Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Autópsias médico-legais
A. Objetivos Gerais:
1. Diagnóstico diferencial entre morte natural/morte violenta
2. Diagnóstico diferencial entre homicídio, suicídio, acidente
(autópsia + exame do local + informações complementares)
3. Natureza do instrumento que produziu as lesões
4. Qualificação dos ferimentos em causa adequada ou ocasional de
morte
5. Problema da intenção de matar (não compete ao médico, mas
sim ao magistrado). O Perito não é obrigado a pronunciar-se.
Deve, no entanto, avaliar aspetos como qual a região atingida
(se vital ou não), se existe ou não sinais de violência (número e
tipo das lesões), a distância entre o agressor e a vítima e a
adequação entre o instrumento utilizado e a região atingida.
B. Objetivos específicos
1. Cronotanatognose (cronologia da morte)
2. Diagnóstico diferencial entre morte rápida e morte lenta
(quanto tempo sobreviveu?)
3. Identificação da vítima e/ou do agressor
4. Cronologia dos ferimentos (produzidos antes ou depois da
morte?)
5. Posição entre agressor e vítima
6. Eventual influência alcoólica
7. Distância do disparo
8. Houve deslocação do cadáver?
1. Exame do local
2. Exame da documentação
3. Exame do vestuário
4. Exame externo do cadáver
5. Exame interno do cadáver
6. Exames complementares (toxicológicos, de criminalística, biológicos,
histológicos, microbiológicos e radiológicos)
A. Aspetos térmicos:
1. Chamas e materiais inflamados – queimaduras amplas, extensas,
de superfície irregular e mal delimitadas. Presença de diferentes
graus de queimadura. Pêlos e cabelos queimados e
carbonizados. Direção de baixo para cima (+ queimado em
cima). Respeitam os lugares apertados pela roupa.
2. Gases a temperaturas elevadas – queimaduras muito extensas,
mas pouco profundas, com limites mal definidos. Não atingem
as zonas cobertas por vestuário. Pêlos e cabelos queimados e
carbonizados. Possibilidade de lesão das vias aéreas superiores
(queimadura → edema → asfixia)
3. Vapores a temperaturas elevadas – queimaduras muito extensas
de grau pouco elevado. Aspeto no cadáver de escara branca e
mole. Pêlos e cabelos não afetados. Nas zonas cobertas com
roupa, a queimadura é mais grave (a roupa absorve o vapor
quente e prolonga o tempo da exposição).
4. Líquidos quentes – queimaduras mais ou menos extensas, de
profundidade variável, com sulcos ou goteiras de direção
descendente. Zonas recobertas por vestuário em lesões mais
profundas. Pêlos e cabelos conservados.
5. Sólidos ao rubro – queimaduras limitadas que traduzem a forma
do agente. Profundidade variável, dependendo da temperatura
e do tempo de contacto. Possíveis infiltrações da pele da
sustância fundida. Pêlos e cabelos não carbonizados, mas
retorcidos sobre o seu eixo e desorganizados.
6. Calor radiante – queimaduras de qualquer grau associadas a
alterações bioquímicas e metabólicas geralmente responsáveis
pela morte.
B. Aspetos Químicos:
1. Queimaduras de grau uniforme com sulcos ou goteiras. Se
ingeridos causam escaras na boca e lábios. Grau depende da
concentração do produto.
2. Ácidos: escaras secas, brancas e depois, negras se ácido
sulfúrico, amarelas se ácido nítrico, cinzentas se clorídrico
(elementos histológicos mal curados, mas conservados +
dilatação sanguínea e linfática).
3. Bases: escaras moles, translúcidas e húmidas que depois se
tornam saponosas (elementos histológicos bem curados +
contração vascular + glóbulos vermelhos destruídos +
desfiguração do núcleo celular).
4. Sais: escaras brancas e moles.
5. Gases Bélicos: fictenas (bolhas).
C. Eletricidade:
1. Marca elétrica: reproduz forma do agente condutor,
consistência fina, cor branco-amarelada, bordos salientes,
centro deprimido, indolor, pêlos retorcidos.
2. Metalizações: impregnação superficial de partículas metálicas do
condutor; desaparecem após 4 a 5 dias.
3. Se por raio: raízes dendríticas de Lischtenberg
4. Descarga na cabeça: morte por inibição dos centros nervosos da
respiração.
5. Descarga mão-mão: morte por paralisia dos músculos
respiratórios.
6. Descarga mão-pé: morte por fibrilhação ventricular.
- Extensão.
- Profundida.
- Localização (+ grave na face, mãos e períneo).
- Estado de saúde anterior e idade da vítima.
• Objetivos/problemas da autópsia:
A. Ferida de bala
➢ Orifício de entrada:
▪ Geralmente único (pode haver exceções)
▪ Geralmente arredondado ou oval (pode ser estrelado nos
disparos de cano encostado, linear nos disparos de longa
distância ou circular se dado no cadáver)
▪ Dimensões geralmente menores que o tamanho da bala,
mas dependem da distância e força com que atinge a pele
(maior nos disparos a curta distância)
▪ Tatuagens: não existem nos de longa distância ou com
cana encostado
- Orla de contusão – elemento característico do
orifício de entrada (existe sempre), é geralmente circular
ou em meia-lua, é estreita, enegrecida e apergaminhada
- Tatuagem propriamente dita:
1. Queimadura → se disparo a 5cm
2. Orla de negro de fumo → falsa
tatuagem porque é lavável, se o
disparo for a 5cm
3. Orla de depósito de pólvora
incombusta → verdadeira
tatuagem; disparo a 30 cm
➢ Trajeto:
▪ Pode ser único ou múltiplo (se as balas se fragmentarem)
▪ Pode ser retilíneo ou não (se houver ricochete por bater
no osso)
▪ O interior enche-se de sangue
➢ Orifício de saída:
▪ Nem sempre existe e tem forma e tamanho muito
variáveis (pode mesmo ser múltiplo se a bala se
fragmentar ou se atravessar o osso partindo em múltiplos
pedaços que passam também a funcionar como projéteis)
▪ Não tem orla de contusão (a não ser se a bala embater em
algum sítio e voltar a bater na ferida → se o orifício de
saída estiver encostado a qualquer coisa dura)
▪ Bordos: evertidos com exteriorização de tecido adiposo
B. Ferida de caçadeira:
➢ Orifício de entrada:
▪ Geralmente múltiplo
▪ Se o tiro for dado a curta distância (menos de 1cm) os
chumbos não dispersam e atuam como projétil único →
orifício de entrada irregular e de grandes dimensões com
destruição acentuada dos tecidos subjacentes
Ter em conta:
1. Forma da tatuagem
2. Forma da orla de contusão
3. Trajeto
o Se for difícil distinguir orifício de entrada de orifício de saída (porque não se
vê orla de contusão) deve pesquisar-se a presença de restos de vestuário ou
produtos de decomposição da pólvora.
o No crânio: o orifício de entrada provoca maior destruição da tábua interna,
o orifício de saída provoca mais destruição da tábua externa.
