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Neuropsicologia Criminal da criança

O desenvolvimento é um processo con2nuo, caracterizado por mudanças qualita8vas e


quan8ta8vas. Os domínios do estudo do desenvolvimento passam pelo:
▪ Motor / ?sico
▪ Cogni8vo (Teoria de Piaget)
▪ Linguagem
▪ Emocional / Social

Um desenvolvimento bom deve incluir uma boa alimentação e hidratação, (uma


criança desnutrida não tem o cérebro preparado e rece8vo para o aprendizado), um
bom ciclo de sono (cor8sol - hormona responsável pelo estresse, quando não
dormimos em condições, acordamos com ele em excesso, o que nos deixa mais
rea8vos e irritados, consolidação da memoria e espetos cogni8vo, hormonas do
crescimento advém de um bom sono, não dormir engorda, as horas de sono não são
recuperáveis) e afeto, (vinculação)

Teoria de Piaget
Desenvolve-se a nível sensório-motor, do nascimento aos 2 anos de idade, por aquilo
que elas tocam e fazem , o segundo estado é o pré-operatório (antes das operações)
entre 2 aos 5 anos não consegue fazer operações, aos 6 anos temos as operações
concretas, o egocentrismo (ainda não é capaz de se colocar no lugar do outro), até aos
10, o estado das operações formais, entre os 12 em diante

Rela8vamente à linguagem, a mesma deverá ter acontecido no período crí8co desde os


0 aos 6 anos (período de tempo em que o indivíduo está mais apto a adquirir certas
competências, neste caso a linguagem, ao ultrapassar este período, dificilmente esta
aquisição acontece

A Vinculação (relação afe8va / emocional que se pretende que seja recíproca entre a
criança e os cuidadores), é necessário que a criança seja protegida e cuidada.
Existem 3 8pos de vinculação:
- Segura
- Insegura (anxious abacthment style / ambivalente)
- Evita8va (avoidant abacthment style)

Crianças com um padrão seguro, sabem que os pais não os irão desapontar, sabem que
nunca serão abandonadas, confiam nos pais pois sabem que lá estarão e os irão ajudar
perante qualquer adversidade, são pais atentos, presentes mas estabelecem regras
para criar uma dinâmica de respeito

Crianças com um padrão inseguro / ambivalente, têm muito medo que os pais a
abandonem e não cumpram com as suas promessas, normalmente estes pais são
muito pouco atentos, pouco consistentes (ora estão, ora não estão - sen8mentos
mistos), deste modo, crescem a desejar proximidade mas há alguma resistência para
que tal aconteça
Crianças com um padrão evitante os pais são negligentes ou abusivos, não dão afeto
nenhum e são bastante inconsistentes e puni8vos, deste modo a criança aprende que
não pode confiar nos pais, logo também não poderá confiar em ninguém. A longo
prazo, não se conseguem comprometer e manter relações român8cas duradouras e,
quando o fazem é sem uma grande base de afeto

Teoria do Raciocínio Moral (kohlberg)


Foi desenvolvida por Kohlberg e relaciona-se com a explicação que cada um de nos
atribui a determinados atos / comportamentos.
Apresentou vários dilemas morais e, a par8r das respostas das pessoas, elaborou 3
estádios:
1. Pré convencional
2. Convencional
3. Pós convencional

1. O importante para as pessoas é obter a recompensa e evitar a punição (a


ideia de poder fazer tudo desde que não seja punido)
2. As pessoas decidem o que é certo ou errado com base na lei em vigor /
legislação
3. Quando a pessoa tem conhecimento das leis em vigor mas rege o seu
comportamento / ações a par8r de uma conduta é8ca própria (pessoal), no entanto,
poderá eventualmente entregar-se

