o CELOMA.

Celomado Acelomado

Pesudocelomado

d) Acelomados – são ditos os animais que não apresentam cavidade corporal;

Exemplo:

e) Pseudocelomados – são ditos os animais cuja cavidade não totalmente


revestida pela mesoderme;
Exemplo:

f) Celomados – são ditos os animais que apresentam uma cavidade corporal


totalmente forrada pela mesoderme (chamada no adulto
peritônio);
Exemplo:

Figura: Estrutura do corpo em vários tipos de animais e protistas (esquemática). Em cima. Em


secção mediana. Embaixo. Em secção transversal, com indicação dos folhetos
Princípios de Entomologia Agrícola 10

embrionários.

6. REQUISITOS PARA O ESTUDO DA ZOOLOGIA

São relativamente poucos os requisitos para estudos zoológicos bem sucedidos:


a) Capacidade de observar cuidadosamente e de relatar de modo preciso o que é visto;
b) Honestidade absoluta em todo o trabalho – requisito este fundamental em todos os
ramos da ciência;
c) Pensamento claro, para que as deduções ou inferências a partir das observações
sejam dignas de crédito;
d) Bom censo para avaliar os valores relativos de dados em conflito e chegar a
conclusões apropriadas; contudo, com disposição de abandoná-las ou alterá-las
diante de fatos que apontem em outra direção.
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POSIÇÃO SISTEMÁTICA DOS INSETOS, DEFINIÇÕES E DIVISÃO DA ENTOMOLOGIA

1. INTRODUÇÃO

REINO:

RAMO:

DIVISÃO:

SEÇÃO:

FILO:

SUBFILO:

CLASSE:

2. CLASSE INSECTA

É considerada a maior e a mais evoluída do Filo Arthropoda, e seus representantes são


vulgarmente e genericamente chamados INSETOS ou HEXAPODAS (Do Grego: Hexa = seis;
Podos = Pernas, pés).

2.1 . O Termo Inseto


Latina – Provindo do termo “INSECTUM”

Grego – Provindo da Palavra “ENTOMON”


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2.2 . Caracteres Gerais dos Insetos

a) Heteronomia

b) Hexapodas

c) Díceros

d) Tetrápteros

e) Olhos Compostos

f) Olhos Simples

g) Simetria

h) Esqueleto

i) Respiração

j) Desenvolvimento

]
k) Sexos

2.3 . Diversidade
Vertebrado

Insecta

Animais Invertebrados Artrópodes


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3. DEFINIÇÕES E DIVISÃO DA ENTOMOLOGIA

3.1. Entomologia

3.2. Divisão da Entomologia

a) Científica

b) Aplicada

b.1. Entomologia Médica

b.2. Entomologia Veterinária

b.3. Entomologia Agrícola

c) Industrial

OBS.: A entomologia aplicada e Industrial é muitas vezes, unificada sob a denominação de


Entomologia Econômica.
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RELAÇÕES ENTRE OS INSETOS E O HOMEM

1. INTRODUÇÃO

Desde os primórdios da humanidade, os insetos estiveram de uma maneira ou de


outras relacionados com o homem.
Os insetos vivem na terra a 300 milhões de anos, enquanto o homem vive a apenas 1
milhão de anos. Estes artrópodes representam 55% dos seres vivos e 72% dos animais.
Muitos insetos que à primeira vista parecem ser maléficos são às vezes muito mais
benéficos, devido sua atuação no controle de populações de insetos que não aparecem ao
observador menos avisado.
Portanto, podemos a afirmar sem medo de errar, que o bem estar da humanidade seria
certamente afetado não fossem os próprios insetos, pois o maior inimigo dos insetos é o
próprio inseto.

Razões para o sucesso dos insetos

Segundo PANIZZI & PARRA (1991), não seria exagero sugerir que os insetos são os
maiores competidores do homem pela hegemonia na terra, pois historicamente o homem
sempre conseguiu dominar a maioria e, mesmo, extinguir alguns dos animais terrestres.
Porém os insetos como grupo, permanecem como a única barreira biótica ao domínio total do
homem, visto que a capacidade adaptativa dos insetos e amplamente conhecida. Além disso,
os insetos ao longo dos milênios passaram por várias transformações que permitem a sua
adaptação aos mais variados ambientes, entre elas podemos destacar as seguintes:

 Exoesqueleto permite aos insetos uma grande área de inserção muscular, facilita o
controle da evaporação e protege os órgãos internos.

 Asas funcionais fornecem aos insetos a capacidade de deslocamento, facilitam a


procura de alimentos, facilita a fuga dos inimigos naturais e facilita a dispersão.

 Tamanho pequeno faz com que os insetos necessitem de pouco alimento, facilita a
fuga, porém o fato de serem pequenos faz com a superfície total do corpo seja muito
maior que o volume, aumentando a evaporação do corpo o que consiste numa
desvantagem.

 Metamorfose completa, o fato de passarem por vários estágios faz com que os insetos
possam viver em diferentes hábitats, permite a larva e ao adulto viverem em condições
totalmente diferentes.

 Aumento do número de espécies, a grande capacidade de adaptação dos insetos aos


mais variados ambientes fez com que o número de espécies se elevasse tanto que hoje
eles ocupam praticamente todos os ambientes.
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Importância dos Insetos como Grupo de Animais e suas relações com o Homem

Segundo ZUNDIR & MIYAZAKI (1993), desde os primórdios da humanidade, os insetos


estiveram de uma maneira ou de outros relacionados com o homem, ao ponto de se poder
afirmar que a sobrevivência do homem depende do equilibro deste grupo de animais, pois e de
conhecimento público que o maior inimigo dos insetos são os próprios insetos,. Sendo assim o
desequilíbrio de uma parte do sistema formado pelos insetos, pode afetar vários setores da
nossa sociedade como a produção agrícola e florestal, além de desencadear uma série de
doenças como a malária.

2. INSETOS ÚTEIS

a) Produtos Úteis dos Insetos

Os benefícios mais óbvios dos insetos provêm de suas atividades: abelha - mel,
própolis, geléia real, cera; bicho da seda – seda; cochonilhas - laca e tintas.

MEL:
1Kg de mel → 80 a 169 mil viagens → grande quantidade de flores (≈ 1.500.000)
Cera: 1Kg de cera → 6 Kg de mel

Os produtos mais importantes, de uma colônia de Apis mellifera são: mel; cera;
propólis; e geleia real. Como subprodutos têm-se ainda o pólen e o veneno das abelhas que é
empregado para combater artrite e reumatismo.

As atividades dentro de uma colmeia são intensas. Uma colmeia pode ter mais de
sessenta mil abelhas, sendo que para a produção de um Kg de mel são necessárias entre
oitenta e cento sessenta mil viagens a uma infinidade de flores. Para a produção de cera são
necessários cerca de 6 Kg de mel para a produção de um Kg de cera, que é utilizada para a
fabricação de velas, sabonetes, cremes, polidores, papel carbono, produtos elétricos e outros.

SEDA:
1 Kg de seda → 6 mil casulos de Bombyx mori (Linn.)
O fio da seda provém da saliva da larva de Bombyx mori, o bicho da seda, que vem
trabalhando para o homem a mais de 35 séculos, sendo que por mais de 2.000 anos apenas
os chineses conheciam o bicho-da-seda, impedindo a sua saída da China, com penas severas
quem tentasse contrabandea-los, até que em 555 d.C. dois monges levaram alguns casulos
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para Constantinopla. No ano de 1740 a atividade já estava difundida em toda Europa,


chegando ao Brasil em 1848.

Atualmente o comércio mundial de seda supera os 500 milhões de dólares anuais, o


que corresponde a mais de 35 milhões de Kg. de seda, que são produzidos por mais de 200
milhões de larvas. Para a produção de um Kg. de seda são necessários seis mil casulos.

LACA:

Produzida a partir da cochonilha indiana Lacifer lacca (Kern.)


1 Kg de laca → 30 mil insetos

TINTAS:

Vermelho carmim - Produzida a partir da cochonilha Dactylopius coccus


1 Kg de cochonilha → 40 mil insetos → 10% de ac. Carmínico puro.

Este produto é originário da secreção do inseto Lacifer lacca (Dactylopius coccus),


que vive em árvores nativas florestais da Ïndia, Burna, Indochina, Formosa, Ceilão e Filipinas.
Utilizada na fabricação de vernizes e polimentos, além de acabamento de madeiras, isolante
elétrico, graxa para sapatos, discos fonográficos, etc. Anualmente são coletadas de 20 a 40
milhões de Kg de laca. Para a obtenção de um Kg de laca são necessários trezentos mil
insetos.

b) Insetos na Medicina

Insetos de importância médica existem muitas crendices populares em relação ao


poder de cura dos insetos, porém existem alguns insetos que realmente são de importância
medica fornecendo várias substâncias que podem ser utilizadas como medicamentos.

- Alantoina
- Veneno de abelhas e vespas
- cantaridina

c) Insetos como Polinizadores

Quando o transporte de pólen da flor masculina para a flor feminina é feita pelos
insetos, o fenômeno é denominado entomofilia.

Muitas plantas dependem dos insetos, este tipo de polinização (feita pelos insetos) é
conhecido como entomofilia, sendo que os principais polinizadores são os Himenópteros do
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grupo Apoidea, conhecidos genericamente por abelhas. Além deles existem outros insetos
como moscas, mariposas e alguns besouros.

d) Insetos como Alimento

Insetos como alimento, muitos animais tem nos insetos uma importante fonte de
alimento, não se excluindo o homem que em muitos lugares mata sua fome consumindo
insetos. Existindo inclusive algumas receitas como a do doce de gafanhoto, que tem como
ingredientes: 2 xícaras de açúcar; 2/3 de xícara de nata; 1 pitada de sal; 1 colher de sopa de
manteiga; 1 colher de chá de baunilha; 60 gramas de chocolate amargo; meia xícara de
gafanhoto torrado

e) Insetos Parasitas e Predadores

Os predadores são em geral grandes e muito ativos e as presas, geralmente, é


menor e mais fraca que o predador.
Os parasitos vivem do hospedeiro que em geral é maior, mais forte, não são mortos
rapidamente. O ciclo vital do parasito é mais curto que o do hospedeiro e geralmente requer só
um hospedeiro.

Parasitas e predadores, por sua grande capacidade de reprodução e adaptação os


insetos formam grandes populações, e a maneira mais fácil de combate-los e deixar a natureza
agir, através dos parasitas e predadores. Os predadores são em geral grandes e muito ativos e
apresa, geralmente e menor e mais fraca que o predador, os parasitas vivem do hospedeiro
que geralmente é maior e mais forte.

f) Os Insetos e as Plantas
Controle de plantas, o controle que os insetos exercem sobre as plantas é muito
grande. Certas plantas certamente iriam competir e dominar determinados ambientes se não
fosse a ação de uma série de insetos que controlam o crescimento destes vegetais muitas
vezes sem que o homem perceba.

g) Insetos como Construtores do Solo

Insetos como degradadores, vários insetos auxiliam a degradação de plantas e


animais, auxiliando na limpeza do solo.
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h) Insetos como Consumidores de Matéria Orgânica

i) Insetos e seu Valor Estético

Insetos e seu valor estético, as borboletas certamente são os insetos mais apreciados
pelo homem. Despertando a imaginação de vários artistas, que criam pinturas, poemas,
fábulas e músicas utilizando os insetos como enredo.

j) Valor Científico dos Insetos

Importância científica dos insetos, os insetos contribuem para o aperfeiçoamento


de várias ciências, principalmente para o conhecimento da Citologia e da Genética.

2. INSETOS NOCIVOS

a) Danos às Plantas por Alimentação - pragas desfolhadoras e sugadoras de seiva


vegetal

b) Os Insetos e as Moléstias de Plantas – vetores de mais de 200 moléstias


causadas por fungos, bactérias, vírus,
etc...

c) Insetos que Atacam Produtos Armazenados, Madeiras, etc.

d) Insetos Venenosos
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e) Insetos Parasitas do Homem e de Animais

Ordem Insetos Parasita Doença


Malophaga Piolhos mastigadores - -
Anoplura Piolhos sugadores - -
Siphonaptera Pulgas Pasteurella pestis Peste bubônica
(ex.: Xenopsyla cheops)
Hemiptera Barbeiro (Rhodinius sp. Trypanossoma spp. D. de Chagas
Percevejo de cama - -
Aedes Vírus Dengue
Febre amarela
Culex - -
Lutzomyia spp. Leishmania spp. Úlcera de Bauru
Phlebotomus sp. Calazar
Anopheles Plasmodium spp. Malária
Diptera Mansonia Wuchereria bancrofti Filariose
Glossina spp. (Tsé-Tsé) Trypanossoma spp. D. do Sono
Muscidae Entamoeba histolytica Desinteria
(mosca domestica) Amebiana
Caliphoridae - -
Sarcophagidae - -
Dermatobia hominis Berne (larva de mosca)
Borrachudos Onchocerca volvulus Oncocercose
(Simulium spp.) (Nematóide)
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ESTRUTURA GERAL DE UM INSETO

O conhecimento de ANATOMIA DOS INSETOS é essencial para o entendimento de


como podem ser distinguidos uns dos outros e dos demais animais. Desta maneira,
estudaremos as formas das diversas porções que constituem um inseto.

1. EXOESOUELETO DOS INSETOS

O “Tegumento” ou “Parede do Corpo” dos insetos apresenta-se geralmente como uma


carapaça mais ou menos rígida, as vezes, flexível e elástica, reforçada por uma cutícula
cobrindo toda a sua superfície, sem solução de continuidade. Pode ser brilhante ou opaca,
colorida ou não.

1.1. Constituição do Exoesqueleto dos Insetos

Tetocuticula
Epicuticula Ceras
Polifenóis
Cutículina
A. CUTÍCULA Exocuticula
Procutícula
Endocuticula

B. EPIDERME

C. MEMBRANA BASAL
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1.2. CUTÍCULA

Camada formada por material secretado pelas células da epiderme e depositado na


superfície externa dos insetos; é uma camada MORTA e ACELULAR.

a) Epicutícula

Camada externa fina, com cerca de 1 micrometro de espessura.


Sua principal característica é ausência de QUITINA.

Quais as vantagens atribuídas a epicutícula?


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b) Exocutícula

É mais dura e mais densa que a epicutícula;


Impregnada de ESCLEROTINA;
Apresenta menos quitina que a endocutícula.

c) Endocutícula

Tenra, muito flexível e desprovida de esclerotina;


É a camada mais espessa da cutícula.

1.3. EPIDERME
É a parte celular do tegumento, portanto VIVA, cuja função precípua é a formação da
cutícula; produz a QUITINA.

1.4. MEMBRANA BASAL


É uma fina membrana (filme de polissacarídeo) que marca o limite interno do
tegumento, estando esta intimamente aderente à epiderme; camada MORTA.

2. METAMERIA OU SEGMENTAÇÃO DO CORPO EM ANÉIS DISTINTOS


Esses SEGMENTOS, cuja forma assemelha-se a ANÉIS, recebem o nome de SOMITOS,
ZOONITOS ou METAMEROS. Reservando-se o nome de ESCLÉRITO para cada área
definida de quitinização da cutícula dos metâmeros.

Esclérito

Espinho, Seta e Processos não celulares


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3. HETERONOMIA

Ao consideramos um inseto morfologicamente, é conveniente ficarmos atento para a


heteronomia e dividirmos o nosso estudo de acordo com as diferentes regiões em que se
divide o seu corpo: CABEÇA, TÓRAX e ABDOME.

A metameria da CABECA é muito mal perceptível, porque os SOMITOS estão


intimamente soldados e às vezes chegam mesmo a coalecer completamente, distinguindo-se
apenas poucas SUTURAS como veremos quando fizermos o estudo da morfologia da cabeça.

No TORAX, podemos facilmente distinguir seus 3 segmentos constitutivos: PROTÓRAX,


MESOTÓRAX e METATÓRAX; além de vermos uma farta distribuição de escleritos.

O ABDOME, é também nitidamente segmentado e por serem seus metâmeros


perfeitamente definidos, recebem o nome de UROMEROS.
Princípios de Entomologia Agrícola 24

MORFOLOGIA DA CABEÇA DE UM INSETO

1. INTRODUÇÃO

A cabeça é a primeira região do corpo de um inseto e seu centro sensorial, uma vez que
apresenta as ANTENAS, as peças do APARELHO BUCAL e os OLHOS COMPOSTOS e
SIMPLES, além de conter os GLÂNGLIOS CEREBRAIS.

