Curso Auxiliar de Necropsia

AUTORA

Bruna Molina Begalli

Apostila Curso Auxiliar de Necropsia
Escola Santa Luzia

1a Edição
2022.

Escola Santa Luzia

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Curso Auxiliar de Necropsia

SUMÁRIO

AULA 1 AULA 3
1. Identidade e identificação 6
1.1. Identificação médico-legal 6 3. Identificação Judiciária 17
1.1.1. Espécie 7 3.1. Assinalamento sucinto 17
1.1.1.1. Ossos 7 3.2. Fotografia simples 17
1.1.1.2. Sangue 7 3.3. Retrato falado 17
1.1.2. Raça 7 3.4. Sistema Antropométrico de
1.1.2.1. Forma do crânio. 8 Bertillon 17
1.1.2.2. Índices cefálicos. 9 4. Exercícios 18
1.1.2.3. Envergadura. 10
5. Gabarito 19
1.1.2.4. Ângulo facial. 11
1.1.3. Sexo 11 6. Bibliografia 19
1.1.4.Idade 12
1.1.5. Estatura 12

AULA 2
1.1.6. Sinais Individuais 13
1.1.7. Malformações 13
1.1.8. Sinais Profissionais 13
1.1.9. Tatuagem 13
1.1.10. Cicatrizes 13
1.1.11. Identificação pelos dentes
13
1.1.12. Palatoscopia 13
1.1.13. Queiloscopia 14
1.1.14. Identificação por
superposição de imagens, vídeos
e registros de mídia 14