Falsas memórias

As falsas memórias se referem ao fato de re- cordarmos acontecimentos ou


informações que não aconteceram, que não experienciámos ou que não ocorreram tal
e qual o relatamos. Embo ra o estudo das falsas memórias tenha sido des- curado
durante vários anos, existem atualmen- te diversas pesquisas neste âmbito. Devido ao
grande impacto que os resultados destes estudos tiveram no meio acadêmico e
também na socie- dade, somos frequentemente confrontados com uma grande
diversidade de definições e paradig- mas para o seu estudo. Embora o foco principal
das pesquisas acer- ca da memória esteja na identificação das suas potencialidades e
capacidades, nomeadamente através do estudo e análise da recordação ou re-
conhecimento correto de informação, a produção de erros e distorções da memória não
foram des- curados. Apesar de inicialmente os estudos sobre os erros ou distorções de
memória se centrarem no esquecimento, mais tarde a atenção mudou-se para os
chamados erros de comissão. Com o surgimento de vários estudos no âmbito das falsas
memórias, surgiram tam- bém diversos paradigmas experimentais, tais como o
paradigma DRM ou o paradigma da de- sinformação. Neste âmbito, vários paradigmas
têm servido de base ao estudo das falsas me- mórias (cf. Oliveira & Albuquerque,
2015). Do mesmo modo que os estudos de Deese (1959b) foram precursores da
utilização de listas de pa- lavras na produção de falsas memórias, também a utilização
de material mais complexo, como as perguntas sugestivas utilizadas por Binet (1900),
ou as histórias usadas por Bartlett (1932/1997), tiveram seguidores, dando origem à
criação e ao desenvolvimento de outros paradigmas de que são exemplos o paradigma
da desinformação ou o paradigma da nar- rativa falsa.
Atualmente, o conceito de falsa memória não é consensual, pois pesquisadores que re- correm a
diferentes paradigmas de estudo deste A compreensão do funcionamento da me- mória, em
particular o estudo das falsas memó- rias, é essencial para a atuação do psicólogo. Isto porque, a
produção de uma falsa memória pode ter implicações negativas, nomeadamente em contexto
clínico e forense. A fidedignidade dos relatos e testemunhos dos pacientes, suspei- tos ou
vítimas de crime pode ser comprometi- da pela produção de falsas memórias. Assim, é possível
que os pacientes, suspeitos ou vítimas de crime relatem informação/acontecimentos de um
modo diferente da realidade, distorcen- do involuntariamente os fatos ocorridos, con-
dicionando e comprometendo a veracidade dos mesmos. Atualmente, a ocorrência de falsas
memórias é um fenômeno muito investigado na psicologia forense uma vez que a maioria dos
sistemas judiciais do mundo recorrem ao testemunho ocular como uma fonte para a tomada de
decisões. Se, na maioria das situações, a ocor- rência de uma falsa memória pode ser inócua, há
casos em que ela pode revestir-se de uma impor- tância extrema. Neste sentido, e pelos motivos
mencio- nados, é muito importante que o fenômeno da produção de falsas memórias seja tido
em conta durante o exercício da prática do psicólogo.

Neurotoxiologia
Estuda os efeitos dos agentes tóxicos ao nível do cérebro e de toda a sua carga celular.
Pode ser provocado por um agente biológico, químico ou ?sico que possui a
capacidade de alterar a integridade de um orrganismo

Substancias neurotóxicas

Efeitos dos agentes tóxicos

Mutagénico: Radiações ionizantes, raios x.