OBS.: No ímago ou inseto adulto, a cabeça se apresenta como uma caixa craneana
rígida, de forma variável, oriunda da fusão de 6 (seis) metâmeros, que de acordo com
COMSTOCK são:
a) Ocular ou Protocerebral
b) Antenal ou Deutocerebral
c) Segundo Antenal ou Tritocerebral
d) Mandibular
e) Maxilar
f) Labial ou Segundo Maxilar

2. FORMAS DA CABEÇA
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a) Cônica
b) Triangular
Bastante variável, podendo ser c) Alongada
d) Globular
e) Linear

3. TIPOS DE CABEÇA

Eixo do Corpo

3.1. Prognata

3.2. Hipoganata

3.3. Opistognata

4. SUTURAS DA CABEÇA

São linhas, cristas ou sulcos existentes, que servem de limite entre as várias áreas ou
regiões em que se divide a cabeça de um inseto.

4.1. Principais Suturas


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Metópica
a) Epicraneal
Frontais

b) Clipeal ou Epistomal

c) Labro-clipeal

d) Oculares

e) Antenais

f) Sub-oculares

g) Sub-antenais

4.2. ÁREAS DA CABEÇA

a) Fronte

b) Clipeal

c) Parietais

d) Têmporas

e) Genas

f) Vértex

g) Epicrânio

OBS.: GULA – região que se encontra na parte póstero-ventral da cabeça e recebe as


articulações do LABIUM. Encontrada em alguns HEMIPTEROS e principalmente em
insetos com cabeça prognata.

5.
6. OLHOS DOS INSETOS
Princípios de Entomologia Agrícola 27

6.1. Olhos Compostos ou Facetados

São em geral grandes, sempre em número de 2 (dois), na região parietal e constituídos


por agregados de unidades visuais separadas, conhecidas como OMATÍDIOS, cada um
correspondendo a uma simples FACETA da córnea. Estão especializados para visão a
distância.

Exemplos:

6.2. Olhos simples ou Ocelos


Princípios de Entomologia Agrícola 28

Tipicamente ocorrem em número de 3 (três), dispostos em triângulo na face frontal ou


dorso-frontal da cabeça dos insetos. Apresentam-se como pequeninos pontos brilhantes,
lenticulares, variadamente colorido, e de contorno circular ou elíptico. Estão especializados
para a visão no escuro e a curta distância.

Ocelos
Ocelos Dorsais
Laterais

7. APÊNDICES CEFÁLICOS

São extremidades apensas à cabeça dos insetos.

OBS.: Extremidade – é todo apêndice do corpo do inseto, que seja consagrado ao serviço
das seguintes funções:
a) Locomoção
b) Sentido Táctil
c) Apreensão de Alimento

Portanto os apêndices da cabeça são:

a) As Antenas

b) As Peças do Aparelho Bucal


Princípios de Entomologia Agrícola 29

APARELHO BUCAL DOS INSETOS

1. CONCEITO

É um conjunto de peças que encontramos arranjadas em torno da parte inicial do tubo


digestivo dos insetos, as quais esses indivíduos utilizam para tomar alimento. São, portanto,
verdadeiras extremidades e juntamente com as antenas, constituem os apêndices cefálicos.

2. ESTRUTURA DAS PEÇAS BUCAIS

As peças bucais, apesar de diferirem bastante em forma, arranjo, tamanho e função, entre
os vários grupos taxonômicos, apresentam certas estruturas, que estando quase sempre
presentes, podem ser tomadas como básicas para o seu estudo.
Tomando-se como TÍPICO, o aparelho bucal de um indivíduo ORTOPTERÓIDE,
podemos estudar as seguintes peças:

 LABRUM (LABRO) ou LÁBIO SUPERIOR (LS)


 UM PAR DE MANDÍBULAS (Md)

Cardo
Estipe
 UM PAR DE MAXILAS (Mx) Lacínia
Gálea
Palpo Maxilar

Submento
Mento
 LABIUM ou LABIO INFERIOR (LI) Palpo Labial
Glossas
Paraglossas

 HIPOFARINGE (Hpf)
 EPIFARINGE
Princípios de Entomologia Agrícola 30

2.1. LABRO

E um esclérito da cabeça e não um apêndice e corresponde ao lábio dos


animais superiores. Tem movimento para cima e para baixo.

Clípeo

Labro

2.2. MANDÍBULAS

Em número de duas, são, portanto, um par de APÊNDICES da cabeça, que se


localizam nos lados da mesma, abaixo do LABRO.
Sua função típica é a MASTIGAÇÃO, entretanto podem assumir as mais
variadas funções, tais como:

* Modelar cera

* Transportar

* Perfurar

* Defesa

OBS.: São totalmente ausente ou vestiginais na totalidade dos LEPIDOPTERAS, nos


EPHEMERIDA, bem como na grande maioria do DIPTEROS.

2.3. MAXILAS

Em número de duas. São apêndices situados atrás das mandíbulas. São


complexas na sua estrutura.
Princípios de Entomologia Agrícola 31

OBS.: Nos insetos menos especializados corresponde ao 2o par de mandíbulas, tendo


portanto, função de mastigação.

2.3.1. PALPO MAXILAR

Formado por um a sete segmentos, normalmente cinco, com função tipicamente


sensorial.

2.4. LABIO INFERIOR

Apêndice formado pela fusão de um par de maxilas (por isso chamado também
as
de 2 MAXILAS). E a peça mais ventral e posterior da cabeça e sofre modificações profundas,
produzidas pela especialização da maneira de vida e de alimentação.

2.5. HIPOFARINGE

É um esclérito tipicamente em forma de lóbulo (porção carnuda, esponjosa),


desprovido de pelos e, que se encontra formando o assoalho da cavidade bucal. E mais visível
Princípios de Entomologia Agrícola 32

que a EPIFARINGE.

2.6. EPIFARINGE

E uma dobra membranosa, dotada de pelos sensíveis, que se encontra na superfície


posterior do LABRO, dentro da cavidade bucal. Não é facilmente visível.

3. TIPOS DE APARELHOS BUCAIS

Os principais tipos, que podemos encontrar são:

Moedor
 MASTIGADOR OU TRITURADOR Preensório
Sugador
Espatulado

Hemipteróide
Dipteróide
PUNGITIVO Dipteróide especial
Sifonapteróide
Anopluróide

LABIAL * Tysanopteróide
 SUGADOR

NÃO PUNGITIVO

MAXI LAR

 LAMBEDOR
 RASPADOR SUGADOR
 ABORTADO

3.1. APARELHO BUCAL MASTIGADOR


E o tipo mais generalizado (sendo encontrado em 22 ordens de insetos) e mais
primitivo. Todos os outros tipos e subtipos são modificações especiais deste aparelho
bucal.
Princípios de Entomologia Agrícola 33

3.2. APARELHO BUCAL SUGADOR LABIAL


Também chamado PICADOR SUGADOR, apresenta diversas variações ou sub-
tipos, de acordo com as modificações estruturais do tipo padrão.
Em sua constituição, todas as peças bucais, com exceção do LABRO, que é
pouco desenvolvido, encontram-se modificadas, especialmente o LABIO que é a peça mais
aparente.

Pode ser:

 PUNGITIVO: Quando a tomada de alimento pelo inseto, se realiza com a


introdução de uma tromba sugadora nos tecidos de revestimento de
plantas e animais, a fim de sugar seiva, sangue ou outros humores
internos.

 NÃO PUNGITIVO: O inseto que o possui, para alimentar-se, dispensa o ato de


perfurar (alimenta-se de líquidos expostos). Neste caso, o
aparelho bucal não possui peças perfurantes e LABIO forma
uma tromba sugadora, que recebe o nome de Probóscide.
Princípios de Entomologia Agrícola 34

3.3. APARELHO BUCAL SUGADOR MAXI LAR


É assim chamado, porque são as MAXILAS que sofreram profundas
modificações, assumindo a forma de um tubo longo e enrolado em espiral (ESPIROTROMBA
ou PROBÓSCIDE) em baixo da cabeça quando em repouso.

3.4. APARELHO BUCAL LAMBEDOR


Neste tipo de aparelho bucal o LABRO e as MANDIBULAS são semelhantes ao
do tipo MASTIGADOR, as MAXILAS e o LABIUM são alongados e unidos em forma de LÍNGUA
LAMBEDORA.

3.5. APARELHO BUCAL RASPADOR- SUGADOR


É um tipo intermediário entre o MASTIGADOR e o SUGADOR LABIAL
PUNGITIVO. Para se alimentarem, os insetos que o possuem, tem que executar dois atos
distintos:
 LACERAR A EPIDERME
DAS PLANTAS;

 SUGAR A SEIVA QUE


EXUDA.
Princípios de Entomologia Agrícola 35

4. MODIFICAÇOES DO APARELHO BUCAL DURANTE O DESENVOLVIMENTO

Levando em conta a persistência ou não do mesmo tipo de aparelho bucal nas formas
imaturas (larvas e ninfas) e nos adultos. Brauer dividiu os insetos em três grupos:

4.1. MENORRÍNCOS

São os que apresentam aparelho bucal sugador labial pungitivo, tanto na forma
jovem como na adulta.

4.2. MENOGNATOS

São os que apresentam aparelho bucal mastigador, tanto na forma jovem como na
adulta.

4.3. METAGNATOS

São os que apresentam aparelho bucal mastigador na forma jovem, e no estado


adulto apresentam aparelho bucal sugador maxilar ou lambedor.
Princípios de Entomologia Agrícola 36

AS ANTENAS

1. CONCEITO

São pares de extremidades segmentadas que se articulam à cabeça, em frente ou entre os


olhos compostos. Inserem-se, usualmente nas porções anteriores das áreas parietais, mas
podem variar suas posições de articulação, dependendo do inseto em questão.

2. ESTRUTURA DE UMA ANTENA

É formada por três partes, sendo as duas primeiras únicas e articuladas, e a terceiras
compreendendo um número variável de ANTENOMEROS, por isso multiarticulada, e que são
respectivamente: ESCAPO, PEDICELO e FLAGELO ou CLÁVULA.

Figura 1. Estrutura geral de uma antena de inseto. (Lima, 2005)

2.1. ESCAPO

Primeiro antenômero, aquele intimamente articulado à cabeça, por intermédio do


bulbo, que se aloja numa cavidade própria, denominada: CAVIDADE ANTENAL, FOSSETA,
TÓRULO ou ESCROBO.
Geralmente é o antenômero mais desenvolvido ou mais robusto da antena.

2.2. PEDICELO

Segundo antenômero, geralmente o menor da antena, é curto e anelar, sendo em


quase todos os insetos, provido de um aparelho sensorial especial – ORGÃO DE JOHNSTON,
cuja função é auditiva.

2.3. FLAGELO

Terceira e última parte da antena, chamada também de CLÁVULA ou


FUNÍCULO.
Varia bastante em número de antenômeros (1 a 150), sendo, geralmente a porção
maior e mais visível da antena. É ainda, a que chama mais atenção pela forma ou aspecto
dos antenômeros, servindo até certo ponto, como caracter sistemático para reconhecimento de
muitos grupos de algumas ordens de insetos.
Princípios de Entomologia Agrícola 37

3. FUNÇÕES DAS ANTENAS

Sua função é tipicamente sensorial, podendo ser também táctil, olfativa e auditiva.

3.1. Função Táctil – reside nos pêlos sensoriais


(ps), que cobrem as antenas.

3.2. Função Olfativa – reside em alguns pêlos olfativos


e também em algumas áreas das antenas
denominadas, áreas olfativas (ao).

3.3. Função auditiva – reside nos órgão de Johnston,


que é uma dilatação do segmento da antena, que é
o pedicelo.

4. TIPOS DE ANTENAS
As antenas apresentam uma grande variedade e formas, de acordo com o aspecto dos
antenômeros do flagelo, fazendo com que as mesmas recebam denominações bastante
adequadas e sejam facilmente caracterizadas e reconhecidas.
4.1. FILIFORME

4.2. SETÁCEA OU SETIFORME

4.3. MONILIFORME

4.4. SERREADA ou SERRIFORME


Princípios de Entomologia Agrícola 38

4.5. BISERREADA
4.6. PECTINADA OU PECTIFORME

4.7. BIPECTINADA

4.8. CLAVADA OU CLAVIFORME

4.9. CAPITADA

4.10. LAMELADA OU LAMINIFORME

4.11. PLUMOSA

4.12. ARISTADA
Princípios de Entomologia Agrícola 39

4.13. GENICULADA

4.14. FUSIFORME

4.15. DENTEADA OU DENTIFORME

4.16. BIDENTEADA

4.17. ESTILIFORME OU ESTILADA

4.18. FLABELADA

4.19. IMBRICADA

4.20. IRREGULAR
Princípios de Entomologia Agrícola 40

MORFOLOGIA DO TÓRAX

1. INTRODUÇÃO

O TÓRAX é a segunda região do corpo dos insetos, também chamada de REGIÃO


MEDIANA.
É o CENTRO LOCOMOÇÃO, pois aí estão localizadas as pernas e também as ASAS,
quando o inseto é alado.

2. ESTRUTURA GERAL DO TÓRAX

Vista Lateral - Ortopteróide

2.1. PROTÓRAX

2.2. MESOTÓRAX

2.3. METATÓRAX

3. REGIÕES DOS SEGMENTOS TORACICOS

3.1. NOTO, COSTA ou TERGO


3.2. PLEURAS
3.3. ESTERNO
Princípios de Entomologia Agrícola 41

4. ESCLÉRITOS DO TÓRAX
São as áreas de quitinização bem definidas encima das regiões dos segmentos torácicos,
separadas por linhas de suturas.
Episterno
4.2. PLEURAS
Prescuto Epímeros
4.1. NOTO Escuto
Escutelo
Pós-escutelo 4.3. ESTERNO Esternitos

Vista Dorsal - Ortopteróide

Vista Ventral - Ortopteróide

5. APENDICES DO TÓRAX

São as PERNAS e as ASAS, os quais constituem o aparelho locomotor.


Princípios de Entomologia Agrícola 42

AS PERNAS DOS INSETOS

1. INTRODUÇÃO

São apêndices torácicos destinados à locomoção terrestre ou aquática, dos insetos


adultos, e na maioria das suas formas jovens.

2. ESTRUTURA DA PERNA

Uma perna típica compõe-se das seguintes partes: COXA, TROCANTER, FÊMUR, TÍBIA
e TARSO.

2.1. COXA ou ANCA ou QUADRIL: Primeiro segmento da perna. Articula-se ao tórax por
meio de um côndilo que se encaixa na cavidade coxal.

2.2. TROCANTER: Segundo segmento da perna. Caracteriza-se geralmente por um


pequeno segmento de forma triangular ou quadrangular entre a coxa e o fêmur.

2.3. FÊMUR: Terceiro segmento da perna. Geralmente o mais longo, mais robusto e sempre
uni-segmentado. Sua extremidade proximal, sempre articula-se com o trocânter.

2.4. TIBIA: Quarto segmento da perna. Geralmente mais delgado que o fêmur, embora, via
de regra tenha aproximadamente o mesmo comprimento que este. É também uni-
segmentado.

2.5. TARSO: É a ultima porção da perna e, sobre a qual o inseto se apoia. Tem, portanto a
função de pé. É uma porção nitidamente segmentada, que nos insetos adultos possuí
um número de segmentos que varia de um a cinco. Os segmentos que constituem o
tarso, são denominados TARSÔMEROS.
Princípios de Entomologia Agrícola 43

2.5.1. PÓS-TARSO OU PRETARSO: São estruturas tais como, pequenas garras,


pequenos escléritos, ventosas e lóbulos, que podem aparecer apensas ao
tarsômero distal, e que tem em geral, função de FIXAÇÃO.