A. Feridas de bala
➢ Disparo de cano encostado: forma estrelada do orifício de
entrada porque os gases penetram sobre a pele e causam o seu
rebentamento, paredes enegrecidas, pode deixar marca da arma;
deve fazer-se a determinação de enxofre, nitritos e nitratos
(produtos de decomposição da pólvora)
➢ Disparo à queima-roupa: (conceito teórico) disparo ao alcance da
chama, queima a roupa e pode mesmo queimar o orifício de
entrada.
➢ Disparo de curta distância: (60 a 70 cm)
▪ Curta distância próxima → contusão + negro de fumo
▪ Curta distância remota → contusão + orla de grãos de
pólvora
▪ Disparo de longa distância (mais de 70cm)
▪ Só tem orla de contusão, não há tatuagens
B. Feridas de caçadeira
➢ Disparos de curta distância: presença de elementos de tatuagem
➢ Disparos de longa distância:
▪ 1 a 5 metros → só cabeça
▪ 5 a 10 metros → cabeça + pescoço
▪ 10 a 15 metros → cabeça + pescoço + tórax
▪ 15 a 25 metros → cabeça + pescoço + tórax + abdómen
- Exame do local
- Exame da arma (armas de ocasião são a favor de suicídio)
- Exame de cadáver (suicida retira a roupa, vestígios de pólvora na mão
da vítima se suicídio, número de orifício de entrada, localização e
distância, espasmo cadavérico – a mão que empunhava a arma fica na
mesma posição)
Tanatologia
• Definição:
• Necro-identificação:
D. Exames Radiológicos:
- Identificação individual → lesões traumáticas, cirurgias,
patologia óssea, corpos estranhos (ex: balas), morfologia dos seios
frontais (bastante individualizada).
- Determinação da idade → desenvolvimento dentário (até aos 14
anos), pontos de ossificação (mão, punho, cotovelo, coluna
lombar, bacia).
Antropologia Forense
• Arrefecimento cadavérico:
É o sinal mais útil para determinar o intervalo post-mortem nas primeiras 24h.
Resulta do facto da produção do calor corporal cessar após a morte. Inicia-se pelos pés,
mãos e cara (estão frios duas horas após a morte), depois alastra para as extremidades,
tórax e dorso. As últimas áreas a arrefecer são o abdómen, as axilas e o pescoço.
▪ Tacto → após 2h estão frias as áreas descobertas (face, pés e mãos), após
4h-5h as regiões cobertas e ao fim de cerca de 12h dá-se o arrefecimento
completo.
▪ Termómetro → verifica-se que o arrefecimento só está completo após 24h
✓ I período (3h-4h) → arrefecimento linear, temperatura baixa até
0,5◦C/h
✓ II período (6h-10h) → temperatura diminui cerca de 1◦C/h
✓ III período → até ao equilíbrio entre temperatura corporal e
ambiente
Temperatura post-mortem = 36,9 e temperatura rectal ÷ 0,8
Nota: casos excepcionais → hipertermia post-mortem → morte por tétano ou por
intoxicação por estricnina (aumento da produção muscular de calor), excessiva atividade
bacteriana.
• Rigidez cadavérica:
✓ Mecanismo → coagulação do plasma muscular associada á desidratação,
aumento do ácido láctico e desaparecimento do ATP
✓ Evolução:
1º → Flacidez inicial
2º → Rigidez impossível de vencer, tem início às 2h-4h, é completa
às 6h-12h, atinge intensidade máxima às 13h-24h e desaparece às
36h; primeiro nos músculos lisos e depois nos músculos estriados
esqueléticos (1º da face)
3º → Flacidez secundária (a rigidez não reaparece).
→ Nas crianças e velhos é precoce, pouco acentuada e de pouca duração. Nos adultos é
tardia, intensa e prolongada. Em casos de hemorragias crónicas ou atrofias musculares
é tardia, pouco acentuada e de curta duração.
• Espasmo cadavérico:
Variante da rigidez que ocorre imediatamente após a morte sem ser precedido de
fase de flacidez. Pode ser localizada (ex: mão que segura a arma) ou mais raramente
generalizado. Ocorre sobretudo em processos convulsivantes/processos centrais
(hemorragias centrais), feridas por armas de fogo ou asfixias mecânicas. Se generalizado
deve atender-se à expressão da vítima, pois pode ajudar a determinar a etiologia
médico-legal.
• Desidratação cadavérica:
• Livores:
✓ Cerca de 15m e 3h após a morte
✓ Morte → cessa a força propulsora do coração → sangue deposita-se nas
zonas de declive. O aspeto e a intensidade dependem da fluidez do sangue,
que é condicionada pela estrutura corporal, posição do corpo, temperatura
ambiente e idade da vítima.
✓ Hemorragia severa interna ou externa → não há livores.
✓ Zonas apertada por roupa e de apoio → capilares colapsam → não há livores.
✓ Livores carmim se intoxicação por CO; esverdeados se por ácido cianídrico.
✓ Evolução:
- Até ás 6h → móveis (1º local onde surgem → lóbulo da orelha)
- Entre as 6h e as 12h → semimóveis
- Após as 12h → fixos
- Mumificação:
• Verificação do óbito:
▪ Feita pelo médico que chegar primeiro junto do cadáver, ou por aquele
que seguia o doente no momento da morte (ex: no hospital) e verificar
que houve cessação irreversível das funções do tronco cerebral.
▪ O que deve figurar:
1. Identificação possível do falecido e o modo como se obteve
2. Local, data e hora da verificação
3. Informação clínica ou observações eventualmente úteis
4. Identificação do médico e o seu nº de célula da Ordem dos
Médicos
▪ Feita em papel timbrado (se no ambulatório) ou no processo clínico
▪ Necessária a presença de 2 médicos em casos de sustentação artificial
das funções cardio-circulatórias e respiratórias.