Teratogénio: Talidomida, polifenóis biclorados e metais pesados, como o chumbo e
arsénio.
Cancerígeneo: Substâncias químicas presentes no fumo do cigarro, em alimentos e em
poluentes ambientais. Radiações, metais pesados e vírus.
Alergénico: Veneno e insetos
Asfixiante: Monóxido de carbono
Neurotóxico: DDT, formaldeído, dioxinas, chumbo, mercúrio e tolueno.
Nas sinapses ocorrem:
1- Modiificações nos níveis de neurotransmissores, ocorrendo um bloqueio na
síntese e um aporte insuficiente de substancias precursoras, deficientes níveis
de enzimas sinte8zadoras de catecolmina por depleção dos transmissores que
contêm os botões sináp8cos bloqueio da sua libertação.
2- Interação do agente tóxico em contacto direto com o recetor. O agente tóxico
contacta diretamnete com os órgãos alvo assim como com os sistemas
fisiológico.
3- Substâncias tóxicas vão interferir com os nucleó8cos cíclicos modificando a sua
síntese e destruindo-os.

Nos axónicos ocorrem:

1- Alteração da mielina
2- Desregulação do balanço iónico e energé8co, alteração dos canais iónicos. Os
agentes tóxicos (como por exemplo o metanol) podem afetar a fosforilação
oxida8va originando assim alterações na toca dos iões Na+ e K+ através da
membrana e sua posterio recuperação do equilíbrio pela bomba de sódio.

Trauma:smo Cránio Encefálico

Trauma8smo Crânio Encefálico – Classificação

Tipos:
- TCE Fechado(contuso)- Caracteriza-se por inexistência de ferimentos no crânio ou
existência, apenas, de fratura linear, sem que haja desvio na estrutura óssea.
. Acidentes de trabalho, quedas, agressões(tce fechado/contuso)

- TCE Aberto (penetrante) – Caracterizado por uma fratura do crânio e rutura das
meninges
. Causado por armas de fogo ou arma branca (TCE Penetrante)
Morfologica:

Extracraninanas- Laceram o couro cabeludo, causando sangramento e hematomas(ex:


Hematoma Subdural)
Intracraninas – Focadas ou Difusas

Fraturas do crânio – Podem ser lineares, cominu8vas e com afundamento.

Meninges: O sistema nervoso é envolto por membranas conjun8vas denominadas


meninges que são classificadas como três: dura-máter, aracnóide e pia-máter.

Gravidade:
- leve – ECG- 14 a 15
PC - inferior a 20 min
APT – inferior a 1 hora

- moderado- ECG- 9 a 13
PC - entre 20 min a 6h
APT – até a 24h

- grave ECG- 3 a 8
PC - superior a 6h
APT – maior ou igual a 24h

-severo/muito grave
PC - superior a 48h
APT – superior a 7 dias

Tipo de Lesão

Motoras: Hemiplegia/ Hemiparésia


Incoordenação motora
Alteração do tónus
Bradicinésia
Disfagia
Disartria

Sensi8vas: Visão
Audição
Paladar
Ves8bular

Capacidades Cogni8vas: Atenção e concentração


Memória
Funções execu8vas
Linguagem
Perceção
Alterações neuropsicológicas

Atenção- Lesão no lobo frontal

Memória – Lesão na parte medial do lobo temporal.

. As lesões que afetam o lobo fontal podem, também, provocar alterações da


memória, devido as dificuldades execu8vas em regular e controlar um
comportamento, interferindo na u8lização de estratégias.
. A memória visual também poderá ser afetada, se lesão ocorrer no lobo
temporal direito.
. Se a lesão ocorrer no lobo temporal esquerdo, podem exis8r alterações na
memória verbal.
. A memória semân8ca, ou seja, capacidade de recordar nomes ou fatos
também poderá ser afetada.

Funções execu:va – Lesão nos lobos frontais;

. Não tem capacidade para iden8ficar as suas dificuldades,


. Apresentam incapacidades para avaliar o seu próprio comportamento e
também em traçar obje8vos realistas.
. Incapacidade para inibir uma resposta, p que dificulta o controlo do
comportamento .

Reprecusões no dia-a-dia do indivíduo

. dificuldades em conseguir e manter um emprego bem como na socialização


com os outros

Linguagem: lesão no hemisfério esquerdo(quando dominante), Alteração mais


frequente é a anomia.