Exemplos: a) Garras ou unhas


b) Arólio ou almofadas
c) Empólio
d) Auxiliae
e) Pulvilos

3. CLASSIFICAÇÃO DOS INSETOS SEGUNDO O NUMERO DE TARSOMEROS

3.1. HOMOMEROS: Quando possuem o mesmo número de tarsômeros nos tarso de todas
as pernas. Assim poderão ser:

a) Monomeros

b) Dimeros

c) Trimeros

d) Tetrameros

e) Pentameros

OBS.: Criptotetrâmero

Criptopentâmero
Princípios de Entomologia Agrícola 44

3.2. HETEROMEROS: Quando possuem os pares de pernas com um número diferente de


tarsômeros em seus tarsos, tendo, porém um mesmo número nas
pernas de um mesmo par.
Exemplos:

4. TIPOS DE PERNAS

De acordo com a função que têm à executar, as pernas dos insetos são modificadas de
várias formas atendendo à uma especialização na maneira de vida.
As modificações das pernas dos insetos são, portanto, resultado de uma adaptação
funcional, partindo do tipo primitivo, que é o AMBULATÓRIO.

4.1. AMBULATÓRIA

4.2. SALTATÓRIA

4.3. NATATÓRIA

4.4. PREENSORA

4.4. PREENSORA
Princípios de Entomologia Agrícola 45

4.5. RAPTATÓRIA

4.6. FOSSORIAL

4.7. ESCANSORIAL

4.8. COLETORA

4.9. ADESIVA

C
x T
r
F
m D
i
s
c
o
s
T
s
d
e
Princípios de Entomologia Agrícola 46

AS ASAS DOS INSETOS

2. CONCEITO

São apêndices torácicos, articulados nas regiões latero-dorsais do mesotórax e do


metatórax, e destinadas à LOCOMOÇÃO AÉREA ou ao VÔO, que está ligado à reprodução,
busca de alimento e a disseminação da espécie.
O número de asas nos insetos, é geralmente, quatro, daí serem chamados
TETRÁPTEROS. Contudo, existem insetos que apresentam apenas um par de asas visíveis,
ditos DIPTEROS, e insetos completamente desprovidos de asas, portanto ÁPTEROS.

Primitiva ou Originária
A Condição Áptera
Aquisitiva ou Adquirida

Insetos Aptésicos (?)

3. ORIGEM DAS ASAS

O problema da origem das asas tem sido muito discutido, havendo várias teorias que
apontam sua explicação. A mais aceita, é atribuída a Fritz-Müller, o qual, diz que as asas são
projeções das margens laterais do tergo e da pleura correspondente. A porção tergal originando
a lâmina superior e, a porção pleural dando origem à lâmina inferior.
Entre as duas lâminas, ficam as nervuras, que são filetes quitinizados. As nervuras podem
ser consideradas como ramos traqueais que perderam a função respiratória e foram
quitinizados.

Onde: T = Tergo; Pnl = Lobos


Paranotais; DMcl = Músculos
Dorsais; Pl = Pleura; S =
Esterno e Cx = Coxa. (Figura
extraída de Snodgrass &
Eickwort, 1993).

4. ESTRUTURA DAS ASAS

Os mais importantes elementos estruturais das asas são:


Princípios de Entomologia Agrícola 47

3.1. Articulação do Tórax

Faz-se através da membrana articular, que é a membrana basal da asa. Portanto,


cada asa está ligada ao corpo por uma área basal membranosa, contendo um número de
pequenos escléritos, conhecidos coletivamente como PTERÁLIA.

Os principais escléritos ou Pterália são:

 Placa Humeral (HP)


 Axilares (Ax)
 Placas Medianas (m, m’)

3.2. Margens ou Bordos

Na maioria dos insetos as asas são mais ou menos triangulares no seu contorno,
apresentando então três margens ou bordos que são:
ma
a) Anterior ou Costal

b) Lateral ou Externo

c) Anal ou Interno ml

5. ÂNGULOS DA ASA mi

Podem ser caracterizados nas interseções das margens ou bordos. Assim, temos:

a) Ângulo Humeral ou Axilar ou Basal

b) Ângulo Lateral ou Externo ou Apical Ae


Aa
c) Ângulo Anal ou Interno

Ai

6. REGIÕES DA ASA

a) Ala ou Remígio (Rm)


b) Área Axilar (Ax)
c) Cubital (Cu)
d) Anal ou Vanal (Vn)
e) Jugal (Ju)
Princípios de Entomologia Agrícola 48

 ALULA – Também chamadas de Escamas ou Calípteras,


consiste num par de lobos membranosos, nas margens
internas da asa próxima a sua base.
Pt
 PTEROSTIGMA – Também chamado de Estigma Alar, é
uma pequena mancha ou pinta, espessada e opaca,
colorida ou não, na margem costal das asas anteriores,
variando de posição do meio para a extremidade apical.

7. NERVURAS

Nervura é uma espécie de “cordão” saliente, que percorre toda a superfície da asa,
partindo da base para os bordos.
Princípios de Entomologia Agrícola 49

NERVAÇÃO ou VENAÇÃO DAS ASAS constitui o estudo do arranjo das nervuras na asa.
Este estudo tem mostrado que existe uma venação fundamental, o qual é a mesma em todas
as ordens de insetos alados. A nervação arquétipo, teórica e completa, segundo o sistema
de nomenclatura de COMSTOCK-NEEDHAM, é a seguinte:

a) Pré-costal (Pc)

b) Costal (C)

c) Subcostal (Sc)

d) Radial (R)

e) Média (M)

f) Cubital (Cu)

g) Anal (A)

Longitudinais (nl)
 As NERVURAS podem ser
Transversais (nt)
nt
8. CÉLULAS nl

7.1. Fechadas (cf)

7.2. Abertas (ca)


ca
cf

9. ÓRGÃO DE ACOPLAMENTO

São órgãos que dão EFICIÊNCIA AO VÔO DOS INSETOS, pois promovem a ligação das
duas asas, fazendo que as mesmas batam juntas, em movimentos sincronizados. Desta forma,
temos:

7.1. Frênulo
Princípios de Entomologia Agrícola 50

7.2. Jugo

7.3. Fíbula

7.4. Hâmulo

10. TIPOS DE ASAS

As asas afastam-se do modelo típico e se apresentam com modificações estruturais


notáveis, particularmente com relação a sua consistência e cobertura, definindo, desta maneira,
os vários tipos:

8.1. MEMBRANOSA
Princípios de Entomologia Agrícola 51

8.2. TÉGMINAS

8.3. ÉLITROS

8.4. HEMI-ÉLITROS

8.5. FRANJADAS
Princípios de Entomologia Agrícola 52

8.6. HALTERES ou BALANCINS

8.7. PSEUDO-HALTERES

8.8. LOBADAS ou PARTIDAS


Princípios de Entomologia Agrícola 53

MORFOLOGIA DO ABDOME
1. INTRODUÇÃO
Terceira região do corpo do inseto. Esta difere caracteristicamente da cabeça e do tórax,
pela simplicidade de sua estrutura, nitidez da segmentação e ausência geral de apêndices
locomotores.
A metameria do abdome é perfeitamente observada e seus somitos, bem definidos, podem
também ser chamados de URÔMEROS.
O abdome, em geral, é a parte mais volumosa do corpo do inseto, em virtude de portar os
órgãos do APARELHO DIGESTIVO e do APARELHO REPRODUTOR, daí dizermos, ser o
mesmo, o CENTRO DA NUTRIÇÃO e da REPRODUÇÃO. Ademais, esta é a principal parte do
corpo que produz os movimentos respiratórios.

6. SEGMENTOS ABDOMINAIS

O número máximo de segmentos abdominais encontrados nos insetos adultos é de 10 a 11


e estudos embriológicos tem indicado que o número primitivo de segmentos nunca foi superior
a 12.
O ultimo segmento abdominal, recebe o nome de Periprocto ou “Telson”, e é geralmente
formado por três placas em volta do ânus: uma dorsal – Epiprocto e duas laterais –
Paraproctos.
A redução do número de segmentos no abdome é a regra para os insetos adultos e
suas formas imaturas. Não é raro encontrarmos nos insetos 11 segmentos, contudo nas ordens
superiores geralmente está presente não mais que 10, sendo comum apenas nove serem
realmente visíveis.
Comumente a redução tem lugar na extremidade posterior do abdome, entretanto em
insetos superiores, existe uma tendência para a eliminação do primeiro segmento.
Os segmentos abdominais são distinguidos por simples nomenclatura numérica, da parte
anterior para a posterior, sendo que o urômero articulado com o metatórax é o primeiro (1),
etc..., e assim por diante.
Os espiráculos ou estigmas, que são as portas de estrada do aparelho respiratório, são
em números de 8 pares, tipicamente localizados lateralmente do primeiro ao oitavo segmento
abdominal. Contudo, este número, pode ser grandemente reduzido, devido à maneira de vida e
o grau de especialização.

Figura 1. Estrutura geral do abdome de um Orthoptera, Acrididae (De DuPorte, 1961 citado por
Romoser, 1970).
Princípios de Entomologia Agrícola 54

Geralmente, nas ordens Hemimetabólicas um maior número de segmentos abdominais são


visíveis, quando comparada às ordens holometabólicas. De maneira, em Acrididae (Orthoptera)
todos os 11 segmentos são visíveis (Figura 1), enquanto que em Muscidade (Diptera), somente
2 a cinco são visíveis, estando os demais coalecidos, uns dentro dos outros, formam uma parte
do aparelho genital, incluindo, o longo ovipositor telescópico da fêmea (Figura 2A). A ordem
Collembola (Figura 2B), contudo, tem sido uma exceção, uma vez que nesta os insetos
apresentam seis segmentos abdominais, seja na fase adulta ou embrionária.

Figura 2. A, Estrutura geral do abdome de um Diptera - Muscidae (Extraída de Chapman, 1969). B,


Collembola (Extraída de Snodgrass & Eickwort, 1993). Ex, esternitos; Tx, tergitos; Spr,
espiráculo.

6.1. Divisão dos Segmentos Abdominais

Para facilidade de estudo, os segmentos abdominais podem ser agrupados em:

a) Segmentos Viscerais ou Pré-Genitais

Os segmentos viscerais nas fêmeas normalmente estendem-se do 1º ao 7º


segmento e nos machos do 1º ao 8º segmento. São geralmente, de estrutura simples e
uniforme, que diferem muito pouco entre si, com exceção do primeiro segmento em alguns
insetos, que está normalmente associado mais ao tórax do que ao abdome propriamente dito.
Um exemplo é o que ocorre em alguns Hymenoptera – Apocrita, cujo primeiro segmento
encontra-se completamente unido ao metatórax, que recebe o de propódeo, e que está
separado dos demais segmentos, coletivamente chamado de gáster, por uma constrição, o
pecíolo (Figura 3).
Princípios de Entomologia Agrícola 55

Figura 3. Estrutura do abdome de uma formiga. A, Formiga (estraída de Frost, 1959). B, gênero
Atta, vista lateral. C, gênero Atta, vista dorsal.

b) Segmentos Genitais

São tipicamente os 8º e 9º segmentos. Estes apresentam pequenas adaptações


estruturais, associadas à genitália externa, para o desempenho da função reprodutiva.
Geralmente, a estrutura da genitália externa, encontra-se parcial ou inteiramente retraída no
abdome, quando não estão em uso e são freqüentemente, especialmente nos machos, não
visíveis sem dessecação.
Aparelho genital feminino – consiste de ovário; ovidutos laterais; oviduto comum;
bolsa copulatória; espermateca; glândulas acessórias e ovipositor. A parte externa de todo esse
aparelho é o ovipositor, o qual pode ser desenvolvido, como em algumas das principais ordens
de insetos – Orthoptera, Hemíptera (Heteroptera), Hymenoptera, etc., ou ser bastante reduzido
ou mesmo ausente como nas maiorias das ordens. Vale salientar, que nos insetos que
apresentam ovipositor, esta estrutura pode mostrar considerável variação, dependendo da
situação em que os ovos são locados (Figura 4).

Figura 4. Modificações do ovipositor. A, segmentos terminais expandidos de Musca domestica. B,


Cigarra, Magicidada septendecim. C, Cigarra, Scudderia sp. D, Icheneumonídeo,
Megarhyssa lunator. E, Thysanura, Thermobia domesticus. (A,B e D de Snodgrass, 1935; C
de Ridey, 1888 e West, 1951, todos citado por Romoser, 1970).
Princípios de Entomologia Agrícola 56

Nas fêmeas de insetos pterygota, o gonóporo (abertura genital) ou ovipositor, está


usualmente localizado sobre ou posterior ao oitavo ou nono segmento. Caracteriza-se por um
conduto que serve para o recebimento dos espermatozóides e descarga dos ovos. Este é
composto por dois pares de “valvíferos”, que são as placas basais dos três pares de válvulas
ou valvas. O primeiro valvífero localiza-se no 8º segmento e tem função de sustentar o 1º par
de valvas e o segundo valvífero situa-se no 9º segmento e fornece apoio para os 2º e 3º pares
de valvas (Figura 1).
Aparelho genital masculino – consiste das seguintes partes: testículos; canais
deferentes; canal ejaculador; glândulas acessórias; pênis ou fálus (ou ainda edeago) e
estruturas perifálicas. Contudo, para descrição da genitália externa, que via de regra, é bastante
variável e complexa, apresentando considerável valor taxonômico, merece destaque o aparelho
copulador, pênis, o qual está tipicamente localizado sobre nono segmento, na maioria dos
Pterygota.

Figura 5. Genitália do macho do cicadelídeo, Draeculacephala ártica (Walker). A, vista lateral; B, vista
ventral. Estruturas externas – linhas pontilhadas; Estruturas internas – linhas contínuas.
(Borror & DeLong, 1969).

O edeago compreende a parte distal do fálus; é normalmente tubular, podendo apresentar


grande variedade de formas. Suas paredes são fortemente esclerotizadas, com exceção da
parte terminal, denominada de vesica, que é membranosa; já a extremidade distal é quase
sempre provida de espinhos, placas ou finos processos.

NOTA: Situações excepcionais quanto à localização da abertura genital em insetos, podem ser
observadas, em fêmeas de Ephemeroptera e Dermaptera, cujo gonóporo encontra-se atrás do
sétimo segmento abdominal. Em Odonata, semelhantemente ao que ocorre em outros insetos,
o gonóporo apresenta-se no nono segmento abdominal, enquanto o pênis, destes indivíduos
está localizado na parte ventral do segundo e terceiro segmentos abdominais. Em machos de
Ephemeroptera o gonóporo e o pênis estão pareados.
Princípios de Entomologia Agrícola 57

c) Segmentos Pós-Genitais

Figura 6. Segmentos abdominais pós-genitais. A, B, Nesomachilis maoricus. C, Plathemis lydia, macho


adulto, vista dorsal. D, Ephemeridae, macho adulto. E, Larva Perlidae. F, Embiidae. G, Gryllus
assimilis. H, Blatta orientalis, vista ventral. I, Anisolabis maritima, fêmea. J, Blatta orientalis,
vista dorsal, segmentos separados. K, Dissosteira Carolina, fêmea. L, Magicicada
septendecim, macho. An, ânus; Cer, cercos; cf, filamento caudal; cxpd, base dos cercos
(coxopodito); Eppt, epiprocto; Ovp, ovipositor; Papt, paraprocto; paptl, lobo do paraprocto; sal,
lobo supra-anal; xmcls, músculos do décimo segemento. (Extraída de Snodgrass & Eickwort,
1993).
Princípios de Entomologia Agrícola 58

7. PLACAS DOS URÔMEROS

Na condição típica, adultos e formas jovens, apresentam-se com pleuras e o esterno,


unidos em forma de placa esternal definida.
Em muitos hemípteros, as margens laterais do abdome apresentam-se achatadas e mais
ou menos salientes. A essa parte do abdome dar-se o nome de conectivo.

Tergo

Placa
Esternal

8. TIPOS DE ABDOME

De acordo com a largura do abdome, em seu ponto de inserção com o tórax, podemos
classificá-los em:

a) SÉSSIL

b) LIVRE

c) PEDUNCULADO
Princípios de Entomologia Agrícola 59

9. FORMAS DE ABDOME

É bastante variável quanto à forma, sendo as mais comuns:

a) FUSIFORME

b) GLOBULOSA

c) ACHATADA

d) OVÓIDE

e) BASILIFORME

10. APENDICES ABDOMINAIS

As principais estruturas, que podemos encontrar apensas, a alguns segmentos abdominais


de adultos e formas jovens, em certas ordens de insetos, são:

10.1. GONÓPODOS

10.2. PIGOPODOS

10.3. UROGONFOS

10.4. TRAQUEO-BRÂNQUIAS

10.5. SIFAO RESPIRATÓRIO

10.6. STYLI

10.7. CERCOS

10.8. FILAMENTO MEDIANO CAUDAL


Princípios de Entomologia Agrícola 60

BASES DA BIOLOGIA DE INSETOS

2. CICLO EVOLUTIVO

Conjunto de fases porque passa um indivíduo, desde o OVO até a MORTE, passando por
metamorfoses e interagindo com o ambiente que o cerca. Compreende, portanto fase de
desenvolvimento (ovo – adulto) mais o estado de adulto propriamente dito.

3. DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO

É o desenvolvimento que se processa dentro do ovo, desde a completa formação do


embrião até o momento nascimento ou emergência da forma jovem.

a. OVO

É a célula reprodutora feminina, também chamada macrogameta e célula-ovo. Pode


ainda ser definido como o óvulo maduro que, ao ser expelido do ovaríolo ou do cálice, e ao
transpor o gonoporo feminino para ganhar o interior da câmara genital, e posteriormente o
exterior foi fertilizado ou não, por um espermatozóide.

b. Estrutura

c. Formas, tamanhos e colorações

4. DESENVOLVIMENTO PÓS-EMBRIONÁRIO

É o desenvolvimento que se inicia, a partir do momento em que a forma jovem emerge do


ovo, terminando com o inseto adulto. Portanto, abrange todas a mudanças de forma, habitats e
regimes alimentares, que caracterizam a vida do inseto, do nascimento ao estado de adulto.
Princípios de Entomologia Agrícola 61

a. ECDISES

Do grego ECDYO = Despojar-se. Fenômeno de troca de “pele” ou exoesqueleto que


sofre o inseto. É também chamado de MUDA.

b. EXÚVIA

Do latim EXUVIAE = Pele largada por alguns animais; despojos. Portanto, nos insetos, é
a cutícula velha que o mesmo abandona.

c. ESTÁDIO

É o período total, compreendido entre duas mudas de pele, ou ecdises,


consecutivas.

d. INSTAR

Diz respeito a idade, a forma e a cor, assumidas por um inseto, durante um estádio
particular.

5. METAMORFOSE

Segundo diversos autores, a palavra METAMORFOSE origina-se do grego: META =


Mudança e MORPHE = Forma, significando portanto, mudança de forma; ou também META =
Depois e MORPHE = Forma, para significar “forma posterior”, isto é, mudança de forma depois
do ovo.
METAMORFOSE – É todas as mudança de forma, hábitos e atitudes que sofrem os
indivíduos ao longo do ciclo biológico.

a. TIPOS DE METAMORFOSE

i. AMETABOLIA

Do grego: A = Sem; METABOLÉ = Mudança. Ocorre nos insetos que não


apresentam mudanças significativas na forma, nos hábitos e na alimentação, entre os estádios
de ovo a adultos.
Princípios de Entomologia Agrícola 62

ii. PAUROMETABOLIA

Conhecida também por alguns autores como: Metamorfose Gradual ou


Direta.
Os insetos paurometabólicos são todos terrestres, e nas poucas formas
aquáticas, as ninfas apresentam brânquias-traqueais, e não sofrem mudanças nos hábitos e na
alimentação, bem como não existe um período distinto de repouso, antes do estado adulto.

iii. BATMEDOMETABOLIA

Conhecida também como Hemimetabolia, de Comstock.


Os inseto batmedometabólicos, são todos aquáticos nas formas imaturas.
Apresentam um desenvolvimento gradual, muito semelhante aos dos paurometabólicos, com
diferença que neles existem uma distinta mudança na alimentação e de hábitos, bem como
mostram um período de repouso, mais ou menos distinto, antes de se transformarem em
adultos.
Princípios de Entomologia Agrícola 63

iv. HIPOMETABOLIA

Do grego: HYPO = inferior; METABOLÉ = Mudança. Este termo é empregado


em alusão às diferenças entre este tipo de metamorfose e a paurometabolia.
Na hipometabolia a ninfa é adaptada à vida subterrânea, sendo provida de
pernas anteriores escavadoras, e pela sua completa imobilidade, durante o longo período de
vida debaixo da terra, sempre fixada a uma raiz e, igualmente imóvel, antes de se transformar
em adulto, depois de ter abandonado o solo.

v. HOLOMETABOLIA

Do grego: HOLOS = toda, completa; METABOLÉ = Mudança. Portanto,


mudança completa, difere dos demais tipos de metamorfose, porque as formas imaturas
diferem grandemente dos adultos, e existe um período distinto de “repouso”, conhecido como
PUPA, que precede o adulto.
Princípios de Entomologia Agrícola 64

1. TIPOS DE LARVAS

Com respeito as formas, as larvas podem ser classificadas em inúmeros


tipos, sendo que os principais são apresentados a seguir:

a) CAMPODEIFORME

b) CARABIFORME

c) ELATERIFORME

d) CURCULIONIFORME

e) ESCARABEIFORME OU MELOLONTÓIDE
Princípios de Entomologia Agrícola 65

f) CERAMBIFORME

g) BUPRESTIFORME

h) VERMIFORME

i) ERUCIFORME

2. TIPOS DE PUPAS

Todos os insetos holometabólicos e hipermetabólicos apresentam a fase de pupa entre o


estágio de larva e adulto. Conforme seu aspecto podem ser classificadas em:

a) OBTECTA

b) EXARATA

c) COARTATA
Princípios de Entomologia Agrícola 66

REPRODUÇÃO DOS INSETOS

6. TIPOS DE REPRODUÇÃO

a. Oviparidade

A maioria dos insetos apresenta esse tipo de reprodução; após a união dos sexos e
fecundação dos óvulos pelos espermatozóides, a fêmea põe os ovos em algum substrato.
Pode ainda ser assexuada ou partenogenética.

b. Viviparidade

Tipo de reprodução em que os ovos são mantidos no trato genital da mãe até seu
desenvolvimento bem avançado, de tal sorte que essas fêmeas colocam larvas ou ninfas, e
não ovos.

 Ovoviviparidade

Nesse caso os ovos possuem células nutrizes suficientes para alimentarem os


embriões durante o desenvolvimento. Desta forma, os ovos são incubados dentro da mãe e
comumente posto no momento da eclosão da forma jovem.

c. Partenogênese

Do grego: Parthenos = Virgem; Genesis = Origem. Reprodução em que os


óvulos se desenvolvem completamente sem terem sido fecundados. Portanto, às
custas apenas do desenvolvimento do gameta feminino. Podemos distinguir 3 tipos:

a) Anfítoca – quando dá origem a ambos os sexos;

b) Arrenótoca – quando origina somente machos; de uma maneira geral é


facultativa.

c) Telítoca – quando origina apenas fêmeas; pode ser facultativa ou obrigatória.

Nos insetos podem ocorrer as seguintes modalidades de partenogênese:

a) Partenogênese Constante

Também chamada Normal e Isopartenogênese. Caracteriza-se por constituir o


processo normal de reprodução da espécie.
Princípios de Entomologia Agrícola 67

b) Partenogênese Esporádica

Também chamada de Excepcional, Acidental ou Ticopartenogênese. Pode


ocorrer ocasionalmente numa espécie, que se reproduz sexuadamente.

c) Partenogênese Cíclica

Também chamada de Alternante, Heteropartenogênese ou Heterogonia.


Modalidade na qual uma geração sexuada ocorre entre gerações partenogenéticas.

Regular (alguns himenópteros)


Pode ser:
Irregular (alguns homópteros).

d) Partenogênese Larvária

Também chamada de Pedogênese ou Pedopartenogênese. Esse tipo de


reprodução caracteriza-se por certos insetos imaturos, apresentarem a capacidade de
procriar. Neste caso, tais apresentam os ovários funcionais.

Obs.: NEOTENIA – fenômeno no qual ocorre uma metamorfose anormal, em que a


fêmea atinge o estado adulto com caracteres de forma jovem.

d. Poliembrionia

Forma de multiplicação assexuada, em que um único ovo pode produzir dois ou


mais embriões.

e. Hermafroditismo

É a condição dos seres vivos que têm órgãos genitais dos dois sexos e pode
comporta-se como macho ou fêmea, no decurso da reprodução sexuada. É de ocorrência
rara entre os insetos. Neste caso a fecundação é cruzada, contudo em algumas espécies
pode ocorrer autofecundação.
Princípios de Entomologia Agrícola 68

ALIMENTAÇÃO DOS INSETOS

O alimento ingerido pelos insetos pode ser de origem animal, vegetal, fungos ou de matéria
morta. Alguns insetos são onívoros, entretanto a maioria apresenta certa especificidade para
determinados tipos de alimentos.

1. Hábitos Alimentares
1.1. Fitófagos
São aqueles se alimentam de vegetais, e conforme a parte da planta que eles comem,
recebem denominações diferentes.
 Xilófagos
 Cleotrófagos
 Antófagos
 Micetófagos
 Radífagos
 Micrófagos
 Filófagos

As ordens predominantemente fitófagas, são:

 Orthoptera
 Thysanoptera
 Lepidoptera
 Phasmida
 Homoptera
 Isoptera

Coleoptera
Hemiptera
OBS.: Alguns representantes das ordens:
Diptera
Hymenoptera

1.2. Predadores e Parasitos

a) Predadores
São insetos que apresentam vida livre durante todo o seu ciclo de vida. Geralmente, o
predador é maior que a presa, generalista e requer mais de um indivíduo para completar
seu ciclo. Exemplos de algumas ordens/famílias de insetos predadores são:
 Coleoptera: Coccinellidae, Carabidae;
 Diptera: Syrphidae;
 Hemiptera: Coreidae, Nabidae, Anthocoridae;
 Neuroptera: Chrysopidae
 Odonata
 Mantodea
Princípios de Entomologia Agrícola 69

b) Parasitos ou Parasitóides

São insetos normalmente menores ou de tamanho semelhante ao hospedeiro.


Exigem somente um único para completar o seu desenvolvimento, em um adulto de vida livre.
Movem-se comparativamente menos que os predadores e levam mais tempo para matar o
hospedeiro. São geralmente, mais específicos que os predadores. Exemplo de algumas
ordens/famílias de insetos parasitos são:
 Hymenoptera: Braconidae, Encyrtidae, Ichneumonidae, Trichogrammatide,
Chalcididae, etc.
 Diptera: Tachinidae;

1.3. Saprófagos
São insetos que se alimentam de material morto animal ou vegetal em decomposição.
Algumas ordens/famílias de insetos saprófagos são:
 Coleoptera: Staphilinidae.
 Diptera: Sarcophagidae, Calliforidae;
 Hymenoptera: Formicidae

1.4. Parasita
São insetos que vivem à custa de um hospedeiro, sem, no entanto matá-lo.
Geralmente são ectoparasitas. Exemplos de algumas ordens de insetos parasitas são:
 Siphonaptera
 Anoplura
 Mallophaga
 Hemiptera (alguns)
 Diptera

2. Classificação quanto ao número de espécies que atacam

2.1. Polífagos
São aqueles que se alimentam de muitas espécies, principalmente de diferentes
famílias de plantas (fitófagos) ou animais (predadores/parasitos).

2.2. Oligófagos
São aqueles que se alimentam somente de algumas espécies de plantas (fitófagos) ou
animais (predadores/parasitos), usualmente pertencentes a uma ou poucas famílias
aparentadas.

2.3. Monófagos
São aqueles que se alimentam restritamente de uma só espécie de planta (fitófagos)
ou animal (predadores/parasitos).
Princípios de Entomologia Agrícola 70

ANATOMIA INTERNA DOS INSETOS

1. ENDOESQUELETO

São invaginações do tegumento, grandemente endurecidas, formando projeções rígidas,


que servem para ligação de músculos e como suporte de certos órgãos.

1.1. TENTÓRIOS

É o endoesqueleto da cabeça. Compreende a 2 ou 3 pares de apódemas, os quais de


acordo com suas posições são chamados de ramos anterior, posterior e dorsal do tentório.
a) Funções

 Oferecer uma base para a ligação de alguns dos músculos cefálicos, e ao


mesmo tempo, dar rigidez à cabeça;
 Fornecer suporte para o cérebro e intestino;
 Reforçar os pontos de articulação de alguma peça bucal.

1.2. ENDOTÓRAX
Compreende o endoesqueleto do tórax, que é formado por invaginações das regiões
tergais, pleurais e esternais de um segmento torácico, podendo esses apódemas serem
chamados:

a) Endotergitos ou Fragmas - Desprovidos nos insetos alados;

b) Endopleuritos ou apódemas laterais - São bem desenvolvidos em Odonata;

c) Endoesternitos ou Apófises - Representados pelos apódemas chamados de


Furcas.

1.3. ABDOME

Apresenta o mesmo arranjo do endotórax e seus apódemas recebem as mesmas


denominações.
Princípios de Entomologia Agrícola 71

APARELHO DIGESTIVO

1. INTRODUÇÃO

O aparelho digestivo dos insetos é constituído basicamente de um longo tubo que se


estende longitudinalmente da boca ao ânus, denominado canal ou tubo digestivo (T.D.), além
de órgãos anexos ou partes acessórios.

* Estomodéu
Tubo Digestivo * Mesêntero
* Proctodéu

* Glândulas salivares
Órgãos Acessórios * Cecos gástricos
* Túbulos de Malpighi

OBS.: Entre esse tubo e a parede do corpo encontra-se um espaço ocupado pela hemofinfa
(sangue do inseto), que recebe o nome de hemocele.

OBS.: Em insetos primitivos, não há diferenciação externa entre as 3 partes constituintes do


tubo digestivo, tendo portanto, aspecto de um simples tubo.

2. ESTEMODÉU

É a região anterior do T.D., na maioria dos insetos encontra-se diferenciado em 3


regiões primárias: Faringe, Inglúvio (Papo) e Proventrículo (Moela). Entre a faringe e o
inglúvio, uma parte não diferenciada do tubo pode permanecer como um esôfago, tendo seu
início exatamente dentro da cavidade bucal (boca).
Assim temos esquematicamente, como partes formadoras do estomodéu:

a) Cavidade Bucal (Boca) – Início do T.D., é a parte oral ou entrada da faringe, na


maioria dos insetos não se encontra bem diferenciada.

OBS.: Cavidade Pré-Oral ou Cibário – é o espaço formado pela disposição das peças bucais.
Não pertence ao T.D., não devendo ser confundida com a boca.
Princípios de Entomologia Agrícola 72

b) Faringe – ocupa mais ou menos metade do comprimento da cabeça.


 Nos insetos mastigadores – tubo simples para passagem do alimento;
 Nos Insetos sugadores – bem desenvolvido; funciona como uma bomba
de sucção do alimento.

c) Esôfago – tubo para passagem do alimento, é estruturalmente semelhante à


faringe.
d) Inglúvio ou Papo – local onde o alimento é armazenado (estocado), e onde o
mesmo sofre as transformações pela ação de enzimas salivares. As vezes é
inapropriadamente denominado de estômago.

e) Proventrículo ou Moela – é a parte terminal do estomodéu. De ocorrência geral nos


insetos mastigadores, onde é bastante desenvolvido. Os insetos sugadores
geralmente não o possui.

OBS.: Glândulas Salivares – também denominadas Labiais. Em número de 2, localizam-se


abaixo do estomodéu e ocasionalmente se estendem até o abdome. Variam em forma e
tamanho, tendo normalmente o aspecto de um “cacho de uvas”.
Função: lubrificação das peças bucais; solvente do alimento; contribui para a digestão
através das enzimas digestivas; nos insetos hematófagos, tem ação
anticoagulante; e em lepidópteros e himenópteros, formam a seda.

OBS.: Válvula Cardíaca ou Estomodeal ou simplesmente Cárdia – encontra-se na região de


encontro do estomodéu com o mesêntero. Tem como função impedir o retorno dos
alimentos do mesêntero para o estomodéu.

3. MESÊNTERO

É a região mediana do T.D., divido basicamente em duas regiões: o ventrículo e os


cecos gástricos ou divertículos.

a) Ventrículo ou Estômago - local onde ocorre a maior parte da digestão e


assimilação dos alimentos. Comumente o mesêntero recebe esta denominação.
Na sua porção anterior do ventrículo, não ocorrem processos digestivos, devido à
ausência de células secretoras de enzimas; na porção mediana ocorre produção de
enzimas e na posterior se dá a absorção dos alimentos.
Quanto a forma, apresenta-se semelhante a uma saco alongado, de diâmetro
quase uniforme. Contudo, em Homóptera, é onde encontramos a mais perfeita
diferenciação regional do ventrículo, em virtude a presença da “câmara-filtro”.

