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Períodos do Desenvolvimento Humano – Psicologia

por Professor Felipe de Souza | Psicologia

“O campo do desenvolvimento humano concentra-se no estudo científico dos processos


sistemáticos de mudança e estabilidade que ocorrem nas pessoas” (Papalia, p. 36).

Existe uma grande área de estudos chamada de desenvolvimento humano, na qual o objeto de
estudo é o processo de mudança que ocorre ao longo do ciclo da vida; mudanças no desenvolvimento
físico, cognitivo e psicossocial. A psicologia é uma das ciências presentes nesta área de estudos, uma
área desde o início interdisciplinar, ou seja, que reúne os conhecimentos da medicina, antropologia,
sociologia, biologia, genética, educação, história.
Neste texto, vamos descrever as 8 etapas ou fases típicas do desenvolvimento. Embora possamos
demarcar tais fases por idades, é até certo ponto arbitrário. Em outras palavras, a demarcação das
idades visa facilitar o estudo. Assim, por exemplo, é evidente que existe uma passagem da vida
intrauterina (a fase 1) para a primeira infância (fase 2), como geralmente é possível demarcar o início
da adolescência (fase 5) pelas transformações da puberdade. Outras fases, como a vida adulta
intermediária (fase 7) não possui demarcação tão clara.
Desta forma, entendemos as 8 fases, etapas ou períodos como um critério arbitrário, mas
necessário em termos didáticos.
1) Período Pré-Natal
É comum pensar que a vida começa com o nascimento. Porém, os nove meses (em média) que
o antecedem são responsáveis por um complexo desenvolvimento intrauterino. As características
genéticas já começam a interagir com o meio no qual o bebê se encontra. A alimentação da mãe afeta
diretamente no crescimento e o bebê passa a responder à voz da mãe, a distingui-la das demais, e ter
preferência por ela.
2) Período da Primeira Infância
A primeira infância começa com o nascimento e vai até os 3 anos de idade. Nos primeiros meses,
os cinco sentidos começam a se desenvolver. Na parte cognitiva, “as capacidades de aprender e
lembrar estão presentes mesmo nas primeiras semanas. O uso de símbolos e a capacidade de resolver
problemas se desenvolvem por volta do final do segundo ano de vida”. (Papalia, p. 40).
Neste período, a criança começa a formar vínculos fortes com os pais ou cuidadores. Há o início
da percepção de si mesmo (autoconsciência) e o interesse por outras crianças.
3) Período da Segunda Infância
Segundo os desenvolvimentistas, os cientistas do desenvolvimento, a segunda infância vai dos 3
aos 6 anos de idade. O corpo tende a se tornar mais esguio e as partes do corpo começam a se
assemelhar, em termos de proporções, com as de um adulto. O apetite tende a diminuir e podem
aparecer distúrbios do sono, como insônia.
“O pensamento é um tanto egocêntrico, mas aumenta a compreensão do ponto de vista dos
outros. A imaturidade cognitiva resulta em algumas ideias ilógicas sobre o mundo. Desenvolve-se a
identidade de gênero” (Papalia, p. 40). É curioso que normalmente pensamos que o cérebro está em
crescimento, que o córtex, a massa cinzenta, está em expansão, razão pela qual uma criança teria
pensamentos menos lógicos ou abstratos que um adulto. Porém, como sabemos através das
neurociências, “a substância cinzenta diminui em uma onda inversa à medida que o cérebro amadurece
e conexões neurais são desativadas”, ou seja, com o tempo há uma perda na densidade da massa
cinzenta, o que gera, paradoxalmente, um maior amadurecimento, um funcionamento mais eficiente.
4) Período da Terceira Infância
Nesta fase, há uma diminuição do crescimento físico. Existe a tendência de aparecem problemas
respiratórios, entretanto, é uma das fases que, em média, nota-se a presença de maior saúde. Entre os
6 e 11 anos, há uma diminuição do egocentrismo, ou seja, a criança não é mais tão centrada em si
mesma. A escolarização ajuda neste processo e igualmente na estimulação da memória e da linguagem
(que melhoram independentemente da escola).
Certas crianças podem apresentar necessidades especiais de educação ou, no extremo oposto,
talentos que exigem cuidado também. O conceito de si (autoconceito) fica mais complexo, o que pode
igualmente gerar modificações na autoestima. A convivência com colegas com idade próxima é um
fator a ser levado em conta neste período.
5) Período da Adolescência
Como vimos, a divisão da vida em etapas é arbitrária. O conceito de adolescência é recente.
Segundo o dicionário etimológico: “A palavra “adolescente” vem do particípio presente do verbo em
latim adolescere, crescer. Já o particípio passado, adultus deu origem à palavra “adulto”. Em português,
as palavras seriam equivalentes a “crescente”e “crescido”, respectivamente”.
Muitas culturas não possuem esta ideia que temos da adolescência, como um período entre a
infância e a idade adulta.
Como sabemos, nesta fase ocorre a maturidade reprodutiva, quando se torna possível para os
indivíduos serem pais ou mães. A saúde é afeta, geralmente, pelo comportamento, como transtornos
alimentares ou uso de drogas.
Na cognição, “desenvolvem-se a capacidade de pensar em termos abstratos e de usar o raciocínio
científico. O pensamento imaturo persiste em algumas atitudes e comportamentos. A busca pela
identidade, incluindo a identidade sexual, torna-se central” (Papalia, p. 41).
6) Período Início da Vida Adulta
Os cientistas do desenvolvimento demarcam o início da vida adulta a partir dos 20 anos e indo até
os 40. “A condição física atinge o auge, depois declina ligeiramente. O pensamento e os julgamentos
morais tornam-se mais complexos. São feitas escolhas educacionais e vocacionais, após um período
exploratório. Traços e estilos de personalidade tornam-se relativamente estáveis, mas as mudanças na
personalidade podem ser influenciadas pelas fases e acontecimentos da vida. São tomadas decisões
sobre relacionamentos íntimos e estilos de vida pessoais, mas podem não ser duradouros. A maioria
das pessoas casa-se e tem filhos” (Papalia, p. 41).
Aqui vemos que a fase anterior, a adolescência pode se prolongar, ainda e haver uma certa
intersecção de fases. Afinal, não é possível demarcar com precisão quando começa a idade adulta.
Alguns argumentam que esta se inicia com o primeiro trabalho e o autossustento, outros com o início
da faculdade ou com a constituição de uma nova família.
7) Período da Vida Adulta Intermediária
Esta fase vai dos 40 aos 65 anos de idade. Há mudanças significativas nas condições físicas
(saúde, vigor), porém, com grandes diferenças de uma pessoa para outra. “As mulheres entram na
menopausa. As capacidades mentais atingem o auge, a especialização e as habilidades relativas à
solução de problemas práticos são acentuadas. A produção criativa pode declinar, mas melhor em
qualidade. Para alguns, o sucesso na carreira e o sucesso financeiro atingem seu máximo, para outros,
poderá ocorrer esgotamento ou mudança de carreira. A dupla responsabilidade pelo cuidado dos filhos
e dos pais idosos pode causar estresse. A saída dos filhos deixa o ninho vazio” (Papalia, p. 41).
8) Período da Vida Adulta Tardia
Este período começa a partir dos 65 anos. “A maioria das pessoas é saudável e ativa, embora
geralmente haja um declínio da saúde e das capacidades físicas. O tempo de reação mais lento afeta
alguns aspectos funcionais. A maioria das pessoas está mentalmente alerta. Embora inteligência e
memória possam se deteriorar em algumas áreas, a maioria das pessoas encontra meios de
compensação. A aposentadoria pode oferecer novas opções para aproveitar o tempo. As pessoas
desenvolvem estratégias mais flexíveis para enfrentar perdas pessoas e a morte eminente. O
relacionamento com a família e com amigos íntimos pode proporcionar um importante apoio. A busca
de significado para a vida assume uma importância fundamental” (Papalia, p. 41).