• Certificado de óbito:
▪ Modelo nº 1725 ou 1725-A (fetos mortos (> maior) de 22 semanas e
recém nascidos (< menor) de 28 dias)
▪ Expressamente referido:
1. Identificação completa do falecido
2. Causa da morte
3. Distinguir causa de morte/mecanismo de morte, e outros
estados mórbidos, fatores ou estados fisiológicos que
contribuíram para o falecimento (parte II)
a) Causa direta
b) Causa intermédia
c) Causa básica
4. Intervalo de tempo decorrido entre o começo da doença
e a morte
5. Elementos que fundamentam a causa de morte
(laboratoriais e autópticos)
6. Circunstâncias da morte (local, data e hora, assistência
médica)
7. Observações
8. Identificação do médico (nome legível e nº de célula da
Ordem dos Médicos)
• Atestados médicos:
▪ Atestado por doença
▪ Atestado para assistência a familiares
▪ Atestado de robustez (psíquica e física)
A. Lesões contusas:
▪ Causadas por instrumentos contundentes, duros, de superfície plana
ou romba (objetos, partes do corpo humano ou superfícies de
embate). Em regra, a utilização de instrumentos contundentes revela
que não houve intenção prévia do agressor.
1. Escoriação/Erosão → Traumatismos de pequena intensidade,
que atua tangencialmente à pele sem produzir solução de
continuidade. A erosão só atinge a epiderme; a escoriação
atinge também a derme. A ação tangencial faz com que
fiquem pontas levantadas na parte terminal do atrito (permite
estabelecer o sentido do movimento).
2. Descolamento subcutâneo → Traumatismo mais intenso,
tangencial. Também não há solução de continuidade da pele.
3. Contusão superficial → Traumatismo contundente que atua
verticalmente, mas não produz solução de continuidade.
a) Equimose → rutura vascular → sangue infiltra
tecidos em toalha
b) Equimoma → equimose mais extensa
c) Hematoma → sangue fica coletado (tumefação)
d) Evolução: 1º dia são invisíveis → vermelho
violáceo → azulado → esverdeado →
amarelado → desaparece (na conjuntiva e no
leito ungueal, há apenas uma cor que se atenua
até desaparecer).
e) Diagnóstico Diferencial: equimoses resultantes
de processos patológicos, livores, manchas
cianóticas e manchas de putrefação.
4. Feridas contusas → traumatismo vertical, violento, que produz
solução de continuidade; tem bordos irregulares e pontes
tecidulares a unir os bordos (pequenos vasos e delicadas
fibras)
5. Contusão profunda → traumatismo de grande intensidade →
infiltração hemorrágica em profundidade, no plano muscular
e/ou visceral.
6. Fratura → traumatismo violento que deu origem a uma
solução de continuidade do osso. Devem ser abertos todos os
focos de fratura existentes num cadáver (para ver se há
contusões ou secções medulares).
Traumatismos
• Traumatismos cranioencefálicos:
A. Lesões de tecidos moles → couro cabeludo, pancada, contacto da cabeça
com superfície dura
1. Contusões, equimoses, hematomas, feridas, escalpe
2. Complicações → hemorragia, infeção, tromboflebite
B. Fraturas cranianas
1. Perfurantes (raras), cortantes, corto-contundentes,
contundentes, por arma de fogo
2. Complicações → imediatas: hematomas, hemorragias
externas ou intracranianas; tardias: infeções, lesões nervosas
ou perda de liquor.
C. Lesões intracranianas
1. Por compressão, fratura, traumatismo torácico (apneia →
hipoxia), movimentos de aceleração e desaceleração (lesões
vasculares, mecanismo de contragolpe)
2. Comoção cerebral (perda de consciência transitória),
contusão (perda de consciência > 6h), laceração (cicatrização
pode originar focos epiléticos), edema (aumento da pressão
craniana → focos de contusão), lesão axonal difusa,
hidrocefalia aguda traumática, hemorragias cerebrais (a mais
frequente é subaracnoídeia)
3. Complicações → coma, infeções, síndrome pós-confusional
4. Sequelas → psicoses, paralisia espástica, afasia, epilepsia,
neuroses.
• Traumatismos do pescoço
Lesões por compressão, por arma branca ou arma de fogo. Se houver solução de
continuidade da traqueia pode originar enfisema, embolia gasosa ou asfixia.
• Traumatismos do Tórax
Direito Civil → já entra em linha de conta com danos patrimoniais e danos não
patrimoniais; todo o dano é indemnizável; prevê danos futuros; o dano é personalizado
(pessoa como um todo); os processos difíceis de reabrir; custos suportados pela vítima.
Reparação quando houver acidentes dos quais resultam lesão corporal, capacidade
de ganho ou de trabalho. Os danos reparáveis apenas se referem à incapacidade para o
trabalho, tal como ele era no dia do acidente. O mesmo dano só pode ser reparado uma
vez, ou seja, quando ocorre um acidente após outro que tinha deixado incapacidade, já
não se contabiliza o dano partindo dos 100%, mas sim da capacidade resultante do 1º
acidente.
Nas doenças profissionais (diagnóstico diferencial com acidente de trabalho:
ocorrem insidiosamente) também pode haver o direito à reparação. No sistema
português aceitam-se como doenças profissionais aquelas referidas nas listas e outras
que sejam provadas medicamente.
Para ser considerado acidente de trabalho, o doente não pode ter responsabilidade
na situação (transgredir regras essenciais ou não usar proteção que estava ao seu
dispor).
Reparação pode ser em capital (atribuído todo de uma vez) ou pensão (se
incapacidade > 30%).
• Tabelas de incapacidade
São pouco subjetivas, mas pouco adequadas, pois a incapacidade funcional não
deveria ser avaliada com base numa tabela, mas devia revelar de um procedimento
pluridisciplinar. São um mal necessário. Não têm valor absoluto (não fixar a taxa de
incapacidade, dizer “é fixável em x %), servem como referência e são um meio de
controlo da indisciplina. Promovem a uniformidade de critérios. Há necessidade de
justificar medicamente as taxas encontradas.
• Nexo de causalidades
▪ Baseia-se em pressupostos:
1. Adequação entre o tipo de lesões e a sua etiologia
2. O tipo de traumatismo e o tipo de lesões
3. A sede do traumatismo e a sede da lesão
4. A existência de continuidade sintomatológica
5. Adequação temporal entre o traumatismo, as lesões e as sequelas
6. Exclusão de pré-existência do dano ou de uma causa estranha
relativamente ao traumatismo.
• Quantum doloris
• Classificação do dano
▪ Dano certo (indemnizável) = dano atual + dano futuro
▪ Dano futuro → agravamento do dano existente que pode prever-se
como evolução comum ou habitual.
▪ Dano potencial → agravamento admissível, mas não provável. Evolução
esporádica, excecional ou imprevista. É hipotético. Se ocorrer, há
reabertura do processo.
• Dano estético
▪ Pertence à categoria dos danos permanentes. É subjetivo. Também tem
7 graus.
▪ Deve personalizar-se o dano: repercussão psicológica desse dano nessa
pessoa. Na avaliação tem que se ter em conta a localização do dano
estético, a repercussão com o indivíduo parado e se o dano se exacerba
com aos e gestos correntes do dia-a-dia.