2. Impressão digital genética do DNA 14

2.1. Identificação por análise de DNA
15
2.2. Banco de dados genéticos 15

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ANTROPOLOGIA
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AULA 1
1.Identidade e
identificação
O conceito de identidade se refere
à unicidade de cada indivíduo, ou seja, ao
conjunto de características que o torna
único. Ademais, tendo em vista que, ao
nascer, todo indivíduo adquire uma
personalidade civil, com direitos e deveres
perante à sociedade, é de suma
importância que todos sejam identificados
por tais características de modo a se
evitar situações de falsidade ideológica
para aquisição de benefícios indevidos ou
esquiva de obrigações.
Nesse sentido, a identificação trata
dos processos para garantir a identidade
de uma pessoa ou coisa. Em pessoas
vivas, pode ser especialmente útil em
casos que envolvam pessoas
desaparecidas, pessoas com graus de
distúrbios demenciais e em menores de
idade. Na necropsia, a identificação é
essencial em casos de cadáveres
desconhecidos e em necropsias de
ossadas.
A sua realização passa por três
fases: um primeiro registro, um segundo
registro e a identificação propriamente
dita.
Além disso, temos fundamentos a
serem seguidos nos processos de
identificação, que são eles:
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- Unicidade. são as características
pessoais que determinam a
individualidade de cada indivíduo,
ou seja, que o torna único.
- Imutabilidade. se refere às
características que não podem se
alterar, tal como gênero e idade.
- Perenidade. características que
não se alteram, independente do
tempo.
- Praticabilidade. capacidade de se
obter e registrar tais características
e informações.
- Classificabilidade. método para
arquivar tal registro e que torna
possível a sua busca.
1.1. Identificação médico-legal
A identificação médico-legal pode
ser feita no vivo e no morto. Para este
último, a situação do corpo pode dificultar
a sua identificação e o seu
reconhecimento. Em cadáveres
espostejados ou reduzidos a fragmentos e
a ossadas para a sua identificação pode
ser necessária a utilização e investigação
de critérios antropométricos que avaliem a
espécie, raça, sexo, estatura e idade;
critérios dactiloscópicos, que serão
abordados no próximo módulo; e as
características pessoais, como presença
de próteses, cicatrizes e sinais. Além
disso, a identificação odontológica pode
ser muito útil em casos complexos, apesar
de nem sempre ser possível a sua
realização. Ou seja, a identificação se
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utiliza de métodos científicos para que se
chegue à identidade real do indivíduo.
Já o reconhecimento do corpo se
trata do ato de conhecer ou certificar-se
de que é conhecido por outrem. Assim,
pode ser, inclusive, útil submeter o
indivíduo que faz o reconhecimento a
assinatura de um "termo de
reconhecimento".
As características a serem tidas
em conta para a identificação são as
relativas à espécie, raça, sexo, idade,
estatura e sinais individuais.
A identificação por impressões
digitais, ou dactiloscopia, será vista no
próximo módulo.
1.1.1. Espécie
Distinguir se restos de
determinado corpo encontrado pertenciam
a um animal ou a um homem é a primeira
etapa da identificação. A dificuldade
dessa etapa pode variar e alguns
elementos, como os ossos e o sangue
podem ser aqui necessários:
1.1.1.1. Ossos
A análise dos ossos é baseada
nas suas características macro e
microscópicas.
Macroscopicamente, a morfologia
e dimensão do osso podem ajudar a
concluir a sua origem.
Microscopicamente, são
analisados os canais de Havers deste
osso. Essa estrutura é uma característica
histológica encontrada nos ossos,
geralmente na região compacta, em que
temos fibras colágenas formando tubos
por onde passam os vasos sanguíneos
que nutrem o osso e células nervosas. No
homem, os canais de Havers tem a forma
elíptica ou irregular, de diâmetro superior
a 3 mm e em uma quantidade média de 8
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a 10 por mm2. Em contraste, nos animais,
a sua forma costuma ser circular, o seu
diâmetro ser inferior a 25 mm e costumam
estar presentes em número elevado,
podendo chegar a 40 por mm2.
1.1.1.2. Sangue
Características morfológicas
podem dizer se o sangue é humano ou
não. Geralmente, observa-se a forma e
nucleação das suas hemácias.
Sendo da espécie humana,
pode-se seguir com a determinação do
grupo sanguíneo e até para uma
comparação de DNA, caso haja suposto
material comparativo, da suposta vítima
ou familiar.
1.1.2. Raça
De acordo com a classificação de
Ottolenghi, existem cinco tipos étnicos
principais, que são eles: caucasianos,
mongólicos, indianos, negroides e
australoides.
- Tipo caucásico.
- Pele branca ou trigueira.
- Cabelos crespos ou lisos,
louros ou castanhos.
- Íris azul ou castanha.
- Contorno crânio-facial
ovoide ou ovoide poligonal.
- Perfil facial ortognata e
ligeiramente prognata.
- Tipo mongólico.
- Pele amarela.
- Cabelos lisos.
- Face achatada de diante
para trás.
- Fronte larga e baixa.
- Arcadas superciliares
pouco salientes.
- Espaço interorbital largo.
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- Fenda palpebral pouco - Nariz curto com narinas

ampla, em amêndoa. afastadas.
- Nariz curto, largo. - Prognatismo, maxilar e
- Maxilares pequenos e alveolar.
mento saliente. - Dentes fortes.
- Maxilares desenvolvidos.
- Tipo indiano. - Cintura escapular larga;
- Pele amarela trigueira, bacia estreita.
tendendo para o
avermelhado.
- Estatura alta.
- Cabelos lisos como crina
de cavalo, pretos.
- Íris castanha.
- Crânio mesocéfalo.
- Supercílios espessos.
- Ausência de barba e
bigode.
- Orelhas pequenas.
- Nariz saliente, longo e
estreito.
- Fronte vertical.
- Zigomas salientes e largos.
- Mandíbula desenvolvida.