OBS.: Câmara-Filtro – estrutura existente nos homópteros, com função de desviar o excesso
de líquido do alimento (água e carboidratos solúveis), jogando-o diretamente do
estomodéu para a porção final do mesêntero ou para o proctodéu, enquanto a parte
sólida segue seu caminho normal da digestão no mesêntero.

b) Cecos Gástricos – são expansões localizadas geralmente na parte anterior ao


mesêntero (ou ventrículo), circundando a cárdia, embora possam ocorrer em
qualquer parte do mesmo.
Apresentam a forma de tubo, com as extremidades distais fechadas.
 Função – aumentar a superfície de absorção, secreção de enzimas e/ou ainda
abrigo para multiplicação de microorganismos (bactérias entéricas).
Princípios de Entomologia Agrícola 73

 Tamanho e número – bastante variável.


Exemplo: Orthoptera – 30 a 200 unidades; Dictyoptera (baratas e louva-a-deus) –
8; Lepidóptera e Collembola – ausentes. Contudo, comumente apresentam em
número de 2 a 6.

OBS.: Válvula Pilórica – região de constrição localizada entre o mesêntero e o proctodéu, que
tem função reguladora da passagem do alimento, entre estas duas porções do T.D.

4. PROCTODÉU

É a região posterior do T.D., a qual tem início no local de inserção dos Túbulos
de Malpighi ou interna no piloro, onde existe a válvula pilórica.
Pode ser também denominado de Intestino. Na sua estrutura mais simples é um
canal em forma de duto reto que se estende até o ânus. Todavia, a divisão mais comum
do proctodéu é em um intestino anterior, compreendendo ao ílio e ao cólon e em um
intestino posterior, formado pela ampola ou saco retal e o reto, o qual em sua
extremidade abre-se o ânus.
Função – principalmente carregar o bolo fecal para o exterior, não tendo, portanto
função digestiva. No entanto, em muitos insetos, antes da egestão do bolo fecal, ocorre uma
reabsorção de sais, aminoácidos e água, o que promove a dissecação do conteúdo fecal.
Princípios de Entomologia Agrícola 74

APARELHO RESPIRATÓRIO

1. INTRODUÇÃO

O Aparelho Respiratório dos insetos é um sistema de tubos ramificados que se


distribuem por todo o corpo. A penetração do ar atmosférico, neste sistema de tubos, dá-se
graças a existência de orifícios superficiais. Os tubos citados são as TRAQUÉIAS, e os
orifícios, os ESTIGMAS.

OBS.: Portanto, os insetos basicamente respiram com o abdome. Fazendo esforço para
expiração (expirar) e sendo passiva para inspirar.
Princípios de Entomologia Agrícola 75

2. A RESPIRAÇÃO PODE SER:

APEUSTICA - Não existe estigmas ou quando existe não são funcionais. É


apresentada pelas Naiadas e algumas lavras aquáticas.

HOLOPNEUSTICA - Existe estigma e são funcionais. É o tipo mais generalizado.

2.1. APARELHO RESPIRATÓRIO APNEUSTICO

A respiração pode processar-se por: * Traqueo - Brânquias


* Brânquias Hemolíficas
* Osmose.

a) Traqueo - Brânquias (Respiração Branquial)

São expansões laterais, da parede do corpo, em forma de filamento ou placas.


Estas estruturas dotadas de uma delicada membrana permitem as trocas gasosas entre
o sistema traqueal do inseto e a água.

Exemplo: Alguns ephemerida; a maioria dos tricopteras; algumas lavras de lepidopteros


e nas pupas de dipteros de gênero Simulium.

b) Brânquias Hemolínficas

São expansões transparentes do exoesqueleto, em forma de sacos delicados, cheios de


hemolinfa.

Exemplo: Ordem Diptera - família chironomidae e sumulidae.

c) Osmose

É um tipo de respiração encontrada, possivelmente nas lavras endoparasitas.


Provavelmente, estes insetos tomam o oxigênio do sangue do hospedeiro por simples
osmose.

2.2. APARELHO RESPIRATÓRIO HOLOPNEUSTICO

É o tipo mais generalizado, no qual a penetração de ar no corpo dos insetos -


inspiração faz-se através dos estigmas. Contudo, a expiração do gás carbônico, faz-se pelo
menos em parte, por difusão, através do exoesqueleto.

Os Insetos Holopnêuticos Típicos Possuem as Seguintes Estruturas:

 Estimas  Traqueiolas
 Traquéias  Sacos de ar

a) Estimas ou espiráculos

São as portas de entradas do ar dos insetos que apresentam o tipo de respiração


holopneustica.
Princípios de Entomologia Agrícola 76

Estão localizados normalmente na PLEURA dos segmentos torácicos e abdominais,


mas sua localização exata é bastante variável.

Quantidade Máxima - varia desde 20 no máximo (10 pares), até a não existência
(indivíduos apneusticos).

a.1. CLASSIFICAÇÃO DOS INSETOS QUANTO AO NÚMERO E POSIÇÃO DOS


ESTIGMAS

I - PRONEUSTICO - Quando existe um par de estigmas localizado no protórax.


Exemplo: insetos da família culicidae (suas pupas)

II - METAPNEUSTICO - Existe um par de estigmas no último segmento


abdominal.
Exemplo: lavras dos culicidae.

III - PERIPNEUSTICO - Quando existe mais de um par no redor do corpo (tórax -


máximo de 2; abdome- máximo de 8).
Exemplo: Lepidópteros

IV - ANFIPNEUSTICO - Quando atende as qualidades I e II.


Exemplo: larvas de Tricopteros

b) Traquéias

São invaginações do exoesqueleto, formadas por todas as camadas que o constituem.


A característica mais comum de uma TRAQUÉIA é o seu aspecto anelar, resultante de
dobras da íntima ou endotraquéia, em forma de círculos diminutos, os quais recebem a
denominação de TAENÍDIA.

Obs.: Cada tronco-traqueial que parte dos estigmas, ramifica-se várias vezes a ponto de
existirem ramificações traqueais em todas as partes do corpo.

c) Traqueíolos

São os ramos das traquéias de menor calibre. Portanto, são as ramificações


terminais, finíssimas das traquéias. Apresentam diâmetro menor que um micro e desprovido de
tinídio.

d) Sacos de ar

São expansões ou alargamentos das traquéias, destas deferindo por não apresentarem
taenídeas.
Sua função é comparável a um fole, facilitando a ventilação das taquéias durante os
movimentos de respiração rápida.

Exemplo:
 São mais desenvolvidas em alguns dipteros, nos afídeos e nas abelhas.
 São ausentes na sub-classe APTERYGOTA e larvas de insetos
holometábolicos.
Princípios de Entomologia Agrícola 77

3. FUNÇÕES DO APARELHO RESPIRATÓRIO

3.1. Inspiração - É a tomada de ar pelo indivíduo. Movimento passivo.

3.2. Expiração - Movimento ativo. Contratação dos músculos dorso-ventrais.

Exemplo: Pragas tetrófagas - Combate com gases (expurgo) numa faixa de temperatura
mais elevada, fazendo com que os insetos aumente seu metabolismo e
consequentemente sua taxa respiratória.

4. BIOLUMINOSIDADE

Peculiar a ordem coleoptera e especialmente as famílias: Elateridae, lampirídae e


phengodidae.

 Elaterídeos - encontrados no protótorax.


 Lampirídeos - face ventral do abdome.
 Phengodidae - ao longo de todo o corpo, nas fêmeas.

OBS.: * Sua emissão está subordinada à vontade do inseto.


* Não há medição de calor (perda por calor)
* 50 vezes mais que o arco voltaico.

A REAÇÃO:
LUCIFERASE
Luciferina (gordura) + O2 Oxi-luciferina + LUZ

OBS.: BIOLUMINESCÊNCIA - Reação química (quimioluminescência). Conversão de


energia química em energia radiante é direta e 100%
realmente eficiente. (muito pouco calor é produzido neste
processo. Por esta razão, a emissão dessa luz fria é chamada
luminescência).
Princípios de Entomologia Agrícola 78

APARELHO CIRCULATÓRIO

1. INTRODUÇÃO

O Aparelho Circulatório dos insetos compreende a hemolinfa (sangue dos insetos),


tecidos e órgãos que promovem a circulação da hemolinfa através do corpo.
Nos insetos o sangue corre através de um vaso dorsal até a base do cérebro, onde
abandona o referido vaso e passa correr pelas cavidades do corpo (hemocele) e dos
apêndices, preenchendo os espaços não ocupados pelos órgãos internos, até retornar ao vaso
dorsal.
Ao tipo de circulação descrito se denomina circulação aberta, pois não existem canais
ou outros vasos circulatórios, que controlem a direção e maneira da circulação.
Podemos considerar ainda nos insetos 2 tipos de circulação: uma vascular e outra
lacunar.
 A Lacunar - se realiza pelos seios pericardial, perivisceral, perineural e outras
lacunas.
 A Vascular - Se processa através do vaso dorsal.

OBS.: O sistema circulatório dos insetos não desempenha as funções de transporte de O2 e


CO2, como acontece nos animais superiores, e sim no transporte de materiais nutritivos,
hormônios, produtos da excreção, etc..

OBS.: Os produtos elaborados pela digestão, atravessam as paredes do canal alimentar e


caem diretamente na hemolinfa, sendo transportados aos tecidos do corpo. Nesta
distribuição, a hemolinfa funciona como veículo, e o coração, diafragmas e outras
estruturas pulsáteis, como mecanismos propulsores.

2. ESTRUTURA DO APARELHO CIRCULATÓRIO


 Vaso Dorsal
 Hemolinfa
 Diafragmas (2)
 Sinus Ou Seios (3)
 Órgãos Pulsáteis Acessórios
Princípios de Entomologia Agrícola 79

3. VASO DORSAL

Quando bem desenvolvido é um tubo que se estende da extremidade posterior do


abdome à cabeça, ficando situado na parte dorsal do corpo. Desta forma, coleta o sangue da
cavidade abdominal e descarrega na cabeça.

Pode-se distinguir no mesmo duas porções:

Uma anterior – a AORTA - não pulsátil, que se inicia no tórax e termina abaixo ou atrás
do cérebro;

Uma posterior – o CORAÇÃO - pulsátil, localizado no abdome e freqüentemente, na


parte posterior do tórax.

4. HEMOLINFA - É o líquido circulante do corpo dos insetos (sangue). Conta de uma parte
líquida, chamada plasma ou hemolinfa e outra figurada formada pelos
hemócitos, também denominados leucócitos ou amebócitos, que são
inclusões celulares.
Ele irriga livremente todos os tecidos internos do corpo destes indivíduos,
penetrando nas pernas, asas, antenas, genitálias externas e outros
apêndices.

OBS.: O PLASMA ou HEMOLINFA - Em geral, é transparente ou incolor, mas devido à


presença de pigmentos, pode apresentar tonalidade amarela (xantofila), castanha,
verde (clorofila), laranja e vermelha (hemoglobina).

OBS.: Em casos raros, a hemolinfa contém hemoglobina (lavras de Diptera - chironomidae),


e hemocianina, que veiculam o oxigênio.

Os elementos celulares figurados (hematócitos), ocorrem em variedades tão grandes


que é impossível dar uma descrição satisfatória deles. Na classificação adotada por Paillot,
recolhecem-se 3 tipos gerais de hematócitos, de características morfológicas fixas, mas de
tamanho celular, variável com a espécie de inseto. São eles:

a) Micronucleócito - É um hematócito fagócito. O núcleo é pequeno, e às vezes, o


citoplasma apresenta granulações eosinófilas. Torna-se azul-
claro na presença do corante GIEMSA.
Princípios de Entomologia Agrícola 80

b) Macronucléocito - É um hematocitos não fagócitos cujo citoplasma se torna azul-


escuro com o corante GIEMSA. Possui núcleo grande.

c) Oenocitóide - É um hematócito de forma, não fagócito e dotado de abundante


quantidade de citoplasma.

OBS.: Estes hematócitos reproduzem-se por mitose, e somente os micronúcleo, apresentam


atividade fagocitária.

5. DIAFRAGMAS

São dois septos de natureza fibro-muscular, que quando completamente desenvolvidos,


dividem a cavidade geral do corpo do inseto ou hemocele, em três cavidades (sinus ou seios).

 Diafragma Dorsal – é septo principal, localiza-se acima do canal alimentar,


estendendo-se através da cavidade abdominal.

 Diafragma Ventral – localiza-se abaixo do canal alimentar, estendendo-se
através da cavidade abdominal, acima dos gânglios da corda nervosa ventral.

6. SEIOS

 Pericardial ou Dorsal – é o espaço sanguíneo limitado pelo diafragma dorsal.


 Perineural – é o espaço limitado pelo diafragma ventral.
 Perivisceral ou Visceral – é a cavidade existente entre os seios dorsal e ventral,
contendo os principais órgãos internos: tubo digestivo e
órgãos da reprodução.

7. ÓRGÃOS PULSÁTEIS ACESSÓRIOS

Tem a função de impulsionar a hemolinfa para o interior de órgãos distantes do vaso


dorsal. Portanto, tais órgãos funcionam como propulsores da hemolinfa.
Tais órgãos encontram-se situados na base das antenas, das asas e das pernas, no
meso e metatórax.

OBS.: Nos insetos em que os órgãos pulsáteis estão ausentes, a circulação nos apêndices
pode se realizar de diversas maneiras:

a) por movimentos musculares do próprio apêndice;


b) por alteração da pressão no abdome, devido aos movimentos respiratórios;
c) devido à alta pressão do seio perineural – neste caso a hemolinfa corre através das
pernas para os seios periviscerais, onde a pressão é menor;
d) por movimentos ondulatórios do diafragma ventral, quando bem desenvolvido,
empurrando a hemolinfa para trás e para o lado.
Princípios de Entomologia Agrícola 81

8. HEMOLINFA

8.1. Constituintes mais Importantes

a) Água
b) Sais Inorgânicos – Na, K, Ca, S, Mg, Cl, P, Cb, Fe, Al, Zn, Mn, etc...
c) Materiais Nitrogenados Residuais – ácido úrico (principal), uréia, amônia (insetos
aquáticos).
d) Ácidos orgânicos – sucinato, malato, fumarato, citrato, lactato, piruvirato e alfa-
ketoglutarato.
e) Carboidratos – em forma de glicoproteínas (quando combinados com proteínas); em
forma de açucares – trehalose, glicose, frutose, ribose, etc...;
glicogênio; glicerol (insetos de clima frio)
f) Lipídeos – em forma de lipoproteínas ou em partículas de gorduras;
g) Aminoácidos – na forma livre em grande concentração, obtidos dos alimentos ou
sintetizados pelos próprios insetos;
h) Proteínas – lipoproteínas e glicoproteínas; enzimas – lipase, sacarase, protease,
amilase.
i) Pigmentos – hemoglobina, kathemoglobina (insetos hematófagos); carotenos e
xantofilas (insetos fitófagos); riboflavina e fluorcianina; clorofila.
j) Gases – CO2 e O2, em baixa concentração.

8.2. Funções
a) Regulação da pressão interna do corpo; expansão das asas, espiritromba, etc..
b) Reserva de água
c) Distribuição e transporte de nutrientes, aminoácidos, hormônios, etc...
d) Proteção – desintoxicação, através da metabolização de produtos tóxicos em não
tóxicos.
e) Excreção
f) Respiração – transporte de O2 e CO2
g) Lubrificação – facilitando os movimentos de várias estruturas.
Princípios de Entomologia Agrícola 82

SISTEMA NERVOSO

1. INTRODUÇÃO

O sistema nervoso dos insetos tem origem ectodermal, e pode ser dividido e estudado
anatomicamente, de acordo com as divisões a seguir, correspondentes às suas partes gerais.
Contudo, vale salientar que estas partes estão interligadas e formam um conjunto harmonioso e
indiviso.