Sexologia Forense
• Agressão sexual
• Urgências
• Exame médico-legal
1. Entrevista: (relato do delito e das circunstâncias que o rodeiam,
orienta o perito no exame físico e na recolha de amostras
biológicas; permite obter detalhes periféricos, avaliar o risco de
recidivas e fazer triagem de outros casos)
2. Exame do local: se possível
3. Exame do vestuário:
a) Roupa deve ser conservada em sacos de papel a 4◦C
b) Geralmente há mais restos biológicos na roupa do que
no próprio corpo
4. Exame corporal:
a) Exames são normalmente negativos porque:
i. Grande intervalo de tempo entre o abuso e o
exame
ii. Cicatrização rápida ou hímen complacente
iii. Tipo de ato sexual não invasivo (não gera lesões)
iv. Uso de preservativo/ausência de ejaculação
v. Lavagens frequentes da vítima.
5. Colheita de amostras biológicas (com zaragatoa sem meio de
cultura).
• Exame corporal
▪ Diagnóstico diferencial com doenças dermatológicas, congénitas,
adquiridas ou autoinfligidas
▪ Dar especial atenção a zonas de apoio, zonas suscetíveis (como a face),
zonas vitais e zonas de proteção e contenção.
▪ Exame geral → idade aparente, deformidades, peso/estatura, marcas de
imobilização forçada, lesões, manchas, desenvolvimento genital, sinais
de toxicodependência, marcas de dentes, lesões de defesa
▪ Avaliar a mucosa bucal (ao fim de 6/7h sémen desaparece da cavidade
oral)
▪ Exame perineal no sexo feminino (conclusões: presença/ausência de
sinais próprios de desfloramento, conclusão categórica de
desfloramento, hímen imperfurado)
▪ Exame perineal no sexo masculino
✓ Púbis
✓ Pénis (com e sem a glande descoberta)
✓ Escroto (da palpação, escoriações, hematomas)
✓ Orifício Anal
• Exame Perineal
A. No sexo feminino:
1. Caracteres sexuais secundários (avaliar estádios de Tanner –
baseia-se na observação dos pêlos púbicos e desenvolvimento
mamário)
2. Exame genital → face interna da coxa, púbis, grandes e pequenos
lábios, clitóris, uretra, região sub-uretral, vagina e colo do útero.
3. Exame do hímen → 2 peritos, vítima em posição ginecológica
i. Introduzir uma sonda de Foley → encher a sonda (10
cmᶟ) por trás do hímen → puxar suavemente
ii. Classificar hímen → forma, cor, altura, largura,
consistência (carnuda, tendinosa, cartilaginosa,
membranosa) e elasticidade (inserir 1 – crianças – ou 2
dedos → grande, média ou pequena)
1 típico → anular, semilunar, labiado
2 atípico → cribiforme, franjado, biperfurado
iii. Descrever com pormenor bordo livre → soluções de
continuidade
Traumáticas Congénitas
• Hímen complacente
Hímen que permite a introdução de 2 dedos (e logo do pénis) sem apresentar
soluções de continuidade traumáticas. Pode ter um ostíolo naturalmente largo,
entalhes congénitos que o possibilitem ou possuir elasticidade tal que não rompe com
a cópula.
• Sinais de desfloramento
▪ Demonstração de sémen na cavidade vaginal
▪ Demonstração de gravidez presente
▪ Sinais de parto prévio ou abortamento (OEC em fenda
transversal + sugilações (estrias) + carúnculas mirtiformes)
▪ Lacerações traumáticas do hímen
▪ Permeabilidade aos 2 dedos
Genética Forense
• Características dos marcadores genéticos
▪ Expressão genética regulada por um único locus
▪ Independentes das condições ambientais
▪ Presentes antes do nascimento e invariáveis durante toda a vida
▪ Apresentam polimorfismos
▪ ADN não codificante → tem mais mutações, diferentes de
indivíduo para indivíduo (mutações neste ADN não têm
consequências no fenótipo do indivíduo)
• Probabilidade de paternidade
Calcula-se com base no teorema de Bayes → probabilidade de o pretenso pai ser
o verdadeiro pai, quando comparado com um qualquer indivíduo escolhido ao acaso
da população de referência.
Equação de Essen Moller (X/X+Y, sendo X a probabilidade de o pretenso pai ser o
verdadeiro pai e Y a probabilidade de um indivíduo ao acaso ser o verdadeiro pai
(frequência do alelo na população geral)
Tradução verbal de Hummel
Nota: ADN mitocondrial não serve para estudos de paternidade (é herdado da
mãe). O ADN mitocondrial é muito resistente à degradação por isso é muitas vezes
usado para outros estudos forenses.
• Manchas de Sangue
→ Secar ao ar ou com ventoinha de ar frio → guardar em recipiente fechado
(sem ser de plástico) → conservar a 4◦C (máximo 2 dias) ou -20◦C (tempo superior)
▪ Reações a fazer:
✓ De orientação → colorimétricas, BQ, imunoeletroforese,
r. de Kastle-Meyer
✓ Diagnóstico diferencial animal/humano → histológicas
(difícil), imunológicas
✓ De certeza → provas microcristalográficas (a mais usa é a
r. Strzyzowksy)
✓ De identificação → grupo sanguíneo e tipagem de ADN
• Manchas de esperma
→ Colheita (vaginal, oral, anal, corpo todo) com zaragatoas → secar ao ar →
guardar em embalagens (não de plástico) → enviar ao laboratório → guardar a 4◦C
ou a -20◦C.
▪ Exames laboratoriais:
✓ De orientação → Luz de Wood, r. de Florence
(microcristalográfica)
✓ De certeza → Corin-Stokis, Marique, microcopia →
visualização de pelo menos um espermatozoide vivo
✓ Diagnóstico diferencial humano/animal → soro anti
esperma humano
• Valorização da prova em criminalística
Falácia da acusação → Possuem esse genótipo 1 em cada 100 pessoas tomadas
ao acaso e 99 não o possuem. Dado que o sujeito o possui, tem 99% de probabilidade
de ser culpado.
Falácia da defesa → Possuem esse genótipo 1% dos indivíduos. Em Coimbra, de
100mil habitantes, 1000 possuem-no. Se o delito foi cometido por um habitante de
Coimbra, o acusado tem a probabilidade de 1 em 1000 de ser culpado (0,1%).
LR (likelihood ratio) ou razão de probabilidade → LR = probabilidade da mancha
ser do suspeito/probabilidade da mancha ser de outro homem.