- Tipo negroide.
- Pele negra.
- Cabelos crespos, em tufos.
- Crânio geralmente
dolicocéfalo.
- Perfil facial prognata; fronte
alta, saliente, arqueada.
- Íris castanha.
- Nariz pequeno, de perfil
côncavo e narinas curtas e
afastadas.
- Zigomas salientes.
- Prognatismo acentuado.
- Mento pequeno.
- Tipo australoide.
- Estatura alta.
- Pele trigueira.
- Cabelos pretos, ondulados
e longos.
- Fronte estreita.
- Zigomas proeminentes.
Assim, para determinação do tipo
racial de determinada ossada, por
exemplo, podemos avaliar os seguintes
elementos:
1.1.2.1. Forma do crânio.
Trata-se do exame do crânio tendo
em conta seus contornos vertical, anterior,
posterior e laterais. Podem ser
classificados em:
- Dolicocrânios. Longos, de
cima para baixo;
- Braquicrânios. Curtos, de
cima para baixo;
- Mesocrânios. Médios, de
cima para baixo;

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- Esternocrânios. Altos e Este índice se fixa na

estreitos, de frente para puberdade e é mais homogêneo
trás; no homem do que na mulher.
- Tapinocrânios. Baixos e
largos, de frente para trás; - Índice vertical (perfil). Crânios
- Metriocrânios. altos possuem IV.Pe >75, crânios
Intermediários, de frente médios, IV.Pe >69 e <75 e crânios
para trás; baixos, IV.Pe <69.
- Hipsicrânios. Altos,
lateralmente; IV.Pe = Altura basiobregma x 100
- Platicrânios. Baixos, Longitude
lateralmente; glabelo-metalambda
- Mediocrânios.
Intermediários,
lateralmente.

1.1.2.2. Índices cefálicos.

- Índice cefálico horizontal (ICH).
Mede a relação entre a largura e o
comprimento do crânio através da
fórmula de Retzius:

𝐼𝐶𝐻 = 𝐿𝑎𝑟𝑔𝑢𝑟𝑎 𝑥 100/𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 Figura 2. Índice vertical (perfil).

- Índice vertical posterior (IV.Po).

Para IV.Pos <91,99 temos crânios
tapinocéfalos; para IV.Pos >92 e
<97,99, crânios metriocéfalos; e
para IV.Pos ≥98, crânios
estenocéfalos.

IV.Po = Altura basiobregma x 100

Diâmetro transverso máximo

Figura 1. Índice cefálico horizontal (ICH).

Para ICHs ≤75, temos

crânios dolicocéfalos, para ICHs
≥77,78 e ≤80, temos crânios
mesaticéfalos, e para ICHs ≥82,34,
temos crânios braquicéfalos.

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fêmur. Se o ITF for superior a 83,

corresponde ao tipo étnico
negroide e se for inferior a 83,
caucásico.

𝐼𝑇𝐹 = 𝑇í𝑏𝑖𝑎 𝑥 100/𝐹ê𝑚𝑢𝑟

Figura 3. Índice vertical posterior (IV.Po).

- Índice nasal (IN). Relação entre a

largura máxima das fossas nasais
e a altura násio-espinal. Quando
IN ≤47,99 temos um nariz
leptorrino, comum em negros
africanos e da Oceania; IN ≥48 e
≤52,99 temos um nariz mesorrino,
comum em amarelos; e IN ≥53
temos um nariz platirrino, comum
em brancos.

Figura 5. Índice tibiofemoral (ITF).

- Índice radioumeral (IRU). Cálculo

da divisão do comprimento do
rádio vezes 100 pelo comprimento
do úmero. Se o IRU for superior a
80, corresponde ao tipo étnico
negroide e se for inferior a 75,
caucásico.

𝐼𝑅𝑈 = 𝑅á𝑑𝑖𝑜 𝑥 100/Ú𝑚𝑒𝑟𝑜

Figura 4. Índice nasal (IN).