Percepção: A maioria dos indivíduos que sofreram TCE, não apresenta grandes
alterções ao nível das capacidades visuoespaciais, visuoconstru8vas e visuoperce8vas.
TCE Avaliação
Técnicas de Neuro imagem Estrutura

Ressonância Magnética: extremamente importante na fase crónica (a partir das 6


semanas ou mais), para o traçar preciso das lesões traumáticas e para a
documentação do substrato neuropatológico das sequelas neurológicas e
neuropsicológicas.

Tomografia Axial Computorizada: em a sensibilidade de detetar lesões que requerem


uma intervenção neurocirúrgica imediata, tendo como vantagens a sua rapidez de
execução e a excelente monitorização do paciente, na aquisição da imagem, Bigler
(1996).

Técnicas de Neuro imagem Funcional

Tomografia por emissão de Positrões: é uma técnica de neuroimagem


funcional, capaz de detectar disfunções cerebrais, não visualizadas pela TAC ou RM;

Tomografia por Emissão de Fotões Simples

Avaliação Neurológica
. Atenção/Concentração:
- Teste de Stroop
- Symbol Digit Modali:es Test
- Trail Making Test (formas A e B)

.Memória e aprendizagem:

- Wechsler Revista (Wechsler, 1987);

- Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey (Rey, 1964);

- Figura Complexa de Rey (Rey, 1959, 1980);

-Teste de Memória de Rivermead (Wilson e Cols, 1985).

Funções Executivas:

. Wisconsin (Heaton, 1981)


Funções visuopercetivas e visuoespaciais:

§ Teste Gestáltico de Bender (Bender, 1938, 1984);


§ Figura Complexa de Rey (Rey, 1959, 1980);
§ Teste de Retenção Visual de Benton (Warrington & James, 1967),

§ Visual Discrimination Form Test (Benton & Cols, 1983);

§ Teste de Orientação de Linhas (Benton & Cols, 1983);


§ Teste de Reconhecimento Facial (Benton & Cols, 1983);

§ Hooper Visual Organization (Hooper, 1983);


§ Teste de Percepção Visual de Marianne Frostig.

Linguagem:

§ Teste de Boston para o Diagnóstico da Afasia (Goodglas & Kaplan,


1972,1996);

§ Teste de Vocabulário de Boston (kaplan & Cols, 1986);


§ BAAL ou Bateria de Avaliação de Afasia de Lisboa (Damásio 1973, Leal
2003);

§ Bateria Western de Afasia (Kerstez, 1982);


§ Token Test (McNeill e Prescott, 1978).

Traumatismo Crânio Encefálico – Intervenção

Depende da idade do individuo, da localização da lesão e do tipo de traumatismo

Necessidade de adequação de estratégias de intervenção, de acordo com a


fase de recuperação, pois as características individuais e os objetivos vão-se
alterando ao longo da evolução do indivíduo (Gouveia et al., 2009).

Objetivo:
üMinimizar alterações de memória verbal;
üMelhorar as capacidades visuo-construtivas;

üMelhorar o planeamento das tarefas diárias.

ü Melhorar os comportamentos adequados na interação social.

Estratégias de Intervenção:
q Uso de imagens como estratégia compensatória de memória para auxílio na
organização de informações e

evocação de tarefas;

q Relato das tarefas diárias;

q Jogos de construção;

q Aumento da tolerância e auto-controlo na presença de pessoas não familiares e


familiares;

q Treinar capacidades de adequação e julgamento de situações sociais, de grupo


através do jogo e de role

playing através do brincar.

Intervenção Familiar/escolar

Objetivo:
üAmpliar conhecimento sobre as consequências do TCE;

üDiminuir comportamentos desadequados entre o indivíduo, os familiares e os


profissionais educativos.

Estratégias de Intervenção:
qAbordagem psico-educativa sobre as alterações decorrentes;

qOrientação detalhada sobre as alterações de comportamento observadas.

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