Violência Conjugal
• Perícia e relatório médico-legal:
1. Descrição do agregado familiar
2. Descrição do episódio de agressão que motivou a queixa
3. Antecedentes de violência na família
4. Outros elementos do agregado familiar (hábitos,
patologias)
5. Observação clínica (sintomatologia e exame físico)
6. Discussão (nexo de causalidade, consequências da
violência)
7. Conclusões (natureza do instrumento, tempo de doença,
consequências e necessidades da vítima)
Toxicologia
• Tóxico vs. Veneno
▪ Tóxico: todo o agente (químico ou físico) suscetível de gerar efeitos
nocivos sobre os seres vivos, alterando os equilíbrios orgânicos que se
sucedem normalmente.
▪ Veneno: substância tóxica empregue de maneira intencional.
• Tipos de amostras
1. Sangue: + útil
2. Bílis: importante quando não há urina
3. Pulmão: nas suspeitas de tóxicos voláteis
4. Rins: intoxicações crónicas por metais
5. Fígado: importante quando não existe sangue
6. Cérebro: nos casos de morte por inalação de solventes
7. Cabelo: fornece dados toxicológicos de um intervalo muito
alargado de tempo
8. Humor vítreo: análise de álcool etílico; resistente à
contaminação bacteriana
• Intoxicação por CO
▪ O CO é incolor, inodoro, insípido, não irritante e tem densidade de 0,97
(difunde-se facilmente em ambientes fechados).
✓ Etiologia ML: acidental (a mais comum), criminal
(muito raro), suicídio (muito frequente). Liga-se à
hemoglobina → COHb
▪ A concentração de CO depende da quantidade de CO inspirado, da
ventilação alveolar por minuto, da ventilação endógena de CO e da
duração da exposição. COHb é reversível e dissociável.
▪ Autópsia: livores carmim + músculos vermelhos + hemorragias nas
meninges e córtex + sangue muito fluido e vermelho + face rosada +
intensa congestão visceral + edema carminado pulmonar (espuma
sanguinolenta) + edema cerebral.
▪ Dados laboratoriais: carboxihemoglobina (COHb) no sangue
(coeficiente de Grehart: COHb/Hb total → se + de 0,2, dá sintomas, se +
de 0,6, conduz à morte).
▪ Sintomas: cefaleias + vertigens + astenia intensa
• Intoxicação por ácido cianídrico (cianeto)
▪ A morte é mais rápida por inalação do eu por ingestão
▪ Etiologia ML: criminal (rara porque é difícil mascarar o sabor
amargo dos produtos cianogénicos), suicida, acidental
(frequentes após desinfeções).
▪ Autópsia: sangue fluido (sem coágulos) de cor arroxeada +
congestão visceral generalizada + forte odor a amêndoas
amargas (cheiro mais forte nos tecidos cerebrais).
• Etanol
▪ Absorção: estômago (20% e ID 80%).
▪ Eliminação: urina, suor e ar expirado (2% a 10%), sofre
metabolização (90% a 98%). 1mg de álcool por litro de ar
expirado é equivalente a 2,3g de álcool por litro de sangue.
▪ Colheitas para exame toxicológico de quantificação da TAS (taxa
de álcool no sangue):
✓ Vivo: volume de 10cc de sangue venoso, em tubo
apropriado e de volume igual ao da amostra
colhida, contendo anticoagulantes e conservantes
adequados.
✓ Cadáver: + do que uma amostra de 10cc de
sangue da veia femoral, em tubo apropriado e de
volume igual ao da amostra e contendo
conservante adequado.
DROGAS DE ABUSO
• Morfina
▪ Efeitos clínicos:
1. Depressão do Sistema Nervoso Central (SNC) – analgesia,
alterações de humor, confusão mental
2. Depressão dos centros respiratórios a nível cerebral
3. Miose
4. Diminuição do reflexo da tosse
5. Vasodilatação periférica, menor resistência periférica,
taquicardia (depois bradicardia)
6. GI: aumento do tónus, diminuição das contrações →
obstipação
▪ Toxico cinética: boa absorção tanto por via oral como IM, IV ou
SC. Distribuição rápida pelos órgãos com maior fluxo sanguíneo.
Metabolismo rápido no fígado e rins. Excreção sobretudo
urinária (na urina detetam-se níveis altos de morfina e níveis
baixos de codeína).
• Heroína
▪ Toxico cinética: vias de administração – IV, intra nasal, SC e
inalatória. Rapidamente metabolizada em morfina e excretada
na urina.
▪ Diagnóstico: exame do local da morte + informação
circunstancial + autópsia.
▪ Autópsia:
✓ Hábito externo: estigmas de punção recente +
cicatrizes atróficas + abcessos e úlceras +
tatuagens + mãos edemaciadas + fasceíte
necrosante + escoriações cutâneas
✓ Hábito interno: aspetos inespecíficos de asfixia +
edema e congestão + aumento característico dos
gânglios linfáticos.
✓ Na urina deteta-se 6-MAM (se não se detetar
pode mesmo assim ter havido consumo há mais
de 3h – 4h) ou níveis baixos de codeína associados
a níveis altos de morfina.
▪ Amostras biológicas a pedir: urina + sangue (melhor correlação
entre concentração e efeito tóxico) + cabelos + órgãos (muito
complexo e moroso, só quando não há sangue)
▪ Cuidados a ter: evitar alterações fraudulentas + recolha em
recipientes próprios + não adicionar conservantes + proteger da
luz (sobretudo LSD) + rotulação dos frascos
▪ Conclusões do relatório: morte relacionada com o consumo ou
morte por overdose.
• Anfetaminas
▪ Efeitos clínicos:
1. Euforia + intensidade + autoconfiança + maior
concentração + diminuição de fadiga
2. Pode causar delírios ou alucinações
3. Aumento da Tensão arterial + aumento ou
diminuição do ritmo cardíaco (arritmias)
4. Estimulação dos centros respiratórios
5. Diminuição do apetite e aumento do
metabolismo; inibem a fome e o sono
6. Em doses elevadas → convulsões → coma →
colapso circulatório
▪ Toxico cinética: concentração no fígado, pulmões e cérebro. É
metabolizada no figado e excretada por via urinária. A A e a MA
podem surgir no sangue em doentes parkinsónicos que tomam
selagina. Os achados na autópsia são escassos.
• Ecstasy e MDMA
▪ MDMA: forte aumento da tensão arterial e pode causar a morte em
conjunto com descompensações cardíacas, renais ou hepáticas.
▪ Ecstasy: MDMA e outros componentes em dosagens variadas →
taquicardias + aumento da temperatura corporal + transpiração
▪ Consumo frequente → taquicardia + náuseas + desmaios + dores
musculares. A longo prazo: ansiedade + depressão + ataques de pânico
+ agressividade + paranoia + alucinações + diminuição da capacidade
de concentração.