1.1.2.3. Envergadura.
- Índice tibiofemoral (ITF). Cálculo
da divisão do comprimento da tíbia
vezes 100 pelo comprimento do

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Curso Auxiliar de Necropsia
Figura 6. Índice radioumeral (IRU).
1.1.2.4. Ângulo facial.
Determina o prognatismo. Quanto
maior o ângulo facial, maior o
prognatismo. Jacquart mede o ângulo a
partir da fronte, passa pela linha nasal
anterior e chega a linha aurículo-espinal.
Brancos possuem um ângulo de cerca de
76,5°; amarelos, de 72°; e negros, de
70,3°. Além desse, existem os ângulos de
Cloquet e Cuvier.
Figura 7. Ângulo de Jacquart.
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1.1.3. Sexo
A determinação do sexo pode não
ser tão óbvia como pensamos. Em casos
específicos como hermafroditismo,
mutilação ou carbonização pode ser
necessária a utilização de alguns
elementos para ajudar na avaliação.
No geral, o esqueleto do homem é
maior do que o da mulher. O crânio e o
tórax fornecem dados para presunção da
conclusão. E, a pelve, ou bacia, confere
elementos diferenciais mais importantes.
O crânio feminino tende a ser mais
fino, de fronte mais vertical e mandíbula
mais discreta; o crânio masculino possui a
sua estrutura óssea mais espessa, seus
malares são mais salientes, a fronte é
mais inclinada para trás e a glabela é
mais pronunciada.
O tórax, na mulher, tem a forma
mais ovóide e, no homem, mais cônico.
A pelve masculina apresenta
dimensões verticais que predominam
sobre as horizontais e apresenta ossos
mais fortes e rugosos. A mulher, devido
ao mecanismo de parto, possui uma bacia
de maior diâmetro transversal e o seu
sacro se apresenta mais baixo.
O útero pode se preservar em
corpos carbonizados.
Figura 8. Pelve masculina.
10
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1.1.4.Idade
A avaliação da idade é realizada
de acordo com a fase da vida do
indivíduo. No feto, a determinação
intrauterina da idade é realizada através
da sua morfologia e estatura.
No primeiro trimestre o seu
crescimento é de 6 cm por mês e, do 4°
mês até a interrupção da gestação, de 5,5
cm por mês.
Após o nascimento existem alguns
"marcos" e características que precisamos
ter em conta:
- a aparência diferencia facilmente
indivíduos de polos etários
extremos, mas no período
intermediário pode ser de difícil
avaliação;
- a primeira e segunda dentições
podem ajudar na classificação da
idade, tendo em conta a cronologia
do crescimento de cada dente;
além disso, o grau de desgaste
dos dentes também pode servir de
ferramenta para a determinação
da idade;
- surgimento dos pelos pubianos
femininos por volta dos 12-13 anos
e masculinos por volta dos 13-15
anos;
- aparecimento de rugas aos 25-30
anos, principalmente em região
periorbital, nasolabial, pescoço e
fronte;
- o arco senil, faixa acinzentada ao
redor da íris, também chamado de
arco lipídico, está presente em
100% dos indivíduos acima de 80
anos;
- as suturas do crânio vão se
ossificando e desaparecendo lenta
e progressivamente; além disso,
com a idade avançada, a caixa
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craniana perde volume ósseo por
reabsorção, reduzindo o tamanho
das maxilas e mandíbula;
- pode-se utilizar também o estudo
radiológico da idade óssea, que
analisa os pontos de ossificação; a
radiografia do punho é a mais
utilizada;
1.1.5. Estatura
Trata-se da altura total do
indivíduo e varia de acordo com a raça,
sexo, idade e outros fatores.
Quando vivo, no adulto, obtém-se
a estatura através da sua medição em
posição vertical. Quando morto, no
cadáver, utiliza-se uma régua específica.
Além disso, quando estamos em posse
apenas de ossos isolados, utiliza-se a
tábua osteométrica de Broca ou as
tabelas de Étienne-Rollet, de Trotter e
Gleser, de Mendonça ou de Lacassagne e
Martin.
Assim, se, por exemplo, tivermos
um fêmur, que sabemos pertencer a um
homem, multiplicamos o seu comprimento
por 3,66 , conforme Tábua osteométrica
de Broca, ou relacionamos o valor com a
Tabela de Étienne-Rollet, ou outra, para
chegar a sua estatura aproximada.
Homens Mulheres
Fêmur 3,66 3,71
Tíbia 4,53 4,61
Fíbula 4,58 4,66
Úmero 5,06 5,22
Rádio 6,86 7,16
Ulna 6,41 6,66
Tabela 1. Tábua osteométrica de Broca.
11
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AULA 2
1.1.6. Sinais Individuais
Como sinais individuais que
podem particularizar o indivíduo, apesar
de nem sempre identificar, mas podendo
excluir, temos manchas ou verrugas. Além
disso, algumas das sessões seguintes,
como malformações, tatuagens e
cicatrizes, também podem funcionar como