 Sistema Nervoso Central - Tem ação sobre todos os fenômenos sensoriais e


locomotores, promovendo-lhe a coordenação.
 Sistema Nervoso Visceral ou Simpatético - Preside todos os órgãos de vida
vegetativa.
 Sistema Nervoso Periférico - Constituído por terminações nervosas, que formam
uma trama nervosa sob a epiderme.
 Órgãos dos Sentidos

2. SISTEMA NERVOSO CENTRAL

Tem a seguinte constituição:


 Uma massa ganglionar - glândulos cerebrais no cérebro.
 Dois cordões nervosos - colar esofagiano
 Massa glânglionar - gânglios sub-esofagiano.

2.1. CÉREBRO – É o gânglio central e dorsal da cabeça. Localizado acima do esôfago e


apoiado sobre o tentório. É o centro de associação dos principais órgãos dos sentidos situados
na cabeça, com os neurônios motores das regiões da boca, do tórax e do abdome.

O cérebro apresenta 3 lóbulos, formado pela união das 3 gânglios primitivos:

a) Protocérebro - inerva os olhos, formando os lóbulos óticos.


b) Deutocérebro - inerva as antenas.
Princípios de Entomologia Agrícola 83

c) Tritocérebro - inerva o lábio superior.

2.2. GÂNGLIOS SUBESOFAGIANOS

É um gânglio ventral e central da cabeça, e consta pelo menos dos seguintes gânglios:

Mandibular - inerva as mandíbulas


Maxilar - inerva as maxilas
Labial - inerva o lábio inferior.

2.3. CADEIA NERVOSA VENTRAL

É uma série de gânglios dispostos aos pares, e seus conectivos, situados no seio
perineural. Inclui os gânglios torácicos e abdominais.

Conectivos são nervos longitudinais em pares, os quais ligam os diversos gânglios da


cadeia ventral.

a) gânglios torácicos - tipicamente um, entretanto podem se fundir em um só. Enervam


as pernas e as asas.

b) gânglios abdominais - tipicamente cada urômero é promovido de um gânglio, mas


também aqui, pode ocorrer fusão.

OBS.: Tanto os gânglios torácicos como os gânglios abdominais, apresentam controle


local sobre certas atividades dos seguintes.
Princípios de Entomologia Agrícola 84

OBS.: Os nervos da cadeia ventral são constituídos de 2 tipos de fibras, as fibras sensóriais
e fibras motoras.

3. SISTEMA NERVOSO VISCERAL OU SIMPATÉTICO

Também chamado sistema nervoso simpátrico (simpático), funciona a revelia da


“vontade do inseto”. É constituído de 2 partes principais:

 Os gânglios e nervos do aparelho digestivo.


 Os gânglios do parelho respiratório e circulatório.

4. SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO

Compreende todos os nervos que saem dos gânglios do sistema nervo central e do
sistema nervoso visceral, formando uma delicada trama de fibras e células nervosas situadas
sob a epiderme.

5. ÓRGÃOS SENSÓRIAIS

Segundo Comstock (1966), os órgãos sensoriais podem ser agrupados na seguinte


maneira.
a) Órgãos sensoriais mecânicos - órgãos tácteis e auditivos
b) Órgãos sensoriais químicos - órgãos gustativos e olfativos.
c) Órgãos visuais - olhos composto e os simples.
Princípios de Entomologia Agrícola 85

SISTEMA MUSCULAR

1. INTRODUÇÃO

Os músculos são órgãos especializados em transformar a energia fornecida pelos


alimentos em energia cinética (calor e movimento).

Nos insetos os músculos são geralmente translúcidos, cinzas ou mesmo incolores,


muitas vezes com tonalidades amarela, alaranjada ou castanha.

O ponto de ligamento na base estacionária é a de origem do músculo, e aquele à


parte móvel é a inserção do músculo.

2. CLASSIFICAÇÃO

Quanto à estrutura os músculos nos vertebrados podem ser lisos, estriados e cardíacos.
Nos insetos todos os músculos são estriados, e tais estrias são normalmente nítidas e bem
visíveis. Contudo, pode acontecer das estrias não serem tão visíveis.
Nos insetos os músculos podem ser divididos em 2 grupos:

2.1. Músculos do Esqueleto ou Tegumentares

São aqueles que formam áreas distendidas entre as articulações da parede do


corpo e atuam movimentando um segmento sobre o outro;

2.2. Músculos Viscerais

São aqueles que atuam sobre os órgãos internos. Não exibem geralmente simetria
e sua arrumação no corpo não obedece à segmentação (simetria bilateral do corpo). Exemplos:

a) Músculos Abdominais – longitudinais, laterais, transversais e especiais;


b) Músculos Torácicos – longitudinais, dorso-ventrais, pleurais, esternais e os
músculos intrínsecos das pernas;

c) Músculos Cefálicos – os principais são: os cervicais, os músculos das peças


bucais e o das antenas;

d) Músculos do Vôo – os movimentos do vôo são realizados por dois grupos de


músculos: os indiretos e os diretos.

d.1) Músculos indiretos – são geralmente os maiores e formam dois grupos: 1


par de músculos dorsoventrais (tergoesternais) e 1 par de músculos
longitudinais (tergais); a rápida alternância de contrações destes
músculos obriga as asas a se elevarem e abaixarem.

d.2) Músculos diretos – são basicamente, os músculos epipleurais e os


axilares, que promovem os movimentos para frente e para trás das asas.
Princípios de Entomologia Agrícola 86
Princípios de Entomologia Agrícola 87

APARELHO REPRODUTOR DOS INSETOS

1. INTRODUÇÃO

As estruturas reprodutivas dos insetos localizam-se no abdômen. A maioria dos


insetos é DIÓCOS e muito raramente, hermafroditas.
A forma e estrutura dos órgãos reprodutivos variam muito nos insetos adultos. No início
de sua formação embrionária os órgãos reprodutores masculinos e femininos são iguais e sua
diferenciação se dá mais tarde. Nas ordens mais primitivas esta semelhança permanece,
mesmo no estágio adulto.
As gônadas formam um par de estruturas mesodérmicas, envolvidas por sacos
celômicos, que formam osgonodutos nos insetos.
Primitivamente os gonodutos abrem-se separados com em Ephemeroptera. Nos insetos
mais evoluídos os gonodutos juntam-se formando uma passagem única. Esta é de origem
ectodérmica (oviduto comum e vagina na fêmea e ducto ejaculatório no macho).
Nos machos a abertura genital ou gonóporo abre-se, geralmente através do nono
esterno, no ápice do edeago ou órgão copulador; na fêmea o gonóporo abre-se sobre ou atrás
do 80 ou 90 esterno.

2. OS ÓRGÃOS REPRODUTORES DO MACHO E DA FÊMEA SÃO RELACIONADOS


ABAIXO:

2.1. Órgãos reprodutores do macho.

a) Um par de testículos composto por folículos ou tubos testiculares.


b) Um par de vasos deferentes.
c) Vesículas seminais.
d) Ducto ejaculatório mediano.
e) Glândulas acessórias.

2.2. Órgãos reprodutores da fêmea.

a) Um par de ovários compostos por ovaríolos.


b) Um par de ovidutos.
c) Cálices.
d) Oviduto comum e vagina.
e) Glândulas acessórias.
f) Espermateca e Bolsa compuladora.
g) Ovipositor.

2.3. A Genitália ou Gonodossoma da fêmea

É essencialmente composta de:

a) Grupo de ovaríolos que em conjunto formam o ovário cuja principal função é a


produção de ovos.
b) Espermateca, cuja função principal é o armazenamento do esperma.
c) Ductos, com função de expulsão dos ovos.

Geralmente há dois ovários, simétricos, um a cada lado do tubo digestivo. Em certos


afídeos a fêmea sexuada tem um só ovário com um só ovaríolo; o outro é atrofiado. O maior
número de ovaríolos é encontrado em Isópteros do gênero Eutermes, com mais de 2.400;
Princípios de Entomologia Agrícola 88

certos Coleópteros e Himenópteros têm dois ovaríolos em cada ovário; em Lepidópteros, há


comumente quatro em cada ovário.

3. O GONADOSSOMA TÍPICO DA FÊMEA CONSTA DE:

3.1. OVARÍOLOS. É um tubo alongado em que os ovos em desenvolvimento são


dispostos um atrás do outro, em uma simples cadeia; os oócitos mais velhos estão situados
próximos a união com o oviduto.

Cada ovaríolo com três regiões:

a. Filamento terminal. É o filamento apical do ovaríolos. O conjunto de filamentos forma


um só, que tem como função manter firme e numa determinada posição o ovário.

b. Germário, logo abaixo do filamento terminal, onde se localizam as células


germinativas primordiais.

c. Vitelário, é a maior porção do ovaríolo e contém as células germinativas e nutritivas,


quando presentes. É a área de formação dos ovos, propriamente dita. O vitelário abre-se,
geralmente, para uma porção mais alargada do ovaríolo, que serve para armazenar os ovos,
prontos para a postura. O ovaríolo está ligado ao ovidor por um curto ducto, chamado pedicelo,
que em conjunto formam o cálice. Os pediceles abrem-se no oviduto.

3.1.1. TIPOS DE OVARÍOLOS

Segundo a presença ou ausência de células nutritivas e a sua localização,


temos dois tipos de ovaríolos:

a) Tipo panoístico. Sem células nutritivas. É um tipo muito primitivo. Encontrado


em isópteros, odonatos, orthópteros e siphonápteros.

b) Tipo Merístico. Com células nutritivas, com duas subdivisões:

 Politrófico – as células nutritivas se alternam com os oócitos. Em


Lepidópteros, Neurópteros, Dipteros, Coleópteros (Adefhaga)
 Acrotrófico – as células nutritivas estão no áspice do ovaríolo. Em
coleópteros (Polyphaga) e Hemípteros.

3.2. DUCTOS GENITAIS. Geralmente as fêmeas têm dois ovidutos que se ligam
medianamente, formando um oviduto ímpar, que se abre na vagina, através do gonóporo. Na
vagina também desemboca a espermateca e a bolsa copuladora.

3.3. ESPERMATECA. Semelhante a um saco e serve para armazenamento de


esperma. Somente está ausente em alguns casos.

3.4. GLÂNDULAS ACESSÓRIAS. Um ou dois pares de glândulas acessórias que


fabricam materiais adesivos para fixação ou cobertura dos ovos.

OBS.: As glândulas venenosas dos himenópteros são glândulas acessórias (ou


coletéricas) modificadas.

3.5. BOLSA COPULADORA. É uma bolsa para recepção do esperma antes de passar
para a espermateca (Lepidoptera).
Princípios de Entomologia Agrícola 89

4. GONADOSSOMA DO MACHO

A organização geral é semelhante a da fêmea. Essencialmente consiste em:

a. Um par de testículos;
b. Ductos;
c. Armazenadores de esperma.

Cada testículo consiste em um grupo de tubos testiculares, onde se formam os


espermatozóides. Cada tubo testicular abre-se através de curto canal eferente em um canal
deferente que se abre na vesícula seminal que tem função armazenadora de eapermatizóides.
Da vesícula seminal sai um ducto (gonoduto), que se junta a outro ducto proveniente da outra
vesícula, originando-se o ducto ejaculatório, ímpar. Este atravessa internamente o edeago.

Glândulas acessórias abrem-se no ducto (gonoduto).


Princípios de Entomologia Agrícola 90

TAXONOMIA E REGRAS DE NOMENCLATURA ZOOLÓGICA APLICADA A ENTOMOLOGIA

1. INTRODUÇÃO

Para facilitar o estudo dos animais e para que se possa falar a seu respeito foi
necessário denomina-los e descreve-los, reconhecendo suas similaridades e diferenças.
As relações entre os seres podem ser por associação por contigüidade e por
semelhança.
Uma associação por contigüidade é, por exemplo, a existente entre:
 Planta e solo onde vive;
 O coelho e a raposa que o persegue;
 Os órgãos de um indivíduo, etc...
A associação por semelhança é o fato de juntar coisas diferentes devido possuírem uma
ou mais características em comum. Exemplo:
 Animais que têm pêlo e mamas, num grupo que denominamos Mamíferos;
 Animais que exoesqueleto e apêndices articulados, num grupo que denominamos
Artrópodes;
 Animais que 6 pernas e corpo dividido em 3 partes, num chamado Insecta; etc...

2. TAXONOMIA E SISTEMÁTICA

2.1. Taxonomia

Do grego: TAXIS = ordem, disposição; NOMOS = lei. Portanto, etimologicamente


taxonomia, quer dizer: dispor segundo uma lei ou princípio.

 É o estudo dos métodos e teorias que agrupam os seres vivos, sua classificação,
identificação, descrição e nomenclatura.
 É a ciência que descreve e dá nome as categorias taxonômicas.
 É o estudo teórico da classificação, incluindo as respectivas bases, princípios,
normas e regras. Podemos dizer que os organismos são a matéria prima da
classificação e as classificações são a matéria prima da taxonomia.

A taxonomia tem sido definida como a forma de organizar a informação biológica


com base nos mais diferentes métodos:

 Feneticismo – trabalha só com o fenótipo;

 Cladismo – trabalha com o fenótipo + a parte embrionária (relação filogenética);

 Taxonomia evolutiva – feneticismo + cladismo + linha evolutiva;

OBS.: A linha evolutiva é traçada, com base em critérios dos tipos ecológicos,
paleontológicos, etc...

A taxonomia é, portanto uma disciplina eminentemente empírica e descritiva acumula


fenômenos, feitos, objetos e a partir dessa acumulação gera as primeiras hipóteses
explicativas.

O principal objetivo da taxonomia é ordenar os seres vivos em grupos de tal modo


que esses grupos se aproximem de algum modo ou possam refletir a ordem existente na
Princípios de Entomologia Agrícola 91

natureza. Portanto, descrever e propor novos táxons de espécies e categorias taxonômica


superiores.

2.2. A Sistemática

É o estudo científico das formas dos organismos, sua diversidade e as relações entre
eles.
Para que o estudo científico dos organismos, sua diversidade e as relações entre
eles seja possível, é necessária uma atividade de classificação e nomenclatura.

A sistemática é a ciência da diversidade, quer dizer, da organização do conjunto total do


conhecimento sobre os organismos. Inclusive informações filogenéticas, taxonômicas,
ecológicas ou paleontológicas. É uma disciplina de síntese, de abstração de conceitos, de
enunciados de teorias explicativas dos fenômenos observados. Portanto, tem em si, um fundo
teórico que supera ao da taxonomia e uma vocação conjetural ou de fazer prognósticos.
Seu principal objetivo é, portanto propor uma classificação que sintetize a história
evolutiva do mundo orgânico.

OBS.: Taxonomia não sinônimo de Sistemática, pois além da sua classificação, esta ultima
compreende também o estudo da diversidade dos organismos, as relações entre eles,
sua origem e evolução.

3. CATEGORIAS TAXONOMICAS OBRIGATÓRIAS

Nas classificações zoológicas, os animais são distribuídos conforme seus caracteres,


em grupos que denominamos TAXONS.
Os níveis em que os táxons estão dispostos são denominados CATEGORIAS, que
podem ser PRINCIPAIS (em negrito) ou SECUNDÁRIAS.
FILO
Subfilo

Superclasse
CLASSE
Subclasse

Superordem
ORDEM
Subordem

Superfamília
FAMÍLIA
Subfamília

Tribo
Subtribo

GÊNERO
Subgênero

ESPÉCIE
Subespécie
Princípios de Entomologia Agrícola 92

4. ESPÉCIE (do Latim Species = Tipo)

A categoria básica sobre a qual se baseia toda a classificação animal é a espécie.


Podemos encontrar vários conceitos de espécies: Tipológica, Nominalista e Biológica.

 Espécie Tipológica – segundo este conceito a diversidade observada no universo


reflete a existência limitada de “tipos” fundamentais e universais. Os indivíduos são
meras expressões de um “tipo”.

 Espécie Nominalista – as espécies são abstrações feitas pelo o homem e só existem


os indivíduos. Baseia-se no fato de que a natureza produz indivíduos; as espécies
não existem na natureza e são apenas idéias da mente e nada mais ....

 ESPÉCIE BIOLÓGICA – este conceito baseia-se no fato de que os indivíduos duma


espécie formam uma comunidade reprodutiva, ecológica e genética. Logo, de
acordo com este conceito, espécie é uma população de animais de determinada da
área, onde ocorrem cruzamentos com produção de prole fértil e são
reprodutivamente isolados de outros grupos (normalmente não se cruzam com
representantes de outros grupos).