• Cocaína
▪ Efeitos clínicos: midríase + vasoconstrição + hipertensão + taquicardia +
aumento da temperatura corporal + euforia + hiperatividade + anorexia
+ excitação sexual
1ª fase → agitação psicomotora + euforia + aumento da energia e
autoconfiança + diminuição das inibições
2ª fase → convulsões + taquicardia + HTA + cianose + dispneia
3ª fase → depressão do SNC → paralisia muscular + cianose + paragem
cardiocirculatória → coma e morte (overdose)
▪ Diagnóstico de intoxicação: midríase + lesões traumáticas devido a
convulsões + perfuração do septo nasal + sinais de funções venosas
recentes + queratite + erosões do esmalte + queimaduras superficiais,
híperqueratose e escurecimento palmar
▪ Consumo recente: deteção de cocaína na urina + alta concentração de
cocaína no tecido pulmonar + níveis altos de cocaína no sangue ou
saliva
▪ Consumo não recente: níveis baixos de cocaína no sangue e cérebro e
níveis altos de BE na urina e sangue
• Canabinóides
▪ Efeitos clínicos: euforia + relaxamento + diminuição de inibições +
intensificação das perceções sensoriais + apatia + sonolência +
depressão + ansiedade ou mesmo pânico. Pode causar cefaleias,
vómitos, suores, fotofobia, conjuntivite, imunodepressão, alteração da
espermatogénese e risco do cancro do pulmão 3 vezes superior ao do
tabaco.
▪ Complicações: delírio de perseguição, perturbações cognitivas,
fashbacks, confusão → excretado na bílis (faz ciclo entero-hepático) e na
urina (até 30 dias)
• LSD
▪ Efeitos clínicos: pensamento rápido e extraordinária lucidez + alterações
da perceção + taquicardia + HTA + hipertermia + suores + tremores
(pode surgir angústia)
▪ Complicações: reações psicóticas agudas + reações agudas de pânico +
flashbacks + possibilidade de uma Bad Trip → eliminado
preferencialmente pela bílis, mas também pela urina.
INTOXICAÇÕES MEDICAMENTOSAS
• Etiologia ML:
• Ansiolíticos/Benzodiazepinas :
• Antidepressivos:
• Antioiréticos:
✓ AAS:
▪ Etiologia ML: acidental, sobretudo em crianças (AAS- ácido
salicílico)
▪ Intoxicação aguda: alterações metabólicas + sintomas GI+
alterações do SNC (cefaleias, desorientação, alucinações,
convulsões e coma), alterações hematológicas, renais
(IRA), pulmonares e hepáticas.
▪ Intoxicação crónica: agitação, problemas de visão e
audição, gastrites, HD ocultas, úlceras pépticas,
hipoglicemia, diminuição do colesterol, aumento do ácido
úrico, reacções alérgicas (asma, urticária ou eczema),
alterações renais (necrose e nefrite papilar).
✓ Paracetamol:
▪ Cerca de 8%: metabolização →metabolito intermédio
muito tóxico, em condições normais é conjugado e
eliminado pela urina→ se em doses altas a conjugação
não é suficiente para eliminar todo o tóxico→necrose
dos hepatócitos.
▪ Quadro clínico: náuseas, vómitos, dor abdominal
(poucas horas), sinais de hepatotoxicidade (12 a 36h),
icterícia (3º ou 4º dia); quadro de insuficiência hepática
com alteração da consciência, confusão, hipoglicémia e
hiperventilação.
• Antipiléticos:
PESTICIDAS
• Pesticidas organofosforados:
• Pesticidas organoclorados:
• Pesticidas Carbamatos:
• Paraquato:
ASFIXIAS MECÂNICAS
• Asfixias Mecânicas:
1) Compressão externa do pescoço (enforcamento, eganadura,
estrangulamento)
2) Por sufocação
3) Por submersão (afogamento)
✓ Constrição do pescoço por uma ou duas mãos (só pode ser homicídio)
✓ Sinais externos:
▪ Estigmas ungueais no pescoço, congestão ou cianose da face e orelhas
▪ Petéquias nas conjuntivas, lábios e exoftalmia
▪ Espuma na boca e narinas, língua entre as arcadas dentárias
▪ Lesões traumáticas resultantes
✓ Sinais internos:
▪ Hemorragia das partes moles do pescoço, hemorragias e fracturas do
aparelho laríngeo, fractura da traqueia, lesões das caróticas
▪ Espuma nos brônquios, laringe e traqueia
▪ Congestão visceral, sufusões sanguíneas
▪ Sangue fluido e escuro
• Acidentes de viação:
✓ Tipos de acidente:
1. Colisão
2. Despiste (depois de colisão ou queda)
3. Capotamento
4. Atropelamento
• Atropelamento:
✓ Lesões na vítima vão depender da massa, velocidade, tipo de rdado,
estabilidade e manobrabilidade do veículo atropelante.
✓ Fases do atropelamento:
1. Contacto: pode não existir, a vítima pode ser só projectada
devido à onda expansiva criada pela massa do veículo em
movimento, a alta velocidade.
2. Queda (sobre a via ou o próprio veículo): pode ocorrer
atropelamento misto
3. Esmagamento: quando a vítima se encontra já deitada na via
(comprida pelo próprio veículo contra o solo ou outro
obstáculo)
4. Arrastamento: quando a vítima fica presa ao veículo
✓ Lesões por atropelamento:
1. Contacto: lesões cutâneas (feridas contusas, perfurantes) e
osteoarticulares
2. Queda: lesões cutâneas (contusões, feridas contusas),
osteoarticulares (fracturas, luxações) e viscerais (laceração
de órgãos maciços)
3. Esmagamento: lesões osteoarticulares (esmagamento de
ossos) e viscerais (ruptura das vísceras ocas, laceração e
fragmentação de órgãos maciços)
4. Arrastamento: escoriações típicas, por vezes incrustação de
matérias do solo
✓ Capacetes de protecção não evitam fracturas de base do crânio
nem lesões neningo- encefálicas devidas às forças de aceleração e
desaceleração dadas pela velocidade.
✓ Desastres em massas:
▪ Abertos: não se conhece o número de vítimas (saber
quando se deve parar de procurar)
▪ Fechados: o número e a identidade das vítimas são
conhecidos
✓ Objectivos da intervenção da ML:
▪ Identificação das vítimas (o mais importante)
▪ Determinação da causa de morte
▪ Determinação da data (momento) da morte
✓ A autópsia ML é obrigatória:
▪ Exame sumário do cadáver
▪ Exame pormenorizado nas key – victims (aquelas que
podem ter alguma responsabilidade na situação)
▪ Necessária uniformização de técnica da autópsia, exames
complementares e relatórios perícias.