sinais identificadores ou exclusivos.
1.1.7. Malformações
Trata-se de anomalias congênitas,
como lábio leporino, pé torto e polidactilia,
que ajudam na identificação/exclusão de
um indivíduo.
1.1.8. Sinais Profissionais
Sinais individuais adquiridos em
decorrência do ofício, como calosidades e
mutilações.
1.1.9. Tatuagem
De acordo com Lacassagne, as
tatuagens são "cicatrizes que falam". Elas
podem ter significados que caracterizem a
personalidade e história do indivíduo,
além de o identificar.
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1.1.10. Cicatrizes
É importante caracterizar as
cicatrizes quanto ao seu tamanho, forma,
cor, mobilidade e região que se
apresenta. Assim como as tatuagens,
podem trazer informações quanto ao
histórico do indivíduo e contribuir para a
sua identificação.
1.1.11. Identificação pelos dentes
A arcada dentária pode, também,
ser utilizada no processo de identificação
de determinado indivíduo, corpo,
carbonizado ou não, ou ossada.
Entretanto, esse método fica dependente
de um registro odontológico prévio, em
que se tem posse de um exame de
imagem com as suas características e
informações para comparação. Além
disso, os dentes podem servir como
amostra para exames genéticos.
1.1.12. Palatoscopia
Tal como a identificação pelos
dentes, a palatoscopia precisa de registro
prévio. Ela analisa as pregas palatinas, ou
céu da boca.
1.1.13. Queiloscopia
São as "impressões digitais
labiais". Analisa os sulcos labiais deixados
12
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por marcas de batom, por exemplo, em
cigarros, guardanapos ou outros objetos.
1.1.14. Identificação por
superposição de imagens,
vídeos e registros de mídia
Identificação por comparação ou
superposição de fotografias, exames de
imagem ou vídeo. Geralmente, o crânio é
a região mais comparada, tendo como
alvo os dentes, a implantação do pavilhão
auricular. Além disso, podemos ter a
comparação de registros de voz.
2.Impressão digital
genética do DNA
O material genético de um
indivíduo pode ser comparado a um livro.
Nele, estão escritas e registradas todas as
suas informações, tais como os seus
"defeitos", as suas particularidades e as
informações relativas à sua
hereditariedade familiar.
As palavras deste livro são
comparadas aos genes, que são a
unidade que fornece a informação e dá
sentido ao texto. E, as suas letras, que
formam tais palavras, são as bases
nitrogenadas. Nesse sentido, existem
quatro nucleotídeos presentes no nosso
DNA, ou ácido desoxirribonucleico, que se
combinam para formar os genes: adenina
(A), timina (T), guanina (G) e citosina (C).
Entre os indivíduos da espécie humana,
grande parte do "texto do livro" é bastante
semelhante e apenas algumas
especificidades variam, como aquelas
responsáveis pelas suas características
físicas.
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Traduzindo para uma linguagem
científica, o nosso DNA é uma molécula
orgânica que contém bases nitrogenadas,
ou nucleotídeos, e formam genes que
serão lidos e processados, gerando a sua
resposta correspondente. Por exemplo, o
gene da insulina, quando lido, vai produzir
tal proteína para a realização da sua
função.
Outro ponto importante a se ter em
mente é que a nossa informação genética
deriva da recombinação dos materiais
genéticos de nossos pais e de mutações
individuais pontuais, que geram a
variabilidade ou polimorfismo do DNA.
Assim, a probabilidade de haver dois
indivíduos no mundo com o mesmo
material genético é ínfima (exceto para
irmãos gêmeos univitelinos).
Facilmente se conclui, então, que
o DNA é a fonte de identificação mais
confiável no momento.
Para que se firme tal identificação,
então, deve-se fazer a leitura das
informações desse livro, ou seja, a
descodificação das suas "letras" e
"palavras", ou nucleotídeos e genes, e
compará-las com uma informação
referência.
Por fim, cabe ressaltar que
podemos encontrar DNA, condensados
em cromossomos, no núcleo de nossas
células e em nossas mitocôndrias. O DNA
nuclear pode ser confrontado com um
DNA referência do próprio indivíduo ou o
DNA de parentes próximos (pais e filhos).
Já o DNA mitocondrial, por ser de herança
materna, pode ser confrontado com
qualquer parente da linhagem materna.
Além disso, caso estejamos frente
um caso em que haja pouco material
genético recuperado, como no caso de
células presentes na ponta de um cigarro
ou material biológico de roupas ou
ossadas, podemos amplificar esse
material pela técnica de PCR (Polimerase
Chain Reaction).
13
Curso Auxiliar de Necropsia