Fatores que influenciam o desenvolvimento humano

✓ Hereditariedade – a carga genética estabelece o potencial do indivíduo, que pode ou não se


desenvolver. A inteligência pode desenvolver-se de acordo com as condições do meio em que se
encontra.
✓ Crescimento orgânico – refere-se ao aspecto físico.
✓ Maturação neurofisiológica – é o que torna possível determinado padrão de comportamento.
✓ Meio – o conjunto de influências e estimulações ambientais altera os padrões de comportamento
do indivíduo.

O que acontece quando o desenvolvimento não acontece de modo normal:


Problemas Instrumentais:
• Atividade corporal – ex: atraso no crescimento, tiques, instabilidade motora, etc;
• Linguagem e da fala – ex: problemas de articulação, gaguez, perturbações fonéticas, etc.
Problemas Funcionais:
• Sono – insônias, problemas em adormecer, pesadelos, terrores noturnos, etc.
• Nutrição – cólicas, vômitos, anorexias, bulimias, etc.
• Controlo dos esfíncteres – enurese diurna ou noturna, obstinação, etc.
Problemas Afetivos:
• Ansiedade e neurose – fobias, perturbações de ansiedade ou de pânico, obsessões, etc.
• Humor – estados depressivos, maníacos ou estados mistos, etc.
Problemas de Comportamento:
• Antissociais – perturbações de oposição, perturbações da conduta, etc.
• Suicídio – tentativas de…, formas de comportamento de …
• Toxicomanias – alcoolismo infantil ou juvenil, etc.

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