PSIQUIATRIA FORENSE
• Inimputabilidade:
• Perigosidade:
✓ Não é um diagnóstico nem representa prognóstico, é uma
previsão, baseada em indícios médico- psicológicos, legais
(antecedentes judiciais) e socias (factores do meio).
✓ A opinião do perito deve ser sempre reservada até que se
verifique a resposta terapêutica. A afirmação de que o indivíduo não é
perigoso, não significará que ele uma dia, em certas circunstâncias, não
o pssa a vir a ser). Segundo o legislador (artigo 91º CP) todo o
inimputável será considerado perigoso quando é de esperar que a
venha a cometer outros factos típicos graves.
• Internamentos psiquiátricos:
1. Indivíduo que ainda não cometeu crime, mas a lei antecipa-se –
internamento preventivo: permite começar o tratamento mais cedo e
impede que o doente passe todo o tempo do processo e julgamento
num estabelecimento prisional normal, o que poderia agravar a sua
patologia.
2. Indivíduo cometeu o crime e por razões psiquiátricas cumpre a sua
pena num estabelecimento de saúde mental com medidas de
segurança.
3. Quando houver fundado receio que venha a cometer outros crimes
graves
4. Internamento superior a 3 anos quando tiver praticado homicídio
5. De 2 em 2 anos a situação do doente é revista
6. Quase sempre em regime aberto (excepções: primeiros 4 ou 5 dias de
internamento, graves alterações do estado de consciência, risco de
suicídio ou situações de agitação psico-motora grave ou a gravidade
auto e hétero dirigida.
ORGANIZAÇÃO MÉDICO-LEGAL
1. Os serviços médico-legais:
✓ Médico-legal
✓ Tanatologia Forense
✓ Toxicologia Forense
✓ Genética e Biologia Forense
✓ Anatomia Patológica Forense
✓ Psiquiatria forense
Autópsia Médico-Legal
1. Indicações Obrigatórias
1) Exame do local
2) Autópsia (exames internos e externos)
3) Exames complementares (toxicológicos, criminalística,
biológicos, psicológicos, microbiológicos e radiológicos)
4) Relatório: preâmbulo, identificações, dados complementares,
estado actual, discussão e conclusão (vestuário)
✓ Acesso a:
▪ Região cervical;
▪ Faringe, laringe, língua;
▪ Rolo vásculo – nervoso;
▪ Cartilagens tiroideias;
▪ Osso tiróide
✓ Logo, a sua observação pode ser útil com asfixias mecânicas (verificação
de lesões medulares, fracturas do osso tiróide, sufusões sanguíneas,
hemorragias, etc) ou em queimaduras para avaliar se foi in vivo
(produtos de combustão nas vias respiratórias profundas e queimaduras
de base da língua, faringe e laringe).
QUEIMADURAS
✓ Externos:
▪ Redução do volume do cadáver
▪ Posição de pugilista
▪ Coloração negra da pele
▪ Pele seca, ressoando à percussão
▪ Soluções de continuidade ao nível das pregas
▪ Locais protegidos por roupa são menos afectados
▪ Chamuscamento de pêlos
▪ Pode haver esventrações
▪ Amputações espontâneas dos membros na união do 1/3
superior aos 3/3 inferiores
▪ Coagulação do cristalino
✓ Internos:
▪ Vísceras cozidas e desidratadas (menos peso)
▪ Fracturas ósseas
▪ Hematoma epidural disseminado
▪ Gotas de calo nos vasos pulmonares (com o calor a gordura do
tecido celular subcutâneo liquefaz-se e entra para a circulação,
embolizando nos vasos pulmonares)
✓ Marca eléctrica:
▪ Reproduz a forma do objecto condutor
▪ Coloração branco- amarelada
▪ Pode ter a dimensão de uma cabeça de alfinete
▪ Não há inflamação
▪ Indolor (destrói terminais nervosos)
▪ Pêlos torcidos sobre o seu eixo
▪ Profundidade variável
✓ Metalizações:
▪ Impregnação superficial da pele por partículas metálicas
provenientes do condutor (desaparecem 4 a 5 dias depois
por descamação da pele)
▪ Raízes detríticas de Lischetenberg – quando a morte é por
fulguração (raio) as lesões parecem as raízes de um
arbusto
✓ Nota: Descarga
▪ Cabeça: inibição de centros respiratórios
▪ Mão – mão: paralisa músculos respiratórios
▪ Mão – pé: fibrilação ventricular
ARMAS DE FOGO
✓ Orifício de entrada
✓ Trajecto
✓ Orifício de saída
✓ Orifício de entrada:
▪ Geralmente único
▪ Geralmente circular (pode ser estrelado ou linear)
▪ Menor que o diâmetro da bala
▪ Sempre com a orla de contusão
▪ Com tatuagem (que altera a forma de apresentação
conforme a distância do disparo)
▪ No crânio, lesa menos a tábua interna
✓ Orifício de saída:
▪ Nem sempre existe
▪ Forma e tamanho variam muito
▪ Não tem orla de contusão (a não ser que a bala encontre
um obstáculo à saída, ex: pessoas encostada à parede)
▪ Bordos invertidos
▪ Aspecto circular ou oval
▪ Pode ser múltipla
▪ No crânio, lesa mais a tábua interna
✓ Orifício de entrada:
▪ Forma:
o Disparo curto – estrelado
o Disparo longínquo – linear
o Disparo intermédio – circular
o Disparo pós – mortem – ovar
▪ Número:
o Geralmente único
o Múltiplo quando é tiro de caçadeira
▪ Dimensões:
o Menor que o diâmetro do projéctil
o Maior nos disparos mais curtos
▪ Tatuagens:
o Queimadura – disparo a menos de 5 cm
o Negro de fumo - disparo a menos de 15 cm
▪ Orla de pólvora – disparo a menos de 30 cm
✓ Ferida da bala:
▪ Atípicas:
o Contusões – bala morta, não penetrou
o Erosão – bala de raspão
o Em fundo – de saco - bala penetra pouco e cai
o Estrelado – disparo encostado
▪ Trajecto:
o Ajuda a encontrar o projéctil (se existir) e avaliar
órgãos afectados
✓ Orifício de saída:
▪ Se for múltiplo: bala atravessou osso e fragmentou
2) Direcção do disparo:
- o trajecto percorrido com estilete pode ajudar
- no crânio, a tábua mais afectada
3) Natureza do disparo:
- exame do local
- tipo de arma (arma artesanal – suicídio)
- exame do cadáver
✓ Rigidez:
▪ Ocorre devido à administração muscular, ao aumento do
ácido láctido coagulação plasmática;
▪ É sempre precedido e seguido de flacidez;
▪ É sinal de certeza de morte
✓ Espasmo:
▪ É uma contracção muscular generalizada ou localizada
que fixa a vítima no momento da morte;
▪ Não é precedido por flacidez;
▪ É importante para avaliar a circunstância da morte.