cromossomo 4 FGA

2.1. Identificação por análise cromossomo 5 D5S818 e

CSF1PO
de DNA
cromossomo 7 D7S820
Os testes utilizados na
identificação por DNA analisam regiões cromossomo 8 D8S1179
gênicas variáveis entre os indivíduos, os
chamados polimorfismos de DNA. cromossomo 11 TH01
A maior parte dos nossos genes
cromossomo 12 vWA
não são codificáveis e possuem
sequências repetidas de nucleotídeos, de cromossomo 13 D13S317
modo que cada pessoa possui um padrão
de repetição diferente nessas regiões. cromossomo 16 D16S539
Entre essas regiões, temos os
minissatélites e os microssatélites. Ambos cromossomo 18 D18S51
são sequências que se repetem de
cromossomo 21 D21S11
maneira diferente em cada indivíduo. Elas
diferem no seu tamanho, sendo os cromossomo Xe AMEL
microssatélites menores (possuem de 2 a AMEL (cromossomo
6 pares de bases). A combinação de Y)
variações em um determinado locus é Tabela 2. Marcadores CODIS.
conceituada como VNTR (variable number
of tandem repeats), nos minissatélites, e
STR (short tandem repeats), nos
microssatélites. 2.2. Banco de dados
No contexto da Medicina Legal, os genéticos
STR são a primeira escolha por serem
mais abundantes no organismo humano, Com a evolução da Medicina, a
serem de análise mais rápida e fácil, utilização da Genética na identificação
possuírem elevado grau de polimorfismo e criminal e a necessidade de confrontos
existir a possibilidade de se estudar vários com amostras de suspeitos, foi
STRs em uma única reação (multiplex). desenvolvida uma ferramenta de Banco
Para que tal análise seja confiável, de Dados com DNA de pessoas
o Sistema Combinado de Índice de DNA investigadas ou condenadas por crimes
(CODIS) recomenda que se utilizem, no violentos ou hediondos.
mínimo, 13 STRs de cromossomos No Brasil, essa realidade começou
diferentes. Entretanto, diversos kits a ser implantada após a Lei 12.654/2012,
comerciais utilizam mais do que essa que prevê a coleta de perfil genético como
quantidade. Os marcadores STR mais forma de identificação criminal.
utilizados pelo CODIS são: Atualmente, o país conta com a
Rede Integrada de Bancos de Perfis
Genéticos, que é formada pelos bancos
cromossomo 2 TPOX das 19 unidades da federação, além do
banco da Polícia Federal e do Banco
cromossomo 3 D3S1358
Nacional de Perfis Genéticos (BNPG).

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BNPG em números

6.500 perfis genéticos de condenados

440 perfis genéticos de investigados

7.800 perfis genéticos de vestígios de

local de crime

559 investigações foram auxiliadas por

essa ferramenta
Tabela 3. Banco Nacional de Perfis Genéticos em
números.