SUBESPÉCIE (Raça Geográfica) – é um agregado da população composta de


indivíduos fenotipicamente semelhante, e que ocupa uma subdivisão da área de distribuição da
espécie e difere taxonomicamente de outras. É um conceito geográfico.

 BIÓTIPOS – grupos de uma espécie que desenvolveram adaptações fisiológicas.

Exemplo: o uso de inseticidas continuamente numa espécie fazendo com apareçam


grupos resistentes, dentro de uma população.

5. NOMENCLATURA ZOOLÓGICA

As regras de nomenclatura para os insetos tiveram início de sua vigência em primeiro de


janeiro de 1758, na décima edição do SISTEMA NATURAE, publicada pelo sueco pai da
biologia sistemática Carl Von Linné (Linnaeus). Nesta obra Lineu introduziu a Nomenclatura
binominal, isto é, cada espécie recebia um nome, composto de dois termos: um nome
genérico (GÊNERO) e um epíteto específico (ESPÉCIE).

Hoje, a nomenclatura zoológica está ampliada, de maneira que além da Binominal,


contamos com nomes Uninominais, Trinominais e Tetranominais.

Atualmente o Código Internacional de Regras de Nomenclatura em vigor, está dividido


em 18 capítulos, além de 6 apêndices, a saber:

a) Código de Ética;
b) Transliteração e Latinização de Palavras Gregas;
c) Latinização de Nomes Geográficos e Próprios;
d) Recomendação para Formação de Nomes;
e) Recomendações Gerais
f) Constituição da Comissão Internacional de Nomenclatura Zoológica.

O CINZ tem por finalidade promover a estabilidade e a universalidade do nome científico


dos animais de tal modo que só tenham um nome e adota como norma fundamental à lei de
Prioridade.
Princípios de Entomologia Agrícola 93

OBS.: Lei de Prioridade – nome válido de um táxon é o nome disponível mais antigo aplicado
a ele e que não seja anterior ao ano de 1758, e que não seja invalidado por quaisquer
disposições do CINZ.

6. NOMEAÇÃO DOS TAXONS

O CINZ disciplina os nomes dos táxons do grupo Família (Tribo, subfamília e


superfamília); Gênero (Gênero e subgênero) e Espécie (Espécie e subespécie).
Os nomes dos táxons podem ser uninominais, binominais, trinominais e tetranominais.

6.1. Uninominais

Estes são expressos por uma só palavra, um substantivo, e servem para nominar as
categorias de FILO até SUBTRIBO, ao quais devem ser escritos com inicial maiúscula e não
são “grifados” (i.é, não destacados no texto); já para o táxon Gênero, escrito uninominal,
este deve ser escrito com inicial maiúscula e “grifado”.

Exemplos:

Categorias Superiores ao Gênero

Curculion____ (ina) …….. Subtribo


( ini ) ......... Tribo
( inae ) ….. Subfamília
( idae ) ..... Família
( oidea ) ... Superfamília

Gênero: Cosmopolite sp.

Cosmopolites spn.

Cosmopilites spp.

6.2. Binominais

Estes nomes são utilizados para designar táxons da categoria ESPÉCIE. O nome da
espécie deve ser sempre grifado, isto é, escrito em destaque no texto.

Gênero – deve ser uma palavra única (substantivo), singular, começando com letra
maiúscula;

Espécie – é meramente um aditivo modificador, não tem significado sozinho, uma vez
que muitos gêneros podem ter o mesmo epíteto especifico. É uma palavra única ou composta,
começando com letra minúscula e colocada após o gênero, devendo concordar
gramaticalmente com o mesmo. É um adjetivo.

Exemplos:

- Curculio sordidus

- Curculio sordidus Germar, 1936


Princípios de Entomologia Agrícola 94

* Hoje: Cosmopolites sordidus (Germar, 1936)

6.3. Trinominais

Estes nomes são adotados para as categorias SUBGÊNERO e SUBESPÉCIE. Devem


ser todos grifados.

Exemplos:

Subgênero: Atta (Opaciceps) rubropilosa


Subespécie: Papilio thoas thoas e Papilio thoas brasiliensis

6.4. Tetranominais

Estes são formados por 4 termos: gênero, subgênero, espécie, subespécie. Todos
devem ser grifafos.

Exemplo:
Partamona (Partamona) Cupira helleri (abelha Meliponinae)

6.5. Nomes Interpolados

Termos escritos entre GÊNERO e ESPÉCIE ou entre ESPÉCIE e SUBESPÉCIE,


significam respectivamente, agregados de espécie dentro do gênero e agregados de outras
subespécies dentro da espécie.

Exemplos:
Ornithoptera (priamus) priamus
Melicta athalia (nevadensis) nevadensis

7. OUTROS TERMOS EM NOMENCLATURA ZOOLOGICA

7.1. Tipo

É o padrão de referência que determina com precisão a aplicação de um nome


científico. Assim quando uma espécie ou subespécie é descrita, um dos espécimens deve ser
escolhido como “espécimen padrão”, isto é, como o “tipo”.

O “tipo” de um gênero ou subgênero é uma espécie-tipo e o tipo de uma família ou


subfamília é um gênero-tipo.

7.2. Holótipo

É a denominação que recebe o “tipo” de uma espécie ou subespécie;

7.3. Sintipos

São todos os espécimens de uma série – tipo e são considerados em conjunto como
“tipo” do grupo-espécie, quando o táxon do grupo espécie não tem holótipo ou lectotipo.

Lectótipo – é um espécimen escolhido como “tipo” da espécie, dentre os sintipos.


Princípios de Entomologia Agrícola 95

7.4. Neótipos

Quando o holótipo, o lectótipo ou sintipo de um táxon animal do grupo-espécie foram


perdidos, um autor pode designar um espécimen como substituto do tipo, sendo este
denominado neótipo.

7.5. Parátipos

São assim nominados os espécimens de uma série tipo, não incluindo o holótipo.
Princípios de Entomologia Agrícola 96

ORDEM ORTHOPTERA

1. INTRODUÇÃO

Orthoptera (Olivier, 1789), do grego: Ortho = Reto; Pteron = Asa, nome alusivo à forma
ou disposição das asas anteriores sobre o corpo, quando o inseto em repouso. Esta odem
compreende mais de 20000 espécies conhecidas.

2. CARACTERÍSTICAS DA ORDEM

 Aparelho Bucal: Mastigador


 Antenas: Filiforme ou Setácea
 Pernas Metatorácicas: Saltatórias
 Asas Mesotorácicas: Tégminas
 Tipo de Desenvolvimento: Paurometabolia

OBS.: Embora alguns autores incluam ainda na ordem orthoptera as BARATAS, os LOUVA-A-
DEUS e os BICHOS-PAU, a maioria dos textos hoje consideram tais insetos, como
pertencentes a outras ordens:

 BLATTODEA ou BLATTOPTERA –
(do Latim: Blatta = nome genérico da
Barata ou inseto que evita a luz. Alusivo ao
fototropismo eminentemente negativo
desse insetos).

 MANTODEA ou MANTOPTERA –
(do grego: Mantis = profeta; Eidos = forma.
Aparência, nome alusivo à aparente atitude
beatifica, de um profeta em oração).

 PHASMIDA ou PHASMATODEA –
(do gredo: Phasma = espectro, fantasma.
Nome alusivo ao aspecto bizarro ou
horripilante de algumas espécies, quando
comparadas com os demais insetos).
Princípios de Entomologia Agrícola 97

ORDEM HEMIPTERA

1. INTRODUÇÃO

Hemiptera (Linnaeus, 1758), do grego: Hemi = Metade; Pteron = Asa, nome alusivo à
estrutura das asas anteriores dos percevejos, as quais apresentam aproximadamente a metade
basal endurecida e a metade apical membranosa. As características desta ordem são bastante
variáveis entre seus representantes, de maneira que, em ralação:

 Tamanho e forma do corpo: diminutos a muito grandes; extremamente variável;


 Aparelho bucal: sugador labial pungitivo; palpos labiais degenerados;
 Olhos e ocelos: número variável;
 Antenas: formas variáveis e escondidas em alguns;
 Asas: usualmente 2 pares; em muitos indivíduos são ausentes;
 Pernas: formas variáveis (maiorias ambulatórias); tarsos com 2 ou 3 segmentos;
 Abdome: cercos ausentes.

Anteriormente, incluía-se em Hemiptera apenas os percevejos fitófagos, predadores e


sugadores de sangue (maria-fedida ou fede-fede, barata d’água, barbeiro, etc..). Todavia, hoje
esta ordem reúne também os representantes da antiga ordem Homoptera - cigarras,
cigarrinhas, pulgões, cochonilhas, mosca-branca, etc.
Atualmente, porém, a ordem Hemiptera está dividida nas subordens Heteroptera
(percejevos) e Homoptera (cigarras, cigarrinhas, pulgões, cochonilhas, mosca-branca, etc.).
Como tais subordens são relativamente grandes, com representantes muito heterogêneos,
tanto em formas com em hábitos, as mesmas serão apresentadas separadamente.
Princípios de Entomologia Agrícola 98

ORDEM COLEOPTERA

1. INTRODUÇÃO

COLEOPTERA (Linnaeus, 1758), do grego: Koleos = Bainha, estojo; Pteron = Asa. Nome
alusivo ao primeiro par de asas – os ÉLITROS, os quais foram transformadas num estojo
protetor, do segundo par de asas e do resto do corpo.
Insetos vulgarmente chamados BESOUROS, e largamente conhecidos, através dos seus
representantes mais comuns, tais como vaga-lumes, serra-paus, vaquinhas, joaninhas,
gorgulhos e carunchos, etc.
É a maior ordem de insetos, bem como do reino animal, representando o seu elevado
número de espécies, mais de 40% de toda a classe.

2. CARACTERÍSTICAS DA ORDEM

 Aparelho bucal: Mastigador; tipicamente prognata; alguns hipognata;


 Olhos compostos e ocelos: Olhos composto presentes ou ausentes; ocelos
geralmente ausentes, podendo, contudo existir 1 ou 2
em certos grupos;
 Antenas: Formas variáveis;
 Asas: Mesotorácicas do tipo élitro; metatorácicas do tipo membranosas nuas; poucas
espécies sem asas;
 Pernas: Tipicamente ambulatórias; podendo ocorrer, contudo, em algumas espécies
formas adaptadas para nadar, saltar ou cavar; o número de segmentos
tarsais é variável e taxonomicamente úteis;
 Tipo de desenvolvimento: Holometabolia
Princípios de Entomologia Agrícola 99

ORDEM LEPIDOPTERA

1. INTRODUÇÃO

LEPIDOPTERA Linnaeus, 1758, do grego: Lepis ou Lepidos = Escama; Pteron = Asa.


Nome alusivo às – ESCAMOSAS, desses insetos.
Compreende os insetos conhecidos pelo nome de BORBOLETAS e MARIPOSAS.
É a segunda Ordem de insetos em número de espécies descritas, superadas apenas pela
Coleoptera.
A importância dos Lepidópteros, sob o ponto de vista da economia agrícola, resulta dos
hábitos quase exclusivamente fitófagos das lagartas, algumas simplesmente monófagas e
outras altamente polífagas, causando prejuízos às plantas cultivadas, de maneira que, é ordem
com o maior número de pragas agrícolas. Todavia, uma espécie é útil à economia humana, o
bicho-da-seda, Bombix mori, cuja seda nenhuma outra fibra sintética conseguiu ainda superar,
com relação à beleza do seu brilho característico e a nobreza dos tecidos com ela
confeccionados.

2. CARACTERÍSTICAS DA ORDEM (adultos)

 Aparelho bucal: Sugador Maxilar (Espirotromba);


 Asas: Membranosas Escamosas;
 Olhos compostos e ocelos: Olhos compostos grandes; ocelos variando de 0 a 2;
 Antenas: Formas variáveis;
 Pernas: Tipicamente ambulatórias; tarsos com 5 segmentos;
 Abdome: Cercos ausentes;
 Tipo de desenvolvimento: Holometabolia
Princípios de Entomologia Agrícola100

ORDEM DIPTERA

1. INTRODUÇÃO

DIPTERA Linnaeus, 1758, do grego: Di = Dois; Pteron = Asa. Nome alusivo ao número de
asas visíveis nesses insetos.
Insetos grandemente conhecidos, particularmente pelas espécies domésticas comuns – as
moscas e os pernilongos (carapanãs), ou aquelas que atacam as criações de animais, como
o berne e as mutucas, ou ainda por aquelas que importunam o homem em caçadas, pescarias
ou passeios pelas zonas rurais, como os borrachudos, pium, maruins, etc...
A importância econômica sob o ponto de vista agrícola é menor, quando comparado com o
médico ou veterinário. Nos vegetais os Dípteros podem produzir deformações ou galhas; serem
encontrados no interior de frutos e troncos e minando folhas; entretanto, existem espécies úteis
no controle biológico – parasitóides e predadores.

2. CARACTERÍSTICAS DA ORDEM

 Aparelho bucal: Sugador Labial Pungitivo e Não Pungitivo;


 Asas: Anteriores membranosas nuas e posteriores atrofiadas – balancins ou halteres;
 Olhos compostos e ocelos: Olhos presentes; ocelos podem variar de 0 a 3;
 Antenas: Aristada (moscas); filiforme e plumosa (mosquitos); estiliforme (mutucas);
 Pernas: Tipicamente ambulatórias; tarsos com 5 segmentos;
 Abdome: Cercos podem estar presentes ou ausentes;
 Tipo de desenvolvimento: Holometabolia
Princípios de Entomologia Agrícola101

ORDEM HYMENOPTERA

1. INTRODUÇÃO

HYMENOPTERA Linnaeus, 1758, do grego: hymen = Membrana, Casamento; Pteron =


Asa, Vôo. Nome alusivo as asas membranosas nuas desse insetos ou à união sexual das
abelhas, que é realizada quando se acham em vôo.
Do ponto de vista humano, esta ordem talvez seja, a mais útil de toda a classe Insecta,
devido possui o maior número de insetos predadores e parasitóides (parasitos) de outros
insetos-pragas, bem como, apresentar importantes polinizadores de plantas, como as abelhas e
mamangavas; os venenos de abelhas e vespas também tem sido largamente utilizados na
medicina; sem falar no papel que formigas exercem na ciclagem da matéria orgânica e aeração
dos solos. Contudo, existem também espécies nocivas do ponto de vista agrícola, como as
formigas cortadeiras – saúvas e quenquéns; a recém introduzida vespa-da-madeira, que ataca
Pinus; a abelha Irapuá, que danifica diversas frutíferas.

2. CARACTERÍSTICAS DA ORDEM

 Aparelho bucal: Lambedor (abelhas, mamangavas) ou mastigador (formigas e


diversas vespas);
 Asas: Anteriores e posteriores membranosas nuas;
 Olhos compostos e ocelos: Olhos compostos usualmente bem desenvolvidos;
comumente 3 ocelos, podendo estar ausentes em alguns;
 Antenas: Variáveis, sendo mais comum o tipo geniculada; podendo-se encontrar os
tipos filiforme e fusiforme;
 Pernas: Tipicamente ambulatórias podendo-se observar em algumas espécies pernas
adaptadas para a coleta de pólen; tarsos usualmente com 5 segmentos;
 Abdome: É séssil na subordem Symphyta e livre ou pedunculado em Apocrita; podendo
apresentar-se modificado para penetrar em tecido vegetal, para serrar ou
ferroar;
 Tipo de desenvolvimento: Holometabolia
Princípios de Entomologia Agrícola102

ORDEM ISOPTERA

1. INTRODUÇÃO

ISOPTERA (Brullé, 1832), do grego: Isos = Igual; Pteron = Asa. Nome alusivo a forma,
estrutura e nervação, muito semelhante, dos dois pares de asas, na quase totalidade desses
insetos.
São insetos bastante conhecidos, mais pelos ninhos, vulgamente chamados de “cupins”, e
pelas formas aladas conhecidas por “aleluias”, do que propriamente pela sua organização
social.
Cupim é um nome genérico e ambíguo, pois denomina tanto os insetos os isópteros alados
e ápteros, quanto os seus ninhos. Outros nomes vulgares, pelos os quais podem ser também
chamados, são: térmitas, formigas brancas, formigas de asas e formigas de natal, estes últimos
menos difundidos em nosso meio.
Do ponto de vista agrícola e doméstico, os cupins são insetos importantes. Desta forma, no
meio rural cupins subterrâneos, podem ocasionar danos consideráveis à agricultura,
danificando as sementeiras, toletes de cana, manivas de mandioca, tubérculos e raízes; mudas
de eucaliptos, café, de plantas frutíferas; raízes de abacaxi, cafeeiro, socas de cana-de-açúcar,
etc.; cupins de montículo e os arborícolas prejudicam as pastagens, dificultando os tratos
culturais, danificando mourões de cercas, cochos de madeiras, cercas de estábulos; além disso,
seus ninhos podem abrigar animais peçonhentos, como cobras e escorpiões; já no ambiente
doméstico, os cupins podem comprometer a segurança dos madeiramentos das construções
(casas), dos postes, danificar móveis, assoalhos, forros, papéis, livros, tecidos, etc...