✓ Arrefecimento
✓ Desidratação
✓ Rigidez
✓ Livores
✓ Putrefacção
▪ Equimose:
o Resulta de um traumatismo contundente sem solução de
continuidade; há ruptura de vasos com extravasamento de
sangue que infiltra os tecidos.
o Cor: não é constante e correlaciona-se comas alterações de
hemoglobina azul, verde, amarela; desaparece.
✓ Mumificação;
✓ Saponificação;
✓ Congelação
CERTIFICADO DE ÓBITO
✓ Verificar óbito:
▪ Sinais negativos de vida por intervalo de tempo necessário
▪ Sinais de certeza de morte
✓ Só se pode dizer que o indivíduo está morto quando há cessação das
funções do tronco cerebral de modo irreversível
✓ Quem verifica o óbito é o médico responsável pelo doente no
momento da morte ou, se não houver acompanhamento médico, o
primeiro a chegar.
✓ Na verificação do óbito é necessário constar a identificação do possível
falecido, bem como o modo como esta se obteve; o local, a data e a
hora de identificação; as informações clínicas relevantes e a
identificação do médico (numero da cédula da ordem dos médicos) e
assinatura.
✓ Como não há formulários clínicos se a morte ocorreu num
estabelecimento de saúde publico.
✓ Para o certificado de óbito já existem impressos próprios que devem
ser todos preenchidos pelo médico, e onde deve constar a causa
directa, básica e intermédia de morte, bem como o intervalo decorrido
entre o começo da doença e morte; elementos que fundamentem a
causa de morte; circunstâncias da morte e identificação do médico.
ARMAS BRANCAS
✓ Relatório:
▪ Preâmbulo
▪ Informação
▪ Dados complementares
▪ Estado actual
▪ Discussão
▪ Conclusão
✓ A discussão é parte fundamental no relatório, pois fundamenta as
conclusões, explica se há nexo de causalidade ou não e ainda estabelece
os motivos de classificação do dano estético.
✓ Não esquecer que. Em Direito Civil, o individuo é visto como um todo, e,
como tal, analisa-se danos nem sempre muito objectiveis como a dor
(psíquica, física, mental), dano estético e prejuízo de afirmação pessoal.
✓ A discussão também é um óptimo meio para o perito se pronunciar
sobre danos futuros e danos potenciais.
✓ Sistema misto: aceita-se a doença que está na lista e outras que possam
ser provadas
✓ Considera-se que a lesão é proveniente do trabalho sendo que a
entidade patronal tem que provar que não.
✓ Processo judicial gratuito
✓ Obrigatoriedade de participação de acidentes de trabalho e doenças de
trabalho
✓ Entidade patronal é obrigado a ter seguro contra riscos no trabalho
✓ Incapacidade for superior a 30% dá direito a pensão
✓ Prestações irrenunciáveis – para não serem sujeitos a chantagens pelo
entidade patronal.
SEXOLOGIA FORENSE
1. Em que consiste o exame himenial?
4. Sinais de desfloramento
✓ Entalhe congénito:
▪ Bordos arredondados;
▪ Bordos não coaftáveis;
▪ Simétricos;
▪ Não atinge toda altura
✓ Lacerações traumáticas:
▪ Atinge toda a altura;
▪ Assimétrica;
▪ Bordos coaftáveis;
▪ Atingem zonas mais altas, pontos menos espessos e elásticos;
Bordos vermelhos, sangrentos e edemaciados;
▪ Pode haver supuração;
▪ Cicatrização demora 5 a 8 dias;
▪ Pode haver infecção
GENÉTICA FORENSE
1. Investigação da paternidade
✓ Quando não se tem a raiz do cabelo não se tem acesso ao DNA, logo um
modo grosseiro de comparação de cabelos é a verificação do índice
medular.
✓ É o que acorrer, por exemplo, nos penteados púbicos, nos crimes
sexuais em que se tenta identificar pêlos do suspeito.
6. Raio –X de Florence
ASFIXIAS MECÂNICAS
✓ Internos:
▪ Congestão visceral generalizada
▪ Sufusões sanguíneas
▪ Sangue fluido, escuro e sem coágulos
▪ Edema pulmonar
✓ Externos:
▪ Cianose ou palidez
▪ Sufusões sanguíneas na pele e mucosas
2. Asfixias mecânicas
✓ Típica:
▪ Esganadora
✓ Atípica:
▪ Por enforcamento (suspensão completa ou incompleta)
▪ Estrangulamento por laço
▪ Sufocação por submersão
✓ Enforcamento:
▪ Sulco único
▪ Fundo de sulco apergaminhado
▪ Sulco incompleto
▪ Sulco alto
▪ Profundidade variável (máxima oposta ao nó)
▪ Sulco em “V” invertido
▪ Pode ter lesões cervicais (e 2 e3) que levam à morte por lesão
medular
▪ Pode haver traumatismo dos grandes cornos da tiróide
▪ Face pálida ou cianose
▪ Livres em relação à posição
✓ Estrangulamento:
▪ Sulco duplo
▪ Fundo do sulco é mole
▪ Sulco completo
▪ Sulco abaixo da castilogentiroideia
▪ Profundidade uniforme
▪ Sulco horizontal
▪ Não há lesões cervicais
▪ Pode haver estigmas ungueais
▪ Pode haver exoftalmia
▪ Face tumefacta, avermelhada e violácea
PSIQUIATRIA FORENSE
MORTE SÚBITA
✓ Sistema cardiovascular:
▪ Arteriosclerose
▪ Cardiopatia hipertensiva
▪ Cardiomiopatias (cardiomiopatia hipertrófica)
▪ Valvuloplastias (estenose aórtica)
▪ Miocardite
▪ Malformações congénitas
▪ Roturas vasculares – tamponamento cardíaco
▪ Mecanismo – arritmia – fibrilação ventricular – morte
✓ Sistema nervoso central:
▪ Hemorragia intracraniana
▪ AVC
✓ Aparelho respiratório:
▪ Tromboembolia de artéria pulmonar
▪ Epiglotite aguda por Haemophilus Intluenzae
▪ Pneumotórax espontâneo
✓ Aparelho digestivo:
▪ Hemorragia (varizes esofágicas)
✓ Sistema endócrino:
▪ Diabetes
▪ Hemorragia supra-renal bilateral
✓ Aparelho genital feminino:
▪ Gravidez ectópica
▪ Embolia do líquido amniótico