O BNPG tem uma efetividade real

e tem se mostrado de extrema
importância na resolução de diversos
crimes, principalmente em homicídios e
estupros.
Apesar disso, essa ferramenta traz
diversas questões bioéticas relacionadas
ao armazenamento e às possíveis
utilizações dadas a esses materiais
biológicos.

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15
Curso Auxiliar de Necropsia
AULA 3
3.Identificação
Judiciária
A identificação judiciária se utiliza,
principalmente, de dados antropométricos
e antropológicos para caracterizar
criminosos. Assim, ela pode ser realizada
por peritos não médicos. Apesar disso,
também tem em conta os princípios para
identificação, unicidade, imutabilidade,
perenidade, praticabilidade e sua subjetividade e dependência da
classificabilidade, já aqui discutidos.
Há muitos anos, os homens usam
diversos métodos para identificação.
Existem desde os primórdios, mais
simples, e até cruéis, como o ferrete, que
consiste no ato de marcar as pessoas
com ferro em brasa, até os mais
avançados tecnologicamente.
3.1. Assinalamento sucinto
O assinalamento sucinto consiste
no registro documental de algumas
características como estatura, raça, idade,
cor dos olhos e cabelos.
3.2. Fotografia simples
A fotografia simples também pode
ser utilizada para tal fim e, por isso, é
obrigatória em documentos de
identificação, como o Registro Geral (RG)
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e a Carteira Nacional de Habilitação
(CNH).
3.3. Retrato falado
O retrato falado é obtido por
descrição de testemunhas, em geral, e é
registrado em meio digital por programas
de computador específicos. Apesar de
não ser aceita como prova, pode auxiliar
na busca de criminosos. Possui, como
esperado, algum grau de erro devido à
memória da vítima/testemunha, que pode
ter passado por momentos traumáticos.
3.4. Sistema Antropométrico
de Bertillon
O Sistema antropométrico de
Bertillon, ou bertillonagem, é reconhecido
como o primeiro método científico para
identificação e se utiliza de dados
antropométricos para isso. Realizam-se
11 medidas no indivíduo a se identificar,
que deve ter mais de 20 anos:
1. diâmetro anteroposterior da
cabeça;
2. diâmetro transversal da cabeça;
3. comprimento da orelha direita;
4. diâmetro bizigomático;
5. comprimento do pé esquerdo;
6. comprimento do dedo médio
esquerdo;
7. comprimento do dedo mínimo;
8. comprimento do antebraço;
16
Curso Auxiliar de Necropsia
9. estatura;
10. envergadura (comprimento dos
braços abertos);
11. altura do busto.
Além dessas, eram anotados
caracteres morfológicos, caracteres
cromáticos e caracteres complementares.
Apesar de ser a base dos métodos
de identificação, sofreu diversas críticas
quanto a sua praticidade, arquivamento,
classificação e exclusão da faixa etária
inferior a 20 anos.
Diversos outros métodos, que
fazem a medição do crânio, orelhas,
olhos, caracterização dos desenhos das
veias, dos sulcos palmares, da cicatriz
umbilical foram desenvolvidos. Entretanto,
a sua maioria caiu em desuso. No
próximo módulo estudaremos a somáticos ou comportamentais
identificação datiloscópica pelo Sistema
de Vucetich
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4. Exercícios
1. (ML-PCSP 2022) No que se refere ao
banco de dados de perfis genéticos,
pode-se afirmar que
(A) a obtenção de material biológico
para fins de identificação criminal
é mandatória e não requer
autorização do averiguado.
(B) a reação de cadeia de polimerase
visando a inserção de dados em
perfil genético será realizada em
amostra de sangue.
(C) os dados inseridos no banco de
perfis genéticos permanecerão
enquanto do registro civil do
indivíduo.
(D) em consonância com normas
constitucionais e internacionais,
os bancos de dados de perfis
genéticos deverão conter traços
das pessoas.
(E) devem ser obrigatoriamente
submetidos à identificação por
perfil genético os condenados por
crime praticado, dolosamente,
com violência de natureza grave
contra pessoa.
2. (ML-PCSP 2022) No que se refere à
identificação médico-legal de cadáveres,
assinale a alternativa correta.
(A) A individualização de gêmeos
univitelinos pode ser feita apenas
pela dactiloscopia, uma vez que
ambos possuem o mesmo DNA.
(B) A queiloscopia ou identificação
por impressões labiais, é um
sistema de elevada praticidade e
classificabilidade.
(C) Além das mutilações, a
identificação odontológica pode
também se valer de alterações
induzidas por agentes físicos e
químicos.
(D) O método de superposição de
17
Curso Auxiliar de Necropsia