2. CARACTERÍSTICAS DA ORDEM

 Aparelho bucal: Mastigador;


 Asas: Podem estar ausentes; quando presentes são do tipo membranosa nua, sendo
as mesmas (anteriores e posteriores) semelhantes no tamanho, textura e
estrutura;
 Olhos compostos e ocelos: Olhos compostos presentes nas formas aladas, podendo,
contudo estar ausentes nas formas ápteras; o número de
ocelos pode variar de 0 a 2;
 Antenas: Curtas; moniliformes ou filiformes;
 Pernas: Ambulatórias; tarsos apresentando entre 4 e 6 5 segmentos;
 Abdome: Genitália ausente ou fracamente desenvolvida; um par de cercos curtos;
 Tipo de desenvolvimento: Paurometabolia
Princípios de Entomologia Agrícola103

ORDEM TYSANOPTERA

1. INTRODUÇÃO

THYSANOPTERA Haliday, 1836, do grego Thysanos = franja, e Pteron = asa, nome


alusivo à franja marginal de pêlos, que orlam as asas desses insetos. Compreende aos insetos
vulgarmente conhecidos como “tripes”. São insetos essencialmente fitófagos, embora existam
algumas poucas espécies predadoras de pulgões, cochonilhas e mosca-branca, etc...;
apresentam tamanhos que podem variar de 0,5 mm a quase 15 mm de comprimento.
A importância econômica sob o ponto de vista agrícola é significativa, produzindo seu
ataque sintomas característicos nas plantas cultivadas como: hipertrofia, crespeira, queima e
queda das folhas; ferrugem dos frutos; vira-cabeça do tomateiro; clorose e nanismo; atrofia de
flores e alteração em sua coloração.

2. CARACTERÍSTICAS DA ORDEM

 Cabeça: Hipognata, livre e sem pescoço, geralmente quadrangular, com uma saliência
ventral, cônica, com a extremidade voltada para trás;
 Aparelho bucal: sugador labial triqueta (3 estiletes), conhecido como raspador
sugador ou picador sugador – é um transitório entre o mastigador e o
sugador labial; apresenta peças assimétricas;
 Olhos compostos e ocelos: Olhos compostos bem desenvolvidos, algumas vezes com
poucas facetas; Ocelos em número ded 2 ou 3 nas formas
aladas, e quase sempre ausentes nas formas ápteras;
 Antenas: filiforme ou monoliforme; com 6 a 10 artículos; sensílios circulares e córneos,
cujo número tem importância sistemática;
 Asas: Anteriores e posteriores membranosas nuas; estreitas, longas, com poucas
nervuras; pêlos mais ou menos longos em volta das margens das asas, formando
uma franja característica;
 Pernas: Ambulatórias ou cursoriais; tarsos monômeros ou dímeros;
 Abdome: É séssil, fusiforme ou cilíndróide, com 11 segmentos, sendo 10 visíveis e o
11º muito pequeno e provido de dois pequeninos escleritos, provavelmente
cercos atrofiados;
 Tipo de desenvolvimento: Paurometabolia ou por um processo particular conhecido
por remetabolia.
Princípios de Entomologia Agrícola104

INFORMAÇÕES BÁSICAS PARA A COLETA, MATANÇA, MONTAGEM E CONSERVAÇÃO


DE INSETOS

1. COLETA DE INSETOS

Coletar, montar e preservar insetos é uma excelente maneira de aprender sobre eles. É
ainda uma atividade que pode se transformar num interessante hobbie. Quase não há restrições
quanto a se coletar insetos; o mesmo não pode ser dito de outros animais, ou de plantas. Você pode
defrontar-se com restrições à coleta apenas em certos parques ou reservas nacionais. Os insetos
constituem um grupo tão abundante e que se reproduz com tanta pujança que ninguém realmente
se importa com o fato de que você irá coletar alguns espécimes.
O habitat dos insetos é o mais variado possível. Você irá encontrá-los nos mais diversos
locais, e não é preciso ir muito longe para achá-los. Comece pelo próprio quintal de sua casa,
colégio, ou nas áreas de laser. Use o tempo que lhe sobra entre as aulas; aproveite as aulas de
campo de outras disciplinas, que muitas vezes criam oportunidades únicas de coleta; esteja sempre
atento e preparado, trazendo consigo um frasco de matança. Você irá encontrar insetos diferentes
em diferentes épocas do ano; os períodos de atividade dessas criaturas variam ao longo das
estações. É verdade que os insetos são mais abundantes na época das chuvas, mas isso não
significa que estejam completamente ausentes durante os meses de estiagem. É preciso saber onde
procurar.
Muitos insetos podem ser encontrados sobre plantas. Eles estão presentes também no
ambiente doméstico, às vezes em grãos alimentícios, ou em livros e papéis, ou ainda sobre os
animais domésticos ou de estimação. Alguns insetos vivem em situações ocultas, como sob pedras,
pedaços de madeira ou cascas de árvores. Frutas caídas do pé e em decomposição contém
verdadeiras comunidades de insetos. Procure no solo, entre folhas caídas, nas copas das árvores e
em pequenos corpos e cursos d'água. Lembre-se que para a sua coleção didática os insetos não
precisam ser grandes ou vistosos; basta que estejam montados corretamente.
O equipamento mais simples que você pode utilizar para coletar insetos são suas próprias
mãos (mas, cuidados com alguns insetos, eles podem causar alergias, queimaduras, injetar
substancias toxinas ou venenosas, etc...). Contudo, outros tipos de equipamentos podem ajudá-lo
nessa tarefa. Considere os seguintes:
 REDE ENTOMOLÓGICA. Ótima para se capturar insetos em vôo, como libélulas, borboletas
e mariposas, moscas, abelhas, vespas, cigarras e outros.

 REDE DE VARREDURA. É parecida com a rede entomológica, mas a armação de metal é


mais reforçada e reta na extremidade. O saco é geralmente feito de lona ou outro tecido
resistente. A vegetação é "varrida" com ela, e assim muitos insetos acabam sendo
coletados.

 ARMADILHA LUMINOSA. Usada para a coleta de insetos noturnos. Existem vários modelos
de armadilhas luminosas

 BANDEJA D'ÁGUA. De fácil construção e emprego, a bandeja d'água consiste de uma


fôrma de bolo cujo fundo foi pintado com uma coloração atrativa qualquer, como o branco,
amarelo, verde, etc. A tonalidade da cor pode fazer toda a diferença no sucesso da coleta. A
fôrma deve ser colocada no solo e ficar cheia de água à qual se acrescentam algumas
poucas gotas de detergente, que serve para facilitar o afundamento dos insetos que nela
caírem. Os insetos capturados não devem ser deixados na água por muito tempo para que
não estraguem.

2. MATANÇA DE INSETOS

É desejável que os insetos capturados sejam mortos o mais rápido possível, evitando que se
debatam na rede ou armadilha, e acabem por danificar apêndices como antenas, pernas, asas e
Princípios de Entomologia Agrícola105

outras partes do corpo. Existem muitas técnicas que podem ser empregadas para se matar os
insetos capturados. Podemos citar:
ÁLCOOL 70%. Os insetos são simplesmente colocados no álcool 70%, aí permanecendo.
Entretanto, nem todos os insetos podem ser mortos através desse método, que deve ser usado
principalmente para insetos pequenos a médio, para insetos de corpo mole ou delicado. Exemplos
de algumas ordens de insetos podem ser mortas através de álcool 70%:

 Isoptera (cupins)
 Coleóptera (Besouros, alguns)
 Orthoptera (apenas os espécimes bem pequenos de grilos ou gafanhotos)
 Dermaptera (tesourinhas)
 Thysanoptera (tripes)
 Hymenoptera (apenas as formigas pequenas)
 Hemiptera, subordem Homoptera (apenas pulgões, cochonilhas e moscas brancas)
 Phthyraptera (piolhos hematófagos e piolhos detritívoros)
 Siphonaptera (pulgas)

O álcool 70% ou 70°GL pode ser facilmente preparado a partir do álcool 96°GL (álcool de
uso farmacêutico), ou do álcool 92,8°GL (álcool de uso doméstico) encontrado em qualquer
supermercado.
70ml de álcool 96°GL + 26ml de água = 96ml de álcool 70°GL
75ml de álcool 92,8°GL + 25ml de água = 100ml de álcool 70°GL

GASES TÓXICOS. Deve-se construir um frasco de veneno para tal fim. Sua construção é
simples: em um vidro (um frasco de maionese de 500g, vazio e com tampa, servirá muito bem)
coloca-se uma camada de gesso de uns 2 ou 3 cm; o gesso deve secar por completo, o que ocorre
em uns 2 dias. Acrescenta-se então um pouco de veneno, suficiente para umedecer (não encharcar)
o gesso. Exemplo de algumas substâncias que podem ser usadas como veneno, são:
 Éter etílico ou sulfúrico - era relativamente fácil de adquirir; como o éter é um ingrediente
usado no refino e preparo de drogas ilegais como a cocaína e os lança-perfumes, sua
aquisição tem-se tornado bastante difícil ultimamente; é muito volátil.

 Acetato de etila - pouco menos volátil que o éter, e de fácil aquisição (removedor de
esmalte de unhas, sem acetona).
Deve-se tomar o cuidado de identificar cuidadosamente o frasco com uma etiqueta onde se
leia "VENENO". Uma idéia bastante conveniente é envolver o vidro todo com fita adesiva forte (duct
tape), pois se o mesmo quebrar-se, os cacos não serão esparramados e sua eliminação tornar-se-á
mais fácil.
Os insetos são colocados dentro do frasco mortífero sobre uma folha de papel toalha ou
outro papel absorvente. O frasco deve ser fechado e os insetos devem aí permanecer somente até
que morram. A montagem deve ser feita tão rapidamente quanto possível após a morte dos
exemplares, para que não endureçam. Exemplos de algumas ordens de insetos que podem ser
mortas com gases tóxicos:
 Diptera (moscas, mutucas etc.)
 Odonata (libélulas)
 Neuroptera (formigas-leão, crisopas)
 Coleoptera (besouros)
 Hemiptera (percevejos, cigarras, cigarrinhas etc.)
 Hymenoptera (abelhas, vespas, mamangavas, formigas grandes etc.)
 Lepidoptera (borboletas e mariposas)
 Orthoptera (gafanhotos, esperanças, grilos, taquarinhas e paquinhas)
 Phasmatodea (bichos-pau, exemplares maiores)
 Mantodea (louva-a-deuses, benditos, põe-mesas)
 Blattodea (baratas)
Princípios de Entomologia Agrícola106

Uma alternativa aos gases tóxicos consiste em colocar-se o exemplar num saco plástico (Zip
Loc) bem fechado e com o mínimo de ar, dentro de um freezer (-18ºC), por tempo suficiente para
que morra. Não se esqueça de identificar o inseto dentro do saquinho com local e data de coleta, e o
nome do coletor. Alguns insetos, como certas vespinhas, possuem uma grande quantidade de
glicerol no corpo, que age como um anti-congelante, e assim esse método não funciona para matar
certos insetos mesmo após dezenas de horas de congelamento.

3. MONTAGEM DE INSETOS

Os insetos que você coletou devem ser montados tão rapidamente quanto possível, para
evitar que seus apêndices e outras partes do corpo endureçam na posição errada. Se o exemplar
ressecar e endurecer, use uma câmara úmida para amolecê-lo. A câmara úmida é feita com um
vidro de ± 5 litros de capacidade, com boca larga (vidros vazios de picles são perfeitos); no fundo do
vidro coloca-se uma camada de areia (± 3cm) misturada com bolinhas de naftalina trituradas (para
prevenir mofo). A areia é umedecida e os insetos secos são colocados no vidro sobre uma folha de
papel toalha; o vidro deve ser bem fechado; os insetos amolecem em cerca de dois dias, por causa
da umidade.
A montagem é feita com alfinetes entomológicos, que variam em espessura de 000 até 10; o
comprimento é em geral de 37 a 38 mm.
Aqui estão algumas regrinhas gerais que você deve observar ao montar seus insetos:
 O inseto deve ser espetado em posição rigorosamente perpendicular ao alfinete.
 Os apêndices como antenas e pernas devem ficar em posição simétrica.
 As antenas, quando longas, devem ser voltadas para trás e circundar o inseto.
 As pernas, principalmente P3 em gafanhotos e esperanças, devem ficar distendidas e
baixas, juntas do corpo.
 As margens anais das asas anteriores de borboletas e mariposas devem fazer um ângulo
de 90° com o eixo longitudinal do corpo.
 As margens costais das asas posteriores de borboletas e mariposas devem fazer um
ângulo de 90° com o eixo longitudinal do corpo.
 As asas de um dos lados de gafanhotos, esperanças, grilos, louva-deuses e baratas podem
ser montadas abertas.
 Os apêndices são mantidos no lugar durante a fase de secagem do exemplar através de
alfinetes-guia, que JAMAIS deverão traspassar quaisquer estruturas do inseto.

Os insetos são alfinetados em certos locais,


dependendo da ordem a que pertencem:

 Coleptera: no élitro direito perto da base.


 Hemiptera (Heteroptera): no escutelo.
 Dermaptera: no meio do élitro direito.
 Mantodea: no metatórax.
 Demais ordens: no mesotórax.

Boa Vista, RR, BRA

09 – XI – 2006

LIMA, A. C. S.

ETIQUETA
Princípios de Entomologia Agrícola107

Um inseto, ainda que bem montado, terá pouco ou nenhum valor científico se não for
etiquetado de forma correta. Pode-se colocar no alfinete quantas etiquetas forem necessárias.

É comum em coleções de museus encontrar-se insetos com mais de uma dezena de


etiquetas. Uma delas, entretanto, deve obrigatoriamente estar presente. Essa etiqueta obrigatória
deve conter as seguintes informações:

LOCAL DA COLETA (cidade, estado ou província, e país)


DATA DA COLETA (mês escrito com algarismos romanos e ano escrito com 4 dígitos)
NOME DO COLETOR (sobrenome, e iniciais)

4. CONSERVAÇÃO DE INSETOS

Os insetos que são mortos com álcool a 70% devem ser conservados dentro do próprio
frasco com álcool. Em coleções desse tipo, é preciso verificar o nível do álcool periodicamente para
evitar que o material se estrague. Os insetos mortos a seco (com gases tóxicos) são guardados em
caixas de madeira com tampa de vidro, ou em gavetas entomológicas construídas especialmente
para esse fim. As caixas ou gavetas têm fundo de isopor para fixar os alfinetes. Para evitar bolor e
ataque de outros insetos usa-se pastilhas de paraformol ou bolinhas de naftalina; a naftalina ataca o
isopor se ficar em contato direto com ele; por isso deve ser colocada dentro de uma caixinha de
papelão (o fundo de uma caixinha de fósforo é um protetor perfeito).
Se os insetos mofarem, podem ser limpos com um pincel molhado no éter ou numa mistura
de éter + xilol. Insetos engordurados podem ser limpos imergindo-se os mesmos em éter por 1 a 2
dias.
Princípios de Entomologia Agrícola108

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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Blucher, Editora da USP, 1969, 653p.

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BUZZI, Z. J., MIYAZAKI, R. D. Entomologia Didática. Editora UFPR, 1993, 262p.

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FUTUYMA, D.J. Biologia Evolutiva. Ribeirão Preto, Soc. Bras. Gen./CNPq,1992, 646p.

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BERTI FILHO, E., PARRA, J.R.P., ZUCCHI, R.A., ALVES, S.B., VENDRAMIM, J.D.,
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LARA, F. M. Princípios de Entomologia. São Paulo, Ícone, 1992, 331p.

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