imagens, craniofoto comparativo (E) As tábuas osteométricas de

ou prosopométrico utiliza a Broca e de Étienne­-Rollet se
comparação pareada de prestam à determinação das
fotografias e radiografias antigas caracterís ticas morfoscópicas da
do indivíduo, dispostas lado a pelve, no intuito da diferen
lado, para comparação dos ciação do sexo.
ângulos das estruturas da face.
(E) Na identificação por avaliação do
4. Uma ossada humana foi
perfil genético (DNA), a
encontrada em um cemitério
individualização se dá pela
clandestino contendo as
evidência de 5 zonas de
seguintes características:
similaridade de padrões de
repetição de sequências de I. tórax ovoide;
nucleotídeos de tamanho II. bacia com maior
variável. proporção transversal e
sacro baixo;
III. Perfil facial prognata;
3. (ML-PCSP 2022) Em relação às IV. Crânio com padrão
metodologias utilizadas para dolicocéfalos (ICH 70).
identificação médico-legal de
ossadas humanas, assinale a Pode-se dizer que o indivíduo era
alternativa correta. (A) uma mulher negroide.
(B) um homem mongólico.
(A) O crânio masculino exibe
(C) uma mulher caucásica.
apófises mastóideas pouco
(D) um homem indiano.
proeminentes, arcos superciliares
(E) uma mulher australoide.
suaves, ângulo mandibular
aberto e somatória de pontos
craniométricos inferior a 1.000
mm.
5. Gabarito
(B) Os índices aplicados para a
estimativa da estatura do 1. E
indivíduo em pé quando vivo são 2. C
igualmente assertivos nas 3. D
diferentes raças e sexos, quando 4. A
as matrizes de cálculo utilizadas
são o fêmur, úmero ou tíbia.
6. Bibliografia
(C) A ossificação e apagamento das
1. DE FRANÇA, Genival Veloso.
suturas cranianas frontoparietal,
biparietal e temporoparietal são Medicina Legal. Grupo
elementos relevantes na Gen-Guanabara Koogan, 11a
caracterização da idade, de 0 edição, 2013.
(zero) a 25 (vinte e cinco) anos. 2. BITTAR, Neusa. Medicina legal
e noções de criminalística. Editora
(D) Os ângulos de Jaquart, Cloquet e Foco, 3a edição, 2014.
Curvier se prestam à
3. CROCE, Delton; JÚNIOR,
determinação do prognatismo,
Delton Croce. Manual de medicina
sendo esse um elemento valioso
na distinção racial. legal. Saraiva, 8a edição, 2012.

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Curso Auxiliar de Necropsia

4. BRASIL, Justiça e Segurança de perfis genéticos para fins de

Públicas, Banco Nacional de Perfis persecução criminal no brasil:
Genéticos: uma ferramenta uma análise através da bioética e
eficiente para elucidação de do advento da lei 12.654/2012;
crimes
Revista de Biodireito e Direito dos
https://www.justica.gov.br/news/coll
Animais; 2015.
ective-nitf-content-1556212211.45
5. GARRIDO, Rodrigo
Grazinoli; RODRIGUES,
Eduardo Leal; O Banco de Perfis
Genéticos Brasileiro Três Anos
após a Lei no 12.654,
https://scielo.isciii.es/scielo.php?sc
ript=sci_arttext&pid=S1886-58872
015000300009
6. LIMA, Carlos Eduardo Martins;
A criação e a utilização dos bancos

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